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1 Unidade I – Fundamentos e Políticas da EaD 3 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO Caro Estudante, Até aqui, revisamos os fundamentos históricos da Educação a Distância. Agora, você está convidado a imergir em mais uma etapa dessa Unidade Didática, que tem o propósito de facilitar a sua apropriação de conteúdos concernentes aos fundamentos da EaD, nos âmbitos dos conceitos de educação, educação permanente e educação a distância. Nos últimos dez anos assistimos a uma intensa internacionalização da economia, das comunidades e das informações, o que tem exigido muitas reconstruções teóricas no campo da educação. Uma das questões presentes nas discussões é o novo tipo de associação entre ensino, educação e aprendizagem: emerge daí uma dubiedade de conceitos entre formar e informar, treinar e educar, ensinar e aprender, fato este que amplia a responsabilidade dos docentes nas instituições educativas em seus diferentes níveis (DEMO, 1998). Freqüentemente Ensino a Distância e Educação a Distância são utilizados como sinônimos, no contexto do processo de aprendizagem. Exercício de auto- avaliação Na sua opinião, Ensino e Educação são sinônimos? Tente diferenciar. Resposta Segundo Maroto (1995), enquanto ensino expressa treinamento, instrução, transmissão de informações etc., a educação é estratégia básica de formação humana, isto é, aprender a aprender, criar, inovar, construir conhecimento, participar, etc.

3 Concepcao Da Educacao

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    Unidade I Fundamentos e Polticas da EaD

    3 CONCEPO DE EDUCAO

    Caro Estudante,

    At aqui, revisamos os fundamentos histricos da Educao a Distncia. Agora, voc est convidado a imergir em mais uma etapa dessa Unidade Didtica, que tem o propsito de facilitar a sua apropriao de contedos concernentes aos fundamentos da EaD, nos mbitos dos conceitos de educao, educao permanente e educao a distncia.

    Nos ltimos dez anos assistimos a uma intensa internacionalizao da economia, das comunidades e das informaes, o que tem exigido muitas reconstrues tericas no campo da educao.

    Uma das questes presentes nas discusses o novo tipo de associao entre ensino, educao e aprendizagem: emerge da uma dubiedade de conceitos entre formar e informar, treinar e educar, ensinar e aprender, fato este que amplia a responsabilidade dos docentes nas instituies educativas em seus diferentes nveis (DEMO, 1998).

    Freqentemente Ensino a Distncia e Educao a Distncia so utilizados como sinnimos, no contexto do processo de aprendizagem.

    Exerccio de auto-avaliao

    Na sua opinio, Ensino e Educao so sinnimos?

    Tente diferenciar.

    Resposta

    Segundo Maroto (1995), enquanto ensino expressa treinamento, instruo, transmisso de informaes etc., a educao estratgia bsica de formao humana, isto , aprender a aprender, criar, inovar, construir conhecimento, participar, etc.

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    O avano das tecnologias e o processo de globalizao da economia, exigem que os trabalhadores estejam em constante apropriao de conhecimentos, o que determina a necessidade de ampliao de sua escolaridade e permanente educao, para que possa refletir sobre o seu fazer. Para dar conta das competncias requeridas para um mundo em constante transformao que exige capacidade de reflexo e prontido para adquirir conhecimento e acompanhar as inovaes que surgem constantemente o profissional necessita atualizar-se permanentemente (PROVENZANO; MOULIN, 2002).

    Para Refletir

    Estar em formao implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre seus percursos e os projetos prprios, com vistas construo de uma identidade, que tambm uma identidade profissional (NVOA apud PROVENZANO; MOULIN, 2002, p.25)

    3.1 EDUCAO: UMA PRTICA SOCIAL

    Para Refletir

    Voc j pensou no verdadeiro sentido de educar?

    Podemos dizer que os processos pedaggicos que educam so aqueles que permitem ao educando se encontrar e construir seu caminho com liberdade de tentar, errar e retomar ao invs de ser dirigido para um ponto escolhido pelo docente.

    Na antiguidade grega o homem era educado para desempenhar seu papel de cidado. A educao era, pois a condio de cidadania. Ela o preparava para cumprir suas funes na vida da cidade. Uma educao que tenha como objetivo educar para autonomia no trabalho, na poltica e nas relaes sociais, cumpre um papel fundamental na formao de um cidado (LOBO NETO, 2002).

    A educao expressa os valores de uma sociedade em determinada poca e serve a seus interesses, assim est sempre referida a uma sociedade historicamente situada. Isso faz com que o papel da escola no se resuma a ao pedaggica, mas tambm poltica e ideolgica, pois atravs dos seus integrantes (professores, estudantes, e outros trabalhadores) ela est intimamente articulada sociedade, a uma realidade social. Como tambm a ao pedaggica do professor carregada de idias e valores presentes na sociedade, traduzindo a realidade e deste modo possvel uma ao com compreenso crtica dessa realidade que permita entender o quanto a escola tem por fazer e para quem (BOMFIM, 2002).

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    Saiba Mais

    Trazemos para sua reflexo as trs principais concepes de educao apontadas Lobo Neto (2002, p.27-28) a partir de Luckesi (1990), que explicitam a relao da educao com a sociedade.

    A primeira expressa o entendimento de que a educao exerce o papel de manter a sociedade integrando os indivduos no todo social. Sua finalidade promover a sade social pela formao das pessoas. A educao leva em conta uma concepo de sociedade para, de fora dela, aperfeio-la, corrigir seus desvios, construir seus sucessos e progresso, por meio da formao de indivduos que a compem. A teoria e a prtica pedaggica, portanto, independem de qualquer anlise crtica da educao dentro da sociedade.

    A segunda que tem no filsofo francs Althusser um dos seus principais formuladores expressa o entendimento de que a educao necessariamente reproduz a sociedade, sendo determinada pelos aspectos econmicos, sociais e polticos. Sua finalidade da qual no se pode escapar a reproduo dessa sociedade em que est inserida. A educao faz-se a partir de uma anlise crtica que a considera dentro da sociedade. As atividades educativas esto a servio do saber e do saber comportar-se nessa sociedade. E quem determina esses saberes so os setores dominantes, de acordo com as necessidades do modelo de produo.

    A terceira expressa o entendimento de que a educao deve constituir-se em meio de realizao de uma concepo da sociedade, a partir da crtica dessa mesma sociedade. Esta tendncia nasce da tentativa de superao crtica de um exagerado otimismo pedaggico da primeira tendncia e do pessimismo da segunda. Mais do que isso, a partir da crtica da sociedade e da educao que nela se pratica, reconhece-se sua real capacidade de intervir e seus concretos condicionamentos histricos e sociais.

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    Para Refletir

    Retorne ao pargrafo da citao de Bomfim (2002) e a terceira concepo de educao apresentada por Lobo Neto (2002) a partir de Luckesi (1990) e reflita a respeito das possibilidades da escola se tornar um espao permanente de reflexo, construo/reconstruo da proposta pedaggica.

    possvel afirmarmos que a escola uma prtica social e tambm um grupo social?

    A concepo de educao que defendemos a crtico-emancipatria e transformadora na qual a prtica pedaggica est voltada ao desenvolvimento da conscincia crtica, emancipao e auto-educao. Nesta concepo a relao professor-educando assume uma forma democrtica, dialogada, de troca, de reciprocidade de relaes. Predomina o carter democrtico, promove a participao do estudante na construo de critrios e indicadores de resultados, por meio da negociao com o professor, pois h comprometimento com a permanncia do estudante na escola (PROVENZANO; MOULIN, 2002, p.16-18).

    Como um ser social, a escola deve ter a preocupao de prepar-lo para viver em sociedade. Conquanto seja no convvio social, na relao com o outro que se constri a identidade humana e deste modo o ser humano se define como sujeito histrico. E a educao se traduz em uma prtica que pode contribuir nessa construo. Assim o que se almeja que o educando desenvolva habilidades e competncias para se tornar sujeito tecnicamente eficiente para as aes que lhe competem, que seja politicamente consciente de seus deveres e dilemas que dizem respeito a sua profisso e que ao lidar com vida humana, tenha um agir sustentado na tica, na solidariedade social, ou seja, que demonstre a habilidade...

    do Saber, do Saber fazer e, do Saber ser.

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    Exerccio de auto-avaliao

    Que projetos pedaggicos permitem ao educando ser sujeito de seu aprendizado, conduzindo-o ao seu desenvolvimento como cidado?

    Resposta

    ... liberdade de expresso para o aprendizado est relacionada com a cidadania e ambas so partes do processo pedaggico. S uma educao profundamente comprometida com a cidadania pode ajudar na formao de cidados, pois so valores que devem ser implementadas de modo real na prtica social educativa do dia-a-dia da relao professor educando (LOBO NETO, 2002)

    3.2 EDUCAO PERMANENTE

    Reconstruir a histria da Educao Permanente um exerccio semntico e ao mesmo tempo cultural. Segundo Ettore Gelpi, em 1985, a investigao da histria da educao permanente em diferentes culturas afeta a educao no seu conjunto. Segundo GELPI (1985 apud MARTINS, 1991, p. 21):

    Em cada civilizao, o fio condutor de uma educao permanente no espao e no tempo est presente de maneira notvel nos momentos de mudanas sociais, cientficas, econmicas e tecnolgicas, mudanas estas que alteram a estrita reproduo de classes sociais, aparato dos partidos, etc.

    Segundo Gadotti (1988), uma interpretao para se compreender a Educao Permanente diz respeito necessidade de contnua formao numa determinada poca, provocada por uma sociedade que exige constante renovao de conhecimentos (GADOTTI, 1988, p. 115-117).

    De acordo com Martins (1991):

    A conceituao de educao permanente tem estimulado a imaginao e a criatividade institucional:

    a) em relao aos diferentes perodos da vida e aos tipos e nveis das estruturas

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    educativas (desde o pr-escolar at a educao da 3 idade);

    b) como princpio integrador das estruturas educativas (educao formal e no formal);

    c) como desenvolvimento e abertura de uma educao de adultos;

    d) como educao aberta atravs dos distintos meios de comunicao;

    e) como projeto educativo apoiado em mtodos pedaggicos alternativos;

    f) como educao para toda a populao, mais ou menos excluda da educao institucional.

    Para Refletir

    A contradio mais importante, no entanto, aquela entre uma educao permanente, reflexo da relao de foras institucionais, e uma educao permanente resultado das lutas educativas e culturais levadas a cabo por foras sociais, culturais e cientficas.

    Mais alm desta dialtica, a educao de amanh refletir o desenvolvimento rpido das estruturas educativas formais que, na grande maioria dos pases, permitiro o acesso a formas de ensino superior, em alguns casos maioria da populao; as possibilidades profissionais, estimuladas por inovaes tecnolgicas e pelas transformaes das estruturas produtivas; ao prolongamento do trabalho e da vida e ao acrscimo de tempo para um trabalho elegido ou imposto; a possibilidade dos meios de comunicao de multiplicar as oportunidades educativas que se dirijam a todas as idades da populao; a construo progressiva de unidades regionais, cuja funo mais importante ser intercultural... (GELPI, 1985 apud MARTINS, 1991, p.22-23).

    Trazendo a discusso para o nosso contexto de estudos, verificamos que o contnuo surgimento de novas tecnologias as quais permitem o acesso instantneo s informaes, exige dos profissionais a aquisio de novos conhecimentos e habilidades. Assim, a educao permanente se configura entre essas exigncias e necessidades de acompanhar o mundo do trabalho da sociedade capitalista em que vivemos. Frente a isso, a educao permanente constitui-se numa estratgia cuja finalidade proporcionar o atendimento das necessidades no contempladas pela educao bsica tradicional e surgidas durante a prtica do trabalho.

    O pargrafo anterior nos d elementos para pensar que a educao permanente surge das necessidades de formao sentidas pelos trabalhadores, ligadas ao contexto poltico e social de sua realidade. O pressuposto a que os processos educativos ocorrem a partir do mundo do trabalho, a partir da realidade, e, assim, os saberes so sempre contextualizados. Ressalta-se a importncia da construo do conhecimento significativo, na qual os processos de ensino-aprendizagem tm motivao fundamental nas experincias do trabalhador e no contexto em que ocorre sua prtica.

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    A instituio formadora dever considerar a educao permanente e todo o processo de formao a partir das necessidades sociais. Neste sentido importante considerar a metodologia de ensino adotada, a formao do docente e a gesto educacional. Tambm, no perder de vista a perspectiva histrica do processo de trabalho e de formao, mantendo-se comprometida com um conceito poltico-educacional amplo, com participao ativa, consciente e critica no mundo do trabalho e da formao (BRASIL, 2005, p.34).

    Os processos educativos no devem ter o foco somente na atualizao tcnico - cientifica, pois este apenas um dos aspectos da qualificao. O mundo atual requer uma formao que engloba aspectos da produo de subjetividades, habilidades tcnicas e de pensamento, adotando a problematizao das prticas com estratgias pedaggicas, contextualizando a formao s bases sociais, polticas e tecnolgicas que sustentam os processos de trabalho nas diferentes reas de atuao (BRASIL, 2005).

    Para Refletir

    No h seres educados e no educados. Estamos todos nos educando.

    Que analogia voc pode fazer desta citao de Paulo Freire com a educao permanente?

    Saiba Mais

    Na rea da sade a discusso da educao permanente avanou de tal modo que em 2003 o Conselho Nacional de Sade aprovou a Poltica de Educao e desenvolvimento para o SUS (Sistema nico de Sade): caminhos para a educao permanente em sade. Dada necessidade de ressignificar a prtica de cuidado e prestao de servios ela vem propor construir e organizar uma educao responsvel por processos interativos e de ao na realidade, com o propsito de operar mudanas. Para a implementao dessa poltica de educao vrios atores so convidados a participar: profissionais de sade, gestores setoriais, formadores, usurios dos servios e estudantes, no processo de coletar, sistematizar, analisar e interpretar continuamente informaes da realidade, problematizando o trabalho e as organizaes de sade e de ensino, construindo significados e prticas com orientao social (BRASIL, 2005, p.36).

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    Busque mais informaes no endereo eletrnico do Ministrio da Sade: www.saude.gov.br.

    3.3 EDUCAO A DISTNCIA: FUNDAMENTOS E CONCEITUAO

    Para Refletir

    importante evidenciar partindo da reflexo de Preti (1996 p.23):

    "Se antes existiam muitas resistncias e pr-conceitos quanto a esta modalidade, parece que a conjuntura econmica e poltica no limiar do milnio acabaram encontrando nesta modalidade uma alternativa economicamente vivel, uma opo s exigncias sociais e pedaggicas, contando com o apoio dos avanos das novas tecnologias da informao e da comunicao. Isto , dentro da crise estrutural, a conjuntura poltica e tecnolgica tornou-se favorvel implementao da EaD. Ela passou a ocupar uma posio instrumental estratgica para satisfazer as amplas e diversificadas necessidades de qualificao das pessoas adultas, para a conteno de gastos nas reas de servios educacionais e, no nvel ideolgico, traduz a crena de que o conhecimento est disponvel a quem quiser.

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    Anote em sua Agenda

    importante observar que a Educao a Distncia (EaD) no pode ser vista como substituta da educao convencional, presencial. So duas modalidades do mesmo processo. A EaD no concorre com a educao convencional, tendo em vista que no este o seu objetivo (NUNES, 1994, p.4).

    Vale ressaltar que ao no considerarmos a EaD como modalidade educativa alternativa para a democratizao do saber, ela tem-se apresentado sob a forma de experincias isoladas e desconectadas de uma concepo filosfico-poltica consistente e necessria aos programas de educao (S, 2000).

    A EaD, ento, pode ser compreendida numa perspectiva crtica, como processo de formao humana que se organiza, se planeja e se concretiza.

    Para Neder (1999):

    "a estrutura da EaD modifica o esquema de referncia associada presena do professor e do estudante, uma vez que decompe o ato pedaggico em dois momentos e dois lugares: o ensino mediatizado, a aprendizagem resulta do trabalho do estudante, a reao do aluno em face do contedo vem indiretamente ao docente por meio dos tutores, ..."

    Sem perder de vista os fundamentos da EaD, acima sinalizados, vamos ver na seqncia algumas conceituaes apresentadas por diferentes tericos (MOORE apud NISKIER, 1999, p.50):

    EaD a aprendizagem planejada que geralmente ocorre num local diferente do ensino e, por causa disso, requer tcnicas especiais de desenho de curso, tcnicas especiais de instruo, mtodos especiais de comunicao atravs da eletrnica e outras tecnologias, bem como arranjos essenciais organizacionais e administrativos.

    EaD uma metodologia desenhada para aprendentes adultos, baseada no postulado que, estando dadas sua motivao para adquirir conhecimento e qualificaes e a disponibilidade de materiais apropriados para aprender, eles esto aptos a terem xitos em um modo de auto-aprendizagem (TRINDADE apud BELLONI, 2003, p.33).

    EaD um processo educativo em que a aprendizagem ocorre sem a presena fsica do professor e do estudante, ou seja, h uma separao espacial e/ ou temporal, disso decorre que a comunicao para o processo

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    aprendizagem deva ser realizada com o uso dos mais variados recursos ...: os materiais impressos, os recursos de udio e vdeo, as transmisses por rdio e televiso e diversificados recursos da informtica e telecomunicaes (DTCOM, 2006).

    No Brasil, a EaD j se mostra eficiente para solucionar o acesso educao de pessoas adultas e trabalhadoras, que por algum motivo no tiveram a oportunidade de ingressar em sistemas formais de ensino, por localizao geogrfica, situao social, econmica, motivos familiares, falta de oferta de determinados nveis de formao ou de cursos na localizao em que vivem, impossibilitando o acesso ou a continuidade na formao. Ela tambm tem se mostrado eficaz para aquelas pessoas que em determinado momento de sua vida necessitam de uma educao continuada e permanente (PRETI, 1996).

    Exerccio de auto-avaliao Certamente, voc j est apto a identificar quem o pblico da EaD e porque estas pessoas a elegeram como alternativa educacional.

    Tente responder s perguntas abaixo e depois, confira!

    Quem procura a EaD? Por que as pessoas procuram a EaD?

    Quais so as vantagens da EaD?

    Resposta

    Quem procura a EaD:

    - Adultos inseridos no mundo do trabalho. - Pessoas residentes em locais distantes dos Ncleos de Estudos.

    Porque as pessoas procuram a EAD:

    - Normalmente, tm pouco tempo para o estudo presencial. - Preferem estudar sozinhas. - Gostam dessa modalidade pela flexibilidade de poder planejar seus estudos em termos de horrios, dias da semana e localidade.

    Vantagens da EaD:

    Segundo Garcia Aretio (1995):

    - Diversifica a oferta de cursos.

    - Oportuniza quele que no pode iniciar ou concluir uma formao, de faz-la o mais prximo de sua moradia.

    - Facilita a continuao de qualificao daqueles que j esto formados,

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    mas que precisam de atualizao.

    - Alcana um grande nmero de pessoas em diferentes localizaes geogrficas.

    - Flexibiliza o tempo, o local e o ritmo de estudo de cada um.

    - Propicia uma eficaz combinao de estudo e trabalho.

    - Garante a permanncia do estudante em seu entorno laboral, cultural e familiar.

    - Coloca o estudante como centro do processo ensino-aprendizagem e como sujeito ativo desse processo.

    - Trata-se de uma formao terico-prtica ligada experincia e em contato imediato com a atividade de trabalho e social.

    - Potencializa a iniciativa individual colaborando para que o estudante adquira atitudes, interesses, valores e hbitos educativos positivos.

    Segundo Niskier (1999):

    - Estimula a responsabilidade pessoal, pois quem procura essa modalidade sabe porque o faz, criando uma nova tica de educao.

    3.4 SISTEMA DE EaD

    3.4.1 Marco terico da EaD

    Em 1962, a traduo alem de um estudo de Holmberg publicado na Sucia, durante longo tempo foi considerado o marco terico da EaD. Esta obra de Holmberg intitula-se Sobre os Mtodos do Ensino por Correspondncia.

    Em 1973, Michael Moore e posteriormente Charles Wedemeyer defenderam a necessidade de reflexes mais profundas sobre as bases tericas da educao distncia.

    Para Keegan (1983), grande parte do esforo despendido nesta rea na dcada de 60 foi do tipo prtico e utilitrio. Somado aos avanos acelerados das novas tecnologias e aos resultados imediatistas do ensino a distncia, comearam a surgir, naquela poca, muitos preconceitos em relao a esta modalidade.

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    Para Refletir

    Ainda segundo Keegan (1983), houve muitos estudos a respeito dos estudantes adultos, suas caractersticas e motivaes; muitas pesquisas a respeito da produo de material e dos meios para implementao de projetos de educao a distncia etc. Porm, as bases tericas da educao a distncia so frgeis.

    Voc concorda com a opinio de Keegan?

    J a argumentao de Wedemeyer gira em torno das novas possibilidades de aprendizagem autnoma por parte dos adultos. Sustenta, inicialmente, que no se pode negar que a oportunidade de aprender um direito, no importa se o indivduo pobre, est afastado da escola, doente, etc. Isto significa dizer ou reconhecer que h uma liberdade de decidir se o indivduo deseja estudar ou no.

    Exerccio de auto-avaliao

    Com respeito aprendizagem do adulto, Wedemeyer salienta que, se desejamos compreender como o adulto aprende, importante olhar para fora da instituio escolar.

    A seu ver, o que significa olhar para fora da escola

    Resposta

    Os adultos enfrentam seus problemas, buscando formas para conseguir soluciona-los. Para Wedemeyer, os adultos aprendem em casa, na biblioteca, no campo ou assistindo a qualquer manifestao cultural.

    A Teoria da Educao a Distncia de Holmberg (apud Garcia Aretio, 1995), implica que o carter da EaD de qualidade assumir um estilo de uma boa conversao guiada, orientada para o aprendizado. Holmberg sumaria o seu pensamento da seguinte forma:

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    a) o sentimento de que existe uma relao pessoal entre o estudante e o professor promove o seu prazer no estudo e a sua motivao;

    b) este sentimento pode ser fomentado mediante um material de auto-aprendizagem bem desenvolvido e uma adequada comunicao distncia, com "feedback" ou retro alimentao;

    c) a atmosfera, a linguagem e a conversao amistosa favorecem o sentimento do estudante de que existe uma relao pessoal com o professor primeiro postulado acima citado.

    Anote em sua Agenda

    "O sistema a distncia implica estudar por si mesmo, mas o estudante no est s, se vale do curso e da interao com os tutores e com uma organizao de apoio" (HOLMBERG apud GARCIA ARETIO, 1995, p.73).

    3.4.2 Caractersticas da organizao de um sistema de EaD

    a) Abertura em termos das possibilidades diversas de atendimento de um pblico maior que o presencial, franqueando flexibilidade de acesso e de permanncia;

    b) flexibilidade, entendida aqui como uma nova relao entre espao e tempo, permitindo ao estudante associar ou atender s demandas familiares com as do seu trabalho, sem deixar de qualificar-se para o trabalho e/ou a vida;

    c) preocupao em construrem-se propostas pedaggicas de educao/qualificao que observem aspectos psico-scio-pedaggicos e afetivos do adulto;

    d) a economia que gera para o aluno, uma vez que seus deslocamentos so programados, isto permite reduo nos custos em relao ao ensino presencial.

    Caro estudante,

    A esta altura da UD 1, voc j dever ter relacionado as caractersticas dos projetos de EaD que conhece aos elementos constitutivos de um sistema de EaD. Contudo, apresentamos a seguir as caractersticas e os elementos constituintes do sistema de EaD.

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    3.4.3 Elementos Constituintes da Organizao de um Sistema de Educao a Distncia:

    A Educao a Distncia uma nova modalidade educativa, uma alternativa pedaggica que no vem para substituir a educao presencial, mas fruto de uma srie de determinaes presentes no atual estgio de desenvolvimento cientfico-tecnolgico e econmico das complexas foras produtivas, estgio poltico, cultural, miditico e educacional.

    Subsumida a ela, h um novo paradigma educativo, na medida em que rompe com o ato pedaggico, historicamente concebido como um processo unitrio e indissocivel no tempo e no espao, ou seja, a relao presencial entre professor e aluno no espao da sala de aula, em horrios pr-determinados.

    O docente no est mais em permanente face a face com seu educando; no entanto esta relao continua existindo em novo patamar, alicerando-se na mediao estabelecida pelos meios didtico-pedaggicos contemporneos.

    O material didtico se constitui no manual de estudo, as narrativas combinadas da imagem, do som e a utilizao de todas num hipertexto, tornam-se ferramentas de mediao na ao do ensino e da aprendizagem nesta modalidade educativa.

    O processo de aprendizagem passa a ter sua nfase na ao discente. O aluno tem um papel preponderante na construo e apropriao do conhecimento, apoiando-se na mediao desenvolvida entre o material didtico-pedaggico produzido pelo professor, o qual dever propiciar-lhe uma aprendizagem mais autnoma e segura.

    Saiba Mais

    Por aprendizagem autnoma entende-se um processo de ensino e aprendizagem centrado no aprendente, cujas experincias so aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumir-se como recurso do aprendente, considerado com um ser autnomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de por si dirigir e regular este processo. Este modelo de aprendizagem apropriado a adultos com maturidade e motivao necessrias auto-aprendizagem (...)" (TRINDADE, 1992, p.32; CARMO, 1997, p.300; KNOWLES, 1990 apud BELLONI, 1999, P.40).

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    O papel docente nesta nova prxis educativa procurar garantir o aprendizado do seu aluno a distncia. Torna-se muito mais complexo seu papel na medida em que precisa, ao invs de "dar aulas" face a face, passar a lecionar atravs da utilizao de outras linguagens apoiadas por meios informacionais e de comunicao, que atingiro no apenas 30 ou 40 pessoas, mas s vezes centenas delas, numa relao de tempo e espao diferentes da atividade presencial que conhecemos.

    O trabalho docente, neste contexto de EaD, caracteriza-se pela parceria, que vai desenvolver-se com a participao da tutoria, reservada a um profissional da mesma rea, que estar na "ponta" do processo de ensino-aprendizagem, garantindo a qualidade do processo de apropriao do conhecimento.

    Outro aspecto, que fundamental na EaD, diz respeito aos procedimentos avaliativos, os quais devero estar presentes no acompanhamento do aprendizado do aluno, mediante o trabalho do tutor, na avaliao contnua do material didtico, por parte do aluno, tutor e docente; na avaliao do papel da tutoria pelo aluno e docente e a avaliao do prprio curso nesta modalidade. Isto tudo para assegurar um constante acompanhamento pedaggico, que garantir a qualidade e a seriedade da educao distncia.

    Pontuando um pouco mais, apresentamos a seguir as caractersticas e os elementos da EaD, elencados por Preti (1996).

    Caractersticas da Educao a Distncia:

    abertura: uma diversidade e amplitude de oferta de cursos, com a eliminao do maior nmero de barreiras e requisitos de acesso, atendendo a uma populao numerosa e dispersa, com nveis e estilos de aprendizagem diferenciados, para atender complexidade da sociedade moderna;

    a flexibilidade: de espao, de assistncia e tempo, de ritmos de aprendizagem, com distintos itinerrios formativos que permitam diferentes entradas e sadas e a combinao trabalho/estudo/famlia, favorecendo, assim, a permanncia em seu entorno familiar e laboral;

    a adaptao: atendendo s caractersticas psicopedaggicas de alunos que so adultos;

    a eficcia: o estudante, estimulado a se tornar sujeito de sua aprendizagem, a aplicar o que est apreendendo e a se autoavaliar, recebe um suporte pedaggico, administrativo, cognitivo e afetivo, atravs da integrao dos meios e uma comunicao bidirecional;

    a formao permanente: h uma grande demanda, no campo profissional e pessoal, para dar continuidade formao recebida formalmente e adquirir novas atitudes, valores, interesses, etc.

    a economia: evita o deslocamento, o abandono do local de trabalho, a formao de pequenas turmas e permite uma economia de escala.

    Elementos constitutivos da Educao a Distncia:

    a distncia fsica professor-aluno: a presena fsica do professor ou do autor, isto do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar no necessria e indispensvel para que se d a aprendizagem; ela se d de outra maneira: virtualmente;

    o estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas prticas e reflexes;

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    um processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EaD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilizem e incentivem a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem. E isso acontece predominantemente atravs do tratamento dado aos contedos e formas de expresso mediatizados pelos materiais didticos, meios tecnolgicos, sistema de tutoria e de avaliao (MAROTO, 1995);

    o uso de tecnologias: os recursos tcnicos de comunicao, que hoje tm alcanado um avano espetacular (correio, rdio, TV, audiocassette, hipermdia interativa, Internet), permitem romper com as barreiras das distncias, das dificuldades de acesso educao e dos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam individualmente, mas no isolados e sozinhos; oferecem possibilidades de se estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgao de dados, de acesso s informaes mais distantes e com uma rapidez incrvel;

    a comunicao bidirecional: o estudante no mero receptor de informaes, de mensagens; apesar da distncia, busca-se estabelecer relaes dialogais, criativas, crticas e participativas.

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    REFERNCIAS

    BELLONI, M. L. Educao a Distncia. Campinas: Autores Associados, 1999.

    BELLONI, M. L. Educao a Distncia. So Paulo, Coleo Educao Contempornea, 2003.

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