3 · Web viewSob esse quadro geral, de maiores concentrações da população e de atividades produtivas no Zona Costeira, com crescente dispersão no meio rural do Agreste e, sobretudo,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

3

(E2569 vol. 2)GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, HABITAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO URBANO

PROGRAMA ÁGUAS DE SERGIPE

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Versão Final

(Revisão Setembro de 2010)

Setembro 2010

SUMÁRIO

1.

APRESENTAÇÃO

50

2.

CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA

51

3.

QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS

56

3.1

POLÍTICAS E INSTRUMENTOS

56

3.2

CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL

63

3.3

POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS AMBIENTAIS E SOCIAIS DO BANCO MUNDIAL

67

4.

O CONTEXTO GERAL DO ESTADO E DA BACIA DO RIO SERGIPE

71

4.1

O CONTEXTO DO ESTADO

71

4.2

O CONTEXTO DA BACIA DO RIO SERGIPE

75

5.

ESTRATÉGIA AMBIENTAL DE ATUAÇÃO DO PROGRAMA

77

6.

AVALIAÇÃO AMBIENTAL E SOCIAL DAS INTERVENÇÔES DO PROGRAMA

79

6.1

GRUPO A – COMPONENTE 1 – GESTÃO RECURSOS HÍDRICOS E DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

79

6.2

GRUPO A – COMPONENTE 2 – ÁGUAS E IRRIGAÇÂO

80

6.3

GRUPO B – COMPONENTE 3 – ÁGUAS E CIDADES – INTERVENÇÕES DE CONTRAPARTIDA

91

6.4

GRUPO B – COMPONENTE 3 – ÁGUAS E CIDADES – FINANCIAMENTO BANCO MUNDIAL

102

6.5

PANORAMA INSTITUCIONAL

104

6.6

CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÂO AMBIENTAL DOS SUBPROJETOS

106

7.

AVALIAÇÃO GLOBAL DO PROGRAMA

125

8.

PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL

110

8.1

GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO

110

8.2

CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS SÓCIO-AMBIENTAIS PARA CONCEPÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS

115

8.3

FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL DA SEMARH, ADEMA E SRH

117

8.4

INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS

120

8.5

FORTALECIMENTO DA GESTÃO AMBIENTAL NA BACIA DO SERGIPE

120

8.6

REGULARIZAÇÂO E ADEQUAÇÃO AMBIENTAL DAS BARRAGENS E PERÌMETROS IRRIGADOS

121

8.7

ADEQUAÇÃO AMBIENTAL DAS ERQs SUL, OESTE E BARRA DOS COQUEIROS

122

8.8

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DOS RIOS E RESERVATÓRIOS DA BACIA DO SERGIPE

122

8.9

COMUNICAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO SANITÁRIA E AMBIENTAL

122

8.10

MARCO CONCEITUAL DE REASSENTAMENTO

123

8.11

MARCO DE PROCESSO

123

8.12

MANUAL AMBIENTAL DE CONSTRUÇÃO

124

9

CONSULTAS PÚBLICAS

125

ANEXOS

MARCO DE REASSENTAMENTO

MARCO DE PROCESSO

MANUAL AMBIENTAL DE CONSTRUÇÃO

INFORMAÇÕES CONSULTAS PÚBLICAS

REUNIÕES DE CONSULTA PÚBLICA BARRA DOS COQUEIROS

1. APRESENTAÇÃO

Este documento constitui o Relatório de Avaliação Ambiental do Programa Águas de Sergipe e seu conteúdo visa ao atendimento das políticas de salvaguardas ambientais e sociais do Banco Mundial - BIRD.

O Programa Águas de Sergipe – PAS tem como objetivo geral fortalecer o marco institucional e de políticas para a gestão integrada dos recursos hídricos e meio ambiente no Estado de Sergipe e implementar ações que contribuam para a revitalização da bacia hidrográfica do Rio Sergipe, sob uma perspectiva integrada.

O PAS prioriza investimentos na Bacia do Rio Sergipe (principal rio estadual) e Região Metropolitana de Aracaju (40% da população do Estado), buscando a expansão e melhoria da infra-estrutura hídrica e de saneamento ambiental da bacia hidrográfica, propiciando a recuperação, proteção e o potencial aproveitamento sustentável de seus recursos naturais.

A concepção do Programa prevê ações de fortalecimento da gestão ambiental e de recursos hídricos no Estado, aprimoramento da gestão de saneamento e intervenções em infra-estrutura hídrica e de saneamento.

Considerando, adicionalmente, que o Programa Águas de Sergipe tem entre seus objetivos a reversão do quadro de degradação ambiental e dos recursos hídricos da bacia do rio Sergipe, as ações do programa, ao passo que buscam melhorar as condições de vida da população ampliando a capacidade de sua infraestrutura econômica e urbana, buscam também sintonia com o aproveitamento sustentável de seus recursos naturais.

Nesse sentido, a estratégia de atuação ambiental do Programa considerou a agregação dessas ações em dois conjuntos:

A. Ações de melhoria ambiental com o objetivo de recuperar os passivos ambientais existentes e fortalecer a gestão ambiental na Bacia do rio Sergipe como um todo.

B. Ações de melhoria ambiental e sanitária com vistas a reverter o quadro de degradação constatado, mas que podem, na sua implementação, provocar impactos ambientais e sociais.

De acordo com entendimentos mantidos com o Banco Mundial na presente fase preparação do Programa, as intervenções de infra-estrutura encontram-se agregadas em duas situações: (i) a primeira referente à contrapartida do Estado relacionado à obras de saneamento em andamento com recursos do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento e; (ii) a segunda referente ao financiamento do Banco Mundial consistindo em obras de melhoria da eficiência dos sistemas de irrigação existentes e da implantação de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário na Bacia do rio Sergipe.

Para esta segunda situação ainda não se dispõe, nessa fase, de estudos de concepção ou projetos de engenharia que dêem condições de detalhar as características ou processos envolvidos, o que se fará em fases posteriores.

Nesse sentido, o relatório foi também concebido de modo a contemplar, com uma visão regional, as seguintes abordagens: (i) avaliação ambiental e social das obras de contrapartida em execução; e (ii) preparação de arcabouço para o gerenciamento ambiental e social (framework) envolvendo uma análise da situação ambiental regional existente, uma avaliação das medidas ambientais a serem adotadas, uma avaliação ambiental das tipologias de subprojetos e a definição de critérios e procedimentos para avaliação ambiental dos subprojetos na fase de implementação do Programa Águas de Sergipe

Em conjunto com finalidade de observação de regras do Banco Mundial, em cumprimento aos requisitos e exigências para a assinatura do Acordo de Empréstimo, cuidou-se que o conteúdo do relatório esteja em harmonia com os pressupostos constantes das legislações e normas ambientais brasileiras.

Dessa maneira, ainda que o conjunto das ações tenha sido abordado neste relatório, muitas delas deverão ser pormenorizadas e analisadas pelo Governo do Estado e pelo Banco Mundial por ocasião do seu detalhamento técnico e dos processos de licenciamento ambiental específicos. Isto implica afirmar que as ações aqui apresentadas, acrescidas do detalhamento daquelas que ainda serão objeto de estudos mais aprofundados, serão avaliadas pelas equipes da SEMARH, do órgão ambiental licenciador e pelo Banco Mundial, em conformidade com a legislação nacional e as regras do próprio Banco.

O corpo principal deste documento comporta nove capítulos, apresentando-se, no segundo a concepção do Programa e no terceiro a abordagem dos marcos legais e institucionais nos quais se apóia a presente análise ambiental. O capítulo 4 descreve e contextualiza a região de atuação do Programa (bacia do rio Sergipe) e enfoca as principais questões ambientais atuais.

O capítulo 5 discorre sobre a estratégia de atuação ambiental do Programa Águas de Sergipe para, em seguida, no capítulo 6, efetuar-se uma avaliação ambiental e social das intervenções incluindo aquelas de referentes às obras de contrapartida e as intervenções a serem financiadas pelo Banco, assim como as principais conclusões apresentadas no capítulo 7.

No capítulo 8 consta o Plano de Gestão Ambiental – PGA do Programa e no capítulo 9 uma síntese das consultas públicas realizadas. Em anexo consta o Marco de Reassentamento Involuntário, o Marco de Processo e o Manual Ambiental de Obras.

. 2. CARACTERIZAÇÃO DO PROGRAMA

2.1 JUSTIFICATIVAS

A proposta de um desenvolvimento sustentável para o estado de Sergipe passa, além das condições ambientais, pelo respeito à identidade cultural dos territórios e pela inclusão social. O Governo estadual assume o papel relevante de indutor do desenvolvimento e regulador do mercado. A principal justificativa para essa proposta é a condição de tripla desigualdade em que se encontra o estado de Sergipe: concentração da renda, resultando em desigualdade social e exclusão; concentração da infra-estrutura social e produtiva no litoral do estado (70% do PIB é produzido no litoral e as oportunidades de emprego acompanham esse indicador – 40% dos empregos formais estão no setor público), resultando em desigualdades territoriais; e concentração do PIB industrial nas indústrias de petróleo e energia hidrelétrica (Petrobrás e Chesf respondem por quase 40% do PIB industrial do Estado), resultando em desigualdades na matriz de insumo-produto do Estado e na baixa capacidade de geração de emprego formal no setor privado.

Problemas Gerais de Recursos Hídricos no Estado de Sergipe

O estado de Sergipe, com uma área aproximada de 22.050 km², é formado por seis bacias hidrográficas, sendo três com rios de domínio federal - rio São Francisco, rio Vaza Barris e rio Real – e outras três com rios de domínio estadual - rio Japaratuba, rio Sergipe e rio Piauí (Figura 2.1).

Fonte: SEMARH/SRH

Figura 2.1 – Bacias Hidrográficas do Estado de Sergipe

A Tabela 2.1 apresenta as principais características destas bacias.

Tabela 2.1 – Principais Características das Bacias Hidrográficas do Estado

Bacia Hidrográfica

Área (km2)

%

Vazão Média (m3/s)

São Francisco

7.276,3

33,0

2.060,00

Japaratuba

1.722,0

7,8

10,60

Sergipe

3.673,0

16,7

13,84

Vaza Barris

2.559,0

11,6

15,64

Piauí

4.262,0

19,3

22,92

Real

2.558,0

11,6

20,46

Total

22.050,3

100,0

2.143,46

Inserido na região Nordeste do país, o território sergipano caracteriza-se por uma faixa próxima ao Zona Costeira com índices pluviométricos bastante razoáveis, da ordem de 1.200 mm/ano, que declinam substantivamente na medida em que se percorre o sentido oeste, caindo para cerca de 800 mm na porção intermediária do Agreste, até chegar a níveis próximos a 400 mm/ano na região interiorana do Sertão, que compõe parte do semi-árido brasileiro.

De modo conjugado com esses problemas climáticos, também se verificam alterações no tipo do solo, com predomínio de rochas sedimentares e coberturas terciárias recentes, na zona costeira e em parte do Agreste, e do padrão cristalino na região do Sertão, dominado pela vegetação da caatinga, em virtude da sobreposição entre baixas fertilidade e pluviometria.

É reconhecido que, nesse contexto regional, os estados nordestinos apresentam problemas recorrentes relacionados à escassez de disponibilidades hídricas, agravados pela elevada variação sazonal e plurianual de períodos chuvosos, fato que demanda avanços substantivos em termos da organização técnica e institucional para gestão dos recursos hídricos, como também, inversões significativas voltados à infra-estrutura para armazenamento e transporte de águas, tendo em vista seus múltiplos usos, notadamente o abastecimento público e a irrigação de cultivos.

Sob esse quadro geral, de maiores concentrações da população e de atividades produtivas no Zona Costeira, com crescente dispersão no meio rural do Agreste e, sobretudo, do Sertão, constata-se que, em sentido leste-oeste, também decrescem os padrões de renda, na medida em que, no Sertão predominam a pecuária e cultivos para subsistência familiar e, somente no Agreste passam a ser desenvolvidos sistemas mais extensos de irrigação, na proporção em que os cursos d’água começam a se perenizar.

Por seu turno, atividades econômicas dos setores secundário e terciário – indústria e serviços – concentram-se junto ao litoral, onde reside a maior parcela da população nordestina e, bem assim, a sergipana, com melhoria na renda per capita. Todavia, percebe-se que, nessa faixa costeira, os problemas de escassez acabam sendo substituídos pelo comprometimento qualitativo dos corpos hídricos, com rebatimento negativo inclusive sobre o seu elevado potencial turístico.

Síntese dos Problemas Hídricos e Ambientais

Os principais problemas hídricos e ambientais da bacia do rio Sergipe apresentam ênfases distintas, de acordo com as características específicas a cada porção territorial pertencente ao Semi-árido, ao Agreste ou à Zona Costeira.

A Tabela 2.2 , a seguir, sintetiza os problemas predominantes.

Tabela 2.2 – Problemas Predominantes nas Porções Territoriais da Bacia do Rio Sergipe

Porção Territorial

Características Predominantes

Principais Problemas

Alto rio Sergipe

Semi-árido

Baixa pluviometria, rios temporários com águas de baixa qualidade, predomínio de atividades pecuárias

Escassez de recursos hídricos, níveis mais elevados de população rural e de baixa renda, cidades com baixos índices de atendimentos aos serviços de saneamento, incluindo a disposição final de resíduos sólidos.

Médio rio Sergipe

Agreste

Níveis médios de pluviometria, rios com tendência à perenização, predomínio de cultivos irrigados e da produção de hortigranjeiros.

Problemas na operação e manutenção de açudes e adutoras, níveis baixos de eficiência na utilização dos recursos hídricos, cidades de porte médio com insuficiências no atendimento de serviços de saneamento, incluindo a disposição inadequada de resíduos sólidos.

Baixo rio Sergipe

Zona Costeira

Clima sub-úmido, níveis mais elevados de pluviometria, rios perenes de médio porte, estuários com manguezais e áreas ambientalmente sensíveis, alta concentração urbana, industrial e de comércio e serviços.

Alta densidade populacional, demandas crescentes para uso doméstico e industrial da água, ocupações irregulares de mangues e áreas ambientalmente sensíveis, carências de serviços de saneamento em áreas de favelas e outras ocupações desconformes por famílias de baixa renda, baixos níveis de eficiência em sistemas de abastecimento e disposição inadequada de resíduos sólidos.

Em suma, o estado de Sergipe demanda suporte financeiro e apoio institucional e técnico, tanto para enfrentar reconhecidos problemas típicos do Semi-árido brasileiro e para reverter o quadro de comprometimento ambiental (passivos existentes) como para o aperfeiçoamento de sua gestão ambiental e de recursos hídricos.

O Programa proposto visa o enfrentamento de alguns principais problemas estreitamente relacionados com os seguintes objetivos:

Fortalecimento institucional para agir frente aos complexos desafios da gestão ambiental e dos recursos hídricos na bacia do rio Sergipe, assim como garantir a realização e sustentabilidade a longo prazo das metas do Programa;

Criação de novas unidades de conservação, para garantir a preservação de florestas e áreas ambientalmente sensíveis e promover a gestão ambiental sustentável do uso do solo na bacia do rio Sergipe;

Utilização sustentável do potencial da agricultura irrigada na bacia do rio Sergipe, com importante papel no desenvolvimento econômico do estado, pela promoção do uso eficiente e sustentável da água;

Melhoria da qualidade das águas do rio Sergipe e seus afluentes pelos investimentos na implantação de adequado sistema de coleta, transporte e tratamento de esgotos domésticos; e,

Minimizar a pressão pelo abastecimento de água, tanto para consumo humano como para irrigação, com oferta de água de boa qualidade.

2.2. O Que É O PROGRAMA

Refletindo os objetivos específicos e resultados esperados (temáticos, regionais e setoriais), o Programa Águas de Sergipe está estruturado em dois grandes eixos: (i) a gestão de recursos hídricos e o desenvolvimento institucional, com abrangência em todo o Estado de Sergipe; e, (ii) a infraestrutura hídrica e de saneamento ambiental, com foco na bacia hidrográfica do Rio Sergipe.

2.3. Objetivos Do PROGRAMA

2.3.1. Objetivo Geral do Programa

O Programa Águas de Sergipe tem como objetivo geral fortalecer o marco institucional e de políticas para a gestão integrada dos recursos hídricos e meio ambiente no Estado de Sergipe e implementar ações que contribuam para a revitalização da bacia hidrográfica do Rio Sergipe, sob uma perspectiva integrada.

2.3.2. Objetivos Específicos do Programa

O objetivo geral encontra-se vinculado aos seguintes objetivos específicos:

· fortalecimento da gestão e promoção do desenvolvimento institucional para o uso racional e sustentável dos recursos hídricos, consolidando uma política de longo prazo para os setores hídrico e ambiental do estado de Sergipe; e

· expansão e melhoria da infra-estrutura hídrica e de saneamento ambiental da bacia hidrográfica do rio Sergipe, propiciando a recuperação, proteção e o potencial aproveitamento sustentável de seus recursos naturais.

2.4. Componentes Previstos No PROGRAMA

O Programa Águas de Sergipe encontra-se estruturado em 3 Componentes:

Componente 1 – Gestão de Recursos Hídricos e Desenvolvimento Institucional, com os seguintes subcomponentes:

· Desenvolvimento Institucional focalizando a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMARH, a Administração Estadual de Meio Ambiente – ADEMA, o Instituto de Tecnologia e Pesquisa de Sergipe – ITPS, e o apoio a Comitês de Bacia.

· Instrumentos de gestão ambiental e gestão de recursos hídricos, no aperfeiçoamento dos instrumentos de outorga e cobrança de uso da água, zoneamento ecológico-econômico, integração do licenciamento ambiental e outorga, implementação de Sistema de Informações Geográficas com base ambiental.

· Gestão ambiental de uso do solo na bacia do rio Sergipe, com estudos para criação e delimitação de Unidades de conservação, planos de gestão e manejo de áreas protegidas, detalhamento de planos de recuperação de áreas degradadas priorizadas,

· Modelos de gestão e regulação de serviços, com ênfase na gestão de resíduos sólidos, saneamento rural e de pequenas comunidades, assim como da estrutura de regulação de serviços de saneamento, resíduos sólidos e irrigação.

· Comunicação social e educação sanitária e ambiental, adaptadas às demandas de diferentes públicos-alvos (setores usuários de recursos hídricos e organizações representativas da sociedade civil, além de profissionais de órgãos públicos, das esferas municipal e estadual.

· Gerenciamento, Auditoria, Monitoramento, Avaliação e Comunicação do Programa

Componente 2 – Água e Irrigação, com os seguintes subcomponentes:

· Modernização da Infraestrutura Hídrica na Bacia do rio Sergipe com ênfase nas barragens da Ribeira, Jacarecica I e Jacarecica II, contemplando ações de segurança de barragens, batimetria, melhoria operacional, modelos de operação de reservatórios e ações de adequação ambiental.

· Modernização e recuperação de perímetros irrigados, especialmente os perímetros De Poção da Ribeira e Jacarecica I com estudos de viabilidade e de regularização ambiental, modelagem técnica e modernização com implantação da irrigação localizada,além de apoio à irrigação de pequeno porte (familiar). Serão feitos apenas estudos para modernização e adequação ambiental e social do Perímetro de Jacarecica II.

· Ações de Gestão Ambiental na agricultura irrigada, voltadas ao manejo ambiental dos perímetros, recuperação de áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente, capacitação de agricultores, apoio à agricultura orgânica, ações de conservação do solo e da água, gestão de abastecimento de água em pequenas comunidades rurais, ações de comunicação social e educação ambiental, entre outras.

· Fortalecimento Institucional da Secretaria de Agricultura – SEAGRI, da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe - COHIDRO e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe- EMDAGRO

Componente 3 – Água e Cidades, com os seguintes subcomponentes:

· Melhorias estruturais e de eficiência operacional da infraestrutura de saneamento, com ações de ampliação e melhoria de sistemas de abastecimento de água, especialmente em Divina Pastora

· Infraestrutura Urbana, Saneamento Básico e Controle da Poluição, com ações voltadas a implantação de sistemas de esgotamento sanitário em municípios da bacia e de sistema de drenagem urbana em Itabaiana.

2.5. RECURSOS DO PROGRAMA

O custo total do Programa é de US$ 122,110 milhões, dos quais o Banco Mundial financiará 60% (US$ 73,869 milhões). Os restantes 40% (US$ 48,241 milhões) serão provenientes de contrapartidas do Estado. Os recursos alocados, de acordo com as respectivas fontes, estão demonstrados na tabela a seguir.

Tabela 2.3: Distribuição dos Recursos por Componentes e Subcomponentes

3. QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS

3.1 AS POLÍTICAS E INSTRUMENTOS

3.1.1 A Política de Meio Ambiente

A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. A Lei no 6.938 de 31/08/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. As linhas mestras da política estão definidas no capítulo do Meio Ambiente da Constituição Federal no seu art. 225.

No nível federal, o órgão responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais brasileiros é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, criado pela Lei no 7.735 de 22/02/89, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes de Conservação do Biodiversidade – ICMBio, criado pela Lei 11.516/2007, responsável pela administração das unidades de conservação (UCs) federais.

A nível estadual, a A Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), autarquia estadual criada pela Lei nº 2.181, de 12 de outubro de 1978, e recentemente elevada ao patamar de autarquia “em regime especial, é responsável pela execução da política estadual de meio ambiente e tem como objetivo exercer a função de proteção e conservação dos recursos naturais do Estado.

3.1.2Padrões de Qualidade Ambiental

O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, que tem como objetivo a prevenção ou correção dos impactos da poluição e da contaminação do meio ambiente. Aí estão incluídos os padrões de qualidade do ar e das águas.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, através da Resolução 357/06 classifica as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional em nove categorias, segundo seus usos preponderantes. A Resolução estabelece também as condições padrões de lançamento de efluentes.

Outros instrumentos legais que estabelecem procedimentos e padrões ambientais estão descritos a seguir:

· Lei Nº 4.771/65 que dispõe sobre o Código Florestal, principalmente o seu artigo 2°, que trata das áreas de proteção permanente as florestas e demais formas de vegetação nas nascentes e ao longo dos cursos dágua.

· Lei Nº 9.605/98 (Lei de crimes ambientais) que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

· Lei Nº 9.985/00 que regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) e dá outras providências. Em se tratando da compensação ambiental é importante mencionar a regra prevista no artigo 36 onde se estabelece o valor mínimo de 0,5% (meio por cento) dos custos totais do empreendimento para aplicação na implantação ou manutenção de unidades de conservação, cabendo ao órgão ambiental licenciador definir a sua alocação.

· Lei Nº 10.257/01 que regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.

· Medida Provisória Nº 2.166-2.167/01 que altera os arts. 1º, 4º, 14º, 16 º e 44º, e acresce dispositivos à Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal.

"Art. 4º - A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto .

· Resolução CONAMA Nº 303/02 que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

· Resolução CONAMA Nº 375/06 que define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados.

· Resolução CONAMA Nº 369/06 que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP.

· Resolução CONAMA 377/06 que define critérios de porte e dispõe sobre licenciamento ambiental simplificado de Sistemas de Esgotamento Sanitário.

3.1.3 A Política de Recursos Hídricos

A Lei Federal no 9.433 de 08/01/97 instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e, no nível estadual, a Lei no 12.984 de 30/12/2005 dispôs sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e Sistema Integrado de gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH.

3.1.4 As Políticas Estaduais

Recursos Hídricos

A Lei 3870/97 da Política Estadual de Recursos Hídricos define como instrumentos: I - o Plano Estadual de Recursos Hídricos; II – o enquadramento dos corpos de águas em classes, segundo os usos preponderantes da água; III - o Fundo Estadual de Recursos Hídricos; IV - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos; V - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; e VI - o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos.

Meio Ambiente

A lei estadual 5858 de 22/03/2006 dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e institui o Sistema Estadual do Meio Ambiente. Define como instrumentos da Política:

· Plano Estadual do Meio Ambiente;

· Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE);

· Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);

· Licenciamento Ambiental;

· Sistema Estadual de Informações Ambientais;

· Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza;

· Educação Ambiental;

· Auditoria Ambiental;

· Monitoramento, Fiscalização e penalidades;

· Normas e padrões de emissão e de qualidade ambiental;

· Acordos, convênios, consórcios e outros mecanismos associativos de gerenciamento dos recursos ambientais;

· Fundo de Defesa do Meio Ambiente de Sergipe – FUNDEMA/SE;

· Estímulos e Incentivos.

Controle de Agrotóxicos e outros Biocidas

Considerando a importância do tema, o Estado de Sergipe, com base na lei estadual 3195/1992 instituiu, por meio do Decreto 22.762/2004, normas regulamentares e criou a Comissão Estadual de Agrotóxicos.

O decreto estabelece normas e procedimentos relativos a:

· Registro do estabelecimento de comercialização

· Cadastro dos produtos

· Destinação final de resíduos e embalagens

· Armazenamento e transportes

· Receituário Agronômico

· Inspeção e Fiscalização

· Responsabilidades, infrações, sanções e penalidades

A Comissão Estadual de Agrotóxicos é formada por representantes das Secretarias de Agricultura e da Saúde, da EMDAGRO, da Delegacia Federal de Agricultura, da COHIDRO, da ADEMA, da Classe de Revendedores de Agrotóxicos, da Vigilância Sanitária e do CREA.

À Comissão compete analisar e sugerir medidas: (i) que visem reduzir o impacto dos agrotóxicos sobre o meio ambiente e a população; (ii) remitir pareceres sobre recursos apresentados aos pedidos de impugnação ou cancelamento de produtos; (iii) controle do uso e comércio de agrotóxicos; (iv) controle de resíduos em produtos agropecuários.

3.1.5 Avaliação de Impacto Ambiental

A avaliação de impacto ambiental representa um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme Lei Federal no 6938 de 31/08/81, e foi vinculada aos sistemas de licenciamento de atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente. Tanto na Constituição Federal de 1998, no seu artigo 225 & Io, inciso IV, como na Lei Estadual 5858/2006 em seu artigo 42 que dispõe a necessidade de licenciamento ambiental, já fica clara a necessidade da avaliação de impacto ambiental para atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.

Posteriormente, a Resolução CONAMA no 237 dispôs sobre a revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental estabelecendo que as avaliações de impacto ambiental podem ser realizadas por outros estudos ambientais além do EIA/RIMA. A Resolução define que Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

Não obstante o fato de o licenciamento de determinado empreendimento exigir ou não EIA-RIMA, as informações prestadas ao órgão ambiental devem oferecer uma descrição satisfatória do mesmo e da sua área de influência, assim como uma versão preliminar dos impactos ambientas e medidas necessárias para minimizar seus efeitos adversos. Em caso de ser necessário o EIA-RIMA, a ADEMA fará o Termo de Referência do mesmo e entregará ao proponente do projeto, para sua elaboração.

A análise e aprovação do respectivo Estudo Ambiental é de competência da ADEMA, conforme especifica a Lei Estadual no 5858/06 no seu artigo 44o. O artigo 47 estabelece o prazo máximo de análise pela ADEMA de 6 (seis) meses, a contar do ato protocolar do requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA ou audiência pública, quando o prazo deve ser de 12 (doze) meses.

3.1.6Licenciamento Ambiental

A Resolução CONAMA 237/97 traz o seguinte conceito de licenciamento ambiental: Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Por procedimento entende-se um encadeamento de atos que visam a um fim – a concessão da licença ambiental. Esse procedimento é conduzido no âmbito do Poder Executivo, na figura de seus órgãos ambientais nas várias esferas, e advém do regular exercício de seu poder de polícia administrativa.

A licença ambiental é definida pela Resolução CONAMA 237/97 como: Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

A licença ambiental é, portanto, uma autorização emitida pelo órgão público competente. Ela é concedida ao empreendedor para que exerça seu direito à livre iniciativa, desde que atendidas as precauções requeridas, a fim de resguardar o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Importante notar que, devido à natureza autorizativa da licença ambiental, essa possui caráter precário. Exemplo disso é a possibilidade legal de a licença ser cassada caso as condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas.

O licenciamento é composto por três tipos de licença: prévia, de instalação e de operação. Cada uma refere-se a uma fase distinta do empreendimento e segue uma seqüência lógica de encadeamento. Essas licenças, no entanto, não eximem o empreendedor da obtenção de outras autorizações ambientais específicas junto aos órgãos competentes, a depender da natureza do empreendimento e dos recursos ambientais envolvidos.

Atividades que se utilizam de recursos hídricos, por exemplo, também necessitarão da outorga de direito de uso desses, conforme os preceitos constantes da Lei 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. Outros exemplos de autorizações e licenças específicas são apresentados a seguir:

· concessão de licença de instalação para atividades que incluam desmatamento depende também de autorização específica do órgão ambiental (Código Florestal, Lei 4.771/65, art. 19 e Resolução Conama 378/06);

· autorização para supressão de área de preservação permanente para a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social (Código Florestal, Lei 4.771/65, art. 3º, § 1º e art. 4º);

O sistema de licenciamento ambiental adotado pela ADEMA está de acordo com o que prevê a Resolução CONAMA n 237/97 e a Lei Estadual n 5858/06. Adiante, descreve-se cada etapa do licenciamento ambiental.

· Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprova sua concepção e localização, atestando sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação, observadas as diretrizes do planejamento e zoneamento ambiental e demais legislações pertinentes;

· Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da implementação do empreendimento ou atividade, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, das quais constituem motivo determinante;

· Licença de Operação (LO) - autoriza o início da atividade, do empreendimento ou da pesquisa científica, após a verificação do efetivo cumprimento das medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação, conforme o disposto nas licenças anteriores;

O artigo 61 da lei 5858/06 define que são também modalidades de consentimento do órgão ambiental competente, para o exercício, no caso, de atividades ou execução de obras de caráter temporário:

· Autorização Ambiental: que se trata de um ato administrativo discricionário e precário, através do qual o órgão ambiental competente consente o exercício de atividades ou empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, e temporário;

· Declaração Ambiental: que consiste no consentimento, pelo órgão ambiental competente, do exercício de atividade ou execução de obra de baixo impacto, desde que motivada através parecer técnico, e, quando couber, jurídico.

A Resolução CEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente) 006/2008 de 20 de julho de 2008 estabelece também a possibilidade de emissão de Licença Simplificada (LS) que será concedida exclusivamente quando se tratar da localização, implantação e operação de empreendimentos ou atividades de porte micro, com pequeno Potencial Poluidor Degradador – PPD de acordo com critérios definidos na própria Resolução.

Sistemas de Esgotamento Sanitário

A Resolução CONAMA 377/2006 estabelece para sistemas de esgotamento sanitário critérios para classificação de porte do empreendimento, define procedimentos especiais de licenciamento ambiental para empreendimentos de pequeno e médio porte e cria:

· Licença Ambiental Única de Instalação e Operação (LIO) – ou ato administrativo equivalente: ato administrativo único que autoriza a implantação e operação de empreendimento de pequeno porte.

De acordo com a Resolução 377, são os seguintes os critérios de porte:

Tipologia de unidades de sistema de esgotamento sanitário

Pequeno Porte

Médio Porte

Unidades de Transporte: Interceptores, emissários e

estações elevatórias.

Vazão (*) menor ou igual a 200 l/s

Vazão (*) maior do que 200 l/s e menor ou igual a 1.000 l/s

Estações de Tratamento de Esgotos - ETEs

Vazão(*) menor ou igual a 50 l/s ou com capacidade para atendimento até 30.000 habitantes.

Vazão maior que 50 l/s e menor ou igual a 400 l/s ou com capacidade para atendimento superior a 30.000 e inferior a 250.000 habitantes

(*) Vazão nominal de projeto

Para cumprir com a legislação ambiental brasileira e a de Sergipe, os investimentos propostos pelo Programa devem ser submetidos ao processo de licenciamento ambiental junto à ADEMA.

3.1.7 Procedimentos adotados para o Licenciamento Ambiental

A Agência Estadual de Meio Ambiente – ADEMA, no Estado de Sergipe adota os procedimentos de licenciamento ambiental definidos por Resoluções do Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEMA.

A Resolução CEMA 06/2008 de 29 de Julho de 2008 dispõe sobre procedimentos administrativos do licenciamento ambiental, critérios de enquadramento e tipificação de atividades e empreendimentos potencialmente causadores de degradação ambiental. A resolução CEMA 05/2009 dispõe sobre a definição dos procedimentos para o licenciamento ambiental dos empreendimentos enquadrados como classe simplificada nos termos da legislação em vigor.

Em termos gerais, os procedimentos a serem seguidos são os seguintes:

· Enquadramento ambiental da ação proposta (definição da necessidade ou não da ação ser submetida a Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA);

· Definição de Termos de Referência para condução dos estudos (EIA/RIMA ou RAP);

· Elaboração de estudos de avaliação ambiental (estudo técnico);

· Comunicação dos resultados (elaboração de documento de comunicação em linguagem acessível ao público explicitando as principais conclusões dos estudos ambientais);

· Publicidade/participação pública;

· Análise técnica/revisão dos estudos ambientais;

· Procedimento formal de tomada de decisão da ADEMA; e,

· Programa de acompanhamento e monitoramento.

Os procedimentos para obtenção de licenças ambientais, nas diferentes fases de implantação do empreendimento estão descritos a seguir.

Para obtenção da LP – Licença Prévia:

A ADEMA adota um procedimento padrão na obtenção da LP, para todo e qualquer empreendimento ou atividade que queira se instalar no Estado;

A LP – Licença Prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprova sua concepção e localização, atestando sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação, observadas as diretrizes do planejamento e zoneamento ambiental e demais legislações pertinentes;

O prazo de validade da Licença Prévia não poderá ser superior a 02 (dois) anos e deverá levar em consideração o cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade;

A documentação básica para dar entrada na LP – Licença Prévia varia em função da tipologia e porte do empreendimento. No caso dos empreendimentos objeto do presente programa compreendem:

Licença Prévia

· Requerimento de solicitação de licença, conforme modelo fornecido pela ADEMA;

· Planta do município com a localização do empreendimento (escala 1:50.000 ou 1:100.000);

· Certidão de conformidade de uso e ocupação do solo, emitida pela Prefeitura Municipal ou  pelo Distrito Industrial, no caso do empreendimento localizar-se em Distrito Industrial.

· Prova documental de propriedade da área pretendida ou declaração(com registro no cartório), do proprietário autorizando a realização da atividade.

· Estudo Ambiental (Estudo de Impacto Ambiental, Plano de Controle Ambiental, Relatório de Controle Ambiental) anotação de responsabilidade técnica ART do responsável(is) pelas plantas e pelos Estudos Ambientais, devidamente registrada no CREA, quando for o caso.

· Memorial descritivo do empreendimento;

· Concepção básica do sistema de tratamento dos despejos gerados;

· Comprovante de pagamento do custo de análise.

Licença de Instalação

· Requerimento de solicitação de Licença, conforme modelo fornecido pela ADEMA;

· Cópia da publicação do pedido de LI;

· Cópia de licença de desmate expedida pelo IBAMA, quando for o caso;

· Outorga prévia da superintendência de Recursos Hídricos(SRH), quando couber;

· Comprovante de pagamento do custo de análise;

· Documentação específica, elaborado para cada tipo de empreendimento, conforme roteiro fornecido pela ADEMA.

Licença de Operação

· Requerimento de solicitação de Licença, conforme modelo fornecido pela      ADEMA;

· Cópia da publicação do pedido de Licença de Operação;

· Comprovante de pagamento do custo de análise;

· Outorga da Superintendência de Recursos Hídricos, quando for o caso

Adequação dos Procedimentos à Resolução 377/2006

Os procedimentos acima citados são anteriores à edição da Resolução CONAMA 377/2006 e deverão ser adaptados aos critérios e procedimentos estabelecidos por esta Resolução.

A Resolução estabelece os seguintes procedimentos para empreendimentos de pequeno e médio porte:

Pequeno porte - As unidades de transporte e de tratamento de esgoto de pequeno porte, ressalvadas as situadas em áreas ambientalmente sensíveis, ficam sujeitas, tão somente, à LIO.

Para concessão da LIO são exigidos os seguintes documentos:

· Informações gerais sobre o projeto e outras informações consideradas relevantes pelo órgão ambiental competente;

· Declaração de responsabilidade civil e a respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica - ART;

· Autorização para supressão de vegetação, quando for o caso;

· Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos para lançamento de efluentes; e

· Localização em conformidade com instrumento de ordenamento territorial do município ou do Distrito Federal.

Médio Porte – Licença Simplificada – mediante apresentação de Estudo Ambiental contendo, no mínimo:

· Informações gerais;

· Dados do responsável técnico;

· Descrição do projeto;

· Informações sobre a área do projeto;

· Caracterização da vegetação;

· Caracterização dos recursos hídricos;

· Caracterização do meio socioeconômico;

· Plano de monitoramento da unidade e do corpo receptor; e

· Medidas mitigadoras e compensatórias.

3.2 CARACTERIZAÇÃO INSTITUCIONAL

3.2.1 Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama

No âmbito Federal, o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA é composto pelo: (i) Conselho do Governo:

Órgão Superior; (ii) Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA: Órgão consultivo e deliberativo (iii) Ministério do Meio Ambiente - MMA: Órgão Central; (iv) Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - IBAMA: Órgão executor; (v) Órgãos Seccionais Órgãos ou entidades da administração pública federal; (vi) Órgãos Locais Órgãos ou entidades municipais. O CONAMA, órgão colegiado com poderes deliberativos e normativos, é composto por representantes de todos os ministérios, de todos os Estados da Federação, de entidades de classe, de organizações governamentais e, também, de representação dos municípios.

3.2.2 O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SE)

Com o objetivo de estruturar suas entidades para fins de gestão de seus recursos hídricos e ambientais, de modo a mitigar quadros críticos que rebatem especialmente sobre as populações de menor renda, foi instituída, na atual gestão, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH).

A SEMARH atualmente é composta por Gabinete do Secretário, Assessoria de Planejamento, Assessoria Técnica e Assessoria de Comunicação, Marketing e Eventos, e por quatro superintendências:

· Superintendência de Administração, Finanças e Gestão de Pessoas (SAF);

· Superintendência de Qualidade Ambiental, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental (SQS);

· Superintendência de Áreas Protegidas, Biodiversidade e Florestas (SBF); e,

· Superintendência de Recursos Hídricos (SRH).

A Superintendência de Recursos Hídricos – SRH atua essencialmente:

· na sistematização de dados e informações sobre os recursos hídricos no Estado; e,

· na gestão das demandas por recursos hídricos, mediante o cadastramento de usos e usuários e a concessão de outorga de direito de uso da água, o principal instrumento para comando e controle desse recurso natural.

Mais do que isso, seguindo avanços substantivos que foram propiciados no período de execução do Programa Pró-Água / Semi-árido, empreendido pela União Federal, também sob financiamento do Banco Mundial, a SRH coordena a implementação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SEGREH), criado pela Lei Estadual nº 3.870, de 25 de setembro de 1997.

Este Sistema é composto pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CONERH), por comitês de bacias hidrográficas (com destaque para o da bacia do rio Sergipe, o primeiro a ser instalado em território sergipano) e por suas respectivas agências, a serem futuramente instituídas. O SEGREH tem sua sustentação financeira baseada em recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNERH), que recebe transferências advindas do setor de geração de energia, fator que assegura, pelo menos, um apoio básico à operação do Sistema.

O processo de instituição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe (CBHSE) foi iniciado em 2001 e oficializado pelo Decreto do Governo do Estado de Sergipe de nº 20.778 de 21 de junho de 2002. O mesmo é composto por quarenta e oito membros entre titulares e suplentes e encontra-se na terceira gestão. Atualmente o Comitê está promovendo debates sobre projetos de pesquisa desenvolvidos por entidades de ensino e pesquisa no âmbito dos municípios da bacia hidrográfica, bem como sobre temas relacionados aos recursos hídricos, tais como, o projeto do aterro sanitário da Grande Aracaju e o Plano Diretor dos municípios. As reivindicações são encaminhadas para os órgãos públicos, entidades envolvidas e segmentos que fazem parte do Comitê para que haja interação com as comunidades de abrangência dos projetos, com acompanhamento dos membros.

Paralelamente, o Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA) também está vinculado à SEMARH, com destaque para a Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), autarquia que detém a competência para emissão, controle e fiscalização de licenças ambientais. Este Sistema é composto pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA) e pelo Fundo de Defesa do Meio Ambiente de Sergipe (FUNDEMA/SE), mecanismo financeiro gerido por um conselho gestor específico. Nessa esfera do meio ambiente há, ainda, a atuação específica do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga de Sergipe.

ADEMA

A Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA) é uma autarquia estadual criada pela Lei nº 2.181, de 12 de outubro de 1978, alterada posteriormente pela Lei nº 5.057, de 07 de novembro de 2003, com atribuições e competências relativas à Política Estadual do Meio Ambiente.

Mais recentemente, em junho de 2009, uma nova alteração importante foi empreendida, elevando a entidade ao patamar de uma autarquia “em regime especial”[footnoteRef:1], o que implica em autonomia decisória e maior independência gerencial, tal como recomendado a órgãos com encargos de regulação, caso da ADEMA no que tange às suas responsabilidades pelo licenciamento ambiental. [1: O conceito de “regime especial” foi introduzido na Constituição Federal em 1998, pela Emenda Constitucional nº 20, dedicada à Reforma do Aparelho de Estado. ]

Dito em outros termos, a ADEMA pode tomar decisões de modo independente, como entidade regulatória do Estado, sem submeter-se a pressões políticas sob interesses do governo em mandato.

Organograma Geral da ADEMA

3.2.3 Sistema Estadual de Saneamento

A Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), empresa de economia mista que opera, sob concessão municipal, a maioria dos sistemas de água e esgotos das cidades do estado de Sergipe, cabendo-lhe, por conseqüência, a responsabilidade tanto pela cobertura do déficit estadual no abastecimento de água potável, quanto pelo significativo passivo ambiental representado pelos esgotos domésticos não coletados e tratados.

A DESO foi criada em 25/08/69 e é responsável por estudos, projetos e execução de serviços de abastecimento de água, esgotos e obras de saneamento em todo o estado de Sergipe, sendo o Governo do Estado de Sergipe o principal acionista com 99% do total de ações.

A DESO conta hoje no seu quadro funcional com 980 empregados, que atuam nas áreas Administrativa, Operacionais e Técnica dos Sistemas. Se faz presente em 70 Sedes Municipais, 270 Povoados, beneficiando a 1.355.626 habitantes, que corresponde a 77% da população do Estado de Sergipe.

3.2.4 Sistema Estadual de Irrigação

No que tange aos setores usuários das águas sergipanas, cabe mencionar a irrigação de cultivos, com maior concentração na área do Agreste, como atividade sob a competência da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (SEAGRI), à qual são vinculadas a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (EMDAGRO) e a Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO).

EMDAGRO

A EMDAGRO foi criada em 1962, com a denominação inicial de ANCAR-SE, posteriormente alterada ao longo de muitos anos, para EMATER-SE, EMDAGRO, DEAGRO e, no presente, novamente para EMDAGRO, por força de reformas administrativas ocorridas a nível estadual. Atualmente retomou a atuação como empresa pública, de direito privado.

Além da Assistência Técnica e Extensão Rural, a EMDAGRO, atua em outras linhas de trabalho consideradas importantes para o desenvolvimento da agropecuária estadual, a exemplo da pesquisa agropecuária, defesa animal e vegetal e ações fundiárias, que hoje compõem a programação básica da entidade.

A Empresa ressalta a maior ênfase de sua atuação em favor de pequenos produtores rurais, classificados como da agricultura e pecuária familiar, distribuídos no campo de praticamente todos os municípios do Estado de Sergipe, onde a EMDAGRO tem a sua atuação direta.

Para cumprir com suas frentes de trabalho, hoje a EMDAGRO atua com o suporte de 05 (cinco) Unidades Regionais, incluída a da Capital, que abrangem 39 (trinta e nove) escritórios, onde também operam postos de fiscalização e centros de treinamento, além de ser responsável pela gestão do Parque Zoológico da Cidade, da APA do Morro do Urubu e de 02 (dois) centros de pesquisa.

No total, são mais de 730 funcionários, dentre estatuários e contratados via CLT, a maioria trabalhando na zona rural do interior do estado de Sergipe.

Especificamente quanto ao seu foco principal de atividades, de Assistência Técnica e Extensão Rural, a EMDAGRO presta serviços veterinários, agronômicos e sociais, elabora planos, programas e projetos de desenvolvimento rural, efetua vistoria e avaliação de imóveis rurais, empreende a fiscalização da aplicação do crédito rural e perícia técnica, além de atuar na capacitação de produtores e famílias, com vistas ao fomento de suas atividades produtivas de agropecuária.

É importante ressaltar que, sob este escopo, também presta apoio técnico junto a perímetros irrigados empreendidos por produtores rurais, com a já identificada sobreposição face às atividades da COHIDRO. No entanto, parece nítido que o seu peso específico é maior e sua importância relativa é bem mais ampla junto à Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, onde atua como uma secretaria executiva.

COHIDRO

Criada em 13 de abril de 1983 como empresa de economia mista, por meio do Decreto nº 5.718, a COHIDRO teve como objetivo principal levar água de boa qualidade às comunidades carentes do interior, através de sistemas singelos de abastecimento, onde a captação de água subterrânea era feita predominantemente por poços tubulares profundos.

Atualmente, por conseqüência, em 02 de janeiro de 2008, mediante a reforma administrativa empreendida pelo atual governo, a Lei Estadual nº 6.332 a COHIDRO teve sua reafirmação como empresa de economia mista e com legitimidade de cobrar tarifas pela operação de infra-estrutura hidráulica, especialmente de barragens e açudes, assim como em relação aos serviços prestados a perímetros irrigados, quanto a sistemas locais de abastecimento, em pequenas cidades e em comunidades dispersas do interior sergipano.

Também não exerce qualquer cobrança pela disponibilização de recursos hídricos à DESO, que recebe parte das águas acumuladas em reservatórios operados pela COHIDRO, como também quanto a pequenos sistemas de abastecimento passam à sua concessão.

Hoje a COHIDRO segue vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, com um número aproximado de 460 funcionários, No que concerne às suas atuais atribuições, não obstante a sua criação inicial visar “o desenvolvimento de recursos hídricos”, hoje predomina um perfil marcadamente setorial na COHIDRO, com ênfase em perímetros irrigados concentrados em pontos específicos do território.

Em acréscimo a esse encargo, porém, com menor expressão, a COHIDRO segue responsável pelo abastecimento de água em cinco pequenos municípios autônomos, além de sistemas de saneamento básico em diversas comunidades rurais, para cujo atendimento são necessários a perfuração de poços e o controle de qualidade da água, especialmente onde há tendências de salinização, o que requer atividades de assistência técnica para a devida operação e manutenção. Obras e intervenções estruturais são contratadas junto a terceiros.

Contudo, sob a abordagem institucional prevista no contexto do Programa Águas de Sergipe, é importante destacar que as competências e atribuições dessa empresa são juridicamente bem mais abrangentes, tal como disposto no Art. 5º, Seção V, da mencionada Lei Estadual nº 5.415, ainda vigente.

De fato, nesse artigo há uma listagem mais ampla de encargos que incluem a otimização da capacidade dos recursos hídricos do Estado, perenização de cursos d’água, desenvolvimento de estudos e pesquisas, além da “promoção e execução de outras atividades correlatas ou inerentes às suas finalidades ou ao desenvolvimento de recursos hídricos”.

No parágrafo único desse mesmo art. 5º, a Lei estabelece que a instituição “deve promover a assunção dos serviços públicos de recursos hídricos do Estado de Sergipe que vem sendo explorados por terceiros na área de sua atuação”.

3.3 AS POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS AMBIENTAIS ADOTADAS PELO BANCO MUNDIAL

No âmbito das políticas de salvaguardas do Banco Mundial, há orientação para que os impactos ambientais e sociais negativos sejam identificados, evitados, atenuados, mitigados e monitorados, e os positivos, potencializados. Para o Programa Águas de Sergipe, considerado inicialmente - segundo as políticas de salvaguardas - como Programa CATEGORIA A, aplicam-se as seguintes salvaguardas do BIRD:

· OP 4.01 Avaliação ambiental

· OP 4.04 Habitat Natural

· OP 4.12 Reassentamento involuntário

· OP 4.11 Recursos Físico-culturais

· OP 4.09 Gestão de Pragas

· OP 4.37 – Segurança de Barragens

As demais políticas de salvaguarda (OP 4.20 Povos indígenas; OP 4.36 Atividades florestais; OP 7.50 Projetos em vias navegáveis internacionais; e OP 7.60 Projetos nas áreas em litígio) não se enquadram nos componentes e no escopo de desenvolvimento do Projeto.

A seguir, comentam-se os principais aspectos e requisitos das políticas de salvaguardas de acordo com o conteúdo definido pelo Banco Mundial.

OP-4.01 - Avaliação Ambiental

Esta política de salvaguarda prevê que sejam realizadas análises prévias dos impactos potenciais das intervenções do Programa (incluindo-se impactos diretos, indiretos e cumulativos), comparando-se com as alternativas “com e sem” Programa. Também prevê a definição de medidas mitigadoras para prevenir, mitigar, minimizar ou compensar os efeitos negativos, avaliando os instrumentos mais apropriados para essa atividade. Inclui a necessidade de preparação de Planos de Gestão Ambiental, avaliando a capacidade institucional dos executores para a gestão do conjunto de medidas propostas nos programas do PGA. Além disso, as salvaguardas ambientais da OP 4.01 estabelecem a necessidade de consulta pública (neste caso, para os projetos nas categorias A e B).

Essa avaliação ambiental (AA), de que trata a OP 4.01, é parte integrante dos estudos de preparação do Programa Águas de Sergipe, cuja dimensão, profundidade e tipo de análise dependeu da natureza, da escala e dos impactos ambientais potenciais, inerentes a um Programa como o que ora se apresenta.

A AA avalia os potenciais riscos ambientais das tipologias a serem apoiadas pelo Programa e estabelece procedimentos para a concepção dos Projetos considerando a análise de alternativas em cada projeto; a seleção, localização, planejamento, concepção e execução do projeto, a concepção de medidas para evitar, minimizar, mitigar ou compensar os efeitos ambientais adversos; realce nos seus impactos positivos; e inclusão de processo de mitigação e gestão dos impactos ambientais adversos durante a execução do projeto.

O Programa proposto é classificado inicialmente na Categoria A, dado a possibilidade de impactos de caráter regional, apesar de serem em geral positivos e sensíveis, sobre a bacia do rio Sergipe.

O Programa Águas de Sergipe, por essência, é um projeto de recuperação ambiental e melhoria da qualidade de vida da população, cujas ações deverão reduzir as limitações hídricas qualitativas da Bacia do rio Sergipe.

OP 4.04 – Habitat Natural

A principal diretriz dessa política de salvaguarda é de não financiar projetos que degradem os habitats críticos, apoiando projetos que afetem tais habitats somente no caso de não haver alternativas disponíveis e se existirem medidas de mitigação. Há necessidade de consultas à comunidade local sobre planejamento, concepção e monitoramento dos projetos.

A conservação de habitats naturais, como outras medidas que protegem e melhoram o ambiente, é essencial para o desenvolvimento sustentável a longo prazo. Conseqüentemente, o Banco apóia a proteção, manutenção e reabilitação dos habitats naturais e as suas funções nos seus estudos econômicos e setoriais. O Banco apóia e espera que os mutuários tratem cuidadosamente a gestão dos recursos naturais, a fim de assegurar oportunidades para o desenvolvimento ambientalmente sustentável. A Política de Salvaguardas do Banco considera como habitat natural crítico aqueles: protegidos legalmente; propostos oficialmente para serem protegidos; e desprotegidos mas com alto valor ambiental.

No Programa Águas de Sergipe estão previstas ações em áreas de preservação permanente - APPs (protegidas pelo Código Florestal Brasileiro – Lei federal 4.771/65) que se ajustam à presente orientação da OP 4.04 do BIRD.

Adicionalmente na Bacia encontram-se unidades de conservação de uso sustentável e de proteção integral.

OP 4.12 – Reassentamento Involuntário

Essa diretriz define ser necessário assistir as pessoas desalojadas em seus esforços para melhorar, ou pelo menos restaurar, a sua qualidade de vida, consultando os reassentados e a comunidade hospedeira e incorporando as visões expressas nos planos de reassentamento, listando as opções propostas pelos reassentados.

Uma das diretrizes importantes na concepção de Programa Águas de Sergipe é de que as intervenções em esgotamento sanitário não deverão ter necessidade de reassentamento involuntário.

No entanto, considerando que eventualmente intervenções importantes de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário possam a vir necessitar de pequenas relocações de população, e com vistas às exigências da política de reassentamento do Banco Mundial, será elaborado um documento específico – marco de reassentamento involuntário – que deverá orientar as ações a serem adotadas nestes casos eventuais.

OP 4.11 – Recursos Físico-culturais

Esta salvaguarda trata do patrimônio cultural - físico, que é definido como objetos móveis ou imóveis, locais, estruturas, grupos de estruturas, paisagens naturais que possuem significados arqueológico, paleontológico, histórico, arquitetônico, religioso, estético, ou outro significado cultural.

Os recursos culturais físicos podem ser localizados em áreas urbanas ou rurais, e podem estar acima do solo ou no subsolo, ou sob a água. Seu interesse cultural pode estar no nível local, provinciano ou nacional, ou dentro da comunidade internacional.

Nos empreendimentos financiados pelo Banco, deve-se considerar o apoio para evitar ou mitigar impactos adversos em recursos culturais físicos oriundos de intervenções físicas. Os impactos sobre o patrimônio cultural resultantes de atividades de Projeto, incluindo medidas de mitigação, não podem infringir a legislação nacional do prestatário ou suas obrigações definidas em tratados e acordos ambientais internacionais relevantes.

A avaliação de impactos sobre patrimônio cultural, em projetos financiados pelo Banco, deve integrar a Avaliação Ambiental (AA) a ser realizada no processo de preparação do Projeto. A Avaliação Ambiental deve conter medidas de mitigação, no caso de ocorrência de impactos, constante de plano de gestão ambiental do Programa.

Os projetos de categoria A ou B que acionam a salvaguarda envolvem: (i) qualquer intervenção com escavações significativas, demolição, movimento de terra, inundação de áreas, etc.; (ii) qualquer intervenção localizada em, ou na redondeza de, área de incidência de recursos culturais físicos, reconhecidos pelo prestatário.

OP 4.09 – Manejo de Pragas

A OP 4.09 define Manejo Integrado de Pragas como uma mistura de práticas de controle de pragas baseadas em princípios ecológicos e realizadas pelos agricultores que procuram reduzir a dependência de defensivos químicos sintéticos.

Envolve (a) manejo de pragas para mantê-las abaixo de níveis que causem danos econômicos, ao invés de tentar erradicá-las; (b) aplicação, na medida do possível, de medidas não-químicas para manter baixas as populações de pragas; e (c) a seleção e aplicação de defensivos de tal modo que minimizem os efeitos adversos sobre organismos benéficos, seres humanos e o meio ambiente.

OP 4.37 – Segurança de Barragens

Essa política de salvaguardas significa que, quando o programa a ser financiado envolve direta ou indiretamente barragens existentes ou em construção, devem-se realizar análises técnicas e inspeções de segurança por profissionais independentes.

O painel de especialistas deverá: (a) inspecionar e avaliar o estado de segurança da barragem existente, suas estruturas auxiliares e o histórico do seu desempenho; (b) analisar e avaliar os procedimentos de operação e manutenção do proprietário; e (c) fornecer um relatório escrito das conclusões e recomendações para quaisquer obras corretivas ou medidas de segurança necessárias.

O Banco pode aceitar avaliações anteriores de segurança da barragem ou recomendações anteriores de melhorias necessárias na barragem existente ou na barragem em construção se o mutuário fornecer evidências suficientes de que: (a) já está em operação um plano eficaz de segurança de barragens, e (b) já foram realizadas e documentadas inspeções completas e avaliações de segurança da barragem existente ou da barragem em construção, que o Banco considere satisfatórias.

As medidas adicionais necessárias de segurança de barragens ou obras corretivas poderão ser financiadas no âmbito do Programa proposto. Quando há necessidade de obras corretivas consideráveis, o Banco exige que: (a) as obras sejam projetadas e fiscalizadas por profissionais competentes, e (b) sejam elaborados e implementados os mesmos relatórios e planos que são necessários a uma barragem nova financiada pelo Banco.

O Banco considera grandes barragens, as estruturas com 15 metros ou mais de altura. As barragens entre 10 e 15 metros de altura são consideradas grandes quando apresentam complexidades especiais de projeto—por exemplo: cheias de projeto excepcionalmente grandes, localização em zonas de elevada atividade sísmica, fundações complexas e de difícil execução, retenção de materiais tóxicos ou localizadas a montante de áreas urbanas. As barragens com menos de 10 metros de altura são consideradas grandes caso se considere que as mesmas serão convertidas em barragens grandes durante sua operação.

4. CONTEXTO GERAL DO ESTADO E DA BACIA DO RIO SERGIPE

4.1 O CONTEXTO ESTADUAL

4.1.1 Os Territórios Sergipanos

O Governo de Sergipe, com base em estudo conjunto com a Universidade Federal de Sergipe, identificou 8 áreas do Estado que possuíam identidades territoriais similares. Estes territórios sergipanos foram identificados com base nas dimensões ambientais, econômico-produtiva, social, político-institucional e cultura.

Os elementos norteadores das dimensões selecionadas foram representados por 15 variáveis e 79 indicadores que permitiram o agrupamento dos municípios de acordo com a identidade territorial observada.

A partir das discussões e concertações políticas do mapa sergipano e dos diagnósticos técnicos, foram definidos 8 (oito) territórios, conforme Figura 4.1 a seguir.

Figura 4.1 - Territórios Sergipanos

As Figuras 4.2 e 4.3 apresentam algumas informações sócio-econômicas dos territórios.

(O Alto Sertão é o maior Território em Área - 4.900 km² . No entanto, apresenta a menor densidade populacional – 28 hab/km² - revelando grandes vazios territoriais.Já o Leste Sergipano apresenta a menor área - 1.518,7 km2, e densidade demográfica de 60 hab/km2.)

Fonte: IBGE, 2007 – Censo Demográfico 2007

Figura 4.1 - Área dos Territórios Sergipanos (km²)

(A Grande Aracaju concentra 43,7% da população do estado – 847.941 habitantes.Já o Território do Médio Sertão Sergipano apresenta a menor população do Estado – 62.644 habitantes.)

Fonte: IBGE, 2007 – Censo Demográfico, 2007

Figura 4.3 - População dos Territórios Sergipanos (habitantes)

(O Território da Grande Aracaju possui o maior PIB entre os territórios, reflexo da concentração do pólo industrial, comercial e de serviços do Estado. Já o Médio Sertão apresenta o menor PIB do Estado, reflexo da baixa industrialização verificada no Território.Destaque se faz para o Alto Sertão que apresenta o segundo maior PIB do Estado, reflexo da produção de energia da Usina Hidroelétrica de Xingó. )

Fonte: IBGE/SUPES/SEPLAN – Contas Municipais, 2004

Figura 4.4 - Produto Interno Bruto dos Territórios (em mil R$)

(A média do IDH sergipano é de 0,682, com destaque para a Grande Aracaju que é o único Território acima da médiaJá o Alto Sertão apresenta o menor IDH entre os Territórios)

Fonte: IBGE, 2007

Figura 4.5 - IDH dos Territórios (em mil R$)

4.1.2 Aspectos Gerais de Recursos Hídricos no Estado

O estado de Sergipe, com uma área aproximada de 22.050 km², é formado por seis bacias hidrográficas, sendo três com rios de domínio federal - rio São Francisco, rio Vaza Barris e rio Real – e outras três com rios de domínio estadual - rio Japaratuba, rio Sergipe e rio Piauí (Figura 09).

Fonte: SEMARH/SRH

Figura 4.6 – Bacias Hidrográficas do Estado de Sergipe

A Tabela 4.1 apresenta as principais características destas bacias.

Tabela 4.1 – Principais Características das Bacias Hidrográficas do Estado de Sergipe

Bacia Hidrográfica

Área (km2)

%

Vazão Média (m3/s)

São Francisco

7.276,3

33,0

2.060,00

Japaratuba

1.722,0

7,8

10,60

Sergipe

3.673,0

16,7

13,84

Vaza Barris

2.559,0

11,6

15,64

Piauí

4.262,0

19,3

22,92

Real

2.558,0

11,6

20,46

Total

22.050,3

100,0

2.143,46

Inserido na região Nordeste do país, o território sergipano caracteriza-se por uma faixa próxima à Zona Costeira com índices pluviométricos bastante razoáveis, da ordem de 1.200 mm/ano, que declinam substantivamente na medida em que se percorre o sentido oeste, caindo para cerca de 800 mm na porção intermediária do Agreste, até chegar a níveis próximos a 400 mm/ano na região interiorana do Sertão, que compõe parte do semi-árido brasileiro.

De modo conjugado com esses problemas climáticos, também se verificam alterações no tipo do solo, com predomínio de rochas sedimentares e coberturas terciárias recentes, na zona costeira e em parte do Agreste, e do padrão cristalino na região do Sertão, dominado pela vegetação da caatinga, em virtude da sobreposição entre baixas fertilidade e pluviometria.

É reconhecido que, nesse contexto regional, os estados nordestinos apresentam problemas recorrentes relacionados à escassez de disponibilidades hídricas, agravados pela elevada variação sazonal e plurianual de períodos chuvosos, fato que demanda avanços substantivos em termos da organização técnica e institucional para gestão dos recursos hídricos, como também, inversões significativas voltados à infra-estrutura para armazenamento e transporte de águas, tendo em vista seus múltiplos usos, notadamente o abastecimento público e a irrigação de cultivos.

Sob esse quadro geral, de maiores concentrações da população e de atividades produtivas na Zona Costeira, com crescente dispersão no meio rural do Agreste e, sobretudo, do Sertão, constata-se que, em sentido leste-oeste, também decrescem os padrões de renda, na medida em que, no Sertão predominam a pecuária e cultivos para subsistência familiar e, somente no Agreste passam a ser desenvolvidos sistemas mais extensos de irrigação, na proporção em que os cursos d’água começam a se perenizar.

Por seu turno, atividades econômicas dos setores secundário e terciário – indústria e serviços – concentram-se junto ao litoral, onde reside a maior parcela da população nordestina e, bem assim, a sergipana, com melhoria na renda per capita. Todavia, percebe-se que, nessa faixa costeira, os problemas de escassez acabam sendo substituídos pelo comprometimento qualitativo dos corpos hídricos, com rebatimento negativo inclusive sobre o seu elevado potencial turístico.

4.2 O CONTEXTO DA BACIA DO RIO SERGIPE

Dentre as bacias hidrográficas de Sergipe, a de maior relevância – tanto em termos de sua dinâmica social, quanto produtiva – é a do rio Sergipe, uma verdadeira síntese concentrada das dificuldades sergipanas relacionadas à disponibilidade quantitativa e qualitativa de água.

A bacia hidrográfica do rio Sergipe contempla, integralmente, oito municípios, sendo eles, Laranjeiras, Malhador, Moita Bonita, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Socorro, Riachuelo, Santa Rosa de Lima e São Miguel do Aleixo.

Parcialmente inseridos na bacia, dezoito municípios, Aracaju, Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Carira, Divina Pastora, Feira Nova, Frei Paulo, Graccho Cardoso, Itabaiana, Itaporanga d`Ajuda, Maruim, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora das Dores, Ribeirópolis, Rosário do Catete, Santo Amaro das Brotas, São Cristóvão e Siriri, abrangendo, portanto, um total de vinte e seis municípios.

Essa bacia drena 16,7% do Estado, o equivalente a 3.673 km². Limita-se, ao norte, com as bacias dos rios São Francisco e Japaratuba e, ao sul, com a bacia do rio Vaza Barris, estando localizada entre as coordenadas 11º e 10º10’ de latitude sul e 36º55’ e 37º50’ de longitude oeste.

Seus principais afluentes, pela margem esquerda, são os rios Pomonga, Parnamirim, Ganhamoroba e Cágado e, pela margem direita, os rios Poxim, Sal, Cotinguiba, Jacarecica, Morcego, Jacoca, Campanha, Lajes e Melancia.

Os principais reservatórios são o Açude Marcela e as Barragens Jacarecica I e II. Para minimizar os efeitos das secas prolongadas, especialmente na região semi-árida, podem ser encontradas inúmeras barragens de pequeno porte.

Como mencionado, essa bacia, quando comparada com as demais do território sergipano, apresenta a maior pressão sobre os recursos hídricos e ambientais, em função da sobreposição entre:

· a centralidade urbana exercida pela Região Metropolitana de Aracaju (RMA); e,

· a ocupação das planícies de inundação dos rios Poxim, Cotinguiba e Sal, acrescida pelo espraiamento da Grande Aracaju para além do baixo trecho do rio Sergipe, invadindo o estuário do rio Vaza Barris.

4.2.1 O Rio Sergipe e a Grande Aracaju

No que concerne à Região Metropolitana de Aracaju, esta abrange quatro municípios, a saber, São Cristóvão, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros e, a capital do Estado, Aracaju.

Dos 867,12 km² de sua área total, a maior parte está inserida na bacia hidrográfica do rio Sergipe, que abriga 565 km² - portanto, aproximadamente 65% da RMA, com uma população de 502.536 habitantes (IBGE, 2007). Outra porção da região metropolitana se espraia sobre a bacia do rio Vaza Barris, em área próxima aos 290 km², ou seja, algo como 33% do total, onde residem 254.803 moradores[footnoteRef:2]. A Figura 4.7 apresenta a abrangência da RMA no estado de Sergipe. [2: Esse processo de expansão metropolitana já atinge uma pequena porção da Zona Costeira da bacia do rio Japaratuba. O rio Japaratuba é o menor dos rios em Sergipe, tendo sido desconsiderado no contexto do Programa em questão, na medida em que a Região Metropolitana da cidade de Aracaju concentra-se quase que integralmente nas duas primeiras bacias já citadas - Sergipe e Vaza Barris.]

Figura 4.7 - Inserção da Região Metropolitana de Aracaju no Contexto Estadual

Na seqüência, aspectos específicos relacionados aos rios Poxim e Sal são abordados.

4.2.1.1 Bacia do Rio Poxim

A bacia hidrográfica do rio Poxim é uma sub-bacia do rio Sergipe, formada pelos rios Poxim-Mirim, Poxim-Açú, Pitanga e Riacho Timbó, abrangendo uma área de 350 km². Insere-se, em grande parte, na zona do litoral do Estado, compondo ambientes costeiros complexos e dinâmicos, como estuários e manguezais.

O rio Poxim drena os bairros São Conrado, Inácio Barbosa, Coroa do Meio, Farolândia, Jabotiana e Jardins, sendo que os dois primeiros abrigam diversas ocupações subnormais, situadas em áreas de preservação permanente. O bairro da Coroa do Meio já foi objeto de intervenções para regularização de problemas dessa ordem. Fora da zona urbana, verifica-se nessa bacia a presença de atividades agropecuárias relacionadas, principalmente, aos cultivos da cana-de-açúcar, laranja, mandioca e milho.

4.2.1.2 Bacia do Rio do Sal

A sub-bacia hidrográfica do rio do Sal, totalmente inserida na zona costeira e sob grande influência antrópica, é formada pelos riachos Palame, Mangabeira e Aratu.

Essa sub-bacia é ocupada pelos bairros e conjuntos habitacionais da periferia, a exemplo do Bugio, João Alves Filho, Fernando Collor de Melo, Jardim Centenário, Veneza, São Carlos, Soledade, Lamarão, Porto Dantas, Porto do Gringo, Alto da Jaqueira, Bomfim, Nossa Senhora de Fátima, Maria do Carmo II, Novo Oriente, Ângela Catarina, Marcos Freire I, II e III.

Segundo a Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO), os seis primeiros não possuem redes coletoras de esgotos.

De acordo com a Administração Estadual do Meio Ambiente (ADEMA), a qualidade das águas do rio do Sal possui significativo grau de poluição e comprometimento da qualidade, em função tanto dos esgotos lançados in natura quanto da pouca eficiência do tratamento dos esgotos pela estação ERQ-Norte, operada pela DESO.

4.2.1.3.Principais Problemas no Trecho do Médio Rio Sergipe

Não obstante a maior concentração populacional na zona costeira, com o referido espraiamento da RMA sobre manguezais e outras áreas ambientalmente sensíveis, é importante reconhecer, em termos da priorização de investimentos previstos pelo presente Programa, a importância de mitigar fontes de poluição e eventuais conflitos pelas disponibilidades hídricas em trechos a montante, com destaque:

· para o afluente Jacarecica, que abriga duas importantes barragens (Jacarecica I, com volume de armazenamento de 4,7 milhões de m3, e Jacarecica II, com 30 milhões de m3) (Figura 16);

· para a infra-estrutura sanitária dos municípios da Bacia, especialmente Itabaiana nos quais se constata elevada insuficiência, tanto no que tange à coleta e tratamento de esgotos sanitários, quando na disposição final de resíduos sólidos, gerando cargas poluidoras que são transportadas até a zona costeira, comprometendo a qualidade das águas do rio Sergipe.

4.2.2 Características Ambientais

O quadro climático do Estado de Sergipe, bem como da bacia do rio Sergipe, é condicionado por diversos fatores relacionados à interação dos sistemas meteorológicos típicos do Nordeste, variando – de jusante a montante – das regiões sub-úmida (Zona Costeira) e Agreste, com respectivamente 18% e 24%, até a região semi-árida (Sertão), que abrange algo como 58% de sua área total. As temperaturas médias são elevadas, com baixa amplitude média anual, além da reconhecida precipitação pluviométrica irregular.

Essa irregularidade das precipitações e a reduzida capacidade de retenção de águas pluviais interferem no regime fluvial. De fato, o rio Sergipe apresenta um escoamento predominantemente temporário até Nossa Senhora das Dores e, na medida em que o curso se desenvolve para jusante, tanto pela maior abundância e regularidades das chuvas, quanto pelo condicionante litológico, seus afluentes apresentam perfil de perenidade crescente.

No trecho baixo da bacia (Zona Costeira) predominam rochas sedimentares, enquanto no Semi-árido dominam formações cristalinas. Estudos realizados sobre águas subterrâneas indicam que a qualidade hídrica está intimamente correlacionada à geologia, na medida em que todos os poços que excedem os padrões de qualidade estão localizados na formação pré-cambriana, enquanto que na área do Cretáceo, todos satisfazem os padrões requeridos.

A figura 4.8 a seguir apresenta as unidades geológicas da bacia.

4.2.4 Uso e Ocupação do Solo

Com relação ao uso do solo (Figura 4.9) há ocupação predominante das pastagens, com 46% da área da bacia evidenciando uma pecuária extensiva e predatória como atividade econômica responsável por desmatamentos indiscriminados na região, prática esta que se torna visível nas áreas ocupadas por mata pouco densa, representando 22,6% do total e sendo fator de grande contribuição para o assoreamento dos rios e para a redução da capacidade de retenção da água nos períodos chuvosos.

Somente 18,5% das terras estão destinadas aos cultivos, principalmente, de cana-de-açúcar e mandioca. Saliente-se que a atividade agrícola praticada no Agreste e a utilização de produtos agro-químicos influem diretamente na contaminação de solos e, por conseqüência, das águas.

Fonte: SEMARH/SRH

Figura 4.9 – Uso do Solo na Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe

Disponibilidade e Demanda dos Recursos Hídricos

A estimativa do aporte natural superficial baseado na vazão com 90% de permanência no tempo (Q90) foi determinada para os Pontos de Controle (PC’s) de cada uma das nove unidades de planejamento pertencentes à bacia hidrográfica, denominadas Unidades de Balanço (UBH’s). Esta vazão é adotada pela Resolução do CONERH nº1/2001 (que dispõe sobre os critérios de outorga de uso de recursos hídricos) como sendo a vazão de referência para estudos de disponibilidade hídrica superficial em rios perenes. Para cada UBH também foram avaliadas e estimadas as demandas hídricas, atuais e futuras, para abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação e uso industrial. O Quadro 3 apresenta a denominação das Unidades de Balanço que compõem a bacia do rio Sergipe, seus Pontos de Controle e áreas e a Figura 27 mostra a localização das mesmas.

Através do balanço realizado observa-se que, nas condições atuais, a bacia hidrográfica do rio Sergipe apresenta déficit hídrico em todas as unidades de balanço, exceto nas UBH’s 307 e 309. A maior demanda exigida ocorre na UBH 306.

Tabela 4.2 – Unidades de Balanço, Pontos de Controle e Àreas

Unidades de Balanço (UBH’s)

Pontos de Controle (PC’s)

Área (km²)

301 - Alto Sergipe

PS1

531,3

302 - Rio Sacovão

PS1

379.8

303 - Rio Sergipe

PS2

474,7

304 - Rio Jacoca

PS2

221,7

305 - Rio Sergipe

PS3

504,5

306 - Rio Jacarecica

PS3

503,6

307 - Rio Sergipe

PS4

88,7

308 - Rio Cotinguiba

PS5

741,2

309 - Rio Poxim

PS5

396,8

Fonte: Ob. Citada

Fonte: SEMARH/SRH

Figura 4.10 – Unidades de Balanço da Bacia Hidrográfica do Rio Sergipe

É importante registrar que a utilização da Q90 como referência para o balanço hídrico, não parece apropriada, tanto do ponto de vista hidrológico (rio temporário em grande parte de sua extensão), quanto do ponto de vista legal, uma vez que pode-se alterar a vazão de referência, via resolução normativa da SEMARH - SRH, para efeitos de concessão de outorgas no Estado, inserindo critérios mais avançados que incorporem diferentes graus de risco, de acordo com a admissibilidade dos próprios usuários. Temas como esse devem ser contemplados no contexto do Programa em tela.

A demanda de água para os diversos usos na bacia do rio Sergipe é de 259.351 m3/dia. No entanto, considera-se que o volume de água gerado é somente de 54,9 mil m3/dia, oriundos, principalmente, do rio Jacarecica e de águas subterrâneas, caracterizando um déficit hídrico em torno de 80%.

No presente, o suposto déficit disposto é suprido pela transposição de águas provenientes do rio São Francisco, realizada por meio dos sistemas integrados de adutoras para o abastecimento da população residente nas sedes municipais e nos povoados rurais, que, diariamente, disponibiliza 206.755 m³ de água.

A tabela 4.4 apresenta informações sobre a utilização dos recursos hídricos para fins de abastecimento na bacia do rio Sergipe. Percebe-se, que a menção feita à importância que deve ser conferida a mananciais locais é confirmada a partir do percentual de 42,4% de atendimento à população residente na bacia do rio Sergipe, via águas subterrâneas, cujos mananciais merecem cuidados relativos à contaminação potencial por fertilizantes aplicados a cultivos, infiltração de esgotos de cidades desprovidas de sistemas de coleta e tratamento, além de sobre-exploração em alguns pontos específicos da bacia.

Tabela 4.4 – Uso da Água para Abastecimento na Bacia do Rio Sergipe

Recursos Hídricos

Volume Produzido (m³/mês)

População Atendida

Manancial Utilizado

Águas Superficiais

1.567.492 (58,3%)

253.064 (57,6%)

Barragem Jacarecica II, Riacho Cajueiro do Veado e rios Jacarecica, Pitanga e Poxim

Águas Subterrâneas

1.120.365 (41,7%)

186.281 (42,4%)

Grupo Barreiras (Cristalino), Formações Maruim e Cotinguiba (ambas Calcário), Sapucari (Quaternário).

Total

2.687.857

439.345

11

Fonte: Ob. Citada

4.2.5 Infra-Estrutura Hidráulica

Barragens/açudes

Há seis açudes principais construídos na bacia do rio Sergipe, sendo quatro de responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) e dois da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (COHIDRO) (Tabela 4.5). Além desses, existem outros quatro açudes de menor porte, sem responsabilidade operacional atribuída a órgãos públicos.

Tabela 4.5 – Principais Açudes Construídos na Bacia do Rio Sergipe

Açude

Município

Rio Barrado

Órgão

Capacidade de Armazenamento (106m3)

Área do Lago (ha)

Alagadiço

Frei Paulo

Campinas

DNOCS

1,062

24,72

Glória

Nossa Senhora da Glória

Pau de Cedro

DNOCS

0,587

14,83

Ribeirópolis

Ribeirópolis

Coqueiro

DNOCS

0,920

20,6

Marcela

Itabaiana

Marcela

DNOCS

2,710

97,0

Jacarecica I

Itabaiana

Jacarecica

COHIDRO

4,700

115,4

Jacarecica II

Malhador / Areia Branca

Jacarecica

COHIDRO

30,000

260,0

Fonte: Ob. Citada

A tabela acima mostra que os maiores açudes/barragens se constituem nos açudes de Marcela, Jacarecica I e Jacarecica II cujas características principais são apresentadas a seguir:

Marcela – A barragem de Marcela, de terra, foi construída na década de 70 com o objetivo de promover irrigação para pequenas culturas na região, principalmente horticultura. Possui uma capacidade de armazenamento de 2.710.000 metros cúbicos de água. Situa-se a jusante da cidade de Itabaiana e recebe parte dos esgotos não tratados da cidade. Apesar da qualidade de sua água, a barragem de Marcela é utilizada por alguns agricultores locais para pro