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MARCELO VIEIRA TIZON ATUAÇÃO DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA NA GESTÃO DOS SERVIÇOS DE RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM FLORIANÓPOLIS 2006

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MARCELO VIEIRA TIZON

ATUAÇÃO DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA NA GESTÃO DOS SERVIÇOS DE RADIOLOGIA E

DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

FLORIANÓPOLIS 2006

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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE

SANTA CATARINA – UNIDADE DE FLORIANÓPOLIS

NÚCLEO DE TECNOLOGIA CLÍNICA – NTC CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM RADIOLOGIA

ATUAÇÃO DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA NA

GESTÃO DOS SERVIÇOS DE RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao

Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina como parte dos requisitos para obtenção

do título de Tecnólogo em Radiologia

Professora orientadora: Rita de Cássia Flôr, Ms.

MARCELO VIEIRA TIZON

Florianópolis, Dezembro de 2006.

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ATUAÇÃO DO TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA NA GESTÃO DOS SERVIÇOS DE

RADIOLOGIA E DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

MARCELO VIEIRA TIZON

''Este trabalho foi julgado adequado para obtenção do título de Tecnólogo em

Radiologia e aprovado na sua forma final pela banca examinadora do Curso de

Graduação Tecnológica em Radiologia do Centro Federal de Educação Tecnológica

de Santa Catarina. ''

______________________________________________

Rita de Cássia Flôr, Ms

(Orientadora e Presidente da banca)

______________________________________________

Arlindo Paulo Bunn, Esp

(Membro)

______________________________________________

Laurete Medeiros Borges, Ms

(Membro)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai, Nilton Tizon, por tudo de relevante que representa para mim, sempre colaborando e me apoiando da melhor forma possível em todos os momentos de minha vida, muitas vezes à custa de esforço e sacrifícios pessoais.

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AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela saúde e paz durante a realização deste trabalho; Aos meus pais pela minha existência; Á minha família pelo apoio dado; Aos meus grandes amigos conquistados durante o período de estágio; Aos demais amigos de turma por todo o companheirismo em nossa caminhada; Aos meus professores do Núcleo de Tecnologia Clínica; Ao meu amigo e irmão Jobson pela sua amizade incomparável; Á minha orientadora, Rita de Cássia Flõr, pela compreensão, lucidez e objetividade de suas sugestões e ensinamentos. O meu profundo MUITO OBRIGADO!!!

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“Se eu pudesse deixar algum presente para você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: O de buscar dentro de si mesmo a resposta e a força para sempre encontrar uma saída.”

Gandhi

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS................................................................................................ I RESUMO.............................................................................................................. II ABSTRACT........................................................................................................... II RESUMEN............................................................................................................ IV1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 121.1 Justificativa................................................................................................... 141.2 Definição do problema.................................................................................. 162 OBJETIVOS...................................................................................................... 172.1 Geral............................................................................................................... 172.2 Específicos.................................................................................................... 173 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 183.1 Processo de trabalho em saúde................................................................... 183.2 Gestão dos serviços de saúde..................................................................... 203.3 Gestão dos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem................. 214 ASPECTOS METODOLÓGICOS...................................................................... 224.1 Contexto da pesquisa................................................................................... 224.2 Sujeitos do estudo........................................................................................ 234.3 Aspectos éticos............................................................................................. 244.4 Análise dos resultados................................................................................. 245 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................... 266 CONCLUSÃO.................................................................................................... 346.1 recomendações para trabalhos futuros....................................................... 36APÊNDICE 1 - Entrevista................................................................................... 38APÊNDICE 2 – Termo de Consentimento livre e esclarecido........................... 40ANEXO 1 – Parecer de aprovação..................................................................... 42

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REFERÊNCIAS..................................................................................................... 43

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I

LISTA DE SIGLAS

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear

CEFET/SC – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CONTER – Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia

CTS – Curso Superior de Tecnologia

EPI – Equipamento de Proteção Individual

IC – Instituto de Cardiologia

LDB – Leis de Diretrizes e Bases da Educação

NTC – Núcleo de Tecnologia Clínica

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

ULBRA – Universidade Luterana do Brasil

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II

TIZON, Marcelo Vieira. Atuação do Tecnólogo em Radiologia na gestão dos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem, 2006, 47. p. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação Tecnológica em Radiologia, Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina - CEFET/SC, Unidade de Florianópolis.

RESUMO

O presente estudo foi realizado em um hospital público da Grande Florianópolis, Santa Catarina. O quadro teórico está sustentado pelos conceitos da teoria do processo de trabalho em saúde e pela Portaria N. 453/1998 do Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância Sanitária. Teve como objetivo analisar o processo de trabalho na gestão do serviço de radiologia e diagnóstico por imagem na especialidade radiologia convencional, assim como observar a atuação dos profissionais de saúde no setor, buscando detectar as ações gerenciais nesse processo de trabalho para compreender a atuação do profissional Tecnólogo em Radiologia Trata-se de uma pesquisa qualitativa para a qual se utilizou observação sistemática direta do processo de trabalho e entrevista semi-estruturada com os profissionais da Técnica Radiológica. Foram entrevistados 14 profissionais, todos Técnicos em Radiologia, no período de 10 de setembro a 10 de outubro de 2006 no próprio local de trabalho, nos intervalos de descanso. Os resultados evidenciaram que o grande volume de atividades dos profissionais da Técnica Radiológica se concentra nas ações de aquisição e processamento da imagem radiográfica, não sendo evidenciado ações gerenciais e nem a presença de Tecnólogo em Radiologia nesse serviço. Além disso, a figura do Tecnólogo em Radiologia é quase desconhecida, não sendo evidenciando claramente suas funções. Assim, acredita-se que o grande desafio para os Tecnólogos em Radiologia é mostrar o seu diferencial, ou seja, atuar mais no gerenciamento das ações, no sentido não só de prover os recursos, físicos, materiais e humanos, mas, sobretudo, na atenção do cliente holisticamente, especialmente no cuidado humanizado e no controle da qualidade das imagens radiográficas. Palavras chave: Gestão; Radiologia e diagnóstico por imagem; Processo de trabalho em saúde.

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III

ABSTRACT

TIZON, Marcelo Vieira. Radiologic Technologist performance in radiology and diagnostic imaging services management, 2006, p. 47. Undergraduate Final Project - Medical Techonology in Radiology, CEFET/SC – Florianópolis. The present study was carried out in a public hospital in Florianopolis, Santa Catarina. Theoretical profile is supported by concepts of labor process theory in health care and based upon Ministry of Health and Sanitary Surveillance Office Decree number 453/1998. The main goal of this research was to analyze professional labour process of radiology and diagnostic imaging management, within conventional radiology specialization field, as well as radiologic technologists’ performance in managerial actions. It deals about qualitative research in which systematic direct observation of labour process was employed and also semi-structured interviews with Radiology Tecnique professionals. Fourteen professional radiologic technologists were interviewed, from September 10th to October 10th 2006 in their workplace, during the break periods. Results have highlighted that the greatest part of activities of Radiology Technique professionals is focused on acquisition and post-processing of radiographic images, on the other hand, managerial actions and radiologic technologists’ presence were not detached. Moreover, technologist figure is not well-known as well as the functions that he performs. Therefore, we believe that the greatest challenge radiologic technologists face today is the need of showing their differential, i.e, to perform in management actions, not only to provide physical, material and human resources, but also the clients’ attention as a whole. Keywords: Management, Radiology and Diagnostic Imaging; Labour Process in Health care.

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IV

RESUMEN

TIZON, Marcelo Vieira. Actuación del Tecnólogo en Radiología en la gestión de los servicios de radiología y diagnóstico por imágenes, 2006, p.47. Trabajo de Conclusión del Curso Superior de Tecnología en Radiología Médica, CEFET/SC – Unidad de Florianópolis. El presente estudio fue realizado en un hospital público de Florianópolis, Santa Catarina. El cuadro teórico se apoya en los conceptos de la teoría del proceso laboral en salud y en la resolución N. 453/1998 del Ministério de la Salud y del Órgano de Vigilancia y Control de la Secretaria de la Salud. Tuvo por objetivo analizar el proceso laboral en la gestión del servicio de radiología y diagnóstico por imágenes en la especialidad de radiología convencional, así como evaluar la actuación del Tecnólogo en Radiología en acciones gerenciales. Se trata de una investigación cualitativa para la cual se empleó la observación sistemática directa del proceso laboral y entrevista semi-estructurada con los profesionales de Técnica Radiológica. Fueron entrevistados 14 profesionales, todos técnicos en Radiología, en el periodo de 10 de septiembre a 10 de octubre de 2006 en el propio sitio de trabajo, durante los intervalos de descanso. Los resultados han evidenciado que el gran volumen de actividades de los profesionales de Técnica radiológica está concentrado en acciones de aquisición y procesamiento de la imagen radiográfica, no siendo evidenciadas acciones gerenciales ni la presencia de técnicos en radiología en este servicio. Además, la figura del Tecnólogo en radiología es poco conocida, no siendo claramente evidenciadas sus funciones. De esta manera, creemos que el gran reto para los Tecnólogos en Radiología es mostrar su diferencial, o sea, actuar más en el gerenciamiento de las acciones, en el sentido de no sólo suministrar recursos físicos, materiales y humanos, pero sobretodo en la atención al cliente como un todo. Palabras llave: Gestión; Radiología y Diagnóstico por Imágenes; Proceso Laboral en Salud

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo atender a um dos

requisitos para a obtenção do titulo de Tecnólogo em Radiologia do Curso de

Graduação Tecnologia em Radiologia, do Centro Federal de Educação Tecnológica

de Santa Catarina. Atuação do Tecnólogo em Radiologia na gestão dos serviços de

radiologia e diagnóstico por imagem foi à temática pesquisada.

Radiologia e diagnóstico por imagem é o termo utilizado pelo Colégio

Brasileiro de Radiologia para designar essa área do conhecimento, razão pela qual

se optou por utilizá-lo entre os tantos termos encontrados na literatura, como:

radiologia, imagenologia, radiodiagnóstico e radioimagenologia, entre outros (CBR,

2002).

A era tecnológica na radiologia e diagnóstico por imagem tem seu inicio

demarcado por Roentgen, ao descobrir os Raios X, em 1895. Em seu modesto

laboratório de física da Universidade Julius Maximilians, de Wurzburg, na Bavária,

Roentgen, ao trabalhar com um tubo de raios catódicos, percebeu a presença de

uma luminosidade vinda de um ponto da bancada de trabalho. Em dezembro de

1895, ao expor a mão de sua esposa, durante 15 minutos, à radiação, realiza a

primeira radiografia humana. Ele descobriu que os Raios X atravessavam o corpo

humano, provocavam fluorescência em determinadas substâncias e impressionavam

chapas fotográficas, permitindo obter imagens do interior do corpo. Sua aplicação foi

rápida, pois já em 1896 se instalava a primeira unidade de radiografia diagnóstica

nos Estados Unidos (BUSHONG, 1995).

No Brasil, o primeiro aparelho de Raios X da América do Sul foi instalado na

cidade de Formiga, MG, trazido pelo Dr. José Carlos Ferreira Pires. O diagnóstico

era então realizado por meio de técnicas que hoje caracterizam a radiologia

convencional (MATUSHITA, 2002).

Neste estudo, foi abordado a atuação do Tecnólogo em Radiologia na gestão

dos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem na especialidade da radiologia

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convencional, pois esta área demonstrou significativa carência no que se refere ao

processo de gestão nesta área do conhecimento. Por essa razão buscaram-se os

conhecimentos de gestão das áreas das ciências da saúde já consolidadas, assim

como o que preconiza a Portaria 453/1998, no se refere à organização do trabalho,

bem como, os conceitos do processo de trabalho em saúde.

Pires (1998, p. 161), ao comentar sobre o trabalho em saúde na sua forma

generalizada, destaca que

o processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade - a ação terapêutica de saúde; como objeto - o indivíduo ou grupos doentes, sadios ou expostos a risco, necessitando medidas curativas, preservar a saúde ou prevenir doenças; como instrumental de trabalho - os instrumentos e as condutas que representam o nível técnico do conhecimento que é o saber de saúde e o produto final é a própria prestação da assistência de saúde que é produzida no mesmo momento que é consumida.

Analisando o trabalho na radiologia e diagnóstico por imagem, pode-se inferir

que o mesmo faz parte do trabalho em saúde e também tem como finalidade a ação

diagnóstica e terapêutica; como objeto os pacientes/clientes; e como instrumento, o

saber, principalmente, em: aquisição e processamento das imagens radiográficas,

sobretudo, o conhecimento de tecnologias avançadas, entre outros; como produto

final, neste caso, temos a própria aquisição da imagem radiográfica.

A tecnologia é definida pelo Sociólogo Manual Castells como “o conjunto de

instrumentos, regras e procedimentos por meio dos quais os conhecimentos

científicos são aplicados de maneira reprodutível a uma determinada tarefa”

(CAPRA, 2005, p.104).

Para Mendes-Gonçalves (1994), o conceito de tecnologia não se resume ao

conjunto de instrumentos materiais do trabalho, concebido usualmente como

instrumental dado a priori e fundamentado cientificamente, mas se estende ao

conjunto de saberes e instrumentos que se materializam nos processos de

produção de serviços. Em síntese, a tecnologia é concebida como uma forma de

organização do trabalho e como um saber.

Merhy (1997), ao descrever sobre a produção do cuidado e suas tecnologias,

estabeleceu três categorias para tecnologias de trabalho em saúde. Chamou de

“tecnologias duras’’ as que estão inscritas nas máquinas e instrumentos e têm esse

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nome porque já estão programadas a priori para a produção de certos produtos; de

“leve – duras” as que se referem ao conhecimento técnico, por ter uma parte dura

que é a técnica, e a leve, que é o modo próprio como o trabalhador a aplica,

podendo assumir formas diferentes dependendo sempre de como cada um trabalha

e cuida do usuário; e ‘‘tecnologias leves’’, que dizem respeito às relações que são

fundamentais para a produção do cuidado e se referem a um jeito ou atitudes

próprias do profissional que é guiado por certa intencionalidade vinculada ao campo

do cuidado.

Para começar a entender como a organização do trabalho influencia o modo

de organizar o cuidado aos usuários, é necessário verificar quais das três

tecnologias têm prevalência sobre o processo de trabalho, no momento em que o

trabalhador está assistindo os usuários.

1.1. Justificativa

A escolha por esse tema deu-se devido à inquietação do pesquisador em

relação às dificuldades encontradas em compreender a atuação dos profissionais da

técnica radiológica, especialmente do profissional Tecnólogo em Radiologia no

gerenciamento das atividades do serviço de radiologia e diagnóstico por imagem na

radiologia convencional.

Está dificuldade deve-se ao fato desse profissional ainda ser pouco

conhecimento no estado de Santa Catarina, pois o inicio da formação do mesmo

deu-se em 2003 pelo CEFET/SC. Por essa razão, pouco se observa à atuação

desse profissional no mercado de trabalho, e quando existente, suas funções muitas

vezes são confundidas com a do profissional Técnico em Radiologia.

Ao ingressar na primeira turma do Curso de Graduação Tecnológica em

Radiologia do CEFET/SC em abril de 2003, percebeu-se a necessidade de

pesquisar a inserção deste profissional no mercado de trabalho e suas atribuições,

pois embora exista um perfil da formação deste profissional, o mesmo não é

conhecido no mercado de trabalho, dificultando, assim sua inserção na radiologia e

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diagnóstico por imagem. Percebeu-se também a necessidade de dar visibilidade ao

perfil e as competências estabelecidas na formação deste profissional,

especialmente nas atividades de gerenciamento desses serviços.

Desde o primeiro contato com o perfil traçado para a atuação do profissional

Tecnólogo em Radiologia, o que mais chamou a atenção do pesquisador foi

justamente o fato desse profissional possuir visão e capacidade para gerenciamento

nos serviços de saúde.

Diante deste perfil e da necessidade de dar visibilidade ao trabalho do

Tecnólogo em Radiologia, buscou-se com esse estudo a inserção desta categoria

profissional, assim como compreender como vem se dando suas atribuições no que

se refere ao gerenciamento das ações.

Nas diversas visitas realizadas nas instituições de saúde do estado de Santa

Catarina, especialmente, nos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem na

especialidade radiologia convencional, objeto deste estudo constatou-se que a

gestão era realizada por profissionais, vindos das diversas áreas das ciências da

saúde, não sendo observado a atuação do profissional Tecnólogo em Radiologia

como gestor nesses serviços.

Dada à situação em que se encontra esses serviços hoje em dia, cada vez

mais o profissional com o perfil do Tecnólogo em Radiologia ocupará esse espaço,

visto que a tendência nessa área do conhecimento é crescente e cada vez mais

complexa, devido ao uso de tecnologias de ponta, que exigirá profissionais cada vez

mais qualificados.

Essa pesquisa é de extrema relevância, especialmente para os profissionais

Tecnólogos em Radiologia, pois como dito anteriormente a incipiência desta

formação, faz com que o mesmo ainda seja quase desconhecido no mercado de

trabalho.

1.2 Definição do problema

Considerando os aspectos acima evidenciados, assim como por detectar a

necessidade de diagnosticar o processo de trabalho em gestão nos serviços de

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radiologia e diagnóstico por imagem, está pesquisa funtamentar-se-á nos aspectos

relativos ao esse processo de trabalho na especialidade da radiologia convencional.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar o processo de trabalho na gestão do serviço de radiologia e

diagnóstico por imagem em um hospital público estadual na especialidade da

radiologia convencional, assim como a atuação do Tecnólogo em Radiologia na

gestão deste serviço.

2.2 Específicos

Observar a atuação dos profissionais de saúde no setor de radiologia e

diagnóstico por imagem buscando detectar as ações gerenciais nesse processo de

trabalho, a fim de compreender a atuação do profissional Tecnólogo em Radiologia.

Estabelecer ações gerenciais do Tecnólogo em Radiologia no processo de

trabalho em saúde e na radiologia convencional.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Processo de trabalho em saúde

O trabalho em saúde refere-se a um mundo próprio, complexo, diverso,

criativo, dinâmico, em que cotidianamente usuários se apresentam portadores de

algum problema de saúde e buscam, junto aos trabalhadores que ali se encontram

resolver seus problemas. Este trabalho só é possível mediante o encontro e a

relação entre o profissional de saúde e o usuário desses serviços (GONÇALVES,

1994).

A assistência à saúde não é um processo de trabalho igual ao da indústria,

tem uma especificidade na medida em que é um serviço. Este serviço tem uma

peculiariedade: não se realiza sobre coisas, sobre objetos, como acontece na

indústria; dá-se, ao contrário, sobre pessoas, e, mais ainda, com base numa inter-

relação em que o consumidor contribui ao processo de trabalho, é parte desse

processo (NOGUEIRA, 1994).

O usuário é fundamental no processo de trabalho em saúde, e na maioria das

vezes, para que o trabalho se realize é necessária à cooperação do mesmo e/ou de

seus familiares para que o trabalho se realize (NOGUEIRA, 1995, p. 143). Desta

forma dá-se um processo de inter-relação entre quem consome o serviço e quem o

presta. Há necessidade de “contato” entre o prestador e o usuário do serviço de

saúde.

Esse mesmo autor relata que a idéia de processo de trabalho em saúde é

algo extremamente abstrato, porque existem inúmeras formas tecnicamente

particularizadas de realizar atos de saúde. Esse processo é marcado por uma

tecnicalidade ou direcionalidade técnica que é inerente a qualquer processo de

trabalho humano.

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19

Para Capella e Leopardi (1999), o processo de trabalho em saúde é um

processo de trabalho coletivo, no qual áreas como a Medicina, Farmácia,

Odontologia, Nutrição, Serviço Social, Enfermagem, entre outros, compõem o todo.

Este processo, institucionalizado, tem como finalidade atender o ser humano que,

em algum momento de sua vida, submete-se à intervenção de profissionais de

saúde. Cabe, então, a cada área técnica específica, uma parcela deste atendimento.

Para Pires (1998) o trabalho em saúde é um trabalho essencial para a vida

humana e é parte do setor de serviços. É um trabalho da esfera da produção não-

material, que se completa no ato da sua realização. Não tem como resultado um

produto material independente do processo de produção e comercializável no

mercado. O produto é indissociável do processo que o produz, é a própria realização

da atividade. A prestação do serviço - assistência de saúde - pode assumir formas

diversas como a realização de uma consulta; uma cirurgia; um exame-diagnóstico; a

aplicação de medicações; ações preventivas, individuais ou coletivas; ações de

cuidado e/ou conforto; aquisição de uma imagem radiográfica, entre outras. Envolve,

basicamente, avaliação de um indivíduo ou grupo, seguida da indicação e/ou

realização de uma conduta terapêutica (PIRES, 1998).

O Processo de trabalho em saúde é bastante complexo, não só dependente

de políticas públicas bem articuladas, mas também diretamente relacionado ao

importante papel exercido pelos trabalhadores deste imenso sistema. Estes

trabalhadores são seres humanos dotados de interesses próprios, de necessidades

e de desejos, que produzem relações sociais, na medida em que interagem

constantemente com outros sujeitos e podem adquirir capacidade para intervir na

sua realidade. Este coletivo organizado possui como objetivo principal a prestação

de uma assistência integral à população, realizando ações de forma ética, segura e

humanizada (SPAGNOL, 2002).

3.2 Gestão dos serviços de saúde

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20

A saúde no Brasil deve ser repensada em seu sistema, em sua estrutura,

em seus processos e em seus resultados. A administração dos serviços de saúde

deve, igualmente, ser redesenhada para dar-lhe a eficácia necessária. Só assim o

sistema e os serviços terão efetividade, ou seja, chegarão aos resultados desejados

e eficiência, isto é, os resultados serão obtidos a custo mínimo, e somente assim,

também, eles serão adequados, o que quer dizer que os cuidados serão os exigidos

pelas necessidades dos pacientes (MEZOMO, 2001).

Para Austin (2000), administração de saúde é planejar, organizar, dirigir,

controlar, coordenar e avaliar os recursos e procedimentos pelos qual a demanda

por cuidados médicos e de saúde, e as necessidades de um ambiente saudável são

atendidas, mediante a provisão de serviços a clientes individuais, organizações e

comunidades.

Sob o ponto de vista dos usuários, Nogueira (1994) refere que estes avaliam

a qualidade dos serviços de saúde não apenas pelo que é oferecido, mas também e,

principalmente, pelo resultado do serviço prestado, uma vez que são desprovidos de

conhecimentos técnicos que lhes possibilite avaliar se estes serviços estão

adequados às suas necessidades. Isto os leva a julgar e medir a qualidade, muitas

vezes, apenas, pelo resultado imediato das ações, pela forma com que é recebido

nos serviços ou pela sua estrutura física, todos esses aspectos são relevantes

quando falamos em processo de gestão.

Ferraz (1990) estabelece que o processo de gestão em saúde gira em torno

de cinco variáveis básicas: tarefas, pessoas, estrutura, ambiente e tecnologia. No

entanto, o trabalho em equipe pode conduzir às melhores métodos de planejamento

das ações em saúde, fazendo-se necessário uma reflexão sobre o papel de cada um

na construção deste trabalho coletivo, aprendendo de forma integrada, que

possibilite a participação de todos na tomada de decisão, tanto no plano intelectual

como manual.

Administradores e profissionais da área da saúde devem entender que os

hospitais e os serviços só têm uma razão de ser: o cliente e o atendimento de suas

necessidades de forma cada vez mais efetiva (MEZOMO, 2001).

Esse mesmo autor reforça que os administradores de saúde podem e devem

vir a ser a maior força na solução dos muitos problemas do precário sistema de

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saúde, que não se limitam à melhor provisão de pessoal e de melhores mecanismos

de funcionamento. Eles devem ser sensitivos, pragmáticos e responsáveis e ter

visão clara, inteligência e determinação e coragem.

Ainda este autor, refere que é importante mudar não só as rotinas e os

procedimentos, mas, sobretudo a mentalidade e a ação dos que elegeram a

profissão de gestores de saúde na sua profissão. Ainda lembra que é importante que

os gestores e os profissionais de saúde trabalhem em equipe e saiam de seus

“castelos”. Refere também, que os hospitais e serviços devem mudar não apenas

fisicamente, mas também em sua atitude com relação, sobretudo ao cliente. A

qualidade não é simples questão técnica ou filosófica, mas uma prática e um

compromisso permanente de busca do melhor atendimento de saúde.

3.3 Gestão dos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem

A gestão dos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem faz parte do

trabalho em saúde e tem como finalidade a ação diagnóstica e terapêutica. A ação

diagnóstica aqui está relacionada com os exames de diagnóstico, a aquisição de

uma imagem radiológica e a ação terapêutica com o uso da radiação ionizante no

tratamento de algumas patologias. Essas ações envolvem o gerenciamento, deste a

recepção do cliente/paciente até a entrega do exame.

Este serviço segundo Cesarett et al. (1999) concentram-se os equipamentos

que realizam atividades concernentes ao uso de Raios X para fins de diagnóstico

médico. Tal serviço é de vital importância na dinâmica de funcionamento de um

hospital, levando em conta que o desenvolvimento técnico - científico de ponta,

alcançado nesta área, permite a eficiência no processo de diagnóstico clínico ou

cirúrgico de diversas patologias e no posterior tratamento a ser instituído.

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4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.1 Contexto da pesquisa

A pesquisa foi realizada no setor de radiologia convencional de um hospital da

grande Florianópolis. Essa instituição pertence à Secretaria de Estado da Saúde de

Santa Catarina, da Grande Florianópolis. A instituição tem como missão oferecer

serviços de saúde, ensino e pesquisa, com qualidade e resolutividade, de acordo

com as necessidades dos usuários internos e externos, com princípios de respeito,

humanização e principalmente, ética. Atualmente oferece atendimento em várias especialidades, como Clínica

Médica, Emergência, Oftalmologia, Urologia, Clínica Cirúrgica, Cirurgia vascular,

Pediatria, Obstetrícia, Radiologia, Cardiologia, entre outras, atendendo toda a

região continental da Grande Florianópolis e demais localidades. Este Hospital

atende clientes de toda a parte continental e arredores da grande Florianópolis,

tendo como forma de atendimento o sistema único de saúde (SUS).

Para a realização deste estudo, foi utilizada a pesquisa de campo, que,

segundo Trujillo (1982), é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações

e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta,

ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos

ou as relações entre eles.

Trata-se de pesquisa qualitativa para a qual se utilizou observação

sistemática do processo de trabalho em andamento e entrevista semi-estruturada

com os profissionais da técnica Radiológica.

Segundo Richardson (1999), a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada

como a tentativa de uma compreensão mais detalhada dos significados e

características situacionais apresentadas pelos entrevistados.

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23

A observação é um processo no qual a primeira e mais imediata função

consiste em obter informações referentes ao fenômeno estudado (VILLASENOR;

ARGILAGA, 1991). Esses autores relatam que, o propósito da investigação

influenciará no que observar, como observar, por que observar, quem observar,

quando observar, onde observar para que observar e de que forma observar.

A entrevista é um instrumento de coleta de dados que possibilita medir com

maior exatidão o que se deseja, contendo um conjunto de questões relacionadas

com um problema central. Segundo Triviños (1987), a entrevista semi – estruturada

é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e

hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferece amplo campo de

interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem

as respostas do informante.

As entrevistas foram realizadas no próprio local de trabalho, nos intervalos de

descanso dos profissionais, de modo a não prejudicar a rotina do serviço

pesquisado. Para a entrevista foi utilizado um instrumento (Apêndice 1) contendo

cinco questões abertas e fechadas referentes às ações gerenciais, devidamente

validado pelos entrevistados antes de sua aplicação, com o objetivo de verificar se

as questões elaboradas estavam adequadas e claras. Aplicado o teste e validado o

instrumento, deu-se início às entrevistas com cinco profissionais. Cada entrevista

teve a duração de aproximadamente 25 minutos.

. Os relatos eram transcritos em diário de campo para posterior classificação

das categorias e validação das informações transcritas pelos participantes da

pesquisa.

4.2 Sujeitos de estudo

. Foram entrevistados 14 profissionais Técnicos em Radiologia, no período de

10 de setembro a 10 de outubro de 2006. A escolha desses participantes foi

intencional, direcionada àqueles que atuavam com radiologia convencional.

4.3 Aspectos éticos

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Após seu cadastro no Sistema Nacional de Ética em Pesquisa (SISNEP) o

projeto recebeu o número 101560 da folha de rosto, sendo apreciado e aprovado

em 20/09/2006 pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Cardiologia (IC)

de Santa Catarina sob o Parecer N. 024/2006.

No ato da entrevista foi apresentado o termo de consentimento livre

esclarecido (TCLE) e fornecidas informações sobre o propósito da pesquisa,

seguindo-se o que preceitua a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e

Ministério da Saúde (CNS-MS), que regulamenta a pesquisa com seres humanos.

Todos os integrantes do estudo foram informados quanto aos aspectos

éticos e a liberdade de participar, ou retirar-se no decorrer da pesquisa. Os

integrantes do estudo decidiram, em comum acordo com o pesquisador, o uso de

pseudônimos (E1, E2, E4,...) na apresentação dos resultados, para preservar o

anonimato.

Foi ressaltado o uso dos dados para fins exclusivos desta pesquisa, sem

nenhuma repercussão na vida profissional dos participantes da pesquisa.

4.4 Análise dos resultados

Na etapa de análises dos resultados considerou-se: as observações das

principais atuações dos profissionais da técnica radiológica no processo de trabalho

na especialidade radiologia convencional, deste a recepção do paciente/cliente a

entrega do exame. Observaram-se: como o paciente/cliente era recepcionado, o

encaminhamento da solicitação de exames de Raios X; os parâmetros técnicos

utilizados nas técnicas radiológicas; os cuidados no disparo do feixe de radiação; a

colocação do chassi, posicionamento e cuidado com a proteção radiológica; a

obediência às normas de biossegurança; a solicitação do paciente/cliente para

aguardar a revelação do filme; o processamento do filme radiográfico; a imagem

processada levando-se em conta, os parâmetros técnicos utilizados e a qualidade da

imagem; a liberação do paciente/cliente ou repetição do exame; a finalização do

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exame e organização do ambiente de trabalho; a entrega do exame com ou sem

laudo; e por fim, o arquivamento dos exames de Raios X.

Esses dados foram descritos e interpretado pelo pesquisador, que confrontou

as informações com as entrevistas.

As entrevistas foram classificadas em três categorias: a) Identidade do

Tecnólogo em Radiologia; b) Gestão do serviço de radiologia e diagnóstico por

imagem; c) Qualidade como referência na atuação do profissional Tecnólogo em

Radiologia. As categorias foram apresentadas sob a forma de relatos que foram

intercaladas com os dados da observação, evitando-se desta forma, fragmentação

das informações.

Desta forma, os dados foram apresentados em forma de quadro, relatos das

falas e interpretação do pesquisados com base nos referenciais teóricos que

embasam essa pesquisa.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O quadro 1 descreve simplificadamente a observação de como se dá o

processo de trabalho desde a recepção do paciente/cliente/paciente/cliente ao

arquivamento do exame de Raios X.

Quadro 1 - Descrição simplificada do processo de trabalho na especialidade de

radiologia convencional.

Descrição do processo de trabalho na radiologia convencional 1. Avaliação da requisição médica quanto à solicitação de exames; 2. Recepção do paciente/cliente e rápidas explicações a respeito do exame a ser realizado;

3. Preparo do paciente/cliente pelo Técnico em Radiologia: posicionamento colocação do chassi e demais orientações;

4. Ajustes dos parâmetros técnicos no comando do aparelho e disparo do feixe de radiação.

5. Solicitação do paciente/cliente que aguarde a revelação do filme para verificar se o exame foi efetuado corretamente;

6. Processamento do filme radiográfico;

7. Análise da imagem processada levando-se em conta três parâmetros: técnico, patológico e anatômico.

8. Liberação do paciente/cliente ou repetição do exame, caso a imagem não tenha ficado boa;

9. Finalização do exame e organização do ambiente pelo profissional técnico em radiologia;

10. Entrega do exame com laudo, caso o médico esteja no setor ou sem laudo para efeito conclusivo de consultas ou até mesmo de diagnóstico;

11. Arquivamento dos exames para entrega posteriores.

Observou-se que esse processo de trabalho e essencialmente técnico, não

sendo observado cuidados como: proteção radiológica, biossegurança, protocolos

de atendimentos a politraumatizados, controle da qualidade da imagem, e,

sobretudo, com o cuidado em relação aos requisitos básicos de proteção radiológica

das pessoas em relação à exposição à radiação ionizante, como estabelece a NN

3.01/2005 (Brasil, 2005).

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Além disso, também não se observou às ações de planejamento das ações

realizadas cotidianamente. Para os estudiosos da administração, o planejamento

costuma figurar como a primeira das funções administrativas e uma das mais

importantes, pois serve de base para toda a melhoria e organização de qualquer

processo de trabalho (CHIAVENATO, 1985).

Muitos profissionais da técnica radiológica sentem necessidade de um

treinamento que abordasse todos os aspectos envolvidos na produção e

processamento de uma imagem radiológica de qualidade, bem como os fatores

indispensáveis à radioproteção, biossegurança, humanização, controle de qualidade

dos equipamentos e novas tecnologias.

A seguir, um dos entrevistados relata de maneira bem sucinta o que

considera ideal para o bom funcionamento do serviço como um todo.

Precisamos não saber só a técnica em si, mas buscar maneiras de melhorar cada vez mais. Não só é importante posicionar o paciente/cliente, mas sim saber trata-lo de maneira mais humanizada, digna. Assim deve ser todo profissional de saúde. A biossegurança também deve estar presente, principalmente na câmara escura. Muitos colegas não têm noção do perigo à exposição aos químicos ali presentes. A proteção radiológica também deve fazer parte de nossas preocupações rumo à qualidade. Cursos deveriam ser ministrados para reverterem essa situação (E2).

A Portaria 453/1998 no item 3.38 estabelece que a implementação de um

programa de treinamento anual, integrante do programa de proteção radiológica,

contemplando, pelo menos, os seguintes tópicos: a) procedimentos de operação dos

equipamentos, incluindo uso das tabelas de exposição e procedimentos em caso de

acidentes; b) uso de vestimenta de proteção individual para paciente/clientes, equipe

e eventuais acompanhantes; c) procedimentos para minimizar as exposições

médicas e ocupacionais; d) uso de dosímetros individuais; e processamento da

imagem radiográfica (BRASIL, 1998).

A falta de parâmetros em relação à melhoria da qualidade desejada faz com

que esses profissionais executem seu trabalho de maneira não sistematizada, sem

apoio científico. Muitos ainda executam os procedimentos empiricamente, ou seja,

sem importar-se com os parâmetros técnicos adequados a técnica radiográfica.

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Percebeu-se que estes profissionais preocupam-se apenas em cumprirem

normas e rotinas já estabelecidas, sem questionar. A rotina, conforme definição do

ministério da saúde é o conjunto de elementos que especifica a maneira exata pela

qual uma ou mais atividades devem ser realizadas. É a descrição sistematizada dos

passos a serem dados para a realização das ações componentes de determinada

atividade. Uma rotina instrui sobre o que deve ser feito quem deve fazer e onde. A

rotina é específica de cada unidade, uma vez que seus passos e agentes dependem

dos recursos existentes na unidade (BRASIL, 1978).

Desta forma, paciente/clientes são atendidos friamente, não sendo observado

orientações: quanto à tomada da imagem; a possibilidade de repetição de exame; o

preparo de antecede alguns exames e, sobretudo, não se evidenciou durante toda a

pesquisa o cuidado humanizado, pois se sabe que a especificidade do trabalho em

saúde, o cuidado se dá na relação profissional com o paciente/cliente.

Evidenciou-se que o equipamento radiológico é o instrumento de trabalho

mais perceptível e valorizado neste processo de trabalho, não sendo percebido a

aplicação dos conhecimentos teóricos, especialmente no que se refere ao cuidado

do paciente/cliente na aquisição da imagem radiográfica.

Merhy (1997), ao descrever sobre a produção do cuidado e suas tecnologias,

estabeleceu três categorias para tecnologias de trabalho em saúde. As “tecnologias

duras’’ as que estão inscritas nas máquinas e instrumentos; as “leve – duras” as que

se referem ao conhecimento técnico, por ter uma parte dura que é a técnica, e a

leve, que é o modo próprio como o trabalhador se aplica”.

Baseado nessas categorias estabelecidas por Merhy (1997) percebeu-se que

o cuidado aos paciente/clientes no processo de trabalho na aquisição de imagens

radiográficas concentra-se nas tecnologias duras. Exemplo disso é o equipamento

radiológico; as leves duras foram percebidas de forma mecanizada, ou seja, os

parâmetros técnicos utilizadas não seguem um protocolo, cada profissional faz do

seu jeito; e as leves, especialmente no que se refere às relações/atitudes dos

profissionais que são fundamentais para a produção do cuidado, foram percebidas

sutilmente.

No que se refere à identidade do Tecnólogo em Radiologia percebeu-se que

os demais profissionais os classificam a esses como sendo um profissional Técnico

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em Radiologia melhorado. Não percebem a diferença entre Técnico e Tecnólogo em

Radiologia. Referem-se ao profissional Tecnólogo como sendo um Técnico que

estudou um pouco mais.

As falas a seguir evidenciam essas questões.

Conheço de vista alguns Tecnólogos em Radiologia, mas eles fazem o mesmo trabalho que a gente. Eu pensei que eles pudessem dar laudos... Mas o Tecnólogo que conheci explicou o que a categoria pode fazer. Não entendi muito, porque no final todos fazem as mesmas coisas. A diferença é que o Tecnólogo estuda mais tempo (E3).

Acho importante essa preocupação das instituições de ensino superior em formarem profissionais com a visão do Tecnólogo. Mas essa categoria é quase desconhecida aqui em nosso Estado. Isso dificulta sua inserção no mercado de trabalho, bem como o esclarecimento de suas atribuições (E2).

Não acho necessário esse profissional, porque os poucos que conheço estão fazendo as mesmas coisas que eu e meus colegas Técnicos: executar exames. Não se sabe, pelo menos, eu não, de Tecnólogos fazendo um trabalho diferenciado, de acordo com sua formação (E3).

Ao contrário do que muitos pensam inclusive os entrevistados, o profissional

Tecnólogo não vai substituir o Técnico em Radiologia, mas sim, ocupar o seu próprio

espaço. O fato de ele realizar atividades exercidas pelo Técnico em Radiologia, não

significa dizer que esse profissional vai ocupar seu lugar.

Alguns entrevistados reconhecem que o profissional Tecnólogo não vai

substituir o Técnico em Radiologia, mas ocupar o seu próprio espaço.

As falas a seguir reconhecem essa formação profissional, mesmo sendo

quase desconhecida.

Por ser um profissional de nível superior, acho que o Tecnólogo em Radiologia deve se encaixar em áreas mais complexas, como a Ressonância Magnética, Tomografia Computadorizada e a Medicina Nuclear. A supervisão em Radioproteção também poderá ser uma

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área de extremo interesse para qualquer profissional com o perfil do tecnólogo (E3).

Por mais que eu ache necessária a inclusão do Tecnólogo, ainda há muito que se fazer pela categoria... Criar identidade, não ser atrelado a outra área, que, embora seja da imagem, tem outro nível de conhecimento. Mudança!! Essa é a palavra mais urgente para a categoria dos cursos de tecnologia... Mostrar a que vieram. Só assim serão valorizados, diferenciados dos profissionais de nível técnico (E4).

Nessas respostas se infere que a formação incipiente desse profissional,

especialmente no Estado de Santa Catarina, assim como a sua inserção no mercado

de trabalho, contribui para que esse profissional, ainda seja quase desconhecido no

mercado de trabalho.

É oportuno destacar que tal área do conhecimento necessita de profissionais

com capacidade científica e não somente técnica, como vem ocorrendo nos últimos

anos.

Em relação à gestão do serviço de radiologia e diagnóstico por imagem

percebeu-se que os profissionais da Técnica Radiológica preocupam-se apenas com

o atendimento da demanda, não sendo observadas ações gerenciais, embora

reconheçam que poderiam caber ao Tecnólogo em Radiologia, pois atualmente são

desenvolvidas por um administrador. As falas a seguir evidenciam tal situação

Administrar um serviço já não é uma tarefa fácil. Ainda mais em um estabelecimento público, onde se trabalha como pode. A falta de recursos às vezes limita um pouco à realização de melhorias mais concretas e específicas de acordo com as necessidades do setor. É visível a falta de uma supervisão mais rígida nesse sentido, marcação de reuniões mais ativas, mais voltadas a resultados, um envolvimento maior de quem administra, entendeu? (E2).

Não posso me preocupar com essas coisas (gestão), pois isso é função do administrado [...] aqui nossa função é fazer os exames (E1). Mal tenho tempo para preparar o paciente/cliente, quanto mais solicitar material... (E2). Poderia ser uma função para o Tecnólogo cuidar dessa parte mais administrativa, iria ajudar bastante (E4). Acho que a gestão deveria ser realizada por outro profissional, um formado na área de radiologia, quem sabe o Tecnólogo? Não que a atual gestão deixe a desejar, mas um profissional com conhecimento nesta área poderia contribuir mais com esse processo de trabalho,

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desde a marcação de exames até a liberação final de uma imagem com qualidade (E1).

Algumas preocupações poderiam ser primordiais, como a realização de palestras, por exemplo, cursos de aprimoramento, sobre temas pertinentes à nossa área, como humanização no atendimento, proteção radiológica, biossegurança, equipamentos, legislação. Eu sinto muita falta de atualização (E4).

Infere-se com os relatos acima, que uma imagem de qualidade gerada para

fins de diagnóstico, inclui necessariamente o atendimento humanizado, a proteção

radiológica são fator inerente à realização dos exames. Os equipamentos devem

passar por uma manutenção preventiva, assim como os materiais e demais recursos

devem ser controlados, otimizados. Os recursos humanos devem passar por

treinamentos constantes e atualizados, a legislação deve ser a referência principal

na sistematização do andamento de qualquer serviço. Tudo isso só ocorre quando

se tem planejamento, realizado com e pelo profissional adequado, como o

tecnólogo.

A Portaria 453/1998 estabelece, além de um responsável técnico por esse

serviço, um supervisor de radioproteção, cabendo-lhes as funções relacionadas ao

gerenciamento de tal serviço. Exemplo disso é o controle de qualidade das imagens,

assim como o controle radiométrico das áreas e dos profissionais ocupacionalmente

expostos.

Quanto ao controle de qualidade da imagem como referência na atuação do

profissional Tecnólogo em Radiologia, os entrevistados têm ciência da importância

dos testes utilizados, mas referem desconhecê-lo.

As falas a seguir revelam o desconhecimento da equipe sobre esses testes

para a garantia da qualidade da imagem.

Já ouvi falar sim, mas sou sincera em dizer que nunca fui procurar saber quais os tipos de testes são realizados. Tem uma Portaria que informa, não é mesmo? Mas eu nem costumo consultá-la também (E2). Nunca fiquei sabendo se fazem esse teste aqui, sabe como é serviço público. A gente tem que saber improvisar. Poder trabalhar com o que se tem. A qualidade aqui não é prioridade (E4).

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Sim, já ouvi falar, aqui não é feito nem coisa mais importante, quanto mais teste de qualidade de imagem... Não conheço nem o aparelho que se usa para fazer isso. Aqui liberamos a imagem e pronto, apareceu o que o médico pediu? Então é só mandar... Ninguém tem tempo para parar o serviço e ficar fazendo medida (E1).

Já li bastante coisa a respeito, quando eu tenho tempo, costumo consultar a Portaria sabe, acho importante se ter uma padronização de imagem no serviço. O que me falta é mais conhecimento. Sinto falta de conhecimento teórico, porque sou muito ligado à prática, eu tenho noção disso, ah, se eu tivesse tempo para voltar a estudar (E3).

Com referencia a Portaria 453 MS/98, que regulamenta as diretrizes de

proteção radiológica em Radiodiagnóstico médico e odontológico no Brasil,

percebeu-se que muitos profissionais a desconhecem a linguagem técnica utilizada

nessa Portaria, bem como apresentam dificuldade na interpretação desta. Na

transcrição abaixo fica evidente a falta de informação do profissional acerca desta

legislação que é de fundamental importância nos serviços de radiologia e

diagnóstico por imagem.

Consulto quando posso... Tenho dificuldade em interpretar alguns dados. Sei da importância da conscientização sobre a proteção radiológica em nosso meio. Mas acho que nos falta mais esclarecimento a respeito. Alguém que explorasse essa resolução e nos fizesse entender da importância da mesma em Radiologia (E3).

Muitas pessoas nos cobram o conhecimento desta portaria, mas esquecem de que precisamos também de profissionais que nos auxiliem a esclarecer as dúvidas a respeito da mesma. Por que não o Tecnólogo? Ele não nasceu para cuidar da qualidade do serviço? Acho importante o conhecimento acerca desta Portaria para todos os profissionais envolvidos com a Técnica radiológica. Padronizar a qualidade do serviço entendeu?... (E1)

E, por fim, os resultados evidenciaram que o grande volume de atividades dos

profissionais da Técnica Radiológica se concentra nas ações de aquisição e

processamento da imagem radiográfica, não sendo evidenciadas ações gerenciais e

nem a presença de Tecnólogos em Radiologia nesse serviço.

Além disso, a figura do Tecnólogo em Radiologia é quase desconhecida, não

se evidenciando claramente suas funções. Assim, acredita-se que o grande desafio

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para os Profissionais Tecnólogos em Radiologia é mostrar o seu diferencial, ou seja,

atuar mais no gerenciamento das ações no sentido não só de prover os recursos

físicos, materiais e humanos, mas, sobretudo, no cuidado com os

paciente/clientes/paciente/clientes de sua proteção contra os efeitos biológicos das

radiações ionizantes, até ações específicas do processo de trabalho na radiologia e

diagnóstico por imagem.

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6 CONCLUSÃO

Ao analisar o processo de trabalho na gestão do serviço de radiologia e

diagnóstico por imagem em um hospital público estadual na especialidade radiologia

convencional, assim como a atuação do Tecnólogo em Radiologia na gestão deste

serviço, percebeu-se o quanto os profissionais da Técnica Radiologia conhecem

pouco a atuação do Profissional Tecnólogo em Radiologia. Isto os leva a ter receio

quanto à perda de espaço no mercado de trabalho, pois na percepção deles, o

Tecnólogo em Radiologia não passa de um técnico melhorado. A fala a seguir não

deixa dúvidas quanto a isto. “Querem melhorar aprimorar a formação dos

profissionais atuantes na Radiologia em geral, mas para mim, ainda é um técnico

melhorado, de nível superior, ou seja, um técnico que estudou um pouco mais” (E1).

Em virtude da complexidade das questões analisadas sobre o processo de

gestão em radiologia e diagnóstico por imagem quando praticado pelo Tecnólogo em

Radiologia, questionamentos e desafios, estabelecemos relações entre a atual

realidade encontrada em um serviço de Radiologia convencional, sua dificuldade em

esclarecer suas atribuições, bem como perfil profissional, e exploramos uma área

incipiente de sua atuação: a gestão da qualidade no serviço.

Destaca-se a pouca literatura na área e a necessidade de estudos com

relação ao tema atuação do tecnólogo na gestão.

Essa pesquisa abre caminhos que podem ser dirigidos para o

desenvolvimento em outras áreas. Muitas perguntas podem ser formuladas: A área

de gestão realizada pelo tecnólogo pode ser mais explorada quando se realiza o

controle e garantia de qualidade dos equipamentos, por exemplo. Como esse

profissional pode atuar gerenciando esses insumos, fazendo consultorias técnicas e

assessorias frente às empresas que trabalham com equipamentos radiológicos?

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No que se refere ao campo pesquisado, inicialmente percebeu-se certa

resistência. Isto se deve em parte ao medo do desconhecido, assim como por

ameaças que esses profissionais já haviam passado por estar contribuindo com a

formação acadêmica no processo de trabalha da radiologia e diagnóstico por

imagem. Mas, com o tempo pode-se perceber que esses profissionais sentiam-se

confiantes e ao mesmo tempo dispostos a ajudar na construção deste

conhecimento.

Foi muito gratificante perceber que esses profissionais sentiram necessidade

da busca pela qualidade na melhoria de todo o processo de trabalho existente. Eles

têm noção que a radiologia convencional precisa de sérias mudanças no que se

refere à sistematização dos procedimentos de trabalho.

O Processo de trabalho no contexto da Radiologia Convencional merece

passar por uma revisão sistematizada de todos os procedimentos realizados nessa

área do conhecimento. A mobilização da categoria de Tecnólogos em Radiologia no

que se refere à atribuição e perfil profissional só irá fazer acelerar a melhoria dos

procedimentos de trabalho inseridos nesta realidade de importância vital dentro do

ambiente hospitalar.

À medida que o Tecnólogo em Radiologia for construindo sua identidade,

atuando não só na aplicação das técnicas radiológicas, mas, sobretudo, nas ações

gerenciais nos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem, atuando como

agente educador e necessário ao serviço de maneira holística, conseguirá seu

merecido reconhecimento como profissional de saúde de nível superior, não só dos

outros profissionais de saúde como também da própria sociedade.

Ou seja, conforme mostrado acima, o Tecnólogo em Radiologia é um

profissional da área de saúde, de graduação tecnológica, capaz de exercer função

de gestor do serviço de radiologia conforme suas necessidades, pois além de

conhecer todo o processo de aquisição das imagens radiográficas geradas a partir

da radiação ionizante, estabelece rotinas de trabalho, controlando recursos humanos

e materiais de acordo com sua competência e espírito empreendedor.

6.1 Recomendações para trabalhos futuros

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Concluindo, recomenda-se para trabalhos futuros: a humanização do cuidado

nos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem; a otimização da assistência,

especialmente no que se refere ao atendimento de crianças e idosos; a educação

tecnológica na área da saúde, perspectivas e empregabilidade e por último, porém

não menos importante, a necessidade de ser reconhecido o profissional Tecnólogo

em Radiologia como profissional de nível superior integrante da equipe

multiprofissional em saúde.

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Apêndices

Apendice 1 – entrevista

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA

Prezado profissional da saúde, sua contribuição para está pesquisa é de fundamental

importância. Ela tem por objetivo identificar como se dá o processo de trabalho nas ações

gerenciais no serviço de radiologia e diagnóstico por imagem. Para isso, solicita-se sua

colaboração respondendo às questões a seguir.

Acadêmico do Curso de Graduação Tecnológica em Radiologia do CEFET/SC: Marcelo

Vieira Tizon

1 Dados de identificação

Codinome:- ------------------------------------------------------------------------------------------------

Cargo ou função:- ----------------------------------------------------------------------------------------

Tempo de trabalho na instituição:- -------------------------------- e no cargo ou função:- ----------

Grau de escolaridade:- -----------------------------------------------------------------------------------

Qual sua carga horária semanal:- ------------------------------------------------------------------------

2 Com que freqüência você faz as atividades listadas abaixo:

Tipo de atividade Periodicidade Não faz Esporadicamente Rotineiramente Solicita recursos materiais de consumo.

Quais?

Tipo de atividade Periodicidade Não faz Esporadicamente Rotineiramente Solicita recursos materiais permanente.

Quais?

Tipo de atividade Periodicidade Não faz Esporadicament

e Rotineiramente

Solicita recursos humanos ? 3 Você já viu falar nos testes de controle de qualidade de imagem? Sim Não

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3.1 Se sim, quais testes são realizados e com que periodicidade. Tipos de testes Periodicidade Não faz Esporadicamente Rotineirament

e 4 Você conhece algum profissional Tecnólogo em Radiologia que atua nos serviços de radiologia e diagnóstico por imagem? Sim Não Se sim, como você diferencia as atividades desse profissional em relação ao profissional Técnico em Radiologia? ___________________________________________________________________________________________________ 5 Caso a instituição admita um profissional Tecnólogo em Radiologia para esse serviço, quais

funções listadas abaixo você acha que esse profissional desenvolveria?

Gestão dos serviços de Radiologia e diagnóstico por imagem;

Interpretação do diagnóstico da imagem;

Aquisição das imagens radiográficas;

Atendimento dos clientes/pacientes mais grave;

Controle ocupacional e dosimétrico dos funcionários;

Apenas a aquisição das imagens tomográficas;

As mesmas atividades desenvolvidas pelos Técnicos em Radiologia

Apêndice 2 - Termo de consentimento livre e esclarecido

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Anexos

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REFERÊNCIAS AUSTIN, C. “ What is health administrator”. In: Hospital Administration. Summer, 2000. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. A investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto. Porto editora, 1994. BUSHONG, S. C., Manual de radiologia para técnicos - Física, biologia y proteccion radiológica. 5º ed. Mosby / Doyma Libros, Madrid: Espanha, 1995. BRASIL. Conselho Nacional de saúde. Resolução 196/96: Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Saúde. Ações básicas de saúde. Divisão Nacional de organização de serviços de saúde. Normas e padrões de construções e instalações de serviços de saúde. Brasília: 1978; BRASIL. Resolução CONTER no 05, de 25 de Abril de 2001. Institui e normatiza as atribuições do técnico e Tecnólogo em Radiologia na especialidade de radiologia e diagnóstico por imagem nos setores de diagnóstico médico e dá outras providências. Brasília: 2001. BRASIL. Portaria 453 Ministério da saúde: Diretrizes de proteção radiológica em radiologia e diagnóstico por imagem médico e odontológico. Portaria 453 de 1º de Junho de 1998. Brasília: 1998. CAPELLA, B.B. E LEOPARDI, M.T. Teoria sócio – humanista. Teoria em enfermagem: Instrumentos para a prática. Florianópolis: Papa -livros, 1999.

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