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A RESPEITO DAS TORRES DE DEFESA NA CIDADE DO SALVADOR "La to~~e, p~imo e 6inale Qorn~ pendia della 60~te6iQazione -0.,0- lata (".) ~aQQoglieva in 6e tutta la 60mma p044ibile dei vantaggi in an'epoQa nella qua~ le l'azione delle a~rni da gitto e~a qua6i nulla e la e4pugna- zione di66iQile e in ogni Qa40, a44ai lunga". Antonio Cassi Ramelli l RESUMO Astorres foramC01StnlçêeSde defesa de grande importância no período rre- dieval. Opresente artigo faz um re- batirrento entre os elertEntos qt.Eenrn utilizados naquela época em outras partes donnmdoe os qt.Epara cá fo- ramtransportados por ocasião da co- lcnização do Brasil, dandoênfase ao antigo Forte de são Tiago de Âgua de M:minos,emSalvador, cujas prospec- ções arqueológicas poderão evidenciar concretarente, pela prilreira vez em nosso país, a existência do elerrento de defesa a::mplanta circular. O período medieval foi pontilhado de conflitos pe- la posse do território; daí o grande número de * Arquiteta, Mestranda em Arquitetura e Urb~nismo da FAUFBae técnica do IPAC/SIC e do NTPR/UFBa.

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  • A RESPEITO DAS TORRES DE

    DEFESA NA CIDADE DO SALVADOR

    "La to~~e, p~imo e 6inale Qorn~pendia della 60~te6iQazione -0.,0-lata (".) ~aQQoglieva in 6etutta la 60mma p044ibile deivantaggi in an'epoQa nella qua~le l'azione delle a~rni da gittoe~a qua6i nulla e la e4pugna-zione di66iQile e in ogni Qa40,a44ai lunga".

    Antonio Cassi Ramellil

    RESUMOAs torres foramC01StnleSde defesade grande importncia no perodo rre-dieval. Opresente artigo faz um re-batirrento entre os elertEntos qt.Eenrnutilizados naquela poca em outraspartes do nnmdoe os qt.Epara c fo-ram transportados por ocasio da co-lcnizao do Brasil, dandonfase aoantigo Forte de so Tiago de gua deM:minos,emSalvador, cujas prospec-es arqueolgicas podero evidenciarconcretarente, pela prilreira vez emnosso pas, a existncia do elerrentode defesa a::mplanta circular.

    O perodo medieval foi pontilhado de conflitos pe-la posse do territrio; da o grande nmero de

    * Arquiteta, Mestranda em Arquitetura e Urb~nismoda FAUFBae tcnica do IPAC/SIC e do NTPR/UFBa.

  • fortificaes erguidas no intuito de propiciar asua defesa. Dentre tais edificaes, ora destaca-mos as torres. Tais elementos podiam apresentar-sede trs maneiras diversas: como redutos de caste-los.ou donjon~, flanqueando outras construes mi-litares ou mesmo isoladas.

    Para Fernando Fonsca, torre, genericamente falan-do, "pod.-ta ~eJt a eMa ~enholt.-tdi ma.-t~ .-tmpoJLtante daIteg.-to, euja 6uno elta ablt.-tgalto ~enholt e 6eu66am.-ti.-talte~, e tambm dalt gualt.-tdaao~ v.-tz.-tnho6,,2.NOnosso entender, ele queria, atravs dessa afirma-tiva, tentar justificar a no-existncia de "torre "verdadeira na Casa de Garcia d'1\vila, em Tatuapa;-ra. Entretanto, embora a torre fosse local de ha-bitao no castelo, em momento algum vemos a casado senhor feudal ser confundida com torre sem queela dispusesse deste elemento arquitetnico. In-clusive no encontramos no V.-tet.-tonna.-tlte Ra.-t6o.nnde i'Alteh.-tteetulte Fltdna.-t~e du XIe au XVI S.-tele,da autoria de Viollet-le ..Duc - um dos maiores es-tudiosos da arquitetura medieval -, assertiva al.guma que corrobore o fato de a habitao seahorialpoder ser confundida indiscriminadamente com "tor-

    Os donjon~, ma~t.-t.-t, torres gent.-ti.-tz.-teou torresde menagem, como as ch~avam os nossos ancestraislusos, eram construes destinadas ao comando dedefesa do castelo, assim como das suas imediaes,porm eram independentes de suas muralhas, mesmoque pudessem estar a elas artiCUladas, e quasesempre possuam uma sada estrat!gica para o cam-po. ~ isto que as caracteriza e as distingue dasRUA,Salvador,v.2,n.3,p.99-115,1989

  • torres de secao circular, que o citado Viollet--le-Duc denominava de tipo "francs", e das retan-gulares, apelidadas pelo mesmo autor como "norman-das".

    Na poca em que surgiram (sc. XI) - primeiramenteempregados, ao que parece, pelos normandos - oscm,jOYL6 pareciam-se com as torres de planta quadra-daerigidas na poca, delas distinguindo-se apenasnas dimenses. A partir do sculo XIV, entretanto,eram cilndricos e apresentavam sucessivos pavi-mentos abobadados.

    Com a transformao dos costumes feudais, os don-jon-6 abandonam o carter de torre militar, quehaviam adotado no final do sculo XII, e passam aadotar aquele de abrigo-forte, contendo, no entan-to, todos os recursos necessrios a propiciar umamoradia fcil e segura para o senhor feudal.

    As torres flanqueantes datam de perodos muitomais remotos, e eram tambm elementos de vrios pa-vimentos existentes ao longo das muralhas de defe-sa dos castelos com sistemas fortificados, especi-almente nas mudanas de direo dos muros ou emdistncias regulares que permitissem a coberturacruzada das armas de arremesso, e que, a princ-pio, possuam planta geralmente quadrada. Porm,tendo-se percebido as desvantagens que esta formapropiciava prpria defesa, tais torres passarama ser construdas, posteriormente, de forma semi--cilndrica, que evitava "ngulos mortos" e dis-tribua melhor o lanamento das armas de arremes-RtlJ'.,Salvqdor,v.2,n,3,P,99-115,1989

  • As torres isoladas, por sua vez, eram implantadasem pontos estratgicos do litoral e margem derios, func~onando como faris e pontos de defesacontra os freqentes ataques de piratas e, at~mesmo, dos habitantes locais. Malgrado a evoluoda arte militar com o advento da plvora, naocessam de ser usadas apesar do declnio do mundomedieval. Este o caso, por exemplo, da torremartelo (hamme~ towe~), bastante difundida nacosta inglesa no sculo XI, j adequada ao empre-go da artilharia, em uso ainda no sculo xv.

    so inmeras as referncias feitas por Francescodi Giorgio Martini (sc. XV), no seu T~atado deA~qa~teta~a M~i~ta~, a respeito destas torres. Atmesmo Vauban (1633/1707), cuja influncia foi sa-bidamente marcante entre os engenheiros militaresportugueses, defendia a sua utilizao. As plan-tas, apesar de obedecerem a formas-padro (circu-lares ou poligonais), podiam apresentar algumasvariantes, a exemplo da torre lobulada.

    Estes elementos de defesa apresentavam vrios pa-vimentos e eram geralmente coroados por uma pla-taforma, que serviria como local especfico paraque se procedesse o ataque aos inimigos. A espes-sura das paredes foi variando ao longo dos scu-los, a depender do tipo de arma empregado, c mes-mo acontecendo com os materiais construtivos. Noentanto os princpios que direcionavam a escolhado stio de implantao das mesmas no se altera-vam: sempre eram implantadas em pontos estratgi-RUA,Salvador,v.2,n.3,p.99-l15,1989

  • cos s margens dos mares e cursos d'gua ou sobreelevaes, dominando a campanha, coadjuvando osistema defensivo das cidades que nasciam.

    Nos primrdios da sua colonizao, a cidade doSalvador estava freqentemente sujeita ao ataquede flibusteiros e piratas. Assim sendo, urgia aadoo de um eficaz sistema de defesa. No entanto,embora estivssemos em pleno sculo XVI, o tipo dearquitetura militar transferido para o Brasil con-servava elementos que vigoravam na Idade Mdia, aexemplo das torres.

    A cidade do Salvador desenvolveu-se ao longo dacosta. Apesar da chamada "mancha-matriz" encon-trar-se no alto de uma escarpa de cerca de 65m dealtura, o acesso mesma poderia ser feito pelointerior, desde que os seus inimigos - quando es-trangeiros - pudessem aportar em zonas nao muitoafastadas do litoral ou - quando se tratasse degentio que ainda hostilizava o branco e se amoita-va nas matas do litoral - resolvessem incursionarnas povoao~s, que aos poucos se afirmavam. Poreste motivo, e dada a dificuldade de comunicaoentre os diversos pontos da costa - o que poderiavir a propiciar um ataque surpresa por parte dosinvasores -, tornou-se necessria a adoo de umeficaz sistema de defesa, que pudesse garantir asua proteo.

  • cadeia de fortificaes defendendo toda a orla ma-rtima da cidade. Por ocasio da aproximao denaus inimigas, antes mesmo de estas ingressaremnas guas da ba1a de Todos os Santos, era dado umsinal (tiros, fogos, etc.) , repetido sucessivamen-te pelos demais elos da cadeia de defesa.

    o primeiro elemento seria a Casa da Torre de Gar-cia d'Avila, seguindo-se os redutos de Itapu eRio Vermelho (inexistentes hoje) e os fortes deSanto Antonio da Barra, Santa Maria, so Diogo,soPedra e so Paulo da Gamboa, so Marcelo, SantoAlberto (que ficava nas imediaes da igreja doCorpo Santo, na Cidade Baixa), so Fernando (im-plantado no local da Associao Comercial) , soFrancisco (localizado na enseada de Aguas de Meni-nos), so Tiago de Agua de Meninos (hoje conhecidocomo Forte da Lagartixa), da Jequitaia (atualmentedescaracterizado), Monte Serrate e so Bartolomeuda Passagem (j desaparecido). Alm destes, exis-tiam ainda a Casa da Plvora (onde hoje estS oQuartel dos Aflitos), o ?orte de So Pedro e o doBarbalho, que davam cobertura a alguns dos j! men-cionados fortes pela parte superior da montanha.Outras fortalezas so igualmente mencionadas emlivros, porm a sua localizao muito duvidosa,de modo que preferimos no as incluir na nossarelao (fig. 1).

    De todos estes elementos de defesa, alguns dosquais simples redutos, a exemplo do de Itapu edaquele do Rio Vermelho, so poucos os que chega-ram aos nossos dias.

  • 1. Reduto do Rio Vermelho2. Forte de Santo Antonio da Barra3. Forte de Santa Maria4. Forte de so Diogo5. Forte de so Pedro6. Bateria de so Pedro e so Paulo da Gamboa7. Casa da Plvora (Aflitos)8. Forte da Ribeira (desaparecido)9. Antigo forte de Santo A1berto (desaparecido)

    10. Forte de so Marcelo11. Forte de so Fernando (desaparecido)12. Forte de so Francisco (desaparecido)13. Forte de Santo Antonio Alm do Carmo14. Fortaleza do Barba1ho15. Quartel da Palma16. Forte de Santo A1berto17. Forte da Jequitaia18. Forte de Monte Serrat19. Forte de so Barto1omeu da Passagem (desaparecido)

    Gostaramos de trazer alguma luz a umafundamental sobre o partido destas obrassa, pois a crnica e antigas iconografiasentrever que algumas delas se tratavam de

    polmicade defe-

    deixamtorres.

    Com relao discutidssima Casa da Torre de Gar-cia d'vila, temos as seguintes concluses a quechegaram estudiosos famosos como Jos Wander1ey dePinho, Borges de Barros, Fernando Fonsca e Pedro

  • Para Wanderley de Pinho, na banda sul da casa-for-te de Tatuapara "h. um c.oJtpo Jte.c.tangulaJt !>aLLe.nte.que. be.m pode.Jtia .6e.Jt antigame.nte. uma toJtJte.,,3. Po-rm, ainda na mesma obra, ele aventa a possibili-dade de terem sido empregados materiais construti-vos de baixa durabilidade e de a edificao primi-tiva em forma de torre ter,pois, desaparecido semdeixar- vestgios.

    Borges de Barros cita o regimento dado por El-Reye escrito pelo Conde de Castanheira, atravs doqual a construo de torres era uma imposio. Ci-ta, ainda, que "GaJtc.ia de. Avilla pe.ne.tJtou a.6 te.Jt-Jta.6 alm de. TatuapaJta, .6e.me.ou c.ultuJta.6, c.on.6tJtuiuc.uJtJtai.6e. le.vantou a toJtJte..6inge.la paJta vigilnc.iada c.o.6ta e.m uma poc.a e.m que. 0.6 c.oJt.6Jtio.6 6Jtanc.e.-.6e..6 c.oJtJtiam 0.6 maJte..6 de. Santa CJtuz c.ata do pa.u--bJta.6il, e. tambm paJta .6e. de.6e.nde.Jtdo.6 ataque.!> in-dZge.na.6. Pode.-.6e. dize.Jt que. e..6.6e..6e.di6Zc.io.6 de..6e.m-pe.nha.vam tJt.6 6une..6: c.a.6a de. Jte..6idnc.ia, c.a.6a60Jtte. paJta a Jte..6i.6tnc.iaao ge.ntio bJtavo ou pO.6tode. vigilnc.ia da c.o.6ta,,4.

    Transcrevendo ainda Borges de Barros, temos: "Em1624 a paJtte. pJtinc.ipal de..6.6e. Ca.6te.llo e..6tavapJtOmptae. e.m .6e.u toJtJte.o .6e. 6ize.Jtam daque.lla data at 1640,quando te.Jtminou a gue.JtJta hollande.za, 0.6 .6igrtae..6que. e.Jtam tJtan.6mittido.6 a S. Joo, Ttapoan, RioVe.Jtme.lho e. BaJtJta, de. dia poJt me.io de. gJtande..6 ban-de.iJta.6 ve.Jtme.lha.6 e. noite. poJt me.io de. 6ac.ho.6,pJte.-

    . d . - d d 5ve.n,(.n. o a apJtox-

  • elemento isolado da mesma? O texto no precisa asua localizao.

    J Fernando Fonsca, alm das consideraoes squais nos remetemos no incio deste artigo, des-creve pormenorizadamente as runas da antiga casados Avila, no somente com referncia distribui-o dos espaos e possveis funes dos mesmos,co-mo tambm s tcnicas construtivas empregadas e shipteses lanadas por outros estudiosos a respei-to de uma possIvel torre a seis metros da porta,dapossibilidade de a torre ser a capela e at mesmoda existncia de uma planta na Alemanha, at hojeno encontrada.

    No livro Hi~t~ia da Ca~a da To~~e, de Pedro Cal-mon, verificamos nova discordncia entre os docu-mentos antigos, quando, no inIcio, lemos que "ato~~e de Ga~eia d'vita tpm e~te nome po~ ~e~ umaea~a mai.6 atta",6e, mais adiante, que a torre eraum elemento que ficava embaixo, "~ob~e a p~aia ~e-

    ,,7. - -eu~va , ~nformaao esta extra da de corresponden-cia do Gov. D. Rodrigo da Costa enviada Corte,em 1702. Ainda de acordo com este documento, "hou-ve antigamente um 6o~te de to~~eo que ~e~via pa~ade6ende~ um po~to donde ~e podia tana~ gente emte~~a,,8, porm, dado o completo arruinamento emque se encontrava o monumento, seria til reedifi-c-lo.

    Do exposto, vislumbramos, inclusive, a possibili-dade de uma dualidade de torres em Tatuapara: uma,aquela primitiva, mencionada em 1702 na carta deD. Rodrigo da Costa, construda com materiais de

  • pouca durabilidade e localizada nas proximidadesdo mar, cuja funo seria a de defender o portoenviando, inclusive, sinais semaf5ricos para asdemais fortalezas que compunham o cordo martimode defes~ da nossa cidade, a outra, um elementodefensivo diretamente ligado casa~forte dos Avi~ia, cuja localizao at hoje no foi precisada,mas que, estando pr5xima casa, no acreditamosfosse capaz de cobrir, com sua artilharia, o portoexistente na Praia do Forte. Seriam sobre esta l~tima torre as referncias feitas no testamento deGarcia d'Avi ia "... e-6tando eu GaJL('..i.a d' v.i..ta mo-JtadoJt na m.i.nha toJtJte de TatuapaJta", " e na-6d.i.ta-6 teJtJta-6 6.i.z mu.i.ta-6 bene.i.toJc..i.a-6c.omo -6.o aIgJc.eja de No-6-6a SenhoJc.a da Conc.e.i.o e a-6 c.a-6a-6 deT do ,,9oJc.Jc.e.pega a-6 a e~a .

    A nossa inteno neste trabalho no , entretanto,provar a existncia da Torre de Garcia d'Avila.ln-clusive encontramos em TJtad.i.e-6 Bah.i.ana-6, de Jooda Silva Campos, uma aluso existncia de umacasa, na cidade do Salv~dor, que, somente pelo fa-to de ter sido construda sobre as runas de umsobrado pertencente famlia dos Avila, foi vul-garmente nomeada Casa da Torre, do que podemosnotar que pode ter sido generalizada a denominao"Casa da Torre" para qualquer edificao perten-cente famlia de Garcia d'Avila. Queremos pro-var a existncia daquela torre que outrora deveriahaver nas {mediaes do stio de implantao dacidade do Salvador - atualmente dentro do nossocontexto urbano -, cujos vestgios tmos fortesesperanas de encontrar atravs de prospeces ar-queolgicas a serem brevemente efetuadas no Forte

  • de Santo Alberto, mais conhecido atualmenteForte da Lagartixa.

    Discorremos em torno da to polemizada torre dosAvila apenas para provar o quanto j foi discutidono meio histrico no que diz respeito utilizaode elementos arquitetnicos daquele tipo para adefesa do territrio baiano, nos primrdios danossa colonizao.

    o Porte de so Tiago de Agu de JlJeninos (da La-gartixa)

    o Forte de so Tiago de Agua de Meninos tem sua da-ta de construo estimada entre 1590 e 1610. Foiconstruido beira-mar e visava de.fendero nico aces-so Cidade Alta,no b:echoda enseadade Agua de ~os.

    Embora tenha sido mencionado por diversos cronis-tas da poca, a primeira icon0grafia que comprovaos primitivos traos arquitetnicos do mesmo datado primeiro quartel do sculo XVII (1624) e foielaborada por Joo Teixeira Albernaz (fig. 2). Aedificao aparece apenas em planta baixa, como umelemento circular maior flanqueado por dois ou-tros, tambm circulares. Este desenho poderia serconsiderado apenas fruto da imaginao do seu au-RUA,Salvador,v.2,n.3,p.99-ll5,1989

  • tor, nao fosse o cadastro da mesma fortiticaoexecutado por Lus dos Santos ViJhena em finais dosculo XVIII (fig. 3), no qual o fortinho aparececom a estrutura b~sica representada por Albernazacrescida de um terrapleno hexagonal irregular, oque nos leva a crer na veracidade do mesmo. Vilhe-na, embora leigo no assunto (era, na realidade,professor de grego), deixou documentos importan-tssimos para o estudo da arquitetura baiana, emespecial a militar.

    Alm do perfil da cidade do Salvador, cadastrouvrias das fortalezas espalhadas na cidade naque-la poca, no apenas em planta baixa, como tambmem elevao. Alguns destes desenhos representam ni-tidamente a planta baixa de certas fortificaesque at hoje sofreram poucas alteraes; da o fa-to de crermos em seus levantamentos.

    Constatamos, ainda, em iconografia da autoria deThomas Paranhos (sc. XIX), que o elemento circu-lar no mais existia, tendo sido substitudo porum elemento trapezoidal, mais adequado ao sistemadefensivo vigente na poca.

    Com relao s transformaes sofridas ao longodos anos, v~rias foram as menes feitas em docu-mentos antigos, porm nenhuma delas registrada gra-ficamente.

    o forte teve participao nas guerras contra osholandeses (foi tomado sem luta em duas investidasbatavas), na Sabinada e nas lutas pela Independn-cia da Bahia, tendo sido dado do seu interior oRUA,Salvador,v.2,n.3,p.99-IIS,1989

  • Fig.3 ~.Forte de Santo Alberto ~ sc. XVIIIFonte; VILHENA, Carta VI

  • sinal de retirada das tropaS do Gal. Madeira deMelo.

    Quanto ao stio de implantao, esteve pratic~en~te inalterado at o inicio deste s~culo, quando,por ocasio das obras de implantao do porto dacidade, foi ~ por fora de aterros sucessivos -en-cravado entre o mar e aS ;faldas da montanha, es-tando hoje entre duas vias de grande movimento. Nadcada de 60, suas instalaoes foram convertidasem sede do Clube de Subtenentes e Oficiais doExrcito, o que o desfigurou parcialmente sem, noentanto, destru-lo.

    As pesquisas realizadas at o presente momento le-varam-nos a crer que, a poucos centmetros (cercade SOem) da cota interna de piso do dito fortinho,e a uma profundidade de 1,S a 2,0 metros do nveldo passeio, poderemos encontrar as provas concre-tas da existncia de uma das antigas torres queguarneciam a cidade. A realizao de prospecesarquol5gicas no local, a serem efetuadas combase em uma planta previamente elaborada (fig. 4),servir para comprovar a veracidade das nossasindac;Jaes.

    Os pontos a serem investigados com o auxlio det~incheiras so exatamente aqueles onde, superpon-do~se as diversas plantas baixas existentes do di-to forte, ou seJ~ ~s de autoria de Albernaz, Vi-lhena, Thomas Paranhos, - o levantamento realizadoem 1988, acreditamos serem en~~~tradas as funda-es das antigas paredes. Se isto occrrer, estare~RUA,Salvador,v.2,n.3,p.99:llS,1989

  • Fig.4 - Estudo arqueolgico:1 a 6 - Ftmdaesdatadasdos sc. XVII e XIX

    7 - Ftmdaese antigasinstalaessanit-rias (sc.XIX)

    mos confirmando as nossas expectativas e compro-vando o que a iconografia j provou. Alm disto,reforaremos a hiptese de que, desde quando forconstatada a existncia de uma das torres previs-tas nestas antigas ilustraes, nada mais lgicodo que as outras torres tambm representadas nosmesmos documentos tenham existido, ou seja, quea cidade do Salvador era realmente flanqueada portais elementos de defesa.

    1. Ramelli, p.281.2. Fonsca, p.62.3. Pinho, p.405-6.4. Barros, p.48.RUA,Salvador,v.2,n.3,p.99-115,1989

  • 5. Ibid., p.49.6. Vieira apud Calmon, p.31.7. Calmon, p.28.8. Ibid., p.28.9. Calmon, op.cit., p.212-3.

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