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Estudo de Impacto Ambiental EIA Infraestruturas do Distrito Industrial de São João da Barra Maio, 2011 Rev. 00 VI. 3-1/67 3 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS 3.1 EMBASAMENTO ROCHOSO 3.1.1 Panorama Geológico Regional A região do Norte Fluminense é constituída por rochas cristalinas do embasamento Pré-Cambriano, sedimentos cenozóicos associados à Planície Costeira do rio Paraíba do Sul, representados pela Formação Barreiras do período Terciário e por depósitos colúvio-aluvionares, depósitos praiais eólicos, marinhos e lagunares e depósitos flúvio-lagunares do período Quaternário (Mapa 3.1-1).

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VI. 3-1/67

3 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS

3.1 EMBASAMENTO ROCHOSO

3.1.1 Panorama Geológico Regional

A região do Norte Fluminense é constituída por rochas cristalinas do embasamento Pré-Cambriano, sedimentos cenozóicos associados à Planície Costeira do rio Paraíba do Sul, representados pela Formação Barreiras do período Terciário e por depósitos colúvio-aluvionares, depósitos praiais eólicos, marinhos e lagunares e depósitos flúvio-lagunares do período Quaternário (Mapa 3.1-1).

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Fevereiro, 2011 – Rev. 00

3.2-3/67 MAPA 3.1-1: GEOLOGIA REGIONA

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VI. 3-5/67

A Planície Costeira do rio Paraíba do Sul, conhecida por Baixada dos Goytacazes ou Baixada Campista, que domina a região, é formada principalmente por sedimentos marinhos/transicionais (terraços marinhos pleistocênicos e holocênicos), continentais fluviais e lagunares (MARTIN et. al., 1997, apud TERNIUM/ECOLOGUS, 2010). A Figura 3.1-1, a seguir, mostra as nove unidades distintas desta planície. A Área de Influência abrange cinco destas unidades: sedimentos lagunares; terraço pleistocênico; alinhamentos de cristas de praia holocênicos; alinhamentos de cristas de praia pleistocênicos; e paleocanais fluviais.

FIGURA 3.1-1: MAPA GEOLÓGICO DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO PARAÍBA DO SUL - (1) TERRAÇO

MARINHO HOLOCÊNICO; (2) SEDIMENTOS LAGUNARES; (3) SEDIMENTOS FLUVIAIS (DELTA

INTRALAGUNAR); (4) TERRAÇO PLEISTOCÊNICO; (5) FORMAÇÃO BARREIRAS; (6) EMBASAMENTO

CRISTALINO PRÉ-CAMBRIANO; (7) ALINHAMENTOS DE CRISTAS DE PRAIA HOLOCÊNICOS; (8) ALINHAMENTOS DE CRISTAS DE PRAIA PLEISTOCÊNICOS; (9) PALEOCANAIS FLUVIAIS.

FONTE: MARTINS ET. AL. (1997, APUD TERNIUM/ECOLOGUS 2010).

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A planície costeira do rio Paraíba do Sul é composta por terrenos arenosos de terraços marinhos, cordões arenosos e campos de dunas. Suas superfícies são subhorizontais, com microrrelevo ondulado de amplitudes topográficas inferiores a 20 m, geradas por processos de sedimentação marinha e/ou eólica. A drenagem apresenta padrão paralelo e acompanha as depressões intercordões. A litologia, formada por sedimentos holocênicos, propiciou o afloramento de unidades geológicas denominadas Depósitos Praias Eólicas, Marinhos e Lagunares e Depósitos Flúvio-Lagunares, ambas formadas também no Quaternário, conforme pode ser visualizado no Mapa 3.1-1 (CPRM, 2001).

Na Área de Influência Direta do Distrito Industrial predomina a unidade geológica Depósitos Praias Eólicas, Marinhos e Lagunares, enquanto que a Área de Influência Indireta é constituída em sua maioria por Depósitos Flúvio-Lagunares (os quais estão relacionados a episódios distintos de progradação fluvial sobre um ambiente transicional e marinho raso).

Os Depósitos Flúvio-Lagunares correspondem a terrenos argilosos orgânicos de paleolagunas colmatadas, sendo representados por areias e argilas, sobrejacentes a camadas de areias biodetríticas e sedimentos lamosos de fundo lagunar. Em alguns locais observa-se a presença de turfas. Nos depósitos associados ao canal fluvial (depósitos residuais de canais) ocorrem areia e cascalho (MPX/CRA, 2009).

Os Depósitos Praias Eólicas, Marinhos e Lagunares têm seu desenvolvimento associado a áreas costeiras e são constituídos por areias quartzosas esbranquiçadas, finas a médias, bem selecionadas, recobertas por areias eólicas na forma de depósitos mantiformes ou dunas transgressivas, apresentando estratificações cruzadas de pequeno e médio porte nas fácies eólicas (OSX/CRA, 2010). Porém, alguns Depósitos Praiais Marinhos apresentam estratificação plano-paralela com mergulho suave em direção ao mar. Os depósitos eólicos que recobrem os sedimentos praiais são constituídos por areias com características semelhantes, de granulometria mais fina e que se apresentam na forma de depósitos eólicos mantiformes, quando ocorrem nas proximidades da linha de costa, ou na forma de dunas transgressivas, quando mais interiorizadas (MPX/CRA, 2009).

Podem apresentar grandes quantidades de conchas e exibem alinhamentos de cristas praiais mais contínuos e pouco espaçados, podendo atingir vários quilômetros de largura próximos a desembocaduras fluviais mais significativas, como as associadas ao rio Paraíba do Sul.

Os depósitos praiais lagunares, ocorrentes na região de retro barreira, são formados pela sedimentação subaérea que margeia os corpos aquosos costeiros. São constituídos por sedimentos arenosos com boa maturidade textural e mineralógica e estão interdigitados com depósitos fluviais ou depósitos de fundo lagunar (OSX/CRA, 2010). Segundo CPRM (2001), os sistemas lagunares holocênicos ocorrem nas zonas baixas, separando terraços arenosos pleistocênicos e holocênicos ou nos cursos inferiores de grandes vales não-

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preenchidos por sedimentos fluviais, sendo constituídos por sedimentos sílticos e/ou areno-argilosos ricos em matéria orgânica, podendo frequentemente conter grande quantidade de conchas de moluscos de ambientes lagunares.

As fácies paludiais do sistema lagunar holocênico, que englobam turfeiras, pântanos e alagadiços, têm sua origem associada ao processo natural de colmatação de corpos aquosos costeiros, que vão sendo progressivamente recobertos por vegetação à medida que suas lâminas d’água diminuem, devido ao abaixamento do nível relativo do mar (MPX/CRA, 2009).

3.1.2 Geologia das Áreas de Influência Indireta e Direta

3.1.2.1 Estratigrafia

A área é composta de embasamento rochoso e sedimentos formados em diferentes períodos geológicos, conforme pode ser observado no Quadro 3.1-1.

Ocorrem tanto sedimentos cenozóicos, constituídos por depósitos sedimentares terciários (Formação Barreiras) e quaternários (Depósitos Colúvio-Aluvionares; Depósitos Praiais Eólicos, Marinhos e/ou Lagunares; e Depósitos Flúvio-Lagunares), quanto rochas do embasamento cristalino, representadas pelos Granitóides Pós-Tectônicos, do paleozóico, e por granitos e gnaisses do Complexo Paraíba do Sul, da Suíte Angelim, da Suíte Bela Joana e da Suíte Desengano, do pré-cambriano. No contexto dos Sedimentos Cenozóicos, ocorrem a Formação Barreiras e os depósitos sedimentares quaternários holocênicos, representados pelos Depósitos de Praias Eólicos, Marinhos e/ou Lagunares e pelos Depósitos Flúvio-Lagunares.

As formações são apresentadas a seguir de acordo com o período geológico de suas constituições.

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QUADRO 3.1-1: ESTRATIGRAFIA GERAL E PRINCIPAIS LITOTIPOS DA AID

PERÍODO UNIDADES DESCRIÇÃO DOS LITOTIPOS

Cen

ozó

ico

Qu

ate

rnári

o Depósito Praias Eólicos,

Marinhos e/ou Lagunares Areias quartzosas.

Depósito Flúvio-Lagunares Areias, argilas e ocorrências de turfas.

Depósito Praiais Marinhos e/ou Lagunares

Areias quartzosas marinhas e/ou lagunares

Depósitos Colúvio-Aluvionares Cascalhos, areias e lamas.

Terc

iári

o

Formação Barreiras Depósitos detríticos com granulometria

cascalho, areia argilo-arenosas e argilas geralmente contendo horizontes lateríticos.

Pale

ozó

ico

Cam

bri

an

o

Granitóides Pós-Tectônicos – Granito Itaoca

(Hornblenda)-biotita granitóides do tipo-I Granitóides Pós-Tectônicos –

Granito Morro do Côco

Pro

tero

ico

Pré

-Cam

bri

an

o Suíte Angelim

Granitóides com fabric planar e minerais máficos

Suíte Bela Joana Granito tipo C, charnockito, associado a

enderbito e norito.

Suíte Desengano Granito tipo S com granada, muscovita e biotita.

Complexo Paraíba do Sul Gnaisses, quartzito frequentes, xistos

grafitosos, rocha calcissilicática, metacarbonática, mármores.

Fonte: Adaptado de CPRM (2001).

3.1.2.2 Embasamento Cristalino

As rochas do embasamento cristalino são predominantemente Granitóides Pós-Tectônicos e granitos e gnaisses do Complexo Região dos Lagos, Complexo Paraíba do Sul, do Complexo Búzios, da Suíte Desengano, da Suíte Bela Joana e da Suíte Angelim.

Embora a maioria dos Granitóides Pós-Tectônicos esteja representada por (hornblenda)-biotita granitos s.s., também ocorre uma ampla variedade de rochas com composições variadas: sienogranítica, monzogranítica (adamelítica), granodiorítica, tonalítica e quartzo diorítica. Allanita, titanita, apatita, opacos e zircão são minerais acessórios comuns.

O Complexo Região dos Lagos, de idade paleoproterozóica, é composto por ortognaisses bandados, dobrados, cinzentos, com abundantes paleodiques anfibolíticos deformados. Várias fases de granitóides intrusivos não deformados cortam os gnaisses.

As rochas do Complexo Paraíba do Sul, de idade mesoproterozóica, são representadas pela Unidade São Fidélis, constituída, predominantemente por

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granada-biotita-sillimanita gnaisses quartzo-feldspáticos (metagrauvacas). Frequentemente ocorrem intercalações de gnaisse calcissilicático e quartzito. Também se observam rochas calcissilicáticas e metacarbonáticas; e pela Unidade Italva, caracterizada principalmente pela presença de mármores. Encontram-se tectonicamente imbricados com granada-biotita-sillimanita gnaisses quartzo-feldspáticos, a quartzo-anfibólio-clinopiroxênio gnaisses (rochas calcissilicáticas).

O Complexo Búzios, de idade mesoproterozóica é constituído por associações metapelíticas (xistos, gnaisses e quartzitos), calcissilicáticas (com níveis boudinados de até 20 cm de espessura e níveis de biotita-diopsídio gnaisse, com espessura de no máximo seis metros) e anfibolíticas (anfibolitos e gnaisses), sendo esta última constituída por intercalações das duas associações anteriores (metapelítica e anfibolítica), apresentando níveis de biotita-diopsídio gnaisse (CPRM, 2001).

De acordo com o RADAMBRASIL (1983), a Suíte do Desengano, de idade neoproterozóica, é representada por rochas cristalinas como o granito tipo-S com granada, muscovita e biotita. Localmente podem ser observados domínios e “manchas” charnockíticas portadoras de granada e ortopiroxênio. Xenólitos e restitos de paragnaisses parcialmente fundidos (migmatitos de injeção) ocorrem com frequência.

A Suíte Bela Joana, de idade Neoproterozóica, compreende granitos tipo C, granada-hornblenda-clinopiroxênio-ortopiroxênio charnockito associado à enderbito e norito, apresentando coloração cinza escura a esverdeada. Já a Suíte Angelim é caracterizada por granitóides com fabric planar, marcada pelo alinhamento de pórfiros esbranquiçados de feldspato e pelos minerais máficos. Muitas vezes apresentam-se milonitizados, particularmente nos contatos com o Complexo Paraíba do Sul.

3.1.2.3 Sedimentos Cenozóicos

Predominam sedimentos do período Terciário e Quaternário. Na área do empreendimento ocorrem os sedimentos terciários da Formação Barreiras e os sedimentos quaternários representados por depósitos praiais, eólicos, marinhos e lagunares; depósitos flúvio-lagunares; depósitos praiais marinhos e lagunares; e depósitos colúvio-aluvionares.

Na região costeira ocorre uma série de ambientes de sedimentação quaternária, associados a sistemas deposicionais de origem continental e transicional/marinho. Esses depósitos estão relacionados aos processos costeiros associados aos eventos de transgressão e regressão marinhas.

Registram-se pelo menos dois máximos transgressivos associados a períodos interglaciais: a penúltima transgressão, datada de aproximadamente 120.000 anos (Pleistoceno Superior), e a última, datada de aproximadamente 5.100 anos (Holoceno) (MARTIN et. al., 1997 apud LLX/CRA, 2009). Essas

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variações do nível do mar marcaram períodos cíclicos de erosão e sedimentação dos depósitos continentais e marinhos, que forjaram a atual morfologia da região.

A partir de 5.100 anos, foram geradas ilhas-barreira que isolaram extensos corpos lagunares com características distintas (AMADOR, 1985 apud LLX/CRA,2009) e delinearam a configuração atual das baixadas, marcadas por intensa sedimentação flúvio-marinha, flúvio-lagunar e flúvio-deltáica, resultante do período de regressão marinha subsequente ao máximo transgressivo holocênico.

O litoral é caracterizado pelo sucessivo empilhamento/truncamento de cristas de cordões arenosos e, na retaguarda desses cordões, por uma extensa planície flúvio-lagunar, resultante do ressecamento da lagoa Feia sendo recoberta, em parte, por uma extensa baixada flúvio-deltáica.

3.1.2.4 Terciário

Os depósitos da Formação Barreiras caracterizam-se por sedimentos continentais areno-argilosos e argilo-arenosos inconsolidados que, de acordo com RAMALHO (2005) ao serem limonitizados, formam concreções ou crostas ferruginosas, que podem aflorar na forma de matacões.

Esse pacote sedimentar é constituído de três unidades:

Areias grossas a conglomeráticas, com matriz caulínitica e estruturas de estratificação cruzada planar na base do pacote;

Interlaminações de areias grossas quartzosas com matriz areno-argilosa e argilas arroxeadas levemente arenosas; e

No topo do pacote, um nível de argilas de cores vermelha e branca (FERRARI et. al., 1981 apud LLX/CRA, 2009)

As flutuações do nível do mar e as alterações paleoclimáticas foram as principais causas da formação das planícies litorâneas brasileiras (MARTIN et al., 1997, op. cit.). No modelo de evolução paleogeográfica e paleoclimática proposto por MARTIN et. al. (op. cit.), para o litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, a sedimentação Barreiras ocorreu provavelmente durante o Plioceno, quando o clima era semi-árido, sujeito a chuvas esporádicas torrenciais. Dessa forma, teriam formado amplas faixas de leques aluviais no sopé das encostas constituídas pelas rochas do embasamento (GHIGNONE, 1979).

Nessa época o nível do mar era mais baixo que o atual, e os sedimentos da Formação Barreiras entulharam a plataforma continental (BIGARELLA & ANDRADE, 1964). A sedimentação Barreiras foi interrompida quando o clima passou a ser mais úmido (VILAS-BOAS et. al., 1979), e, no Pleistoceno, uma transgressão marinha começou a erodir a porção mais externa da Formação Barreiras, formando as falésias que ocorrem no Nordeste do Brasil.

O Quadro 3.1-2 apresenta as fácies sedimentares da Formação Barreiras que nos permite verificar as condições em que se realizaram os depósitos.

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QUADRO 3.1-2: FÁCIES SEDIMENTARES ENCONTRADAS NA FORMAÇÃO BARREIRAS.

Fonte: Adaptado de MORAIS et. al. (2006, apud OSX/CRA, 2010).

FÁCIES CÓDIGO DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS INTERPRETAÇÃO

Cch

Cascalhos sustentados pelos

clastos, com estratificação horizontal

pouco definida e clastos comumente

imbricados

Ocorrem em camadas com geometria lenticular a lenticular extensa, apresentando

seixos e blocos arredondados a subarredondados, com cerca de até 10 a 15 cm de eixo

maior. Os clastos são predominantemente quartzosos, ocorrendo em menor quantidade

clastos de feldspato e de litoclastos alterados

Barras longitudinais;

depósitos residuais

CcpCascalhos sustentados pelos

clastos, com estratificação cruzada

Clastos predominantemente quartzosos, arredondados a subarredondados, com

tamanho médio variando de 10 a 15 cm de eixo maior

Migração de barras

transversais de cascalhos

CmmCascalho sustentado pela matriz,

maciços

Cascalhos maciços, polimíticos, sustentados pela matriz. O tamanho de seus clastos

varia desde 10 a 20 cm (em média) até 1 m de eixo maior; suas camadas podem

apresentar uma geometria subtabular a lenticular. Estes depósitos apresentam matriz

de composição areno-argilosa e feldspática.

Fluxo de detritos de alta

energia

AcaAreias com estratificação cruzada

acanalada de baixo ângulo

Areias grossas a muito grossas, pouco selecionadas, quartzosas e feldspáticas, com

estratificações cruzadas acanaladas de ângulo baixo. Pode apresentar concentrações

de cascalho na base das camadas e, por vezes, observa-se a presença de intraciastos

de argila. Apresenta-se, geralmente, bastante ferruginizada, com cores

predominantemente avermelhadas.

Migração de

megaondulações de crista

sinuosa

Ah Areias com estratificação horizontal

Areias grossas a muito grossas, quartzosas e feldspáticas, com estratificação

horizontal. Por vezes, nota-se que a estratificação é determinada por alinhamento

pouco definido de seixos. Apresenta cores avermelhadas, relacionadas à intensa

ferruginização. Intraclastos de argila podem estar associados a esta fácies.

Migrações de forma de

leito plano

AmAreias maciças ou sem estrutura

aparente

Areias médias a grossas, macças ou sem estrutura aparente, com grãos angulosos e

subangulosos, mal selecionados, quartzosos e feldspáticos. Geralmente possui matriz

caulínica, apresentando, em algumas situações, seixos de quartzo, feldspato e, por

vezes, litoclastos dispersos. Estes seixos frequentemente ocorrem localizados em

camadas delgadas ou na base das camadas. A cor é frequentemente cinza

esbranquiçada a arroxeada, devido à ferruginização.

Depósitos de fluxos

gravitacionais de

sedimentos; modificações

pós-deposicionais;

intensa decantação de

areia em suspensão

La1 Lamitos argilosos

Lamitos argilosos, maciços, de cores variando de branca acinzentada a arroxeada,

devido à ferruginização. Ocorrem grânulos e pequenos seixos de quartzo dispersos em

meio à matriz caulínica.

Decantação de finos ou

fluxos gravitacionais de

sedimentos

La2 Lamitos arenosos

Lamitos arenosos, maciços, com grânulos e seixos de quartzo e feldspato alterado

dispersos na matriz caulínica. Apresenta, geralmente, forte mosqueamento, por

ferruginização, e as mesmas cores dos sedimentos da fácies La1

Fluxos gravitacionais de

sedimentos

Cascalho

Arenosas

Lamosas

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3.1.2.5 Quaternário – Pleistoceno

A - Depósitos Colúvio-Aluvionares

Os depósitos colúvio-aluvionares são constituídos por cascalhos, areias e lamas resultantes da ação de processos de fluxos gravitacionais e aluviais de transporte de material de alteração das vertentes. Apresentam espessura, extensão e granulometria variadas, de argila até blocos de rocha e matacões provenientes do embasamento. Nas regiões de baixa declividade e ao longo das drenagens ocorrem sedimentos arenosos e lamosos, eventualmente com cascalheiras.

Estes depósitos podem ocorrer interdigitados com depósitos deltáicos, lagunares ou praiais marinhos e são subdivididos em:

Depósitos de fundo de canal, constituídos por areias e cascalhos; Depósitos de planície de inundação, caracterizados por sedimentação lamosa; Depósitos de rompimento de diques marginais, compostos por areia e lama; e Depósitos de meandro, caracterizando sedimentação essencialmente arenosa.

B - Depósitos Praias Marinhos e Lagunares

Os depósitos praiais marinhos e lagunares relacionam-se ao evento transgressivo marinho ocorrido durante o Pleistoceno (123 mil anos). São depósitos arenosos, de origem praial marinha e/ou lagunar, recobertos por areias eólicas. As fácies praiais são compostas por areias quartzosas, médias até muito finas, de coloração amarelo-clara até acastanhada, eventualmente contendo estruturas sedimentares do tipo estratificação cruzada acanalada e tubos fósseis de Callichirus major, quando de origem marinha. As fácies eólicas são compostas por areias quartzosas, de granulometria fina e coloração amarelo-acastanhado até avermelhado, muitas vezes enriquecidas em matriz secundária, composta por argilas e óxidos de ferro.

A presença de cristas praiais na superfície dos depósitos arenosos indica que esses terraços não foram submersos durante a última transgressão. Estes depósitos apresentam “cicatrizes” características das antigas drenagens que estavam ativas quando o nível de base era inferior ao atual.

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VI. 3-13/67

3.2 EXPLORAÇÃO MINERAL

3.2.1 Potencial Mineral

Conforme CPRM (2000), o município de São João da Barra (AID e AII), possui substâncias como: calcário, grafita, ilmenita, minerais pesados, monazita, rutilo, turfa e zirconita. Já o Município de Campos (AII) apresenta substâncias como: água mineral, areia, argila, brita, diatomita, feldspato, gipsita, gnaisse, granito, mármore, magmatito, ouro, pegmatito, quartzo, saibro e turfa (CPRM, op. cit.).

Na planície aluvial observa-se exploração de argila para a fabricação de cerâmica vermelha e de areia fina para argamassa. Há olarias e cerâmicas nas localidades rurais de Beira do Taí, Espinho, São Sebastião, Saturnino Braga, Mussurepe, Cazumbá e São Bento. A produção da cerâmica vermelha concentra o maior número de empresas e o maior volume de produção no Estado, estando situada no entorno da rodovia RJ 216, que une a cidade de Campos a vila de Farol de São Tomé.

3.2.2 Processos de Titularidade Minerárias

A seguir é procedida uma análise da exploração dos recursos minerais existentes nas Áreas de Influência Direta e Indireta do empreendimento.

A partir da consulta ao banco de dados Sistema de Informação Geográfica da Mineração (SIGMINE), disponível no site do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), foram levantados os processos de titularidade minerária existentes nas Áreas de Influência Direta e Indireta do empreendimento, que engloba áreas dos municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, apresentados no Mapa 3.2-1.

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IV. 3-15/67 MAPA 3.2-1: MAPA DE TITULARIDADE MINERARI

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VI. 3-17/67

O SIGMINE contém informações importantes acerca dos processos de titularidade minerária existentes na AII e AID, uma vez que disponibiliza as

poligonais das áreas com títulos minerários, bem como o número de seus respectivos processos no DNPM, a fase em que se encontram e os nomes dos requerentes dos processos. A partir desses dados, é possível inferir a disponibilidade mineral.

Atualmente, estão em tramitação no DNPM 208 processos de titularidade minerária na AII (Anexo VI.3.2-1) e 15 processos na AID (Anexo VI.3.2-2). Na AII, a maioria dos processos se encontram em fase de licenciamento, requerimento de licenciamento e autorização de pesquisa. Na AII, há 85

processos em fase de licenciamento, o que corresponde a 40 % do número total e 53 processos (ou 26 % do total) em fase de requerimento de licenciamento, como pode-se observar na Figura 3.2-1.

FIGURA 3.2-1: FASES DOS PROCESSOS DE TITULARIDADE MINERÁRIA NA AII (%).

A AID e a AII apresentam cenários diferenciados, uma vez que a maioria dos processos de titularidade minerária da AID encontra-se no estágio de

autorização de pesquisa (67%), seguido pelo estágio de requerimento de pesquisa (27%), conforme pode ser visto na Figura 3.2-2.

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VI. 3-18/67

FIGURA 3.2-2: FASES DOS PROCESSOS DE TITULARIDADE MINERÁRIA NA AID (%).

A substância com maior número de processos de titularidade na AID é a areia, como pode ser visualizado na Figura 3.2-3. Dos 15 processos de titularidade

minerária, 5 ou 33%, são dessa substância. A areia é seguida pela ilmenita, com 4 processos, e pelo minério de ouro, com 3 processos. Todos os processos de titularidade da areia, substância muito explorada em todo o Estado do Rio de Janeiro, devido à sua grande utilização para construção civil, estão em fase de autorização de pesquisa, enquanto a maior parte dos processos de ilmenita estão em fase de requerimento de pesquisa.

FIGURA 3.2-3: NÚMERO DE PROCESSOS DE TITULARIDADE POR SUBSTÂNCIAS NA AID (%).

Na AID, têm-se ainda processos relativos à exploração de turfa e granito. A

substância turfa possui 2 processos (7% do total) em fase de disponibilidade e autorização de pesquisa, enquanto a exploração de granito é requerida em 1 processo, que se encontra em fase de requerimento de pesquisa.

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VI. 3-19/67

Pode-se observar pela Figura 3.2-4 que, na AII, a substância com maior número de processos de titularidade foi a argila com 128 processos ou 65% do total do número de processos, seguida pela areia, que teve 65 processos de extração requeridos (31,5% do total dos processos). Em menores quantidades, foram abertos processos referentes ao minério de ouro, ilmenita, granito, saibro e turfa. Os processos referentes a argila estão em fases distintas. Na fase de licenciamento são 73 requerimentos de licenciamento, 50 de disponibilidade, 4 processos e somente 1 autorização de pesquisa.

FIGURA 3.2-4: NÚMERO DE PROCESSOS DE TITULARIDADE POR SUBSTÂNCIAS NA AII (%).

Além de ser substância que possui a maior quantidade de processos na AID, a areia também representa a substância com maior área a ser explorada, pois corresponde a 44,4% da área total de todos os processos (99,31 km²), enquanto a área de minério de ouro corresponde a 24% da área total que está em processo (53,27 km²). A ilmenita vem em terceiro lugar com 20,3% da área total (45,06 km²). A turfa possui as menores áreas com 24,62 km² ou 11,1% da área total (Figura 3.2-5).

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VI. 3-20/67

FIGURA 3.2-5: ÁREA DAS SUBSTÂNCIAS NOS PROCESSOS DE TITULARIDADE NA AID(%).

Na AII, a substância que possui a maior área é a ilmenita (Figura 3.2-6), com 21,92 km² (33,46%), seguida pela areia, com 16,92 km² (25,84%). A argila tem uma área a ser explorada correspondente a 16,35 km² (24,97%), sendo, portanto, a terceira maior área. Com a quarta maior área está o minério de ouro com 7,3 km² (11,13%). O saibro e a turfa apresentam áreas muito pequenas, inferiores a 1% do total.

FIGURA 3.2-6: ÁREA DAS SUBSTÂNCIAS NOS PROCESSOS DE TITULARIDADE NA AII(%).

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3.3 GEOMORFOLOGIA

3.3.1 Panorama Geomorfológico Regional

Este Item apresenta as Unidades Morfoestruturais, a Caracterização Topográfica e Geotécnica das Áreas de Influência Direta e Indireta do empreendimento, incluindo:

A estratigrafia da Área de Influência do Distrito Industrial; Os Processos Erosivos e a província geomorfológica Planície Quaternária,

subdivida em Planícies Flúvio-marinhas (Baixada Campista) e a Planícies Costeiras (Cordões Litorâneos); e

A delimitação das unidades geomorfológicas ou morfoesculturais presentes na AID e na AII.

Segundo a Avaliação Ambiental Estratégica do Complexo do Açu (LLX, 2009), com relação ao aspecto Dinâmica Costeira, têm-se como principais características, problemas e oportunidades:

Processos morfológicos e estabilidade do litoral favorável à implantação do Complexo. A planície costeira em torno do rio Paraíba do Sul é constituída por uma sequência de cordões litorâneos, que vão sendo gradualmente anexados à costa, deixando visíveis relíquias de lagoas e canais intermediários.

O Cabo de São Tomé redireciona a linha de costa de norte-sul para nordeste - sudoeste. Esta é uma área de intensa acumulação de areia, oriunda dos dois trechos de costa em direção ao cabo, onde extensos bancos de areia submersos estão localizados. Sua localização é privilegiada, sujeita ao ataque de ondas oriundas tanto do setor Nordeste como de Sudeste, o transporte de sedimentos promovido por ondas, independentemente da época do ano, converge para o cabo. Por essa razão há um enorme banco de areia submerso ao lago do Cabo de São Tomé.

3.3.2 Unidades Geomorfológicas da AII e AID

As unidades geomorfológicas do Estado do Rio de Janeiro encontram-se hierarquizadas, segundo o Estudo Geoambiental do Estado do Rio de Janeiro realizado pela CPRM (2001), em Unidades Morfoestruturais, Unidades Morfoesculturais, Unidades Geomorfológicas e Sistema de Relevo.

A geomorfologia da Área de Influência Indireta (AII) é caracterizada por:

Planícies Costeiras em área de Depósitos Sedimentares Cenozóicos, com a presença de Formação Barreiras; e

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VI. 3-22/67

Planícies Colúvios-Alúvios Marinhas e Planícies Flúvio-Lagunares nas proximidades das diversas lagunas.

Os depósitos sedimentares incluem aluviões compostos por areias, cascalhos, argilas inconsolidadas e sedimentos marinhos, constituindo dunas, restingas, cordões litorâneos, planícies e terraços marinhos, flúvio-marinhos e fluviais, comprovando as ações de processos morfogenéticos recentes e variações do nível do mar. Estes depósitos compreendem morfologias típicas de áreas em processos degradativos e de agradações.

As Bacias Sedimentares Cenozóicas são subdivididas nas unidades morfoesculturais Tabuleiros de Bacias Sedimentares; Planícies Flúvio-marinhas (Baixadas) e Planícies Costeiras, estas duas últimas presentes na AII e AID. Essa

unidade corresponde a rochas sedimentares, pouco litificadas, de idade eocenozóica, e sedimentos inconsolidados, neocenozóicos. As rochas sedimentares estão armazenadas em bacias tafrogênicas continentais, resultantes da tectônica extensional gerada no início do Cenozóico.

Os sedimentos inconsolidados das baixadas e planícies costeiras foram gerados ao longo dos ciclos transgressivos e regressivos da linha de costa durante o Quaternário. A partir do último máximo transgressivo, a atual linha de costa registra um “afogamento” generalizado do relevo, observado nas atuais rias, baías e lagunas e nas colinas e morros isolados nos recôncavos das baixadas.

De acordo com DANTAS (2000), a sedimentação marinha da planície deltaica do rio Paraíba do Sul, a qual a AII e AID encontra-se inserida, é constituída por um

empilhamento de feixes de cordões litorâneos de origem marinha, ao sul da desembocadura do rio Paraíba do Sul, ou de origem fluvial e marinha, ao norte da desembocadura. “Essa diferenciação do padrão sedimentar nas duas porções da planície deltaica decorre do fato de que ocorre um predomínio no sentido da corrente de deriva litorânea de sul para norte” (DANTAS, 2000).

As Áreas de Influência estão localizadas sobre as unidades geomorfológicas planícies colúvio-alúvio-marinhas, planícies costeiras e planícies flúvio-lagunares (Mapa 3.3-1), sendo que na Área de Influência Direta há um predomínio da unidade planície costeira, enquanto na Área de Influência Direta a unidade geomorfológica majoritária é a planície colúvio-alúvio-marinha Estas unidades geomorfológicas são descritas a seguir:

Planície Colúvio-Aluvionar Marinha

Composta por terrenos argilo-arenosos das baixadas. São superfícies subhorizontais, com gradientes extremamente suaves e convergentes à linha de costa, de interface com os sistemas deposicionais continentais (processos fluviais e de encosta) e marinhos. Possuem terrenos mal drenados com padrão de canais meandrante e divagante e presença de superfícies de aplainamento e pequenas colinas ajustadas ao nível de base das Baixadas.

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VI. 3-23/67

Planície Flúvio-Lagunar:

Compreende terrenos localizados nas duas margens do rio Paraíba do Sul. Na margem esquerda ocorre ao norte da cidade de Campos, e na margem direita, próximo a localidade de Pipeira e São Sebastião de Campos. Abrange terrenos argilosos orgânicos de paleolagunas colmatadas e superfícies planas, de interface com os Sistemas Deposicionais Continentais e Lagunares. Esta unidade é composta por terrenos muito mal drenados com lençol freático subaflorante.

Planície Costeira

Composta por terrenos arenosos de terraços marinhos, cordões arenosos e campos de dunas. Apresenta superfícies subhorizontais, com microrrelevo ondulado de amplitudes topográficas inferiores a 20 m, geradas por processos de sedimentação marinha e/ou eólica. Possui terrenos bem drenados com padrão de drenagem paralelo, acompanhando as depressões intercordões. Compreende mais de 90% da área do Distrito Industrial, além do trecho da extremidade leste da AII.

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MAPA 3.3-1: GEOMORFOLOGI

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VI. 3-27/67

3.3.3 Topografia, Estratigrafia e Geotecnia do Terreno do DISJB

As variações do nível do mar durante o Período Quaternário constituem o principal mecanismo da formação dos sedimentos marinhos das planícies costeiras brasileiras, tendo sido inferidos pelo menos dois ciclos de sedimentação entremeados por eventos erosivos associados a episódios transgressivos de níveis do mar mais elevados que o atual (Figura 3.3-1).

FIGURA 3.3-1: VARIAÇÕES DO NÍVEL DO MAR NO PERÍODO QUATERNÁRIO.

FONTE: TERNIUM/ECOLOGUS (2010).

No caso específico da área de estudo há o fato de que a barra do rio Paraíba do Sul sofre bloqueio parcial e intermitente por bancos móveis de areia, tendo a foz sofrido variações morfológicas formando, muitas vezes, lagunas remanescentes. A este complexo processo flúvio-lacustre-marinho acrescenta-se o mecanismo eólico de formação de dunas, que provoca heterogeneidades no estado de adensamento (pressões de pré-adensamento) das argilas moles (Figura 3.3-2).

Os dados das investigações geotécnicas e geofísicas indicam a existência de quatro camadas com litologias distintas. (Quadro 3.3-1)

QUADRO 3.3-1: ESTRATIGRAFIA DO TERRENO DO DISTRITO INDUSTRIAL

CAMADAS LITOLOGIA ESPESSURA

(M)

I Areia grossa com cores variadas e presença de matéria

orgânica 6

II Areia fina, argilosa ou siltosa, de cor cinza 7

III Argila orgânica, mole, mais ou menos siltosa, cinza escura 6

IV Intercalações de argilas siltosas, argilas arenosas,siltes arenosos e areias finas a médias

20

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental Siderúrgica Ternium Brasil (2010).

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FIGURA 3.3-2: INTERPRETAÇÃO HIPOTÉTICA DA ESTRATIGRAFIA ATRAVÉS DOS DADOS GEOFÍSICOS. FONTE: TERNIUM/ECOLOGUS (2010).

A camada superior é composta por areia grossa, de cores variadas, muitas vezes com presença de matéria orgânica. Possui espessuras entre 2 e 7 m, sendo a espessura média representativa em torno de 6 m. Vem a seguir uma camada de areia fina, ora argilosa, ora siltosa, de cor cinza, com espessuras variando entre 3 e 8 m, sendo a espessura representativa em torno de 7 m. Abaixo ocorre uma camada de argila orgânica, mole, mais ou menos siltosa de cor cinza escura, com espessura em torno de 6 m. Por fim ocorre uma camada que alterna argilas siltosas, argilas arenosas e siltes arenosos, intercalados com areias finas a médias. Esta camada possui a maior espessura, da ordem de 20 m.

As duas camadas arenosas superficiais compõem um aquífero livre, com alta permeabilidade, onde se concentra o maior volume de fluxo subterrâneo em direção às lagoas e canais. A persistência da camada de argila orgânica abaixo das duas camadas arenosas confere localmente uma condição de confinamento às camadas inferiores.

3.3.4 Processos Erosivos na AII e AID

COSTA (2008), ao determinar a vulnerabilidade ambiental das sub-bacias hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, apontou para a AII e AID do empreendimento uma variação de baixa a alta, sendo mais baixa conforme se

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aproxima da linha de costa e mais alta na medida em que se afasta. Este autor, apesar de usar parâmetros relevantes, tais como uso do solo, taxa de escoamento superficial, forma e declividade do terreno, não considerou, em seu estudo, a vulnerabilidade à erosão costeira, eólica e fluvial.

Apesar do relevo da área de estudo não ser favorável a ocorrência de movimentos de massa ou ao desenvolvimento de feições erosivas comuns no Estado do Rio de Janeiro, tais como ravinas e voçorocas, feições estas que acarretam numa considerável perda de solo e que são desencadeadas em áreas de declividades superiores a 20°, com consequente velocidade do escoamento superficial significativa, a perda de solo se faz presente através da erosão eólica e fluvial.

Na AII e AID do empreendimento, a água dos rios apresenta grande erosividade, ou seja, forte capacidade de erodir, sendo comum o desmoronamento das margens dos canais. A textura do solo é um fator relevante para a ocorrência deste tipo de erosão, uma vez que solos muito argilosos, por serem mais coesos, apresentam menor erodibilidade enquanto solos compostos de silte e areia fina possuem maior erodibilidade. A existência de solos secos com consideráveis teores de areia e silte na AII e AID também favorece a erosão eólica, uma vez que eles são mais facilmente carreados pelo vento, através de movimentos de saltação e arraste, uma vez que solos argilosos e úmidos dificilmente são erodidos pela ação do vento, pois são muito coesivos.

O material parental dos solos da AII e AID também favorece a erosão eólica,

visto que, de acordo por PRESS et. al., (2006), o vento é capaz de carregar grãos de areia desprendidos pelo intemperismo físico de um arenito fracamente cimentado, como ocorre nas áreas constituídas pela Formação Barreiras, mas dificilmente é capaz de erodir um granito ou basalto, feições estas que quase não afloram na área de estudo.

A quantidade de material que o vento pode carrear depende da intensidade do vento, do tamanho das partículas e dos materiais superficiais da área sobre a qual ele sopra. Segundo MMX/CAL (2006), o município de São João da Barra possui ventos de velocidade média anual de 2,7 m.s-1, podendo chegar a 4,3 m.s-1. Isto corresponde a 9,72 Km.h-1 de média anual, o que é considerado por TEIXEIRA et. al., (2003) como brisa leve, enquanto a velocidade máxima (15,48 Km.h-1) é considerada um vento suave. Apesar dos ventos em São João da Barra não serem considerados fortes, de acordo com os mesmos autores, suas velocidades indicam capacidade de movimentar partículas de quartzo, muito comuns na área de estudo, de cerca de 0,25 mm, o que corresponde a partículas de areia.

Dessa forma, pode-se afirmar que o tipo de substrato rochoso presente na AII e AID do empreendimento, a classe e textura do solo associados com a

velocidade do vento encontrada na área de estudo é um grande facilitador da erosão eólica observada. A susceptibilidade à erosão eólica foi observada pelo

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estudo desenvolvido pelo CPRM (2001), o qual apontou para AII e AID do Distrito Industrial a existência de terrenos propícios à ocorrência da erosão eólica quando desmatados.

Nesta área, tem-se a presença de dunas migratórias. Nestas, o transporte dos grãos segue inicialmente o ângulo do barlavento, depositando-se, em seguida, no sotavento, onde há forte turbulência, e o deslocamento contínuo causa a migração de todo o corpo da duna (TEIXEIRA et. al., 2003). A migração ocasiona problemas de soterramento e assoreamento das zonas litorâneas de São João da Barra. A migração das pequenas dunas na AII do Distrito Industrial é agravada ainda mais devido à intensa erosão costeira que ocorre em Atafona e a deposição dos sedimentos na direção sul, na praia de Grussaí.

FIGUEIREDO JR. et. al., (2006), ao discorrerem sobre a erosão costeira existente em São João da Barra apontam que desde os anos 1950, foram derrubadas 183 construções em 14 quadras de Atafona e Grussaí, destruindo uma igreja, uma escola, um posto de gasolina, diversas casas de comércio, 2 faróis da marinha e moradias. Eles ressaltam que a velocidade da erosão de Atafona, e consequente deposição de sedimentos em Grussaí, varia de acordo com o período do ano, sendo mais intensa entre novembro e março. Além disso, a velocidade de erosão não é uniforme para toda a área, pois áreas mais baixas são erodidas com maior velocidade do que as mais elevadas.

GUERRA e BOTELHO (2003) apontam que as classes de solo encontradas na área de estudo não apresentam limitações relevantes no que se refere à suscetibilidade à erosão pluvial, visto que estas situam-se em áreas planas, sem favorecer o escoamento, principalmente no que tange aos neossolos flúvicos e aos espodossolos, que representam quase a totalidade de AID. Para estes autores, os maiores problemas quanto à erosão dos neossolos quartzênicos são quando se encontram desprovidos de cobertura vegetal, agravando a situação de escassez de materiais agregadores (argila e matéria orgânica) e tornando-se expostas também à erosão eólica. O uso de grande parte do solo da AII e AID para pastagem e agricultura, acaba por contribuir para uma maior facilidade de desagregação das partículas de areia, uma vez que a matéria orgânica e a serrapilheira presente em solos com estes usos não é suficiente para garantir a estabilidade e a coesão dos agregados do solo.

Nas sondagens manuais e a percussão (Anexo VI.3.3-1 e Anexo VI.3.3-2)

pode-se observar que boa parte dos solos analisados para este estudo apresentam seus horizontes superficiais com predomínio da fração granulométrica de silte e areia fina (sondagens SPT 01, 02, 03, 04 e SD 01, 02, 03, 04, 06, 09,10,12,13, 14,15,16) e, segundo MORGAN (2005), quanto maior o percentual de silte e de areia fina no solo maior a susceptibilidade dos solos serem erodidos por conta destacabilidade das partículas de silte e areia fina e consequente facilidade de transporte devido ao baixo peso específico destas partículas e a pequena capacidade de agregação que estas frações granulométricas possuem se comparadas à elevada agregação das argilas.

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Esses resultados corroboram para a vulnerabilidade destes solos à ocorrência de perda por erosão eólica, conforme mencionado anteriormente.

A mensuração do pH feita nos perfis coletados com sondagem manual (Quadro 3.3-2) permitiu inferir que, apesar da maioria dos perfis de solo terem

apresentado uma faixa básica, com valores entre 6,04 e 6,63, os solos coletados na sondagem SD 01, 04, 08,10,17 e 18 estão com uma maior faixa de acidez, sendo este último o solo com maior alcalinidade (4,81). A acidez encontrada pode estar relacionada com a sazonalidade de chuvas da área de estudo, visto que há um decréscimo relativo do teor de umidade na estação seca, especialmente pela evaporação. Segundo BRADY (1976), tal quadro faz com que a concentração dos sais solúveis se eleve rapidamente na solução do solo e, sob condições de precipitação reduzida e drenagem limitada, as concentrações de sal podem vir a interferir no crescimento vegetal. A ausência de cobertura vegetal, por sua vez, torna o solo ainda mais exposto a erosividade do vento.

QUADRO 3.3-2 VALORES DE PH ENCONTRADOS NOS POÇOS DE COLETA.

POÇO PH

PM-01 5,87

PZ-02 6,37

PM-03 6,63

PZ-04 5,74

PM-05 6,35

PZ-06 6,04

PM-07 6,36

PZ-08 5,68

PM-09 6,36

PM-10 5,3

PM-11 6,4

PZ-12 6,51

PZ-13 6,34

PZ-14 6,3

PZ-15 6,28

PZ-16 6,48

PZ-17 5,87

PZ-18 4,81

PZ-19 6,41

PZ-20 6,17

Os cambissolos, encontrados na AII, representam os solos da área de estudo com maior vulnerabilidade à ocorrência de processos erosivos, sendo classificados como solos de susceptibilidade média a alta por SCHAEFER (2000, apud OLSZEVSKI, 2004). Entretanto, de acordo com GUERRA e

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VI. 3-32/67

BOTELHO (2003), o grau de suscetibilidade à erosão dos cambissolos é variável, dependendo da sua profundidade, visto que os mais rasos tendem a ser mais suscetíveis, devido à presença de camada impermeável, representada pelo substrato rochoso mais próximo da superfície; da declividade do terreno; do teor de silte e do gradiente textural.

Através das sondagens feitas para este estudo, pode-se observar que os cambissolos são encontrados em área de baixa declividade (sondagens SD-18, SD-19 e SD-20 – Anexo VI.3.3-1), inferior a 5%; sendo estes espessos, sendo

representados inclusive pelos perfis de maiores profundidades nas sondagens manuais; e com exceção do perfil da sondagem SD-20, apresentam suas camadas superficiais por argila arenosa e areia enquanto a fração silte só é expressiva a partir de 0,60 metros no perfil SD-18 e 3,4 metros no perfil SD-20. Apesar de estes solos serem considerados friáveis, ou seja, com maior facilidade de destacamento, são os solos estudados que apresentam indícios de terem os maiores teores de matéria orgânica, devido a sua coloração marrom e vermelho escuro, o que dificultaria os destacamento das partículas.

3.4 SOLOS

3.4.1 Panorama Pedológico Regional

De acordo com CPRM (2001) os principais tipos de solos encontrados na região são Espedossolos, Gleissolos, Neossolos Flúvicos, Cambissolos e Organossolos Tiomórficos (Mapa 3.4-1). As classes Gleissolos e Espodossolos distribuem-se, principalmente, em áreas de restingas com intercalação de sedimentos marinhos, lacustres e eólicos, enquanto os Neossolos flúvicos ocorrem predominantemente na calha de rios, como é o caso da zona de deposição do baixo curso do rio Paraíba do Sul, e costumam ser arenosos, selecionados e permeáveis (SEA, 2009).

A seguir é feita uma breve descrição destas classes de solo, baseada nas definições estabelecidas pela EMBRAPA (1999), por LEPSCH (2002) e por SILVA et. al. (2003).

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IV. 3-33/67

MAPA 3.4-1: SOLO

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3.4.1.1 Espodossolos

Solos constituídos de material mineral com horizonte B espódico subjacente a horizonte eluvial E (cor varia de cinza a branca) ou A (cor varia de cinza a preta) ou hístico (com menos de 40 cm). São solos de profundidade variável, de textura predominantemente arenosa e drenagem também variável. São solos muito pobres (ácidos, com baixa saturação por bases, podendo ter alto teor de Al extraível) e se desenvolvem principalmente a partir de materiais arenoquartzosos sob condições de umidade elevada, condição esta oferecida pela região da AID e AII do empreendimento onde estes solos são encontrados.

Estes solos com húmus ácido e intensa translocação de compostos de ferro, de alumínio e matéria orgânica que se acumulam no horizonte B. Este é formado por processos de dissolução química de compostos de ferro e húmus, nos horizontes A e E, que sofreram translocação e uma precipitação posterior no horizonte B. Este tipo de solo pode produzir húmus ácidos. Tais materiais orgânicos ácidos (resultantes mais da decomposição por fungos do que por bactérias) é que favorecem a dissolução do ferro e do alumínio, presentes nos horizontes mais superficiais.

3.4.1.2 Gleissolos

São solos hidromórficos, formados pelo processo de gleização, ou seja, de redução de ferro sob condições de excesso de água. Portanto, são saturados por água permanentemente ou periodicamente, exceto quando são drenados artificialmente. Por esta razão, apresentam cores acinzentadas, azuladas e esverdeadas, visto a presença de compostos ferrosos resultantes da escassez de oxigênio. Este encharcamento provoca também a redução e a solubilização do ferro, promovendo translocação e reprecipitação dos seus componentes. Os gleissolos constituem-se por material mineral e, comumente, desenvolvem-se em sedimentos recentes nas proximidades dos cursos d'água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de hidromorfia. Dessa forma, ocorrem sob floresta e/ou campos de várzeas com espécies hidrófilas e higrófilas.

A saturação do solo, na presença de matéria orgânica, diminui o oxigênio dissolvido e provoca a redução química e dissolução dos óxidos de ferro, que é transformado, e parcialmente removido, o que faz com que surjam cores cinzentas no horizonte subsuperficial. A fertilidade desses solos é bastante variada. Boa parte deles presta-se bem à agricultura, depois que o excesso de água for devidamente equacionado e a acidez for corrigida com calcário. O Quadro 3.4-1, apresenta as principais características morfológicas do perfil de um gleissolo analisado por SILVA et. al. (2003) no município de Campos dos Goytacazes.

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QUADRO 3.4-1: DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DE UM GLEISSOLO.

HORIZONTE DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

Ap

0 - 15 cm; bruno-acinzentado-escuro (10YR 4/2) com mosqueado abundante, pequeno e médio, distinto amarelado-brunado (10YR 6/6); muito argilosa; granular, moderada, pequena; duro, friável, muito plástico e muito pegajoso, transição plana

e abrupta

Ag

15 - 35 cm; cinzento-escuro (10YR 4/1) com mosqueado comum, pequeno e proeminente, vermelho amarelado (5YR 4/6); muito argilosa; maciça que se desfaz em blocos angulares fracos e pequenos; muito duro, firme, muito plástico e muito

pegajoso, transição plana e clara

Cg1

35 - 70 cm; cinzento (10YR 6/1) com mosqueado abundante, pequeno e distinto, bruno-amarelado (10YR 5/6) e pouco, pequeno e proeminente, vermelho (2,5YR

4/6); argila; maciça; extremamente duro, firme, plástico e pegajoso; transição plana e gradual

Cg2

70 - 115 cm; cinzento (10YR 6/1); com mosqueado comum e abundante, médio e distinto, bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4) e pouco, pequeno e proeminente

vermelho (2,5YR 4/6); argila; maciça; extremamente duro, firme, plástico e pegajoso

Cg3 115 - 180+ cm; franco

Fonte: SILVA et. al,. (2003).

3.4.1.3 Neossolos Flúvicos

São solos pouco evoluídos, seja pela reduzida atuação dos processos pedogenéticos ou pelas características inerentes ao material de origem, originados de sedimentos recentemente depositados pelos rios durante as enchentes, e sem horizonte B diagnóstico. Predominam, portanto, nesses solos, características herdadas do material de origem. Alguns solos podem apresentar horizonte B. Porém este possui fraca expressão dos atributos diagnósticos, não se enquadrando em nenhum tipo de horizonte B diagnóstico.

São constituídos por material mineral ou material orgânico pouco espesso, e têm menos de 30 cm de espessura. O horizonte A é assentado diretamente sobre o C, não existindo indícios de formação de um horizonte B, ou mesmo de cores acinzentadas, causadas pela alteração dos compostos de ferro. Esse horizonte C é composto de camadas ou extratos das deposições pouco alteradas de sedimentos com partículas de vários tamanhos, desde argilas até seixos, trazidos pelos rios e sucessivamente depositados próximo às suas margens.

No Quadro 3.4-2 a seguir é apresentado um exemplo de um Neossolo Flúvico de área adjacente à AII que não apresenta horizonte B.

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QUADRO 3.4-2: DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DE UM NEOSSOLO FLÚVICO

HORIZONTE DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

Ap 0 - 20 cm; bruno-escuro (10YR 4/3); franco arenosa; granular fraca, pequena;

ligeiramente duro, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição pequena e clara

AC 20 - 45 cm; bruno-amarelado-escuro (10YR 4/4), franco argila arenosa; granular fraca

e pequena; duro, friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso e pegajoso; transição pequena e clara

C1 45 - 65 cm; bruno-amarelado-escuro (10YR 4/6); franco-arenosa; maciça; duro, muito

friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição plana e clara

C2 65 - 90 cm; bruno-amarelado (10YR 5/6); areia; maciça; ligeiramente duro, muito

friável, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara

C3

90 a 110 cm; bruno-amarelado (10YR 5/6) com mosqueado comum, médio e distinto bruno-forte (7,5 YR 6/8) e comum, médio e difuso bruno-muito-claro-acinzentado

(10YR 7/4); areia; maciça; ligeiramente duro, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição plena e clara

C4 110 - 210+ cm; bruno-amarelado (10YR 5/6); areia; maciça; ligeiramente duro, muito

friável, não plástico e não pegajoso

Fonte: SILVA et. al,. (2003).

3.4.1.4 Cambissolos

Apresentam características similares aos latossolos, mas diferenciam-se por serem menos evoluídos, possuindo, portanto, profundidade inferior a estes e por apresentarem presença de minerais primários não intemperizados. Esta presença de minerais primários não intemperidos está vinculada a uma série de fatores, tais como a atividade da argila ser superior a dos latossolos; a presença de minerais amorfos na fração argila; e pelos teores de silte serem mais elevados. Os Cambissolos são de caráter álico e possuem, ainda, textura média argilosa, sendo geralmente de muito à moderadamente drenados (CPRM, 2000).

LEPSCH (2002) os define como solos “embriônicos”, ou seja, apresentam desenvolvimento de feições (ou horizontes) muito fraco ou moderado quando comparados aos solos bem desenvolvidos. Segundo este autor, os Cambissolos são constituídos predominantemente por materiais minerais com um ou mais horizonte superficial (A, O ou H), que se assenta diretamente sob um horizonte subsuperficial B “câmbico”.

O horizonte subsuperficial B é incipiente, constituídos por material mineral. Este horizonte para que seja diagnóstico precisa apresentar pelo menos 10 cm de espessura, ser de cores brunadas, amareladas e avermelhadas, ou acinzentadas com mosqueados, de textura franco arenosa ou mais fina, entre outras características. Esta classe tem características muito variáveis de um local para o outro.

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Entretanto, normalmente possui teores uniformes de argila em todo o solum, embora se admita diferença marcante do A para o Bi nos casos de solos desenvolvidos em sedimentos aluviais.

Estas diferenças entre os horizontes do solo podem ser melhor visualizadas no perfil de solos traçado por SILVA et. al., (2003) para uma área adjacente à AII, conforme pode-se observar no Quadro 3.4-3.

QUADRO 3.4-3: DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DE UM CAMBISSOLO

HORIZONTE DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA

Ap 0 - 18 cm; bruno-escuro (10YR 4/3); argila; granular fraca pequena e média; muito

duro, firme, plástico e pegajoso transição plena e clara

AB 18 - 35 cm; bruno (10YR 5/3) com mosqueado pouco, pequeno e médio distinto

bruno-amarelado (10YR 5/6); ARGILA; Blocos subangulares fraca e pequena; muito duro, firme, plástico e pegajoso; transição plana e abrupta

Bi

35 - 60 cm; bruno-amarelado (10YR 5/8) com mosqueado pouco, médio e proeminente bruno-forte (7,5YR 4/6) e pouco, pequeno e distinto (10YR 6/6); argila;

blocos subangulares fraca e pequena; muito duro, firme, plástico e pegajoso; transição plana e gradual

Cg1 60 - 100 cm; bruno-amarelado (10YR 5/8) com mosqueado comum, médio e distinto

bruno-claro (10YR 6/3); franco argilosa; maciça; muito duro, firme, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição plana e clara

Cg2 100 - 170+ cm; bruno-amarelado claro (10YR 6/4) com mosqueado abundante, médio

e proeminente bruno-forte (7,5YR 5/8); franco arenosa; maciça; duro friável, não plástico e não pegajoso; transição plana e difusa

C 170 - 200+ cm; areia franca

Fonte: SILVA et. al., (2003).

3.4.1.5 Organossolos

São solos com horizontes essencialmente orgânicos e espessos (somam uma espessura de mais de 40 cm, tendo mais de 20% de matéria orgânica), sendo caracteristicamente escuros, friáveis, com baixa densidade e mal drenados, frequentemente encharcados, com lençol freático aflorante. Desenvolvem-se a partir das turfas, sedimentos preponderantemente orgânicos formados em locais onde a taxa de adição de restos orgânicos é superior que a sua velocidade de decomposição. Esse retardamento de decomposição de restos orgânicos (folhas, raízes, galhos, etc.) pode acontecer, tanto em regiões onde a temperatura é muito baixa, como em locais com excesso de umidade e condições anaeróbicas (pouco oxigênio) no caso de pântanos e algumas lagoas rasas (LEPSCH, 2002).

A classe de solo em tela tem sua ocorrência associada a locais deprimidos da planície litorânea, em geral nos baixos cursos dos rios, originados de acumulações orgânicas sobre sedimentos fluviais ou flúvio-marinhos, de idade quaternária. São solos muito procurados para cultivos hortícolas e são usados também como combustíveis em algumas partes do mundo. Contudo, para isso é

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necessário que sejam drenados, com o rebaixamento do nível freático, o que pode vir a induzir a um aumento da taxa de decomposição da matéria orgânica, provocando assim uma gradual redução da espessura do solo.

3.4.2 Solos na AII e AID

O Quadro 3.4-4, a seguir resume as características das associações de solos presentes na AII e AID.

QUADRO 3.4-4: ASSOCIAÇÕES DE SOLO ENCONTRADAS NA AII E AID.

CLASSE

DE SOLO DESCRIÇÃO

HPd2 Espodossolo cárbico hidromórfico com horizonte A moderado ou proeminente e textura arenosa + Neossolo Quartzênico órtico com horizonte A moderado ou fraco.

GPs1

Gleissolo eutrófico salino ou não, com argilas de atividade alta, horizonte A moderado, textura argilosa a média + Gleissolo solódico ou não, eutrófico, com argilas de atividade alta ou baixa, horizonte A húmico ou chernozêmico, textura argilosa ou muito argilosa + Gleissolo tiomórfico húmico com argilas de atividade alta ou baixa, horizonte A húmico ou proeminente, textura argilosa ou muito argilosa.

GPs2 Gleissolo salino, eutrófico, com argilas de atividade alta, horizonte A moderado, textura muito argilosa ou argilosa e média + Neossolos flúvicos salinos solódicos horizonte A moderado ou chernozêmico, textura média/arenosa ou argilosa.

Ae2

Neossolos flúvicos eutróficos ou distróficos com argilas de atividade baixa, ou não, horizonte A moderado e textura argilosa/arenosa ou muito argilosa/arenosa + Gleissolo háplico eutrófico ou distrófico, com argilas de atividade alta ou baixa, não solódico ou solódico, horizonte A moderado, textura argilosa ou muito argilosa.

Ad2 Neossolos flúvicos distróficos com argilas de atividade baixa, horizonte A proeminente ou moderado e textura média/arenosa + Espodossolo cárbico hidromórfico, com argilas de atividade alta horizonte A proeminente ou moderado e textura arenosa.

Ce

Cambissolos eutróficos ou distróficos com argilas de atividade baixa, horizonte A, textura argilosa, com afloramento de sedimentos aluviais + Gleissolos háplico eutrófico ou distrófico, com argilas de atividade alta ou baixa, horizonte A moderado, textura argilosa ou muito argilosa.

OT Organossolos Tiomórficos + Gleissolo Tiomórfico Húmico, com argilas de atividade alta ou baixa, turfoso, de textura média ou argilosa

A AID do empreendimento é marcada por um predomínio da associação HPd2 (Espodossolos Cárbicos Hidromórficos e Neossolos Quartzênicos), que corresponde a 88,4 % dos solos existentes nesta área, enquanto os Gleissolos (associações GPs1 e GPs2) correspondem apenas a 10,2% dos solos (Figura 3.4-1). Na AII, entretanto, a distribuição das classes de solos é bastante diferenciada daquela observada na AID. Os Neossolos Flúvicos e os Gleissolos Háplicos (associação Ae2) são os solos predominantes (Figura 3.4-2).

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FIGURA 3.4-1: PERCENTUAL (%) DAS CLASSES DE SOLO NA AID.

FIGURA 3.4-2: PERCENTUAL (%) DAS CLASSES DE SOLO NA AII.

Apesar de a AID do Distrito Industrial possuir quatro associações de solos (Ae2, GPs1,GPs2 eHPd2), há um predomínio quase absoluto desta última associação. Segundo o CPRM (2001), os solos encontrados na AID do Distrito Industrial são formados por cordões arenosos constituídos por sedimentos quaternários, arenosos, de origem marinha. E, por isso, seu nível freático é sujeito a contaminação. Como suas principais potencialidades, o CPRM (2001) aponta que os solos têm alta capacidade de carga, sendo favoráveis a urbanização.

Na medida em que há um afastamento da linha de costa, há uma diminuição da presença de sedimentos arenosos nas camadas superficiais dos solos. Dessa forma, trechos da AII afastados do mar, possuem solos diferentes daqueles encontrados na AID. Assim, na AII são encontradas as associações de solos HPd2, Ae2, Ad2,OT, GPs1,GPs2 e Ce, sendo que esta última é a predominante.

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De acordo com o CPRM (2001), estes solos estão formados em planícies e também são constituídos por sedimentos quaternários. A textura, porém, é predominantemente argilo-arenosa e o lençol freático elevado, sendo passível de contaminação. Nas margens dos rios, onde se concentram os gleissolos, recomenda-se que se evite a urbanização, obras viárias ou disposição de resíduos sólidos. Porém, os solos em questão são considerados adequados para agricultura irrigada, de sequeiro e para pastagem sendo ainda, aptos para urbanização nas áreas onde são melhores drenados.

SANTOS et. al., (2007), ao mapear estoque de carbono orgânico na camada superficial do solo para o Estado do Rio de Janeiro, verificou que a AID possui solos na faixa de 15 a 20 MgCorg.ha-¹ de carbono, a segunda mais baixa do Estado. Os solos da AII, entretanto, possuem de 20 a 32 MgCorg.ha-¹ de carbono. Logo, nestas áreas os solos funcionam como maiores fontes e reservatórios de carbono orgânico.

Através de sondagens realizadas próximas ao lado oeste da Lagoa de Iquipari para estudo da MMX/CRA (2008), e próximas ao sudoeste da Lagoa do Veiga para estudo da OSX/CRA (2010), pode-se verificar os principais componentes presentes nos perfis de solos traçados. Constatou-se que os solos próximos ao sudoeste da Lagoa de Iquipari apresentam seus primeiros 5 metros de profundidade com pouca compactação, com predomínio de areia fina e grossa, coloração de marrom clara a marrom amarelada.

Entre os 5 e 12 metros destes solos, em média, há uma redução do tamanho das partículas de areia e um aumento no grau de compactação do solo, pois esta camada passa a ser constituída por areias finas e médias, pouca presença de argila, coloração cinza escuro e preta e compactação do solo variando entre medianamente compacta e pouco compacta. Posterior a esta camada, são encontrado solos com maior concentração de argila orgânica e silte, de consistência mole e coloração cinza escuro e preta. Após esta camada de solo que termina em aproximadamente 20 metros de profundidade, há uma intercalação das camadas citadas anteriormente com solo de textura predominante de areia grossa e silto argilosa (MMX/CRA, 2008).

Nas proximidades da Lagoa do Veiga a distribuição da cor e textura ao longo do perfil do solo é um pouco diferenciada daquela encontrada para as áreas próximas a Lagoa de Iquipari. Os solos em questão possuem um predomínio de areia grossa a média e coloração marrom avermelhada nos seus primeiros 7 metros. Entre 7 e 12 metros têm-se solos mais amarelados do que nas camadas superficiais. Posteriormente, encontra-se uma camada de solo com partículas de areia fina a muito fina com presença de argila orgânica, e coloração variável entre cinza claro e escuro. Após os 19 metros de profundidade são encontrados solos de textura silto argilosa ou argila siltosa (OSX/CRA, 2010).

Objetivando uma complementação a estes dados e uma caracterização mais detalhada dos solos encontrados, foram realizadas, para o presente estudo, 31 sondagens geotécnicas no mês de novembro de 2010, sendo 20 realizadas

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através de tradagem manual, pela empresa Soilution Hidrogeologia e Consultoria Ambiental Ltda., e 10 sondagens a percussão feitas pela empresa Geodrill Engenharia Ltda. Estas foram feitas de acordo com a metodologia proposta pela NBR 7.250, chegando a 30 metros de profundidade enquanto na sondagem manual, os solos foram coletados em profundidades variáveis entre 1,60 m e 5,10 m.

Nos mesmos locais onde foram realizadas as sondagens manuais foram instalados piezômetros e poços de monitoramento de água subterrânea, os quais os dados são apresentados e analisados na Seção VI.4 deste estudo. Os boletins das sondagens estão apresentados nos Anexo VI.3.3-1 e Anexo VI.3.3-2, sendo o Anexo VI.3.3-1 referente às sondagens manuais enquanto no Anexo VI.3.3-2 estão presentes as sondagens à percussão.

Todas as sondagens a percussão (denominadas de SPT) foram realizadas na associação de solos HPd2, que representa os espodossolos cárbicos hidromórficos em conjunto com neossolos quartzênicos, assim como as sondagens manuais de denominação SD 01 a SD 15, conforme pode-se observar no Quadro 3.4-5.

As sondagens SD 18,19 e 20 foram feitas em cambissolos, enquanto a SD 17 foi realizada em área de associação de espodossolos cárbicos hidromórficos com gleissolos distróficos e a SD 16 foi feita em solos classificados como associação de neossolos flúvicos distróficos com espodossolos cárbicos hidromórficos. As diferenças encontradas entre os perfis de solos são reflexo das distintas associações de solos.

Cabe ressaltar que as coordenadas dos pontos onde ocorreram as sondagens manuais (denominadas aqui de SD) são as mesmas coordenadas utilizadas para a realização das amostragens de água subterrânea (denominadas de AS na Seção VI.4, Item 4.4 - Águas Subterrâneas).

QUADRO 3.4-5: LOCALIZAÇÃO DAS COLETAS DE SOLO POR SONDAGEM E SUAS CLASSES DE SOLOS

NOME COORDENADAS (WGS 84)

CLASSE DE SOLOS N E

SD-01 7594469 282641,672 HPd2

SD-02 7594421,5 283519,771 HPd2

SD-03 7588772 284770,668 HPd2

SD-04 7587034,67 281577,671 HPd2

SD-05 7587134,15 283572,924 HPd2

SD-06 7586920,88 285187,725 HPd2

SD-07 7585161,1 282521,037 HPd2

SD-08 7583866,01 283094,955 HPd2

SD-09 7584899,53 285857,687 HPd2

SD-10 7583229,25 285541,442 HPd2

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NOME COORDENADAS (WGS 84)

CLASSE DE SOLOS N E

SD-11 7583347,97 288149,596 HPd2

SD-12 7584919,81 287653,21 HPd2

SD-13 7579326 289382 HPd2

SD-14 7577236,88 288808,543 HPd2

SD-15 7579270,99 292760,826 HPd2

SD-16 7581077,66 277518,22 Ad2

SD-17 7580945,24 265759,3 Ae2

SD-18 7585103,23 259138,29 Ce

SD-19 7588969,91 253444,22 Ce

SD-20 7577721,89 290425,05 HPd2

SD-20A 7595617,4 254318,19 Ce

SPT-01 7590521,43 284350,251 HPd2

SPT-02 7587001,04 281575,678 HPd2

SPT-03 7589202,83 284638,942 HPd2

SPT-04 7587122,19 283579,761 HPd2

SPT-05 7583275,03 285848,935 HPd2

SPT-06 7583903,62 283083,041 HPd2

SPT-07 7586969,86 282649,589 HPd2

SPT-08 7585059,64 282549,59 HPd2

SPT-09 7583237,97 285528,205 HPd2

SPT-10 7583274,62 288064,569 HPd2

A partir dos boletins de sondagens gerados para este estudo pode-se observar que os solos do Distrito Industrial são semelhantes aqueles analisados em estudos anteriores pela MMX/CRA (2008) e OSX/CRA (2010), próximos aos da lagoa do Veiga e da lagoa de Iquipari.

Os solos analisados neste estudo têm seus primeiros dez metros compostos predominantemente das frações areia fina e média, sendo classificados como solos pouco compactos a medianamente compactos nos primeiros cinco metros de profundidade e como medianamente compactos a compactos nas profundidades superiores. Abaixo dos 10 metros de profundidade há uma mudança no gradiente textural do solo em decorrência deste apresentar maiores teores e silte e argila.

A Figura 3.4-3 apresenta a discretização vertical (bloco diagrama) dos primeiros 30 metros de profundidade dos solos do Distrito Industrial, ilustrando esta mudança na granulometria dos mesmos, na qual a camada roxa representa camadas de solos predominantemente arenosas, enquanto as camadas silte-argilosa são representadas pelo verde e o solo argiloso-siltoso é apresentado em vermelho.

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FIGURA 3.4-3: DISCRETIZAÇÃO VERTICAL (BLOCO DIAGRAMA) GERADA PARA OS SOLOS DO

DISTRITO INDUSTRIAL.

Assim como os solos analisados por sondagens feitas em estudos pretéritos, verificou-se neste estudo que os solos da AII e AID possuem muito pouca matéria orgânica aparente e escassa serrapilheira protegendo-os. São espessos, bem desenvolvidos, resultando da atuação de processos pedogenéticos sobre a extensa e profunda planície fluvial do Paraíba do Sul formada pela deposição de sedimentos flúvio-marinhos ao longo de diferentes períodos geológicos. A grande espessura dos solos pode ser explicada pela planície do Paraíba do Sul estar bastante exposta ao intemperismo químico, que contribui para a transformação do material parental – o Grupo Barreiras – em solos.

Por outro lado, solos bastante intemperizados tendem a ser muito lixiviados, ou seja, sofrem constante processo de lavagem, processo este que tende a remover alguns dos seus constituintes. De acordo com FONSECA (1999), “o horizonte A do solo desenvolve-se primariamente como resultado de perdas parciais no material original por lixiviação ou remoção mecânica, ou eluviação, resultante da percolação da água da chuva através do solo”. Assim, bases solúveis, argilas e sesquióxidos coloidais e/ou sílica tendem a ser removidos (FONSECA, 1999).

Este autor afirma ainda que sob condições úmidas e com excesso de drenagem, os constituintes solúveis são lixiviados do horizonte A, descendendo ao nível d’água e podem passar para a superfície de drenagem. Na área de estudo, a umidade e o excesso de drenagem possivelmente contribuem para a ocorrência

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dos processos descritos acima, gerando solos com horizontes superficiais com maior deficiência dos nutrientes e ausência de certas partículas.

A concentração de argila nas camadas mais profundas do solo, a partir dos 3 metros de profundidades, de acordo com as sondagens realizadas, pode ser resultado dessa constante lavagem do solo, que provocou sua migração dos horizontes superficiais para os mais profundos. Por outro lado, a fração granulométrica predominante nos horizontes superficiais em quase todos os solos analisados, exceto aqueles em que os horizontes citados são formados a partir de aterro, são as areias finas e seu nível de compactação é muito pequeno sendo classificado por CAPUTO (1973), como areia fofa nos primeiros 5 metros. Entre os 8 e 9 metros de profundidade tem-se a maior concentração de solos compactos.

O excesso de drenagem se expressa também na cor, uma vez que a maioria dos solos estudados possui seus primeiros metros com coloração acinzentada, cor esta que, para SILVA (1999) representa solos mal drenados em condições de excesso de água. Tal excesso é facilmente comprovado com a verificação do nível de água nos solos da AID (Figura 3.4-4) (Quadro 3.4-6). O Mapa 3.4-2,

gerado a partir da interpolação dos dados coletados, em 3 medições, durante a campanha de novembro de 2010, possibilita a visualização da variação da profundidade do nível d’água ao longo do Distrito Industrial. Através desta, pode-se observar que o nível d’água encontra-se bem próximo à superfície do solo, podendo chegar a apenas 0,5 metros de profundidade no interior da área do Distrito Industrial. As maiores profundidades do nível d’água são encontradas nas extremidades da área do mesmo, variando entre 1,5 e 2,1 metros.

A verificação foi feita nas sondagens para este estudo e para estudos pretéritos e, a partir da comparação destes dados, pode-se inferir que a altura elevada do nível de água não sofre grandes modificações ao longo dos períodos secos e úmidos, mantendo-se praticamente estável.

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FIGURA 3.4-4: VARIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DO NÍVEL D’ÁGUA AO LONGO DO DISTRITO

INDUSTRIAL.

QUADRO 3.4-6: ALTURA DO NÍVEL DE ÁGUA EM POÇOS INSTALADOS EM DIFERENTES ESTUDOS E SUA

LOCALIZAÇÃO.

FONTE NOME DO POÇO PROFUNDIDADE DO NÍVEL D'ÁGUA

Cole

ta e

m N

ovem

bro

de 2

010

SD-01/PM-01 1,576

SD-02/PZ-02 0,96

SD-03/PM-03 0,87

SD-04/PZ-04 1,99

SD-05/PM-05 1,385

SD-06/PZ-06 1,345

SD-07/PM-07 1,26

SD-08/PZ-08 1,5

SD-09/PM-09 1,225

SD-10/PZ-10 0,66

SD-11/PM-11 1,222

SD-12/PZ-12 1,202

SD-13/PZ-13 0,615

SD-14/PZ-14 0,651

SD-15/PZ-15 0,57

SD-16/PM-16 na

SD-17/PM-17 na

SD-18/PM-18 na

SD-19/PM-19 na

SD-20/PM-20 na

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FONTE NOME DO POÇO PROFUNDIDADE DO NÍVEL D'ÁGUA

OS

X/C

RA

, 2010 -

Cole

ta e

m J

ulh

o d

e 2

010

PM-01A 1,74

PM-01B 1,44

PM-02A 1,47

PM-02B 2,55

PM-03A 1,54

PM-03B 1,57

PM-04A 1,3

PM-04B 1,3

PM-05 2,25

PM-06 1,37

PM-07 1,27

PM-08 3

PM-09 1,47

PM-10A 1,39

PM-10B 1,4

PM-11 1,4

PM-12A 3

PM-12B 2,9

PM-13A 1,35

PM-13B 1,35

3.4.3 Caracterização Geoquímica do Solo do Terreno do DISJB

A caracterização e avaliação prévia da qualidade de solos em áreas destinadas a instalação de empreendimentos industriais constituem ação preventiva e cautelar relacionada à compensação ou minimização de impactos ambientais quando da presença de passivos na área. O solo constitui compartimento propenso ao acúmulo de substâncias poluentes de origem natural e antrópica, e que inclui espécies químicas como metais, dentre outros. Assim, a avaliação de teores de baseline e sua comparação com valores de orientação da legislação possibilitam identificar a qualidade ambiental do site e constituem um banco de referência para avaliações futuras.

Desta maneira, e em atendimento aos Itens 3.6.1.1.d e 3.6.1.1.e – Caracterização Geológica e Hidrogeológica do Meio Físico apresentados na Instrução Técnica (IT) DILAM/CEAM NO06/2010 foi realizada campanha representativa para coleta de amostras em novembro de 2010. Esses dados foram empregados para caracterização do solo na Área de Influência do empreendimento. O escopo dos dados apresentados e elucidação das suas características contemplam os indicadores geoquímicos solicitados pela referida IT. O propósito foi estabelecer os níveis de baseline dos parâmetros de qualidade ambiental no solo antes da instalação do empreendimento, e considerando a influência potencial de atividades antrópicas que operam na circunvizinhança.

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3.4.3.1 Síntese da Situação Atual dos Solos

A análise dos dados, avaliados em relação aos valores orientadores da Resolução CONAMA n° 420/09, permitem as seguintes conclusões:

O solo é composto predominantemente por óxidos metálicos de alumínio e ferro, com potencial redox oxidativo, e pH levemente ácido, portanto com capacidade reduzida para retenção de metais.

Ausência de contaminação metálica, com os parâmetros detectados abaixo dos valores de investigação para área agrícola, residencial e industrial da referida resolução.

Ausência de contaminação orgânica por pesticidas, bifenilas policloradas (PCBs), e vapores orgânicos nas camadas superficiais do sedimento, e com baixos teores de matéria orgânica.

3.4.3.2 Procedimentos Metodológicos

Com base nos estudos preliminares desenvolvidos durante a etapa de reconhecimento foram determinados os pontos de interesse para a malha amostral de investigação da área. A locação dos locais para coleta das amostras baseou-se principalmente na análise das atividades locais e futuras, e de maneira mais adequada para garantir a precisão da caracterização do solo potencialmente contaminado.

Para realização da coleta das amostras de solo, as alíquotas foram retiradas quando da perfuração dos poços de monitoramento de água subterrânea, e cujas sondagens foram alocadas nas coordenadas UTM apresentadas na Mapa 3.4-2.

As sondagens de solo foram identificadas como SD-01/SD-20, e a coleta das amostras realizadas com amostradores descartáveis (liners) de 1,50 m de comprimento e 38 mm de diâmetro cravadas no solo pelo método “direct push”.

Foram coletadas 20 amostras de solo indeformadas (Mapa 3.4-2) para

caracterização do perfil litológico e de contaminação. As amostras foram obtidas próximo ao horizonte da franja capilar (~ 1,0 m), homogeneizadas, e acondicionadas em coolers fornecidos pelo laboratório e mantidas a uma temperatura próxima a 4 ºC. Estes coolers foram devidamente identificados, lacrados e enviados para o laboratório.

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Fevereiro, 2011 – Rev. 00

IV. 3-49/67 MAPA 3.4-2: LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM DE SOLO: PONTOS DENOMINADOS DE SD, EM VERDE. (COLETA DE NOVEMBRO DE 2010

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VI. 3-51/67

Ao término da perfuração de cada furo, foram realizadas as medições para avaliação da presença de vapores orgânicos totais nas amostras de solo coletadas. Para tanto, utilizou-se o fotoionizador portátil modelo BW de dimensões 18,0 cm x 6,9 cm x 4,6 cm e com espectro de 0 a 1000 ppm, calibrado com gás hexano. As leituras dos compostos orgânicos totais foram feitas diretamente no interior dos sacos plásticos que continham as amostras de solo, a fim de evitar perdas de voláteis. Nenhuma amostra apresentou valores acima de 0 ppm.

As amostras de solo foram avaliadas analiticamente para todos os indicadores solicitados pela IT, empregando-se procedimentos descritos nos métodos AWWA - APHA - WPCI - Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater - 21ª Edição: US EPA 300.0 (B), e EPA - SW 846.o Standard Methods - USEPA-SW 846 4º Edition, e interpretadas comparativamente com os valores indicados na Resolução CONAMA n°420/2009.

No Quadro 3.4-7 são apresentados os parâmetros analisados, os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) dos métodos analíticos utilizados, e juntamente com os teores preconizados pela legislação para valores de prevenção (VP), valores de orientação para solos de áreas agrícola (aplicável no presente estudo), residencial e industrial.

Todos os brancos analíticos apresentaram níveis de concentração abaixo dos limites de quantificação (LQ) metodológica, e a recuperação dos padrões de controle teórico e obtido foi considerada satisfatória. As análises de metais e orgânicos nas amostras de solo foram obtidas em diferentes determinações. O controle da qualidade analítica dos dados para os compostos semivoláteis e metais envolveu fortificação da amostra e os dados de recuperação obtidos estiveram dentro da faixa de aceitação.

As análises químicas contemplaram rastreabilidade, validação e consistência analítica dos dados, cartas controle, (elaboradas com faixas de concentração significativamente próximas daquelas esperadas nas matrizes sólidas), a fim de comprovar a exatidão dos resultados obtidos. O laboratório Ecolabor Comercial Consultoria Análises Ltda., responsável pelas análises das amostras, possui credenciamento junto ao INEA (IN001475) e INMETRO (CRL 0171).

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QUADRO 3.4-7: INDICADORES AVALIADOS NAS AMOSTRAS DE SOLO SEGUNDO PARÂMETROS DA IT

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3.4.3.3 Avaliação e Interpretação dos Dados

Para avaliação e interpretação dos dados observa-se que a área investigada se encontra em região costeira localizada nas proximidades da foz do rio Paraíba do Sul, e com feição de planície costeira. Esse ambiente se caracteriza por superfícies geomorfológicas deposicionais de baixo gradiente hidráulico, formadas predominantemente por sedimentação subaquosa, compostas por séries de cristas de praias (cordões litorâneos), paralelas entre si, e constituídas por sedimentos marinhos, continentais, flúvio-marinhos, lagunares, etc., com predominância de areias (SUGUIO, 2003).

À retaguarda das planícies de cordões litorâneos se estende uma ampla área de terraços fluviais e zonas pantanosas intermitentes (MUEHE & VALENTINI, 1998), que variam ao longo do ano em função das variações sazonais da precipitação pluvial. Além disso, pequenas lagunas localizam-se à retaguarda do cordão litorâneo atual, nas quais se observa uma tendência de retrogradação em direção à planície pleistocênica (DIAS & SILVA, 1984).

Como resultado das características geomorfológicas e granulométricas da área, os dados das sondagens (perfil litológico) no site do empreendimento indicaram um solo composto predominantemente por areia bem selecionada, com granulometria média e fina, e contendo baixas concentrações de matéria orgânica.

Referente ao uso pretérito da localidade para atividades de agropecuária e a ausência de fontes de contaminação industrial, os resultados das amostras de solo indicaram de maneira geral níveis de concentração abaixo dos limites de quantificação analítica (nd) para quase todos os indicadores avaliados.

Foram detectados teores somente para os principais elementos litogênicos do sedimento, dentre os quais: alumínio, ferro, manganês e magnésio. Também, foram detectados outros elementos como: bário, cálcio, cobalto, cromo, níquel, vanádio e zinco, mas com níveis bem abaixo dos respectivos valores de investigação para área agrícola (uso pretérito predominante da área), incluso valores de prevenção (VP), os quais indicam a concentração de valor limite de determinada substância no solo capaz de sustentar as suas funções principais de acordo com a resolução CONAMA n°420/2009 (Quadro 3.4-8).

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Maio, 2011 – Rev. 00

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QUADRO 3.4-8: TEORES DOS PARÂMETROS DA RESOLUÇÃO CONAMA Nº 420/2009 DETECTADOS NAS AMOSTRAS DE SOLO, EM RELAÇÃO AOS VALORES DE PREVENÇÃO (VP), E DE INVESTIGAÇÃO EM ÁREAS AGRÍCOLA.

PARÂMETRO UNID. VRQ VPAgrícola

APMaxResid. Indust.

L.Q.

mg/kg

L.D.

mg/Kg

SD-01 SD-02 SD-03 SD-04 SD-05 SD-06 SD-07 SD-08 SD-09 SD-10 SD-11 SD-12 SD-13 SD-14 SD-15 SD-16 SD-17 SD-18 SD-19 SD-20

Al2O3 % - - - - - 0,0037 0,0012 0,0600 0,0300 0,0930 0,0870 0,0320 0,0460 0,2830 0,3500 0,0140 0,0040 0,0983 0,0780 0,0370 0,0490 0,1180 0,0620 0,0285 2,5900 1,9300 2,3800

Cianeto Total mg/kg - - - - - 0,6 0,2 0,2 nd 0,2 nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Fe2O3 % - - - - - 0,012 0,0004 0,058 0,01 0,03 0,023 0,032 0,021 0,107 0,167 0,0053 0,002 0,049 0,064 0,039 0,0184 0,053 n.d. 0,287 n.d. 4,68 n.d.

MnO % - - - - - 0,0004 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 nd 0,0004 0,0001 0,0003 0,0003 nd nd 0,0003 0,0002 0,0001 0,0001 0,0002 0,0011 0,001 n.d. 0,021 0,027

pH - - - - - - - - 6,46 6,64 6,13 5,61 6,48 6,21 6,66 6,1 6,69 6,48 6,71 6,73 7,22 6,84 7,93 7,61 7,45 4,45 7,47 7,42

Sólidos Voláteis % - - - - - - - 0,84 0,25 0,42 0,66 nd 0,23 0,69 0,98 nd 0,26 nd 0,41 n.d. 0,40 0,52 0,26 0,61 9,31 4,30 9,40

Matéria Orgânica % - - - - - 1,6 0,5 nd nd nd nd nd nd nd 0,5 nd nd nd nd n.d. n.d. 0,55 n.d. n.d. 1,7 n.d. n.d.

PCB's mg/kg na 0,0003 0,01 0,03 0,12 0,005 0,002 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Alumínio mg Al/kg E - - - - 19,7 6,2 316 160 491 460 169 244 1500 1850 73 22 520 411 193 261 622 330 1510 13700 10200 12600

Antimônio mg Sb/kg E 2 5 10 25 2,18 0,68 nd nd 1,1 nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Arsênio mg As/kg E 15 35 55 150 3,65 1,50 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Bário mg Ba/kg E 150 300 500 750 2,13 0,67 nd 0,78 nd nd 2,8 1,1 6,9 3,66 nd nd 3,84 n.d. n.d. 1,24 2,57 4,90 10,00 104 65,00 132

Cádmio mg Cd/kg E 1,3 3 8 20 0,36 0,11 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Cálcio mg Ca/kg - - - - - 8,3 2,6 20 44 16 35 84 14 175 42 36 nd 35 35,56 17,75 63,22 300,10 41,00 108,00 163,00 483,00 263,00

Chumbo mg Pb/kg E 72 180 300 900 2,45 0,77 nd nd nd nd 1,1 nd nd 0,92 nd nd 0,79 1,1 n.d. n.d. n.d. n.d. 1,0 13,0 8,6 10,0

Cobalto mg Co/kg E 25 35 65 90 0,27 0,08 nd nd nd nd 0,14 0,08 0,27 0,37 nd nd 0,15 0,11 n.d. n.d. 0,13 0,40 0,82 6,90 12,00 13,00

Cobre mg Cu/kg E 60 200 400 600 1,10 0,35 nd nd nd nd nd nd 1,6 0,53 nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. 0,51 1,20 8,20 n.d. 5,40

Cromo mg Cr/kg E 75 150 300 400 0,04 0,01 1,3 0,62 1,1 0,96 1,5 0,35 2,4 2,6 0,24 0,02 1,1 2,0 0,0 0,3 1,2 0,9 7,33 44,6 30,8 43,8

Ferro Total mg Fe/kg E - - - - 2,60 8,10 405 73,6 215 162 221 147 745 1180 36,8 10,4 342 448 270 129 369 481 2010 18200 32700 24100

Magnésio mg Mg/kg - - - - - 2,2 0,7 17 6,3 12 25 13 15 78 74 2,8 nd 40 11,96 14,66 9,06 83,15 n.d. 146,00 3459 3736 4513

Manganês mg Mn/kg E - - - - 0,67 0,21 1,2 0,52 0,86 0,22 2,9 0,60 2,7 2,7 nd nd 2,0 1,4 0,7 0,5 1,3 8,6 8,5 89,0 163 210

Mercúrio mg Hg/kg E - - - - 0,04 0,01 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Molibdênio mg Mo/kg E 30 50 100 120 0,49 0,15 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd 0,35 n.d. 0,15 0,32 n.d. n.d. 0,16 n.d. n.d.

Níquel mg Ni/kg E 30 70 100 130 0,98 0,31 nd nd nd 0,31 nd nd 0,74 0,83 nd nd nd 0,67 0,46 0,39 0,48 0,61 1,30 8,80 10,00 12,00

Potássio mg K/kg - - - - - 33,20 10,40 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd 149,4 37,5 31,9 74,4 69,3 158,0 3320 2630 3514

Prata mg Ag/kg E 2 25 50 100 2,99 0,94 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Selênio mg Se/kg E - - - - 0,23 0,07 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Sódio mg Na/kg - - - - - 184,00 58,00 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. 248 73,00 133

Vanádio mg V/kg E - - - 1000 0,45 0,14 1,6 0,26 2,0 0,70 1,2 0,52 3,5 3,1 0,20 nd 0,99 3,7 1,4 1,4 1,1 1,8 9,2 70,0 45,0 58,0

Zinco mg Zn/kg E 300 450 1000 2000 0,98 0,31 nd 0,77 0,95 1,1 1,2 nd 4,5 1,3 nd nd 0,73 0,95 0,54 1,17 1,22 1,49 4,23 38,70 47,70 55,50

4,4 - DDD mg/kg na 0,013 0,8 3 7 0,00009 0,00003 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

4,4 - DDT mg/kg na 0,01 0,55 2 5 0,00024 0,00008 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

4,4-DDE mg/kg na 0,021 0,3 1 3 0,00006 0,00002 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Aldrin mg/kg na 0,015 0,003 0,01 0,03 0,00028 0,00009 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

HCH beta mg/kg na 0,011 0,03 0,1 5 0,00015 0,00005 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Dieldrin mg/kg na 0,043 0,2 0,6 1,3 0,00004 0,00003 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

gama - BHC (lindano) mg/kg na 0,001 0,02 0,07 1,5 0,0001 0,00003 nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd nd n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Resultados

AGREGADO ORGANICO

BIFENILAS POLICLORORADAS (PCBs)

METAIS

Pesticidas Organoclorados

SEM CADASTRO DE SUB CLASSE

1 - Valores Orientadores para solos e águas subterrâneas - Resolução CONAMA nº 420 de 28 de dezembro de 2009. 2 - VRQ.: Valores de Referência de Qualidade.

3 - VP.: Valores de Prevenção. 4 - E: a ser definido pelo Estado. 5 - n.a: Não se aplica para substâncias orgânicas.

6 - L.D.: Limites de Detecção do Método. 7 - n.d.: Não detectado. 8 - L.Q.: Limite de Quantificação do Método.

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Desta maneira, os dados indicam níveis de concentração em conformidade com os respectivos valores da Resolução CONAMA n°420/2009, e informam sobre a composição dos teores de baseline no solo. Esses resultados caracterizam o solo como não degradado, com ausência de alterações das suas características químicas por influência antrópica na emissão de poluentes, indicando uma área com qualidade natural para os níveis de concentração dos parâmetros de qualidade da IT.

Os laudos laboratoriais das análises químicas de solo referentes à campanha de novembro/2010 encontram-se no Anexo VI.3.4-1.

3.5 APTIDÃO DAS TERRAS DA AII E AID DO EMPREENDIMENTO

A determinação da aptidão das terras de um local é um importante fator para um planejamento ambiental eficaz, uma vez que a partir dela é possível definir diretrizes para estimular certos cultivos em detrimento de outros tipos de plantio e uso da terra.

A CPRM (2001), ao estudar as unidades geoambientais do Estado do Rio de Janeiro, apontou que a unidade Planície Costeira (que abrange quase a totalidade da AID) normalmente possui baixa fertilidade natural, enquanto na unidade geoambiental Baixada (que corresponde a uma parte considerável da AII)

predominam solos com alta fertilidade. Entretanto, estas unidades geoambientais podem apresentar variações na fertilidade e, consequentemente, na aptidão agrícola, devido à ocorrência de diferentes tipos de solos e ao histórico de uso e ocupação dos solos, uma vez que solos destinados à agricultura pouco mecanizada sem utilização de insumos tendem a possuir menores teores de nutrientes do que aqueles sem exploração econômica.

As áreas de influência tiveram suas aptidões agrícolas determinadas a partir do estudo realizado pela CPRM (2000) em escala de 1:250.000, que seguiu a metodologia proposta pela Embrapa Solos, denominada Sistema de Classificação de Aptidão Agrícola das Terra, que considera diferentes possibilidades de utilização agrícola em função de práticas de manejo inerentes a três níveis tecnológicos. Esta avaliação consiste na interpretação das qualidades do ecossistema por meio da estimativa das limitações das terras para uso agrícola e das possibilidades de correção ou redução dessas limitações, de acordo com diferentes níveis de manejo.

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3.5.1 Sistema de Classificação de Aptidão Agrícola das Terras

3.5.1.1 Níveis de Manejo

São três os tipos de manejo considerados, representados pelas letras A, B e C, descritos no Quadro 3.5-1, as quais podem aparecer na simbologia da

classificação escrita de diferentes formas, segundo as classes de aptidão que apresentem as terras, em cada um dos níveis adotados.

QUADRO 3.5-1: NÍVEIS DE MANEJO DO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE APTIDÃO AGRÍCOLA DAS

TERRAS.

NÍVEL DE

MANEJO CARACTERÍSTICAS

A

Baseado em práticas agrícolas que refletem um baixo nível tecnológico; praticamente não há aplicação de manejo; melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras; as práticas agrícolas dependem do trabalho braçal, podendo ser utilizada alguma tração animal com implementos agrícolas simples.

B

Baseado em práticas agrícolas que refletem um nível tecnológico médio; caracteriza-se pela modesta aplicação de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras; as práticas agrícolas estão condicionadas principalmente à tração animal.

C

Baseado em práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico; caracteriza-se pela aplicação intensiva de capital e de resultados de pesquisa para manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras; a motomecanização está presente nas diversas fases da operação agrícola.

Fonte: CPRM, 2001.

De forma a contemplar diferentes possibilidades de utilização das terras, em função dos níveis de manejo adotados, o comportamento das terras é avaliado para lavouras nos níveis de manejo A, B e C, para pastagem plantada e silvicultura no nível de manejo B e para pastagem natural no nível de manejo A. Para uma representação mais precisa dos diversos tipos de uso, o sistema de classificação é estruturado em grupos, subgrupos e classes de aptidão, conforme é apresentado abaixo.

3.5.1.2 Categorias do Sistema

A - Grupos de Aptidão Agrícola

O grupo de aptidão agrícola identifica o tipo de utilização mais intensivo das terras, ou seja, sua melhor aptidão. Há seis grupos, identificados pelos algarismos de 1 a 6, em escala decrescente, de acordo com as possibilidades de utilização da terra. Os grupos 1, 2 e 3 representam terras mais adequadas para lavouras, enquanto os grupos 4, 5 e 6 apenas identificam os tipos de utilização: respectivamente, pastagem plantada, silvicultura e/ou pastagem natural e

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preservação da flora e da fauna, independentemente da classe de aptidão. Do grupo 1 ao 6 as limitações aumentam gradualmente, restringindo a intensidade e uso da terra.

B - Subgrupos de Aptidão Agrícola

Os subgrupos representam as variações que existem dentro dos grupos. Representam, em cada grupo, o conjunto das classes de aptidão para cada nível de manejo, indicando o tipo de utilização da terra. Em certos casos, o subgrupo refere-se somente a um nível de manejo, relacionado a uma única classe de aptidão agrícola.

C - Classes de Aptidão Agrícola

As classes dizem respeito à aptidão agrícola das terras para um certo tipo de utilização, com relação a um dos três níveis de manejo considerados, e expressam o grau com que as limitações afetam a terra, podendo ser divididas em quatro classes distintas – boa, regular, restrita e inapta:

Classe Boa – Terras sem limitações significativas para a produção sustentada

de um determinado tipo de utilização, observando-se as condições do manejo considerado. Há um mínimo de restrições que não reduz, expressivamente, a produtividade ou os benefícios e não aumenta os insumos acima de um nível aceitável.

Classe Regular – Terras que apresentam limitações moderadas para a produção sustentada de um determinado tipo de utilização, observando-se as condições do manejo considerado. As limitações reduzem a produtividade ou os benefícios, elevando a necessidade de insumos de forma a aumentar as vantagens globais a serem obtidas do uso. Ainda que atrativas, essas vantagens são sensivelmente inferiores àquelas auferidas das terras de classe boa.

Classe Restrita – Terras que apresentam limitações fortes para a produção

sustentada de um determinado tipo de utilização, observando-se as condições do manejo considerado. Essas limitações reduzem a produtividade ou os benefícios, ou então aumentam os insumos necessários, de tal maneira que os custos só seriam justificados marginalmente.

Classe Inapta – Terras não adequadas para a produção sustentada de um determinado tipo de utilização.

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3.5.1.3 Simbologia

A simbologia tem como objetivo permitir a apresentação, em um só mapa, da classificação da aptidão agrícola das terras para diversos tipos de utilização, sob três níveis de manejo. Para tal, estes são representados por números e letras. Os algarismos de 1 a 6 referem-se aos grupos de aptidão agrícola e indicam o tipo de utilização mais intensivo permitido, como se pode observar no Quadro 3.5-2.

QUADRO 3.5-2: SIMBOLOGIA ADOTADA PELO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS.

GRUPOS APTIDÃO

1 a 3 Terras indicadas para lavouras.

4 Terras indicadas para pastagem plantada.

5 Terras indicadas para silvicultura e/ou pastagem natural.

6 Terras indicadas para preservação da flora e da fauna.

Fonte: CPRM, 2001.

As letras que acompanham os algarismos são indicativas das classes de aptidão, de acordo com os níveis de manejo, como indicação dos diferentes tipos de utilização. As letras A, B e C referem-se à lavoura, P à pastagem plantada e N à pastagem natural, e podem aparecer nos subgrupos em maiúsculas, minúsculas ou minúsculas entre parênteses, representando, respectivamente, a classe de aptidão boa, regular ou restrita para o tipo de utilização considerado (Quadro 3.5-3). Ao contrário das demais, a classe inapta não é representada por símbolos.

Sua indicação é feita pela ausência das letras no tipo de utilização considerado, o que indica, na simbolização do subgrupo, não haver aptidão agrícola para usos mais intensivos. Essa situação não exclui, necessariamente, o uso da terra com um tipo de utilização menos intensivo. Dessa forma, a mensagem é sintetizada e apresentada em um único símbolo.

Por exemplo, no subgrupo 1(a)bC, a letra minúscula entre parênteses (a) representa a classe de aptidão RESTRITA no nível de manejo A; a letra minúscula b representa a classe de aptidão REGULAR no nível de manejo B; e a

letra maiúscula C representa a classe de aptidão BOA no nível de manejo C. O algarismo 1, representativo do grupo, indica, além da aptidão para lavoura, a classe de aptidão BOA em pelo menos um dos três sistemas de manejo. Já no subgrupo 4p, que pertence ao grupo de aptidão 4, a letra minúscula p indica

terras com aptidão regular para pastagem plantada e inaptas para lavouras, devido à ausência das letras A, B e C. A utilização com pastagem plantada é, portanto, a forma de utilização mais intensiva possível, o que não exclui, todavia, a possibilidade de exploração com usos menos intensivos, como silvicultura ou pastagem natural.

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QUADRO 3.5-3: SIMBOLOGIA CORRESPONDENTE ÀS CLASSES DE APTIDÃO AGRÍCOLA DAS TERRAS.

CLASSE DE APTDÃO

AGRÍCOLA

TIPOS DE UTILIZAÇÃO

LAVOURAS PASTAGEM

PLANTADA SILVICULTURA

PASTAGEM

NATURAL

NÍVEL DE MANEJO NÍVEL DE

MANEJO B NÍVEL DE MANEJO

B NÍVEL DE

MANEJO A A B C

Boa A B C P S N

Regular a b c p s n

Restrita (a) (b) (c) (p) (s) (n)

Inapta - - - - - -

Fonte: CPRM, 2001.

3.5.2 Mapeamento da Aptidão Agrícola das Terras da AII e AID do Empreendimento

Através da utilização da metodologia descrita anteriormente, foram identificadas as diferentes classes de aptidão agrícola para a AII e AID do empreendimento, apresentadas no Mapa 3.5-1.

No Quadro 3.5-3 é possível observar a descrição das classes de aptidão agrícola

encontradas para a área do empreendimento e sua associação com as classes de solo existente na mesma, verificando-se que são várias as restrições às atividades agrícolas. A análise conjunta do Mapa 3.5-1 e do Figura 3.5-2 permite constatar que mais de 90 % da área do Distrito Industrial e boa parte de sua Área de Influência Indireta não apresentam aptidão para uso agrícola. Em menores proporções são encontrados, na AID e AII do Distrito Industrial solos com aptidão inapta para silvicultura e restrita para pastagem natural e lavouras.

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MAPA 3.5-1: MAPA DE APTIDÃO AGRÍCOLA DA AII E AID DO EMPREENDIMENT

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QUADRO 3.5-4: CLASSES DE APTIDÃO AGRÍCOLA ENCONTRADAS PARA AS DIFERENTES CLASSES DE

SOLO EXISTENTES NA AII E AID DO EMPREENDIMENTO.

CLASSE DE

SOLO APTIDÃO

AGRÍCOLA DESCRIÇÃO

HPd2 6 Sem aptidão para uso agrícola, terras indicadas para preservação de flora e fauna.

GPs1 5(n)X Aptidão Restrita para pastagem natural e inapta para silvicultura. Há, em menores proporções, terras com aptidão superior à representada.

GPs2 3(abc) Aptidão Restrita para lavouras nos níveis de manejo A, B e C.

Ae2 3(abc)Y Aptidão Restrita para lavouras nos níveis de manejo A,B e C. Há, em menores proporções, terras com aptidão inferior à representada.

Ad2 3(bc)Y Aptidão Restrita para lavouras nos níveis de manejo B e C,e Inapta no nível A. Há, em menores proporções, terras com aptidão inferior à representada.

Ce 2abcY Aptidão Regular para lavouras nos níveis de manejo A, B e C. Há, em menores proporções, terras com aptidão inferior à representada.

OT 5(n) Aptidão Restrita para pastagem natural e inapta para silvicultura.

Apesar de quase não haver áreas aptas ao desenvolvimento de pastagem natural, há ocorrência de pastagens nativas, adaptadas às condições edafoclimáticas localizadas. Entretanto, os solos próximos ao litoral do município de São João da Barra são constituídos, basicamente, por areias quartzosas Figura 3.5-1 com baixas fertilidade e capacidade de retenção de umidade, o que corrobora para a inaptidão agrícola de grande trecho do referido município.

FIGURA 3.5-1: SOLOS DO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DA BARRA

FORMADOS POR AREIAS QUARTZOSAS E COM SEVERAS

RESTRIÇÕES AO USO AGRÍCOLA. FONTE: VILAS BOAS (2009).

Na medida em que há um afastamento do litoral, observa-se uma transformação gradativa da textura das terras, seja pela mudança de sua coloração, seja por sua

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ocupação. Esses solos mais escuros apresentam relativas melhoras de fertilidade e drenagem, apesar da baixa capacidade de retenção de umidade. Porém, os mesmos só devam ser cultivados com olerícolas e frutíferas em regime de irrigação (Figura 3.5-2) não sendo indicados para culturas comerciais extensivas

de cana-de-açúcar, podendo, entretanto, ser ocupados com pastagem ou silvicultura – eucalipto - durante todo o ano. Nos municípios de São João da Barra e em Campos, é comum o cultivo de aipim, feijão e milho na época das chuvas, sendo estes sujeitos a perdas em decorrência dos veranicos, muito frequentes nesses períodos, na região.

FIGURA 3.5-2: PEQUENA FRUTICULTURA DE ABACAXI EM REGIME

DE IRRIGAÇÃO SIMPLIFICADO. FONTE: VILAS BOAS (2009).

Observa-se que a maior parte da Área de Influência apresenta aptidão agrícola bem diferente daquela encontrada para o Distrito Industrial, havendo um predomínio de aptidão restrita e regular para lavouras nos diferentes níveis de manejo considerados.

Na região em estudo, ocorrem práticas agrícolas, de acordo com o nível de manejo B, ou seja, que refletem um nível tecnológico médio e que se caracteriza pela modesta aplicação de capital, sendo comum a preparação do solo para plantio com suprimento de esterco (Figura 3.5-3). O aporte de matéria orgânica

gerado pela incorporação do esterco visa o aumento da capacidade de retenção de umidade em solos de textura leve. Além disso, a prática da irrigação simplificada proporciona segurança ao produtor, pois este passa a sofrer menos as consequências do déficit hídrico recorrente na região

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FIGURA 3.5-3: SOLOS PREPARADOS PARA PLANTIO COM

SUPRIMENTO DE ESTERCO. FONTE: VILAS BOAS (2009).

Solos próximos a área urbana do município de Campos (correspondendo a parte da AII) possuem características texturais mais pesadas, com altos teores de argila e, maiores capacidades de troca catiônica. Assim, conseguem reunir boas condições de fertilidade e retenção de umidade. Nesta região, os solos possuem fertilidade que variam de média a alta, com boas capacidades de troca catiônica e retenção de umidade. A erodibilidade é baixa e seu potencial de mecanização muito bom, respeitado o período/dias de chuvas fortes. As pastagens apresentam bons potenciais de produção quando bem manejadas.