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o jovem notícias [3] cds-pp [4] especial [8] JP Maia elege novos orgãos concelhios A JP Maia foi a votos. Manuel Oliveira foi reconduzido na liderança da Comissão Política e o ex-presidente, Júlio Marques, foi eleito como novo responsável pela Mesa do Plenário Concelhio. O CDS comemora 36 anos de existência Fundado em Julho de 2009, o CDS completa neste mês 36 anos de existência. Esta edição contém resumo da história do partido, com alguns dos momentos mais relevantes e as personalidades mais marcantes da sua história. A distrital de Braga sob o signo da plenitude Com pouco mais de um ano de actividade, a Distrital de Braga virou moda e cresceu até atingir a plenitude de concelhias eleitas no distrito. Destacamos os momentos principais do sucesso e falamos com Sérgio Lopes. Nº 31 | Ano XXV | Julho de 2010 www.jpmaia.org [email protected] entrevista [10] Michael Seufert O Jovem esteve à conversa com o presidente da Juventude Popular e deputado do CDS à Assembleia da República, Michael Seufert. Nesta entrevista ele fala-nos de tudo da forma a que habituou todos os que o conhecem: franca e honesta. Após pouco mais de metade do mandato cumprido, falamos da sua eleição para presidente da JP, as expectativas em relação à eleição como deputado, da situação política actual e até das questões mais triviais de que é feita a sua vida. Uma entrevista a não perder.

31 O JOVEM [Julho2010]

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O Jovem, jornal oficial da Juventude Popular da Maia. www.jpmaia.org

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o jovem

notícias [3] cds-pp [4] especial [8] JP Maia elege novos orgãos concelhios

A JP Maia foi a votos. Manuel Oliveira foi reconduzido na liderança da Comissão Política e o ex-presidente, Júlio Marques, foi eleito como novo responsável pela Mesa do Plenário Concelhio.

O CDS comemora 36 anos de existência

Fundado em Julho de 2009, o CDS completa neste mês 36 anos de existência. Esta edição contém resumo da história do partido, com alguns dos momentos mais relevantes e as personalidades mais marcantes da sua história.

A distrital de Braga sob o signo da plenitude

Com pouco mais de um ano de actividade, a Distrital de Braga virou moda e cresceu até atingir a plenitude de concelhias eleitas no distrito. Destacamos os momentos principais do sucesso e falamos com Sérgio Lopes.

Nº 3 1 | Ano XXV | Ju lho de 2010

www.jpmaia .orgimprensa@jpmaia .org

entrevista [10]

Michael Seufert

O Jovem esteve à conversa com o

presidente da Juventude Popular e

deputado do CDS à Assembleia da

República, Michael Seufert. Nesta

entrevista ele fala-nos de tudo da forma a

que habituou todos os que o conhecem:

franca e honesta.

Após pouco mais de metade do mandato

cumprido, falamos da sua eleição para

presidente da JP, as expectativas em relação

à eleição como deputado, da situação

política actual e até das questões mais

triviais de que é feita a sua vida. Uma

entrevista a não perder.

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A anatomia doA anatomia doA anatomia doA anatomia do vermevermevermeverme

Por estes dias, a propósito da sua provável expulsão do PS, ouvi Narciso Miranda falar das poucas-vergonhas que minam as estruturas partidárias, com os aparelhismos e o jogo dos tachos e das influências a marcar o ritmo do seu funcionamento. Não é que ele me mereça o papel de exemplo imaculado da luta contra o sistema. Afinal, também ele veio abrir a boca apenas no momento em que já não pode fazer aquilo que acusa os outros de lhe fazerem. Na verdade, esta vida de verme “apparatchik” obedece muito a um jogo de grandes conveniências. Quem está calado vai ganhando; quem abriu a boca já perdeu. As estruturas partidárias, longe de serem organismos perfeitos, ganham retoques de uma imperfeição perversa à conta desses vermes que nela se sustentam e crescem à custa de conhecimentos pessoais variados e suspeitos, da posse de um bom punhado de votos e do controlo dos crânios ocos de uma série de idiotas úteis, enfileirados como carneiros que funcionam pelo impulso dos interesses e das lutas de poder pelo poder. Ideias, essa gente tem poucas que interessem àqueles que motivaram o nascimento das forças políticas. Ao contrário, são eles que oferecem às pessoas a visão de uma política suja e com objectivos calculistas que nada lhes interessa e que as repugna. As suas habilidades jogam-se nos tabuleiros internos; os seus interesses também. Esses vermes vegetam na classe dos parasitas. Colados como lapas ao espelho que lhes reflecte o ego, vão calculando, manipulando e servindo para chegar ao ponto onde vêm um fim, enquanto outros

viram um meio para fazer melhor pelo país e pelos que em si confiaram. A natureza do verme é diversa e motivada por uma série de interesses distintos. Eles podem vir de Gaia, de Paredes, de Braga ou outra qualquer paragem mais ou menos exótica. Eles podem querer dinheiro, status, protagonismo ou apenas uma boa forma de passar o seu tempo. Mas todos rastejam na lama da sua ignorância, respiram o ar sujo da sua inconsequência e passeiam sob o cheiro fétido da sua vaidade, cheios de si próprios, pequeninos como só eles conseguem ser. É provável que Narciso Miranda nunca tenha sido mais do que um verme. Mas traindo a espécie ou não, veio relembrar que o meio em que muitos optaram estar de boa fé está infestado de seres que teimam em querer ser mais do que os vermes que serão para toda a vida.

Michael SeufertMichael SeufertMichael SeufertMichael Seufert

Mas nem só de trevas vive a política. Ao contrário dos diversos vermes que pululam certas estruturas partidárias, existem aqueles que apenas levam em conta as ideias que interessam e os problemas que realmente importam. Um desses que não precisam de calculismos obscuros para chegarem a certo sítio, porque basta-lhes merecer lá estar, é o Micha, nosso entrevistado nesta edição. Ao fim de pouco mais de um ano, a JP está forte e recomenda-se, muito por causa da competência da sua chefia. O desânimo de ver os vermes respirarem sai largamente compensado quando vemos pessoas como ele no lugar certo.

2222 primeira páginaprimeira páginaprimeira páginaprimeira página julho 2010 | o jovem

EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL Tiago LoureiroTiago LoureiroTiago LoureiroTiago Loureiro | Editor d’O Jovem

NESTA EDIÇÃONESTA EDIÇÃONESTA EDIÇÃONESTA EDIÇÃO primeira páginaprimeira páginaprimeira páginaprimeira página Editorial por Tiago Loureiro

2

ser jp na maiaser jp na maiaser jp na maiaser jp na maia Manuel Oliveira reeleito

Nasce o Núcleo do Castêlo da Maia

3

3

especialespecialespecialespecial 36 anos do CDS-PP

100% Braga

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entrevistaentrevistaentrevistaentrevista Michael Seufert

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opiniãoopiniãoopiniãoopinião Nuno Silva

Manuel Oliveira

Rita Magalhães e Silva

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o jovem | julho 2010 ser jp na maiaser jp na maiaser jp na maiaser jp na maia 3333

Na quarta-feira 28 de Julho, a Juventude

Popular da Maia foi a votos para a eleição

ordinária dos seus órgãos concelhios.

Com listas únicas à Comissão Política

Concelhia e à Mesa do Plenário

Concelhio, os militantes da estrutura

votaram esmagadoramente na reeleição

de Manuel Oliveira para mais um ano de

mandato. Com uma aposta clara na

continuidade de um projecto que iniciou

com o primeiro mandato, a Comissão

Política da Maia continua a ser

representada pelos Vice-Presidentes

Carlos Pinto, Nuno Silva e Tiago

Loureiro. A secretaria-geral da estrutura

fica a cargo de Vânia Peres enquanto

como Vogais foram eleitos Rita

Magalhães e Silva, Tiago Oliveira, José

Miguel Maia, Marianna Pimenta, Renato

Ribeiro e Márcio Aguiar.

Já a Mesa do Plenário Concelhio

apresenta uma cara nova, Júlio Marques,

MANUEL OLIVEIRA REELMANUEL OLIVEIRA REELMANUEL OLIVEIRA REELMANUEL OLIVEIRA REELEITOEITOEITOEITO PRESIDENTE DA JP MAIPRESIDENTE DA JP MAIPRESIDENTE DA JP MAIPRESIDENTE DA JP MAIAAAA

NASCEU ONASCEU ONASCEU ONASCEU O NÚCLEO DONÚCLEO DONÚCLEO DONÚCLEO DO CASTÊLO DA CASTÊLO DA CASTÊLO DA CASTÊLO DA MAIA MAIA MAIA MAIA

ex-presidente da estrutura e militante de

longa data da Juventude Popular. Nesta

equipa está também Tiago Fonseca

Oliveira, como Vice-Presidente, e Miguel

Moreira, como Secretário.

Como Conselheiros Nacionais, eleitos em

listas uninominais, temos Carlos Pinto,

José Miguel Maia, Eric Rodrigues, Vânia

Peres, Tiago Oliveira e Rita Magalhães e

Silva. Quanto aos Conselheiros Distritais,

foram eleitos José Miguel Maia, Tiago

Oliveira, Renato Ribeiro, Vânia Peres,

Rita Magalhães e Silva e Márcio Aguiar.

O Gabinete de Estudos da Juventude

Popular da Maia continuará a cargo de

Carlos Pinto.

A tomada de posse dos novos órgãos,

assim como a apresentação do caderno

de encargos para este mandato, está

prevista para o mês de Setembro, após

as férias e a habitual rentreé política do

CDS-PP e da Juventude Popular.

Foi no passado dia 18 de Julho que a

Juventude Popular da Maia fez história

com a criação do seu primeiro núcleo

territorial, o Núcleo do Castêlo da

Maia. Com o objectivo de abranger as

freguesias de Barca, Santa Maria de

Avioso, São Pedro de Avioso e

Gemunde, esta será uma oportunidade

para a estrutura estar mais perto dos

jovens, dos seus problemas e

ambições.

Para marcar este acontecimento, a

iniciativa foi celebrada com um

convívio no Katus Academic Bar, na

vila do Castêlo da Maia, e contou com

imensos militantes da Juventude

Popular – quer do recém-criado núcleo,

quer de várias concelhias e outras

estruturas – e muitos outros jovens que

tiveram oportunidade de conhecer este

projecto de futuro para Juventude

Popular da Maia.

Alguns dos elementos deste recém-

criado núcleo, foram recentemente

eleitos para os orgãos concelhios da JP

Maia, nomeadamente José Miguel

Maia, Marianna Pimenta e Renato

Ribeiro. | Manuel Oliveira

| Vânia Peres

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4 4 4 4 especialespecialespecialespecial julho 2010 | o jovem

Era uma vez

O partido do Centro Democrático e Social nasceu no dia 19 de Julho de 1974, através do impulso e do trabalho de dois homens: Freitas do Amaral e Amaro da Costa. Nascido para ir de encontro “ao apelo de amplas correntes de opinião pública, abrindo-se a todos os democratas do centro-esquerda e centro-direita", o CDS percorreu vários caminhos. Hoje, quando passam 36 anos da sua fundação, vale a pena, como sempre, relembrar os momentos marcantes da sua história.

um partido...

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A fundação O Partido do Centro Democrático e Social (CDS) foi fundado em 19 de Julho de 1974, "correspondendo ao apelo de amplas correntes de opinião pública, abrindo-se a todos os democratas do centro-esquerda e centro-direita", segundo as palavras do fundador, Diogo Freitas do Amaral. Para além dele, entre as personalidades que subscreveram a sua Declaração de Princípios contavam-se o eterno Adelino Amaro da Costa, Basílio Horta, Vítor Sá Machado, Xavier Pintado, João Morais Leitão e João Porto. Os primeiros meses de actividade caracterizaram-se por um esforço de implantação e esclarecimento, dificultado e impedido pelo clima de instabilidade, violência e anarquia que se vivia no país, que culminaria nos assaltos à sede do partido em 4 de Novembro de 1974 e em 11 de Março de 1975. Em 13 de Janeiro de 1975, cumprindo a lei dos partidos políticos, o CDS entregou ao Supremo Tribunal de Justiça a documentação necessária à sua legalização. Durante a realização do seu I

Congresso, no Palácio de Cristal,

na cidade do Porto, em 25 e 26

desse mesmo mês de Janeiro, o

CDS foi vítima dos distúrbios da

extrema-esquerda, que cercou o

edifício e tentou a sua invasão,

tendo as forças militares

permitido o sequestro dos

congressistas – entre os quais

alguns destacados membros das

maiores democracias-cristãs

europeias – durante 15 horas.

Nesse congresso, foi eleita a

primeira Comissão Política, que

teve como Presidente e Vice-

Presidente, Diogo Freitas do

Amaral e Adelino Amaro da

Costa, respectivamente.

Em 11 de Março de 1975, na sequência de nova viragem política, que teve como vectores principais a intervenção colectivista na vida económica e a tutela militar do regime, o CDS declarou-se partido da oposição, atitude que manteria até à formação do II Governo Constitucional, em 1978. Em Abril de 1975, o CDS elegeu os únicos 16 Deputados não socialistas da Assembleia Constituinte, que haveriam de votar sozinhos contra o texto final da Constituição, em 2 de Abril de 1976, sendo esse facto, ainda hoje, um registo ímpar da história do partido. Entretanto, o CDS foi admitido em finais de 1975 como membro da UEDC – União Europeia das Democracias Cristãs. O grande objectivo do CDS foi alcançado em 1976, nas eleições legislativas: ultrapassar o PCP e colocar-se, ao lado dos socialistas e sociais-democratas, entre os grandes partidos democráticos portugueses, com 42 Deputados.

Um parceiro privilegiado O I Governo Constitucional, lide-rado por Mário Soares com maioria relativa, passava por dificuldades dramáticas na Assembleia da República, fruto de uma moção de censura. Face a este cenário, e à hesitação do Presidente da República Ramalho Eanes, surgiu um ac ordo improvável entre o CDS e o PS, de modo a viabilizar “um governo de base PS, integrando personalidades do CDS” que vigorasse até 1980. É assim que, três anos e meio após a sua fundação, o CDS chega ao poder, colocando no governo três

ministros centristas – Rui Pena, Sá Machado e Basílio Horta, nas pastas de Reforma Admi-nistrativa, Negócios Estran-geiros e Comércio e Turismo, respectivamente, além de cinco Secretários de Estado. No entanto, em meados de 1979, o CDS propôs ao PSD e ao PPM a constituição de uma frente eleitoral que deu origem à AD – Aliança Democrática. A AD venceu as eleições legislativas de 1979 e de 1980, com maioria absoluta. Nos Governos da AD, o CDS esteve representado por cinco ministros e dez secretários de estado. O fundador e Presidente do partido, Diogo Freitas do Amaral, foi então vice-primeiro-ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1980) e Vice Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa Nacional (1981-1982). Nesse mesmo período, outro fundador do Partido, Francisco Oliveira Dias, foi Presidente da Assembleia da República. O CDS ocupou, alternadamente, os ministérios dos Negócios Estrangeiros, Defesa Nacional, Presidência, Finanças e Plano, Agricultura, Comércio, Indústria, Obras Públicas, Assuntos Sociais e Cultura, imprimindo uma marca de qualidade, doutrina e moderação às políticas do seu governo. Em Março de 1981, realizou-se o IV Congresso – "Pela Democracia Cristã, com a AD renovar Portugal" – que, uma vez mais, reelegeu como líder do Partido Diogo Freitas do Amaral, desta vez já sem Adelino Amaro da Costa que morrera num trágico desastre de avião juntamente com Francisco Sá Carneiro, em

Camarate, desastre que o sistema judicial português nunca esclareceu, ainda que a tese do atentado tenha ganho ainda mais força na última Comissão de Inquérito. Em Dezembro de 1982, após desinteligências no seio da AD, Freitas do Amaral demitiu-se do Governo e da presidência do Partido. Passados 22 anos, nas eleições legislativas de Março de 2002, na sequência da demissão do Primeiro-Ministro António Guterres, o CDS obtém um resultado eleitoral de 8,75% e estabelece com o Partido Social Democrata (PSD) um acordo de coligação que viabiliza a constituição do XV Governo Constitucional. Nesse Governo o CDS esteve representado por três ministros e seis secretários de Estado. O Presidente do CDS ocupa a pasta de Ministro de Estado e da Defesa Nacional, Maria Celeste Cardona a pasta da Justiça e António Bagão Félix a do Trabalho e Segurança Social. Após a saída do então Primeiro-Ministro Durão Barroso para presidir a Comissão Europeia, no XVI Governo, liderado por Pedro Santana Lopes, são quatro os ministros indicados pelo CDS/PP: Paulo Portas tutela agora também os Assuntos do Mar, para além de continuar a ser Ministro de Estado e da Defesa Nacional; Luís Nobre Guedes é Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território; Telmo Correia assume a pasta do Turismo; António Bagão Félix, é Ministro das Finanças e da Administração Pública. O CDS conta ainda com cinco Secretários de Estado.

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Adelino Amaro da Costa discursa numa acção de campanha da

Aliança Democrática.

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Por estes motivos, fruto do sentido de Estado e de compromisso que o CDS sempre assumiu pelos interesses de Portugal, os maiores partidos do arco da governabilidade sempre viram no CDS um companheiro responsável e de qualidade. Em suma, um parceiro privilegiado.

As evoluções doutrinais e o fim do “Freitismo” Com a saída de Freitas do Amaral da presidência do partido, o CDS experimenta pela primeira vez algumas evoluções doutrinais que o afastam da matriz democrata-cristã preconizada pelo até então presidente. Ao V Congresso, realizado em Lisboa em Fevereiro de 1983, apresentaram-se dois candidatos à liderança do Partido – Francisco Lucas Pires e Luís Barbosa, ex-ministro da AD, tendo saído vitorioso o primeiro. Francisco Lucas Pires ganha visibilidade no CDS por ser conotado com uma ruptura com o estilo centrista e vocacionado para a democracia-cristã de Diogo Freitas do Amaral. As suas ideias eram claramente menos viradas para a doutrina democrata cristã, encontrando maior identificação na direita liberal. Com pouco tempo de liderança, enfrenta o primeiro desafio eleitoral, conseguindo 12% dos votos e 30 deputados. Com uma queda nas eleições seguintes, em 1985, Lucas Pires sai da liderança do partido. O seu sucessor foi o Prof. Adriano Moreira. Com um discurso virado, mais do que nunca, para uma filosofia conservadora, o CDS atinge o seu pior resultado numas eleições legislativas, conse-guindo eleger apenas 4 deputados em 1987, ficando conhecido na época como o “partido do táxi”. No mesmo dia realizaram-se as primeiras eleições para o Parlamento Europeu, tendo o CDS, através de uma campanha autónoma de Francisco Lucas Pires, candidato do partido nessas eleições,

conseguido 15,4% dos votos. Como consequência do mau resultado eleitoral, Adriano Moreira sai da liderança do partido, abrindo a porta ao regresso de Diogo Freitas do Amaral. Com o fundador do CDS voltou a ideia de vincar a marca democrata-cristã, estando tal objectivo bem patente no nome da moção com que vence o VIII Congresso: “Um Projecto Democrata Cristão para Portugal”. Apesar de uma ligeira subida nas legislativas seguintes, o projecto de Freitas do Amaral culmina em fracasso, levando novamente à sua saída, desta vez definitiva.

De CDS a Partido Popular Em 1992 uma nova geração tomou conta do CDS. Em Março desse ano, no X Congresso do partido, foi eleito o ex-presidente da Juventude Centrista, Manuel Monteiro. Um ano depois, um congresso extraordinário adi-ciona a expressão "Partido Popular" ao nome do partido. A denominação actual foi fixada no XIII Congresso, em Fevereiro de 1995. Rompendo com a ideia da equidistância relativamente a PS e PSD que o CDS deveria adoptar, apresentada por Freitas do Amaral em 1991, o CDS de Manuel Monteiro assume-se como um partido de direita. A ruptura com o passado fez-se também ao nível das questões europeias, manifestando-se o

CDS - Partido Popular frontalmente contra o federalismo e a favor de uma Europa das nações onde a soberania de cada Estado deveria ser preservada. Nessa linha, o partido mostrou-se céptico em ralação ao Tratado de Maastricht e à União Económica e Monetária, acabando por ser expulso do Partido Popular Europeu (no qual foi, entretanto, readmitido). Nas legislativas de 1995 o CDS - Partido Popular apresenta uma enorme recuperação eleitoral. Paulo Portas entra na ribalta do partido e é eleito deputado, entrando num grupo parlamentar que triplicava a anterior bancada do CDS e qual constavam nomes como Manuela Moura Guedes, António Lobo Xavier e Maria José Nogueira Pinto. No entanto, em 1997 após fracasso eleitoral nas autárquicas, Manuel Monteiro apresenta a sua demissão.

O aparecimento de Paulo Portas A “revolução” operada por Manuel Monteiro, teve o condão de iniciar a rota ascendente de uma das principais figuras da história do CDS. Paulo Portas, conhecido pela sua actividade jornalística no célebre “O Independente”, jornal que não poupou os governos de Cavaco Silva, entrou na vida parlamentar ao ser eleito deputado em 1995. Em 1997, após a demissão de

Manuel Monteiro da liderança do partido, Paulo Portas concorre contra Maria José Nogueira Pinto, num congresso realizado em Braga, saindo vencedor. O seu “reinado” à frente do CDS apenas foi interrompido entre 2005 e 2007, quando José Ribeiro e Castro comandou o partido.

2009 A história recente do CDS é marcada, inevitavelmente, por 2009, o ano de todos os sucessos. Iniciando o ano com sondagens francamente negativas, a rondar os 2% e que previam a extinção do partido, o CDS enfrentou as eleições para o Parlamento Europeu, as primeiras de um ciclo eleitoral exigente, lançando dois dos seus melhores parlamentares – Nuno Melo e Diogo Feio. O resultado dificilmente podia ser melhor. Contra sondagens que previam que o CDS não elegeria um único deputado, ambos os ex-líderes da bancada parlamentar foram eleitos, com um resultado superior a 8%. Embalado por este sucesso eleitoral contra ventos e marés, o CDS chegou às eleições legislativas com a ambição de se colocar como terceiro partido. Tal objectivo foi largamente alcançado e, finalmente, o partido alcança um resultado com dois dígitos. O CDS elege uns inesperados 21 depu-tados. | Tiago Loureiro

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A partir dos inícios da década de 1990, o CDS acrescenta ao seu nome a expressão “Partido Popular”.

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Imagens que

o jovem | julho 2010 especial especial especial especial 7777

marcaram a história

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100% Braga

oi eleita nos inícios de Maio de 2009 e hoje é um sucesso. Tem-se vindo a destacar como uma estrutura

distrital dinâmica, cujo trabalho crescente não passa despercebido, nomeadamente no que diz respeito à implementação. Pouco mais de um ano depois de ter iniciado actividade, a Distrital de Braga da JP conseguiu atingir o pleno de concelhias activas no distrito. O trabalho começou com a realização do I Conselho Distrital de Braga, aproveitado

para promover a formação política dos novos militantes e das concelhias recentes eleitas um pouco por todo o distrito, com a presença de figuras como o eurodeputado Nuno Melo, o deputado eleito por Braga, Altino Bessa, o ex-Presidente da Juventude Popular, Pedro Moutinho, e os dirigentes nacionais da JP, João Ribeirinho Soares e Vera Rodrigues. Por ocasião das campanhas para as eleições legislativas e autárquicas, a estrutura da Juventude Popular do distrito

teve oportunidade para mostrar mais uma vez a sua força e saiu à rua ajudando a eleger dois deputados à Assembleia da República, Telmo Correia e Altino Bessa, e vários elementos do CDS e da própria JP para diversos orgãos autárquicos espalhados pelo distrito. As campanhas de solidariedade foram uma marta das iniciativas concelhias por todo o distrito de Braga, através da recolha de consideráveis quantias de roupa e alimentos, bem como a participação na campanha “Limpar Portugal”. Um dos momentos altos do ano para a Distrital de Braga chega com a atribuição do prémio Adelino Amaro da Costa, que distingue a melhor concelhia da JP a nível nacional, a uma das suas concelhias: Fafe.

F

8888 especialespecialespecialespecial julho 2010 | o jovem

Com pouco mais de um ano de actividade, a Distrital de Braga da Juventude Popular virou moda e cresceu até atingir a plenitude de concelhias eleitas no distrito. Destacamos os momentos principais que marcaram o sucesso da estrutura bracarense e falamos com o seu Presidente, Sérgio Lopes.

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A Distrital de Braga celebrou um ano de

mandato, que balanço fazes deste percurso?

Extremamente positivo! Depois de quase 20 anos sem estrutura distrital, quando a nossa equipa aceitou este desafio, tínhamos apenas dois concelhos eleitos e um distrito com pouca iniciativa por parte das juventudes partidárias. Um ano depois, esta equipa conseguiu superar todas as expectativas, implementando, com esforço e dedicação, uma “Moda JP” no nosso Baixo Minho. Neste nosso primeiro ano de mandato, formamos jovens autarcas e por todo o distrito temos agora “jotas” nas Assembleias Municipais e de Freguesias dos principais concelhos e fomos pioneiros e interventivos nas principais temáticas que actualmente preocupam os minhotos. Temos no distrito concelhos que necessitam de mais actividade, concelhos onde há uma clara escassez de políticas atractivas e inovadoras que provocam o afastamento dos jovens e que tornam estes pólos envelhecidos. Neste panorama temos conseguido inverter a tendência e o resultado é extremamente gratificante. A plenitude em termos de concelhias eleitas foi

um marco recente da Distrital. Como explicas

este sucesso? Foi difícil?

Na verdade, atingir a plenitude não foi difícil pois foi o resultado do bom trabalho que temos desempenhado no distrito e também do esforço de promoção da JP por todos os cantos do Minho. Fizemos um esforço em percorrer todos os concelhos e fazer campanhas de rua mesmo nos sítios onde não tínhamos estrutura e reconheço que foi difícil conseguir chegar aos jovens com as nossas ideias e iniciativas em concelhias mais afastadas como Celorico de Basto e Cabeceiras de Basto, onde existem desigualdades enormes, onde as Câmaras Municipais são a principal entidade empregadora e onde existe também uma população muito envelhecida. Por tudo isto, o desinteresse dos jovens pela política local é mais relevante do que nos outros sítios, porém foi onde mais batalhamos para conseguir criar essas mesmas estruturas. Como avalias a prestação da Juventude Popular

no distrito de Braga e no contacto com os

jovens?

O Baixo Minho é a região mais jovem de Portugal e isso facilita muito o nosso trabalho de divulgação da JP e das nossas iniciativas no distrito. Ao contrário do que se fala, a Juventude não está afastada da política. A Classe Política é que cria barreiras á participação dos jovens. Temos desde o 25 de Abril sempre os mesmos partidos, as mesmas pessoas a liderar as autarquias e sinto que as barreiras se criam porque não querem dar lugar às novas gerações. É nossa missão ultrapassar essas barreiras e exigir fazermos parte dos orgãos de decisão. E o contacto que fazemos com os jovens vai nesse sentido, tentar despertar o

interesse em fazer algo pelos seus concelhos, integrando as listas para os orgãos autárquicos e dotar os jovens das ferramentas necessárias para que as suas ideias sejam ouvidas. Os jovens identificam-se cada vez mais com a JP, pois presenciam que de facto é a estrutura com mais actividade e iniciativa do distrito. Pois as propostas que tentamos implementar nos concelhos, têm um efeito prático e visível na vida de todos nós. A Distrital de Braga da JP é conhecida pelo seu

dinamismo e entrega, quais os objectivos a

curto/médio prazo?

O objectivo para o 2º ano do nosso mandato é, agora que temos todos os concelhos do distrito em pleno funcionamento, implementar certos projectos que vão ao encontro das problemáticas da nossa região. Temos várias propostas que tiveram sucesso e continuam a ser bandeiras do Minho e que queremos agora implementar em todos os concelhos do distrito. Na problemática do desemprego, algo que está já agendado na Assembleia Municipal de Vila Nova de Famalicão, a Bolsa de Emprego e Feira de Emprego que protege e promove a empregabilidade dos jovens e que garante o futuro da nossa região enquanto região inovadora e criativa, e criadora de riqueza para o país; A protecção da representatividade do associativismo jovem nas Autarquias através dos Conselhos Municipais da Juventude, algo que a JP no distrito batalha desde o primeiro dia e em especial em Fafe e Braga onde a JP tem um papel importantíssimo. Queremos agora criar em todos os concelhos do distrito. A criação de oportunidades para os jovens poderem criar os seus próprios projectos dentro dos seus respectivos concelhos com criatividade e inovação sem depender de terceiros, através de propostas de isenção de taxas e impostos para jovens empreendedores com menos de 35 anos e com a criação de gabinetes de empreendedorismo nas autarquias. Iniciativas que sentimos já são fundamentais para a revitalização do nosso tecido económico. Esperamos que com a boa promoção e visibilidade das nossas iniciativas consigamos aumentar a nossa massa crítica e que cada vez mais jovens se juntem à JP.

Que papel julgas ser o mais eficaz para uma

Distrital? Concordas com aqueles que lhe

atribuem um papel meramente de

implantação?

De maneira nenhuma. Implantar uma estrutura é fácil, o difícil é acompanha-las e manter essas mesmas estruturas. Uma Distrital não é nada mais do que a representação dos concelhos todos e tem como objectivo gerir todo esse projecto, pois a cooperação entre os concelhos faz toda a diferença e é fundamental na organização local. No nosso distrito, felizmente, sempre tivemos uma tradição de muita união e cooperação entre todos, uma vez que temos uma região onde partilhamos os mesmo valores culturais os mesmo interesses e as mesmas preocupações, e nesse sentido tentamos sempre implementar projectos comuns que unam o Vale do Ave e o Vale do Cávado. E não esquecendo também toda a formação necessária e o apoio logístico aos militantes, é a distrital quem consegue realmente, no terreno, acompanhar e incentivar as estruturas.

o jovem | julho 2010 especialespecialespecialespecial 9999

“ Esta equipa conseguiu superar todas as expectativas, implementando, com esforço e dedicação, uma “Moda JP” no Baixo Minho. Neste primeiro ano de mandato,

formamos jovens autarcas e por todo o distrito temos agora “jotas” nas Assembleias Municipais e Assembleias

de Freguesias dos principais concelhos.

SSSSérgio érgio érgio érgio LLLLopesopesopesopes Presidente da Comissão Política Distrital de Braga

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ichael Seufert, ou simplesmente Micha, 27 anos, natural da cidade do Porto, apesar do nome

pouco comum vindo de terras germânicas, foi eleito presidente da Comissão Política Nacional da Juventude Popular há pouco mais de um ano em Guimarães. O homem do nome difícil – Jaime Gama que o diga – vai-se destacando como figura de proa e cara mediática da JP. É um dos deputados mais jovens da Assembleia da República e tem dado nas vistas pelo seu trabalho no âmbito da Educação, um dos temas

que mais impacto directo tem na vida dos jovens. Antes de chegar à presidência da estrutura, Michael Seufert era uma das vozes mais respeitadas na Juventude Popular, fruto do seu excelente desempenho ao leme do Gabinete de Estudos Gonçalo Begonha, dos seus discursos notáveis em Conselhos Nacionais, ou da sua participação blogosférica, onde era respeitado e tido como um dos melhores. Dono de valores e princípios vincados e opiniões muito próprias, nem sempre é consensual na partilha das ideias que tem, mas alcança uma quase

unanimidade no respeito e atenção dos outros que o ouvem com atenção. Não há experiencia mais interessante na JP do que falar com o Micha. Porque ele sabe ouvir e responder; concordar e desafiar; questionar e convencer; aprender e ensinar. Nestas páginas o Micha fala-nos de tudo da forma a que habituou todos os que o conhecem: franca e honesta. Desde a sua eleição para presidente da JP, as expectativas em relação à eleição como deputado, da situação política actual e até das questões mais triviais de que é feita a sua vida. Uma entrevista a não perder.

M

10101010 entrevistaentrevistaentrevistaentrevista julho 2010 | o jovem

Cerca de um ano depois de termos sido os primeiros a entrevistar o novo presidente da Juventude Popular, reencontramo-nos com o homem do nome difícil, que agora veste também a pele de deputado.

MICHAEL SEUFERTMICHAEL SEUFERTMICHAEL SEUFERTMICHAEL SEUFERT SEUFERTSEUFERTSEUFERTSEUFERT,,,,

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Já entraste na segunda metade do teu

mandato enquanto presidente da

Juventude Popular. Até agora, como

classificas a experiência?

Extraordinária. A ligação diária com os militantes de todo o país e a participação activa na realidade política nacional – as duas vertentes do meu mandato – representam um engrandecimento pessoal que me satisfaz imenso. Ao mesmo tempo, poder servir esta organização que aprendi a adorar em todos estes anos que cá ando, é duma

enorme responsabilidade que espero não trair. Sentes que o que foi feito até aqui

correspondeu às expectativas, ficou

aquém delas ou, de alguma forma, as

superou?

Como o mandato ainda vai praticamente a meio, o que ainda não foi feito lá chegará. Mas naturalmente que o facto de ter sido eleito deputado superou todas as expectativas que tinha há um ano atrás. Acho que foi um passo

importante para JP e que permite um trabalho meu completamente diferente do que era antes. Tentando por a parcialidade e a

modéstia de lado, consideras que a JP

está, hoje, com a fasquia mais elevada?

Sim. A JP hoje está presente em mais locais que antes, está mais activa que nunca e tem uma presença mediática melhor que nunca. Cada dia mais jovens se juntam a nós. Estamos todos os dias a elevar a fasquia.

12121212 entrevistaentrevistaentrevistaentrevista julho 2010 | o jovem

SSSSER ELEITO DEPUTADO SER ELEITO DEPUTADO SER ELEITO DEPUTADO SER ELEITO DEPUTADO SUPEROU UPEROU UPEROU UPEROU

TODAS AS MINHAS EXPETODAS AS MINHAS EXPETODAS AS MINHAS EXPETODAS AS MINHAS EXPECTATIVASCTATIVASCTATIVASCTATIVAS

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O que consideras ter sido o melhor do

teu mandato até ao momento?

As Universidades JP em Cascais:

rebentámos com todas as expectativas e

tivemos que andar a inventar salas e

hotéis para alojar toda a gente. É

impressionante que tenham conseguido

isso para um evento de formação

política, supostamente “seca” para a

nossa geração. Foi um grande trabalho

do Gabinete de Estudos mas que deve

orgulhar toda a JP.

E o pior?

Ter perdido algumas pessoas que se

distanciaram do projecto que ganhámos

em Guimarães. São coisas normais na

política mas que não deixo de lamentar.

Mas como se vê a JP continua e

continuará.

Quais os planos para o que resta deste

mandato? Que objectivos ainda há a

atingir e que sonhos há a concretizar?

Temos que continuar a partilhar a nossa

ideia de Portugal com mais e mais

jovens. Temos muito sucesso no

Facebook e as pessoas discutem e

questionam em conjunto os problemas

do país. É nessa forma de política que

acredito.

Não podemos esquecer certos temas

como o aborto ou a liberdade de escolha

e o papel da família na educação. Mas há

mais a explorar: a herança que a nossa

geração receberá de 36 anos de várias

formas de Socialismo representa um

enorme problema para os jovens de hoje.

É por eles que estamos aqui e que temos

de continuar o nosso caminho.

Como é viver na capital? Já pedes uma

imperial em vez de um fino?

Viver em Lisboa não é tão mau como

temia – mas o Porto é muito melhor. E

não, não peço Imperial. Peço finos e

Super Bock, de preferência!

Resignado ao lugar de passageiro ou a

carta de condução está para breve?

Prefiro não dar uma resposta definitiva a

isso. Vivo bem esse handicap, para já.

Qual o teu pior aperto quando vestes o

“uniforme” de deputado: o nó da

gravata ou dos atacadores dos

sapatos?

Normalmente os meus sapatos não têm

atacadores, por isso será o nó da gravata.

Mas a verdade é que já estava habituado

a usar fato antes – não sofro muito com

isso.

De entre todas as amizades que fizeste

no grupo parlamentar do CDS, quem

destacas como pessoa mais próxima de

ti, o teu principal amigo?

Isso é complicado de responder... Tenho

passado mais tempo com outros

nortenhos: o Altino Bessa de Braga (com

quem partilho o gabinete) e o Raúl

Almeida de Aveiro, com quem acabo por

jantar com alguma regularidade. A

Cecília Meireles, o João Almeida e o

Filipe Lobo de Ávila já partilharam

comigo bons momentos na JP. O José

Manuel Rodrigues é o meu colega e

coordenador na 8ª Comissão e acabamos

por sofrer em conjunto o peso dessa que

é a mais trabalhosa das comissões. Mas

globalmente passo bons tempos com

todos os deputados do CDS – o grupo

não é assim tão grande (ainda!) – pelo

que nos vemos a todos com

regularidade.

Destacava só aqui o Henrique Borges que

é o assessor do grupo parlamentar na

Comissão de Educação e sem o qual

nenhum do nosso trabalho nessa área

era possível.

E no seio das restantes bancadas, já

houve tempo de fazer boas amizades?

Sim, dou-me bem com deputados de

esquerda à direita. Quer porque no interior

da Comissão de Educação o trabalho é bem

feito e apesar de tudo amistoso, quer

porque todos os partidos têm bons

deputados com quem dá gosto trabalhar.

“ As Universidades JP foram o ponto mais positivo do mandato até ao momento: rebentámos com as expectativas e tivemos que inventar salas e hotéis para alojar toda a gente, num evento de formação política, supostamente “seca” para a nossa geração. Foi um grande trabalho do Gabinete de Estudos mas que deve orgulhar toda a JP.

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Ao ser indicado para o quarto lugar na

lista do CDS no círculo eleitoral do

Porto, que expectativas criaste

relativamente a uma eventual eleição?

Nenhumas. Sempre achei poder vir à Assembleia da República alguns meses por rotatividade dos membros acima de mim, mas nunca achei que fosse mesmo eleito. Com que sentimentos recebeste a

noticia da eleição como deputado à

Assembleia da República?

Exactamente por não ter nenhuma expectativa, quando se começou a desenhar essa possibilidade (nas últimas sondagens internas do CDS e nas projecções do dias das eleições), fui atacado pelos nervos. Não há nada pior que vermos uma coisa que queremos muito mas sabemos ser impossível (e antes sabia ser impossível), prestes a tornar-se possibilidade – mas fora do

nosso controlo. Quando – foi o João Ribeirinho, não me esqueço – anunciou naquela sala de hotel em que estávamos todos reunidos que o número de eleitos do Porto passou de 3 para 4 (andávamos três ou quatro nos portáteis a fazer refresh nos vários sites que apresentavam resultados) foi uma gritaria na sala e caiu-me tudo em cima. Foi fantástico. Que papel teve a JP na tua eleição?

A JP foi fundamental na campanha do distrito do Porto onde fui eleito mas também em todo o país onde fez campanha com o CDS. Vale a pena dizer que o resultado das eleições tem que ser avaliado como um todo. Vejo a eleição de qualquer deputado como o resultado do excelente trabalho feito pela direcção do partido e a forma como conduziram a campanha – dos temas escolhidos aos meios usados. Mas é evidente que sem o

apoio da JP as campanhas teriam sido muito mais pobres. Da Madeira ao Alto Minho e de Vila Real ao Algarve tínhamos jovens que se levantavam de madrugada para se deitarem de noite alta só por causa da campanha do CDS e porque acreditavam nos seus ideais. Há muitos anónimos que suaram muito para eleger os 21 deputados do CDS. Que principais vantagens a JP encontra

ao ter um deputado eleito na

Assembleia da República?

A maior vantagem é que se consegue um acompanhamento mais constante do dia-a-dia político que se desenrola em torno da AR. Assim estamos em condições de reagir melhor. É também melhor o acesso a informação. Quando uma concelhia pede informação sobre determinado tema, ou ajuda por determinada coisa, é mais fácil arranjar informação. Por fim a JP tem uma cara mais mediática do que teria noutras circunstâncias o que, acho, ajuda a “vender” a imagem da JP. Quais os principais desafios que tiveste

de enfrentar na pele de deputado nesta

tua primeira sessão legislativa?

Inicialmente o mais importante era estudar. Apesar das eleições muitos dossiers transitavam da anterior legislatura. Aliás, a minha primeira acção como deputado foi entregar um pedido de apreciação parlamentar dos Estatuto das Carreiras Docentes do Ensino Superior. Eram matérias que eu conhecia mas não dominava propriamente. E portanto foram precisas reuniões e muito estudo para me inteirar da matéria. Foi algo que ganhámos em toda a linha e onde podemos corrigir algo que o governo PS tinha sucessivamente adiado e depois mal feito.

“ A JPA JPA JPA JP TEM UMA CARA MAIS METEM UMA CARA MAIS METEM UMA CARA MAIS METEM UMA CARA MAIS MEDIÁTICADIÁTICADIÁTICADIÁTICA DODODODO QUE TERIA NOUTRAS CIQUE TERIA NOUTRAS CIQUE TERIA NOUTRAS CIQUE TERIA NOUTRAS CIRCUNSTÂNCIASRCUNSTÂNCIASRCUNSTÂNCIASRCUNSTÂNCIAS O QUEO QUEO QUEO QUE,,,, ACHOACHOACHOACHO,,,, AJUDA A AJUDA A AJUDA A AJUDA A ““““VVVVENDERENDERENDERENDER”””” A A A A SUA IMAGEMSUA IMAGEMSUA IMAGEMSUA IMAGEM

“ A JP foi fundamental na campanha do distrito do Porto onde fui eleito mas também em todo o país onde fez campanha com o CDS. É evidente que sem o apoio da JP as campanhas teriam sido muito mais pobres. Da Madeira ao Alto Minho e de Vila Real ao Algarve tínhamos jovens que se levantavam de madrugada para se deitarem de noite alta por causa da campanha e porque acreditavam nos seus ideais. Há muitos anónimos que suaram muito para eleger os 21 deputados do CDS.

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O governo insiste em reforçar o seu

apego a um estado que gasta claramente

mais do que pode. Onde vamos parar?

Era óptimo dizer que vamos parar a melhor, mas duvido. Gastar mais dinheiro público quando a dívida pública cresce sem, é assassino para a nossa economia. Temos que começar a poupar e é já. E vai doer com certeza. O país é como uma família que está há anos a viver de empréstimos para férias, restaurantes e carros novos. Só que agora chegou o banco. Não vai ser fácil cortar com certas mordomias a que o socialismo nos habituou, mas temos que o fazer. É a nossa geração que vai pagar ao banco. Na hora de encontrar responsáveis pela

situação de crise, concordas com quem

as divide entre governo e Presidente da

Republica, por este ter sido muitas vezes

pouco assertivo e peremptório nos avisos

que enviou?

O Presidente da República não tem um papel fácil. Por um lado não tem efectivos poderes, por outro parece que se lhe exige que aja como se os tivesse. O PR tem que saber enviar “recados” sem que interfira directamente na agenda do governo, afinal este é que é eleito para governar. Não estou em condições de avaliar o papel do PR por trás dos bastidores, mas julgo que no plano público, não tem revelado muita astúcia. Deixo o exemplo da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O PR fez um enorme discurso em que explicava porque não concordava e apresentou todos os seus argumentos para no fim… dizer que promulgava à mesma. Se era para promulgar, então que não

fizesse um drama disso e avançasse. Em relação à questão concreta da crise, no entanto, a sua gestão é da inteira responsabilidade do governo. Não vejo que o PR pudesse “ajudar” um governo ideologicamente cego como este na procura de outras soluções. Falando nas Presidenciais: alguns

candidatos já são conhecidos, a

recandidatura de Cavaco Silva é mais que

provável e existe uma aparente vaga de

fundo para encontrar outra candidatura à

direita. Como vês esta questão a alguns

meses das eleições?

Antes de mais vale a pena dizer que o único candidato minimamente de direita que pode ganhar é Cavaco Silva. Mas o sistema a duas voltas tem muito que se lhe diga. Creio que há duas maneiras de ver as

VOLTA E JULGO QUE ELVOLTA E JULGO QUE ELVOLTA E JULGO QUE ELVOLTA E JULGO QUE ELE GANHARÁ SEM E GANHARÁ SEM E GANHARÁ SEM E GANHARÁ SEM O MEU VOTOO MEU VOTOO MEU VOTOO MEU VOTO “ NÃO VOTAREI CAVACO NNÃO VOTAREI CAVACO NNÃO VOTAREI CAVACO NNÃO VOTAREI CAVACO NUMA PRIMEIRAUMA PRIMEIRAUMA PRIMEIRAUMA PRIMEIRA

11116666 entrevistaentrevistaentrevistaentrevista julho 2010 | o jovem

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coisas: uma é pensar que Portugal tem uma maioria sociológica de esquerda (como as eleições legislativas parecem demonstrar) e que por isso a direita só tem hipótese de ganhar à primeira volta concentrando o seu eleitorado. Qualquer candidato de direita, numa segunda volta, é esmagado pela tal maioria (vide Freitas do Amaral). Outro ponto de vista é achar que Cavaco não mobiliza a direita e que por isso é preciso termos um candidato que vá à primeira volta motivar o eleitorado de direita descontente com Cavaco, para depois, numa segunda volta, poder contribuir com a sua plataforma para a eleição de Cavaco. No primeiro cenário uma candidatura à direita de Cavaco beneficia a esquerda, no segundo prejudica-a. A minha opinião pessoal é de que não votarei Cavaco numa primeira volta. E julgo que ele ganhará nessa primeira volta sem o meu voto, se não houver mais nenhum candidato. Se no entanto houver segunda volta, votarei Cavaco, independentemente de ter havido outro candidato ou não. Os poderes do Presidente da

correspondem a apenas um dos vários

pontos quentes da proposta de revisão

constitucional do PSD. Que avaliação é

que essas propostas te merecem?

Como uma mão cheia de nada. A direcção do PSD quis se afirmar radicalmente diferente do PS (PS sem o qual não muda a Constituição), e lançou uma série de propostas que não correspondem ao PSD das bases e dos barões. Como tal teve de voltar atrás e vai-se a ver e fica tudo igual. Entretanto PS e PSD passam o Orçamento de Estado para 2011 onde se vão selar aumento de impostos e código contributivo. Perde Portugal… Com uma mudança governativa cada vez

mais eminente e o PSD a liderar as

sondagens, achas que o CDS se deve

disponibilizar para reforçar um governo

liderado por Passos Coelho?

O CDS ganhou nas últimas eleições um eleitorado que tem que fixar. E só fixaremos eleitorado se mantivermos o rumo seguido até agora: discurso claro e promessas cumpridas. Assim sendo o CDS só deve ir para o governo – com quem quer que seja – se estiver em condições de cumprir o que promete em campanha eleitoral. Qualquer apoio governamental tem que ser assim negociado. �

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EUROPA 2020EUROPA 2020EUROPA 2020EUROPA 2020 NunoNunoNunoNuno SilvaSilvaSilvaSilva | Vice-Presidente da CPC da Juventude Popular da Maia

Este parágrafo que abre o resumo da Estratégia Europa 2020 revela bem o actual estado da União Europeia (UE). A crise que nasceu nos Estados Unidos da América (EUA) e que atravessou o Atlântico e ainda cá continua devastou aquilo que foi conseguido pelos Estados membros nos últimos anos, desde o 1992 com a criação da União e o seu aprofundamento em 2002 com a entrada da em vigor da moeda única. Muitos políticos e economistas dizem que foi exactamente com este passo de criação de uma união não só económica mas também monetária que colocou a UE tão vulnerável face a esta crise que assolou o mundo. Para salvar o Euro, e os países da Zona Euro, a UE tem de trabalhar arduamente para recolocar-se no patamar onde estava até 2008 como bloco económico forte e consolidado. A ideia da UE passa neste momento por uma nova estratégia económica que relance a UE, e que devolva aos Estados membros a posição que tinham até 2008, nomeadamente quando falamos das suas contas públicas. Dentro dos casos mais graves na Zona Euro e na própria UE no seu todo, um é o nosso país. Juntamente com a Grécia, a Hungria, a Espanha e, até certo ponto, a Itália, Portugal está em risco de perder ainda mais a sua credibilidade (em parte fundada pela entrada na moeda única) e o seu prestigio nos mercados através da perda da confiança no pagamento da sua dívida pública. Assim sendo, a Comissão Europeia, juntamente com a aprovação do Conselho e do Parlamento Europeu, desenhou uma nova estratégia chamada Europa 2020. O objectivo é cumprir um caderno de encargos e de implementar as medidas até ao ano 2020 que ponham de volta a UE no caminho certo. Compreendendo que o objectivo máximo é o crescimento, seja ele económico, social, intelectual dos europeus, desde já afirmo as minhas dúvidas para com a viabilidade de algumas das propostas em questão. Concretizo: em primeiro lugar, parece-me que o objectivo de implementação da chamada politica “20/20/20” demasiado complicada para alguns dos membros da UE, nomeadamente os mais recentes, que não tem uma economia suficientemente desenvolvida para lidar com este tipo de cortes ambientais. É certo que a politica de aumento do uso de energias renováveis e de maior eficácia na retenção energética são de saudar, e onde muitos dos novos membros batem os mais antigos e desenvolvidos (como por exemplo a Eslovénia com 16% de

energia renovável em 2005 contra 1,3% do Reino Unido), no entanto pedir a países com a República Checa, o Chipre ou a Eslováquia que abdiquem de uma percentagem tão grande de emissões de carbono como a França ou a Alemanha é surreal. Estes países precisam destas mais-valias para desenvolverem a sua economia, quer em termos de

competitividade dentro da UE como para fora dela. E não esqueçamos que a UE espera que, caso seja possível, aumentar para 30% os cortes. Sem dúvida que, teoricamente é uma ideia muito boa, e de longe o maior corte de emissões de carbono da história, mas a aplicabilidade da medida parece-me, no mínimo, duvidosa e a complicada de atingir. O aumento da taxa de empregabilidade entre as faixas etárias dos 20 aos 64 anos parece muito depender do motor das economias dos Estados, e não propriamente de Bruxelas. Certo é que haverá sempre programas e pacotes de incentivo ao emprego provenientes de Bruxelas mas passa muito mais pelo desenvolver das economias, que depois criaram por si estes empregos, do que uma politica directa de criação de emprego como, por exemplo, o governo português faz com os estágios de administração pública. Ideologicamente, para mim o melhor caminho para a criação de emprego passa pela baixa de impostos para as empresas, baixando assim a carga fiscal e aumentando a possibilidade de aceleração do motor económico que trará emprego, do que politicas directas de criação de emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder de imposição de medidas fiscais sobre os Estados

“ Europe faces a moment of transformation. The crisis has wiped out Europe faces a moment of transformation. The crisis has wiped out Europe faces a moment of transformation. The crisis has wiped out Europe faces a moment of transformation. The crisis has wiped out years of economic and social progress and exposed syears of economic and social progress and exposed syears of economic and social progress and exposed syears of economic and social progress and exposed structural tructural tructural tructural weaknesses in Europe's economy. In the meantime, the world is weaknesses in Europe's economy. In the meantime, the world is weaknesses in Europe's economy. In the meantime, the world is weaknesses in Europe's economy. In the meantime, the world is moving fast and longmoving fast and longmoving fast and longmoving fast and long----term challenges term challenges term challenges term challenges ---- globalization, pressure on globalization, pressure on globalization, pressure on globalization, pressure on resources, ageing resources, ageing resources, ageing resources, ageing ---- intensify. The EU must now take charge of its intensify. The EU must now take charge of its intensify. The EU must now take charge of its intensify. The EU must now take charge of its future. future. future. future. [Europe 2020 Strategy (2010)]

11118888 opiniãoopiniãoopiniãoopinião julho 2010 | o jovem

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membros que obrigue ao que quer que seja. Mas mesmo assim, o aumento que a Estratégia Europa 2020 apresenta é tímido. A Comissão pede somente um aumento de 6%, ou seja para 75% de empregabilidade neste sector, reconhecendo assim pelo menos um quarto da facha etária com desempregada, precária ou em reforma antecipada. A medida para a educação proposta pela Estratégia Europa 2020 de fixação abaixo dos 10% da taxa de abandono escolar parece-me que não tem nada de criticável sendo um número muito perto do ideal. No entanto, a UE quer que pelo menos 40% dos jovens desta geração tenham finalizado o ensino secundário peca por ser baixo. Um países, neste caso um bloco,

que queira ter cidadãos preparados para enfrentar um mundo globalizado e de segurança de emprego muito diminuta, tem de formar jovens com qualidade. Não querendo dizer com isto que a UE precisa de ter só licenciados, mestres e doutores, precisa de apostar fortemente que os seus jovens cidadãos estejam preparados com cursos gerais de secundário e valorizar o equivalente curso profissional que muita falta faz para qualificar algumas profissões que o mercado exige. Um excelente objectivo nesta Estratégia Europa 2020 é a canalização de 3% do Produto Interno Bruto para R&D (Research and Development, ou em português Pesquisa e Desenvolvimento). Os fundos para a pesquisa são fundamentais para resolver problemas actuais e facilitar a resolução de problemas futuros. Além disso, diz muito de um Estado o nível de desenvolvimento, nomeadamente

tecnológico, e da captação e capacidade de manutenção dos investigadores que tornam esses desenvolvimentos reais. Daí também a aposta da UE de reforçar o ensino superior europeu, de modo a ter a capacidade de competir por potenciais “génios”, se me permitem a expressão. É bem sabido que, em termos de captação de bons alunos para o ensino superior, ninguém bate os EUA que, tendo graves problemas na sua educação até ao ensino secundário, no ensino superior tem instituições que batem qualquer instituição europeia. Somente, a Universidade de Oxford entra no top ten das melhores do mundo, onde as outras nove universidades são norte americanas. Concluindo, embora tenha tido o apoio do Conselho Europeu e, depois de alguns sustos, o apoio do Parlamento Europeu que chegou a ameaçar bloquear este documento, estas medidas são, no mínimo, ambiciosas para atingir num espaço de dez anos. Marcará por certo o segundo mandato da Comissão Barroso e a que se seguirá, tendo também os Estados membros muito trabalho pela frente, e muitos sacrifícios para o seu tecido empresarial para poder atingir os patamares que Bruxelas espera.

o jovem | julho 2010 opiniãoopiniãoopiniãoopinião 11119999

“ PPPPara mim o melhor caminho para a criação de emprego ara mim o melhor caminho para a criação de emprego ara mim o melhor caminho para a criação de emprego ara mim o melhor caminho para a criação de emprego passa pela baixa de impostos para as empresas, passa pela baixa de impostos para as empresas, passa pela baixa de impostos para as empresas, passa pela baixa de impostos para as empresas, baixando assim a carga fiscal e aumentando a baixando assim a carga fiscal e aumentando a baixando assim a carga fiscal e aumentando a baixando assim a carga fiscal e aumentando a possibilidade de aceleração do motor económico que possibilidade de aceleração do motor económico que possibilidade de aceleração do motor económico que possibilidade de aceleração do motor económico que trarátrarátrarátrará emprego, do que politicas directas de criação demprego, do que politicas directas de criação demprego, do que politicas directas de criação demprego, do que politicas directas de criação de e e e emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder emprego. No entanto, Bruxelas ainda não tem o poder de imposição de medidas fiscais sobre os Estados de imposição de medidas fiscais sobre os Estados de imposição de medidas fiscais sobre os Estados de imposição de medidas fiscais sobre os Estados membros que obrigue ao que quer que seja.membros que obrigue ao que quer que seja.membros que obrigue ao que quer que seja.membros que obrigue ao que quer que seja.

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ALGUNS ALGUNS ALGUNS ALGUNS APONTAMENTOS ANTESAPONTAMENTOS ANTESAPONTAMENTOS ANTESAPONTAMENTOS ANTES DA “DA “DA “DA “SILLY SEASONSILLY SEASONSILLY SEASONSILLY SEASON”””” Manuel OliveiraManuel OliveiraManuel OliveiraManuel Oliveira | Presidente da CPC da Juventude Popular da Maia

s portas da silly season, e porque o ano passado não a tivemos, retiro alguns apontamentos da actualidade: 1. Para quem não se lembra ou simplesmente não liga a estes pormenores, em 1976, aquando da aprovação da actual

constituição da República Portuguesa, o CDS, na altura liderado pelo Prof. Freitas do Amaral, foi o único partido na Assembleia Constituinte que votou contra. Fê-lo porque esta limitava em muito a democratização necessária das instituições, condenava os portugueses a um modelo exclusivo de sociedade, atropelava direitos, deveres e a livre escolha. Curiosamente, volvidos trinta e quatro anos, o PSD propõe uma revisão constitucional, no mínimo polémica, que não só questiona o acesso gratuito aos serviços de educação e saúde, como propõe um reforço de poderes do Chefe de Estado. A faceta liberal de Passos Coelho, que ao que parece ainda respira, vai certamente causar-lhe alguns dissabores num país que desde a revolução das flores se habituou à gratuitidade. Se por um lado entendo que a Defesa, a Segurança e as Relações Internacionais devem ser os únicos deveres exclusivos do Estado, por outro considero que podiam poupar a totalitária Constituição desta nobre República a mais uma revisão. O caixote do lixo seria um lugar muito mais digno. 2. Aí está o novo estatuto do aluno e não fosse a Educação das áreas que no nosso país concentram mais polémicas e reformas, diria que finalmente se fez alguma coisa. O empenhamento do grupo parlamentar do CDS foi essencial para que, em conjunto com o PS, fosse aprovado um novo regime que privilegia o mérito, condena o insucesso, culpa os irresponsáveis e procura diferenciar potencialidades. Há muito que as escolas reclamam por mais autoridade, há muito que o desleixo e a insubordinação se têm vindo a instalar. O regime de faltas fica mais apertado, aqueles que têm mérito são premiados, os professores ganham mais autoridade. Parece-me

profundamente acertado, ainda mais quando vejo que representantes nacionais das Associações de Estudantes criticam e alertam para o afastamento do aluno da escola. Tretas. Assim como estes senhores que prestam um péssimo serviço à educação portuguesa e aos jovens que lutam pelo seu futuro conquistado por mérito próprio. 3. A trapalhada à volta das Scut continua. Perder ou não perder votos, beneficiar autarquias amigas ou não, eis as questões. Onde já toda a gente percebeu que só teremos portagens no início de 2011, muita palermice e desconhecimento tem alimentado esta certeza e parece que, de uma forma ou outra, voltamos sempre ao cerne da questão: a gratuitidade. Sou

profundamente a favor do conceito utilizador/pagador, acredito que não devo nem tenho que pagar auto-estradas em que não circulo, pontes que não preciso. Não acredito no argumento da ausência de alternativas simplesmente porque uma alternativa a uma via rápida seria… uma via rápida. Pelo menos para mim o conceito de alternativa representa sempre uma saída, não exactamente igual, mas que ofereça basicamente as mesmas condições. É possível ir de Alfena ao Aeroporto de Pedras Rubras sem ser pela A41, é possível chegar a Viana do Castelo sem ser pela A28. Demora mais tempo, causa mais stress, desgasta mais os veículos, mas é possível. Daí, das duas uma: meter portagens e construir vias rápidas paralelas e gratuitas que serão as apregoadas “alternativas”,

ou então pagar para usufruir de um serviço especial, mais cómodo e rápido. Que me lembre, quando chego à fronteira de Valença/Tui, assim que entro em via-rápida espanhola, pago portagem. Pois... 4. Este mês o Governo liberalizou o horário das grandes superfícies permitindo assim que estas possam estar abertas aos Domingos até às 24h. Uma boa notícia que apenas peca por tardia. Cabe agora às autarquias decidir em conformidade com os responsáveis por este sector. Inquestionavelmente esta permissão trará não só a criação de postos de emprego, mas também um aumento do consumo e uma competitividade mais justa e séria. A demagogia entende que o comércio tradicional será mais uma vez prejudicado. Deve ser o mesmo que não abre aos domingos e que nunca percebeu a evolução dos mercados e das necessidades de

consumo. Já não lhe chamo hipocrisia, chamo-lhe estupidez. 5. Uma última palavra para a Juventude Popular da Maia neste mandato que agora termina. Foi um ano intenso e realizável. Novas metas vêm aí, novas conquistas. Obrigado a todos, mesmo aqueles que nem que tenha sido apenas num minuto contribuíram para este projecto. Venha mais um ano com a consciência de que em primeiro lugar estará sempre a Maia.

À

22220000 opiniãoopiniãoopiniãoopinião julho 2010 | o jovem

“ O Governo liberalizou o O Governo liberalizou o O Governo liberalizou o O Governo liberalizou o horário das grandes horário das grandes horário das grandes horário das grandes superfícies.superfícies.superfícies.superfícies. A demagogia A demagogia A demagogia A demagogia entende que o comércio entende que o comércio entende que o comércio entende que o comércio tradicional será prejudicado. tradicional será prejudicado. tradicional será prejudicado. tradicional será prejudicado. Deve ser o mesmo que não Deve ser o mesmo que não Deve ser o mesmo que não Deve ser o mesmo que não abre aos domingos e que abre aos domingos e que abre aos domingos e que abre aos domingos e que nunca percebeu a evolução nunca percebeu a evolução nunca percebeu a evolução nunca percebeu a evolução dos mercados edos mercados edos mercados edos mercados e das das das das necessidades de consumo. Já necessidades de consumo. Já necessidades de consumo. Já necessidades de consumo. Já não lhe chamo hipocrisia, não lhe chamo hipocrisia, não lhe chamo hipocrisia, não lhe chamo hipocrisia, chamochamochamochamo----lhe estupidez.lhe estupidez.lhe estupidez.lhe estupidez.

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EDUCAÇÃO 1 EDUCAÇÃO 1 EDUCAÇÃO 1 EDUCAÇÃO 1 ---- GOVERNO 0GOVERNO 0GOVERNO 0GOVERNO 0 Rita Magalhães eRita Magalhães eRita Magalhães eRita Magalhães e SilvaSilvaSilvaSilva | Vogal da CPC da Juventude Popular da Maia

ste mês ficará marcado pela vitória da educação perante uma política esquerdista que só a tem colocado em crise, através duma perseguição incessante e irracional aos professores em proveito da

irresponsabilidade atribuída aos alunos. Analisando o papel do professor, foi-lhe retirada grande parte da sua autoridade, privilegiando aquele que é considerado um mau aluno. Esta perda de autoridade reflectiu-se noutras medidas implantadas pelo Governo, refiro-me, em concreto, ao sistema de avaliação dos professores. A educação e a formação profissional são condições essenciais no desenvolvimento pessoal e profissional de cada um, aliás uma vida bem sucedida deriva duma boa educação e esta educação é transmitida, precisamente, pelos professores. Agora deve ser uma avaliação com base no mérito, na qualidade e na aptidão do professor, não devendo a avaliação dos alunos interferir com esta ou o contrário. Note-se que sendo uma das carreiras que mais contributo oferece à sociedade, devem ser proporcionadas conjunturas motivadoras e encorajadoras ao seu exercício, o que resulta de um consenso e não de decisões arbitrais como se verifica na maior parte dos casos. O trabalho dos professores deve ser enaltecido, não lhe retirando o seu prestígio social e profissional. Quanto ao aluno, após lhe ter sido retirada disciplina e responsabilidade, repercutindo-se num estatuto de “balda” (consequências duma política de esquerda), regressamos novamente a uma política que se revela mais adequada. Desde logo, a assiduidade passa a ser importante no momento de passagem do aluno para o ano seguinte, o que significa que vão ser consideradas as faltas justificadas e injustificadas no momento de avaliação, o que revela um excelente progresso.

Deixa de se atribuir o mesmo valor a faltas por doenças e faltas por lazer. Quanto aos crimes contra o património da escola ou desavenças escolares que exijam processos disciplinares, terão prazos mais céleres, contribuindo para um ambiente escolar melhor, com mais segurança e garantia. Embora seja uma pequena mudança, esta é importante, mas outras urgem, nomeadamente é preciso fazer uma apreciação dos requisitos para se atribuírem bolsas de estudo, uma vez que a contagem dos membros do agregado familiar não está a ser feita como a matemática o exige. Não se pode admitir que num

agregado familiar com quatro pessoas, se contem meias pessoas. Para além da atribuição do subsídio ser irreal, temos outro problema. Na eventualidade de existirem mais filhos com bolsas de estudo atribuídas, tal consubstancia um impedimento a que o outro receba a bolsa de estudo. Parece-me injusto e viola a igualdade de oportunidades. Reclamo ainda a atenção para a possibilidade de os resultados escolares se repercutirem no valor dos apoios sociais que os tutores dos alunos recebem, ou seja, aqueles que obtêm resultados positivos devem ser premiados com um aumento desse apoio e os apoios

sociais daqueles que têm resultados negativos devem ser repensados, pois não está a haver aproveitamento escolar. Apesar de tudo, esta alteração ao Estatuto do Aluno revela um claro triunfo sobre alguns erros cometidos ao longo do tempo, motivados pelo anseio de um sucesso estatístico a todo o custo. Sucesso esse fictício e que se repercute nas taxas elevadas de desemprego. Não nos iludamos: esta taxa não se deve só a falta de emprego, mas também à formação insuficiente provocada pelo declínio do sector educativo.

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o jovem | julho 2010 opiniãoopiniãoopiniãoopinião 21212121