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    PARTE IIPARTE IIPARTE IIPARTE II

    DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASILDA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASILDA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASILDA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

    BREVE HISTRICO DA OABBREVE HISTRICO DA OABBREVE HISTRICO DA OABBREVE HISTRICO DA OAB

    A OAB foi criada legalmente em 18 de novem-bro de 1930, por fora do art. 17 do Decreto n.19.408 dessa data. Passaremos em seguida a indicar,em breve cronologia, os momentos marcantes deseus antecedentes e as transformaes por que pas-sou. Para um estudo mais aprofundado das origense vida da OAB, particularmente em suas primeirasdcadas, recomendamos a leitura das obras deNehemias Gueiros (A advocacia e o seu Estatuto),Joo Gualberto de Oliveira (Histria dos rgos declasse dos advoga-dos) e Alberto Venncio Filho(Notcia histrica da Ordem dos Advogados do Bra-sil.

    Na tradio francesa, a palavra Ordem, que foiadotada na denominao da entidade brasileira, vin-culase organizao medieval, como conjunto es-tatutrio que ordena um modo de vida reconhecidopela Igreja, semelhante ardo Clericorum ou s or-dens de cavalaria. O advogado era o cavaleiro emleis, assimilvel aos cavaleiros militares que iam aocombate para defender os pobres e humildes. AConstituio revolucionria e liberal francesa de 3de setembro de 1791, em seu prembulo, afirmou aextino de todas as corporaes profissionais, deartes e ofcios; porm, a tradio foi mais forte e per-maneceu a denominao Ordem, distante de suafuno originria.

    No dia 11 de agosto de 1827, aps decretadapela Assembleia Geral, foi sancionada pelo Impera-dor D. Pedro I a lei que criou os dois primeiros cur-sos jurdicos no Brasil, um em So Paulo e outro emOlinda, que poderiam conferir os graus de bacharele doutor. A lei mandou aplicar os Estatutos do Vis-conde de Cachoeira e a sua data se popularizoucomo o dia brasileiro da justia e das profisses jur-dicas em geral.

    No dia 7 de agosto de 1843, fundouse o Insti-tuto da Ordem dos Advogados Brasileiros, associa-o civil com a finalidade de congregar os profissio-nais da advocacia, com vistas criao da Ordemdos Advogados. O Estatuto da associao foi aprova-do pelo Imperador D. Pedro II, nessa data, por Avi-so firmado pelo Ministro de Estado da Justia, Ho-nrio Hermeto Carneiro Leo, estabelecendo seuart. 2: O fim do Instituto organizar a Ordem dosAdvogados, em proveito geral da cincia da juris-prudncia. H uma dvida quanto denominao;a portaria imperial referese a Instituto dos Advo-gados Brasileiros, mas a ata de instalao diz que elafoi expedida a favor do Instituto da Ordem dos Ad-vogados Brasileiros, tendo prevalecido esse nomenos estatutos da entidade. No dia 7 de setembro des-se ano, elegeuse a primeira diretoria, tendo comopresidente Francisco G Acaiaba de Montezuma,que exerceu o cargo at 1851.

    Ainda no Imprio, no dia 20 de agosto de 1880,foi apresentado ao Legislativo da Corte o Projeto deLei n. 95, criando a Ordem dos Advogados do Brasil.

    Nos anos de 1911 e 1914, novas tentativas deprojetos de lei foram feitas no sentido de separar aOrdem do Instituto dos Advogados, sem resultado.Em 16 de abril de 1914, o presidente do Instituto,Alfredo Pinto Vieira, que muito trabalhou para aimplantao da Ordem, pronunciou discurso emque afirmava preferir criar no Brasil uma instituiodistante dos modelos europeus, toda nossa, semprivilgios hierrquicos, nem subordinaes queafetem a nossa independncia.

    No dia 18 de novembro de 1930, finalmente,deuse a criao legal da Ordem dos Advogados doBrasil, em virtude da insero do art. 17 no Decreton. 19.408 do Governo Provisrio, que teve fora delei, assim dispondo: Art. 17. Fica criada a Ordemdos Advogados Brasileiros, rgo de disciplina e se-leo dos advogados, que se reger pelos estatutosque forem votados pelo Instituto da Ordem dos Ad-vogados Brasileiros, com a colaborao dos Institu-tos da Ordem dos Estados e aprovados pelo Gover-no. Destinavase a ser o rgo de disciplina e sele-o da classe dos advogados. O diploma legal no ti-nha essa finalidade, mas a de reorganizao da Cortede Apelao do Distrito Federal. A insero deveuse ao autor do anteprojeto, Andr de Faria Pereira,com o apoio do Ministro da Justia Osvaldo Aranha.O instituto desdobrouse em duas entidades: a Or-dem dos Advogados do Brasil e o Instituto dos Ad-vogados Brasileiros, este (e seus filiados) com finali-dade de promoo da cultura e cincia do direito en-tre os advogados.

    Em 14 de dezembro de 1931 foi aprovado o Re-gulamento da Ordem dos Advogados do Brasil, ado-tandose este nome pelo Decreto n. 20.784, cuja re-dao devese a Levi Fernandes Carneiro, primeiropresidente da entidade, com vigncia diferida peloDecreto n. 22.266, de 28 de dezembro de 1932, para31 de maro de 1933. O modelo adotado foi o doBarreau de Paris, tanto para a organizao da enti-dade como para o paradigma liberal da profisso deadvoga-do.

    O Regulamento da OAB foi consolidado peloDecreto n. 22.478, de 20 de fevereiro de 1933. Nodia 6 de maro de 1933, s 14 horas, na sede do Ins-tituto dos Advogados, o Conselho Federal da OABfoi instalado sob a presidncia de Levi Carneiro, quetinha sido escolhido presidente provisrio em 18 dejaneiro de 1932. O Regulamento passou por vriasreformas, consubstanciadas no Decreto n. 24.631,de 9 de julho de 1934; Lei n. 510, de 22 de setembrode 1937; Decretos n. 24.185, de 30 de abril de 1940;2.407, de 15 de julho de 1940; 3.036, de 19 de feve-reiro de 1941; 4.803, de 6 de outubro de 1942;5.410, de 15 de abril de 1943; 7.359, de 6 de marode 1945; 8.403, de 20 de dezembro de 1945; Leis n.690, de 30 de abril de 1949, e 1.183, de 28 de agostode 1950. O Regulamento, com tais modificaes, vi-geu at a entrada em vigor da Lei n. 4.215/63.

    Em 25 de julho de 1934, o Conselho Federal daOAB aprovou o Cdigo de tica Profissional, en-trando em vigor em 15 de novembro do mesmoano. O cadastro geral dos advogados apontou a exis-tncia de 8.161 inscritos na OAB, em todo o Pas.

    O DecretoLei n. 4.563, de 11 de agosto de1942, autorizou a Ordem dos Advogados do Brasil a

    instituir Caixas de Assistncia, em benefcio dosprofissionais nela inscritos.

    A OAB foi referida expressamente na Consti-tuio Federal de 1946, pela primeira vez, determi-nando sua participao nos concursos pblicos paraingresso na Magistratura.

    No dia 11 de agosto de 1956, o presidente daRepblica Juscelino Kubitschek de Oliveira assinou,no recinto da Ordem e perante o Conselho Federal, eao trmino do mandato do Presidente Miguel Sea-bra Fagundes, a mensagem ao Congresso Nacionalencaminhando sem qualquer alterao o projeto donovo Estatuto da OAB. A comisso que o redigiu foicomposta de Nehemias Gueiros, relator, Themisto-cles Marcondes Ferreira, Alberto Barreto de Melo,C. B. Arago Bozano, J. M. Mac Dowell da Costa e C.A. Dunshee de Abranches, e o anteprojeto foi apro-vado pelo Conselho Federal no dia 8 de maio desseano. Acompanhou o projeto, no Congresso Nacio-nal, o Conselheiro Nehemias Gueiros. Na Cmarados Deputados, foi relatado pelo Deputado MiltonCampos, e no Senado Federal, pelo Senador Aloysiode Carvalho Filho.

    No perodo de 4 a 11 de agosto de 1958 reali-zouse a 1 Conferncia Nacional da OAB, no Riode Janeiro.

    No dia 27 de abril de 1963 foi sancionada a Lein. 4.215 (o segundo Estatuto) pelo Presidente JooGoulart, com um nico veto. A lei entrou em vigorno dia 10 de junho desse mesmo ano, passando aOAB, durante toda a dcada de sessenta, a promoversua implantao e a atuar institucionalmente, emtodo o Pas e de modo crescente, na defesa dos direi-tos humanos violados pelo novo regime militar. Alei sofreu vrias alteraes advindas das Leis n.5.390/68, 5.681/71, 5.842/72, 5.960/73, 6.743/79,6.884/80, 6.994/82 e do DecretoLei n. 505/69.

    Em 1972, os presidentes dos Conselhos Seccio-nais formalizaram o compromisso de lutar pela pre-servao dos direitos humanos maculados pelo regi-me militar.

    Em 1980 comemorou a OAB seu cinqenten-rio. No dia 27 de agosto de 1980, uma bomba conti-da em envelope endereado ao presidente do Conse-lho Federal da OAB matou a diretora da secretaria,D. Lyda Monteiro da Silva. Aprofundouse o envo-lvimento da entidade pela restaurao do Estado deDireito e pela anistia aos presos polticos, escolhen-dose a liberdade como tema da Conferncia Nacio-nal realizada nos dias 18 a 22 de maio, em Manaus.Dando seqncia a sua luta constante, de mais deduas dcadas em defesa dos direitos humanos e pelarestaurao da democracia no Pas, a OAB organi-zou Congressos PrConstituintes, em 1985, paraelaborar propostas de uma nova Constituio.

    Em 1986, o Conselho Federal da OAB transfe-riuse definitivamente para Braslia, cum-prindose a promessa contida no Estatuto de 1963 (art.157).

    HISTRICO DO ATUAL ESTATUTOHISTRICO DO ATUAL ESTATUTOHISTRICO DO ATUAL ESTATUTOHISTRICO DO ATUAL ESTATUTO

    A histria do atual Estatuto comeou em 14 dejunho de 1988, com a Portaria n. 41/88 do Presiden-te Mrcio Thomaz Bastos (SP), que designou nove

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    conselheiros e advogados [Newton Jos de Sisti(PR), Salvador Pompeu de Barros Filho (MT), CelsoMedeiros (RJ), Milton Augusto de Brito Nobre(PA), Paulo Luiz Netto Lbo (AL), Reginaldo SantosFurtado (PI), Srgio Ferraz (RJ), Urbano Vitalino deMeIo Filho (PE), Srgio Srvulo da Cunha (SP)]para pensarem a reforma do anterior Estatuto, re-sultando em anteprojeto preliminar. Esse trabalhofoi retomado pelo Presidente Ophir Filgueiras Ca-valcante (PA), mediante a Portaria n. 2/91, que desi-gnou os expresidentes Hermann Assis Baeta (RJ) eMrcio Thomaz Bastos e o conselheiro federal PauloLuiz Netto Lbo (AL), este como relator, para com-porem a comisso especfica. Nessa ocasio, trami-tavam no Congresso N acional124 projetos de lei al-terando o Estatuto anterior (Lei n. 4.215/63), o quedemons-trava a superao de suas finalidades.

    No dia 13 de maio de 1991, na primeira sessoordinria seguinte posse do Presidente MarcelloLavenere Machado (AL), o Conselho Federal apro-vou regimento interno dos trabalhos de elaboraode novo Estatuto, no mais de reforma do anterior,declarandose em sesso permanente e elegendouma Comisso de Sistematizao, composta dosConselheiros Federais Paulo Luiz Netto Lbo (AL)(presidente e relator), Jlio Cardella (SP), Eli AlvesForte (GO), Jayme Paz da Silva (RS) e Elide Rigon(MS). A Comisso, aps anlise de aproxi-mada-mente 700 propostas de emendas ao texto prelimi-nar por ela prpria elaborado, submeteu a redaofinal s sesses do Conselho Federal durante os me-ses de maro e abril de 1992, que o aprovou com al-teraes em 17 de abril desse ano. O texto aprovadofoi submetido reviso gramatical do fillogo Ant-nio Houaiss. No dia 28 de maio de 1992, as lide-ranas dos advogados, de vrias regies do Pas, jun-tamente com o Conselho Federal da OAB, sob a Pre-sidncia de Jos Roberto Batochio (SP), acompa-nharam a entrega do Projeto de Lei n. 2.938/92, peloDeputado Ulisses Guimares, que o subscreveu aolado de aproximadamente setenta deputados. NaCmara dos Deputados, foi relator o Deputado Nel-son Jobim (RS), durante os dois anos de tramitao,tendo acolhido 43 emendas ao texto, que foi aprova-do na Comisso de Constituio e Justia no dia 10de maro de 1994, sob a presidncia do DeputadoJos Thomaz Non (AL). O Senado Federal manteveo texto da Cmara, aprovando 12 emendas de reda-o propostas pelo relatar Senador Ivan Saraiva(GO), em maio de 1994.

    Em 4 de julho de 1994, o Presidente da Rep-blica Itamar Franco sancionou o projeto, sem qual-quer veto, convertendoo na Lei n. 8.906, peranteos membros do Conselho Federal, os Presidentesdos Conselhos Seccionais e representaes dos ad-vogados de todo o Pas, no Palcio do Planalto. A lei(o terceiro e atual Estatuto) foi publicada no dia 5 dejulho, entrando em vigor nessa data. No dia 16 denovembro foi publicado, no Dirio da Justia daUnio, o Regulamento Geral do Estatuto da Advoca-cia e da OAB, aprovado pelo Conselho Federal, con-tendo 158 artigos. E no dia 12 de maro de 1995publicouse o Cdigo de tica e Disciplina, aprova-do pelo Conselho Federal da OAB.

    A Lei n. 11.179, de 22 de setembro de 2005, in-troduziu a primeira alterao ao Estatuto de 1994,modificando os critrios para eleio da Diretoriado Conselho Federal da OAB.

    NATUREZA JURDICA E INDEPENDNCIANATUREZA JURDICA E INDEPENDNCIANATUREZA JURDICA E INDEPENDNCIANATUREZA JURDICA E INDEPENDNCIADA OABDA OABDA OABDA OAB

    O Estatuto estabelece que a OAB servio p-blico, sem vnculo funcional ou hierrquico com r-gos da Administrao Pblica. Sua independncias encontra limite na subordinao lei.

    Ao Estado pemse duas alternativas: ou seocupa diretamente\ da regulamentao e da tutelada profisso de advogado, como foi no passado, an-tes da criao da OAB, ou confia aos prprios inte-ressados a disciplina e defesa da sua profisso, dele-gandolhes os poderes necessrios, como ocorreu apartir do Regulamento de 1931.

    Na vigncia do Estatuto anterior (Lei n.4.215/63) reinou a controvrsia sobre o regime jur-dico da OAB, especialmente porque a lei no era cla-ra, traduzindo em ambiguidade hermenutica asdvidas ou vacilaes dos que o elaboraram. O art. 1 considerava a OAB rgo indeterminado; o art.139 dizia que ela constitua servio pblico, no selhe aplicando as disposies legais referentes s au-tarquias. De maneira geral, a doutrina atribua OAB a qualidade de autarquia especial de contor-nos imprecisos. A maioria dos autores afirmava suaindependncia em face do Poder Pblico; outros,contudo, vinculavamna Administrao Pblica.

    Quando o Poder Executivo intentou vincular aOAB, na dcada de setenta, ao Ministrio do Traba-lho, e o Tribunal de Contas da Unio pretendeu con-trolar os recursos financeiros da entidade, houve amanifestao quase unssona dos publicistas ressal-tando as peculiaridades da OAB e sua independn-cia. Idntica orientao adotaram os tribunais supe-riores e a prpria ConsultoriaGeral da Repblica(parecer do ConsultorGeral Rafael Mayer, PR3974/7401l/C/75, aprovado pelo Presidente da Re-pblica, DOU, 14 fev. 1978). Em 19 de novembro de2003, o plenrio do Tribunal de Contas da Uniodecidiu que a OAB no se submete ao regime dasautarquias pblicas, mantendo, assim, sua imunida-de fiscalizao do tribunal, uma vez que desde1952 o Tribunal Federal de Recursos decidiu que aentidade no precisava prestar contas ao TCU.

    O Estatuto pe cobro divergncia ao prescre-ver explicitamente que a OAB no mantm qual-quer vnculo com a Administrao Pblica. A OABpossui funes constitucionais prprias, relativa-mente ao controle da constitucionalidade das leis, defesa da Constituio, participao na composi-o dos tribunais, participao nos concursos p-blicos da magistratura.

    Qual, no entanto, o sentido de servio pblicoque desempenha?

    Servio pblico no significa necessariamenteservio estatal, este assim entendido como atividadetpica exercida pela Administrao Pblica. Serviopblico gnero do qual o servio estatal espcie.A evoluo dos conceitos e da experincia jurdica,merc da transformao do Estado Moderno, forta-

    lece a afirmao corrente de que nem tudo o que pblico estatal.

    A defesa da classe dos advogados, dos direi-toshumanos, da justia social e do Estado Democrticode Direito, encartada nas finalidades da OAB previs-tas no art. 44 do Estatuto, supe o virtual conflitocom o Poder Pblico. Se este impede, dificulta ouviola o exerccio da advocacia, ou se malfere ou con-traria os valores pelos quais deve ela pugnar, o con-fronto inevitvel e o conflito de interesses se insta-la.

    Como ser possvel que uma autarquia, umente concebido como longa manus do Estado, possaperseguir interesses a ele opostos, estranhos (defesados advogados) ou conflituosos?

    O Estado Moderno no apenas se vale de enti-dades dele desmembradas (Administrao descen-tralizada e indireta), sob sua tutela ou controle.Tambm reconhece competncia para o exerccio defunes pblicas a entidades que no o integram,atribuindolhes poderes que seriam originalmenteseus, como ocorre com o poder incontrastado daOAB de selecionar, fiscalizar e punir advogados.No se trata de um novo corporativismo, nos mol-des medievais das guildas e corporaes de ofcio,mas delimitao de autotutela jurdica a entidadesorganizadas, para exerccio de determinados servi-os pblicos.

    As finalidades da OAB so indissociveis da ati-vidade de advocacia, que se caracteriza pela absolutaindependncia, inclusive diante dos Poderes Pbli-cos constitudos. Se o advogado necessrio admi-nistrao da justia, ento no pode estar subordi-nado a qualquer poder, inclusive o Judicirio. AOAB ou a advocacia dependente, vinculada ou su-bordinada, resulta na negao de suas prprias fina-lidades.

    A Constituio prev vrias hipteses de exerc-cio de servios pblicos por pessoas e entidades pri-vadas, como ocorre com o regime de concesso oupermisso pblicas (art. 175) ou de servios nota-riais (art. 236). O Estado s vezes comete a pessoasjurdicas de direito privado, a ele vinculadas, ativi-dade tpica de polcia administrativa, dispensando otipo autrquico. Portanto, no basta a execuo deservios pblicos para concretizar o tipo autarquia,mesmo que especial ou sui generis.

    Se a OAB apenas exercesse servio pblico esta-tal tpico, poderseia cogitar de jus singulare, por-que seria tutelada por norma posta contra tenoremrationis, na peculiar formulao do Digesto. Ou seja,se tivesse natureza ampla de autarquia, seria sui ge-neris ou independente, estando desligada ou desvin-culada da Administrao Pblica. Mas no o caso,porque as finalidades da OAB so muito mais am-plas e extraestatais.

    A evoluo do direito conduznos a rejeitar oelastrio que se pretendeu atribuir ao conceito deautarquia, que j abrangeu, historicamente, at ati-vidades econmicas. A Constituio brasileira de1988 cindiu as atividades administrativas estataisdescentralizadas, cometendoas s autarquias e sfundaes pblicas (estas vm sendo entendidascomo espcies do gnero autarquia, tambm regidas pelo direito pblico, a partir do leading case do

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    STF RE 101.126RP35), das atividades econmi-cas estatais, concentradas nas empresas pblicas ede economia mista, regidas pelo direito privado (art.173).

    Deflui do sistema da Constituio que as pes-soas jurdicas de direito pblico so apenas os entesestatais de natureza poltica (Unio, Estadosmem-bros, Municpios e Territrios) e os entes autrqui-cos (autarquias e fundaes de direito pblico). sdemais entidades preferiuse atribuir a personali-dade de direito privado, a exemplo dos partidos po-lticos (art. 17, 2).

    A concepo de certos servios pblicos comoentidades dotadas de natureza jurdica mista (de di-reito pblico e de direito privado) no novidade nodireito, especialmente com relao s corporaesprofissionais, como a OAB. A doutrina jurdicafrancesa sublinha esse trao, conforme diz ProsperWeil: Aludese a certos organismos de natureza ju-rdica indeterminada, dos quais no se sabe bem seso pessoas pblicas ou privadas. O exemplo maisimportante mas no o nico o dos organis-mos de direo da economia e das ordens profissio-nais, que o Conselho de Estado decidiu (Monpert,1942; Bouguen, 1943) no serem estabelecimentospblicos sem com isso se pronunciar a favor desua natureza privada , mas estarem submetidos emparte ao direito pblico e em parte ao direito priva-do.

    No mesmo sentido, Jean Rivero indica precisa-mente as reas de regncia da grande dicotomia, es-clarecendo que o funcionamento interno das ordensescapa ao direito administrativo, subordinandoseao direito privado: os seus agentes so assalariadosde direito comum, os seus contratos so civis, osseus patrimnios so constitudos de bens privados,o seu regime financeiro escapa contabilidade p-blica. Destacamos a seguinte passagem: Com as or-dens encontramos pois o mesmo fenmeno de im-bricao do direito pblico no direito privado queencontramos ao longo deste ttulo; mas, como notouM. de Laubadere, contrariamente ao que se passacom os estabelecimentos pblicos comerciais, cujaestrutura depende do direito pblico e cuja ativida-de depende do direito privado, aqui o direito priva-do rege a estrutura da ordem, e o direito pblico oexerccio de sua misso.

    Dario de Almeida Magalhes afirma ser a OABentidade jurdica sui generis, que no se inclui nementre as autarquias administrativas nem entre as en-tidades exclusivamente privadas, por no gerir qual-quer parcela do patrimnio pblico ou se mantercom dinheiros pblicos. No mesmo sentido mani-festouse Miguel Reale, para quem a OAB entida-de singular, na qual caractersticos pblicos e priva-dos se coordenam e se complementam.

    Com efeito, as receitas da OAB, embora oriun-das de contribuies obrigatrias, no so tributosporque no constituem receita pblica, nem ingres-sam no oramento pblico, nem se sujeitam a con-tabilidade pblica. O art. 149 da Constituio no seaplica OAB.

    Em suma, a OAB no nem autarquia nem en-tidade genuinamente privada, mas servio pblicoindependente, categoria sui generis, submetida fun-

    damentalmente ao direito pblico, na realizao deatividades administrativas e sancionadoras, e ao di-reito privado, no desenvolvimento de suas finalida-des institucionais e de defesa da profisso.

    Considerada a natureza de servio pblico noestatal, mas servio pblico de mbito federal, osprocessos judiciais em que a OAB seja interessadasujeitamse competncia da justia federal (STF,HC 71.3149PI).

    FINALIDADES DA OABFINALIDADES DA OABFINALIDADES DA OABFINALIDADES DA OAB

    A controvrsia reinante no seio da OAB, sobresuas finalidades e objetivos, confrontando aquelesque postulavam a proeminncia, ou quase exclusivi-dade, dos interesses corporativos com os que pugna-vam pela prevalncia da atuao polticoinstitucio-nal, perdeu o sentido com o atual Estatuto.

    As duas finalidades so previstas explicita-mente no art. 44, de modo harmnico, integrado,sem supremacia de uma sobre outra. Assim, os dis-cursos de campanha eleitoral ou as metas de traba-lho dos dirigentes da OAB no podem propugnarpela exclusividade ou supremacia de uma sobre aoutra, porque violariam a norma estatutria que noadmite tal opo.

    A OAB engrandeceuse, adquirindo confiabili-dade e prestgio populares, porque no se ateve ape-nas aos interesses de economia interna, fugindo enganosa tentao da paz burocrtica de seu micro-cosmo. Ao mesmo tempo, desempenhou com de-senvoltura a tarefa de valorizao da advocacia e doingrato mister de polcia administrativa da profis-so, evitando que o Estado fizesse o que ela prpriapoderia fazer.

    O que j era lugarcomum, na sua histricaatuao cotidiana, na incessante busca do equilbrioentre os dois nveis de interesse (corporativo e insti-tucional), tornouse norma legal clara no atual Es-tatuto.

    FINALIDADES POLTICO INSTITUCIONAIS FINALIDADES POLTICO INSTITUCIONAIS FINALIDADES POLTICO INSTITUCIONAIS FINALIDADES POLTICO INSTITUCIONAIS

    Durante as discusses do anteprojeto do Esta-tuto, o Conselho Federal decidiu por incluir de for-ma expressa os objetivos poltico institucionais en-tre as finalidades da OAB, e no apenas do ConselhoFederal, como constava no art. 18, I, do anterior Es-tatuto. Foi decisivo o discurso firme e persuasivo dosaudoso expresidente nacional da OAB, MiguelSeabra Fagundes, que sempre evocou a trajetria daentidade nessa direo de grandeza, civismo e gene-rosidade. Seabra Fagundes influiu positivamente naincluso de dispositivo semelhante, no projeto daLei n. 4.215/63, elaborado na poca em que foi pre-sidente da OAB.

    Lembra Seabra Fagundes, em artigo destinadoao tema, que a organizao inicial da OAB, median-te o Regulamento de 1931/1933, tomou como mo-delo o Barreau de Paris, destinandose a ser o rgode seleo e disciplina da classe. Mas, com o correrdo tempo, as vicissitudes institucionais por que opas foi passando (da reconstitucionalizao em1934 ao Estado Novo), tantas vezes com ref1exo noexerccio da atividade do advogado e mesmo no pa-

    pel cvico imanente na sua condio profissional, fi-zeram com que o Congresso, sob a inspirao doConselho Federal, pela elaborao de anteprojeto dereforma da regulamentao de 1931, alasse a Or-dem dos Advogados do Brasil (mediante a Lei n.4.215/63) a nvel que nenhuma congnere sua assu-miu nos pases do nosso trato comum, e talvez emqualquer pas.

    A relao de dependncia da profisso com oPoder Pblico e a ideologia conservadora adquiridano convvio com os grupos dominantes da socieda-de, requisitos sociais para o sucesso, distanciam oadvogado, enquanto tal, das preocupaes polticoinstitucionais. Os advogados liberais que criaram aOAB idealizaram uma entidade de organizao es-tritamente profissional, de carter corporativo eapoltico. Todavia, as ditaduras do Estado Novo(1937/1945) e do regime militar (1964/1985) leva-ram os advogados a assumir coletivamente a defesados direitos humanos e os princpios do Estado De-mocrtico de Direito, ou seja, um papel poltico.Sem as liberdades pblicas no h liberdade para oexerccio independente da advocacia. A Lei n.4.215/63 j prenunciava essa dimenso, assumidaexplicitamente pelo art. 44 da Lei n. 8.906/94.

    A funo da OAB no indicar opes po-lti-cas conjunturais, porque no o Parlamento doPas, mas denunciar os desvirtuamentos dos par-metros do Estado Democrtico de Direito, dos direi-tos humanos, da justia social, colaborando para amelhoria das instituies, inclusive com propostaspolticolegislativas, tendo em mente sempre as li-nhas estruturais da vida nacional.

    As questes polticoinstitucionais, alm de fi-gurarem como uma das duas finalidades gerais daOAB (art. 44), esto cometidas expressamente aoConselho Federal (art. 54, I), ao Conselho Seccional(art. 57) e s Subsees (art. 61, I).

    A funo poltica da OAB no inclui nem seconfunde com a poltica partidria, campo prpriodos partidos polticos, ou com a poltica governa-mental. As tendncias partidrias de cada membroda instituio no podem ultrapassar seus umbrais.O pluralismo poltico e o apartidarismo so impres-cindveis para sua sobrevivncia. A OAB no de al-guns, mas de todos os advogados. Sua fora residena sabedoria em traduzir o pensamento mdio daclasse.

    A atuao institucional da OAB apenas cab-vel quando em jogo interesses que transcendem asrelaes individuais. A defesa dos interesses de gru-pos determinados de pessoas s se pode fazer pelaOAB, excepcionalmente, quanto convenha coleti-vidade como um todo.

    Defesa da Constituio A defesa da Constitui-o incluise entre as finalidades polticoinstitu-cionais da OAB. Cumprea de dois modos:

    I no campo poltico geral, pela vigilncia, de-nncia e mobilizao pblicas, quando entenderameaados os princpios constitucionais, em virtudeda ao ou omisso de pessoas, autoridades ou enti-dades pblicas ou privadas;

    II no campo jurisdicional, pelo ajuizamentode ao direta de inconstitucionalidade, cuja legiti-midade a Constituio lhe atribuiu (art. 103, VII).

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    Defesa da ordem jurdica Outra finalidade adefesa da ordem jurdica. Contudo, no qualquerordem jurdica, mas apenas a do Estado Democrti-co de Direito. Os legisladores do anterior Estatutono puderam antever que o Brasil, um ano aps oincio de sua vigncia, viveria mais uma fase de au-toritarismo com quebra violenta da ordem constitu-cional e instaurao de um Estado autocrtico (ain-da que de direito). A atuao da Ordem foi de francarejeio da ordem jurdica que passou a imperar, eno de sua defesa, qualificando politicamente o queestava implcito: o compromisso dos advogados com o Estado Democrtico de Direito, com repulsados demais.

    Defesa dos direitos humanos O ministrio daadvocacia universal em qualquer circunstncia emque a liberdade humana e os direitos do homem es-tejam em causa, concluiu o XXV Congresso da Uni-o Internacional dos Advogados reunido em Ma-drid no ano de 1973.

    na tenso dialtica entre a lei formal e a con-cretizao dos direitos humanos, pressuposto da di-gnidade do homem, que a advocacia se realiza comomagistratura livre e de conscincia.

    A luta pelo respeito e efetivao dos direitos hu-manos foi o ponto alto da atuao polticoinstitu-cional da OAB em sua histria. Tornouse imperio-sa sua incluso expressa entre as finalidades da enti-dade no art. 44 do Estatuto. Em 1980 e 1981, a OABinstituiu, em carter permanente, as Comisses deDireitos Humanos no Conselho Federal e nos Con-selhos Seccionais, acatando concluses aprovadasna VIII Conferncia Nacional da OAB de teses dosConselheiros Victor Nunes Leal e Herclito Fontou-ra Sobral Pinto.

    A defesa dos direitos humanos no se resume interveno em casos de violao consumada, masde promoo de todos os meios preventivos e de efe-tivao do exerccio pelas pessoas e comunidades. Ahistria dos direitos humanos confundese com ado processo civilizatrio e da emancipao do ho-mem; foi e traada com sangue, suor e lgrimas,contra a intolerncia, o abuso do poder, as desigual-dades. Adverte Fabio Konder Comparato que naDeclarao Universal dos Direitos Humanos o prin-cpio da liberdade compreende tanto a dimensopoltica como a individual. A primeira vem declara-da no art. 21, e a segunda, nos arts. 3 e s. Reconhe-cese, com isso, que ambas essas dimenses da li-berdade so complementares e interdependentes. Aliberdade poltica sem as liberdades individuais nopassa de engodo demaggico de Estados autorit-rios ou totalitrios. E as liberdades individuais, semefetiva participao poltica do povo no governo,mal escondem a dominao oligrquica dos mais ri-cos.

    Atualmente, os direitos humanos no se con-tm na dimenso apenas individual; alcanam tam-bm a dimenso coletiva ou comunitria onde se ex-primem. Aos direitos humanos de primeira gerao(direitos e garantias individuais fundamentais), su-cederamse os de segunda gerao, de carter social(especialmente os direitos dos trabalhadores ), os deterceira gerao, de carter transindividual (como odireito dos consumidores e do meio ambiente sau-

    dvel), cogitandose agora dos de quarta gerao.Novos espaos humanos surgem reclamando prote-o, quando os anteriores ainda no foram total-mente satisfeitos.

    Luta permanente pela justia social Em vriasConferncias Nacionais, a OAB consolidou seucompromisso com a promoo da justia social, ele-vada a uma de suas finalidades explcitas. A justiasocial difere das espcies aristotlicas da justia co-mutativa e da justia distributiva, porque dotadada funo de suprimir ou reduzir as desigualdadessociais ou regionais (pressupostas) e promover a so-ciedade justa e solidria. A Constituio de 1988 ele-voua a objetivo fundamental da Repblica (art. 3)e a princpio reitor da atividade econmica (art.170). Cabe OAB e aos advogados brasileiros con-triburem para essa grandiosa tarefa, na medida desuas possibilidades.

    Boa aplicao das leis e rpida administraoda justia Outra finalidade polticoinstitucional a que toca mais proximamente ao exerccio profis-sional da advocacia: a luta pela boa aplicao das leise pela rpida administrao da justia. A aplicabili-dade das leis dse por sua observncia espontneapelos destinatrios ou por aplicao mediante o Po-der Judicirio. Cabe Ordem promover ambas, comtodos os meios disponveis.

    portanto legtima a atuao da OAB na crticae na busca de solues para a crise por que passa oPoder Judicirio e para as demandas crescentes poracesso justia. Afinal, o advogado no apenas in-dispensvel administrao da justia, mas o me-diador necessrio entre o cidado e o Estadojuiz.

    Como diz Roberto Aguiar, a crise do acesso justia s beneficia os poderosos, porque a lentidodo Judicirio e a eficcia policial esto a seu favor e ahabilidade bem paga dos advogados os garante. Paraos poderosos, crise seria agilizar os procedimentos eos fundamentos para garantir direitos aos despossu-dos.

    Aperfeioamento da cultura e das instituiesjurdicas Finalmente, cumpre OAB pugnar peloaperfeioamento da cultura e das instituies jurdi-cas. A OAB a instituio que mais diretamente so-fre com a m formao profissional dos advogados,como reflexo da baixa qualidade da maioria dos cur-sos jurdicos do Pas. A exigncia do Exame de Or-dem constitui um poderoso instrumento para indu-zir elevao da qualidade.

    O dever da OAB no se resume formao uni-versitria, porque a qualidade cultural do advogado exigncia que lhe acompanha por toda a vida. Oaperfeioamento constante, mediante a promoode eventos e iniciativas de capacitao, de rigor.

    Por outro lado, a colaborao da OAB estendese ao aperfeioamento das instituies nacionais,que articulam a organizao do povo. Nesse caso, imenso e desafiador o espao de colaborao, por-que no se restringe s instituies diretamente liga-das advocacia.

    Essa regra associase do art. 54, XV, do Esta-tuto, que atribui competncia ao Conselho Federalda OAB para colaborar com o aperfeioamento doscursos jurdicos e para manifestarse previamentenos seus pedidos de autorizao e reconhecimento.

    Com intuito de fomentar a cultura jurdica dosadvogados, o Conselho Federal da OAB instituiu oPrmio Evandro Lins e Silva, mediante o Provi-mento n. 100/2003, a ser concedido a advogadovencedor de concurso aberto a todos os inscritos nasSeccionais, consistente na apresentao de trabalhosjurdicos. O prmio em dinheiro tem periodicidadeanual.

    FINALIDADES CORPORATIVASFINALIDADES CORPORATIVASFINALIDADES CORPORATIVASFINALIDADES CORPORATIVASSINDICATOSSINDICATOSSINDICATOSSINDICATOS

    Cabe OAB promover com exclusividade a po-lcia administrativa da advocacia brasileira, a com-preendidos:

    I a seleo dos que pretendem exercla, in-clusive mediante Exame de Ordem e verificao dosrequisitos de inscrio;

    II o controle e fiscalizao da atividade profis-sional;

    III o poder de punir as infraes disciplinares.O poder de polcia administrativa da advocacia

    per se exclusivo, indisponvel e indelegvel. Ne-nhuma outra autoridade pode exerclo, inclusive ajudiciria.

    A exclusividade alcana tambm a defesa e a re-presentao dos advogados. Contudo, tal exclusivi-dade no afasta a atuao concorrente dos sindica-tos de advogados, porque violaria o princpio da li-berdade de associao sindical, previsto na Consti-tuio, art. 8. Como harmonizar as duas competn-cias?

    Compete OAB a exclusiva representao geraldos advogados e a defesa das prerrogativas e direitosda profisso, enquanto tais. Compete ao sindicato adefesa e representao especificas dos advogadossindicalizados, no que disser respeito s questesoriundas de relao de emprego a que se vinculem, esomente essa hiptese. Por exemplo, no acordo ouconveno coletiva para fixar salrio mnimo profis-sional ou jornada de trabalho, o sindicato, e no aOAB, a entidade que comparece com poderes legaisde representao dos advogados sindicalizados. Emcontrapartida, se o advogado empregado tem vio-lentada sua inviolabilidade profissional, cabe OABdefendlo.

    Embora a OAB exera essa funo (no estatal)de representao e defesa gerais dos advogados,deve estimular que outras entidades surjam, congre-gando advogados, para finalidades culturais e cient-ficas, assistenciais e sindicais, porque todas contri-buem para o fortalecimento da classe.

    Como anotamos abaixo, ao comentarmos o ca-ptulo dedicado ao advogado empregado, o crescen-te fenmeno da advocacia assalariada impe a defe-sa de direitos e interesses que apenas o sindicato dacategoria pode, constitucionalmente, desempenhar,sem qualquer subordinao OAB, a saber, nas re-laes trabalhistas entre empregadores (inclusiveadvogados ou sociedades de advogados) e advoga-dos empregados.

    NATUREZA E TIPOS DE RGOS DA OAB NATUREZA E TIPOS DE RGOS DA OAB NATUREZA E TIPOS DE RGOS DA OAB NATUREZA E TIPOS DE RGOS DA OAB A QUESTO DA PERSONALIDADE JURDICAA QUESTO DA PERSONALIDADE JURDICAA QUESTO DA PERSONALIDADE JURDICAA QUESTO DA PERSONALIDADE JURDICA

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    O Estatuto considera rgos da OAB o Conselho Fe-deral, os Conselhos Seccionais, as Subsees e asCaixas de Assistncia. A novidade fica por conta daincluso das Caixas de Assistncia, cujos coment-rios teceremos mais adiante.

    Com relao ao anterior Estatuto, excluiuse aAssembleia Geral dos Advogados. Esse rgo formalnunca funcionou na prtica, pela impossibilidade f-sica de reunir em um mesmo espao, com resulta-dos viveis, todos os advogados inscritos nas Sec-es mdias ou grandes, e at mesmo em muitasSubsees. Imaginese a inviabilidade ftica de reu-niremse dezenas e at centenas de milhares de pro-fissionais para discutirem ou aprovarem contas oudeliberarem sobre matrias excepcionais! Preferiuse a institucionalizao das Conferncias nacionaisou estaduais de advogados, cuja experincia resul-tou animadora. Quanto s eleies, adotouse o sis-tema eleitoral comum, com o direito de voto diretoassegurado a todos os advogados inscritos, sem ne-cessidade de instalao de assembleia.

    A teoria organicista da pessoa jurdica, que for-te influncia exerceu sobre o direito brasileiro, espe-cialmente pela autoridade das obras de Pontes deMiranda, concebe os rgos (segundo o paradigmabiolgico) como partes integrantes do todo (a pes-soa jurdica). Assim, seria inconcebvel pessoa jur-dica sem rgo ou rgo sem pessoa jurdica. Ottovon Gierke, o mais conhecido dos formuladores dateoria, no direito alemo, construiu o conceito deorganismo abstraindoo originariamente do entevivo, colocando a existncia do organismo total, doqual o homem constitui uma parte, por cima do or-ganismo individual.

    Decorre dessa teoria que a pessoa jurdica ma-nifestase mediante seus rgos. Da estes no re-presentarem, com significado de atuar no lugar e emnome de outra pessoa, mas de presentarem a pr-pria pessoa. Metaforicamente, a mo que assina oato no representa a pessoa, mas a prpria pessoa.A diretoria que celebra contrato no representa apessoa, porque esta que atua mediante o ato da-quela. Contudo, at mesmo pelo fato do uso corren-te, nunca se chegou a uma univocidade de seu con-tedo. No direito administrativo, por exemplo, osautores sempre utilizaram o termo rgos com va-riados significados, a incluindo as pessoas jurdicas.Como exemplo de ambigidade, notese que aConstituio considera rgos do Poder Judicirio(que no pessoa jurdica) os tribunais federais e es-taduais, embora entre eles no haja vnculos de su-bordinao.

    Vse que no nesse sentido estrito (de parteda pessoa jurdica) que o Estatuto define os rgosda OAB, mas segundo o modelo do federalismo, ouseja, um centro unificador, dividido em partes aut-nomas dotadas de competncias prprias e privati-vas. Com exceo da Subseo, atribuiu aos demaisrgos capacidade jurdica, ou seja, personalidadejurdica prpria, delimitada pelo sistema de vnculose competncias que instituiu.

    O que importa, hoje, muito mais definir se seencontra diante de um plexo de capacidades (direitodas pessoas) ou de competncias (direito adminis-trativo), e se tal plexo pode constituir um ente com

    graus de autonomia. O exemplo mximo de autono-mia a pessoa jurdica. Mas no apenas ela dotadade capacidade; outros entes no personificados atm, como por exemplo o condomnio de edifcio, aherana jacente, a massa falida.

    Dentro de suas competncias especficas, oConselho Federal tem jurisdio em todo o Pas, osConselhos Seccionais e as Caixas sobre o territriodas respectivas unidades federativas, a Subseo (amenor unidade estrutural da OAB) sobre a rea ter-ritorial a ela delimitada pelo Conselho Seccional(municpio, parte de municpio, vrios municpios).No mbito da competncia especfica, um rgo nopode sofrer interferncia do outro, salvo no caso deinterveno parcial ou total. O art. 44 do Estatutodiz que essa peculiar organizao federativa, sendoque as unidades federadas tiveram suas competn-cias privativas repartidas entre o Conselho Seccionale as Caixas de Assistncia. O Conselho Seccional,por exemplo, no pode exercer a competncia priva-tiva da Caixa de prestar assistncia.

    Por todas essas razes, sublinhese que a refe-rncia existente nos arts. 44 e 45 s espcies de per-sonalidade jurdica no deve conduzir interpreta-o ilgica de ostentar a OAB dupla personalidadejurdica, a saber, da Instituio em si e de seus con-selhos distintamente.

    O Estatuto modificou a natureza da Instituio,prevista na Lei n. 4.215/63, porque no se referemais diretoria da Ordem, e sim diretoria do Con-selho. O Estatuto anterior disciplinava primeiro aDiretoria da Ordem (Captulo II do Ttulo I), se-guindose o Conselho Federal, em cujo captulo ha-via o preceito que ensejava a dvida: A Diretoria doConselho Federal a mesma da Ordem dos Advoga-dos do Brasil.

    H, agora, uma nica diretoria: a do ConselhoFederal ou a do Conselho Seccional. Quando o art.44 do Estatuto diz que a OAB dotada de personali-dade jurdica prpria, remete necessariamente es-pecificao do art. 45. A OAB a instituio (queno se confunde com pessoa jurdica), cuja persona-lidade jurdica revelase nos rgos que a com-pem, designados no art. 45. Vse, pois, que a refe-rncia no caput do art. 44 personalidade jurdicada OAB uma metonmia. No existe uma pessoajurdica OAB, ao lado de outras pessoas jurdicas,mas uma instituio organizada em determinadaspessoas jurdicas, que so o Conselho Federal, osConselhos Seccionais e as Caixas de Assistncia.

    Segundo o modelo federativo (no caso, o para-digma dos Estadosmembros), os Conselhos Sec-cionais atuam em rea territorial delimitada, embo-ra dotados de personalidade jurdica prpria. Noso independentes, mas autnomos, porque vincu-lamse ao centro (Conselho Federal).

    Autonomia, ao contrrio de independncia, su-pe necessariamente limites. o autogoverno den-tro de um espao delimitado.

    Dentro desse espao h competncias privati-vas que apenas podem ser exerci das pelo ConselhoFederal, pelos Conselhos Seccionais e pelas Caixasde Assistncia, sem interferncia das outras partesautnomas (no sentido do Estatuto, rgos).

    Portanto, os rgos da OAB so tipificados pelafuno institucional, pelo sistema de vnculos e dedistribuio de competncias, independentementeda personalidade jurdica, no se lhes aplicando omodelo organicista de pessoa jurdica.

    Dois tipos de rgos integram e se vinculam aosConselhos Seccionais; um, com personalidade jur-dica prpria, a Caixa de Assistncia dos Advoga-dos; outros, sem personalidade jurdica prpria, mascom competncias bsicas definidas na lei, a saber,as Subsees, o Tribunal de tica e Disciplina, aConferncia Estadual e o Colgio de Presidentes (es-tes dois ltimos, com funo consultiva). Os segun-dos se enquadrariam muito mais na concepo cls-sica de rgo da pessoa jurdica.

    Dentro de suas competncias especficas, oConselho Federal tem jurisdio em todo o Pas, osConselhos Seccionais e as Caixas sobre o territriodas respectivas unidades federativas, a Subseo (amenor unidade estrutural da OAB) sobre a rea ter-ritorial a ela delimitada pelo Conselho Seccional(municpio, parte de municpio, vrios municpios).

    Na hiptese de conflito de competncia, emmatrias expressamente no previstas, dse a solu-o pelo princpio da supremacia do rgo hierar-quicamente superior sobre o inferior. Na situaopeculiar das Caixas, por serem dotadas de personali-dade jurdica prpria, havendo conflito em matriasque os membros do Conselho Seccional, em suamaioria, sejam direta ou indiretamente interessa-dos, transferese ao rgo Especial do Conselho Fe-deral a competncia para decidilo, conforme prevo Regulamento Geral.

    PECULIARIDADES DA OAB: PECULIARIDADES DA OAB: PECULIARIDADES DA OAB: PECULIARIDADES DA OAB: IMUNIDADE TRIBUTRIA E PUBLICIDADEIMUNIDADE TRIBUTRIA E PUBLICIDADEIMUNIDADE TRIBUTRIA E PUBLICIDADEIMUNIDADE TRIBUTRIA E PUBLICIDADEDOS ATOS DOS ATOS DOS ATOS DOS ATOS

    Repetindo regra semelhante da Lei n.4.215/63, o Estatuto atribui imunidade tributriatotal ao patrimnio e receita da OAB.

    Embora a entidade no integre a Adminis-tra-o Pblica, como acima salientamos, servio p-blico que exerce funes de polcia administrativapor delegao legal. Para esse fim, a lei equipara aOAB a autarquia (notese: equiparar no atribuirnatureza), estendendolhe o benefcio da imunida-de, previsto no 2 do art. 150 da Constituio.

    A hiptese verdadeiramente de imunidade eno de iseno.

    A peculiar natureza mista da OAB (entidadeprivada e pblica) tambm se reflete na obrigaode publicidade de seus atos, que se d na imprensaoficial ou, em falta desta, no Frum. Ao contrrio doEstatuto anterior, nem todos os atos necessitam depublicidade; apenas os conclusivos e terminativosque possam repercutir em direitos e obrigaes deterceiros. Os de administrao interna ou rotineirosso dispensados de publicidade.

    CONTRIBUIES OBRIGATRIASCONTRIBUIES OBRIGATRIASCONTRIBUIES OBRIGATRIASCONTRIBUIES OBRIGATRIAS

    A OAB no participa de recursos orament-rios pblicos. mantida pelos prprios inscritos,

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    mediante o pagamento de contribuies obrigat-rias, multas e preos de servios.

    Essas contribuies no tm natureza tribut-ria, inclusive e sobretudo porque no se destinam acompor a receita pblica.

    A Constituio de 1988 no revolucionou o tra-tamento da matria, pois no atribuiu a entidadeno governamental o poder de fixar e cobrar para simesma tributos. O carter de compulsoriedade dasanuidades, dos preos de servios que so prestadosaos advogados e das multas no caso de sano disci-plinar no converte esses pagamentos em tributos.Por outro lado, no integram a receita do Estado.

    As contribuies anuais, os preos de servios eas multas fixados ou cobrados pela OAB no tm,por conseqncia, a mesma natureza das contribui-es sociais previstas no art. 149 da Constituio.

    Estas esto includas entre os instrumentos daUnio de sua atuao nas respectivas reas, tendosido equiparadas a tributos.

    Supe, necessariamente, que componham a re-ceita do Estado, no sentido amplo, mesmo quandohaja interesse de categorias profissionais ou econ-micas (previdncia, Sesc, Senai etc.). No o caso daOAB.

    O Conselho Seccional autnomo para fixar asanuidades e o modo de seu pagamento, cabendo aoConselho Federal apenas modificlas de ofcio oumediante representao quando houver ilegalidadeou abusividade (art. 54, VIII, do Estatuto).

    O valor e o modo de pagamento das contribui-es anuais so fixados pelo Conselho Seccional doinscrito. a principal receita da OAB, que se destina sua manuteno mas tambm se reverte em bene-fcio do prprio inscrito, porque metade da receitalquida deve ser transferida para a Caixa de Assis-tncia dos Advogados.

    O Conselho Seccional pode revogar resoluoda gesto anterior que fixou anuidade, devida pelosadvogados, para o ano seguinte, ante a necessidadede viabilizar financeiramente a administrao daentidade, inexistindo violao a direito adquirido.

    As multas decorrem de sanes disciplinaresacessrias, em face de circunstncias agravantes, eso fixadas na deciso condenatria.

    Os preos de servios correspondem remune-rao de servios prestados pela OAB no interessepessoal de quem os utiliza, e so fixados previamen-te para cada tipo, a exemplo do fornecimento de cer-tides, cursos, reprografias, inscries para Examede Ordem.

    Ao contrrio do que ocorre com a Administra-o Pblica, a OAB no segue o procedimento deformao da dvida ativa. Basta a certido passadapela Diretoria para constituir ttulo executivo extra-judicial.

    A certido no necessita da assinatura de todosos diretores, mas apenas do Tesoureiro, salvo dispo-sio expressa no Regimento Interno do ConselhoSeccional.

    A cobrana comum (ttulo executivo extraju-dicial), seguindo o rito processual prprio e no o daexecuo fiscal. Decidiu a Primeira Seo do STJ(EREsp 462.273, 2005) que as cobranas das anui-dades da OAB devem ser julgadas e processadas pela

    justia estadual, contrariando deciso da PrimeiraTurma do tribunal que concluiu pela competnciada Justia Federal. Fundamentouse o tribunal nofato de que as contribuies obrigatrias na OABno tm natureza tributria e no se destinam acompor a receita pblica, o que afasta a incidnciada Lei n. 6.830/80.

    O Estatuto manteve a regra anterior de isenode pagamento obrigatrio da contribuio sindical.Parecenos incua, uma vez que a associao sindi-cal livre (ar1. 8 da Constituio). Os advogadosque livremente se sindicalizarem estaro submeti-dos ao pagamento das contribuies corresponden-tes aos respectivos sindicatos, alm das contribui-es obrigatrias OAB, que tm finalidade diversa.

    A prescrio da pretenso de cobrana das con-tribuies tanto dos advogados quanto das transfe-rncias devidas ao Conselho Federal recai no prazogeral (dez anos, de acordo com o art. 205 do CdigoCivil), contado do incio de sua exigibilidade. Assimdecidiram as Cmaras Reunidas do Conselho Fede-ral no Processo n. CR 20/94 (DJU, 20 ou1. 1994).Todavia, essa orientao foi modificada pelo Conse-lho Pleno (Proposio n. 0055/2003/COP), relativa-mente s contribuies obrigatrias dos inscritos,pois entendeu de aplicar o prazo de cinco anos, pre-visto no ar1. 206, 5, I, do Cdigo Civil. O prazodeve ser contado da data em que foi lavrada a certi-do da dvida passada pelo Conselho Seccional.

    Dado seu carter obrigatrio e indisponvel,no pode haver anistia de anuidades ou multas.Como j decidiu o Conselho Federal, embora la-mentveis as dificuldades financeiras atravessadaspor advogado, por motivo de sade, no pode a OABconcederlhe vantagem de natureza pessoal, no pre-vista em lei, sob pena, em face do princpio constitu-cional da isonomia, de estendla a outros inscritos, oque comprometeria o equilbrio financeiro da insti-tuio. Mas foi admitida a remisso por deciso doConselho Seccional aos inscritos com mais de se-tenta anos e vinte de exerccio profissional em vigore que pode ser exercido a qualquer tempo (Rec. n.0125/2002/ PCAMG). Tambm foi admitida apossibilidade de remisso para advogado com defi-cincia fsica, competindo ao Conselho Seccional ve-rificar o grau de deficincia e de insuficincia derendimentos (Proc. n.337/2001l0EPPA).

    CARGOS DOS MEMBROS DE RGOS DACARGOS DOS MEMBROS DE RGOS DACARGOS DOS MEMBROS DE RGOS DACARGOS DOS MEMBROS DE RGOS DAOABOABOABOAB

    Os cargos de membros de rgos da OAB sode exerccio gratuito e obrigatrio. A regra antes es-tabelecida para os conselheiros da OAB e dirigentesde Subsees expandiuse para os membros da di-retoria das Caixas de Assistncia.

    A obrigatoriedade relacionada ao exerccio docargo e no sua investidura, porque esta dependede eleio e liberdade de candidatura.

    O exerccio desse mnus desinteressado con-siderado pela lei como servio pblico relevante.No equiparado, contudo, ao de servidor pblicoem sentido estrito, nem se vincula ao respectivo re-gime jurdico nico. Se o advogado for tambm ser-vidor pblico, o exerccio efetivo e proficiente do

    cargo de diretor ou de conselheiro de rgos daOAB aproveita para efeito de contagem de tempo deservio com finalidade de aposentadoria ou disponi-bilidade, desde que no seja cumulativo.

    PRESIDENTE DA OAB PRESIDENTE DA OAB PRESIDENTE DA OAB PRESIDENTE DA OAB LEGITIMIDADE PARA AGIR LEGITIMIDADE PARA AGIR LEGITIMIDADE PARA AGIR LEGITIMIDADE PARA AGIR

    O presidente da OAB o lder dos advogados. Opresidente do Conselho Federal, tambm denomi-nado presidente nacional da OAB, um rgo sin-gular, na medida em que o seu titular apenas umindivduo. Na tradio francesa, a denominao b-tonnier (bastonrio, em portugus), ainda larga-mente utilizada, apareceu pela primeira vez no scu-lo XIV, em virtude de o chefe da Ordem dos Advo-gados ser o prior da Confraria de So Nicolau (pa-trono dos advogados), incumbindolhe portar obasto (bton) da confraria nas procisses.

    Os presidentes da OAB (do Conselho Federal,dos Conselhos Seccionais e Subsees) tm legitimi-dade para agir em defesa dos princpios estabeleci-dos no Estatuto, da advocacia em geral e dos advo-gados individualmente quando violados seus direi-tos e prerrogativas profissionais por qualquer pes-soa ou autoridade. Essa regra no abrange o presi-dente da Caixa de Assistncia.

    A legitimidade ad causam tanto ativa quantopassiva. Na defesa dos interesses da advoca-cia podeingressar com qualquer tipo de ao, na qualidadede presidente da OAB.

    No caso de mandado de segurana coletivo (art.5, LXX, da Constituio), em virtude dessa peculiarlegitimidade que lhe outorgada por lei, no h ne-cessidade de autorizao expressa dos advogadosinscritos.

    O presidente pode intervir, a qualquer ttulo,inclusive como assistente, em inquritos policiais eadministrativos ou em processo civil ou penal,quando o advogado seja indiciado, acusado ou ofen-dido.

    A interveno ser sempre necessria quando aimputao atribuda a advogado tiver relao comsua atividade profissional.

    A legitimidade extrajudicial expandida paraatribuir ao presidente da OAB autoridade pblica,com poder de requisio de documentos a qualquerrgo dos Poderes Legislativo, Judicirio e Executi-vo, e a entidades da Administrao indireta (autar-quias, empresas pblicas e de economia mista),sempre que haja necessidade para defesa dos direi-tos e prerrogativas da profisso. Na ADIn 1.1278,o Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitu-cionalidade do art. 50, mas conferiu interpretaoconforme a Constituio no sentido de compreen-der a expresso requisitar como dependente demotivao, compatibilizao com as finalidades doEstatuto e atendimento dos custos da requisio,ressalvados os documentos cobertos pelo sigilo.

    A matria tambm est regulada no Regula-mento Geral. Quando o fato imputado a advogadodecorrer do exerccio da profisso ou em razo desseexerccio, o presidente integra a defesa, como assis-tente, no processo ou no inqurito. Quando o atoconfigurar abuso de autoridade, inclusive de magis-

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    trado, configurandose atentado garantia legal deexerccio profissional, cabe ao presidente promovera representao contra o responsvel, na forma daLei n. 4.898, de 9 de dezembro de 1965.

    COMPOSIO E ESTRUTURA DO CONSELHOCOMPOSIO E ESTRUTURA DO CONSELHOCOMPOSIO E ESTRUTURA DO CONSELHOCOMPOSIO E ESTRUTURA DO CONSELHOFEDERAL FEDERAL FEDERAL FEDERAL

    A composio bsica do Conselho Federal cor-responde a trs vezes o nmero de unidades federa-tivas (Estadosmembros, Distrito Federal e Territ-rios) e mais o presidente nacional. Aps a Constitui-o de 1988, o Conselho Federal passou a contarcom 81 conselheiros, alm do presidente.

    A delegao de cada unidade federativa inte-grada por trs conselheiros federais eleitos direta-mente em conjunto com o Conselho Seccional,cumprindo mandato de trs anos. Ver os coment-rios aos arts. 63 a 67. O Estatuto prev a possibilida-de de serem eleitos suplentes de conselheiros federa-is de cada delegao. Os suplentes tm direito aoexerccio do mandato no caso de afastamento, tem-porrio ou definitivo, do titular, observada a prece-dncia definida pelo Conselho Federal, cuja compe-tncia privativa, nessa matria, ou seja, no pode oConselho Seccional exercla.

    Tambm integram o Conselho Federal seus expresidentes, com poder de voto equivalente ao decada delegao, exceto para os que foram empossa-dos aps o incio de vigncia do Estatuto. Estes lti-mos compem o Conselho, mas sem direito a voto.Todos assumem a qualidade de membros honor-rios vitalcios, no apenas como homenagem daclasse aos seus dirigentes mximos, mas porque ahistria da OAB demonstrou que imprescindvelsua palavra de experincia para tomada de posioda entidade, sobretudo em matria institucional. Ovoto, contudo, assegurado apenas s delegaes,em face do princpio da igualdade federativa daOAB. As expresses membro honorrio vitalcio,contidas na lei, indicam qualidade e no denomina-o. Os expresidentes so conselheiros ou, se sequiser assim denominlos, conselheiros vitalcios.

    O direito de voz foi tambm assegurado aospresidentes dos Conselhos Seccionais, quando se fi-zerem presentes s sesses do Conselho Federal,mantido o voto da respectiva delegao.

    Ao contrrio do anterior, o Estatuto no regula-menta a estrutura c funcionamento do Conselho, ouseja, sua diviso em Cmaras, Comisses, a compe-tncia desses rgos internos, da diretoria em con-junto e dos diretores individualmente. Essa matria,antes distribuda entre o Estatuto e o Regimento In-terno, passou para o Regulamento Geral editadopelo Conselho Federal.

    O Regulamento Geral fixou a estrutura do Con-selho Federal mediante os seguintes rgos: Conse-lho Pleno, rgo Especial, Primeira, Segunda e Ter-ceira Cmaras, Diretoria e presidente, definindosuas competncias especficas. De modo geral, cou-be ao Conselho Pleno, integrado por todos os conse-lhei-ros federais, deliberar sobre as matrias de ca-rter institucional, o ajuizamento de aes coletivas,a fixao de diretrizes para a classe, a tomada de po-sio em nome dos advogados brasileiros, a aprova-

    o de textos normativos. O rgo Especial a lti-ma instncia recursal e de consulta. As Cmarasapreciam recursos de acordo com as matrias emque foram distribudas. A diretoria delibera sobrecertas matrias executivas e de administrao queultrapassam a competncia especfica de cada dire-tor.

    VOTO E QUORUM VOTO E QUORUM VOTO E QUORUM VOTO E QUORUM

    O voto por delegao e no individual. Emcaso de divergncia entre os membros da delegaoprevalece o voto da maioria; estando presentes ape-nas dois membros e havendo divergncia, o voto invalidado.

    O presidente exerce apenas o voto unipessoalde qualidade, porque no integra qualquer delega-o; presidente nacional, desligandose de sua ori-gem federativa. Os demais diretores (vicepresiden-te, secretriogeral, secretriogeral adjunto e te-soureiro) votam em conjunto com suas delegaes.

    Alm do voto de qualidade, o presidente legi-timado para um especial recurso: o de embargar adeciso, quando no for unnime, obrigando o Con-selho a reapreciar a matria, em outra sesso.

    O Conselho Federal, em todos os seus rgos,delibera com a presena da maioria absoluta das de-legaes (metade mais uma), retomandose o prin-cpio comum. No se incluem no cmputo do quo-rum mnimo os expresidentes, com ou sem direitoa voto, nem os que tm apenas direito a voz. O quo-rum especial de dois teros das delegaes apenas exigvel pelo Estatuto no caso de interveno nosConselhos Seccionais (art. 54, pargrafo nico) e deedio ou reforma do Regulamento Geral, do Cdi-go de tica e Disciplina e dos Provimentos (art. 78do Regulamento Geral).

    COMPETNCIAS DO CONSELHO FE-DERAL COMPETNCIAS DO CONSELHO FE-DERAL COMPETNCIAS DO CONSELHO FE-DERAL COMPETNCIAS DO CONSELHO FE-DERAL

    As competncias do Conselho Federal so indi-cadas em uma enumerao aberta, porque no esgo-tam todas as hipteses. Nem todas so privativas,porque algumas os Conselhos Seccionais e at mes-mo as Subsees as executam, no mbito de suas ju-risdies e guardadas as devidas adaptaes. Os in-cisos I a III do art. 54 so comuns ao Conselho Fede-ral e aos Conselhos Seccionais e Subsees. Os inci-sos VI, VII, VIII e IX aplicamse, no que couberem,aos Conselhos Seccionais, com relao s suas Sub-sees. O inciso XIV configura competncia concor-rente dos Conselhos Seccionais. O inciso XVI tam-bm se aplica aos Conselhos Seccionais, quanto aseus respectivos bens imveis.

    Ressalta das competncias do Conselho Federalque sua funo de harmonizao, de coordenaogeral, de instncia recursal final e, sobretudo, de fi-xao de diretrizes e polticas gerais, vinculando to-dos os demais rgos da OAB. A tarefa executiva,em grande medida, compete aos Conselhos Seccio-nais e a suas Subsees e s Caixas de Assistncia.

    Passemos a comentar os tipos de competnciado Conselho Federal, mantendo a ordem do art. 54:

    Cumprimento das finalidades da OABCumprimento das finalidades da OABCumprimento das finalidades da OABCumprimento das finalidades da OAB

    I O primeiro impe o cumprimento efetivodas finalidades da OAB, tanto as institucionaisquanto as corporativas. Remetemos o leitor aos co-mentrios a elas destinados acima.

    O dever de cumprimento impede que o Conse-lho exclua algumas em detrimento de outras.

    Representao dos advogadosRepresentao dos advogadosRepresentao dos advogadosRepresentao dos advogados

    II O segundo explcita o poder genrico de re-presentao dos advogados brasileiros pelo Conse-lho Federal, em juzo ou fora dele.

    Essa representao legal; independe de man-dato ou autorizao prvios dos representados.Quando o Conselho Federal se manifesta, em mat-rias corporativas ou institucionais, manifestamseos advogados brasileiros, em seu conjunto. Da mes-ma forma, em suas jurisdies, os Conselhos Seccio-nais e as Subsees.

    As manifestaes e representaes dos rgossuperiores vinculam os inferiores, no podendo es-tes contraditarem aqueles.

    A representao sempre no interesse da pro-fisso. O Estatuto referese representao indivi-dual. Tambm nesse caso limitada defesa do ad-vogado atingido no exerccio de sua profisso, mes-mo em decorrncia de atos pessoais. No caso de re-presentao individual, a ao do Conselho suple-tiva dos Conselhos Seccionais e apenas quando hou-ver grave repercusso nacional em prejuzo da advo-cacia.

    Sobre a promoo de aes coletivas vejase ocomentrio ao inciso XlV.

    Defesa das prerrogativas da profisso Defesa das prerrogativas da profisso Defesa das prerrogativas da profisso Defesa das prerrogativas da profisso

    III Compete OAB velar pela dignidade, in-dependncia, prerrogativas e valorizao da advoca-cia. Velar estar vigilante, mas, ao mesmo tempo, agir em sua defesa. Sobre independncia da advoca-cia, remetemos os leitores aos comentrios ativi-dade de advocacia e tica do advogado. Sobre prer-rogativas, vejamse os comentrios aos direitos doadvogado.

    A referncia valorizao merece um co-men-trio destacado, porque, antes de ser uma atitude dedefesa, constitui um mandamento promocional.Cabe OAB promover a valorizao da advocacia,perante a classe e perante a comunidade, em todosos sentidos: tico, tcnico, profissional, institucio-nal.

    O Conselho Federal da OAB decidiu por unani-midade que no cabe defesa da dignidade da profis-so de advogado, quando sua imagem denegrida edeformada em novelas de televiso, porque a obrade fico e o direito de crtica esto assegurados naConstituio. Em caso de ofensa individual, o atingi-do proceder de acordo com a legislao vigente.

    Representao internacionalRepresentao internacionalRepresentao internacionalRepresentao internacional

    IV A representao dos advogados brasileirosem eventos internacionais ou no exterior exclusivado Conselho Federal. No podem os Conselhos Sec-

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    cionais ou outras entidades de advogados represen-tar o conjunto dos advogados brasileiros, salvo se fo-rem credenciados pelo Conselho Federal.

    A associao da OAB apenas possvel orga-nizao internacional que congregue entidades na-cionais de advogados, podendo apenas participar deeventos ou entidades internacionais que abranjamoutras profisses jurdicas.

    Diversas entidades internacionais congregamadvogados. Excluindose as que se voltam para de-terminadas especializaes, podem ser referidas: aUIA Unio Internacional dos Advogados (Unionlnternational des Avocats), com sede em Paris, fun-dada em 1924, constituda de membros individuaise coletivos, sendo 159 colgios e ordens de advoga-dos, inclusive a OAB; FIA/IABA Federao Intera-mericana de Advogados, com sede em Washington,composta de membros individuais e coletivos, in-clusive a OAB.

    Legislao regulamentar e complementar do EsLegislao regulamentar e complementar do EsLegislao regulamentar e complementar do EsLegislao regulamentar e complementar do Es----tatuto tatuto tatuto tatuto

    V O Estatuto no esgota todas as matrias re-lativas OAB e aos advogados. O legisla-dor optoupor uma lei concisa, cuidando exclusiva-mente dostemas contidos no que se considera reserva legal.Tudo o mais que tenha natureza regulamentar, eno envolva criao, modificao ou extino de di-reitos e obrigaes, foi remetido complementaonormativa do Regulamento Geral, do Cdigo de ti-ca e Disciplina e dos Provimentos, todos editadospelo Conselho Federal, por fora de delegao da lei.O Regulamento Geral o diploma abrangente dosprocedimentos, estrutura organizacional e atribui-es dos rgos internos, e de todas as matrias quesejam suscetveis s mudanas do tempo e das ne-cessidades que se impuserem. Os Provimentos cui-dam de temas especficos que podem ser destacadosdo Regulamento Geral. Sobre o Cdigo de tica eDisciplina remetemos o leitor aos comentrios aocaptulo da tica do advogado. Essas normas so co-gentes e obrigam a todos os rgos e inscritos daOAB. Sobre a legitimidade da OAB em editar o Re-gulamento Geral, ver os comentrios ao art. 78.

    Interveno parcial Interveno parcial Interveno parcial Interveno parcial

    VI O Conselho Federal pode adotar as medi-das preventivas e corretivas que julgar necessriaspara assegurar o funcionamento dos Conselhos Sec-cionais. um modo parcial e localizado de interven-o, sem os rigores da interveno completa, porqueno implica o afastamento de seus dirigentes.

    Se as medidas que adotar forem descumpridas,a interveno ser efetivada integralmente. Essasprovidncias podem ser mnimas e pouco traumti-cas, como na hiptese de envio de observa-dores ouauditores. Cabe aos Conselhos Seccionais prestartoda a colaborao necessria para que possamcumprir suas misses.

    Interveno completa Interveno completa Interveno completa Interveno completa

    VII A interveno completa darse nos ca-sos de extrema gravidade, quando ocorrerem clarase flagrantes violaes ao Estatuto e legislao regu-lamentar, ou quando as determinaes do ConselhoFederal forem sistematicamente descumpridas oudesafiadas, ou ainda quando a entidade local estejaem situao de grave perigo para a instituio.

    A interveno, por suas conseqncias traum-ticas ao sistema federativo e de autonomia dos Con-selhos Seccionais, deve ser decidida mediante quo-rum especial de dois teros das delegaes, com fi-xao de prazo determinado, que pode ser prorroga-do. A deciso s poder ser tomada aps ouvido oConselho Seccional, que poder apresentar defesa eprovas que a afastem. Nesse sentido, decidiu o Con-selho Pleno do Conselho Federal da OAB, no Pro-cesso n. 4.322/98/COP, de cuja ementa so extra-dos os seguintes enunciados: Natureza excepcionaldo remdio a ser utilizado, exclusivamente, quandoclara, alm de qualquer dvida, a infringncia ao Es-tatuto ou ao Regulamento Geral. Prevalncia doprincpio da autonomia das Seccionais .

    Decidida a interveno, o presidente nacionalda OAB nomear diretoria provisria, suspenden-dose o mandato dos dirigentes em exerccio.

    O procedimento da interveno fixado no Re-gulamento Geral, no art. 81. Prevse uma fase ini-cial de verificao e sindicncia promovidas por re-presentantes do Conselho Federal, designados peladiretoria deste, os quais devem apresentar relatrioao Conselho Federal. Essa fase antecedida da noti-ficao do Conselho Seccional para apresentar defe-sa prvia que exclua o processo de interveno. Se orelatrio concluir pela interveno, ento o Conse-lho Seccional novamente notificado para defesa,quanto ao mvel da interveno (mrito). Os prazospara a defesa so sempre de quinze dias (art. 69). Nasesso que apreciar a indicao da interveno, asse-gurandose o direito de sustentao oral ao repre-sentante do Conselho Seccional, se ela for decidida,fixarse prazo para interveno, cabendo dire-toria designar diretoria provisria. Pode ocorrer ainterveno sumria se houver impedimento localao trabalho da sindicncia ou de evidente irrepara-bilidade e perigo pela demora da deciso, que deveser motivada.

    Cassao de atosCassao de atosCassao de atosCassao de atos

    VIII Quando puder evitar a interveno e noscasos de menor gravidade, o Conselho Federal pro-mover a cassao ou modificao do ato de qual-quer autoridade ou rgo da OAB que contrarie oEstatuto e a legislao regulamentar. Nesse caso, noh necessidade de quorum especial para a deciso,mas dever ser ouvida previamente a autoridade emcausa, para apresentar defesa.

    A cassao pode ocorrer incidentalmente,quando da apreciao de qualquer processo ou emprocesso autnomo, sempre aps ouvida a autorida-de responsvel.

    Recursos Recursos Recursos Recursos

    IX O Conselho Federal a instncia recursalmxima na OAB. Cabelhe julgar todos os recursosinterpostos contra decises dos Conselhos Seccio-nais que no tenham sido unnimes ou, quandounnimes, contrariarem o Estatuto e a legislaocomplementar (ver os comentrios ao art. 75).

    Identidade do advogado Identidade do advogado Identidade do advogado Identidade do advogado

    X Compete exclusivamente ao Conselho Fe-deral dispor sobre identidade do advogado e sobreseus smbolos privativos no Regulamento Geral. Arespeito dessa matria convidamos o leitor aos co-mentrios formulados ao inciso XVIII do art. 7 e aoart. 13. O Regulamento Geral cuidou da matria nosarts. 32 a 36.

    Relatrio e contas Relatrio e contas Relatrio e contas Relatrio e contas

    XI e XII O Conselho Federal tambm atuacomo Conselho Fiscal da OAB, apreciando relatrioe aprovando as contas de sua diretoria e, ainda, ho-mologando as contas dos Conselhos Seccionais. Seas contas forem rejeitadas por razes formais, as ir-regularidades podero ser supri-das. Se a rejeiofor de mrito, os responsveis respondero nos m-bitos disciplinar, penal e civil.

    O exerccio financeiro dos rgos da OAB en-cerrase no dia 31 de dezembro de cada ano.

    o Regulamento Geral fixa a obrigatoriedade deaprovao do oramento anual, que deve servir deregulao das receitas e das despesas.

    Cabe Terceira Cmara do Conselho Federal fi-xar os modelos e os critrios para os oramentos,balanos e contas de sua diretoria e dos ConselhosSeccionais. Estes, por sua vez, fixaos para as Subse-es e as Caixas de Assistncia.

    Listas sxtuplasListas sxtuplasListas sxtuplasListas sxtuplas

    XIII A elaborao de listas sxtuplas paracomposio dos tribunais compete ao Conselho Fe-deral quando a corte tiver abrangncia nacional ouinterestadual, ou seja, o Superior Tribunal de Justi-a, o Tribunal Superior do Trabalho e os tribunaisfederais, quando estes tiverem competncia territo-rial que abranja mais de um estado. Para os tribu-nais estaduais, a competncia do Conselho Seccio-nal respectivo.

    Apenas podem concorrer advogados que este-jam em efetiva atividade de advocacia (art. 94 daConstituio) h mais de dez anos ininterruptos eimediatamente anteriores data do requerimento.H dificuldade em caracterizar tal atividade, masno basta a regularidade da inscrio na OAB, por-que no se confunde com atividade potencial. O ob-jetivo da Constituio integrar os tribunais com aefetiva experincia profissional do advogado. In-cumbe ao candidato provar com documentos e cer-tides que exerceu atividades privativas de advoca-cia nos ltimos dez anos, assim consideradas no art.1 do Estatuto (cinco atos privativos por ano, a sa-ber, cinco peas profissionais judiciais, subscritaspelo candidato, ou pareceres por ele proferidos narealizao de consultoria jurdica, ou prova de exer-

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    ccio de atividades de assessoria ou de direo jur-dicas. Para as duas ltimas devem ser provadas a re-lao de emprego com tais,finalidades, ou o contratode prestao de servios ou certido de nomeao eexerccio do cargo pblico equivalente). No podeser considerado efetiva atividade profissional o per-odo de desempenho de funo que gere incompati-bilidade temporria, porque h licenciamento com-pulsrio, com suspenso dos efeitos da inscrio(art. 12, lI, do Estatuto). Mas a ocorrncia de impe-dimento (art. 30, I, do Estatuto) no evita a partici-pao na lista sxtupla, conforme decidiu o Conse-lho Federal da OAB (Proc. 604/200l/PCAAL), nocaso de Procurador de Estado.

    A comprovao dos requisitos deve ser feitacom a inscrio. A satisfao deles na fase recursalatenta contra o princpio da igualdade, porque no admitida para interessado que no se inscreveu porno comprovlos a tempo (Conselho Federal Ple-no, Proc. n. 00031 2002/COP TO). Ressalvese,evidentemente, o que a legislao processual consi-dera prova nova, cabvel em recurso.

    O Estatuto veda a incluso de conselheiros oude membros de qualquer rgo da OAB (art. 54,XIII). So incompatveis a funo de julgar ou de es-colher com o interesse de julgado ou escolhido. A re-gra tem fundamento tico, no sentido de se evitar oconflito de interesses e o trfico de influncia. OProvi-mento n. 10212004 exclui a possibilidade de omembro de rgo da OAB concorrer se renunciarantes funo, como permitia o Provimento n.80/1996. O impedimento definitivo desde o inciodo mandato e durante o trinio, ainda que se tenhaencerrado antes por renncia. A regra no se dirigeapenas aos membros do Conselho que elabora a lis-ta, mas aos de qualquer outro rgo da OAB. Assim,para a lista de desembargador perdero os cargos, seconcorrerem, o conselheiro seccional, o conselheirofederal, o diretor ou membro de Conselho de Subse-o ou o diretor de Caixa de Assistncia.

    Atualmente, a matria est regulada no Provi-mento n. 102/2004, que estabelece os critrios eprocedimentos para elaborao das listas, notada-mente quanto inscrio, impugnao dos candida-tos, argio dos candidatos, escolha e indicao.

    Jus postulandi do Conselho Federal Jus postulandi do Conselho Federal Jus postulandi do Conselho Federal Jus postulandi do Conselho Federal

    XIV Uma das mais importantes inovaes doEstatuto sobre a competncia da OAB, especialmen-te do Conselho Federal, a legitimidade para ajuiza-mento de aes coletivas, alm da ao direta de in-constitucionalidade. So elas, essencialmente: aocivil pblica, mandado de segurana coletivo, man-dado de injuno e demais aes assemelhadas. Es-sas aes coletivas podem ser propostas no apenaspelo Conselho Federal, mas pelos Conselhos Seccio-nais (art. 57 do Estatuto) e Subsees quando conta-rem com Conselho prprio (art. 61, pargrafo nico,do Estatuto).

    A legitimidade para a ao direta de inconstitu-cionalidade est prevista no art. 103, VII, da Consti-tuio Federal. Essa legitimidade no se restringe smatrias ligadas direta ou indiretamente aos advo-gados, mas a todos os atos normativos federais e es-

    taduais incompatveis com a Constituio Federal,porque seu dever a defesa da Constituio em geral(art. 44, I, do Estatuto). Essa legitimidade menosum poder e muito mais um mnus pblico que lhefoi cometido pela Constituio como um de seusguardies.

    O Supremo Tribunal Federal tem decidido queos demais Conselhos Federais profissionais no tmlegitimidade, sendo apenas privativa da O-AB258.Por suposto, o nico juzo de admissibilida-de que o Conselho Federal pode exercer o da in-compatibilidade ou no com os princpios e normasconstitucionais e jamais o da relevncia com os inte-resses da advocacia. O Regulamento Geral disciplinaa matria no art. 82, que prev o juzo prvio de ad-missibilidade para aferio da relevncia da defesados princpios e normas constitucionais. Todavia,contrariando o irrestrito alcance da norma contidano art. 54, XIV, do Estatuto, o Conselho Federal Ple-no, por maioria (Proposio n. 0032/2003/COP),decidiu que no deveria ajuizar ao direta de in-constitucionalidade quando outra entidade tenha le-gitimidade para tanto; no caso, tratavase de defesade direitos e interesses de populaes indgenas.Esta restrio que a lei no faz.

    A ao civil pblica um avanado instrumen-to processual introduzido no ordenamento jurdicobrasileiro pela Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985,para a defesa dos interesses difusos, coletivos e indi-viduais homogneos (por exemplo, meio ambiente,consumidor, patrimnio turstico, histrico, artsti-co). Os autores legitimados so sempre entes ou en-tidades, pblicos ou privados, inclusive associaocivil existente h mais de um ano e que inclua entresuas finalidades a defesa desses interesses. O elencode legitimados foi acrescido da OAB, que poder in-gressar com a ao no apenas em prol dos interes-ses coletivos de seus inscritos, mas tambm para tu-tela dos interesses difusos, que no se identificamem classes ou grupos de pessoas vinculadas por umarelao jurdica bsica. Sendo de carter legal a legi-timidade coletiva da OAB, no h necessidade decomprovar pertinncia temtica com suas finalida-des, quando ingressar em juzo.

    A referncia ao mandado de segurana co-leti-vo decorre da legitimao outorgada pela Constitui-o (art. 5, LXX) s entidades de classe. Da normaconstitucional emerge como limitao a defesa dosinteresses dos inscritos na OAB. Em face do que es-tabelecem o art. 49 e o inciso II do art. 54 do Estatu-to, no h necessidade de autorizao prvia dosinscritos beneficirios. Lembrese que a OAB tam-bm legitimada a impetrar mandado de seguranaindividual, em seu prprio nome, para a defesa dosinteresses coletivos e individuais dos advogados (in-ciso lI).

    O mandado de injuno outro poderoso ins-trumento de efetividade das garantias individuais ecoletivas, especialmente da cidadania, previsto noart. 52, LXXI, da Constituio, que a OAB pode uti-lizar. Infelizmente, a orientao majoritria do Su-premo Tribunal Federal, frustrando as expectativasda comunidade jurdica, inutilizou o alcance dessaao constitucional, na medida em que lhe atribuiuapenas eficcia declaratria da mora legislativa. A

    tendncia, no entanto, de prevalecer a orientaono sentido de, constatada a mora legislativa,tutelarse jurisdicionalmente o direito subjetivoprevisto na Constituio e dependente de regula-mentao, adotandose os princpios existentes noprprio sistema jurdico.

    Cursos jurdicos. Autorizao, reconhecimentoCursos jurdicos. Autorizao, reconhecimentoCursos jurdicos. Autorizao, reconhecimentoCursos jurdicos. Autorizao, reconhecimentoe elevao da qualidade e elevao da qualidade e elevao da qualidade e elevao da qualidade

    XV Reconhecendo a legitimidade da OABpara manifestarse sobre a formao do profissio-nal do direito, porque ela quem mais sofre as con-seqncias do mau ensino, a lei atribuiulhe a com-petncia para opinar previamente nos pedidos decriao, reconhecimento ou credenci-amento doscursos jurdicos. Assim, antes da deciso da autori-dade educacional competente (Conselho Nacional eEstadual de Educao, MEC e Secretarias Estaduaisde Educao), caber ao Conselho Federal da OABemitir parecer prvio. A matria atualmente est re-gulada pelo Decreto n. 5.773, de 10 de maio de2006.

    A proliferao descriteriosa de cursos jurdicos,sem as mnimas condies de qualidade, tem contri-budo para a preocupante queda do nvel profissio-nal dos advogados. Em face disso, o Conselho Fede-ral da OAB criou a Comisso de Ensino Jurdico eestimulou idntica iniciativa nos Conselhos Seccio-nais , que passou a exercer as atribuies que fo-ram cometidas em lei ao Conselho (art. 83 do Regu-lamento Geral), mediante estudos, promoo deeventos, pesquisas e apresentao de propostas con-cretas voltadas elevao da qualidade do ensino ju-rdico, ou melhor, da educao jurdica em geral,que envolve a pesquisa e a extenso. Tambm pas-sou a emitir pareceres prvios nos pedidos de auto-rizao de novos cursos jurdicos e de seus posterio-res reconhecimentos.

    Esse esforo, mobilizando os especialistas noensino do direito do Pas, resultou na edio da Por-tariaMEC n. 1.886/94, que fixou as diretrizes cur-riculares e o contedo mnimo dos cursos jurdicos,vigorantes a partir de 1997, e que podem ser assimsumariadas: carga horria mnima de 3.300 horas;realizao em tempo mnimo de 5 anos letivos; pa-dro de qualidade idntico entre os cursos diurnos enoturnos, no podendo estes ultrapassar 4 horas di-rias de atividades didticas; interligao obrigat-ria do ensino com a pesquisa e a extenso; atendi-mento s necessidades de formao fundamental,sciopoltica, tcnicojurdica e prtica do bacha-rel em direito; desenvolvimento de atividades com-plementares, alm das disciplinas em que se desdo-brar cada curso, incluindo pesquisa, extenso, parti-cipao em eventos culturais e cientficos, discipli-nas no curriculares; acervo bibliogrfico atualizadode no mnimo 10.000 volumes de obras jurdicas ede peridicos de jurisprudncia, doutrina e legisla-o; flexibilidade do curso para ministrar matriasrelativas a novos direitos e adoo de interdiscipli-naridade; possibilidade, a partir do quarto ano, deoferta de reas profissionalizantes; obrigatoriedadede monografia final do curso, defendida perantebanca examinadora; estgio de prtica jurdica obri-

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    gatrio, com no mnimo 300 horas, desenvolvendoexclusivamente atividades prticas.

    Para que um curso jurdico possa conferir di-plomas a seus graduados, exigese primeiro que es-teja autorizado e, depois, que seja reconhecido, tan-to com relao s universidades quanto em relaos demais instituies de educao superior. Os pro-jetos devem demonstrar a necessidade social do cur-so, os estudos de viabilidade e a qualidade do projetopedaggico.

    XVI A alienao ou onerao de bens imveisdepende da aprovao da maioria absoluta (metademais uma) das delegaes. regra regula-mentar,mantida na lei por sua relevncia.

    Participao em concursos pblicosParticipao em concursos pblicosParticipao em concursos pblicosParticipao em concursos pblicos

    XVII A Constituio prev que o concursopblico para ingresso na magistratura e no Minist-rio Pblico dever contar com a participao daOAB em todas as suas fases, o que inclui a formula-o dos programas e a organizao do certame. Paraoutras carreiras jurdicas (exemplo, advocaciageralda Unio), as leis especficas tm estabelecido regraidntica.

    O Conselho Nacional de Justia, interpretandoa Constituio, decidiu que a participao da OABem todas as suas fases abrange a fase preparatriada elaborao das instrues e do edital do certame,sob pena de nulidade.

    A participao do Conselho Federal para osconcursos que tiverem abrangncia nacional ou in-terestadual. Para os demais, a competncia doConselho Seccional.

    O Conselho Federal da OAB deliberou que aprova oral, quando exigida em concursos pblicospara ingresso em carreiras jurdicas, deve ser efeti-vamente pblica, inclusive com gravao das argi-es e respostas com possibilidade de recurso. Estesso os requisitos cuja observncia deve ser exigidapelo representante da OAB.

    DIRETORIA DO CONSELHO FEDERAL DIRETORIA DO CONSELHO FEDERAL DIRETORIA DO CONSELHO FEDERAL DIRETORIA DO CONSELHO FEDERAL

    A diretoria do Conselho Federal composta decinco membros, servindo de parmetro para todosos rgos da OAB: presidente (que ao mesmo tem-po presidente nacional da OAB), vicepresidente,secretriogeral, secretriogeral adjunto e tesou-reiro.

    Com exceo do presidente, os demais dire-to-res tm suas atribuies definidas no RegulamentoGeral. O presidente exerce a representao nacionale internacional, no apenas do Conselho Federal,mas da OAB, constituindo rgo mediante o qual seexpressa publicamente.

    A Presidncia rgo dplice, com atribui-esafetas ao Conselho e prprias, ou seja, executivas ede administrao do Conselho. Ao contrrio do an-terior, o Estatuto no especifica as atribuies dosmembros da diretoria, nem do presidente, excetoquanto aos poderes de representao (rectius pre-sentao). Flo o Regulamento Geral, com discipli-na especificada nos arts. 98 a 104.

    A diretoria, em seu conjunto, tambm r-godeliberativo e executivo, com atribuies fixadas noRegulamento Geral.

    COMPOSIO DO CONSELHO SEC-CIONALCOMPOSIO DO CONSELHO SEC-CIONALCOMPOSIO DO CONSELHO SEC-CIONALCOMPOSIO DO CONSELHO SEC-CIONALE DELIBERAO E DELIBERAO E DELIBERAO E DELIBERAO

    O Conselho Seccional no tem mais uma com-posio uniforme, para todas as unidades federati-vas, como ocorria at o advento do novo Estatuto. Alei no fixa mais o nmero mnimo ou mximo, de-legando ao Regula-mento Geral tal mister, especial-mente no que concerne aos critrios a serem utiliza-dos, salvo o da proporcionalidade ao dos inscritos, onico que previu.

    A realidade brasileira da distribuio de ad-vo-gados inscritos na OAB extremamente heterog-nea. Nos extremos h ou algumas centenas ou maisde cem mil. Nas Sees maiores havia uma sobre-carga crescente dos seus membros, porque o limitemximo estabelecido h mais de trinta anos pela Lein. 4.215/63 no correspondia s necessidades.

    O Regulamento Geral (art. 106) adotou os se-guintes critrios: abaixo de 3.000 inscritos, at 24conselheiros; a partir de 3.000 inscritos, mais ummembro por grupo completo de 3.000 inscritos, ato total de 60 conselheiros. Cabe ao prprio ConselhoSeccional fixar o nmero de seus membros em reso-luo sujeita a referendo do Conselho Federal, in-corporandoo a seu Regimento Interno.

    So membros os conselheiros e diretores e-lei-tos. O voto no Conselho unipessoal. So tambmmembros os expresidentes do Conselho, apenascom direito a voz, exceto para os que assumiram ocargo at o incio de vigncia do Estatuto, que per-manecem com o direito de voto.

    O presidente do Instituto dos Advogados local(filiado ao Instituto dos Advogados Brasileiros) membro nato e permanente do Conselho, mas notem direito a voto.

    No h mais membros designados ou no elei-tos diretamente pelos advogados, como admitia oanterior Estatuto com relao aos indicados peloInstituto dos Advogados, que ocupavam um quartodo total das vagas.

    O presidente nacional, os conselheiros federais,o presidente da Caixa de Assistncia e os presidentesde Subsees, quando presentes, tm tambm direi-to a voz, mas no se consideram membros perma-nentes do Conselho. Com exceo do presidente doInstituto, porque tem assento perma-nente, no hobrigatoriedade de convoclos s sesses, mas po-dem comparecer sempre que deseja-rem, sendolhes assegurado o direito de assento e de voz em to-das as matrias debatidas.

    O Conselho Seccional delibera com a presenada maioria absoluta de seus membros eleitos (meta-de mais um dos conselheiros e dos diretores). A re-gra do anterior Estatuto (um tero) foi suprimida,retomandose o princpio comum. No se incluemno cmputo do quorum mnimo os expresidentes,com ou sem direito a voto, nem os que tm apenasdireito a voz. O quorum de instalao da sesso epara cada votao, prevalecendo o voto da maioriapresente.

    O quorum especial de dois teros (de presena votao e no apenas de instalao; estando os doisteros presentes, prevalece o voto da maioria) ape-nas exigvel, pelo Estatuto, no caso de intervenonas Subsees (art. 60, F, do Estatuto), para cria-o e interveno na Caixa de Assistncia, paraaprovao ou alterao do Regimento Interno doConselho Seccional e para aplicao de pena de ex-cluso de inscrito (art. 108 do Regulamento Geral).O presidente detm apenas o voto de qualidade.

    COMPETNCIAS DO CONSELHO SECCIONALCOMPETNCIAS DO CONSELHO SECCIONALCOMPETNCIAS DO CONSELHO SECCIONALCOMPETNCIAS DO CONSELHO SECCIONAL

    Para no repetir as competncias j especifica-das do Conselho Federal, o Estatuto estabelece umaregra geral atribuindoas ao Conselho Seccional, noque couber e no mbito de sua jurisdio, excetoaquelas que so privativas daquele. Sobre a matriaremetemos o leitor aos comentrios ao art. 54, comindicao dos incisos aplicveis ao Conselho Seccio-nal (Competncias do Conselho. Federal). Socompetncias comuns, observada a supremacia doConselho Federal.

    Decidiu a Terceira Cmara do CF/OAB (Proc.n. 000412003/TCAMS) que a apurao de fatospertinentes a obras realizadas pelo Conselho Seccio-nal da competncia deste, ainda que parte da verbaa ela destinada tenha participao do Conselho Fe-deral.

    O Conselho Seccional representa, inclusive ju-dicialmente, a coletividade dos advogados nela ins-critos. Nesse sentido, o TRF da Quarta Regio (MAS2002.70.00.0145086/PR) assegurou a legitimidadeda OABPR como representante de todos seus ins-critos em ao judicial que discutia a cobrana doimposto sobre servios (ISS) pelo Municpio de Cu-ritiba.

    Alm das competncias comuns, o Estatutoconfere ao Conselho Seccional competncias priva-ti-vas, que no podem ser exercidas pelo ConselhoFederal diretamente. Passaremos a comentlas, se-guindo a ordem do Estatuto.

    Regimento interno e resoluesRegimento interno e resoluesRegimento interno e resoluesRegimento interno e resolues

    I Cabe ao Conselho Seccional editar seu regi-mento interno e resolues gerais e especficas, se-gundo o modelo dos Provimentos. O regimento in-terno no precisa ser submetido ao Conselho Fede-ral, porque este dispe de instrumentos inibitrios einvalidantes, se ultrapass