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ANO LECTIVO 2011-2012
* A relação e distinção entre emoções, sentimentos e afetos
EMOÇÕES Definição SENTIMENTOS Definição AFECTOS Definição . Processo transitório, brusco e agudo;
. Duração breve, momentâneo;
. Grande intensidade;
. Objetivo;
. Dirigido para o exterior, público;
. Reconhecemos o elemento que a
desencadeou; . Dimensão comunicacional;
. Concretiza-se no presente
Tempo; intensidade; alteração corporais; versatilidade; polaridade;
causas/objetos; reações
Reação curta e
intensa do
organismo a um
acontecimento inesperado, que é
acompanhada de
uma tonalidade afetiva agradável
ou desagradável.
. Estado mais ou menos duradouro;
. Prolonga-se no tempo, estável;
. Pouca intensidade;
. Subjetivo, privado;
. Voltado para o interior;
. Não se associa a uma causa;
Estado afetivo
relativamente
estável, de
média intensidade e
com papel
moderador nas relações que o
sujeito
estabelece com
a realidade.
.Prolongado, construído ao longo do tempo (passado);
. Dotado de sensações
subjetivas, imediatas,
positivas/negativas; . Falamos de ralações com
pessoas, objetos e lugares;
. Exprimem-se e são vividos através de emoções (ao serem
concretizados, transformam-se
emoções).
Estado psicológico
elementar que
determina
sensações agradáveis ou
penosas no
indivíduo, em função dos
sentimentos
que nutre em
relação a pessoas ou
seres.
TIPOS DISTINÇÃO ENTRE EMOÇÕES E SENTIMENTOS
Primárias
Básicas
Universais
Inatas
Secundárias
Sociais
Culturais
Aprendidas
Fundo
(António
Damásio)
CeP – Faz uma distinção entre sentimentos e emoções?
Damásio – Sim. (…) uma emoção é um conjunto de reacções corporais (algumas muito complexas) face a certos
estímulos . A partir do momento em que sentimos medo, o ritmo cardíaco acelera-se, a boca seca, a pele
empalidece, os músculos contraem-se. Tais reacções são automáticas e inconscientes. Os sentimentos surgem
quando tomamos consciência dessas ‘emoções’ corporais, quando estas são transferidas para certas zonas do
cérebro onde são codificadas sob a forma de actividade neuronal. No exemplo anterior, as modificações
fisiológicas provocam-nos um sentimento de medo.
CeP – Significa isso que os sentimentos nascem das emoções?
Damásio – Sim. O cérebro recebe continuamente sinais provenientes do corpo, como um espectador. Cada estado
do corpo é representado sob a forma de combinação de atividades de neurónios, distintos dos outros, em centros
chamados somatossensoriais. Cada um de nós possui, assim, um mapa pessoal de sentimentos: quando se
experimenta o medo, memoriza-se inconscientemente uma combinação de modificações dos parâmetros
fisiológicos, combinação gravada num conjunto de neurónios do córtex somatossensorial; sempre que este
conjunto de neurónios é ativado, experimenta-se de novo um sentimento de medo. Os sentimentos emergem, assim,
da leitura de mapas onde se relacionam as alterações emocionais: são uma espécie de imagens instantâneas do
nosso estado corporal.
DAMÁSIO, A., Entrevista a M. Lnazen, in Cerveau e Psycho, nº 6, 2004, p. 37
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Bem-estar; mal-
estar; calma;
tensão
PÁGINA - 2
* Perspetiva sobre as emoções ANTÓNIO DAMÁSIO
Diferentemente do que se pensava, as emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão.
Uma das atividades reconhecidas como fundamentalmente racional – a tomada de decisão – recorre também à emoção.
“A EMOÇÃO bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente”
Sem emoção, ficaríamos impossibilitados de fazer as escolhas mais simples.
DECISÃO EMOÇÃO
1. Ter conhecimento da situação sobre a qual se tem de decidir;
2. Conhecer as diferentes opções de ação;
3. Conhecer as consequências de cada opção no presente e no futuro.
É um processo indispensável no ato de decidir, que é suportado por vias:
RACIONAL EMOCIONAL
Raciocínio Atenção Memória A representação das consequências de uma opção é disponibilizada pelo
raciocínio.
A perceção da situação provoca, ao mesmo tempo, a ativação de experiências
emocionais anteriores.
MARCADOR SOMÁTICO (mecanismo automatizado que suporta as nossas decisões)
Antes de pôr em prática possíveis decisões, normalmente, fazemos uma breve avaliação das consequências (sentindo previamente o que nos vai acontecer de agradável ou
desagradável). Quando o marcador avalia a situação, com base numa experiência passada, e prevê um resultado futuro positivo, funciona como um incentivo, impulsionando-nos a
decidir pela ação. E, ao contrário, a avaliação é negativa, funciona como uma campainha de alarme, inibindo a nossa conduta.
As experiências emocionais ficam marcadas no nosso cérebro nas áreas pré-frontais.
Numa situação em que é necessário decidir, processar-se-ia uma ligação entre o tipo de situação e o estado do corpo (estado somático).
As manifestações corporais associadas à situação vivida simulariam as consequências esperadas, orientando as escolhas. Assim:
1. Não perdemos tanto tempo a analisar a situação. 2. Apercebendo-nos que seria inútil analisar todas as
possibilidades, poderíamos escolher à sorte.
3. Poderíamos transferir a responsabilidade da decisão para a
pessoa que colocava as alternativas.
Quando lhe surge uma mau resultado associado a uma dada opção de resposta, por mais fugaz que seja, sente uma sensação visceral desagradável. Como a sensação é corporal, atribui ao fenómeno o termo técnico de estado somático (em grego, soma quer dizer corpo); e, porque o estado ‘marca’ uma imagem, chamo-lhe marcador: repare mais uma vez que uso somático na aceção mais genérica (aquilo que pertence ao corpo) e incluo tanto as sensações viscerais como as não viscerais quando me refiro aos marcadores somáticos. Qual a função do marcador somático? Imagine que faz convergir a atenção para o resultado negativo que a ação pode conduzir e atua como um sinal de alarme automático que diz: atenção ao perigo decorrente de escolher a ação que terá este resultado. O sinal pode fazer que rejeite imediatamente o rumo de ação negativo, levando-o a escolher outras alternativas. O sinal automático protege-o de prejuízos futuros, sem mais hesitações, e permite-lhe depois escolher uma alternativa dentro de um lote mais pequeno de alternativas. A análise custos/benefícios e a capacidade dedutiva adequada ainda têm o seu lugar, mas só depois deste processo automático reduzir drasticamente o número de opções. Os marcadores somáticos podem não ser suficientes para a tomada de decisão humana normal, dado que, em muitos casos, mas não em todos, é necessário um processo subsequente de raciocínio e de seleção final. Mas os marcadores somáticos aumentam provavelmente a precisão e a eficiência do processo de decisão.
DAMÁSIO, A., O Erro de Descartes, Europa-América, 1994, pp. 186, 187
PÁGINA - 3
* As componentes das emoções COMPONENTES DAS EMOÇÕES
Exercício: no dia do seu aniversário, o Francisco recebeu, como prenda dos seus pais, um telemóvel que há muito desejava. Um dos maiores amigos,
o Manuel, deixou-o cair ao chão partindo o ecrã. O Francisco ficou furioso. Distinga, a partir deste exemplo, as seis componentes da emoção.
Cognitiva Avaliativa Fisiológica Expressiva Comportamental Subjetiva
TEXTO Não vemos simplesmente ‘uma casa’: vemos ‘uma casa bonita’, ‘uma casa feia’ ou ‘uma casa pretensiosa’. Não lemos simplesmente um artigo sobre mudança de atitude ou sobre dissonância cognitiva ou sobre herbicidas. Lemos um ‘óptimo’ artigo sobre mudança de atitude, um ‘importante’ artigo sobre dissonância cognitiva, ou um artigo ‘insignificante’ sobre herbicidas. E o mesmo se aplica ao pôr do sol, a um raio, uma flor, uma onda, uma barata, como diz R. B. Zajonc Pouquíssimo conhecimento do objecto é o bastante para despertar emoção. Gostar ou não gostar de alguém ou de alguma coisa tende a ser uma das nossas primeiras impressões. Podemos deixar de notar as características de uma pessoa recém-conhecida – se o seu cabelo é crespo, ou se tem nariz grande, ou se usa um vestido vermelho, Mas uma das coisas que decerto notamos é se a nossa resposta é positiva ou negativa.
L. Davidof
1. Após a leitura do texto, mostre que as nossas perceções se ligam aos afetos e às emoções. 2. “A emoção é determinada pelo modo como representamos a situação e pala avaliação pessoal que lhe damos.” Explique a afirmação transcrita. 3. A emoção é uma experiência subjetiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo. É uma resposta que mobiliza diferentes componentes, nomeadamente uma reação observável, uma excitação fisiológica, uma interpretação cognitiva e uma experiência subjetiva.
A. Costa Pinto
- Identifique as componentes da emoção referidas pelo autor. 4. “Observamos emoções, não sentimentos”. Comente. 5. Encontre imagens que representem as emoções básicas que reproduzimos e traga na próxima aula.