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INAPES-2013
“LEITURA E PRODUÇÃO DETEXTOS– GÊNEROS TEXTUAIS”
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO
A linguagem humana pode ser concebida como a representação do mundo e
do pensamento, concretizada em um código através do qual os homens recebem e
interpretam mensagens que refletem seus pensamentos e seus conhecimentos de
mundo.
Trata-se, ainda, de uma atividade que pressupe interação, di!logo, uma
vez que, através da linguagem, os indiv"duos produzem te#tos $orais ou escritos%,
cu&o sentido se faz a partir da interação falante'ouvinte, escritor'leitor.
(a pr!tica da leitura e produção de te#to, é importante considerar a
linguagem como ação social. )* nosso pensamento se origina e se forma no
processo de interação e luta com pensamentos alheios, o qual não pode dei#ar de
refletir-se na forma de e#pressão verbal do nosso.+ $ahtin, //0%. Assim sendo,
ler e elaborar te#tos são atividades interativas, através das quais se produz sentido a
partir de conhecimentos de naturezas diversas compartilhados entre aqueles que
participam do processo de interação.
1uando se interage através da linguagem, sempre se tem um ob&etivo, um
fim a ser atingido2 h! relaçes para se estabelecer, efeitos que se pretende causar,
comportamentos para desencadear, ou se&a, com o uso da linguagem e#iste sempre
a pretensão do enunciador de atuar, de alguma maneira, sobre aquele que recebe a
mensagem e, assim, obter dele determinadas reaçes $verbais ou não-verbais%.
3iante disso, os g4neros te#tuais tornam-se variados. (as palavras de ahtin
$//0%2
)Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que seam, est!o
re"a#ionadas #om a uti"i$a%!o da "&n'ua( N!o ) de surpreender que o #ar*ter
e os modos dessa uti"i$a%!o seam t!o variados #omo as pr+prias esferas
da atividade humana( (((- O enun#iado re.ete as #ondi%/es espe#&0#as e as
0na"idades de #ada uma dessas esferas, n!o s+ por seu #ontedo tem*ti#o
e por seu esti"o ver2a", ou sea, pe"a se"e%!o operada nos re#ursos da
"&n'ua 3 re#ursos "e4i#ais, fraseo"+'i#os e 'ramati#ais 3 mas tam2)m, e
so2retudo, por sua #onstru%!o #omposi#iona"(5
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(esse sentido, o ob&etivo deste material centra-se, nas pr!ticas de leitura e
produção de te#tos, a uma breve e#posição a respeito de g4neros te#tuais. 5ara
isso foi feito um resumo de teorias de leitura e de aspectos da produção te#tual com
o intuito de fornecer um melhor embasamento para a discussão sobre g4neros.
Assim, organizou-se como se segue2
* pró#imo cap"tulo apresenta uma breve descrição dos modelos teóricos de
leitura, tendo em vista a classificação em relação 6 direção do flu#o da informação
durante o ato de ler. 7onsiderando a leitura um processo cognitivo e social, busca-
se apresentar, também, alguns fatores importantes que influenciam o uso de
diferentes estratégias de leitura, entre eles o g4nero te#tual.
* cap"tulo 8 borda alguns aspectos da produção te#tual, tais como as
caracter"sticas deste processo, em especial do te#to escrito, tendo em vista seu
car!ter dialógico, isto é, a interação entre autor e leitor na produção de sentido
durante a atividade da escritura. 9ma vez que se pretende, neste cap"tulo, ressaltar
a produção verbal escrita, busca-se, também, estabelecer brevemente as diferenças
entre esta modalidade da l"ngua e a modalidade falada. *b&etiva-se, ainda,
apresentar uma pequena orientação sobre como se alcançar um te#to bem-formado,
lançando mão da questão de coesão'coer4ncia e das quatro metarregras propostas
por 7harolles $0::0%.
* quarto cap"tulo dedica-se a apresentar a concepção de g4neros
discursivos, segundo ahtin $//0%, tendo em vista a idéia de que a elaboração de
te#to é uma atividade sociocomunicativa, em que falante'escritor e ouvinte'leitor interagem na produção de sentido. 7onsidera-se, também, a idéia de que os
g4neros diferenciam-se conforme a função que e#ercem em cada situação
espec"fica. 3evido 6s similaridades entre e#presses, a saber2 g4neros te#tuais,
g4neros discursivos, ambientes discursivos, sentiu-se a necessidade de delimitar o
conceito destes termos, bem como diferenciar tipologia e g4nero te#tual. 5or fim,
pretende-se descrever, brevemente, cinco tipos de te#to, ou modalidades
discursivas2 narração, descrição, argumentação, e#posição e in&unção, uma vez que
se trata dos mais comuns tipos te#tuais utilizados nas situaçes comunicativas.
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; o <ltimo cap"tulo é destinado 6s consideraçes finais a respeito de tudo
que foi discutido.
UNIDADE 6: 7EITURA
6(1 8 9ode"os de "eitura
*s modelos de leitura, em termos gerais, podem ser classificados de acordo
com a direção do flu#o da informação no ato da leitura2 modelo de flu#o ascendente,
descendente e ascendente'descendente simultaneamente.
6(1(1 8 O mode"o as#endente
(este modelo, o flu#o da informação parte do te#to impresso para o leitor2 o
autor utiliza os dados apresentados no te#to com o intuito de compreender o te#to
escrito. Trata-se, portanto, de um processo perceptivo e de decodificação. 7omo
e#emplo, =leiman $0::>b% aponta o modelo de processamento serial de ?ough e o
modelo de processamento autom!tico de @eerge e amuels. * leitor, segundo o
modelo ascendente, analisa o input visual, gr!fico, partindo das partes menores para
obter o significado todo. =ato $0::8% apresenta as etapas do processo de leitura
proposto por ?ough2
a- Transforma%!o do est&mu"o per#e2ido em uma ima'em visua" #omposta de
2arras, #urvas e ;n'u"os-( < a identi0#a%!o, a meu ver, da #on0'ura%!o 'era" da
pa"avra(
2- Identi0#a%!o "etra por "etra, da esquerda para a direita, e #o"o#a%!o dos tipos
dentro de um =re'istro de #ara#teres>(
#- Interpreta%!o das "etras #om fonemas? para @ou'h, a interpreta%!o #he'a apenas
ao n&ve" a2strato do fonema, 0#ando a representa%!o fonmi#a ='ravada em uma
0ta>, B espera de que a =2i2"iote#*ria> fa%a a 2us#a te4tua"(
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d- Dep+sito dos itens "e4i#ais na mem+ria opera#iona", onde se d* a #ompreens!o a
n&ve" senten#ia", atrav)s de um misterioso operador sint*ti#o8sem;nti#o #hamado
=9er"in>(
e- Ap"i#a%!o, por um =editor>, de re'ras fono"+'i#as a essa senten%a interpretada,
resu"tando da& um enun#iado fon)ti#o(5
6(1(6 8 O mode"o des#endente
(este modelo, o foco é colocado na contribuição do leitor para o ato de ler2 a
informação flui do leitor para o te#to, e este serve como base para suscitar o
conhecimento prévio. Trata-se de um processo em que o significado é criado no
decorrer da leitura quando o leitor aciona os conhecimentos lingB"sticos e
esquem!ticos2 o significado do te#to parte do leitor. *s modelos teóricos de
caracter"stica descendente são chamados modelos psicolingB"sticos de leitura, em
que esta é apresentada como um processo cognitivo.
* modelo de testagem de hipóteses de ?oodman é um modelo
psicolingB"stico em que a leitura é vista como um &ogo de adivinhaçes e consiste
em desvincular a recodificação obrigatória da l"ngua escrita para a fala, salientando,
portanto, a importCncia dos processos cognitivos na compreensão do te#to.
egundo este modelo, o leitor precisa de certas habilidades para o processamento
da leitura2
C#annin'?
04a%!o o#u"ar(
se"e%!o de =pistas> #ru#iais?
predi%!o das =pistas> que opera unto #om a se"e%!o numa re"a%!o de
dependn#ia mtua-?
forma%!o de per#eptos?
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2us#a "e4i#a" e #on#eitua" =a ha2i"idade para 2us#ar na mem+ria pistas
fono"+'i#as 2em #omo informa%/es sint*ti#as e sem;nti#as asso#iadas Bs ima'ens
per#eptuais>-?
#onhe#imento "in'&sti#o e #onhe#imento pr)vio #on#eituais e emp&ri#os?
testa'em sem;nti#a das es#o"has =a ha2i"idade para #on0rmar ou
des#on0rmar as es#o"has>-?
retesta'em 'rafo8fni#a =a ha2i"idade para retestar as es#o"has, quando h*
uma des#on0rma%!o anterior, reuti"i$ando as ima'ens per#eptuais n!o uti"i$ando
mais informa%/es>-?
re'ress!o o#u"ar no #aso de anoma"ia ou in#onsistn#ia no pro#essamento-
e de#odi0#a%!o ap+s uma es#o"ha 2em su#edida, o "eitor inte'ra a
informa%!o ao si'ni0#ado que est* sendo #onstru&do-5( $=leiman, 0::>b%
6(1(F 8 O mode"o as#endenteGdes#endente
;ste terceiro modelo diz respeito 6s propostas interacionistas para o
fenDmeno de compreensão escrita. (esta visão, o ato de ler envolve tanto a
informação impressa $o te#to% quanto a informação que o leitor traz consigo $o
conhecimento prévio%, portanto, o significado surge a partir da interação entre o leitor
e o autor, através do te#to2 ambos os tipos de processamento $ascendente e
descendente% interrelacionam no processo de acesso ao sentido.
egundo as teorias interacionistas, a leitura realiza-se
quando um "eitor, ao deparar #om um enun#iado es#rito 3 em
pro#essamento as#endente 8, ativa o seu pr)8#onhe#imento,
arma$enado em esquemas (((-( Estes esquemas, por sua ve$,
atrav)s de um pro#essamento des#endente, #riam e4pe#tativas
no "eitor quanto ao poss&ve" si'ni0#ado a ser ne'o#iado #om o
es#ritor(5 $Eoita @opes, 0::0%
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(esse sentido, o significado do te#to caracteriza-se por ser um resultado dos
processos de interação entre o leitor e o autor através dos quais seus esquemas são
negociados. $=leiman, 0::>aF 0::>b%.
6(6 8 7eitura: pro#esso #o'nitivo e so#ia"
A leitura e compreensão de te#tos constituem um processo cognitivo, &! que
envolvem atenção, percepção, racioc"nio, &u"zo, imaginação, pensamento,
linguagem, e podem ser caracterizados, ainda, como um ato social, uma vez que
e#istem dois su&eitos, leitor e autor, que interagem entre si durante os atos de ler e
compreender.
;#istem diverg4ncias quanto 6 caracterização da leitura2 segundo =ato
$0::8%, não se pode falar em um <nico processo de leitura, mas sim de uma
multiplicidade de estratégias empregadas pelo leitor conforme as condiçes que a
ele são dadas. 5or outro lado, =leiman $0::>a% afirma que a atividade da leitura é
um só processo com diferentes maneiras de realiza-se que variam conforme os
caminhos usados pelo leitor para alcançar o ob&etivo pretendido. (o entanto, se&a a
leitura um processo <nico ou não, é certo que e#istem diferentes modos de ler um
te#to que dependem de v!rios fatores, tais como a maturidade do leitorF a
comple#idade te#tualF o conhecimento prévioF o g4nero do te#to e o ob&etivo da
leitura entre outros.
6(6(1 8 A maturidade do "eitor
egundo ?onz!lez Gern!ndez $//0%, e#istem estratégias metacognitivas de
leitura que au#iliam na resolução de problemas de compreensão, permitindo ao leitor
compreender um te#to com maior efic!cia através do plane&amento, monitoração e
regulação dos próprios processos cognitivos envolvidos no ato de ler. 7om essas
estratégias, o leitor é capaz de identificar os ob&etivos da leitura, aspectosimportantes do te#to e, também, de verificar sua própria compreensão. * leitor
maduro, conforme apresenta =ato $0::8%, é aquele que controla, plane&a as
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estratégias de leitura para monitorar a compreensão do te#to, tendo em vista seus
ob&etivos. Assim, considerando que o leitor maduro adquire as estratégias de leitura
cumulativamente, pode-se dizer que e#istem n"veis de maturidade2
Uma #rian%a que est* o2etivando apenas a "eitura de pa"avras poder*
monitorar seu #omportamento para o re#onhe#imento nesse n&ve", assim
#omo o adu"to pro0#iente o fa$ no n&ve" de #ompreens!o do te4to( 9as entre
uma #rian%a que " errado e n!o se #orri'e e outra que o fa$, a se'unda
seria mais madura, pois #onse'uiu dete#tar uma fa"ha em seu
#omportamento( Em n&ve" de te4to, se o "eitor passa de uma "eitura
autom*ti#a e .uente o2ede#endo a prin#&pios e m*4imas de forma
in#ons#iente- para uma "eitura pausada e va'arosa, isso pode ser um sina"
de que e"e dete#tou a"'uma fa"ha em sua "eitura e passou a usar uma
estrat)'ia mais as#endente, mais vin#u"ada ao te4to( Essa desa#e"era%!o
assina"a tam2)m um #omportamento meta#o'nitivo5( $=ato, 0::8%
6(6(6 8 A #omp"e4idade te4tua"
9m te#to é considerado comple#o quando se leva em consideração o
conte<do não-familiar e'ou fatores lingB"sticos. A leitura de um te#to de conte<do
familiar permite que o leitor processe deduçes e an!lises com base em seus
esquemas &! estabelecidos. 5or outro lado, se o assunto não é familiar, o leitor
necessita construir novos esquemas para estabelecer a compreensão do te#to, o
que o torna mais comple#o. (o que se refere aos fatores lingB"sticos, a
comple#idade encontra-se no n"vel do voc!bulo, da sentença e do te#to2 as palavras
dif"ceis, as estruturas subordinadas, passivas e sentenças invertidas, quando
apresentadas desconte#tualizadas, são, de fato, comple#as. (o entanto, se o te#to
oferece condiçes para o leitor inferir os significados das palavras e quando as
sentenças estão bem colocadas no te#to, o processo da leitura ocorrer! a partir da
unidade maior $o te#to% para as unidades menores $sentenças e palavras%, o que
facilita a compreensão. 1uando esse processo de #ima para 2ai4o não for suficiente para o entendimento do te#to, então este passa a ser considerado lingBisticamente
comple#o.
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6(6(F 8 O #onhe#imento pr)vio
* leitor utiliza diferentes conhecimentos adquiridos ao longo da vida para
compreender o te#to2 conhecimento lingB"stico, te#tual e o conhecimento de mundo.
A ativação do conhecimento prévio é importante para o leitor )fazer as infern#ias
necess!rias para relacionar diferentes partes discretas do te#to num todo coerente.+
$=leiman, 0::>a%. (o momento da leitura, o leitor lança mão de suas e#peri4ncias,
crenças, opinies, interesses, ou se&a, de um conhecimento prévio que é
fundamental para determinar o tipo de leitura que ser! realizada. (esse sentido, a
dificuldade na compreensão de um te#to não ocorre facilmente, por e#emplo,
quando a linguagem do autor é voltada a te#tos dos quais o leitor não tem
conhecimento, mesmo que ele tente fazer as infer4ncias, provavelmente a
compreensão não ser! totalmente eficaz. )9m te#to ser!, então, leg"vel por outro
lado, porque funciona segundo leis, esquemas, de que &! dispe o leitor $...%, porque
se d! como reescritura de outros te#tos, levando assim em conta a e#peri4ncia
anterior do leitor.+ $Higner, 0::0a%
6(6(H 8 O 'nero e o o2etivo da "eitura
9ma evid4ncia das multiplicidades das estratégias empregadas pelo leitor é
a e#ist4ncia de diversas formas de interação do leitor com te#tos de diferentes
g4neros2 conforme o tipo do te#to, se&a uma poesia, um te#to concreto, uma ficção,
se&a um te#to acad4mico, &ornal"stico, entre outros, o processo da leitura é diferente,
ora é preciso ler em voz alta, ora o leitor precisa de liberdade para criar sobre o
te#to, 6s vezes o te#to deve ser visto, mais do que lido, outras vezes é necess!rio
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uma reconstrução das intençes do autor. ão muitas as estratégias que variam,
também, conforme o ob&etivo da leitura2 o tipo do te#to determina, até certo ponto, os
ob&etivos da leitura2 o ob&etivo geral ao se ler um artigo cient"fico é diferente daquele
quando se l4 uma poesia concreta.
=leiman cita uma e#peri4ncia realizada por psicólogos americanos que
mostra como o ob&etivo determina a estratégia de leitura2
(((- os sueitos da e4perin#ia deviam "er tre#ho a2ai4o, ima'inando que
estavam querendo #omprar uma #asa, e que a #asa des#rita no te4to "hes
interessava para essa poss&ve" #ompra:
Os dois 'arotos #orreram at) a entrada da #asa( ea, eu disse a vo# que hoe
era um 2om dia para 2rin#ar aqui5, disse Eduardo( 9am!e nun#a est* em #asa
na quinta8feira5, e"e a#res#entou( A"tos ar2ustos es#ondiam a entrada da #asa? os
meninos podiam #orrer no ardim e4tremamente 2em #uidado( Eu n!o sa2ia quea sua #asa era t!o 'rande5, disse 9ar#os( <, mais e"a est* 2onita a'ora, desde
que meu pai mandou revestir #om pedras essas parede "atera" e #o"o#ou "areira5(
Javia portas na frente e atr*s e uma porta "atera" que "evava B 'ara'em, que
estava va$ia e4#eto pe"as trs 2i#i#"etas #om mar#ha 'uardadas a&( E"es
entraram pe"a porta "atera"? Eduardo e4p"i#ou que e"a estava sempre a2erta para
suas irm!s entrarem e sa&rem sem di0#u"dade(
9ar#os queria ver a #asa, ent!o Eduardo #ome%ou a mostr*8"a pe"a sa"ade estar( Estava re#)m pintada, #omo o resto do primeiro andar( Eduardo "i'ou o
som: o 2aru"ho preo#upou 9ar#os( N!o se preo#upe, a #asa mais pr+4ima est*
a meio qui"metro daqui5, 'ritou Eduardo( 9ar#os se sentiu mais #onfort*ve" ao
o2servar que nenhuma #asa podia ser vista em qua"quer dire%!o a")m do enorme
ardim(
A sa"a de antar, #om toda a por#e"ana, prata e #ristais, n!o era "u'ar
para 2rin#ar: os 'arotos forma para #o$inha onde 0$eram um "an#he(
Eduardo disse que n!o era para usar o "ava2o porque e"e 0#ara mido e
mofado uma ve$ que o en#anamento arre2entara(
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Aqui ) onde meu pai 'uarda suas #o"e%/es de se"es e moedas raras5,
disse Eduardo enquanto e"es davam uma o"hada no es#rit+rio( A")m do es#rit+rio,
havia trs quartos no andar superior da #asa(
Eduardo mostrou a 9ar#os o #"oset de sua m!e #heio de roupas e o #ofre
tran#ado ponde havia +ias( O quarto de suas irm!s n!o era t!o interessante
e4#eto pe"a te"evis!o #om o Atari( Eduardo #omentou que o me"hor de tudo era
que o 2anheiro do #orredor era seu desde que um outro foi #onstru&do no quarto
de suas irm!s( N!o era t!o 2onito #omo o de seus pais, que estava revestido de
m*rmore, mas para e"a era a me"hor #oisa do mundo5
Tradu$ido e adaptado por Kit#hert, L M Anderson, R( Tain' dierent perspe#tives on a
storP, Lourna" of Edu#ationa" KsP#ho"o'P, 1Q, SQ-
Ce 0$ermos uma "ista das informa%/es que s!o re"evantes para o #omprador
da #asa, e"a provave"mente #orresponderia Bs informa%/es que os sueitos da
e4perin#ia #onse'uiram "em2rar depois de "er o te4to: tamanho da #asa, nmero de
#modos, tamanho do ardim, revestimento de pedra, "areira, pintura, nmero de
2anheiros, m*rmore no 2anheiro, #"oset no quarto de #asa"( Nessa mesma
e4perin#ia, o te4to a#ima foi tam2)m apresentado a um se'undo 'rupo de "eitores
#om a instru%!o de que tentassem se "em2rar de tudo aqui"o que seria interessante
para um "adr!o que estivesse p"aneando arrom2ar a #asa( Nesse #aso, os sueitos
#onse'uiram "em2rar informa%/es #omo o fato de m!e n!o estar em #asa nas
quintas8feiras, os ar2ustos que iso"am a #asa, a dist;n#ia dos vi$inhos, as 2i#i#"etas,
som, te"evis!o #om Atari, #o"e%!o de se"os e moedas, roupas, +ias, e assim
su#essivamente( Kortanto, dois o2etivos diferentes, pro#urar no te4to a des#ri%!o de
uma #asa que interessava ou para #omprar ou para arrom2ar, resu"taram na
re#upera%!o de informa%/es diferentes(5 $=leiman, 0::>a%
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UNIDADE F: KRODUÇÃO DE TETO
F(1 8 a"a e es#rita
A princ"pio, poder-se-ia dizer que a diferença entre fala e escrita encontra-se
no fato de uma estar relacionada 6 manifestação fDnica, ao est"mulo auditivo e a
outra 6 manifestação gr!fica, ao est"mulo visual. Trata-se de meios distintos de
realização te#tual, que apresentam, ainda, diferenças formais e funcionais, embora
também se&a poss"vel afirmar que se trata de duas realidades similares.
egundo =ato $0::8%, as diferenças formais entre fala e escrita são
acarretadas pelas condiçes de produção e de uso da linguagem. A l"ngua escrita
pode ser caracterizada como aquela que apresenta um plane&amento verbal melhor
em relação 6 fala, a organização estrutural e a seleção das palavras são mais
cuidadosas, enquanto que na fala informal esse plane&amento é menos elaborado.
=ato apresenta as caracter"sticas apontadas por *chs para os dois tipos de discurso
I plane&ado $35% e o relativamente não-plane&ado $3J(5%2
Vuadro 1
DRNK DK
▪ 3epend4ncia conte#tual
▪ 9so de estruturas morfossint!ticas
adquiridas cedo
▪ Eenor depend4ncia conte#tual
▪ Eenos uso de estruturas adquiridas
cedo, mais estruturas adquiridas
tardiamente
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▪ 9so de repetição le#ical ▪ Eenor uso de repetição le#ical
▪ Eenor uso de variação de forma e ▪ Eaior uso de variação de forma e
conte<do conte<do
)K importante ressaltar, aqui, dois fatos2 a% *chs não restringe as
caracter"sticas de 35 6 linguagem escritaF b% ela admite a presença de traços de
3J(5 na linguagem escrita não-dissertativa.+ $=ato, 0::8%
Ainda sobre as diferenças formais entre as linguagens oral e escrita, =ato
$0::8% apresenta uma s"ntese dos estudos de Tannen2
a- a "in'ua'em ora" ) 2astante dependente de #onte4tos, enquanto que a es#rita )
des#onte4tua"i$ada?
2- a #oes!o, na "in'ua'em ora" ) esta2e"e#ida atrav)s de re#ursos para"in'&sti#os e
supra8se'mentais, enquanto que na "in'ua'em es#rita, e"a ) esta2e"e#ida atrav)s de
meios "e4i#ais e de estruturas sint*ti#as #omp"e4as que usam #one#tivos e4p"&#itos(5
;ssas diferenças, segundo Tannen $apud =ato, 0::8%, podem ser
observadas se consideram uma prosa dissertativa e uma conversação casual,
informal. (o entanto, é poss"vel encontrar estratégias da l"ngua oral na prosa
moderna, bem como estratégias da l"ngua escrita em uma fala mais densa, ou se&a,
as diferenças formais e#istem mais em função do g4nero e do registro do te#to do
que em função da modalidade $oral ou escrita%.
5ode-se dizer, então, que, dependendo da situação de uso da l"ngua, haver!
uma maior ou menor diferença entre as modalidades oral e escrita. Ao se pensar na
l"ngua coloquial espontCnea $o vern!culo, segundo @abov, /L0% e a gram!tica
liter!ria tem-se dois e#tremos em que a linguagem coloquial oral obedece 6s
e#ig4ncias da comunicação e de sua função, enquanto que a linguagem escrita é
regida por convençes normativas impostas.
(esse sentido, =ato $0::8% resume as diferenças formais entre fala e
escrita, considerando as condiçes de uso da linguagem2
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a- a es#rita ) menos dependente do #onte4to situa#iona"?
2- a es#rita permite um p"aneamento ver2a" mais #uidadoso?
#- a es#rita e mais sueita a #onven%/es pres#ritivas?
d- a es#rita ) um produto permanente(5
M! as diferenças funcionais entre fala e escrita estabelecem quais são as
funçes da escrita dentro da cultura de uma comunidade de fala. ;m uma
comunidade letrada, as atividades lingB"sticas são distribu"das entre as modalidades
falada e escrita, mas nem sempre a escrita preenche todas as funçes da fala, uma
vez que nem sempre se escreve como se fala considerando a gram!tica, o lé#ico e
a situação conte#tual. (esse sentido, fala e escrita apresentam funçes distintas2 a
escrita é mais r"gida quanto 6s regras prescritivas gramaticais, enquanto a fala
permite fugir ao controle dessas regras, o que determina o uso mais restrito daescrita em um conte#to social.
Gala e escrita são, portanto, duas realidades diferentes quanto 6 natureza do
est"mulo $auditivo N visual%, quanto 6 forma e 6 função, no entanto h! semelhanças
que as apro#imam como meios condutores de mensagem lingB"stica e realizaçes
de uma gram!tica.
F(6 8 A Es#rita
* ato de comunicação verbal $a fala e a escrita% pode ser caracterizado
a- por envo"ver uma re"a%!o #ooperativa entre emissor e re#eptor?
2- por transmitir inten%/es e #ontedo?
#- por ter uma forma adequada B sua fun%!o(5 $=ato, 0::8%
* ato de falar evolve plane&amento e e#ecução, ou se&a, trata-se de uma
ação-processo que envolve decises em v!rias etapas e em v!rios n"veis, desde a
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natureza pragm!tico-discursiva $que ato desempenhar, o que pressupor ao meu
ouvinte%, até de n"veis gramaticais e fonético-articulatórios. K poss"vel dizer,
também, que a escritura apresenta as mesmas caracter"sticas, ou se&a, trata-se de
uma atividade em que se plane&a o que se quer escrever para depois colocar esse
plano em ação, com e#ceção do plane&amento e e#ecução no n"vel articulatório, que
se restringe 6 fala. $=ato, 0::8%
egundo os modelos processuais da escrita, esta é caracterizada como um
ato que envolve uma meta $ob&etivo% e um plano, e também um ato de resolução de
problemas. As metas são de tr4s tipos2
Idea#iona" $ou de conte<do proposicional%2 o autor plane&a por onde começar,
em que direção prosseguir, que pontos ressaltar e como terminar o te#to.
Te4tua" $ou da cone#ão das idéias em um todo coerente%2 o autor plane&a e
e#ecuta o caminho necess!rio para atingir a coesão e a coer4ncia do te#to. ;sse plane&amento também ocorre no n"vel sentencial.
Interpessoa" $ou relação emissor I receptor e problemas atitudinais%2 o autor
plane&a o tipo de leitor para quem ele vai escrever e que efeito ele quer causar nesse
leitor. ;#iste, aqui, a preocupação não somente com o que se escrever, mas como
se escreve.
7ada um desses tr4s tipos de metas $ideacional, te#tual e interpessoal%
apresenta problemas e resoluçes2
Vuadro 6
* problema encontra-se no fato do autor não poder e#trair da
memória apenas as informaçes relevantes e direcionadas paraIdea#iona"
um fim, 6s vezes aquilo que se descartou poderia ser aproveitado. As idéias surgem, e a melhor organização das
mesmas é uma decisão que o autor deve tomar tendo em vista as
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metas que ele pretende atingir.
* problema principal reside no fato de a comunicação não ocorrer
Interpessoa"frente a frente e, por isso, o autor ir! decidir quem ser! o seu
leitor virtual. K a partir dessa decisão que a forma e o conte<do
do te#to serão definidos.
* problema situa-se nas escolhas que o autor dever! tomar a
respeito do formato do te#to, considerando o efeito que se
pretende alcançar com o te#to em relação ao leitor. As
alternativas são muitas2 formato piramidal $idéia geral seguida das
Te4tua" idéias particulares%, argumentativo $introdução, problema,
solução, argumentação e conclusão%, de delimitação $e#posição
de v!rios argumentos até chegar ao próprio defendido pelo autor%
e de uma narrativa $seqB4ncia temporal%. * problema continua no
n"vel sentencial e do constituinte.
A escrita é, portanto, um ato comunicativo em que se tem, de um lado, o
autor e, de outro, um receptor imaginado. A meta principal e inconsciente do autor é
fazer com que o te#to se&a coerente, e, para se considerar um te#to bem-escrito, as
intençes de quem escreve devem ser bem traduzidas no te#to e recuperadas com
facilidade pelo leitor.
F(F 8 Krodu%!o te4tua"
7onsiderando o ato de escrever uma atividade interativa entre o emissor e o
receptor, um conceito de te#to apropriado, nesse sentido, é aquele proposto por
ern!dez $apud autchu, 0::8%2
Te4to ) a unidade "in'&sti#a #omuni#ativa fundamenta", produto da
atividade humana, que possui sempre #ar*ter so#ia"? est* #ara#teri$ado por
seu estrato sem;nti#o e #omuni#ativo, assim #omo por sua #oern#ia
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profunda e super0#ia", devida B inten%!o do fa"ante de #riar um te4to
&nte'ro, e B sua estrutura%!o mediante dois #onuntos de re'ras: as pr+prias
de n&ve" te4tua" e as do sistema da "&n'ua(5
* te#to escrito, especificamente, segundo a definição apresentada acima,
caracteriza-se, pois, por possuir uma função comunicativa e social e#ercida entre
dois enunciadores que participam do processo da escrita2 trata-se de uma atividade
verbal resultante de um processo dialógico entre autor e leitor. Ambos assumem a
missão de produzir o sentido do te#to e, nessa missão, tem-se
os papeis de um ser que es#reve e o de um ser que monitora esse ser,
n!o em uma su#ess!o, num interva"o tempora" e num distan#iamento
espe#ia", mas no momento mesmo da produ%!o( Nesse momento, aque"e
que es#reve se 2ifur#a em enun#iador e#o8enun#iador, sur'indo a 0'ura do
es#ritor8"eitor8do8pr+prio8te4to, o que fa$ #om que o te4to es#rito sea
resu"tado de uma #o8a%!o, sea um produto da atua%!o ininterrupta de um
ser que es#reve e ", " e es#reve(5 $autchu, 0::8%.
(esse sentido, a elaboração do te#to escrito é, na verdade, um processo em
que o autor usa tanto as estratégias de produção te#tual, quanto as estratégias de
leitura. Assim, o escritor maduro seria aquele com a capacidade de ativar as
diversas estratégias cognitivas e metacognitivas de processamento da escritura e da
leitura.
egundo =och $//O%,
)a produ%!o te4tua" ) uma atividade ver2a", a servi%o de 0ns so#iais e,
portanto, inserida em #onte4tos mais #omp"e4os de atividades? trata8se de
uma atividade #ons#iente, #riativa, que #ompreende o desenvo"vimento de
estrat)'ias #on#retas de a%!o e a es#o"ha de meios adequados B
rea"i$a%!o dos o2etivos? isto ), trata8se de uma atividade inten#iona" que o
fa"ante, de #onformidade #om as #ondi%/es so2 as quais o te4to )
produ$ido, empreende, tentando dar a entender seus prop+sitos aodestinat*rio atrav)s da manifesta%!o ver2a"? ) uma atividade intera#iona",
visto que os intera#tantes, de maneiras diversas, se a#ham envo"vidos na
atividade de produ%!o te4tua"(5
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(a definição de ern!rdez , aqui repetida por conveni4ncia,
Te4to ) a unidade "in'&sti#a #omuni#ativa fundamenta", produto da
atividade humana, que possui sempre #ar*ter so#ia"? est* #ara#teri$ado por
seu estrato sem;nti#o e #omuni#ativo, assim #omo por sua #oern#ia
profunda e super0#ia",(((-5
a caracterização do te#to por meio de uma coer4ncia profunda e superficial est!
relacionada a uma macro e uma microestrutura2
9a#roestrutura: )diz respeito a todos os componentes
$predominantemente e#tralingB"sticos% que possibilitam a organização global de
sentido do te#to e que são respons!veis por sua significação. ão esses
componentes que tornam poss"veis o plane&amento, a compreensão, a memorização
e a reprodução das idéias do te#to. P macroestrutura associam-se, portanto, todos
os elementos e mecanismos que visam a manter a coer4ncia do te#to.+ $autchu,
0::8%
9i#roestrutura: )é respons!vel pela estruturação lingB"stica do te#to,
isto é, representa todo um sistema de instruçes te#tualizadoras de superf"cie que
au#iliam na construção linear do te#to por intermédio de palavras e de frases,
organizadas como elementos e mecanismos de coesão.+ $autchu, 0::8%
A escrita, segundo esses argumentos, demanda, portanto, não somente um
dom"nio da estrutura lingB"stica $da gram!tica da l"ngua%, mas também um
conhecimento de mundo $cultura, escolaridade, conhecimentos espec"ficos etc% e de
aspectos cognitivos relacionados ao próprio processo de escrever $racioc"nio,
e#plicitação ou implicação, capacidade de s"ntese, de an!lise etc%.
F(H 3 Woes!o e #oern#ia
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A distinção de dois n"veis de organização te#tual $micro e macroestrutura% e
a 2oa forma%!o do te#to relacionam-se com os conceitos de coesão e coer4ncia2
9aria foi para a es#o"a( Arrumou seus materiais e pe'ou a #ondu%!o que
passou Bs S horas e HX minutos(
Na es#o"a, 9aria deve assistir B au"a de Kortu'us, na qua" apresentar*
um tra2a"ho( ai en#ontrar suas ami'as para or'ani$ar a apresenta%!o(
* te#to acima se constitui de dois par!grafos em que ocorre uma mudança
espaço temporal e tem!tica. ão duas seqn#ias inclu"das na unidade superior e
<ltima formada pelo te4to inteiro. e se pensa no n"vel seqBencial ou no n"vel
te#tual, os problemas de coer4ncia colocam-se em termos mais ou menos
diferentes2
num n&ve" "o#a" ou mi#roestrutura", a quest!o in#ide e4#"usivamente nas
re"a%/es de #oern#ia que se esta2e"e#em, ou n!o, entre as frases
su#essivamente ordenadas- da seqn#ia?
num n&ve" '"o2a" ou ma#roestrutura", a quest!o in#ide, ao #ontr*rio, nas
re"a%/es que se esta2e"e#em entre as seqn#ias #onse#utivas(5
$7harolles, 0::0%
(esse sentido, tem-se a coer4ncia global de um te#to quando se constrói
uma seqB4ncia de macroestruturas e microestruturas coerentes. A boa formação
te#tual, segundo 7harolles $0::0%, deve obedecer a algumas regras $ou
metarregras% de coer4ncia. 1uatro delas são chamadas2
Eetarregra de repetiçãoF
Eetarregra de progressãoF
Eetarregra de não-contradiçãoF
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Eetarregra de relaçãoF
Antes de continuar a e#posição das metarregras, é importante apresentar o
conceito de coesão. As marcas lingB"sticas, os "ndices formais na estrutura da
seqB4ncia lingB"stica e superficial do te#to são caracterizados como elementos de
coesão. Trata-se de elementos de natureza sint!tica, gramatical, e também de
natureza semCntica, pois, como apontam QallidaR e Qasan $apud =och e Travaglia,
0::8%, a )coesão é a relação semCntica entre um elemento do te#to e um outro
elemento crucial para sua interpretação.+
;m outras palavras, a coesão te#tual é a união entre as partes. ;ntende-se
como partes de um te#to2 oraçes, per"odos, frases, par!grafos, cap"tulos. Trata-se
de um mecanismo concreto, pois é poss"vel identificar no te#to os elementos de
coesão, tais como os articuladores, os anafóricos, as elipses, as substituiçes etc.
5odem-se distinguir dois tipos de coesão2 referencial e seqBencial. )A
coesão referencial é aquela em que um componente da superf"cie do te#to faz
remissão a outro$s% elemento$s% nela presentes ou infer"veis a partir do universo
te#tual+ $=och, //%. ;ste tipo de coesão refere-se 6 união'relação das palavras no
te#to2 são as refer4ncias, a coesão le#ical, as substituiçes, as elipses.
Refern#ia: os elementos de refer4ncia são os itens da l"ngua que não
podem ser interpretados sematicamente por si mesmos, mas remetem a outros itens
do discurso necess!rios 6 sua interpretação.
;#emplo2 9aria 'osta de Lo!o( E"a #ome%ou a namor*8"o na es#o"a( E"e ) muito
#arinhoso, e a menina tem 2ons momentos ao "ado deste 'aroto( *s nomes Earia e
5edro foram sendo substitu"dos por outros elementos ao longo do te#to para que
este não ficasse repetitivo.
A refer4ncia pode ser feita para tr!s $an!fora% ou para frente $cat!fora%.;#emplos2 9aria 'osta de Lo!o( E"a #ome%ou a namor*8"o na es#o"a( * pronome
obl"quo lo refere-se ao substantivo Moão, que aparece antes do pronome. A
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refer4ncia é feita para tr!s $an!fora%. 9aria 'osta de Lo!o, #ua m!e vende roupas
em uma "oa( * pronome relativo cu&a também se refere ao substantivo mãe, que
aparece depois do pronome. (este caso a refer4ncia é feita para frente $cat!fora%.
Woes!o "e4i#a": a coesão le#ical é obtida por meio de dois mecanismos2 a
reitera%!o e a #o"o#a%!o( A primeira se faz por repetição do mesmo item le#ical ou
através de sinDnimos, hiperDnimos, nomes genéricos. A segunda, por sua vez,
consiste no uso de termos pertencentes a um mesmo campo significativo.
;#emplo2 9aria 'osta de Lo!o( 9aria #ome%ou a namorar o menino na
es#o"a( Essa estudante tem 2ons momentos ao "ado do 'aroto( A coesão deste
te#to é feita a partir da repetição do nome Earia, da substituição deste nome por
estudante, e da substituição do nome Moão ora por menino, ora por garoto.
Cu2stitui%!o: substituição consiste na colocação de um item no lugar de
outro$s% elemento$s% do te#to, podendo ser também a substituição de uma oração
inteira. (ão se confunde substituição e refer4ncia, &! que nesta o termo continua
e#istindo com um outro nome, e na substituição o termo dei#a de e#istir para ser
substitu"do por um termo que, na verdade, não precisa retomar o elemento
substitu"do.
;#emplo2 9aria 'osta de Lo!o e Kau"a tam2)m( A primeira #onvidou8o para ir aoparque a se'unda fe$ o mesmo( A palavra também substitui todo o racioc"nio
anterior Earia gosta de Moão. A e#pressão fez o mesmo retoma toda a idéia
e#pressa na oração anterior a primeira convidou-o para ir ao parque.
E"ipse: elipse seria uma substituição por zero2 omite-se um item le#ical, um
sintagma, uma oração ou todo um enunciado facilmente recuperado pelo conte#to.
;#emplo2 9aria per'unta para Lo!o:
8 o# vai ao parque #omi'oY5
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8 ou( 3 e"e di$(
Apenas o verbo vou, dito por Moão, consegue e#pressar toda a idéia contida
na pergunta feita por Earia. Sdéia essa que foi substitu"da por um $ero na resposta
de Moão. K poss"vel entender essa substituição devido ao conte#to.
M! a coesão seqBencial )diz respeito aos procedimentos lingB"sticos por
meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do te#to $enunciados, partes de
enunciados, par!grafos e mesmo seqB4ncias te#tuais%, diversos tipos de relaçes
semCnticas e'ou pragm!ticas, 6 medida que se faz o te#to progredir+ $=och, //%.
Trata-se das relaçes $oposição, tempo, concessão, finalidade etc% das frases e das
palavras do te#to através dos articuladores.
Arti#u"adores: são palavras que estabelecem relaçes entre as partes do
te#to. Trata-se das con&unçes.
;#emplo2 9aria #onvidou Lo!o para ir ao parque e e"e a#eitou( 9as, na hora
mar#ada, e"e n!o pode ir, em2ora tivesse feito um esfor%o( As con&unçes
empregadas nesse te#to estabelecem as relaçes de adição $con&unção e%,
adversidade $con&unção mas% e de concessão $con&unção embora%.
*s conceitos de coesão e coer4ncia constituem um par, em que a coer4ncia
estaria relacionada 6 boa formação do te#to, nas não no sentido da gramaticalidadeusada no n"vel da frase $coesão%, mas sim em termos da interlocução comunicativa.
A coer4ncia é o que faz com que uma seqB4ncia lingB"stica se&a vista como
um te#to, porque permite o estabelecimento de relaçes I sint!tico-gramaticais,
semCnticas e pragm!ticas I entre os elementos da seqB4ncia $morfema, palavras,
e#presses, frases, par!grafos, cap"tulos etc%, possibilitando constru"-las e perceb4-
las como constituindo uma unidade significativa global.
(esse sentido, voltando 6s metarregras de 7harolles $0::0%, em resumo se
tem as seguintes descriçes das quatro metarregras apresentadas pelo autor2
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linear,
9etarre'ra de repeti%!o: +para que um te#to se&a $microestruturalmente e
macroestruturalmente% coerente é preciso que contenha, no seu desenvolvimento
elementos de recorr4ncia escrita.+ Trata-se da coesão referencial
apresentada anteriormente.
9etarre'ra de pro'ress!o: )para que um te#to se&a $microestruturalmente e
macroestruturalmente% coerente é preciso que ha&a no seu desenvolvimento uma
contribuição semCntica constantemente renovada.+ Trata-se da progressão tem!tica
do te#to, ou se&a, da continuidade do tema e da introdução de idéias novas. ;sse
processo supe ser realizado de forma que o a introdução de elementos de
novidade semCntica se&a feita em equil"brio com a tem!tica do te#to2 as ocorr4ncias
inéditas devem ser ligadas a algum elemento &! conhecido ou 6 tem!tica central do
te#to.
9etarre'ra de n!o8#ontradi%!o: )para que um te#to se&a
$microestruturalmente e macroestruturalmente% coerente é preciso que no seu
desenvolvimento não se introduza nenhum elemento semCntico que contradiga um
conte<do posto ou pressuposto por uma ocorr4ncia anterior, ou dedut"vel desta por
infer4ncia.+
9etarre'ra de re"a%!o: )para que um te#to se&a $microestruturalmente e
macroestruturalmente% coerente é preciso que os fatos que se denotam no mundo
representado este&am relacionados.+ Assim como a regra anterior, essa quarta regra
é de natureza fundamentalmente pragm!tica e enuncia que, para que uma
seqB4ncia se&a admitida como coerente, é necess!rio que as açes, estados ou
eventos que ela denota se&am percebidos como congruentes no tipo de mundo
reconhecido por quem a avalia, ou se&a, os fatos devem estar diretamente
relacionados uns aos outros.
;ssas quatro metarregras mostram condiçes lingB"sticas e pragm!ticasque um te#to deve satisfazer para ser considerado coerente. * conceito de
coer4ncia te#tual pode ser, portanto, estabelecido como a relação entre as idéias do
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te#to, em uma seqB4ncia cont"nua e lógica. 5ara se conseguir essa coer4ncia é
preciso considerar os elementos lingB"sticos, o conhecimento de mundo, o
conhecimento compartilhado e as infer4ncias.
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UNIDADE H: @ZNEROC TETUAIC
H(1 3 De0ni%/es
A palavra te#to est! articulada, de maneira mais abrangente, a outros termos
tais como2 enunciação, sentido, significação, conte#to entre outros que, de alguma
maneira, estão ligados aos mecanismos de organização te#tual respons!veis pela
construção de sentido. Holtando ao conceito de te#to, pode-se apresentar, além
daquele de ern!rdez, citado anteriormente, outros v!rios conceitos2
(((- em um sistema semi+ti#o 2em or'ani$ado, um si'no * ) um te4to
virtua", e, num pro#esso de #omuni#a%!o, um te4to nada mais ) que a e4pans!o da
virtua"idade de um sistema de si'no5 $;co, /O>%
);m sentido amp"o, a pa"avra te4to desi'na um enun#iado qua"quer, ora" ou
es#rito, "on'o ou 2reve, anti'o ou moderno( Won#reti$a8se, pois, numa #adeia
sinta'm*ti#a de e4tens!o muito vari*ve", podendo #ir#uns#rever8se tanto a um
enun#iado ni#o ou a uma "e4ia, quanto a um se'mento de 'randes propor%/es(
C!o te4tos, portanto, uma frase, um fra'mento de um di*"o'o, um
prov)r2io, um verso, uma estrofe, um poema, um roman#e e, at) mesmo, uma
pa"avra8frase, ou sea, a #hamada frase de situa%!o ou frase inarti#u"ada, #omo a
que se apresenta em e4press/es #omo =fo'o>, =si"n#io>, situadas em #onte4tos
espe#&0#os(5 $?uimarães, //0%
)7hama-se te4to o #onunto de enun#iados "in'&sti#os su2metidos B
an*"ise: o te4to ), ent!o, uma amostra de #omportamento "in'&sti#o que pode ser
es#rito ou fa"ado(
7( Je"ms"ev torna a pa"avra te4to no sentido mais amp"o e #om e"a desi'na
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um enun#iado qua"quer, fa"ado ou es#rito, "on'o ou #urto, ve"ho ou novo( =Ctop> )
um te4to tanto quanto O Roman#e da Rosa( Todo materia" "in'&sti#o estudado
forma tam2)m um te4to, retirado de uma ou mais "&n'uas( Wonstitui uma #"asse
ana"is*ve" em 'neros divis&veis, por sua ve$, em #"asses, e assim por diante, at)
es'otar as possi2i"idades de divis!o(5 $3ubois, /L8%
(((- #hamamos de te4to toda a unidade de produ%!o de "in'ua'em situada,
a#a2ada e auto8su0#iente do ponto de vista da a%!o ou da #omuni#a%!o-( (((- todo
o te4to emp&ri#o ) o produto de uma a%!o de "in'ua'em, ) sua #ontraparte, seu
#orrespondente ver2a" ou semi+ti#o? todo o te4to emp&ri#o ) rea"i$ado por meio de
empr)stimo de um 'nero e, portanto, sempre perten#e a um 'nero? entretanto
todo te4to emp&ri#o tam2)m pro#ede de uma adapta%!o do 'nero8mode"o aos
va"ores atri2u&dos pe"o a'ente B sua situa%!o de a%!o e, da&, a")m de apresentar as
#ara#ter&sti#as #omuns ao 'nero, tam2)m apresenta propriedades sin'u"ares, que
de0nem seu esti"o parti#u"ar( Kor isso, a produ%!o de #ada novo te4to emp&ri#o
#ontri2ui para a transforma%!o hist+ri#a permanente das representa%/es so#iais
referentes n!o s+ aos 'neros de te4tos interte4tua"idade-, mas tam2)m B "&n'ua e
Bs re"a%/es de pertinn#ia entre te4tos e situa%/es de a%!o(5 $roncart, ///%
Assim, é poss"vel dizer que o te#to organiza-se dentro de certas restriçes
de natureza tem!tica, composicional e estil"stica, o que o caracterizam como
pertencente a um determinado g4nero. *s g4neros te#tuais são, portanto, adiversidade de te#tos que ocorrem nos ambientes discursivos de nossa sociedade e
que apresentam caracter"sticas sócio-comunicativas definidas por conte<dos,
propriedades funcionais, estilo e composição. $Earcuschi, 0::%.
*s ambientes discursivos são os lugares ou as instituiçes sociais onde se
organizam formas de produção de te#to2 o ambiente discursivo escolar, acad4mico,
m"dia, &ur"dico, religioso, pol"tico etc. ;ssa organização lingB"stico-discursiva,
percebida em diferentes g4neros te#tuais, ocorre por meio de modalidadesdiscursivas $narração, descrição, argumentação, e#posição, instrução, di!logo etc% e
estas variam conforme o efeito espec"fico que se pretende produzir nas relaçes
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entre os usu!rios de uma l"ngua. ;nquanto o n<mero de g4neros é, em princ"pio,
ilimitado, aplicando-se conforme os avanços culturais e tecnológicos, o n<mero de
modalidades discursivas é menos e mais ou menos limitado2
Vuadro F
@nero Te4tua"9oda"idade
Dis#ursivaAm2iente Dis#ursivo
(ovela E"dia televisiva
Jomance
(arração
futebol
iografia
de &ogo de
(arrar Snd<stria liter!ria
E"dia esportiva
Snd<stria liter!ria
Jelatar
(otici!rio E"dia
7rDnica E"dia impressa' &ornal'revista
7arta of"cio ;#por'argumentar Acad4mico escolar'oficial
;ditorial E"dia &ornal impresso
Eanual de instrução Snstruir Snd<stria-comércio $mercantil%
7heque ;#por'instruir anc!ria
;ntrevista Snterativo'di!logo E"dia escrita
-
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Hale ressaltar, aqui, a relação entre te4to e dis#urso: ora se fala em
g4neros te#tuais, ora em g4neros discursivos. ;mbora alguns lingBistas considerem
ambos, te#to e discurso, equivalentes, tomando-os como sinDnimos e empregando,
indistintamente, um e outro, é poss"vel apontar algumas sutis diferenças2 o discurso
é a idéia do enunciador emanada do e pelo te#to, lançada em direção ao
enunciat!rio, permitindo a ele relacion!-la a um determinado momento ou
acontecimento e construir um sentido2 o discurso concretiza o te#to, mas se
diferencia dele na medida em que se ultrapassa seus limites. egundo Earcuschi
$0::0%, o te#to é )uma entidade concreta, realizada materialmente e corporificada
em algum g4nero te#tual+, &! o discurso )é aquilo que um te#to produz ao se
manifestar em alguma instCncia discursiva.+ (as palavras de Travaglia $0::0%, o
discurso é a )própria atividade comunicativa, a própria atividade produtora de
sentidos para a interação comunicativa, regulada por uma e#terioridade sócio-
histórica-ideológica+, o te#to seria o resultado dessa atividade.
H(6 3 @neros dis#ursivos
A l"ngua é usada por um grande n<mero de pessoas e em diferentes
situaçes, portanto é poss"vel imaginar os diversos modos de se utilizar essa l"ngua
que se adéquam, cada um, ao propósito espec"fico de cada atividade humana. *
enunciado, oral ou escrito, reflete as condiçes espec"ficas e os ob&etivos de cada
situação de uso da l"ngua, através do conte<do tem!tico, dos próprios recursos dal"ngua $recursos le#icais, fraseológicos e gramaticais%, e também pela construção
composicional. ;sses tr4s elementos &untos constituem, conforme as situaçes
espec"ficas, tipos re"ativamente est*veis de enun#iados, também denominados
g4neros do discurso. $ahtin, //0%
(esse sentido, os g4neros seriam )tipos relativamente est!veis+, marcados
sócio-historicamente, &! que estão diretamente relacionados 6s diferentes situaçes
sociais. K cada uma dessas situaçes que determinam, então, um g4nero, comcaracter"sticas tem!ticas, composicionais e estil"sticas próprias.
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)A rique$a e a variedade dos 'neros do dis#urso s!o in0nitas, pois a
variedade virtua" da atividade humana ) ines'ot*ve", e #ada esfera dessa
atividade #omporta um repert+rio de 'neros do dis#urso que vai
diferen#iando8se e amp"iando8se B medida que a pr+pria esfera se
desenvo"ve e 0#a mais #omp"e4a( Wumpre sa"ientar de um modo espe#ia" a
hetero'eneidade dos 'neros do dis#urso orais ou es#ritos-, que in#"uem
indiferentemente: a #urta r)p"i#a do di*"o'o #otidiano #om a diversidade
que este pode apresentar #onforme os temas, as situa%/es e a #omposi%!o
de seus prota'onistas-, o re"ato fami"iar, a #arta #om suas variadas formas-,
a ordem mi"itar padroni$ada, em sua forma "a#ni#a e em sua forma de
ordem #ir#unstan#iada, o repert+rio 2astante diversi0#ado dos do#umentos
o0#iais em sua maioria padroni$ados-, o universo das de#"ara%/es p2"i#as
num sentido amp"o, as so#iais, as po"&ti#as-( E ) tam2)m 'neros do
dis#urso que re"a#ionaremos as variadas formas de e4posi%!o #ient&0#a e
todos os modos "iter*rios desde o ditado at) o roman#e vo"umoso-(5
$ahtin, //0%
;ssa heterogeneidade, apontada por ahtin, leva este autor a distinguir os
'neros prim*rios dos 'neros se#und*rios( *s primeiros compreendem o
di!logo, carta, situaçes de interação face a face e são constitu"dos naqueles
momentos de comunicação ligados a esferas sociais cotidianas de relaçes
humanas, os g4neros secund!rios, por outro lado, compreendem o romance, o
teatro, o discurso cient"fico, o discurso ideológico etc e são relacionados a outras
esferas, p<blicas e mais comple#as, de interação social, muitas vezes mediada pela
escrita e apresentando uma forma composicional monologizada, absorvendo, pois, e
transmutando os g4neros prim!rios2 os g4neros prim!rios, ao se tornarem
componentes dos g4neros secund!rios, transformam-se dentro deles e adquirem
uma caracter"stica particular I perdem sua relação imediata com a realidade
e#istente e com a realidade dos enunciados alheios. 7omo e#emplo, ahtin
apresenta o caso em que a réplica do di!logo cotidiano ou a carta, inseridas no
romance, conservam sua forma e seu significado cotidiano apenas no plano do
conte<do do romance, só se integram 6 realidade e#istente através do romance
considerando como um todo, ou se&a, do romance concebido como fenDmeno da
vida liter!rio-art"stica e não da vida cotidiana.
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A concepção de g4nero de ahtin não é, portanto, est!tica, como poderia
ser entendida a princ"pio, mas sim dinCmica, uma vez que se trata de um produto
social que est! em função das transformaçes da sociedade, da própria organização
verbal e, ainda, em função dos falantes'ouvintes que produzem a estrutura
comunicativa e atribuem sentindo 6 mesma.
egundo chneulR,
)o 'nero pode ser #onsiderado #omo ferramenta, na medida em que o
sueito 3 o enun#iador 3 a'e dis#ursivamente numa situa%!o de0nida 3 a
a%!o 3 por uma s)rie de par;metros, #om a auda de um instrumento
semi+ti#o 3 o 'nero( A es#o"ha do 'nero se d* em fun%!o dos par;metros
da situa%!o que 'uiam a a%!o e esta2e"e#em a re"a%!o meio80m, que ) a
estrutura 2*si#a de uma atividade mediada(5 $=och, 0::0%
Assim, saber utilizar diferentes g4neros do te#to significa dominar diversas
situaçes comunicativas. * uso da linguagem pelo enunciador e#ige deste decises
importantes, entre elas, a primeira seria a escolha do g4nero mais adequado para a
situação, além de outras relativas 6 constituição dos mundos discursivos, 6
organização seqBencial ou linear do conte<do tem!tico, 6 seleção de mecanismos
de te#tualização e de mecanismos enunciativos. Todas essas decises e#igem do
enunciador compet4ncia para e#ecut!-las.
1uando se opta por um determinado g4nero, o enunciador est! escolhendo,
de fato, um interte4to, constitu"do pelo con&unto de g4neros do te#to elaborados por geraçes anteriores e que podem ser utilizados naquela situação espec"fica, com
eventuais transformaçes. Trata-se de g4neros formados por con&untos bem
definidos de te#tos que constituem o que se chama )reservatório de modelos
te#tuais+. * g4nero é escolhido através de uma decisão estratégica que envolve
uma confrontação entre os valores atribu"dos pelo enunciador aos parCmetros da
situação e os usos atribu"dos aos g4neros do interte4to(
+A es#o"ha do 'nero dever* (((- "evar em #onta os o2etivos visados, o
"u'ar so#ia" e os papeis dos parti#ipantes( A")m disso, o enun#iador dever*
adaptar o mode"o do 'nero a seus va"ores parti#u"ares, adotando um esti"o
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pr+prio, ou mesmo #ontri2uindo para a #onstante transforma%!o dos
mode"os(5 $=och, 0::0%
7onforme apresenta ahtin $//0%, o enunciado I oral ou escrito, prim!rio
ou secund!rio, em qualquer esfera da comunicação verbal I é individual e, por isso,
reflete a individualidade de quem fala ou escreve. ;mbora nem todos os g4neros
permitam que se e#presse essa individualidade, $como aqueles que requerem uma
forma padronizada2 formulação de documento oficial, da ordem militar, da nota deserviço etc%, nos g4neros liter!rios, por e#emplo, o estilo individual faz parte do
empreendimento enunciativo enquanto tal e constitui uma das suas diretrizes. A
maioria dos g4neros do discurso, na verdade, não tem como finalidade e#clusiva a
e#pressão do estilo individual do enunciador, mas essa individualidade é um produto
complementar2 a variedade dos g4neros do discurso pode revelar a variedade dos
estratos e dos aspectos da personalidade individual, e o estilo individual pode
relacionar-se de diferentes maneiras com a l"ngua comum. Eesmo naqueles
g4neros de forma padronizada a individualidade é refletida, ainda que
superficialmente, principalmente se se pensa na realização oral desses tipos de
enunciados.
H(F 3 @nero te4tua" tipo"o'ia te4tua"
* termo tipologia te#tual, segundo Earcuschi $0::0%, deve ser empregado
para designar uma construção teórica definida pela natureza lingB"stica de sua
composição2 aspectos le#icais, sint!ticos, tempos verbais, relaçes lógicas. ;m
geral, os tipos te#tuais abrangem as categorias2 narração, argumentação, e#posição,
descrição, in&unção. eria o que se chamou acima de modalidades discursivas.
?4nero te#tual, por seu turno, é definido como o con&unto de te#tos que
apresentam caracter"sticas sócio-comunicativas definidas por conte<dos,
propriedades funcionais, estilo, composição e canal. ;#emplo2
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Vuadro H
LAWU7AT[RIA
7onte<do
Gunção
;stilo
7omposição
7anal
e#pressão de fervor religioso
obtenção de graça ou perdão
laudatório e invocatório
curta, poucos enunciados
oração
Travaglia $0::0% caracteriza o g4nero te#tual pela função social espec"fica
que o mesmo e#erce. egundo o autor, estas funçes sociais são vivenciadas pelos
enunciadores que, intuitivamente, sabem que g4nero usar em momentos
espec"ficos, por e#emplo, quando se vai escrever uma carta, &! se sabe as
caracter"sticas que irão fazer com que essa carta se&a adequada 6 situação2 uma
carta para a fam"lia não é a mesma direcionada para o reitor de uma universidade.
7omo outros e#emplos, Travaglia cita os g4neros te#tuais2 aviso, comunicado,
edital, informação, informe, citação, todos com a função social de dar conhecimento
de algo a alguém. 5etição, memorial, requerimento, abai#o-assinado2 g4neros
te#tuais com a função social de pedir, solicitar. Trata-se de e#emplos que
apresentam uma função social formal, r"gida.
7omo pode ser observado no quadro 8, um mesmo g4nero pode realizar-se
em dois ou mais tipos, assim como diversos g4neros compreendem um mesmo tipo
te#tual. 9ma carta pessoal, por e#emplo, pode apresentar as tipologias2 descrição,
in&unção, e#posição, narração e argumentação I esse fato é denominado
heterogeneidade tipológica $Earcuschi, 0::0% ou con&ugação tipológica $Travaglia,
0::0%. 3ificilmente ser! poss"vel encontrar um tipo te#tual puro, a classificação de
determinado te#to em relação ao seu tipo ser! por uma questão de dominCncia em
função do tipo de interlocução que se pretende estabelecer e que se estabelece, e
não em função do espaço ocupado por um tipo na constituição do te#to.
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H(H 3 Tipos te4tuais
H(H(1 8 Narrativa
9ma narrativa não é apenas a descrição de uma seqB4ncia de açes ou de
eventos2
)(aquele dia, ap+s ter feito uma 'rande farra na v)spera e ter
dormido ma", se "evantou Bs #in#o horas e meia, saiu de sua #asa Bs seis
horas e #in#o e en#ontrou pessoas Bs quais e"e disse que o dia estava
"indo5
A passagem acima é uma descrição de açes, mas não necessariamente
uma narrativa. 5ara que ha&a uma narrativa é preciso um narrador $aquele que conta
a história, uma testemunha etc%, que se&a provido de uma inten#iona"idade, uma
vontade de transmitir alguma coisa - uma #erta representa%!o da e4perin#ia do
mundo - a alguém, um destinat!rio que, de uma certa maneira, dar! um sentido
particular a sua narrativa. 5ara que uma seqB4ncia de eventos contados se
transforme em narrativa, é preciso, ainda, inventar-lhe um conte#to.
* te#to narrativo, segundo 5latão U Giorin $//V%, é composto por
mudança$s% de situação operada$s% pelas açes da$s% personagem$ns%. ;#istem dois
tipos de mudança2
W% alguém passa a ter alguma coisa que não tinha $narrativa de aquisição%
0W% alguém dei#a de ter alguma coisa que tinha $narrativa de perda%
9ma narrativa t"pica apresenta, impl"cita ou e#plicitamente, quatro mudanças
de situação, se&am elas mudanças de aquisição ou de perda2
a- uma em que uma persona'em passa a ter um querer ou um dever, um deseo
ou uma ne#essidade de fa$er a"'o( (((-
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2- uma em que e"a adquire um sa2er e um poder, isto ), a #ompetn#ia ne#ess*ria
para fa$er a"'o( (((-
#- uma que ) a mudan%a prin#ipa" da narrativa, a rea"i$a%!o daqui"o que se quer ou
se deve fa$er( (((-
d- uma em que se #onstata que a transforma%!o prin#ipa" o#orreu e em que se
podem atri2uir prmios ou #asti'os Bs persona'ens(5 $5latão U Giorin, //V%
endo assim, é poss"vel apontar quatro caracter"sticas b!sicas do te#to
narrativo2
) um #onunto de transforma%/es de situa%/es referentes B persona'ens
determinadas, mesmo que seam #o"etivas por e4emp"o, o povo 2rasi"eiro-, ou a
#oisas parti#u"ares, num tempo pre#iso e num espa%o 2em #on0'urado (((-?
Womo a narra%!o opera #om persona'ens, situa%/es, tempos e espa%os 2em
determinados, tra2a"ha predominantemente #om termos #on#retos, sendo, portanto,
um te4to 0'urativo?
No interior do te4to narrativo, h* sempre uma pro'ress!o tempora" entre os
a#onte#imentos re"atados, isto ), #onta e"e eventos #on#omitantes, anteriores ou
posteriores uns aos outros o2serve, no entanto, que o narrador pode dispor os
a#onte#imentos no te4to na ordem em que quiser, desde que dei4e #"aro qua" ) oanterior, o #on#omitante e o posterior (((--?
L* que o ato de narrar o#orre, por de0ni%!o, no presente, dado que (((- o
presente indi#a uma #on#omit;n#ia em re"a%!o ao momento da fa"a no #aso, fa"a do
narrador-, e"e ) posterior B hist+ria #ontada, que, por #onse'uinte, ) anterior a e"e?
por isso, o su2sistema do pret)rito pret)rito perfeito, pret)rito imperfeito, pret)rito
mais8que8perfeito e futuro do pret)rito- ) o #onunto de tempos por e4#e"n#ia danarra%!o(5 K"at!o M iorin, 1QQS-
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7omo e#emplo de uma narrativa, o te#to que segue é um conto do autor
tanisla 5onte 5reta2
A ve"ha #ontra2andista
Di$ que era uma ve"hinha que sa2ia andar de "am2reta( Todo dia e"a
passava pe"a fronteira montada na "am2reta, #om um 2ruto sa#o atr*s da "am2reta(
O pessoa" da A"f;nde'a 3 tudo ma"andro ve"ho 3 #ome%ou a des#on0ar da
ve"hinha(
Um dia, quando e"a vinha na "am2reta #om o sa#o atr*s, o 0s#a" da
A"f;nde'a mandou e"a parar( A ve"hinha parou e ent!o o 0s#a" per'untou assim pra
e"a:
8 Es#uta aqui, vovo$inha, a senhora passa por aqui todo dia, #om esse
sa#o a& atr*s( Vue dia2o a senhora "eva nesse sa#oY
A ve"hinha sorriu #om os pou#os dentes que "he restavam e mais os outros,que e"a adquirira no odont+"o'o, e respondeu:
8 < areia\
A& quem sorriu foi o 0s#a"( A#hou que n!o era areia nenhuma e mandou a
ve"hinha sa"tar da "am2reta para e4aminar o sa#o( A ve"hinha sa"tou, o 0s#a"
esva$iou o sa#o e dentro s+ tinha areia( 9uito en#a2u"ado, ordenou B ve"hinha que
fosse em frente( E"a montou na "am2reta e foi em2ora, #om o sa#o de areia atr*s(
9as o 0s#a" 0#ou des#on0ado ainda( Ta"ve$ a ve"hinha passasse um dia#om areia e no outro #om muam2a, dentro daque"e ma"dito sa#o( No dia se'uinte,
quando e"a passou na "am2reta #om o sa#o atr*s, o 0s#a" mandou parar outra ve$(
Ker'untou o que ) que e"a "evava no sa#o e e"a respondeu que era areia, uai\ O
0s#a" e4aminou e era mesmo( Durante um ms se'uido o 0s#a" inter#eptou a
ve"hinha e, todas as ve$es, o que e"a "evava no sa#o era areia(
Di$ que foi a& que o 0s#a" se #hateou:
8 O"ha, vovo$inha, eu sou 0s#a" de a"f;nde'a #om HX anos de servi%o(
9ano essa #oisa de #ontra2ando pra 2urro( Nin'u)m me tira da #a2e%a que a
senhora ) #ontra2andista(
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8 9as no sa#o s+ tem areia\ 3 insistiu a ve"hinha( E * ia to#ar a "am2reta,
quando o 0s#a" props:
8 Eu prometo B senhora que dei4o a senhora passar( N!o dou parte, n!o
apreendo, n!o #onto nada a nin'u)m, mas a senhora vai me di$er: qua" ) o
#ontra2ando que a senhora est* passando por aqui todos os diasY
8 O senhor promete que n!o esp*ia5Y 3 quis sa2er a ve"hinha(
8 Luro( 3 respondeu o 0s#a"(
8 < "am2reta(
$5J;TA, tanisla 5onte. A velha contrabandista. Sn2 Kara 'ostar de "er:
#ontos( Holume O. ;ditora did!tica. ão 5aulo2 Xtica, /O8%
* te#to acima mostra mudanças de situação referentes a personagens
determinadas, num tempo e num espaço demarcados, estabelece uma relação de
anterioridade e de posterioridade entre os episódios, usa o subsistema de tempos do
passado, trata-se, portanto, de um te#to narrativo.
H(H(6 8 Des#ri%!o
9m te#to descritivo é aquele em se e#pe as caracter"sticas de um ser - se&a
pessoa, ob&eto, situação etc - considerando-o fora da relação de anterioridade e
posterioridade. Ao contr!rio do te#to narrativo, a descrição não relata propriamentemudanças de situação, mas propriedades e aspectos simultCneos dos elementos
descritos, considerados, pois, numa <nica situação. $5latão U Giorin, //V%
* te#to de base descritiva est! presente tanto na ficção $romances, novelas,
contos, poemas% como em outros g4neros te#tuais $te#tos cient"ficos, enciclopédias,
propagandas, &ornais, revistas etc% e ob&etiva a visualização do cen!rio onde uma
ação se desenvolve e das personagens que dela participam2 trata-se do plano de
fundo que e#plica e situa a ação, em uma narrativa, ou que comenta e &ustifica a
argumentação. ;#istem caracter"sticas lingB"sticas espec"fica do te#to descritivo2
freqB4ncia de figuras $met!foras, meton"mias, comparaçes, sinestesia%, ad&etivos,
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formas ad&etivas, uso de verbos de estado, situação ou indicadores de propriedades,
atitudes, qualidade, usados principalmente no presente e no imperfeito do indicativo
$ser, estar, haver, situar-se, e#istir, ficar etc%, uso de advérbios de localização
espacial.
5ode-se estabelecer a divisão desse tipo de te#to em2 descrição liter!ria e
descrição não-liter!ria $ou técnica%. (a primeira predomina o aspecto sub&etivo, com
4nfase no con&unto de associaçes conotativas que podem ser e#ploradas a partir
de descriçes de pessoas, cen!rios, paisagem, espaço, ambientes, situaçes e
coisas. Hale lembrar que te#tos descritivos também podem ocorrer tanto em prosa
como em verso. (a descrição não-liter!ria, ou descrição técnica, o ob&etivo centra-se
na descrição de aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compem, na
descrição de e#peri4ncias, processos etc. Trata-se de uma descrição ob&etiva, em
que se cria o ob&eto usando uma linguagem cient"fica, precisa.
7omo e#emplo de uma descrição liter!ria, o te#to que segue é um trecho da
obra de ;ça de 1ueiroz I A Jel"quia
Est*vamos so2re a pedra do Wa"v*rio( Em torno, a #ape"a que a a2ri'a,
resp"ande#ia #om um "u4o sensua" e pa'!o( No te4to a$u"8ferrete 2ri"havam s+is de
prata, si'nos do ]od&a#o, estre"as, asas de anos, .ores de prpura? e, dentre este
fausto sidera", pendiam de #orrentes de p)ro"as os ve"hos s&m2o"os da fe#undidade,
os ovos de avestru$, ovos sa#ros de Astart) e ^a#o de ouro( _(((` @"o2os
espe"hados, pousando so2re peanhas de )2ano, re.etiam as +ias dos ret*2u"os, arefu"'n#ia das paredes revestidas de aspe, de n*#ar e de *'ata( E no #h!o, no
meio deste #"ar!o, pre#ioso de pedraria e "u$, emer'indo dentre as "aes de
m*rmore 2ran#o, desta#ava um 2o#ado de ro#ha 2ruta e 2rava, #om uma fenda
a"ar'ada e po"ida por "on'os s)#u"os de 2eios e afa'os 2eatos(
$19;SJYZ, ;ça.//L. A re"&quia( ão 5aulo2 5ublifolha%
*bserva-se no te#to acima que as açes e qualificaçes são vistas como
simultCneas, não havendo entre elas relação de anterioridade e de posterioridade.
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Q!, portanto, uma organização espacial, e não temporal, como na narrativa. Trata-se
de uma descrição, um tipo te#tual que apresenta uma função, pois fi#a caracteres,
d! qualificação de personagens, espaços, tempos. 9ma descrição não é neutra,
pois, a partir dos elementos selecionados e da forma como são apresentados, revela
uma visão de mundo.
7omo e#emplo de descrição não-liter!ria $técnica%, o te#to abai#o
corresponde a um folheto de propaganda de carro2
Wonforto interno 3 poss&ve" fa"ar de #onforto sem in#"uir o espa%o interno(
Os seus interiores s!o amp"os, a#omodando tranqui"amente passa'eiros e
2a'a'ens( O Kassat e o Kassat ariant possuem dire%!o hidr*u"i#a e ar
#ondi#ionado de e"evada #apa#idade, propor#ionando a #"imati$a%!o perfeita do
am2iente(
Korta 9a"as 3 O #ompartimento de 2a'a'ens possui #apa#idade de HSb
"ivros, que pode ser amp"iada para te 1bXX "itros, #om o en#osto do 2an#o traseirore2ai4ado(
Tanque 3 O tanque de #om2ust&ve" ) #onfe##ionado em p"*sti#o re#i#"*ve"
e posi#ionado entre as rodas traseiras, para evitar a deforma%!o em #aso de
#o"is!o(
H(H(F 3 Ar'umenta%!o
* te#to argumentativo é aquele em que se defende uma idéia, opinião ou
ponto de vista, uma tese. ;m um te#to argumentativo, distinguem-se tr4s
componentes2 a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas.
A tese, ou proposi%!o: é a idéia que se defende
Os ar'umentos: são as respostas 6 pergunta )por que+, feita ao tema
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As estrat)'ias ar'umentativas: são os recursos $verbais e não-verbais%
utilizados para envolver o leitor'ouvinte de forma a convenc4-lo, ou persuadi-lo e
gerar mais credibilidade ao te#to.
A atividade comunicativa não pressupe apenas que, simplesmente, o
receptor entenda a mensagem transmitida pelo emissor, mas, considerando que
comunicar é agir sobre o outro, então a função daquele que envia uma mensagem é,
também, fazer com o que o receptor aceite-a2 tem-se a argumentação como
instrumento lingB"stico que visa a persuadir, a fazer com que o leitor'ouvinte aceite o
que lhe foi comunicado. ão diversos os g4neros te#tuais que utilizam esse recuso
argumentativo2 o te#to acad4mico, cient"fico, uma propaganda etc.
*s argumentos usados para convencer aquele que ler'ouve o te#to podem
ser de diferentes tipos2 argumento de autoridade, argumento baseado no consenso,
argumento baseado em provas concretas, argumento com base no racioc"nio lógico
e argumento da compet4ncia lingB"stica. $5latão U Giorin, //V%
Ar'umento de autoridade: é a citação de autores renomados, autoridades
naquele campo de conhecimento. 9sa-se esse tipo de argumento para mostrar que
se tem conhecimento a respeito do assunto.
Ar'umento 2aseado no #onsenso: é o uso de m!#imas, proposiçes
aceitas como verdadeiras sem que se&am necess!rias provas, demonstraçes dessaveracidade.
Ar'umento 2aseado em provas #on#retas: é o argumento embasado em
dados, estat"sticas v!lidas, e#emplos, fatos comprobatórios. ;sses fatos devem ser
pertinentes, suficientes, adequados e fidedignos para que se&am considerados
provas de uma determinada afirmação.
Ar'umento #om 2ase no ra#io#&nio "+'i#o: é o uso de proposiçes que se
relacionam umas com as outras. 5or e#emplo, proposiçes com relação de causa e
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conseqB4ncia. K importante lembrar que esse tipo de argumentação favorece
problemas como fuga do tema e incoer4ncias.
Ar'umento da #ompetn#ia "in'&sti#a: é o uso da variante culta da l"ngua
e de vocabul!rio adequado 6 situação. Trata-se de um mecanismo lingB"stico que
favorece a credibilidade e, portanto, au#ilia na persuasão do leitor'ouvinte.
;mbora não se possa reduzir a argumentação a um invent!rio de estruturaslé#ico-sint!ticas que marcam e#plicitamente as tomadas de posição do emissor
diante de certas proposiçes, vale apresentar, aqui, um quadro com amostras das
formas mais usadas na argumentação, tendo em vista a necessidade de se
estruturar organizada e coerentemente um te#to deste tipo para que se possa atingir
o ob&etivo proposto. $Higner, 0::0b%
Vuadro b
+rmu"as introdut+rias As transi%/es
- comecemos por
- a primeira observação recai sobre
- inicialmente, é preciso lembrar que
- a primeira observação importante a
ser feita é que
- passemos então a
- voltemos então a
- mais tarde voltaremos a
- antes de passar a... é preciso
observar que...
- sublinhado isto
As f+rmu"as #on#"usivas A enumera%!o
- logo
- conseqBentemente
- é por isso que
- em primeiro $segundo etc% lugar
- e por <ltimo
- e em <ltimo lugar
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- afinal
- em suma
- pode-se concluir afirmando que
- inicialmente
- e em seguida, além do mais, além
disso, além de que, ali!s
- a '' se acrescenta, por outro lado
- enfim
- se acrescentarmos por fim
As f+rmu"as #on#essivas A e4press!o da reserva
- é certo que
- é verdade que
- evidente, seguramente,
naturalmente
- incontestavelmente, sem d<vida
alguma
- pode ser que
- todavia
- no entanto, entretanto
- mas, porém
- contudo
As f+rmu"as de insistn#ia A inser%!o de um e4emp"o
- não apenas... mas
- mesmo- com muito mais razão
- tanto mais que
- consideremos o caso de
- tal é o caso de- este caso apenas ilustra
- o e#emplo de... confirma
- etc
K importante ressaltar que nem sempre o te#to argumentativo obedece 6s
e#ig4ncias prescritas pela norma culta da l"ngua. Euitas vezes para se alcançar a persuasão pretendida é preciso que o te#to se&a adequado 6 situação em que ele é
produzido. 5or e#emplo, o discurso feito para uma criança de rua sem fam"lia
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estruturada, que não freqBenta a escola, que não se alimenta normalmente, com o
intuito de convenc4-la a não cometer determinado ato, não usar! as mesmas
estratégias argumentativas de um discurso feito em um tribunal do &<ri. (esse
sentido, foi selecionado o te#to abai#o, e#tra"do do livro de 5latão e Giorin $//V%,
para ilustrar uma argumentação. Trata-se de um v"deo e#ibido na 7asa de 3etenção
de ão 5aulo, para ensinar aos detentos formas de prevenção contra a Aids2
Aqui ) 2andido: K"&nio 9ar#os( Aten%!o, ma"andra'e\ Eu num v pedir
nada, v te d* um a"\ Te "i'a a&: Aids ) uma pra'a que r+i at) os mais fortes, e
r+i deva'arinho( Dei4a o #orpo sem defesa #ontra a doen%a( Vuem pe'* essa
pra'a esta re"ado de verde e amare"o, de primeiro ao quinto, e sem vase"inha(
Num tem doto que d eito, nem re$a 2rava, nem #horo, sente o aroma da
perp)tua: Aids pe'a pe"o esperma e pe"o san'ue, entendeuY, pe"o esperma e
pe"o san'ue\ Kausa-
Eu num t te dando esse a" pra te assom2r*, ent!o se to#a\ N!o )porque tu ta na tran#a que virou ano( 9uito pe"o #ontr*rio, #ana dura dei4a o #ara
ruim\ 9as ) pre#iso que #ada um se #uide, nin'u)m pode va" pra nin'u)m nesse
ne'+#io de Aids( Ent!o, * viu: trans*, s+ de a#ordo #om o par#eiro, e de
#amisinha\ Kausa-
A'ora, tu a& que ) metido a es#u"a#h* os outros, metido a 'anh* o
#ompanheiro na for%a 2ruta, na #on'esta\ K*ra #om isso, tu vai a#a2* empestado\
Aids num toma #onnhe#imento de ma#he$a, pe'a pra "*, pe'a pra #*, pe'a emhome, pe'a em 2i#ha, pe'a em mu"h), pe'a em ro%adeira\ Kra essa peste num
tem 2om\ Vuem 2o2eia 0#a premiado( E 0#a um temp!o sem sa2( Da&, o mais
ma"andro, no dia da visita, re#e2e mam!o #om a%#ar da fam&"ia e manda pra
#asa o Aids\ E num ) isto que tu qu), n), va'o mestreY Ent!o te #uida( Ce4o, s+
#om #amisinha( Kausa-
Vuem des#o2re que pe'o a doen%a se sente no preu&$o e quer ir B forra,
passando pros outros( Kausa- Ce4o, s+ #om #amisinha\ Num tem es#o"ha,
trans*, s+ #om #amisinha(
Vuanto a tu, mais #he'ado ao pi#o, eu t sa2endo que nin'u)m #orta o
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v&#io s+ por ordem da #he0a( 9as es#uta 2em, va'o mestre, a serin'a ) o #ana"
pra Aids( No desespero, tu n!o se to#a, num v, num qu) nem sa2 que, Bs
ve$es, a serin'a vem at) #om um pin'o de san'ue, e tu mete e"a direto em ti( cs
ve$es, e"a pare#e que vem "impona, e vem #om a pra'a( E tu, na afo2a%!o, mete
e"a direto na veia( A& tu dan%a( Tu, que se di$ mais tu, mas que di$ que num pode
a'ent* a tran#a sem pi#o, se #uida( Vuem 'osta de tu ) tu mesmo( Kausa- E a
farinha que tu #heira, e a erva que tu 2afurra enfraque#e o #orpo e dei4a tu #hu)
da #a2e%a e dos peitos( E a& tu 0#a mo"e$a pro Aids\ 9as o pi#o ) o #ana" direto
pra essa pra'a que est* a&( Ent!o, ma"andro, se #o2re( Vuem 'osta de tu ) tu
mesmo( A sade ) #omo a "i2erdade( A 'ente d* va"or pra e"a quando * era\
$H"deo e#ibido na 7asa de 3etenção de ão 5aulo2 AdagF Jealização2 TH 7ultura, /OO%
H(H(H 3 E4posi%!o
9m te#to e#positivo apresenta, de maneira geral, a e#plicação de um
determinado tema. ão te#tos e#positivos2 reportagens, te#tos did!ticos, instruçes
de uso, artigos cient"ficos, monografias e todos os g4neros te#tuais que apresentam
a finalidade de transmitir informaçes.
A partir desse propósito comunicativo, e#igem-se, nesse tipo de te#to,
clareza na construção dos par!grafos e das oraçes, ob&etividade, vocabul!rio
apropriado e ordenação das idéias. Abai#o segue um e#emplo de e#posição2
Novas maravi"has do mundo
C)#u"os depois da e"a2ora%!o da primeira "ista so2re o tema, o mundo
0na"mente #onhe#eu suas sete novas maravi"has( Numa e"ei%!o que #ontou #om a
parti#ipa%!o de quase 1XX mi" pessoas de v*rios pa&ses, foram es#o"hidos
monumentos, #onstru%/es arquitetni#as e at) #idades inteiras, para sim2o"i$ar o
que h* de mais 2onito e si'ni0#ativo no patrimnio hist+ri#o e #u"tura" da
atua"idade( O mais importante ) que, em2ora po"mi#a, a vota%!o serviu de a"erta
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para a preserva%!o desses e de outros 2ens pre#isos da Terra, que nem sempre
re#e2em a devida aten%!o(
Kara se ter uma id)ia, das sete maravi"has do mundo anti'o, "istadas entre
1bX a(W( e 16X a(W( e imorta"i$adas pe"o poeta 're'o Ant&patro de C&don, apenas
as pir;mides de @i$), no E'ito, ainda podem ser visitadas( Wonhe#ida #omo Ta
Jepta thaemata, que em 're'o quer di$er as sete #oisas di'nas de serem vistas5,
a "ista ori'ina" in#"u&a os ardins suspensos da ^a2i"nia, onde hoe 0#a o Iraque? a
est*tua de ]eus, na @r)#ia? o temp"o da deusa rtemis, em <feso, e o mauso")u
de Je"i#arnasso, am2os na Turquia? o #o"osso de Rodes, est*tua 'i'antes#a de
2ron$e, e o faro" de A"e4andria, no E'ito( Dessas seis maravi"has e4istem apenas
ru&nas ou re'istros em do#umentos hist+ri#os(
Kensando nisso, o empres*rio su&%o ^ernard e2er #riou em 6XX1 a
funda%!o Ne onders Novas 9aravi"has-, #omo forma de divu"'ar e
preservar o patrimnio e4istente nos dias atuais( Kara #onse'uir a aten%!o
ne#ess*ria, a funda%!o "an%ou, em 6XXb, um #on#urso para es#o"her as setemaravi"has do mundo moderno( Depois de #entenas de #andidaturas, 61
monumentos foram se"e#ionados para vota%!o pe"a internet ou mensa'ens de
#e"u"ar(
Wampanhas( O #on#urso foi tratado #om mais entusiasmo em a"'uns
pa&ses do que em outros( No ^rasi" e na gndia, por e4emp"o, foram feitas 'randes
#ampanhas para que a popu"a%!o votasse em seus representantes( Kor outro "ado,
os Estados Unidos, que #on#orriam #om a est*tua da 7i2erdade, em Nova or,n!o 0$eram prati#amente nenhum esfor%o para e"e'er o do#umento(
De qua"quer forma, a parti#ipa%!o foi dentro do esperado e as novas
maravi"has foram anun#iadas numa 'rande #erimnia rea"i$ada em de u"ho, em
7is2oa, Kortu'a"( Em2ora a funda%!o tenha divu"'ado a ordem de #"assi0#a%!o dos
monumentos, n!o foram informados quantos votos #ada um re#e2eu, #om a
usti0#ativa de que s!o todos de i'ua" import;n#ia( Ca2e8se, no entanto, que
pou#os #hineses sa2iam da vota%!o( (((-
tre#ho da reporta'em de Waro"ina 7enoir, no orna" Estado de 9inas: 11 de a'osto de 6XX-
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H(H(b 3 Inun%!o
9ma in&unção indica como realizar uma ação, estabelece um conselho a
respeito de determinado assunto ou fato. K também utilizado para predizer
acontecimentos e comportamentos. 9m te#to desse tipo utiliza uma linguagem
ob&etiva e simples, desprovida de ironias, e os verbos empregados são, em sua
maioria, do modo imperativo, embora também possa ser encontrado verbo no futuro
do presente. ?4neros te#tuais como instruçes, receitas, regulamentos, regras de
&ogo são do tipo in&untivo.
A in&unção pressupe um emissor e um receptor parceiros no processo de
transmissão'compreensão da mensagem2 o ato comunicativo é composto por
enunciador e enunciat!rio em um universo discursivo no qual o primeiro é
conhecedor da compet4ncia do segundo e, por isso, reconhecedor do saber e
poder-fazer deste. Assim, a comunicação não se torna conflituosa, &! que é
transmitida e interpretada de forma consensual.
7omo e#emplo, segue abai#o o modo de preparado de uma receita do doce
bem-casado2
9odo de preparo
^ata as 'emas, unte e 2ata at) que 0que 2em #"aro( Keneire untos a
farinha de tri'o e o fermento e misture de"i#adamente ao #reme e untando em
se'uida as #"aras 2atidas em neve( Wo"oque em assadeira untada e po"vi"hada(
7eve ao forno m)dio 1Xj 7i'ue o forno na hora d e #o"o#ar a massa( Asse por-(
#er#a de 1X minutos( Retire do orn) e dei4e esfriar( Worte #om #ortador e re#heie
unindo dois a dois(
Re#heio
Lunte o "eite #ondensado, as 'emas e a mantei'a( 9isture 2em e "eve ao
fo'o 2ai4o, me4endo sempre at) o2ter #onsistn#ia #remosa mais ou menos 1Xminutos-( Retire do fo'o e unte o "i#or de #a#au, o su#o de "im!o e as no$es(
Dei4e esfriar(
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ina"i$a%!o
Depois de re#heados, passe a%#ar 0no e em2ru"he( a%a uma "inda
em2a"a'em(
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UNIDADE b: WONCIDERAÇkEC INAIC
;#istem diferentes modelos teóricos de leitura que vão desde a linearidade
dos modelos de percepção visual e processamento de letras, que mostram
mecanismos de leitura, mas não tratam da compreensão, passando pelo modelo de
adivinhação, que aborda a compreensão, mas não e#plica como se chega 6 mesma,
até chegar aos modelos interacionistas que focalizam o processo cognitivo da
compreensão do te#to.
7onforme foi apresentado, viu-se que a leitura, segundo alguns
pesquisadores do assunto, é um processo comple#o, em que o leitor precisa de
conhecimentos de natureza diversa para construir significados e, assim,
compreender o te#to. @er não parece, portanto, um processo )linear e serial, passo a
passo, desde o olho até a memória que estaria aguardando a chegada do material
para começar a process!-lo.+ $=leiman, 0::>b%. A leitura é um processo interativo,
uma vez que diversos conhecimentos do leitor interagem em todo momento com o
te#to para se chegar 6 compreensão deste.
(a mesma maneira, elaborar um te#to pressupe uma atividade dialógica, em
que o enunciador, em interação com o receptor da mensagem, produz o sentido do
te#to. A compet4ncia te#tual relaciona-se, portanto, 6 capacidade de e#pressar
idéias de forma coerente e adequada aos receptores eventuais e ao ob&etivo
pretendido. (o te#to escrito, em especial, essa busca pela coer4ncia requer o
dom"nio de aspectos lingB"sticos, pragm!ticos e da organização te#tual em termos
de micro e macroestruturas.
As caracter"sticas de um te#to acompanham a função do mesmo. Assim, o
grau de formalidade varia, se&a no te#to oral ou no te#to escrito, conforme a situação
de uso da l"nguaF o g4nero também é determinado pelo ob&etivo que se pretende
com a construção do te#to. ão diversos os g4neros porque são muitas as
atividades humanas.
;m cada pr!tica social um determinado g4nero é mais adequado, e o
indiv"duo competente sociocomunicativamente percebe essa adequação e sabe
diferenciar um g4nero do outro. abe, por e#emplo, quando est! diante de uma
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anedota, de um poema, de uma e#plicação, de uma conversa telefDnica etc. )A
compet4ncia te#tual permite que o indiv"duo identifique, ainda, seqB4ncias de
car!ter narrativo, descritivo, e#positivo e'ou argumentativo.+ $=och, 0::0%.
* contato com diferentes g4neros te#tuais é, portanto, fundamental para o
desenvolvimento da compet4ncia comunicativa, pois eles mostram diversos modos
de interação. ;m outras palavras, lidar com a l"ngua em seus v!rios usos aut4nticos
no dia-a-dia, cada um com uma função apropriada para o tipo de interação
espec"fica, é importante para a produção e para a compreensão de te#tos.
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REERZNWIAC
A=QTS(, Eichael. //0. *s g4neros do discurso. Sn2 Est)ti#a da #ria%!o ver2a"(
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7ampinas'52 5ontes.
=*7Q, Sngedore ?runfeld Hillaça. //. A #oes!o te4tua"( ão 5aulo2 7onte#to.
^^^^^^^^^^^^^ //O. O te4to e a #onstru%!o de sentidos( 0[ ed. ão 5aulo2
7onte#to
^^^^^^^^^^^ 0::0. Desvendando os se'redos do te4to( _[ ed. ão 5aulo2 7ortez.
^^^^^^^^^^^. U TJAHA?@SA, @uiz 7arlos.0::8. Te4to e Woern#ia( /[ ed. ão
5aulo2 7ortez.
@A*H, `illiam. /L0. The transformation of ;#perience in (arrative Rnta#. Sn2
^^^^^^^^^. 7an'ua'e in the inner #itP( 5ennsRlvania2 9niversitR of 5ennsRlvania
5ress.
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@;(*SJ, 7arolina. 0::L. (ovas maravilhas do mundo. Sn2 Lorna" Estado de 9inas(
edição do dia de agosto.
EAJ797QS, @uz A. 0::. Da fa"a para a es#rita: atividades de rete4tua"i$a%!o(
ão 5aulo2 7ortez
^^^^^^^^^^^^^ 0::0. ?4neros te#tuais2 definição e funcionalidade. Sn2 3S*(7S*, A
et al. @neros te4tuais e ensino( Jio de Maneiro2 @ucerna
E*STA @*5;, @uiz 5aulo. 0::0. O0#ina de "in'&sti#a ap"i#ada( >[
reimpressão.7ampinas'52 Eercado de @etras.
5@AT\*, Grancisco U GS*JS(, Mosé @uiz. //V. @içes de te4to: "eitura e reda%!o(
ão 5aulo2 Xtica.
5J;TA, tanislau 5onte. /O8. A velha contrabandista. Sn2 Kara 'ostar de "er:
#ontos( Holume O. ão 5aulo2 Xtica
19;SJYZ, ;ça.//L. A re"&quia( ão 5aulo2 5ublifolha
A9T7Q9=, Snez. 0::8. A produ%!o dia"+'i#a do te4to es#rito: um di*"o'o entre
es#ritor "eitor e "eitor interno( ão 5aulo2 Eartins Gontes
TJAHA?@SA, @uiz 7arlos. 0::0. Tipe"ementos e a #onstru%!o de uma teoria
tipo"+'i#a 'era" de te4tos( mimeografado.
HS?(;J, ?erard. 0::0a. Snterte#tualidade, norma e legibilidade. Sn2 ?A@H;,
7harlotteF *J@A(3S, ;ni 5uccinelli U *T*(S, 5aulo $orgs.% Te4to, "eitura e es#rita(
8[ ed. 7ampinhas'52 5ontes.
^^^^^^^^^^^ 0::0b.Técnicas de aprendizagem da argumentação escrita . Sn2
?A@H;, 7harlotteF *J@A(3S, ;ni 5uccinelli U *T*(S, 5aulo $orgs.% Te4to, "eitura ees#rita( 8[ ed. 7ampinhas'52 5ontes.
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EERWgWIOC DE IAÇÃO
Vuest!o 1
Os mode"os de "eitura s!o #"assi0#ados #onforme o .u4o da informa%!o durante o ato de "er( A
respeito desses mode"os, assina"e a a0rmativa #orreta:
a% 1uando flu#o da informação parte do te#to impresso para o leitor, diz-se que o processo da leitura
ocorre de maneira descendente, ou se&a, de cima para bai#o.
b% * modelo de testagem de hipóteses de ?oodman compe a gama de modelos ascendentes de
leitura.
c% A leitura, de acordo com os modelos descendentes, é um processo perceptivo e de decodificação,
em que se identifica letra por letra, a partir de um est"mulo visual, para obter o significado do todo.
d% (os modelos interacionistas, o foco da leitura é colocado no leitor, isto é, o flu#o da informação
parte do leitor para o te#to.
e% *s modelos ascendentes'descendentes v4m o ato de ler como um processo que envolve tanto a
informação impressa $o te#to%, quanto a informação que o leitor traz consigo $o conhecimento prévio%.
Trata-se de modelos interacionistas, em que leitor e autor interagem durante o processo da leitura.
Vuest!o 6
Kor que a "eitura pode ser #onsiderada um pro#esso #o'nitivo e so#ia"Y Assina a a"ternativa
que me"hor responde essa quest!o:
a% A leitura é um processo que envolve atenção, percepção, racioc"nio, &u"zo, imaginação,
pensamento, linguagem e, além disso, pressupe a e#ist4ncia de dois su&eitos, leitor e autor, que
interagem durante os atos de ler e compreender.
b% A leitura é um processo cognitivo porque apresenta uma multiplicidade de estratégias empregadas
pelo leitor, conforme as condiçes que a ele são dadas. Trata-se, também, de um ato social porque
envolve a linguagem humana.
c% A leitura é um processo cognitivo porque que envolve atenção, percepção, racioc"nio, &u"zo,imaginação, pensamento, linguagem. K ainda um processo social porque apresenta ob&etivos
espec"ficos e m<ltiplas estratégias de realização.
d% A leitura é um processo que envolve interação entre leitor e autor na produção de sentido, por isso
pode ser considerada um ato social e cognitivo.
e% A leitura é um processo cognitivo e social porque o leitor traz consigo um conhecimento prévio que
au#ilia na produção de significados durante o ato de ler. ;sse conhecimento prévio é tudo aquilo que
o leitor aprende durante a vida e permite que ele faça as infer4ncias necess!rias para construir os
sentidos do te#to.
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Vuest!o F
E4istem diferentes modos de se "er um te4to que dependem de v*rios fatores, tais #omo a
maturidade do "eitor? a #omp"e4idade te4tua"? o #onhe#imento pr)vio? o 'nero do te4to e o
o2etivo da "eitura entre outros( Co2re esses fatores, assina"e a a0rmativa in#orreta:
a% A comple#idade do te#to interfere na estratégia de leitura porque, quando o te#to é considerado
comple#o, o leitor precisa construir esquemas novos para estabelecer a compreensão do te#to.
b% (o momento da leitura, o leitor lança mão de suas e#peri4ncias, crenças, opinies, interesses, ou
se&a, de um conhecimento prévio que é fundamental para determinar o tipo de leitura que ser!
realizada.c% * leitor maduro é aquele que usa apenas uma estratégia de leitura e, por isso, sua compreensão
do te#to é mais ob&etiva, r!pida e eficaz.
d% 5ara cada g4nero te#tual, a estratégia de leitura é diferente.
e% As estratégias de leitura variam conforme o ob&etivo da leitura2 o tipo do te#to determina, até certo
ponto, os ob&etivos da leitura, se para cada tipo te#tual usa-se uma estratégia de leitura diferente,
então, para cada ob&etivo, uma estratégia distinta ser! também ser! usada.
Vuest!o H
Co2re a maturidade do "eitor, assina"e a a"ternativa fa"sa:
a% * leitor maduro é aquele que sabe monitorar as estratégias metacognitivas de leitura.
b% 1uando o leitor adquire maturidade, ele plane&a, monitora e regula os próprios processos
cognitivos envolvidos no ato de ler.
c% ;m relação 6 maturidade do leitor, pode-se dizer que, ou ele é um leitor maduro ou não, isto é, não
e#istem n"veis de maturidade.
d% 3izer que um leitor é maduro é dizer que ele é capaz de identificar os ob&etivos da leitura, aspectos
importantes do te#to e, também, de verificar sua própria compreensão.
e% * leitor maduro adquire as estratégias de leitura cumulativamente.
Vuest!o b
a"a e es#rita s!o meios distintos de rea"i$a%!o te4tua", que apresentam diferen%as formais e
fun#ionais, em2ora tam2)m sea poss&ve" a0rmar que se trata de duas rea"idades simi"ares( A
respeito disso, assina"e a a0rmativa #orreta:
a% 9m discurso plane&ado apresenta depend4ncia conte#tual e menor uso de variação de forma e
conte<do.
b% A l"ngua escrita pode ser caracterizada como aquela que apresenta um plane&amento verbal
melhor em relação 6 fala, a organização estrutural e a seleção das palavras são mais cuidadosas,
enquanto que na fala informal esse plane&amento é menos elaborado.
c% a coesão, na linguagem escrita, é estabelecida através de recursos paralingB"sticos e supra-segmentais, enquanto que, na linguagem oral, ela é estabelecida através de meios le#icais e de
estruturas sint!ticas comple#as que usam conectivos e#pl"citos.
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d% Gala e escrita são duas realidades diferentes quanto 6 natureza do est"mulo $auditivo N visual%,
quanto 6 forma, 6 função e como meios condutores de mensagem lingB"stica e realizaçes de uma
gram!tica.
e% A semelhança entre as modalidades fala e escrita encontra-se no fato de ambas serem um produto
permanente.
Vuest!o S
Ce'undo os mode"os pro#essuais da es#rita, esta ) #ara#teri$ada #omo um ato que envo"ve
uma meta o2etivo- e um p"ano, e tam2)m um ato de reso"u%!o de pro2"emas( Assina"e a
a"ternativa que me"hor se re"a#iona a essas metas eGou pro2"emas e reso"u%/es referentes a
essas metas(
a% A meta do tipo ideacional, ou de conte<do proposicional, relaciona-se ao plane&amento e e#ecução
do autor do caminho necess!rio para atingir a coesão e a coer4ncia do te#to.
b% A meta do tipo te#tual diz respeito ao falto do leitor plane&ar o tipo de leitor para quem ele vai
escrever e que efeito ele quer causar nesse leitor.
c% A meta do tipo interpessoal refere-se ao plane&amento dos caminhos que serão tomados2 por onde
começar, em que direção prosseguir, que pontos ressaltar e como terminar o te#to.
d% ;m relação 6 meta do tipo te#tual, o problema encontra-se no fato do autor não poder e#trair da
memória apenas as informaçes relevantes e direcionadas para um determinado fim.
e% ;m relação 6 meta do tipo interpessoal, o problema reside no fato de a comunicação não ocorrer
frente a frente e, por isso, o autor precisa decidir quem ser! o seu leitor virtual para definir forma e
conte<do do te#to.
Vuest!o
Assina"e a a"ternativa que n!o se re"a#iona a uma #orreta de0ni%!o de te4to:
a% ;m sentido amplo, a palavra te#to designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve,
antigo ou moderno.
b% * te#to caracteriza-se por seu estrato semCntico e comunicativo, assim como por sua coer4ncia
profunda e superficial.
c% ão te#tos2 uma frase, um fragmento de um di!logo, um poema, um romance e, até mesmo, uma
palavra-frase, como a que se apresenta em e#presses como fogo, sil4ncio, situadas em conte#tos
espec"ficos.
d% * te#to pode ser concebido como uma amostra de comportamento lingB"stico apenas escrito. A
unidade lingB"stica falada é denominada discurso.
e% Todo te#to é realizado por meio de empréstimo de um g4nero e, portanto, sempre pertence a um
g4nero.
7/16/2019 35_21_5_2013_24
http://slidepdf.com/reader/full/35215201324 53/53
Vuest!o
O que si'ni0#a di$er que a produ%!o te4tua" es#rita tem #ar*ter dia"+'i#oY Es#o"ha uma das
a"ternativas a2ai4o que me"hor responde essa quest!o:
a% A elaboração do te#to escrito é um processo em que o autor usa tanto as estratégias de produção
te#tual, quanto as estratégias de leitura.
b% A escrita é produto de uma atividade humana, é, pois, interativa, dialógica.
c% * ato de escrever é uma atividade interativa entre o emissor e o receptor, ou se&a, possui uma
função comunicativa e social e#ercida entre dois enunciadores que participam do processo da
construção de sentido.d% A produção te#tual pressupe a criação de um te#to "ntegro e estruturado mediante regras te#tuais
e do próprio sistema da l"ngua.
e% A escrita é uma atividade de comunicação verbal que tem como ob&etivo a transmissão de
intençes e conte<do. Trata-se de um processo que envolve plane&amento e e#ecução.
Vuest!o Q
Vua" das a0rmativas a2ai4o n!o se re"a#iona B mi#roestrutura do te4toY
a% 3iz respeito a todos os componentes $predominantemente e#tralingB"sticos% que possibilitam a
organização global de sentido do te#to e que são respons!veis por sua significação.
b% Associam-se 6 microestrutura todos os elementos e mecanismos de coesão.
c% Jepresenta todo um sistema de instruçes te#tualizadoras de superf"cie que au#iliam na
construção linear do te#to por intermédio de palavras e de frases.
d% (o n"vel microestrutural, as relaçes de coer4ncia estabelecem-se entre as frases
$sucessivamente ordenadas% da seqB4ncia.
e% K respons!vel pela estruturação lingB"stica do te#to.
Vuest!o 1X
Assina"e a a"ternativa a2ai4o que #ontradi$ a id)ia de 2oa forma%!o te4tua"(
a% A boa formação te#tual relaciona-se com os conceitos de coesão e coer4ncia.
b% 9m te#to bem formado é aquele que apresenta coer4ncia nas macro e microestruturas.
c% A boa formação te#tual pressupe a obedi4ncia a certas regras tais como metarregra de repetição,
de progressão, não-contradição e de relação.
d% A coesão é o que faz com que uma seqB4ncia lingB"stica se&a vista como um te#to, porque permite
o estabelecimento de relaçes sint!tico gramaticais semCnticas e pragm!ticas entre os