43
297 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS DAS REGIÕES NORDESTE E SUL Silvio A. F. Cario * Janaina Scheffer ** Rogério A. Enderle ** Carla C. R. de Almeida *** No Brasil, registros apontam a existência de 8.213 empresas voltadas à transformação de produtos plásticos, participação no PIB de 1,9% e faturamento da ordem de R$ 28,7 bilhões em 2003. Dentre os principais estados produtores destaca-se Santa Catarina considerado o terceiro maior em números de estabelecimento e de empregados, antecedido por São Paulo e Rio Grande do Sul, e segundo maior produtor de matérias plásticas do país, superado apenas por São Paulo. A participação no valor de transformação industrial do Estado situa-se em 5,24%, em 2002, e de 0,6% na pauta de exportação estadual, em 2004, incluso o sub-segmento de borracha. Em Santa Catarina há dois arranjos produtivos locais (APLs) de transformadores plásticos, situados na região Nordeste voltados à produção de plástico industrial e na região Sul destinado à produção de plástico descartável, conforme Figura 3.6.1. Ambos os arranjos produtivos congregam pouco mais de 190 empresas e respondem por 2/3 da produção de transformadores plásticos estadual. Apesar de participarem da mesma indústria, tais aglomerações de empresas apresentam dinâmicas produtiva e tecnológica diferenciadas, que resultam em vantagens e problemas distintos em muitos itens, requerendo, portanto, proposições de políticas específicas. * Prof. dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestre em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestre em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina. *** Mestranda do Curso de Pós-Graduação – Mestrado – em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina

3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

297

3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS DAS REGIÕES NORDESTE E SUL

Silvio A. F. Cario*

Janaina Scheffer**

Rogério A. Enderle**

Carla C. R. de Almeida***

No Brasil, registros apontam a existência de 8.213 empresas voltadas à transformação

de produtos plásticos, participação no PIB de 1,9% e faturamento da ordem de R$ 28,7

bilhões em 2003. Dentre os principais estados produtores destaca-se Santa Catarina

considerado o terceiro maior em números de estabelecimento e de empregados, antecedido

por São Paulo e Rio Grande do Sul, e segundo maior produtor de matérias plásticas do país,

superado apenas por São Paulo. A participação no valor de transformação industrial do Estado

situa-se em 5,24%, em 2002, e de 0,6% na pauta de exportação estadual, em 2004, incluso o

sub-segmento de borracha.

Em Santa Catarina há dois arranjos produtivos locais (APLs) de transformadores

plásticos, situados na região Nordeste voltados à produção de plástico industrial e na região

Sul destinado à produção de plástico descartável, conforme Figura 3.6.1. Ambos os arranjos

produtivos congregam pouco mais de 190 empresas e respondem por 2/3 da produção de

transformadores plásticos estadual. Apesar de participarem da mesma indústria, tais

aglomerações de empresas apresentam dinâmicas produtiva e tecnológica diferenciadas, que

resultam em vantagens e problemas distintos em muitos itens, requerendo, portanto,

proposições de políticas específicas.

* Prof. dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestre em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina. ** Mestre em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina. *** Mestranda do Curso de Pós-Graduação – Mestrado – em Economia da Universidade Federal de Santa Catarina

Page 2: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

298

Joinville

Guaramirin

Jaraguá do Sul

São Ludgero

TubarãoUrussanga

CriciúmaMorro da Fumaça

Fonte: Governo do Estado de Santa Catarina. Figura 3.6.1 - Localização dos APLs de transformados plásticos de Santa Catarina - 2005

No intuito de analisar o segmento de transformados plásticos em Santa Catarina nos

APLs situados nas regiões Nordeste e Sul este artigo está dividido em quatro seções, sendo

que nesta 1a. seção faz-se a introdução; na 2a. seção descrevem-se aspectos da estrutura desta

indústria no Brasil e em Santa Catarina; na 3a. seção analisa-se a dinâmica de funcionamento

do arranjo produtivo de transformados plásticos na região Nordeste; e por fim, na 4a. seção

realiza-se o mesmo procedimento para o arranjo produtivo situado na região Sul catarinense.

3.6.1 A indústria de transformados plásticos no Brasil e em Santa Catarina

A cadeia produtiva do plástico é composta por três elos principais: as centrais

petroquímicas, as empresas produtoras de resinas termoplásticas e as transformadoras. A

primeira geração acontece nas centrais da matéria prima onde ocorre o processo de

craqueamento, responsável por transformar a nafta em produtos intermediários - eteno e o

propeno. A segunda geração transforma tais bens intermediários através da polimeração que

se classifica em dois tipos: termoplásticos (polietileno - PET, policloreto de vinila - PVC e

poliestireno - PV) e termofísicos (plásticos fenólicos, uréicos). A terceira geração transforma

esses dois tipos de polímeros em inúmeros produtos plásticos, através dos processos de

extrusão (chapas, laminados, tubos, etc), sopro (peças ocas como garrafas, frascos, etc),

injeção (confecção de utensílios plásticos em geral: armários, tampas, caixas, etc),

compressão (pratos, xícaras, assentos, etc).

Page 3: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

299

As duas primeiras gerações possuem produtos padronizados com especificações bem

definida denominada como commodities, são intensivas em capital, tem baixos graus de

flexibilização produtiva e níveis operacionais elevados. Enquanto na terceira geração situa-se

a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação de produtos, é intensiva em

mão-de-obra e tem processos produtivos mais flexíveis com plantas industriais de tamanhos

ótimos menores. (BRDE, 1997).

Conforme a Figura 3.6.2 pode-se observar que a cadeia produtiva é de alta

complexidade. Diversos setores industriais estão envolvidos devido à intensa substituição de

materiais como madeira, borracha, metal, ferro, etc, pelo plástico. Os materiais plásticos

alcançam os setores agrícola, alimentício, eletrodoméstico, automotivo, construção civil, etc,

tanto na forma de bens intermediários ou finais.

O setor de transformados plásticos no Brasil tem uma estrutura industrial caracterizada

pela heterogeneidade em relação ao porte, às capacidades instalada e utilizada, ao poder de

mercado das firmas, à capacitação tecnológica, aos processos e produtos, à gestão e aos

segmentos de mercado. Em outros aspectos há significativa variedade tais como na origem,

propriedade, tamanho e grau de internacionalização dos capitais (SOUZA, 2002).

Fonte: Scheffer, 2004. Figura 3.6.2 - Cadeia produtiva de transformados plásticos

Existe um número substancial de empresas por segmento de mercado, destacando-se o

de embalagens, sacolas e sacos, intermediários para diversas indústrias, com realce para as

peças injetadas sob encomenda, e produtos para utilidades domésticas, conforme a Figura

Craqueamento Eteno, Propeno...

Polímeros

Ind. Química Ferramentaria Máq. e Euipamentos Nafta e gás natural

1ª Geração Central de Matéria-prima

2ª Geração: Intermediários Unidade de Polimeração

3ª Geração Unidade de Transformação

Consumo

Intermediário Consumo

Final Agricultura, Automobilístico, Eletroeletrônica, Metalmecânica, química, entre outras

Utensílios domésticos,, Brinquedos, entre outros

Page 4: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

300

3.6.3. Tais empresas participam de um mercado concorrencial com tendência à diversificação,

ainda que exista uma lógica à concentração.

Fonte: ABIPLAST. Figura 3.6.3 - Produção dos transformados plásticos no Brasil por segmento - 2003

O setor de transformados plásticos é predominantemente dominado pelas pequenas

empresas, muitas apresentando características de: administração familiar, recursos financeiros

reduzidos, fabricação de produtos de baixo conteúdo tecnológico e ocupando espaços

deixados por empresas de grande porte. As grandes empresas, em número resumido, são as

líderes em seus segmentos produtivos e ditam o ritmo da dinâmica interna setorial, sendo que

algumas figuram como players mundiais.

Observando a participação dos segmentos no mercado interno, nota-se a hegemonia da

produção de embalagens, caracterizando-se como o segmento mais importante da indústria de

transformação de plástico, sendo responsável pelo consumo de quase a metade, 47%, do total

de resinas termoplásticas fabricadas no país. Trata-se de um segmento que possui determinada

complexidade em decorrência das relações à jusante e a montante na cadeia produtiva serem

mais densas e dinâmicas.

Esse segmento ainda apresenta substanciais possibilidades de entrada de novas

empresas – pequenas e grandes firmas internacionais - e avanço em esforços em capacitação

tecnológica de produtos e processos. Porém, as empresas que demonstram maior potencial e

esforços no sentido de modernização tecnológica são as grandes, e as pequenas ficam

excluídas desse processo, caracterizando a defasagem tecnológica existente no setor.

Embalagens - 40%

Construção Civil – 14%

Descartáveis – 12%

Componentes Técnicos - 8%

Agrícola – 8%

Utilidades Domésticas – 5%

Calçados – 3%

Laminados – 1%

Brinquedos – 1% Outros – 9%

Page 5: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

301

Com o acirramento concorrencial em decorrência da abertura e desregulamentação

econômica, o segmento passa a deparar-se com a queda de rentabilidade econômica e

direcionamento de empresas para segmentos e embalagens mais simples com menores

margens de lucros. Além da perda de competitividade em relação aos produtos importados,

cresce a informalidade no setor e aumenta a pressão exercida pelos grandes compradores

varejistas e pelas firmas fabricantes de produtos finais pressionando preços a baixo valor

(SOUZA, 2002; PICCININI, 1997).

Essa mudança das empresas para produção de embalagens mais simples segue no

mesmo sentido do aumento da informalidade no segmento, corroborando para a queda nos

preços e na rentabilidade do segmento. A indústria de transformação de material plástico

contempla um universo de 7.900 empresas, em 2003, de acordo com os dados da Associação

Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST). Segundo dados da RAIS/MTE (2003) o

número de empresas foi de 6.879, em 2000, 7.438, em 2001, 7.898, em 2002 e 8.213, em

2003. Essa indústria participou no total do PIB, em 2003, com 1,9%, com um faturamento de

R$ 28,7 bilhões. Esse faturamento teve um aumento substancial em comparação a 1999,

representando um crescimento de 98%.

0

10

20

30

40

50

%

SP RS SC PR MG RJ

2003 2000

Fonte: RAIS/MTE, 2000 e 2003. Figura 3.6.4 - Número de estabelecimentos na indústria de transformados plásticos no Brasil por Estado – 2000, 2003

O estado de São Paulo se destaca por concentrar o maior número de empresas e

empregados, abrangendo respectivamente, em 2000, 47,4% e 47,1%, e em 2003, 47,8% e

47,6%. Em segundo lugar, destaca-se o Rio Grande do Sul em número de estabelecimentos,

com 12,0% e 11,9% para os anos de 2000 e 2003, respectivamente, em relação ao total do

Page 6: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

302

país. Quanto ao número de empregados houve uma inversão de posições entre Rio Grande do

Sul e Santa Catarina. Em 2000 o primeiro detinha 10,0% e o segundo 8,9%, enquanto em

2003 o segundo foi responsável por 10,6% e o primeiro por 10,2% do número total de

empregados na indústria de transformados plásticos no Brasil.

Em termos comparativos dos valores gerados pela indústria de transformados plásticos

em relação à indústria de transformação global constata-se participação de 0,4% em valor

adicionado em relação ao valor gerado pelo conjunto da indústria de transformação, conforme

a Tabela 3.6.1. Assim como, aproxima-se com percentual do existente de capacidade instalada

da indústria de transformação, em torno de 82%. Enquanto, o pessoal ocupado, em torno de

223.000 em seu ultimo registro, 2003, representa 2,63 % da existente na indústria de

transformação nacional.

Tabela 3.6.1 – Comparação de indicadores econômicos entre a indústria de transformados plásticos e a indústria de transformação do Brasil – 1995-2004

CLASSES E ATIVIDADES 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Indústria (1) 36,7 34,7 35,2 34,6 35,6 37,5 37,7 38,3 38,8 ... Indústria de Transf. de Material Plástico 0,6 0,6 0,6 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 ...

Utilização Média da Capacidade Instalada da Indústria de Transformação (2)

... ... ... ... 80,2 82,7 81,7 79,5 80,5 83,5

Utilização Média da Capac. Instalada da Ind. de Transf. de Mat. Plástico (2)

... ... ... ... 79,2 82,2 81,2 83,0 79,7 85,5

Pessoal Ocupado na Ind. de Transformação (3)

... ... 7.805 7.629 7.726 8.662 8.456 8.541 8.491 ...

Pessoal Ocupado na Ind. de Transf. de Mat. Plástico (3)

... ... 183 185 200 216 214 208 223 ...

Valor Anual da Produtividade do Trabalho na Ind. de Transformação

... ... ... ... -2,7 -3,8 -4,5 2,6 1,7 ...

Valor Anual da Produtividade do Trabalho na Ind. de Transf. De Mat. Plásticos

... ... ... ... -19,6 -14,3 -1,5 1,9 -13,8 ...

Fonte: FIBGE Nota: Sinal convencional utilizado: ... Dado numérico não disponível. (1) Participação percentual no valor adicionado total. (2) Valores em percentual. (3) Valores em 1.000 trabalhadores.

O estado de Santa Catarina ocupava, em 2003, o terceiro lugar no país em termos de

número de estabelecimentos e empregados, e o segundo lugar em produção indústria

Page 7: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

303

transformadora de materiais plásticos, próximo de 15%, segundo o Sindicato da Indústria de

Materiais Plásticos de Santa Catarina (SIMPESC). Em 2003, essa indústria atingiu um

faturamento médio mensal no valor de R$ 39.490,92 mil e arrecadação de ICMS no valor de

R$ 70.316.055,00, equivalente a 1,5% do montante arrecadado em ICMS no Estado, como

pode ser verificado na Tabela 3.6.2. O salário líquido médio ao mês do empregado da

indústria de plásticos transformados de Santa Catarina foi cerca de R$ 1.376,05 mil, em 2003,

sendo que esse setor tem um custo com pessoal de aproximadamente 20% do seu faturamento,

superior à média da indústria de transformação do país, que é equivalente a 14%,

evidenciando que esse setor é intensivo em mão-de-obra.

Tabela 3.6.2 - Faturamento, custos com pessoal, salário e arrecadação de ICMS da indústria

de transformados plásticos do estado de Santa Catarina – 2002 e 2003

FATURAMENTO MÉDIO MENSAL (1)

CUSTOS COM PESSOAL (2)

SALÁRIO LÍQ. MÉDIO (3)

ARRECADAÇÃO ICMS (4)

PARTIC. NA ARRECADAÇÃO

ICMS (5)

2002 40.182,41 20 1.102,97 76.197.112 ... 2003 39.490,92 20 1.376,05 70.316.055 1,49 Ind. Transform. Média / 2003

1.586.661,59 14 851,88 nd nd

Fonte: FIESC – Santa Catarina em Dados 2004. (1) Faturamento médio mensal em R$ mil correntes por mês. (2) Custos com pessoal sobre o faturamento percentual. (3) Salário líquido médio em R$ mil correntes por mês. (4) Arrecadação de ICMS em R$ mil correntes por mês. (5) Participação na arrecadação de ICMS sobre o percentual arrecadado no estado de Santa Catarina. Nota: Sinal convencional utilizado: ... Dado numérico não disponível.

Entre 1999 e 2003, a produção catarinense apresentou uma tendência decrescente,

sendo que em 2003 a produção sofreu uma queda de 18,04% em relação ao ano anterior,

como apresentado na Tabela 3.6.3.

Tabela 3.6.3 - Evolução da produção física e utilização da capacidade instalada da indústria de transformados plásticos no Brasil e no estado de Santa Catarina – 1994-2003

BRASIL SANTA CATARINA

ANO UTILIZAÇÃO CAPACIDADE

INSTALADA (1)

PRODUÇÃO FÍSICA (2)

VARIAÇÃO PRODUÇÃO (1)

UTILIZAÇÃO CAPACIDADE

INSTALADA (1)

PRODUÇÃO FÍSICA (2)

VARIAÇÃO PRODUÇÃO (1)

1994 72,50 100,00 4,07 76,57 100 18,87 1995 78,25 110,34 10,34 74,98 131,92 31,92 1996 81,75 122,69 11,19 75,87 142,37 7,92 1997 82,75 127,12 3,61 75,92 144,36 1,4 1998 79,00 124,03 -2,43 79,13 151,19 4,73 1999 78,50 116,39 -6,16 79,54 146,97 -2,79 2000 81,95 113,36 -2,6 75,83 144,94 -1,38 2001 81,18 107,68 -5,01 68,81 136,65 -5,72 2002 82,85 106,17 -1,4 65,02 126,25 -7,61 2003 79,55 94,70 -10,81 65,06 103,48 -18,04

Fonte: FIESC. (1) Dados em percentual. (2) Ano base 1994 = 100.

Page 8: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

304

Contudo, não há sinais de uma diminuição expressiva da capacidade produtiva

(fechamento de fábricas), pois a utilização da capacidade instalada também diminuiu

acompanhando a produção. Do mesmo modo, em nível nacional observou-se queda tanto da

produção quanto da utilização da capacidade instalada, evidenciando fechamentos de

empresas e conseqüentemente diminuição da capacidade produtiva.

Apesar do comportamento da produção dos últimos anos, o consumo de resinas pela

indústria de plásticos catarinense mantém-se relevante em nível nacional. Em 1999, o

consumo de resinas de resinas e reciclados em geral somou 466,4 mil toneladas, que foi

equivalente a 12,2% do total consumido no país, conforme Tabela 3.6.4. Considerando-se as

resinas termoplásticas, as mais consumidas foram a PVC (24,3%), seguido da PS (15,4%),

PEBD (14,8%), PELBD (13,3%), PP (11,1%), PEAD (6,6%) e PET (3,4%). É importante

destacar que o consumo relativo de PVC em Santa Catarina é superior ao existente no país,

devido à atividade produtiva no segmento de tubos e conexões de PVC, expressiva em nível

nacional, que está concentrada na região Nordeste do Estado.

Tabela 3.6.4 - Consumo de matérias-primas da indústria de transformados plásticos no estado de Santa Catarina - 1999

RESINAS TERMOPLÁSTICAS PRODUÇÂO (A) (1) A/B (2) A/C (2) PARTICIPAÇÃO NO BRASIL (2)

PVC 113.333 26,65 24,30 17,1 P S 71.896 16,90 15,42 27,6 PEBD 69.088 16,24 14,81 12,7 PELBD 62.205 14,63 13,34 23 PP 51.643 12,14 11,07 7,3 PEAD 42.651 10,03 9,15 6,6 PET 14.517 3,41 3,11 4,4 Subtotal (B) 425.333 100 91,20 12,2 Reciclado 29.715 .. 6,37 .. Outras 11.315 .. 2,43 .. TOTAL GERAL (C) 466.363 .. 100 .. Fonte: Klug, 2001. Nota: Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado numérico.

(1) Produção em toneladas. (2) Valores em percentual.

Assim, a especialização produtiva do estado baseia-se na produção de embalagens, de

acessórios para a construção civil e descartáveis. O segmento de embalagens respondeu em

1999 por 32,2% do valor da produção, 34,7% do consumo de matérias primas, 30,1% das

empresas e 29,155 dos empregos do Estado. Posteriormente tem-se o segmento de acessórios

para a construção civil, que foi responsável por 29,2% do valor da produção nesse ano e o

segmento de descartáveis, que atingiu um percentual de 12,1%, conforme Tabela 3.6.5.

Page 9: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

305

Tabela 3.6.5 - Índices do valor da produção, emprego e consumo de matérias-primas da

indústria de transformados plásticos no estado de Santa Catarina, por segmento produtivo – 1999

VALOR DA PRODUÇÃO MATÉRIAS PRIMAS EMPREGOS EMPRESAS SEGMENTO

Espécie (1) Part. (2) Produção (3) Part. (2) Quant. (4) Part. (2) Quant. (4) Part. (2)

Embalagens 551.941 32,28 157.072 34,74 5.734 30,19 58 29,15 Construção Civil 498.735 29,17 127.806 28,27 4.360 22,95 44 22,11 Descartáveis 206.047 12,05 61.984 13,71 2.655 13,98 11 5,53 Sacos e sacolas 75.293 4,40 25.940 5,74 970 5,11 18 9,05 Componentes técnicos 182.010 10,65 23.044 5,10 2.554 13,45 27 13,57

UD e brinquedos 80.177 4,69 16.542 3,66 713 3,75 13 6,53 Móveis 31.389 1,84 6.320 1,40 496 2,61 4 2,01 Agricultura 16.324 0,95 5.394 1,19 254 1,34 5 2,51 Semi-acabado 29.301 1,71 14.706 3,25 201 1,06 7 3,52 Outros 38.575 2,26 13.265 2,93 1.060 5,58 12 6,03 TOTAL 1.709.794 100 452.072 100 18.995 100 199 100 Fonte: Klug, 2001. Ano base 1999. (1) Valores em R$ 1.000. (2) Participação em percentual. (3) Valores em toneladas. (4) Valores em números absolutos.

Quanto ao destino das vendas da indústria catarinense, a participação das vendas para

o país apresentou crescimento entre 1994 (80,15%) e 1997 (87,4%), sendo que nesse período

a participação das vendas para o exterior foi insignificante. Segundo a Tabela 3.6.6, as vendas

para o exterior passaram de 1,8% das vendas totais do Estado em 1998 para 7,1% em 2003.

Por sua vez, as vendas para o próprio Estado mantiveram um comportamento menos

padronizado e tiveram uma participação relativa de 16,2% em 2003.

Tabela 3.6.6 - Destino das vendas da indústria de transformados plásticos do estado de Santa Catarina – 1994-2003

ANO PARA DEMAIS ESTADOS PARA SANTA CATARINA PARA O EXTERIOR

1994 80,15 17,26 2,59 1995 83,60 15,14 1,26 1996 84,90 13,78 1,32 1997 87,40 11,47 1,13 1998 85,10 13,15 1,75 1999 83,74 12,67 3,58 2000 83,40 13,03 3,57 2001 78,48 16,54 4,97 2002 75,99 18,09 5,92 2003 76,76 16,20 7,05

Fonte: FIESC. Nota: Média anual em variação percentual.

Quanto ao número de empresas catarinenses produtoras e exportadoras de produtos

transformados plásticos, segundo relatório da FIESC – Santa Catarina em Dados, esse número

reduziu-se de 46 em 2001 para 38 empresas em 2002, sendo que o item plásticos e suas obras

encontra-se como um dos principais produtos importados do Estado. Dessa forma, em termos

Page 10: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

306

de valores monetários o comércio exterior dessa indústria ainda é muito deficitário. Como

apresentado na Tabela 3.6.7, as importações de plásticos e suas obras atingiram um valor de

aproximadamente US$ 195,28 milhões em 2003, 17% superior em relação ao ano anterior e

representando 19,65% do valor total das importações realizadas pelo Estado. As exportações

para o MERCOSUL foram de US$ 7,7 milhões nesse ano, correspondendo a um valor 32,7%

superior que o verificado em 2002 e representando 3,01% das vendas externas para esse bloco

econômico.

É importante destacar que diversos insumos dessa indústria encontram-se entre os dez

produtos mais importados do Estado, conforme relatório da FIESC sobre o balanço do

comércio exterior catarinense, entre janeiro e maio de 2005. Nesse sentido, constavam-se no

relatório as resinas: polietilenos em cargas; polímeros de etileno; policloreto de vinila e

poliestileno linear. Tendo em vista que as importações desses produtos nos primeiros cinco

meses desse ano foram substancialmente superiores àquelas verificadas no mesmo período em

2004, pode-se esperar que a produção de produtos transformados de plásticos esteja entrando

numa fase de maior aquecimento no Estado.

Tabela 3.6.7 – Importações e exportações para o MERCOSUL de plásticos e suas obras do estado de Santa Catarina – 2002-2003

ATIVIDADE 2002 2003 2003/2002 (1) PARTICIPAÇÃO SOBRE O TOTAL 2003 (1)

Importações 165.545.964 195.289.626 17,97 19,65

Exportações 5.832.321 7.739.678 32,7 3,01

Fonte: FIESC / Santa Catarina em Dados, 2004. Nota: Valores em US$ FOB. (1) Valores em percentual.

3.6.2 APL DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS DA REGIÃO NORDESTE

3.6.2.1 Configuração e trajetória de constituição do APL

A formação do arranjo produtivo de transformadores de plásticos da microrregião de

Joinville tem suas raízes nos aspectos que influenciaram a formação de um pólo industrial na

região, especialmente no município de Joinville. Tendo em vista a etapa de industrialização

espontânea, entre 1831 e 1930, os primeiros empreendimentos partiram de investimentos de

capitais locais nos setores têxtil, metal-mecânico e alimentar - e foram estimulados pela

existência de terras não adequadas à plantação (terrenos pantanosos e morros com densa

Page 11: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

307

cobertura florestal) e localização geográfica desfavorável à obtenção de matérias-primas e à

conquista de mercados consumidores. Corroborou para ainda para industrialização, a

colonização alemã existente no local, com imigrantes que eram, em sua maioria, “pequenos

industriais, comerciantes, engenheiros e operários especializados, etc, forçados a abandonar a

Alemanha por ocasião de crises econômicas”. Além deste aspecto, tais imigrantes tinham

conhecimento para realizar trocas comerciais e obter de informações com a Europa

(MAMIGORIAN, 1966 apud NAPOLEÃO, 2005, p.40).

Dessa forma, já no início do século XX, eram produzidos em Joinville artefatos de

celulóide (polímero natural), como fivelas, pentes, botões, entre outros, pela fábrica João

Hahanann. Nos anos 30, iniciou-se a produção de produtos de baquelite, pela Indústria de

Plásticos Ambalit S.A., e de produtos de chifre de boi (resina natural), pela Albano Koeber e

Cia. Esta última, que consiste no embrião da Tigre S.A. Tubos e Conexões - atualmente a

principal empresa da região e do país no setor de tubos e conexões de PVC -, foi comprada

em 1941 por João Hansen Junior, iniciando suas atividades nesse segmento nos anos 50. Nos

anos 60 foram inauguradas a Cipla Materiais de Construção – atuando no segmento de

mangueiras de polietileno e acessórios de plásticos para banheiro - e a Fundição Tupy S.A.,

que passou a atuar no segmento de plásticos, inclusive de tubos e conexões em PVC.

Destacou-se, nos 70, a inauguração da Akros S.A., também, no segmento de tubos e conexões

PVC, além de acessórios sanitários.

Um dos elementos relevantes para a constituição de um pólo industrial em Joinvile a

ser destacado é que a presença de uma aglomeração de indústrias na região acabou

determinando o surgimento de outras indústrias, em vista da infra-estrutura e qualificação da

mão-de-obra que foi se conformando no espaço local. Além disso, é comum, nessa região,

que ex-funcionários de empresas tornarem-se proprietários, o que tem sido verificado tanto

para atuação como fundadores de empresas do mesmo setor, como de setores concorrentes.

Nestes temos, observa-se que a Cipla Materiais de Construção, a Supra Indústria de Plásticos

e a Viqua Indústria de Plásticos Ltda. foram fundadas por ex-funcionários da Tigre S.A.; a

Plasbohn Ind. e Com. Ltda. por um ex-funcionário da Cipla; a Topjet Ind. e Comércio de

Plásticos Ltda., a Soujet Ind. e Com. de Plásticos, a Plasticoville Ind. Com. Prod. Plásticos

Ltda. e a Krona Ind. de Plásticos Ltda. por antigos empregados da Akros S.A.; a Mantac

Tecnologia em Mangueiras Ltda. por ex-funcionários da Cipla e da Perfitech, apenas para

citar alguns exemplos (NAPOLEÃO, 2005).

Concomitantemente a esse processo, a consolidação da indústria de transformação de

materiais plásticos no Brasil e em Santa Catarina foi beneficiada, a partir dos anos 50, pelos

Page 12: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

308

esforços do Estado para internalização da Cadeia Produtiva Petroquímica / Plástica (CPPP).

Isto ocorreu em virtude da ampliação da produção de resinas termoplásticas e estímulos à

nacionalização de máquinas e equipamentos para essa cadeia -, bem como a

internacionalização e conglomeração da PETROBRÁS e a instalação de complexos

petroquímicos na Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo, nos anos 70.

O Governo do Estado de Santa Catarina também assumiu papel relevante para o

desenvolvimento dessa indústria, sobretudo em termos de financiamento. Nesse aspecto,

destacaram-se, nos anos 70, os recursos provindos do Fundo de Desenvolvimento do Estado

de Santa Catarina (FUNDESC), dos quais 10,5% de um total de aproximadamente US$ 30

milhões destinaram-se para esse setor, enquanto nos anos 80 e início dos 90, destacou-se o

financiamento do Banco do Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (BADESC)

(3,2%). Finalmente, entre 1988 e 1999, prevaleceram os recursos do Programa de

Desenvolvimento da Empresa Catarinense (PRODEC), equivalente a US$ 30,5 milhões para

esse setor, que corresponderam a 5,2% do total dos recursos disponíveis por esse programa de

financiamento.

Por sua vez, nos anos 90, as empresas passaram por um processo de reestruturação,

com redução nos custos produtivos e administrativos, redução do mix de produtos, inovação e

redimensionamento de linhas de produtos, desverticalização, aumento de produtividade, com

aumento de produção e redução no número de empregados. Nesse período, algumas empresas

encerraram suas atividades produtivas, como a Ind. de Plásticos Ambalit e a Perfiltech,

enquanto outras foram vendidas, entre elas, a Akros S.A., que passou a ser controlada pelo

grupo suíço Amanco e a Fundição Tupy S.A., que vendeu suas unidades atuantes no segmento

de plásticos.

Nestes termos, observa-se que alguns fatores foram cruciais para o desenvolvimento

dessa indústria tanto no Estado e, mais especificamente, em Joinville, apesar da inexistência

de um complexo petroquímico no Estado ou de políticas setoriais específicas. Foram eles: (i)

o desenvolvimento precoce da atividade transformadora de resinas naturais, primeiramente e,

posteriormente, de resinas petroquímicas; (ii) a ligação entre esse município e a Europa, que

facilitou o conhecimento sobre o processo produtivo e a importação de máquinas e

equipamentos; (iii) spillovers relacionados à qualificação da mão-de-obra, que permitiu que

ex-funcionários fundassem empresas próprias, especialmente pequenas empresas, com baixo

investimento inicial; (iv) empreendimentos com recursos de poupança familiar e, em menor

grau, de programas de financiamento estadual, bem como muitas empresas surgiram como

resposta das políticas industriais nacionais da década de 70; (v) facilidade de adquirir, em

Page 13: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

309

alguns casos, máquinas e equipamentos no próprio local, em virtude da especialização eletro-

metal-mecânico da região e (vi) comportamento empresarial baseado em estratégias de

constantes investimentos em tecnologia, marketing, além de parcerias, especificamente entre

micro e pequenas empresas, e ativa inserção no mercado nacional, inclusive com instalação de

filiais em outros estados, no caso das grandes empresas.

3.6.2.2 Caracterização sócio-produtiva e perfil da comercialização

A região Nordeste catarinense destaca-se como a maior região produtora de produtos

plásticos transformados do Estado. De acordo com a Tabela 3.6.8, essa região concentra

41,4% dos empregados, 34,2% das empresas, 35,7% do consumo de matérias-primas (resinas)

demandadas e 43,3% do total do valor produzido na indústria de transformados de plásticos

de Santa Catarina. Nesse aspecto, destaca-se a aglomeração produtiva dessa indústria

localizada na microrregião de Joinville, que abrange, além de Joinville, os municípios de

Guaramirim e Jaraguá do Sul.

Tabela 3.6.8 - Número de estabelecimentos conforme atividade e tamanho da empresa no arranjo produtivo de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina -

2003 NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS

MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE TOTAL LOCAL / ATIVIDADE

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Part. APL (2)

Guaramirim Fabricação de embalagem de plástico 0 0 1 100 0 0 0 0 1 100 0,8 Fabricação de artefatos diversos de plástico 1 50,0 1 50,0 0 0 0 0 2 100 1,5 Subtotal 1 33,3 2 66,7 0 0 0 0 3 100 2,3 Jaraguá do Sul Fabricação de laminados planos e tubulares plástico

1 100 0 0 0 0 0 0 1 100 0,8

Fabricação de embalagem de plástico 8 88,9 0 0 1 11,1 0 0 9 100 6,9 Fabricação de artefatos diversos de plástico 6 75,0 2 25,0 0 0 0 0 8 100 6,1 Subtotal 15 83,3 2 11,1 1 5,6 0 0 18 100 13,7 Joinville Fabricação de laminados planos e tubulares plástico

3 75,0 0 0 1 25,0 0 0 4 100 3,1

Fabricação de embalagem de plástico 10 76,9 1 7,7 2 15,4 0 0 13 100 9,9 Fabricação de artefatos diversos de plástico 56 60,2 24 25,8 9 9,7 4 4,3 93 100 71,0 Subtotal 69 62,7 25 22,7 12 10,9 4 3,6 110 100 84,0 Total APL 0,00 Fabricação de laminados planos e tubulares plástico

4 80,0 0 0 1 20,0 0 0 5 100 3,8

Fabricação de embalagem de plástico 18 78,3 2 8,7 3 13,0 0 0 23 100 17,6 Fabricação de artefatos diversos de plástico 63 61,1 27 26,2 9 8,7 4 3,9 103 100 78,6

TOTAL 85 64,9 29 22,1 13 9,9 4 3,1 131 100 100

Fonte: RAIS/MTE, 2003. (1) Quantidade de empresas em números absolutos. (2) Participação das empresas no total da região.

Page 14: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

310

Em 2003 esses municípios totalizam uma população de 607.327 habitantes, com

destaque para Joinville, com 461.578 habitantes, correspondendo por aproximadamente 76%

da população dos municípios que formam o APL, enquanto Jaraguá corresponde por 19,46%

e Guaramirim por 4,5%. Em 2001, conforme dados do IBGE, Joinville obteve o maior PIB

per capita do Estado (R$ 11.440,10), fato vinculado à forte atividade industrial do município,

que abrange não apenas o setor de plásticos transformado, mas diversos setores, tais como

metal-mecânico, têxtil, entre outras atividades.

Conforme o maior nível de desagregação da RAIS/MTE, as atividades desenvolvidas

por 131 empresas da indústria de transformados plásticos na microrregião de Joinville são:

fabricação de laminados planos e tubulares plásticos (3,8% dos estabelecimentos), fabricação

de embalagem de plástico (17,6%) e fabricação de artefatos diversos de plásticos (78,6%). Em

relação aos fornecedores, encontrou-se, na RAIS, registro de apenas uma empresa produtora

de resinas termoplásticas de porte micro em Joinville, sendo que não havia registro, nesse

banco de dados, sobre o número de empregados nessa atividade.

Na região, 84,0% das empresas e 93,9% de um total de 7.063 empregados estão

localizados em Joinville, 13,7% e 4,9% em Jaraguá do Sul e 2,3% e 1,2% em Guaramirim.

Tabela 3.6.9 - Número de empregados conforme atividade e tamanho da empresa no arranjo produtivo de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina - 2003

NÚMERO DE EMPREGADOS MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE TOTAL

LOCAL / ATIVIDADE Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Qt. (1)

Part. (2)

Part. APL (2)

Guaramirim Fabricação de embalagem de plástico 0 0 34 41,5 0 0 0 0 34 41,5 0,5 Fabricação de artefatos diversos de plástico 0 0 48 58,5 0 0 0 0 48 58,5 0,7 Subtotal 0 0 82 100 0 0 0 0 82 100 1,2 Jaraguá do Sul Fabricação de laminados planos e tubulares plástico 5 1,4 0 0 0 0 0 0 5 1,4 0,1 Fabricação de embalagem de plástico 51 14,7 0 0 129 37,1 0 0 180 51,7 2,6 Fabricação de artefatos diversos de plástico 39 11,2 124 35,6 0 0 0 0 163 46,8 2,3 Subtotal 95 27,3 124 35,6 129 37,1 0 0 348 100 4,9 Joinville Fabricação de laminados planos e tubulares plástico 27 0,4 0 0 219 3,3 0 0 246 3,7 3,5 Fabricação de embalagem de plástico 52 0,8 52 0,8 505 7,6 0 0 609 9,2 8,6 Fabricação de artefatos diversos de plástico 244 3,7 1.141 17,2 1.970 29,7 2.423 36,5 5.778 87,1 81,8 Subtotal 323 4,9 1.193 18,0 2.694 40,6 2.423 36,5 6.633 100 93,9 Total APL Fabricação de laminados planos e tubulares plástico 32 0,5 0 0 219 3,1 0 0 251 3,6 3,6 Fabricação de embalagem de plástico 103 1,5 86 1,2 634 8,9 0 0 823 11,7 11,7 Fabricação de artefatos diversos de plástico 283 4,0 1.313 18,6 1970 27,9 2.423 34,3 5.989 84,8 84,8

TOTAL 418 5,9 1.399 19,8 2.823 40,0 2.423 34,3 7.063 100 100

Fonte: RAIS/MTE, 2003. (1) Quantidade de empregados em números absolutos. (2) Participação dos empregados no total da região.

Page 15: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

311

Assim como no Brasil, no conjunto do APL as micro e pequenas empresas são

predominantes, sendo que as micro correspondem a 64,9% do total, as pequenas por 22,1%,

as médias por 9,9% e as grandes por 3,1%. Em Jaraguá do Sul e Joinville predominam a

presença de microempresas, representando 83,3% e 62,7%, respectivamente, enquanto em

Guaramirim destacam-se as empresas de pequeno porte, que correspondem a 66,7% do total

de empresas desse município, conforme a Tabela 3.6.9.

Apesar dessa indústria não se caracterizar, no país, pela presença de uma mão-de-obra

altamente qualificada, Joinville destaca-se em relação ao maior grau de instrução dos seus

empregados em comparação aos outros dois municípios do arranjo produtivo em estudo. Em

Joinville, 13,0% dos empregados possuem nível superior completo, contra 4,9% em

Guaramirim e 2,3% em Jaraguá do Sul, segundo a Tabela 3.6.10.

Tabela 3.6.10 - Grau de instrução médio por empregado conforme atividade no arranjo

produtivo de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina - 2003 GRAU DE INSTRUÇÃO

LOCAL / ATIVIDADE ANALFA-BETO

1º GR. INCOMP.

1º GR. INCOMP.

2º GR. INCOMP.

2ºGR. COMP.

SUP. INCOMP.

SUP. COMP.

TOTAL

Guaramirim Fabricação de embalagem de plástico 0 14 3 7 7 1 2 34

Fabricação de artefatos diversos de plástico

0 14 9 11 10 2 2 48

Subtotal 0 28 12 18 17 3 4 82 Participação no local (1) 0 34,2 14,6 22,0 20,7 3,7 4,9 100 Jaraguá do Sul Fabricação de laminados planos e tubulares plástico 0 2 1 1 1 0 0 5

Fabricação de embalagem de plástico

0 27 62 35 51 4 1 180

Fabricação de artefatos diversos de plástico 0 8 90 25 31 2 7 163

Subtotal 0 37 153 61 83 6 8 348 Participação no local (1) 0 10,6 44,0 17,5 23,9 1,7 2,3 100 Joinville Fabricação de laminados planos e tubulares plástico

0 21 72 19 124 4 6 246

Fabricação de embalagem de plástico 1 74 183 121 169 14 47 609

Fabricação de artefatos diversos de plástico

6 691 1.456 543 1.993 278 811 5.778

Subtotal 7 786 1.711 683 2.286 296 864 6.633 Participação no local (1) 0,11 11,9 25,8 10,3 34,5 4,5 13,0 100 Total APL Fabricação de laminados planos e tubulares plástico

0 23 73 20 125 4 6 251

Fabricação de embalagem de plástico

1 115 248 163 227 19 50 823

Fabricação de artefatos diversos de plástico 6 713 1.555 579 2.034 282 820 5.989

TOTAL 7 851 1.876 762 2.386 305 876 7.063 PARTICIPAÇÃO NO APL (1) 0,1 12,1 26,6 10,8 33,8 4,3 12,4 100

Fonte: RAIS/MTE, 2003. (1) Valores em percentual.

Page 16: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

312

Por sua vez, Guaramirim possui o maior número de trabalhadores com primeiro grau

incompleto, 34,2%, enquanto em Jaraguá do Sul predominam os trabalhadores com primeiro

grau completo, 44,0%, e em Joinville com ensino médio completo, 34,5%. A maior

capacitação da mão-de-obra localizada em Joinville tem relação com o ambiente institucional

do município em termos de instituições de ensino médio e superior, que formam profissionais

que são absorvidos pela própria indústria local.

Essa indústria também é caracterizada pela baixa faixa de remuneração salarial da

grande parte dos trabalhadores, especificidade de setores nos quais predomina uma mão-de-

obra de restrita qualificação. De acordo com dados da RAIS/MTE, para o ano de 2003,

demonstrados na Tabela 3.6.11, no conjunto do APL 47,9% dos empregados recebem numa

faixa de 2 a 4 salários mínimos e 20,6% recebiam de 4 a 7 salários mínimos.

Tabela 3.6.11 - Faixa de remuneração média por empregado conforme no arranjo produtivo

de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina - 2003 FAIXA DE REMUNERAÇÃO MÉDIA POR EMPREGADO

LOCAL / ATIVIDADE ATÉ 2 2,01 À 4 4,01 À 7 7,01 À 15 15,01 À 20 MAIS DE 20 IGNORADO TOTAL

Guaramirim Fabricação de embalagem de plástico

16 10 8 0 0 0 0 34

Fabricação de artefatos diversos de plástico

19 22 5 1 1 0 0 48

Total 35 32 13 1 1 0 0 82 % no local 42,7 39,0 15,9 1,2 1,2 0 0 100 Jaraguá do Sul Fabricação de laminados planos e tubulares plásticos

5 0 0 0 0 0 0 5

Fabricação de embalagem de plástico

54 92 27 7 0 0 0 180

Fabricação de artefatos diversos de plástico

33 96 24 10 0 0 0 163

Total 92 188 51 17 0 0 0 348 % no local 26,4 54,0 14,7 4,9 0 0 0 100 Joinville Fabricação de laminados planos e tubulares plásticos 59 155 25 5 0 1 1 246

Fabricação de embalagem de plástico

48 258 164 109 8 22 0 609

Fabricação de artefatos diversos de plástico

641 2.749 1.205 768 172 234 9 5.778

Total 748 3.162 1.394 882 180 257 10 6.633 % no local 11,3 47,7 21,0 13,3 2,7 3,9 0,2 100 Total APL Fabricação de laminados planos e tubulares plásticos

64 155 25 5 0 1 1 251

Fabricação de embalagem de plástico

118 360 199 116 8 22 0 823

Fabricação de artefatos diversos de plástico

693 2.867 1.234 779 173 234 9 5.989

TOTAL 875 3.382 1.458 900 181 257 10 7.063

% NO LOCAL 12,4 47,9 20,6 12,7 2,6 3,6 0,1 100

Fonte: RAIS/MTE, 2003.

Page 17: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

313

Guaramirim é o município com pior remuneração, pois 42,7% dos empregados

recebiam até 2 salários mínimos, contra 26,4% em Jaraguá do Sul e 11,3% em Joinville. Na

faixa salarial entre 4 a 7 salários mínimos, Guaramirim possui 39,0% dos seus trabalhadores,

enquanto Jaraguá do Sul e Joinville possuíam 54,0% e 47,7%, respectivamente. Apenas em

Joinville encontraram-se registros para empregados que recebiam mais de 20 salários

mínimos em 2003 (3,9%).

Em termos de porte de empresas, nas microempresas 89,2% dos empregados recebem

até 4 salários mínimos, enquanto nas pequenas e médias empresas 62,6% e 56,8% recebem

entre 2 e 4 salários mínimos, respectivamente, conforme a Tabela 3.6.12. Nas empresas de

grande porte, que são encontradas somente em Joinville, 30,3% dos empregados recebem 2 a

7 salários mínimos, 28,4% de 4 a 7 e 21,8% de 21,8% de 7 a 15 salários mínimos,

evidenciando, portanto, que as empresas de médio e grande portes oferecem maiores salários.

Tabela 3.6.12 - Faixa de remuneração média por empregado conforme tamanho da empresa no arranjo produtivo de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa

Catarina - 2003 MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE TOTAL FAIXA

SALARIAL / TAMANHO DA FIRMA

Empreg. (1)

Part. (2) Empreg. (1)

Part. (2) Empreg. (1)

Part. (2) Empreg. (1)

Part. (2) Empreg. (1)

Part. (2)

Até 2 205 49,0 238 17,0 315 11,2 117 4,8 875 12,4 2,01 até 4 168 40,2 876 62,6 1.604 56,8 734 30,3 3.382 47,9 4,01 até 7 28 6,7 207 14,8 535 19,0 688 28,4 1.458 20,6 7,01 até 15 16 3,8 70 5,0 286 10,1 528 21,8 900 12,7 15,01 até 20 0 0 4 0,3 28 1,0 149 6,2 181 2,6 Mais de 20 1 0,2 4 0,3 51 1,8 201 8,3 257 3,6 Ignorado 0 0 0 0 4 0,1 6 0,3 10 0,1 TOTAL 418 100 1.399 100 2.823 100 2.423 100 7.063 100

Fonte: RAIS/MTE, 2003. (1) Número de empregados em valores absolutos. (2) Participação dos empregados em percentual.

No tocante à remuneração, conforme a atividade, 87,2% dos empregados da classe

fabricação de laminados planos de plásticos, em que predominam as microempresas (80%),

recebiam até 4 salários mínimos em 2003, contra 58,1% na classe fabricação de embalagem

de plástico e 59,4% na fabricação de artefatos diversos de plástico, conforme a Tabela 3.6.13.

Page 18: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

314

Tabela 3.6.13 - Faixa de remuneração média por empregado conforme atividade no APL de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina - 2003

FAIXA DE REMUNERAÇÃO MÉDIA POR EMPREGADO ATIVIDADE NO APL

ATÉ 2 2,01 À 4 4,01 À 7 7,01 À 15 15,01 À 20

MAIS DE 20

IGNORADO TOTAL

Fabricação de laminados planos e tubulares plásticos

25,5 61,8 10,0 2,0 0 0,4 0,4 100

Fabricação de embalagem de plástico

14,3 43,7 24,2 14,1 1,0 2,7 0 100

Fabricação de artefatos diversos de plástico 11,6 47,9 20,6 13,0 2,9 3,9 0,2 100

Fonte: RAIS/MTE, 2003.

Quanto aos produtos fabricados, na microrregião de Joinville, considerando-se

informações do Sindicato da Indústria de Materiais Plásticos (SIMPESC), órgão

representativo de classe que congrega algumas das empresas produtoras, observa-se que os

principais produtos produzidos são agrupados na classe fabricação de artefatos diversos de

plástico, com destaque para peças, como mangueiras, tubos, entre outros acessórios em geral

para construção civil em PVC, embalagens e utensílios domésticos.

O APL de materiais plásticos da região Nordeste conta com quatro das dez maiores

empresas de transformados plásticos do país, sendo destaques as empresas Tubos e Conexões

Tigre S. A, a Amanco do Brasil S. A., Interfibra Industrial S. A. e a Cipla Materiais de

Construção S. A. Ainda que faltem algumas informações na Tabela 3.6.14, se observa que

dentre estas as duas primeiras fabricam produtos dirigidos ao segmento da construção civil –

tubos e conexões de PVC -, possuem maiores registros de número de trabalhadores e

alcançam maiores volumes de produção e vendas em milhões de dólares.

Tabela 3.6.14 - Principais empresas do arranjo produtivo de transformados plásticos da região

Nordeste do estado de Santa Catarina - 2003

EMPRESA PRODUTOS FABRICADOS (2)

NÚMERO DE EMPREGADOS

VOLUME PRODUÇÃO

(2) VENDAS CRESCI-

MENTO (7)

LUCRO LÍQUIDO

AJUSTADO Tubos e Conexões Tigre S.A.

tubos e conexões de PVC

2.592 (1) ... 587,8 (1) (5) 33,10 (1) 20,3 (1) (8)

Amanco Brasil S.A.

tubos, conexões e acessórios de PVC

1.453 (1) 14.613 (4) 222,4 (1) (5) … ...

Interfibra Industrial S.A.

caixas d´água, conexões, epóxi, tanques, tubos

revestidos com fibra de vidro

134 (3) 72.301 (3) (9)

5,50 (3) (6) ... ...

Cipla Materiais de Construção S.A

Autopeças, outras obras de plásticos, outros artigos de

higiene ou de tocador de plásticos

608 (3) … … … ...

Fonte: (1) Revista Exame – Maiores e Melhores 2004. (2) SIMPESC. (3) FIESC - em Dados 2004. (4) Produção em toneladas. (5) Vendas em US$ milhões. (6) Vendas em R$ milhões. (7) Valores em percentual. (8) Valor em US$ milhões. (9) Produção em peças. Nota: Sinal convencional utilizado:

... Dado numérico não disponível.

Page 19: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

315

Na área de logística de transporte, o arranjo encontra-se atendido em suas

expectativas, pois trecho da BR-101 que liga o arranjo ao Sul com o estado do Rio Grande do

Sul, encontra-se duplicado até Florianópolis e de Osório a Porto Alegre, e ao Norte com os

estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, podendo assim atender aos principais

mercados regionais. Assim como, o acesso aos Portos de São Francisco do Sul e Itajaí não se

constitui em grandes problemas para a exportação de produtos das empresas, pois o trecho

acha-se quase que totalmente duplicado. O maior problema resume-se ao trecho

Florianópolis-Osório, em processo de duplicação, porém em ritmo ainda considerado lento

pelos especialistas na área de transportes.

3.6.2.3 Arcabouço institucional público e privado

O arranjo em estudo conta com várias instituições de apoio estabelecidas nos campos

de representação de interesse empresarial e educacional, conforme Quadro 3.6.1.

INSTITUIÇÃO ANO DE FUNDAÇÃO

ÁREA DE ATUAÇÃO

PRINCIPAIS FUNÇÔES E FILIADOS

ENSINO Escola Fundação Tupy - Local Cursos técnicos em materiais plásticos

Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (UDESC)

1965 Local, Estadual e Nacional

Curso superior em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção

REPRESENTAÇÃO Sindicato da Indústria de Materiais Plásticos (SIIMPESC)

1971 Estadual Representar os interesses das empresas em instâncias decisórias sobre questões voltadas à política econômica, tributária, trabalhista

e sindical

Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIC)

1911 Local

Representar as empresas associadas em demandas econômicas e políticas e prestar assessoria jurídica/

Associação Brasileira da Indústria de Materiais Plásticos (ABIPLAST)

1967 Nacional

Representar interesses nacionais da indústria de materiais plásticos realizando análises conjunturais e diagnósticos; fornecendo parecer

jurídicos, tributários, trabalhistas e comerciais; e orientado à atividade para o comércio exterior, etc.

FINANCEIRA E DE FOMENTO Banco do Brasil S A .(BB)

- Nacional Concessão de crédito

Banco Brasileiro de Descontos S. A .(BRADESCO)

- Nacional Concessão de crédito

Caixa Econômica Federal S A (CEF)

- Nacional Concessão de crédito

Serviço Brasilerio de Apoio a Micro e Pequena Empresas (SEBRAE)

- Nacional Agência de fomento

Fonte: Pesquisa de campo. Quadro 3.6.1 - Caracterização das principais instituições presentes no arranjo produtivo de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina - 2005

Page 20: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

316

Dentre as instituições representativas de interesse destaca-se o SIMPESC cujas

funções são de representar os interesses das empresas em instâncias decisórias sobre questões

voltadas à política econômica, tributária, trabalhista e sindical. Existe também no local, a

Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ), de maior abrangência institucional,

dado que abarca representação de interesses de empresas industriais e comerciais de todas as

empresas industriais e comerciais da região de Joinville, cujas funções são de contribuir para

promover, representar e defender os interesses das empresas associadas na construção de

melhorar as condições competitivas.

No campo educacional, existem no arranjo produtivo de materiais plásticos cursos

técnicos e superiores voltados à formação de profissionais para atuação neste setor produtivo.

Dentre os cursos técnicos existentes destacam-se os oferecidos pela Escola Técnica Tupy.

Conta esta escola com o Centro de Informação em Manufatura Integrado por Computador

para Componentes Plásticos Injetados (CIMJECT) com cursos em CAD/CAE/CAM e

operação de máquinas CNC, importantes para formação profissional de trabalhadores. No

ensino superior, a Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Cataria

(UDESC) dentre os cursos de Engenharia que oferece, os de Engenharia de Mecânica e

Engenharia de Produção são os mais próximos da atividade econômica desenvolvida, pois não

há curso de Engenharia de Materiais no local.

3.6.2.4 Fornecedores de máquinas e equipamentos e insumos

O setor de transformados plásticos é receptor de tecnologia, portanto, dependente da

indústria de bens de capital fornecedora de máquinas e equipamentos. As máquinas e

equipamentos que compõem a planta industrial são coextrusoras de matrizes planas,

termoformadoras de altas tiragens, dosadores gravimétriscos, sopradoras elétricas, injetoras

para CD, etc. Os fornecedores são nacionais, para máquinas e equipamentos de menor

conteúdo tecnológico, e importados para os mais sofisticados. Porém, empresas nacionais têm

realizado alianças tecnológicas para produzir no país, máquinas com maior sofisticação

tecnológica. Cita-se o exemplo da fabricação de máquinas extrusosas e de moldagem, onde

empresas nacionais fazem alianças tecnológicas e comerciais com empresas estrangeiras.

Todavia, segundo Souza (2002), 90% das máquinas utilizadas neste segmento

produtivo são produzidas no Brasil. A indústria brasileira de bens de capital produtora de

Page 21: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

317

máquinas e equipamentos reestruturou e procurou reduzir a distância do padrão produtivo

internacional, oferecendo produtos e serviços que levam o segmento de transformados

plástico a garantir elevada demanda pelos seus produtos. Como conseqüência, seus preços são

considerados mais competitivos do que os importados e os serviços pós-venda oferecidos são

considerados, por muitos empresários, como um dos principais motivos pela preferência dos

equipamentos nacionais.

Considerando-se o significativo número de empresas produtoras de transformados

plásticos no país e diante das expectativas de crescimento do mercado consumidor, empresas

produtoras de máquinas e equipamentos têm buscado e facilitado alianças tecnológicas com

empresas de bens de capital no país. Este movimento está gerando respostas positivas de

outras empresas em melhorar as condições competitivas existentes no intuito de não perder

participação no mercado fornecedor de máquinas e equipamentos.

No tocante ao fornecimento das principais matérias-primas, observa-se que se

encontra consolidado e com capacidade de atendimento de demanda regional. A segunda

geração petroquímica garante a oferta de resinas tais como polipropileno, PVC e outras, sem

que haja possibilidades de ocorrência de problema de abastecimento. Além desta condição,

considera-se como handcap favorável a localização do arranjo em estudo situar-se entre os

dois principais pólos petroquímicos do país: São Paulo e Rio Grande do Sul. Corrobora,

também, a presença de representantes comerciais, distribuidores e atacadistas no local que se

encarregam de fornecer os insumos: PET, PVC, PV e outros, no intuito de atender as

necessidades das empresas transformadoras de plástico.

3.6.2.5 Incentivos públicos

Empresas do arranjo de transformados plásticos utilizam-se de incentivos públicos

oferecidos pelo Governo estadual para realizarem processos de modernização e expansão da

planta industrial. O financiamento oferecido pelo Programa de Desenvolvimento da Empresa

Catarinense (PRODEC) possibilita as empresas utilizarem parte valor do tributo (ICMS) que

deveria ser recolhido aos cofres públicos para que seja destinado a investimentos em compra

de máquinas e equipamentos, aumento do tamanho da planta industrial, adoção de novas

técnicas produtivas, etc, com o compromisso de recolhimento futuro.

Page 22: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

318

Tabela 3.6.15 - Principais empresas do arranjo produtivo de transformados plásticos da região Nordeste do estado de Santa Catarina beneficiadas pelo financiamento PRODEC – 1998-2004 ATIVIDADE NOME MUNICÍPIO EMPREGOS A

SEREM GERADOS MONTANTE DO

FINANCIAMENTO (1) Cryovac Embalagens Ltda. Jaraguá do Sul 100 8.877.592,00 Tecnoperfil Plásticos Ltda. Joinville 150 2.135.000,00

Amanco Brasil Ltda. Joinville 205 32.225.000,00 Ilpea do Brasil Ltda. Joinville 200 7.687.500,00

Tecnofibras S.A. Unidade 2 Joinville 90 2.676.000,00 Tecnofibras S.A. Unidade 1 Joinville 80 2.737.800,00

AB Plast Manufaturados Plásticos Ltda. Joinville 94 3.064.000,00 Socem do Brasil Ltda. Joinville 12 835.416,36

Krona Indústria de Plásticos Ltda. Joinville 44 9.452.655,79 Sistemas de Identificação Animal Ltda. Joinville 120 9.994.238,00

APL da Região de Joinville

Ilpea do Brasil Ltda. Joinville 160 11.530.900,00

Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina / PRODEC. (1) Em R$.

Neste sentido, constata-se que no período de 1998-2004, diversas empresas recorreram

a este benefício gerando, em contrapartida, empregos na região em estudo, conforme a Tabela

3.6.15. Grandes e médias empresas como a Amanco e a Tecno fibras, entre outras,

demandaram recursos que no total do período alcançam a cifra em torno de R$ 70.000.000,00

e geração próxima de 1.000 empregos.

3.3.2.6 Nível e capacitação tecnológica

O nível tecnológico das empresas de transformados plásticos mostra-se distinto por

porte empresarial, sendo que as grandes e médias, e parte das pequenas empresas, se

encontram capacitadas a atender às especificações técnicas e padrões de qualidades exigidos.

Enquanto parte significativa de MPEs ainda se encontra defasada em temos de tecnologia,

processos, práticas organizacionais. Considera-se neste aspecto o mercado atingido pelas

empresas, pois empresas de maiores portes atuam em mercados específicos cujos produtos

requerem maior conteúdo tecnológico, enquanto as micro e pequenas empresas alcançam

mercado plástico abrangente.

Por sua vez, o setor vem passando por transformações tecnológicas em face do

aumento das exigências tecnológicas feitas pelas fornecedoras das grandes empresas no

mercado. Esta exigência na cadeia produtiva tem conduzido à realização de esforços voltados

em aumentar a capacitação tecnológica. No mesmo sentido, o ingresso de empresas

multinacionais no setor a partir do estabelecimento de plantas industriais no país na produção

de plásticos a partir de extrusão rígida de PVC e de injeção em moldes tem exigido respostas

Page 23: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

319

empresariais, sobretudo das de grandes e médios portes, levando-as ao aprimoramento

tecnológico e a alianças tecnológicas.

Contudo, de uma forma geral, como um setor receptor de tecnologia, há influência

sobre o nível tecnológico exigido à montante e à jusante. À montante do setor, a indústria de

máquinas e equipamentos e em particular a de molde de fabricação impulsiona a dinâmica

tecnológica com produtos que aumentam a qualidade e a quantidade dos plásticos fabricados,

bem como reduzem as perdas, tempo de produção e custos industriais. À jusante recebe dos

clientes impulso a partir de design para fabricação de peças dedicadas, proporcionando

incentivo para mudança técnica que atenda às necessidades e interesses dos consumidores.

Por sua vez, a área de desenvolvimento e design é considerada limitada em face de

razões estruturais que conformam muitos setores industriais. Fatores limitadores presentes em

segmentos como móveis, têxtil-confecções, calçados, entre outros, se verificam no segmento

de transformados plásticos no tocante à utilização do design como fator competitivo. Dentre

os fatores citados, destacam-se: precária formação técnica de designer, baixos investimentos

destinados a criar condições próprias para desenvolvimento em design, comodismo

empresarial em face da visão de que a prática interna da empresa forma o designer e etc.

Ainda que haja espaços para serem melhorados, sobretudo na capacitação tecnológica

para atender segmentos à jusante – clientes – a indústria atende um mercado cuja estrutura de

demanda apresenta um parque industrial relativamente completo e integrado e com padrão de

consumo que não se distancia muito dos países desenvolvidos (SOUZA, 2002). Entretanto, o

nível e capacidade tecnológica das empresas estão proporcionando mudança na estrutura

industrial em face do aprofundamento da assimetria tecnológica entre empresas. Está-se

firmando uma divisão clara no segmento, onde a produção de plásticos de maior valor

agregado está ficando concentrada em poder das empresas estrangeiras e algumas nacionais

de grande porte, enquanto a maioria das empresas nacionais está sendo deslocada para a

produção de artefatos menos complexos e de margens menores.

Por sua vez, os esforços de capacitação tecnológica existentes ocorrem através de

mecanismos formais e informais de aprendizagem tecnológica. Grandes empresas, como a

Tigre, Amanco e Interfibra, do arranjo em estudo dedicam percentual para infra-estrutura

interna existente, com gastos anuais para P&D, onde o aprendizado na sua forma learning by

searching resulta em inovações incrementais importantes em produtos destinados à indústria

da construção civil. Contudo, micro e pequenas empresas não possuem infra-estrutura

tecnológica formalmente constituída, cujos processos inovativos decorrem em grande monta

por mecanismos informais, em particular nos processos produtivos realizados no interior da

Page 24: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

320

planta industrial através do aprender por fazer – learning by doing – estimulado pelo

conhecimento e experiência de trabalhadores em sua atividade produtiva.

Por ser uma indústria cujos segmentos à montante e à jusante exercem influência no

desenvolvimento tecnológico das empresas atuantes no setor de transformados plásticos,

fornecedores e clientes são atores importantes em estimular processos inovativos. Neste

contexto, os mecanismos de aprendizagem por interação e por uso – learning by interacting e

learning by using – promovem mudanças técnicas tanto de processo como de produto. No

âmbito dos fornecedores de equipamentos e insumos, ocorrência de trocas de informações

tecnológicas, manutenção de visitas periódicas, assistência técnica-tecnológicas e etc; e no

campo dos clientes, pesquisa de mercado sobre tendências, solução de problemas tecnológicos

apontados, entre outros aspectos, geram fortes estímulos em favor do processo inovativo de

característica incremental, fortemente estimulado pela capacidade de diferenciação de produto

que esta indústria possui no campo dos fornecedores de equipamentos e insumos.

3.6.2.7 Cooperação e governança

No arranjo em estudo, observa-se a liderança das grandes empresas produtoras de

transformados plásticos voltados à construção civil, Tigre e Akros, que através de processos

de terceirização comandam uma rede de cooperação em diferentes tipos de prestação de

serviços e oferta de produtos. Tais empresas ditam o ritmo da atividade local, impulsionando

e restringindo a dinâmica produtiva, justiçada pela magnitude das demandas perante outras

empresas.

Por outro lado, em segmento de transformados plásticos de menor valor agregado,

existe grande rivalidade entre empresas atuantes, dificultando ações que geram benefícios

coletivos. A rivalidade de preços sem a busca de redução de custos conduz em muitos casos à

guerra de preços estimulando ações individuais e inviabilizando ações coletivas, como forma

de sobrevivência empresarial.

Contudo, a despeito da rivalidade colocada no âmbito do mercado consumidor

observa-se no interior do processo produtivo, sobretudo em produtos com características

específicas definidas, a ocorrência de relações cooperativas entre empresas transformadoras

de plástico e empresas produtoras de moldes para plásticos. Em face da natureza da forma que

o produto vai assumir, interagem trabalhadores e técnicos especializados na definição do

Page 25: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

321

design, em testes de protótipo e etc., enraizando relações técnico-produtivas importantes no

processo produtivo que se desenvolve no local.

A principal associação representativa de classe é o SIMPESC que exerce liderança

junto às empresas, em particular sobre as empresas de pequeno porte cujas ações citadas são

pautadas mais pela individualidade do que formas cooperativas. Como representante

institucional do setor constituí seu interlocutor junto a outras instituições tais como a

Associação Brasileira da Indústria de Material Plástico (ABIPLAST), Federação das

Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), Governo do Estado de Santa Catarina, entre

outros.

Duas importantes ações recentes marcam a gestão do SIMPESC no arranjo em estudo.

A primeira, relacionada à realização de feiras e eventos no arranjo, como a promoção da 2a.

Feira Nacional de Integração da Tecnologia do Plástico, neste ano de 2005, em parcerias com

outras instituições como a ABIPLAST, FIESC e Associação Brasileira da Indústria de

Máquinas (ABIMAQ) e o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE), cujo número de participantes ultrapassou representantes de 250 empresas. E, a

segunda, relacionada à convocação de empresas a participarem do programa “APL da

Indústria de Plástico” desenvolvido em parceria com o SEBRAE voltado à realização de

estudos sobre gestão das empresas, apoiando seminários de capacitação, consultoria de

mercado, entre outros.

3.6.2.8 Vantagens, dificuldades e políticas de desenvolvimento

3.6.2.8.1 Vantagens

O arranjo produtivo de transformados plásticos apresenta uma estrutura produtiva que

contribui de forma significativa para Santa Catarina figurar como segundo maior produto de

plástico do país, em torno de 15% da produção nacional, considerando que praticamente 60%

da produção estadual provém deste espaço produtivo. Contribui de forma significativa para

tanto a presença de grandes empresas no local, 4 das 10 maiores do país. Da mesma forma,

registra-se a contribuição de médias e parte de pequenas empresas com estruturas produtivas

que acompanham tendências tecnológicas ditadas pelo setor, cujo reflexo ocorre em termos de

maior quantidade e melhor qualidade dos produtos, bem como em menores custos e perdas

em processos produtivos.

Page 26: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

322

Corroboram neste sentido os canais de atendimento do mercado consumidor, num

primeiro plano estabelecido pelas grandes e médias empresas que possuem fortes relações

comerciais com atacadistas e distribuidores no país, sobretudo a Tigre e a Akros. Existe uma

competência conquistada por estas empresas, onde a publicidade, o marketing de

relacionamento, o merchandising e as fortes relações com distribuidores – varejistas exploram

o conceito marca/empresa que garantem elevada participação de vendas no mercado nacional.

Constitui, também, um handcap competitivo favorável no setor que são os gastos em

P&D, num primeiro plano, pelas grandes empresas que possuem infra-estrutura tecnológica

que permite explorar as oportunidades que se abrem a partir da base tecnológica existente,

diferenciando produtos dentro do escopo de suas especialidades produtivas. Porém médias e

parte de pequenas empresas realizam esforços de capacitação tecnológica explorando as

possibilidades que se abrem nos mecanismos informais de aprendizagem, beneficiando-se das

qualidades do produto que permitem inovações de produtos em maior dimensão do que outros

no mercado.

Assim como, aponta-se como um elemento importante na criação de vantagens

competitivas na indústria local de transformados plásticos, a existência de um número

significativo de empresas do segmento da metal-mecânica, que dentre suas atividades produz

moldes para a indústria de plástico. Estudos apontam a existência de pouco mais de 50

empresas formais ligadas à produção de molde, porém relatos de pesquisa de campo registram

quase 3 centenas de empresa de molde, em sua grande maioria exercendo atividade informal,

dado que é característica desta atividade possuir até 10 empregados (RESENDE e GOMES,

2003). As relações que se formam entre empresas de transformados plásticos com empresas

fabricantes de molde desenvolve uma rede de cooperação gerando externalidades positivas

com efeitos de ganhos competitivos.

3.6.2.8.2 Obstáculos

Enquanto as empresas de maiores portes procuram se atualizar tecnologicamente em

face da dinâmica concorrencial, sobretudo por pressões dos produtos importados e de

empresas multinacionais que adentram o espaço produtivo doméstico, as de pequeno porte

deparam com dificuldades que limitam o processo de crescimento. Dentre os obstáculos

citados destacam-se as dificuldades de atender aos requisitos para a implantação da ISO 9000,

Page 27: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

323

elevados impostos para importação de equipamentos sem similar nacional e inexistência de

financiamento para aquisição de tecnologia de ponta externa.

Outra realidade existente neste segmento transformador de materiais plásticos

encontra-se na pouca inserção no mercado externo. A produção destina-se em grande

proporção ao mercado interno, deixando transparente a falta de mentalidade exportadora no

setor. A existência de um mercado interno amplo cuja demanda feita, em grande parte, pelos

segmentos industriais garante de forma satisfatória a capacidade produtiva das empresas.

Além deste aspecto, citam-se outros fatores restritivos: distância entre produtores

exportadores e governo, barreiras não tarifárias – quotas para importação, barreiras técnicas e

falta de articulação entre empresários no compartilhamento de recursos e serviços, e

deficiente estrutura portuária e elevado custo dos fretes marítimos.

Coloca-se como problema estrutural deste setor o baixo desenvolvimento na área de

design, impossibilitando aproveitar as condições estruturais de produção existentes. Carece o

setor no arranjo em estudo de cursos de formação e treinamento em design, cuja formação do

profissional ocorre em grande proporção no exercício cotidiano da função exercida nas

empresas. Empresários, por sua vez, não colocam entre suas preocupações de investimento a

área de designer, com isso, até a formação in house baseada na aquisição de experiência e

habilidade do trabalhador na função fica limitada. Esta limitação, por sua vez, restringe a

ocorrência de ações interativas com o segmento da metal-mecânica fabricador de moldes para

a indústria de materiais plásticos.

Dificuldades de acesso ao crédito constitui um elemento a construção de melhores

condições competitivas, sobretudo para as MPEs. Segundo Souza (2002), as possibilidades

reduzidas de acesso ao financiamento e seus elevados custos acabam inviabilizando salto de

empresa de menores porte em atualização tecnológica de sua planta produtiva. Esta

dificuldade estende-se para o segmento produtor de moldes e acessórios para moldagem de

plásticos, gerando círculo vicioso por limitar o processo de criação de design.

Existem críticas pela inexistência de um centro tecnológico no local. Dada a

importância produtiva deste produto, tanto em nível estadual como local, a falta de uma

instituição de apoio tecnológico voltado à prestação de serviços tecnológicos (testes, ensaios,

cursos, assistência técnica, etc) e ao desenvolvimento de pesquisas (produto e processo) cria

obstáculos para empresas se beneficiarem de externalidades positivas geradas no local.

Outras dificuldades são citadas como obstáculos à obtenção de maior competitividade

e colocam as empresas em posição desfavorável perante os concorrentes externos. Citam os

empresários que a elevada carga tributária situada entre 28% a 32% no custo final do produto

Page 28: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

324

elevam o preço final e restringem a demanda no mercado. Assim como, apontam a fraca da

atuação do INMETRO na avaliação dos produtos importados, facilitando, por conseqüência a

entrada no mercado interno (SOUZA, 2002).

3.6.2.8.3 Política de desenvolvimento

Considerando que o desenvolvimento tecnológico constitui um dos itens a serem

continuadamente perseguidos, não somente pela necessidade de empresas atualizarem os

processos produtivos, mas também pela construção de capacidade voltada para explorar as

janelas de oportunidades que abrem na criação de produtos com maior valor agregado. Nestes

termos, sugerem-se as seguintes ações: a) incentivar empresas a criarem infra-estrutura

tecnológica interna; b) estimular a realização de acordos para desenvolvimento tecnológico

entre empresas nacionais e estrangeiras; c) criar linhas de financiamento para aquisição de

máquinas e equipamentos; incentivar; e d) estimular a P&D em universidades e centros de

pesquisas; e d) criar centro tecnológico local com infra-estrutura para desenvolvimento de

pesquisa e ensino.

No campo de capacitação de recursos humanos, o escopo de abrangência da política de

desenvolvimento setorial deve abarcar tanto trabalhadores como empresários, considerando

que a construção de competências empresarial envolve tanto pessoas que desenvolvem

atividades no processo de produção como de outras que tomam decisões estratégicas. Neste

sentido, propõem-se a seguintes ações: a) estimular empresas a criarem programa de incentivo

para formação e capacitação profissional de trabalhadores; b) criar cursos de aperfeiçoamento

gerencial para gerentes, diretores e empresários c) promover maior envolvimento institucional

para realização de ações destinadas à capacitação de pessoas; e d) apoiar a criação de cursos

de formação de mão-de-obra especialista em plástico nos níveis técnico e superior nas áreas

de processamento, design e engenharia de materiais.

Vinculado a setor de transformados plásticos encontra-se o segmento voltado à

produção de moldes, cujas interações são fundamentais para o desenvolvimento dos processos

produtivo e inovativo. Considerando-se que o estágio de desenvolvimento do segmento

produtor de moldura plástica pode tanto promover bem como constituir em barreira à

expansão de transformadores de plástico, sugerem-se as seguintes ações: a) estimular a

atualização tecnológica das empresas através de mecanismos tarifários favoráveis à

importação de bens de capital sem similar nacional; b) incentivar a compra de máquinas e

Page 29: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

325

equipamentos de origem nacional; c) criar linha de financiamento para aquisição de máquinas

e equipamentos nos mercados nacionais e externos; d) criar programa especial para

substituição de máquinas e equipamentos obsoletos em termos de estágio tecnológicos; e)

fomentar programas de capacitação de recursos humanos em áreas tecnológicas e gerenciais.

A indústria de transformação de plástico volta sua produção, em grande proporção

para o mercado doméstico, porém possui condições estruturais para contribuir na geração de

divisas externas para país. Neste sentido, sugerem-se as seguintes ações: a) criar programa de

conscientização empresarial acerca da importância de comercializar produtos no mercado

externo; b) realizar estudos acerca das características do mercado consumidor do país

importador; c) promover formas de divulgação dos produtos nacionais no exterior; d) realizar

consórcios de exportação para empresas de pequeno porte; e) criar regimes de incentivos

fiscal e creditício à exportação; e f) orientar as exportações para países com potencial de

mercado consumidor, além dos Estados Unidos e União Européia.

3.6.3 APL DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS DA REGIÃO SUL

3.6.3.1 Configuração e trajetória de constituição do APL

O APL de materiais plásticos da região Sul de Santa Catarina envolve cinco cidades

além de Criciúma, cidade-pólo regional. O arranjo abrange ainda os municípios de Içara,

Orleans, São Ludgero, Urussanga e Siderópolis. Este APL emprega 9,0% da população

formalmente empregada da região, cerca de 5.566 de um total de 61.464 existentes nesta

indústria em nível estadual (RAIS, 2001).

O surgimento deste APL está diretamente relacionado ao processo de diversificação e

ampliação produtiva que a economia regional adentra nos anos 1970, com o início da crise da

atividade carbonífera, que fulmina nos anos 1980 e atinge seu auge nos 1990. Os empresários

dessa atividade passaram a diversificar seus investimentos em outras atividades com os

excedentes do carvão visando ampliar as possibilidades de acumulação. Com esta crise

acelera-se o processo de diversificação produtiva na região, dentre os quais a produção de

vestuário, de cerâmica de revestimento e cerâmica vermelha, de plásticos, de eletro-metal-

mecânica, entre outros.

O setor de transformados plásticos demonstra trajetória de desempenho positivo na

região, uma vez que, em poucos anos assume a liderança na produção do segmento de

Page 30: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

326

transformados de plásticos descartáveis no país. Esta trajetória, por sua vez, foi constituída de

forma gradual, sem planejamento prévio e amparada na iniciativa do empresariado local, que

iniciou suas atividades com a produção de plásticos flexíveis. Os fatos apontam que as

primeiras empresas produtoras foram responsáveis pelo surgimento de novas empresas e pela

diversificação da atividade de embalagens flexíveis para a produção de descartáveis, passando

a ser produzida, em paralelo, sem ruptura de segmento produtivo.

A empresa Incoplast marca o surgimento deste setor na região. Foi fundada em 1962

no município de São Ludgero, apresentava estrutura familiar e era especializada na produção

de chinelos e calçados de PVC. Esta empresa adentra no segmento de embalagens em 1970,

período a qual já pertence ao mesmo Grupo de empresas que a Minasplast (da família

Schlickmann), fundada em 1977 na cidade de Urussanga, especializada na produção de

descartáveis plásticos (copos, pratos, bandejas e potes).

Outra empresa que marca o início destas atividades é a Plazom – Zomer Indústria de

Plásticos Ltda. criada em 1967 no município de Orleans e iniciou suas atividades na produção

de embalagens e sacolas plásticas. Nos anos 1970 se estabelece no município de Criciúma a

empresa Canguru Embalagens S.A., pertencente ao Grupo Zanatta, especializada na produção

de embalagens flexíveis plásticas, sendo uma das maiores produtoras deste segmento do país.

A partir desta empresas surgem várias micro e pequenas empresas em torno,

completando a oferta de produtos de materiais plásticos regional. Corrobora fortemente para

esta ocorrência o desempenho positivo das empresas pioneiras, somando-se as baixas

barreiras à entrada na indústria e a crescente demanda pelos produtos no mercado nacional. Se

nos anos 80 ocorre o fortalecimento deste setor produtivo, nos anos 1990 se processa a

expansão desta atividade em face da ampliação do mercado consumidor.

3.6.3.2 Caracterização sócio-produtiva e perfil da comercialização

No APL de materiais plásticos, especializado na produção de descartáveis e

embalagens, estão estabelecidas cerca de 66 empresas, segundo dados da RAIS (2001). Estas

empresas estão fortemente concentradas nas localidades de Criciúma e Orleans, conforme

Tabela 3.6.16.

Page 31: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

327

Tabela 3.6.16 - Número de estabelecimentos por município produtor do arranjo produtivo de transformados plásticos da região Sul do estado de Santa Catarina - 2001

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS CIDADE

Micro Part. (1) Pequena Part. (1) Média Part. (1) Grande Part. (1) Total Part. (1)

Criciúma 12 63.1 5 26,3 1 5,3 1 5,3 19 100 Içara 3 50,0 1 16,7 2 33,3 0 0,0 6 100 Orleans 8 50,0 4 25,0 4 25,0 0 0,0 16 100 São Ludgero 8 57,1 3 21,4 2 14,3 1 7,2 14 100 Siderópolis 1 33,3 2 66,7 0 0 0 0,0 3 100 Urussanga 2 25,0 4 50,0 2 25,0 0 0,0 8 100

TOTAL 34 51,5 19 28,8 11 16,6 2 3,0 66 100

Fonte: RAIS, 2001. (1) Participação em percentual no conjunto das empresas da região.

A pesquisa de campo revela que essas empresas atuam como geradores de emprego e

renda na região. Em termos de escolaridade dos trabalhadores, verifica-se concentração nos

graus de ensino nos itens ensino de até fundamental incompleto e completo, representando

mais de 50,0% para qualquer porte de empresas, sendo muito baixo o número de funcionários

com escolaridade de nível superior completo ou em andamento, como pode ser visto na

Tabela 3.6.17.

Tabela 3.6.17 - Escolaridade do pessoal ocupado nas empresas do arranjo produtivo de transformados plásticos da região Sul do estado de Santa Catarina - 2002

MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE GRAU DE ENSINO

Emp. (1) Part. (2) Emp. (1) Part. (2) Emp. (1) Part. (2) Emp. (1) Part. (2)

Analfabeto 1 1,2 5 0,6 14 0,8 1 0,1 Fundamental. Incompleto 45 26,5 206 26,5 619 34,0 384 27,9 Fundamental Com. 57 33,5 189 24,3 655 35,9 414 30,1 Médio Incompleto. 9 5,3 83 10,7 90 4,9 175 12,7 Médio Completo. 40 23,5 228 29,3 335 18,4 334 24,3 Superior Incompleto. 6 3,5 37 4,8 52 2,9 19 1,4 Superior Completo. 11 6,5 25 3,2 57 3,1 50 3,6 Pós-graduação 0 0,0 4 0,5 0 0,0 0 0,0

TOTAL 170 100,0 777 100,0 1.822 100 1.377 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2003). (1) Número de empregados em valores absolutos. (2) Participação em percentual no total de empregados.

Para o empresariado local, a falta de mão-de-obra de escolaridade superior não

representa obstáculos para o processo produtivo dado que a atividade desenvolvida pelos

mesmos não incorpora muita complexidade e as funções desenvolvidas no processo são de

fácil aprendizado, no entanto eles revelam preocupação em elevar o nível de escolaridade para

os funcionários alocados nas áreas administrativas e financeiras.

No tocante às relações de venda, este APL destina sua produção majoritariamente para

o mercado interno, correspondendo a mãos de 50% do total produzido, como pode ser visto na

Tabela 3.6.18. Este quadro revela que as estratégias comerciais das empresas em geral

voltam-se para o mercado consumidor doméstico, deixando de aproveitar as possibilidades de

expansão que o mercado externo poderia representar. Particularmente para o caso das MPEs,

Page 32: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

328

o mercado nacional representa o foco na realização das vendas, superior a 50% da produção,

no entanto em termos de segundo maior mercado, para as micro empresas o mercado regional

se destaca com 27,2% e para as pequenas o mercado estadual, com 28,7%. No caso das

médias e grandes empresas o mercado estadual assume a segunda posição com 14,3% e 3,8%,

respectivamente.

As exportações são nulas ou irrisórias, as grandes empresas são as que destinam

parcela de sua produção para o mercado externo, principalmente para o Mercosul, porém o

mercado externo ainda não é foco das estratégias comerciais no APL, no entanto fazem certo

esforço para colocar os produtos domésticos fora das fronteiras nacionais, mesmo que

incipientes.

Tabela 3.6.18 - Destino das vendas das empresas do arranjo produtivo de transformados plásticos da região Sul do estado de Santa Catarina – 1990, 1995, 2000, 2002

ANOS DESTINO

1990 1995 2000 2002

1. Micro 1.1. Local 0,0 0,0 22,4 27,4 1.2. Estado 0,0 0,0 19,4 18,7 1.3. Brasil 100,0 100,0 56,9 52,7 1.4. Exportação 0,0 0,0 1,3 1,3 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 2. Pequena 2.1. Local 40,0 15,0 19,0 12,0 2.2. Estado 30,0 30,0 32,5 28,7 2.3. Brasil 30,0 55,0 47,9 56,4 2.4. Exportação 0,0 0,0 0,6 2,9 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 3. Média 3.1. Local 2,5 2,0 2,8 5,3 3.2. Estado 2,5 3,5 1,5 3,6 3.3. Brasil 95,0 94,0 94,3 90,7 3.4. Exportação 0,0 0,5 1,5 0,4 TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 4. Grande 4.1. Local 0,0 0,0 1,8 1,3 4.2. Estado 0,0 0,0 3,8 3,8 4.3. Brasil 0,0 0,0 92,0 92,5 4.4. Exportação 0,0 0,0 2,5 2,5 TOTAL 0,0 0,0 100,0 100,0

Fonte: Pesquisa de campo (2003). Nota: Valores em percentual.

No campo da logística de transporte, o trecho da BR 101 que liga o arranjo ao Sul com

o estado do Rio Grande do Sul, e ao norte com os estados da região Sudeste, encontra-se em

precárias condições no trecho sem duplicação Osório-Florianópolis. Ainda que a duplicação

da rodovia tenha sido aprovada pelo Governo Federal, o processo encontra-se extremamente

moroso, dificultando o acesso aos mercados regionais atendidos.

Page 33: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

329

3.6.3.3 Arcabouço institucional público e privado

O APL também apresenta um conjunto de instituições públicas e privadas que atuam

nas áreas da educação, de representação dos interesses de classes, de pesquisa científico-

tecnológica e financeiras, como descrito sucintamente no Quadro 3.6.2.

INSTITUIÇÃO ANO DE FUNDAÇÃO

ÁREA DE ATUAÇÃO

PRINCIPAIS FUNÇÔES E FILIADOS

ENSINO

ESUCRI 2001 Local Estadual

Capacitação profissional - 3 cursos superiores

SATC 1959 Loca Estadual

Capacitação profissional – 8 cursos técnicos

FASC 2000 Local Estadual

Capacitação profissional - 1 curso superior e 1 de pós-graduação

UNIVERSITÁRIO 1996 Local Estadual

Capacitação profissional - 3 cursos técnicos

UNESC 1997 Local Estadual

Capacitação profissional – 10 cursos superiores

SENAI 1963 Local Estadual Capacitação profissional – 2 cursos técnicos

TECNOLÓGICA

IPAT 1994 Local

Estadual Nacional

Serviços laboratoriais (análises de influentes e parâmetros físico-químicos de matérias-primas)

CTCMAT 1995 Local

Estadual Nacional

Consultoria, assessoria, pesquisas e prestação de serviços de educação profissional (oferta 10 cursos de capacitação) e

serviços laboratoriais REPRESENTAÇÃO

SINPLAC 1990 Estadual Defender a categoria perante as autoridades administrativas e jurídicas e promover convenções coletivas de trabalho/ 18

filiados

SINDESC 2000 Estadual Representar as empresas de descartáveis plásticos/ 7 filiados

ABRADE 1988 Nacional Representar as empresas de descartáveis plásticos/ 8 filiados

FITIESC 1983 Local Representar os trabalhadores, reivindicar melhores condições de trabalho, oferecer serviços médico,

odontológico e jurídico.

ACIC 1944 Local

Representar as empresas associadas em demandas econômicas e políticas e prestar assessoria jurídica/10

filiados FINANCEIRA E DE FOMENTO BANCO DO BRASIL Nacional Concessão de crédito BRADESCO Nacional Concessão de crédito CEF Nacional Concessão de crédito SEBRAE Nacional Agência de fomento

Fonte: Pesquisa de campo. Quadro 3.6.2 - Caracterização das principais instituições presentes no APL de transformados plásticos da região Sul do estado de Santa Catarina - 2003

Encontram-se no arranjo em estudo, várias instituições que atuam na área da educação,

ofertando cursos diretamente relacionados à atividade em foco. Tem-se o curso de Técnico

em Plásticos, oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em

parceria com o Serviço de Assistência dos Trabalhadores do Carvão (SATC), o curso de

Page 34: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

330

ensino superior em Polímeros ministrado na Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina

(UNESC) que oferta em conjunto com o SENAI-CTM, nas dependências da SATC. No

ensino superior há o curso de Engenharia em Materiais oferecido pela UNESC. Com relação à

infra-estrutura indireta, tem-se a presença de várias escolas técnicas de segundo grau,

profissionalizantes e de ensino superior.

Em termos de infra-estrutura tecnológica cita-se o Centro Tecnológico de Cerâmica e

Materiais (CTCMAT), que oferta serviços e informações tecnológicas, cursos de nível técnico

e superior em parceria com professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

assim como desenvolve atividades de pesquisas e desenvolvimento. Existem também no

arranjo instituições que se voltam para representar os interesses de classes, como é o caso das

Associações e dos Sindicatos Patronais de abrangências nacional, estadual e local. Os

empresários são representados, por exemplo, pela Associação Brasileira de Descartáveis

Plásticos (ABRADE), a Associação Comercial e Industrial de Criciúma (ACIC), o Sindicato

da Indústria Plástica do Sul Catarinense (SINPLASC), e o Sindicato das Indústrias de

Descartáveis Plásticos do Estado de Santa Catarina (SINDESC), exclusiva para o segmento de

descartáveis.

3.6.3.4 Fornecedores de insumos e de máquinas e equipamentos

As empresas produtoras do arranjo produtivo em estudo são dependentes de

fornecedores externos ao arranjo. Os principais fornecedores de máquinas e equipamentos

estão estabelecidos fora do país, destacando-se a Itália, Alemanha e São Paulo, assim como os

fornecedores de resinas (principal matéria-prima) são dos estados do Rio Grande do Sul e de

São Paulo. Os fornecedores locais são responsáveis pelo fornecimento componentes e

insumos complementares.

Estabeleceu-se nesse arranjo, em paralelo às empresas produtoras, empresas

fornecedoras que desenvolvem atividades relacionadas aos elos à montante da cadeia

produtiva de transformados plásticos. Existem empresas fornecedoras de insumos (tintas e

corantes), de peças e componentes (dos segmentos de mecânica, metalúrgica e de material

elétrico).

Existem na região em torno de 47 empresas fornecedoras, distribuídas em quatro

fabricantes de aditivos, dois produtores de resinas termofixas, quatro fabricantes de

Page 35: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

331

impermeabilizantes, solventes e outros produtos correlatos, 30 produtores de máquinas e

equipamentos de uso geral e 7 fabricantes de máquinas-ferramenta, conforme Tabela 3.6.19.

Tabela 3.6.19 - Produtores locais do arranjo produtivo de transformados plásticos da região Sul do estado de Santa Catarina - 2002

PRODUTOS EMPRESAS Aditivos 4 Resinas termofixas 2 Impermeabilizantes, solventes e outros produtos correlatos 4 Máquinas e equipamentos de uso geral 30 Máquinas-ferramenta 7 TOTAL 47 Fonte: RAIS, 2002.

Esses estabelecimentos dão suporte ao processo produtivo de materiais plásticos no

fornecimento de insumos básicos e na prestação de assistências técnicas. Esta proximidade

permite maior eficácia nas relações transacionadas entre os agentes.

3.6.3.5 Incentivos públicos

A trajetória de desenvolvimento do arranjo revela algumas ações que se voltam para a

promoção do arranjo, visando o seu crescimento. Destaca-se a criação do CTCMAT, uma das

unidades do SENAI, cuja fundação foi resultado de ações conjuntas institucionais públicas e

privadas e atualmente atende à demanda das empresas prestando serviços tecnológicos e

qualificando mão de obra, a partir de serviços laboratoriais e da oferta de cursos relacionados

ao setor.

As empresas do arranjo de transformados plásticos da região Sul procuram se

beneficiar das condições oferecidas pelo Governo estadual, para promoverem processos

reestruturantes em seus parques produtivos. Deixando de recorrer parte dos tributos no

presente para utilizá-los para compra de máquinas e equipamentos e de expansão da planta

industrial, entre outros motivos, mas com compromisso de pagamento futuro, empresas se

comprometem em aumentar a capacidade produtiva e gerarem novos empregos na região.

Nestes termos, contata-se, segundo a Tabela 3.6.20, a demanda de sete empresas de recursos

do PRODEC no período de 1998-2004, totalizando o montante da ordem de R$ 52 milhões e

a geração de 600 empregos.

Page 36: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

332

Tabela 3.6.20 - Principais empresas do arranjo produtivo de transformados plásticos da região Sul do estado de Santa Catarina beneficiadas pelo financiamento PRODEC – 1998-2004

ATIVIDADE NOME MUNICÍPIO EMPREGOS A

SEREM GERADOS

MONTANTE DO FINANCIAMENTO (1)

Copobras Indústria de Plásticos Ltda.

São Ludgero 270 11.475.000,00

Thermovac Embalagens Plásticas Ltd.

Urussanga 30 5.632.740,00

Diplastic Ind. e Com. de Embal. Ltda. Criciúma 45 1.401.850,00

Cristal Indústria e Comércio de Plásticos Ltda.

Morro da Fumaça 58 2.756.410,00

Canguru Embalagens Criciúma Ltda.

Criciúma 62 18.518.925,00

Chromo Ind. e Com. de Embalagens Ltda. Criciúma 72 1.819.690,67

APL da Região de Criciúma

Zumplast Indústria de Plásticos Ltda.

Tubarão 40 7.482.870,00

Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado de Santa Catarina / PRODEC. (1) Valores em R$.

3.6.3.6 Nível e capacitação tecnológica e para a inovação

As características das propriedades da tecnologia envolvidas nesse arranjo produtivo

em estudo, possibilitam a descrição do ambiente tecnológico ao qual as empresas produtoras

do arranjo estão inseridas. Pode-se verificar baixas condições de oportunidade tecnológica,

dada a inexistência de grandes incentivos para a inovação em termos de recursos em pesquisa,

a tecnologia caracteriza-se como madura e estável, a aplicabilidade dos novos conhecimentos

limitam-se para poucos produtos e mercados e as fontes das oportunidades tecnológicas estão

diretamente associadas aos mecanismos informais dos processos de aprendizado. Este quadro

envolve também baixas condições de apropriabilidade (falta de sistema eficaz de proteção

para os processos inovativos) e baixo nível de cumulatividade do conhecimento (fácil acesso e

difundido). Estas características limitam o surgimento radical de novos produtos e processos.

As empresas produtoras esforçam-se no desenvolvimento de capacidades voltadas

para a introdução de produtos e processos que resultem em ganhos de eficiência e aumento da

competitividade, no entanto, as próprias características tecnológicas do APL revelam o caráter

incremental nas inovações introduzidas. Este comportamento é verificável em mais de 50,0%

das empresas da amostra do APL, que introduziram produtos e processos novos para a

empresa no ano de 2002. Para ambos os produtos desenvolvidos não são pioneiros para o

mercado, mas no âmbito das inovações em processos algumas empresas introduziram

processos tecnológicos novos para o setor de atuação.

Page 37: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

333

As empresas destinam esforços no sentido de melhorarem a qualidade de seus

produtos, efetuaram modificações nos designs e recorreram a transformações organizacionais.

Dentre as mudanças organizacionais implementaram-se novos conceitos e práticas de

comercialização e marketing e novas técnicas de gestão (célula de produção, círculo de

controle de qualidade, controle por unidade de negócios, entre outros). Porém, no tocante aos

novos métodos voltados para o atendimento de normas de certificação, por exemplo as ISO

9000 e 14000, verificou-se pouca preocupação.

As inovações de produtos têm focado as mudanças na apresentação de produtos, que

passaram a ser desenvolvidos com menor espessura e maior resistência. Além disso,

registram-se mudanças nos formatos e na coloração, com acentuação nas formas e cores em

consonância com os designs. No tocante às inovações de processo, em termos de insumos e

matérias-primas, recorre-se à utilização de novas resinas e mudanças na composição dos

produtos, cujo resultado é maior qualidade e resistência, também houve a introdução de novas

máquinas e equipamentos no processo produtivo, utilizando-se máquinas modernas que

permitiram maximizar a utilização das matérias-primas e demais insumos, bem como o

aumento da produtividade.

Verifica-se que as empresas não destinam parte de seu faturamento para pesquisa e

desenvolvimento, estes são ínfimos e sem planejamento, no entanto o mesmo não acontece

para o desenvolvimento das atividades inovativas (desconsiderando os gastos em P&D).

Dentre as principais atividades desenvolvidas registra-se os programas de treinamento para a

introdução de novos produtos e processos. Esses treinamentos normalmente ocorrem através

de cursos nas dependências da própria empresa, ministrados por fornecedores, voltados para

orientações técnicas, bem como por membros da própria empresa produtora para

homogeneizar o conhecimento referente a determinadas etapas do processo produtivo e

características especificas dos novos processos e produtos.

Em termos de atualização tecnológica, as empresas do APL ingressaram nos anos 80 e

90 em processo de modernização, reestruturando o parque fabril. As empresas que procuram

modernizar o chão da fábrica, atualizaram-se através da compra de máquinas e equipamentos

(extrusoras ou injetoras ou impressoras entre outras de modelos novos e mais avançados),

através de aquisição de outras tecnologias como softwares e acordos de transferência de

tecnologias, os programas de gestão da qualidade ou de modernização organizacional como

qualidade total e reengenharia de processos administrativos e novas formas de

comercialização e distribuição para os mercados de produtos novos ou melhorados. Essas

Page 38: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

334

atividades inovativas ocorrem tanto de forma rotineira quanto ocasional, revelando

preocupação de atualização do nível tecnológico pelas empresas do APL.

As empresas do arranjo produtivo em estudo capacitam-se tecnologicamente através

de processos internos que permitem a absorção dos avanços tecnológicos desenvolvidos fora

da empresa ao longo da cadeia produtiva, principalmente pelos setores fornecedores de

máquinas e equipamentos, de insumos e de matéria-prima, bem como as empresas têm

utilizado os conhecimentos adquiridos pelos trabalhadores nas diferentes instâncias do

processo produtivo.

As empresas capacitam-se fundamentalmente através dos mecanismos informais

decorrentes dos processos de aprendizados que ocorrem no âmbito produtivo, nas relações

com fornecedores e em interações com clientes. No âmbito das fontes internas, dentre os

mecanismos utilizados, destaca-se o processo de aprendizado learning by doing, o aprender

por fazer, onde as empresas absorvem as experiências, habilidades e conhecimentos

adquiridos pelos seus trabalhadores no processo de produção e de gestão. Este comportamento

mostra que os trabalhadores tornam-se capazes de compreender as oportunidades decorrentes

no processo produtivo, podendo apontar possíveis melhoras, cujos resultados podem alcançar

reduções de custos, de incidências de problemas e melhorar a qualidade dos produtos.

As empresas de transformados plásticos descartáveis também mantêm relações

externas com fornecedores, clientes e instituições que permitem a absorção de avanços

tecnológicos que resultam em melhoramentos nas esferas produtiva e organizacional. Essas

relações fazem com que as empresas tornem-se capacitadas para incorporar inovações de

caráter incremental, a partir da troca de informações.

Neste sentido as empresas capacitam-se a partir dos processos informais de

aprendizado, learning by using e learning by interacting. As relações com os clientes,

estabelecidos principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, revelam a existência do

aprendizado pela utilização dos produtos, onde os clientes podem perceber e sugerir possíveis

melhoramentos, devido aos feedbacks de dificuldades não percebidas durante a etapa da

produção. As informações envolvidas nesta ralação têm abrangência técnica e organizacional

e também se direcionam para relativas ao design e à performance.

O learning by interacting, por sua vez, decorre das relações entre as empresas

produtoras do APL e seus fornecedores, tanto de máquinas e equipamentos, localizados

principalmente em São Paulo, Itália e na Alemanha, quanto de insumos e matérias primas,

provenientes na maioria dos estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo. A partir destas

interações trocam-se informações técnicas sobre os equipamentos e acerca das especificações

Page 39: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

335

físico-químicas com reflexos sobre o processo produtivo em termos de aumento da

produtividade, redução de perdas de matérias-prima e demais insumos, produtos mais

resistentes e práticos.

Ainda no âmbito das fontes externas para desenvolvimento de capacidade inovativa, o

arranjo conta com universidades e outros centros de pesquisa, essas relações não acontecem

com muita intensidade e freqüência e quando acontecem são para um pequeno número de

empresas, sendo estas as que se beneficiam das condições de infra-estrutura educacional e

tecnológica. Neste sentido, as relações ocorrem com a UNESC que possui um quadro docente

capacitado de conhecimentos nas áreas de polímeros e de engenharia de materiais, bem como

com o instituto de pesquisa do SENAI-CTMAT que dispõe de laboratórios, equipamentos e

técnicos que desenvolvem ensaios, testes, certificação e pesquisa e desenvolvimento na área

de materiais plásticos.

3.6.3.7 Cooperação e governança

No APL verifica-se a presença de um conjunto de agentes e conduções estruturais para

o desenvolvimento de ações cooperativas, no entanto a prática revela que ainda são

incipientes e que as empresas ainda não estão totalmente conscientes dos benefícios

competitivos que podem auferir cooperando. Ocorrem cooperações em vários itens, tais como

parceria nas transações de venda, na análise dos produtos e a no desenvolvimento de

atividades direcionadas para a área de marketing, participação e realização de feiras, etc.,

porém ainda em nível não desejável.

Em geral, as empresas tomam suas decisões de maneira individual cooperando e

competindo entre si de forma voluntária tendo por base o local. As médias e grandes

empresas, apesar da participação produtiva relevante, não exercem a função de líderes

sistemáticas capazes de assumir a função de coordenação. Esta estrutura de governança está

ancorada na presença de um número representativo de empresas classificadas como uma rede

de empresas informal, que apresentam níveis de especialização independentes, pela dispersão

dos agentes, pelo baixo grau de hierarquização interna e processos de cooperação e

competição dos agentes que ocorre de forma voluntária, entre relações verticais e horizontais

ao longo da cadeia. Assim como, se caracteriza pela implementação de ações coletivas em

montagem de centros prestadores de serviços técnicos especializados e criação de associações

empresariais locais com funções de representação econômica e política.

Page 40: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

336

Dentre os atores que exercem governança no local, destaca-se, ACIC cujas ações

voltam-se em criar condições para qualificar os empresários e seus recursos humanos, bem

como de criar um espaço para ocorrência de congregação de interesses entre os empresários

locais. Uma ação importante direcionada ao desenvolvimento da região refere-se à criação do

Centro Empresarial na localidade de Criciúma, consiste em um projeto em parceria com

outras entidades patronais locais, com vistas para a concentração de várias instituições em um

único local no objetivo de favorecer a sinergia entre as entidades, bem como na orientação

para a formulação de objetivos comuns.

3.6.3.8 Vantagens competitivas, obstáculos e políticas de desenvolvimento

3.6.3.8.1 Vantagens

O arranjo produtivo de transformados plásticos localizado na região Sul catarinense

apresenta condições favoráveis de produção, refletindo um padrão em consonância com os

concorrentes nacionais. As empresas de transformados plásticos descartáveis ingressaram

num processo de reestruturação do parque fabril, sobretudo as pequenas empresas,

atualizando seu maquinário (extrusoras, injetoras, impressoras entre outras), introduzindo

células de produção e técnicas mais enxutas assim como passaram a perceber a importância

da implantação de certificados de normas como a ISO 9000. No entanto, ainda existem

empresas que atuam fora da fronteira tecnológica.

As empresas de transformados plásticos descartáveis têm apresentado desempenho

positivo se atualizando tecnologicamente, esforçando-se para responder à dinâmica imposta

pelos fornecedores de tecnologia (de máquinas e equipamentos e matéria-prima). Para tanto,

capacitam-se através dos mecanismos informais de aprendizado, cujos resultados aparecem

sob a forma de inovação incremental nos produtos, processos e formas organizacionais.

Outro fator positivo no arranjo refere-se à presença de algumas externalidades locais,

destacando-se a disponibilidade de mão-de-obra qualificada e a proximidade com os

fornecedores de insumos e de componentes e peças e a infra-estrutura local. As empresas

localizadas no arranjo acabam se beneficiando destas externalidades positivas, aumentando

assim sua capacitação para formular estratégias competitivas. A existência da mão-de-obra

qualificada sinaliza que existe no espaço local a possibilidade reprodução e difusão dos

conhecimentos técnicos e dos profissionais especializados. Esta característica, além de

Page 41: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

337

incorporar mudanças nos produtos e nos processos sinaliza que os trabalhadores encontram-se

capacitados para enfrentar as mudanças impostas pelo mercado e pelos fornecedores de

tecnologia, passando a representar preponderante ativo estratégico no ambiente competitivo.

A presença no local de fornecedores de insumos diversos utilizados no processo

produtivo, tais como de tintas, vernizes, solventes, alguns materiais plásticos reciclados entre

outros, bem como em componentes e peças e em serviços diversos, reflete que está se

desenvolvendo no arranjo um conjunto de fornecedores de segunda linha que atendem à

demanda complementar dos requerimentos do processo produtivo. Este movimento tende a

fortalecer os laços cooperativos, resultando em vantagem competitiva dado que com isto

tende à redução de custos de transação e aumento das economias de aglomeração. O fato de as

principais matérias-primas utilizadas pelo setor, assim como as principais máquinas e

equipamentos não estarem presentes no arranjo não representa fator limitante para a

competitividade do arranjo, uma vez que as empresas beneficiam-se da logística de

transportes, rede de atacadistas, revendedores terceirizados e etc.

3.6.3.8.2 Obstáculos

Apesar do processo de reestruturação tecnológico ocorrido no APL ainda existem

empresas que operam com tecnologia defasada, sobretudo as de micro porte, cujo resultado se

traduz em produtos de menor qualidade e maior custo de produção. Estas empresas têm

apresentado dificuldades quanto a posições de mercado (mantimento e ingresso) dado que o

consumidor tem apontado uma postura pautada em produtos de maior qualidade. Neste

sentido as empresas de menor porte têm perdido posições de mercado e acabam se

condicionando a determinadas posições relativas, limitando as possibilidades para alcançarem

posições de destaque.

As empresas do arranjo focam suas estratégias comerciais para o mercado intermo,

sendo pouco representativo o percentual da produção exportada, apenas as grandes empresas

destinam parcela da produção para o exterior, especificamente para o MERCOSUL. Neste

caso, as empresas acabam não aproveitando as possibilidades de crescimento e as demais

vantagens oferecidas pelo mercado externo. Diante disto, registra-se a presença de obstáculos

relacionados à comercialização e à percepção por parte das empresas da necessidade de

investimentos em tecnologia de produção para se estabelecerem no padrão produtivo mundial.

Page 42: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

338

Percebe-se também a falta de utilização da infra-estrutura institucional estabelecida no

local, bem como de ações e programas pautados no desenvolvimento do arranjo produtivo.

Tais situações somam-se com dificuldades de definições de estratégias de desenvolvimento e

de carência de coordenação destas atividades.

3.6.3.8.3 Políticas de desenvolvimento

Considerando-se o regime tecnológico maduro, registra-se a importância da

exploração dos mecanismos de aprendizado para que as empresas produtoras capacitem-se

tecnologicamente. Para ampliar os espaços de aprendizagem e os processos inovativos sugere-

se: a) criação de espaços internos para discussão das possibilidades de mudanças técnicas; b)

divulgação dos avanços nos métodos de produção, insumos associados e produtos; c) aumento

das relações de complementaridade produtiva para intensificar as relações de troca e as

especializações existentes; d) conscientização das empresas e das instituições na criação do

path dependence dos processos inovativos; e) estímulo à contratação de profissionais

especializados na área; g) incentivo à inovação dividindo o risco da introdução de novos

produtos e/ou serviços com a criação de fundos governamentais para este fim.

Dado que o APL apresenta possibilidades para se explorarem os mecanismos de

aprendizado informal gerando capacitações para o desenvolvimento de processos inovativos,

recomenda-se a criação de condições para desenvolvimento formal de atividade de P&D pelas

empresas, para tanto sugere-se: a) criação de infra-estrutura tecnológica – laboratórios e

técnicos especializados; b) planejamento de recursos financeiros anuais para P&D; c)

ampliação das atividades internas de P&D para a criação de projetos de desenvolvimento de

produto – concepção, design, protótipo; d) realização de acordos e alianças para o

desenvolvimento de projetos cooperativos tecnológicos com outras empresas - concorrentes e

fornecedores – e com instituições de pesquisa interna e externa ao arranjo; e) implementar um

sistema anual de prêmio para empresas inovadoras.

A partir da presença de um conjunto de instituições de apoio e suporte para as

empresas produtoras que não é aproveitado em grandes proporções pelas empresas sugere-se

o desenvolvimento de ações que articulem interações envolvendo agentes ao longo da cadeia

produtiva principal. Visando promover interação progressiva conjunta dos agentes –

instituições e empresas - sugere: a) desenvolvimento de programas para a aquisição conjunta

de máquinas e equipamentos de tecnologia de ponta; b) criação de programas de qualidade e

Page 43: 3.6 ARRANJOS PRODUTIVOS DE TRANSFORMADOS PLÁSTICOS …portaldeeconomiasc.fepese.org.br/arquivos/links... · a indústria de materiais plásticos que possui maior diversificação

339

padronização de produtos; c) estimulo à demanda por consultorias técnicas externas; d)

estimulo à formação de grupos de estudo voltados para identificação de oportunidades

inovativas; e) auxilio para criação de uma marca identificadora da qualidade dos produtos do

arranjo.

Considerando-se a carência de governança e de liderança local bem definida para

explorar as vantagens que a organização industrial constituída na forma de arranjo produtivo

possibilita, segure-se estimular as formas de governança e as ações coletivas. Considerando-se

que no arranjo encontram-se agentes a priori capacitados para desempenhar tais funções

sugere-se: a) identificação dos agentes com perfil para lideranças; b) eleição de uma

instituição responsável pela difusão dos padrões técnicos mais sofisticados; c)

desenvolvimento de diversas formas de cooperação entre as empresas locais, (consórcio de

compras de insumos e máquinas e equipamentos e de promoção de exportação); d) estimulo a

ações voltadas para o fortalecimento da confiança entre os agentes; e) promoção de fóruns

pautados nos mercados externos.

Para estimular o desenvolvimento do APL são necessárias a adoção de um conjunto de

medidas e no APL em foco inclui-se o estímulo a criação de empresas no local. Para tanto,

recomenda-se: a) ampliação e informatização do sistema de informação das instituições; b)

concessão de subsídios e/ou incentivos fiscais as MPEs; c) estímulos para redução da

informalidade no arranjo; d) anúncio das vantagens da localização do arranjo; e) implantação

de programas voltados para estimular a atuação de empresas no desenvolvendo de atividades

similares ou ao longo da cadeia produtiva; f) existência de um núcleo ou centro de

atendimento que forneça informações, aponte diretrizes, faça diagnósticos, preste consultoria

sobre formas adequadas de gestão de negócios.