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34 m sua 11ª edição, o Prêmio Finep de Inovação 2008 recebeu um número recorde de inscrições de pequenas empre- sas. Foram 140 inscritos na categoria, 55% a mais do que no ano passado. As peque- nas representaram 44% do total de inscri- ções no Prêmio e mostraram que são ino- vadoras em sua essência. As cinco vencedoras das etapas regionais atuam em setores bastante distintos – de fármacos a robótica –, mas todas são exemplos que comprovam o slogan do Prêmio: “Dentro de cada brasileiro existe um inovador”. Foi uma inquietação que levou o pes- quisador e professor de Farmácia da Uni- versidade Federal do Amazonas (UFAM) Schubert Pinto a abrir a Pharmakos d’Amazônia, pequena empresa vencedora do Prêmio Finep de Inovação na Região Norte. “Sempre me intrigou o fato de que a grande maioria das pesquisas não ultra- passa as prateleiras das bibliotecas e, con- seqüentemente, não chega ao alcance eco- nômico e social”, conta Pinto. Com esse questionamento, apresentou E ADRIANE ALICE PEREIRA Grandes inovadoras Pequenas empresas foram o destaque da 11ª edição do Prêmio Finep de Inovação, respondendo por 44% das inscrições um plano de negócios para incubação no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (CIDE), de Manaus. “O obje- tivo da empresa era aproveitar os recursos bioativos oriundos da floresta amazônica, transformando-os em produtos inovado- res para a beleza, a saúde e o bem-estar. Gerando emprego e renda para os povos ribeirinhos, promovendo o desenvolvi- mento sustentável, economicamente justo e ecologicamente correto”, destaca o dire- tor-presidente da empresa. Evolução inovadora Com apenas quatro funcionários, a em- presa nasceu, em janeiro de 2001, operan- do com utensílios e recursos improvisa- dos e com uma produção artesanal de 500 unidades diárias. O lançamento do pri- meiro produto inovador foi em 2002, com um gel do óleo de copaíba (árvore da re- gião) com ação tópica antiinflamatória. “Nos anos seguintes fomos pioneiros no lançamento da primeira parafina bronze- adora com óleo de urucum, seguida de um sabonete íntimo de crajiru e do Reu- matgel, na época apelidado de Salompas do Amazonas”, enumera Pinto. Hoje, com 40 colaboradores, a empresa possui uma linha de 73 produtos entre xampus, condicionadores, géis, pomadas, xaropes, óleos, parafinas, sabonetes e bronzeadores. Todos resultados da inova- ção. A empresa investe em pesquisa e de- senvolvimento tecnológico cerca de 35% do faturamento bruto. “Conseguimos pro- porcionar maior valor agregado ao pro- duto e, pelo fato de o retorno ser palpável, a empresa como um todo consegue visua-

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m sua 11ª edição, o Prêmio Finep de Inovação 2008 recebeu um número

recorde de inscrições de pequenas empre-sas. Foram 140 inscritos na categoria, 55% a mais do que no ano passado. As peque-nas representaram 44% do total de inscri-ções no Prêmio e mostraram que são ino-vadoras em sua essência. As cinco vencedoras das etapas regionais atuam em setores bastante distintos – de fármacos a robótica –, mas todas são exemplos que comprovam o slogan do Prêmio: “Dentro de cada brasileiro existe um inovador”.

Foi uma inquietação que levou o pes-quisador e professor de Farmácia da Uni-versidade Federal do Amazonas (UFAM) Schubert Pinto a abrir a Pharmakos d’Amazônia, pequena empresa vencedora do Prêmio Finep de Inovação na Região Norte. “Sempre me intrigou o fato de que a grande maioria das pesquisas não ultra-passa as prateleiras das bibliotecas e, con-seqüentemente, não chega ao alcance eco-nômico e social”, conta Pinto.

Com esse questionamento, apresentou

EADRIANE ALICE PEREIRA

Grandes inovadoras Pequenas empresas foram o destaque da 11ª edição do Prêmio Finep de Inovação, respondendo por 44% das inscrições

um plano de negócios para incubação no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (CIDE), de Manaus. “O obje-tivo da empresa era aproveitar os recursos bioativos oriundos da floresta amazônica, transformando-os em produtos inovado-res para a beleza, a saúde e o bem-estar. Gerando emprego e renda para os povos ribeirinhos, promovendo o desenvolvi-mento sustentável, economicamente justo e ecologicamente correto”, destaca o dire-tor-presidente da empresa.

Evolução inovadora

Com apenas quatro funcionários, a em-presa nasceu, em janeiro de 2001, operan-do com utensílios e recursos improvisa-dos e com uma produção artesanal de 500 unidades diárias. O lançamento do pri-meiro produto inovador foi em 2002, com um gel do óleo de copaíba (árvore da re-gião) com ação tópica antiinflamatória. “Nos anos seguintes fomos pioneiros no lançamento da primeira parafina bronze-adora com óleo de urucum, seguida de um sabonete íntimo de crajiru e do Reu-matgel, na época apelidado de Salompas do Amazonas”, enumera Pinto.

Hoje, com 40 colaboradores, a empresa possui uma linha de 73 produtos entre xampus, condicionadores, géis, pomadas, xaropes, óleos, parafinas, sabonetes e bronzeadores. Todos resultados da inova-ção. A empresa investe em pesquisa e de-senvolvimento tecnológico cerca de 35% do faturamento bruto. “Conseguimos pro-porcionar maior valor agregado ao pro-duto e, pelo fato de o retorno ser palpável, a empresa como um todo consegue visua-

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lizar, valorizar e conse-qüentemente desejar participar desse pro-cesso”, afirma Pinto.

Para o diretor-presi-dente da Pharmakos d’Amazônia, a inova-ção é fundamental para a empresa se diferen-ciar no mercado. “Co-piar é permanecer sempre um passo atrás do concorrente e ino-var é antever e melho-rar o processo, contri-buindo tanto para o desenvolvimento pes-soal quanto tecnológi-co e social”, destaca o pesquisador. A inova-ção da Pharmakos também é reconhecida pelo destaque no Prê-mio Finep. Das quatro edições de que partici-pou, a empresa con-quistou três vezes o primeiro lugar regio-nal e uma vez a segunda colocação.

Outra campeã no Prêmio Finep de ino-vação é a Armtec Tecnologia em Robóti-ca, de Fortaleza (CE). A empresa, criada em 2004, ganhou o Prêmio 2005 na cate-goria produto, com o robô SACI, tecnolo-gia de apoio ao combate de incêndios. Dois anos depois, em 2007, outro produto da empresa foi eleito o mais inovador do país – o Sistran, equipamento que simula o trafégo de veículos para testes de dura-bilidade de cobertura asfáltica. No mesmo ano a Armtec venceu a categoria Pequena Empresa. Feito que repetiu em 2008.

Primeiro empreendimento abrigado na incubadora da Universidade de Fortaleza (Unifor), a empresa respira, expira e transpira inovação. Além de investir 40% do faturamento e dedicar 83% da equipe à área de pesquisa e desenvolvimento, 100% do lucro é aplicado em inovação. “A Ar-mtec está na fase de investir na geração de

novos produtos. Atualmente temos oito produtos no mercado e 15 em fase de pro-jeto”, explica Roberto Lins de Macêdo, diretor-executivo de P&D da Armtec.

Capacidade de sonhar

Os investimentos pesados em inovação exigem que a empresa se estruture em to-dos os setores, envolvendo profissionais de diferentes áreas. “Mostramos para toda a equipe que a empresa como um todo é responsável pela inovação. Dessa forma, desenvolvemos o principal valor de uma empresa inovadora: a capacidade de so-nhar e de realizar da sua equipe”, destaca Macêdo. Nesse ambiente, a Armtec pre-mia as iniciativas inovadoras dos seus co-laboradores. Há um programa interno, chamado Prêmio Inventor Armtec, que estimula a adoção de práticas para reduzir custos e aumentar a produtividade. Além

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disso, os colaboradores da empresa que propõem um produto inovador ou que captam editais de projetos recebem parte do lucro obtido com a inovação.

Esse modelo de participação, aliado à estrutura enxuta, mas com grande con-centração de capital intelectual, resulta em um sistema de gestão também inova-dor. Esse modelo inclui a terceirização da produção, a parceria com instituições de pesquisa e universidades e a formação de uma rede de cooperação bem estruturada. “Ter um produto inovador não quer dizer que a empresa seja inovadora. O impor-tante é ter uma gestão inovadora com im-pacto direto na sua competitividade”, ava-lia o diretor da Armtec.

Localizada na cidade de Primavera do Leste, a 230 quilômetros de Cuiabá, no

Mato Grosso, a empresa Frontalmaq cres-ce a índices expressivos graças ao investi-mento em inovação. Desde a sua funda-ção, em 2004, a empresa apresenta um percentual de crescimento de mais de 145% em seu faturamento e de aproxima-damente 120% no quadro de funcionários. “Investindo em pesquisa e valorizando o pessoal técnico a Frontalmaq apostou na inovação tecnológica, produzindo máqui-nas que geram alto impacto na produtivi-dade e rentabilidade na alimentação ani-mal, produzindo ração de elevada qualidade”, destaca o sócio da empresa, Beronício Dias.

Diferencial competitivo

Incubada na categoria não-residente (associada) à ARCA Multiincubadora, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a Frontalmaq desenvolve má-quinas e implementos agrícolas para a produção de silagem. Diante das necessi-dades cada vez maiores de eficiência e sustentabilidade do setor agrícola, a em-presa se diferencia no mercado pela oferta de produtos inovadores. “Entendemos que inovar é explorar novas idéias, e foi exatamente isso que fizemos quando deci-dimos trabalhar e desenvolver os imple-mentos que hoje fabricamos. Os impactos são revelados pelo incremento nas ven-das, no quadro de funcionários, nas mar-gens de lucro e no acesso a novos merca-dos, entre outros benefícios”, avalia Dias.

O principal produto da empresa é a má-quina colhedora de forragem MCF-3000, um dispositivo inédito em formato de kit, acoplável em colheitadeiras de grãos de diversos modelos. A empresa também de-senvolve uma plataforma de recolhimento em linha para milho e sorgo e outra plata-forma, duas linhas, para recolhimento de cana-de-açúcar. Para ampliar a gama de produtos, a empresa planeja investir ain-da mais em inovação. “Consideramos que as inovações são capazes de gerar vanta-

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gens competitivas em médio e longo pra-zos. Inovar torna-se essencial para a exis-tência e continuidade da nossa empresa”, ressalta Dias. O primeiro Prêmio Finep é para a empresa um reconhecimento e um incentivo para continuar a inovar. “Acre-ditamos que novas portas se abrirão para firmarmos parcerias no quesito inovação tecnológica”, prevê Dias.

Na incubadora

Assim como a Frontalmaq, a ESSS (En-gineering Simulation and Scientific Software), de Florianópolis (SC), venceu este ano pela primeira vez o Prêmio Finep de Inovação na Região Sul. Criada em 1995 e incubada do Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), a ESSS desenvolve softwares para simulação computacional de sistemas de engenharia e atua em diversos setores como óleo e gás, automotivo, metalurgia e eletrodomésticos, entre outros.

A tecnologia da ESSS permite que em-presas simulem o desempenho de seus produtos por meio de um software. “As nossas ferramentas auxiliam empresas que desenvolvem novos produtos e pro-cessos simulando no computador o seu funcionamento. Dessa forma, as empresas podem testar virtualmente uma idéia, de-tectar problemas e efetuar modificações antes de criar um protótipo físico. Assim, a tecnologia da ESSS contribui para a eco-nomia de recursos e de tempo”, aponta o presidente Clóvis Maliska Júnior. Um dos principais clientes da empresa é a Petro-bras, que utiliza diversas soluções da ESSS, entre elas uma voltada a simular a perfuração e a produção de reservatórios de petróleo.

Com 100 funcionários, três escritórios no Brasil e um em Santiago, no Chile, a empresa exporta para mais de 10 países. Trabalhando com clientes altamente ino-vadores e que exigem conhecimentos téc-nicos avançados, a ESSS mantém o caráter

inovador em todas as atividades cotidia-nas da empresa. “A inovação é o alimento da empresa. Vendemos conhecimento, que irá gerar ganhos e promover a inova-ção dos nossos clientes”, completa o em-preendedor Maliska Júnior.

Em órbita

Atender a clientes referência em inova-ção também é a realidade da Orbital En-genharia, de São José dos Campos (SP), vencedora do Prêmio Finep de Inovação na Região Sudeste. A empresa desenvolve produtos e presta serviços para o setor ae-roespacial. Entre eles estão geradores fo-