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Princípios constitucionais relativos ao trabalho como direito social A Constituição Federal tem como fundamento: - a dignidade da pessoa humana (inc. III do art. 1º.); - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (inc. IV do art. 1º.); - a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (inc. I do art. 3º.); - o desenvolvimento nacional (inc. II do art. 3º.); - a erradicação da pobreza e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inc. IV do art. 3º.); - a valorização do trabalho humano de forma a assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (art. 170); - a tutela das ações governamentais tendentes a tornar efetivos esses direitos. Tomando como conceito os direitos sociais, digamos que sejam: direitos subjetivos que têm os indivíduos de reclamarem ao Estado a realização de providências efetivas que lhes criem o ambiente adequado ao desenvolvimento de sua condição humana. A CF/88 em seu artigo 7º, define e minucia: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - fundo de garantia do tempo de serviço;

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Princípios constitucionais relativos ao trabalho como direito social

A Constituição Federal tem como fundamento:- a dignidade da pessoa humana (inc. III do art. 1º.);- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (inc. IV do art. 1º.);- a construção de uma sociedade livre, justa e solidária (inc. I do art. 3º.);- o desenvolvimento nacional (inc. II do art. 3º.);- a erradicação da pobreza e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (inc. IV do art. 3º.);- a valorização do trabalho humano de forma a assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (art. 170);- a tutela das ações governamentais tendentes a tornar efetivos esses direitos.

Tomando como conceito os direitos sociais, digamos que sejam: direitos subjetivos que têm os indivíduos de reclamarem ao Estado a realização de providências efetivas que lhes criem o ambiente adequado ao desenvolvimento de sua condição humana.

A CF/88 em seu artigo 7º, define e minucia:

 São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;III - fundo de garantia do tempo de serviço;IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (praticado entre 22h e 5h, de 52 minutos e meio. Ou seja, cada hora noturna sofre a redução de sete minutos e 30 segundos, intervalo para repouso ou alimentação. Mas para jornada de trabalho de até quatro horas esse intervalo não é obrigatório. Em jornada de trabalho entre quatro e seis horas o intervalo deve ser de 15 minutos. Se for superior a seis horas, o funcionário tem direito a um

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intervalo de, no mínimo, uma hora e, no máximo, duas, correspondendo a no mínimo 20% do salário recebido. Há alguns acordos ou convenções coletivas que acertam um percentual maior

sobre a remuneração recebido) ;X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998 - percepção simultânea de proventos de aposentadoria )XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º )XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei (5 dias pai biológico e até 120 adotivo - Lei nº 12.873/2013);XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;XXIV - aposentadoria;XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de

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dois anos após a extinção do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

Tem-se, assim, que os princípios jurídicos constitucionais e as garantias dos direitos laborais, são, via de regra, de caráter programático e, enquanto tal, despidos de eficácia jurídica imediata. Isto quer dizer que não são auto-aplicáveis, carecendo de legislação específica sobre a matéria para sua efetividade.

(As normas de princípio programático têm eficácia limitada - que, a exemplo do art. 170 da Constituição Federal apresentam as diretrizes a serem concretizadas pelos órgãos governamentais, a fim de atingir a "realização dos fins sociais do Estado.

As normas programáticas consistem em preceitos definidores das diretrizes que devem perpassar a atuação do Poder Público e instituidores de direitos a serem garantidos pelo Estado)

Tanto assim, as normas que regulamentam o meio ambiente de trabalho encontram-se nos artigos 154 a 201 da Consolidação das Leis do Trabalho. Noutra mão, as Normas Regulamentares de Medicina do Trabalho, são expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, competindo ao ministério a inspeção do trabalho e a fiscalização das normas pela empresas.

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Estudo dirigido do texto:

O DIREITO DO TRABALHO COMO INSTRUMENTO DE EFETIVAÇÃO DADIGNIDADE SOCIAL DA PESSOA HUMANA NO CAPITALISMO(Lívia Mendes Moreira Miraglia)

Para que se extraia da leitura do texto uma compreensão de conceitos importantes sugere-se algumas reflexões pontuais. Não tenha pressa, leia outros textos se carecer de complementações, explicações; converse com colegas; reserve algumas dúvidas para a próxima aula. Tudo quanto possa lhe favorecer o aprofundamento deve ser considerado.

1. Você já tem uma idéia formada sobre o que são direitos subjetivos?2. Como distinguir mínimo existencial de mínimo vital?3. O que você entende por igualdade substancial nos direitos fundamentais?4. Relativamente ao trabalho o que você entende por livre iniciativa?

5. O que referencia o estado-mínimo e porque denominam neoliberal?6. No âmbito do direito trabalhista o que seria trabalho precário?7. Você sabe o que apresenta a teoria da reserva do possível?8. Qual a sua reflexão em torno da não intervenção estatal sobre a economia?

9. Como você distingue cláusulas constitucionais pétreas de constituição programática?

10. Na semana passada falávamos de ativismo judiciário e agora estamos diante da ‘crise do constitucionalismo’, mas o que é isto agora?

11. Como você avalia a adoção do ‘direito trabalhista maleável’?12. Você acha que o direito social ao trabalho é difuso ou coletivo?