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4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação 2. Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais.

4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

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4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação 2. Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

4. Normas Constitucionais

1. Recepção, revogação e repristinação

2. Eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais.

Page 2: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Considerações Preliminares

• Normas jurídicas: “ato jurídico emanado do Estado, com caráter de regra geral, abstrata e obrigatória, tendo como finalidade o

ordenamento da vida coletiva” ( Seabra Fagundes)

• Constituição como sistema de normas jurídicas - Constituição: institui o Estado, organiza o exercício do poder político, define os direitos

fundamentais das pessoas e traça os fins públicos a serem alcançados.

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• Normas Constitucionais como qualquer outra norma contém um mandamento, uma prescrição, uma ordem, com força jurídica e não

apenas moral.

• São normas hierarquicamente superiores.

• Normas constitucionais – em poucas existe a dualidade típica: preceito e sanção. Ex.: Art. 55, II CF/88.

• A classificação das normas constitucionais tem importância na interpretação constitucional.

Considerações Preliminares

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Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Validade

É a verificação se a norma está de acordo com o sistema jurídico que integra →

Deve-se analisar se a produção da norma observou as devidas condições formais e materiais necessárias a sua validade →

Se descumpridas, geram “inconstitucionalidade” ou “ilegalidade”, dependendo do âmbito em que prevista a condição desobedecida

Toda norma tem presunção de constitucionalidade e legalidade, devendo o contrário ser declarado, de forma direta ou difusa.

Page 5: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

A validade é vista sob duas óticas:

Formal: observância das condições (regras) referentes a seu processo de criação.

Ex.: será inconstitucional Emenda à Constituição na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio (art.

60, § 1º, CF).

Ainda, se não for respeitado o quórum para a aprovação de Emenda Constitucional (art. 60, § 2º, CF), esta será formalmente

inconstitucional.

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Page 6: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Material: observância das regras referentes à matéria passível de aprovação por cada ente federativo (competências), ou se ocorrer

incompatibilidade de conteúdo.

Ex.: Se um Estado aprovar lei que trate de “Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Direito do Trabalho”, a lei será materialmente

inconstitucional, pois a competência para legislar sobre estas matérias é da União (art. 22, I, CF).

Ex. Lei municipal de Bagé/RS 4.444/06

Ex.2: Se uma lei infraconstitucional restringir o direito de ir e vir, viola a Constituição → atrai o vício de inconstitucionalidade material

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Page 7: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Eficácia

É a capacidade da norma de produzir efeitos.

Podemos analisar a eficácia pelo plano social e pelo plano técnico.

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Page 8: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Plano Social: é a análise da possibilidade concreta da norma produzir efeitos → Análise fática.

Ex.: Exigir que o Estado forneça gratuitamente, para todas as pessoas os medicamentos de todas as doenças, carrega duas ineficácias

sociais:

A primeira, frente a impossibilidade de fornecer remédio para doenças para as quais ainda não foram encontrados medicamentos.

A segunda, pela impossibilidade orçamentária de tal medida.

Observamos também a ineficácia social quando a norma cai em total desuso → ex.: criminalização do adultério.

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Page 9: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Plano Técnico: é a análise pela possibilidade técnico-normativa da norma produzir efeito.

Ex.: Art. 7, I, CF, que prevê como direito dos trabalhadores “relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa,

nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”.

Este dispositivo, por si só, não tem eficácia técnica, pois depende de lei complementar, ainda não produzida.

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

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Para a concretização de eficácia, a norma pode depender ou não de outras normas, classificando-se em:

a) normas de eficácia plena: quando a sua eficácia é imediata → não depende de qualquer outra norma para produzir efeitos.

b) normas de eficácia limitada: quando há a necessidade de outras normas para a realização de sua disposição, como no mencionado art. 7º, I, CF.

c) normas de eficácia contida: pode ser restringida, sendo plena enquanto não sobrevier a restrição. Ex.: art. 5º, XIII, CF : “é livre o exercício de

qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

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Vigor

É a força da norma → Relaciona-se com a força vinculante da norma → impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império.

Não se confunde nem com a vigência nem com a eficácia → no vigor, o que se verifica é a realização efetiva de resultados jurídicos.

Assim, uma norma já revogada pode continuar sendo aplicada em juízo, se disser respeito a situações consolidadas sob sua vigência,

fenômeno que se denomina ultratividade da norma.Ex.: contrato, testamento firmado sob a égide do C.C. 1916 → ato

jurídico perfeito

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Page 12: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Vigência

Refere-se ao período de validade da norma

Lapso temporal que vai do momento em que ela passa a ter força vinculante até a data em que é revogada ou em

que se esgota o prazo previsto para sua duração (no caso de norma temporária).

Vigência, Validade, Eficácia e Vigor das Normas

Page 13: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Aplicação Temporal das Normas

O que é revogação?

As normas podem perder sua vigência, deixando de pertencer ao sistema, fato que, do ponto de vista

temporal, é denominado revogação.

Art. 2º- Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.

(princípio da continuidade das leis)

Page 14: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Aplicação Temporal das Normas

Abrangência da revogação:

Geral/total (ab-rogação) → abrange a totalidade de normas que regulam certas situações.

Especial/parcial (derrogação) → ocasiona a inocuidade de apenas uma parte da lei antiga, que não é revogada de todo.

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Aplicação Temporal das Normas

Revogação Expressa: quando a nova norma anuncia a revogação dos dispositivos anteriores.

Ex.: art. 2.045 do CC/2002: “revogam-se a Lei 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial – Lei 556, de 25 de junho de 1.850”.

Art. 51 Decreto 6.660/08: “fica revogado o Decreto 750, de 10 de fevereiro de 1993”.

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Aplicação Temporal das Normas

Revogação Tácita: quando, embora não anunciando a revogação, a nova norma disciplina a matéria de forma diferenciada da regra original, tornando

ilógica a sua manutenção.

→ incompatibilidade da lei nova com a antiga

→ lei nova regula inteiramente a matéria que constituía o objeto do diploma anterior

Ex.: Deliberação Normativa CERH 26/08, que fixa procedimentos a serem observados no exame de pedidos de outorga para o lançamento de efluentes em corpos de água superficiais no Estado de Minas Gerais

revogou tacitamente a Deliberação Normativa CERH 24/08 que tratava do mesmo assunto

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Aplicação Temporal das Normas

Problema: Incompatibilidade das antigas leis com a nova Constituição

Ex.: Lei 5.250/67 → Lei de Imprensa foi concebida e promulgada em um período autoritário → precedência das

liberdades de pensamento e de expressão.

Não há que se falar em norma inconstitucional → não houve a sua recepção pela Constituição → quando a Constituição

entrou em vigor, a norma não recepcionada deixou de existir.

Fala-se em revogação da norma pela Constituição → prefiro o termo não recepcionada pela Constituição

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Aplicação Temporal das Normas

Fenômeno da Repristinação → possibilidade de determinada norma revogada por outra ser restaurada

pela revogação da norma revogadora.

Art. 2º §3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a

vigência.

O nosso sistema admite a repristinação somente quando expressamente previsto.

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Aplicação Temporal das Normas

Exemplo de hipótese legal de repristinação → art. 11, § 2º da Lei 9.868/99 (que regula o processo de

controle concentrado de constitucionalidade perante o STF) →

estabelece que a “concessão de medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo

expressa manifestação em sentido contrário”.

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Aplicação Temporal das Normas

A jurisprudência admite a repristinação em caso de declaração de inconstitucionalidade da norma revogadora. Decisão da ADIn 3.148,

relatada pelo Min. Celso de Mello:

FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA – DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE EM TESE E EFEITO REPRISTINATÓRIO.

A declaração de inconstitucionalidade “in abstracto”, considerado o efeito repristinatório que lhe é inerente (RTJ 120/64 - RTJ 194/504-505 – ADI 2.867/ES, v.g.), importa em

restauração das normas estatais revogadas pelo diploma objeto do processo de controle normativo abstrato. É que a lei declarada inconstitucional, por incidir em absoluta

desvalia jurídica (RTJ 146/461-462), não pode gerar quaisquer efeitos no plano do direito, nem mesmo o de provocar a própria revogação dos diplomas normativos a ela

anteriores. Lei inconstitucional, porque inválida (RTJ 102/671), sequer possui eficácia derrogatória. A decisão do Supremo Tribunal Federal que declara, em sede de

fiscalização abstrata, a inconstitucionalidade de determinado diploma normativo tem o condão de provocar a repristinação dos atos estatais anteriores que foram revogados pela lei proclamada inconstitucional. Doutrina. Precedentes (ADI 2.215-MC/PE, Rel. Min.

CELSO DE MELLO, “Informativo/STF” nº 224).

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• As normas produzidas na Constituição anterior são revogadas? Perdem a validade? Devem ser novamente

editadas?

A NOVA CONSTITUIÇÃO E O DIREITO CONSTITUCIONAL ANTERIOR

• A superveniência de uma nova Constituição revoga por

completo a anterior (caráter inicial e originário de Constituição nova).

Aplicação Temporal das Normas

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O Direito Constitucional Novo e o Direito Ordinário Anterior

As leis e atos normativos, em regra permanecem válidos, desde que sejam compatíveis com a nova ordem

constitucional.• “Recepção” consiste no acolhimento que uma nova Constituição posta em vigor dê as leis e atos normativos da

Constituição anterior. • Ex.: 1) Código Penal (Decreto-lei 2.848,7/12/1940) -

Recepcionado como lei ordinária; • Ex.: 2) Código das Águas – Dec. 24643/34 (Decreto de

Poder Executivo tinha força de lei) Recepcionado como lei ordinária.

• As normas contrárias à Constituição não são recepcionadas, mesmo que sejam contrárias apenas às

normas programáticas.

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O Direito Constitucional Novo e o Direito Ordinário Anterior

Recepção material:

normas da Constituição anterior permanecem em vigor, na qualidade de norma constitucional. Ex: Art. 34, §1º da ADCT.

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Classificação das Normas Constitucionais

• A doutrina não é unânime na classificação das normas constitucionais quanto à sua aplicabilidade ou

eficácia.

• A classificação que é mais utilizada no Judiciário é aquele ensinado por José Afonso da Silva em sua famosa monografia: “ Aplicabilidade das normas

constitucionais”.

• Normas Constitucionais - Eficácia plena

quanto à eficácia e - Eficácia contida

aplicabilidade - Eficácia limitada

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Normas de Eficácia Plena

No momento em que entram em vigor produzem todos os efeitos que o legislador constituinte quis regular,

independe de norma integrativa infraconstitucional.

Têm aplicabilidade direta, imediata e integral. Geralmente criam órgãos ou atribuem competências.

Page 26: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

• Exemplo: 1) Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer

violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

• Exemplo: 2) Art. 111 São órgãos da Justiça do Trabalho:• I - o Tribunal Superior do Trabalho;

• II - os Tribunais Regionais do Trabalho;• III - Juízes do Trabalho

Normas de Eficácia Plena

Page 27: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Deixa margem à atuação restritiva da lei.

Tem aplicação direta imediata e parcial.

• Exemplo: 1) Art. 5º, XIII, - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações

profissionais que a lei estabelecer;

• Garante-se o direito do livre exercício profissional, mas uma lei, como exemplo, o Estatuto da OAB, pode exigir

que para nos tornarmos advogados deveremos ser aprovados em um exame de ordem.

Normas de Eficácia Contida

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Exemplo: 2) Art. 5º, VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e

militares de internação coletiva;

A restrição da norma de eficácia contida pode se concretizar, não só através de lei infraconstitucional, mas também pela

incidência de normas da própria Constituição.

Normas de Eficácia Contida

Page 29: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

• Exemplo.: Art. 136, §1º § 1º - O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites

da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:

• I - restrições aos direitos de:• a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;

• b) sigilo de correspondência;• c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;

Michel Temer traz outra denominação: “norma de eficácia redutível ou restringível”

Normas de Eficácia Contida

Page 30: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Não produz todos os efeitos, precisa de uma lei integrativa infraconstitucional.

Tem aplicabilidade indireta, mediata (ou diferida) e reduzida.

Ex.: Art. 18, § 2º;

Art. 22 , Parágrafo único;

Art. 88;

Art. 107, § 1º.

Normas de Eficácia Limitada

Page 31: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

• Exemplo 1) Art. 18 [...]. • § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,

transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

•  • Exemplo 2): art. 22- Compete privativamente à União legislar sobre:

• I- .....• Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a

legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.•  

• Exemplo 3) Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública.

Normas de Eficácia Limitada

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• Não têm aplicação imediata. Trazem programas a serem implementados pelo Estado.

• Exemplo 1: Art. 205- A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e

incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo

para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Normas Programáticas

Page 33: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Exemplo 2: Art. 211, § 4º

A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos

humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos

resultantes da produtividade de seu trabalho.

Normas Programáticas

Page 34: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

• A doutrina moderna admite que todas as normas constitucionais têm um mínimo de eficácia.

• O valor jurídico constitucional das normas programáticas é idêntico ao do restante das normas constitucionais.

• A positividade das normas programáticas ou normas-fim justifica a necessidade de intervenção dos órgãos

legiferantes.• Não há, pois, na Constituição, “simples declarações”

(sejam oportunas ou inoportunas, felizes ou desafortunados, precisas ou indeterminadas).

Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais

Page 35: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

• As Constituições não devem se contentar em retratar o estado atual das coisas, mas imprimir um rumo ou direção

à evolução do estado e da sociedade.

• Quem vai decidir sobre a velocidade da implementação da norma programática?

• Pela vagueza do texto Constitucional, essa questão fica subordinada a uma decisão política.

Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais

Page 36: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

Para a concretização de eficácia, a norma pode depender ou não de outras normas, classificando-se em:

a) normas de eficácia plena: quando a sua eficácia é imediata → não depende de qualquer outra norma para produzir efeitos.

b) normas de eficácia limitada: quando há a necessidade de outras normas para a realização de sua disposição, como no mencionado art. 7º, I, CF.

c) normas de eficácia contida: pode ser restringida, sendo plena enquanto não sobrevier a restrição. Ex.: art. 5º, XIII, CF : “é livre o exercício de

qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Em suma:

Page 37: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

5. Noções de Controle de Constitucionalidade

Page 38: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

• A rigidez constitucional decorre da maior dificuldade para sua modificação do que para a alteração das demais normas jurídicas do

direito infraconstitucional.

• Assim, a previsão de um modo especial de revisão constitucional, próprio das constituições rígidas, faz nascer a distinção entre as duas categorias de “normas” as leis ordinárias e as normas constitucionais.

• Daí a supremacia de Constituição. Que implica em:• Posição superior de suas normas.

• Parâmetro para elaboração de todos os demais atos normativos estatais.

Princípio da Supremacia da Constituição

Page 39: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

– A primeira conseqüência dessa exigência de formalidades especiais é o princípio da supremacia Constitucional,

representando, no dizer de Pinto Ferreira “como a pedra angular em que assenta o edifício do moderno direito político”.

– Do princípio da supremacia se extrai a conclusão de que: “a Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a

que confere validade, e que todos os poderes estatais são legítimos na medida em que ela os reconheça e na proporção por

ela distribuídos” (J. Afonso).

Princípio da Supremacia da Constituição

Page 40: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

– Por que, então, o princípio da supremacia da Constituição decorre da rigidez Constituição?

– Vejamos, a contrário senso, o que ocorre com as Constituições flexíveis:

 

• Inexistência de diferenciação entre procedimentos de elaboração das leis ordinárias e de modificação das normas constitucionais.• Toda produção normativa tem o mesmo status formal.

• Não se pode cogitar de inconstitucionalidade, sendo o parlamento Poder Legislativo e Constituinte ao mesmo tempo.

• Apenas se fala em supremacia material, para indicar a existência de certos conteúdos tipicamente constitucionais, que deveriam ser

respeitados pelo legislador.

Princípio da Supremacia da Constituição

Page 41: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

 • Princípio da supremacia da Constituição: todas as situações jurídicas

devem ser conforme a Lei Maior.

• A inconstitucionalidade resulta do conflito de um comportamento, de uma norma ou de um ato com a Constituição.

• Inconstitucional é a ação ou omissão que ofenda no todo ou em parte a Constituição.

• Ex.: Se a lei ordinária, o estatuto privado, o contrato, o ato administrativo, etc, não estiverem de acordo com a Constituição

devem ser consideradas inconstitucionais.

Noções de Inconstitucionalidade

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PRESUNÇÃO DA LEGITIMIDADE DAS LEIS

• Em um Estado Democrático de Direito a sociedade necessita de um razoável grau de certeza quanto à obrigatoriedade das normas

jurídicas.

• É típico desses Estados o princípio da presunção de legitimidade das leis, segundo o qual toda norma jurídica presume-se constitucional ,

enquanto não se prove o contrário.

• Necessidade de segurança jurídica.

Noções de Inconstitucionalidade

Page 43: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

PRESUNÇÃO DA LEGITIMIDADE DAS LEIS

• Para se falar em Estado de Direito é necessário que exista pelo menos um órgão estatal, independente daquele que produz as

normas, que verifique a conformidade das normas ordinárias com princípios da Constituição.

• Outra conseqüência do princípio da supremacia das normas constitucionais: necessidade de separação dos poderes.

• Para que se tenha um efetivo sistema de controle de constitucionalidade faz-se necessário definir quem é competente para

analisar e decidir se houve ou não ofensa à Constituição.

Noções de Inconstitucionalidade

Page 44: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

 • CONCEITO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

 • Controlar a constitucionalidade significa verificar a adequação

(compatibilidade) de uma lei ou de um ato normativo com a Constituição, verificando seus requisitos formais e materiais.

• O estudo do controle de constitucionalidade implica questionar:

1) Quais os órgãos do Estado têm competência para declarar a inconstitucionalidade das leis;

2) Em que espécies de procedimentos as normas poderão ser declaradas inconstitucionais;

3) Quais os efeitos da declaração de constitucionalidade.

Constitucionalidade

Page 45: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

EM SÍNTESE:

 

Constitucionalidade

Rigidez da Constituição

Princípio da Supremacia

da Constituição

Inconstitucionalidade das Leis

Necessidade do Controle de Constitucionalidade

Page 46: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES:

• A conformidade das situações jurídicas não se satisfaz apenas com a atuação positiva de acordo com a Constituição.

• Omitir a aplicação de normas constitucionais, quando a Constituição

determinar, também constitui conduta inconstitucional.

• A inconstitucionalidade, portanto, poderá resultar de uma ação ou de uma omissão.

Espécies de Inconstitucionalidade

Page 47: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADES:

 

Espécies de Inconstitucionalidade

Inconstitucionalidade

Por omissãoA afronta à

Constituição resulta de uma omissão do

legislador

Por Ação

MATERIAL (Conteúdo da

norma)

FORMAL (Processo de elaboração da

norma)

Page 48: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

• Jurisdicional : Controle realizado pelo Poder Judiciário

• Político: Controle realizado por órgão que não integra o Poder Judiciário

• Misto: Controle realizado em parte pelo Poder Judiciário, em parte por órgão que não integra o Poder Judiciário. Ex: Constituição da

Suíça, em que lei nacionais submetem-se ao controle político e as leis locais são fiscalizadas pelo Poder Judiciário.

Sistemas de Controle de Constitucionalidade

Page 49: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

ESPÉCIES DE CONTROLE

 

• Preventivo: Tem por fim evitar a produção de uma norma inconstitucional.

• Repressivo: Tem por fim retirar uma norma inconstitucional do ordenamento jurídico.

Espécies de Controle de Constitucionalidade

Page 50: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

ESPÉCIES DE CONTROLE

 

• PREVENTIVO:

• Legislativo: Comissões de Constituições e Justiça e Plenário

• Executivo: Veto jurídico (Art. 66 §1º)

Espécies de Controle de Constitucionalidade

Page 51: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

ESPÉCIES DE CONTROLE

 

• REPRESSIVO

• Judiciário: (em regra)

• Poder Legislativo (exceção) – Art. 49, V; Art. 62

Espécies de Controle de Constitucionalidade

Page 52: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

CRITÉRIOS DE CONTROLE REPRESSIVO

• Concentrado – Somente o órgão de cúpula do Judiciário realiza o controle.

• Difuso – Todos os órgãos do Poder Judiciário realizam o controle.

Controle de Constitucionalidade Repressivo

Page 53: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

VIAS DE CONTROLE REPRESSIVO

Incidental ou concreto: O Controle é instaurado diante de uma controvérsia, com fim de afastar a aplicação da lei ao caso.

Principal ou abstrato: O controle é instaurado em tese, na defesa do ordenamento jurídico.

Controle de Constitucionalidade Repressivo

Page 54: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

EFEITOS DA DECISÃO

Inter Partes: A decisão produz efeitos somente entre as partes, para as pessoas que participaram da relação processual. É uma

consequência da via de defesa.

Erga Omnes: A decisão produz efeitos para todos. É uma consequência da via de ação.

Controle de Constitucionalidade Repressivo

Page 55: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

NATUREZA DA DECISÃO

Ex tunc: A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo é retroativa, alcançando a lei e todas as suas

consequências jurídicas desde a sua origem.

Ex nunc: A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo não é retroativa, produzindo efeitos a partir de sua

publicação.

Controle de Constitucionalidade Repressivo

Page 56: 4. Normas Constitucionais 1. Recepção, revogação e repristinação

MODALIDADES DE AÇÃO DIRETA

• Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn Art. 102, I, a, 1ª parte; Legitimados → Art. 103 CF; Admite medida cautelar; Efeitos ex tunc e

erga omnes; Lei 9.868/99)• Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC Art. 102, I, a, 2ª parte;

Lei 9.868/99)• Ação de Inconstitucionalidade por omissão (Art. 103, §2°)

• Ação de Representação Interventiva (Art. 34, VII; 36,III; 129,IV CF)• Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental (Art. 102, §1°;

Lei 9.882/99)

Controle de Constitucionalidade Repressivo

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BREVE HISTÓRICO:

 • CONSTITUIÇÃO DE 1824

– Não contemplava sistemas de controle judicial de constitucionalidade;

– Outorgava ao Poder Legislativo a competência para fazer leis, interpretá-las, suspendê-las e revogá-las;

– A validade das leis era controlada pelo próprio órgão encarregado de elaboração normativa.

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BREVE HISTÓRICO:

 • CONSTITUIÇÃO DE 1891

– Contemplava um sistema de controle difuso.

– A argüição de inconstitucionalidade somente era possível na via incidental.

– A declaração de inconstitucionalidade de lei em nenhuma hipótese a retirava do ordenamento jurídico, somente afastava a sua aplicação ao caso concreto.

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BREVE HISTÓRICO:

 • CONSTITUIÇÃO DE 1934

– Introduziu profundas alterações no controle de constitucionalidade;

– Previa a “reserva de plenário” segundo a qual somente a maioria absoluta dos membros dos diversos tribunais

dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade das leis e atos normativos do

Poder Público.– Atribuiu competência ao Senado para suspender a

execução de uma lei quando declarada a inconstitucionalidade pelo Poder Judiciário no caso

concreto.

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BREVE HISTÓRICO:• CONSTITUIÇÃO DE 1937

– Preservou o controle difuso;

– Enfraqueceu a competência do Poder Judiciário com relação à declaração de inconstitucionalidade das leis, pois previa no

parágrafo único do Art. 96:

» “Parágrafo único - No caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo do Presidente

da República, seja necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou defesa de interesse nacional de alta monta,

poderá o Presidente da República submetê-la novamente ao exame do Parlamento: se este a confirmar por dois terços de

votos em cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal.”

– Aboliu a competência do Senado para suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF.

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BREVE HISTÓRICO:

• CONSTITUIÇÃO DE 1946:

– Trouxe de volta as disposições suprimidas pela Carta de 1937.

– A EC nº 16 introduziu o controle abstrato (controle concentrado) de normas estaduais e federais em face da CF.

– A legitimação para a representação de inconstitucionalidade perante o STF foi confiada ao Procurador-Geral da República.

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BREVE HISTÓRICO:

• CONSTITUIÇÃO DE 1967

– Manteve o controle concentrado;

– Não inovou em matéria de jurisdição constitucional

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BREVE HISTÓRICO:

• CONSTITUIÇÃO DE 1988:

– Manteve o controle difuso

– Ampliou o controle concentrado

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