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4.02.09.00.11-6 ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE O USO DE ESCOVAS OU ESPÁTULAS NA HIGIENE BUCAL DE PACIENTES INTUBADOS INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NO ESTADO DO TOCANTINS. RESUMO A higiene bucal constitui-se em um procedimento básico de enfermagem, mas acaba sendo negligenciada e realizada de forma que não possibilita a retirada de todo o biofilme dental possibilitando assim a aquisição de infecções endógenas ao paciente. Este estudo tem por objetivo identificar qual o método de escolha é mais eficaz na realização da higiene bucal de pacientes intubados na UTI do HRG: escova de dente ou espátula com gaze. Trata-se de um estudo quali-quantitativo, descritivo e exploratório realizado na UTI do HRG de Gurupi-TO. Fizeram parte do estudo 06 pacientes intubados. Entre os critérios de inclusão destacam-se: estar em uso de tubo orotraqueal, ser totalmente dependente dos cuidados de enfermagem, ser edentado ou com dentes, ser maiores de 18 anos e o familiar ou responsável legal assinar o termo de consentimento. Para a coleta de dados utilizou-se uma ficha clínica de avaliação odontológica realizado por um odontólogo e após foi realizado a higienização bucal com espátula e gaze e após três dias com escova de dente. Foi aplicação o evidenciador de placa bacteriana antes da escovação e a higiene bucal foi realizada com gluconato de clorexidina a 0,12%. a análise dos resultados se deu mediante a análise da fotos tiradas antes e após a escovação. Foi verificado que a higienização com escova de dente foi superior na remoção do biofilme dental do que a espátula com gaze. Dessa forma, sugere-se que a higienização com escova de dente seja realizada em pacientes intubados devido sua superioridade na remoção de biofilme e na possível prevenção de infecções respiratórias. Palavras-chave: Higiene Bucal; Enfermagem; Autocuidado; Unidade de Terapia Intensiva. ABSTRACT Oral hygiene is a basic nursing procedure which is at times neglected and done in a way it does not provide the removal of the whole dental biofilm thus enabling the acquisition of endogenous infections to patients. This study aims to figure out the

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4.02.09.00.11-6

ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE O USO DE ESCOVAS OU ESPÁTULAS NA

HIGIENE BUCAL DE PACIENTES INTUBADOS INTERNADOS EM UMA UNIDADE

DE TERAPIA INTENSIVA NO ESTADO DO TOCANTINS.

RESUMO

A higiene bucal constitui-se em um procedimento básico de enfermagem, mas acaba

sendo negligenciada e realizada de forma que não possibilita a retirada de todo o

biofilme dental possibilitando assim a aquisição de infecções endógenas ao

paciente. Este estudo tem por objetivo identificar qual o método de escolha é mais

eficaz na realização da higiene bucal de pacientes intubados na UTI do HRG:

escova de dente ou espátula com gaze. Trata-se de um estudo quali-quantitativo,

descritivo e exploratório realizado na UTI do HRG de Gurupi-TO. Fizeram parte do

estudo 06 pacientes intubados. Entre os critérios de inclusão destacam-se: estar em

uso de tubo orotraqueal, ser totalmente dependente dos cuidados de enfermagem,

ser edentado ou com dentes, ser maiores de 18 anos e o familiar ou responsável

legal assinar o termo de consentimento. Para a coleta de dados utilizou-se uma ficha

clínica de avaliação odontológica realizado por um odontólogo e após foi realizado a

higienização bucal com espátula e gaze e após três dias com escova de dente. Foi

aplicação o evidenciador de placa bacteriana antes da escovação e a higiene bucal

foi realizada com gluconato de clorexidina a 0,12%. a análise dos resultados se deu

mediante a análise da fotos tiradas antes e após a escovação. Foi verificado que a

higienização com escova de dente foi superior na remoção do biofilme dental do que

a espátula com gaze. Dessa forma, sugere-se que a higienização com escova de

dente seja realizada em pacientes intubados devido sua superioridade na remoção

de biofilme e na possível prevenção de infecções respiratórias.

Palavras-chave: Higiene Bucal; Enfermagem; Autocuidado; Unidade de Terapia

Intensiva.

ABSTRACT

Oral hygiene is a basic nursing procedure which is at times neglected and done in a

way it does not provide the removal of the whole dental biofilm thus enabling the

acquisition of endogenous infections to patients. This study aims to figure out the

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most effective method to perform oral hygiene in intubated patients: a toothbrush or a

spatula with gauze. This is an exploratory, descriptive, qualitative and quantitative

study, carried out in the ICU of GRH of Gurupi-TO. The participants were 06

intubated patients. The inclusion criteria comprised: being using an endotracheal

tube, being totally dependent on nursing care, being edentate or with teeth, being

over 18 and having family or a legal guardian signing the consent form. For the data

collect we used a clinical dental evaluation form analyzed by a dentist, and after it an

oral hygiene procedure with a spatula and gauze was carried out and after three days

we conducted a toothbrush oral hygiene procedure. We applied a bacterial plaque

disclosing before brushing. The oral hygiene was performed with chlorhexidine

gluconate 0.12%. The results came up through the analysis of the images taken

before and after every cleaning. This study could find out the effectiveness of

toothbrush cleaning compared to the spatula cleaning which is usual in most of ICU,

once the only cleaning which removed the dental biofilm was the toothbrush one.

Thus, we suggest the use of toothbrush cleaning for intubated patients due to its

superiority in removing bacterial plaques and in the possible prevention of respiratory

infections.

Keywords: Dental Hygiene; Nursing; Intensive Care Unit.

1 INTRODUÇÃO

A higiene bucal é uma das condições básicas para a saúde e bem-estar do

paciente e do indivíduo, pois as patologias que acometem os dentes e gengivas

podem levar a perdas de elementos dentais, alteração na digestão dos alimentos

propiciando assim o surgimento de infecções bacterianas. Araújo et al. (2010, p. 11)

revelam que “a higiene oral consiste na conservação e na limpeza da cavidade bucal

com objetivo da prevenção de cáries dentárias e de infecções bucais, digestivas e

respiratórias”.

Seja no Brasil ou em outros países do mundo, a higiene bucal é de

responsabilidade da equipe de Enfermagem, pois através da mesma é possível

promover o conforto do paciente e assim evitando focos de infecções bactérias na

cavidade oral.

Diante disso, é essencial que pacientes de Unidades de Terapia Intensiva

recebam cuidados de higiene bucal adequados durante o período de sua internação

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para reduzir ou prevenir a instalação de doenças associadas à saúde bucal, assim

como evitar complicações de patologias orais já pré-instaladas.

A higienização bucal de pacientes intubados é considerada como uma

assistência de alto grau de dificuldade devido ao posicionamento do tubo

orotraqueal (TOT) e de outros acessórios da assistência ventilatória. Esses materiais

dificultam a visibilidade da cavidade bucal e limitam o processo de higienização, mas

não exime a responsabilidade da equipe de Enfermagem diante desta situação

comum em uma UTI (ARAÚJO et al., 2009).

Diversos estudos apontaram que indivíduos hospitalizados tendem a

apresentar uma higienização bucal deficiente em comparação com clientes

ambulatoriais e os pacientes controles da sociedade. Essa falta de atenção com a

higiene bucal resulta no aparecimento de grandes quantidades de placa dental

favorecendo assim o surgimento de patógenos.

Dessa forma, este estudo busca revelar “Qual é o método de higiene bucal

mais adequado para pacientes entubados: espátula com gaze ou escova de dente?”.

O presente estudo tem por objetivo identificar qual método de escolha é mais eficaz

na realização da higiene bucal de pacientes intubados na UTI do Hospital Regional

de Gurupi (HRG): espátula com gaze ou escova dental.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, exploratório voltado para uma abordagem

qualitativa e quantitativa. O método de procedimento utilizado nesta pesquisa foi de

pesquisa de campo.

A pesquisa foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional

de Gurupi-TO (HRG) entre os meses de fevereiro a maio de 2011. Inicialmente

obteve-se neste estudo um total de 12 pacientes que atenderam aos critérios de

inclusão, porém 03 pacientes foram a óbito e 03 foram extubados antes das 48

horas determinadas nesta pesquisa para a segunda etapa do estudo, ou seja, a

realização da higienização com escova dental. Assim, totalizou-se 06 pacientes que

foram estudados.

Entre os critérios de inclusão destacam-se: os pacientes deverão estar com

TOT; ser totalmente dependente dos cuidados de enfermagem; não estar em

isolamento por doenças infecto-contagiosas; possuir ou não dentes; e a assinatura

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do familiar ou responsável legal do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE).

Os critérios de exclusão foram: pacientes com intubação nasal ou

traqueostomia e a não assinatura do familiar ou responsável legal do TCLE.

O estudo foi autorizado pela direção do HRG e pelo Núcleo de Estudos e

Pesquisas (NEP) do hospital. O projeto de pesquisa foi submetido à avaliação do

Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário UNIRG sendo aprovado por

meio do parecer nº. 232/2010. Todos os procedimentos metodológicos obedeceram

os padrões da Resolução nº. 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde que trata

das normas de pesquisas envolvendo seres humanos.

Para a coleta de dados foi aplicado uma ficha clínica de avaliação odontológica

por um dentista preparado para este fim em todos os pacientes antes da escovação

com o intuito de verificar as condições da cavidade oral. Foi elaborado um protocolo

para a realização da higiene bucal com o intuito de padronizar o procedimento sendo

mudado somente o método de escolha da higiene bucal (espátula com gaze ou

escova de dente).

A escovação foi realizada com Solução de Gluconato de Clorexidina a 0,12% e

ainda foi utilizado evidenciador de placa bacteriana (EVIPLAC SOLUÇÃO®

Fabricante: BIODINÂMICA) com a finalidade de contrastar o biofilme bucal antes e

após a escovação com os métodos empregados neste estudo.

No princípio, realizou-se a escovação com espátula e gaze e após três dias foi

realizado a escovação com escova de dente macia marca BITUFO. A análise dos

dados ocorreu mediante a análise das fotos tiradas em todas as etapas do

procedimento (antes da escovação após a aplicação do evidenciador de placa

bacteriana, após a escovação com espátula e gaze e após a escovação com escova

de dente).

Baseado nisso, as fotos foram analisadas de acordo com a quantidade de

placa bacteriana em cada tipo de higienização bucal sendo estabelecido qual o

método de escovação que teve melhores resultados na remoção de placa

bacteriana.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram da pesquisa 06 pacientes internados e intubados na Unidade de

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Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Gurupi-TO (HRG). A Tabela 1 mostra

a classificação dos pacientes de acordo com o sexo apontando a prevalência maior

de pessoas do sexo masculino na pesquisa (n=05).

TABELA 1 – Distribuição dos pacientes de acordo com o sexo. Gurupi/ TO, 2011.

n % TOTAL

Masculino 05 83,33 05

83,33

Feminino 01 16,67 01

16,67

TOTAL 06 100 06 100

_______________________________________________________________________

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Tabela produzida pelas autoras.

A idade dos pacientes oscilou de 43 a 63 anos de idade, sendo que a maioria

estava acima de 50 anos de idade (n=04). O diagnóstico médico para entrada na

UTI foram os mais diversos, sendo encontrado: 02 pacientes com diagnóstico de

Traumatismo Cranioencefálico (TCE), 01 Parada Cardiorrespiratória (PCR) e Edema

Agudo de Pulmão (EAP), 01 Intoxicação Exógena, 01 Acidente Vascular Encefálico

Isquêmico (AVEi) e o outro paciente com o diagnóstico de Hematoma Subaracnóide.

Na avaliação da cavidade bucal realizada pelo odontólogo foi identificado a

presença de diversas lesões nestas cavidades, sendo que 05 pacientes

apresentavam lesões como: escoriações em lábio, bochecha, rebordo gengival e

língua. E somente 01 paciente não apresentava qualquer tipo de lesão na cavidade

bucal.

De acordo com Amaral, Cortês e Pires (2009) a boca sofre colonização

contínua, apresentando praticamente metade de toda microbiota presente no corpo

humano e, em adição a esse fato, a placa bacteriana serve de reservatório

permanente de microrganismo podendo determinar infecções.

Já na avaliação da consistência salivar foi identificado xerostomia em 05

pacientes e em 01 paciente a consistência salivar estava viscosa. No que se refere

ao uso de próteses identificou-se que 04 pacientes utilizavam em ambas as arcadas

dentárias (superior e inferior) e 01 paciente utilizava somente em arcada superior e o

outro não utilizava prótese dentária.

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Na avaliação da deglutição todos os pacientes (n=06) apresentavam

inadequada principalmente devido ao seu estado de saúde e ao uso do Tubo

Orotraqueal (TOT) que dificulta na movimentação da língua na cavidade oral e a

própria movimentação da boca fazendo com que se torne impossível realizar uma

deglutição adequada. No que se refere ao suporte nutricional, 05 pacientes se

alimentavam por meio de dieta enteral e 01 paciente por nutrição parenteral.

A Figura 1 demonstra a pré e pós-higienização do paciente 01, sendo que nas

duas fotos superiores a higienização foi realizada com espátula e gaze e nas duas

inferiores com escova dental macia. A coloração rósea das fotos referentes à pré-

higienização diz respeito a aplicação do evidenciador de placa bacteriana (EVIPLAC

SOLUÇÃO® Fabricante: BIODINÂMICA) onde percebe-se a presença de biofilme

dental (placa bacteriana) principalmente na base dos dentes, entre os dentes e na

língua. O biofilme é caracterizado na figura pela coloração rósea mais escura.

FIGURA 1 – Processo de higienização com Espátula e Gaze e com Escova Dental.

PACIENTE 01. Gurupi/TO, 2011.

Pré-escovação com Espátula e Gaze.

Pós-escovação com Espátula e Gaze.

Pré-escovação com Escova de Dente.

Pós-escovação com Escova de Dente.

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Figuras tirada pelas autoras.

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Percebe-se na figura a presença de grande quantidade de biofilme dental na

pré- higienização de ambos os materiais utilizados (espátula com gaze e escova de

dente), mas na foto referente à pré- higienização com espátula e gaze a quantidade

de biofilme é maior quando comparada com escova dental.

Na análise da pós- higienização percebe-se que quando se utilizou a espátula

com gaze ainda permaneceram alguns pontos de biofilme dental na base dos dentes

e na língua como evidencia a Figura 1. Já na pós- higienização com escova dental

não se percebe a presença de biofilme, sendo retirado por completo.

Na Figura 2 a higiene bucal foi realizada no Paciente 02 onde foi possível

identificar os mesmos resultados obtidos no Paciente 01, sendo que a higienização

com escova dental retirou todo o biofilme diferentemente da espátula com gaze.

FIGURA 2 – Processo de Higienização com Espátula e Gaze e com Escova Dental.

PACIENTE 02. Gurupi/TO, 2011.

Pré-escovação com Espátula e Gaze.

Pós-escovação com Espátula e Gaze.

Pré-escovação com Escova de Dente.

Pós-escovação com Escova de Dente.

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Figuras tirada pelas autoras.

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Embora a higiene oral constitua-se em uma prática tradicional na assistência

ao paciente, até recentemente não havia estudos/evidências científicas de sua

relevância para a prevenção de IH. As atuais diretrizes para o controle de infecção

respiratória do Center for Disease Control and Prevention (CDC) recomendam a

implantação de programas que incluam a higiene oral em pacientes internados em

UTI's, mas este processo não está categorizado como uma prática baseada em

fortes evidências (SILVEIRA et al., 2010).

Vários estudos vêm determinando, a higiene bucal, como uma medida significativa para reduzir a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM). Tradicionalmente, a higiene bucal compõe a higiene corporal como um todo e constitui um dos mais importantes cuidados de enfermagem (SILVEIRA et al., 2010, p. 698).

A microbiota bucal sofre alteração durante o uso de equipamentos respiratórios

contaminados, higiene bucal precária ou ausente, dietas enterais, contato direto e

indireto com outros pacientes (transmissão cruzada) e baixa adesão à higiene das

mãos pelos profissionais. A colonização da cavidade bucal, especialmente, por

micro-organismos associados à PAVM, está presente em 67% das secreções de

pacientes com período de intubação endotraqueal >24h e nos equipamentos

respiratórios utilizados por eles (SILVEIRA et al., 2010).

A Figura 3 demonstra o processo de higienização bucal do Paciente 03.

FIGURA 3 – Processo de Higienização com Espátula e Gaze e com Escova Dental.

PACIENTE 03. Gurupi/TO, 2011.

Pré-escovação com Espátula e Gaze.

Pós-escovação com Espátula e Gaze.

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Pré-escovação com Escova de Dente.

Pós-escovação com Escova de Dente.

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Figuras tirada pelas autoras.

Na figura 03 assim como nas anteriores pode-se observar a maior eficácia da

higienização com escova dental.

Na análise das Figuras 4, 5 e 6 pode-se chegar a conclusão de que a

higienização bucal com escova dental foi possível remover uma maior quantidade e

em alguns casos a totalidade de biofilme dental presente na cavidade oral com nas

Figuras 4 e 5.

FIGURA 4 – Processo de Escovação com Espátula e Gaze e com Escova Dental.

PACIENTE 04. Gurupi/TO, 2011.

Pré-escovação com Espátula e Gaze.

Pós-escovação com Espátula e Gaze.

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Pré-escovação com Escova de Dente.

Pós-escovação com Escova de Dente.

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Figuras tirada pelas autoras.

Na higienização com gaze e espátula não se conseguiu remover por completo

o biofilme dental ficando presente grande quantidade de placa bacteriana.

FIGURA 5 – Processo de Higienização com Espátula e Gaze e com Escova Dental.

PACIENTE 05. Gurupi/TO, 2011.

Pré-escovação com Espátula e Gaze.

Pós-escovação com Espátula e Gaze.

Pré-escovação com Escova de Dente.

Pós-escovação com Escova de Dente.

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Figuras tirada pelas autoras.

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FIGURA 6 – Processo de Higienização com Espátula e Gaze e com Escova Dental.

PACIENTE 06. Gurupi/TO, 2011.

Pré-escovação com Espátula e Gaze.

Pós-escovação com Espátula e Gaze.

Pré-escovação com Escova de Dente.

Pós-escovação com Escova de Dente.

Fonte: UTI do Hospital Regional de Gurupi-TO. Figuras tirada pelas autoras.

Ao analisar as figuras referentes ao processo de higienização bucal com

espátula e gaze e com escova dental na pré e pós- higienização pode-se chegar à

conclusão na superioridade da escova dental na remoção do biofilme em paciente

intubados com déficit de autocuidado.

Em todos os seis pacientes a remoção de placa bacteriana utilizando a escova

dental macia foi superior a espátula com gaze. Somente em um paciente (Paciente

06) ainda ficou poucos resquícios de biofilme entre os dentes, mas bastante inferior

a da espátula com gaze

Portanto, este estudo recomenda que a higienização bucal de pacientes

internados em Unidades de Terapia Intensiva seja realizada com escova dental, pois

foi identificada sua superioridade em relação à espátula com gaze.

A higienização com escova dental se torna mais fácil quando utilizado

afastadores bucais, pois a grande reclamação da equipe de enfermagem em relação

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ao uso deste método diz respeito as dificuldades encontradas devido a não

visualização da cavidade oral.

Contudo, com a utilização do afastador bucal como utilizado nesta pesquisa,

facilita significativamente a realização da higiene oral adequada por parte da equipe

de enfermagem, promovendo com isso, uma maior adesão de todos na execução

deste procedimento, promovendo com isso uma diminuição do risco infecção e

conseqüentemente menores gastos hospitalares e ainda a redução no período de

internação dos pacientes.

4 CONCLUSÃO

A higiene bucal constitui-se em um cuidado corporal que deve ser realizado em

todos os pacientes principalmente naqueles com déficit de autocuidado como os

pacientes intubados, alvo desta pesquisa.

É essencial que pacientes intubados recebam higiene bucal da equipe de

enfermagem para que seja possível prevenir os possíveis riscos a aquisição de

infecções respiratória, sendo a pneumonia a principal delas. A higienização da

cavidade oral é uma atribuição básica da enfermagem, mas percebe-se que esse

cuidado está sendo cada vez mais negligenciada pela equipe de enfermagem.

Diante disso, torna-se necessário que a equipe de enfermagem seja esclarecida dos

benefícios que este procedimento traz para o paciente de forma a possibilitar uma

maior adesão ao cuidado básico.

Os resultados demonstraram que a maioria dos pacientes da UTI do HRG

participantes da pesquisa era do gênero masculino, com idade superior a 50 anos de

idade, continham lesões na cavidade oral principalmente em lábio, bochecha,

rebordo gengival e língua. Apresentavam ainda xerostomia e consistência salivar

viscosa, deglutição inadequada e o suporte nutricional por meio de dieta enteral e

nutrição parenteral.

No que se refere aos métodos utilizados na escovação dos pacientes (espátula

com gaze e escova de dente) pode-se chegar a conclusão de que a escova dental

foi superior quando comparada a espátula. Em todos os seis pacientes a remoção

do biofilme dental foi bastante significativa com a utilização da escova de dente

retirando praticamente toda a placa bacteriana presente nos dentes, gengiva e

língua. Somente em um paciente ficou resquícios de biofilme entre os dentes em

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pouca quantidade.

A utilização da solução de gluconato de clorexidina a 0,12% na higienização da

cavidade bucal demonstrou ser eficaz em diversos estudos realizados no país e no

exterior. Nesse estudo a associação da clorexidina com a escova de dente se

mostrou também bastante eficaz.

Na higienização com espátula e gaze a remoção de biofilme dental foi benéfica

somente na parte anterior dos dentes, mas a remoção de placa bacteriana entre os

dentes, gengiva e na língua não foi significativa permanecendo em grande

quantidade.

Portanto, baseado em todo o contexto apresentado neste artigo e nos

resultados apresentados verificou-se que a higienização bucal com escova dental

mostrou-se mais efetiva na remoção de placa bacteriana. Dessa forma, a completa

remoção de placa bacteriana apresenta-se como uma medida preventiva para o

controle da infecção hospitalar e na aquisição de pneumonia hospitalar.

De modo geral, recomenda-se que seja adotado a higienização bucal com

escova dental na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional de Gurupi-TO

devido aos benefícios apontados neste estudo no que se refere aos índices de

remoção de biofilme dental.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização deste estudo encontrou-se diversas dificuldades para a

sua realização, como: entrega tardia do parecer de aprovação do Comitê de Ética

em Pesquisa; burocracia para realização da pesquisa no Hospital Regional de

Gurupi-TO em relação ao Núcleo de Estudos e Pesquisas (NEP) do Hospital;

dificuldades em conseguir uma amostragem maior devido ao estado de saúde dos

pacientes e que atenderam os critérios de inclusão.

Mas, mesmo com todos os desafios conseguimos concluir com êxito este

estudo. Diante disso, pode-se esclarecer que a higienização bucal com escova

dental é mais eficaz na remoção de placa bacteriana do que a espátula com gaze,

procedimento esse tão difundido no hospital em estudo.

Dessa forma, informamos que será dada continuidade neste estudo pelas

pesquisadoras, até obtenção de uma maior amostra.

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