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P ROFESSOR: SÉRGIO ROSA N° 2 Barroco, Interpretação e Gramática  LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS OSG.: 41379/11 1. Na poesia lírica e religiosa, nã o foi melhor ne m pior que o s gongóricos portugueses do tempo. Sua importância advém, de fato, da parte satírica de sua obra, a primeira que reete em versos a sociedade da colônia, com o seu mestiçamento, o parasitismo português, os desmandos sexuais e outros males.  O texto acima está se referindo: a) às denúncias feitas por Tomás Antônio Gonzaga nas Cartas chilenas.  b) ao tom inamado dos sermões do P adre Antô nio Vieira. c) aos poemas agressivos que Gregório de Matos escreveu, com os olhos na sociedade baiana. d) aos versos laudatórios de  A ilha da maré , escritos por Manuel Botelho de Oliveira. e) à poesia de sentido moral e missionário de José de Anchieta. 2. Este poeta revelou em sua poesia a dualidade do homem  barroco: oscilação entre a religiosidade e o sensualismo, entre a elevação do sentimento amoroso e a crueza da mais atrevida libertinagem, entre o louvor dos poderosos e a sátira indiscriminadamente dirigida.  O trecho acima refere-se a: a) Cláudio Manuel da Costa.  b) José de Anch ieta . c) Gregório de Matos. d) Álvares de Azevedo. e) Tomás Antônio Gonzaga. 3. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se  pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro de si e ver-se a si mesmo? O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.  O trecho acima é um exemplo: a) da retórica barroca de Antônio V ieira.  b) da líric a am oros a de Greg ório de Matos. c) de manifesto estético de um poeta simbolista. d) da sátira neoclássica dirigida contra os colonizadores. e) da linguagem épica de exaltação nacionalista. 4. Em seus sermões, o Padre Antônio Vieira utilizava -se de uma retórica marcada pelos símbolos, pelas alegorias, pelas antíteses e por paralelismos, elementos marcantes da: a) lírica confessional.  b) retó rica barr oca. c) linguagem do Classicismo. d) prosa romântica. e) argumentação cienti cista. Texto I SERMÃO VIGÉSIMO SÉTIMO Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores  banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos  prostrados com as mãos atadas atrás como imagens vilíssimas da servidão e espetáculos da extrema miséria. VIEIRA, Pe. Antônio. Sermão vigésimo sétimo. In: AMORA, Antônio Soares, org. Sermões. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1981. p. 58. 5. No texto, verica m-se os s eguintes traços do Barroco. I. A presença de um grande número de antíteses; II. A predominância dos aspectos denotativos da linguagem; III. A utilização do recurso da hipérbole para melhor traduzir o sofrimento dos escravos; IV. O envolvimento político do jesuíta. Estão corretas apenas as armativas: a) I e II  b) III e IV c) II e III d) I e IV e) I e III Texto II Se em pequeno, movido por um vislumbre de luminosa prudência, enquanto aplicavam-se os outros à peteca, eu me houvesse entregado ao manso labor de fabricar documentos autobiográcos, para a oportuna confecção de mais uma infância célebre, certo não registraria, entre os meus episódios de predestinado, o caso  banal da natação, de consequências, entretanto, para mim, e origem de dissabores como jamais encontrei tão amargos.  Natação chamava-se o banheiro, construído num terreno das dependências do Ateneu, vasta toalha d’água ao rés da terra, trinta metros sobre cinco, com escoamento  para o Rio Comprido, e alimentada por grandes torneiras de chave livre. O fundo invisível, de ladrilho, oferecia uma inclinação, baixando gradualmente de um extremo para outro. Acusava-se ainda mais esta diferença de profundidade  por dois degraus convenientemente dispostos para que tomassem pé as crianças como os rapazes desenvolvidos. Em certo ponto a água cobria um homem. Por ocasião dos intensos calores de fevereiro e março e do m do ano, havia aí dois banhos por dia. E cada banho era uma festa, naquela água gorda, salobra da transpiração 5 10 15 20

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P ROFESSOR: SÉRGIO ROSA N° 2

Barroco, Interpretação e Gramática

 

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

OSG.: 41379/11

1. Na poesia lírica e religiosa, não foi melhor nem pior que osgongóricos portugueses do tempo. Sua importância advém,de fato, da parte satírica de sua obra, a primeira que reeteem versos a sociedade da colônia, com o seu mestiçamento,o parasitismo português, os desmandos sexuais e outrosmales.

  O texto acima está se referindo:a) às denúncias feitas por Tomás Antônio Gonzaga nas

Cartas chilenas.

 b) ao tom inamado dos sermões do Padre Antônio Vieira.c) aos poemas agressivos que Gregório de Matos escreveu,

com os olhos na sociedade baiana.d) aos versos laudatórios de  A ilha da maré, escritos por

Manuel Botelho de Oliveira.e) à poesia de sentido moral e missionário de José de Anchieta.

2. Este poeta revelou em sua poesia a dualidade do homem barroco: oscilação entre a religiosidade e o sensualismo,entre a elevação do sentimento amoroso e a crueza da maisatrevida libertinagem, entre o louvor dos poderosos e a sátiraindiscriminadamente dirigida.

  O trecho acima refere-se a:a) Cláudio Manuel da Costa. b) José de Anchieta.c) Gregório de Matos.d) Álvares de Azevedo.e) Tomás Antônio Gonzaga.

3. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias trêscoisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se

 pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é denoite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz,há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversãode uma alma, senão entrar um homem dentro de si e ver-se

a si mesmo? O pregador concorre com o espelho, que é adoutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homemconcorre com os olhos, que é o conhecimento.

  O trecho acima é um exemplo:a) da retórica barroca de Antônio Vieira.

 b) da lírica amorosa de Gregório de Matos.c) de manifesto estético de um poeta simbolista.d) da sátira neoclássica dirigida contra os colonizadores.e) da linguagem épica de exaltação nacionalista.

4. Em seus sermões, o Padre Antônio Vieira utilizava-se deuma retórica marcada pelos símbolos, pelas alegorias, pelas

antíteses e por paralelismos, elementos marcantes da:a) lírica confessional. b) retórica barroca.c) linguagem do Classicismo.d) prosa romântica.e) argumentação cienticista.

Texto I

SERMÃO VIGÉSIMO SÉTIMO

Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhoresrompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores

 banqueteando, os escravos perecendo à fome; os senhoresnadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; ossenhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os etemendo-os como deuses; os senhores em pé apontando para

o açoite, como estátuas da soberba e da tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás como imagens vilíssimasda servidão e espetáculos da extrema miséria.

VIEIRA, Pe. Antônio. Sermão vigésimo sétimo. In: AMORA, AntônioSoares, org. Sermões. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1981. p. 58.

5. No texto, vericam-se os seguintes traços do Barroco.I. A presença de um grande número de antíteses;II. A predominância dos aspectos denotativos da linguagem;III. A utilização do recurso da hipérbole para melhor traduzir o

sofrimento dos escravos;

IV. O envolvimento político do jesuíta.

Estão corretas apenas as armativas:a) I e II

 b) III e IVc) II e IIId) I e IVe) I e III

Texto IISe em pequeno, movido por um vislumbre de

luminosa prudência, enquanto aplicavam-se os outrosà peteca, eu me houvesse entregado ao manso labor de

fabricar documentos autobiográcos, para a oportunaconfecção de mais uma infância célebre, certo nãoregistraria, entre os meus episódios de predestinado, o caso

 banal da natação, de consequências, entretanto, para mim,e origem de dissabores como jamais encontrei tão amargos.

 Natação chamava-se o banheiro, construído numterreno das dependências do Ateneu, vasta toalha d’águaao rés da terra, trinta metros sobre cinco, com escoamento

 para o Rio Comprido, e alimentada por grandes torneirasde chave livre. O fundo invisível, de ladrilho, oferecia umainclinação, baixando gradualmente de um extremo paraoutro. Acusava-se ainda mais esta diferença de profundidade

 por dois degraus convenientemente dispostos para quetomassem pé as crianças como os rapazes desenvolvidos.Em certo ponto a água cobria um homem.

Por ocasião dos intensos calores de fevereiro e marçoe do m do ano, havia aí dois banhos por dia. E cada banhoera uma festa, naquela água gorda, salobra da transpiração

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BARROCO, INTERPRETAÇÃO E GRAMÁTICA

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lavada das turmas precedentes, que as dimensões dotanque impediam a devida renovação; turbulento debatede corpos nus, estreitamente cingidos no calção de malharajado a cores, enleando-se os rapazes como lampreias, unsimegindo, reaparecendo outros, olhos injetados, cabelos aescorrer pela cara, vergões na pele de involuntárias unhadasdos companheiros, entre gritos de alegria, gritos de susto,gritos de terror; os menores agrupados no raso, dando-se asmãos em cacho, espavoridos, se algum mais forte chegava.

Dos maiores, alguns havia que faziam medo realmentesingrando a braçadas, levando a ombro a resistência d’água;outros se precipitavam cabeça para baixo, volteando os pésno ar como cauda de peixe, prancheando sem ver a quem.E, borbulhando entre os nadadores, fartas ondas de ressavase emborcavam e iam transbordar pelas imediações do

 banheiro alagando tudo. (...)Ao primeito banho, amedrontou-me a desordem

movimentada.Procurei o recanto dos menores. Determinava a

disciplina a divisão dos banhistas em três turmas, conformeas classes de idade. Mas, o descuido da scalização permitia

que as turmas se confundissem e o inspetor de serviço, coma varinha destinada aos retardatários, vigiava, afastado,de sorte que cavam expostos os mais fracos aos abusosdos marmanjos que as espadanas d’água acobertavam.Mal tinha eu entrado, senti que duas mãos, no fundo,

 prendiam-me o tornozelo, o joelho. A um impulso violentocaí de costas; a água abafou-me os gritos, cobriu-me avista. Senti-me arrastado. Num desespero de asxia, penseimorrer. Sem saber nadar, vi-me abandonado em ponto

 perigoso; e bracejava, à toa, imerso a desfalecer, quandoalguém me amparou. Um grande tomou-me ao ombro e medepôs à borda, estendido, vomitando água. Levei algum

tempo para me inteirar do que ocorrera. Esfreguei por mos olhos e veriquei que o Sanches me tinha salvo. “Iaafogar-se!” disse ele, amparando-me a cabeça enquanto medesempastava os cabelos de cima dos olhos. Meio aturdidoainda, contei-lhe efusivamente o que me haviam feito.“Perversos!” observou-me o colega com pena, e atribuiua brutalidade a qualquer peste que fugiu no atropelo dosnadadores, desvelando-se em solicitudes por tranquilizar-me.Tive depois motivo, para crer que o perverso e a peste fora-oele próprio, na intenção de fazer valer um bom serviço.

POMPÉIA, Raul. O Ateneu. São Paulo:Câmara Brasileira do Livro, 1954.

● Questões de 6 a 10 referentes ao texto.

6. Conforme a linha 1, a palavra vislumbre  pertence à áreasemântica de:a) reexo.

 b) simples informação.c) síntese.d) inuência divina.

7. Labor (linha 3) signica:a) prazer. b) trabalho.c) amor.d) preferência.

25

30

35

40

45

50

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8. Predestinado (linha 6) quer dizer:a) infeliz.

 b) prejudicado.c) esquecido.d) eleito.

9. Dissabores (linha 8) denota ideia de:a) amores e prazeres.

 b) dores e alegrias.c) brigas e perdões.d) aborrecimentos e desgostos.

10. A expressão está corretamente explicada, conforme a citação,em:a) “água gorda” (linha 21): água abundante e transparente.

 b) “enleando-se os rapazes como lampreias” (linha 25):enlameando-se como peixes.

c) “uns imergindo” (linhas 25 e 26): alguns mergulhando.d) “olhos injetados” (linha 26): olhos claros.

11. Assinale a alternativa em que as duas palavras são formadas

 por derivação parassintética.a) Desalmado – infelizmente.

 b) Descobrimento – intranquilidade.c) Apedrejar – congelar.d) Embelezar – incapacidade.e) Acuar – empedernir.

12. Em “Só os fracos, os impotentes quedam na resignação; osfortes lutam, insurgem-se, dão combate à vida.”

  Quantas palavras do fragmento acima caracterizam processode derivação imprópria?a) Uma.

 b) Duas.c) Três.d) Quatro.e) Cinco.

13. Ainda no trecho acima, pode-se armar que acontecederivação regressiva com a palavra:a) só.

 b) fracos.c) impotentes.d) resignação.e) combate.

14. Relacione as duas colunas, de acordo com o signicado dosuxo, e assinale a alternativa correta.(1) jogador(2) preguiçoso(3) ratoeira(4) aitivo

( ) lugar ( ) tendência a( ) agente( ) posse abundante

a) 3-4-1-2 b) 4-3-2-1c) 3-2-1-4d) 4-1-2-3e) 3-2-4-1

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BARROCO, INTERPRETAÇÃO E GRAMÁTICA

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OSG.: 41379/11Dig.: Vic. 01/02/11 / Rev.: AR 

Anotações15. As palavras provavelmente, pessimismo e antever  sãoformadas, respectivamente, por:a) suxação, parassíntese, prexação.

 b) parassíntese, prexação, suxação.c) suxação, suxação, prexação.d) suxação, prexação, prexação.e) parassíntese, parassíntese, prexação.

16. Em “A sua fala macia provocava sensações indescritíveis.”Para o vocábulo destacado, podemos dizer que ocorre omesmo processo do da alternativa:a) Por falar demais era evitado por todos.

 b) O choro da criança impediu-nos de dormir.c) Ao castigar o lho, acreditava estar educando-o.d) Foi avisado que deveria, imediatamente, mudar de casa.e) Seus afazeres impediram-na de participar das reuniões.

17. “Sua partida provocou muita desconfança, pois ninguémesperava por isso.” Nos vocábulos destacados, ocorre:a) prexação e suxação.

 b) derivação imprópria e regressiva.

c) derivação regressiva e prexação.d) suxação e prexação.e) justaposição e prexação.

18. Assinale a classicação errada  do processo de formaçãoindicado.a) O porquê – conversão ou derivação imprópria.

 b) Desleal – derivação prexal.c) Impedimento – derivação parassintética.d) Anoitecer – derivação parassintética.e) Borboleta – primitivo.

19. A formação do vocábulo destacado na expressão “o canto dssereias” é:a) Composição por justaposição.

 b) Derivação regressiva.c) Derivação prexal.d) Derivação suxal.e) Palavra primitiva.

20. Assinale o composto de origem grega que não se ajusta àdenição apresentada.a) HIDROTERAPIA – tratamento pela água.

 b) DISFONIA – diculdade de respiração.c) FOTOFOBIA – horror à luz.

d) FILANTROPO – amigo da humanidade.e) PLUTOCRACIA – governo dos ricos.

GABARITO – Nº 1

1 2 3 4 5

 b b b d e

6 7 8 9 10

d b d e d

11 12 13 14 15

d a b d c

16 17 18 19 20a b c c *

  *20: a – a – b – a – e – b – c – a – a – c