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44ª RAPv REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO E 18º ENACOR ENCONTRO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO RODOVIÁRIA Foz do Iguaçu, PR 18 a 21 de agosto de 2015. USO DA VIGA BENKELMAN PARA MONITORAMENTO DE RODOVIAS Rafaella Oliveira Guimarães 1 , Lilian Ribeiro de Rezende 2 & Mirella Talitha Rocha 3 RESUMO Para avaliar o comportamento do pavimento ao longo do tempo, existem diversos tipos de equipamentos que podem ser utilizados. A viga Benkelman, apesar de não ser um equipamento moderno, tem baixo custo e pode apresentar dados confiáveis desde que os ensaios sejam bem executados e os dados sejam analisados adequadamente. Este artigo tem como objetivo mostrar a aplicação da viga Benkelman no monitoramento de duas rodovias estaduais logo após a realização de serviços de restauração e dois anos depois. Para tanto, em cada rodovia foi definido um trecho de análise, os ensaios de viga Benkelman foram realizados de 20 em 20 m de maneira alternada tanto na faixa da direita como na da esquerda e os dados foram analisados conforme normas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Com os resultados apresentados neste artigo, conclui-se que a realização do monitoramento estrutural de pavimentos com a viga Benkelman é capaz de mostrar resultados confiáveis e importantes para o entendimento do desempenho de pavimentos asfálticos. Análise funcional do pavimento e retroanálise dos dados obtidos no ensaio de viga Benkelman são necessárias a fim de complementar as análises, bem como identificar em quais camadas está acontecendo problemas. Palavras-chave: Pavimento asfáltico, restauração, ensaio de campo. 1 Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, e-mail: [email protected] 2 Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, e-mail: [email protected] 3 Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, e-mail: [email protected]

44ª RAPv REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO E …sinicesp.org.br/44rapv/trabalhos/TrabalhoFinal_173.pdf · avaliação estrutural está associada ao conceito de capacidade de carga

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44ª RAPv – REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO

E

18º ENACOR – ENCONTRO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO

RODOVIÁRIA

Foz do Iguaçu, PR – 18 a 21 de agosto de 2015.

USO DA VIGA BENKELMAN PARA MONITORAMENTO DE RODOVIAS

Rafaella Oliveira Guimarães1, Lilian Ribeiro de Rezende

2 & Mirella Talitha Rocha

3

RESUMO

Para avaliar o comportamento do pavimento ao longo do tempo, existem diversos tipos de

equipamentos que podem ser utilizados. A viga Benkelman, apesar de não ser um equipamento

moderno, tem baixo custo e pode apresentar dados confiáveis desde que os ensaios sejam bem

executados e os dados sejam analisados adequadamente. Este artigo tem como objetivo mostrar a

aplicação da viga Benkelman no monitoramento de duas rodovias estaduais logo após a realização

de serviços de restauração e dois anos depois. Para tanto, em cada rodovia foi definido um trecho de

análise, os ensaios de viga Benkelman foram realizados de 20 em 20 m de maneira alternada tanto

na faixa da direita como na da esquerda e os dados foram analisados conforme normas do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Com os resultados apresentados neste

artigo, conclui-se que a realização do monitoramento estrutural de pavimentos com a viga

Benkelman é capaz de mostrar resultados confiáveis e importantes para o entendimento do

desempenho de pavimentos asfálticos. Análise funcional do pavimento e retroanálise dos dados

obtidos no ensaio de viga Benkelman são necessárias a fim de complementar as análises, bem como

identificar em quais camadas está acontecendo problemas.

Palavras-chave: Pavimento asfáltico, restauração, ensaio de campo.

1 Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e

Construção Civil, e-mail: [email protected] 2 Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e

Construção Civil, e-mail: [email protected] 3 Universidade Federal de Goiás, Escola de Engenharia Civil, Programa de Pós-Graduação em Geotecnia, Estruturas e

Construção Civil, e-mail: [email protected]

ABSTRACT

To study the pavement behavior along time, there are several types of tests that might be used. The

Benkelman beam is not a modern equipment, but presents low cost and can produce reliable data if

the tests are well executed and the data are correct analyzed. This paper has the purpose to show the

application of the Benkelman beam tests for monitoring two highways after the maintenance

services and two years later. Therefore, in each highway was defined a segment for study, the tests

were realized in 20 to 20 m alternately in the right and the left lane and the data were analyzed

according to National Department of Infrastructure of Transports standards. With the results

presented in this article, the authors concluded that the pavement structural monitoring with

Benkelman beam tests is able to show valid and important results for understanding the

performance of asphalt pavements. Functional pavement analysis and back analysis of Benkelman

beam test data are necessary to complement the analysis and identify in which layers is happening

problems.

KEYWORDS: Asphalt pavement, maintenance, field tests.

INTRODUÇÃO

A deterioração de estruturas de pavimentos rodoviários ocorre, gradualmente, através do desgaste

de seus componentes físicos, ocasionando a queda de sua serventia ao longo do tempo. Esse

processo é acionado pela ação repetida das cargas de serviço, das intempéries, pelas alterações

físicas e químicas naturais dos materiais e depende das espessuras das camadas e de sua rigidez.

Esses dois fatores determinam a maneira que será distribuída as tensões advindas do tráfego, sendo

que camadas mais rígidas e espessas elevam o grau de abertura do cone de tensões e reduzem os

esforços solicitantes nas camadas subjacentes (HARTMANN et al., 2012). Sendo assim, para que

um pavimento seja estruturalmente eficiente, é necessário que haja uma relação intrínseca entre as

diferentes camadas, assim como possuir espessuras e rigidezes adequadas.

Para a manutenção das rodovias, os processos de restauração devem ser periódicos. Geralmente,

esses processos contemplam aplicação de novas camadas de revestimento asfáltico, retirando ou

não a camada defeituosa (ARRA, 2001). O processo de reciclagem de um pavimento asfáltico

apresenta-se como uma solução viável em muitos casos, oferecendo inúmeras vantagens em relação

à utilização convencional de materiais virgens. Além disso, a reciclagem se apresenta mais

adequada em alternativa à restauração com recapeamento em que a adição sucessiva de camadas

pode formar degraus em acostamentos ou em passagens como viadutos e pontes que possuem o

greide fixo.

Dentre os tipos de reciclagem, ressalta-se a reciclagem profunda, amplamente utilizada nas rodovias

do estado de Goiás. Trata-se de um serviço onde a rodovia reabilitada pode ter melhorias em todas

as áreas: aumento da capacidade (através de alargamento da estrada), aumento da resistência

estrutural e melhor condição de estrada e vida útil (MORIAN et al., 2012). Resumidamente, a

reciclagem profunda consiste na trituração do pavimento existente e das camadas subjacentes,

homogeneização do material pulverizado e compactação. Na maioria das vezes, são necessários

materiais adicionais, como brita, cascalho e cimento para melhorar a qualidade e capacidade de

carga da base estabilizada.

A fim de verificar a efetividade e o nível de qualidade das etapas construtivas e dos serviços

disponíveis, é preciso que haja o controle tecnológico do pavimento restaurado. Esse controle pode

ser feito por meio de coleta de amostras para realização de ensaios laboratoriais ou por meio de

avaliações funcionais e estruturais in situ do pavimento, descrevendo o possível comportamento das

estruturas reconstruídas e identificando os padrões e causas das patologias existentes no pavimento.

A avaliação funcional, incluindo a segurança, engloba itens como: conforto ao rolamento, condição

da superfície, interação pneu-pavimento, defeitos e irregularidades (BERNUCCI et al., 2010). A

avaliação estrutural está associada ao conceito de capacidade de carga e os defeitos vinculam-se às

deformações elásticas ou recuperáveis e plásticas ou permanentes. As deformações elásticas são

avaliadas medindo-se os deslocamentos verticais nomeados como deflexão do pavimento, por

equipamentos próprios chamados, genericamente, de deflectômetros.

A avaliação estrutural pode ser feita por métodos destrutivos, semidestrutivos ou não destrutivos.

Para casos em que se desejam inúmeras avaliações num mesmo trecho, a fim de acompanhar a

variação da capacidade de carga com o tempo, o método mais adequado é o não destrutivo. Dentre

os equipamentos utilizados para essas avaliações, ressalta-se o ensaio de viga Benkelman, que

utiliza um carregamento semi-estático e o Falling Weight Deflectometer (FWD), com carregamento

por impacto. O FWD é menos utilizado por ter desvantagens como custo do equipamento,

necessidade de calibrações mais sofisticadas e diferenças de resultados entre marcas, mas por outro

apresenta resultados mais confiáveis. A viga Benkelman, apesar de não ser um equipamento

moderno, tem baixo custo e pode apresentar dados satisfatórios desde que os ensaios sejam bem

executados e os dados sejam analisados adequadamente.

A deflexão recuperável máxima (D0) é um parâmetro importante para a compreensão do

comportamento da estrutura, sendo considerada em diversos métodos de dimensionamento de

reforço como o principal fator a afetar o cálculo da espessura do reforço necessário. Isso ocorre nos

métodos PRO 010 (DNER, 1979a), PRO 011 (DNER, 1979b), PRO 159 (DNER, 1985) e PRO 269

(DNER, 1994a), normalizados pelo extinto Departamento Nacionais de Estradas de Rodagem

(DNER), atualmente denominado de Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(DNIT).

Quanto à aplicação dos parâmetros deflectométricos na avaliação estrutural, geralmente, analisa-se

o emprego da deflexão máxima (D0) e do raio de curvatura (R). Outra maneira de se fazer a análise

estrutural do pavimento é por meio do produto RxD0 (PAIVA; CAUSIM, 2000). Valores menores que

5500 indicariam provável existência de problemas estruturais.

O presente artigo tem como objetivo mostrar a aplicação da viga Benkelman no monitoramento de

duas rodovias estaduais, GO-154 e a GO-222, logo após a realização de serviços de restauração e

dois anos e meio depois.

METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, foram selecionadas duas rodovias que foram restauradas em julho de

2012 cujas características estão apresentadas na Tabela 1. Os trechos analisados de cada rodovia

foram recuperados com a técnica de reciclagem profunda, com adição de material na base reciclada

e execução de um novo revestimento.

Os ensaios de determinação dos deslocamentos utilizando a viga Benkelman foram realizados sobre

o revestimento, nas bordas direita e esquerda do trecho, lodo após a conclusão da restauração

(julho/2012) por Costa (2013) e dois anos e meio depois (janeiro/2015). A determinação da

deflexão máxima foi realizada de 20 em 20 m, de maneira alternada entre as bordas direita e

esquerda da pista, conforme o método de ensaio ME 024 (DNER, 1994b). A viga utilizada

apresenta a relação a/b de 2/1, sendo a igual a 2,44 m e b igual a 1,22 m. A viga foi aferida em

laboratório de acordo com o procedimento PRO 175 (DNIT, 1994).

Tabela 1. Características dos trechos estudados.

RODOVIA TRECHO

EXTENSÃO

MONITORADA

(km)

BASE

RESTAURADA

REVESTIMENTO

NOVO

GO – 154 ITAGUARI /

ITAGUARU 8

Reciclagem de base + adição

de 20% de brita (18cm)

Tratamento superficial duplo +

Microrrevestimento

GO – 222 ANÁPOLIS /

NERÓPOLIS 8

Base + 3% de cimento e

incorporação de 8cm de

cascalho novo

Concreto asfáltico

(5 cm de espessura)

Além disso, para determinação das bacias de deslocamento, foram realizadas as leituras no

extensômetro quando o caminhão foi deslocado de 0,25m em 0,25m até a extensão de 2,00m para

delineamento, de acordo com o método de ensaio ME 133 (DNIT, 2010) de 100 em 100 m, de

maneira alternada entre os bordos direito e esquerdo da pista na extensão do trecho que está em

avaliação. A temperatura do revestimento foi medida com termômetro infravermelho em cada

ensaio e, no caso de revestimento em concreto asfáltico, foi realizada a correção da deflexão em

função da temperatura do revestimento conforme recomenda a norma IP-DE-P00/003 (DER-SP,

2006).

Após a realização dos ensaios, foram executados os cálculos conforme descrição da norma PRO

011 (DNER, 1979b) com a obtenção das seguintes informações:

Análise estatística dos valores de deflexão máxima (D0) e do raio de curvatura (R);

Definição dos segmentos homogêneos através dos valores de desvio padrão e os

correspondentes intervalos de aceitação. De acordo com a norma IP-DE-P00/003 (DER-SP,

2006), para determinar uma distribuição homogênea deve-se obter valores de coeficientes de

variação próximos de 0,30;

Cálculo da deflexão característica (Dc);

Determinação da deflexão de projeto (Dp) realizando a correção sazonal. De acordo com a

norma PRO 011 (DNER, 1979b), devem-se utilizar fatores de correção sazonal para as

deflexões obtidas em qualquer época do ano a fim de corrigi-las para a época mais

desfavorável, quando o subleito está com o máximo de umidade. A norma apresenta fator de

correção sazonal na estação seca de 1,10-1,30 para subleito arenoso e permeável e 1,20-1,40

para subleito argiloso e sensível à umidade. Já na estação chuvosa o valor é igual a 1,00 para

os dois tipos de subleito. As rodovias apresentam subleito argiloso, portanto, nos ensaios

realizados em julho de 2012, foi adotado fator de 1,30 por ser estação seca e nos ensaios

realizados em janeiro de 2015 foi adotado fator de 1,00 por ser estação chuvosa;

Definição da deflexão admissível, sendo que como para as rodovias estudadas não existem

dados sobre o estudo da projeção do Volume Médio Diário Anual de Tráfego para os

cálculos da deflexão admissível foram definidas três estimativas de N com a ordem de

grandeza para um tráfego leve (N = 105), médio (N = 10

6) e pesado (N = 10

7).

A deflexão recuperável máxima (D0) é um parâmetro importante para a compreensão do

comportamento da estrutura. Quanto maior o seu valor, mais elástica ou resiliente é a estrutura, e

maior o seu comprometimento estrutural. Por sua vez, um raio de curvatura (R) baixo é indicativo

de um severo arqueamento da deformada, denotando uma condição estrutural crítica.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados obtidos e as análises realizadas para as duas rodovias

estudadas.

Resultados obtidos para GO-154

A Figura 1 apresenta as bacias de deslocamento médias obtidas para o trecho estudado nos dois

períodos de monitoramento. Comparando os dados em termos de média global, verifica-se que em

janeiro/2015 os valores de deflexão foram menores (D0 = 58 x 10-2

mm) do que em julho/2012 (D0

= 64 x 10-2

mm).

Figura 1. Bacias médias de deslocamento obtidas para o trecho estudado da GO-154 nos dois períodos de

monitoramento.

Ao realizar as análises com a identificação de segmentos homogêneos (Tabelas 2 e 3), no estudo

realizado tanto no ano de 2012 por Costa (2013) quanto no ano de 2015, foram obtidos seis

segmentos homogêneos. No entanto, as estacas que limitam esses segmentos não foram exatamente

as mesmas nos dois períodos. Observa-se, ainda, que em 2012 foi obtida maior variabilidade em

termos de coeficiente de variação (Tabela 2) em relação a 2015 (Tabela 3). Para Andriotti (2010),

valores de coeficiente de variação abaixo de cerca de 0,40 refletem homogeneidade da amostra.

Sendo assim, Costa (2013) considerou os valores de coeficiente de variação abaixo de 0,40

satisfatórios para a definição de segmentos homogêneos. Já a norma IP-DE-P00/003 (DER-SP,

2006) especifica valores de coeficientes de variação próximos de 0,30 para determinar uma

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Des

loca

men

to (

10

-2 m

m)

Distância (cm)

Média total - 2012 (COSTA, 2013) Média total - 2015

distribuição homogênea. De qualquer forma, verifica-se que após dois anos e meio da execução da

reciclagem do pavimento, os coeficientes de variação foram menores, fato que pode ser explicado

pela consolidação das camadas ao longo desse período, gerando maior homogeneidade nos dados

medidos.

Tabela 2. Definição dos segmentos homogêneos e parâmetros deflectométricos para a GO-154 em julho/2012

(modificado de COSTA, 2013).

SE

GM

EN

TO

ES

TA

CA

IN

ICIA

L

ES

TA

CA

FIN

AL

EX

TE

NS

ÃO

(m

)

RA

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ÃO

DIA

DE

SV

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AD

O

DE

ES

TA

CA

S

INT

ER

VA

LO

DE

AC

EIT

ÃO

CO

EF

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NT

E D

E

VA

RIA

ÇÃ

O

FA

TO

R S

AZ

ON

AL

DE

FL

EX

ÃO

CA

RA

CT

ER

ÍST

ICA

0 100 2000 234,12 64,35 21,26 100 128,14 0,57 0,33 1,30 111,30

2 101 120 380 135,42 78,30 22,74 19 146,52 10,08 0,29 1,30 131,35

3 121 189 1360 183,28 62,30 20,86 68 124,89 0,0 0,33 1,30 108,12

4 190 290 2000 167,46 68,47 16,67 100 118,48 18,45 0,24 1,30 110,68

5 291 340 980 218,27 50,21 20,91 49 112,96 0,0 0,42 1,30 92,47

6 341 400 1180 187,38 58,59 22,11 59 124,91 0,0 0,38 1,30 104,91

Tabela 3. Definição dos segmentos homogêneos e parâmetros deflectométricos para a GO-154 em janeiro/2015.

SE

GM

EN

TO

ES

TA

CA

IN

ICIA

L

ES

TA

CA

FIN

AL

EX

TE

NS

ÃO

(m

)

RA

IO M

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IO

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EX

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DIA

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O

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CA

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INT

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VA

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O

FA

TO

R S

AZ

ON

AL

DE

FL

EX

ÃO

CA

RA

CT

ER

ÍST

ICA

1 0 100 2000 187,68 57,96 14,71 100 102,10 13,82 0,25 1,0 72,67

2 101 201 2000 200,36 59,49 16,31 100 108,40 10,57 0,27 1,0 75,79

3 202 302 2000 201,35 60,42 15,71 100 107,56 13,28 0,26 1,0 76,13

4 303 315 240 221,64 43,69 8,24 12 64,29 23,09 0,19 1,0 51,93

5 316 326 200 195,75 65,82 16,50 10 107,08 24,56 0,25 1,0 82,32

6 327 400 1460 203,04 55,81 19,73 73 115,00 0,0 0,35 1,0 75,54

Refazendo as análises das bacias de deslocamento médias obtidas para cada segmento homogêneo,

são gerados os gráficos apresentados nas Figuras 2 e 3. Observando apenas as variações mínimas e

máximas de deflexão, verifica-se que em 2012, D0 variou entre 50 e 80 x 10-2

mm. Já em 2015, D0

variou entre 40 e 70 x 10-2

mm. Ou seja, em 2015, foram obtidos menores valores de deflexão que

em 2012. Essa afirmação condiz com a conclusão obtida quando foram analisados os resultados em

termos de média global (Figura 1), mostrando-se coerente já que se sabe que o ciclo de vida do

pavimento pode se dar em três fases: fase de consolidação (a deflexão tende a diminuir devido à

consolidação das camadas); fase elástica (define a vida útil do pavimento e as deflexões são

praticamente constantes); fase de fadiga (as camadas perdem sua capacidade estrutural). No caso

em questão, após dois anos e meio de conclusão da restauração, o pavimento provavelmente está na

fase de consolidação, passando para a fase elástica.

Figura 2. Bacia média de deslocamento obtida para cada segmento homogêneo da GO-154 em julho/2012 (COSTA,

2013).

Figura 3. Bacia média de deslocamento obtida para cada segmento homogêneo da GO-154 em janeiro/2015.

Assim, observa-se que devem ser definidos critérios adequados para análise dos resultados dos

ensaios de viga Benkelman, pois em função da forma que os dados forem tratados, podem ser

obtidos resultados e conclusões divergentes. Nesse caso, recomenda-se a utilização das normas que

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Des

loca

men

to (

10

-2 m

m)

Distância (cm)

Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3

Segmento 4 Segmento 5 Segmento 6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Des

loca

men

to (

10-2

mm

)

Distância (cm)

Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3

Segmento 4 Segmento 5 Segmento 6

especificam o tratamento estatístico dos dados obtidos e a identificação de segmentos homogêneos

para análise dos resultados.

Nessa linha, verifica-se que em 2012, o segmento 5 (entre as estacas 291 e 340) apresentou as

menores deflexões e o segmento 2 (entre as estacas 101 a 120), as maiores. Em 2015, considerando

a alteração dos limites dos segmentos, foram obtidas menores deflexões para o segmento 4 (entre as

303 e 315) e maiores valores para o segmento 5 (entre as estacas 316 e 326). Os demais segmentos

apresentaram valores de deflexão intermediários e semelhantes. Assim, observa-se que há diferença

de comportamento estrutural para um mesmo pavimento logo após a sua restauração e um período

depois de monitoramento, sendo que o ensaio de viga Benkelman é capaz de identificar essa

variação.

Em termos da média de R, nos dois anos não foram obtidos valores abaixo de 100 m, o que é

considerado satisfatório. Ao verificar os resultados do produto RxD0, também não foram observados

valores menores que 5500.

Bernucci et al. (2010) indicam, para um pavimento com revestimento de tratamento superficial,

valores de D0 na ordem de 80 x 10-2

mm. Os resultados obtidos para a GO-154 tanto em 2012 como

em 2015 apresentaram valores abaixo desse limite, indicando que em termos estruturais, a

reciclagem realizada está apresentando bom desempenho até o momento. Na Tabela 4 têm-se os

valores de deflexão média (D0) de cada segmento relacionados com os valores de deflexão

admissível (Dadm) calculados pelas normas PRO 011 (DNER, 1979b) e PRO 269 (DNER, 1994a)

para diferentes níveis de tráfego.

Tabela 4 – Comparação entre os valores de deflexões médias obtidas com a deflexão admissível calculada para a GO-

154.

Segmento Deflexão média (D0) Dadm - PRO 011 (DNER, 1979b) Dadm - PRO 269 (DNER, 1994a)

2012 2015 N = 105 N = 10

6 N = 10

7 N = 10

5 N = 10

6 N = 10

7

1 64,35 57,96 269,79 179,90 119,96 161,44 104,71 67,92

2 78,30 59,49 269,79 179,90 119,96 161,44 104,71 67,92

3 62,30 60,42 269,79 179,90 119,96 161,44 104,71 67,92

4 68,47 43,69 269,79 179,90 119,96 161,44 104,71 67,92

5 50,21 65,82 269,79 179,90 119,96 161,44 104,71 67,92

6 58,59 55,81 269,79 179,90 119,96 161,44 104,71 67,92

Com relação à Dadm calculada de acordo com a norma PRO 011 (DNER, 1979b), nos anos de 2012

e 2015 todos os segmentos apresentaram valores de D0 menores que Dadm para tráfego elevado (N =

107). Já quando se calcula Dadm de acordo com a norma PRO 269 (DNER, 1994a), no ano de 2012

os valores de D0 foram menores nos segmentos 1, 3, 5 e 6 com tráfego elevado (N = 107) e no ano

de 2015 os valores foram menores em todos os segmentos para as mesmas condições de tráfego.

Já analisando os resultados obtidos em termos de deflexão característica (deflexão de projeto - Dp)

em relação ao tráfego, conforme norma PRO 011 (DNER, 1979b), obtém-se as Tabelas 5 e 6.

Comparando a deflexão característica (Dp) obtida diretamente do ensaio de cada segmento com a

deflexão admissível (Dadm) calculada para diferentes níveis de tráfego, tem-se que:

Para N = 105 (tráfego baixo), todos os segmentos apresentaram deflexões abaixo do valor

admissível nos dois anos;

Para N = 106 (tráfego médio), todos os segmentos apresentaram deflexões abaixo do valor

admissível nos dois anos;

Para N = 107 (tráfego elevado), apenas o segmento 2 apresentou deflexões acima do valor

admissível em 2012 e em 2015 todos os segmentos apresentaram deflexões abaixo do valor

admissível.

Tabela 5. Avaliação da qualidade estrutural dos segmentos da GO-154 em função do tráfego com os dados obtidos em

julho/2012 (modificado de COSTA, 2013).

Segmento

Dp

(10-2

mm)

R (m)

N=105

N=106

N=107

Dadm Hipótese Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural

1 111,3 234,12 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

2 131,35 135,42 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 II Regular

3 108,12 183,28 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

4 110,68 167,46 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

5 92,47 218,27 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

6 104,91 187,38 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

Obs.: Dp = deflexão de projeto; R = raio de curvatura; Dadm = deflexão admissível.

Tabela 6. Avaliação da qualidade estrutural dos segmentos da GO-154 em função do tráfego com os dados obtidos em

janeiro/2015.

Segmento Dp

(10-2

mm) R (m)

N=105

N=106

N=107

Dadm Hipótese Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural

1 72,67 187,68 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

2 75,79 200,36 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

3 76,13 201,35 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

4 51,93 221,64 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

5 82,32 195,75 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

6 75,54 203,04 269,79 I Boa 179,90 I Boa 119,96 I Boa

Obs.: Dp = deflexão de projeto; R = raio de curvatura; Dadm = deflexão admissível.

Em 2012, essa via apresentava um segmento com desempenho limitado para tráfegos variando de

médio a elevado. No entanto, em 2015, essa situação não se repetiu, uma vez que o pavimento

demonstrou capacidade para suportar tráfegos elevados. Assim, conclui-se das análises realizadas

com os dados dos ensaios de viga Benkelman que, após dois anos e meio de realização da

reciclagem, o trecho da GO-154 estudado apresentou seis segmentos com boa qualidade estrutural.

Resultados obtidos para GO-222

A Figura 4 apresenta as bacias de deslocamento médias obtidas para o trecho estudado nos dois

períodos de monitoramento. Comparando os dados em termos de média global, verifica-se que em

janeiro/2015 os valores de deflexão foram maiores (D0 = 67 x 10-2

mm) do que em julho/2012 (D0 =

44 x 10-2

mm).

Figura 4. Bacias médias de deslocamento obtidas para o trecho estudado da GO-222 nos dois períodos de

monitoramento.

Ao realizar as análises com a identificação de segmentos homogêneos (Tabelas 7 e 8), no estudo

realizado tanto no ano de 2012 por Costa (2013) quanto no ano de 2015, foram obtidos sete

segmentos homogêneos. As estacas que limitam esses segmentos variaram pouco entre os dois

períodos. No entanto, em 2012 foi obtida maior variabilidade em termos de coeficiente de variação

(Tabela 7) em relação a 2015 (Tabela 8). Para Andriotti (2010), valores de coeficiente de variação

abaixo de cerca de 0,40 refletem homogeneidade da amostra. Sendo assim, Costa (2013) considerou

os valores de coeficiente de variação abaixo de 0,40 satisfatórios para a definição de segmentos

homogêneos. Já a norma IP-DE-P00/003 (DER-SP, 2006) especifica valores de coeficientes de

variação próximos de 0,30 para determinar uma distribuição homogênea. De qualquer forma,

verifica-se que após dois anos e meio da execução da reciclagem do pavimento, os coeficientes de

variação foram menores, fato que pode ser explicado pela consolidação das camadas ao longo desse

período, gerando maior homogeneidade nos dados medidos.

Tabela 7. Definição dos segmentos homogêneos e parâmetros deflectométricos para a GO-222 em julho/2012

(modificado de COSTA, 2013).

SE

GM

EN

TO

ES

TA

CA

IN

ICIA

L

ES

TA

CA

FIN

AL

EX

TE

NS

ÃO

(m

)

RA

IO M

ÉD

IO

DE

FL

EX

ÃO

DIA

DE

SV

IO P

AD

O

DE

ES

TA

CA

S

INT

ER

VA

LO

DE

AC

EIT

ÃO

CO

EF

ICIE

NT

E D

E

VA

RIA

ÇÃ

O

FA

TO

R S

AZ

ON

AL

DE

FL

EX

ÃO

CA

RA

CT

ER

ÍST

ICA

1 300 358 1160 317,75 39,46 14,45 58 82,80 0,0 0,37 1,30 70,07

2 359 374 300 152,35 55,88 22,41 15 111,91 0,0 0,40 1,30 101,78

3 375 475 2000 183,87 44,36 19,65 100 103,30 0,0 0,44 1,30 83,20

4 476 540 1280 295,64 58,38 20,43 64 119,66 0,0 0,35 1,30 102,45

5 541 572 620 145,14 38,04 16,32 31 87,00 0,0 0,43 1,30 70,67

6 573 665 1840 273,92 31,90 18,12 92 86,26 0,0 0,57 1,30 65,03

7 666 700 680 145,46 44,49 17,86 34 98,07 0,0 0,40 1,30 81,05

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 25 50 75 100 125 150 175 200D

eslo

cam

ento

(1

0-2

mm

) Distância (cm)

Média total - (COSTA, 2013) Média total - 2015

Tabela 8. Definição dos segmentos homogêneos e parâmetros deflectométricos para a GO-222 em janeiro/2015. S

EG

ME

NT

O N

°

ES

TA

CA

IN

ICIA

L

ES

TA

CA

FIN

AL

EX

TE

NS

ÃO

(m

)

RA

IO M

ÉD

IO

DE

FL

EX

ÃO

DIA

DE

SV

IO P

AD

O

DE

ES

TA

CA

S

INT

ER

VA

LO

DE

AC

EIT

ÃO

CO

EF

ICIE

NT

E D

E

VA

RIA

ÇÃ

O

FA

TO

R S

AZ

ON

AL

DE

FL

EX

ÃO

CA

RA

CT

ER

ÍST

ICA

1 300 359 1180 129,62 67,35 15,36 59 113,43 21,27 0,23 1,0 83,71

2 360 373 260 121,70 87,62 18,34 13 133,46 41,78 0,21 1,0 105,96

3 374 474 2000 137,36 67,08 16,78 100 117,43 16,72 0,25 1,0 83,86

4 475 557 1640 124,06 68,34 15,15 82 113,78 22,89 0,22 1,0 83,49

5 558 568 200 109,97 76,66 18,31 10 122,44 30,88 0,24 1,0 94,97

6 569 669 2000 127,49 61,84 15,65 100 108,80 14,89 0,25 1,0 77,49

7 670 700 600 117,69 65,04 10,11 30 95,36 34,71 0,16 1,0 75,15

Refazendo as análises das bacias de deslocamento médias obtidas para cada segmento homogêneo,

são obtidos os gráficos apresentados nas Figuras 5 e 6. Avaliando apenas as variações mínimas e

máximas de deflexão, observa-se que em 2012, D0 variou entre 30 e 60 x 10-2

mm. Já em 2015, D0

variou entre 60 e 90 x 10-2

mm. Ao contrário do que foi observado para a GO-154, em 2015 foram

obtidos maiores valores de deflexão que em 2012. Esse fato não seria esperado para um pavimento

recém restaurado e pode ser indício de que a solução de restauração adotada não foi adequada para

a rodovia em questão, pois pode ser que em apenas dois anos e meio o pavimento já esteja saindo da

fase elástica e passando para a fase de fadiga.

Figura 5. Bacia média de deslocamento obtida para cada segmento homogêneo da GO-222 em julho/2012

(COSTA, 2013).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Des

loca

men

to (

10-2

mm

)

Distância (cm)

Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3 Segmento 4

Segmento 5 Segmento 6 Segmento 7

Figura 6. Bacia média de deslocamento obtida para cada segmento homogêneo da GO-222 em janeiro/2015.

Avaliando os dados em termos de segmentos, verifica-se que em 2012, os segmentos 1 (entre as

estacas 300 e 358), 5 (entre as estacas 541 e 572) e 6 (entre as estacas 573 e 665) apresentaram as

menores deflexões e os segmentos 2 (entre as estacas 359 e 374) e 4 (entre as estacas 476 a 540), as

maiores. Analisando a Figura 5, observa-se que o Segmento 6 e o Segmento 7 apresentaram valores

de D25 maiores que o D0, o que é incoerente uma vez que a tendência é o valor sempre diminuir.

Costa (2013) explica que nesse caso a média foi influenciada pela quantidade de amostragem, uma

vez que o levantamento de D0 foi realizado em todas as estacas do trecho e o D25 foi feito apenas de

100 em 100 m alternados. Em 2015, considerando a pequena alteração dos limites dos segmentos,

foram obtidas menores deflexões para o segmento 6 (entre as 569 e 669) e maiores valores para o

segmento 2 (entre as estacas 360 e 373). Os demais segmentos apresentaram valores de deflexão

intermediários e semelhantes. Assim, nota-se que há diferença de comportamento estrutural para um

mesmo pavimento logo após a sua restauração e um período depois de monitoramento, sendo que o

ensaio de viga Benkelman é capaz de identificar essa variação. Ainda no caso da GO-222, houve

mais coincidência entre os comportamentos dos segmentos nos dois períodos de avaliação do que o

observado na GO-154.

Em termos da média de R, nos dois anos não foram obtidos valores abaixo de 100 m, o que é

considerado satisfatório. Ao verificar os resultados do produto RxD0, também não foram observados

valores menores que 5500.

Bernucci et al. (2010) indicam, para um pavimento com revestimento em concreto asfáltico e base

granular em boa condição estrutural, valores de D0 variando entre 30 e 50 x 10-2

mm. Em 2012,

observa-se que dois segmentos não atenderam esse limite. Já em 2015, todos os segmentos

apresentaram valores de deflexão máxima acima de 50 x 10-2

mm, indicando que em termos

estruturais, esse trecho já pode estar apresentado problema. Na Tabela 9 têm-se os valores de

deflexão média (D0) de cada segmento relacionados com os valores de deflexão admissível (Dadm)

calculados pelas normas PRO 011 (DNER, 1979b) e PRO 269 (DNER, 1994a) para diferentes

níveis de tráfego.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 25 50 75 100 125 150 175 200

Des

loca

men

to (

10-2

mm

) Distância (cm)

Segmento 1 Segmento 2 Segmento 3 Segmento 4

Segmento 5 Segmento 6 Segmento 7

Tabela 9 – Comparação entre os valores de deflexões médias obtidas com a deflexão admissível calculada para a GO-

222

Segmento Deflexão média (D0) Dadm - PRO 011 (DNER, 1979b) Dadm - PRO 269 (DNER, 1994a)

2012 2015 N = 105 N = 10

6 N = 10

7 N = 10

5 N = 10

6 N = 10

7

1 39,46 67,35 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

2 55,88 87,62 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

3 44,36 67,08 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

4 58,38 68,34 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

5 38,04 76,66 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

6 31,90 61,84 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

7 44,49 65,04 134,90 89,95 59,98 161,44 104,71 67,92

Com relação à Dadm calculada de acordo com a norma PRO 011 (DNER, 1979b), no ano de 2012

todos os segmentos apresentaram valores de D0 menores que Dadm para tráfego elevado (N = 107),

enquanto no ano de 2015 os valores de D0 foram maiores em todos os segmentos e todas as

condições de tráfego. Já quando se calcula Dadm de acordo com a norma PRO 269 (DNER, 1994a),

no ano de 2012 todos os segmentos também apresentaram valores de D0 menores com tráfego

elevado (N = 107) e no ano de 2015 os valores foram menores nos segmentos 1, 3, 6 e 7 para as

mesmas condições de tráfego.

Já analisando os resultados obtidos em termos de deflexão característica (deflexão de projeto - Dp)

em relação ao tráfego, conforme norma PRO 011 (DNER, 1979b), obtém-se as Tabelas 10 e 11.

Comparando a deflexão característica (Dp) obtida diretamente do ensaio de cada segmento com a

deflexão admissível (Dadm) calculada para diferentes níveis de tráfego, tem-se que:

Para N = 105 (tráfego baixo), todos os segmentos apresentaram deflexões abaixo do valor

admissível em 2012 e 2015;

Para N = 106 (tráfego médio), os segmentos 2 e 4 no ano de 2012 e os segmentos 2 e 5 no

ano de 2015 apresentaram deflexão acima do admissível e os demais segmentos

apresentaram deflexões abaixo do valor admissível;

Para N = 107 (tráfego elevado), todos os segmentos apresentaram deflexões acima do valor

admissível tanto em 2012 quanto em 2015.

Tabela 10. Avaliação da qualidade estrutural dos segmentos da GO-222 em função do tráfego com os dados obtidos em

julho/2012 (modificado de COSTA, 2013).

Segmento Dp

(10-2 mm) R (m)

N=105

N=106

N=107

Dadm Hipótese Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural

1 70,07 317,75 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

2 101,78 152,35 134,90 I Boa 89,95 II Regular 59,98 II Regular

3 83,20 183,87 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

4 102,45 295,64 134,90 I Boa 89,95 II Regular 59,98 II Regular

5 70,67 145,14 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

6 65,03 273,92 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

7 81,05 145,46 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

Obs.: Dp = deflexão de projeto; R = raio de curvatura; Dadm = deflexão admissível.

Tabela 11. Avaliação da qualidade estrutural dos segmentos da GO-222 em função do tráfego com os dados obtidos em

janeiro/2015.

Segmento Dp

(10-2 mm) R (m)

N=105

N=106

N=107

Dadm Hipótese Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural Dadm Hipótese

Qualidade

Estrutural

1 82,71 129,62 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

2 105,96 121,70 134,90 I Boa 89,95 II Regular 59,98 II Regular

3 83,86 137,36 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

4 83,49 124,06 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

5 94,97 109,97 134,90 I Boa 89,95 II Regular 59,98 II Regular

6 77,49 127,49 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

7 75,15 117,69 134,90 I Boa 89,95 I Boa 59,98 II Regular

Obs.: Dp = deflexão de projeto; R = raio de curvatura; Dadm = deflexão admissível.

Sendo assim, com os dados analisados de acordo com a norma PRO 011 (DNER, 1979b), a

estrutura do trecho avaliado na GO-222 não suportaria tráfegos elevados. No caso de tráfego médio,

os segmentos 2 e 4 já estariam com a estrutura comprometida em 2012. Já para tráfegos menores, a

estrutura pode ser considerada adequada.

Logo, conclui-se das análises realizadas com os dados dos ensaios de viga Benkelman que, após

dois anos e meio de realização da reciclagem, o trecho da GO-222 estudado apresentou problemas

estruturais, não sendo capaz de suportar tráfegos elevados.

CONCLUSÕES

Com os resultados apresentados neste artigo, conclui-se que a realização do monitoramento

estrutural de pavimentos com a viga Benkelman é capaz de mostrar resultados confiáveis e

importantes para o entendimento do desempenho de pavimentos asfálticos. No entanto, a forma de

analisar os resultados é muito importante. Mesmo utilizando normas brasileiras antigas, foi possível

constatar a importância de serem realizados tratamentos estatísticos dos dados coletados em campo

e a diferenciação de segmentos homogêneos num mesmo trecho.

Os dois casos apresentados se referiram a serviços de restauração com reciclagem profunda, mas

com a incorporação de diferentes materiais na base e com aplicação de diferentes tipos de

revestimentos novos. Apesar de não serem conhecidos os tráfegos reais existentes em cada rodovia,

pelo tipo de solução de restauração adotada, pode-se considerar que a GO-222 provavelmente está

submetida a um maior tráfego do que a GO-154. E com os dados obtidos com a viga Benkelman,

ficou claro que a GO-222 apresenta comportamento estrutural insatisfatório enquanto que a GO-154

apresenta bom desempenho.

Para complementar as análises e obter conclusões definitivas sobre a situação das duas rodovias, é

necessário realizar análise funcional do pavimento e retroanálise dos dados obtidos no ensaio de

viga Benkelman para identificar em quais camadas estão acontecendo problemas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a CAPES pelo fornecimento das bolsas de mestrado; à Controladoria Geral

do Estado de Goiás pelo apoio financeiro para a realização dos ensaios de campo e à Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG).

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