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M M M M M ANUAL DOS R R R R R ECURSOS T T T T T RABALHISTAS

4548.2 manual dos recursos trabalhistas · nação acerca da teoria geral dos recursos, no segundo capítulo, cuida-mos dos recursos em espécie, nos capítulos terceiro e quarto

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M M M M M ANUAL DOS R R R R R ECURSOS

T T T T T RABALHISTAS

VERA LÚCIA CARLOS

M M M M M ANUAL DOS R R R R R ECURSOS

T T T T T RABALHISTAS

Procuradora do Trabalho do Ministério Público do Trabalho, lotada naProcuradoria Regional do Trabalho da 2ª Região/São Paulo. Mestre em Direito

das Relações Sociais. Antes de ingressar no Ministério Público da União foiadvogada, atuando durante muitos na assessoria jurídica para várias empresas

em São Paulo — SP. Professora do curso de pós-graduação lato sensu deespecialização em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho da Escola

Paulista de Direito (EPD), em São Paulo — SP. Desde 2009 é coordenadora docurso lato sensu de especialização em Direito do Trabalho e Processual do

Trabalho do curso preparatório para carreiras jurídicasFlávio Monteiro de Barros (FMB), em São Paulo.

EDITORA LTDA.

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-001São Paulo, SP — BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.br

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Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: R. P. TIEZZIProjeto de Capa: FABIO GIGLIOJunho, 2012

R

Carlos, Vera Lúcia

Manual dos recursos trabalhistas / Vera Lúcia Carlos. —São Paulo : LTr, 2012.

Bibliografia

1. Direito do trabalho — Brasil 2. Recursos (Direito) 3.Recursos (Direito) — Brasil I. Título.

12-02539 CDU-347.955:331(81)

1. Brasil : Recursos : Direito processual do trabalho 347.955:331(81)

Versão impressa - LTr 4548.2 - ISBN 978-85-361-2101-7

Versão digital - LTr 7384.1 - ISBN 978-85-361-2231-1

4548.2 ficha manual dos recursos trabalhistas.pmd 2/7/2012, 08:331

Dedico este livro às minhas netasBruna e Beatriz pela alegria que

proporcionam à minha vida.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................... 13

CAPÍTULO I. TEORIA GERAL DOS RECURSOS TRABALHISTAS .................. 15

1. RECURSO. CONCEITO .............................................................. 15

2. NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO ................................................. 15

3. FUNDAMENTOS ..................................................................... 16

4. ATOS SUJEITOS A RECURSO NO PROCESSO DO TRABALHO ......................... 16

5. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO ............................. 17

5.1. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE ................................................ 17

5.2. PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE OU DA UNIRRECORRIBILIDADE .............. 18

5.3. PRINCÍPIO DA VARIABILIDADE ............................................... 18

5.4. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE ............................................... 18

5.5. PRINCÍPIO DO NON REFORMATIO IN PEJUS .................................. 19

5.6. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO OU DA IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES

INTERLOCUTÓRIAS .......................................................... 19

5.7. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE ............................................. 22

6. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL ................................... 23

6.1. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS .................................................. 23

6.1.1. LEGALIDADE OU TAXATIVIDADE ..................................... 23

6.1.2. RECORRIBILIDADE DO ATO OU CABIMENTO ......................... 24

6.1.3. ADEQUAÇÃO ........................................................ 25

6.1.4. TEMPESTIVIDADE .................................................... 26

8

6.1.5. PREPARO ............................................................ 28

6.1.6. REGULARIDADE FORMAL DO RECURSO .............................. 40

6.2. PRESSUPOSTOS RECURSAIS SUBJETIVOS OU INTRÍNSECOS .................. 43

6.2.1. LEGITIMIDADE ....................................................... 43

6.2.2. CAPACIDADE ........................................................ 47

6.2.3. INTERESSE .......................................................... 47

6.3. ANÁLISE DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL ............. 48

7. DESISTÊNCIA E RENÚNCIA DO RECURSO ........................................... 49

8. ACEITAÇÃO DA SENTENÇA OU RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER .............. 50

9. PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS ............................................. 51

10. LITISCONSÓRCIO E RECURSO..................................................... 51

11. EFEITO DOS RECURSOS TRABALHISTAS ........................................... 52

11.1. EFEITO DEVOLUTIVO ....................................................... 53

11.2. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE ................................... 53

11.3. EFEITO TRANSLATIVO ...................................................... 56

11.4. EFEITO SUBSTITUTIVO DO RECURSO ....................................... 57

11.5. EFEITO EXTENSIVO ......................................................... 57

11.6. EFEITO REGRESSIVO ....................................................... 57

11.7. EFEITO SUSPENSIVO ....................................................... 57

12. FORMA DE INTERPOSIÇÃO DOS RECURSOS ....................................... 58

13. RECURSO E DIREITO INTERTEMPORAL ............................................ 60

CAPÍTULO II. RECURSOS EM ESPÉCIE ............................................ 62

1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ....................................................... 63

1.1. NATUREZA JURÍDICA ......................................................... 63

1.2. CABIMENTO .................................................................. 64

1.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DE DECISÃO PROFERIDA NOS EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO ............................................................... 65

1.4. SENTENÇAS IRRECORRÍVEIS E OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ............. 66

1.5. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO ................................................. 66

9

1.6. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA DESPACHO DO RELATOR DO RECURSO EDECISÃO INTERLOCUTÓRIA ................................................. 66

1.7. INTERRUPÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DE OUTROS RECURSOS ................. 671.8. COMPETÊNCIA: PREPARO .................................................... 681.9. PROCESSAMENTO ............................................................ 691.10. JURISPRUDÊNCIA DO TST SOBRE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ........... 69

2. RECURSO ORDINÁRIO .............................................................. 702.1. CABIMENTO .................................................................. 712.2. FORMA DE INTERPOSIÇÃO ................................................... 732.3. EFEITO ....................................................................... 732.4. PROCEDIMENTO .............................................................. 742.5. SÚMULA IMPEDITIVA DO RECURSO........................................... 752.6. PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO .......................................... 762.7. RECURSO ORDINÁRIO NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO .................... 76

3. DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ............................................... 773.1. PROCESSAMENTO ............................................................ 78

4. RECURSO ADESIVO ................................................................. 794.1. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE ....................................... 794.2. EFEITOS ..................................................................... 794.3. PROCESSAMENTO ............................................................ 80

5. RECURSO DE REVISTA .............................................................. 805.1. CABIMENTO .................................................................. 83

5.1.1. CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA PELA ALÍNEA “A”............ 835.1.2. CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA PELA ALÍNEA “B” DO ART. 896 ... 865.1.3. CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA PELO FUNDAMENTO DA

ALÍNEA “C” ......................................................... 865.2. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS ESPECÍFICOS OU INTRÍNSECOS DO RECURSO

DE REVISTA ................................................................ 88

5.2.1. PREQUESTIONAMENTO ............................................... 88

5.2.2. TRANSCENDÊNCIA ................................................... 89

5.3. EFEITO ....................................................................... 90

5.4. RECURSO DE REVISTA NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO ................... 90

10

5.5. INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE REVISTA .................................... 91

5.5.1. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 23, DE 2003 ........................ 91

5.6. EXAME DE ADMISSIBILIDADE ................................................ 92

5.7. PROCESSAMENTO ............................................................ 93

5.8. PODERES DO RELATOR NO RECURSO DE REVISTA ........................... 94

5.8.1. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 17 .................................... 95

5.9. JURISPRUDÊNCIA DO TST SOBRE RECURSO DE REVISTA ................... 96

6. RECURSO DE EMBARGOS NO TST ................................................. 98

6.1. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ................................................ 98

6.1.1. CABIMENTO ......................................................... 99

6.1.2. PROCESSAMENTO DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA .............. 101

6.1.3. DA COMPETÊNCIA PARA JULGAR OS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA 102

6.2. EMBARGOS INFRINGENTES ................................................. 104

6.2.1. CABIMENTO ....................................................... 105

6.2.2. EFEITO ............................................................ 105

6.2.3. PROCESSAMENTO.................................................. 105

6.2.4. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO ................................. 106

7. AGRAVO DE INSTRUMENTO ....................................................... 106

7.1. NATUREZA JURÍDICA DOS DESPACHOS QUE DENEGAM SEGUIMENTO AOSRECURSOS ............................................................... 107

7.2. MATÉRIA A SER TRATADA NAS RAZÕES DO AGRAVO ....................... 108

7.3. EFEITO ..................................................................... 108

7.4. PREPARO................................................................... 108

7.5. PROCESSAMENTO .......................................................... 109

8. AGRAVO REGIMENTAL ............................................................ 110

8.1. CABIMENTO ................................................................ 110

8.2. PROCESSAMENTO .......................................................... 111

8.3. O PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO............................................. 112

8.4. EFEITOS ................................................................... 113

9. AGRAVO INTERNO ................................................................ 113

9.1. CABIMENTO ................................................................ 113

11

9.2. PRAZO ..................................................................... 113

9.3. PROCESSAMENTO .......................................................... 114

10. AGRAVO DE PETIÇÃO ........................................................... 114

10.1. CABIMENTO .............................................................. 114

10.2. PRAZO DE INTERPOSIÇÃO ................................................ 115

10.3. PRESSUPOSTO PROCESSUAL INTRÍNSECO ................................ 115

10.4. PREPARO ................................................................. 116

10.5. EFEITO ................................................................... 116

10.6. PROCESSAMENTO......................................................... 117

11. RECLAMAÇÃO CORRECIONAL – CORREIÇÃO PARCIAL ........................... 117

11.1. CABIMENTO .............................................................. 118

11.2. NATUREZA JURÍDICA ..................................................... 118

11.3. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO ............................................. 118

11.4. PROCESSAMENTO......................................................... 118

12. RECURSO EXTRAORDINÁRIO TRABALHISTA ...................................... 119

12.1. CABIMENTO .............................................................. 119

12.2. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE .................................... 120

12.3. EFEITOS .................................................................. 120

12.4. PROCESSAMENTO......................................................... 121

13. RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL A SÚMULA VINCULANTE........................ 121

13.1. CABIMENTO .............................................................. 122

13.2. RECLAMAÇÃO NO TST .................................................. 122

14. PEDIDO DE REVISÃO DO VALOR DA CAUSA ..................................... 123

14.1. CABIMENTO .............................................................. 124

14.2. NATUREZA JURÍDICA ..................................................... 124

14.3. EFEITO ................................................................... 124

14.4. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE ESPECÍFICO ........................ 125

14.5. TEMPESTIVIDADE ......................................................... 125

14.6. JUÍZO DE RETRATAÇÃO E COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO.............. 125

14.7. PROCESSAMENTO......................................................... 125

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15. RECURSOS INTERPOSTOS DE SENTENÇA NORMATIVA ........................... 126

15.1. PREPARO ................................................................. 126

CAPÍTULO III. LEGISLAÇÃO ..................................................... 127

CAPÍTULO IV. SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRUDENCIAIS SOBRERECURSOS ....................................................................... 167

CAPÍTULO V. TESTES SOBRE RECURSOS ........................................ 185

BIBLIOGRAFIA ..................................................................... 207

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho tem sua origem na preparação das aulas que foramapresentadas nos cursos preparatórios para os concursos públicos,notadamente da magistratura e para o Ministério Público do Trabalho.Nessa atividade, procuramos sempre tratar de temas que costumamser abordados nos referidos concursos.

Contribuiu também para a sua elaboração a experiência de maisde uma década adquirida como advogada trabalhista e, atualmente,atuação como membro do Ministério Público do Trabalho junto aosTribunais Trabalhistas.

Nosso objetivo é apresentar, de forma clara e objetiva, conceitose noções básicas sobre os recursos trabalhistas, partindo-se da análiseda legislação processual civil e trabalhista, bem como da jurispru-dência do Tribunal Superior do Trabalho, que tratam da matéria.

Com a finalidade de facilitar o estudo, dividimos nosso trabalhoem cinco capítulos, no primeiro procuramos fazer uma breve expla-nação acerca da teoria geral dos recursos, no segundo capítulo, cuida-mos dos recursos em espécie, nos capítulos terceiro e quarto é feitauma compilação dos textos legais mencionados, bem como dasSúmulas e orientações jurisprudenciais do Tribunal Superior doTrabalho que tratam da matéria recursal trabalhista e, por fim, noúltimo capítulo, apresentamos os testes que foram objeto das provasda magistratura trabalhista e do Ministério Público do Trabalho.

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CAPÍTULO I

TEORIA GERAL DOS RECURSOS TRABALHISTAS

1. RECURSO. CONCEITO

Encontramos na doutrina vários conceitos de recurso, mas, emnossa opinião, o mais completo é aquele formulado por ManoelAntonio Teixeira Filho(1), para quem “recurso é o direito que a partevencida ou o terceiro prejudicado, possui de, na mesma relaçãoprocessual e atendidos os pressupostos de admissibilidade, submetera matéria contida na decisão recorrida a reexame, pelo mesmo órgãoprolator ou por distinto órgão e hierarquicamente superior com oobjetivo de anulá-la ou reformá-la total ou parcialmente”.

2. NATUREZA JURÍDICA DO RECURSO

Encontramos na doutrina várias teorias que procuram explicara natureza jurídica do recurso; porém, as mais importantes sãoaquelas que afirmam tratar-se o recurso de uma ação autônoma oucomo um direito subjetivo processual. Entendemos que não se podecon-fundir recurso com ações autônomas de impugnação, como porexemplo: Ação rescisória, ação anulatória de ato processual, habeascorpus etc. Adotamos a corrente que afirma a natureza jurídica dedireito subjetivo processual, seria uma extensão do direito de açãojá exercitado.

(1) TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Sistema dos recursos trabalhistas. 10. ed. São Paulo: LTr,2003. p. 75.

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3. FUNDAMENTOS

O principal fundamento do recurso referido pela doutrina é acerteza da falibilidade do ser humano. É que o juiz, apesar de estarinvestido do poder jurisdicional e se equiparar a um órgão do Estado,não perde a natureza de pessoa humana, e por essa razão estávulne-rável a se equivocar e errar na hora de decidir a lide. Mas estenão é o único fundamento, a doutrina tem apontado tambémfundamentos de ordem psicológica do vencido, e ainda a possibilidadede revisão da decisão pela Instância superior.

Nesse sentido, temos a lição de Amauri Mascaro Nascimento(2),que aponta os seguintes fundamentos do direito de interpor recursos:1) a necessidade psicológica de formar o convencimento da parteinconformada para que passe a aceitar a decisão que a desfavoreceu;2) a falibilidade do ser humano, portanto, do juiz, pois maior queseja a sabedoria dos juízes nunca será a ponto de dotar as suasdecisões da perfectibilidade que se possa pretender; o induzimentoa maior prudência, pois a possibilidade processual de reapreciaçãoda sentença por outro órgão atua no sentido de levar o prolator dadecisão a julgar com maior cuidado.

Também aponta ainda o ilustre jurista que existe uma vertentede opinião contrária à recorribilidade das decisões judiciais, e quetem como argumentos o desprestígio do Estado com a reforma desuas próprias decisões, inconveniente, mas não razão bastante paraafastar o recurso do ordenamento jurídico, porque maior seria entãoo desprestígio do Poder Judiciário na manutenção de decisão ilegal,arbitrária ou injusta, e o retardamento da lide, argumento relevante,mas que tem como causa não o recurso, mas a organização doPoder Judiciário, que deveria contar com os meios necessários paraque pudesse cumprir seus fins.

4. ATOS SUJEITOS A RECURSO NO PROCESSO DO TRABALHO

Em princípio, os recursos são interponíveis apenas das sentençase acórdãos. A decisão interlocutória é passível de recurso quandoproduz efeitos de decisão definitiva, como ocorre quando o juiz extin-gue a execução na fase de liquidação por força da constatação de

(2) NASCIMENTO, Amauri Mascaro. As transformações do recurso ordinário. In: COSTA, ArmandoCasimiro; FERRARI, Irany (coords.). Recursos trabalhistas – estudos em homenagem ao ministroVantuil Abdala. São Paulo: LTr, 2003. p. 22.

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inexistência de crédito a ser satisfeito.(3) É certo também que, noprocesso do trabalho, dos despachos não cabe recurso (art. 891 daCLT).

Para evitar a preclusão do direito de questionar uma determinadadecisão interlocutória (como a de indeferimento da produção da provatestemunhal, por exemplo), entende-se que deve a parte contra elamanifestar o seu protesto, na primeira oportunidade que tiver parafalar em audiência ou nos autos. O protesto, que pode ser escrito ouoral, é a manifestação de contrariedade da parte com a decisão dojuiz. Há que se ressaltar a existência de entendimentos no sentidode que a parte está dispensada de registrar protesto para evitarpreclusão da oportunidade de atacar a decisão interlocutória, umavez que preclusão pressupõe falta de manifestação no momentooportuno e o momento oportuno para impugnar a decisão interlo-cutória coincide com aquele que é próprio para a impugnação dadecisão definitiva.

5. PRINCÍPIOS RECURSAIS NO PROCESSO DO TRABALHO

Não encontramos na doutrina uma uniformidade ao tratar dosprincípios recursais trabalhistas, mas podemos afirmar que os maisimportantes são:

5.1. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE

O art. 22, I, da Constituição Federal confere à União Federal acompetência exclusiva para se legislar sobre direito processual, dessaforma, somente serão considerados recursos, para os fins do DireitoProcessual Trabalhista, os previstos expressamente em Lei Federal.Esse princípio tem por finalidade impedir que as partes criem modali-dades de recursos para expressarem o seu inconformismo em facedas decisões judiciais.

Tem-se, portanto, que tão somente os recursos previstos noordenamento jurídico, e criados em consonância com o procedimentolegislativo estabelecido, podem ser utilizados com o fim de sereformarem as decisões judiciais.

(3) É o que ocorre quando são deferidas horas extras registradas em cartões de ponto e é ordenadaa compensação dos valores pagos sob esse título, transferindo-se para a liquidação a apuração docrédito do trabalhador, e nela é constatado que todas as horas extras registradas encontram-sepagas (execução negativa).

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5.2. PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE OU DA UNIRRECORRIBILIDADE

A lei prevê apenas um e somente um tipo de recurso para cadadecisão, não podendo o interessado interpor dois ou mais recursossimultaneamente contra a mesma decisão. Assim, tem-se certo queos recursos devem ser interpostos sucessivamente, e não simul-taneamente.

5.3. PRINCÍPIO DA VARIABILIDADE

Este princípio consiste na possibilidade de a parte trocar umrecurso interposto por outro recurso diverso e sucessivo, querealmente pretende apresentar. Dessa forma, interposto erronea-mente um recurso, a parte poderá desistir deste e interpor o recursocorreto, desde que respeitado o prazo para a interposição do recursoque substituir o interposto.

5.4. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE

Existem determinadas decisões judiciais que, em função docaráter complexo de sua natureza, ocasionam dúvidas e polêmicasnos diversos meios doutrinários e jurisprudenciais quanto ao exatoinstrumento recursal que poderia ser utilizado pela parte. Nessassituações, inerente ao melhor entendimento é a certeza de que origor extremo na aplicação dos princípios da taxatividade e da singu-laridade dos recursos acarretaria uma situação de extrema onero-sidade à parte, a qual não poderia ser prejudicada pelas inevitáveisimprecisões do sistema jurídico.

Por força deste princípio admite-se a substituição do recursoerroneamente interposto por outro que seria o adequado para ques-tionar um determinado ato decisório.

A aplicação do aludido princípio impede que a parte seja preju-dicada, diante de uma situação considerada escusável, pelo excessivorigor na aplicação do princípio da singularidade dos recursos.

As condições para a incidência do princípio da fungibilidade são:ausência do erro grosseiro ou da má-fé. O erro grosseiro poderia serauferido em situações que demonstrassem, de forma clara e ine-quívoca, qual seria o recurso cabível, não havendo espaço para qual-quer dúvida razoável. O segundo requisito só pode ser aferido nassituações concretas, por exemplo: “a) usar do recurso impróprio de

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maior prazo, por haver perdido o prazo do recurso cabível; b) valer--se do recurso de maior devolutividade para escapar à coisa julgadaformal; c) protelar o processo... se lançar mão do recurso maisdemorado; d) provocar apenas divergência na jurisprudência paraassegurar-se, depois, outro recurso”.

No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, a Súmula n. 421trata especificamente da fungibilidade recursal ao dispor:

I – Tendo a decisão monocrática de provimento ou denegação de re-curso, prevista no art. 557 do CPC, conteúdo decisório definitivo econclusivo da lide, comporta ser esclarecida pela via dos embargos dedeclaração, em decisão aclaratória, também monocrática, quando sepretende tão somente suprir omissão e não, modificação do julgado.

II – Postulando o embargante efeito modificativo, os embargos declara-tórios deverão ser submetidos ao pronunciamento do Colegiado,convertidos em agravo, em face dos princípios da fungibilidade eceleridade processual. (ex-OJ n. 74 – inserida em 8.11.2000)

5.5. PRINCÍPIO DO NON REFORMATIO IN PEJUS

De acordo com este princípio, é vedado ao Tribunal no julgamentode um recurso proferir decisão mais desfavorável para o recorrente,colocando-o em situação mais gravosa do que aquela em que seencontrava em virtude da sentença apelada (CPC – art. 512). Écerto que a sentença pode ser impugnada total ou parcial-mente eparte que não foi objeto de recurso transita em julgado.

A doutrina e a jurisprudência admitem, contudo, a reformatio inpejus, como acontece quando acolhida preliminar ou prejudicial demérito arguida em contrarrazões.

5.6. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO OU DA IRRECORRIBILIDADE DASDECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

O Processo do Trabalho foi elaborado com a finalidade de propor-cionar uma justa e célere solução aos conflitos trabalhistas. Assim,a celeridade processual é um de seus princípios norteadores de maiorimportância, razão pela qual a lei conferiu ao processo trabalhistadiversas peculiaridades que o distinguem do processo comum, e otornam mais efetivo.

Dentre essas peculiaridades, está a disposição do art. 893, § 1º,que dispõe que as decisões interlocutórias, que são aquelas que, no

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curso do processo, resolvem questão incidente, conforme dispõe o§ 2º do art. 162 do Código de Processo Civil, não são recorríveis deimediato, somente permitindo-se sua reapreciação em recurso dadecisão definitiva.

Todavia, há algumas exceções que podem ser extraídas daprópria lei e da interpretação lógico sistemática das leis processuaistrabalhistas, razão pela qual o Tribunal Superior do Trabalho, pormeio da Resolução n. 127/2005, revisou a sua Súmula n. 214, quepassou a ter a seguinte redação:

Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da Consolidaçãodas Leis do Trabalho, as decisões interlocutórias não ensejam recursoimediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional doTrabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do TribunalSuperior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recursopara o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetênciaterritorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distintodaquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o dispostono art. 799, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho.

Em relação à primeira hipótese, tem-se que é possível o recursocontra a decisão do Tribunal Regional do Trabalho que contrarie aJurisprudência Sumulada do Tribunal Superior do Trabalho ou desuas Seções Especializadas. Ressalte-se que tal possibilidade é válidatão somente às decisões proferidas pelos Tribunais, não ocorrendo omesmo em relação às decisões proferidas pelo juízo de primeira ins-tância que também cometam tal violação, que só serão reanalisadasno recurso da decisão definitiva.

Exemplo: quando o Tribunal Regional do Trabalho, julgandorecurso ordinário, afasta o motivo ensejador da extinção do processosem julgamento do mérito e determina a baixa dos autos à primeirainstância para que seja dado prosseguimento a instrução processual.Neste caso, se tal decisão interlocutória do Tribunal Regional doTrabalho ofender diretamente Súmula ou Orientação Jurisprudencialdo Tribunal Superior do Trabalho, é possível interpor Recurso deRevista imediatamente ao Tribunal Superior, com base na previsãoda Súmula n. 214.

Conforme lições de Carlos Henrique Bezerra Leite(4), “andou bemo TST ao permitir a interposição imediata de recurso de decisõesdos TRTs contrárias às Súmulas ou Orientações Jurisprudenciais”.Trata-se de homenagem aos princípios da economia e celeridade

(4) LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr,p. 710.

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processuais, pois evita que o processo retorne à Vara do Trabalhoquando a decisão atacada (do TRT) esteja em desconformidade como entendimento sumulado, reiterado, iterativo e atual do TST.

A segunda hipótese prevista na Súmula em comento trata dasdecisões interlocutórias de Tribunais que podem ser impugnadasmediante recurso para o próprio Tribunal. Tal recurso pode ser previstoregimentalmente, como é o caso do Agravo Interno ou AgravoRegimental, ou pode ser o Recurso de Embargos no Tribunal Superiordo Trabalho, nas hipóteses de cabimento previstas no art. 894 daConsolidação das Leis do Trabalho.

A terceira hipótese encontra respaldo na previsão do art. 799,§ 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, que prevê que “Dasdecisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo quantoa estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, noentanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber dadecisão final”.

Dessa forma, consolidou a Jurisprudência do Tribunal Superiordo Trabalho o entendimento de que a decisão de acolhimento de ex-ceção de incompetência territorial que determina a remessa dosautos para Vara pertencente a Tribunal Regional distinto exaure ajurisdição perante o Tribunal que a proferiu, para o qual adquirecontornos de terminativa do feito.

Assim, optou o Tribunal Superior do Trabalho por admitir sejatal decisão recorrível de imediato pela via do Recurso Ordinário, tendoem vista ainda que o deslocamento da competência pode representarum enorme gravame ao reclamante que, em geral, é a partehipossuficiente da relação e não tem condições de arcar com oscustos necessários à defesa de seus direitos em localidade diversa.

Entende-se também abrangidas por esta hipótese de exceçãode irrecorribilidade das decisões interlocutórias as decisões das Varasdo Trabalho que acolhem a alegação de incompetência material daJustiça do Trabalho. Isso porque tais decisões exaurem a jurisdiçãoperante a Justiça do Trabalho, possuindo caráter de terminativas dofeito, sendo possível, de acordo com o que estabelece o § 2º do art.799 da CLT, a interposição de recurso imediato.

Além disso, se a Súmula expressamente admite que as decisõesque acolhem exceção de incompetência relativa determinando aremessa dos autos à Tribunal Regional diverso possuem caráterterminativo, e podem ser objeto de recurso imediato, com maiorrazão o mesmo deve se dar em relação às decisões que acolhem a

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incompetência absoluta, indiscutivelmente terminativas do feito emrelação à Justiça Laboral.

O entendimento jurisprudencial esposado pelo TST, que flexibilizaas regras contidas no art. 893, § 1º, tem por finalidade conferir umainterpretação sistemática da lei celetista, harmonizando sua inter-pretação às garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa,sem olvidar da garantia à razoável duração do processo, hoje tambémerigida a direito fundamental.

Outra exceção ao princípio da irrecorribilidade das decisões inter-locutórias, e que não se encontra especificado na Súmula n. 214 doTST, diz respeito à regra contida no art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei n.5.584/1970, que trata da possibilidade de ser requerida a revisãodo valor da causa fixado pelo juiz, que será julgado pelo Presidentedo Tribunal ao qual se encontra vinculado o juiz prolator da decisão.

5.7. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE

Este princípio é a expressão do princípio dispositivo que vigorano processo brasileiro, e consiste em afirmar que a parte tem afaculdade de recorrer ou aceitar a decisão. Assim, o julgador nãopoderá conhecer de matéria que não foi objeto do recurso. Noentanto, esse princípio comporta duas exceções: a) quando se tratarde matéria de ordem pública, sobre as quais enquanto não houver otrânsito em julgado não se opera a preclusão, ou se tratar de decisãodesfavorável proferida contra a Fazenda Pública que se submete aoreexame necessário conforme disposto no art. 475 do CPC e Decreton. 779/1969.

Sobre o reexame necessário importante observar as regrascontidas na Súmula n. 303 do TST, in verbis:

N. 303. FAZENDA PÚBLICA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. (incorpo-radas as Orientações Jurisprudenciais ns. 9,71, 72 e 73 da SBDI-1) –Res. n. 129/2005 – DJ 20.4.2005

I – Em dissídio individual, está sujeita ao duplo grau de jurisdição,mesmo na vigência da CF/1988, decisão contrária à Fazenda Pública,salvo:

a) quando a condenação não ultrapassar o valor correspondente a 60(sessenta) salários mínimos; (ex-OJ n. 9 incorporada pela Res. n.121/2003, DJ 21.11.2003)

b) quando a decisão estiver em consonância com decisão plenária doSupremo Tribunal Federal ou com súmula ou orientação jurisprudencial