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45ª e 49ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE NATAL Desastre de Mãe Luiza Conclusões do Ministério Público Encaminhamentos

45ª e 49ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE NATAL Desastre de … · •Essa situação ora narrada ocorreu antes do evento ... portanto, foi no dia 13/06/2014. Na noite do sábado

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45ª e 49ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE NATAL

Desastre de Mãe Luiza Conclusões do Ministério Público

Encaminhamentos

DESASTRE: “CORRIDA DE AREIA”

1.Descrição do desastre “Corrida de Areia”

2.Causas do desastre– Causa primária– Outras causas

DESCRIÇÃO DO DESASTRE “CORRIDA DE AREIA”

• Ocorrência de grande deslizamento de terra na Rua Guanabara

• Abertura de uma cratera de aproximadamente 70 metros de extensão e mais de sete metros de profundidade

• Danos ambientais e sociais de grave proporção

• Prejuízo à saúde, à segurança, ao bem-estar e à dignidade da população

• Prejuízo para as condições estéticas e sanitárias do ambiente.

Diligência inicial do Ministério Público

• Contratação de uma perícia específica que foi realizada por uma equipe multidisciplinar, composta por Professores da UFRN/FUNPEC

• Equipe formada por Professores das áreas de Engenharia Sanitária, Urbanismo, Geofísica, Ecologia e Geografia.

• Laudo pericial: “Relatório Técnico Ambiental”

Outros documentos técnicos

• Relatório de visita à Praia de Areia Preta, na vertente onde ocorreu uma movimentação de terra , elaborado pela equipe de Professores Dr. Ricardo Farias do Amaral (UFRN), Dr. Ricardo Nascimento Flores Severo (IFRN) e Dra. Maria Dulce P. Bentes Sobrinha (UFRN) e

• Parecer técnico proveniente da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral / SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL - CPRM / Departamento de Gestão Territorial - DEGET do Ministério de Minas Energia (fls. 218/241)

DESCRIÇÃO DO DESASTRE: “CORRIDA DE AREIA”

• no início do mês de junho de 2014, especificamente no dia 05/06/2014, foi detectado, por moradores da Rua Guanabara, que a estrutura da calçada próxima à escadaria que ligava a Rua Guanabara (Mãe Luiza) à Av. Governador Sílvio Pedrosa (Areia Preta) estava cedendo, em razão dos problemas continuados que costumava haver no local, relativos à obstrução no sistema de escoamento de água pluvial (sistema de drenagem) e do sistema de esgotamento sanitário. Os problemas nesses sistemas eram recorrentes no local.

• Em razão do fato, a própria comunidade chegou a montar algumas barreiras para evitar a passagem de pessoas no local, e realizou ligações telefônicas para a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (SEMOPI).

• Representantes da SEMOPI, conforme depoimento dos mesmos, foram ao local no dia 09/06/2014. Lá chegando, detectaram que havia uma depressão, ou seja, um buraco iniciado na Rua Guanabara (depoimento de fls. 65/67 por técnicos da SEMOPI) e promoveram a proteção e o isolamento do local com sacos de areia.

• Todavia não resolveram o problema. Deixaram o buraco aberto.

• Detectaram também que o início do buraco ficava próximo aos poços de visita do sistema de drenagem e de instalações do sistema de esgoto, situadas nas proximidades da escadaria. Na ocasião, os representantes da SEMOPI chamaram a Companhia de Águas e Esgotos do RN – CAERN, com vistas a conseguir auxílio para a solução do transtorno detectado. Mesmo assim, o problema não foi solucionado.

• Essa situação ora narrada ocorreu antes do evento relativo às fortes chuvas que caíram na cidade.

• Os registros de chuvas datam do dia 13 a 15 de junho de 2014.

• O início, portanto, foi no dia 13/06/2014. Na noite do sábado do dia 14/06/14, a área precisou ser isolada, tendo em vista que a cratera começou a alcançar as casas, e os postes começaram a tombar.

• Na madrugada do domingo, dia 15/06/2014, houve desabamento das casas.

Permanência de um buraco aberto

• embora o ápice do desastre tenha ocorrido entre os dias 13 e 15 de junho de 2014, o que induziu e facilitou o processo da “corrida de areia” e abertura da grande cratera foi a permanência de um buraco aberto na Rua Guanabara nas proximidades da escadaria que dá acesso à Avenida Sílvio Pedrosa.

Vista do trecho do talude onde ocorria o escoamento de um liquido saindo debaixo da calçada localizada na Av. Guanabara. Registro realizado entre os dias 10 à 12/06/2015, datas em que não havia registros de chuva no local. Fonte: Maxwell Santos.

• Terceirizados da CAERN, realizando a desobstrução da tubulação da rede de

esgotamento sanitário localizado no talude. O registro foi realizado entre os

dias 10 a 12 de junho, momento em que a calçada já havia desmoronado.

Fonte: Maxwell Santos.

• Rua Guanabara no dia 13 julho de 2015. Fonte: Maxwell Santos.

Rua Guanabara no dia 13 junho de 2015, início das chuvas intensas e desmoronamento do talude. Fonte: Maxwell Santos.

• Trecho da calçada que estava cedendo e no qual os moradores colocaram obstáculos para evitar a passagem dos moradores. Registro realizado entre os dias 10 à 12/06/2015, datas em que não havia registros de chuva no local. Fonte: Maxwell Santo

• Vista do PV da Caern e das bocas de lobo existentes na Rua Guanabara.

• Fonte: Foto 02 apresentada durante o depoimento do Sr. Wilson Barbosa Correia.

• Vista das estruturas de esgotamento e drenagem dentro da cratera na Rua Guanabara. Fonte: Foto 07 apresentada durante o depoimento do Sr. Wilson Barbosa Correia

• Todos os depoimentos constantes nos autos comprovaram que em dias anteriores ao ápice do desastre, com o deslizamento de terra ocorrido no Bairro Mãe Luiza, a CAERN e o Município, por seus representantes técnicos, visitaram a área, perceberam que havia vazamento de águas servidas por baixo da rua e da calçada ainda quando não estava chovendo, verificaram a fuga de sedimentos e de areia que formava a base de sustentação do pavimento asfáltico e da escadaria que lá existia ─ ao lado do setor onde foi encontrado o mencionado vazamento existia uma escadaria interligando a Rua Guanabara com a Av. Sílvio Pedrosa e praia de Areia Preta .

• Mesmo assim, apesar de terem adotado algumas providências paliativas e infrutíferas, e inclusive presenciarem a formação e ampliação de um imenso buraco na Rua Guanabara, ficaram um esperando que o outro resolvesse e estancasse a vazão de águas servidas e, consequentemente, evitasse a fuga do material que compunha o alicerce das estruturas urbanas que ruíram.

• o vazamento de águas servidas por muitos dias, conforme acima relatado, ocasionou o abalo, quebra e rebaixamento do asfalto, da calçada, da escadaria e das bocas de lobo e, consequentemente, a formação de um enorme buraco na Rua Guanabara. Com a retirada do material que formava o alicerce, as galerias de drenagem ruíram (conforme Figura 18) e depois disso ao vazamento inicial se uniram também as águas do sistema de drenagem quando começou a chover (a partir do dia 08/06/14 caíram chuvas finas); a partir desse momento, o colapso foi geral tanto nas galerias de drenagem quanto nas de esgotos, acelerando o aumento da cratera já mencionada.

Causa primária – formação de um buraco na Rua Guanabara

• segundo o laudo técnico da UFRN, o processo de desestabilização da encosta teve início pela formação de uma depressão (abatimento do solo) no pavimento da Rua Guanabara, abrindo um buraco no entorno de algumas caixas de “boca de lobo” do sistema de drenagem. Nesse ponto há a concentração de esgotos e águas da drenagem proveniente de toda a área urbanizada situada acima para a descida canalizada até a Av. Sílvio Pedrosa (Fl. 107 do Relatório Técnico Ambiental – UFRN/FUNPEC, 2014).

• Não foi possível apurar se a origem desse buraco foi decorrente de vazamento da rede de drenagem ou de esgoto, todavia, os peritos ressaltaram que, independentemente da origem do buraco, a gravidade do problema foi a permanência do buraco aberto! Ou seja, a falta de providências (a omissão) para fechar o buraco foi o que desencadeou o desastre na proporção constatada.

• nem o Município, através da SEMOV, nem a CAERN realizaram as providências adequadas para conter o buraco iniciado. Em razão dessa falta de providências adequadas, com as chuvas, o buraco foi alargado, ensejando o total rompimento das tubulações de drenagem e de esgoto.

Outras causas do desastre

1) chuvas intensas em área de risco; 2) supressão da vegetação natural da encosta; 3) inadequação da drenagem instalada às características físicas da área, onde somente a Rua Guanabara possuía galeria de drenagem pluvial, subdimensionada.

Sobre as chuvas intensas

• “apesar da excepcionalidade de ocorrência, apresentam

recorrência sazonal no inverno, cujo conhecimento e

monitoramento deveriam ser levados em consideração pelos

gestores destas áreas de risco”. (Fl. 59 do Relatório Técnico Ambiental – UFRN/FUNPEC, 2014.)

Inadequação da drenagem instalada às características físicas da área

• De todas as provas colacionadas nos autos, principalmente as técnicas, ficou nítido que uma das maiores causas para a ocorrência do desastre descrito foi a ausência em alguns trechos e o subdimensionamento (em outros trechos) da rede de drenagem pluvial instalada na comunidade

• o local afetado diretamente pelo desastre corresponde ao ponto topograficamente mais baixo, que recebia todas as águas de chuva das Ruas Guanabara, Atalaia e adjacentes

• : Esquema da direção da drenagem pelas ruas que abrangem a encosta, desaguando no mar. Fonte: Relatório Técnico Ambiental – UFRN/FUNPEC, 2014

Responsabilidade do município e da caern pelo desastre

• o Município, por ter elaborado o Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), em 2008, já tinha conhecimento do alto risco de deslizamentos de encostas no local, e por isso deveria ter providenciado medidas mais eficazes e de efeitos permanentes, pois até a data do desastre, o Município desconsiderou que a área era de risco. Nesta questão o Município, portanto, deixou de atender as diretrizes da Lei n. 12.608, de 10.04.2012, que “Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil”, especialmente no que diz respeito ao combate a ocupação de áreas ambientalmente vulneráveis e à fiscalização das áreas de riscos e de desastres. Tampouco atentou para as recomendações do Plano Municipal de Redução de Riscos – PMRR, que “objetiva o mapeamento das áreas para posteriormente traçar os rumos do planejamento urbano das mesmas, hierarquizadas por nível de criticidade, abrangendo os assentamentos localizados em encostas e/ou susceptíveis a inundações, localizados em flancos dunares e adjacências ou em outras áreas que se mostrem inadequadas para real e completa inserção social desses assentamentos na cidade formal. ”

• na “Tabela 6.4. Áreas com risco de deslizamento/soterramento de dunas”, p. 96, vol. 1, do PMRR, ao setor onde ocorreu o deslizamento de terra, conhecido por Aparecida (localizada nos mapas de fls. 67-69, vol. 1, do PMRR), foi atribuído o grau de risco 4, nível este considerado alto na tabela 2.1 da p. 14 do Plano.

• Esse risco aumentou para o nível 5 (cinco) na “Tabela 6.6. Áreas com risco decorrente da ocupação de Áreas de Preservação Permanente”, p. 103, considerado o risco mais alto naquela tabela da p. 14 do PMRR; na Tabela 7.1., na p. 106, que considera o grau de risco com base em todos os processos de instabilização observados, foi atribuído grau cinco, sob a justificativa de que “Está sujeito a risco alto de deslizamento de solo. Possíveis invasões em área non aedificandi (dunas, área de

preservação permanente)” (grifo nosso); a tabela 7.2, na p. 111, para “Áreas com maior grau de risco total”, que são consideradas no próprio PMRR, primeiro parágrafo da p. 110, como o ““ranking” das zonas com maior grau de risco da cidade”, a região de Aparecida voltou a receber o grau de risco total 5; na p. 23-24 constam as formas de “Intervenções de Redução de Risco em Encostas ou Dunas Ocupadas”, que, no caso, não haviam sido implantadas;

• Na fl. 30 do Plano, constam os “INSTRUMENTOS DE PREVENÇÃO/INTERVENÇÃO NAS ÁREAS DE RISCOS”; nas fls. 57-61, o Plano arrola várias medidas preventivas, que deveriam ter sido providenciadas pelo Município na região do desastre, destinadas a evitar acidentes e que devem ser implantadas pelos órgãos da Defesa Civil do Município. Nas fls. 135-138 do vol. II constam as “medidas estruturais” recomendadas para a região de Aparecida.

• O sistema de drenagem, portanto, implantado pelo Município, deveria ter levado em consideração a situação de risco da área. Para se permitir a moradia de famílias na comunidade de Mãe Luiza (e, especialmente na localidade conhecida como Aparecida) o sistema de drenagem deveria ser reforçado. Ao contrário disso, o que se constatou e se comprovou, tendo sido admitido pelo próprio Município, o sistema de drenagem estava subestimado.

• A CAERN, por sua vez deveria ter também levado em consideração a situação de risco da área para a instalação e a manutenção do sistema de esgotamento sanitário de Mãe Luiza. Todavia, o que se constatou é que o sistema operava sem a devida operação, com vazamentos e extravasamentos constantes e sem nenhum tipo de controle e/ou instrução comunitária que é essencial para o sistema implantado na área.

Danos materiais ocasionados

• danos diretos atingiram tanto moradores de Mãe Luiza (da Rua Guanabara e adjacências) quanto moradores de Areia Preta (da av. Sílvio Pedrosa____, já que o desastre atingiu toda a estrutura urbana e social desses locais)

• os danos não foram meramente locais. No que diz respeito à estrutura viária, por exemplo, o desastre afetou a dinâmica da cidade como um todo, uma vez que Av. Sílvio Pedrosa / Via costeira, que serve de acesso de chegada (aeroporto de São Gonçalo Natal e vice-versa), foi interrompida em pleno período de Copa do Mundo, trazendo problemas graves de circulação para moradores e visitantes da cidade que tiveram dificuldade em acessar a rede hoteleira da cidade e o Bairro de Ponta Negra

Infográfico. Fonte: Tribuna do Norte

Danos materiais ocasionados

Carros soterrados devido ao deslizamento. Fonte: Tribuna

do Norte, 13 de junho de 2015.

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População próximo à cratera. Fonte: Canindé Soares, 15 de

junho de 2015

Carros soterrados após novo deslizamento. Fonte: Portal No ar, 23de junho de 2015

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Impactos ambientais

• Os cerca de 70.000 m3 de areia e detritos que escorregaram, juntamente com água pluvial e esgoto, se depositaram na Avenida Silvio Pedrosa e na Praia de Areia Preta, desde a via até a zona de arrebentação das ondas do mar, por uma extensão de aproximadamente 100 m, formando um leque

• A espessura do depósito, superior a 2 m, foi maior próximo à Avenida, se espraiando pela via e pela

• Os principais impactos ambientais sobre o meio físico identificados foram: alteração do relevo da praia, alteração do balanço de sedimentos entre praia e pré praia, alteração da paisagem e contaminação da praia local e da água do mar local e adjacente com microorganismos associados ao esgoto..

Impactos sociais

Impactos morais e sociais coletivos

• Toda a comunidade de Mãe Luiza foi atingida diretamente e toda a população de Natal também foi atingida. A repercussão social do evento foi de grandes proporções

• A degradação ambiental, e seus efeitos sociais geraram grande mal-estar e ofensa aos sentimentos de cidadania tanto aos moradores diretamente atingidos, quanto às pessoas difusamente consideradas.

• Houve um sentimento de dor, de angústia, de desgosto, de aflição espiritual por parte tanto de moradores, quanto de visitantes e até mesmo de pessoas que acompanharam por notícias impressas ou televisionadas o desastre relatado.

• Um sentimento de comoção social, de intranquilidade, de desgosto. Muitas filmagens foram compartilhadas pela Internet, Whatsapp. Alguns deles com relatos imediatos da dor e da aflição da população atingida.

• Houve um sofrimento coletivo em razão do desastre ocorrido.

O município de natal tinha ciência da situação de risco do local

•desde o ano 2008, o local onde ocorreu o desastre em Mãe Luiza havia sido classificado como ÁREA DE RISCO pelo Plano Municipal de Redução de Risco do Município de Natal (PMRR) sujeito a erosão e deslizamento.

• Numa gradação, que varia de 0 a 5, em relação ao RISCO, a área afetada pelo desastre denominado tecnicamente de “Corrida de Areia” foi classificada como de grau 4, como bem enfatizado no laudo pericial da UFRN/FUNPEC:

Danos morais e sociais

• Casas demolidas e danificadas

• a comunidade diretamente atingida ficou prejudicada em praticamente todos os serviços considerados essenciais: abastecimento de água, de energia, sistema de esgotamento sanitário e de drenagem.

• A circulação de veículos também ficou prejudicada

• embora a população mais atingida esteja localizada em Mãe Luiza, tendo em vista os desmoronamentos e as ações da defesa civil, os moradores dos prédios vizinhos ao terreno, localizados no bairro de Areia Preta, também sofreram os impactos do desastre, na medida em que, ainda que por tempo limitado, tiveram as suas moradias interditadas e foram obrigados a buscar alojamentos provisórios.

PROVIDÊNCIAS DE CARÁTER SOCIAL – na área de risco

Antes do desastre - de caráter preventivo com base no PMRR:

Nenhuma

Após o desastre

A Secretaria Municipal de Habitação, Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes – SEHARPE, demonstrando que as providências imediatas informou que realizou um Termo de Referência para apresentação de projetos visando à realocação de moradias envolvidas no desastre

e, com vista a minimizar a questão da moradia, a Prefeitura Municipal criou, mediante Lei, o Auxílio Moradia para ser implantado para as famílias que necessitaram sair dos seus imóveis, por desabamento ou risco iminente.

A ocupação existente era ilegal?

• a área é considerada pelo Plano Diretor de Natal como Área Especial de Interesse Social – AEIS, que demanda uma atitude positiva em relação as medidas de proteção da população

• A área é regulamentada por Lei Municipal

• “a área afetada pelo desastre (corrida de areia) integra o conjunto das áreas com maior permissibilidade urbanística, sendo definida como Área de Ocupação Restrita (AO1)”

Laudo da ufrn/ifrn – solicitado pelo Município de natal

• a ocupação em área de encosta representa em custo para o Município. Essa conclusão diz que se o Município de Natal permite a ocupação da área de Mãe Luiza com habitações, precisa dotar a área de infraestrutura adequada para não deixar a população moradora do local exposta a risco de vida.

• As bordas de relevo não são os lugares indicados para ocupação permanente por se tratarem de espaços naturalmente susceptíveis a movimentações de massa. No entanto, por suas características paisagísticas, com o adensamento das zonas urbanas estes espaços tendem a ser ocupados, inicialmente de forma ilegal, mas depois de modo permitido. Esta ocupação é possível

• É uma ocupação “CARA”,

Como evitar novos desastres?Tem que ser adotadas as recomendações do Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR),

Medidas Estruturais, que incluem serviços de limpeza e recuperação, obras de macrodrenagem e proteção superficial, retaludamento, estruturas de contenção de pequeno porte, remoção e reassentamento de moradias e

Medidas não estruturais, que incluem ações de mobilização social, elaboração de plano/programa/projeto de desenvolvimento institucional e transferência de tecnologia, discussão sobre remoção de moradias, elaboração de planos e projetos de recuperação de área degradada e ações contínuas de fiscalização

Promover a manutenção permanente das instalações de infraestrutura urbana e de saneamento é imprescindível para se evitar que vazamentos na rede de galerias de esgoto e drenagem infiltrem e fragilizem o subsolo. Tal manutenção pode evitar o movimentando do material arenoso e a formação de vazios sob as construções e que, dependendo da carga hidráulica de escoamento, provoquem movimentos de areia desastrosos;

Como evitar novos desastres? • Exercer um controle mais efetivo sobre os graus de impermeabilização do solo na perspectiva da redução, seja

nos espaços privados (quintais pavimentados), seja nos espaços públicos (vias, becos, travessas) com pavimentação impermeável (asfalto, cimento, etc.).

• Promover a implantação do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), com o necessário detalhamento e aprofundamento técnico das suas medidas estruturais e não estruturais, de modo a avaliar a permanência (ou relocação) parcial da população residência na área afetada (Aparecida), e minimizar os efeitos dos fatores causais do risco, nos termos especificados na resposta ao quesito 9;

• Realizar estudos detalhados sobre a condição de fragilidade na encosta dunar do ponto de vista geotécnico (monitoramento de buracos e fissuras no subsolo e superfície, movimentos gravitacionais lentos da encosta, entre outros) e hidrológico

• , sugere-se, ainda, a construção de estruturas de armazenamento e barramento de, pelo menos, parte das águas de escoamento superficial que fluem pelas encostas dos bairros de Areia Preta e Mãe Luiza, nos picos de chuvas intensas ou não.

MEDIDAS PARA REPARAÇÃO DOS DANOS VERIFICADOS

• 1. Promover a desapropriação dos terrenos situados entre a Rua Guanabara e a Avenida Silvio Pedroza, por onde o material proveniente do movimento de massa escoou;

• 2. Promover a execução de um projeto urbanístico para toda a encosta da Rua Guanabara, visando a recuperação do recobrimento vegetal e a proibição da ocupação por edificações dos espaços livres remanescentes, de modo a garantir o equilíbrio ambiental do lugar;

• 3.Executar projetos nos espaços públicos afetados, especialmente as vias e escadarias ou outros terrenos nas encostas ainda não construídos, que venham a ser desapropriados, de modo a diminuir os graus de impermeabilização do solo;

MEDIDAS PARA REPARAÇÃO DOS DANOS VERIFICADOS

• 4. Promover a recuperação do pavimento da Rua Guanabara e adjacências, assim como das obras de infraestrutura (rede elétrica e escadaria de acesso à praia de Areia Preta para a comunidade de Mãe Luiza);

• 5. Promover a recuperação e/ou reconstrução das áreas ocupadas pelas edificações atingidas pelo desastre, preferencialmente para fins coletivos;

• 6. Estabelecer um programa de educação ambiental para conscientizar a população do Bairro de Mãe Luiza sobre os riscos a que estão submetidas e medidas de proteção que devem ser adotadas;

MEDIDAS PARA REPARAÇÃO DOS DANOS VERIFICADOS

• 7. Executar estruturas de contenção das encostas compatíveis com estudos detalhados sobre os aspectos geológicos e geotécnicos da área;

• 8. Executar obras de drenagem das águas pluviais em toda extensão das encostas e monitorar a sua ocupação de forma compatível com as previsões de precipitação futuras;

• 9. Recuperar a rede coletora de esgotos com redimensionamento apropriado para toda a área da encosta de Mãe Luíza e Areia Preta ( fl. 127 do laudo)

O que foi realizado de acordo com as orientações da Perícia

e do PMRR?

EXEMPLO DE AVALIAÇÃO: No que se refere às encostas da Guanabara que integram a ZET’3, proibir novas ocupações

O Município realizou um projeto de contenção de parte da área diretamente afetada pelo desastre, a conhecida “Escadaria de Mãe Luiza”, apresentado pela Semov.

• a medida indicada pelos peritos abrange as encostas da Guanabara que integram a ZET’3.

• Nas diligências realizadas pelo Ministério Público, verificou-se que os demais lotes da encosta da Rua Guanabara não sofreram intervenções de recuperação, nem ações de controle de novas ocupações.

• Durante uma vistoria realizada no dia 5 de maio de 2016, havia uma edificação sendo reconstruída na encosta, ao lado da Escadaria de Mãe Luiza, à revelia do controle municipal,

Outras constatações

• Apesar do redimensionamento da rede de drenagem implantada na encosta, conforme projeto apresentado às folhas 1154 a 1155, o projeto não contemplou toda a sub-bacia de drenagem VIII.4, que abrange os bairros de Mãe Luiza e Areia Preta. Conforme ressaltado pela própria equipe técnica da SEMOVI, (folha 66), que a situação ideal de drenagem é a captação por sistema em toda a

bacia não de apenas parte da bacia, como existente.

• No tocante a melhoria de gestão pública, especialmente sobre os serviços de saneamento ambiental, verificou-se a continuidade no despejo irregular de esgoto e água servida nas redes de drenagem, bem como o despejo de resíduos sólidos nas encostas de Aparecida, conforme verificado nas diligências realizadas

Medidas de Gerenciamento de riscos

• No caso da encosta de Aparecida, bairros de Mãe Luiza e Areia Preta, o PMRR já mapeou e caracterizou a encosta de Aparecida como uma encosta com instabilidade no solo, portanto, já identificou áreas em potencial para a ocorrência de desastres.

• Não foram implantadas as referidas intervenções nas áreas de instabilidade de solos da comunidade de Aparecida, nos limites estabelecidos pelo PMRR, fls. 1111 a 1112, mas apenas para a área diretamente afetada pelo desastre.

Apesar da recuperação e ampliação do sistema, foi constatado o problema de despejo de esgotos da rede de drenagem não tem sido coibido nem pelo Município de Natal, nem pela CAERN. O fato foi constatado, tanto no ponto final de lançamento (a praia), quanto na rede de coleta implantada no bairro,

Planta da rede de drenagem implantada no local. FONTE: Trecho da planta encaminhada pela SEMOV, em 2015

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Água servida despejada irregularmente no sistema de drenagem de Mãe Luiza

acumulando na faixa de praia. Praia de Areia Preta (27 de abril de 2016)

Água servida despejada irregularmente no sistema de drenagem de Mãe Luiza

acumulando na faixa de praia. Praia de Areia Preta (27 de abril de 2016)

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Água servida despejada irregularmente no sistema de drenagem de Mãe Luiza

acumulando na faixa de praia. Praia de Areia Preta (27 de abril de 2016)

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Água servida sendo escoada pela sarjeta de um das travessas que

ligam a Rua Atalaia a Rua Guanabara

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Água servida escoando pela Trav. Atalaia, que liga a Rua Atalaia a

Rua Guanabara.

Despejo de água servida em uma tubulação próxima ao rancho dos

pescadores. (05/05/2016)

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Local em que ocorre o despejo de esgotos, próximo ao rancho dos pescadores. Praia de Areia Preta

Local indicado como "caixa de passagem do esgoto", que segue

para a EEE.

Vista interna da "caixa de passagem do esgoto". Uma das duas tubulações

localizadas na parede da caixa, a esquerda, será o extravasador para a

praia.

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Vista do local onde, segundo a equipe da SEMURB, estaria o reservatório pulmão e que no momento da vistoria possuía um volume

significativo de esgotos. (05/05/2016)

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Saída de uma das galerias da praia. Identificação em vermelho do trecho da faixa de areia carreado. Praia de

Miami (05/05/2016)

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Identificação do local indicado pelos moradores. Praia de Miami.

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Construção (ou reconstrução) de uma residência na área diretamente afetada no "desastre de Mãe Luiza, ao Lado da

nova escadaria.

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Construção (ou reconstrução) de uma residência na área diretamente afetada no "desastre de Mãe Luiza, ao Lado da

nova escadaria.

Futuro das famílias afetadas

definição do futuro das famílias que perderam suas casas com o desastre.

A princípio, o Município de Natal realizou um projeto para possibilitar a realocação das famílias atingidas para o mesmo bairro de Mãe Luiza, “Projeto de Reassentamento Mãe Luiza”.

o projeto inicialmente planejado ficou inviabilizado e que as famílias iriam ser incluída nos planos gerais de reassentamento do Município e que a realocação não iria ser mais realizada no Bairro de Mãe Luiza.

Ação civil pública

Pedidos

AVALIAÇÃO DAS OBRAS REALIZADAS

APRIMORAMENTO E AMPLIAÇÃO DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO E DE DRENAGEM – PARA CONTER A POLUIÇÃO CONTINUADA

ADOÇÃO DE MEDIDAS DE PREVENÇÃO DE RISCOS

Que seja determinado ao Município de Natal que ofereça a opção de realocação das famílias prejudicadas no desastre de Mãe Luiza, que perderam suas casas, para o próprio Bairro

prazo para que o Município de Natal realize a construção de novas casas e a realocação das famílias que perderam suas casas no desastre,

Pedido para reparação das perdas patrimoniais dos atingidos

• , várias famílias perderam, com o desastre, casas, estabelecimentos comerciais, móveis, eletrodomésticos, automóveis, objetos e pertences pessoais. Daí exsurgem direitos individuais homogêneos, assim entendidos porque decorrentes de origem comum — perda patrimonial por causa do desastre —, segundo previsão do art. 81, caput, e parágrafo único, III, do Código de Defesa do Consumidor.

• nestes casos, foi atribuída legitimidade também ao Ministério Público para a defesa desses interesses individuais homogêneos, segundo o art. 82, I, e 91, CDC

• aplicam-se as disposições dos arts. 81 a 104 do CDC, conforme previsto no art. 21 da Lei n. 7.347/1985 (LACP).

Reparação de danos individuais e coletivos