47186923 Principais Decisoes STF 2010

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    DECISES STF 2010

    SMULAS

    DECISES

    ADMINISTRATIVO -CONCURSO PBLICO: LEI INCONSTITUCIONAL E DECLARAODE NULIDADE. A Turma proveu recurso extraordinrio interposto pelo Municpio de Cristais - MGcontra acrdo do tribunal de justia estadual que deferira mandado de segurana para reintegrarservidores daquele municpio, ainda em estgio probatrio. Na espcie, os recorridos foram exonerados

    por ato do prefeito que, sob justificativa da inconstitucionalidade da legislao municipal queconcedia, aos servidores pblicos municipais, pontuao extra em concursos , anulara o certame. Adiscusso centrava-se no fato de o decreto exoneratrio ter sido anterior deciso de mrito em aodireta de inconstitucionalidade estadual, na qual declarada a inconstitucionalidade dessa legislao

    municipal. Reputou-se que o ato do prefeito, aps a instaurao de regular procedimento administrativo,estaria em consonncia com o ordenamento constitucional brasileiro, cuja tradio o reconhecimento deefeitos ex tunc s decises de inconstitucionalidade. Ressaltou-se que tanto o poder do juiz de negaraplicao lei inconstitucional quanto a faculdade assegurada ao indivduo de negar observncia leiinconstitucional demonstrariam que o constituinte pressups a nulidade da lei inconstitucional. Enfatizou-se que, em certos casos, o efeito necessrio e imediato da declarao de nulidade de uma norma, nadeclarao de inconstitucionalidade pelo STF ou pelos tribunais de justia dos estados, h de ser aexcluso de toda ultra-atividade da lei inconstitucional e que a eventual eliminao dos atos praticadoscom fundamento na lei inconstitucional ter de ser considerada em face de todo o sistema jurdico,especialmente das chamadas frmulas de precluso. RE 348468/MG, rel. Min. Gilmar Mendes,15.12.2009. (RE-348468)

    ADMINISTRATIVO - AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 7, IX, DA LEI8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994. ESTATUTO DA ADVOCACIA E A ORDEM DOS ADVOGADOSDO BRASIL. SUSTENTAO ORAL PELO ADVOGADO APS O VOTO DO RELATOR.IMPOSSIBILIDADE. AO DIRETA JULGADA PROCEDENTE. I A sustentao oral peloadvogado, aps o voto do Relator, afronta o devido processo legal, alm de poder causar tumulto

    processual, uma vez que o contraditrio se estabelece entre as partes. II Ao direta deinconstitucionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 7, IX, da Lei8.906, de 4 de julho de 1994. ADI N. 1.105-DF. RED. P/ O ACRDO: MIN. RICARDOLEWANDOWSKI.

    ADMINISTRATIVO - ALTERAO DE APOSENTADORIA - ADITAMENTO EDESNECESSIDADE DE CONTRADITRIO. O Tribunal indeferiu mandado de segurana impetradocontra ato do Tribunal de Contas da Unio - TCU que, sem prvia manifestao do impetrante, exclurados seus proventos de aposentadoria o pagamento de quintos. Na espcie, a Corte de Contas reputaralegal a aposentao originria do impetrante, ocorrida em 1995. Entretanto, em 1997, a fundao queconcedera a aposentadoria ao impetrante inclura, de maneira superveniente, o pagamento de quintos,

    parcela remuneratria esta no examinada naquela oportunidade, por no constar do processo. Ocorreque, submetida tal incluso ao TCU, este a considerara ilegal ante a insuficincia de tempo de servio doimpetrante para auferi-la. Inicialmente, rejeitou-se a preliminar suscitada pelo Min. Marco Aurlio,relator, sobre a ausncia de qurum para julgamento da matria constitucional. Em seguida, afastou-se a

    preliminar de decadncia ao fundamento de que o prazo de cinco anos previsto no art. 54 da Lei 9.784/99teria sido observado. No ponto, ressaltando que o ato de aposentadoria seria complexo, aduziu-se que otermo a quo para a contagem do referido prazo seria a data em que aperfeioada aquela. No mrito,consignou-se que, na situao dos autos, fora encaminhada ao TCU alterao introduzida posteriormente

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    nos proventos de aposentadoria do impetrante e que o rgo competente glosara o que praticado naorigem, modificando os parmetros da aposentadoria ento registrada. Mencionou-se, ademais, que o

    procedimento referente alterao estaria ligado ao registro. Asseverou-se que, uma vez procedido oregistro da aposentadoria pelo TCU, fixando-se certos parmetros a nortearem os proventos, alteraorealizada pelo rgo de origem em benefcio do aposentado implicaria aditamento e, ento, no haverianecessidade de estabelecer-se contraditrio. MS 25525/DF, rel. Min. Marco Aurlio, 17.2.2010. (MS-25525)

    ADMINISTRATIVO - ECT: DESPEDIDA DE EMPREGADO E MOTIVAO 1. O Tribunaliniciou julgamento de recurso extraordinrio interposto pela Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos- ECT contra acrdo do Tribunal Superior do Trabalho - TST em que se discute se a recorrente tem, ouno, o dever de motivar formalmente o ato de dispensa de seus empregados. Na espcie, o TST reputarainvlida a despedida de empregado da recorrente, ao fundamento de que a validade do ato de despedidado empregado da ECT est condicionada motivao, visto que a empresa goza das garantias atribudas Fazenda Pblica.. A recorrente, em sntese, aponta contrariedade aos artigos 41 e 173, 1, da CF, hajavista que a deliberao a respeito das demisses sem justa causa direito potestativo da empresa,interferindo o acrdo recorrido na liberdade existente no direito trabalhista, por incidir no direito das

    partes pactuarem livremente entre si. Sustenta, ainda, que o fato de a recorrente possuir privilgios

    conferidos Fazenda Pblica impenhorabilidade dos seus bens, pagamento por precatrio e algumasprerrogativas processuais , no tem o condo de dar aos empregados da ECT o benefcio da despedidamotivada e a estabilidade para garantir reintegrao no emprego. 2. O Min. Ricardo Lewandowski,relator, negou provimento ao recurso. Salientou, primeiro, que, relativamente ao debate sobre aequiparao da ECT Fazenda Pblica, a Corte, no julgamento da ADPF 46/DF (DJE de 26.2.2010),confirmou o seu carter de prestadora de servios pblicos, declarando recepcionada, pela ordemconstitucional vigente, a Lei 6.538/78, que instituiu o monoplio das atividades postais, excludos doconceito de servio postal apenas a entrega de encomendas e impressos. Asseverou, em passo seguinte,que o dever de motivar o ato de despedida de empregados estatais, admitidos por concurso, aplicar-se-iano apenas ECT, mas a todas as empresas pblicas e sociedades de economia mista que prestamservios pblicos, em razo de no estarem alcanadas pelas disposies do art. 173, 1, da CF, na linha

    de precedentes do Tribunal. Observou que, embora a rigor, as denominadas empresas estatais ostentarema natureza jurdica de direito privado, elas se submeteriam a regime hbrido, ou seja, sujeitar-se-iam a umconjunto de limitaes que teriam por escopo a realizao do interesse pblico. Assim, no caso dessasentidades, dar-se-ia uma derrogao parcial das normas de direito privado em favor de certas regras dedireito pblico. 3. Citou como exemplo dessas restries, as quais seriam derivadas da prpriaConstituio, a submisso dos servidores dessas empresas ao teto remuneratrio, a proibio deacumulao de cargos, empregos e funes, e a exigncia de concurso para ingresso em seus quadros. Aoafastar a alegao de que os dirigentes de empresas pblicas e sociedades de economia mista poderiamdispensar seu pessoal no uso do seu direito potestativo de resilio unilateral do pacto laboral,independentemente de motivao, relembrou que o regime jurdico das empresas estatais no coincidiria,de forma integral, com o das empresas privadas, em face das aludidas restries, quando fossem exclusivaou preponderantemente prestadoras de servios pblicos. Ressaltou que o fato de a CLT no preverrealizao de concurso para a contratao de pessoal destinado a integrar o quadro de empregados dasreferidas empresas, significaria existir uma mitigao do ordenamento jurdico trabalhista, o qual sesubstituiria, no ponto, por normas de direito pblico, tendo em conta tais entidades integrarem aAdministrao Pblica indireta, sujeitando-se, por isso, aos princpios contemplados no art. 37 da CF.Rejeitou, por conseguinte, a assertiva de ser integralmente aplicvel aos empregados da recorrente oregime celetista no que diz respeito demisso. 4. Afirmou que o objetivo maior da admisso deempregados das estatais por meio de certame pblico seria garantir a primazia dos princpios da isonomiae da impessoalidade, o que impediria escolhas de ndole pessoal ou de carter puramente subjetivo no

    processo de contratao. Ponderou que a motivao do ato de dispensa, na mesma linha de argumentao,

    teria por objetivo resguardar o empregado de uma eventual quebra do postulado da impessoalidade porparte do agente estatal investido do poder de demitir, razo pela qual se imporia, no caso, que a despedidafosse no s motivada, mas tambm precedida de um procedimento formal, assegurado ao empregado odireito ao contraditrio e ampla defesa. Rejeitou, ainda, o argumento de que se estaria a conferir a esses

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    empregados a estabilidade prevista no art. 41 da CF, haja vista que tal garantia no alcanaria osempregados de empresas pblicas e sociedades de economia mista, nos termos de orientao j fixada

    pelo Supremo, que teria ressalvado, apenas, a situao dos empregados pblicos aprovados em concursopblico antes da EC 19/98. 5. Aduziu que o paralelismo entre os procedimentos para a admisso e odesligamento dos empregados pblicos estaria, da mesma forma, indissociavelmente ligado observnciado princpio da razoabilidade, porquanto no se vedaria aos agentes do Estado apenas a prtica dearbitrariedades, mas se imporia tambm o dever de agir com ponderao, decidir com justia e, sobretudo,

    atuar com racionalidade. Assim, a obrigao de motivar os atos decorreria no s das razes acimaexplicitadas como tambm, e especialmente, do fato de os agentes estatais lidarem com a res publica,tendo em vista o capital das empresas estatais integral, majoritria ou mesmo parcialmente

    pertencer ao Estado, isto , a todos os cidados. Esse dever, ademais, estaria ligado prpria idia deEstado Democrtico de Direito, no qual a legitimidade de todas as decises administrativas tem como

    pressuposto a possibilidade de que seus destinatrios as compreendam e o de que possam, caso queiram,contest-las. No regime poltico que essa forma de Estado consubstancia, seria preciso demonstrar noapenas que a Administrao, ao agir, visou ao interesse pblico, mas tambm que agiu legal eimparcialmente. Mencionou, no ponto, o disposto no art. 50 da Lei 9.784/99, que rege o processoadministrativo no mbito da Administrao Pblica Federal (Art. 50. Os atos administrativos devero sermotivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem

    direitos ou interesses; ... 1 A motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir emdeclarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou

    propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato). Salientou que, no caso da motivao dos atosdemissrios das estatais, no se estaria a falar de uma justificativa qualquer, simplesmente pro forma, masde uma que deixasse clara tanto sua legalidade extrnseca quanto sua validade material intrnseca, sempre luz do ordenamento legal em vigor. Destarte, disse no se haver de confundir a garantia da estabilidadecom o dever de motivar os atos de dispensa, nem de imaginar que, com isso, os empregados teriam umadupla garantia contra a dispensa imotivada, eis que, concretizada a demisso, eles tero direito, apenas,s verbas rescisrias previstas na legislao trabalhista. 6. Em seguida, ao frisar a equiparao dademisso a um ato administrativo, repeliu a alegao de que a dispensa praticada pela ECT prescindiriade motivao, por configurar ato inteiramente discricionrio e no vinculado, havendo por parte daempresa plena liberdade de escolha quanto ao seu contedo, destinatrio, modo de realizao e, ainda, sua convenincia e oportunidade. Justificou que a natureza vinculada ou discricionria do atoadministrativo seria irrelevante para a obrigatoriedade da motivao da deciso e que o que configuraria aexigibilidade, ou no, da motivao no caso concreto no seria a discusso sobre o espao para o empregode um juzo de oportunidade pela Administrao, mas o contedo da deciso e os valores que ela envolve.Por fim, reiterou que o entendimento ora exposto decorreria da aplicao, espcie, dos princpiosinscritos no art. 37 da CF, notadamente os relativos impessoalidade e isonomia, cujo escopo seria o deevitar o favorecimento e a perseguio de empregados pblicos, seja em sua contratao, seja em seudesligamento. Aps o voto do Min. Eros Grau que acompanhava o relator, pediu vista dos autos o Min.Joaquim Barbosa. RE 589998/PI, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 24.2.2010. (RE-589998)

    ADMINISTRATIVO - FORAS ARMADAS: LIMITE DE IDADE PARA CONCURSO DEINGRESSO E ART. 142, 3, X, DA CF 1. O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinrioem que se discute a constitucionalidade, ou no, do estabelecimento de limite de idade por edital deconcurso para ingresso nas Foras Armadas. Trata-se, na espcie, de recurso interposto pela Unio contraacrdo do Tribunal Regional Federal da 4 Regio que entendera que, em relao ao ingresso na carreiramilitar, a Constituio Federal exigiria que lei dispusesse a respeito do limite de idade (CF, art. 142, 3,X: a lei dispor sobre o ingresso nas Foras Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outrascondies de transferncia do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remunerao, as

    prerrogativas e outras situaes especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades,inclusive aquelas cumpridas por fora de compromissos internacionais e de guerra.), no se admitindo,

    portanto, que um ato administrativo estabelecesse a restrio, sob pena de afronta ao princpioconstitucional da ampla acessibilidade aos cargos pblicos. Preliminarmente, o Tribunal julgouprejudicado, por perda de objeto, o RE 572499/SC, apregoado em conjunto, em virtude de nele terem osimpetrantes requerido o cancelamento da matrcula no curso de formao. 2. A Min. Crmen Lcia,

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    relatora, negou provimento ao recurso por entender que, tendo a Constituio Federal determinado, emseu art. 142, 3, X, que os requisitos para o ingresso nas Foras Armadas so os previstos em lei, comreferncia expressa ao critrio de idade, no caberia regulamentao por meio de outra espcie normativa.Considerou, por conseguinte, no recepcionada pela Carta Magna a expresso e nos regulamentos daMarinha, do Exrcito e da Aeronutica, contida no art. 10 da Lei 6.880/80, que dispe sobre o Estatutodos Militares (Art. 10 O ingresso nas Foras Armadas facultado mediante incorporao, matrcula ounomeao, a todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei e nos regulamentos da

    marinha, do exrcito e da aeronutica..). Afirmou ser inquestionvel a prerrogativa das Foras Armadasde instituir por regulamento de cada Fora, e at mesmo nos editais de concursos, os procedimentosrelativos a todo o certame. Aduziu que o contedo definido constitucionalmente como sendo objeto decuidado a ser levado a efeito por lei haveria de ser desdobrado, de forma detalhada, nos atosadministrativos, tais como os regulamentos e editais. Observou, contudo, que esses atos no poderiaminovar nos pontos em que a legislao no tivesse estatudo. Registrou, ainda, que, no item especficorelativo definio dos limites de idade, a fixao do requisito por regulamento ou edital, categoria deatos administrativos, esbarraria, inclusive, na Smula 14 do STF (No admissvel, por atoadministrativo, restringir, em razo da idade, inscrio em concurso para cargo pblico.). 3. Por fim, arelatora, com base no princpio da segurana jurdica, tendo em conta que passados quase 22 anos devigncia da CF/88, nos quais vrios concursos foram realizados com observncia daquela regra geral,

    props que a deciso somente se aplique aos concursos para ingresso nas Foras Armadas iniciados apartir deste julgamento, preservado o direito daqueles que j tenham ajuizado aes com o mesmo objetojurdico da que ora se examina. Ainda determinou expedio de ofcio recorrente para cumprimento dedeciso proferida em primeira instncia, inclusive quanto ao direito do ora recorrido de ter acesso sinformaes sobre a sua situao. Em divergncia, o Min. Dias Toffoli deu provimento ao recurso, ereputou recepcionada pela CF/88 a Lei 6.880/80, ao fundamento de ali se tratar de questes relativas natureza especfica das corporaes militares, ou seja, questes relativas a critrios de idade, de condiesfsicas. Asseverou, assim, que a Lei 6.880/80 teria regulamentado a matria na forma como exige o art.142, 3, X, da CF, e que o legislador ordinrio poderia estabelecer critrios gerais e determinar aoregulamento que fixasse outros critrios, em razo da especificidade das Foras Armadas e dascaractersticas e dos critrios necessrios ao ingresso nas Armas. Aps, pediu vista dos autos o Min.Ricardo Lewandowski. RE 572499/SC, rel. Min. Crmen Lcia, 25.3.2010. (RE-572499). RE600225/RS, rel. Min. Crmen Lcia, 25.3.2010. (RE-600225)

    ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANA - IMPEDIMENTO E FEITOS DIVERSOS 1. O Tribunal iniciou julgamento de mandado de segurana, impetrado contra ato do Tribunal de Contasda Unio - TCU, em que se sustenta a ilegalidade de julgamento por ele proferido, na medida em querelatado por Ministro supostamente impedido. Alega a impetrao que o relator j se manifestara sobre asirregularidades imputadas ao impetrante enquanto representante do parquet junto Corte de Contas,confirmando posio j exarada, em face dos mesmos fatos, atuando, portanto, sucessivamente, comorepresentante do Ministrio Pblico e Ministro do TCU. Sustenta o seu impedimento para participar dofeito, por afronta ao inciso VIII do art. 39 do Regimento Interno do TCU (Art. 39. vedado ao ministrodo Tribunal: ... VIII - atuar em processo de interesse prprio, de cnjuge, de parente consangneo ouafim, na linha reta ou na colateral, at o segundo grau, ou de amigo ntimo ou inimigo capital, assimcomo em processo em que tenha funcionado como advogado, perito, representante do Ministrio Pblicoou servidor da Secretaria do Tribunal ou do Controle Interno.). 2. O Min. Ayres Britto, relator, porreputar serem diversos os processos em que o Ministro supostamente impedido atuara como representantedo parquet e como Ministro do TCU, denegou a segurana. Ressaltou que o primeiro processo cuidaria deauditoria realizada na rea de pessoal de Fundao de Universidade Federal, e o segundo instauradotrs anos depois do primeiro trataria da prestao de contas da mencionada Fundao. Asseverou,destarte, no se aplicar ao caso em exame a vedao do inciso VIII do art. 39 do RITCU, dado que oMinistro no atuara no mesmo processo em que funcionara como membro do Ministrio Pblico junto ao

    TCU. Consignou que, enquanto em um dos processos, o TCU, com base no inciso IV do art. 71 da CF,apreciara relatrio de auditoria na especfica rea de pessoal e referente a atos de 1993, no outro, julgara aprestao de contas do administrador pblico no exerccio de 1995, com fundamento no inciso II domesmo art. 71 da Carta da Repblica. Salientou, ademais, que a atuao do antigo membro do Ministrio

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    Pblico junto Corte de Contas se dera na condio de custos legis, protagonizao funcional em que sefaz imperiosa total imparcialidade no exame jurdico das causas. Destacou, por fim, que nenhum prejuzosofrera o impetrante, haja vista que o Ministro apenas atuara no processo a partir do julgamento dorecurso de divergncia, quando o TCU j havia reprovado as contas da citada Fundao e imposto multaao responsvel. Aps, foi indicado adiamento. MS 25630/DF, rel. Min. Ayres Britto, 17.2.2010. (MS-25630)

    ADMINISTRATIVO - PAD: NULIDADE E BIS IN IDEM 1. A Turma negou provimento arecurso ordinrio em mandado de segurana no qual se pleiteava a nulidade de procedimentoadministrativo disciplinar, ao fundamento de que houvera a imposio de duas penas com base nosmesmos fatos, caracterizando ofensa ao princpio do non bis in idem. No caso, o recorrente forasubmetido a sindicncia em virtude da ocorrncia de falta funcional no controle fiscal e contbil de certaempresa, sendo-lhe imposta a pena de advertncia. Ocorre, todavia, que, posteriormente, tal procedimentofora declarado nulo pela prpria Administrao, instaurando-se um novo para apurar os mesmos fatos,sendo-lhe, ao fim, aplicada a pena de demisso. Sustentava, tambm, o recorrente: a) que a Lei 8.112/90,em seu art. 174 (o processo disciplinar poder ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio,quando se aduzirem fatos novos ou circunstncias suscetveis de justificar a inocncia do punido ou ainadequao da penalidade aplicada.), previu que a reviso do processo administrativo s seria realizada

    em benefcio do servidor e se existentes fatos novos e b) que o fato de um mesmo agente ter atuado nainstaurao do procedimento, como Secretrio da Receita Federal, e, no julgamento, como Ministro deEstado da Fazenda, indicaria que o julgamento teria sido parcial. 2. Assinalou-se que a declarao danulidade do processo que conduzira aplicao da pena de advertncia no poderia apoiar-se no dispostono art. 174 da Lei 8.112/90, pois trataria aquele dispositivo da reviso em benefcio do servidor quesofrera punio disciplinar. Destacou-se, por outro lado, que a situao descrita nos autos seria de revisoex officio de ato administrativo (Lei 8.112/90, artigos 114 e 169) e no de aplicao daquele dispositivo.Assim, enfatizou-se que a anulao total do processo original e a sua retomada desde o incio, ainda quese refiram aos mesmos fatos, no violara o princpio do non bis in idem. Quanto ao suposto vciodecorrente da participao de um mesmo agente pblico em diferentes atos do processo, aduziu-se que,do ponto de vista da conformidade com o texto legal, a competncia para a prtica dos atos fora

    devidamente respeitada, em observncia Lei 8.112/90, que disciplina a competncia para instaurao ejulgamento do processo disciplinar. No ponto, evidenciou-se que, de acordo com o art. 166 dessa lei, acompetncia para julgar o processo, em regra, seria da autoridade que determinara a sua instaurao.Ressaltou-se que, na espcie, o Secretrio da Receita Federal agira como superior hierrquico dodelegado desta entidade, decretando a nulidade da pena imposta pelo subordinado (o chefe darepartio, como disposto no art. 141, III, da Lei 8.112/90). Dessa forma, frisou-se que a atribuio para

    praticar tal ato decorreria do art. 169 da mesma lei, o qual dispe competir autoridade que instaura oprocesso ou outra de hierarquia superior anular o feito em que presente vcio insanvel. Afirmou-se,destarte, que a imposio da pena de demisso caberia, em tese, ao Presidente da Repblica (Lei8.112/90, art. 141, I), tendo tal atribuio sido delegada, contudo, ao Ministro de Estado da Fazenda, porfora do art. 1, I, do Decreto 3.035/99. RMS 23922/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 9.2.2010. (RMS-23922) (2 Turma)

    ADMINISTRATIVO - PROVENTOS ATOS SEQUENCIAIS REGISTRO PRAZODECADENCIAL ARTIGO 54 DA LEI N 9.784/99 - ALCANCE. Envolvendo a espcie,considerados atos administrativos em geral, o registro de aposentadoria, descabe cogitar de situaoconstituda a atrair o disposto no artigo 54 da Lei n 9.784/99, no que fixa prazo decadencial para aadministrao pblica rever atos praticados. APOSENTADORIA PROVENTOS REGISTROVERIFICADO ADITAMENTO DE PARCELA CONTRADITRIO INADEQUAO. Versandoo processo administrativo submetido ao Tribunal de Contas alterao do registro de aposentadoria paraaditar-se aos proventos certa parcela, mostra-se dispensvel a observncia do contraditrio. MS N.25.525-DF. RELATOR : MIN. MARCO AURLIO

    ADMINISTRATIVO RECLAMAO - APOSENTADORIA ESPONTNEA E EXTINO DOCONTRATO DE TRABALHO 1. O Tribunal iniciou julgamento de reclamao ajuizada por empresa

    pblica estadual contra deciso proferida pelo Juzo da 7 Vara do Trabalho de Florianpolis-SC que, nos

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    autos de reclamao trabalhista, ao deferir pedido de tutela antecipada, assegurara a manuteno, em seusempregos, de trabalhadores aposentados pelo Regime Geral de Previdncia, sob o fundamento de que aaposentadoria concedida aos empregados no causa de extino do contrato de emprego, nem implicaacumulao de proventos vedada por lei. Na espcie, a reclamante comunicara queles trabalhadores seudesligamento do quadro de pessoal, em razo da impossibilidade de acumulao de proventos deaposentadoria com salrios. Por vislumbrar afronta autoridade da deciso proferida pelo Supremo nasaes diretas de inconstitucionalidade 1721/DF (DJU de 29.6.2007) e 1770/DF (DJU de 1.12.2006), a

    Min. Ellen Gracie, relatora, julgou procedente o pedido formulado para cassar a deciso impugnada,autorizando a reclamante a efetuar demisses de empregados que se aposentaram espontaneamente,fazendo-o com o pagamento das respectivas verbas rescisrias trabalhistas. 2. Considerou que o Supremo,ao julgar os referidos precedentes, de fato declarara a inconstitucionalidade dos 1 e 2 do art. 453 daConsolidao das Leis do Trabalho - CLT [Art. 453 - No tempo de servio do empregado, quandoreadmitido, sero computados os perodos, ainda que no contnuos, em que tiver trabalhadoanteriormente na empresa, salvo se houver sido despedido por falta grave, recebido indenizao legal ouse aposentado espontaneamente. 1 Na aposentadoria espontnea de empregados das empresas pblicase sociedades de economia mista permitida sua readmisso desde que atendidos aos requisitos constantesdo art. 37, inciso XVI, da Constituio, e condicionada prestao de concurso pblico. 2 O ato deconcesso de benefcio de aposentadoria a empregado que no tiver completado 35 (trinta e cinco) anos

    de servio, se homem, ou trinta, se mulher, importa em extino do vnculo empregatcio.]. Observouque, no julgamento da ADI 1721/DF, a Corte reputara inconstitucional o 2 do art. 453 da CLT por criaresse dispositivo modalidade de despedida arbitrria, haja vista no considerar a possibilidade de oempregador querer continuar com seu empregado, ressaltando o fato de que o direito aposentadoria se

    perfaz de forma objetiva e constitui uma relao jurdica entre o segurado e o INSS, e no entre oempregado e o empregador. No que se refere ao julgamento da ADI 1770/DF, o Tribunal conclura pelainconstitucionalidade do 1 do art. 453 da CLT, regra aplicvel aos empregados das empresas pblicas,tambm por se fundar na idia de que a aposentadoria espontnea poria fim abruptamente ao vnculoempregatcio entre empregado e empregador. 3. No obstante, a Min. Ellen Gracie entendeu que esses

    precedentes no impediriam as empresas pblicas e as sociedades de economia mista de efetivar aadequao de seus quadros e, para isso, promover, quando necessria, a demisso de seus empregados,aposentados espontaneamente, ou no, pagando-lhes as devidas verbas rescisrias. Reportou-se deciso

    proferida na Rcl 5679/SC (DJE de 7.10.2008) nesse sentido. Concluiu que, no caso, o juzo trabalhistaconferira aos aludidos precedentes extenso indevida, ao gerar uma extraordinria estabilidade noemprego para os empregados aposentados pela Previdncia Social. Afirmou que o que revelado pelosautos seria problema da necessidade de renovao da fora de trabalho das empresas pblicas esociedades de economia mista, responsveis por parte significativa do desenvolvimento nacional.Esclareceu que se as empresas pblicas e as sociedades de economia mista no pudessem demitir seusempregados, na forma da legislao trabalhista em vigor, dificilmente haveria renovao de quadros, oque poderia ensejar srios problemas estruturais em relao prestao de servios essenciais

    populao brasileira. Isso, por outro lado, no implicaria obrigatoriedade de demisso desses empregados

    j aposentados, porquanto o vnculo laboral permanece vigente e subsiste a possibilidade de essasempresas desejarem manter a colaborao de seus experientes empregados aposentados pelo regime geral.Em suma, afirmou que as empresas pblicas e as sociedades de economia mista no esto obrigadas amanter seus empregados, inclusive aqueles aposentados pela Previdncia Social, podendo, portanto,conforme a necessidade de sua poltica de recursos humanos, optar pela sua demisso. Aps o voto doMin. Ayres Britto, que acompanhava a relatora, pediu vista dos autos o Min. Joaquim Barbosa. Rcl8168/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 18.2.2010. (Rcl-8168)

    ADMINISTRATIVO - RECURSO EXTRAORDINRIO - PREQUESTIONAMENTO -CONFIGURAO - RAZO DE SER. O prequestionamento no resulta da circunstncia de a matriahaver sido arguida pela parte recorrente. A configurao do instituto pressupe debate e deciso prvios

    pelo Colegiado, ou seja, emisso de juzo sobre o tema. O procedimento tem como escopo o cotejoindispensvel a que se diga do enquadramento do recurso extraordinrio no permissivo constitucional. Seo Tribunal de origem no adotou entendimento explcito a respeito do fato jurgeno veiculado nas razesrecursais, inviabilizada fica a concluso sobre a violncia ao preceito evocado pelo recorrente.

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    INQURITO ADMINISTRATIVO COMISSO DE VALORES MOBILIRIOS CONTRADITRIO. Descabe ter-se como necessrio o contraditrio em inqurito administrativo. Oinstrumento consubstancia simples sindicncia visando a, se for o caso, instaurar processo administrativono qual observado o direito de defesa. RE N. 304.857-RJ. RELATOR: MIN. MARCO AURLIO

    ADMINISTRATIVO - REDUO DE PROVENTOS - DEVOLUO DE PARCELAS ECONTRADITRIO 2. Em seguida, o relator, aps rejeitar a preliminar de decadncia, reputou

    parcialmente procedente a de ilegitimidade das impetrantes relativamente s pensionistas, pois,diferentemente do que ocorreria com os inativos que no perdem a qualidade de associados , quantoa elas, no existiria previso no estatuto da ADPF, sendo certa tal perda pelo associado falecido. Nomrito, indeferiu o writ. Consignou a reiterao de pronunciamentos do Supremo no sentido de no seexigir, quanto tramitao do processo de aposentadoria, a bilateralidade, o contraditrio, a audio doservidor envolvido, citando o Verbete Vinculante 3 (Nos processos perante o Tribunal de Contas daUnio asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar anulao ourevogao de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciao da legalidade do atode concesso inicial de aposentadoria, reforma e penso.). No tocante acumulao das parcelas,asseverou que a Lei 8.538/92 fora explcita ao afast-la (Art. 6 A Gratificao de Atividade peloDesempenho de Funo - GADF no poder ser paga cumulativamente com a parcela incorporada nos

    termos do 1 do art. 14 da Lei Delegada n 13/92, com a redao dada pelo art. 5 desta lei, ressalvado odireito de opo cujos efeitos vigoram a partir de 1/11/92.), evitando-se que parcelas integrantes daremunerao tivessem o mesmo mvel e incidncias recprocas. Mencionou, a propsito, haver oreconhecimento de que a GADF serviria de base ao clculo de parcelas denominadas quintos.Enfatizou, ademais, que o conflito retratado na espcie no envolveria incorporao, mas sim ausncia dodireito cumulatividade, o que tornaria irrelevante a incorporao anteriormente versada no art. 193 daLei 8.112/90. Quanto devoluo das parcelas recebidas, assinalou que a Administrao Pblica faz-seregida pelo princpio da legalidade estrita e que somente podem ser satisfeitos valores quando previstosem lei. Na situao dos autos, aduziu que o prprio diploma que institura o direito GADF exclura a

    percepo cumulativa e que o TCU assentara no acrdo impugnado que o tema deveria ser apreciado emcada caso concreto. Aps, pediu vista dos autos o Min. Dias Toffoli. MS 25561/DF, rel. Min. Marco

    Aurlio, 17.2.2010. (MS-25561)

    ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PBLICO EM ESTGIO PROBATRIO: GREVE EEXONERAO 2. O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ao direta

    proposta pela Confederao Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis - COBRAPOL para declarar ainconstitucionalidade do pargrafo nico do art. 1 do Decreto 1.807/2004 do Governador do Estado deAlagoas, que determina a exonerao imediata de servidor pblico em estgio probatrio, caso fiquecomprovada sua participao na paralisao do servio, a ttulo de greve v. Informativo 413.Salientou-se, inicialmente, o recente entendimento firmado pela Corte em vrios mandados de injuno,mediante o qual se viabilizou o imediato exerccio do direito de greve dos servidores pblicos, poraplicao analgica da Lei 7.783/89, e concluiu-se no haver base na Constituio Federal para fazerdistino entre servidores pblicos estveis e no estveis, sob pena de afronta, sobretudo, ao princpio daisonomia. Vencido o Min. Carlos Velloso, relator, que julgava o pleito improcedente. ADI 3235/AL, rel.orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o acrdo Min. Gilmar Mendes, 4.2.2010. (ADI-3235)

    ADMINISTRATIVO - SUPRESSO DE GRATIFICAO E CONTRADITRIO. O Tribunaliniciou julgamento de mandado de segurana impetrado contra ato do Tribunal de Contas da Unio - TCUque suprimira, sem observncia do contraditrio, vantagem pessoal incorporada aos vencimentos doimpetrante. No caso, aps ocupar o cargo de analista de finanas do Ministrio da Fazenda, o impetranteintegrara-se ao quadro funcional do TCU, sendo-lhe deferida a averbao do tempo de servio prestadoem funo comissionada no citado Ministrio, para fins de vantagem pessoal (quintos). Requer oservidor a nulidade do ato administrativo que implicara a revogao dessa vantagem. Inicialmente,rejeitou-se a preliminar suscitada pelo Min. Marco Aurlio, relator, sobre a ausncia de qurum para

    julgamento de matria constitucional. Em seguida, o relator afastou as preliminares de incompetncia doSTF para julgar o writ, dado que a autoridade apontada como coatora seria o Presidente do TCU, e dedecadncia, porquanto impetrado dentro do prazo legal. No mrito, concedeu a segurana para assentar a

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    nulidade do processo. Aduziu que o impetrante alcanara situao remuneratria posteriormente retiradado cenrio jurdico sem que se lhe desse oportunidade para manifestar-se. Enfatizou que a Corte j

    proclamara que a anulao de ato administrativo cuja formalizao haja repercutido no campo deinteresses individuais no prescinde da observncia da instaurao de processo administrativo queviabilize a audio daquele que teria a situao jurdica modificada. Salientou que cumpriria dar cinciaao servidor, no vingando a ptica segundo a qual a autotutela administrativa poderia afastar o prpriodireito de defesa, pouco importando a observncia dos cinco anos previstos na Lei 9.784/99. Consignou,

    ainda, que o vcio no teria sido convalidado com o fato de o impetrante ter interposto, depois de j estardecidido o processo que implicara a glosa do direito, recurso para a autoridade maior. Aps, o julgamentofoi suspenso com o pedido de vista do Min. Dias Toffoli. MS 25399/DF, rel. Min. Marco Aurlio,17.2.2010. (MS-25399)

    ADMINISTRATIVO - TCU E JORNADA DE TRABALHO DE MDICOS. O Tribunal inicioujulgamento de mandado de segurana impetrado contra ato do Presidente do TCU que determinara aosocupantes do cargo de analista de controle externo rea de apoio tcnico e administrativo,especialidade medicina , que optassem por uma das jornadas de trabalho estabelecidas pela Lei10.356/2001 que dispe sobre o quadro de pessoal e o plano de carreira do TCU e,conseqentemente, por remunerao equitativa ao nmero de horas laboradas. Sustentam os impetrantes

    terem direito jornada de vinte horas semanais, com base no regime especial previsto na CF (artigos 5,XXXVI e 37, XV e XVI), bem como na legislao especial que regulamenta a jornada de trabalho dosmdicos (Lei 9.436/97), sem que se proceda alterao nos seus vencimentos. O Min. Marco Aurlio,relator, concedeu a ordem para manter a situao jurdica anterior Lei 10.356/2001, relativamente aosimpetrantes que ingressaram no quadro do TCU antes da vigncia desse diploma legal. Entendeu que onovo texto legal seria aplicvel to-somente aos profissionais de medicina que ingressaram no quadro doTCU a partir da respectiva vigncia, ou seja, dezembro de 2001. Considerou que, diante da alteraosubstancial da jornada, no cabia, muito menos transcorridos mais de quatro anos haja vista que o atoimpugnado data de 25.1.2006 , o acionamento da lei no tocante aos que j se encontravam, poca emque passou a vigorar, no quadro funcional do TCU, sob pena de se desconhecer por completo a situao

    jurdica constitucionalmente constituda. Aps, pediu vista dos autos o Min. Dias Toffoli. MS 25875/DF,

    rel. Min. Marco Aurlio, 24.6.2010. (MS-25875)

    COINSTITUCIONAL - CPI ESTADUAL E QUEBRA DE SIGILO FISCAL 1. O Tribunal inicioujulgamento de ao cvel originria, processada segundo o rito do mandado de segurana, ajuizada pela AssembliaLegislativa do Estado do Rio de Janeiro - LAERJ contra ato do Chefe da Superintendncia Regional da ReceitaFederal na 7 Regio Fiscal que, com base no dever do sigilo fiscal, negara pedido de transferncia de dados fiscaisrelativos aos principais investigados em Comisso Parlamentar de Inqurito - CPI, criada pela autora, destinada aapurar a ao de milcias no referido Estado-membro. Preliminarmente, o Min. Joaquim Barbosa, relator, firmou acompetncia do Supremo para conhecer do pedido, haja vista que a divergncia acerca dos limites da competnciade entes federados, perante rgos de outros entes federados, poderia caracterizar o conflito federativo. Asseverou,no ponto, que a matria discutida nos autos poderes de CPI estadual e dever de prestao de informaescustodiadas por rgo ou entidade da Unio tomaria por parmetro elementos essenciais ao modelo de pactofederativo adotado pela Constituio. 2. Quanto ao mrito, o Min. Joaquim Barbosa, relator, ao conhecer da aocomo mandado de segurana, concedeu a ordem, reportando-se orientao fixada pelo Supremo no julgamento daACO 730/RJ (DJU de 1.10.2004). Frisou determinados pontos a fim de reafirmar e reforar o papel conferido aosPoderes Legislativos dos entes federados no modelo adotado pela Constituio. Observou serem dois osargumentos levantados para conformar a competncia das CPIs no-federais: 1) a ausncia de previso expressa daaptido para requerer informaes protegidas pelo sigilo fiscal e 2) o temor de que a dita extenso da competnciapoderia trazer risco garantia individual do sigilo, alada como direito fundamental. Asseverou que, em suaessncia, a postulao do Estado-membro diz respeito ao modelo de pacto federativo adotado na CF/88 e garantiade instrumentos ao Poder Legislativo para exercer sua funo precpua e histrica consolidada no curso daevoluo da democracia, qual seja, a fiscalizao do exerccio do Poder. Explicou, no ponto, que o PoderLegislativo no est limitado, pela Constituio, funo de criar normas gerais e abstratas, a ele competindo,

    tambm, autorizar despesas e receitas do Estado, fiscalizar a atividade de outras entidades do Poder Pblico emcampos previamente estabelecidos, como as contas prestadas pelo Presidente da Repblica, e apreciar os relatriossobre a execuo dos planos de governo e os atos do Poder Executivo, includos os da Administrao Indireta (CF,art. 48, II, IX e X). Acrescentou que mais do que a superada distino entre as funes do Estado de acordo com aabrangncia normativa da respectiva atividade (gerais e abstratas ou individuais e concretas), se evidenciaria a

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    diferenciao funcional em termos de mecanismos de controle recproco da atividade estatal. 3. O relator assinalouque, numa federao, a outorga de competncia no campo da fiscalizao aos entes federados que no compem aUnio seria nsita ao tipo de equilbrio do pacto federativo que se tem por emanado da Constituio. Registrou que,mesmo em uma federao tendente concentrao, como o caso da brasileira, seria imprescindvel asseguraracervo mnimo de instrumentos para que cada um dos Poderes, no mbito do respectivo ente federado e nos limiteslegais, pudesse exercer com plenitude seu dever de restringir a atividade inadequada, ilegal, inconstitucional queporventura fosse praticada por representante de outro Poder. Considerou que o fato de o art. 58, 3, da CF sereferir literalmente Cmara dos Deputados e ao Senado Federal no restringiria, por si s, o alcance do

    dispositivo s entidades federais. Afirmou que, por uma questo de simetria, as aptides essenciais ao exerccio dafuno de controle pelo Legislativo da Unio deveriam ser adaptadas realidade dos Estados-membros e doDistrito Federal, respeitados sempre os mbitos de atuao de cada um, salientando que, salvo momentos pontuaisde instabilidade institucional, a Unio no poderia substituir o Estado-membro na representao da vontade de seuscidados e no exerccio da competncia que a Constituio lhes assegura. Enfatizou que os Estados-membros e oDistrito Federal estariam representados politicamente na formao da vontade nacional, de modo que no sepoderia cogitar de qualquer hierarquia entre os entes federados. Citou, ainda, disposio da Constituio do Estadodo Rio de Janeiro acerca dos poderes de investigao de comisso parlamentar de inqurito (Art. 109 - AAssemblia Legislativa ter comisses permanentes e temporrias, constitudas na forma e com as atribuiesprevistas nos respectivos Regimento ou ato legislativo de sua criao. ... 3 - As comisses parlamentares deinqurito, que tero poderes de investigao prprios das autoridades judiciais, alm de outros previstos noRegimento Interno da Casa, sero criadas a requerimento de um tero dos membros da Assemblia Legislativa,para apurao de fato determinado e por prazo certo, sendo suas concluses, se for o caso, encaminhadas aoMinistrio Pblico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.). 4. Quanto questosobre a pertinncia entre o objeto da investigao de interesse do Estado federado e a requisio de informaescoligidas por rgo federal, bem como do temor de que a divulgao de tais informaes, sem a intermediaojudicial, violasse garantia individual, o Min. Joaquim Barbosa assentou que as informaes protegidas pelo sigilofiscal seriam colhidas com as chamadas obrigaes acessrias (deveres instrumentais), que registrariam dados daatividade dos sujeitos passivos relevantes apurao de tributos devidos, constituindo, tambm, resultado daatividade de fiscalizao do prprio Estado, que, com meios prprios, levantaria direta e indiretamente fatos sobre avida dos contribuintes. Exps que a proteo destas informaes atenderia a duas finalidades: uma voltada esferaprivada, e outra, esfera pblica. Na esfera privada, as informaes seriam reservadas para impedir que outraspessoas tivessem acesso a dados que permitissem, direta ou indiretamente, revelar detalhes sobre o patrimnio e as

    atividades desempenhadas pelo sujeito passivo. Dentre as razes para isso apontou a proteo privacidade e intimidade. Consignou que, j no campo pblico, no haveria clusula geral e absoluta de proteo da intimidadeoponvel ao Estado-arrecadador, de modo a legitimar a ocultao de bens e operaes como instrumento para aevaso fiscal. A restrio se justificaria em termos funcionais, ou seja, se servissem as informaes para auxiliar oFisco a constituir e cobrar crditos tributrios, somente os agentes pblicos destacados para tal atividade especfica que deveriam ter acesso aos dados. Nesse sentido, a restrio ajudaria a Administrao a lidar melhor com osriscos de vazamento indevido de informaes, bem como reduziria o risco de utilizao geral indevida dos dados.5. O relator lembrou que o Cdigo Tributrio Nacional permite a troca de informaes fiscais entre entes federados,nos termos de leis ou convnios (Lei 5.172/66, art. 199), asseverando que, mantida a pertinncia entre os dados e afinalidade (fiscalizar, constituir e cobrar crditos tributrios), no haveria que se falar propriamente em sigilointransponvel. Aps anotar que os dados fiscais tambm podem ser importantes elucidao de prticas delituosasque constituam crimes ou ilcitos administrativos, por se referirem ao estado financeiro e econmico das pessoas,

    concluiu no haver bice incontornvel utilizao das informaes inicialmente destinadas apurao do tributotambm para as finalidades de fiscalizao do Estado em outras reas, como a fiscal e a administrativa. Para orelator, assim como haveria dever de colaborao na rea tributria, tambm o haveria nas esferas penal eadministrativa, sendo que a informao colhida pelo Fisco federal poderia, legitimamente, ser de interesse do Fiscoou dos Estados federados para elucidar desvios penais ou administrativos que dissessem respeito especificamenteao interesse local. Comentou que, de outro modo, haveria monoplio investigativo do Legislativo federalincompatvel com a convivncia harmnica juntamente com outros entes federados. Em divergncia, o Min. ErosGrau denegou a ordem, afirmando os direitos e garantias individuais como regra, e no como exceo. Aoconfirmar posicionamento externado no julgamento da mencionada ACO 730/RJ, realou ser funo do Supremodefender os direitos e garantias individuais, e que no seria necessrio que cada um fosse ao Poder Judicirio paraexigir afirmao deles. Ressaltou que, se houvesse a necessidade da quebra de sigilo, a CPI local deveria recorrerao Judicirio, o qual s excepcionalmente haveria de admiti-la. Aps, pediu vista dos autos o Min. Dias Toffoli.

    ACO 1271/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, 11.3.2010. (ACO-1271)

    CONSTITUCIONAL - AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ASSOCIAODOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL (ATRICON) ENTIDADE DE

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    CLASSE DE MBITO NACIONAL LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM - AUTONOMIADO ESTADO-MEMBRO A CONSTITUIO DO ESTADO-MEMBRO COMO EXPRESSO DEUMA ORDEM NORMATIVA AUTNOMA LIMITAES AO PODER CONSTITUINTEDECORRENTE IMPOSIO, AOS CONSELHEIROS DO TRIBUNAL DE CONTAS, DEDIVERSAS CONDUTAS, SOB PENA DE CONFIGURAO DE CRIME DERESPONSABILIDADE, SUJEITO A JULGAMENTO PELA ASSEMBLIA LEGISLATIVA PRESCRIO NORMATIVA EMANADA DO LEGISLADOR CONSTITUINTE ESTADUAL

    FALTA DE COMPETNCIA DO ESTADO-MEMBRO PARA LEGISLAR SOBRE CRIMES DERESPONSABILIDADE - COMPETNCIA LEGISLATIVA QUE PERTENCE, EXCLUSIVAMENTE, UNIO FEDERAL PROMULGAO, PELA ASSEMBLIA LEGISLATIVA DO ESTADO DORIO DE JANEIRO, DA EC N 40/2009 - ALEGADA TRANSGRESSO AO ESTATUTO JURDICO-INSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL E S PRERROGATIVASCONSTITUCIONAIS DOS CONSELHEIROS QUE O INTEGRAM - MEDIDA CAUTELARREFERENDADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ATRICON - ENTIDADE DE CLASSEDE MBITO NACIONAL - PERTINNCIA TEMTICA - LEGITIMIDADE ATIVA ADCAUSAM. - A ATRICON qualifica-se como entidade de classe de mbito nacional investida delegitimidade ativa ad causam para a instaurao, perante o Supremo Tribunal Federal, de processo decontrole abstrato de constitucionalidade, desde que existente nexo de afinidade entre os seus objetivos

    institucionais e o contedo material dos textos normativos impugnados. Precedentes. CONSTITUIOESTADUAL E TRIBUNAIS DE CONTAS: CONSELHEIROS DO TRIBUNAL DE CONTASESTADUAL - A QUESTO DAS INFRAES POLTICO-ADMINISTRATIVAS E DOS CRIMESDE RESPONSABILIDADE - COMPETNCIA LEGISLATIVA PARA TIPIFIC-LOS E PARAESTABELECER O RESPECTIVO PROCEDIMENTO RITUAL (SMULA 722/STF). A Constituioestadual representa, no plano local, a expresso mais elevada do exerccio concreto do poder de auto-organizao deferido aos Estados-membros pela Lei Fundamental da Repblica. Essa prerrogativa,contudo, no se reveste de carter absoluto, pois se acha submetida, quanto ao seu exerccio, a limitaes

    jurdicas impostas pela prpria Carta Federal (art. 25). - O Estado-membro no dispe de competnciapara instituir, mesmo em sua prpria Constituio, clusulas tipificadoras de crimes de responsabilidade,ainda mais se as normas estaduais definidoras de tais ilcitos tiverem por finalidade viabilizar aresponsabilizao poltica dos membros integrantes do Tribunal de Contas. - A competnciaconstitucional para legislar sobre crimes de responsabilidade (e, tambm, para definir-lhes a respectivadisciplina ritual) pertence, exclusivamente, Unio Federal. Precedentes. Smula 722/STF. - A questoconcernente natureza jurdica dos denominados crimes de responsabilidade. Controvrsia doutrinria.O status quaestionis na jurisprudncia constitucional do Supremo Tribunal Federal. Ressalva da

    posio pessoal do Relator (Ministro CELSO DE MELLO). PRERROGATIVA DE FORO DOSCONSELHEIROS DO TRIBUNAL DE CONTAS ESTADUAL, PERANTE O SUPERIOR TRIBUNALDE JUSTIA, NAS INFRAES PENAIS COMUNS E NOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE(CF, ART. 105, I, a). - Compete, originariamente, ao Superior Tribunal de Justia, processar e julgar osmembros dos Tribunais de Contas estaduais nos crimes de responsabilidade e nos ilcitos penais comuns,

    assim definidos em legislao emanada da Unio Federal. - Mostra-se incompatvel com a Constituioda Repblica - e com a regra de competncia inscrita em seu art. 105, I, a - o deslocamento, para aesfera de atribuies da Assemblia Legislativa local, ainda que mediante emenda Constituio doEstado, do processo e julgamento dos Conselheiros do Tribunal de Contas estadual nas infraes poltico-administrativas. EQUIPARAO CONSTITUCIONAL DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS DECONTAS MAGISTRATURA - GARANTIA DE VITALICIEDADE: IMPOSSIBILIDADE DEPERDA DO CARGO DE CONSELHEIRO DO TRIBUNAL DE CONTAS LOCAL, EXCETOMEDIANTE DECISO EMANADA DO PODER JUDICIRIO. - Os Conselheiros do Tribunal deContas do Estado-membro dispem dos mesmos predicamentos que protegem os magistrados,notadamente a prerrogativa jurdica da vitaliciedade (CF, art. 75 c/c o art. 73, 3), que representagarantia constitucional destinada a impedir a perda do cargo, exceto por sentena judicial transitada em

    julgado. Doutrina. Precedentes. A Assemblia Legislativa do Estado-membro no tem poder paradecretar, ex propria auctoritate, a perda do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas local, ainda quea pretexto de exercer, sobre referido agente pblico, uma (inexistente) jurisdio poltica. A POSIOCONSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS DE CONTAS - RGOS INVESTIDOS DE AUTONOMIA

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    JURDICA - INEXISTNCIA DE QUALQUER VNCULO DE SUBORDINAO INSTITUCIONALAO PODER LEGISLATIVO - ATRIBUIES DO TRIBUNAL DE CONTAS QUE TRADUZEMDIRETA EMANAO DA PRPRIA CONSTITUIO DA REPBLICA. Os Tribunais de Contasostentam posio eminente na estrutura constitucional brasileira, no se achando subordinados, porqualquer vnculo de ordem hierrquica, ao Poder Legislativo, de que no so rgos delegatrios nemorganismos de mero assessoramento tcnico. A competncia institucional dos Tribunais de Contas noderiva, por isso mesmo, de delegao dos rgos do Poder Legislativo, mas traduz emanao que resulta,

    primariamente, da prpria Constituio da Repblica. Doutrina. Precedentes. REFERENDO EM MED.CAUT. EM ADI N 4.190-RJ. RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

    CONSTITUCIONAL - ATIVIDADES NUCLEARES E COMPETNCIA DA UNIO. O Tribunal,por maioria, julgou procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pelo Governador do Estado deSo Paulo para declarar a inconstitucionalidade da Lei paulista 6.263/88, que prev medidas de polciasanitria para o setor de energia nuclear no territrio da referida unidade federada. Entendeu-se que anorma estadual invade a competncia da Unio para legislar sobre atividades nucleares (CF, art. 22,XXVI), na qual se inclui a competncia para fiscalizar a execuo dessas atividades e legislar sobre essafiscalizao. Aduziu-se competir, tambm, Unio, explorar os servios e instalaes nucleares dequalquer natureza e exercer monoplio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e

    reprocessamento, a industrializao e o comrcio de minrios nucleares e seus derivados, atendidos osprincpios e condies que estabelece (CF, art. 21, XXIII). Observou-se que toda a atividade nucleardesenvolvida no pas, portanto, est exclusivamente centralizada na Unio, com exceo dosradioistopos, cuja produo, comercializao e utilizao podero ser autorizadas sob o regime de

    permisso, conforme as alneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da CF (art. 177, V, com aredao dada pela EC 49/2006). Vencidos os Ministros Marco Aurlio, Celso de Mello e Ayres Britto que

    julgavam o pleito improcedente, por considerar que a lei impugnada no incidiria na esfera dacompetncia federal, limitando-se a viabilizar, no mbito do Estado de So Paulo, medidas que tornassemefetiva a proteo do meio ambiente e a defesa da sade, matrias em relao s quais haveria situao decondomnio legislativo entre a Unio e os Estados-membros. ADI 1575/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa,7.4.2010. (ADI-1575)

    CONSTITUCIONAL - ENERGIA NUCLEAR. COMPETNCIA LEGISLATIVA DA UNIO.ART. 22, XXVI, DA CONSTITUIO FEDERAL. inconstitucional norma estadual que dispesobre atividades relacionadas ao setor nuclear no mbito regional, por violao da competncia da Unio

    para legislar sobre atividades nucleares, na qual se inclui a competncia para fiscalizar a execuo dessasatividades e legislar sobre a referida fiscalizao. Ao direta julgada procedente. ADI N. 1.575-SP.RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA

    CONSTITUCIONAL - JUIZ APOSENTADO: VITALICIEDADE E PRERROGATIVA DE FORO 4. O Tribunal retomou julgamento de recurso extraordinrio, afetado ao Pleno pela 1 Turma, em que sediscute se o foro especial por prerrogativa de funo se estende, ou no, queles que se aposentam em

    cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa. Trata-se, na espcie, de agravo de instrumentoconvertido em recurso extraordinrio criminal interposto, por desembargador aposentado, contra decisoda Corte Especial do STJ que declinara de sua competncia, em ao penal contra ele instaurada, aofundamento de que, em decorrncia de sua aposentadoria, no teria direito prerrogativa de foro peloencerramento definitivo da funo v. Informativos 485 e 495. O Min. Eros Grau, em voto-vista, deu

    provimento ao recurso, na linha da divergncia inaugurada pelo Min. Menezes Direito. Entendeu que,quando se trata de cargo de exerccio temporrio, a exemplo dos decorrentes de mandato eletivo, a

    prerrogativa seria da funo, razo pela qual a prerrogativa do foro especial persistiria apenas enquantodurasse a funo. Reconheceu, que, no entanto, relativamente ao magistrado, a prerrogativa seria do cargoe no da funo. Explicou tratar-se, neste caso, de cargo vitalcio, que perdura pela vida inteira, podendo

    perecer unicamente em virtude de sentena judicial transitada em julgado. Por isso, projetar-se-ia aposentadoria. Aps o voto do Min. Ayres Britto, que acompanhava o voto do relator no sentido de negar

    provimento ao recurso, o julgamento foi suspenso para aguardar a composio completa. RE 549560/CE,rel. Min. Ricardo Lewandowski, 6.5.2010. (RE-549560)

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    CONSTITUCIONAL - REGIMENTO DE CUSTAS E EMOLUMENTOS. O Tribunal, por maioria,julgou improcedente pedido formulado em ao direta proposta pelo Conselho Federal da Ordem dosAdvogados do Brasil para declarar a inconstitucionalidade do art. 2, caput e pargrafo nico, e dasTabelas I, III, V, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XVI, XVII e XIX, da Lei 14.376/2002, do Estado deGois, que dispe sobre o regimento de custas e emolumentos da Justia do Estado de Gois e d outras

    providncias. Sustentava-se ofensa aos artigos 5, XXXV; 145, II e 2; 154, I; e 236, 2, da CF, aofundamento de que as normas impugnadas teriam utilizado, como critrio para a cobrana das custas ou

    emolumentos, o valor da causa ou o valor do bem ou negcio subjacente, ou sua avaliao, em face doqual se realizaria algum ato de serventia judicial ou extrajudicial. Afastou-se, de incio, a apontada

    violao ao art. 236, 2, da CF, visto que a Lei 10.169/2000 (Art. 3 o vedado: ... II - fixaremolumentos em percentual incidente sobre o valor do negcio jurdico objeto dos servios notariais e deregistro;) veda a cobrana dos emolumentos em percentual incidente sobre o valor do negcio jurdico, oque no se daria na espcie. Quanto ao mais, reportou-se orientao fixada pelo Supremo no julgamentoda ADI 2655/MT (DJU de 26.3.2004) no sentido de que admissvel o clculo das custas judiciais com

    base no valor da causa, desde que mantida correlao com o custo da atividade prestada, e de que adefinio de valores mnimo e mximo quanto s custas judiciais afasta as alegaes de bice prestao

    jurisdicional e ao acesso Justia. Destacou-se o aspecto de haver limite mximo e acrescentou-se serpossvel queles que demonstrarem no ter condies de arcar com as custas requerer o benefcio daassistncia judiciria gratuita, nos termos da legislao, cuja concesso fica a critrio do juiz da causa.Vencido o Min. Marco Aurlio que julgava o pleito procedente. ADI 3826/GO, rel. Min. Eros Grau,12.5.2010. (ADI-3826)

    CONSTITUCIONAL - REVISTA NTIMA EM FUNCIONRIOS. Por entender usurpada acompetncia privativa da Unio para legislar sobre matria atinente a relaes de trabalho (CF, artigos 21,XXIV e 22, I), o Tribunal julgou procedente pedido formulado em ao direta proposta pelo Procurador-Geral da Repblica para declarar a inconstitucionalidade da Lei 2.749/97, do Estado do Rio de Janeiro, edo seu Decreto regulamentar 23.591/97, que dispem sobre a proibio de revistas ntimas emfuncionrios pelas empresas. ADI 2947/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 5.5.2010. (ADI-2947)

    CONSTITUCIONAL - TAXA DE RENOVAO DE ALVAR DE LOCALIZAO EFUNCIONAMENTO E EFETIVO PODER DE POLCIA. constitucional taxa de renovao defuncionamento e localizao municipal, desde que efetivo o exerccio do poder de polcia, demonstrado

    pela existncia de rgo e estrutura competente para o respectivo exerccio. Com esse entendimento, oTribunal, por maioria, desproveu recurso extraordinrio no qual se alegava a inconstitucionalidade dacobrana da taxa de renovao de localizao e funcionamento cobrada pelo Municpio de Porto Velho,

    por ausncia de comprovao do efetivo exerccio do poder de polcia. Afirmou-se que, luz dajurisprudncia do STF, a existncia do rgo administrativo no seria condio para o reconhecimento daconstitucionalidade da cobrana da taxa de localizao e fiscalizao, mas constituiria um dos elementosadmitidos para se inferir o efetivo exerccio do poder de polcia, exigido constitucionalmente. Verificou-

    se que, na espcie, o Municpio de Porto Velho seria dotado de aparato fiscal necessrio ao exerccio dopoder de polcia. Vencido o Min. Marco Aurlio, que provia o recurso. RE 588322/RO, rel. Min. GilmarMendes, 16.6.2010. (RE-588322)

    CONSTITUCIONAL - TRIBUTRIO. IMPOSTO SOBRE A CIRCULAO DEMERCADORIAS ICMS. IMPORTAO. SUJEITO ATIVO. ESTADO EM QUELOCALIZADO O DESTINATRIO JURDICO OU ESTADO EM QUE LOCALIZADO ODESTINATRIO FINAL DA OPERAO (ESTABELECIMENTO ONDE HAVER AENTRADA DO BEM). ART. 155, 2, IX, A, DA CONSTITUIO. Nas operaes das quaisresultem a importao de bem do exterior, o Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios ICMS devido ao estado onde estiver situado o domiclio ou o estabelecimento do destinatrio jurdico do bem,

    pouco importando se o desembarao ocorreu por meio de ente federativo diverso. Recurso extraordinrioconhecido e provido. RE N. 405.457-SP. RELATOR: MIN. JOAQUIM BARBOSA

    CONSTITUCIONAL - TRIBUTRIO. IMUNIDADE DE ENTIDADE BENEFICENTE.CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE CEBAS EMITIDO E PRETENSAMENTE

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    RECEPCIONADO PELO DECRETO-LEI 1.752/1977. DIREITO ADQUIRIDO. ART. 195, 7DA CONSTITUIO. DISCUSSO SOBRE O QUADRO FTICO. ATENDIMENTO OU NODOS REQUISITOS LEGAIS. 1. Nenhuma imunidade tributria absoluta, e o reconhecimento daobservncia aos requisitos legais que ensejam a proteo constitucional dependem da incidncia da normaaplicvel no momento em que o controle da regularidade executado, na periodicidade indicada peloregime de regncia. 2. No h direito adquirido a regime jurdico relativo imunidade tributria. Aconcesso de Certificado de Entidade Beneficente Cebas no imuniza a instituio contra novas

    verificaes ou exigncias, nos termos do regime jurdico aplicvel no momento em que o controle efetuado. Relao jurdica de trato sucessivo. 3. O art. 1, 1 do Decreto-lei 1.752/1977 no afasta aobrigao de a entidade se adequar a novos regimes jurdicos pertinentes ao reconhecimento dosrequisitos que levam proteo pela imunidade tributria. 4. No cabe mandado de segurana paradiscutir a regularidade da entidade beneficente se for necessria dilao probatria. Recurso ordinrioconhecido, mas ao qual se nega provimento. RMS N. 26.932-DF. RELATOR: MIN. JOAQUIMBARBOSA

    INTERNACIONAL - EXTRADIO: REFUGIADO E INEXISTNCIA DE RAZES PARA ACONCESSO DO REFGIO. O Tribunal declarou extinto, sem resoluo de mrito, processo deextradio formulado pelo Governo da Argentina em desfavor de nacional argentino, acusado, naquele

    pas, da prtica dos delitos de privao ilegtima da liberdade agravada e ameaas. Determinou-se, ainda,a imediata expedio de alvar de soltura em seu favor, se por outro motivo no estiver preso. Entendeu-se que o extraditando estaria acobertado pela sua condio de refugiado, devidamente comprovado pelorgo competente o Comit Nacional para os Refugiados - CONARE , no se enquadrando seu casono rol das excees autorizadoras da extradio de agente refugiado. Observou-se que, em razo deinexistirem nos autos os motivos determinantes do refgio ao nacional argentino, e tendo em conta,conforme explicitado pelo Presidente do CONARE, que os refgios concedidos anteriormente entradaem vigor da Lei 9.474/97 que define mecanismos para a implementao do Estatuto dos Refugiados de1951, e determina outras providncias eram frutos das recomendaes expedidas pelo AltoComissariado das Naes Unidas para os Refugiados - ACNUR, depreendeu-se que a concesso do statusde refugiado, no caso, ter-se-ia dado de forma legal e isenta de qualquer mcula que a invalidasse.

    Asseverou-se, no ponto, que o fundamento jurdico para a concesso, ou no, do refgio, anteriormente Lei 9.474/97, eram as recomendaes do ACNUR e, portanto, o cotejo era formulado com base noamoldamento da situao concreta s referidas recomendaes, resultando da o deferimento, ou no, do

    pedido de refgio. No obstante, registrou-se que, mesmo detendo a condio de refugiado, existiriamhipteses que autorizariam a extradio (Conveno sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, art. 33, 2), as quais, na espcie, entretanto, no se fariam presentes. Ext 1170/Repblica da Argentina, rel. Min.Ellen Gracie, 18.3.2010. (Ext-1170)

    PREVIDENCIRIO - CONTAGEM RECPROCA DO TEMPO DE SERVIO RURAL ERECOLHIMENTO DE CONTRIBUIES. Conforme disposto no 9 do art. 201 da CF (Paraefeito de aposentadoria, assegurada a contagem recproca do tempo de contribuio na administrao

    pblica e na atividade privada, rural e urbana, hiptese em que os diversos regimes de previdncia socialse compensaro financeiramente, segundo critrios estabelecidos em lei.), a contagem recproca dotempo de servio rural pressupe ter havido o recolhimento das contribuies previdencirias. Com basenesse entendimento, o Tribunal, por maioria, indeferiu mandado de segurana impetrado contra ato doTribunal de Contas da Unio - TCU, que julgara ilegal a aposentadoria do impetrante, pelo fato de tersido computado o tempo de servio rural sem a comprovao do recolhimento das contribuies ao INSS.Vencidos os Ministros Dias Toffoli, Eros Grau e Ayres Britto que concediam a ordem. Tendo em contaque o impetrante comprovara que fora trabalhador rural e que, naquele perodo, a legislao impunha acontribuio sobre a produo da venda da propriedade rural, do produtor rural, reputavam que, no casoconcreto, o TCU exigira uma prova impossvel de o impetrante fazer, porque isso no era obrigao dele,mas do produtor rural. Precedente citado: MS 26919/DF (DJE de 23.5.2008). MS 26872/DF, rel. Min.Marco Aurlio, 19.5.2010. (MS-26872)

    PROCESSO CIVIL - AO RESCISRIA E NECESSIDADE DE NOVA PROCURAO. Paracada categoria de processo necessria a outorga de uma nova procurao. Com base nesse

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    entendimento, o Tribunal desproveu agravos regimentais interpostos contra deciso que conferira prazopara a juntada de procurao com poderes especficos para ajuizamento de ao rescisria. A decisorecorrida considerara que as cpias das procuraes que embasaram a representao judicial dos autoresno processo originrio no seriam suficientes para atender aos artigos 37 e 38 do CPC em relao aorescisria. Destacou-se que cada mandato outorgado para um fim especfico e que, atingido este, oinstrumento se extingue. Alertou-se para o lapso temporal compreendido entre a outorga do mandatoutilizado para a propositura da ao original e o ajuizamento da ao rescisria. Nesse sentido, a

    exigncia de novo mandato seria garantia de segurana para a parte e para o advogado, tendo em vista queo instrumento poderia ser usado para diversos fins, sem limitao. Ademais, mencionou-se apossibilidade de o advogado, sem nova procurao, ocultar eventual derrota de seu cliente. Concedeu-se,por sua vez, novo prazo de quinze dias para que seja regularizada a representao processual. Vencido oMin. Marco Aurlio, que no convertia os embargos declaratrios e, no mrito, considerava que osinstrumentos de mandato conferiam amplos poderes aos outorgados, ilimitados tanto no aspecto temporalquanto nos fins a que se destinavam. Salientava que o CPC possuiria um rol exauriente de situaes

    jurdicas em que se exige a outorga de poderes especficos e que a propositura de ao rescisria no seencontraria nessa relao. AR 2239 ED/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 23.6.2010. (AR-2239). AR 2236ED/SC, rel. Min. Dias Toffoli, 23.6.2010. (AR-2236)

    PROCESSO CIVIL - CONSTRUO DE ESTACIONAMENTO DE SUPERMERCADO PORMUNICPIO E ART. 1, II, DO DECRETO-LEI 201/67 3. Em concluso, o Tribunal, por maioria,rejeitou denncia apresentada pela Procuradoria-Geral de Justia do Rio Grande do Norte pela qual seimputava a Senadora e outro a suposta prtica do crime descrito no art. 1, II, do Decreto-lei 201/67. Naespcie, a primeira denunciada, ento Prefeita do Municpio de Mossor/RN, celebrara um Protocolo deIntenes com o segundo denunciado, scio-gerente de supermercado, por meio do qual a denunciada seobrigara a executar os servios de pavimentao asfltica da rea de estacionamento lateral da loja desseestabelecimento comercial, bem como promover, mediante solicitao da empresa, a realizao de cursosde capacitao e treinamento de mo-de-obra necessria operao do empreendimento v.Informativo 575. Entendeu-se no haver o apontado ilcito. Salientando que o estacionamento construdono seria de serventia exclusiva dos clientes do supermercado, considerou-se que, no caso, existiria um

    aspecto social preponderante sobre o aspecto puramente mercantil ou econmico do empreendimento.Afirmou-se que se estaria diante de empresa beneficiria de pequeno porte, e que a atividade estariainserida na organizao do abastecimento alimentar, para a qual o Estado teria competncias materiaisexplcitas. Enfatizou-se, ademais, que o fato de o supermercado criar centenas de empregos diretos noMunicpio teria grande significado social e que seria nfimo o valor do dispndio pblico, qual seja,inferior a quatro mil reais, no estando caracterizada nenhuma discrepncia, nenhum superfaturamentoentre esse valor e a rea construda. Concluiu-se, por derradeiro, que, se ilcito houvesse, seria mais decarter administrativo. Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, Crmen Lcia, Cezar Peluso e MarcoAurlio, que recebiam a denncia. Inq 2646/RN, rel. Min. Ayres Britto, 24.2.2010. (Inq-2646)

    PROCESSO CIVIL - DESAPROPRIAO: NOTIFICAO E VISTORIA DE IMVELINVADIDO. O Tribunal iniciou julgamento de mandado de segurana impetrado contra ato doPresidente da Repblica que declarara de interesse social, para fins de reforma agrria, imvel rural dosimpetrantes. O Min. Marco Aurlio, relator, concedeu a ordem, para declarar insubsistente, em definitivo,o decreto expropriatrio, no que foi acompanhado pelos Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello.Entendeu, primeiro, que, na espcie, a notificao, ocorrida na figura do inventariante, considerado oesplio, se dera de forma invlida, haja vista que no fora fixada data nem espao de tempo razovel parao incio dos trabalhos. Afirmou que a notificao tem por finalidade viabilizar o acompanhamentocabvel, permitindo ao proprietrio, inclusive, a contratao de tcnico para faz-lo, e que a designao dadata da vistoria elemento substancial dela, forma essencial valia do ato. Reputou, em seguida, que avistoria se dera margem do que disposto na Medida Provisria 2.183-56/2001, visto que, quando de suafeitura, o imvel em questo se encontrava invadido. Ademais, teriam sido includas reas noaproveitveis na averiguao do grau de utilizao da terra. Destacou, por fim, a existncia de deciso dereintegrao preclusa na via da recorribilidade. Aps, pediu vista dos autos o Min. Dias Toffoli. MS25493/DF, rel. Min. Marco Aurlio, 19.5.2010. (MS-25493)

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    PROCESSO CIVIL - EXIGNCIA DE DEPSITO PRVIO PARA ADMISSIBILIDADE DEAO JUDICIAL. O Tribunal acolheu proposta de edio de Smula Vinculante com o seguinte teor: inconstitucional a exigncia de depsito prvio como requisito de admissibilidade de ao judicial naqual se pretenda discutir a exigibilidade do crdito tributrio. PSV 37/DF, 3.2.2010. (PSV-37)

    PROCESSO CIVIL - IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AO CIVIL. LITISCONSORTEPASSIVO QUE ERA, POCA DA INSTAURAO DO PROCESSO JUDICIAL, JUIZ

    INTEGRANTE DE TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO. Pretendido reconhecimento dacompetncia originria do Superior Tribunal de Justia, por efeito do que dispe o art. 105, I, a, daConstituio da Repblica, c/c a Lei n 10.628/2002. Inadmissibilidade. Declarao deInconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle abstrato, da Lei n10.628/2002 (ADI 2.797/DF). Competncia de magistrado de primeiro grau. Recurso Extraordinrioconhecido em parte e, nessa parte, improvido. Compete, ao magistrado de primeira instncia, processar e

    julgar ao civil de improbidade administrativa, ainda que ajuizada contra autoridade pblica que dispe,nas infraes penais comuns, perante qualquer Tribunal judicirio, mesmo que se trate de TribunalSuperior da Unio ou que se cuide do prprio Supremo Tribunal Federal, de prerrogativa de foro rationemuneris. Doutrina. Precedentes. RE 439723/SP - RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

    PROCESSO CIVIL -LEGITIMIDADE DO MINISTRIO PBLICO: AO CIVIL PBLICA EPATRIMNIO PBLICO MUNICIPAL 1. O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinrio,afetado ao Pleno pela 2 Turma, em que se discute a legitimidade ativa ad causam do Ministrio Pblico

    para promover ao civil pblica em defesa do patrimnio pblico municipal, nos termos do art. 129, III,da CF (So funes institucionais do Ministrio Pblico: ... III - promover o inqurito civil e a ao civil

    pblica, para a proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos ecoletivos;) v. Informativo 567. Na espcie, tribunal de justia desprovera apelao interposta pelo

    parquet estadual para manter sentena que indeferira liminarmente petio inicial, por entender que odispositivo constitucional em comento no dera ao civil pblica a amplitude pretendida pelo rgoministerial. O Min. Eros Grau, relator, desproveu o recurso por entender que o Ministrio Pblico noteria legitimidade para exigir, em ao civil pblica, o que poderia vir a ser objeto de ao popular (CF,

    art. 5, LXXIII). 2. Considerou, inicialmente, que a ao popular, proposta por qualquer do povo, desdeque cidado eleitor, objetivaria a tutela jurdico-processual de direitos subjetivos meta-individuais,assinalados na Lei 4.717/65. De modo diverso, observou que a ao civil pblica respeitaria tutela deinteresses difusos e coletivos (proteo do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outrosinteresses difusos e coletivos). Salientou que no haveria, no caso dos autos, interesse difuso e coletivosendo protegido, na medida em que se objetivaria a anulao de contrato de compra de imvel e aafirmao de pretenso direito ao ressarcimento de danos ao patrimnio pblico municipal. Enfatizou quea presente ao no visaria salvaguarda de direitos difusos, mas satisfao de interesses cujo titularseria o municpio. Ressaltou que a atuao do parquet haveria, porm, de estar restrita defesa dosinteresses indisponveis da sociedade (CF, art. 127). Sustentou, no ponto, que os direitos os quais aAdministrao exerce ao celebrar contratos no poderiam ser concebidos como indisponveis, visto que oato de contratar, ainda quando por ela praticado observada a forma da lei seria exercido livremente.Asseverou, ademais, incumbir ao rgo ministerial exercer outras funes exclusivamente quandocompatveis com a sua finalidade, nos termos do que dispe o art. 129, IX, da CF. Frisou que a atuao

    processual do Ministrio Pblico resultaria juridicamente possvel somente nas aes de responsabilidadepor danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico,histrico, turstico e paisagstico, ordem urbanstica, a qualquer outro interesse difuso ou coletivo e porinfrao ordem econmica e economia popular. Destacou que, para a tutela do errio, a Constituio

    previu instrumento processual especfico no seu art. 5, LXXIII, qual seja, a ao popular. 3. Afirmou,assim, encontrar duas razes a hostilizar irremediavelmente os argumentos de quantos admitamcompatvel com a Constituio ao civil pblica anloga ou com o mesmo objetivo da ao popular. Deincio, assentou que os dois institutos, ao popular e ao civil pblica, no se superporiam no planoconstitucional, a primeira dizendo com os direitos e deveres individuais e coletivos (CF, art. 5, LXXIII)

    direitos subjetivos meta-individuais , a segunda sendo desdobrada das funes do MinistrioPblico (CF, art. 129, III), atinentes a interesses difusos ou coletivos, indivisveis e indisponveis. De umaresultaria a restituio de pecnia ao errio; de outra, a reverso da condenao em dinheiro a um fundo

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    gerido por um Conselho Federal e por Conselhos Estaduais. Em seguida, consignou a circunstncia deessa condenao em dinheiro (Lei 7.347/85, art. 13) no corresponder restituio de pecnia ao errio.Registrou que, no caso, se pretenderia, como se verifica do pedido formulado pelo parquet, algo que noseria prprio a uma ao civil pblica. Aps, pediu vista o Min. Dias Toffoli. RE 225777/MG, rel. Min.Eros Grau, 3.2.2010. (RE-225777)

    PROCESSO CIVIL - MANDADO DE SEGURANA E PLO PASSIVO. A autoridade

    administrativa legtima para figurar no plo passivo da impetrao a competente para a prtica do ato nomomento do ajuizamento do mandado de segurana. Com base nessa orientao, a Turma desproveurecurso ordinrio em mandado de segurana no qual se pleiteava o reconhecimento da legitimidade

    passiva do Ministro de Fazenda em writ cujo objeto refere-se ao pagamento de expurgos inflacionrios ede juros compensatrios e moratrios em Ttulos de Dvida Agrria TDAs. Tratava-se de recursointerposto contra acrdo do STJ que, ante a ilegitimidade processual da autoridade apontada comocoatora, extinguira o feito sem resoluo de mrito (CPC, art. 267, VI). Asseverou-se que a competncia

    para o exame da pretenso seria da Secretaria do Tesouro Nacional, nos termos do disposto na Portaria141/2008 do Ministrio da Fazenda (art. 23, III), vigente poca em que impetrado o writ. RMS28193/DF, rel. Min. Eros Grau, 11.5.2010. (RMS-28193)

    PROCESSO CIVIL - PRISO CIVIL DE DEPOSITRIO INFIEL. O Tribunal acolheu proposta deedio de Smula Vinculante com o seguinte teor: ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquerque seja a modalidade do depsito. PSV 31/DF, 16.12.2009. (PSV-31)

    PROCESSO CIVIL - QUESTO DE ORDEM. REPERCUSSO GERAL. Inadmissibilidade deagravo de instrumento ou reclamao da deciso que aplica entendimento desta Corte aos processosmltiplos. Competncia do Tribunal de origem. Converso do agravo de instrumento em agravoregimental. 1. No cabvel agravo de instrumento da deciso do tribunal de origem que, emcumprimento do disposto no 3 do art. 543-B, do CPC, aplica deciso de mrito do STF em questo derepercusso geral. 2. Ao decretar o prejuzo de recurso ou exercer o juzo de retratao no processo emque interposto o recurso extraordinrio, o tribunal de origem no est exercendo competncia do STF,

    mas atribuio prpria, de forma que a remessa dos autos individualmente ao STF apenas se justificar,nos termos da lei, na hiptese em que houver expressa negativa de retratao. 3. A maior ou menoraplicabilidade aos processos mltiplos do quanto assentado pela Suprema Corte ao julgar o mrito dasmatrias com repercusso geral depender da abrangncia da questo constitucional decidida. 4. Agravode instrumento que se converte em agravo regimental, a ser decidido pelo tribunal de origem. QUEST.ORD. EM AI N. 760.358-SE. RELATOR: MINISTRO PRESIDENTE.

    PROCESSO PENAL - REFORMATIO IN PEJUS: CIRCUNSTNCIA AGRAVANTE EINOVAO. Por reputar configurada a violao ao princpio do ne reformatio in pejus, a Turma deferiuhabeas corpus para excluir da pena imposta paciente o aumento decorrente da circunstncia agravante

    prevista no art. 61, II, g, do CP (So circunstncias que sempre agravam a pena, quando no constituem

    ou qualificam o crime: ... II ter o agente cometido o crime: ... g) com abuso de poder ou violao dedever inerente a cargo, ofcio, ministrio ou profisso.). Tratava-se de writ no qual se questionavaacrscimo de pena pelo TRF da 1 Regio que, ao julgar apelao exclusiva da defesa, afirmara, nasegunda fase da dosimetria, que o delito imputado paciente teria sido cometido com violao de deverinerente ao cargo, haja vista sua condio de delegada de polcia. Ocorre que, no caso, a paciente foracondenada pela prtica do delito previsto no art. 12 c/c o art. 18, III, ambos da Lei 6.368/76, tendo o juzosentenciante assentado a inexistncia de circunstncias agravantes ou atenuantes a serem consideradas.Asseverou-se que a Corte de origem acrescentara novos fundamentos dosimetria da pena, de modo aextrapolar os limites aos quais estava jungida, sopesando fato desconsiderado pelo juiz monocrtico.Salientou-se ser amplo o efeito devolutivo da apelao, o qual permite a reviso inclusive da dosimetriada pena, sendo possvel a readequao de circunstncias judiciais e legais, desde que no haja piora na

    situao do sentenciado nas hipteses de recurso exclusivo da defesa. No obstante, consignou-se que,apesar de o TRF da 1 Regio haver reduzido o montante global da pena da paciente, ele inovara osfundamentos da deciso monocrtica. Determinou-se, por conseqncia, o correspondente

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    redimensionamento da sentena da paciente, sem prejuzo do quanto decidido pelo STJ. HC 99925/RR,rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.3.2010. (HC-99925) (1 Turma)

    PROCESSO PENAL - AO PENAL PBLICA E CUSTAS. Em se tratando de crime sujeito aopenal pblica, as custas s se tornam exigveis depois do trnsito em julgado da condenao, motivo peloqual no pode o recurso do ru deixar de ser admitido por ausncia de preparo. Com base nessaorientao, a Turma deferiu habeas corpus para afastar a desero por falta de preparo e desconstituir otrnsito em julgado da condenao imposta ao paciente pela prtica do crime de porte ilegal de arma (Lei

    10.826/2003, art. 14). No caso, a Corte estadual mantivera a sentena condenatria, tendo o pacienteinterposto recurso especial, no admitido por insuficincia do valor no pagamento das despesas deremessa e retorno dos autos. Ocorre que, intimado para efetuar a complementao do valor recolhido amenor, o paciente no regularizara o preparo no prazo fixado, o que implicara desero. Sobreviera,ento, agravo de instrumento, desprovido, ao fundamento de que o pagamento do porte de remessa eretorno deveria ser comprovado quando da interposio do recurso. Essa deciso fora confirmada em sedede agravo regimental. Considerou-se que tanto a deciso singular que negara seguimento ao recursoespecial quanto as decises do STJ que no admitiram tal recurso ante a falta de preparo transgrediriam os princpios constitucionais da presuno de inocncia e da ampla defesa. Ademais,ressaltou-se que, depois de transcorrido o prazo assinalado para a complementao do preparo, o pacientea realizara, no podendo esse fato ser ignorado. Dessa forma, consignou-se ser incabvel a incidncia doart. 806, 2, do CPP, que somente se aplica s aes penais privadas (Salvo o caso do art. 32, nas aesintentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligencia se realizar, sem que seja depositada em cartrio aimportncia das custas. ... 2 A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados

    pelo juiz, importar renncia diligncia requerida ou desero do recurso interposto.). Por fim,determinou-se que o tribunal de justia de origem analise os demais pressupostos de admissibilidade dorecurso especial interposto pelo paciente. HC 95128/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 9.2.2010. (HC-95128) (1Turma)

    PROCESSO PENAL - AO PENAL. EXTINO DA PUNIBILIDADE. PRESCRIO DAPRETENSO PUNITIVA EM PERSPECTIVA, PROJETADA OU ANTECIPADA. Ausncia de

    previso legal. Inadmissibilidade. Jurisprudncia reafirmada. Repercusso geral reconhecida. Recursoextraordinrio provido. Aplicao do art. 543-B, 3, do CPC. inadmissvel a extino da punibilidadeem virtude de prescrio da pretenso punitiva com base em previso da pena que hipoteticamente seriaaplicada, independentemente da existncia ou sorte do processo criminal. REPERCUSSO GERAL PORQUEST. ORD. EM RE N. 602.527-RS. RELATOR: MIN. CEZAR PELUSO

    PROCESSO PENAL - AO PENAL. PROVA. GRAVAO AMBIENTAL. Realizao por umdos interlocutores sem conhecimento do outro. Validade. Jurisprudncia reafirmada. Repercusso geralreconhecida. Recurso extraordinrio provido. Aplicao do art. 543-B, 3, do CPC. lcita a provaconsistente em gravao ambiental realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro.REPERCUSSO GERAL POR QUEST. ORD. EM RE 583.937-RJ. RELATOR: MIN. CEZAR

    PELUSO.PROCESSO PENAL - AO PENAL. PROVA. OITIVA DE TESTEMUNHA. CARTAPRECATRIA. RU PRESO. REQUISIO NO SOLICITADA. AUSNCIA DE NULIDADE.Jurisprudncia reafirmada. Repercusso geral reconhecida. Recurso extraordinrio improvido. Aplicaodo art. 543-B, 3, do CPC. No nula a audincia de oitiva de testemunha realizada por carta precatriasem a presena do ru, se este, devidamente intimado da expedio, no requer o comparecimento.REPERCUSSO GERAL POR QUEST. ORD. EM RE N. 602.543-RS. RELATOR: MIN. CEZARPELUSO

    PROCESSO PENAL - ART. 155, 2, DO CP: FURTO QUALIFICADO E PRIVILGIO 3. Em

    concluso de julgamento, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para assentar a compatibilidadeentre as hipteses de furto qualificado e o privilgio constante do 2 do art. 155 do CP. No caso, opaciente fora condenado pela prtica do crime previsto no art. 155, 4, I, do CP, em virtude da subtraode um aparelho de som, mediante arrombamento de janela, pena de 2 anos, a qual fora substituda por 2

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    penas restritivas de direito (CP, art. 44) v. Informativo 557. Aduziu-se que a jurisprudncia do STF assente no sentido da conciliao entre homicdio objetivamente qualificado e, ao mesmo tempo,subjetivamente privilegiado. Dessa forma, salientou-se que, em se tratando de circunstncia qualificadorade carter objetivo (meios e modos de execuo do crime), seria possvel o reconhecimento do privilgio,o qual sempre de natureza subjetiva. Entendeu-se que essa mesma regra deveria ser aplicada na presentesituao, haja vista que a qualificadora do rompimento de obstculo (natureza nitidamente objetiva) emnada se mostraria incompatvel com o fato de ser o acusado primrio e a coisa de pequeno valor.

    Ademais, considerando a anlise das circunstncias judiciais (CP, art. 59) realizada pelo juzomonocrtico, que revelara a desnecessidade de uma maior reprovao, reduziu-se a pena em 1/3, paratorn-la definitiva em 8 meses de recluso, o que implicaria a ocorrncia da prescrio da pretenso

    punitiva em carter retroativo, tendo em conta a ausncia de recurso da acusao, bem como amenoridade do paciente (menor de 21 anos na data do fato). Assim, tendo em conta que o prazo

    prescricional de 1 ano j teria transcorrido entre a data do recebimento da denncia e a data da publicaoda sentena penal condenatria, julgou-se extinta a punibilidade do paciente pela prescrio retroativa.Vencido o Min. Marco Aurlio que denegava o writ por reputar incabvel a mesclagem, aduzindo que olegislador, no que pretendera aplicar a crimes qualificados a causa de diminuio, assim o fizera. HC98265/MS, rel. Min. Ayres Britto, 24.3.2010. (HC-98265) (1 Turma)

    PROCESSO PENAL - ART. 44 DO CP E CRIMES MILITARES. O art. 44 do CP que prev apossibilidade da substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos no aplicvelaos crimes militares. Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus no qual se alegavaque o acrdo impugnado deixara de aplicar, sem fundamentao, a substituio pleiteada. Precedentescitados: HC 91155/SP (DJE de 10.8.2007), HC 86079/SP (DJU 6.11.2006) e HC 80952/PR (DJU de5.10.2001). HC 94083/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 9.2.2010. (HC-94083) (2 Turma)

    PROCESSO PENAL - ART. 514 DO CPP: DEFESA PRELIMINAR E SUPERVENINCIA DECONDENAO. A Turma indeferiu habeas corpus em que condenados por concusso (CP, art. 316,caput) reiteravam a alegao de nulidade absoluta decorrente de no-intimao para defesa preliminar,nos termos do art. 514 do CPP, com a conseqente anulao do processo, ab initio. Realou-se que o STF

    j apreciara o tema, definindo que a defesa preliminar, no rito especial destinado ao julgamento dosfuncionrios pblicos, se destina a evitar a ritualidade penosa da pendncia do processo penal. Aduziu-se,contudo, que o argumento da inviabilidade da ao penal perderia relevncia diante da supervenincia desentena condenatria, como ocorre na situao dos autos. Asseverou-se que, se a finalidade da defesa

    preliminar permitir que o denunciado apresente razes capazes de induzir concluso da inviabilidadeda ao penal, a ulterior edio de deciso condenatria fundada no exame da prova produzida comtodas as garantias do contraditrio , faz presumido o atendimento daquele requisito inicial. Concluiu-seque anular todo o processo, para que a defesa tivesse oportunidade de oferecer fundamentos que noforam capazes de evitar a sentena condenatria, no teria sentido, haja vista que esta denotaria no s aviabilidade da ao, mas, sobretudo, a prpria procedncia desta, e deve, assim, ser impugnada por seusfundamentos. Precedente citado: HC 85779/RJ (DJU de 29.6.2007). HC 89517/RJ, rel. Min. CezarPeluso, 15.12.2009. (HC-89517)

    PROCESSO PENAL - ASSISTENTE DE ACUSAO E LEGITIMIDADE PARA RECORRER1. O Tribunal, por maioria, indeferiu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1 Turma, impetrado contradeciso do STJ que provera, em parte, o recurso especial interposto pelo assistente de acusao,determinando o prosseguimento do exame de sua apelao, superado o bice quanto a sua ilegitimidaderecursal. Na espcie, o assistente de acusao interpusera apelao contra a sentena que absolvera a

    paciente do delito de estelionato, cujo acrdo, que no conhecera do apelo em razo de o MinistrioPblico ter deixado transcorrer in albis o prazo recursal, ensejara a interposio do recurso especial v.Informativo 585. No se vislumbrou, no caso, ilegalidade ou abuso de poder no julgado do STJ, mas simse reputou acatada a jurisprudncia consolidada inclusive no Supremo no sentido de que o assistente daacusao tem legitimidade recursal supletiva, mesmo aps o advento da CF/88. Mencionou-se, tambm, oEnunciado da Smula 210 (O assistente do Ministrio Pblico pode recorrer, inclusiveextraordinariamente, na ao penal, nos casos dos arts. 584, 1, e 589, do Cdigo de Processo Penal), oqual no teria sofrido qualquer restrio ou deixado de ser recepcionado pela nova ordem constitucional.

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    Afirmou-se que, apesar de a Constituio Federal, em seu art. 129, I, atribuir ao Ministrio Pblico acompetncia para promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei, ela teria abrandadoessa regra, ao admitir, no seu art. 5, LIX, a ao penal privada subsidiria da pblica nos casos de inrciado parquet. Assim, o art. 5, LIX, da CF daria o fundamento para legitimar a atuao supletiva doassistente de acusao nas hipteses em que o Ministrio Pblico deixasse de recorrer. Vencidos osMinistros Marco Aurlio e Cezar Peluso, que concediam a ordem. O Min. Marco Aurlio asseverou que oart. 5, LIX, da CF s poderia ser acionado no caso de inrcia do Ministrio Pblico em promover a ao

    penal pblica, o que no ocorrera no caso concreto, salientando o fato de o parquet ter, ainda, semanifestado, em alegaes finais, no sentido de absolver a r. Reputou no ser admissvel que uma aoque nascesse penal pblica incondicionada se transformasse, na fase recursal, em ao penal privada. OMin. Cezar Peluso, por sua vez, ao enfatizar que recorrer apenas uma etapa da ao, que um estadocontnuo de prtica de atos, s podendo ser reconhecido como direito de quem seja titular da ao,concluiu que o assistente penal, por no ser titular de ao penal nenhuma, no poderia recorrer.