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4ª e 7ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA Rua Elizeu Mário de Jesus, nº 155, Bairro Campo do América, Jequié-BA 1 CEP 45.203-600 (73) 3526-5661 / 3525-6346 EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA. MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, pelos Promotores de Justiça que a esta subscrevem, no uso das atribuições previstas pelo artigo 129, III, da Constituição da República, art. 5º, I, da Lei n. 7.347/85, Lei n. 8.429/92 e pelos artigos 4º, 98, I, 201, V e VIII, e 208, VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e lastreados no Procedimento Preparatório de Inquérito Civil 608.0.171305/2015, vem, à presença deste Juízo, mui respeitosamente, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, C/C MEDIDA CAUTELAR DE AFASTAMENTO, em face de: TÂNIA DINIZ CORREIA LEITE DE BRITTO, brasileira, divorciada, médica, RG 6.734.669-3 SSP/MG, CPF 124.227.115-53, exercendo o cargo de Prefeita do Município de Jequié-BA, com endereço profissional na Praça Duque de Caxias, s/n, Jequiezinho, Jequié/BA; e JOÃO MAGNO CHAVES, brasileiro, solteiro, contador, RG 01928512-41 SSP/BA, CPF 125.372.255-20, exercendo o cargo de Secretário

4ª e 7ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA COMARCA DE … · letivo 2014 resultou no atraso do início das aulas em 2015, Contudo, conforme declarações do próprio Secretário (fl. 76/77),

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4ª e 7ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA

DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA

Rua Elizeu Mário de Jesus, nº 155, Bairro Campo do América, Jequié-BA 1 CEP 45.203-600 – (73) 3526-5661 / 3525-6346

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA.

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, pelos

Promotores de Justiça que a esta subscrevem, no uso das

atribuições previstas pelo artigo 129, III, da Constituição da

República, art. 5º, I, da Lei n. 7.347/85, Lei n. 8.429/92 e

pelos artigos 4º, 98, I, 201, V e VIII, e 208, VII, do

Estatuto da Criança e do Adolescente, e lastreados no

Procedimento Preparatório de Inquérito Civil nº

608.0.171305/2015, vem, à presença deste Juízo, mui

respeitosamente, propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO DE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, C/C MEDIDA CAUTELAR DE

AFASTAMENTO, em face de:

TÂNIA DINIZ CORREIA LEITE DE BRITTO, brasileira,

divorciada, médica, RG 6.734.669-3 SSP/MG, CPF

124.227.115-53, exercendo o cargo de Prefeita do

Município de Jequié-BA, com endereço

profissional na Praça Duque de Caxias, s/n,

Jequiezinho, Jequié/BA; e

JOÃO MAGNO CHAVES, brasileiro, solteiro,

contador, RG 01928512-41 SSP/BA, CPF

125.372.255-20, exercendo o cargo de Secretário

4ª e 7ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA

Rua Elizeu Mário de Jesus, nº 155, Bairro Campo do América, Jequié-BA 2 CEP 45.203-600 – (73) 3526-5661 / 3525-6346

Municipal de Educação de Jequié-BA, com endereço

profissional na Praça da Bandeira, n.º 172,

Jequié-BA, pelos fundamentos de fato e de

direito que passa a expor:

DOS FATOS:

1 - Conforme Procedimento Preparatório de Inquérito

Civil n. 608.0.171305/2015, instaurado no âmbito da 7ª

Promotoria de Justiça da Comarca de Jequié-BA, 74(setenta e

quatro) turmas de alunos deste município permaneceram sem aula

até o dia 11 de agosto do corrente ano, e outras 03(três)

permaneceram sem aulas pelo menos até o dia 14/09/2015 (fls.

197/201), fato atribuído à inércia, negligência, falta de

eficiência dos gestores acionados;

1.1 – Das 74 turmas acima mencionadas, 38 estão na

zona rural e totalizam 482 alunos. As outras 36 turmas

prejudicadas estão da sede do município, e sequer a Secretaria

Municipal de Educação foi capaz de quantificar o número de

alunos prejudicados. O Conselho Municipal de Educação estima

que MAIS DE DOIS MIL ALUNOS TENHAM SIDO PREJUDICADOS pela

atitude irresponsável dos Acionados (fls. 193/194);

2 – Em 27/08/2015, compareceu à Promotoria de

Justiça a Sra. Lais Lania Nascimento Silva informando que seu

filho, a criança Mateus Silva Santos, matriculado na Escola

Municipal Curral Novo, estava sem aula até a referida data por

falta de professor, solicitando providências do Ministério

Público. Ou seja, conforme termo de declarações de fls. 03, o

ano letivo 2015 não havia sequer sido iniciado até então;

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DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA

Rua Elizeu Mário de Jesus, nº 155, Bairro Campo do América, Jequié-BA 3 CEP 45.203-600 – (73) 3526-5661 / 3525-6346

3 – Como primeira diligência, foi expedido ofício

n. 177/2015 (fl. 06) ao Secretário Municipal de Educação

solicitando informações e justificativas a respeito do quanto

noticiado pela mãe de aluno. O Secretário, ora acionado, foi

questionado ainda se a mesma situação se estendia a outras

escolas e quantos alunos teriam sido prejudicados pela falta

de aulas;

3.1 – O Secretário informou então (fl. 07), em

09/09/2015, que as aulas teriam iniciado em 11 de agosto,

justificando o atraso da seguinte forma: “Como é de ciência

desta promotoria passamos por um processo seletivo em nosso

Município, o REDA, que foi resultado de um processo judicial e

que por questões de tramites burocrático (SIC), o ano letivo

para algumas turmas começou com atraso.” Deixou contudo de

informar se a situação se estendia a outras escolas e quantos

alunos estariam prejudicados;

4 - No mesmo dia, a Signatária realizou inspeção na

Escola Municipal do Curral Novo, tendo constatado, entre

outras coisas, a partir da entrevista com a Diretora da

escola, Sra. Jeires Freire Ribeiro, o seguinte:

1) após a apresentação dos professores aprovados

no último REDA, em 30/07/2015, todas as turmas

estavam em aula;

2) de fato, o ano letivo para sete turmas foi

iniciado com estagiários(as), e que para pelo

menos duas turmas as aulas só iniciaram após

30/07/2015;

3) está aguardando o envio do calendário de

reposição das aulas pela Secretaria de

Educação;

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4) o aluno MATEUS SILVA SANTOS está matriculado no

turno vespertino no projeto LER MAIS, uma das

turmas que ficou sem aula no primeiro semestre;

5) foi tentado o contato telefônico com a mãe de

MATEUS SILVA SANTOS para avisar sobre o início

das aulas, porém não tiveram êxito.(Relatório

de fls. 08/18).

4 – A partir de então, e tendo em vista a

declaração da Sra. Lais Lania Nascimento Silva no sentido de

que a mesma situação se estendia a outras escolas, passamos a

reiterar o ofício dirigido ao Secretário de Educação, ora

acionado, em busca de informações acerca de outras escolas e

alunos prejudicados pela falta de professor durante todo o

primeiro semestre de 2015, expedindo os Ofícios n. 193/2015,

202/2015 e 222/2015, fls. 19, 25 e 34, respectivamente;

4.1 – Como se vê no ofício acostado às fls. 37, da

lavra do Acionado, recebido apenas em 22/10/2015, o mesmo

limitou-se a responder que “o calendário de reposição ainda

não foi analisado pelo Conselho Municipal de Educação, assim

que obtivermos o parecer do referido conselho, encaminharemos

o calendário, juntamente com a relação de escolas e número de

alunos que o mesmo atenderá”, negando portanto ao Ministério

Público acesso a informações imprescindíveis para propositura

de ação civil pública, o que inclusive importa, em tese, no

crime capitulado no art. 10 da Lei n. 7.347/85, in verbis:

“Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3

(três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações

Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o

retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à

propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério

Público";

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5 – As mesmas informações foram então buscadas

junto ao Conselho Municipal de Educação, sendo estes

Signatários surpreendidos pelo fato de que os dados

solicitados foram informados pelo próprio Secretário ao

referido Conselho, restando clara a intenção de obstaculizar o

acesso do Ministério Público aos referidos dados e

consequentemente de ser responsabilizado pela sua inércia e

incompetência a frente do cargo;

5.1 – Mesmo quando ouvido na Promotoria de Justiça

(fls. 76/77), como se verá a seguir, o Secretário acionado

deixou de fornecer informações reiteradamente requisitadas

pelo Ministério Público;

6 - Conforme informações oriundas do Conselho

Municipal de Educação e documentos anexos (fls. 189/216):

A) 74 escolas foram atingidas pela falta de

professor derivada do atraso na realização do processo

seletivo;

B) mais de 482 alunos da zona rural permaneceram

fora de sala de aula até agosto do corrente ano em razão da

falta de professor. Ressalte-se que não foi informada a

quantidade de alunos prejudicados das últimas quatro escolas

relacionadas às fl. 198;

C) mais de 28 alunos permaneceram sem aula até

pelo menos 14/09/2015 (data da edição do documento de fl. 198,

que indica 05 turmas sem aula, porém só informa o quantitativo

de alunos referente a duas turmas);

D) até o presente momento não há calendário de

reposição de aulas, pois os acionados não disponibilizaram

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sequer espaço físico para reposição de algumas turmas;

E) até o presente momento, as aulas só estão sendo

repostas em 03 turmas, vez que por falta de professores

substitutos, de espaço físico, de alimentação escolar ou de

coordenador de núcleo, ainda não foi viabilizado o início do

turnão para reposição das aulas.

7 - Não bastasse, pelo Conselho Municipal de

Educação foi informado ainda que vem solicitando à Secretaria

Municipal de Educação informações pertinentes para a aprovação

do calendário de reposição (ofício enviado em 08/09/2015 e

reiterado em 16/10/2015, fls. 195/196), sem resposta até

então;

8 - O absurdo atraso para o início do ano letivo

nas escolas deste Município, como visto, é atribuído à

necessidade de contratação temporária de professores e ao

atraso na realização do processo seletivo, chamado de REDA;

8.1 - A contratação temporária de professores em

si, nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal não é o

problema, ao contrário, apresenta-se como solução para suprir

a necessidade do município em suprir vacâncias temporárias dos

cargos, como por exemplo, as decorrentes de licença

maternidade, licenças prêmios ou de ocupação de cargos

comissionados;

8.2 - Para tanto, numa gestão responsável, espera-

se um prévio e cuidadoso estudo acerca das necessidades a

serem supridas e a realização de processo seletivo com

antecedência suficiente para justamente evitar atrasos no

calendário estudantil;

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8.3 - Infelizmente, não é o que se verifica no

município de Jequié;

8.4 - Em 2014, conforme autos n. 0300795-

92.2014.8.05.0141, o Ministério Público ingressou com ação

civil pública contra o Município de Jequié justamente para

questionar a legalidade do processo seletivo realizado naquele

ano. As irregularidades do pleito, tais como subjetividade na

avaliação e excesso de contratação a título temporário, foram

reconhecidas de plano pelo então Magistrado, que inclusive

deferiu a suspensão do concurso de forma liminar, fls.

120/123;

8.5 - Diante do evidente prejuízo para o alunado, o

ilustre Magistrado, com aquiescência do Ministério Público, em

audiência realizada em 30/10/2014 (fls. 122/123), reviu a

decisão mencionada acima para permitir a recontratação dos

professores aprovados no REDA 2014 exclusivamente para

conclusão do ano letivo de 2014;

8.6 - Ressalte-se que, consoante inicial (fls.

100/119), decisão liminar naqueles autos (fl. 120/123),

revisão desta decisão (fls. 124/125), nenhum impedimento

judicial havia para realização de novo REDA para o ano de

2015;

8.7 - Assim, a justificativa oposta pela Prefeita e

Secretário acionados sequer explica, quiçá justifica, o

irresponsável atraso e demora na realização e conclusão da

contratação temporária de professores para 2015;

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8.8 – Conforme defesa escrita e oral da Sra.

Prefeita, o atraso na realização do REDA de 2015 se deu em

função do atraso do final do ano letivo 2014, que invadiu o

ano de 2015, e da autorização judicial para realização de novo

REDA em 2015 ter sido editada apenas em março do corrente ano.

8.8.1 – É fato que o atraso no término do ano

letivo 2014 resultou no atraso do início das aulas em 2015,

Contudo, conforme declarações do próprio Secretário (fl.

76/77), o ano letivo 2015 foi iniciado em 23/03/2015 para a

maioria dos alunos;

8.8.2 – No que se refere à autorização judicial

para realização de novo REDA, como dito acima, desde a

primeira decisão judicial nos autos da ação civil pública em

trâmite nesta mesma Vara, o ilustre Magistrado deixa clara a

possibilidade de realização de novo REDA. In verbis:

“(...) Até a data especificada no item 01 a

Administração poderá, caso entenda necessário,

realizar novo procedimento REDA unicamente para as

vagas especificadas no item anterior com seleção

simplificada através de prova ou prova e títulos,

vedada a existência de critério classificatório

subjetivo.” (grifo nosso)(fl. 123)

“(...) Em hipótese alguma os servidores

contratatados através deste REDA poderão iniciar o

ano letivo de 2015, salvo se aprovados em novo

processo seletivo.” (grifo nosso) (fl. 125)

“(...)Entretanto, já na primeira decisão foi

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autorizada a realização de novo REDA, observando-se

critérios objetivos.” (grifo nosso) (fl. 133)

8.8.3 - Não havia como ser diferente, eis que a

ação proposta impugnava um processo seletivo específico (REDA

2014) não podendo se estender a casos futuros.

Repetindo, na própria decisão de fls. 133/134, o

Juiz afirma: “Entretanto, já na primeira decisão foi

autorizada a realização de novo REDA, observando-se os

critérios objetivos”.

Diante disso, a decisão acima referida, proferida

em 11/03/2015, mais se aproxima de um “empurrão” para que os

gestores acionados não prejudicassem ainda mais o alunado, do

que de uma autorização propriamente dita.

Ressalte-se que o Município de Jequié representado

pela Prefeita acionada, naquela ação, em nenhum momento

requereu autorização para realização de novo REDA, ao

contrário, declarou que seria necessária e disse que o faria

(fls. 126/132), em petição protocolada em 02/03/2015. In

verbis: “Certamente é o que poderá ocorrer no ano de 2015,

pois com o fim da validade do REDA de 2014, necessário será

contratar professores para efetivar a substituição em comento,

sendo que a Secretaria Municipal de Educação, através de

apuração específica e detalhada da quantidade de profissionais

a serem substituídos, certificará o número de vagas a ser

estipulada no certame”.

Prova maior de que o Município não aguardava pela

decisão judicial para realizar novo REDA é o fato de que os

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parâmetros definidos na referida decisão NÃO foram seguidos.

Conforme decisão, o Município poderia disponibilizar apenas 20

vagas de cuidadores. Conforme edital, foram oferecidas 55

vagas de cuidadores (fl. 165). O documento de fls. 188/190,

extraído de outro inquérito civil em trâmite na 7ª Promotoria

de Justiça informa que foram nomeados 52 cuidadores.

8.9 - Conforme documentos de fls. 162/163, o edital

do referido processo seletivo apenas foi publicado em

15/05/2015, e o resultado homologado em 13/07/2015, o que

resultou no absurdo prejuízo para tantos alunos;

9 - Não bastasse o imenso atraso no início do ano

letivo, por mais um mês, diversos desses alunos já

prejudicados ficaram sem ir a escola em razão da paralisação

do transporte escolar;

9.1 - É que, consoante termos de declarações de

fls. 146/161, colhidos no âmbito de outros procedimentos

ministeriais (SIMP n. 608.0.76368/2013 e IC-PRM

1.14.008.000062/2015-95), que investigam as deficiências do

transporte escolar deste Município, o transporte escolar foi

interrompido em 25/09/2015 em razão da falta de pagamento dos

motoristas por três meses consecutivos. Tais motoristas estão

vinculados à empresa RIO UNA Transportes Ltda., contratada

pelo município de Jequié para execução do transporte escolar.

Conforme motoristas, a referida empresa estaria sem receber

pagamento do município de Jequié há quatro meses;

9.2 – Da mesma forma, o Município vinha atrasando o

pagamento dos estagiários, muitos dos quais atuam como

auxiliares de classe e, por vezes, substituem o professor em

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sala de aula (a Diretora da Escola do Curral Novo confirmou

que sete turmas iniciaram o ano letivo com estagiários). Tal

fato foi confirmado pelo Secretário Municipal de Administração

(fl. 138) e pelo CIEE (fls. 141/142), entidade responsável

pela intermediação da contratação dos estagiários;

9.3 - Vê-se assim que o descaso dos gestores

acionados com a educação ultrapassa a questão acerca da

contratação de professores;

10 - Despiciendo afirmar o enorme prejuízo causado

à vida de mais desses alunos que permaneceram sem aulas por

mais de cinco meses e que, novamente amargaram o cerceamento

do direito à educação pela falta do transporte escolar;

10.1 - O retardamento no início das aulas

certamente acarretou a evasão escolar para diversos dos

alunos, que, desestimulados, acabam por desistir no ano

letivo, muitas das vezes, iniciando-se em algum trabalho;

10.2 - Ademais, como se pode constatar na relação

de fls. 199/201, diversas das turmas prejudicadas, senão a

maioria delas, são multisseriadas, o que, por si só, salvo

melhor juízo, já representa significativa perda para os

alunos, e ainda sediadas na zona rural do Município, ou seja,

dependentes do transporte escolar, restando, pois, triplamente

prejudicados;

10.3 - Não se pode perder de vista que ainda que

seja viabilizado calendário de reposição dos dias (ou horas)

letivos, este jamais terá o condão de efetivamente compensar o

atraso, haja vista a tamanha carga horária a ser reposta.

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Conforme tabelas propostas pela municipalidade (fls. 93 e 95)

por diversos dias os alunos teriam aulas durante todo o dia,

não havendo como afirmar que a aquisição de conteúdo será

garantida da mesma forma que nas condições normais e esperadas

num ano letivo;

10.4 – Ressalte-se que, conforme Conselho Municipal

de Educação, a reposição somente está sendo viabilizada em

três turmas. Sendo assim, em verdade, o ano letivo está

inviabilizado para todos os demais alunos, tendo em vista que

não há mais tempo hábil para reposição!;

11 - Outrossim, a extensão das aulas para dois

turnos e para além do período que deveria ser de férias

acarretará necessariamente em maior dispensação de merenda

escolar e na prorrogação do transporte escolar, o que

implicará, por óbvio, em maior gasto de dinheiro público. Ou

seja, a atitude ineficiente e irresponsável dos Acionados, não

bastasse ofender o direito à educação de expressiva parte do

alunado jequieense, ainda acarretará prejuízo ao erário!;

12 – A oitiva dos Acionados (fls. 40/41 e 76/77) na

Promotoria de Justiça evidenciou o verdadeiro caos criado

pelos mesmos. Os acionados continuaram a sonegar informações

ao Ministério Público, declarando desconhecer a extensão do

problema, deixando, mais uma vez, de quantificar escolas e

alunos prejudicados pela irresponsabilidade dessa

Administração e de esclarecer como se dará (ou daria) a

reposição das aulas;

Outra não pode ser a conclusão, visto que à

Prefeita não é dado o direito de desconhecer e permanecer

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alheia a problema de tamanha extensão, como se fosse possível

a delegação total de sua resolução para o Secretário da pasta.

Idem em relação ao Acionado que afirma desconhecer

até mesmo as informações encaminhadas por ele próprio para o

Conselho Municipal de Educação: não sabe informar a quantidade

de escolas e alunos atingidos pela falta de professor; não

sabe que ainda existem alunos sem aula; não sabe que a

reposição de aulas não foi iniciada para a maioria dos alunos;

não sabe como se dará a reposição das aulas (a informação de

que o aluno da zona rural, dependente do transporte escolar,

irá almoçar em casa e voltar para aula à tarde é irreal);

13 - É induvidoso, destarte, que os acionados

violaram princípios da Administração Pública e incidiram, às

escâncaras, em atos de improbidade administrativa, previstos

na Lei n.º 8.429/1992;

14 – Mais do que isso, a falta de cuidado dos

acionados com a educação da parcela mais carente da sociedade

de Jequié gera sentimento de indignação e descrédito de alunos

e pais com o sistema público de ensino, restando evidenciada,

ainda, a existência de dano moral coletivo, que deve ser

reparado por meio da fixação de indenização em valor que

desestimule esse tipo de conduta dos gestores públicos do

Município.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

15 - Segundo José dos Santos Carvalho Filho1, a par

do poderes de que goza, o administrador público está sujeito a

1 Manual de Direito Administrativo, 11ª ed., Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2005, pp. 52 a 55.

4ª e 7ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA

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três deveres principais: o dever de probidade, talvez o mais

importante, a partir do qual a sua “atuação deve, em qualquer

hipótese, pautar-se pelos princípios da honestidade e

moralidade, quer em face dos administrados, quer em face da

própria administração”; o dever de prestar contas,

consequência natural do encargo de gerir bens e interesses da

coletividade; e o dever de eficiência, significando que o

administrador deve tornar mais qualitativa a atividade

administrativa.

16 - Tal é a importância sobretudo do primeiro

dever (de probidade) que a Constituição da República, no art.

37, § 4º, estabeleceu severas punições a serem aplicadas a

quem o viola. Conferindo densidade semântica ao referido

dispositivo constitucional, a Lei n.º 8.429/92 (Lei de

Improbidade Administrativa) produziu uma verdadeira revolução,

ao disciplinar os atos de improbidade administrativa e as

respectivas sanções.

17 - De acordo com a lei citada, são três as

modalidades de atos de improbidade administrativa, numa

distribuição topográfica dos mais para os menos graves, a

saber: os atos que geram enriquecimento ilícito (art. 9º); os

atos que causam prejuízo ao erário (art. 10); e os atos que

atentam contra os princípios da administração pública (art.

11).

18 - Deitando vistas sobre a previsão legal dos

atos de improbidade, não é difícil concluir que as condutas

praticadas pelos acionados se enquadram perfeitamente ao

quanto disposto no art. 11, caput e incisos II e IV, da Lei de

Improbidade Administrativa, por violar frontalmente princípios

administrativos.

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19 - O mencionado art. 11 da Lei de Improbidade

Administrativa contém o seguinte enunciado:

“Art. 11 - Constitui ato de improbidade

administrativa qualquer ação ou omissão que viole

os deveres de honestidade, imparcialidade,

legalidade e lealdade às instituições, e

notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou

regulamento ou diverso daquele previsto, na regra

de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente,

ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem

ciência em razão das atribuições e que deva

permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja

obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao

conhecimento de terceiro, antes da respectiva

divulgação oficial, teor de medida política ou

econômica capaz de afetar o preço de mercadoria,

bem ou serviço”.

20 - Assim como ocorre com as modalidades previstas

nos arts. 9º e 10, o legislador utilizou-se, no caput do

referido artigo, de previsão genérica, exemplificando algumas

condutas violadoras nos respectivos incisos. Basta,

entretanto, a adequação da conduta ao caput para a

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configuração de ato violador de princípios, sem necessidade de

se demonstrar a sua incidência em qualquer das modalidades

exemplificativas dispostas no incisos.

21 - Neste sentido, convém colacionar o ensinamento

do emérito Carlos Frederico Brito dos Santos, ao comentar o

art. 9º da LIA (que foi escrito com a mesma técnica

legislativa dos arts. 10 e 11, aos quais tem a mesma

aplicação), in verbis:

“Como podemos perceber pela redação do caput, os

incisos são meramente exemplificativos e dispensam

maiores comentários, bastando, para a

caracterização do ato de improbidade administrativa

que importa em enriquecimento ilícito, a subsunção

de qualquer fato à norma descrita no caput do art.

9º, pouco importando que não encontre encaixe em

qualquer dos doze incisos ali elencados”2.

22 - Não há dúvidas de que os acionados

descumpriram os deveres inerentes ao administrador público

probo, o qual deve respeitar as normas jurídicas, ser justo,

ético, imparcial e leal.

23 - Como trazido na descrição fática, os

demandados descumpriram o princípio da legalidade (art. 5º,

II, combinado com o art. 37, caput, da Constituição da

República), o princípio da eficiência (art. 37, caput, da

Constituição da República), o princípio da publicidade (art.

37, caput, da Constituição da República) e o princípio da

moralidade (art. 37, caput, da Constituição da República).

2 Improbidade Administrativa: reflexões sobre a Lei n.º 8.429/92. 2ª ed., Rio de Janeiro : Forense, 2007, p. 49.

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24 - O primeiro princípio citado apresenta uma

configuração bastante peculiar no que se refere à

administração pública, na medida em que, se ao particular é

permitido fazer tudo aquilo que a lei não lhe proíbe, o

administrador público só pode fazer aquilo que lhe for

expressamente permitido. Como ensina Celso Antonio Bandeira de

Mello:

“Assim, o princípio da legalidade é o

da completa submissão da Administração às leis.

Esta deve tão-somente obedecê-las, cumpri-las, pô-

las em prática. Daí que a atividade de todos os

seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto

é, o Presidente da República, até o mais modesto

dos servidores, só pode ser a de dóceis,

reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições

gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é

a posição que lhes compete no direito brasileiro”3.

24.1 - Os acionados violaram flagrantemente o

referido princípio, quando deixaram de adequar o calendário

escolar às peculiaridades escolares e ao não observarem o

dever de disponibilizar, a todos os alunos municipais, os 200

(duzentos) dias letivos.

24.2 – Com efeito, o art. 24, I, da Lei n.º

9.395/1996 estabelece que a educação básica, nos níveis

fundamental e médio, será organizada com a carga horária

mínima de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de 200

(duzentos) dias de efetivo trabalho escolar, in verbis:

3 Curso de Direito Administrativo. 11ª ed., São Paulo : Malheiros, 1999, p. 59/60.

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Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental

e médio, será organizada de acordo com as seguintes

regras comuns:

I - a carga horária mínima anual será de oitocentas

horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias

de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo

reservado aos exames finais, quando houver;

24.3 - Tal dispositivo deve ser interpretado em

conjunto com o disposto no art. 23, § 2º, da referida Lei, que

estabelece que o calendário escolar deve se adequar às

peculiaridades locais, sem prejuízo do número de horas letivas

previsto naquele corpo normativo:

Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em

séries anuais, períodos semestrais, ciclos,

alternância regular de períodos de estudos, grupos

não-seriados, com base na idade, na competência e

em outros critérios, ou por forma diversa de

organização, sempre que o interesse do processo de

aprendizagem assim o recomendar.

§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos,

inclusive quando se tratar de transferências entre

estabelecimentos situados no País e no exterior,

tendo como base as normas curriculares gerais.

§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às

peculiaridades locais, inclusive climáticas e

econômicas, a critério do respectivo sistema de

ensino, sem com isso reduzir o número de horas

letivas previsto nesta Lei.

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24.4 – Como averbado na descrição fática, o descaso

dos acionados com a educação pública municipal acarretou

prejuízo irremediável para centenas de alunos, cujo ano letivo

está praticamente inviabilizado, a menos de dois meses do

final deste ano, sequer existindo calendário aprovado para o

cumprimento da carga horária prevista em lei.

25 – O princípio da eficiência, como fartamente

demonstrado, foi fustigado pelos demandados, justamente em uma

das principais, senão a principal, tarefa que é incumbida ao

Estado, a de disponibilizar educação gratuita, universal e de

qualidade.

25.1 – Embora aleguem que o atraso no ano letivo se

deu por conta da impugnação do Processo Seletivo para

Contratação por Regime Especial de Direito Administrativo, do

ano de 2014, o que se verifica é que, em verdade, tal situação

se deve única e exclusivamente à flagrante desorganização

administrativa vivenciada neste Município.

25.2 – Como já adiantado, o Juízo de Direito desta

2ª Vara Cível e Comercial da Comarca de Jequié já vinha

alertando, em suas sucessivas decisões proferidas no bojo dos

autos da Ação Civil Pública n.º 0300795-92.2014.8.05.0141, que

a suspensão daquele procedimento seletivo em nada impedia a

realização de novo procedimento para o ano letivo de 2015.

25.3 – Cabia aos acionados, Prefeita e Secretário

Municipal de Educação, a adoção de todas as medidas

necessárias, com a devida antecedência, para garantir o

funcionamento adequado do serviço público de educação.

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25.4 – Além disso, iniciado o processo seletivo

para contratação temporária, no mês de março de 2015, seleção

essa que se presume ter maior agilidade do que um concurso

público para provimento de cargo efetivo, os acionados somente

conseguiram disponibilizar professores para início das aulas

no mês de agosto, atraso esse, de igual forma, inaceitável.

25.5 – Deve-se observar que os acionados vêm se

aproveitando da desorganização administrativa para justificar

a má prestação do serviço municipal de educação, ou seja,

beneficiando-se da própria torpeza, sendo que, mesmo estando

no final do ano letivo, ainda não existe sequer calendário

aprovado para o cumprimento da carga horária, como consignado

alhures. Caso aprovada pelo Conselho Municipal de Educação, a

proposta da Secretaria Municipal de Educação, sequer haverá

salas para a realização das aulas, a carga horária diária

ultrapassará a ideal para aprendizado e haverá (como inclusive

foi reconhecido pelo Acionado quando ouvido na Promotoria de

Justiça), presume-se, maiores gastos públicos com transporte

escolar e com alimentação.

26 – Os acionados, ainda, negaram publicidade aos

atos de ofício. Além de o acionado não responder aos

questionamentos feitos pelo Ministério Público por ofícios que

lhe foram dirigidos, ao serem ouvidos, ambos continuaram a

sonegar informações ao Ministério Público, declarando

desconhecer a extensão do problema e deixando, mais uma vez,

de quantificar escolas e alunos prejudicados pela

irresponsabilidade dessa Administração e de esclarecer como se

dará (ou daria) a reposição das aulas.

26.1 – Sabe-se que um dos princípios mais

importantes da administração pública é o da publicidade, pois

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é o que permite o controle social dos atos da Administração,

como doutrina José dos Santos Carvalho Filho:

“O último princípio mencionado na Constituição é o

da publicidade. Indica que os atos da Administração

devem merecer a mais ampla divulgação possível

entre os administrados, e isso porque constitui

fundamento do princípio propiciar-lhes a

possibilidade de controlar a legitimidade da

conduta dos agentes administrativos. Só com a

transparência dessa conduta é que poderão os

indivíduos aquilatar a legalidade ou não dos atos e

o grau de eficiência que se revestem.”4

26.2 – É de se ver que a negativa de informações

claras e precisas ao Ministério Público, além de dificultar a

resolução do problema criado pela grave omissão dos acionados,

evidencia o dolo com que ambos vêm agindo, restando claro o

interesse de menoscabar os direitos educacionais de centenas

de estudantes da educação básica.

27 - Os acionados faltaram, ainda, com o dever de

lealdade, abrangido pelo princípio da moralidade, ao Município

de Jequié, ao não observarem o que era melhor para os

administrados e ao deixar de tomar as medidas administrativas

corretas para o bom funcionamento da máquina pública.

27.1 - Ao se referir a tal dever, o doutrinador

Emerson Garcia obtempera:

“O dever de lealdade em muito se aproxima da

4 Manual de Direito Administrativo, 12ª ed., Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2005, pp. 18/19.

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concepção de boa-fé, indicando a obrigação de o

agente: a) trilhar os caminhos traçados pela norma

para a consecução do interesse público e b)

permanecer ao lado da administração em todas as

intempéries.”5 Mais adiante, citando Pedro T.

Nevado-Batalha Moreno, complementa que “o dever de

lealdade abrange: o dever de neutralidade e

independência política no desenvolvimento do

trabalho; o respeito à dignidade da administração;

o respeito ao princípio da igualdade e da não

discriminação; e o respeito aos particulares no

exercício de seus direitos e liberdades públicas”6.

27.2 – Ora, em vez de adotar todas as providências

para garantir as aulas a todos os alunos no ano letivo de

2015, os acionados se omitiram gravemente e, ao serem ouvidos

na Promotoria de Justiça, alegaram desconhecimento da situação

e demonstraram apatia na resolução dos problemas existentes,

os quais tentaram escamotear do Ministério Público.

28. Os elementos colhidos nos autos comprovam,

muito adequadamente, o descumprimento absolutamente doloso dos

princípios administrativos, incidindo os acionados,

firmemente, no ato de improbidade administrativa previsto no

art. 11, caput e seus incisos II e IV, da Lei n.º 8.429/1992.

28.1 – Importante ressaltar que, conforme

entendimento sedimento no Eg. Superior Tribunal de Justiça,

para configuração do ato de improbidade administrativa é

suficiente a presença do dolo genérico, consistente no pleno

5 ALVES, Rogério Pacheco e GARCIA, Emerson. Improbidade Administrativa, 2ª, Rio de Janeiro : Lumen

Juris, 2004, p. 291.

6 Loc.cit.

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conhecimento da ilegalidade e evidenciado pela omissão em

saná-la. A título de exemplo, transcreve-se ementa de acórdão

recente:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO

REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA. FABRICAÇÃO DE MEDICAMENTOS

FITOTERÁPICOS SEM AUTORIZAÇÃO LEGAL. ARTIGO 11 DA

LEI 8429/92. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS.

ELEMENTO SUBJETIVO. REVISÃO. REEXAME DE MATÉRIA

FÁTICO PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.

1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça

é no sentido de que não se pode confundir

improbidade com simples ilegalidade. A improbidade

é a ilegalidade tipificada e qualificada pelo

elemento subjetivo da conduta do agente. Assim,

para a tipificação das condutas descritas nos

artigos 9º e 11 da Lei 8.429/92 é indispensável,

para a caracterização de improbidade, que o agente

tenha agido dolosamente e, ao menos, culposamente,

nas hipóteses do artigo 10.

2. Os atos de improbidade administrativa descritos

no artigo 11 da Lei nº 8429/92 dependem da presença

do dolo genérico, mas dispensam a demonstração da

ocorrência de dano para a Administração Pública ou

enriquecimento ilícito do agente.

3. Na hipótese dos autos, verifica-se que a Corte a

quo, com base no conjunto fático e probatório

constante dos autos, reconheceu que a recorrente

atuou com dolo, ao consignar que "tendo o

conhecimento de que a empresa estava fabricando e

lançando no comércio medicamentos sem autorização,

devia cumprir o seu papel e interromper as

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atividades, o que não ocorreu no presente caso". A

reversão do entendimento exposto no acórdão exige,

necessariamente, o reexame de matéria fático-

probatória, o que é vedado em sede de recurso

especial, nos termos da Súmula 7/STJ.Agravo

regimental não provido.7

Na mesma esteira, o posicionamento reiterado do Eg.

Tribunal de Justiça do Estado da Bahia:

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA

AJUIZADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. SENTENÇA

IMPROCEDENTE. INCONFORMISMO DO AUTOR. IMPROBIDADE

ADMINISTRATIVA. ART. 11, INCISO VI DA LEI 8.429/92.

EX GESTOR QUE TINHA A OBRIGAÇÃO DE ALIMENTAR O

SISTEMA DA SIOPS SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE

ORÇAMENTOS PÚBLICOS EM SAÚDE. MUNICÍPIO

IMPOSSIBILITADO DE REALIZAR CONVÊNIO COM O GOVERNO

ESTADUAL E FEDERAL. CONDIÇÃO DE INADIMPLENTE

PERANTE A SIOPS. ABERTURA DE INQUÉRITO CIVIL PARA

APURAÇÃO DA IRREGULARIDADE. NOTIFICAÇÃO DO APELADO.

DETERMINAÇÃO PARA ALIMENTAR O REFERIDO SISTEMA.

OBRIGAÇÃO REALIZADA PELO APELADO, APÓS QUASE DOIS

ANOS DO FIM DA SUA GESTÃO. CUMPRIMENTO APÓS

DETERMINAÇÃO PELO ORGÃO MINISTERIAL. DOLO GENÉRICO

CONFIGURADO. CONDENAÇÃO. ART. 12, INCISO III DA LEI

8.429/92. SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. MULTA

CIVIL. PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO

OU RECEBER INCENTIVOS FISCAIS. AUSÊNCIA DE PROVA DE

DANO AO ERÁRIO PÚBLICO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO

PARCIALMENTE PROVIDO. PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

7 STJ - AgRg no REsp 1526589 / ES – Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) - DJe

28/09/2015.

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(Apelação Cível n.º 0003292-82.2005.805.0137 -

Jacobina, Relatora Des.ª MARIA DA GRAÇA OSÓRIO

PIMENTEL LEAL, v.u., p. em 24.01.2014)

29. Por via de consequência, os acionados estão

sujeitos às sanções previstas no art. 12, III, da Lei de

Improbidade Administrativa:

Art. 12. Independentemente das sanções penais,

civis e administrativas previstas na legislação

específica, está o responsável pelo ato de

improbidade sujeito às seguintes cominações, que

podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de

acordo com a gravidade do fato: (Redação

dada pela Lei nº 12.120, de 2009).

(...)

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento

integral do dano, se houver, perda da função

pública, suspensão dos direitos políticos de três a

cinco anos, pagamento de multa civil de até cem

vezes o valor da remuneração percebida pelo agente

e proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou

creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por

intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio

majoritário, pelo prazo de três anos.

29.1 - A par das medidas punitivas, seguindo o

comando genérico contido no art. 273 do Código Civil, a Lei de

Improbidade Administrativa determina, no art. 5º, o integral

ressarcimento do dano, consoante o seguinte enunciado, in

verbis:“Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou

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omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á

o integral ressarcimento do dano”. A mesma amplitude foi

repetida nos incisos do citado art. 12, que se referem,

outrossim, ao “ressarcimento integral do dano”.

29.1.1 - Quando os citados dispositivos utilizam o

termo “dano”, deve-se entender que abrangem o dano moral, que

guarda pertinência com a noção de “lesão ao patrimônio

público”. Deveras, a noção de patrimônio público não se

restringe ao erário, abrangendo outros valores.

29.1.2 - Na precisa definição de José dos Santos

Carvalho Filho,

“o dano moral se caracteriza pela ofensa a padrões

éticos dos indivíduos, no caso em foco dos

indivíduos componentes dos grupos sociais

protegidos. Sendo assim, pode-se afirmar que não

apenas o indivíduo, isoladamente, é dotado de

determinado padrão ético. Os grupos sociais,

titulares de direitos transindividuais, também o

são”8.

29.1.3 – Como averbado alhures, a falta de cuidado

dos acionados com a educação pública do Município de Jequié,

gerando atraso injustificado no calendário escolar e

consequente inobservância do número mínimo de dias letivos,

acarreta sensação de descrédito em relação ao Poder Público e

de indignação. Ressalte-se que a ação ímproba dos acionados

fere a justa expectativa da população, em sua camada mais

necessitada, de ter uma transformação por meio da educação.

8 Ação Civil Pública. 6ª ed., Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2007, p. 14.

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29.1.4 - É de se alinhavar que nosso direito

positivo consagra, expressamente, a reparabilidade do dano

moral. Com efeito, além do citado art. 273 do Código Civil, o

art. 1º da Lei n.° 7.347/85, com redação atribuída pela Lei

n.° 8.884/1994, repetindo o que já era previsto pelo art. 6º,

VI, do Código de Defesa do Consumidor, faz referência expressa

à responsabilidade por dano moral nas demandas coletivas.

29.1.5 - Nestas ações, a obrigação de reparar o

dano moral, cujo valor incumbe à devida prudência do

Magistrado, cumpre, com muita propriedade, sua função

pedagógica, evitando-se novos agravos ao interesse público.

Colha-se, novamente, o escólio de José dos Santos Carvalho

Filho:

“Em nosso entender, as dificuldades na configuração

do dano moral quando há ofensa a interesses

coletivos e difusos devem ser cada vez mais

mitigadas, de forma a ser imposta a obrigação

indenizatória como verdadeiro fator de

exemplaridade e de respeito aos grupos sociais,

sabido que a ofensa à dignidade destes tem talvez

maior gravidade do que as agressões individuais.”9

29.1.6 - A Jurisprudência já começa a reconhecer a

reparabilidade do dano moral coletivo, como se pode verificar

no seguinte julgado, relativo ao direito do consumidor, mas

aplicável ao presente caso mutatis mutandis, oriundo do Eg.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais, in verbis:

9 Op.cit., pp. 14/15.

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EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MINISTÉRIO PÚBLICO -

LEGITIMIDADE - DIREITO DIFUSO - PROPAGANDA ENGANOSA

-VIAGENS PARA QUALQUER LUGAR DO PAÍS - DANO MORAL

COLETIVO. A propaganda enganosa, consistente na

falsa promessa a consumidores, de que teriam

direito de se hospedar em rede de hotéis durante

vários dias por ano, sem nada pagar, mediante a

única aquisição de título da empresa, legitima o

Ministério Público a propor a ação civil pública,

na defesa coletiva de direito difuso, para que a ré

seja condenada, em caráter pedagógico, a indenizar

pelo dano moral coletivo, valor a ser recolhido ao

Fundo de Defesa de Direitos Difusos, nos termos do

art. 13 da Lei nº 7.347/85. (Proc. n.°

1.0702.02.029297-6/001(1), Rel. Guilherme Luciano

Baeta Nunes, j. em 23.06.2006, p. em 01.08.2006,

v.u.)

29.1.7 - Destarte, requer, desde logo, sejam os

acionados condenados, solidariamente, ao pagamento de

indenização, no valor de R$100.000,00 (cem mil reais), pelo

dano moral coletivo causado por suas ações ímprobas, devendo o

valor relativo ser recolhido ao Fundo Estadual de que trata o

art. 13 da Lei n.° 7.347/85.

DA MEDIDA CAUTELAR DE AFASTAMENTO:

30 - A partir da descrição fática acima exposta,

não há dúvida de que a manutenção dos acionados no exercício

da função de Prefeita e Secretário Municipal de Educação é

totalmente inconveniente, constituindo sério risco ao

andamento do processo. Imprescindível é a adoção da medida

cautelar de afastamento, impedindo-os de exercer suas funções,

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de modo que os atos processuais possam ser praticados sem

percalços.

31 - A medida que se pleiteia é prevista

expressamente do art. 20, parágrafo único, da Lei n.º

8.429/92, que contém a seguinte dicção:

“Art. 20. A perda da função pública e a suspensão

dos direitos políticos só se efetivam com o

trânsito em julgado da sentença condenatória.

Parágrafo único. A autoridade judicial ou

administrativa competente poderá determinar o

afastamento do agente público do exercício do

cargo, emprego ou função, sem prejuízo da

remuneração, quando a medida se fizer necessária à

instrução processual.”

32 - Os requisitos para a concessão da medida, o

fummus boni iuris e o periculum in mora, estão devidamente

presentes, como será demonstrado.

33 - Deveras, como fartamente demonstrado pela

documentação que acompanha esta inicial, os acionados vem

sonegando dados imprescindíveis à fiscalização dos atos

relacionados à educação pública do Município de Jequié,

colocando em risco a efetividade das medidas judiciais que

podem vir a ser adotadas na presente ação. Preenchido,

destarte, o fummus boni iuris.

34 - De outro giro, os acionados são, como diversas

vezes mencionado, Prefeita e Secretário Municipal de Educação,

tendo obviamente muita proximidade com e poder sobre os

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responsáveis pelas escolas públicas, podendo, inclusive,

intimidar testemunhas ou destruir documentos que constituam

prova para a presente ação judicial que se propõe. Preenchido

está o requisito do periculum in mora.

34.1 – Ressalta-se mais uma vez que os Acionados

tentaram obstaculizar a instrução do procedimento ministerial,

deixando de fornecer informações imprescindíveis à propositura

desta ação, evidenciando dessa forma o risco de também

dificultarem a instrução processual.

35 - Como ensina Rogério Pacheco Alves:

“Por intermédio do afastamento provisório do

agente, busca o legislador fornecer ao juiz um

importantíssimo instrumento com vistas à busca da

verdade real, garantindo a verossimilhança da

instrução processual de modo a evitar que a dolosa

atuação do agente, ameaçando testemunhas,

destruindo documentos, dificultando a realização de

perícias etc., deturpe ou dificulte a produção dos

elementos necessários à formação do convencimento

judicial”10.

36 - Assim sendo, preenchidos os requisitos legais

exigíveis para qualquer medida cautelar (fummus boni iuris e

periculum in mora), requer a decretação do afastamento dos

acionados, impedindo-os de exercer as funções de Prefeita e

Secretário Municipal de Educação até ulterior deliberação.

10 GARCIA, Emerson & ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade Administrativa, 2ª ed., Rio de Janeiro :

Lumen Juris, 2004, p. 813.

4ª e 7ª PROMOTORIAS DE JUSTIÇA

DA COMARCA DE JEQUIÉ-BA

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DOS PEDIDOS:

37 - Ante todo o exposto, requer o Ministério

Público:

a) seja decretado o afastamento cautelar dos

acionados, impedindo-os de exercer as funções de Prefeita e

Secretário Municipal de Educação enquanto durar o processo, na

forma do art. 20, parágrafo único, da Lei de Improbidade

Administrativa;

b) sejam notificados os acionados para, querendo,

oferecer manifestação escrita, na forma do art. 17, § 7º, da

Lei de Improbidade Administrativa;

c) seja recebida a inicial;

d) sejam citados os acionados para, assim

entendendo, apresentar suas respectivas respostas, no prazo

legal, sob a cominação dos efeitos materiais e processuais da

revelia;

e) seja notificado o Município de Jequié, para que

se viabilize a aplicação do quanto disposto no art. 17, § 3º,

da Lei de Improbidade Administrativa (redação dada pela Lei

n.º 9.366/96);

f) seja, ao final, julgado procedente o pedido,

para condenar os acionados pela prática do ato de improbidade

administrativa previsto no art. 11, caput, da Lei n.°

8.429/92, submetendo-os às sanções previstas no art. 12, III,

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da referida Lei, a saber:

f1) o ressarcimento do dano moral coletivo

provocado pelos atos ímprobos praticados, solidariamente, no

valor de R$100.000,00 (cem mil reais);

f2) a perda da função pública;

f3) a suspensão dos direitos políticos de três a

cinco anos;

f4) o pagamento de multa civil de até cem vezes o

valor da remuneração percebida;

f5) a proibição de contratar com o Poder Público ou

receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,

direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa

jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três

anos;

g) a condenação dos acionados no pagamento das

custas e dos demais ônus da sucumbência;

h) a dispensa do pagamento de custas processuais,

nos termos do art. 51, IV do Decreto Estadual n. 28.595/81.

Provará o alegado pelas provas admitidas em

Direito, em especial o depoimento pessoal dos demandados, a

documental, a testemunhal e a pericial.

Atribui à causa o valor de R$100.000,00 (cem mil

reais).

Pede deferimento.

Jequié, 17 de novembro de 2015.

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JULIANA ROCHA SAMPAIO RAFAEL DE CASTRO MATIAS

Promotora de Justiça Promotor de Justiça