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B ÍBLICAS LIÇÕES 4º TRIMESTRE • 2012 • Nº 301 REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS Salvos pela Graça O plano e o caminho da salvação

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BÍBLICASLIÇÕES

4º TRIMESTRE • 2012 • Nº 301

REV ISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS B ÍBL ICAS

Salvospela Graça

O plano e o caminho da salvação

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MISSÃO DAESCOLA BÍBLICA

Transformar as pessoas em discípulas de Cristo, através

do ensino e da prática da palavra de Deus.

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Copyright © 2012 – Igreja Adventista da PromessaRevista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Diretor Alan Pereira Rocha

Conselho Editorial José Lima de Farias Filho Hermes Pereira Brito Magno Batista da Silva Osmar Pedro da Silva Otoniel Alves de Oliveira Gilberto Fernandes Coelho João Leonardo Jr.

EXPEDIENTE

RedaçãoRua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – CentroFone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3119-2544www.portaliap.com.br • [email protected]

Jornalista responsável Pr. Elias Pitombeira de Toledo (MTb. 24.465)

Redação e preparação Alan Pereira Rochade originais Andrei Sampaio Soares Edney Rodrigues de Brito Eleilton William de Souza Freitas Genésio Mendes Junior Jailton Sousa Silva José Lima de Farias Filho Kassio Passos Lopes Willian Robson de Souza

Revisão de textos Eudoxiana Canto Melo Seleção de hinos Silvana A. de Matos Rocha Leituras diárias Andrei Sampaio Soares

Projeto Gráfico Marcorélio Cordeiro MurtaEditoração Farol EditoraCapa Roberta Bassanetto

Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141 Assinaturas Informações na página 112

Impressão Gráfica Regente – Maringá, PR

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SUMÁRIO

Apresentação ................................................... 4

1 Criados para a glória de Deus ............................. 9

2 Desastre no percurso! ....................................... 17

3 O meu Salvador ................................................ 24

4 Tão grande salvação ......................................... 31

5 A loucura da pregação ...................................... 39

6 Reviravolta na existência ................................... 46

7 Da morte para a vida ........................................ 53

8 Sentença: absolvido! ......................................... 60

9 Agora sou filho ................................................. 67

10 Santidade já! .................................................... 74

11 Posso perder minha salvação? ........................... 81

12 Enfim, semelhantes a ele! ................................. 88

13 Evangelizando sem meias palavras ...................... 96

Projeto Proclamar:130 sábado ..................... 103

Confira, nas páginas centrais, o encarte com informações sobre a 48ª Assembleia Geral das Convenções da IAP

O plano e o caminho da salvação

Salvospela Graça

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4 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Apresentação

É com grande satisfação que trazemos às mãos dos alunos e dos profes-sores da Escola Bíblica mais esta série de lições bíblicas, que tem como título: Salvos pela graça, o plano e o caminho da salvação.

Há um ano estudávamos sobre a Graça e Lei. Foi um trimestre de estudos que despertou, em alto grau, o interesse dos promessistas; sobretudo, por sua forma esclarecedora de abordar a bela relação que há entre a graça e a lei de Deus na vida do cristão. Naquele período, a frase mais lida foi: “Somos salvos pela graça”. Esta atual série de estudos bíblicos é uma continuação daquela, e tem a intenção de nos levar a conhecer um pouco mais sobre a salvação que Jesus nos concede por meio cruz.

Realmente, somos salvos pela graça. Cremos nisto e testificamos que Jesus Cristo é o nosso Salvador. Essa é a nossa alegria e a nossa bênção maior. Contudo, entendemos realmente todo o significado do que é esta salvação? Certamente, não! Pelo menos, não de forma plena. Essa compreensão é ta-refa para vida toda. Na verdade, à medida que vai passando o tempo, vamos conhecendo mais e mais o Senhor. Assim, o nosso entendimento quanto a essa tão grande salvação vai progredindo (cf. Hb 2:3). Mas vale lembrar que, apesar disso, somente na eternidade conseguiremos entendê-la totalmente.

A salvação é mesmo grandiosa. Pode ser vista, de forma resumida, naque-las palavras ditas por Jesus a Nicodemos: Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Como explicar esse amor? Como foi possível Jesus deixar a sua glória para morrer por nós? O que ele viu em nós? Por que o Filho de Deus precisava morrer? Quem pode descrever fielmente o que acontece dentro do coração de uma pessoa que entendeu o evangelho e se rendeu a Cristo? Você é capaz de explicar o novo nascimento? Pode explicar as mudanças ocorridas na vida de homens e mulheres que se prostram aos pés de Jesus, entregando-se a ele?

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Nada é tão precioso quanto o fato de uma pessoa, que estava nas garras do pecado, ser redimida em Cristo e se tornar uma nova criatura. De acordo com o apóstolo Paulo, salvar pecadores é convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé (At 26:18). Sem dúvida, a sal-vação é o maior de todos os milagres, pois, embora não possamos ver, quan-do cremos em Cristo e nos entregamos a ele, um turbilhão de boas coisas acontece e continua acontecendo em nós, no plano espiritual: a conversão, a regeneração, a justificação, a adoção, a perseverança, a glorificação etc.

Como explicar todas essas questões? Algumas são e continuarão sendo segredos divinos; porém, outras já nos foram dadas a conhecer pela palavra de Deus. Nosso propósito, nesta nova série de lições, é examinar aquilo que foi revelado na Bíblia Sagrada acerca da obra redentora de Cristo. Vamos, em primeiro lugar, analisar o plano da salvação: veremos o que aconteceu, no início da nossa história, que fez o ser humano se afastar de Deus; também veremos o projeto divino para redimir a humanidade. Depois, em segundo lu-gar, iremos estudar o processo da salvação. Sabemos que, desde a conversão até glorificação, existe uma longa estrada a ser percorrida pelo cristão. Vamos analisar passo a passo este processo.

Que o Espírito Santo nos guie, nesta jornada de aprendizado, para en-tendermos o que Paulo quis dizer, quando escreveu: Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é um presente de Deus (Ef 2:8 – grifo nosso). Conhecendo um pouco mais sobre este presente ime-recido, sejamos mais gratos àquele que, para nos conceder tal presente, mor-reu por nós na cruz.

A Ele, toda glória. Amém!

Pr. Alan Pereira Rocha

Diretor do Departamento de Educação Cristã

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O ser humano degenerado

pelo pecado (nasce morto

em delitose pecados):

Vive para si mesmo,

cegado pelo deus

deste século.

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O ser humano regenerado

por Deus tem vida plena:

Volta a viver para a glória

de Deus (propósito original).

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Tudo o que é contrário

ao propósito original de

Deus (ímpios, Satanás e

seus agentes).

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Santifi cação (processual)Perseverança

Possibilidade de retorno

ao plano original.

Morte de Cristo

O ser humano gerado por

Deus tem vida plena:

Criado para viver para

a glória de Deus.

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

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O ser humano degenerado

pelo pecado (nasce morto

em delitose pecados):

Vive para si mesmo,

cegado pelo deus

deste século.

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O ser humano regenerado

por Deus tem vida plena:

Volta a viver para a glória

de Deus (propósito original).

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Tudo o que é contrário

ao propósito original de

Deus (ímpios, Satanás e

seus agentes).

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Santifi cação (processual)Perseverança

Possibilidade de retorno

ao plano original.

Morte de Cristo

O ser humano gerado por

Deus tem vida plena:

Criado para viver para

a glória de Deus.

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

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8 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

ANTIGO TESTAMENTOGênesis GnÊxodo ExLevítico LvNúmeros Nm Deuteronômio DtJosué JsJuízes JzRute Rt 1 Samuel 1 Sm 2 Samuel 2 Sm1 Reis 1 Rs2 Reis 2 Rs1 Crônicas 1 Cr 2 Crônicas 2 CrEsdras Ed Neemias NeEster EtJó JóSalmos SlProvérbios PvEclesiastes EcCantares CtIsaías IsJeremias JrLamentações LmEzequiel Ez Daniel DnOséias OsJoel JlAmós AmObadias Ob Jonas JnMiquéias MqNaum NaHabacuque HcSofonias SfAgeu AgZacarias ZcMalaquias Ml

NOVO TESTAMENTOMateus MtMarcos McLucas LcJoão JoAtos AtRomanos Rm1 Coríntios 1 Co2 Coríntios 2 CoGálatas GlEfésios EfFilipenses FpColossenses Cl1 Tessalonicenses 1 Ts2 Tessalonicenses 2 Ts1 Timóteo 1 Tm2 Timóteo 2 TmTito TtFilemon FmHebreus HbTiago Tg1 Pedro 1 Pe2 Pedro 2 Pe1 João 1 Jo2 João 2 Jo3 João 3 JoJudas JdApocalipse Ap

ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIA UTILIZADAS NAS LIÇÕES

ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES

AM A MensagemARA Almeida Revista e AtualizadaARC Almeida Revista e CorrigidaAS21 Almeida Século 21ECA Edição Contemporânea de AlmeidaNVI Nova Versão InternacionalKJA Tradução King James AtualizadaBV Bíblia VivaNBV Nova Bíblia VivaBJ Bíblia de JerusalémTEB Tradução Ecumênica da BíbliaNTLH Nova Tradução na Ling. de Hoje

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Hinos sugeridos – BJ 323 • BJ 33

16 DE OUTUBRO DE 2012

Criados para a glória de Deus

Acesse osComentários Adicionais

e os Podcasts deste capítulo em

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OBJETIVO

Mostrar ao estudante da palavra de Deus como os seres humanos foram criados e para que foram criados, e encorajá-lo, com isso, a viver de modo a agradar ao seu criador.

TEXTO BÁSICO

Façamos os seres humanos à nossa imagem, de forma que reflitam a nossa natureza. (Gn 1:26 – AM)

LEITURA DIÁRIA

D 30/09 Gn 1:26-27

S 01/10 Gn 2:7

T 02/10 Ec 7:29

Q 03/10 Sl 104:31

Q 04/10 1 Co 10:31

S 05/10 Gn 2:1-3

S 06/10 Cl 3:9-10

INTRODUÇÃO

“Errar é humano”. Quem já não disse ou ouviu essa frase? Será que ela é mesmo ver-dadeira? Se estudarmos a natureza humana, a partir da queda, sim. Contudo, se estudarmos a natureza humana, a partir da criação, não, pois, por causa da queda, todos os seres hu-manos já nascem pecadores e com tendência ao pecado. Mas nem sempre as coisas foram assim. Houve um período da história do ser humano em que errar não fazia parte da sua natureza. O ser humano não foi criado para errar. Para entendermos melhor essas ques-tões, estudaremos alguns aspectos da criação do ser humano: por que fomos criados, como fomos criados, dentre outras coisas.

Sem sombra de dúvida, cremos que o ser hu-mano foi criado por Deus: ... homem e mulher os criou (Gn 1:27 – NBV). Se crêssemos que ele

I PARA MEDITAR

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Morte de Cristo

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

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10 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

faz parte de um processo de milhões de anos de evolução, como a maior parte dos cientistas tenta provar, não faria sentido estudarmos o tema pro-posto, porque a vida não teria sentido. Se a evolução fosse verdade, não se-ríamos criaturas criadas com um pro-pósito (aliás, não seríamos nem criatu-ras!), mas existiríamos a partir do aca-so, “vindos do nada, voltando para o nada e, portanto, nada sendo”.1 Não podemos acreditar nisso! Deus fez os céus e a terra, e tudo quanto há neles (Ne 9:6 – NBV), e fez com um propósito. Passemos a analisar alguns aspectos relacionados à nossa criação.

1. Como fomos criados? Por três vezes, Gênesis 1:27 testemunha que o ser humano existe por causa de um ato criativo de Deus: Criou... criou... criou. Nesse capítulo e no segundo, encontramos seis particularidades desse ato criativo que precisam ser mencionadas: A primeira é o con-selho divino. Antes da criação do ser humano, Deus reflete sobre ela: Façamos o homem à nossa imagem (Gn 1:26). É muito provável que este conselho tenha se realizado entre a triunidade. São as pessoas da triuni-dade divina deliberando sobre a cria-ção do ser humano. Essa informação não se repete com relação a nenhum outro ser criado.

A segunda particularidade pre-sente no texto é o método divino. A

1. Lima (2006:151)

maneira usada por Deus para criar o ser humano foi singular. Com rela-ção ao restante da criação, o texto nos mostra Deus dizendo: Haja... Produza... Ajuntem... Mas, no to-cante aos seres humanos, o texto nos diz: Criou, pois, Deus o homem (Gn 1:27); Formou o Senhor Deus o homem (Gn 2:7). A criação do ho-mem foi especial, sem precedentes! A palavra hebraica traduzida pelo verbo “formar” faz lembrar o oleiro criando uma obra de arte com suas mãos habilidosas. Além do conselho e do método divino, a terceira parti-cularidade do ato criativo é a repre-sentação divina. O homem é de uma categoria distinta e mais elevada, em relação a todas as demais criaturas. Ele é o único ser criado à “imagem e semelhança” de Deus (Gn 1:27). Pela importância do assunto, nós o estudaremos com mais detalhes no item seguinte.

Já a quarta particularidade pre-sente no texto é a constituição do ser humano. Diz a Escritura: Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente (Gn 2:7). Para entendermos esse texto e nossa constituição, propomos a seguinte equação: corpo (pó da terra) + espírito (fô-lego de vida) = alma (ser total). A alma é a totalidade do ser. Somos seres integrais e não divisíveis. A fusão entre corpo e espírito resul-tou na alma, e a dissolução desses

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elementos resulta em morte. Não existe corpo humano sem espírito, nem espírito sem corpo.

Quanto à quinta particularidade, o texto mostra a distinção entre os seres humanos: Desde o início da criação, Deus criou o ser humano com uma distinção de gênero ou sexo: “homem e mulher” (Gn 1:27). A explicação detalhada de como tudo aconteceu encontra-se no ca-pítulo 2 de Gênesis. Sendo assim, quem nasce homem, deve louvar a Deus por ter nascido homem; quem nasce “mulher”, deve louvar a Deus por ter nascido “mulher”. Homens devem aceitar a masculinidade e mu-lheres devem aceitar a feminilidade.

A sexta e última particularidade do ato criativo, segundo o texto, é a posição dos seres humanos. Isso implica que o ser humano fora colo-cado para “dominar” as coisas cria-das por Deus (Gn 1:18), que deveria ser o “administrador de Deus neste mundo”.2 A Bíblia diz: Tu nos encar-regaste de cuidar do mundo feito por tuas mãos (Sl 8:6 – AM).

2. Somos representantes de Deus: Conforme mencionamos no item anterior, somente nós, se-res humanos, temos a imagem de Deus (Gn 1:26-27). Isso significa que somos seus representantes na terra.3 As palavras hebraicas que

2. Idem, p. 165.

3. Grudem (1999:364).

exprimem “imagem” e “seme-lhança” são tselem e demût, res-pectivamente. Referem-se a algo similar, mas não idêntico à coisa representada. Portanto, para os primeiros leitores de Gênesis, Fa-çamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança sig-nificava: “Façamos o homem como nós, para que nos represente”.4

No Antigo Oriente Próximo, as imagens e estátuas eram usadas para representar deidades e reis, como se eles mesmos estivessem presentes. Da mesma forma, como imagem de Deus, o ser humano foi criado para representá-lo.5 Enten-damos: ele não é divino, mas foi criado para refletir o caráter divino.6 É importantíssimo que tenhamos essa consciência sobre nossa natu-reza. Precisamos entender também que a entrada do pecado (Gn 3) dis-torceu essa imagem de Deus, mas não a extinguiu7 (cf. Tg 3:9).

A expressão traduzida por “Te-nha ele domínio” (Gn 1:26) tam-bém está ligada à imagem e seme-lhança divina, pois aponta para a missão de regente do mundo dada por Deus ao ser humano. Para re-alizar a tarefa de representar Deus e ser seu administrador, o ser hu-mano foi capacitado com algumas

4. Idem.

5. Zuck (2009:26).

6. Lima (2006:163).

7. Idem.

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12 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

características que o assemelham ao seu criador:8 possui personali-dade individual, conjunto de valo-res e responsabilidades; é também dotado de racionalidade, e, por isso, pode se relacionar, de manei-ra consciente, com o restante da criação e com o próprio criador. O ser humano também foi dotado de moralidade, o que significa que tem a capacidade de fazer julgamento moral. Ele foi criado moralmente bom e sem pecado: Deus fez o ho-mem justo (Ec 7:29). Além disso, re-cebeu liberdade, porque Deus, que é um ser livre, o fez livre, com capa-cidade de amar, desejar, obedecer etc., bem como de escolher não fa-zer essas coisas. Assim, se temos ca-pacidade de escolher, pensar, criar, amar e adorar, é porque Deus quis que fôssemos parecidos com ele.

3. O propósito da nossa exis-tência: Há uma pergunta sobre nos-sa criação que precisamos responder, neste estudo. Por que o ser humano foi criado? Com toda a certeza, Deus tinha um objetivo em mente, ao nos criar. É de suma importância para nós sabermos disso. Já tentaram res-ponder a esta pergunta dizendo que Deus fez os seres humanos porque estava se sentindo sozinho. Obvia-mente, esta teoria peca, quando não leva em conta que Deus é um ser triunitário, isto é, que coexiste eter-

8. Severa (2008:190-194).

namente em três pessoas, distintas e coiguais – o Pai, o Filho e o Espírito Santo –, que vivem em comunhão e se bastam. Deus não precisa dos seres humanos para preencher ne-nhum vazio em seu ser.

Alguns também já defenderam, e ainda defendem, que Deus criou os seres humanos porque que-ria alguém que o amasse de livre e espontânea vontade. Mas será mesmo? Os anjos, que já existiam muito antes do ser humano, já não o amavam por livre escolha? Deus já não tinha estes seres criados por ele? É claro que sim! Tanto é que al-guns dentre eles (1/3) se rebelaram por livre escolha (2 Pd 2:4; Jd 6; Ap 12:7) e a maioria escolheu não se rebelar (2/3). Deste modo, essa te-oria erra, também, porque, de algu-ma maneira, dá demasiado valor ao ser humano.9 Para entendermos por que fomos criados, precisamos dire-cionar o nosso foco para Deus. Nós só existimos por causa dele. Sendo assim, o propósito de nossa existên-cia está nele.

Como um artista se sente reali-zado, diante de um trabalho, Deus se alegra por suas obras (Sl 104:31). Nós existimos para alegria do cria-dor, para o louvor de sua glória, como afirma o salmo: ... criei para minha glória (Is 43:7). Todas as coi-sas existem por ele e para ele. Exis-timos “para glorificá-lo e para nos

9. Lima (2009:165).

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alegrarmos nele”.10 Portanto, cien-tes disso, precisamos nos esforçar ao máximo para fazer tudo para a glória de Deus, como nos ensina Paulo, em 1 Co 10:31. Aqui, ele deixa claro que glorificamos a Deus quando come-mos e bebemos. É bom entendermos isso para não acharmos que só glo-rificamos a Deus quando praticamos atividades que consideramos “espiri-tuais”. Aliás, quando entendemos o ser humano como ser integral, nem podemos fazer distinção entre o que é ou não espiritual. Planejar o futuro, criar filhos, ir à igreja, praticar espor-tes, namorar, trabalhar, enfim, tudo deve e pode ser feito para a glória de Deus. Tudo que Adão e Eva fizessem seria parte da adoração a Deus.

4. Plenamente realizados: Adão e sua mulher viviam em um paraíso, um lugar de delícias.11 A vida deles era feliz, plena em harmonia! Esse era o plano original. Analisando o relato da criação, Lima12 explica que Deus idealizou três tipos de relacionamen-tos que fariam com que o sentido da vida humana fosse completo: o espi-ritual, o social e o cultural. Quando esse autor trata de relacionamento espiritual, está se referindo à intera-ção dos seres humanos com Deus, ao fato de que, desde o início, Deus nos fez para sermos seus amigos e

10. Idem. Idem.

11. Hoff (2003:27).

12. (2009:166-170). (2009:166-170).

termos comunhão com ele. Na cria-ção, temos provas disso. Uma destas é a instituição do sábado (Gn 2:1-3). Neste dia, Deus não nos proporciona apenas o descanso físico, mas, acima de tudo, uma oportunidade para nos relacionarmos com ele de maneira mais reservada. A “imagem e se-melhança” divina em nós também é uma prova de que fomos feitos com capacidade de nos relacionarmos com o criador. Lima ainda lembra que o Gênesis conta que Deus vinha encontrar-se com os seres huma-nos na viração do dia (cf. Gn 3:8).

Já no que diz respeito ao rela-cionamento social, trata-se de uma referência à interação dos seres hu-manos entre si. O Senhor não quis que o homem vivesse sozinho e o abençoou com uma companhei-ra (Gn 2:18). A família foi ideia de Deus. Eles foram abençoados e re-ceberam a ordem para se multipli-carem (Gn 1:27-28). Viver em famí-lia, casar-se, ter filhos e educá-los é bênção de Deus e traz satisfação para a vida humana. Entretanto, seria um grave erro restringirmos a frase: Não é bom que o homem esteja só (Gn 2:18) ao casamen-to. A solidão não é boa, pois Deus nos fez seres sociais e nos presen-teia com amizades. Os seres huma-nos precisam dos relacionamentos interpessoais para serem felizes.

Quanto ao relacionamento cul-tural, Lima o apresenta como o re-lacionamento do ser humano com

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14 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

todas as coisas criadas por Deus, que lhe deu responsabilidades com rela-ção a este mundo. Isso implica que a humanidade tem a responsabilida-de pelo controle da exploração dos recursos naturais do planeta em que vive. Todo ser humano tem o dever de zelar pelo meio ambiente, espe-cialmente os cristãos.

Foi possível perceber, pelo estu-do desta lição, o quanto nós, seres humanos, fomos criados de manei-ra especial. Não viemos do nada! Deus decidiu nos criar para sermos

seus representantes. Ele nos fez se-res integrais. A nossa criação trouxe alegria ao nosso criador, que nos fez para sua glória. Este é o fim últi-mo da nossa existência: viver para a glória de Deus. Além disso, três re-lacionamentos foram estabelecidos para tornar nossa vida completa: com Deus, com o nosso próximo (o que inclui a família) e com as coisas criadas. Diante disso, na próxima parte desta lição, pensaremos em algumas questões práticas quanto a essas verdades.

01. A Bíblia testemunha que fomos criados por Deus? Se crêssemos que fazemos parte de um processo evolutivo, nossa vida teria sentido? Leia o primeiro parágrafo do comentário anterior e Ne 9:6.

02. Leia Gn 1:26-27, 2:7; o item 1, e comente sobre as peculiaridades da criação do ser humano.

03. Após ler o Sl 8:6 e o item 2, comente com a classe o que significa dizer que fomos feitos à “imagem e semelhança” de Deus.

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1. Representemos a Deus de forma submissa.

O grande problema do ser huma-no, no início, não foi só desenvolver mal o seu papel de administrador, mas querer o lugar de Deus. O ad-ministrador quis ser o próprio dono de todas as coisas. Com o pecado, porém, a ordem de Deus de “domi-nar” (reger) não foi anulada, porque a imagem divina não se desfez no ser humano. A imagem de Deus está desfigurada nos seres humanos. Eles não “dominam” como Deus, mas administram com base nos seus pró-prios interesses. Contudo, de acordo

com Cl 3:10, aqueles que entrega-ram sua vida a Cristo se vestiram com uma nova natureza. Trata-se, segundo esse texto, de uma nova pessoa que Deus, o seu criador, está sempre renovando para que ela se torne parecida com ele. Deus está restaurando a sua imagem em nós! Um dia, seremos como ele é (1 Jo 3:2). Até lá, continuemos sempre dependentes dele. Administremos, com cuidado, tudo o que ele nos confiou. Lutemos a favor da vida, da preservação da natureza, contra as drogas e contra tudo que denigre a criação de Deus.

II PARA PRATICAR

06. Como representante de Deus, reflita sobre o que poderíamos fazer de modo prático para cumprir este nosso papel.

04. Com base em Sl 104:3; 1 Co 10:31, e no item 3, fale sobre a razão de Deus ter criado o ser humano.

05. Segundo o relato da criação, Deus idealizou três relacionamentos para tornar a vida humana mais completa. Que relacionamentos são esses? Leia o item 4.

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16 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

2. Glorifiquemos a Deus de ma-neira integral.

Existimos para a glória de Deus! Não fazemos isso apenas quando estamos na igreja ouvindo um ser-mão, ou quando dizemos: “Glória a Deus!”, num culto público. Não! Agradamos a Deus quando vivemos como ele planejou que vivêssemos, e isso inclui todas as áreas da vida. Nós o glorificamos quando trabalhamos

honestamente (afinal, o trabalho foi criado por Deus, antes da queda), quando gastamos tempo educando nossos filhos e ouvindo o cônjuge, quando respeitamos os semelhan-tes (mesmo que não sejam cris-tãos), quando obedecemos a Deus, quando vivemos em comunhão com Deus, enfim, quando vivemos a nos-sa vida como um presente do criador (Ec 9:7-10).

07. O que significa “viver para a glória de Deus”? Onde fazemos isso?

MINHA DECISÃO

Comprometo-me, diante de tudo que estudei nesta lição, a fa-zer de tudo para viver para a glória de Deus. Sei que, por causa da presença do pecado, todo esse projeto do criador sofreu altera-ções (a natureza, as pessoas, o relacionamento entre nós e Deus); mas a salvação nos coloca de novo nesse caminho. Com a ajuda de Deus, podemos tratar as pessoas à nossa volta com respeito, e podemos glorificá-lo em todas as nossas ações. Comprometo-me a me esforçar para ser um bom administrador do mundo em que vivo, que foi criado por Deus e será restaurado, um dia (Rm 8:19-20). Até lá, farei minha parte, sem divinizar a criação. Orarei para que o Senhor me ajude a colocar em prática todos os propósitos que ele tinha em mente, ao nos criar. Que ele me ajude!

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Hinos sugeridos – BJ 138 • BJ 238

213 DE OUTUBRO DE 2012

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OBJETIVO

Mostrar ao estudante da palavra de Deus que o ser humano, criado para a glória divina, no uso de seu livre arbítrio, escolheu desobedecer ao criador e, até hoje, sofre as consequências dessa decisão.

TEXTO BÁSICO

... mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gn 2:17)

LEITURA DIÁRIA

D 07/10 Gn 2:17

S 08/10 Gn 3:1-13

T 09/10 Gn 3:14-24

Q 10/10 Rm 3:23

Q 11/10 1 Jo 3:4

S 12/10 Jo 8:34

S 13/10 Rm 5:12

INTRODUÇÃO

Imagine a tristeza que é ter uma viagem de férias dos sonhos interrompida por causa de um desastre. O que, antes, era alegria, torna--se desgosto. Sorrisos tornam-se prantos e o sonho vira um pesadelo. Imagine ter de refa-zer todos os planos, voltar levando na mala prejuízos irreparáveis, e, o que é pior, ficar com o peso na consciência, por saber que aquele acidente poderia ter sido evitado. Essa cena tem muito a ver com o estudo de hoje. Vamos aprender que, no início do mundo, o ser humano vivia feliz num paraíso, onde tudo era perfeito; mas, por uma escolha errada, co-locou tudo a perder. Houve um desastre no percurso. Nesta lição, estudaremos sobre o pecado de Adão e Eva e sobre os terríveis re-sultados que isso trouxe à raça humana.

Ao longo da sua história, a humanidade presenciou inúmeras catástrofes e tragédias que lhe ocorreram; mas, sem dúvida, a pior

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Morte de Cristo

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

I PARA MEDITAR

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18 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

de todas chame-se pecado. Na Bí-blia, este é tratado com extrema seriedade, por ser a causa de todo o mal que já existiu e continua exis-tindo no mundo. Por isso, Deus, que sabe bem como isso acontece, não o admite em hipótese alguma. O termo grego traduzido por pe-cado é hamartía, que tem, em seu sentido mais primário, a ideia de “um desvio da rota marcada pelo Criador”.1 Com base em Gênesis 3, registro inspirado de um fato histó-rico, vamos descobrir como o pe-cado entrou no mundo e por que precisamos tanto de Jesus Cristo.

1. A queda dos seres humanos: Se você puder, leia agora Gênesis 3:1-6. Neste texto, temos o relato daquela antiga e conhecida história do jardim do Éden, de quando Adão e Eva foram seduzidos por uma ser-pente e desobedeceram a Deus, caindo em pecado, ao comerem o fruto proibido (Gn 3:6). Sabemos que, por trás daquela serpente, es-tava o diabo (cf. Ap 12:9). Este era um anjo de luz, cuja rebelião contra Deus, no céu, chegou à terra e, in-felizmente, atingiu a humanidade. Satanás convenceu o homem a pe-car, questionando e distorcendo a palavra de Deus (Gn 3:2-5).

Deus havia ordenado: De toda árvore do jardim comerás livremen-te, mas da árvore do conhecimento

1. Wiley; Culbertson (2009:173).

do bem e do mal não comerás; por-que, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2:16-17). Mas o maligno contradisse a ordem divina, declarando: Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus (Gn 3:4-5). O primeiro casal sentiu--se, então, tentado, e escolheu de-sobedecer a Deus, fazendo o que o diabo havia sugerido. Por que Deus não impediu a queda do homem? Por que ele permitiu a tentação? Perguntas desse tipo têm sido fei-tas, muitas vezes, e, quando vistas de maneira superficial, parecem mostrar que Deus é o responsável pela queda humana.

Ao permitir a tentação, Deus es-tava dando ao ser humano a opor-tunidade de lhe obedecer livremen-te, sem que fosse forçado a isso. Ele o criou livre e com o direito de fazer escolhas. Por isso, este era um risco inevitável: o ser humano seria posto à prova, com a clara possibilidade de pecar. Logo, apesar de seu es-tado de inocência, estava suscetível ao erro.2 Mas, assim, teria a chance para decidir, com liberdade, entre o certo e o errado. A única maneira de Deus impedir que ele caísse era negar-lhe o livre arbítrio. Contudo, o criador queria que os humanos o amassem de forma livre e espontâ-nea, não como robôs programados;

2. Williams (2011:204).

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por isso, permitiu-lhes as opções (cf. Gn 2:16-17).

Mas por que “não comer” o fru-to era tão importante? A grande questão era o que estava por trás deste ato. Ao comer o fruto proi-bido, o ser humano estava dizendo que não queria o governo de Deus em sua vida, que não precisava mais de Deus. Essa é a maior tolice humana, pois só Deus é autossufi-ciente. Nas palavras de Paulo, ele mesmo dá a todos a vida (...) nele vivemos, nos movemos e existimos (At 17:25,28). A desobediência, neste caso, era declarar-se livre e independente dele. O curioso é que a serpente do Éden “deu o bote” exatamente nessa questão, ao dizer: ... vocês serão como Deus (Gn 3:5). Satanás estava plantando a semente da rebelião e da ingra-tidão no coração humano. O tris-te é que, de acordo com o relato bíblico, sua tática deu certo: Ven-do a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar enten-dimento, tomou-lhe do fruto e co-meu e deu também ao marido, e ele comeu (Gn 3:6).

2. As consequências da que-da: Ao proibir o casal de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2:16-17), Deus mostrou a consequência da deso-bediência: ... no dia em que dela comeres, certamente morrerás.

O primeiro casal, porém, prefe-riu confiar na astuta serpente a acreditar no Altíssimo. Assim, a consequência prevista por Deus se concretizou: sentença de mor-te! Aqui, é interessante observar que, na língua original do texto, o sentido literal da expressão tradu-zida por “certamente morrerás” é: “morrendo, morrerá”. Com base nesta expressão, é possível entender que Adão não morreria imediatamente, assim que pecas-se, mas entraria num processo de morte; passaria por uma deterio-ração crescente e rápida, até mor-rer completamente.

Esse processo de morte está bem explícito em Gênesis 3:7-24, que mos-tra a consequência inicial e imediata do pecado de Adão e sua mulher: o peso da culpa. A narrativa bíblica diz que, tendo o casal comido o fruto proibido, abriram-se, então, os olhos de ambos; e percebendo que esta-vam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si (Gn 3:7). A culpa levou o casal a tentar, inútil e desesperadamente, fugir da presença de Deus, esconder-se por detrás de um arbusto e cobrir a vergonha da nudez com folhas da figueira.

A razão de Adão e Eva se sentirem culpados é que conheciam seu direi-to de escolha e, conscientemente, escolheram o erro. Com isso, quebra-ram o relacionamento pessoal com Deus. A culpa, como denúncia da sua consciência, despertou neles o senso

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20 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

de inadequação diante do criador. Apesar disso, tiveram de encarar o Senhor do Universo. De acordo com Gn 3:14-19, após punir a serpente, Deus declarou ao homem e à mulher tudo que sofreriam por causa do seu pecado. Eles descobriram, de forma amarga, o significado da expressão “certamente morrerás”.

Sobre isso, Wiersbe3 comenta que o amor de Deus pelo pecador jamais elimina sua abominação santa pelo pecado. O castigo pelo pecado foi fatal: Adão e Eva passaram a conhe-cer a dor, o sofrimento, o cansaço, a doença, a discórdia, a tristeza, o pranto; passaram a experimentar a morte em todos os sentidos: espi-ritual, moral e física; tornaram-se inimigos de Deus; perderam a vida eterna, e foram expulsos do paraí-so, sem direito a nada. A queda do primeiro casal atingiu toda a raça humana; trouxe maldição de morte sobre todos. Em Gênesis 3, vemos que o pecado é gerador de todas as mazelas do mundo.

3. A condição da raça humana: Por causa daquele ato, conhecido como pecado original, todos os des-cendentes de Adão e Eva já nascem escravos do pecado (Jo 8:34) e de Satanás (Ef 2:2). Por causa disso, já vêm ao mundo condenados à morte eterna (cf. Rm 5:12, 3:23, 6:23). Ao pecar, o ser humano desejava ser li-vre, mas, ao invés disso, tornou-se

3. (2006a:38).

servo de seus desejos pecaminosos. O pior é que Adão e Eva pecaram como legítimos representantes da raça humana, o que significa que o veneno de seu pecado atingiu seus descendentes e que, portanto, to-dos pecaram (Rm 5:12).

O ser humano não é apenas pe-cador por escolha, mas também por natureza: já nasce inimigo de Deus (Ef 2:3); não apenas pratica o mau periodicamente: ele é, por natureza, mau, pois é um ser decaído. Veja o que a palavra afirma sobre a condi-ção da raça humana sem Jesus: Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, nin-guém que busque a Deus. Todos se desviaram (...), não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer (Rm 3:10-12). Em seguida, a Bíblia apresenta a razão: ... pois todos pe-caram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23).

Herdamos de Adão a natureza pecaminosa e decaída. Por causa desta, temos prazer em pecar e so-mos atraídos pelo “lixo” do mundo; temos dificuldade para fazer o que é certo e uma grande facilidade para fazer o que é errado. Apesar de uma ação parecer boa aos nossos olhos, Deus sabe a real motivação do nosso coração. Ele sabe que o pecado está tão arraigado na nossa natureza que não conseguimos nos livrar de sua força destrutiva, nem abandoná-lo pelo nosso próprio esforço. Conse-guimos “até controlar algumas ati-

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tudes pecaminosas, mas não pode-mos deixar de ser pecadores”.4

Como escravos do pecado (Rm 6:16) e descendentes de Adão, não conseguimos nos libertar sem Jesus: sequer sabemos que precisamos nos libertar. Pensamos que tudo que existe é comida, bebida, diversão e, depois, morte. Os planos eternos de Deus para nós são desconhecidos, pois o inimigo cegou-nos o enten-dimento (2 Co 4:4). Não podemos, por nós mesmos, fazer o bem (Mt 7:17,18; Rm 8:7), nem entender (Jo 8:43; 1 Co 1:18, 2:14) ou desejar o bem (Jo 5:40). As folhas de figuei-ra não são suficientes para resolver nossos problemas. Jamais consegui-remos fazer algo que convença Deus a salvar-nos por causa de nossos fei-tos. Somos totalmente incapazes de nos salvarmos.

4. Lima (2006:205).

Vimos, neste estudo, que o ser hu-mano, criado para a glória de Deus, no uso de seu livre arbítrio, escolheu desobedecer ao criador e, até hoje, sofre as consequências dessa decisão. Em Gênesis 3, encontramos o relato a respeito do pior desastre que a huma-nidade já experimentou. Lá no Éden, o primeiro casal foi convencido pela serpente de que poderia ser indepen-dente de Deus. Quando Adão e Eva se deram conta de seu erro, já era tarde. Tudo estava arruinado. Os relaciona-mentos com Deus e com o próximo estavam comprometidos. Eles estavam expulsos do paraíso e só lhes restava a morte. Estavam perdidos! Contudo, ainda havia uma esperança! Deus ti-nha uma saída. No meio deste trágico e triste capítulo, há uma promessa. O bondoso criador promete que, a partir da mulher, nasceria aquele que esma-garia a cabeça da serpente (Gn 3:15). Nos próximos estudos, veremos como essa promessa se cumpriu.

01. Leia Gn 2:15-17, 3:1-6; o item 1, e responda: Como se deu a queda do homem? Fale sobre a capacidade humana de fazer escolhas e também sobre a oportunidade concedida por Deus, ao permitir a tentação.

02. Após ler Gn 3:7-11 e os primeiros parágrafos do item 2, defina o que é culpa e como ela se manifestou em Adão e Eva, após o pecado.

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22 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

03. Quais foram as consequências do pecado de Adão e Eva? Como isso afetou toda a humanidade?

04. Após ler o item 3; Jo 8:34; Ef 2:2; Rm 3:9-23, responda: Qual é a condição da raça humana, após o pecado original?

05. Leia o item 3 e responda: O que é natureza pecaminosa? Comente sobre a situação do homem na escravidão do pecado e sobre sua impossibilidade de mudar seu estado.

II PARA PRATICAR

1. Reconheça a gravidade do pecado.

O relato da queda do ser humano é um alerta sobre a gravidade do pe-cado. Observe que a primeira deso-bediência parecia coisa trivial; porém, os resultados foram catastróficos. O pecado é grave porque tem seu início

na rebelião e na ingratidão. Seu fim é sempre a morte, porque o salário do pecado é a morte (Rm 3:23). Este alto custo virá, ainda que o tentador insista em enfatizar o prazer momen-tâneo da transgressão. Portanto, não se engane e não brinque com pecado (Is 59:1-2; Jo 8:34; Tg 1:15).

06. Leia a segunda aplicação; Rm 3:23; Jo 8:34; Tg 1:15, e responda: Por que o pecado é tão grave?

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2. Reconheça a necessidade de salvação.

Quando Adão e Eva pecaram, fi-zeram aventais de folhas de figueira para cobrir sua culpa e sua vergo-nha. Isso, porém, não foi suficien-te, pois tiveram que se esconder de Deus (Gn 3:7-8). O Senhor teve de matar um animal, tirar-lhe a pele e produzir roupas para o casal (Gn 3:21). Isso nos mostra que o ser hu-mano é incapaz de se salvar com seus recursos. É por isso que care-cemos de um salvador. Precisamos

de Deus para nos livrar das garras do inimigo e nos tornar livres da escravidão do pecado. Só ele pode nos livrar da condenação da morte. Louvado seja a Senhor, pois tomou a iniciativa de salvar a humanidade. A Bíblia diz que Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigê-nito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Jesus é o Salvador enviado para nos libertar. Ele é o Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo (Ap 13:8).

07. Leia a terceira aplicação; Gn 3:7-8,21; Jo 3:16; Ap 13:8 e responda: Por que precisamos de um salvador?

MINHA DECISÃO

Deus não criou robôs que, programados, fazem apenas o que os programas lhes permitem; ao contrário, criou seres livres, com vontade própria e inteligência suficiente para reconhecer que o pecado nunca compensa e que aqueles que a ele se entregam tornam-se escravos. Sabendo que não posso subestimar a gravi-dade do pecado, comprometo-me, como filho de Deus, a sempre confiar em sua palavra e usá-la como bússola para a minha vida. Quero que o Senhor me ajude a sempre tomar decisões que glori-fiquem o seu nome.

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24 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Hinos sugeridos – BJ 82 • BJ 194

320 DE OUTUBRO DE 2012

O meu Salvador

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OBJETIVO

Mostrar ao estudante que Jesus é o único meio de salvação e que precisa admitir sua condição de pecador e aceitá-lo como o seu salvador, para ter o perdão de seus pecados e a vida eterna que só Cristo oferece.

TEXTO BÁSICO

Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos. (At 4:12 – NVI)

LEITURA DIÁRIA

D 14/10 At 4:12

S 15/10 Gn 2:16-17

T 16/10 Rm 5:12; 6:23

Q 17/10 1 Pe 3:18

Q 18/10 At 2:23; Jo 3:16

S 19/10 Ef 5:2

S 20/10 Fp 2:9

INTRODUÇÃO

O Cristo se oferece: Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso (Mt 11:28). Todavia, ainda hoje, muitas pessoas não vão até ele, simplesmente por não saberem o quanto ele as ama e por não entenderem o que fez por elas! Nenhum remédio, ainda que seja o me-lhor, pode ser eficaz, se não for tomado. Jesus Cristo é o remédio para a pior de todas as do-enças da humanidade: o pecado. Não há sal-vação em nenhum outro (At 4:12a). Quando as pessoas que não o conhecem entenderem essa verdade, terão descoberto um grande se-gredo da Bíblia Sagrada.

Dê uma olhada em suas mãos. Olhe bem para elas. Veja se nelas existem cicatrizes, si-nais ou marcas de perfuração de cravos. Jesus sofreu isso por você! Mas não apenas isso; ele morreu por você. Segundo a Bíblia, há cerca de dois mil anos, Jesus veio ao planeta terra

I PARA MEDITAR

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Morte de Cristo

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

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com uma missão: salvar a humanida-de. Para isso, teve de morrer em uma cruz. É isso mesmo: numa cruz! Foi necessário que ele padecesse. Ele fez isso por você, para salvar a sua vida. Pense nisto: Por que Jesus tinha de me salvar? Salvar do quê? Por que teve que morrer? Será que não havia outro meio para me salvar?

1. A ofensa cometida: Se quiser-mos entender o porquê de tudo isso, precisamos lembrar, antes, o conteú-do da lição da semana passada, que teve como tema: “Desastre no per-curso!”. É indispensável saber o que aconteceu, lá no início do mundo, no jardim do Éden, onde tudo co-meçou. Ali, Deus criou o ser humano perfeito, para ser feliz e eterno. Ele o fez para ser seu amigo, e, de fato, eram amigos. No entanto, criou o homem e a mulher livres para esco-lherem ser ou não seus amigos, an-dar ou não com ele. A prova disso é a ordem dada pelo criador: De toda a árvore do jardim comerás livremen-te, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2:16-17).

O primeiro casal estava diante de uma decisão, no exercício de seu livre-arbítrio. Em Gênesis 2:16-17, fi-cou estabelecido um princípio divino: Quem obedece e anda com Deus, me-rece a vida; mas quem desobedece, virando as costas para Deus, merece a morte. As escolhas humanas teriam

consequências. Sabemos bem o que aconteceu, lá no jardim do Éden. A re-belião contra Deus, iniciada no céu e liderada por Lúcifer, chegou até a ter-ra, e nós, os seres humanos, aderimos a essa rebelião, quando Adão e Eva comeram daquele fruto (Gn 3:1-8). O homem escolheu desobedecer a Deus. Se desobedeceu, ele merece a morte, pois, como nos diz a Bíblia, o salário do pecado é a morte (Rm 6:23).

Sobre isso, o apóstolo Paulo escre-veu: … por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte pas-sou a todos os homens, porque to-dos pecaram (Rm 5:12). No mesmo sentido, Tiago disse: ... o pecado, após ter-se consumado, gera a mor-te (Tg 1:15b). A raça humana rebe-lou-se contra Deus e foi condenada à extinção eterna, por causa de sua transgressão. Essa é a nossa sina. Há uma maldição que pesa sobre nós e é esta: Desde a queda, todos os ho-mens e mulheres nascem inimigos de Deus e escravos do pecado, e, por causa disso, já nascem condenados.

O problema é que nenhum ser humano quer morrer. Fomos criados para vivermos eternamente, ao lado do nosso Pai. Ele pôs no coração do homem o anseio pela eternidade (Ec 3:11 – NVI). Por isso, ninguém aceita a morte. Não queremos morrer! Esse sentimento, em nós, é como um gri-to da alma. É como se disséssemos a Deus: “Pai, eu pequei e mereço morrer, mas, por favor, eu não que-

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26 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

ro morrer! Deixe-me viver”. Isso gera um “santo conflito” entre a justiça e o amor do criador. Tente imaginar isso: pela justiça divina, o ser humano pecou e deve morrer, mas, por outro lado, o Senhor o ama profundamente e deseja que ele viva. O homem é to-talmente incapaz de salvar a si mesmo. O que fazer, então? Deus tem a saída.

2. O substituto perfeito: Se hou-ve pecado, tem que haver morte, pois esse é o preço. Tal é a consequência de nossa rebelião. A Bíblia assevera: ... sem derramamento de sangue (morte), não há remissão de pecados (Hb 9:22). Este é o princípio estabele-cido por Deus (Gn 2:16-17), que não é homem para mentir, nem filho do homem para que se arrependa (Nm 23:19). Sua palavra não volta atrás. Porque ele é justo, o delito não pode ficar impune. Sendo assim, só havia uma saída para que os humanos fos-sem salvos: alguém tinha que assu-mir a culpa e morrer no lugar deles.

Era necessário um substituto. Mas este não poderia ser uma pessoa qual-quer. Um pecador não poderia mor-rer para salvar outro, uma vez que ele morreria por causa de sua própria ini-quidade. Era necessário alguém que não tivesse cometido pecados. Quem se habilitaria? Nenhum homem, em todo o mundo, seria capaz de salvar os outros, pois todos pecaram e es-tão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23). É aqui que entra, em nossa his-tória, Jesus Cristo, o Salvador. Ele se

fez carne (cf. Jo 1:14), isto é, tornou--se um humano e habitou conosco; veio se sacrificar por nós.

Sem a encarnação, nós não tería-mos um Salvador, porque, uma vez que Deus não pode morrer, esse Sal-vador deveria ser um humano, para que pudesse morrer. Todavia, um homem comum não teria o poder de salvar todos os demais, nem teria o valor pleno e eterno para pagar pelo pecado. Por isso, o Salvador também deveria ser Deus. Só assim teria esse poder. Assim, precisávamos de um Salvador que fosse Deus e homem, ao mesmo tempo. É exatamente isso que encontramos em nosso Jesus: ele é o Deus-homem1 (Hb 10:1-10); é o “novo Adão”; o novo represen-tante da raça (Rm 5:14); é o substi-tuto perfeito! O carpinteiro de Naza-ré viveu como um de nós, por mais de 30 anos, e foi tentado em tudo; porém, não pecou em nenhum mo-mento (Hb 4:15; 1 Pd 2:22).

Ora, se ele viveu como um de nós, aqui na terra, e não pecou, o que ele merece? É obvio que, conforme o princípio estabelecido pelo criador, em Gn 2:16-17, ele merece a vida (Rm 5:12-21). E nós, os pecadores, o que merecemos? Pelo mesmo princí-pio, merecemos a morte. Sendo as-sim, em seu infinito amor, Deus pro-põe uma substituição: Jesus tomaria o nosso lugar! Ele morreria a nossa morte, para nós vivermos a vida que

1. Ryrie (2004:281).

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era dele por direito! O que aconte-ceu, no Calvário, foi isto: uma troca de amor. Cristo pagou a nossa dívi-da. Ele anulou os nossos pecados. O Senhor sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus (1 Pd 3:18). Seu sacrifício oferece perdão, reconcilia os humanos com o criador e conce-de vida eterna àqueles que estavam condenados à destruição eterna.

3. O plano consumado: A cruz de Cristo não foi um acidente, mas um projeto divino. A morte de Jesus não ocorreu por acaso. O Salvador veio para ser o holocausto. Está es-crito: Deus, por sua própria vontade e sabedoria já havia resolvido que Je-sus seria entregue (At 2:23 - NTLH). Ele não morreu como um mártir, mas como o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (Jo 1:29). O Cal-vário é uma ideia de Deus. Por quê? Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigêni-to, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Para nos salvar, Deus en-viou o seu próprio Filho para a morte.

Jesus se despiu de sua glória, ves-tindo a roupa de servo, e marchou vitoriosamente para a cruz. Não ha-via um caminho mais fácil! A salva-ção, para você, é de graça, mas, para Deus, foi cara demais. Na mente do Pai, já havia um propósito, e tudo aconteceu como fora determinado. Um pouco antes de ir para o Calvário,

Jesus orou: Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres (Mt 26:39). Nesta oração, o lado humano de Jesus se aflorou, diante do horror que se apro-ximava. Ele pediu que, se, de alguma forma, fosse possível, o Pai fizesse a expiação da humanidade sem que ele tivesse de enfrentar a cruz, mas insistiu em que a vontade divina fos-se realizada. A Bíblia diz que, após a oração, ele não foi dispensado de sua missão, mas fortalecido para cumpri--la, pois apareceu-lhe um anjo do céu que o fortalecia (Lc 22:43).

Isso nos confirma que era desejo do Pai que Jesus levasse a cabo a obra da expiação, pois, para que o plano de salvação se consumasse, a morte de Cristo era inevitável.2 Essa era a vonta-de do Pai e também a vontade do Fi-lho. Ele podia ter desistido, mas foi até o fim, por nos amar: Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus (Ef 5:2). Ninguém poderia matá-lo, se ele não permitisse. Ele, voluntaria-mente, entregou a sua vida (Jo 10:18). Sua morte foi um ato altruísta. Seu sa-crifício, uma prova de amor.

Ah, como o Salvador sofreu! Nem mesmo o filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, considera-do pela crítica como de alto nível de violência, pôde dimensionar ou exaurir o tamanho do sofrimento

2. Cheung (2008:210).

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28 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

dele: ... foi esmagado por causa de nossas iniquidades (Is 53:5). Bem piores que as dores no corpo, fo-ram as dores na alma. O santo Jesus sentiu o “peso de consciência” de toda a humanidade (cf. Is 53:6,12); suportou tudo sem reclamar, e con-sumou a obra redentora. Lá na cruz, exclamou em alta voz: Tetelestai!, que significa: “Está consumado!” (Jo 19:30). Naquele tempo, era co-mum pregar-se um documento com a acusação na porta da cela de um preso condenado. Mas, quando este cumpria a pena, o documento era arrancado da porta e gravado sobre ele a palavra “Tetelestai”, para se declarar que a pena fora cumprida na sua totalidade. O documento era entregue nas mãos daquela pessoa e ninguém mais podia acusá-la da-queles crimes.3

3. Wiersbe (2006b:496).

Quando Jesus disse “Está consu-mado!”, estava dizendo: “A dívida está quitada!”. Ele pagou o nosso débito integralmente. Ali, Jesus per-doou nossos pecados, reconciliou--nos com Deus e concedeu-nos a vida eterna. Agora, pois, já nenhu-ma condenação há para os que es-tão em Cristo Jesus (Rm 8:1). Depois que morreu na cruz, Jesus foi sepul-tado, mas, ao terceiro dia, ressus-citou. O Salvador venceu a morte! Após cumprir sua missão, foi rece-bido pelo Pai, nos céus (Jo 16:10). A ressurreição e a ascensão são as maiores evidências de que Jesus Cristo é o Cordeiro perfeito, que pagou o preço total pelos pecados.4 Por isso, o Pai o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome (Fp 2:9). Seu nome é Salvador!

4. Hendriksen (2004:725).

01. Que princípio divino foi estabelecido pelo criador, em Gn 2:16-17? No Éden, o ser humano fez uma escolha (cf. Gn 3:1-6). O que ele merece com base nessa escolha?

02. Leia Jo 3:16; Rm 5:12-21, e responda: Como a justiça e o amor de Deus se harmonizam, no plano da salvação? Por que foi necessário um “substituto” para salvar a humanidade?

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03. Com base no item 2, responda: Por que Jesus foi o substituto perfeito?

04. Você concorda com a frase “A cruz de Cristo não foi um acidente, mas um projeto divino”? Leia o item 3; At 2:23; Jo 1:29; Ap 13:8.

05. Leia Is 53:1-12; Mt 26:39, e comente sobre o tamanho do sofrimento do Salvador. O que significa a expressão “Tetelestai”, de Jo 19:30?

II PARA PRATICAR

1. Você precisa admitir sua condi-ção de pecador.

O que você precisa fazer para des-frutar do perdão dos pecados e da salvação em Cristo? O primeiro pas-so é reconhecer que você é um pe-cador e merece o castigo divino. Na Bíblia, o pecado é algo gravíssimo; é a causa de todo o mal que já existiu e existe na humanidade; é rebelião contra o criador, e custou a vida do Redentor. Deus, que é santo, não aceita nenhum pecado, por menor

que seja. Por outro lado, segundo a palavra de Deus, todos os des-cendentes de Adão são pecadores indesculpáveis e indignos, perante Deus. Está escrito: ninguém é justo, nenhum sequer (...). Todos se desvia-ram, todos caíram no erro. A Bíblia também diz que todos fracassaram, e estão afastados da glória de Deus (Rm 3:10,12,23 – BV). Você se reco-nhece como um pecador? Reconhe-cer isso é admitir que você precisa da misericórdia de Deus.

06. Você se reconhece como um pecador? Em sua opinião, por que o pecado é algo tão grave para Deus?

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30 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

2. Você precisa aceitar Jesus como seu salvador.

O segundo passo que você pre-cisa dar, para desfrutar do perdão dos pecados e da salvação em Cristo, é ir até Jesus, crendo que a morte dele na cruz é suficiente para salvar você e quitar o seu débito com Deus. O perdão dos pecados e a vida eterna estão disponíveis a todos, através do sacrifício de Je-sus; contudo, como já vimos, assim como o remédio só fará efeito na saúde de quem o tomar, a salvação

só fará sentido na vida daquele que crer no Salvador (Mt 11:28-30; Jo 3:16-18). Você precisa saber que o Pai nos amou e enviou seu Filho como vítima de expiação pelos nos-sos pecados (1 Jo 4:12 – BJ). Tam-bém precisa entender que a todos que receberam Jesus, Deus deu o poder de serem feitos seus filhos. (Jo 1:14, compare com Rm 5:12-21). Recebendo-o como o Salvador e Senhor de sua vida, os seus peca-dos são cancelados e você se recon-cilia com o criador.

07. O que significa crer em Jesus? Por que devemos aceitá-lo em nossa vida? Comente como foi o momento em que você se decidiu a Cristo, aceitando-o como Senhor de sua vida.

MINHA DECISÃO

Comprometo-me a meditar no tamanho do amor de Cristo por mim: a pensar na cruz e no sofrimento do Salvador. Ele é o sobe-rano que se humilhou; o Deus bendito que se fez maldição por mim (Gl 3:13); aquele que tomou o meu lugar e, como repre-sentante da raça humana, cumpriu a lei que eu quebrei. Ele foi o meu substituto, na cruz; suportou a morte mais horrível para que eu tivesse vida com abundância (Jo 10:10). Comprometo-me a sempre crer em Jesus e tê-lo como meu Salvador e Senhor, a ser-lhe grato pelo seu amor. Obrigado, Senhor, por demonstrar o seu amor, ao morrer por nós; ajude-nos a mostrar o nosso amor, vivendo para ti.

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Hinos sugeridos – BJ 371• BJ 121

427 DE OUTUBRO DE 2012

Tão grande salvação

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OBJETIVO

Mostrar ao estudante da palavra de Deus o conceito de salvação, a sua base, a sua fonte e as suas etapas, também encorajá-lo a celebrar o amor de Deus e viver a vida que ele propõe.

TEXTO BÁSICO

...como escaparemos se esconsiderarmos tão grande salvação? Esta salvação, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi confirmada a nós pelos que a ouviram. (Hb 2:3)

LEITURA DIÁRIA

D 21/10 Hb 2:3; 5:9

S 22/10 Ef 1:3-12

T 23/10 At 2:23

Q 24/10 Gl 4:4-5

Q 25/10 Rm 8:28-31

S 26/10 1 Tm 1:15

S 27/10 1 Tm 2:1-6

INTRODUÇÃO

Chegamos ao quarto estudo desta nova sé-rie de lições, intitulada “Salvos pela Graça!”. Aqui, meditaremos sobre o significado de “sal-vação”. Este é, sem sombra de dúvida, um dos principais temas da Bíblia Sagrada. Contudo, o que essa palavra significa? Este plano de salva-ção que conhecemos é um plano “B” de Deus, por causa do pecado? Qual a sua base? Como podemos conseguir a salvação? Já somos salvos ou ainda seremos? É dessas questões que nos ocuparemos, pois, nas lições seguintes, apre-sentaremos como a salvação se aplica, passo a passo, na vida do salvo, e não podemos fazer isso, sem uma ideia geral do que esta significa. As três lições anteriores são importantíssimas neste entendimento, como veremos.

No Antigo Testamento, a palavra hebraica mais utilizada para “salvação” é yasha’. Seu significado primário estava ligado a algo “am-

I PARA MEDITAR

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Morte de Cristo

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

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32 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

plo” ou “aberto”, em contraste com algo “estreito” e “apertado”. Logo, significava liberdade daquilo que amarra e restringe1 (cf. Sl 20:6, 34:6; Is 12:2, 45:22, 43:11-12, 49:6). Já no Novo Testamento, duas palavras da mesma família são as mais utili-zadas para traduzir o que chama-mos de “salvação”: sõzõ e sõteria. Basicamente, significam “preserva-ção”, “recuperação”, “bem-estar”, “saúde” ou até mesmo “remédio”. Eram utilizadas, por exemplo, em re-ferência ao retorno em segurança de um homem para o seu próprio lar, depois de uma viagem;2 mas seu uso sempre estava mais ligado à ideia de preservação de perigo, doença ou morte (cf. Mt 9:22; At 27:20, 31). Na Bíblia, essas palavras são usadas para se dizer que Deus nos escolheu para a salvação (1 Ts 2:13) e que Jesus veio ao mundo para salvar (1 Tm 1:15). Você já se perguntou por que essas palavras foram escolhidas? Do que nós, seres humanos, preci-sávamos ser livres? Em que caminho precisávamos ser preservados? Que doença nos afetou?

1. O que não é salvação? Para tentarmos responder perguntas fun-damentais sobre a salvação, como as que acabamos de apresentar, preci-samos saber, antes, o que ela não é. Então, já de início, precisamos enten-

1. Ryrie (2004:323).

2. Barclay (1985:191).

der que salvação não é, simplesmen-te, um bilhete de entrada para o céu. Não serve apenas para nos dar vida eterna. O plano de Deus em Cristo é muito mais abrangente e significa muito mais do que isso. Para com-provarmos essa verdade, basta vol-tarmos para o livro de Gênesis: uma das consequências do pecado foi que Adão e Eva foram expulsos do jardim de Éden. O próprio texto mostra a ra-zão para isso: Não suceda que esten-da a mão e tome também da árvore da vida, coma e viva eternamente (3:22). Mesmo antes da cruz, Adão e Eva poderiam viver eternamente, se Deus houvesse permitido.

Nós sabemos que Deus disse que, se os seres humanos comessem do fruto da árvore da vida, certamen-te morreriam (2:17). O salário do pecado, então, era e é a morte (Rm 6:23). Contudo, o principal propósi-to de Deus com o plano de salvação, não foi o de dar a vida eterna. Se Deus estivesse simplesmente inte-ressado em que vivêssemos uma vida sem fim, bastaria deixar Adão e Eva comerem do fruto da árvore da vida, e pronto! Eles não iriam mor-rer e Jesus também não precisaria ter sofrido. Acontece que comer o fruto proibido constituiu-se um es-tado de rebeldia, de declaração de independência do ser humano para com o criador, um desvirtuamento na ordem das coisas criadas. Sendo assim, antes que este ser humano pudesse novamente ter vida eterna,

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este problema do pecado deveria ser solucionado. É exatamente aí que entra o plano de salvação para res-taurar o plano original de Deus.

2. O que é a salvação? Uma vez entendido o que não é salvação, já podemos apresentar uma definição: Segundo as Escrituras, salvação é o livramento do pecado e seus efeitos, mediante a ação graciosa de Deus em Cristo, para uma vida totalmente nova (para a glória de Deus), que se inicia aqui e se consumará na eterni-dade, de forma plena. A salvação foi projetada por Deus para recuperar o ser humano da queda, lá do Éden. Através da salvação, Deus quer re-conduzi-lo ao seu estado original de pureza (Gn 2:7-9, 15-17).

Nessa definição que acabamos de apresentar, precisamos destacar a expressão inicial: “o livramento do pecado e seus efeitos”. Isso nos faz lembrar a primeira lição desta série: “Criados para a glória de Deus”. Nela, aprendemos que três relaciona-mentos nos fazem completos: o espi-ritual (com Deus), o social (com o pró-ximo) e o cultural (com toda à criação de Deus). Adão e Eva eram felizes no Éden! Mas você lembra o que aconte-ceu? Estudamos isso na segunda lição desta série: “Desastre no percurso”. O ser humano pecou, ao declarar--se independente de Deus. Com o pecado, todas as dimensões da vida humana foram afetadas. Depois da queda, o ser humano se alienou de

Deus, de si mesmo e da criação. Mas a salvação começa a colocar as coisas, de novo, em seus devidos lugares.

Esse realinhamento da condição humana está destacado, na defini-ção que apresentamos aqui, na ex-pressão: “para uma nova vida”, que significa o novo nascimento, a nova vida que a salvação produz (2 Co 5:17). Uma porta que estava fecha-da se abre para nós! Deixamos de viver para nós mesmos (Gl 2:20) e começamos a viver para quem mor-reu e ressuscitou em nosso favor (2 Co 5:15). Nosso relacionamento com Deus, com o próximo (inclusi-ve, com que não é cristão) e com a criação é alterado. Começamos a viver o que Deus queria, lá no início.

3. O que tornou a salvação possível? Em nossa definição, tam-bém mencionamos “a ação gracio-sa de Deus em Cristo”. A salvação só é possível por causa do sacrifício do Senhor Jesus em favor e pela humanidade. A obra de Cristo, na verdade, é a base da salvação. Sem aquela, esta não seria possível. Jesus Cristo é a pessoa principal no plano de salvação. Ele é proclamado o úni-co autor da eterna salvação (Hb 5:9) e o Salvador do mundo (cf. Lc 2:11; Jo 4:42; At 5:31, 13:23; 2 Pd 1:1; Jd 25). Este assunto foi amplamente trabalhado no estudo anterior: “O meu salvador”.

As Escrituras garantem que não há salvação em nenhuma outra pessoa

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34 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

(At 4:12). Sem a pessoa e a obra do Senhor Jesus Cristo, a salvação não se-ria possível a nós, seres humanos. So-mos pecadores e incapazes de salvar a nós mesmos. Se Deus não tomasse a iniciativa de nos “salvar”, através do sacrifício de Jesus, estaríamos per-didos! Jesus se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo mau (Gl 1:4). A iniqui-dade de todos nós foi colocada sobre ele (Jo 3:17). Cristo abriu novamente o caminho de acesso a Deus.

4. Qual a fonte da salvação? Ainda dentro da definição de sal-vação que apresentamos, afirma-mos ser esta “mediante a graça de Deus”. A igreja primitiva acredita-va no seguinte: Cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus (At 15:11). A graça é o favor ime-recido de Deus aos seres humanos. Na maioria das vezes em que esta palavra aparece no Novo Testa-mento, seu sentido é o de “favor”, um benefício a uma pessoa, sem que esta o mereça. A igreja pri-mitiva acreditava que a salvação estava fundamentada nesse favor imerecido de Deus. A salvação é algo que não merecemos e que não poderíamos merecer, mas nos foi oferecida por pura “bondade e generosidade de Deus”.3

Em Efésios 2:8, Paulo volta a repe-tir esta verdade: Porque pela graça

3. Idem, p.195.

sois salvos. É importante sabermos disso, porque, se a salvação é pela graça e não depende do que faze-mos, ninguém pode bater no peito e dizer que é mais importante. Deus fez assim para que ninguém se glo-rie (Ef 2:8), disse Paulo. A Bíblia “A Mensagem” traduz esse versículo di-zendo que a salvação é um imenso presente de Deus! Não somos pro-tagonistas nesta história. Se fosse o caso, andaríamos por aí nos vanglo-riando do que fizemos. Um dia, es-taremos para sempre com o Senhor, e não haverá exibicionismo. A razão é muito simples: todos estaremos ali por causa da graça de Deus.

5. Os estágios da salvação: Na definição apresentada, fizemos questão de destacar que a salvação “se inicia aqui, e se consumará na eternidade de forma plena”. Isso significa que se trata de um proces-so. A Bíblia apresenta a salvação em três tempos: como um ato do pas-sado, como um processo no presen-te e como um evento futuro. Dessa forma, o crente em Jesus pode dizer que foi salvo, está sendo salvo e será salvo. Fomos livres da maldição do pecado e de sua dominação; sere-mos também completamente salvos de sua presença.

Esse conhecimento dos estágios da salvação é importante para en-tendermos corretamente os textos bíblicos referentes ao assunto, pois alguns destes, por exemplo, dizem

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que fomos salvos (Rm 8:24; cf. At 11:14, 16:31; Hb 10:39, etc.), apre-sentando a salvação como um ato passado. Esses textos referem-se aos atos iniciais da experiência cristã da salvação: conversão, regeneração, justificação, adoção e santificação posicional (quando somos separados para Deus). A maioria destes eventos é de responsabilidade divina, sendo que há participação humana somen-te na conversão. Todos eles mudam a posição do indivíduo perante Deus: de condenado para salvo.

Outros textos, por sua vez, afir-mam que estamos sendo salvos (1 Co 1:18 cf. Fp 2:12, etc.). Isso diz respeito à mudança progressiva que Deus vai operando na vida dos indi-víduos, por meio do Espírito. Essa é a parte do meio da salvação. Duas obras acontecem aqui: santificação processual (processo de aperfeiço-amento de nosso caráter por Deus, à semelhança de Cristo, durante a nossa vida) e a perseverança. Ainda há textos que afirmam que seremos salvos (Rm 5:10 cf. 2 Ts 2:13, etc.), o que aponta para o estágio final da salvação, chamado de glorificação, quando o indivíduo terá sua nature-za decaída completamente removi-da e será, enfim, como Jesus. Nesta ocasião, todo o universo sentirá os efeitos da obra da reconciliação feita por Cristo (Cl 1:20). Você não preci-sa se preocupar tentando entender todos estes itens, nesta parte do nos-so estudo. Todos eles serão tratados

de maneira mais detalhada nas pró-ximas lições desta série.

6. Os antecedentes da sal-vação: Antes de partirmos para a parte mais prática deste estudo, precisamos afirmar que todo este plano de salvação foi elaborado pela Triunidade. Essa redenção foi providenciada antes mesmo da existência do pecado, graças à presciência de Deus. Em Atos 2:23, Pedro aponta para isso, quando diz que Jesus foi entregue pelo deter-minado conselho e presciência de Deus. Ele quis dizer com isso que cada detalhe do plano de salvação já havia sido planejado por Deus. A redenção, portanto, não veio “como um remendo a um plano fa-lido. Na sua infinita sabedoria Deus já sabia da queda do homem antes de tê-lo criado”.4 Com o propósito de criar, Deus também determinou salvar o ser humano.

Observe o que Paulo disse aos crentes de Éfeso: [Deus] nos elegeu nele [Cristo], antes da fundação do mundo (Ef 1:4); e também aos de Roma: ... os que conheceu anteci-padamente, também os predestinou para serem conformes à imagem do seu Filho (Rm 8:29). Nestes textos, o apóstolo trata de eventos ocorridos antes mesmo do pecado; aliás, an-tes mesmo da fundação do mundo. Contudo, obviamente, não há fun-

4. Severa (2008:263).

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36 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

damento aí para se defender a dou-trina segundo a qual Deus, arbitra-riamente, escolheu algumas pessoas para a condenação e outras para a salvação. Não podemos entender predestinação como o decreto eter-no de Deus pelo qual ele determina vida para uns e morte para outros.

Segundo entendemos, dentro do plano eterno de Deus, a eleição aconteceu segundo a sua presci-ência, isto é, a sua capacidade de conhecer todas as coisas, antes mesmo que se tornem realidade no

tempo e na história5 (cf. 1 Pd 1:2). A predestinação é geral; é o propósito gracioso de Deus de salvar. Esse é o destino que ele sempre quis para todos (1 Ts 2:4). Contudo, em sua presciência, ele sempre soube que nem todos aceitariam sua oferta de salvação. Os que a aceitam são eleitos “antes da fundação do mun-do”, porque, lá, Deus já sabia que eles a aceitariam, e as elegeu. O ser humano é livre para aceitar ou rejei-tar a oferta de Deus.

5. Severa (2008:264).

01. Leia Gn 3:22; o item 1, e responda: O que não é salvação? Podemos resumi-la a um bilhete para uma vida sem prazo de validade?

02. Leia o item 2 e comente com a classe a definição de salvação apresentada nesse item. Segundo essa definição, o que a salvação veio alterar? Utilize também 2 Co 5:15-17.

03. Após ler Ef 2:5-8; At 4:12; os itens 3 e 4, responda: O que tornou a salvação possível e qual a sua fonte?

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1. Celebre o grande amor de-monstrado por Deus!

O amor de Deus por nós, seres humanos, não é simplesmente con-ceitual: é um amor demonstrado. É o que Paulo diz, em Rm 5:8: Deus prova seu amor para conosco ao ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores. O plano de salvação elaborado por Deus, an-tes mesmo do pecado, para nos restaurar à condição original, já

contemplava o meio para que isso acontecesse: a morte do Filho. Suas “boas dádivas, vistas na natureza e por intermédio do seu cuidado pro-videncial (que é imenso), não che-gam aos pés do presente que ele nos deu ao fazer de Cristo o nosso Salvador”.6 Celebre sempre esse amor com a sua vida, com a sua voz, com todo o seu ser!

6. Ryrie (2004:321).

06. Qual foi a maior demonstração do amor de Deus por nós? Qual deve ser a nossa atitude em relação isso?

II PARA PRATICAR

04. Com base no item 5, pense com a classe na seguinte afirmação: “A salvação é um processo”.

05. Quando o plano de salvação foi elaborado? Leia Ef 1:4 e At 2:33.

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38 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

MINHA DECISÃO

Diante de tudo o que estudei, comprometo-me a celebrar, to-dos os dias, com a minha vida, o glorioso amor de Deus e sem-pre demonstrar gratidão pelo plano glorioso arquitetado por ele antes da fundação do mundo. Sei que, se dependesse de mim, não poderia experimentar a salvação; mas, por pura graça e por meio de Jesus, estou neste caminho e quero viver esta nova vida proporcionada por Deus. Comprometo-me a estudar as lições que virão na sequência desta série, que me explicarão, passo a passo, como a salvação é aplicada na minha vida. Que o Senhor me ajude a entender as verdades da sua palavra.

2. Viva a nova existência propor-cionada por Deus!

Você, que foi, está sendo e será salvo, recebeu de Deus uma nova chance, uma nova vida. Antes do encontro com Cristo, você vivia para si mesmo; agora, pode novamente viver para a glória de Deus, o propó-sito original da sua existência. Então, faça isso! Em tudo, viva para agra-

dar o seu salvador. Nesta nova exis-tência, viva para aquele que morreu e ressuscitou por você (2 Co 5:15). Você não é mais escravo do pecado. O Espírito Santo é o seu companhei-ro nessa caminhada. Ele está, dia--a-dia, afastando-o do pecado e fa-zendo-o parecer-se mais com Jesus. Com a sua vida, mostre ao mundo o Deus que o salvou.

07. Em que caminho a salvação preparada por Deus nos recoloca? O que podemos fazer para viver cada dia para aquele que por nós morreu e ressuscitou? Quem nos ajuda nessa caminhada?

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Hinos sugeridos – BJ 34 • BJ 38

53 DE NOVEMBRO DE 2012

A loucura da pregação

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OBJETIVO

Ensinar ao estudante da Bíblia que a pregação é fundamental no processo de convencimento do pecador e que tanto o Espírito Santo quanto o ser humano têm funções importantes nesse processo.

TEXTO BÁSICO

De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. (Rm 10:17)

LEITURA DIÁRIA

D 28/10 Rm 10:17

S 29/10 1 Co 1:23

T 30/10 Rm 1:16

Q 31/10 At 19:8

Q 01/11 1 Co 9:16-17

S 02/11 At 6:4; Hb 4:12

S 03/11 1 Co 2:2

INTRODUÇÃO

No estudo anterior, aprendemos sobre o que é salvação. A partir do presente estudo, começaremos a tratar sobre a aplicação da sal-vação na vida dos indivíduos, passo a passo. Tudo começa com a pregação do evangelho, tema desta lição, que, por sinal, tem um títu-lo, no mínimo, intrigante para quem com ele se depara pela primeira vez. Na Bíblia, Paulo foi o primeiro a utilizar a expressão “loucura da pregação” referindo-se à mensagem do evangelho: ... aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação (1 Co 1:21). É claro que o apóstolo não considerava a mensagem do evangelho algo sem sentido e insano. Ele apenas ressalta que muitos acreditavam dessa maneira (1 Co 1:18). Sabemos, porém, que, por ser poder de Deus, a pregação da palavra é útil para convencer o pecador. É sobre isso que estudaremos a seguir.

A pregação é o ato da graça pelo qual Deus, utilizando seres humanos, convida os homens a aceitarem, pela fé, a salvação providenciada

I PARA MEDITAR

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda malda

de

Caminhoda SalvaçãoMorte de

Cristo

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Chamado (pregação)

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40 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

por Cristo. Quando a palavra é anun-ciada, o Espírito Santo atua, conven-cendo o homem do pecado, da justiça e do juízo. A palavra é o instrumento da ação do Espírito no coração do in-divíduo. Ele fala diretamente à consci-ência do homem, que, embora esteja cauterizada, pode ser convencida. Todavia, precisamos entender, desde já, que tal convencimento não é sinô-nimo de conversão: é persuasão ou refutação de um oponente, para se resolver uma questão mediante uma luz clara, quer este se deixe persuadir, quer não. Nesse sentido, a pregação é o meio pelo qual Deus, através do seu Espírito, convence as pessoas do seu amor e as chama para a salvação (2 Ts 2:14). Nesta lição, iremos estudar sobre alguns aspectos dessa doutrina.

1. O propósito da pregação: So-bre o propósito da pregação, Paulo é contundente em sua afirmação: ... é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16 – gri-fo nosso). Então, a pregação tem o propósito de conduzir os pecadores à salvação na pessoa de Cristo. Para isso, no entanto, é necessário que haja convencimento. Convencer é persuadir, provar a uma pessoa a sua culpa, levar alguém à convicção de algo. Assim sendo, o pecador preci-sa ser convencido de sua culpa e da necessidade de voltar-se para Jesus, com fé. Quem nele crer, será salvo, diz o evangelho (Mc 16:16). Esse deve ser o propósito da pregação.

Considerando que salvação é “a libertação da culpa e do julgamento de Deus”,1 o pregador sério preo-cupa-se com a salvação do pecador e procura levá-lo à necessidade de arrependimento (Mt 4:17). Os após-tolos mostravam essa seriedade, ao pregarem que não há salvação em nenhum outro (At 4:12a). Em ou-tras palavras, era como se eles dis-sessem: “A salvação de que vocês precisam está somente na pessoa de Jesus. Rendam-se a ele e serão salvos”. Ao ser convencido dessa verdade, o pecador dará um grande passo em seu benefício.

2. O persuasor na pregação: A pregação, por mais eloquente e pro-funda que seja, não obterá resultado satisfatório na vida do pecador, sem a atuação direta do Espírito Santo. É este, não o ministrante da palavra, quem convence o ser humano do pecado, da justiça e do juízo. Aliás, é essa a sua principal missão neste mundo (Jo 16:8). O Espírito atua convencendo o mundo de seu pró-prio pecado por não crer em Cristo; da justiça de Cristo, que foi aprovado pelo Pai, e do juízo divino contra o príncipe do mundo.2

O sucesso da pregação, portanto, não está nas fórmulas estratégicas da igreja, mas no persuasor, o Espí-rito Santo. É ele quem comanda o

1.Stott (2004:92).

2. Hendriksen (2004:726).

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crescimento do número de salvos. Do mesmo modo, é dele, não nossa, a glória advinda de tal crescimento. Não é a técnica que convence do pe-cado o ser humano, mas a atuação do Espírito. A propósito, bem disse o apóstolo que ninguém pode di-zer: “Jesus é Senhor”, a não ser pelo Espírito Santo (1Co 12:3). Ninguém glorifica a Jesus, sem, antes, ser con-vencido pelo Espírito.

3. A prioridade na pregação: A pregação nunca ficou em último plano, na igreja do primeiro século. Ao contrário, era prioridade seguida à risca por aqueles irmãos. A pala-vra era pregada nas casas (At 5:2), nas prisões (At 16:31), nas sinagogas (At 13:14-17), nas margens dos rios (At 16:13). Na tranquilidade ou na dispersão, eles faziam questão de proclamá-la (At 8:4). Bons tempos aqueles! As pessoas eram confron-tadas pela pregação até entenderem que Cristo é, de fato, o único meio para se chegar ao Pai (At 4:12). A pregação era levada a sério.

A pregação é a missão da igreja de Cristo. Logo, esta deve fazer daquela a sua prioridade. A igreja é um povo edificado por Jesus (Mt 16:18), com a responsabilidade de proclamá-lo, por ser agente do reino de Deus no mundo. Paulo entendia isso, pois en-trava na sinagoga e ali argumentava convincentemente acerca do Reino de Deus (At 19:8). Se quisermos ver almas convencidas do pecado, da

justiça e do juízo, precisamos fazer da pregação a nossa prioridade. O Mestre fez o mesmo em seu minis-tério (Lc 4:18) e, portanto, é conve-niente que o imitemos. Além disso, é necessário que tenhamos em mente que a pregação deve ser encarada como uma responsabilidade pessoal (1Co 9:16-17).

4. O alcance da pregação: O evangelho é suficientemente capaz de convencer todos os pecadores, sem distinção de etnia, personali-dade, posição social, aparência ou idade. O evangelho alcança a todos! A pregação impacta ricos e pobres, adultos e jovens, idosos e crianças, homens e mulheres, patrões e em-pregados, casados e solteiros. Me-diante a ação do Espírito Santo, a pregação convence o coração de uma pessoa como Maria Madalena, que fora possessa por demônios (Mc 16:9), assim como convence alguém como Lídia, vendedora de tecidos de púrpura (At 16:14).

Como podemos perceber, a pre-gação não se limita às quatro pare-des de um templo, a um grupo, a uma nação, a um povo, a uma raça, a uma língua. De modo algum! Na verdade, a mensagem da Bíblia é exatamente a mesma para todos os homens, em todos os lugares e em todos os tempos. Sua relevân-cia “não está limitada a nenhuma geração ou cultura em particular. Ao contrário, dirige-se a toda a

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42 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

humanidade”.3 Ela é universal! Tan-to judeus quanto gentios podem ser convencidos radicalmente pela pre-gação do evangelho (Rm 1:16).

5. O instrumento da prega-ção: Para convencer a humanidade, Deus utiliza um instrumento espe-cial. Este não poderia ser outro, a não ser a sua própria palavra, a Bí-blia. É possível haver pregação e até mesmo crescimento, sem o ensino da palavra. Há igrejas que, mesmo sem ter o mínimo de compromisso com a palavra de Deus, crescem assustadoramente. Porém, é im-possível haver convencimento ver-dadeiro, sem a exposição clara dos ensinos da Bíblia; isso porque esta é a palavra de Deus, viva e eficaz, (...) e julga os pensamentos e intenções do coração (Hb 4:12).

O Espírito Santo, o inspirador das Escrituras, só age na pregação se esta estiver amparada pela palavra (Rm 10:17; 2Pd 1:21). Ele é o Espí-rito da verdade (Jo 16:13). Não foi à toa que os apóstolos resolveram se dedicar à oração e ao ministério da palavra (At 6:4). Após pregar a palavra com ousadia, Pedro ouviu do povo: Irmãos, que faremos? (At 2:37b). Lucas observa que quando ouviram isso, os seus corações fica-ram aflitos (v. 37a). Estavam con-vencidos de seus pecados! A palavra de Deus, de fato, fere o nosso orgu-

3. Dudley (2006:177).

lho, incomoda a nossa consciência e desfaz “nossa camuflagem e rompe nossas defesas. Desnuda nosso pe-cado e necessidade e mata toda fal-sa doutrina por meio de seus golpes afiados e hábeis”.4

6. O assunto da pregação: Qual é o foco ou o assunto da pre-gação? Cristo, indiscutivelmente. Ele é o protagonista do evangelho. A glória advinda da pregação não deve ser lançada sobre o pregador, mas sobre a pessoa de Jesus. Ali-ás, é oportuno lembrarmos que o “Evangelho é Jesus, do começo ao fim da história da humanidade. Je-sus é o único trunfo para o homem recuperar o erro cometido no jar-dim do Éden”.5 Ele é o motivo da pregação. Devemos apresentá-lo ao pecador, a fim de que este se torne conhecedor de seu sacrifício gracioso e, por consequência, seja convencido a aceitá-lo.

Quando apresentamos a pes-soa de Jesus ao pecador, estamos, de certo modo, favorecendo-lhe uma oportunidade de mudança de vida, se este não se recusar a ter um encontro com Cristo. Saulo se tornou nova criatura, ao ter um encontro com o Salvador, no ca-minho de Damasco (At 9:26). Não demorou para que ele estivesse proclamando acerca de Cristo, a

4. Idem, p. 178.

5. Amorim (2004:127).

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quem tanto perseguira. Cristo foi o centro da sua pregação: ... de-cidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucifica-do (1Co 2:2). Devemos imitar esse exemplo, se quisermos presenciar homens e mulheres serem con-vencidos a um real encontro com o Senhor. Façamos de Jesus o as-sunto da nossa pregação.

O pecador só se aproximará de Deus, se, através da pregação, for convencido de que é um pecador culpado e de que precisa ser re-

dimido por Jesus. Como vimos até aqui, a pregação, cujo alcan-ce é universal e cujo propósito é salvar a humanidade, é um meio utilizado pelo Espírito Santo para convencer o pecador. Portanto, deve ser encarada como priorida-de, deve ter por base a palavra de Deus e, por assunto, o próprio Cristo. Após meditarmos em todos esses aspectos da pregação, em relação ao convencimento, prati-quemos as duas lições que apren-deremos a seguir.

01. Qual é o propósito da salvação, de acordo com item 1? Leia Rm 1:16 para fundamentar a sua resposta.

02. Segundo o item 2, de quem depende o sucesso da pregação? Baseie-se também em 1Co 12:3.

03. Leia Rm 1:16; 1Co 9:16-17; os itens 3 e 4, e responda: De que modo a igreja do primeiro século priorizava a pregação? Qual o alcance desta?

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44 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

04. Baseando-se em Rm 10:17 e no item 5, responda: Que importante instrumento o Espírito Santo utiliza para convencer as pessoas?

05. Leia 1Co 2:2; o item 6, e responda: Quem é o assunto da pregação do verdadeiro evangelho?

II PARA PRATICAR

1. Na pregação, sejamos cons-cientes da atuação divina.

Nenhum pecador poderá ser convencido a servir a Deus, sem a atuação do Espírito Santo. Como prenunciaram as palavras de Jesus, em Jo 16:8, é ele quem convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Assim sendo, não resta dúvida: é o Espírito Santo quem atua na pregação para convencer

o ser humano. Se pensarmos que ele não passa de um mero figuran-te, enganamos a nós mesmos. Ele atua diretamente na consciência humana. Sabendo disso, não con-fiemos em nossas próprias habili-dades; não pensemos que somos capazes de convencer alguém a servir a Jesus; não deixemos de pedir: “Senhor, que o teu Espírito direcione a pregação”.

06. De acordo com a primeira aplicação, responda: Por que devemos ser conscientes da atuação divina na pregação.

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2. Na pregação, sejamos cons-cientes da atuação humana.

O ser humano não convence, pois, como vimos, o convencimen-to é uma ação exclusiva do Espírito Santo. Contudo, somos essenciais na pregação da palavra, pois a cada um de nós foi dada a responsabili-dade de anunciá-la (Rm 10:17; 1 Co 9:16). Portanto, nada de ocio-

sidade! Nada de fazer a obra de Deus de modo relaxado! A prega-ção deve ser a prioridade da igreja. A propósito, como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? (Rm 10:14). No ato da pregação, faça-mos a nossa parte.

07. De acordo com a segunda aplicação, responda: Por que devemos ser conscientes da atuação humana na pregação?

MINHA DECISÃO

Depois de ter estudado sobre a pregação do evangelho e ter entendido que a pregação é o meio pelo qual Deus convida ho-mens e mulheres a aceitarem a salvação providenciada por Cristo, comprometo-me a pregar a palavra de Deus. Comprometo-me, também, a encarar a pregação do evangelho como prioridade, e a não fazer distinção de pessoas, ao proclamá-la, visto ser ela para todo ser humano. Além disso, reconheço que só fui alcançado por causa da atuação do Espírito Santo e que, ao proclamar o evange-lho, vou depender dele e pedir sua orientação.

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46 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Hinos sugeridos – BJ 31 • BJ 56

610 DE NOVEMBRO DE 2012

Reviravolta na existência

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OBJETIVO

Levar o estudante a compreender a doutrina da conversão, passo inicial da vida cristã, que envolve a decisão de arrependimento, que nos afasta do pecado, e a ação da fé, que nos aproxima de Cristo.

TEXTO BÁSICO

Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças jamais entrarão no Reino dos céus. (Mt 18:3 – NVI)

LEITURA DIÁRIA

D 04/11 Mt 18:3

S 05/11 Ez 18:30-32

T 06/11 2 Co 7:10

Q 07/11 Mt 3:1-8

Q 08/11 Lc 3:1-14

S 09/11 Rm 1:17

S 10/11 Ef 4:20-24

INTRODUÇÃO

Este é o segundo estudo sobre o passo a passo da salvação. No último, aprendemos que a pregação é o meio pelo qual Deus cha-ma as pessoas para a salvação (2 Ts 2:14). A palavra é o instrumento da ação do Espírito no coração do indivíduo. Ele convence o homem de seu pecado, agindo em sua consciência. Esse agir de Deus coloca o pecador em posi-ção de escolha. Como vimos, convencimento não é sinônimo de conversão. Por exemplo, quando estamos indo a uma cidade desco-nhecida e somos alertados, por alguém que conhece o caminho, de que estamos em di-reção errada, fomos convencidos do erro de rota. Mas falta o passo fundamental, que é fazer meia volta em direção ao caminho que nos levará à cidade pretendida. Pois bem, a pregação, assunto da última lição, pode ser comparada a esta informação de que a dire-ção no caminho que estamos seguindo está errada, e a conversão, assunto desta lição, à mudança de direção no caminho. Este é o pri-meiro passo da vida cristã.

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda malda

de

Caminhoda SalvaçãoMorte de

Cristo

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Conversão

(arrependimento e fé)

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Todo ser humano nasce afastado ou alienado de Deus, por causa do pecado, e precisa urgentemente de conversão, isto é, precisa voltar-se para Deus o quanto antes. Nas pala-vras de Jesus, em Mateus 18:3, nin-guém pode entrar no reino dos céus, a não ser que se converta. “Con-verter” significa mudar, retornar ou voltar. Em se tratando de salvação, essa palavra representa a atitude do pecador que está andando em dire-ção à destruição, mas, ao receber o chamado do evangelho, rende-se à proposta de Cristo, muda de rumo e passa a caminhar na direção de Deus. Podemos dizer que conversão é o ato de deixar o pecado em ar-rependimento e voltar-se para Cristo em fé. Então, os elementos da con-versão são arrependimento e fé. A conversão vem logo após a pregação e o trabalho de convencimento do Espírito. É a nossa resposta à salva-ção oferecida por Deus. Meditemos nesta doutrina com mais detalhes.

1. Arrependimento, a base da pregação cristã: A base da mensa-gem profética em Israel é o chama-do ao arrependimento. Em Ezequiel 18:30-32, o profeta confronta o povo com o seu caminho e o cha-ma à conversão. A figura presente

no texto é uma ação: dar as costas.1 O movimento de realmente virar, inverter o caminho presente de pe-cado e distanciamento e retornar decisivamente para Deus deixa claro que o pecado está diametralmente oposto à vida com Deus. No Novo Testamento, desde João Batista, a pregação do reino passa pela pro-posta do arrependimento. Cristo Je-sus, da mesma forma, tem a base de sua pregação fundada no incentivo ao arrependimento (Mt 3:2-8; 4:17).

Os apóstolos, por sua vez, conti-nuam a valorizar o arrependimento em sua pregação, como podemos ver em Atos e nas cartas paulinas. A primeira ação é de Deus, através de seu Espírito, que utiliza diversas maneiras para convencer o pecador. A convicção do pecado precisa levar o homem a arrepender-se, passo ini-cial e fundamental para a salvação. Esse arrepender-se é mais do que sentir remorso pelos erros do passa-do, conforme 2 Co 7:10. Arrependi-mento produz mudança, pois leva à salvação, diferentemente da tristeza e do remorso segundo o mundo, que produzem morte. Trata-se de um processo mais complexo.

No dia de Pentecostes, após ou-virem o apóstolo Pedro mostrar bri-

1. Erickson (1997:393).

I PARA MEDITAR

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48 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

lhantemente o que Jesus é e fez, as pessoas quiseram saber o que fazer: Irmãos, que devemos fazer? (At 2:37 – BV). Em resposta a essa pergunta, Pedro lhes disse: Arrependei-vos (At 2:38). A palavra que o Novo Testa-mento mais usa para arrependimen-to é “metanoia”, que significa, lite-ralmente, “pensar de forma diferen-te sobre algo ou mudar de ideia”;2 neste caso, mudar de opinião com respeito a Jesus Cristo. Quem, antes, o rejeitava, o recebe e o aceita como Senhor. Essa mudança é “a re-orien-tação total da vida no mundo – entre os homens – em resposta à obra de Deus por meio de Jesus Cristo”.3 Fica claro, à luz dos textos citados, que o arrependimento é parte imprescin-dível da mensagem do evangelho, e pré-requisito para a salvação.4

2. Arrependimento: de quê? Se está evidente que arrependimento é mudança, precisamos entender cla-ramente o que precisa de mudança. Efésios 2:1 nos afirma que estávamos mortos em nossos delitos e pecados. A condição humana é, portanto, de pecado. É por essa condição que a mentalidade mundana está corrom-pida por valores demoníacos, que lu-tam contra Deus, para cegar e afastar o homem do criador. Assim, precisa-mos afirmar que “não pode haver

2. Erickson (1997:396).

3. Stott (2010:65).

4. Erickson (1997:396).

salvação (...) sem renúncia do peca-do e de Satanás”.5 Daí a importância do arrependimento para a salvação. O Espírito Santo convence, mas arre-pender-se é decisão humana.

O primeiro passo para o ser hu-mano é, então, sair, virar as costas, renunciar o pecado e Satanás. Por isso, há a necessidade de se pregar o arrependimento, pois a vida cristã implica novos padrões mentais, que produzem novas e diferentes atitu-des. Stott chama a isso de integri-dade da pregação.6 A graça de Deus não é barata.7 Isso significa que nos-sa pregação precisa estar baseada na necessidade de o ser humano mudar sua maneira de pensar, abandonar os esquemas mundanos, renunciar os pensamentos e as ações que o distanciam de Deus.

Sobre a necessidade de arrepen-dimento, Thiessen8 faz a seguinte afirmação: “Não somos salvos para o arrependimento, mas sim se nos arrependermos”. Intelectualmente, existe uma certeza de que a maneira de pensar do mundo é contraditória e destruidora da vida humana. Emo-cionalmente, o arrependimento gera profunda tristeza quanto aos erros e pecados, ao mesmo tempo em que afasta os sentimentos descontrolados que levam ao pecado. Na vontade, a

5. Wylei; Culbertson (2009:279).

6. (2010:141).

7. Bonhoeffer (2004:9-19).

8. (2001:253).

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operação do arrependimento se dá através da firme decisão de afastar-se dos padrões antigos de agir e assumir a postura de mudar a rota, uma ver-dadeira reviravolta na existência.

3. Arrependimento: para quê? Deixar para trás o velho homem, com sua maneira de pensar, e a ve-lha vida, com sua maneira de agir, envolve dirigir-se para outro destino, implica assumir uma nova maneira de pensar e viver. É aqui que o ver-bo “levar”, de 2 Co 7:10 faz todo o sentido. O arrependimento leva à salvação. Trata-se de um caminho a ser trilhado. Depois de virar as costas para o pecado, o ser humano precisa começar a percorrer o caminho da metanoia (mudança). A pregação cristã tem um papel muito importan-te nesse processo: além de íntegra, precisa ser realista,9 isto é, dotada de concretude, ações firmes e exemplos práticos de mudança.

O exemplo mais claro, na Bíblia, está na pregação de João Batista. Pelo desenvolvimento dos textos de Mateus e Lucas (Mt 3; Lc 3), quando ele convida sua geração ao arrepen-dimento, pessoas são convencidas de seus erros; mas resta-lhes ainda a pergunta: Que faremos, pois? (Lc 3:10). João responde objetivamen-te, convidando cada classe de pes-soas a mudanças pontuais, críticas e decisivas, para pararem de pensar

9. Stott (2010:142).

e viver como viviam. Essa mesma re-alidade e essa mesma objetividade precisam estar presentes em nossa abordagem. Precisamos aprender a entender o nosso tempo e o que tem afastado as pessoas de Deus, para podermos sugerir e incentivar mudanças reais e significativas.

Observe atentamente os frutos do arrependimento, apresentados por João, em Lucas 3: Os que têm posses, ele convida ao desprendi-mento e à generosidade (v. 11); os funcionários públicos da época, ele convida a abandonar a corrupção praticada através do suborno (v. 13). Os soldados, ele convida a não usa-rem sua autoridade de maneira ar-bitrária e a serem gratos pelos seus ganhos (v.14). Essa pregação nos mostra que precisamos ser objetivos. Também nos mostra que diferentes tipos de pessoas passam pelo arre-pendimento por diferentes motivos; isso porque, apesar de a essência da mensagem não mudar, a realidade de cada um é diferente e precisa ser levada em consideração.

4. A reviravolta completa: do arrependimento à fé: Convenci-dos dos nossos pecados, decidimos, na mente, no coração e na vontade mudar de pensamento e vida. Para que isso seja possível e tenha efeitos duradouros, é necessário fé. Só en-tão temos o que chamamos de con-

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50 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

versão. Stott10 nos apresenta essa verdade através de uma equação: “arrependimento + fé = conversão”. Conversão é deixar o pecado, em ar-rependimento, e voltar-se para Cris-to, em fé. Assim como o arrependi-mento é a base da salvação, a fé é o elemento que mantém o salvo no caminho da graça (Rm 1:17).

A fé tem um caráter objetivo, quando diz respeito ao conjunto de verdades da revelação bíblica, e um caráter subjetivo, quando diz respei-to à capacidade da alma de crer nes-sas verdades reveladas.11 É a esta fé que nos referimos, quando tratamos de conversão. Esse crer, que envolve o arrependido em fé, é mais do que simplesmente acreditar, no sentido de aceitar verdades reveladas: é viver por tais verdades. Enfim, a fé abran-ge o ser humano como um todo, a

10. Idem, p. 137.

11. Severa (2008:280). Severa (2008:280).

partir de uma nova mentalidade cen-trada em Cristo e sua palavra, sob a influência do Espírito Santo.12

Em resumo, o arrependimento nos afasta do pecado e nos redire-ciona para o caminho que devemos percorrer, enquanto a fé nos apro-xima de Cristo e nos mantém nesse caminho. A conversão, por sua vez, ainda que seja ação humana, só é possível pela graça de Deus, através do seu chamado, e pela ação cons-tante do Espírito Santo. Jesus nos diz que continuaremos no mundo, teremos aflições, mas podemos, por intermédio dele, ser livres do mal (Jo 17:15), não só do mal que nos afli-ge, mas das estruturas malignas do mundo, que tentam nos corromper no pensamento e na ação. É por isso que a conversão se dá uma única vez, mas a ação da metanoia deve ser constante.

12. Wylei; Culbertson (2009:282). Wylei; Culbertson (2009:282).

01. Qual a melhor maneira de se definir a palavra arrependimento, a partir do texto de 2 Coríntios 7:10? Leia o início do item 1.

02. Comente com a classe sobre a razão de o arrependimento ser a base da pregação de João Batista e de Jesus. Leia Mt 3:1-8, 4:17.

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1. Creiamos: a conversão é uma necessidade que se estende a todo ser humano.

Muitas vezes, pensamos que conversão é uma necessidade ape-nas de não crentes adultos. Porém, além destes, mesmo os nascidos em lar evangélico precisam passar pelo processo de conversão (arrependi-mento + fé). Por negligenciarmos essa verdade, temos muitos crentes

convencidos do evangelho, mas não realmente convertidos, com mente, emoções e atitudes renovadas por Cristo e pela ação do Espírito Santo. Vivem a religião e seus rituais, mas não vivem Cristo e seu exemplo. A conversão precisa acontecer em qualquer um que se aproxima de Je-sus. O arrependimento, que afasta do pecado, e a fé, que aproxima de Cristo, são necessidades para todos.

II PARA PRATICAR

03. A partir do significado bíblico de metanoia exposto no item 1, discuta com a classe o que a pregação dos apóstolos incentivava e que a nossa também precisa incentivar, quando se trata de arrependimento. Leia At 2:36-38.

04. O arrependimento envolve dois aspectos: “arrepender-se de quê” e “arrepender-se para quê”. Quais são as necessidades de decisão humana em cada um desses aspectos?

05. Como reviravolta da existência, a conversão só se concretiza quando há arrependimento e fé. Qual o significado dessa fé que atua na conversão e por que ela é necessária para manter o arrependido no caminho do Senhor? Leia Rm 1:16-17 e Ef 3:14-19.

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52 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

06. Compartilhe com a classe sua experiência de arrependimento e fé que o levou a uma conversão real. Como isso influenciou sua maneira de pensar e agir, diante das situações da vida?

2. Cuidemos: a conversão é um processo que se estende por toda a nossa vida.

É bem verdade que a conversão é passo inicial e único, que todos pre-cisam vivenciar. O problema nessa afirmação é que esquecemos que, conforme Fp 2:12, a cada dia, preci-samos da renovação e do arrependi-mento, que nos incentiva a, constan-temente, desenvolver nossa salvação

com temor e tremor. Permanecemos pecadores e permanecemos em um mundo no qual reinam a maldade e o egoísmo. Portanto, precisamos, constantemente, romper com nossas fraquezas e confrontar o padrão do presente século. Sem a ação frequen-te do arrependimento, perdemos a capacidade da tristeza que produz mudança para vivenciarmos correta-mente a salvação em Cristo Jesus.

07. Você consegue reconhecer a necessidade de arrependimento constante (metanoia) em sua vida? A partir dos textos a seguir, dê base para a sua resposta: Fp 2:12; Ef 4:20-24.

MINHA DECISÃO

A conversão nos aproxima definitivamente de Cristo. Diante dessa transformação que nos leva a Jesus e à igreja, comprometo--me a dar testemunho de minha fé em Cristo, diante da sociedade. Afinal, o propósito de Deus, em Cristo, era estabelecer um reino. Portanto, quero viver esse reino, diante dos homens, sem me es-conder ou me afastar como se fosse melhor. Essa postura de supe-rioridade, que somente afasta pessoas que poderiam conhecer o evangelho e passar por um processo de conversão, não fará parte da minha vida. Vou viver como covertido, e, com a ajuda de Deus, influenciar pessoas.

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Hinos sugeridos – BJ 129 • BJ 17

717 DE NOVEMBRO DE 2012

Da morte para a vida

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OBJETIVO

Levar o estudante da palavra de Deus a compreender a doutrina bíblica da regeneração, conscientizando-o do fato de que, uma vez regenerado, teve seu passado cancelado e seu presente, renovado.

TEXTO BÁSICO

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados. (Ef 2:1)

LEITURA DIÁRIA

D 11/11 Ef 2:1-5

S 12/11 Jo 3:6

T 13/11 Ez 36:26

Q 14/11 2 Co 5:17

Q 15/11 Tt 3:5

S 16/11 1 Co 6:9-10

S 17/11 Rm 8:1

INTRODUÇÃO

Este já é o terceiro estudo sobre o passo a passo da aplicação da salvação. Já vimos que a pregação é o meio pelo qual Deus cha-ma as pessoas à salvação e que a conversão é o primeiro passo rumo a esta salvação e a nossa resposta à dádiva oferecida por Deus: deixamos o pecado, em arrependimento, e nos voltamos para Cristo, em fé. Nesta lição, trataremos do outro lado da conversão: a re-generação, que é a transformação efetuada por Deus nos que creem em Jesus Cristo; o ato divino de conceder nova vida espiritual. A regeneração acontece imediatamente após a conversão. É sobre isso que iremos tratar neste estudo.

Encontramos a doutrina da regeneração facilmente na Escritura Sagrada. Essa bênção fora prometida no Antigo (Ez 11:19, 36:26), mas somente no Novo Testamento podemos ver seu pleno cumprimento. Pedro disse aos

I PARA MEDITARChamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda malda

de

Caminhoda SalvaçãoMorte de

Cristo

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Regeneração

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54 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

irmãos: Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a Pala-vra de Deus (1 Pd 1:23 – grifo nos-so). Paulo, por sua vez, escreveu a Tito, dizendo que Deus nos salvou mediante um lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3:5 – grifo nosso). No presente estudo, buscaremos entender com mais cla-reza essa doutrina bíblica. Vejamos, então, alguns importantes aspectos sobre a regeneração.

1. O significado da regenera-ção: Como já adiantamos, a rege-neração é o nome que se dá ao ato único e misericordioso de Deus de doar nova vida àqueles que estão mortos espiritualmente. Segundo Paulo, quando alguém se faz cris-tão, torna-se uma pessoa totalmen-te nova por dentro. Já não é mais a mesma. Teve inicio uma nova vida (2 Co 5:17, NBV). Essa nova vida é comparada a um “renascimento” ou a um “novo nascimento”. Aliás, nenhuma expressão bíblica expres-sa tão bem a regeneração quanto “nascer de novo”. Isso porque a re-generação significa, essencialmen-te, renascimento.1

Na escuridão da noite, enquanto todos dormiam, Nicodemus – um fariseu membro do Sinédrio judai-co – ouviu de Jesus as seguintes pa-

1. Williams (2011:381).

lavras: Importa-vos nascer de novo (Jo 3:7). Regeneração é um novo nascimento: espiritual, não físico; interior, não exterior. O que renas-ce não é o corpo, mas o coração e a mente. No lugar do antigo “eu” de “disposições, atitudes e impulsos pecadores, surge um novo eu cuja natureza é essencialmente nova”.2 Este ensino encontra eco na pro-messa feita por Deus, no Antigo Testamento: Darei a vocês um co-ração novo, com novos pensamen-tos e desejos. (...) Em vez de terem corações duros como pedra, que só queriam saber de pecar, vocês terão corações de carne, para poderem me obedecer (Ez 36:26, BV).

Regeneração não é uma mudan-ça de hábito qualquer, nem mesmo uma mera transformação de con-duta. Não consiste apenas de uma mudança exterior de vida. É muito mais do que isso. A regeneração é uma transformação poderosa efetu-ada pelo Espírito Santo, que desfaz o domínio do pecado sobre a vida do pecador (Rm 6:18). O regenera-do torna-se livre e plenamente ca-pacitado pelo auxilio constante da graça de Deus a viver em obediência e santidade. Isso não significa, ob-viamente, que não vai mais pecar. Ele só será livre do pecado na glo-rificação. Todavia, o ser regenerado tem capacidade de não viver mais

2. Idem, p. 399.

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na prática habitual do pecado, por-que não é mais dominado por este. A regeneração, portanto, consiste numa mudança completa do ser.

2. O agente da regeneração: No último estudo, tratamos da con-versão. Vimos que esta diz respeito à nossa resposta à salvação ofere-cida por Deus à humanidade: res-pondemos com arrependimento e fé. A regeneração é o outro lado da conversão; é uma obra exclusiva de Deus; é a transformação “que Deus opera nos indivíduos que crêem”.3 O homem não participa, nem mes-mo colabora com ela. Uma vez que ele creu em Cristo, Deus entra com a regeneração. O ser humano é pas-sivo, ou seja, apenas sofre a ação. Deus é o agente; é ele quem dá vida àqueles que estão mortos espiritual-mente (Ef 2:1-5). Se está morto, evi-dentemente o ser humano não con-segue dar vida espiritual a si mes-mo, como um cadáver também não pode dar a si mesmo vida biológica.4 Ele, aliás, só conseguiu crer em Cris-to, antes da regeneração, por causa do papel de convencimento do Espí-rito, que lançou luz sobre sua mente e o habilitou a decidir.

Quando Jesus disse a Nicodemos que era preciso “nascer de novo”, não estava impondo sobre este alguma

3. Erickson (1997:398).

4. Lima (2006:358).

responsabilidade quanto a isso, mas apenas afirmando a necessidade do novo nascimento, a regeneração. As palavras do Mestre àquele homem nos ensinam que, assim como é impossível ao ser humano dar à luz a si mesmo, quer física, quer espiritualmente,5 é impossível a ele “nascer de novo” por conta própria. Esse novo nascimento precisa ser do alto; precisa vir de Deus. Por ser espiritual, não pode ser efetuado por outro, senão pelo Espírito Santo.

Por isso, Jesus disse: O que é nas-cido da carne é carne; o que é nas-cido do Espírito é espírito (Jo 3:6). A natureza humana pode gerar a na-tureza humana, mas somente o Es-pírito Santo pode gerar a natureza espiritual.6 Ele trabalha no convenci-mento, para que o ser humano per-dido tenha capacidade de receber a Cristo, e infunde vida no pecador, quando este crê. Segundo Paulo, Deus nos salvou mediante um lavar regenerador e renovador do Espírito Santo (Tt 3:5). Embora a salvação tenha “sido planejada e originada pelo Pai e de fato concretizada pelo Filho, é o Espírito Santo quem a apli-ca à vida do que crê”.7

3. Os meios da regeneração: Como foi dito no item anterior, Deus, através do Espírito Santo, é

5. Dudley (2006:272).

6. Pearlman (2009:246).

7. Erikson (1997:401).

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56 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

quem age para dar nova vida ao pecador morto em seus delitos e pecados (Ef 2:1). Neste sentido, a regeneração é um milagre. O meio que Deus usa para que esse milagre aconteça é a sua palavra. As Escrituras nos afirmam: somos regenerados pela palavra de Deus! Foi isso que Jesus quis dizer, quan-do falou de “nascer da água”. Ele não estava se referindo à água em sentido literal, mas à palavra. Essa comparação é vista em Efésios, quando Paulo diz que Jesus puri-ficou a igreja com o lavar da água, pela palavra (Ef 5:26).

Deus convence as pessoas me-diante a pregação da palavra, pois a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus (Rm 10:17). Quando esta é pregada para o pecador, a voz do próprio Deus penetra nos seus ou-vidos mortos, possibilitando-lhe a nova vida espiritual (At 16:13-14; Rm 10:17). A palavra de Deus é como uma semente e o coração humano, como um solo, disse Je-sus (Mt 13:1-23).

É por meio da palavra que ocor-re o milagre da regeneração! Existe uma doutrina chamada de “regene-ração batismal”, que afirma, equi-vocadamente, ser o batismo o meio pelo qual acontece a regeneração. Tal doutrina não encontra respaldo bíblico. O batismo é apenas um sím-bolo da regeneração, um sinal exte-rior da obra interior do Espírito em nós. Quem regenera, obviamente, é

o Espírito Santo, não a água.

4. Os resultados da regenera-ção: Até aqui, aprendemos sobre o significado, o agente e os meios da regeneração; agora, vamos tratar de seus resultados. Podemos resumi--los, basicamente, em dois. Em pri-meiro lugar, a regeneração produz transformação moral. Essa transfor-mação é necessária, pois, de acordo com Jesus, é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios, a cobiça (Mc 7:21-22). Sendo assim, quando somos regenerados, recebe-mos um novo coração (Ez 36:26) e passamos a possuir a mente de Cris-to (1 Co 2:16). Isso implica que todos os nossos desejos e pensamentos são regenerados.

Em segundo lugar, a regeneração produz transformação comporta-mental. O regenerado é aquele cujo interior é inclinado à retidão e à san-tidade8 e cujo comportamento diário evidencia isso. Paulo nos diz que al-guns dos cristãos da igreja em Co-rinto haviam sido, em outro tempo, imorais, idólatras, adúlteros, homos-sexuais, ladrões, avarentos, alcoóla-tras, caluniadores e trapaceiros (1 Co 6:9-10). O que aconteceu com eles? Por que mudaram de comportamen-to? A razão é simples: eles foram regenerados! O apóstolo afirma: As-

8. Idem, p. 400.

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sim foram alguns de vocês. Mas vo-cês foram lavados (1 Co 6:11).

A regeneração resulta, pois, numa transformação completa: moral – do caráter, das vontades e dos pensamen-tos – e comportamental – das atitudes do pecador. É bom lembrar, no entan-to, que o pecador regenerado conti-nua sendo um pecador. A regenera-ção nos liberta do poder do pecado, mas não de sua presença. Somente quando formos glorificados, deixare-mos de possuir uma natureza corrom-

pida. Sendo assim, “nem sempre uma nova pessoa agirá com retidão (pois não há ninguém que não peque), mas ela será dominada em sua essência por uma nova paixão: cumprir o dever da retidão e santidade”.9

Até aqui, aprendemos teoricamen-te sobre alguns dos aspectos mais im-portantes da regeneração. Na segun-da parte desta lição, aprenderemos como aplicá-los em nossas vidas.

9. Williams (2011: 400).

01. Leia Jo 3:5-7; Ez 36:26; o item 1, e discuta em classe sobre o significado da regeneração.

02. Após ler Ef 2:1; Tt 3:5, e o item 2, responda: O homem é capaz de regenerar a si mesmo? Quem é o agente da regeneração?

03. Com base em 1 Pd 1:23,25; At 16:13-14, e no item 3, responda: Como o homem é regenerado? O batismo tem o poder de regenerar o pecador?

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58 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

04. Com base em 1 Co 2:16, 6:9-11 e no item 4, comente em classe sobre as duas transformações que ocorrem na vida daquele que é regenerado.

05. Leia 1 Jo 1:8-10; o último parágrafo do item 4, e comente a expressão “a regeneração nos liberta do poder do pecado, mas não de sua presença”. Aquele que é regenerado jamais pecará de novo?

1. Fomos regenerados: vivamos a nova vida sem culpa!

“As coisas velhas ficaram para trás”, garantiu Paulo aos irmãos de Corinto. Os pecados abandonados fo-ram perdoados e esquecidos; por isso, podemos viver sem culpa alguma, sem constrangimento, vergonha ou angústia pelo que fizemos no passa-do, pois, agora, já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus (Rm

8.1). As orgias, as mentiras, os vícios, a infidelidade conjugal, a violência, o ódio, a falta de perdão, a imoralidade sexual e a desobediência ficaram para trás. Muitos são os cristãos que, dando pouco crédito a esta maravilhosa ver-dade, vivem acorrentados ao passado, culpados por erros e aprisionados por lembranças que os acusam. Ouça e creia na boa nova do evangelho: as coisas antigas já ficaram para trás.

II PARA PRATICAR

06. Com base em Rm 8:1 e na primeira aplicação, reflita em classe sobre a maravilhosa certeza que temos quanto à regeneração. Comente sobre as consequências de dar pouco crédito a essa verdade.

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2. Fomos regenerados: vivamos a nova vida com alegria!

É muito comum encontrarmos pessoas arrependidas por terem des-perdiçado seus dias em coisas vãs e efêmeras; pessoas que desejam com intensidade uma nova chance. A Bí-blia tem uma ótima notícia quanto a isso: a regeneração é essa nova chance dada por Deus, para que elas vivam uma vida que vale a pena ser

vivida. O regenerado é aquele que recebeu de Deus novos olhos para enxergar o mundo, uma nova mente para entender as verdades do evan-gelho, um novo coração para amar e perdoar, uma nova vida para servir e obedecer. Como um bebê recém--nascido, temos, diante de nós, uma nova vida. Você nasceu novamente! Lembre-se das palavras de Paulo: “Eis que tudo se fez novo”.

07. Com base na segunda aplicação, comente em classe como a regeneração pode ser entendida como uma nova chance. Sua vida é diferente, desde que você se rendeu a Cristo e foi por ele regenerado?

MINHA DECISÃO

Diante de tudo que estudei nesta lição, comprometo-me a agradecer sempre a Deus pela nova vida que recebi com a re-generação. Reconheço que, se não fosse ele, nunca poderia experimentar essa gloriosa obra, que é efetuada pelo Espírito, por intermédio da palavra. Uma vez que fui regenerado, meu caráter e meu comportamento foi transformado. Diante disso, comprometo-me a viver a nova vida, sem culpas, em relação ao passado, e com alegria, em relação ao presente. Vou me esforçar para viver como alguém regenerado. Que o Senhor me ajude.

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60 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Hinos sugeridos – BJ 04 • BJ 339

824 DE NOVEMBRO DE 2012

Sentença: absolvido!

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OBJETIVO

Levar o estudante a entender corretamente a justificação pela fé, sua base, suas características e seus benefícios, e a crer nesses ensinamentos, como salvo em Cristo Jesus.

TEXTO BÁSICO

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.(Rm 5:1)

LEITURA DIÁRIA

D 18/11 Rm 5:1

S 19/11 Jo 5:22; At 17:31

T 20/11 At 13:39

Q 21/11 Rm 3:21-26

Q 22/11 2 Co 5:19-21

S 23/11 Rm 3:31

S 24/11 Rm 3:28

I PARA MEDITAR

INTRODUÇÃO

Nos últimos três estudos, aprendemos sobre os primeiros passos do processo de salvação que Deus planejou para nós. Ele nos chama pela pregação do evangelho, tendo o Espírito Santo a função de nos convencer do pecado, da justiça e do juízo. Depois, ele nos auxilia na conversão: leva-nos a nos arrependermos dos nossos pecados e a nos voltarmos para Cristo, com fé. Logo após, um dos atos mais impor-tantes que Deus faz, em nosso interior, é a regeneração, isto é, ele nos concede nova vida espiritual. O presente estudo mostrará mais um maravilhoso ato salvífico de Deus, que acontece simultaneamente à regeneração, no início da nossa salvação: a justificação.

Quando o assunto é salvação, a justificação pela fé é um dos ensinamentos mais sérios da Bíblia Sagrada. Sendo assim, todo esforço pre-cisa ser feito, no sentido de fazê-la entendida.

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda malda

de

Caminhoda SalvaçãoMorte de

Cristo

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Justificação

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Considerando isso, vamos apresen-tar o conceito, a base, as caracterís-ticas e os benefícios da justificação pela fé em Jesus. Desde já, é impor-tante entendermos que a justificação não significa perdão, nem santifica-ção. Está ligada a um ato divino que absolve o pecador da sentença de morte eterna. É, portanto, uma bên-ção relacionada ao nosso passado, diferentemente da santificação, que está relacionada ao nosso presente, e da glorificação, que está ligada ao nosso futuro. Vamos, então, conhe-cê-la melhor.

1. Que é justificação pela fé? Justificação, de acordo com a Bíblia Sagrada, é um ato exclusivo de Deus. Trata-se de uma declaração divina, se-gundo a qual todas as transgressões à lei de Deus são totalmente anula-das, com base no sacrifício de Cristo, na cruz, em favor do pecador que o recebe como seu Salvador. Ocorre que Deus é o único juiz justo, e jul-ga o mundo por meio de Jesus Cristo (cf. Jo 5:22; At 17:31). De seu alto e sublime trono, ele declara justo o pe-cador que crê em Jesus, baseado no que este fez por aquele (cf. At 13:39; Rm 3:22,24-26, 5:1, 10:4; 2 Co 5:19-21; Ef 1:6). Ao ser justificado, o peca-dor, antes, escravo do pecado e con-denado, ganha nova posição: liberto e absolvido (cf. Rm 5:1, 8:1).

A justificação divina remove do ser humano os efeitos letais do pecado (a morte eterna), como se o pecador nun-

ca houvesse ofendido a Deus. Sua vida fica alva como a neve. Isso porque, no lugar da incapacidade humana de obe-decer integralmente à lei, Deus aceita a fé em seu Filho, ou seja, para declarar o pecador justificado, a principal “lei” que Deus exige é a fé (cf. Rm 3:27b). Em outras palavras, na justificação, Deus imputa no Cristo crucificado os nossos pecados (cf. Is 53:6; Rm 4:8; 5:18; Gl 3:13), ao mesmo tempo que imputa a justiça ou a obediência per-feita de Cristo em nós (cf. Is 61:10; Jr 23:6; Rm 5:19; 1 Co 1:30).

É importantíssimo entendermos que a justificação pela fé não é um ensinamento exclusivo do Novo Tes-tamento. No Antigo Testamento, os profetas a ensinaram (cf. Is 53:11, 45:22-23; Jr 23:6; Sl 85:10). Eles sa-biam que toda a justiça de Deus só pode ser satisfeita em Cristo (Mt 3:15). A Escritura Sagrada inteira ensina que somente Cristo realizou uma obediência perfeita e plena-mente alinhada com as exigências da lei de Deus, como afirma Paulo: Mas agora, sem lei, se manifestou a justi-ça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas (Rm 3:21). Portanto, todos os escritores sagrados sabiam que os sacrifícios de animais eram imperfeitos e que, por isso, seriam substituídos pelo sacrifício perfeito de Jesus (cf. Jo 1:29; Hb 7:27).

2. Qual a base da justificação pela fé? A experiência de vida pro-va que a maioria dos cristãos celebra

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62 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

o amor de Deus, mas nem sempre compreende corretamente a justi-ça divina. Se Deus é amor, por que condena pecadores? Muitos já fi-zeram essa pergunta e colocam em colisão o amor e a justiça de Deus. Podemos evitar o mesmo equívoco, se invertermos essa pergunta. Como o Deus de amor pode justificar pe-cadores? Que faz Deus para provar seu amor, sem cometer injustiças? Sobre que base ele salva seres huma-nos rebeldes e os considera justos? Para começar, ninguém tem mérito ou obras boas para se justificar (cf. Sl 143:2; Rm 3:9-18,27; Fp 3:9; Tt 3:5).

Ademais, os cristãos precisam en-tender e crer que a lei de Deus não lhes foi dada para alcançar a justiça própria (cf. Rm 3:20; Gl 2:16), mas para revelar a justiça de Deus, em Cristo (Rm 1:17; Rm 8:1-3, 10:4), a fim de que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito (Rm 8:4; cf. 10:1-4). Isso significa que a base de Deus para praticar a justiça é a morte de seu Filho Jesus (Rm 3:24-25). Somente a morte de Cristo, que é Deus, satisfaz a justiça divina. Assim é que Deus é justo e justificador da-quele que tem fé em Jesus (Rm 3:26).

Constatamos que o evangelho é explícito ao determinar que a fé na pessoa e na obra de Cristo na cruz é a única base que Deus aceita para ter comunhão conosco, porque, no evangelho da graça de Cristo, se des-cobre a justiça de Deus de fé em fé,

como está escrito: Mas o justo viverá da fé (Rm 1:17, cf. Rm 1:19). Nesse sentido, assim como os atos no pro-piciatório aplacavam a ira de Deus (cf. Ex 25:17-22), o sacrifício perfeito de Cristo, por meio de seu sangue (Rm 5:9), é a única oferta aceitável por Deus para trazer de volta aos seus braços de amor todos os pecadores que foram destituídos de sua glória (cf. Rm 4:25, 3:23, 5:12,17-21).

3. Quais as características da justificação pela fé? Ao decidir ab-solver o pecador que se arrepende e crê em Cristo, Deus revela que a jus-tificação possui várias características. Tomando como base o capítulo três da Carta aos Romanos, vemos que a salvação não é uma opção, mas uma necessidade, uma vez que todos pe-caram e carecem da glória de Deus (Rm 3:23,30). Como fruto da graça, a justificação está disponível a todos os pecadores (Tt 2:11) e se caracte-riza pelo poder de tornar livre todo aquele que crê em Jesus. Como afir-ma o evangelho, o Filho do homem veio ao mundo para que todo aquele que nele crê não pereça (Jo 3:16).

A justificação também se caracte-riza pela veracidade, pois é vigoroso o testemunho que o Antigo Testa-mento dá sobre essa única forma de Deus justificar pecadores. Ser consi-derado justo diante de Deus somen-te pela fé em Cristo é verdade com-provada pela lei e pelos profetas (Rm 3:21-22; cf. Lc 24:27). De Gênesis

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ao Apocalipse, vemos, pela lei, a cul-pa universal dos seres humanos e a justiça de Deus a condená-los. Mas, também, vemos a sua maravilhosa graça, procedente de seu grande amor, triunfando por meio da justiça de seu Filho na vida dos que creem (cf. Rm 5:21). Isso significa que nin-guém é bom o suficiente para se jus-tificar por suas obras (v.27-27), nem mau o bastante para impedir que Deus o justifique por meio da fé em Jesus (Rm 5:22,24-25).

Outra característica da justificação é a concretização legal da salvação, o que significa que, por Jesus Cristo ter sido tentado em tudo e não ter pecado, por ser verdade que ele foi obediente até a morte, o Deus amo-roso, justo e santo pode declarar justos os pecadores arrependidos. Trata-se de um ato legal, legítimo. E é por meio dessa realidade espiritual que Deus Pai manifesta a sua justi-ça no tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus (Rm 5:26). Se Cristo morreu pelos nossos pecados e nós cremos nele, ninguém pode acusar Deus de ser injusto por nos justificar dessa forma (cf. Rm 9:14-29), e nin-guém pode nos acusar por estarmos unidos com Cristo, pela fé (cf. Rm 8:31-39), pois fomos agraciados por um ato legal de Deus.

4. Quais os benefícios da justifi-cação pela fé? Sem dúvida, um dos mais importantes benefícios da justi-

ficação é sabermos e crermos que a salvação não é conquistada por mé-ritos humanos. Na justificação, não cabe vanglória (cf. Rm 3:27). Não há absolutamente nada no homem que possa salvá-lo (At 4:12). A jus-tificação põe as coisas em seus de-vidos lugares: Deus é absolutamente santo e o homem, absolutamente pecador. Logo, por que a soberba? Se o homem é declarado justo pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 3:28), em vez de se gloriar (Ef 2:8-9), deve ser grato e humilde (cf. Lc 18:13-14).

Outro benefício é que a lei de Deus é confirmada na vida do jus-tificado: Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes es-tabelecemos a lei (Rm 3:31). O capí-tulo quatro de Romanos prova que Abrão foi justificado porque creu em Deus (v.1-3). Em seguida, sua obediência foi aceita e confirma-da por Deus. A mesma experiência teve o rei Davi (v.6-8). É por isso que as boas obras, como fruto da justificação, são chamadas, na Bí-blia, de obediência da fé (cf. Rm 1:5, 16:26). A verdadeira fé, que nos leva à justificação, responde a Deus com obediência, em gratidão ao que Cristo fez por nós. Nos-so Deus exige de nós obediência a seus mandamentos, mas a obediên-cia movida por fé é a única que ele aceita; por isso, é a que devemos es-tabelecer em nossa vida (Rm 1:17).

Há outros benefícios: o justifica-

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64 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

do tem paz com Deus. Por causa de seus pecados, era inimigo de Deus (Cl 1:20-21). Agora, por causa de Cristo, desfruta de paz (Rm 5:1). O justificado também é feito filho de Deus. Antes, era filho da ira e da desobediência (Ef 2:2-3); ago-ra, que tem fé em Jesus, é adota-do na família divina (Jo 1:11-12; Gl 3:26). Além disso, o justificado ganha um amigo eterno. Antes, vi-via só no mundo (Ef 2:12); agora, que está em Cristo, tem o Espírito Santo dentro de si (Rm 8:9-14, 26-27). Não bastasse isso, o justificado tem um destino glorioso. Antes, es-tava perdido nas garras de Satanás (Ef 2:2; Gl 4:8); agora, seguro em

Cristo, está para sempre ligado ao amor de Deus (Rm 8:31-39).

Diante de tudo o que está exposto, é fundamental não ignorarmos este ensinamento, que é crucial para a nossa salvação. Há quem ache repe-titivo e até mesmo cansativo a igreja insistir nos temas da salvação pela graça, através da fé em Cristo. Toda-via, o próprio evangelho ordena aos que foram incumbidos da pregação que não cessem de falar da salvação em Cristo Jesus: E nos mandou pre-gar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos (At 10:42). Por isso, a igreja não para de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo (At 5:42).

01. Leia os primeiros parágrafos do item 1 e comente com a classe o significado da justificação.

02. Ainda com base no item 1, responda: Por que a justificação é tão necessária para os seres humanos? Leia também Mt 3:15; Is 53:11, 64:6.

03. Com base do item 2, comente com a classe sobre a base da justificação, segundo a Bíblia. Leia também Rm 3:24-25 e Gl 2:21.

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1. Viva como uma pessoa que tem consciência da sua absolvição!

Quando um juiz terreno absol-ve um condenado, espera que este passe a viver uma nova vida. Você era prisioneiro de Satanás, vivia acorrentado nas suas garras nefas-tas e escravizado pelo pecado. O fogo eterno era seu destino. Mas Deus, que é rico em misericórdia,

por causa de seu grande amor por você, lhe deu vida juntamente com Cristo. Ele o arrancou das garras ma-lignas e bradou: “Você está absol-vido, filho! Você está livre, filha!”. Você foi salvo pela graça de Deus! Ele o absolveu para que você viva “remando contra a maré”, isto é, contra a carne, o mundo e o diabo. Viva em Cristo e para Cristo.

II PARA PRATICAR

04. Após ler o item 3, enumere, pelo menos, duas características da justificação.

05. Leia Rm 5:1-11 e tente descobrir, neste texto, alguns benefícios da justificação pela fé.

06. Você tem consciência de que foi justificado por Deus? Diante disso, como precisa se comportar, no presente século?

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66 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

07. O que você faz, quando alguém lhe concede uma bondade imensurável, impagável? Conta para os outros ou guarda para si? O que você tem feito, diante da notícia de que foi absolvido por Deus?

MINHA DECISÃO

Comprometo-me a ter uma nova disposição de coração, des-pindo-me do pecaminoso desejo de achar que sou justificado por minhas próprias obras. Quero ser liberto da jactância e da vangló-ria. Quero também que o desejo sincero e humilde invada o meu coração e me motive a viver uma vida de fé e confiança no Filho de Deus, que, por amor, se entregou por todos, na cruz. Quero, ain-da, aproximar-me do Pai todo dia, por meio das obras do Filho, em oração, contrição e confissão, dizendo: “Creio que Cristo morreu para a minha redenção e ressuscitou para a minha justificação!”. Quero e comprometo-me a viver, de fato, esta verdade: ontem condenado; hoje, absolvido, pela fé.

2. Viva como uma pessoa que tem testemunhado da sua absolvição!

O que você faz, quando alguém lhe concede uma bondade imensu-rável, impagável? Que resposta você precisa dar a um Deus que o tirou das trevas, do fogo eterno, da mor-te? Que diz você sobre aquele que o redimiu, libertou e justificou? Ele não quer pagamento. Já está tudo

pago! Ele quer apenas resgatar, li-bertar e justificar outros que ainda não o conhecem. Através do Espírito Santo, Jesus quer usar a sua boca, a sua fé, a sua vida, os seus recursos, para arrancar dos poderes do inimi-go pessoas que estão gemendo, so-bretudo, as que estão bem perto de você (At 1:8). Viva testemunhando da sua absolvição!

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Uma programaçãoespecial para agradecer

a Deus pelos 80 anosda Igreja Adventista

da Promessa

PROCLAMANDOGESTÃO 2012 | 2015

Confira nas próximas três páginas informações sobre a programação do sábado,

ficha de inscrição e procedimentos para sua participação.

Sumaré, 23 a 25 de novembro de 201248ªAssembleiaGeral

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Para quaisquer informações adicionais, entrar em contato com a Secretaria Geral: Telefone: (11) 3119-6457, falar com Irma Velázquez - [email protected]

80 anos pontilhados pela graçaIgreja Adventista da Promessa

Reflexões sobre a nossa identidade

MANHÃ

TARDE

NOITE

Sábado especial

Louvor, oração e Bíblia

Louvor, oração e Bíblia

Louvor, oração e Bíblia

A igreja: nossa essência

O advento: nossa esperança

A promessa: nossa certeza

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Para quaisquer informações adicionais, entrar em contato com a Secretaria Geral: Telefone: (11) 3119-6457, falar com Irma Velázquez - [email protected]

PROCEDIMENTO PARA INSCRIÇÃO

üPreencha todos os campos da ficha (página seguinte), assinalando a opção de pagamento desejada, de acordo com a quantidade de dias de sua participação.

üDeposite o valor equivalente a sua escolha no banco BRADESCO, Ag. 99-0 – C/C 295411-7; destaque a ficha de inscrição (devidamente preenchida); anexe cópia do comprovante do pagamento ou cheques preenchidos, nominal à IAP e remeta-os, via correio, para:

Secretaria Geral da IAP Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro São Paulo, SP – CEP 01014-000

üVocê também pode enviar sua solicitação de inscrição via fax: (11) 3119-6458.

80 anos pontilhados pela graçaIgreja Adventista da Promessa

Reflexões sobre a nossa identidade

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FICHA DE INSCRIÇÃO

Nome:

Endereço:

Bairro: Cidade: UF:

Cep: Fone: ( )

E-mail:

Idade: Pastor ( ) Presbítero ( ) Diácono ( ) Membro ( )

Convenção a que pertence:

FORMA DE PAGAMENTO (Assinale a opção desejada) 

INSCRIÇÃO PARA 3 DIAS (sexta, sábado e domingo) – R$ 280,00 1 X R$ 280,00 com cheque para até o dia 09/11 2 X R$ 140,00 com cheque para os dias 09/10 e 09/11

INSCRIÇÃO PARA 2 DIAS (sábado e domingo) – R$ 198,00 1 X R$ 198,00 com cheque para até o dia 09/11 2 X R$ 99,00 com cheque para os dias 09/10 e 09/11

INSCRIÇÃO PARA 1 DIA (sábado) – R$ 104,00 1 X R$ 104,00 com cheque para até o dia 09/11 2 X R$ 52,00 com cheque para os dias 09/10 e 09/11

IMPORTANTEAPÓS O DIA 09/11/2012, A INSCRIÇÃO SERÁ EFETUADA

SOMENTE NO LOCAL, COM REAJUSTE:

3 DIAS (sexta, sábado e domingo) – R$ 350,002 DIAS (sábado e domingo) – R$ 280,00

1 DIA (sábado) – R$ 150,00

Sumaré, 23 a 25 de novembro de 201248ªAssembleiaGeral

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Hinos sugeridos – BJ 178 • BJ 416

91º DE DEZEMBRO DE 2012

Agora sou filho

Acesse osComentários Adicionais

e os Podcasts deste capítulo em

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OBJETIVO

Apresentar ao estudante da Bíblia a doutrina da adoção, para que este en-tenda que ela vem do Pai, é um processo de fé em Jesus, é autenticada pelo Espírito, trazendo privilé-gios e responsabilidades para quem se torna filho.

TEXTO BÁSICO

Vede que imenso amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos tratados como filhos de Deus; e, em realidade somos filhos de Deus! (1 Jo 3:1 – KJA)

LEITURA DIÁRIA

D 25/11 Gl 4:4-5

S 26/11 1 Jo 3:1

T 27/11 Ef 2:3; Jo 1;12-13

Q 28/11 Rm 8:15-16

Q 29/11 Ef 5:1-8

S 30/11 1 Jo 1:5

S 01/12 1 Co 1:3

INTRODUÇÃO

Este já é o quinto estudo sobre o passo a pas-so da salvação. Na semana passada, tivemos a oportunidade de aprender sobre a justificação. Hoje, iremos tratar de um assunto igualmente importante, que também está entre as obras que ocorrem no início de nossa vida cristã: a adoção. Depois que o Pai nos declara inocen-tes, por acreditarmos no Salvador Jesus, que nos justifica por sua graça, ele resolve nos ado-tar. Ainda que um juiz humano venha declarar um indivíduo inocente, não irá adotá-lo como filho, nem lhe conceder os privilégios que um familiar possui. Mas é isso mesmo que Deus faz conosco. Hoje, meditaremos nessa maravi-lhosa doutrina bíblica: a adoção.

Não importa em que família nascemos: que-remos nos sentir parte dela. A nossa origem familiar nos ajuda a construirmos nossa iden-

I PARA MEDITAR

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda malda

de

Caminhoda SalvaçãoMorte de

Cristo

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Adoção

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68 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

tidade. Em nosso relacionamento com Deus, não é diferente: o fato de sermos feitos seus filhos, pela ado-ção, é o que nos dá a certeza de que pertencemos a ele e somos membros de sua família. Considerando a rele-vância desse assunto, procuraremos entender um pouco, neste estudo, o que é a adoção divina, como aconte-ce e que benefícios esta produz.

1. O Pai nos adotou: Para enten-dermos a natureza da adoção, pre-cisamos, primeiramente, entender por que precisamos ser adotados por Deus. Paulo nos ajuda, quando diz: Éramos, por natureza, filhos da ira (Ef 2:3). Isso significa que algo de errado aconteceu para que nos tornássemos naturalmente filhos da ira. Esse algo foi o pecado de Adão e Eva, que nos degenerou, ou seja, mudou nossa natureza original de filhos legítimos e amigos de Deus e nos tornou seus inimigos, totalmente afastados dele. Nesse sentido, entendemos por ado-ção a restauração do relacionamento entre Deus e o homem. Sermos fei-tos filhos de Deus é a confirmação de que, pela obra de Cristo na cruz, não somos mais inimigos de Deus, nem estamos mais separados dele, mas podemos chamá-lo de Pai, amigo e ter livre acesso a sua presença.

A partir desse entendimento, re-conhecemos melhor a natureza da adoção, tomando por base Jo 1:12, que diz: Mas, a todos quantos o re-ceberam, deu-lhes o poder de serem

feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome. Há, neste texto, dois fatos importantes sobre a natu-reza da adoção: o primeiro é que ela é um dom. Observe que João diz: ... deu-lhes o poder de serem feitos fi-lhos de Deus (grifo nosso). Isso impli-ca que a adoção não é uma conquista humana, mas uma dádiva divina, um ato voluntário e gracioso da parte de Deus. Sobre esse aspecto da adoção, Murray1 afirma que se trata de “um ato distinto da graça de Deus e adi-cional aos outros atos da graça envol-vidos na aplicação da redenção”.

O segundo fato sobre a natureza da adoção presente no texto é que ela é um direito, conquistado por Deus para nós, através de seu Filho Jesus. João diz: ... deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Aqui, “poder” significa autoridade, direito ou privilégio e aponta para uma alte-ração em nossa condição legal dian-te de Deus: estávamos afastados, desvinculados dele, mas, pela ado-ção, fomos reconciliados com ele e ganhamos o direito de lhe chamar de Pai. Isso implica que, ao nos sal-var, ele não apenas nos declara ino-não apenas nos declara ino-centes, justificados aos seus olhos, mas também nos adota como filhos. A adoção é o ato divino de nos res-taurar à condição de filhos de Deus.

2. Processo de adoção: Para se adotar uma criança, existe uma sé-

1. Murray (2010:119).

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rie de critérios a serem preenchidos; entre eles, estão: afetividade fami-liar, educação, condições financei-ras etc. Igualmente, Deus tem suas condições para adotar as pessoas, e vamos procurar entender quais são essas condições. Como esse pro-cesso acontece? De acordo com Jo 1:12-13, a primeira condição é a fé em Jesus: Mas, a todos quantos o re-ceberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome (Jo 1:12). Aqui, receber é admitir, reconhecer. Neste sentido, para sermos feitos fi-lhos de Deus, precisamos admiti-lo, reconhecê-lo como Senhor e Salva-dor de nossas vidas.

De acordo com o mesmo texto, a segunda condição é o novo nasci-mento, uma vez que não há como nos tornarmos filhos de Deus, sem sermos gerados por ele. Observe o que João diz, na sequência do texto: ... os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1:13). Somos feitos filhos de Deus porque é sua vontade que assim seja. Não temos poder ou condição alguma em nós mesmos de nos tor-narmos seus filhos, mas ele, pelo seu imenso amor por nós, nos torna conscientes de nossa condição mise-rável e nos conduz à salvação pela fé no seu Filho Jesus. Quando cremos em Cristo, somos regenerados. Nas-cemos de novo! Esse é o início de uma nova vida gerada por Deus e em

Deus. Por meio da fé que ele coloca em nós, nascemos de novo para nos tornarmos semelhantes a ele. É nes-sas condições que somos adotados como seus filhos.

Sendo a adoção resultado da fé em Cristo e do novo nascimento pelo Espírito Santo, nós nos torna-mos novas pessoas que podem servir a Deus. Antes, não: Segundo a santa Escritura, éramos considerados filhos do diabo (1 Jo 3:10) e, por conse-quência, filhos da desobediência (Ef 2:1). Agora, não mais: Deus nos deu o pivilégio de ser nosso Pai e de Je-sus, seu Filho, ser nosso “irmão mais velho”; afinal, Cristo é o primeiro en-tre muitos irmãos (Rm 8.29 – NBV). Ele é nosso modelo; é nele que nos inspiramos, a fim de fazermos a von-tade de Deus, e é nele que o Espírito Santo nos transforma, diariamente, pois Deus nos predestinou para que nos tornássemos à imagem de seu Filho (Rm 8:29).

3. Autenticados pelo Espírito: A certidão de nascimento é um do-cumento que comprova a existência do cidadão e sua filiação. Nela, há detalhes sobre o local, a data de nas-cimento e sobre os pais da criança. Com relação à adoção divina, tam-bém temos uma “certidão”, uma ga-rantia de que, de fato, somos filhos de Deus. Como temos essa certeza? Paulo nos responde: ... recebestes o Espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai (Rm 8:15). E ele

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70 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

continua, dizendo: O próprio Espíri-to testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8:16). Va-mos, então, analisar o que garante nossa adoção como filhos de Deus.

Em primeiro lugar, a garantia da adoção é a presença do Espírito San-to em nós. Em Romanos 8:14, lemos: Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. A palavra guiados “nesse caso significa ‘ser voluntariamen-te conduzido’”.2 Devemos, então, entender que Deus não apenas nos mostra o caminho certo a trilhar, mas “segura” em nossas mãos, até che-garmos ao lugar desejado: o céu.3

Em segundo lugar, a garantia da adoção é o testemunho interno do Espírito Santo. Para entendermos isso, leiamos Romanos 8:16: O mes-mo Espírito testifica com o nosso es-pírito que somos filhos de Deus. A palavra testifica vem da palavra gre-ga symmartyreo.4 No pensamento da época, este termo era “usado nos papiros onde a assinatura de cada testemunha é acompanhada pelas palavras ‘Testemunho junto com... e selo junto com...”,5 ou seja, o Es-pírito “assina” embaixo a respeito de nossa filiação a Deus Pai. Ele nos confirma que somos da família divi-na! Seu testemunho, dentro de nós,

2. Wiersbe (2006b:704).

3. Lopes (2010:290).

4. Stott (2000:282).

5. Rienecker (1995:269).

nos tira o medo e permite que cha-memos Deus de Aba, ou seja, nosso Pai (Rm 8:15).

4. Nova família, nova vida: Te-mos muitos privilégios, como filhos de Deus. Temos, por exemplo, li-berdade, ou seja, acesso ao Pai (Rm 8:14-15; Gl 4:7). Temos também segurança, que é a certeza de nossa filiação (Rm 8:14-15). Isso quer dizer que o Pai cuida de nós, suprindo nos-sas necessidades, tanto materiais (Mt 6:25-30) quanto espirituais (Hb 12:5-11), e ainda nos concede uma heran-ça, a glorificação. Isto mesmo: somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Gl 4:7). Por isso, estamos esperando a adoção, a saber, a re-denção do nosso corpo (Rm 8:23), na vinda de Cristo, quando, finalmente, seremos semelhantes a ele (1 Jo 3:2).

Agora que já sabemos dos pri-vilégios de sermos filhos de Deus, como devemos viver? Como vivem os irmãos de Jesus? Efésios 5:1 diz: Sede, pois imitadores de Deus, como filhos amados. Nós fazemos isso andando no amor. Essa cami-nhada deve ser nos passos de nosso “irmão”, Jesus, que se entregou por amor a nós (Ef 5:2). Ainda em Efé-sios 5:3-7, encontramos uma lista de obras que são condenadas por Deus. Por que não podemos prati-car tais obras? Vejamos o v.8: Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como fi-lhos da luz (Ef 5:8). Sendo filhos da

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luz, porque Deus é luz (1 Jo 1:5), nossas obras devem ser dignas de quem pertence à família do Pai.

Segundo a palavra de Deus, nós, que temos a Jesus como Salvador, não temos condenação, pois, quan-do chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei (Gl 4:4 – NVI). Assim, nossa mente não é mais escravizada pela carne, em-bora ainda sejamos falhos. Como pessoas guiadas pelo Espírito, temos

uma mente inclinada à vontade de Deus (Rm 8:5). Se temos uma mente espiritual, devido ao Espírito Santo em nossas vidas, assim, agora po-demos obedecer às leis divinas (Rm 8:4 – NBV); afinal, o Senhor colocou sua lei em nosso coração (Hb 8:10). E é por causa da vinda de Cristo para nos salvar que podemos fazer a von-tade do Pai, pois Jesus veio com o objetvo de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4:5).

01. Leia o texto de Ef 2:3 e reflita com a classe sobre o gesto do Pai de nos adotar por meio de Jesus.

02. Com base em Jo 1:12, fale sobre dois fatos aprendidos aqui: “dom” e “privilégio” de termos sido adotados pelo Pai. Que influência isso tem em sua vida?

03. Por que só pela fé (Jo 1:12) e pelo novo nascimento (Jo 1:13) é possível pertencer à família de Deus?

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72 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

04. Refletindo em classe, fale sobre a presença do Espírito (Rm 8:14) e sobre o testemunho do Espírito (Rm 8:16) na vida dos filhos de Deus.

05. Lendo o item 4 do primeiro comentário, fale dos privilégios dos filhos de Deus e de suas responsabilidades. Como você vê essas verdades para a sua vida?

1.Você é filho de Deus! Venha sem medo, pois o Pai o aceita!

Deus teria toda razão, se quisesse destruir a humanidade. É só pensar-mos na desastrosa decisão que Adão e Eva tomaram de comer do fruto proibido no jardim (Gn 3). A partir daí, a humanidade se viu sem pai, sem irmão, sem família. Se você se vê assim, órfão espiritualmente, lon-

ge de Deus, sem Jesus, a Bíblia lhe dá uma boa notícia: em Jesus, somos feitos filhos de Deus! (Jo 1:12). Por isso, abra o seu coração; creia em Jesus; torne-se filho de Deus, e seja incluído na igreja de Deus, a família do Pai, a casa onde você deve ficar! Venha sem medo: em Cristo, Deus o aceita, pois é Pai de muitas miseri-córdias (1 Co 1:3).

II PARA PRATICAR

06. Fale com a classe sobre como é ser filho de Deus.

2. Você é filho de Deus! Venha sem medo, pois o Pai o perdoa!

Você já é filho, mas, por algum mo-tivo, errou. Quem sabe tem andado

longe de casa, longe de Deus. Como o filho mais moço da parábola (Lc 15:11-32), você resolveu ir para o mundo, gastando o que tinha, mas ficando

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07. Diga quais motivos nos fazem ficar longe do Pai, mesmo sabendo que ele nos perdoa.

sem nada; ou, quem sabe, é como o filho mais velho, que está em casa, mas não se considera importante. Tan-to sair da casa do Pai quanto estar na casa dele e pensar que não é importan-

te é pecado. Mas há perdão em ambos os casos. Para quem está distante, há carinho de novo, pois o Pai o espera, e, para quem fica, existe renovação, para se ter a certeza da filiação.

MINHA DECISÃO

Creio na paternidade de Deus, assim como creio que ele é o Juiz que me inocentou, ou seja, me justificou, pela fé em Jesus. Sem medo, então, sei que posso chegar diante de Deus e chamá-lo de Aba, ou seja, meu Pai. Hoje, pertenço à família de Deus, pois ele me adotou, por sua infinita graça. Agora, não tenho medo de me aproximar dele, pois me tirou da maldição da lei e me tornou livre para praticar os seus mandamentos. Quero seguir meu “irmão” Jesus, com os outros filhos e filhas de Deus, que formam um povo, que Jesus não se envergonha de chamar de irmãos (Hb 2:11b).

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74 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Hinos sugeridos – BJ 12 • BJ 130

108 DE DEZEMBRO DE 2012

Santidade já!

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OBJETIVO

Esclarecer ao estudante da palavra de Deus o que é a santificação pessoal e mos-trar que esta é a “parte do meio” do processo de salvação, a fim de que este não se esqueça de quem é e de como deve viver.

TEXTO BÁSICO

Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”. (1 Pd 1:15-16 – NVI)

LEITURA DIÁRIA

D 02/12 1 Pe 1:15

S 03/12 Lv 11:45; 1 Pe 1:15

T 04/12 1 Co 1:2; 1 Pe 1:19

Q 05/12 Fp 2:12-13

Q 06/12 Lc 9:23

S 07/12 Sl 119:11; Rm 7:12

S 08/12 1 Jo 3:2

INTRODUÇÃO

Pela bondade do nosso criador, chegamos ao sexto estudo seguido sobre o passo a pas-so da salvação. Já analisamos vários atos que fazem parte do início da nossa vida cristã: a conversão, a regeneração, a justificação e a adoção. Todos esses atos são praticamen-te simultâneos e ocorrem logo após a nossa decisão por seguir a Cristo. Contudo, confor-me estudamos na quarta lição desta série, a salvação é um processo e não contém apenas atos ligados ao passado. Aqui, veremos uma dessas obras que fazem parte do processo da salvação: a santificação. É nesta parte do pro-cesso da salvação que os cristãos verdadeiros se encontram; daí a importância do tema.

Um dos símbolos de nossa fé é o Calvário. Lá, Cristo morreu por nós. Paulo centraliza sua pregação neste fato: ... mas nós pregamos a Cristo crucificado (1 Co 1:23). Ao escrever a Ti-móteo, ele diz: Lembre-te de Jesus Cristo, res-

I PARA MEDITAR

O ser humano degenerado

pelo pecado (nasce morto

em delitos

e pecados):

Vive para si mesmo,

cegado pelo deus

deste século.

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O ser humano regenerado

por Deus tem vida plena:

Volta a viver para a glória

de Deus (propósito original).

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Tudo o que é contrário

ao propósito original de

Deus (ímpios, Satanás e

seus agentes).

Extinçãoda malda

de

Caminhoda Salvação

Santifi cação (processual)

PerseverançaPossibilidade de retorno

ao plano original.

Morte de Cristo

O ser humano gerado por

Deus tem vida plena:

Criado para viver para

a glória de Deus.

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Santificação (processual)

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suscitado de entre os mortos (2 Tm 2:8). A vida cristã se detém não ape-nas na cena da cruz, mas também na do sepulcro vazio. Assim como Jesus ressuscitou, os que o recebem pela fé e pela transformação do Espírito vivem de uma nova maneira. Enten-demos que quem é justificado pela graça de Cristo, vive como um res-suscitado; vive uma vida santa.

1. Isso é coisa de Deus: Tanto no Antigo quanto no Novo Testa-mento, a Bíblia diz que, à semelhan-ça de Deus, devemos ser santos (Lv 11:45; 1 Pd 1:15-16). Deus é o autor da santificação. Isso nos leva a en-tender que “a santificação é uma obra sobrenatural; é algo feito por Deus, não é algo que fazemos por nós mesmos”1 (1 Ts 5:23; 1 Co 1:30-31; 2 Ts 2:13 ). Vemos o atributo da santidade nas três pessoas divinas. Confira, a seguir, algumas confirma-ções bíblicas sobre isso.

Em primeiro lugar, a Bíblia afirma que o Pai é santo, pois, quando faz sua oração pelos discípulos de todos os tempos e lugares, Jesus diz: Pai santo (Jo 17:11). Em segundo lugar, de acordo com a Escritura, o Filho é santo, pois, no livro do Apocalipse, ele faz referência a si próprio da se-guinte maneira: ... estas coisas diz o santo (Ap 3:7). Em terceiro e último lugar, também de acordo com a Bí-blia, o Espírito de Deus é santo, pois

1. Erickson (1997:419).

lemos, em 2 Timóteo 1:14, estas pa-lavras de Paulo: Guarda o bom depó-sito, mediante o Espírito Santo que habita em nós. Em todos os casos, as palavras gregas traduzidas por san-to expressam o nível alto de nosso Deus, que é separado de toda a sua criação, em natureza e caráter.2

2. A posição do cristão: Apesar de sua posição de santidade, Deus nos concede a possibilidade de ser-mos santos. Na Bíblia, os cristãos são chamados de nação santa (1 Pe 2:9). Sendo santo, Deus deseja que todos os que são justificados pela fé em Jesus se tornem tais como ele é. O único meio para isso é a salvação em Jesus. Apesar de não sermos essen-cialmente santos, em Cristo somos chamados à comunidade daqueles que foram santificados nele. Isso quer dizer que todos os cristãos já es-tão separados para este fim. Essa é a santificação posicional, o primeiro as-pecto da santificação na vida do cris-tão. Somos chamados de “santos”. Esta é a posição que recebemos.

Na igreja de Corinto, aconteceram muitos problemas de ordem moral e espiritual. Todavia, apesar de todos os seus erros e pecados, essa era considerada posicionalmente uma igreja santificada: ... à igreja de Deus que está em Corinto, aos santifica-dos em Cristo Jesus (1 Co 1:2). A pa-lavra grega traduzida por santifica-

2. Pearlman (2009:71).

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76 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

dos é hagiazo, e mostra uma ação de Deus completa, que traz resultados para vida toda do salvo.3 Quando somos salvos da condenação do pe-cado (justificação), também somos separados para a santificação. Esse é o “pontapé” inicial para a nova vida de quem foi salvo.

3. No meio da estrada: Veremos, a partir de agora, o segundo aspecto da santificação na vida do cristão: a santificação progressiva. Estamos no meio da “estrada da salvação”, por-que a santificação pessoal é a parte da salvação que acontece no tempo presente. Podemos definir esse mo-mento assim: “... santificação é uma obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez mais livres do pecado e semelhantes a Cristo em nossa vida presente”.4 Sobre isso, o autor de Hebreus diz: Esforçai-vos para viver em paz com as pessoas e em santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14 – KJV). A palavra grega traduzida por Esforçai-vos é dioko, “que significa perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”.5 Devemos progredir nessa nova posição que recebemos.

Essa santidade progressiva é pos-sível. É algo que deve estar entre as prioridades de nossa vida. A santida-de não é expressa apenas nas nossas

3. Kistemaker (2004:60).

4. Grudem (1999:62).

5. Champlin (1979:647).

posturas e atividades que classifica-mos como “espirituais”, mas é mani-festa em todo o nosso ser. É por isso que a Bíblia declara: ... mas, como é santo aquele que vos chamou, sede santos vós também em toda a vossa maneira de viver (1 Pe 1:15). A san-tificação progressiva é a obra que o Espírito Santo desenvolve em nós, dia-a-dia, para nos afastar cada vez mais do pecado e nos tornar cada vez mais parecidos com Cristo.

4. Uma santa parceria: Toda von-tade pelas coisas espirituais não é um desejo natural do homem. Só deseja-mos as coisas espirituais porque Cris-to nos salvou, porque nascemos de novo (Rm 8:1-2). Mas, uma vez que tudo de bom vem do Pai (Tg 1:17), será que temos alguma responsabili-dade? A resposta é sim. Esta parte da salvação é uma parceria com Deus. Por isso, Paulo diz: ... desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor (Fp 2:12). O apóstolo estava convicto de que isso é possível, porque sabia que Deus dá um novo coração (Ez 11:19) a todos que creem em seu Filho Jesus e os capacita a viver em novidade de vida (Rm 6:4).

Ainda em Filipenses 2:12, em ou-tra tradução bíblica, vemos que os crentes daquela igreja deveriam por em prática a sua salvação (KJV). Ele prossegue, dizendo: ... porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2:13). Aqui, a palavra gre-

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ga traduzida por efetuar aponta para o fato de que Deus nos faz produzir, nos enche de energia espiritual para fazermos a vontade de dele.6 Deus, que é o autor da santificação, deseja que respondamos ao seu amor com uma vida separada e reta. Desejamos nos purificar devido ao amor de Jesus na cruz, que nos leva a viver dedica-dos a Deus, por sua graça (2 Co 5:14).

5. O esforço para ser santo: De-vemos fazer a vontade de Cristo em detrimento da nossa. Todo discípulo do Senhor recebe a missão de seguir a “lei da cruz” (Lc 9:23), porque o chamado que recebeu para seguir a Cristo e imitá-lo é um chamado para dizer não ao seu próprio “eu”.7 Além disso, o seguidor de Jesus deve carregar a cruz, no seu cotidiano, levantando, diariamente, o testemu-nho de Cristo em sua vida, até mor-rer completamente para si mesmo.

A lei de Deus também conduz se-guramente os discípulos do Senhor no caminho da salvação, pois, nas palavras de Paulo, a Lei é santa, e o mandamento, santo, justo e bom (Rm 7:12 – KJV). Os mandamentos do Senhor são a expressão da von-tade de Deus. Por isso, quando os fi-lhos de Deus os colocam em prática, fazem o que lhe agrada (Sl 119:11). Assim, como discípulos de Jesus, pre-cisamos ser cheios dos ensinos da pa-

6. Idem, p.35.

7. Rienecker (1995:123).

lavra de Deus, para que a vontade do Senhor seja feita. Nossa velha nature-za ainda está dentro de nós; porém, não mais como a “dona” de nosso coração, mas como “serva” de nossa submissão ao Espírito (Gl 5:16).

6. Finalmente, santo: Um dia, viveremos sem a incômoda presença do pecado. Um dia, este será destru-ído completamente por Deus. Mas até que esse dia chegue, Deus con-tinuará lutando contra a nossa peca-minosa vontade: ... porquanto a car-ne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o que quereis (Gl 5:17 – KJV). De alguma forma, todas as pessoas vivem um conflito na consciência; porém, não como esse da carne e do Espírito. A carne e o Espírito, que residem no cristão, permanecem em um conflito intenso.8

Contudo, vale a pena lembrarmos que esse conflito está com seus dias contados, pois, no retorno de Jesus, seremos livres da presença do pecado; então, se concretizará a palavra de 1 Jo 3:2: ... quando ele se manifestar, se-remos semelhantes a ele, porque ha-veremos de vê-lo como ele é. Vivere-mos sem conflito, pois acontecerá “a gloriosa libertação daquela incômoda e humilhante ambivalência do bem e do mal”.9 Glória Deus por sua vinda!

8. Stott (2007:133).

9. César (2011:115).

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78 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

01. Após ler Lv 11:45; 1 Pd 1:15, e o item 1, responda: O que é a santificação e quem é o seu autor?

02. O que é santificação posicional (leia 1 Co 1;2a e o item 2) e santificação progressiva (leia Hb 12:14 e o item 3)? O que é a parte do “meio da salvação”?

03. Baseado em Rm 8:1-2 e Fp 2:12, responda: De onde vêm nossos desejos pelas coisas espirituais? Você acredita que deseja ser santo naturalmente? Qual a nossa responsabilidade na santificação.

04. Leia Sl 119:11; Lc 9:23; Rm 7:12, e responda: Como podemos ter uma vida mais santa? Como se relacionam a “lei da cruz” e a “lei de Deus”?

05. Fale sobre o conflito do cristão e quando se dará o seu fim. Recorra a estes textos bíblicos: Gl 5:17 e 1 Jo 3:2.

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2. Não se esqueça de como você vive!

A vida cristã é uma batalha diária. Recebemos a posição de santidade unicamente pela graça de Jesus. É só por isso que, como templos do Es-pírito Santo (1 Co 3:16), desejamos as coisas espirituais: leitura da Bíblia, oração, jejum, solitude etc. Servimos ao Senhor com os dons espirituais (Ef

4:7-8), edificando e evangelizando (Mc 16:15-18). Essa vida em santi-dade deve ser constante: passa pela Internet, pelos relacionamentos fa-miliares, pelo trabalho e pelas amiza-des. Se procurarmos imitar Cristo em tudo, não daremos lugar à carne (Gl 5:19-21); antes, andaremos no Espí-rito e mostraremos o seu fruto em nossa vida (Gl 5:22-25; cf. Ef 2:10).

1. Não se esqueça da sua posição!Talvez você tenha abandonado o

processo de santificação, ou esteja pensando nisso, por ter se esque-cido de quem você é. Os impulsos que o incomodam talvez o tenham feito pensar que Deus já desistiu de você. Porém, você percebe um incomodo de alma, uma dor de

consciência. Isso pode ser a tristeza causada por Deus, provocando um verdadeiro arrependimento (2 Co 7:10). Não esqueça que você é filho de Deus. Não permita que Satanás o engane com mentiras. Lembre que a sua salvação está mais perto, agora, do que no princípio, quando você creu (Rm 13:11).

II PARA PRATICAR

06. Você tem lembrando de quem você é? O que torna mais difícil nos mantermos na fé em Cristo?

07. Você tem lembrado como vive? O que pode praticar para viver em santidade. Veja os textos bíblicos da aplicação 2.

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80 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

MINHA DECISÃO

Sei que já fui salvo da condenação do pecado (justificação) e estou sendo salvo do domínio do pecado (santificação). Não quero esquecer quem sou e como devo viver. Por isso, continuarei em santificação, renunciando ao que mais me tenta e mortificando a minha carne, para vencer o pecado. Quero, a cada dia, tornar-me mais parecido com Jesus. Preciso que a minha vida seja cada dia mais santa, para continuar progredindo na fé em Cristo. Amém.

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Hinos sugeridos – BJ 208 • BJ 317

1115 DE DEZEMBRO DE 2012

Posso perder minha salvação?

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OBJETIVO

Mostrar ao estudante da Bíblia que o cristão pode perder a salvação, e, por isso, precisa meditar nas imagens da perseverança, para que ande com cuidado e certeza da salvação, preservando, assim, o que recebeu de Cristo: a salvação.

TEXTO BÁSICO

Mas aquele que perseverar até o fim será salvo. (Mt 24:13)

LEITURA DIÁRIA

D 09/12 Mt 24:13

S 10/12 Hb 12:1

T 11/12 1 Co 9:26

Q 12/12 2 Tm 2:3-4

Q 13/12 Tg 5:19-20

S 14/12 2 Pe 2:20-22

S 15/12 Hb 10:25

INTRODUÇÃO

O número de pessoas que saíram da igreja cresceu. É só você pensar em quantas pessoas conhece, que não caminham mais com você para a igreja. Para Kinnaman,1 diretor de um instituto cristão americano de pesquisas, “a maior parte dos ‘não-cristãos’ (...) é formada por gente que (...) frequentou a igreja e serviu a Jesus”. Isso não é coisa de hoje: há mais de dois mil anos, o autor de Hebreus já alertava os crentes a não abandonarem o costume de congregar (10:25). Sair da igreja, deixar de vi-giar e orar (Lc 21:36) podem ser sinais de des-vio da fé, pois as práticas cristãs são relevantes para continuarmos caminhando na graça de Cristo. Vamos ao estudo de hoje.

No último estudo, começamos a refletir so-bre “a parte do meio” do processo de salvação. Tratamos da santificação. Nesta lição, tratare-mos de outra obra que também diz respeito a

1. Apud Dick, Cristianismo Hoje, n.25, out/nov de 2011, p.42.

I PARA MEDITAR

O ser humano degenerado

pelo pecado (nasce morto

em delitos

e pecados):

Vive para si mesmo,

cegado pelo deus

deste século.

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão

(arrependimento e fé)

Regeneração

Justifi caçãoAdoção

Santifi cação (posicional)

Glorifi cação

(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O ser humano regenerado

por Deus tem vida plena:

Volta a viver para a glória

de Deus (propósito original).

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Tudo o que é contrário

ao propósito original de

Deus (ímpios, Satanás e

seus agentes).

Extinçãoda malda

de

Caminhoda Salvação

Santifi cação (processual)

PerseverançaPossibilidade de retorno

ao plano original.

Morte de Cristo

O ser humano gerado por

Deus tem vida plena:

Criado para viver para

a glória de Deus.

Criação

Novos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

Perseverança

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82 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

essa mesma parte intermediária da salvação: a perseverança. Esta, por sinal, é a “irmã gêmea” da santifica-ção, pois quem anda em santidade de vida, está perseverando na fé, e quem persevera na fé, está se santificando; isso porque a graça de Deus nos leva a viver de uma nova maneira. Assim, podemos viver como filhos de Deus, de maneira sensata, justa e piedosa (Tt 2:12), pois fomos separados do pecado pelo Senhor e devemos de-senvolver a santificação para vermos o Senhor (Hb 12:14). Fazendo assim, iremos preservar nossa salvação.

1. Imagens de perseverança: Há algumas imagens que nos ajudam a visualizar a perseverança. Por pri-meiro, temos a corrida. Em Hb 12:1, lemos: ... corramos, com perseveran-ça, a carreira que nos está proposta. Esse texto mostra a vida cristã como uma corrida rumo à pátria celestial. A palavra corramos (gr. trechomen2) traz a ideia de um constante esforço para se chegar ao objetivo final. Por isso, essa corrida é feita com perse-verança (gr. hupomones3), que, aqui, nos remete a caminhar com esperan-ça4. O cristão não está caminhando para o nada: está indo para o céu.

Outra imagem que temos para a perseverança é a luta. É o que ve-mos em 1 Co 9:26b: ... assim luto.

2. Wiley (2008:507).

3. Idem.

4. Rienecker (1995:523).

A palavra grega traduzida por luto (gr. Pukteuo) aponta para o pugi-lista ou boxeador, “aquele que luta com os punhos”.5 Veja que a vida cristã é uma constante luta contra o pecado. A última imagem que a Bí-blia apresenta é da guerra. O cristão é um soldado que anda conforme a vontade daquele que o alistou para o serviço. É isso que Paulo diz, em 2 Tm 2:3: Participa comigo dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. Embora Paulo esteja se dirigindo a quem está no ministério, certamente essa imagem serve para a vida do cristão. Devemos militar es-piritualmente no poder de Deus.

Essas imagens ajudam-nos a visu-alizar como devemos caminhar com nosso Senhor Jesus Cristo. Não de-vemos ficar parados na vida cristã. A ordem bíblica é: cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3:18 NVI). Precisamos continuar nossa corrida crendo na recompensa final (1 Co 9:24-25). Jamais podemos vacilar, na nossa luta contra o inimigo de nossas almas (Ef 6:12), mas deve-mos continuar seguindo as ordens do Senhor para agradá-lo sempre (2 Tm 2:3). Podemos ter uma vida cristã crescente, perseverando, sempre de-pendentes da graça de Deus.

2. Cuidado no caminho: Já sa-bemos que nossa salvação está mais

5. Idem, p. 308.

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perto do que quando começamos a crer em Jesus (Rm 13:11). É nosso dever, então, preservar a salvação. E isso é possível? Jesus falou várias vezes sobre perseverança. Em três, dos quatro evangelhos, Cristo nos chama a não desistirmos da fé, fren-te aos últimos dias (cf. Mt 24:13; Mc 13:13; Lc 21:19). Perseverar é a tra-dução para a palavra grega hupome-no, cujo significado é ficar firme na fé em Cristo, até o fim. Perseverar ou preservar a salvação é caminhar para frente, seguindo Jesus Cristo.

Para que preservemos a salvação que nos foi dada de graça por Jesus, devemos continuar nossa corrida, nossa luta e nossa guerra. A partir das três imagens que vimos no item anterior, vamos meditar, agora, sobre o que atrapalha o cristão. O atleta se-gue na corrida e o cristão persevera. Para isso, precisa deixar todo peso que o detém e o pecado que o envol-ve (Hb 12:1). Wiley6 nos ajuda a en-tender o significado de deixar o peso: “... tem o sentido de desfazer-se de coisas supérfluas, (...) o excesso de vestimenta que impeça o progresso do corredor”. Assim, devemos tirar tudo que impede a nossa caminhada.

Com a imagem do lutador, Paulo mostra como devemos combater, no “ringue” da vida cristã. Ele diz que não dava socos no ar (1 Co 9:26b), pois seria algo inútil, e concluí: mas esmurro meu corpo e o reduzo à es-

6. (2008:506).

cravidão, (...) (v.27a). Vale dizer que o apóstolo não maltratava seu cor-po, mas limitava, no poder de Deus, a sua natureza humana. Para Paulo, seu maior adversário era ele mesmo. Sabemos que quem nos ajuda nessa luta é o Espírito (Gl 5:17). Por fim, o que impede o soldado de ser vitorio-so na guerra é embaraçar-se com as coisas desta vida (2 Tm 2:4). Segundo a chave linguística do NT “a palavra [embaraçar-se] retrata a arma de um soldado embaraçada em sua própria armadura (...)”.7 Como soldados de Cristo, temos de continuar na “guer-ra” contra o pecado, não perdendo de vista a nossa esperança.

3. Desvio: primeiro passo rumo à apostasia: A Bíblia afirma clara-mente que um cristão pode perder a salvação recebida pela graça de Deus. Isso acontece quando este apostata. Apostasia significa, literal-mente, “mudança de posição”. A apostasia é uma ruptura completa de relação com Jesus; não é resul-tado de uma decisão rápida, “mas de um processo de endurecimen-to gradual dentro da mente que se cristalizou agora em uma ‘atitude constante de hostilidade a Cristo’”.8 O primeiro passo rumo à apostasia é o desvio. Sobre isso, Tiago diz: ... se algum dentre vós se desviar da verdade ... (5:19a). Aqui, “o verbo

7. Guthrie apud Rienecker (1995:474).

8. Arrington; Stronstad (2003:1575).

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84 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

‘desviar’ significa ‘perambular’ e su-gere um afastamento gradativo da vontade de Deus”.9 Assim, entende-mos que um crente pode, sim, sair do caminho.

Os cristãos devem pregar aos des-viados, para que estes voltem ao ca-minho, pois, a partir do texto de Tia-go, entendemos que há chance para aquele que se afastou, mas ainda crê no Senhor (Tg 5:20). Quanto aos du-vidosos, mencionados na Carta de Judas, devemos nos esforçar e ter mi-sericórdia deles, a fim de ajudá-los a voltar para o caminho de Deus (Jd 22-23). O fato é que o desviado da ver-dade pode voltar. Contudo, o desvio é um caminho perigoso, pois pode levar à apostasia. O pecado continu-ado pode levar ao endurecimento da mente e tornar a consciência insen-sível. Assim, chega-se à apostasia. Para o apóstata, não há retorno (Hb 6:4-6). Cuidemos: quem se desvia do caminho, já tem uma grande chance de apostatar. Não devemos insistir no pecado (Hb 10:26), pois todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado (1 Jo 3:9a).

Se não perseverarmos na fé, acon-tecerá o retrocesso espiritual men-cionado em 2 Pd 2:20-22. De cren-tes genuínos, passaremos a hereges e falsos mestres (ver 2 Pd 2:1-19). O apóstata é comparado ao cão que volta a comer seu vômito e a porca limpa que se suja na lama (v.22).

9. Wiersbe (2006c:497).

Preservar a fé em Jesus é o melhor remédio. O melhor a fazermos é não negligenciarmos tão grande salvação (Hb 2:3). Não devemos trocar Jesus por filosofias, legalismos ou prazeres momentâneos. Devemos vencer os pecados que podem nos fazer sair do caminho da graça. Não precisamos provar do mundo para sabermos que o que há nele é mau: basta lembrar-mos o que a Bíblia diz: sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno (1 Jo 5:19).

4. Caminhando com certeza: Por que podemos andar com certe-za da salvação? Em primeiro lugar, podemos ter certeza da salvação por-que ela foi conquistada na cruz. Em Cl 1:22, Paulo diz que Deus, pelo sa-crifício de Cristo, nos reconciliou con-sigo para nos apresentar santos, irre-preensíveis e inculpáveis, perante ele. A palavra apresentar pode significar que, no futuro, diante do julgamento de Deus, não haverá nenhuma sen-tença contra os salvos. Outra palavra de significado interessante é irrepre-ensíveis, que traz a ideia de que se-remos chamados por Deus não para sermos incriminados, pois somos in-culpáveis, devido à reconciliação que Jesus fez para voltarmos para o Pai.10

Em segundo lugar, podemos ter certeza da salvação porque a salvação final (glorificação) é certa. Em Romanos 8:30, encontramos esta certeza: E aos

10. Martin (1984: 78).

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que predestinou, a esses também cha-mou; e aos que chamou, a esses tam-bém justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (grifo nos-so). Paulo é tão certo da salvação dos que, pela graça, creram em Jesus que coloca a glorificação como fato do pas-sado. Um “passado profético”, uma forte certeza.11 Deus já contempla o fim da salvação, pois é onisciente. Podemos confiar na sua palavra. Jesus foi para o céu, mas virá para nos buscar (Jo 14:3).

Podemos caminhar com essa certe-za, pois, como vimos fomos reconci-

11. Stott (2000:306)

liados com Deus, na cruz. E já que fo-mos salvos por ele, devemos preservar a fé, para que, naquele dia, sermos por ele salvos da ira (Rm 5:9). Essa preservação não é merecimento. Não nos esforçamos para sermos filhos de Deus, pois já o somos, pela graça. Nós praticamos a salvação sabendo que é Deus que nos dá poder (Fp 2.12-13). Para não perder essa esperança viva, a única condição que creiamos intei-ramente na verdade, fiquemos firmes e seguros nela, convictos da Boa Nova de que Jesus morreu por nós, sem va-cilarmos na confiança nele como sal-vador (Cl 1.23a – BV). Não desistamos da fé! Pratiquemos o evangelho!

01. Como você relaciona as três imagens de perseverança (corredor, lutador e soldado) com sua vida cristã?

02. Pensando em suas lutas contra o pecado, qual a importância de o cristão agir como corredor, lutador e soldado? Que ações você pode praticar para vencer as ameaças à sua vida cristã?

03. Você já se desviou da fé ou conhece alguém que se desviou? Sabe também de casos de apostasia? Como você deve agir diante de quem está afastado?

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86 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

04. Lembrando-se da explicação sobre Cl 1:22, relate sobre a importância de caminhar com a certeza da salvação.

05. Recorrendo a Cl 1.23 e à explicação do item 4, fale sobre a responsabilidade do cristão, mediante a certeza da salvação.

06. Como está a sua fé no Senhor Jesus? O que você pode fazer para recuperar o ânimo?

II PARA PRATICAR

1. Persevere: Não saia do caminho! Talvez você esteja sentindo vontade

de sair da igreja, ou, talvez, mesmo indo ao templo, você não esteja mais vivendo como igreja. Talvez você já tenha percebido que o seu amor esfriou (Mt 24:12), que o pecado o tem levado para longe, que você anda lendo coisas estranhas ao evangelho e

frequentando lugares impróprios para um cristão. Talvez você nem guarde mais os mandamentos de Deus como antes (Êx 20). Saiba, porém, que há jeito, pois Deus não desistiu de você. Corra, lute e guerreie! Não pare de perseverar! Não olhe para traz! Continue! Prossiga para o alvo, pois a graça de Deus o fortalece (Fp 3:13-14).

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2. Persevere: Volte para o caminho!

A você, que está desviado ou conhece alguém que se desviou, a mensagem da palavra de Deus é esta: “Volte para o caminho!”. Você pode ter cansado da igreja ou ter se escandalizado com ela, mas Deus o espera de braços abertos.

Venha o mais depressa possível. An-tes de excluir Deus de sua vida, ex-clua o seu eu e volte para o Senhor. Ele continua amando você e dizen-do: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo (Ap 3:20). Cabe a você decidir.

07. Faça um exercício de reflexão e veja (se for o seu caso) como foi a experiência de sair do caminho. Quais as consequências? Como você pode voltar para a caminhada na fé?

MINHA DECISÃO

Reconheço que, só com a graça de Deus, conseguirei caminhar para frente, na vida cristã. Por isso, eu me pergunto: Como tenho caminhado? Como está meu ritmo na “corrida da fé”? Como te-nho lutado? Como tenho guerreado: com minhas armas ou com as de Deus? Irei procurar me envolver mais com minha comunida-de local. Vou aumentar meu ritmo na fé, tanto na esfera particular como na pública. Pela graça de Deus, aumentarei meu tempo de oração e leitura da palavra. Participarei mais dos cultos, envolven-do-me em um ministério da igreja local. Perseverarei na fé em nos-so Senhor Jesus Cristo! Amém.

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88 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Hinos sugeridos – BJ 215 • BJ 290

1222 DE DEZEMBRO DE 2012

Enfim, semelhantes a ele!

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OBJETIVO

Levar o estudante das Escrituras Sagradas a compreender os principais aspectos da doutrina da glorificação, a fim de encorajá-lo a permanecer firmado na fé cristã, até a volta de Cristo Jesus.

TEXTO BÁSICO

Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. (1 Jo 3:2)

LEITURA DIÁRIA

D 16/12 1 Jo 3:2

S 17/12 Rm 8:30

T 18/12 1 Co 15:25-26

Q 19/12 Jo 14:1-3

Q 20/12 1 Co 15:51-53

S 21/12 Fp 3:20-21

S 22/12 Ap 21:3

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, aprendemos que a pessoa salva pela fé em Cristo Jesus precisa perseverar até o fim, para não perder a sua salvação. Em-bora possamos caminhar com a certeza da sal-vação (1 Jo 5:13), as Escrituras não nos dão base para crermos que, uma vez salvos, estamos sal-vos para sempre, visto que o crente pode apos-tatar, no meio do caminho. Como já temos es-tudado, a salvação na vida do indivíduo opera--se em etapas diferentes. Tem um começo, um desenvolvimento e uma consumação.1 Na lição de hoje, estudaremos o último estágio do pro-cesso de salvação: a glorificação, um assunto que, pela sua extrema riqueza de significado, encoraja o crente e lhe reforça a esperança.2

Segundo o autor do Eclesiastes, o fim das coisas é melhor que o princípio delas (Ec 7:8).

1. Severa (2003: 303).

2. Erickson (1997: 430).

I PARA MEDITAR

Chamado (pregação)

Convencimento do Espírito

Decisão

Conversão(arrependimento e fé)

RegeneraçãoJustifi cação

AdoçãoSantifi cação (posicional)

Glorifi cação(2a vinda de Cristo)

Apostasia

O plano e o caminho da salvaçãoSalvos pela Graça

Extinçãoda maldade

Caminhoda Salvação

Morte de Cristo

CriaçãoNovos céus e nova terra

Queda

Caminhoda Destruição

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Certamente essa verdade se aplica muito bem ao assunto desta lição, pois a glorificação é o momento áu-reo da doutrina da redenção. É quan-do os propósitos eternos do criador serão consolidados e os redimidos terão alegria eterna: A alegria e a felicidade os acompanharão, e não haverá mais tristeza e nem choro (Is 35:10 – NTLH). Segundo Grudem,3 a glorificação é o passo final da apli-cação da redenção. Paulo a mencio-na no final do processo da salvação, em Rm 8:30. Ao longo desta lição, aprenderemos os principais aspectos acerca dessa grande verdade bíblica.

1. Quando acontecerá a glori-ficação? A Bíblia diz que, quando a glorificação acontecer, viveremos fe-lizes para sempre. Obviamente, não é esta a nossa realidade presente. Ain-da não fomos glorificados. Em sua primeira vinda, Cristo, estabeleceu o seu reino, e todos os que crêem em seu nome já desfrutam parcialmente das bênçãos desse reino. No entan-to, este só será consolidado depois que todos os inimigos de Cristo es-tiverem debaixo de seus pés, como escreveu Paulo: Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniqui-lado é a morte (1 Co 15:25-26).

Quando tratamos de glorificação, estamos nos referindo à redenção

3. (1999: 695).

plena do nosso corpo, à nossa liber-tação definitiva da presença do pe-cado. Analise, agora, o que nos en-sina o apóstolo João: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos (1 Jo 3:2). João afirma que seremos semelhantes a Cristo, mas isso não acontecerá agora, durante o perío-do de santificação. Por mais que nos esforcemos, só acontecerá quando Cristo se manifestar.

O verbo “manifestar”, presen-te nesse texto bíblico, é a tradução para a palavra grega phanerothê, que aponta para algo que já existe e que há de se mostrar abertamen-te. Este ensino está de acordo com o que o mesmo João escreveu, no Apocalipse: Eis que vem com as nu-vens, e todo o olho o verá (Ap 1:7). Também está de acordo com o que Jesus prometeu aos seus discípulos: Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo (Jo 14:1-3). Jesus Cristo voltará! Ele se mostrará abertamente, de novo, aos seres humanos.

Como vimos até aqui, a volta de Cristo porá fim à presença do peca-do na vida do cristão e proporcionará a este a glorificação. Seremos glorifi-cados, isto é, atingiremos o estágio final da salvação, no momento em que Jesus se manifestar visivelmente.

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90 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

A esperança que temos, diante desse glorioso evento, deve nos estimular a viver de maneira justa. Quanto a isso, João disse: Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro (1 Jo 3:3 – NVI). Em nossa caminha-da diária, esforcemo-nos para sere-mos um dia parecidos com Jesus.

2. Como acontecerá a glorifi-cação? Já vimos que a glorificação acontecerá no dia da volta de nosso Senhor Jesus. Agora, o nosso objetivo é procurar entender, a partir da Bíblia, como isso acontecerá. Comecemos pelos ensinos de Paulo aos Tessaloni-censes: Porque o mesmo Senhor des-cerá do céu (...); e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4:16). Paulo nos ensina algo impor-tante, aqui, acerca da nossa glorifica-ção. Por ocasião da volta de Cristo, os que morreram salvos, hão de ressus-citar e juntar-se a ele nas alturas.

Obviamente, a morte nos entriste-ce; mas Paulo tinha razão, ao enco-rajar os irmãos a não se entristece-rem como quem não tem esperança; afinal, um dia, os que morreram em Cristo, levantar-se-ão para a vida. Além disso, os que estiverem vivos serão arrebatados (1 Ts 4:17), não sem, antes, serem também transfor-mados: Nem todos iremos falecer, mas todos seremos transforma-dos (1 Co 15:51 – NTLH – grifo nos-so). Paulo usa o verbo grego allasso, que significa “mudar”, “alterar”. O

que está sendo garantido, neste ver-sículo, é que, nem todas as pessoas salvas por Cristo experimentarão a morte, mas todas serão transforma-das ou alteradas, tanto as que esti-verem vivas quanto as que estiverem mortas e ressuscitarem, por ocasião da vinda do Senhor.

Todos os justos passarão por esta mudança. O texto diz que ela acon-tecerá num momento (num pequeno lapso de tempo, num instante), num abrir e fechar de olhos (no tempo que levamos para piscar), ao som da últi-ma trombeta, no momento da nossa celebração de triunfo, por ocasião da vinda de Cristo (1 Co 15:52).4 Ainda em 1 Coríntios, tratando sobre este momento, Paulo informa o seguinte: Porque convém que isto que é cor-ruptível se revista da incorruptibilida-de, e que isto que é mortal se revista da imortalidade (1 Co 15:51-53).

Os mortos em Cristo ressuscitarão “incorruptíveis” e esta incorruptibili-dade também acontecerá aos vivos que forem transformados (v. 52). No texto grego, aparece a palavra aphthartos, que poderia ser traduzi-da, também, por imortal, duradou-ro, imperecível. Segundo o apóstolo, é necessário que o corpo natural, corruptível e mortal seja substituído por um corpo incorruptível e imor-tal. Cristo transformará nosso corpo humilhado, para ser conforme o seu corpo glorioso (Fp 3:20-21).

4. Prior (2001:294).

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3. Em que resultará a glorifica-ção? Já aprendemos quando e como acontecerá a glorificação dos salvos; agora, trataremos de outro aspec-to desse evento: os seus resultados práticos na vida dos salvos. O que a Bíblia nos ensina sobre isso? Como já foi dito, no item anterior, a glori-ficação resultará num novo corpo: Jesus Cristo transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas (Fp.3:20-21). Trata--se de corpo glorioso, semelhante ao do próprio Cristo. Por isso, quando o apóstolo João afirmou que seremos semelhantes a ele (1 Jo 3:2), estava se referindo tanto ao aspecto moral quanto ao aspecto físico. Esse corpo incorruptível será imune às doenças e à deterioração:5 será um corpo forte (1 Co 15:38-50); não estará mais su-jeito às condições ou às leis desta cria-ção: será “corpo espiritual”, regido por leis do Espírito, da nova criação, tal qual o corpo ressurreto de Jesus.6

Além de um novo corpo, rece-beremos uma nova habitação: Mas nós, segundo a sua promessa, aguar-damos novos céus e nova terra, em que habita a justiça (2 Pd 3:13). Com a queda do ser humano, toda a cria-ção foi afetada pelo pecado (Gn 3:17-18). Paulo chegou dizer que ela geme, aguardando a glorificação

5. Erickson (1997: 432).

6. Severa (2003: 304).

dos filhos de Deus (Rm 8:19-22). A própria natureza será redimida! A nova habitação que a glorificação proporcionará aos salvos será, ini-cialmente, no céu, onde estes pas-sarão mil anos (Ap 20:4-6); depois, na eternidade, em uma nova terra, onde estarão para sempre com o Senhor (Ap 21:1-3). Este é um lugar onde habita a justiça, não o peca-do. Parte de nossa glorificação será a provisão de um ambiente perfeito para habitação. Será perfeito porque a glória de Deus estará presente.7

A nossa glorificação resultará, ain-da, em uma nova comunhão com Deus: E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus (Ap 21:3). A comunhão que temos com Deus é imperfeita, pois nós não o vemos (2 Co 5:6-7), mas, com a glorificação, será perfei-ta, pois o veremos face a face (Ap 22:4). Finalmente, a glorificação re-sultará em plena libertação do pe-cado, pois este não mais existirá na vida dos salvos, nem no mundo dos salvos8 (Cl 1: 22; Jd 24; Rm 5:9-10).

Como podemos ver, as Escrituras fazem diversas referências à glorifi-cação dos salvos. Vimos, até aqui, que esse evento acontecerá por ocasião do retorno visível e pessoal

7. Erickson (1997: 433).

8. Severa (2003: 305).

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92 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

de Cristo, que tanto os salvos vivos quanto os mortos serão transforma-dos à semelhança do nosso Senhor, que, além disso, receberão uma nova habitação, uma nova e perfeita comunhão com Deus e a libertação

plena da presença do pecado e da morte. Que estas verdades eternas e imutáveis venham encorajar-nos e renovar-nos a esperança naquele que é o autor e consumador da nos-sa fé: Jesus Cristo (Hb 12:2).

01. Leia o item 1; Jo 14:1-3; 1 Jo 3:2; Ap 1:7, e responda: Quando acontecerá a glorificação dos salvos?

02. Leia o item 2; 1 Ts 4:16-17; 1 Co 15:51-53; Fp 3:20-21, e responda: Como acontecerá a glorificação dos salvos? O que os textos ensinam acerca da sequência dos fatos?

03. O texto de 1 Jo 3:2 afirma que, quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele. O que o apóstolo estava querendo ensinar com a expressão “semelhantes a ele”?

04. Leia o item 3; Gn 3:17-18; Rm 8: 19-22, e responda: Por que a glorificação dos salvos afetará diretamente toda a criação?

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05. Leia o item 3 e identifique os resultados práticos da glorificação dos salvos.

II PARA PRATICAR

1. A certeza da glorificação nos encoraja à perseverança.

Você lembra do último estudo? Estudamos sobre a importância de permanecermos “fiéis até o fim”. De alguma maneira, o que apren-demos nesta semana é um estímulo à verdade do estudo anterior. Mui-tas pessoas, por não conhecerem as verdades bíblicas acerca da glorifi-cação, infelizmente, abandonaram a fé e se desviaram dos caminhos do Senhor. Todavia, a presente lição

vem nos encorajar a não cairmos no mesmo erro. O apóstolo Paulo nos ensina muito, através de seu exemplo, quando diz ao seu ami-go Timóteo: Combati o bom com-bate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia. E o apóstolo continua: ... não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda (2 Tm 4:7-8). Permaneçamos firmes até o fim!

06. Leia a primeira aplicação e comente as palavras de Paulo a Timóteo, em 2 Tm 4:7-8. Que incentivo temos, neste texto, para a nossa vida cristã?

2. A certeza da glorificação nos renova a esperança.

A mídia tem nos bombardeado, a cada dia, com notícias terríveis: ca-tástrofes naturais, crimes, violência, corrupção, injustiça social, persegui-

ção religiosa etc. Por esses e outros motivos, muitas pessoas têm vivido desesperançadas, sem expectativas alguma de um futuro melhor. Toda-via, o evangelho nos enche de espe-rança, ao afirmar que chegará o dia

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94 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

07. Leia a segunda aplicação e comente sobre as promessas que temos para o futuro. Temos razões para esperar coisas boas?

em que todas essas coisas não mais existirão. Cristo voltará, com poder e glória, e eliminará, de uma vez por todas, todo mal (Ap 20); fará tudo

novo para que os salvos vivam eter-namente em sua presença (Ap 21). Que a sua esperança seja renovada por essas promessas!

MINHA DECISÃO

Comprometo-me a continuar aguardando, com confiança, no-vos céus e nova terra, habitação perpétua da justiça. Comprometo--me, também, enquanto aguardo, a viver em santidade e piedade, esforçando-me para viver uma vida agradável e dedicada a Deus e ser achado em paz com ele. Além disso, continuarei ensinando à pessoas a que tenho acesso que Jesus se “manifestará” outra vez e transformará à sua semelhança todos os que se entregaram a ele e não abandonaram este caminho.

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13o SÁBADO

Escola Bíblica,Programa de Culto,

e Sermão

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96 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Hinos sugeridos – BJ 184 • BJ 82

1329 DE DEZEMBRO DE 2012

Evangelizando sem meias palavras

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OBJETIVO

Ensinar ao estudante da palavra de Deus que o evangelho deve ser pregado com objetividade e com clareza, a fim de que o pecador entenda a sua importância.

TEXTO BÁSICO

Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. (Jo 3:7)

LEITURA DIÁRIA

D 23/12 At 27:1-8

S 24/12 At 27:9-12

T 25/12 At 27:13-26

Q 26/12 At 27:27-44

Q 27/12 At 28:1-10

S 28/12 At 28:11-22

S 29/12 At 28:23-31

INTRODUÇÃO

Há um ditado popular, há muito pregado: “Para um bom entendedor, meia palavra basta”. De fato, este dito se aplica perfeitamente em muitas situações, mas nem sempre podemos dizer o mesmo em relação à pregação. Meias palavras são insuficientes para se entender o evangelho. Isso porque este não é algo superficial, mas profundo. Clareza e objetividade de quem prega são essenciais para a boa compreensão do ouvinte. A verdade deve ser mostrada como, de fato, ela é. Jesus agiu dessa forma, em seu dialogo com Nicodemos. Vejamos.

Segundo a Escritura, um cego não pode guiar outro cego (Lc 6:39), mas um mestre pode ensi-nar outro. Nicodemos entendeu isso, depois de seu encontro com Jesus. Ele era um importan-te fariseu. O texto faz questão de enfatizar que Nicodemos era “um dos principais dos judeus” (Jo 3:1). Um fariseu, mais do que ninguém, en-tendia da lei. A Escritura era o seu objeto de estudo. Ainda assim, Nicodemos precisava ser tratado com a verdade do evangelho. Ele sa-

I AÇÕES DE JESUS NO EVANGELISMO

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bia de muita coisa, mas não do mais importante. Conhecia as minúcias da letra, mas não o poder do Espírito. Conhecia a Escritura, mas não o Filho de Deus. Sem meias palavras, Jesus o evangeliza confrontando-o com três importantes verdades.

1. Uma necessidade urgente: Nicodemos era um homem culto e muito respeitado em sua época. Mas, ao mesmo tempo que era rico em conhecimento, era pobre espi-ritualmente. No início da conversa, ele elogia Jesus, dizendo: ... és Mes-tre vindo da parte de Deus (Jo 3:2). Mas Jesus age diferente: não retribui o elogio; em vez disso, confronta o líder fariseu: Em verdade, em verda-de vos digo que, se alguém não nas-cer de novo, não pode ver o reino de Deus (v.3). Jesus amava a Nico-demos; portanto, não poderia deixar de ajudá-lo. A palavra, quando pre-gada com seriedade, sem bajulações por parte do pregador, transforma verdadeiramente o seu destinatário. Vale lembrar que proclamação sem meias palavras não significa grosse-ria, não significa gritos ou falta de educação, mas profundidade. Foi as-sim que Jesus agiu com Nicodemos: expôs sua real situação, mas com amor (1 Co 16:14 – NVI).

As palavras proferidas por Jesus, em João 3:3, eram um desafio para Nicodemos. Ele logo entenderia que o novo nascimento exigido pelo Mestre não é físico, mas espiritual (v.5). Por

ser fariseu, Nicodemos “vivia dentro das normas religiosas mais rígidas possíveis”.1 Logo, poderia pensar que estava capacitado a fazer parte do rei-no de Deus por meio das obras; mas estaria enganado, pois uma pessoa pode ter bom caráter, sem, necessa-riamente, ter sido regenerada. O novo nascimento não depende da atitu-de humana, mas da iniciativa divina. Como bem enfatizou Jesus, acerca do Espírito Santo, o vento sopra onde quer (v.8). Jesus, portanto, fez com que Nicodemos entendesse que esta-va num beco sem saída: ou nasceria de novo ou ficaria fora do reino.

2. Uma prova de amor: Após confrontar Nicodemos com a ver-dade do novo nascimento, Jesus lhe fala a respeito da prova de amor ja-mais vista na história da humanida-de: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho uni-gênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Essa passagem bíblica é, sem dúvida, uma das mais conheci-das entre os cristãos. Neste trecho, encontramos algumas características do amor divino: seu autor (Deus); seu caráter (infinito, transcendente); seu objeto (o mundo); sua dádiva (Jesus), e seu propósito (vida eterna).2

Ao confrontar Nicodemos, falando-lhe do amor de Deus, Jesus fala de si

1. Wiersbe (2006b:379).

2. Hendriksen (2004:190-192).

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98 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

mesmo. Ele, não outro, é o Filho de Deus. Ele mesmo é o Messias esperado, não um impostor, como acreditavam muitos líderes da religião judaica. Jesus não deixa dúvida de sua autenticidade como enviado de Deus. Ele se apresen-ta como o Filho do Homem, que des-ceu do céu (v. 13), e afirma: ... importa que o Filho do Homem seja levantado (v. 14). A palavra traduzida por seja le-vantado (gr. hypsoo) foi escolhida com cuidado: denota tanto ser levantado no espaço como ser exaltado na glória. Neste evangelho, Jesus é glorificado sendo crucificado.3 Nicodemos preci-sava compreender o plano salvífico do Pai, e isso só seria possível mediante o conhecimento do sacrifício do Filho.

3. Uma indispensável condição: Uma vez tendo ensinado a Nicodemos a respeito da necessidade do novo nascimento e da prova do amor divino no ato de enviar o seu Filho ao mundo, Jesus passa a orientá-lo quanto a uma indispensável condição para se entrar na vida: Quem crê nele não é conde-nado; mas quem não crê já está con-denado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3:18). “Crer” (gr. pisteuo), aqui, significa, entre outras coisas, depositar confian-ça em, acreditar. Como vimos, Jesus deixou claro a Nicodemos sua necessi-dade de regeneração. Ele era um líder eclesiástico, mas ainda não era salvo.

Nicodemos jamais chegaria ao novo nascimento, sem, antes, crer em

3. Bruce (1987:86).

Jesus como seu Salvador e Senhor. O Mestre o deixou sem escapatórias, não usou meias palavras, mas foi inci-sivo em sua afirmação ao experiente fariseu: “Ou crê ou será condenado”. Jesus não tomou a decisão por ele, mas o instigou a se decidir. Não sa-bemos se, após o diálogo, Nicodemos creu. O fato é que Jesus o evangeli-zou com firmeza. Não lhe escondeu os riscos de negligenciar o chamado do evangelho. Mais adiante, Cristo disse que aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus so-bre ele permanece (v. 36). O pecador precisa saber que não crer em Jesus é estar debaixo da ira de Deus.

Algo importante que pode ser observado, no diálogo entre Jesus e Nicodemos, é a pessoalidade. Je-sus não evangelizou o líder fariseu à distância. Estava perto; fez-se co-nhecido. Obviamente, assim como Nicodemos, as pessoas deverão ir ao encontro de Jesus, mas o pregador, por sua vez, deverá ir ao encontro das pessoas, até porque “Jesus nos manda ir pregar, não pregar e correr. Não devemos ficar gritando sobre o evangelho de uma distância segura e continuar isolados”.4 O evangelismo pessoal pode nos ajudar muito nes-sas horas. É importante praticarmos tudo o que aprendemos até aqui com as ações de Jesus. Vejamos, a seguir, algumas lições que nos aju-darão nesse sentido.

4. Pippert (1999:34).

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01. Em Jo 3:2, Nicodemos elogia Jesus; porém, o Mestre lhe transmite outras palavras, sem se importar com o elogio. O que aprendemos com tal atitude de Cristo?

02. Por que Nicodemos poderia se achar participante do reino de Deus? Qual a saída para que ele pudesse participar do reino?

03. Com base em Jo 3:16 e no item 2, responda: O que influencia em sua vida saber as características do amor de Deus.

04. Comente a frase: “Ou crê ou será condenado”. Há, na pregação de hoje, confrontações como essa?

II LIÇÕES DE JESUS NO EVANGELISMO

1.Sem meias palavras, falemos da condição humana.

Nicodemos era, possivelmente, um homem piedoso. Suas palavras suge-rem isso: ... ninguém pode fazer es-

tes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele (Jo 3:2). Na verdade, nem todos os fariseus eram hipócritas (o que se poderia inferir dos comentá-rios de Jesus, registrados em Mt 23), e

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100 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

tudo indica que Nicodemos foi extre-mamente sincero, em sua busca pela verdade.5 Um homem piedoso faz bem ao próximo, importa-se com as coisas de Deus e busca agir de modo moralmente correto. Mas, no caso de Nicodemos, tratava-se de um piedoso perdido, que não conhecia Jesus. Por isso, recebeu a advertência: ... impor-ta-vos nascer de novo (Jo 3:7).

Longe de Cristo, os seres huma-nos estão perdidos! Não importa se fazem obras de caridade, se fre-

5. Wiersbe (2006b:379).

quentam igrejas. Às vezes, ouvimos discursos assim: “Eu nunca matei; não roubei; não adulterei”. Lembre-mos o que disse o profeta Jeremias: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? (Jr 17:9). Para que as pessoas mudem seu discurso, pre-cisamos falar-lhes da regeneração. Assim como Jesus, digamos-lhes: “Importa-vos nascer de novo”. Não percamos a oportunidade de mos-trar-lhes que, sem Jesus, a religião, os ritos e as obras de justiça não os tirarão da condição de perdidos. Só há um caminho: Jesus (Jo 14:6).

05. É muito comum a exaltação pessoal, no que se refere à salvação. Por que isso acontece? O que podemos fazer para mudar essa mentalidade?

2. Sem meias palavras, falemos do sacrifício perfeito.

Nas palavras de Jesus, ele próprio não é apenas um profeta enviado de Deus, mas o próprio Deus, o Filho do Homem que desceu do céu (Jo 3:13). No início do Evangelho de João, Je-sus é apresentado como o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (Jo 1:14). Ele é a prova encarnada do amor de Deus pela humanidade ca-ída. Nicodemos ouviu acerca desse amor (Jo 3:16), que não é fingido, superficial e não tem interesses pes-

soais, mas é sacrificial. Por amor, o próprio Deus enviou o seu Filho para salvar o mundo.

Ao pecador, é importante falar do amor de Deus. Mas não só isso: É preciso dizer-lhe que o amor de Deus levou Jesus à morte expiatória. Você já fez isso? Já fez o sacrifício de Jesus conhecido a alguém? Já disse a uma pessoa: “Jesus deixou a glória, des-pojou-se de suas riquezas e morreu por você”? Isso é muito importante. Num mundo em que, frequentemen-te, se ouvem notícias de morte, vio-

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lência, guerras e ódio, é importante que as pessoas saibam que Deus as ama e quer salvá-las por intermédio

de Cristo (1 Tm 1:15). Elas precisam saber que não é por mérito que lhes foi dada essa chance, mas por graça.

3. Sem meias palavras, falemos da decisão correta.

O evangelho transforma aqueles que creem em sua mensagem (Rm 1:16). Nicodemos precisava, de fato, crer em Jesus, pois a vontade deste é que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna (Jo 3:15). Esta deve ser a atitude de quem quer usufruir a salvação em Jesus. Por que a cren-ça na obra redentora de Cristo é tão essencial? Porque nos faz convictos de que fomos perdoados. Tal certeza é expressa nas palavras de João, em Ap 1:5, que diz: ... pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados.

Ninguém é obrigado a crer em Jesus, mas todos, de igual modo,

teremos de enfrentar as consequ-ências de nossas decisões. Portan-to, é oportuno mostrarmos ao pe-cador a melhor escolha, a fim de que ele decida pela vida (Dt 30:19). Por deixarem de crer em Jesus como o único Salvador, muitas pessoas vivem sob a insegurança da culpa. Elas se veem num bêco sem saída, sem escapatórias. Todavia, crer na obra expiatória de Cristo é, tam-bém, acreditar no seu perdão. É dormir com a consciência tranqui-la, por saber que, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). Portanto, pregue ao pecador: “Você precisa crer em Jesus”.

06. Por que muitos acham que suas boas obras cooperam na salvação, mesmo sabendo que o sacrifício de Jesus é perfeito? Será que nós confiamos completamente em sua obra?

07. Como anda sua proclamação aos pecadores a respeito de Jesus? Ele tem sido o centro de sua pregação?

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102 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

DESAFIO DA SEMANA

Chegamos ao final deste estudo. Com base nas ações de Jesus no evangelismo, aprendemos que, como proclamadores do evan-gelho de Cristo, precisamos confrontar o pecador com a verdade do novo nascimento, da prova do amor de Deus e da necessidade de crer em Jesus. Sem meias palavras, precisamos falar às pessoas acerca de sua condição, do sacrifício perfeito e da atitude correta. Portanto, nesta semana, adote o desafio de falar a alguém sobre essas verdades. Não tenha medo. Saiba que o Espírito Santo colo-cará as palavras certas em sua boca.

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13o SÁBADOSugestão para programa de culto

Prelúdio: Música instrumental

Hino: 79 BJ – Firme na rocha

Leitura Bíblica Alternada

Diretor: Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há ne-nhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.

Congregação: Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido.

Diretor: Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi es-magado por causa de nossas iniquida-des;

Congregação: O castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.

Diretor: Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda lín-gua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.

Congregação: Assim todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!

Diretor: Senhores, que devo fazer para ser salvo?

Congregação: Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa.

Todos: Pois isso, não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

(Atos 4:12, 16:30-31; Is 53:4-5; Fl 2:9-11; Rm 10:13, 1:16.)

Oração

Palavra Pastoral

Louvores:Como é bomCantada por: Paulo César Baruk - CD Eletro acústico 2

Só o Senhor dariaSua vida pra me salvar;Nenhum outro DeusMorreria em meu lugar.Com sua graça e seu amor,Livrou-me dos braços do pecado,Fez de mim herdeiroDas bênçãos de Deus,Herdeiro de Deus.

Como é bom te louvar,Como é bom te adorarE dizer que és Senhor

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104 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

Sobre toda a terra. Só o Senhor dariaSua vida pra te salvar;Nenhum outro DeusMorreria em teu lugar.Com sua graça e seu amor,Livrou-me dos braços do pecado,Fez de mim herdeiroDas bênçãos de Deus,Herdeiro de Deus

Toda a terra te louva, Senhor,Por teus feitos e teu grande amor,Pois grande és, Senhor!Grande és, Senhor!

Como é bom te louvar!

Dedicação das ofertas – (música instrumental)

Louvores: Sonda-me, usa-meCantada por: Aline Barros - CD Som de adoradores

Sonda-me, Senhor, e me conhece,Quebranta o meu coração;Transforma-me conforme a tua palavra,E enche-me, até que, em mim, se ache só a ti;Então, usa-me, Senhor!Usa-me!

Como um farol que brilha à noite,Como ponte sobre as águas,Como abrigo no deserto,Como flecha que acerta o alvo,Eu quero ser usado da maneira que te agrade,Qualquer hora e em qualquer lugar.Eis aqui a minha vida!Usa-me, Senhor!Usa-me!

Sonda-me,Quebranta-me,Transforma-me,Enche-me,E usa-me, Senhor! (2x)

Eu e minha casaCantada por: André Valadão – CD Mais que abundante

Quero consagrar meu lar a ti,O nosso futuro para te servir;Com toda minha força e entendimento,Quero dedicar o meu lar a ti.

Eu e minha casa serviremos a DeusCom alegria.

Será abençoada minha descendência,Frutificará à sua presença.Com um bom perfume, meus filhos irãoPerfumar todas as nações.

Mensagem: “Leve seus familiares a Jesus”

Oração

Hino: 172 BJ – “Eis os milhões”

Bênção apostólica

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INTRODUÇÃO

Que a paz de Cristo seja com todos vocês, amados irmãos. Por gen-tileza, peço que vocês abram suas Bíblias no Evangelho Segundo João, capítulo 1, versículos 40 a 42. Na versão Almeida Revista e Atualizada assim está escrito:

Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).

Graças ao bom Deus, chegamos ao segundo sermão da série “Pesca-dores de Homens”. Hoje, falaremos sobre o tema: “Leve seus familiares a Jesus”. Para isso, utilizaremos como base o exemplo da vida de André. Mas, afinal, quem era André? Seu nome aparece apenas doze vezes na Bíblia, e vem de um termo grego que significa “corajoso, enérgico, esfor-çado”. Estas palavras sugerem nobreza de caráter, grandeza de ânimo. André foi o primeiro dos doze apóstolos a ser chamado por Jesus. Era na-tural de Betsaida, da Galileia. À semelhança de Pedro, seu irmão, André também era pescador.

Além de exercerem a mesma profissão de Pedro, Marcos 1:29 sugere que André morava com seu irmão. Este, por sua vez, tornou-se um dos mais notáveis apóstolos de Jesus. Antes, porém, Pedro precisou ser evangeliza-do. E quem fez isso por ele? André. Este foi um importante instrumento na conversão de seu irmão. Ele é um exemplo para nós. Com André, aprende-

Sermão

LEVE SEUS FAMILIARES A JESUS

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106 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

mos que podemos levar os nossos familiares a Jesus, que podemos pregar o evangelho também em nossa casa, que devemos e podemos ser exímios proclamadores em nossos lares.

Na importante tarefa de conduzir os seus familiares a Cristo, você precisa tomar três importantes atitudes. Vejamos a primeira.

I – LEVE SEUS FAMILIARES A JESUS,

AGINDO DE MODO EXEMPLAR

Conduta exemplar é fundamental na vida de qualquer pregador do evangelho. Se quisermos que a palavra produza mudança em alguém da nossa família, precisamos mostrar-lhe transformação em nossa vida. Não teremos autoridade para aconselhar uma pessoa a seguir a Cristo, sem que o tenhamos feito. André sabia disso. Por ser um cristão exemplar, André se dispôs a três importantes atitudes. Em primeiro lugar, ele se dispôs a conhecer Jesus. Observe, por favor, os versículos 35 e 36 do ca-pítulo 1 do Evangelho Segundo João: No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus!.

Quem eram os dois discípulos? Um deles era André (Jo 1:40) e o outro, provavelmente, o próprio autor do evangelho. Quando João Batista chamou a Jesus de o “Cordeiro de Deus”, a reação desses discípulos foi a de ouvir atentamente estas palavras (v.37). Por ser discípulo de João Batista, André se interessava pela palavra. Era um homem, como muitos de sua época, que esperava o Messias. Ele partilhava da esperança de Israel; queria conhecer mais de perto a palavra do Senhor. Nossos familiares precisam conhecer a Jesus, mas, para que o apresentemos a eles, devemos, antes, conhecê-lo. De que modo? Através de sua palavra. Afinal, a fé vem pelo ouvir, e ouvir pela palavra de Deus (Rm 10:17).

Em segundo lugar, André se dispôs a seguir a Jesus. O final do versículo 37, de João 1, diz: ... e seguiram a Jesus. Quando descobriu quem era Je-sus, André não demorou a segui-lo. Imediatamente, ele e seu companhei-ro foram atrás de Jesus. O ato de seguir a Jesus demonstrava a intenção deles de segui-lo no sentido espiritual. O texto pode ser entendido assim: Eles se tornaram seus seguidores. Seguir a Jesus tem a ver com renúncia. Não se trata de algo conceitual, de puro e simples uso de palavras, pois Jesus disse: Se alguém vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Lc 9:23).

Em terceiro lugar André se dispôs a estar com Jesus. O final do versículo

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38, de João 1, mostra-o com o seu companheiro perguntando a Cristo: ... onde moras? Eles não queriam mais perder Jesus de vista. A resposta do Mestre foi: Vinde e vede (v.39). Eles aceitaram o convite! André demons-tra agilidade, rapidez, desembaraço para estar com Jesus. Você almeja que os não-salvos de sua família ajam da mesma forma e tenham um encontro com Cristo? Então, dê-lhes o exemplo! Deixe que eles vejam em você esta disposição de conhecer, seguir e estar com Jesus. Não pregue somente com palavras, mas também com atitudes! Não proclame somente ao ouvido das pessoas, mas convença-lhes os olhos!

Para conduzir seus familiares a Jesus, adote uma conduta exemplar. Esta deve ser a primeira atitude de quem almeja conduzir seus familiares a Cristo. Vejamos a segunda.

II. LEVE SEUS FAMILIARES A JESUS, AGINDO DE MODO PERSISTENTE

André é um exemplo para os cristãos de hoje, não somente no que se refere à conduta, mas, também, no que concerne à procura. A propósito, de-vemos lembrar que este ato é fundamental na proclamação do evangelho aos membros de nossa família. Jo 1:41a diz que a primeira coisa que André fez foi achar seu irmão Simão (grifo nosso). A palavra grega traduzida, aqui, por “achar” é heurisko, que significa achar o que se buscava, depois de procurar. Pode significar também achar pela averiguação, pela reflexão, pelo exame, pelo escrutínio, pela observação. A primeira coisa que André fez, depois de se encontrar com Cristo, foi espalhar esta notícia a alguém de sua família! Tão grande alegria por ter encontrado o Messias não poderia ficar só pra ele. Que exemplo para nós!

Para testemunharmos com eficácia, precisamos procurar, saber a quem fa-lar. André sabia. Essa passagem bíblica que estamos analisando não é apenas a descrição de um fato, mas, principalmente, um desafio para os seguidores de Jesus deste tempo. Estamos sendo desafiados à procura. Essa atitude de André deve ser imitada por nós. Quantas pessoas estão precisando receber a poderosa mensagem do evangelho! É preciso ir até elas, procurá-las, achá-las! Olhe a sua volta: há amigos, parentes, vizinhos. Quantas pessoas carecem de Jesus! Que testemunhar a Cristo seja uma prioridade na sua vida!

Mas este exemplar homem de Deus tinha um objetivo, ao procurar por seu irmão. O versículo 42, de João 1, diz que André levou-o a Jesus (grifo nosso). Veja que interessante o significado da palavra traduzida por “levar”: No texto grego, trata-se da palavra ago, que significa “conduzir segurando pela mão”. André segura na mão do seu irmão e o leva até Jesus. Aliás, essa é

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108 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

uma prática comum de André, e ele se destaca por isso. Em João 6:8-9, quem levou o menino até Jesus para que este multiplicasse os pães e os peixes? Em Jo 12:21-22, quem, junto com Felipe, levou alguns gregos para verem Jesus? A resposta das perguntas é a mesma: ANDRÉ!

Nós não o vemos na Bíblia como um grande pregador, um grande orador: sua característica marcante é a de levar as pessoas a Jesus. Pode ser que haja muitas pessoas perdidas entre a nossa parentela. São pessoas que só conhe-cem a Jesus de ouvir falar; nunca por experiência pessoal. Conduza-as a Jesus! Chame-as, segure-as pela mão e leve-as até o Salvador. Não se conforme ape-nas em achá-las: conduza-as! Algum tempo depois, Jesus também foi atrás de Pedro e o restaurou (Jo 21:1-17). Se, porventura, alguém de sua família se afastou dos caminhos do Senhor, não desanime. Tente quantas vezes for necessário. A procura deve ser persistente. Cristo dá outra chance às pessoas.

Para conduzir seus familiares a Jesus, adote uma conduta exemplar e uma procura persistente. Vejamos, portanto, à terceira e ultima atitude.

III. LEVE SEUS FAMILIARES A JESUS, AGINDO DE MODO EVANGELÍSTICO

André foi exemplar na conduta e persistente na procura. E depois? Bom, depois ele fez o que se espera de um proclamador: adotou postura evange-lística! Pedro, de modo algum teria sido conduzido a Jesus, se não tivesse escutado algo relevante a respeito do Messias. Ele não foi mais o mesmo, depois deste episódio magnífico. André anunciou ao seu irmão que havia en-contrado Jesus! Veja o texto: ... foi achar seu irmão e dizer-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo) (Jo 1:41b – grifo nosso). A palavra traduzida pelo verbo “dizer” (gr. lego), neste texto, significa apontar com palavras e até mesmo por “gritar”.

André havia descoberto o grande trunfo do evangelho! Achamos o Mes-sias, disse ele. Então, entenda: o trunfo do evangelho é Jesus Cristo! Este, não outro, é o principal assunto das Escrituras! Ele mesmo disse: ... são elas mesmas que testificam de mim (Jo 5:39). Hoje em dia, em muitas denomi-nações evangélicas no mundo, Cristo, há muito, deixou de ser o assunto principal. Infelizmente, o que tem sido pregado, na maioria dos programas evangélicos de TV e em muitas igrejas, é prosperidade financeira. Assim, os templos ficam lotados de pessoas que almejam, de um dia para o outro, en-gordar a conta bancária.

Mas não se engane! Não é esse o evangelho de Cristo. O evangelho que devemos pregar aos nossos familiares é aquele que, em si mesmo, é poder de Deus para salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16). Desse, não nos

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envergonhamos, pois é verdadeiro. Se alguém ensinar algo contrário a ele, seja anátema (Gl 1:8). O seu esposo, a sua esposa, os seus filhos, os seus pais, os seus primos, os seus amigos, não precisam de riquezas, mas de Cristo, pois, de nada adianta, ao homem, ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma (Mt 16:26).

Portanto, amado irmão e amada irmã, não tenham medo. Não hesitem em dizer às pessoas de sua família: “Encontrei a Jesus, e quero que você também o conheça”. Seja um evangelista em sua família. A propósito, é bom “obser-var que André e João creram em Cristo pela pregação fiel de João Batista. Pedro e Tiago foram levados a Cristo pelo trabalho pessoal e compassivo de seus irmãos”.1 Se você ainda não fez isso, quer fazê-lo, a partir de agora? Se já faz esse trabalho, que tal intensificá-lo? Mostre aos seus familiares o que Jesus tem feito em sua vida, como o salvou de forma maravilhosa. Eles só crerão se alguém lhes pregar (Rm 10:14).

CONCLUSÃO

Como vimos, André foi um exemplo de caráter ao seu irmão: procurou--o com insistência e o evangelizou. Ele não perdeu a oportunidade de levá-lo a Jesus. Esta mesma atitude Deus espera de você. A palavra não fará efeito na vida de ninguém, se não for ouvida (Rm 1:16). Por isso, hoje, diante de Deus, assuma esse compromisso de convidar essas pessoas a virem até a igreja encontrar-se com Jesus. Seja um André! Procure, fale e traga amigos, parentes e vizinhos até Jesus. Segure-os pela mão e ajude-os a seguirem esse caminho.

Conduzir as pessoas a Cristo é o seu desafio. Todavia, não pense que é o seu trabalho convertê-las. Nesse âmbito, quem trabalha é Jesus, não nós. A casa só se firma quando é construída sobre a rocha, não sobre a areia. Assim, o ser humano só será um cristão maduro, se alicerçado na pessoa de Jesus (Mt 7:24-27). O Senhor viu “a enorme transformação que o impulsivo Simão, que estava ali diante dele, naquele dia, haveria de sofrer, a ponto de se tornar Cefas (em aramaico) ou Pedro (em grego), isto é, Rocha”.2 Portan-to, não pense que a esperança para o seu ente querido se foi. Cristo pode salvar e restaurar qualquer pessoa, em qualquer situação. Amém.

1. Wiersbe (2006b:371).

2. Hendriksen (2004:147).

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110 Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2012

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