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Estudo de Algumas Características Físicas e Mineralógicas de Interesse para a Engenharia em Cinco Classes de Solos Derivados de Rochas Básicas Boletim de Pesquisa Número 2 ISSN 141 5-3750 Dezembro, 1997

5-3750 Boletim de Pesquisa Dezembro, · paracristalino, arnorfos, argilo-minerais, plasticidade, limites de consist&ncia. ABSTRACT Stuúy of some physics and minerabgicaI characteristics

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Estudo de Algumas Características Físicas e

Mineralógicas de Interesse para a Engenharia em

Cinco Classes de Solos Derivados de Rochas Básicas

Boletim de Pesquisa Número 2

ISSN 141 5-3750 Dezembro, 1997

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República Federativa do Brasil

Presidente: Fernando Henrique Cardoso

Ministério da Agricuftura e do Abastecimento

Ministro: Arlindo Porto Neto

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

Presidente: AI berto Duque Portugal

Diretores: Elza Ângela Battaggia Brito da Cunha Jose Roberto Rodrigues Peres Dante Daniel Giacomelli Scolari

Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Embrapa Solos)

Chefe Geral: Antônio Ramalho Filho Chefe-Adjunto de P&D: Humberto Goncalves dos Santos Chefe-Adjunta de Apoio Técnico/Adrninistração: Sérgio R. Franco Fagundes

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BOCETIM DE PESQUISA No 2 ISSN 1416-3750 Dezembro, 1 997

Estudo de Algumas Caracterlsticas Fisicas e Mineralógicas de Interesse para a Engenharia em

Cinco Classes de Solos Derivados de Rochas Bdsicas

JoBo Luiz Rodrigues de Souza Raphael Dsvid dos Santos

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Ernbrapa Solos. Boletim de Pesquisa no 2

Projeto grdfico e tsetamento diton8I Cecflia Maria Pinto MacDowell Sueli Limp Gonçalves

RevisdTo final Paulo Augusto da 'Eira

Tiragem: 300 exemplares

Embrap~ Solos Rua Jardim Botanico, T ,024 22460-000 Rio de Janeiro, RJ Tel: (02 I ) 274-4999 Fax: (02 1 ) 274-529 1 Telex: 102 1 ) 23824 E-mail: ç[email protected] Site: Rtap://www.cnps,embrapa.br

Souza, João Luiz Rodrigues de. Estudo de algumas caracterfsticas flsicas e mineraldgicas de

interesse para a Engenharia em cinco classes de solos derivados de rachas bzlsicas I João kuiz Radrigues de Souza, Raphael David dos Santos. - Rio da Janeiro : EMBRABA-CNPS, 1997.

14p, (EMBRAPA-CNPS. Boletim de Pesquisa ; 2).

1. SolosrCamerlstiças ffsicas. 2. SalosrCaraeterísticas rnineraf6gicas. I, Santos, Raphael David dos. 11. Tftula. III. Sdrie.

CDD 631.43

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AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Francisco Casanova, pesquisador da UFRJ-

COPPE, pela determinação do material paracristalino na fração argila dos salas

e aos pesquisadores da Embrapa Solos, Francesco Palmieri, pelas suas valiosas

sugestões no projeta de pesquisa que deu origem a este trabalho; Paulo

Cardoso de Lima, pelas anÉrlises em raios-X; e Marie Elisabeth Christine

Claessen, pela desf earif icaçãa das amostras para raios->(.

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Resumo vir'

Abstract * viii

2 MATERIAL E M ~ T O Q O S a 2

3 RESULTADOS E D ~ S C W S S Á O 4

3,1 Limites de Liquidez (LL) e 6

3.2 Limites de Plasticidade (LP) * 7

3.3 Grau de Contraqãa ( G C ) * 8

3.4 Caracterização dos solos estudados e 9

4 C O N C L U S ~ E S * 72

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RESUMO

Foi e~tudada a influencia de argilas, de materiais paracristalinos e

amorfos e da secagem ao ar ou em estufa a 40°C na plasticidade de solos das

classes Latossolo Roxo, Latassolo Bruno, Brunirem Avermelhado, ferra Roxa

Estruturada e Terra Bruna, atraveç da determinação dos limites de consist9ncia

desses solos: limite de Siquidez, limite de plasticidade e limite de contração. As

anhlises em raios-X mostraram que todos os solos pesquisados possuem argilo-

minerais com estrutura 2:T, em pequenas quantidades e predominancia de

caulinita. Não foram identificados os tipos de argila 2:1. Há eviddncias de que

a material paracristalina (composta principalmente por óxidos de ferro)

influencia a plasticidade dos solos estudados. A secagem das amostras ao ar

OU em estufa a 40°C tamb6m exerceu influgncia na maioria dos resultados dos

ensaios, principalmente nos limites de liquide2 e nos limites de contração a

partir dos quais foram calculados os graus de contração.

Termas de indexaçh: solos derivados de rochas bssicas, material

paracristalino, arnorfos, argilo-minerais, plasticidade, limites de

consist&ncia.

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ABSTRACT

Stuúy of some physics and minerabgicaI characteristics interesbhg

to engineering in five soi7 classes derived f m basic rocks

Clays, paracrystalline and amorphaus companents, air-drying and 40°C

oven-drying were studied as hypathetical agents on the plasticity of soils of the

classes Cat~s~o10 Roxo, Latossols Bruno, Brunirem Avermelhado, Terra Roxa

Estruturada and Terra Bruna. tiquid limit, plasticity limit and shrfnkage limft

wete made, The X-ray diffraction showed that thsse sails ptesented a low

content of 2:1 clays and kaolinite dominanee. The 2:1 kinds of clays were not

identified. The paracrystalline component Cmainly made up by iron oxides) iç

supposed to have influence upon the plasticity af the çtudied soils, The 40°C

oven-drying of the sarnples affected the rnost part of results, r ainly the Iiquid

limit ãnd shrinkage limit which served ta calculate shrinkage grades.

Jndex tems: soils derived from basic rocks, paracrystalline componentç,

amorphouç, mineral clays, plasticity, consistence limits.

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Tem sido constatada que alguns solos tropicais com elevados teores de

argila e com aparencia de pl6sticos na realidade são não-plásticos ou apresentam baixa plasticidade quando são testados em laborat6rio.

É sabido que a plasticidade depende muito dos argilo-minerais

existentes na composiç30 dos salas (Tuncer et al., 1977; Souza €4 Iturri

Larach, 1 982).

Tuncer et al. (1 9771, trabalhando com solos do Havai derivados de cinzas vulc4nicas, constataram que aqueles formados em regiões mais úmidas

da ilha (a barlavento) quando eram submetidos a secagem apresentavam

grandes alterações nas suas propriedades de consistencia, atribufdas a modificações no material coloidal.

Sherman et al. (1 964) dizem que óxidos coloidais arnorfas hidtatados ocorrem em concentrações suficientes para exercerem inf lu&ncia dominante nas propriedades das solos de regioes tropicais Ornidas.

Souza (1 9881, em trabalho sobre limites de consist~ncia de Iatossolos

da sudeste e sul do Brasil, encontrou evidências de que a plasticidade desses solos pode ser alterada, pela menos ligeiramente, pelas condições de tratamento dispensadas hs amostras.

Para estudar possiveis influencias do tratamento de amostras nos resultados dos ensaios de consist&ncia, ou seja, na plasticidade dos solos pesquisados, procurou-se conduzir os ensaios sob diferentes condições de

manipulação das amostras, quanto h granulometria, teor de umidade existente

ao iniciar os ensaios e às condiçães de secagem.

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2 MATERIAL E M~TODOS

As amostras de solos pata este trabalho foram coletadas em regiões (Tabela I) onde as precipitações pluvlom&triceiç variam de 1.1 O 0 a 2.500 rnflimetras anuais (Brasil, T 969; Embsapa, 1986; São %u~o, 1974; Solos.,. 1989). Elas foram extrafdas dos horizontes diagnlbsticos de subsuperficie de cada perfil de solos das seguintes classes: Latossola Roxo (LR), Latossola Bruno {LB), Brunizem Aveamelhado (BV), Terra Roxa Estruturada (TRS e Terra Bruna {f SI.

Foram realizadas anhlises em raias-X, pesquisa de materiais arnorfos e de materiais paracristalinas (que podem conter amarfos) e determinação de limites de consist@ncia.

Limites de consist8ncia - Foram realizados ensaios de Limites de Liquidet (Ph) pelo mdtods de Casagrande, Limites de Plasticidade (LP) com o usa de placa de vidro esmerilhada e Limites de Contração (LC) pelo mdtodo do merci5rio metáilico. A partir dos limites de contraç50 foram calculados os Graus de Contração IGC). A fõrmula utilizada foi: GC = ((Vi-VflNil x 100, onde Vi e Vf são os volumes inicial e final da pastilha preparada na ensaia respectiva do limite de cantsaç~o (LC),

Esses ensaios foram executados em amostras sob diferentes condiqões de umidade e granulometria, em estado natural, secas ao ar sem peneiramento e com peneiramento e secas em estufa a 4Q°C peneiradas, A peneira utilizada para o peneiramenta das amostras foi a de nomero 40 com malhas quadradas e 0,42 mrn de abertura (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, 1972a e 1972b3,

Rara a determinação dos materiais arnorfos e paracristalinos foi utilizada a solução axálica - pH 3,5 6Castro et a!., 1984; Chao & Zhou, 1983).

Rara o reconhecimento das argilas em raios-X foi utilizado a aparelho Rigaku Geiger F/ex D-Max /I A com amplitude de varredura (28): 2" a 30". As amostras faram previamente desferrificadas.

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TABEPA 1. M w dimMeos ditii ieg?l5es onde f m m colemias gs amassas de solos.

p.a. . pmipb@o anual u.r.a. umidade relativa anual

Municlpio

Ahneiirn

Ram Rmha

Estado

P A

SP

Sob

1 R TRdi

fiR

P d

P.31

T i de clima

Am Wi Ifimidol

Cwa Isub-Eimidol

Q a d ~ ciimat im p,a. Imm!

2.115

1 .200

d.h.a, (mmF

O ,

60.00

u.r.8.

(81

80 - 85

70-75

t.a. IrCl

26,4

18-20

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Estudo de caracterfsticas fNc8s e mimddgic~s im iwnnto d~sses da solos d&das de mehas MS~EBS 4

3 RESULTADOS E DISCUSSAO

0s resultadss dos ensaios de limites de consistência encontram-se nas Tabelas 2, 3, 4 e 5.

TABELA 2. Limites de consist8ncia - amostras em estado natural.

TABELA 3. Limites de eansist9ncia - amostras secas ao ar peneiradas.

Solo Perfil Municlpia Estada 11 1P GC TR Almei rim P A 71 r$io-pl8nica 49

TRdl Almeirim ?A 60 não-plhsrico 46 TR P.29 Chavantes SP 63 37 49 TR P.44 I Londrina PR 73 50 53 TR P.31 Barra Bonita S P 54 29 47 T R P.47 Maringa PR 76 44 58 BV P.28 Tietb SP 66 32 51 BV P.69 Mandaguan PR 82 49 61 LR P.17 londrina PR 65 49 48 I R P.33 Ribeido Preto SP 4 1 27 40 I R P.20 Carnbira PR 6 5 nAli.pl8stieo 47 LR P.38 Batatais SP 53 36 43 LB P.38 Guara puaua PR 82 n8o.plhstico 53

Lt. - TR

TRdl TR TR TR TR BV BV LR LR

LP

LR LR EB 1% TB Ti3

-- ngo-plastico Mo-plilsrtco

51 36 29 I

44 38 50 44 26

P.29 P.44 P.3 1 P.4 7 P.2 8 P.69 P.17 P.33

50 43 49 43 40 50 52 40 36 22

P.20 P.38 P.38 P.36 PC .4 8 PC.52

Almeirim Almeirirn Chauantw Londrina

Rarra Bonita Manngd

Tiet4 Mandaguari

londrina Ribeirao Preto

Çarnbira Batatais

Tiuarapuava Guarapuava Guamniaçu Guarapuava

P A PA S P PR

64 5 1 53 67

37 37 46 44 50 -

PR SP PR PR PR PR

SP PR SP P A PR SP

53 67 56 87 57 37 59 49 72 80 76 62

44 43 58

I

53 Mo-pllsrico n8o-pl$stice

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TABELA 4. Limites de mnsi&ncia - amostras secas em estufa a 4Q0 C peneiradas.

TABELA 5. Limites de consist8ncie - amostras secas ao ar sem peneiramenta.

Solo

TR TRdl TR TR TR FR BV &V L8 LR LR LW 10 L0 TI3 TB

nd - não determinado

Estado

P A P A SP PR SP PR SP

PR SP PR SP PR PR PR PR

Solo

TR TRdi TR TR TR TR BV BV LR LR LR LR 10 L0 FB TB

Perfil

P.29 P.44 P.3 1 P.4 7 P.28 P.69 P.17 P.33 P.20 P.38 P.38 P.36 PC.48 PC. 52

L1

67 59 63 75 54 I37 76 78

I 69 39

Municlpio

Almeirim Almeirim Chavantes londrina

Barra Bonita Maringi!

TietE Mandaguari

londrina Ribeira0 Prero

Cambira Baratais

Guarapuava Guarapuava Guaraniaçu Gaiarapuaua

Perfil ---

P.29 P.44 P.3 1 P.47 P.28 P.69 P.17 P.33 P.20 R.3 6 P.3 8 P.36

PC.48 PC. 52

LP

nãa-plastico n3o.plAstiço

34 5 i 28 45 34 4 5

nao-plastico 28

Município

Alrneirim Almeirim Chavantes Londrina

Barra Bonita Maringd

Tiett! Mandaguari

Londrina Ribeira0 Preto

G C

52

~ 51 51 56 50 61 59 62 53 45

Cambira Batatais

Guarapuava Guarapuava Guaraniaçu Guarapuava

53 4 1 52 48 58 55

60 4 8 74 62 7 7

I

69

nio-pl5stico 3 5

nicgl8srico rido-pl8stico R ~ O - ~ ~ ~ S E ~ G O

n3c-plBstico

PR SP PR PR PR

I PR

59 49 76 6B 69 65

44 44 52 4 5

n8o-lplstico Mo-plAstico

nd nd nd nd nd nd

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3.1 Limites de bfquidez (LL)

Comparando os resultados das Tabelas 2 e 5 (amostras naturais e amostras secas ao ar sem peneirarnento), pode ser visto que cerca de 44% dos resultados da Tabela 5 tem valores de limites de liquidez (LL) muito menores da que seus correspondentes na Tabela 2, sendo esse variação em 38% das amostras acentuadamente e em 6% moderadamente.

Por outro lado, 37% dos resultados de limite de liqufdez na Tabela 5 tena valores maiores do que seus correspondentes na Tabela 2. Então, 81% dos solos pesquisados tiveram os valores de limites de liquidet alterados quando passou-se a trabalhar com amostras secas ao ar sem peneirarnento em vez de amostras naturais, sendo que em 44% dos casos esses valores diminuirarn e em 37% aumentaram, Essa variação de comportamento dos solos foi, portanto, consequ9ncia da secagem das amostras.

Observando-se agora os resultados das Tabelas 2, 3, 4 e 5, pode ser visto que os valores mais altos de limites de Iiquidez sãs apresentados pelas amostras secas ao ar peneiradas e pelas amostras secas em estufa (Tabelas 3 e 4).

Comparando-se os resultados das amostras naturais (Tabela 2) com aqueles das amostras secas ao ar peneiradas (Tabela 3) e com os das amostras secas em estufa (Tabela 41, pode ser visto que, nas amostras secas ao ar peneiradas, em 75% dos solos as limites de fiquidez apresentaram aumento de valor, 62% deles acentuadamente e 13% moderadamente.

Quanto 8s amostras secas em estufa, em 62% dos solos houve tambern aumento do valor dos limites de liqciidez, 43% deles acentuadamente e 19% moderadamente. Esses resultados estão coerentes com aquilo que seria esperado porque a peneira utilizada retem as freqões grosseiras do solo, ate inclusive a areia grossa, facilitando a coesão das particulas restantes que passam pela peneira, o que favorece a plasticidade do solo. Era esperado, entretanto, que todas as amostras penetradas fornecessem valores de limita de liquidez mais elevados do que aquelas sem peneiramento.

Cerca de 13% dos resultados das amostras secas ao ar peneiradas (Tabela 3) e das amostras secas em estufa (f abela 4) tem valores de limites de liquidet baixas em relação a seus correspondentes nas amostras naturais

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Estudo d . cwacterlsticas fkicas e I ~ ~ W B I ~ C ~ S tm cinco classes de sdas dhbdos de mchs Msit~s 7

(Tabela S), contrariando assim o que seria esperado, ou seja, apresentarem valores bem mais elevados, como aconteceu com a maioria dos solos. Essas variações nos resultados dos limites de liquide2 são resultantes do peneirarnento e da secagem das amostras.

Vamos ag0ra estudar a efeito da secagem das amostras em estufa a 40°C nos resultados dos limites de liquidez.

Comparando os resultados contidos nas Tabelas 3 e 4, vemos que 50% das amostras secas em estufa (Tabela 4) deram resultados de limite de liquidaz com valores inferiores às suas correspondentes secas ao ar peneiradas (Tabela 3), sendo essa variação em 25% acentuadamente e em 25% com menor intensidade. Por outro lado, 25% das amostras secas em estufa (Tabela 4) forneceram valores mais elevadas do que as suas correspondentes na Tabela 3, metade deles acentuadamente maiores. Desse forma, pode-se dizer que a secagem das amostras em estufa exerceu influencia em 75% dos resultados dos ensaios de limite de liquidez dos solos.

3.2 Limites de Plasticidade (LP)

Observando os resultados dos limites de plasticidade CLP) nas Tabelas 2 e 5 (amostras naturais e amostras secas ao ar sem peneirarnento), pode ser visto na Tabela 5 que 37% dos resultados apresentam valores menores do que seus correspondentes na Tabela 2, sendo que 31% apresentam uma grande diferenca e 6% uma diferença bem menos expressiva.

Par outro lado, pode ser visto tambdm na Tabela 5 que 39% dos resultados t8m valores muito maiores do que seus correspondentes na Tabela 2. Então, 56% dos solos em estado natural modificaram seus limites de plasticidade quando as amostras foram submetidas A secagem ao ar. Comparando agora os resultados da Tabela 3 (amostras secas ao ar peneiradas) com os da Tabela 2 (amostras naturais), pode ser visto que 25% dos resultados da Tabela 3 apresentam valores muito menores do que seus correspondentes na Tabela 2 e 25% apresentam valores maiores, sendo que 6% são bastante expressiv~s nas suas variaçees, Dai, pode ser canclufdo que a peneiramento das amostras neste caso teve pouca ou nenhuma influencia nos resultados, pois a variação total foi de 50%, menor do que aquela provocada pela secagem das amostras ao ar, que foi de 56%, como visto anteriormente. Pode ser inferido então que essa variação foi decorrente da secagem e não do

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Esiuso de ~818m(stic8s fia'cm s ~ ! d ~ c ~ s m snm d d m $8 d o s d&us de mdrss bssims 8

peneiramento das amostras, embora este fato venha eantrar;ar aquilo que poderia ser esperado, om seja, o peneirarnenta deveria provocar grandes rnadif icações nos resultados obtidos,

Se compararmos agora os resultados da Tabela 4 [amostras secas em estufa) com os da Tabela 2 (amostras naturais), encontramos que 25% dos resultados da Tabela 4 apresentam valores menores do que aqueles da Tabela 2, sendo 19% de forma bem expressiva e 6% moderadamente. Também, 37% das resultadas da mesma Tabela 4 apresentam valores maiores do que seus correspondentes na Tabeta 2, 6% deles acentuadamente maiores. Então, 62 % dos solos estudados apresentaram varlação dos seus limites de plasticidade quando se trabalhou com amostras secas as ar peneiradas, ao inw6s de amostras naturais.

Vamos estudar agora o efeito da secagem das amostras em estufa a 4Q°C nos resultados dos limites de plasticidade,

Comparando os resultados da Tabela 3 com os da Tabela 4, vamos que 13% deles na Tabela 4 apresentam uma ligeira diminuição de valor relativarnenite aos da Tabela 3 e T 9 % aumentaram, tamb8m ligeiramente. Portanto, 32% dos solos sofreram alterações moderadas nos valores dos seus limites de plasticidade quando se trabalhou com amostras penei tadas secas em estufa a 40°C em relagão hs amostras peneiradas secas ao ar; donde se conclui que a secagem dos solos em estufa a 40°C não acarretou mudanças expressivas nos seus limites de plasticidade.

Os resultados dos limites de contração (LC) não aparecem nas Tabelas 2, 3, 4 e 5 porque eles foram determinados apenas para se poder calcular o grau de contração (GC) de cada solo.

Os limites de contração das amostras secas ao ar sem peneiramento (Tabela 5) não foram determinados devido a dificuldades tdcnicas e, por isso, seus respectivas graus de contração não puderam ser calculados.

Comparando os resultados da Tabela 3 (amostras secas ao ar peneiradas) com os da Tabela 2 (amostras naturaisb, pode ser visto que 80% dos valores da Tabela 3 são maiores do que os da Tabela 2, 66% deles bem

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maiores e 20% moderadamente maiores. 20% dos resul'tados tem valores iguais su praticamente iguais.

Comparando agora os resultadas da Tabela 4 (amostras secas em estufa) com os da Tabela 2 (amostras naturais), vemos que 100% dos resultados de Tabela 4 apresentam valores mais elevados do que os da Tabela 2, 80% deles bem mais elevados e 20% moderadamente mais altos.

Essas variações nos resultados foram decorrentes tanto da peneiramenta, quanto da secagem das amostras; não se pode afirmar, entretanto, qual desses fatores influiu mais. Parece, a julgar pelos resultados, que a secagem em estufa teve maior influisnciai do que a secagem ao ar.

3.4 CaracterizaçfSa dos solas estudados

Os resultados da determinação dos materiais amorfas e paracristalinos encontram-se na Tabela 6.

TABELA 6. Material paracristalino na fração argila.

Solo Períii Municípis

TR TRõ TR TR TR TR BV BV LR L fl LR 1R 18 Li8 TE TB

Estado I %

Almeirim dlrneirim Chawntes Londrina

Barra Bonita Manngh

8.29 P.44 P.31 P.47 8.28 P.69 P.17 P.33 P.20 P.38 P.38 P.36 PC.48 PC.52

P A P A SP P A SP PR

10,3 20,O 17,9 16,1 18,9 16,l 1 8,8 16,O 19,O

Tieik Mandaguari

Londrina

SP PR PR

Aibeirio Pme Cambira Baratais

Guarapuam Guara pua@ Guaraniaçu Guarapuava

SP PR SP PR PR PR PR

21,9 18,8 1 &,7 18.2 16.8 18,7 f7,1

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Os resultados da reconhecimento em raios-X das amostras de argilas desferrificadas podem ser vistos na Tabela 7.

T A B U 7. TntwpremFgb Um ãhtogmrnas de *X em amostras de mghs d d e M u x k

Mviidpa Estadol Interpretação dos ãtatbgtamas

TR

TRdl

TR

I R

TR

TR

63V

P.29

P.44

P.31

P.47

P.28

khneifini

ATmeirim '

h m e s

Londrina

Barra Bonita

Maring4

t t t t

BV

LFl

LR

LR

LR

LB

L0

TB

T3

P.69

?.I7

P.33

P.20

P.38

P.38

P.36

PC.48

PC.52

Mandaguafi

Londrina

Rlbeiao MO

hrnbira

Batatais

G u e r a p m

G u a r a p m

Guamniam

Gmrapuava

PA

PA

SP

PR

SP

PR

SP

Predaniinancia de eauiiia, muito peqwna quantidade de gibbsb e presenp de argilomtneral2:l

PredamMncia de çaurrnki e p m n p de argilmimal2:l

PE.edomMgnh de c a u l i i s pmmça da argilomineral2:l

Predorninhia de leauiiinita, pequena quantrdade de gibbsira e pRsença de argilomineral2:1

hdomiiiancia de eauiiRira, com mrrtneia de argiarnhml2:l

hdominâneia de caui i i , mrn mdncia de angilombwral2:l

Pfedgmh4mia de mdiini~, com imidnçia de a ~ o r n ~ r a l 2 : P

PR

PR

SP

PR

SP

PR

PR

PR

PR

Prmmça de aulinita e de argilomkml2:1, pequena qua~&de de qmm le de rnusçovita

Predominhneia de cauhb, muito pequena quamihde de gibbsira e ocorrêmia de acgilomineral2:l

PredorninBncia de caulinfta, presença de gibbsita e de argilomineral2:l

Predeminbncia de eaulinita, pmença de gibbsha e de argilomineral2:l

PredomiMM de cauiiiita e f l u a , m muita pequena ocorrbncia de argilornineral2:l

hdmManeia de caulimita, pmeqa de g i b M s imrênlia de argilomineral2:l

hdornidmia de caulinita, p r e m de a oco&- da arqilomineral 2:1

Redamtnancia de çaufinita e p r e w de angiraminemt 2:1

PmdominBneia de eaulinita e p ~ s e q a de a~ilomim?ral2: 1

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Os dados granularn~tricos dos solas encontram-se na Tabela 8 e os dos teares de áxidos de ferro na terra fina seca ao ar ITFSA) estão na Tabela 9.

TABELA 8, Granulornetria pardal dos horizontes 822 doi salas.

TABELA 9. Teares de dxklos de f m na tefm fina seca as ar.

Sak

TR TRdI TR i R TR TR BV P.28 Tiere SP 19 8 69 BV P.69 Mmdaguan PR 4 36 58 LR P.17 Londrina PR 1 6 14 76 LR P.33 Ribeido Preta SP 25 16 51 LR P.20 Cambira PR 6 13 78 LR P.38 Bararais SP 27 25 44 L0 P.38 Gvarapuave PR 4 17 78 le P.36 G u a r a p m PR 2 20 76 TB PC.48 Guaraniaçu PR 3 17 78 TB PC.52 Gwrapuave PR 2 I 16 78

Pm

P.29 P.44 R.3 1 P.4 7

5010

TPI 1 Rdl

TR TR TR TR BV BV LR 1R LR LR 'L0 'L0 TO

w p i a

Ahneimi Almeirim C h n r e s Londrina

Barra Bonita Maringd

Perfil

P.29 P.44 P.31 P.4 7 P.28 P.69 P.17 P.33 P.20 P.38 P.38 P.36

PC.48

Eslado -------

PA P A SP PR SP PR

MrniEEpia

mir im Almeinm

Chavantes Londrina

Bana Bonita Mah@ Tete

Mandagiian Londrima

&ido Preto Cambira Baiaiais

Giiampuaw Guarapuava Guaraniaçu

TB P fl

Areia Fma 1%)

6 6 5 2

16 2

Estado

P A P A SP PR SP PR SP PR PR SP PR SP PR PR

20,30 PC.52

Feto3

(%I 28,20 25,lO 22,68 23,90 22,67 23,90 10,93 18,70 28.00 33.80 32'70 32.90 28,20 17,90

Guarapuava

SiRe (5)

28 29 i 2 18 11 11

Agita 1x1 62 60 82 79 70 86

?R 27,ZO

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Solos que contem fraçãas grosseiras [com diâmetro superior a 0,05 rnm) não são recomend6vefs para ensaios de limites de consist6ncia sem peneirarnento pelo metodo de Casagrande. A realização dos ensaios torna-se diffcil e s equipamento $esgasta-se rapidamente.

Os resultados obtidos para os limites de consist&ncia mostraram que

alguns dos tratamentos dados 8s amostras exerceram Tnfludncia na plasticidade dos solas estudados.

Nas solos estudados não fitou comprovada a existencia de m~terfais

amodos em quantidade suficiente para influenciar nos resultados obtidos.

As variações ocorridas nos resultados dos ensaios de limites de cansist&ncia em decorr8ncia da secagem ao ar e em estufa, apesar de serem significativas a nhel de laborat6ri0, não parecem implicar a

necessidade de cuidados especiais com esses solos em trabalhos de campo.

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Estudo de características flscas e minera/logas em cinco classes de solos derivados de rochas básicas 1 4

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