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TEMÁTICO 5 CADERNO Experiência das instâncias de DIÁLOGO SOBRE OS GRANDES EMPREENDIMENTOS RECOMENDAÇÕES para o fortalecimento do licenciamento dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas REALIZAÇÃO CONVÊNIO

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TEMTICO 5CADERNO

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Experincia das instncias de DILOGO SOBRE

OS GRANDES EMPREENDIMENTOS

RECOMENDAES para o fortalecimento do licenciamento

dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas

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realizao convnio

CATALOGAO NA FONTEPolis Instituto de Estudos, Formao e Assessoria em Polticas Sociais

Centro de Documentao e Informao

Experincia das instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos: recomendaes para o fortalecimento do licenciamento dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas / Danielle Klintowitz e Patrcia de Menezes Cardoso, coordenadoras. So Paulo : Instituto Plis, 2016. 71p. (Caderno Temtico, 5).

ISBN 978-85-7561-083-1 (Publicao Impressa) ISBN 978-85-7561-084-8 (Publicao Digitalizada)

1. Regio Metropolitana da Baixada Santista, SP. 2. Litoral Norte, SP. 3. Desenvolvimento- aspectos ambientais. 4. Desenvolvimento econmico local. 5. Planejamento urbano. 6. Planejamento territorial. 7. Sustentabilidade social e ambiental. 8. Licenciamento ambiental. 9. Condicio- nantes e monitoramento ambiental. 10. Compensao ambiental. 11. Indicadores sociais, econ- micos e ambientais. 12. Royalties do petrleo, Brasil. 13. Royalties e participaes especiais. 14. Polticas pblicas. 15. Gesto participativa. 16. Controle social do oramento 17. Direitos - povos e comunidades tradicionais. 18. Turismo sustentvel - Litoral Norte, SP. 19. Turismo de base comunitria. I. Ttulo. II. Instituto Plis. III. Klintowitz, Danielle. IV. Cardoso, Patrcia de Menezes. V. Observatrio Litoral Sustentvel.

CDD 333.72CDU 330.123(81)

O trabalho Experincia das instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos: recomendaes para o fortalecimento do licenciamento dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas de Danielle Klintowitz e Patrcia de Menezes Cardoso, coordenadoras est licenciado com uma Licena Creative Commons - Atribuio-NoComercial 4.0 Internacional.

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Experincia das instncias de DILOGO SOBRE

OS GRANDES EMPREENDIMENTOS

2.

RECOMENDAES para o fortalecimento do licenciamento

dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas

CoordenaoDanielle Klintowitz e Patricia de Menezes Cardoso

DILOGO SOBRE OS GRANDES EMPREEDIMENTOS

Redao e edioLuci Ayala

EntrevistasThas Macedo

RECOMENDAES

Redao e edioIrene Maestro Guimares, Marcela Moraes, Patricia de Mene-zes Cardoso, Paulo Romero, Monica Viana, Roberto Francine

Contedo e PesquisaProduo coletiva das instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos do Observatrio Litoral Sustentvel

Produo Observatrio Litoral Sustentvel

Coordenao de Comunicao Maria Judith Magalhes Gomes

Produo Editorial Bianca Pyl, Luci Ayala e Isadora Pinheiro

Reviso Helena Gomes

Projeto grfico e direo de arte Renata Alves de Souza

Diagramao Tipogrfico Comunicao

CADERNOTEMTICO 5 DILOGO SOBRE OS GRANDES EMPREENDIMENTOS E RECOMENDAES

Equipe Observatrio Litoral Sustentvel

CoordenaoNelson Saule JniorDanielle KlintowitzMaria Judith Magalhes GomesGuadalupe Abib de Almeida (at junho de 2015)

Secretaria ExecutivaStacy TorresNeide Pereira SantosReginaldo Vieira Nazrio

TcnicosAdriano Borges CostaAna Cristina Vellardi (de agosto de 2015 at novembro de 2015)Ana Cristina Gentile FerreiraAnna Luiza Salles Souto Ferreira (at outubro de 2015)Amanda Kamanchek Lemos (at novembro de 2014)Andrea Braga Salgueiro (at junho de 2015) Bianca PylCau Marques (at julho de 2015) Christiane Gasparini Arajo CostaDiogo Soares (at janeiro de 2016)Edson Marques LobatoEliane Simes (a partir de junho de 2016)Elisabeth GrimbergFernanda VersolatoGilda Helena Leoncio Nunes (de julho at outubro de 2015)Hamilton Faria (at novembro de 2014)Hlio Wicher NetoHenrique Botelho Frota (a partir de setembro de 2015)Irene Maestro (a partir de abril de 2015)Isabel Ginters (a partir de janeiro de 2015)Isadora Pinheiro (estagiria, a partir de junho de 2016)Jorge KayanoLetcia Palazzi PerezLuci Ayala (a partir de novembro de 2015)Marcela Oliveira Scotti de Moraes (a partir de junho de 2016)Mariana Levy Piza Fontes (at abril de 2016)Mariana RomoMnica Antonia Viana (a partir de setembro de 2015)Paola Tesser (estagiria at maio de 2016)Patrcia de Menezes CardosoPaulo Henrique de Arajo Neves (a partir de janeiro de 2015)Paulo RomeiroRafael Paulo Ambrosio (at junho de 2015)Roberto Francine JniorVitor Nisida

Apoio | Instituto PlisClodoaldo SantosDilma Sylvria dos Santos NazrioGisele BalestraJoo Batista dos SantosJoo Carlos IgncioLucas de FigueredoMaria Aparecida MendesMaria Cristina da SilvaMaria da Paixo Pereira MotaRaul Alves da Silva Rosngela Maria da SilvaSandra Barbosa PessoaTnia Maria Masselli

Produo do Observatrio Litoral Sustentvel, uma parceria entre o Instituto Plis e a Petrobras

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Contedo

6 Experincia das instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos

8 Apresentao

10 O Observatrio Litoral Sustentvel

11 O dilogo sobre os grandes empreendimentos

14 Contribuies do Observatrio

19 O Observatrio na opinio dos atores sociais

32 Recomendaes para o fortalecimento do licenciamento dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas

34 Introduo

39 Pr-licenciamento

41 Licenciamento

49 Condicionantes socioambientais

55 Recursos da compensao socioambiental s unidades de

conservao

59 Aplicao dos recursos

60 Ps-licenciamento ambiental

61 Compensaes urbansticas

62 Royalties e contrapartidas pela explorao do petrleo e gs

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INTRODUO

Este resumo executivo traz a sntese do Diagnostico Urbano Socioambiental Participativo Regional, conside-rando o conjunto dos municpios1 analisados no mbito do projeto Litoral Sustentvel Desenvolvimento com Incluso Social.

O Litoral Paulista tem experimentado grandes transformaes nas ltimas dcadas, com processos de urbaniza-o, muitas vezes desordenados, com forte impacto na vida de quem mora, trabalha e frequenta a regio. Agora, um novo processo de transformao est sendo impulsionado pelos projetos em curso na regio, como a explora-o do Pr-sal e a ampliao e modernizao de rodovias e reas porturias.

Tais mudanas reforam a necessidade de pensar e planejar o futuro, avaliar os impactos socioambientais dos grandes empreendimentos em curso na regio, procurar formas de impulsionar o desenvolvimento sustentvel local e regional e tambm de conter ou mitigar efeitos negativos. Nesse contexto de grandes transformaes essencial articular o conjunto de iniciativas que vm sendo realizadas pela sociedade e administraes pblicas e identificar novas aes necessrias que garantam cidades mais justas, mais bonitas e mais saudveis.

O Projeto Litoral Sustentvel Desenvolvimento com Incluso Social insere-se neste contexto de intensas mu-danas e objetiva contribuir no desenvolvimento sustentvel da regio. Proposto pelo Instituto Plis e apoiado pela Petrobras, este projeto inicia-se com a construo de um diagnstico urbano socioambiental participativo dos municpios do Litoral Norte e da Baixada Santista, articulado com a construo de um diagnstico da regio, que juntos suportaro a elaborao de uma Agenda de Desenvolvimento Sustentvel para os municpios e para a regio, com a perspectiva de constituio de um Observatrio para monitoramento das dinmicas da regio e da implementao de aes.

O Diagnstico Urbano Socioambiental Participativo parte da caracterizao da regio e de uma extensa sis-tematizao de dados2, para desenvolver anlises sobre o seu ordenamento territorial, investigando os principias traos de sua ocupao, os diferentes tipos de necessidades habitacionais, as demandas e os desempenhos re-lativos ao sistema de saneamento ambiental, as condies de mobilidade local e regional, os espaos territoriais especialmente protegidos e os grandes equipamentos e infraestruturas de logstica existentes e previstos que iro impactar o desenvolvimento deste territrio.1 O Projeto Litoral Sustentvel abrange os seguintes municpios: Perube, Itanham, Mongagu, Praia Grande, So Vicente, Cubato, Santos, Guaruj, Bertioga, So Sebastio, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba.2 Trabalhando com a anlise de um grande nmero de pesquisas e diagnsticos existentes, coleta de novos dados e dinmicas participativas com a populao. Os rela-trios foram fechados em dezembro de 2012.

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Experincia das instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos

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A esse conjunto de leituras sobre as condies urbansticas e socioambientais, somam-se importantes anli-ses sobre desenvolvimento econmico, segurana pblica, cultura, educao, segurana alimentar e nutricional, sade e gesto pblica e democrtica, considerando, especialmente, as finanas pblicas.

Tais leituras esto articuladas a um exame detido sobre marcos jurdicos relativos s polticas pblicas que incidem nos espaos territoriais, bem como com a viso de moradores e representantes de entidades sobre os processos em curso. As diretrizes de anlise consideraram o marco regulatrio das polticas pblicas nacionais e estaduais, consolidadas e normatizadas, e os princpios garantidos na Constituio.

Como produto da anlise aprofundada sobre todos esses aspectos, segundo as diretrizes desenvolvidas para cada um dos municpios, passou-se elaborao do Diagnstico Regional, suportado na articulao de informa-es a fim de se identificar desafios para o desenvolvimento sustentvel da regio, considerando as potencialida-des do territrio, principais problemas a serem enfrentados e nexos de complementariedade entre os municpios.

Neste Resumo Executivo, os diferentes contedos tratados de maneira detalhada no Diagnstico Regional foram articulados e organizados em quatro partes no sentido de expor de maneira concisa os principais resultados das anlises.

Na primeira parte, apresentamos um panorama geral da regio, recuperando os aspectos mais relevantes de sua histria, geografia e processo de urbanizao, identificando as diferentes dinmicas regionais.

Na segunda parte, procuramos abordar os principais desafios para o desenvolvimento sustentvel da regio, retratando uma sntese das anlises dos diferentes temas, apontando principais questes a serem enfrentadas em uma escala regional no campo do desenvolvimento econmico, da organizao socioterritorial, financiamento pblico e gesto regional democrtica.

Na terceira parte, trazemos a viso da populao sobre as principais questes regionais discutidas e reflexes sobre as diferentes perspectivas sobre o seu desenvolvimento.

Na quarta parte so analisados os instrumentos das polticas federais e estaduais incidentes na regio, desta-cando sua relevncia e pertinncia para o fortalecimento do desenvolvimento sustentvel da regio.

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ApresentaoO Observatrio Litoral Sustentvel e suas instncias de dilogo integram-se ao

trabalho realizado em parceria pelo Instituto Plis e pela Petrobras no Litoral

Paulista, desde 2011.

O ponto de partida foi o Projeto Litoral Sustentvel, que realizou um diagnstico socioambiental e urbanstico participativo regional e de cada um dos 13 municpios do Litoral Norte e da Regio Metropolitana da Baixada Santista e mapeou suas dinmicas de transformao. Para isso, foram realizadas oficinas de debates, estudos de caso, pesquisa de opinio e reunies com os gestores de todos os municpios, alm de estudos tcnicos sobre os diferentes aspectos urbansticos, ambientais e econmicos.

Essa leitura integrada do territrio produziu um conjunto de informaes tcnicas muito importantes, que tem sido utilizado tanto pela sociedade civil quanto pelos gestores pblicos, consolidando-se como fonte de referncia sobre o territrio. Os diagnsticos locais e regional foram o ponto de partida para a elaborao da Agenda de Desenvolvimento Sustentvel municipais e regional. As agendas apresentam um conjunto de aes prioritrias, tambm construdo coletivamente e de forma participativa, para promover o desenvolvimento sustentvel com incluso socioterritorial e reponsabilidade ambiental.

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O Observatrio Litoral Sustentvel

Iniciativa inovadora na regio, o Observatrio Litoral Susten-

tvel, parceria entre Instituto Plis e Petrobras, surge com o

objetivo de acompanhar e estimular a implantao da Agenda

de Desenvolvimento Sustentvel. Desde seu lanamento, em

maio de 2015, o Observatrio articulou-se em quatro instn-

cias de participao: no Litoral Norte, com a Mesa de Dilogos

sobre os Grandes Empreendimentos e a Cmara Temtica de

Turismo Sustentvel, e na Reunio Metropolitana da Baixada

Santista, com a Cmara Temtica sobre os Grandes Empreen-

dimentos, Setor Imobilirio e Transformaes Regionais e a

Cmara Temtica de Desenvolvimento Sustentvel de Povos e

Comunidades Tradicionais.

Em todas essas frentes de atuao, o Observatrio adotou a premissa de no se sobrepor s instncias de participao j existentes e de buscar fortalec-las, valorizando a interlocuo com os atores sociais locais e regionais rgos estaduais e federais, movimentos sociais e entidades da sociedade civil com atuao no Litoral Norte e na Baixada Santista.

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Dilogo sobre os grandes empreendimentosPor meio de suas instncias de dilogo a Mesa de Dilogo

do Litoral Norte e a Cmara Temtica da Baixada Santista ,

o Observatrio visa fortalecer o dilogo entre a sociedade

civil, os gestores pblicos e os grandes empreendedores de

infraestrutura logstica e energtica em curso no Litoral Pau-

lista. Os empreendimentos l implantados e em implantao

esto entre os maiores do Pas, e principal fator de transfor-

mao do territrio na atualidade.

O Litoral Paulista um grande e rico mosaico de biodiversidade. Abriga a principal reserva da Mata Atlntica do mundo, um patrimnio ambiental importantssimo a ser conservado. Possui tambm uma sociodiversidade mpar, com a presena de povos e comunidades tradicionais indgenas, quilombolas e caiaras , que vivem h sculos na regio e lutam para preservar seu modo de vida sustentvel, um dos fatores da conservao ambiental.

Das experincias De participao no LitoraL norte Mesa De DiLogo A Mesa de Dilogo sobre os Grandes Empreendimentos do Litoral Norte tem seu grmen na atuao engajada de gestores pblicos e entidades da sociedade civil do Litoral Norte em torno da implantao de grandes empreendimentos na regio.

Esses atores regionais e locais se mobilizaram e atuaram em instncias de dilogo e participao como o Grupo Integrao no mbito do Comit de Bacias Hidrogrficas, do Litoral Norte (CBH/LN), o Comit de Dilogo RealNorte e o Grupo de Trabalho sobre Licenciamento do Conselho Gestor da APA Marinha do Litoral Norte (APAMLN).

A partir de 2007, o Grupo Integrao do CBH/LN reuniu diversas instituies pblicas e ONGs ambientalistas preocupadas com os impactos das intervenes iniciadas e planejadas para o Litoral Norte. Aps o licenciamento ambiental da Plataforma de Mexilho pela Petrobras, a preocupao com os impactos cumulativos e com o acesso s informaes dos grandes empreendimentos e o respectivo planejamento governamental para a regio colocada em pauta.

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O Comit de Promoo do Dilogo para a Sustentabilidade do Litoral Norte do Estado de So Paulo (Comdial) fruto de Convnio entre um grupo de ONGs ambientalistas da regio reunidas pela RealNorte, a Unisantos e a Petrobras (2008/2012). A Plataforma Sustentabilidade foi um dos resultados deste trabalho, subsdio pioneiro para a avaliao de impactos cumulativos na regio.

O GT Licenciamento do Conselho Gestor da APAMLN foi criado no momento do licenciamento da ampliao do Porto de So Sebastio, em 2011, com o objetivo de definir procedimentos e critrios de anlise dos processos de licenciamento de obras ou atividades potencialmente causadoras de impacto nesta UC, bem como produzir as manifestaes tcnicas da UC participativamente. Nesse frum regional foram construdas de forma compartilhada as manifestaes tcnicas da UC para a implantao da Etapa 1 e 2 do Pr-Sal da Petrobras com a definio de condicionantes como Diagnstico do Turismo Nutico e Monitoramento de Espcies Exticas. As reflexes realizadas no mbito deste GT e do CG tambm contriburam para a construo de relevantes condicionantes ambientais de monitoramento, como o Monitoramento das Rotas de Embarcaes, a Caracterizao Socioeconmica da Pesca e Aquicultura e o Monitoramento da Atividade Pesqueira, estabelecidas pelo Ibama.

participao aMpLiaDa e DiversificaDa A Mesa de Dilogo do Litoral Norte representa o amadurecimento dessas experincias, com a ampliao da participao da sociedade civil. O Instituto Plis desenvolveu uma proposta inspirada na Poltica Nacional de Participao Social (Decreto n. 8.243/2014), tendo como alvo a preveno de conflitos socioambientais decorrentes da implantao, operao e desativao dos grandes empreendimentos. Preveno essa por meio do dilogo entre a sociedade civil, os poderes pblicos municipal, estadual e federal e os grandes empreendedores. No mbito da participao social, destaca-se a aproximao e o dilogo com as comunidades afetadas, representadas por organizaes da sociedade civil local e regional, como o Frum das Comunidades Tradicionais, a Coordenao Nacional Caiara e a Central de Movimentos Populares, alm de movimentos de luta por moradia e associaes de moradores.

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parceiros e atores sociais Do DiLogoO Observatrio fortaleceu e ajudou a desenvolver canais de debate entre as comunidades, a sociedade civil, os gestores de organizaes governamentais locais, regionais e federais e os responsveis pelos empreendimentos que impactam o territrio numa rea extremamente estratgica do ponto de vista geopoltico, a Bacia de Santos, o foco do pr-sal.

A Petrobras foi parceira nesse desafio. Outros empreendedores tambm participam das mesas de dilogo, como a Companhia Docas de So Sebastio, responsvel pelo projeto de ampliao do Porto de So Sebastio; o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), responsvel pela ampliao e melhoria da Rodovia Rio-Santos no trecho urbano de Ubatuba (BR-101), e a Transpetro, responsvel pelos dutos de petrleo. Na Baixada Santista, alm desses parceiros, o Observatrio mantm o dilogo com a Embraport, um grande empreendedor porturio, e a Companhia Docas do Estado de So Paulo (Codesp).

Um dos desafios para a continuidade e o aprofundamento do dilogo na regio conseguir a participao de outras empresas, principalmente as que partilham responsabilidades sobre grandes empreendimentos, como Dersa Desenvolvimento Rodovirio S/A, frente das obras virias no estado de So Paulo.

As instncias de dilogo do Observatrio contam com a participao qualificada de gestores pblicos ligados Fundao Florestal e ao Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio) gestores de unidades de conservao estaduais e federais. As APAs Marinhas, que so unidades de conservao regionais de uso sustentvel, tambm se fizeram presentes nas mesas de dilogo, com destaque para a parceria e a realizao de atividades conjuntas com seus conselhos gestores. O Litoral Paulista conta com a APA Marinha do Litoral Norte, que abrange os quatro municpios da sub-regio, e as APAs Marinhas do Litoral Centro, em territrio da Baixada Santista.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama), rgo licenciador federal, por meio de suas regionais participou intensamente dos processos de dilogo promovidos pelo Observatrio na regio. J o rgo licenciador estadual, a Companhia Ambiental do Estado de So Paulo (Cetesb), no se mostrou disponvel para o dilogo.

A relao tambm muito positiva com as universidades e seus ncleos de pesquisa presentes no Litoral Paulista, como a UniSantos, a Universidade Federal de So Paulo (Unifesp) na Baixada Santista, o Ncleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da

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Universidade de Campinas (Nepam/Unicamp), a Fundao Getlio Vargas (FGV), a Universidade Federal do ABC (UFABC) e o Centro de Biologia Marinha da Universidade de So Paulo (Cebimar/USP).

Embora com uma participao mais tmida nas mesas de dilogo, os representantes do poder pblico municipal se fizeram representar por meio das secretarias de Meio Ambiente e de Pesca.

Enquanto no Litoral Norte as instncias de dilogo do Observatrio tm forte presena das entidades ambientalistas, na Baixada Santista destacam-se os movimentos por moradia que lutam contra os impactos dos grandes empreendimentos.

As instncias de dilogo contaram ainda com a participao do Ministrio Pblico Federal e do Ministrio Pblico Estadual, representados pelo Grupo de Atuao Especial do Meio Ambiente (Gaema). A Agncia Metropolitana da Baixada Santista (Agem) tambm acompanhou o trabalho do Observatrio, com participaes pontuais.

Contribuies do observatrioAs instncias de dilogo do Observatrio mantm atividades de

organizao e difuso de informao, de capacitao em dife-

rentes temas e de monitoramento das contrapartidas devidas

pelos grandes empreendimentos sociedade. Os diferenciais

da experincia do Observatrio so a produo do conhecimen-

to com uma abordagem socioambiental e econmica, a promo-

o do dilogo direto entre a sociedade civil, os gestores pbli-

cos e os grandes empreendedores. Essas prticas apresentaram

contribuies especficas em diversos nveis.

MoDeLo De governana As mesas de dilogos desenvolveram um modelo indito de governana, que pode ser replicado em outros lugares. uma instncia que rene todos os atores sociais no territrio sociedade civil, grandes empreendedores e poder pblico local, estadual e federal. Esse acesso de representantes das comunidades tradicionais a instncias em que possam se fazer ouvir pelos grandes empreendedores em busca de formas de prevenir conflitos uma construo indita do Observatrio.

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iMpactos cuMuLativosA associao entre os grandes empreendimentos e seus impactos cumulativos e a possibilidade de perceber isso no espao do territrio so grandes contribuies das instncias de dilogo do Observatrio Litoral Sustentvel.

A equipe do Observatrio sistematizou essas informaes e reuniu todos os grandes empreendimentos em um mapa interativo que permite observar a inter-relao entre eles no territrio, evidenciando como as cadeias produtivas se articulam entre si e com a expanso das vias de comunicao viria, ferroviria, aeroporturia.

proDuo De conheciMentos Entre 2015 e 2016, as instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos do Observatrio se debruaram sobre as questes relacionadas ao Licenciamento Ambiental e ao conjunto de obrigaes dos empreendedores advindos do processo de licenciamento. Esse mosaico de obrigaes e contrapartidas apresenta trs grandes frentes de monitoramento e produo de conhecimento: as compensaes ambientais, as condicionantes e, no caso de petrleo e gs, os royalties.

Uma das grandes contribuies do Observatrio foi reunir e depois traduzir para os gestores e para a sociedade em geral esse conjunto de informaes. O objetivo preparar a sociedade civil para participar desse processo, seja nas audincias pblicas, seja em outros fruns. Os gestores das unidades de conservao afetadas por grandes empreendimentos, por exemplo, poderiam ficar mais preparados para os debates sobre o licenciamento dos empreendimentos e, depois, para monitorar o cumprimento das condicionantes.

Difuso De inforMaes e capacitaoAs instncias de dilogo do Observatrio organizavam-se em frentes de atuao. A primeira delas, de informao e comunicao, com a funo de acessar contedos, traduzir, sistematizar e fornecer mapas e bancos de dados, como os de estudo de impactos ambientais e relatrios de impactos ambientais (EIA/Rima) ou de Condicionantes, e traduzi-los de uma forma mais acessvel populao.

A frente de capacitao teve a funo de levar esses contedos aos conselhos, s comunidades e aos gestores pblicos, para que as pessoas possam se apropriar das informaes, muitas vezes inacessveis e dispersas.

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Essas duas frentes, informao e capacitao, abriram a possibilidade de monitoramento, que uma frente muito importante do Observatrio. O acesso informao permite sociedade civil e aos gestores pblicos entenderem as decises e monitorarem a implementao das diversas contrapartidas previstas no licenciamento ambiental dos grandes empreendimentos.

Essa prtica levou adeso formal de membros do poder pblico, de empreendedores e da sociedade civil s instncias de dilogo sobre os grandes empreendimentos do Observatrio.

Lutas peLa apLicao Dos recursos na regioTambm expressivo o resultado dos trabalhos sobre a compensao ambiental devida pelos grandes empreendimentos s unidades de conservao, realizados em parceria com a Fundao Florestal e os conselhos de unidades de conservao, no sentido de desvelar o processo decisrio sobre as compensaes e a destinao dos recursos. significativo o resultado da reunio entre a Mesa de Dilogo e os conselhos das unidades de conservao, o Conselho, do Litoral Norte, com a presena da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que mapeou a distribuio das compensaes ambientais devidas regio e percebeu problemas nos critrios de distribuio desses recursos. A partir dessa ao j houve mudanas nas decises do Governo do Estado, que passou a destinar mais recursos para as UCs afetadas da regio.

resuLtaDos e LiMitaesNo Brasil, o licenciamento ambiental ainda um instrumento muito importante para que os empreendimentos sejam viabilizados, garantindo-se a conservao ambiental e os interesses das comunidades afetadas. Entretanto, as condies para a efetividade dessas medidas devem ser aprimoradas por meio da participao social e da integrao e continuidade de programas e projetos.

anLise Das conDicionantesA sistematizao e o monitoramento das condicionantes que vm sendo feitos pelas instncias de dilogo do Observatrio permitem identificar aquelas que so muito relevantes, entre as quais algumas em implementao e vrias ainda no cumpridas, o que deveria ter sido feito antes de uma nova etapa do empreendimento. Tambm possvel avaliar que existem condicionantes de medidas compensatrias voltadas para o

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desenvolvimento de atividades com potencial de gerao de renda para as comunidades afetadas, como o Programa de Educao Ambiental da Embraport, de apoio ao turismo de base comunitria, ou o Programa de Ao Participativa da Pesca da Petrobras, que apesar dos desafios em sua execuo contaram com a participao das comunidades afetadas como ponto de partida.

O Observatrio identificou condicionantes que no tm efetividade na vida das pessoas diretamente afetadas e outras que, embora possam ser aperfeioadas, j esto no caminho de compensar e mitigar impactos.

Banco De conDicionantesO Observatrio vem reunindo e sistematizando informaes sobre condicionantes em um banco de dados que sirva de instrumento para que a sociedade possa conhecer o universo de obrigaes previsto no processo de licenciamento de cada grande empreendimento, bem como monitorar as que j foram definidas e cobrar as que no saram do papel. Esse banco de dados est disponvel no site do Observatrio em uma plataforma amigvel para busca por qualquer cidado. Nele, possvel acessar todas as condicionantes dos empreendimentos da cadeia de petrleo e gs e cadeia logstica do Litoral Norte e Baixada Santista. Ao todo, o banco conta com mais de 7.000 condicionantes.

iMportncia Do MonitoraMento sociaL As instncias de dilogo do Observatrio atuaram com nfase no ps-licenciamento, mas em um projeto de longo prazo poderiam atuar em todas as etapas dos processos de licenciamento ambiental antes, durante e depois. A participao social deveria ser obrigatria em todas essas fases. O debate teria de comear antes do Ibama ou a Cetesb emitir o termo de referncia que d incio ao processo de licenciamento e se estender at a renovao de uma licena j concedida.

Quanto maior a participao no processo de licenciamento ambiental, maiores as chances de as comunidades conservarem e melhorarem sua qualidade de vida. A participao das comunidades diretamente afetadas no monitoramento dos empreendimentos a nica maneira de se tentar reverter impactos negativos. Mas os rgos pblicos no do conta dessa tarefa, principalmente no quadro de precarizao que vm enfrentando.

Instncias como as mesas de dilogo tm de ser mantidas. Todos saem ganhando: o rgo licenciador, os empreendedores e as

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comunidades afetadas. importante que a sociedade conte com mecanismos mais eficientes de compensao e mitigao, com a democratizao das decises relativas aos projetos a serem implementados no territrio e com a priorizao da alocao de recursos em projetos de interesse local e regional priorizados pelas comunidades afetadas, no caso das condicionantes, e pelos conselhos de UCs, no caso das compensaes ambientais.

oBservatrio Dos royaLtiesUm dos desdobramentos das mesas de dilogo a proposta de constituio do Observatrio dos Royalties no Litoral Norte e na Baixada Santista. Seu objetivo ampliar a transparncia de informaes, acompanhar a aplicao e possibilitar o controle social sobre os recursos gerados pelas participaes governamentais na explorao e produo do petrleo e gs na regio.

Desafios Do oBservatrio importante dar continuidade a essa experincia de dilogo entre os grandes empreendedores, as comunidades afetadas e os gestores pblicos. O processo de dilogo deve ser internalizado pelos 3 setores como uma ferramenta de apoio aos processos de licenciamento ambiental. O Observatrio e suas instncias tm feito esse papel, mas sendo um projeto especfico contam com um tempo limitado de durao.

Outro grande desafio do Observatrio obter fontes de financiamento diversas.

Acredita-se que o mais adequado seria que os rgos licenciadores definissem o dilogo como uma condicionante para todos os empreendedores. Ao mesmo tempo, importante ter outras fontes de financiamento, como parcerias com as universidades que garantam o processo de monitoramento dos impactos e das condicionantes em prazos mais longos.

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O Observatrio na opinio dos atores sociaisA importncia do Observatrio reside em seu papel articulador

Cristina AzevedoSecretria-adjunta da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de So Paulo

Participei de algumas reunies com representantes do Instituto Plis e de uma reunio da Mesa de Dilogo e de todos os conselhos gestores das unidades de conservao do Litoral Norte. At onde pude apreender, a importncia do Observatrio Litoral Sustentvel reside em seu papel articulador, colocando diversos atores em contato e buscando traduzir as informaes tcnicas para um pblico mais amplo.

Da minha parte, como coordenadora da Cmara de Compensao Ambiental, posso afirmar que o Observatrio foi importante ao divulgar o tema compensao ambiental e ampliar o entendimento dos papis de cada ator no processo.

O dilogo e o envolvimento das pessoas so praticamente inditos no mundo

Carlos Zacchi Diretor da Fundao Florestal para o Litoral Norte, a Baixada Santista, o Vale do Paraba e a Serra da Mantiqueira

No Litoral Norte, mais de 80% do territrio rea protegida pelo Parque Estadual da Serra do Mar, de Ilhabela e da Ilha Anchieta. As aes que buscam melhorar a articulao e aumentar o conhecimento das pessoas, bem como promover o desenvolvimento sustentvel, so importantssimas para manter a biodiversidade e as comunidades tradicionais.

A chegada do Observatrio acrescentou mais uma possibilidade ao dilogo que j vinha sendo construdo no Litoral Norte com o Comdial e aumentou esse tipo de ao na Baixada Santista, que at ento era uma regio mais desarticulada como o nmero de municpios maior, o dilogo fica mais difcil.

O diferencial do Observatrio ser um frum em que se buscam melhorias de entendimento entre os atores locais e o poder pblico no olhar sobre o territrio, entendendo as necessidades presentes e estabelecendo prioridades para as polticas pblicas. O dilogo e o envolvimento das pessoas nesse tipo de ao so praticamente inditos no mundo. Apenas Canad e Austrlia tm alguns processos parecidos.

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Acho que esse trabalho feito pelo Observatrio o comeo de uma mudana. Levar informao importante e verdadeira, sem vcios e interesses, fundamental, assim como a oportunidade para a sociedade e o poder pblico dialogarem e se tornarem mais conscientes do que est acontecendo.

A Mesa do Litoral Norte cumpriu a funo de dilogo, de produo de conhecimento sobre o ps-licenciamento

Lucila Pinsard Vianna Assessora da Diretoria da Fundao Florestal do Litoral Norte

A Mesa de Dilogo deu continuidade ao Comdial. Cumpriu a funo de dilogo, de produo de conhecimento e tratou dos temas do ps-licenciamento que antes no trabalhvamos, como condicionantes, compensao ambiental e royalties. A Mesa produziu conhecimento sobre esses temas. Nesse sentido, deu outra cara ao Litoral Norte em relao a esse momento ps-licenciamento, que implica uma srie de deveres e direitos tanto para as empresas quanto para a sociedade.

O Litoral Norte tem uma articulao regional bastante forte, j histrica. O Observatrio Litoral Sustentvel conseguiu trazer para o dilogo outros participantes da sociedade civil, alm dos ambientalistas. Destaco particularmente o esforo em trazer as populaes tradicionais para participarem.

A Mesa de Dilogos do Litoral Norte se somou aos esforos das unidades de conservao, da sociedade civil e dos rgos pblicos no sentido de fortalecer o debate e produzir um processo de licenciamento mais consistente. Acredito que o tema mais importante foi sobre as condicionantes. Desvendar os caminhos das condicionantes, relacion-las e tornar isso de conhecimento pblico so aes muito importantes, embora ainda falte traduzir melhor para a sociedade o significado concreto das condicionantes.

Abordar as compensaes ambientais tambm foi um grande avano, porque o assunto sempre foi uma caixa preta. A Mesa fez um trabalho magnfico, com parceiros de produo de conhecimento, o que vai ajudar no s a nossa regio como outras tambm. O trabalho produzido sobre os royalties tambm foi muito interessante, mas o ideal seria colocar em prtica o Observatrio dos Royalties.

A produo de conhecimento do Plis para a Mesa de Dilogo o ponto alto do trabalho. O Mapa dos Grandes Empreendimentos, por exemplo, elaborado pelo Observatrio, foi genial.

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O Observatrio tem nos ensinado a trabalhar de forma conjunta

Marcia da Rocha BarrosAnalista de Recursos Ambientais da Fundao Florestal

O Observatrio Litoral Sustentvel agrega interessados em temas especficos de uma forma no institucional. aberto a qualquer pessoa ou instituio que tenha interesse. Promove discusses com os conselhos das unidades de conservao e outros fruns de maneira aberta e envolvente. Suas reunies so muito explicativas. difcil reunir tanta gente para conversar, em especial o Ministrio Pblico.

O contedo que o Observatrio produz ajuda muito. No teramos condies de produzir um Mapa dos Grandes Empreendimentos, por exemplo, que importantssimo para quem trabalha com a rea de marinha. Isso abriu uma porta para pesquisa de monitoramento de impacto. Os estudos sobre as compensaes ambientais tambm so ferramentas de extrema importncia.

O Observatrio tem nos ajudado a trabalhar de forma conjunta. As pessoas se sentem mais esclarecidas e, quando surge uma dvida, a equipe sempre vai atrs da informao. A apresentao dos produtos torna a participao ainda mais estimulante.

O trabalho foi bem desenvolvido e gerou bons produtos para a gesto do desenvolvimento regional sustentvel

Marcela DavansoAnalista ambiental do Ibama Baixada Santista

O Observatrio se apresentou como uma importante e inovadora experincia na mobilizao para a discusso de temas transversais da Baixada Santista, delineando novas formas de abordagem e de mediao de controvrsias que podem ser absorvidas pelos fruns de gesto que hoje atuam na regio. Por convidar todos os atores afeitos temtica, teve um importante papel no empoderamento das comunidades e dos atores sociais.

Em relao s contribuies especficas e aos produtos apresentados, avaliamos como importantes ferramentas de gesto, especialmente a sistematizao das condicionantes dos grandes empreendimentos licenciados na Baixada Santista. Esse instrumento contribui para uma viso geral dos processos e investimentos (sociais, educacionais e ambientais) distribudos ao longo do territrio e otimiza o seu acompanhamento tanto pelos rgos ambientais quanto pela sociedade em geral, possibilitando interao maior entre os atores sociais.

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A construo de ferramentas que o Observatrio vem conduzindo representa ganhos incontestveis para o processo de licenciamento

Leonardo TeixeiraAnalista ambiental do Ibama Caraguatatuba

No Litoral Norte, o Observatrio representa uma evoluo da mobilizao e participao popular nos processos de licenciamento desde 2015, com a primeira audincia. Considero um processo revolucionrio e muito representativo da regio. O trabalho j era bastante representativo com o Comdial, mas com o Observatrio ganhou uma dimenso mais abrangente.

A construo de ferramentas que o Observatrio vem conduzindo representa ganhos incontestveis para o processo de licenciamento, independente do licenciador os mapas, o acompanhamento, as discusses, os fruns sobre royalties e compensaes vm sendo esclarecedores. Essa produo de conhecimento fortalece o processo participativo e gera ferramentas mais didticas que ajudam muito. No Mapa dos Grandes Empreendimentos, a populao consegue ter uma dimenso melhor desses empreendimentos.

Os bancos de estudos de impactos ambientais, criados pela Koru e pelo Observatrio, so muito importantes para a populao e uma ferramenta de apoio aos licenciadores.

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As reunies da Mesa de Dilogo tiveram esse componente de capacitao e de formao permanente

Eliane SimesPesquisadora do Ncleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp no Litoral Norte

O Observatrio Litoral Sustentvel vem estimulando uma forma muito interessante de articulao entre os atores institucionais do Litoral Norte para refletirem e debaterem questes relacionadas construo de uma perspectiva de desenvolvimento sustentvel.

Antes do Observatrio, acredito que os conselhos das unidades de conservao e o Comit de Bacias Hidrogrficas do Litoral Norte faziam esse papel, mas no de maneira to ativa. O Observatrio tem um papel mais isento porque, como sociedade civil, no se coloca em um lugar especfico de interesse e transita bem entre os vrios atores, tanto institucionais quanto da sociedade civil. uma instncia que tem sido considerada legtima.

Uma das aes mais relevantes da Mesa de Dilogo foi o processo de sistematizao dos estudos de EIA/Rima dos grandes empreendimentos, reunindo-os em um nico banco de dados, com uma metodologia que torna o acesso vivel.

Todas as atividades de capacitao e formao promovidas, com destaque para a de regularizao fundiria, foram muito inovadoras. Os procedimentos para a regularizao fundiria, principalmente em mbito federal, apresentados pela Secretaria do Patrimnio da Unio (SPU), foram uma contribuio muito importante.

As reunies da Mesa de Dilogo tiveram esse componente de capacitao e de formao permanentes, com a popularizao das informaes sobre condicionantes, compensaes e royalties. Merece destaque tambm a comunicao do Observatrio, que sempre envia vdeos, matrias e informaes sobre os temas de debate. Isso faz uma brutal diferena, seja para o pesquisador, o tcnico ou a sociedade. Esse um grande diferencial em relao aos conselhos gestores das unidades de conservao e ao Comit das Bacias Hidrogrficas, que se tornou mais institucional e pouco capaz de fazer essa articulao mais social.

A grande preocupao como dar continuidade ao trabalho, pois so ferramentas para a sociedade civil que tm uma durao longa.

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Os estudos do Observatrio poderiam ser uma fonte de pesquisa para os alunos e material de apoio s populaes excludas

Gilberto Pessanha RibeiroProfessor da Unifesp, curso de Cincias do Mar, Baixada Santista

O Observatrio Litoral Sustentvel promoveu discusses de temas relevantes, envolvendo ocupao humana, o meio ambiente e a gesto do territrio, e apresentou alternativas de dilogo para a sociedade na busca de estratgias para construir solues aos problemas associados s crises ambientais. Pela minha experincia de trs anos na Baixada Santista, no existia um organismo desse tipo, que reunisse informaes e promovesse o dilogo.

O Observatrio tem contribudo para essa conversa de forma competente, envolvendo universidade e governo, para o amadurecimento de temas e questes pouco discutidas, como meio ambiente e populaes vulnerveis, e promovido reunies para ampliar o conhecimento sobre esses assuntos.

O Observatrio procura levantar dados para entender o problema e busca solues com amparo legal. Os levantamentos garantem bons argumentos. Esse tipo de conduta tica do Observatrio muito prxima ao que pensamos na universidade, ao nos debruamos sobre os problemas para ter sustentao tcnica a nossos argumentos.

Os estudos sobre compensao ambiental e condicionantes so inditos, uma fonte de pesquisa para os alunos e material de apoio para a assistncia s populaes excludas.

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O grande elo entre Observatrio Litoral Sustentvel e universidade a produo de conhecimento

Mnica ViannaProfessora da UniSantos e colaboradora do Instituto Plis

O Observatrio um grande articulador, tem peso nos fruns existentes na regio e amplia as discusses sobre as questes crticas da Agenda Regional para o Desenvolvimento Sustentvel. Coordenado pelo Instituto Plis, o Observatrio aposta na participao da sociedade civil, o que um grande diferencial.

O Observatrio contribui muito para o papel da universidade, que a produo de conhecimento e fortalecimento do trip ensino, pesquisa e extenso. Nesse sentido, foi importante fazer a parceria entre Observatrio e UniSantos.

O mapeamento dos grandes empreendimentos e os bancos de dados sobre estudos de impacto ambiental e condicionantes so importantssimos para subsidiar decises de polticas pblicas, da sociedade civil e do setor privado. O grande elo entre o Observatrio Litoral Sustentvel e a universidade a produo de conhecimento. A universidade poderia dar continuidade a esse processo, produzindo contedos, monitorando os impactos e buscando recursos para projetos de pesquisa e extenso.

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O Observatrio est mostrando como descobrir quanto dinheiro existe provisionado para a regio e como acess-lo

Cludio Gonalves TiagoBilogo e professor do Centro de Biologia Marinha da USP

O Observatrio Litoral Sustentvel vem fazendo a importante tarefa de sistematizar os impactos dos grandes empreendimentos no Litoral Norte, o que deveria ser uma obrigao da Secretaria do Meio Ambiente. Outra atividade muito importante relacionada s condicionantes ambientais. O Observatrio est mostrando como descobrir quanto dinheiro existe provisionado para a regio, quais instituies tm acesso a esses recursos ou como conseguir esse acesso. Construir essa base de dados, reunir essas informaes uma coisa que ningum fez.

O Mapa dos Grandes Empreendimentos permite ver a dimenso dos conflitos existentes nas reas marinhas e terrestres. Os profissionais que trabalham com meio ambiente tm dificuldade de encontrar essas informaes, pois elas esto dispersas em EIA/Rimas muito longos e complexos.

Na avaliao do Ministrio Pblico Estadual /BS, o trabalho do Observatrio Litoral Sustentvel nota dez

Flvia Maria GonalvesPromotora de Justia do Grupo de Atuao Especial do Meio Ambiente do Ministrio Pbli-co Estadual, Baixada Santista (Gaema/BS)

O Observatrio Litoral Sustentvel tornou-se um importante instrumento de consulta para as aes do Ministrio Pblico de So Paulo, em especial na defesa do meio ambiente, e tem se mostrado um articulador regional muito eficiente.

O Gaema/BS atua no tema licenciamento ambiental de empreendimentos sujeitos ao EIA/Rima, sendo que a Regio da Baixada Santista sofre muito com a presso da expanso imobiliria e da rea porturia e retroporturia. O trabalho que o Observatrio vem desenvolvendo sobre compensaes ambientais e condicionantes muito tem contribudo para uma viso ampla desses temas em nossa regio.

O Observatrio buscou realizar um mapeamento do processo decisrio das compensaes ambientais federais e estaduais, tendo como foco empreendimentos licenciados pelo Ibama e pela Cetesb, acompanhado por informaes importantes sobre

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as regras para a distribuio e aplicao dos recursos, as formas de participao e de consulta aos conselhos das unidades de conservao, ajudando o Gaema/BS a ter em mos dados organizados e sistematizados dos vrios empreendimentos licenciados ou em licenciamento na regio.

Tambm nos ajuda o trabalho do Observatrio de organizar bancos de informaes e de documentos sobre as condicionantes ambientais na Baixada Santista, sua priorizao e a elaborao de um banco de estudos oriundos das condicionantes.

Na avaliao do Gaema/BS, o trabalho do Observatrio Litoral Sustentvel nota dez, pois, alm de sistematizar esse grande volume de informaes esparsas em vrios processos de licenciamentos ambientais volumosos e complexos, deixa mastigadas as principais informaes e faz um comparativo importante e interessante, dando uma viso ampla e regional de como os rgos licenciadores esto tratando os grandes empreendimentos da Baixada Santista no que se refere s destinaes dos recursos financeiros e s condicionantes ambientais.

O trabalho que o Observatrio tem feito o caminho: organizar informaes e torn-las mais palpveis

Tadeu Salgado Ivahy Badar JuniorPromotor de Justia do Grupo de Atuao Especial do Meio Ambiente do Ministrio Pblico Estadual no Litoral Norte (Gaema/LN)

Acredito muito na aproximao do Ministrio Pblico com a sociedade civil, na importncia do dilogo e na reunio de vrias perspectivas diferentes para construir ideias slidas para evoluir em temas controversos. O Observatrio uma iniciativa que promove essa interao e nos d uma viso muito positiva pela qualidade de seus profissionais. Sentimos que o trabalho muito bem feito.

Existem importantes atores sociais na sociedade civil, muitos rgos pblicos promovem interaes e mesas de dilogo, mas evidente que o Observatrio tem cumprido papel preponderante, pois tem aptido para reunir esses atores em discusses importantes.

Para ns, do Gaema, as informaes sobre os impactos cumulativos e as condicionantes so muito relevantes. O nmero de empreendimentos grande e se essa informao no estiver organizada praticamente impossvel fazer uma fiscalizao eficiente.

O trabalho que o Observatrio tem feito o caminho: organizar informaes e torn-las acessveis.

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Quando as pessoas tm mais informao sua disposio, elas tambm tm mais poder

Jorge Inocncio Alves Jnior Associao de Bananicultores de Ubatumirim, Ubatuba, e do Frum de Comunidades Tradi-cionais de Angra, Paraty e Ubatuba

O Observatrio Litoral Sustentvel transmite informaes pblicas que no so de fcil acesso para a populao e cria condies de empoderamento das pessoas para que elas entendam melhor como as coisas esto acontecendo.

A instalao dessas grandes empresas mexe com a autonomia das comunidades sobre seus territrios, pois leva especulao imobiliria e aumenta o valor da terra. A marcao das autoridades em cima das comunidades tradicionais discrepante em relao aos grandes empreendimentos, que podem tudo.

As roas centenrias dos caiaras tm sido vistas como coisa ilegal. O modelo de pesca tradicional, que prioriza os peixes grandes e solta os pequenos, penalizado diariamente, mas os grandes pesqueiros no so penalizados como deveriam.

So nos espaos que o Observatrio proporciona que melhor se visualizam essas injustias, pois colocam os atores frente a frente e mostram que d para cutucar a ferida e auxiliar a resolver os problemas. A populao no tem nem noo de que tudo isso ocorre e da gravidade das coisas.

Informaes so ferramentas. No momento em que as pessoas tm mais informao sua disposio, elas tambm tm mais poder para traar, de forma coletiva, estratgias de mudanas. E o Observatrio tem sido um grande parceiro ao fomentar conhecimento e conscientizao.

A informao o primeiro passo para o controle social, o caminho para as pessoas buscarem seus direitos

Tami Albuquerque BallabioAssociao da Praia do Lzaro, Ubatuba

O Observatrio resgatou temas muito importantes que no estavam sendo to discutidos, como o dos grandes empreendimentos. Esse resgate muito importante, principalmente com a chegada das etapas 2 e 3 do Pr-sal e de outros grandes empreendimentos que a regio vem recebendo, como a duplicao da Tamoios, a ampliao da BR-101, a ampliao do Porto de So Sebastio.

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Acredito que a primeira vez no Brasil que a sociedade se mobiliza dessa forma para discutir esses temas. um trabalho pioneiro, muito importante e que deve ter continuidade. Os atores do Litoral Norte que participam das instncias de dilogo do Observatrio adquiriram mais conhecimento sobre os temas associados ao licenciamento ambiental e esto mais capacitados para as discusses.

A informao o primeiro passo para o controle social. o caminho para as pessoas buscarem seus direitos.

A populao no sabe para onde vai o dinheiro porque no tem acesso informao

Gilda Helena Lencio NunesCoordenadora de Meio Ambiente do Instituto Ilhabela Sustentvel

O Observatrio fundamental nesse processo de transformao do Litoral Norte. uma forma de compartilhar informaes sobre a quantidade de empreendimentos que est vindo para c e mudando o nosso ritmo de vida.

Existe o lado dos grandes empreendedores, que tm interesses econmicos, e os demais atores. muito difcil que esses lados consigam conversar e chegar a um acordo. Por outro lado, as prefeituras recebem valores significativos de royalties e gastam o dinheiro em obras que nem sempre atendem s necessidades dos moradores.

Em Ilhabela, o grande impacto da Petrobras so os royalties. A prefeitura tem dinheiro, mas no h desenvolvimento real. A populao no sabe para onde vai o dinheiro porque no tem acesso informao. muito importante a gente ter conhecimento, saber como acompanhar, cobrar quando no foi executado como deveria e at mudar as condicionantes exigidas para se adequarem melhor regio.

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O Observatrio impulsiona e colabora com a rede de organizao que j trabalha h tempos na Baixada Santista

Fabrcio Gandini Instituto Maramar

O Observatrio tem feito um belo trabalho. Os frutos esto comeando a aparecer e esto sendo colocados no site.

O Observatrio vem cumprindo o papel de articulador, mas bem modesto ainda. A participao ainda bem reduzida. Os debates, que j existiam aqui, foram estimulados. Foi criada uma nova arena, um local para pensar os processos, trazendo e convidando atores que em outras condies no viriam, pois sabem que no fcil o enfrentamento. Isso muito bom. Para mim, as capacitaes realizadas so timas atividades. Um marco foi a reunio com a Embraport.

A institucionalidade do Observatrio muito grande, pois o Instituto Plis uma referncia em polticas sociais. Ao ingressar na matria ambiental, buscando mediar conflitos em territrio de mltiplo uso, o projeto assumiu um novo papel. O Observatrio impulsiona e colabora com a rede de organizaes que j trabalham h tempos na Baixada Santista.

O Observatrio traz a participao cidad e a governana democrtica, promove a boa convivncia e a cultura de paz

Alexandre LimaSociedade de Melhoramentos da Ilha Diana

O Observatrio extremamente importante porque promove a incluso social em gestes sociais urbanas e ambientais, alm de capacitar lideranas da sociedade civil. Como articulador, traz a participao cidad e a governana democrtica, promove a boa convivncia e a cultura de paz.

Para a gente da Ilha Diana trouxe mais conhecimento, esclarecimento sobre o que so as condicionantes ambientais e compensaes e nos direcionou para buscar o que precisamos junto aos rgos competentes.

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O Observatrio trouxe para o debate atores importantes, como o Ministrio Pblico Federal e a Defensoria Pblica

Adriana de Souza de LimaUnio dos Moradores da Jureia, Litoral Sul

Participei do Diagnstico Urbanstico e Socioambiental Participativo, realizado pelo Instituto Plis, e acompanhei o Observatrio Litoral Sustentvel desde quando era apenas uma ideia. O Observatrio trabalharia as demandas que apareceram no diagnstico. Conseguimos trazer algumas dessas demandas para a prtica. As mais fortes eram o direito ao territrio das comunidades tradicionais, a questo do turismo de base comunitrio e a capacitao das comunidades.

O Observatrio um espao de dilogo importante, em que possvel ter vrios atores envolvidos numa mesma discusso. Conseguiu reunir alguns grupos que dificilmente se renem e trouxe para o debate atores importantes, como o Ministrio Pblico Federal e a Defensoria Pblica Estadual, possibilitando que a comunidade conhea essas instituies e entenda que possvel acess-las para ajudar na luta pelo que direito nosso. O Observatrio tambm possibilitou que pessoas de diferentes municpios se encontrem, identifiquem problemas comuns e tentem trabalhar neles.

O material produzido ajuda nas discusses e na formao. As pessoas passaram a ter acesso a uma informao que antes no estava organizada. Sempre que um grupo, uma instituio ou um espao coletivo viabiliza o dilogo e amplia o conhecimento, mais as comunidades vo exigir seus direitos.

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Recomendaes para o fortalecimento do licenciamento dos grandes empreendimentos e controle social de suas contrapartidas

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IntroduoAs atividades realizadas pela Mesa de Dilogo sobre Grandes

Empreendimentos do Litoral Norte e pela Cmara Temtica so-

bre Grandes Empreendimentos, Setor Imobilirio e Transforma-

es Regionais da Baixada Santista geraram uma srie de reco-

mendaes, ligadas aos processos de licenciamento ambiental

e urbanstico e ao monitoramento da aplicao dos recursos

advindos dos royalties da explorao de petrleo e gs.

O licenciamento ambiental a autorizao concedida pelo Estado para que um empreendedor construa, instale, amplie ou coloque em funcionamento um empreendimento ou atividade que utilize recursos ambientais ou provoque impactos no meio ambiente. Tem como uma de suas principais caractersticas a garantia da participao social, por meio de audincias pblicas. A exigncia de estudo prvio de impacto ambiental para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente prevista no artigo 225, 1o., IV, da Constituio Federal. As diretrizes e a regulamentao do processo de licenciamento esto previstas na Lei n. 6.938/81 e nas Resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) n. 001/86 e n. 237/97.

Com frequncia assistimos a investidas no Congresso Nacional para tentar enfraquecer esse processo, com o intuito de facilitar e agilizar a aprovao de grandes empreendimentos. o caso da Proposta de Emenda Constituio (PEC) n. 65/2012 que, se aprovada, eliminar todas as etapas e exigncias do licenciamento. Alm disso, a sociedade no precisar mais ser consultada e as condicionantes sero dispensadas. O trabalho do Observatrio Litoral Sustentvel e das Mesas de Dilogo seguem em direo oposta, pois visa o fortalecimento do processo de licenciamento. Acreditamos que o licenciamento um instrumento importante de proteo ambiental e envolvimento da sociedade nas decises sobre os rumos de seus territrios. Deve ser aprimorado e no eliminado.

Este Relatrio de Recomendaes foi organizado de acordo com as etapas do processo de licenciamento, destacando-se as principais medidas desse processo, como o estabelecimento de condicionantes e de compensaes ambientais e urbansticas.

A fase de pr-licenciamento tem incio com a solicitao de Licena Prvia pelo empreendedor ao rgo licenciador e a apresentao de suas intenes. A partir desse pedido, o rgo licenciador formula um Termo de Referncia (TR), contendo as

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diretrizes para a elaborao do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatrio de Impacto Ambiental (EIA/Rima) pelo empreendedor. Nessa etapa, devem ser discutidas alternativas implementao do empreendimento e determinados os estudos de impacto a serem realizados. Portanto, muito importante garantir que a sociedade tenha a possibilidade, j nesse momento, de conhecer as intenes do empreendedor e discutir o contedo do Termo de Referncia do EIA/Rima, inclusive para monitorar e demandar o cumprimento das exigncias previstas no TR.

O processo de licenciamento tem como importante etapa a elaborao do EIA/Rima pelo empreendedor. a partir dos diagnsticos realizados no EIA que so estabelecidas condicionantes e compensaes para que o empreendimento possa se instalar. Um dos principais problemas identificados no processo de licenciamento a dificuldade da sociedade civil acessar informaes e realizar o controle social do processo de licenciamento dos grandes empreendimentos, especialmente das obrigaes decorrentes das condicionantes ambientais e da tomada de deciso sobre a distribuio das compensaes ambientais. Por isso, diversas recomendaes dizem respeito a esse aspecto. Com relao aos EIAs, foi identificada uma fragilidade nos diagnsticos sobre os impactos socioeconmicos dos empreendimentos, o que deve ser objeto de maior ateno por parte dos rgos licenciadores.

As condicionantes ambientais e os recursos da compensao socioambiental destinados s unidades de conservao, por sua importncia nos processos de mitigao e compensao dos impactos no territrio, foram temas tratados em profundidade pela Mesa de Dilogos e Cmara Temtica e receberam destaque no relatrio.

Condicionantes so obrigaes determinadas aos empreendedores durante o processo de licenciamento ambiental. As condicionantes so definidas nas diferentes fases do licenciamento, quando o rgo licenciador, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (Ibama) ou rgo estadual, Companhia Ambiental do Estado de So Paulo (Cetesb), no caso do estado de So Paulo, avalia os estudos de impacto ambiental do empreendimento e emite a licena, desde que determinadas condies sejam cumpridas. Essas condies, as condicionantes muitas vezes se traduzem em projetos que visam evitar, mitigar ou compensar os impactos sociais e ambientais previstos nos estudos. As condicionantes tambm podem ser exigncias de realizao de estudos ou do monitoramento do impacto do empreendimento, como alteraes em correntes martimas, nas atividades pesqueiras e na dinmica de alguma comunidade, entre tantas outras.

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Em todo projeto de impacto socioambiental, a participao da comunidade fundamental. Primeiramente na discusso sobre a implantao ou no do empreendimento, na fase de pr-licenciamento. No caso de definida sua implantao, a comunidade deve participar tanto da definio das condies a serem propostas para a liberao dos empreendimentos quanto do monitoramento e controle sobre sua real execuo. Foi identificada uma grande dificuldade em se conhecer as condicionantes estabelecidas para os empreendimentos e o status de seu cumprimento, porque no existe ferramenta pblica que concentre essas informaes. Para contribuir com a ampliao da participao social no processo de licenciamento, o Observatrio Litoral Sustentvel, atravs da Mesa de Dilogo sobre Grandes Empreendimentos do Litoral Norte, organizou o Banco de Condicionantes, banco de dados contendo as informaes sobre as condicionantes para que a sociedade civil possa conhecer, acompanhar e monitorar sua execuo. Esperamos que essa ferramenta possa contribuir para aes de garantia de transparncia e acesso informao que devem ser desenvolvidas por parte dos rgos licenciadores.

A compensao ambiental uma condicionante das licenas ambientais emitidas pelos rgos licenciadores e visa compensar o impacto causado pelo empreendimento nas unidades de conservao. Ela consiste no pagamento em dinheiro pelo empreendedor, cujo valor determinado no processo de licenciamento de empreendimento de significativo impacto ambiental, para apoiar a implantao e manuteno de unidades de conservao da natureza (UCs). O Sistema Nacional de Unidades de Conservao (SNUC), desde o ano 2000, prev que os empreendimentos de impacto significativo, que necessitem de elaborao de EIA/Rima, devem destinar recursos para a criao ou manuteno de unidades de conservao (UCs). Podem ser beneficiadas por esses recursos de compensao ambiental as UCs impactadas pelos empreendimentos ou UCs de proteo integral, mesmo que no impactadas diretamente pelo empreendimento.

A destinao dos recursos da compensao ambiental ao SNUC decorrentes do licenciamento de grandes empreendimentos deveria ser definida com a participao da sociedade (representantes dos sistemas de unidades de conservao, dos Conselhos de Mosaico das UCs e dos Conselhos das UCs afetadas pelo empreendimento). As UCs diretamente afetadas, por sua vez, devem necessariamente ser beneficiadas pelos recursos decorrentes da compensao ambiental de empreendimento que as afete. No entanto, pela anlise de casos concretos1 realizada no mbito do Observatrio Litoral Sustentvel,

1 Ver Boletim Compensao Ambiental do Observatrio Litoral Sustentvel http://litoralsustentavel.

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possvel identificar que essa consulta nem sempre ocorre na prtica. Observou-se tambm que as unidades de conservao afetadas por esses empreendimentos recebem percentualmente menos do que as unidades de proteo integral no afetadas pelos empreendimentos. a esses problemas identificados que se dirigem as recomendaes do relatrio neste item.

Em relao fase de ps-licenciamento, destacam-se as aes relacionadas ao dilogo entre atores sociais regionais sobre o impacto dos grandes empreendimentos no desenvolvimento regional. A Mesa de Dilogo sobre Grandes Empreendimentos se mostrou uma referncia importante de governana para a garantia de transparncia por parte dos empreendedores e rgos licenciadores e para a preveno de conflitos socioambientais. Participaram desse espao grandes empreendedores e representantes dos rgos licenciadores, do poder pblico, da sociedade civil e das comunidades afetadas. Esse processo mostrou grande potencial de ampliar o monitoramento de cumprimento das condicionantes e compensaes e a identificao das necessidades de aprimoramento do processo de licenciamento. muito importante garantir o fomento e fortalecimento de espaos como esse nas regies impactadas por grandes empreendimentos.

A compensao urbanstica medida adotada no mbito do licenciamento urbanstico e imposta pelo municpio aos empreendimentos que causam impacto. necessrio ampliar a participao dos municpios no processo de licenciamento, buscando garantir que tambm sejam estabelecidas compensaes urbansticas pelo impacto urbano e socioeconmico dos empreendimentos.

Por fim, apesar do tema da distribuio dos royalties no estar diretamente relacionado ao processo de licenciamento, ele tambm foi objeto de reunies da Mesa de Dilogos e estudos por parte do Observatrio Litoral Sustentvel, motivo pelo qual tratado neste relatrio de recomendaes. Royalties so contrapartidas financeiras pagas ao Estado pelas empresas que produzem petrleo e gs natural no territrio nacional. um percentual entre 5% e 10% do valor da produo petrolfera do Pas e que tem por objetivo remunerar a sociedade pela explorao de seus recursos naturais no renovveis. As questes que se destacam na discusso sobre os royalties dizem respeito aos critrios utilizados para definio dos municpios beneficirios desses recursos, falta de rubricas especficas que identifiquem no oramento dos beneficirios os recursos provenientes de royalties e a ampliao de mecanismos de controle social sobre a distribuio e aplicao desses recursos.

org.br/boletins/boletim-compensacao-ambiental

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Apresentada a estrutura do relatrio e os principais temas tratados, enfatizamos que o sentido maior dessas recomendaes garantir que a sociedade tenha a possibilidade de se apropriar das informaes do processo de licenciamento e distribuio dos royalties e influenciar as decises relativas a esses processos. Com isso, ser possvel aproximar das necessidades dos territrios as decises tomadas por rgos licenciadores e as aes dos empreendedores e, dessa forma, promover o desenvolvimento sustentvel da regio.

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Pr-licenciamentoTransparncia, acesso informao e controle social

ao iBaMa e cetesB1.1 Antes de iniciar o processo de licenciamento, realizar amplo dilogo pblico sobre o Termo de Referncia (TR) dos grandes empreendimentos e sobre a inteno do empreendedor, com, no mnimo, uma reunio pblica, ampliando o prazo para elaborao do TR.

ustificativa

O TR o documento em que o rgo ambiental responsvel pelo pro-cesso de licenciamento define as orientaes para o empreendedor elaborar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatrio de Impacto Ambiental (Rima). Um Termo de Referncia bem elaborado um dos passos fundamentais para que um estudo ambiental alcance a qualida-de esperada2. Seu contedo determinante para: Definio de alternativas tecnolgicas e de localizao do projeto,

confrontando-as com a hiptese da no implantao do empreendi-mento;

Definio dos limites da rea geogrfica a ser direta e indiretamente afetada pelos impactos;

Avaliao da compatibilidade do empreendimento com planos, pro-jetos e programas governamentais, propostos e em implantao na rea de influncia do projeto;

Elaborao de diagnstico ambiental da rea de influncia do projeto, considerando os meios fsico, bitico e socioeconmico;

Identificao e avaliao dos potenciais impactos ambientais gerados nas fases de planejamento, implantao e operao da atividade;

Definio das medidas mitigadoras dos impactos negativos, avaliando a efici-ncia de cada uma delas;

Elaborao de programa de acompanhamento e monitoramento das medidas propostas.

Considerando a relevncia dos desdobramentos do TR, inclusive a neces-sidade de avaliao de alternativas prpria implantao dos empreen-dimentos, importante que as pessoas e organizaes estabelecidas no territrio tenham oportunidade de conhecer e opinar sobre seu contedo e sobre a inteno do empreendedor, informada na ficha de caracterizao do empreendimento apresentada ao rgo licenciador. A participao fica prejudicada quando ocorre apenas em audincia pblica para a apresenta-o do EIA pelo empreendedor, pois o TR, ao estabelecer as diretrizes do

2 Programa Nacional de Capacitao de gestores ambientais: licenciamento ambiental / Ministrio do Meio Ambiente Braslia: MMA, 2009, p. 44.

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EIA, pode deixar de considerar a necessidade de estudos especficos que apenas a populao local poderia identificar.

O TR da Etapa 2 do Pr-sal foi previamente apresentado e discutido em instncias participativas (por exemplo, Comdial e conselho de UCs afeta-das), o que foi considerado um avano e deveria servir de exemplo para todos os prximos processos de licenciamentos de grandes empreendi-mentos que se iniciem no Brasil. Poderiam tambm ser realizadas reunies pblicas para discutir previamente os TRs para as tipologias dos grandes empreendimentos, como petrleo e gs, porturio, rodovirio etc. A dis-cusso de TRs genricos por tipologias no dispensa as reunies pblicas para discutir os TRs de cada empreendimento, mas pode agilizar o proces-so, restando ao processo individualizado de cada empreendimento apenas a discusso sobre suas especificidades.

ustificativa Nos estudos, levantamentos de dados e monitoramento social de-senvolvidos no mbito do Observatrio Litoral Sustentvel, foram identificadas deficincias nos diagnsticos socioeconmicos elabo-rados. necessrio que haja um aprimoramento desses diagnsticos sobre o impacto dos empreendimentos nas dimenses socioecon-micas, considerando os impactos sobre a infraestrutura urbana e a percepo das comunidades afetadas.

ustificativa Conforme o TR do Ibama referente Etapa 3 do Pr-Sal, o empreen-dedor deve, no EIA, identificar e descrever os povos e comunidades tradicionais (indgenas, quilombolas, ribeirinhos, caiaras e demais grupos sociais culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas prprias de organizao social), independentemente de estarem estabelecidos em terras indgenas, territrios quilombolas, unidades de conservao ou outras reas rurais, com a respectiva localizao dos territrios tradicionais em mapas georreferenciados. A mesma recomendao vale para outros tipos de comunidades afetadas, sejam urbanas ou rurais.

1.2 Aprimorar as orientaes e os critrios para a elaborao do diagnstico socioeconmico do TR, incluindo padres de dados e documentos de referncia a serem utilizados, com o objetivo de aumentar a qualidade dos estudos a serem apresentados pelos empreendedores.

1.3 O TR deve, necessariamente, exigir a identificao e mapeamento das comunidades, tradicionais ou no, na rea de influncia dos empreendimentos, como parte do diagnstico socioeconmico.

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LicenciamentoFortalecimento do processo de licenciamento

ao Ministrio Do Meio aMBiente/iBaMa, secretaria De patriMnio Da unio, funDao fLorestaL, cetesB e a outros rgos envoLviDos no processo De LicenciaMento

2.1 Criar grupo de trabalho, ou reativar rgo superior do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), com gestores das trs instncias federativas (Unio, estados e municpios), de diversas reas, rgos e entidades envolvidas no licenciamento ambiental, com a participao de universidades e representantes da sociedade civil, em especial das comunidades afetadas, para enfrentar os desafios do processo de licenciamento, dos impactos gerados no territrio e do monitoramento das condicionantes dos grandes empreendimentos, nas diferentes escalas e dimenses.

ustificativaOs rgos afins aos temas tratados no EIA devem ser ouvidos desde a definio do TR at a definio de condicionantes. No entanto, esses rgos muitas vezes no tm estrutura ou capacidade institucional para se manifestarem e acabam referendando os TRs, EIAs e condicio-nantes por ausncia de manifestao. A criao de grupo de trabalho pode ajudar nesse processo, ampliando o dilogo entre atores sociais envolvidos e otimizando os esforos e recursos necessrios para o monitoramento dos impactos, mitigaes e compensaes dos gran-des empreendimentos.

2.2 Fortalecer e ampliar as equipes regionais de licenciamento, que conhecem a realidade do territrio e esto mais prximas dos empreendimentos e das comunidades impactadas, e que poderiam ter papel mais preponderante nos processos de fiscalizao do ps-licenciamento.

ustificativa Para facilitar e qualificar o processo de licenciamento e sua fiscali-zao, importante fortalecer e ampliar o papel das equipes locais, conhecedoras da realidade e que esto prximas aos empreendi-mentos e s comunidades afetadas. Alguns rgos licenciadores exe-cutam essas atividades por equipes externas ao territrio.

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Transparncia, acesso informao e controle social

ao iBaMa, cetesB e aos eMpreenDeDores2.3 Que os rgos licenciadores ampliem e qualifiquem as informaes disponveis em seus sites, de forma transparente, acessvel e atualizada, incluindo todas as licenas, autorizaes, suas respectivas retificaes e atualizaes, pareceres dos rgos licenciadores e as respectivas respostas dos empreendedores, assim como informaes sobre o cumprimento de condicionantes, do Programa de Educao Ambiental (PEA) e o pagamento das compensaes ambientais, para o acompanhamento da sociedade.

2.4 Que os rgos licenciadores estabeleam uma poltica de comunicao que permita a integrao dos planos de comunicao social de todos os empreendedores de uma mesma regio.

2.5 Garantir que todos os empreendedores detalhem as informaes do empreendimento de forma acessvel (traduzida) para a populao, em documentos e materiais alm do Rima, de modo a ampliar as informaes disponibilizadas, incluindo informaes sobre a implantao e operao do empreendimento, o licenciamento e suas etapas, o papel das condicionantes (programas, planos, aes e projetos) e sua relao com a matriz de impactos, as compensaes ambientais etc.

2.6 Garantir que dentro do plano de comunicao social exigido dos empreendedores, haja a criao de um site para cada empreendimento, dando transparncia ao processo de licenciamento, com informaes atualizadas do empreendimento e publicizao do cumprimento das condicionantes e do pagamento das compensaes ambientais.

2.7 Garantir que os empreendedores apresentem arquivos de mapas atualizados, em formato aberto (shape file ou similar) para a emisso de Licenas de Operao (LO), bem como que disponibilizem esses arquivos em suas pginas eletrnicas para a sociedade em geral, oferecendo as orientaes necessrias sobre padronizaes de arquivos e formatos desejados para que eles cumpram com essa exigncia.

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Justificativa O acesso s informaes relacionadas aos grandes empreendimentos e a seus processos de licenciamento condio essencial para que a so-ciedade possa conhecer e entender os processos de transformao ter-ritorial e participar na definio de suas estratgias, bem como acom-panhar o ps-licenciamento, ou seja, os desdobramentos do processo de licenciamento.

Nesse sentido, o acesso informao, alm de ser direito consti-tucionalmente previsto e regulamentado pela Lei n. 12.527/2011, fundamental para que as comunidades impactadas, bem como as organizaes da sociedade civil, possam opinar sobre a implantao ou no de empreendimentos e monitorar o cumprimento das condi-cionantes estabelecidas, em caso de deciso por sua implantao.

Apesar de muitos documentos do processo de licenciamento esta-rem disponveis para consulta nos sites dos rgos licenciadores (sobretudo no mbito federal), essa disponibilizao ainda limi-tada. Dos documentos disponveis, nem sempre possvel identi-ficar se so as verses mais atualizadas. Alm disso, a maioria dos estudos ou pareceres do rgo licenciador, bem como as respostas dos empreendedores sobre os mesmos, no esto disponveis, im-possibilitando que se tenha acesso ao dilogo entre empreendedor e licenciador para a adequao do empreendimento (aprimoramento de estudos, solicitao de informaes complementares, rejeio ou aceitao de dados, cumprimento das condicionantes etc.).

Dessa forma, necessrio manter uma linha histrica oficial dos documentos em sua integralidade e uma descrio que permita identificar o carter e a temporalidade do documento.

O acesso informao, no entanto, no se esgota com a disponibili-zao dos estudos e documentos tcnicos. Para cumprir com sua res-ponsabilidade de zelar pelo meio ambiente, garantir o acesso in-formao, a participao e o controle social, preciso que o cidado comum possa entender o licenciamento ambiental e a relao entre diagnsticos e aes relacionadas ao processo. Para isso, necess-rio tambm produzir informaes em linguagem acessvel.

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2.8 Disponibilizar e manter acessvel ao pblico mapa com o conunto dos empreendimentos licenciados pelo rgo licenciador. Como exemplo, h os mapas dos grandes empreendimentos desenvolvidos pelo Observatrio Litoral Sustentvel:

Mapa dos Grandes Empreendimentos do Litoral Norte https://goo.gl/1tmxa4

Mapa dos Grandes Empreendimentos da Baixada Santista https://goo.gl/6onlsg

ao iBaMa e cetesB2.9 Exigncia de audincias pblicas para empreendimentos regidos pelo Regime Diferenciado de Contrataes em que houver remoo e deslocamento de pessoas.

Justificativa A disponibilizao dos mapas em formato aberto ferramenta im-portante de monitoramento do impacto do empreendimento. Ela tambm deve ser publicizada para manejo por parte do pblico em geral. Importante frisar que a construo do mapa regional dos Grandes Empreendimentos do Litoral Paulista inovadora, contri-buindo inclusive para a atuao dos rgos licenciadores.

Assim, os mapas em formato aberto devem estar acessveis nos sites dos rgos licenciadores e empreendedores para que possam ser desenvolvidas ferramentas mais aprimoradas sobre os empreen-dimentos tanto para os gestores pblicos quanto para a sociedade civil, possibilitando uma viso de conjunto dos empreendimentos licenciados.

Justificativa O cumprimento das etapas do processo de licenciamento, inclusive a exigncia de audincias pblicas, tambm deve ser feito para os em-preendimentos regidos pelo Regime Diferenciado de Contrataes (RDC). As audincias so fundamentais para prevenir conflitos, pro-mover o dilogo e o controle social sobre a administrao pblica, em especial quando existe remoo ou deslocamento forado de pessoas.

Nessas situaes, necessrio ter certeza de que foram superadas todas as precaues para se evitar a remoo e discutidas alterna-tivas para um menor nmero de remoes, de forma que o Poder

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Pblico atue sem desrespeitar os direitos da populao afetada e observando os padres internacionais de direitos humanos.

Conforme determinam os Princpios e Orientaes para Remoes e Despejos Causados por Projetos de Desenvolvimento da ONU, a audincia pblica garante que todas as informaes sobre o projeto sejam disponibilizadas com antecedncia, em idioma e dialeto das pessoas que sero atingidas, em linguagem acessvel e utilizando re-ferncias comunitrias, permitindo que as pessoas atingidas tenham o direito de procurar assessoria independente para discutir e elabo-rar projeto alternativo, e que todos e todas possam ter voz assegu-rada e considerada, sem qualquer tipo de discriminao, intimidao e com respeito s formas de expresso das comunidades atingidas.

2.10 Exigir a realizao de audincias pblicas de prestao de contas, no mnimo a cada dois anos, para devolutiva sobre o cumprimento das condicionantes socioambientais.

2.11 Incluir como condicionante a realizao de audincias pblicas para a renovao de Licena de Operao, permitindo que sea avaliado o cumprimento das obrigaes definidas das etapas anteriores e que sejam propostas novas obrigaes.

Justificativa

As comunidades afetadas e as organizaes da sociedade civil devem ter a possibilidade de se manifestarem antes da renovao de Licen-a de Operao, analisando o cumprimento das obrigaes anterio-res, sua pertinncia e a eventual necessidade de novas condicionan-tes ou de sua reviso, em especial que respondam a suas demandas.

Para tanto, importante que sejam feitas audincias pblicas, em que os empreendedores prestem contas da realizao das condicionantes impostas no processo de licenciamento e a sociedade possa avaliar o que deve ser mantido e o que seria adequado ter modificaes.

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Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

ao iBaMa e cetesB2.12 Garantir que o empreendedor elabore uma verso final atualizada e consolidada do EIA, com a matriz de impactos reclassificada, conforme exigncias dos pareceres dos rgos licenciadores, e mant-la disponvel para o pblico em geral.

JustificativaLevantamento e sistematizao de estudos produzidos no mbito dos processos de licenciamento ambiental de grandes empreendi-mentos do Litoral Norte de So Paulo3, realizados por demanda do Observatrio Litoral Sustentvel, no mbito da Mesa de Dilogo so-bre Grandes Empreendimentos do Litoral Norte, apontou que o EIA original recebe diversos pedidos de alteraes durante o processo de licenciamento, a partir dos pareceres do rgo licenciador. No entanto, em muitos casos, o rgo licenciador disponibiliza apenas a primeira verso do EIA, no sendo possvel para a sociedade conhe-cer a verso aprovada e, portanto, o que deve ser monitorado, pre-judicando o exerccio do controle social sobre os empreendimentos. Uma verso final atualizada e consolidada do EIA referncia funda-mental para a verificao do cumprimento das condicionantes.

3 Levantamento realizado pela Koru Consultoria Ambiental, no ano de 2016.

2.13 Aprimorar os critrios para a identificao dos impactos socioeconmicos e suas solues, tendo em vista que parte deles gera impactos diretos e deve ser compensada e mitigada.

Justificativa Estudo de caso sobre os impactos dos grandes empreendimentos sobre a comunidade pesqueira4 apontou que a percepo dos pesca-dores da existncia de impactos socioeconmicos diretos que afe-tam a manuteno de sua renda, de seu modo e qualidade de vida. A maioria dos diagnsticos realizados pelos empreendedores tem considerado os impactos socioeconmicos como efeitos indiretos dos empreendimentos, para os quais no so determinadas medidas compensatrias e mitigatrias pelo rgo licenciador.

4 Estudo de caso realizado pela Koru Consultoria Ambiental, dentro do Levantamento e Siste-matizao de estudos produzidos no mbito dos processos de licenciamento ambiental de Grandes Empreendimentos do Litoral Norte de So Paulo, no ano de 2016.

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2.14 Garantir que a matriz de impacto apresentada no EIA estabelea relao direta de causa e efeito com os dados apresentados no diagns