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Pesquisa e texto: Milton Wells
Produção: Matita Perê Editora Ltda.
Coordenação: André Meyer da Silva e Valmor Kerber
Projeto gráfi co: Vinícius Kraskin
Execução: Letícia Abreu
Capa: Rafael Cividini / Kraskin Comunicação
Diagramação: Vinícius Kraskin / Kraskin Comunicação
Fotos: Acervo de Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul
Tradução para o alemão: Dankwart Bernsmüller
Revisão: Traduzca e Letícia Abreu
Impressão: Vallup Rio Sul | vallup.com.br
Copyright © 2012 Matita Perê Editora Ltda.
Todos os direitos desta edição reservados a
Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul
Rua Castro Alves, 600 - Porto Alegre - RS - Brasil
www.ahkpoa.com.br
1ª edição
Porto Alegre, abril de 2012.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
W456s Wells, Milton
A saga de Ferdinand Kisslinger = Die Geschichte von Ferdinand Kisslinger /
Milton Wells. – Porto Alegre : Matita Perê, 2011.
128 p. : Il ; 28 cm.
ISBN: 978-85-65032-00-1
Obra editada em português e alemão
1. Kisslinger, Ferdinand. 2. Máquinas Condor – História. 2. Empresas – Rio
Grande do Sul – História. 3. Guindastes para Navios. 4. Imigração Alemã – Rio Grande
do Sul. I. Título.
CDD 920.08165
Bibliotecário Responsável: Ginamara Lima Jacques Pinto (CRB 10/1204)
W456s Wells, Milton
50 anos da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul / Milton Wells. –
Porto Alegre : Matita Perê, 2012.
112 p. : Il ; 28 cm.
1. Economia – Brasil-Alemanha. 2. Relações Internacionais – Brasil e Alemanha
– História. 3. Rio Grande do Sul – Condições Econômicas. 4. Câmara de Comércio e
Indústria Brasil-Alemanha – História. I. Título.
CDD 981.65052
Sumário
Apresentação 9 Introdução 11 As primeiras Câmaras Teuto-brasileiras 12 A criação da Câmara do Rio Grande do Sul 15 As primeiras Diretorias da Câmara 19 A primeira alteração do nome da Câmara 22 A viagem do presidente Lübke a Porto Alegre 29 A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS 32 A criação do Conselho Integrado das Câmaras 36 Câmara inicia um novo ciclo de atividades 42 A Câmara nos dias de hoje 47 Resumo do histórico em alemão 51 Alemanha, o país das feiras 60 As rodadas de negócios 66 O Senior Experten Service 68 O olhar alemão sobre o Brasil melhorou 72 Sustentabilidade 76 O programa de trainees da Câmara 79 Balança comercial 80 Cronologia das relações bilaterais Brasil-Alemanha 83 Bibliografi a selecionada 85 Apoiadores 87 Diretoria e Conselho 2010-2012 106
Apresentação
A relação Brasil-Alemanha tornou-se
mais importante no século 19, por
conta da leva de imigrantes convi-
dados pela Imperatriz Leopoldina, nascida
na Áustria, interessada em aumentar os laços
teuto-brasileiros e o desenvolvimento econô-
mico brasileiro. Na primeira metade do sé-
culo 20, a Alemanha foi importante parceira
econômica do Brasil, cessando esta relação
com a decisão brasileira de se juntar aos alia-
dos na Segunda Grande Guerra. Tão logo assinada a paz, essa relação reiniciou. Já
na década de 1950, as relações comerciais entre os dois países voltaram a intensi-
fi car-se, o que resultou, em 1955, na criação da Câmara Brasil-Alemanha, como
hoje é conhecida, no Rio Grande do Sul.
Este livro conta a história da nossa Câmara desde o início, quando um gru-
po de alemães e seus descendentes juntaram-se na busca do estreitamento das
relações comerciais entre Brasil e Alemanha. O texto, de fácil e agradável leitura,
conta essa história contextualizando-a no período histórico em que esta se de-
senvolve; deste modo é possível entender perfeitamente por que e como certas
decisões foram tomadas.
A importância dessa relação se expressa, por exemplo, quando se sabe que o
Brasil é, depois da Alemanha, o lugar onde existe o maior número de indústrias
alemãs instaladas, respondendo por quase 10% do PIB brasileiro.
A corrente de comércio e investimentos recíprocos tem crescido consisten-
temente entre os dois países, nos últimos anos, ainda que prejudicados pelas
últimas crises econômicas que têm se abatido sobre o mundo desde 2007/2008.
Além das relações econômicas, as relações culturais entre os dois países têm
se fortalecido continuadamente, por meio de diversos programas e eventos.
Sinto-me especialmente honrado em poder fazer esta apresentação por ter
sido Otto Ernst Meyer, meu avô, um dos que fi zeram parte do grupo que recriou
a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul.
Desejo a todos uma instrutiva e agradável leitura,
André Meyer da Silva
Presidente da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul
Apresentação l 9
10 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Casamento de
D. Pedro I com
Dona Leopoldina
intensifi cou as relações
comerciais do Brasil
com a Alemanha
Introdução
A partir de 1824, ano da primeira onda de imigração alemã para várias
regiões do país, originada pelo enlace de D. Pedro I, fi lho de D. João
VI, da dinastia Bragança, com Dona Leopoldina, fi lha do imperador da
Áustria, Francisco I, da dinastia de Habsburg, as relações comerciais do Brasil
com a Alemanha passaram a se intensifi car.
Em 17 de novembro 1827, o império brasileiro celebrou o Tratado de Co-
mércio e Navegação com as cidades hanseáticas Hamburgo, Bremen e Lübeck.
Essas cidades tinham como política econômica o comércio, tanto doméstico
como externo – o ultramarino. Na Alemanha, o processo desses tratados de-
sencadeou várias etapas no exterior: foram estabelecidas as primeiras relações
comerciais, fundadas agências de negócios, representações consulares e entabu-
ladas negociações para uma série de outras convenções de comércio e navegação.
Como resultado da aproximação entre o Brasil e a Alemanha, de 1896 em
diante, o número de imigrantes alemães, segundo registros diplomáticos, au-
mentou ainda mais, a ponto de atingir, em 1907, cerca de 350 mil – o equiva-
lente a 2% da população brasileira. Eram professores, lojistas, artífi ces, colonos,
homens de negócios, médicos, veterinários, arquitetos e muitos outros. No pe-
ríodo 1844-1866, de acordo com dados do Almanaque Laemmert – editado pelos
irmãos Eduard e Heinrich Laemmert, originários da cidade alemã de Rosenberg
–, o quadro de alemães no país englobava um total de 66 profi ssões. A Alemanha
ocupava o segundo lugar no comércio exterior com o Brasil, tanto como for-
necedora de manufaturas, suplantada apenas pela Grã-Bretanha, quanto como
cliente, não muito abaixo dos EUA.
De 1904 a 1906, a participação da Alemanha nas exportações brasileiras de
café aumentou de 15% para 31% do total, enquanto a dos EUA decresceu de
62% para 38%. No mesmo período, a percentagem alemã total dos produtos
exportados pelo Brasil saltou de 13% para 17%.
Em 1906, quando o preço do café caiu no mercado mundial, abaixo dos cus-
tos de produção, foram os bancos Diskonto Gesellschaff e Dresdner Bank os primei-
ros a apoiar o Acordo de Taubaté, fi rmado entre os governadores de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro, para garantir um preço mínimo para o principal
produto da economia brasileira.
Na mesma época, por meio do Brasilianische Bank für Deutschland, os alemães
concederam ao estado de São Paulo um fi nanciamento líquido de 919 mil mar-
cos, que havia sido negado pela casa bancária do barão de Rothschild, da Grã-
Bretanha – principal credor do Brasil.
Introdução l 11
12 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
As primeiras CâmarasTeuto-brasileiras
Em 1913, com um total de exportações de 234 milhões de marcos-ouro,
a Alemanha suplantava os EUA e ameaçava a preponderância da Grã-
Bretanha nas relações comerciais com o Brasil. Essa posição – o segun-
do maior parceiro, tanto nas exportações quanto nas importações – a Alemanha
conservou até 1914, quando a Primeira Guerra Mundial interrompeu drastica-
mente o fl uxo de comércio com toda a Europa. Em guerra contra a Alemanha,
a Inglaterra pretendia eliminar a concorrência comercial nos países que man-
tinham relações com a sua inimiga. Nesse sentido, fi rmas brasileiras, e até de
países que não participavam da guerra, foram obrigadas a romper relações com
empresas alemãs.
Foi em função desse quadro que homens de negócios de origem alemã,
sobretudo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, re-
solveram se unir em associações, a fi m de expor as suas difi culdades de sobre-
vivência provocadas pelos britânicos. Assim surgiu, em 3 de agosto de 1916, no
Rio de Janeiro, a União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras, mais tarde de-
nominada Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro. No mesmo ano, em 27
de novembro, na Sociedade Germânia, no centro de São Paulo, foi fundada a
União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras em São Paulo – hoje Câmara
Brasil-Alemanha de São Paulo. Como depois da guerra não havia representação
diplomática da Alemanha no Brasil, a União passou a tratar de questões que
envolviam os dois países diretamente com órgãos brasileiros. Somente no início
de 1921 foi reaberta uma representação diplomática alemã, na Capital Federal.
Muitas das fi rmas de imigrantes alemães e seus descendentes do Rio Grande
do Sul, da época, haviam surgido ainda no século 19, como H. Fraeb, Frederico
Mentz, J. Becker, Kappel, Renner, Oderich, Rotermund & Co. e muitas outras.
A maior parte se dedicava ao comércio e à importação de produtos que eram dis-
tribuídos aos armazéns. Entre as muitas instituições desenvolvidas por imigran-
tes pioneiros no estado, destacavam-se a Igreja Luterana, o Colégio Farroupilha,
o Hospital Moinhos de Vento e a Sogipa.
O Brasilianische Bank für Deutschland, o Banco Alemão, foi uma das fi rmas
precursoras que operou em Porto Alegre no período de 1904 até 1918, quando
fechou suas portas em razão da entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial.
Um dos maiores marcos do empreendedorismo alemão no sul do Brasil foi
a fundação da Varig, pelo imigrante Otto Ernst Meyer. Nascido em 1897, em
A sede do Brasilianische Bank
Für Deutschland (Banco
Brasileiro da Alemanha) estava
localizada no meio da quadra
entre a Rua dos Andradas e a
Sete de Setembro
As primeiras Câmaras Teuto-brasileiras l 13
14 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Heider-Marschacht, antiga província de Hannover, na Alemanha, Meyer estava
desde 1921 no Brasil, para onde emigrara contratado pela Lundgren Irmãos Te-
cidos S/A, do Recife, controladora das Casas Pernambucanas.
Doente com malária, ele veio para o sul em busca de um clima mais con-
veniente para a sua saúde. Em 1923, depois de uma breve passagem pelo Rio de
Janeiro, instalou, em Porto Alegre, uma fi rma própria, chamada Becker, Meyer
e Cia. Em 7 de maio de 1927, fundou a Varig (Viação Aérea Rio-grandense) – a
pioneira da aviação comercial no Brasil –, com o capital de mil contos de réis,
subscrito por 550 acionistas, dos quais 70% gaúchos. A primeira diretoria elei-
ta foi composta por Otto Ernst Meyer, Rudolf Cramer von Clausbruch, Fritz
Hammer, Major Alberto Bins e os Conselheiros Carlos Albrecht Jr., Max Sauer
e o Barão von Duddenbrock.
Ainda na década de 1920, várias fi rmas subsidiárias alemãs instalaram-se no
país, principalmente em São Paulo, como a Siemens, AEG, Schering, Bayer,
Merck, Deutz, Bromberg & Cia. e Faber-Castell. Ainda assim, predominavam,
entre os imigrantes alemães e seus descendentes, os estabelecimentos de impor-
tação de produtos da Alemanha, como lustres, camas, quartos de dormir, ferra-
mentas e uma série de outros itens. Imigrantes e fi lhos de imigrantes alemães,
em alguns casos, chegavam a importar da Alemanha toda a mobília de suas casas,
dada a condição rudimentar da indústria moveleira local.
Em 1930, foi fundado o Centro de Indústria Fabril do Rio Grande do Sul,
por iniciativa de A. J. Renner e de Alberto Bins. Entre os fundadores de so-
brenome alemão marcaram presença: Bier, Beck, Campani, Casper e Müller.
Outros eram imigrantes como: Renner, Wallig, Kessler, Neugebauer, Nedel,
Jung, Hermann, Gerdau, Bopp, Sassen, Ritter, Kluwe, Teichmann, Brutschke,
Tannhäuser e Schapke.
Otto Ernst Meyer,
fundador da Varig, foi
também um dos fundadores
da Câmara Teuto-Brasileira
no Rio Grande do Sul.
Ao lado, o hidroavião
Atlântico, a primeira
aeronave da empresa
em seu primeiro voo
comercial do Brasil
A criação da Câmara doRio Grande do Sul
A té o período anterior à Segunda Guerra Mundial, 20% das exportações
do Brasil eram destinadas à Alemanha, seu segundo maior parceiro co-
mercial, superado apenas pelos EUA.
Com a integração do governo Getúlio Vargas ao bloco dos Aliados e o rom-
pimento das relações com os países do eixo – Alemanha, Itália e Japão –, tam-
bém foram cortadas todas as relações comerciais entre os dois países. Alemães,
japoneses e italianos, residentes no país, passaram a ser fortemente reprimidos,
o que levou a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, em agosto de 1942, a fe-
char as suas portas. Na sequência, todos os seus ativos foram transferidos para
o Hospital Alemão e a Sociedade Benefi cente Alemã daquele estado. Em todo
o país, clubes e sociedades alemãs foram fechados, as escolas encampadas e os
professores nascidos na Alemanha proibidos de lecionar.
Seis anos depois, exatamente em 27 de agosto de 1948, em solenidade
realizada na Associação Comercial de São Paulo, foi reaberta a Câmara Teuto-
Brasileira. Com isso, São Paulo tornou-se a segunda cidade no exterior, depois
de Nova Iorque, em que se fundava uma câmara alemã de comércio exterior
depois da guerra. Entre os 300 convidados, estavam o ex-prefeito de Porto Ale-
gre, Alberto Bins, e Max Ertel, diretor da fi lial da Bromberg & Cia na capital
gaúcha – ambos relacionados como diretores da nova entidade. Naquele mes-
mo evento, foi mencionada nos discursos, pela primeira vez, a intenção de ser
criada uma representação da Câmara alemã no Rio Grande do Sul, o que de
Getulio Vargas
reunido com seu
Ministério, logo
após a declaração
de guerra ao
eixo em 1942
A criação da Câmara do Rio Grande do Sul l 15
16 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
fato veio a ocorrer em 28 de abril de
1949, na sala de eventos da Associa-
ção Comercial de Porto Alegre. À
reunião inaugural da chamada Ses-
são de Porto Alegre da Câmara Teu-
to-Brasileira em São Paulo compa-
receram 42 pioneiros liderados por
Otto Ernst Meyer e A. J. Renner.
A disposição dos homens de
negócios de Porto Alegre ligados
à comunidade alemã de criar uma
representação da Câmara na cidade
repercutiu logo em seguida, com a
visita ao estado da primeira missão comercial alemã. Chefi ada pelo diplomata
Vollrath Freiherr von Maltzan, a comitiva desembarcou em 23 de abril de 1950,
no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, seguindo depois para São Paulo e
Porto Alegre, cidades em que foi recepcionado pelas respectivas Câmaras.
Foi graças a essa missão de Maltzan que, em 7 de junho do mesmo ano, foi
assinado o acordo comercial entre o Brasil e a Alemanha. Em seu preâmbulo,
as partes contratantes expressaram a vontade “de renovar a amizade tradicional
e abrir uma nova página no livro da história das relações entre os dois povos”.
Um ano depois, as relações diplomáticas entre os dois países foram ofi cializa-
das. Em 12 de setembro de 1950, a sessão Porto Alegre da Câmara Teuto-Bra-
sileira em São Paulo instalou seu primeiro
escritório na Rua Uruguai, 35, Edifício
Bier & Ullmann, sala 233.
No ano seguinte, no mês de julho, a
embaixada alemã reabriu as suas portas na
Capital Federal, com o primeiro embai-
xador do pós-guerra, Fritz Oellers. Com
essa reaproximação entre os dois países,
em meados da década de 1950, também
recomeçaram as transferências de tecno-
logia e capital alemão para o Brasil. Estimuladas pelos alemães, que autoriza-
ram a transferência de capital para o Brasil, inúmeras fi rmas alemãs passaram
a se instalar em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Todo o processo foi
facilitado por meio de aportes de bens sem cobertura cambial, de exportações
e de fi nanciamentos em prazos de até cinco anos.
Neto de imigrantes
alemães, Antônio Jacob
Renner, mais conhecido
como A. J. Renner, foi
o fundador do Centro
de Indústria Fabril do
Rio Grande do Sul,
atual Federação das
Indústrias do Estado
do Rio Grande do Sul
(Fiergs), juntamente
com o empresário Alberto
Bins, igualmente de
origem alemã
Ainda na década de 1920, várias
fi rmas subsidiárias alemãs instalaram-se
no país, principalmente em São Paulo,
como a Siemens, AEG,
Shering, Bayer, Merck, Deutz,
Bromberg & Cia. e Faber Castell
Frente a essa nova conjuntura, a antiga ideia de retomar a fundação de uma
entidade representativa, voltada para as relações com instituições e autoridades
locais, tornou-se inadiável para os homens de negócios alemães e seus descen-
dentes no Rio Grande do Sul. Foi com esse intuito que no dia 22 de julho de
1955, na Associação Comercial de Porto Alegre, 25 pioneiros lançaram a Câmara
de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande do Sul. O Brasil era um país de
cerca de 52 milhões de habitantes e o estado comportava pouco mais de 4,5
milhões, dos quais 6,16% de imigrantes estrangeiros, com a predominância de
italianos, uruguaios e alemães. Além dos fundadores – a maioria formada por
Edifício da Associação
Comercial de Porto
Alegre em 1955
A criação da Câmara do Rio Grande do Sul l 17
18 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
empresários voltados para exportação e importação de produtos –, dois repre-
sentantes da Câmara de Comércio Teuto-Brasileira em São Paulo faziam parte
da lista de assinaturas da primeira assembleia extraordinária da entidade.
Com a separação da Câmara paulista, os pioneiros da Câmara gaúcha pre-
tendiam contribuir para uma maior atração de investimentos alemães para o
Rio Grande do Sul e, de forma simultânea,
criar novos laços com as entidades comer-
ciais da Alemanha.
Para o exercício do primeiro manda-
to de dois anos, foi eleita a seguinte dire-
toria: presidente: Wilhelm Kunhardt, da
Representações e Importações Liess Ltda.;
vice: Otto Ernst Meyer, fundador da Varig
S.A.; diretores: Emilio Hillmann, da Ferra-
gem Kirchner Hillmann S.A.; Guilherme
A. Lamberts, da Lamberts S.A.; secretário:
Günter Schiersner.
O primeiro compromisso da Câmara re-
cém-criada foi recepcionar o investidor Rudolf August Oetker, detentor da maioria
do capital da Companhia de Navegação Hamburguesa H.S.D.G., atual Hamburg
Süd. Oetker era esperado para a madrugada do dia 25 de outubro daquele ano.
Em 27 de agosto de 1948, em
solenidade na Associação Comercial
de São Paulo, na reabertura da
Câmara Teuto-Brasileira foi
mencionada nos discursos, pela
primeira vez, a intenção de ser criada
uma representação da Câmara alemã
no Rio Grande do Sul
As primeiras diretoriasda Câmara
Porto Alegre, na década de 1950, era uma cidade com cerca de 400 mil
habitantes, cheia de labirintos e de símbolos de progresso, como os
anúncios luminosos a gás neon. O centro ainda guardava um pouco de
seu charme de décadas passadas. A Câmara realizava suas reuniões-almoço na
Sociedade Germânia, na Avenida Independência. Nesses encontros eram feitas
homenagens e palestras sobre temas relacionados com a economia do Brasil e
do Rio Grande do Sul. A cooperação intensa da Câmara para atrair e facilitar
investimentos fi nanceiros industriais no Rio Grande do Sul foi registrada em ata
como um de seus mais importantes objetivos.
No Rio Grande do Sul, o censo de 1950 do IBGE apontara para a liderança da
indústria de produtos alimentares, seguido pela indústria de madeira, do couro, de
tecidos e do fumo. Predominavam as fi rmas individuais e familiares, registrando-
se o maior número de empresas na zona colonial e na capital do estado.
De acordo com o cadastro industrial do estado de 1952, os teuto-riogran-
denses dominavam 34% de toda a indústria da transformação gaúcha. Além dis-
so, mantinham participação signifi cativa em ramos como banha, tecidos, fumo
e metalurgia. A economia gaúcha permanecia ligada aos ramos tradicionais que
benefi ciavam a matéria-prima do setor primário.
A partir de 1955, contudo, a indústria brasileira passou a orientar-se para a
produção de bens de capital e de semiduráveis, o que levou o país a uma nova
Em 30 de outubro
de 1957 foi eleito
presidente da Câmara,
por unanimidade, o
descendente de alemães
Egydio Michaelsen.
O novo dirigente atuava
como consultor
jurídico do Banco
Agrícola Mercantil, que,
posteriormente, fundiu-
se com o Banco Moreira
Sales, de São Paulo
As primeiras diretorias da Câmara l 19
20 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
fase no processo de substituição de importações. Essa tendência acabou por
acentuar a defasagem do parque industrial gaúcho em relação ao centro do país,
o que exigia novos investimentos.
Em 22 de março de 1956, a Câmara mudou-se para o edifício da Socieda-
de de Engenharia, na Travessa Engenheiro Acilino de Carvalho, 33, conjunto
54. Com foco nas relações com entidades congêneres, na campanha por novos
sócios e na divulgação das potencialidades do Rio Grande do Sul, em junho do
mesmo ano, a diretoria determinou a elaboração de um relatório anual para dis-
tribuição aos associados, associações comerciais do estado e das cidades de São
Paulo e Rio de Janeiro, Câmara dos Deputados, Câmara Municipal, imprensa
local, Consulados e Câmaras de Indústria e Comércio e agências da Alemanha,
num total de 500 exemplares. Na época, a entidade contava com 136 associados
e a nova meta era alcançar 200.
A assembleia geral de 30 de outubro de
1957 teve um signifi cado especial. Além da
indicação de Otto Ernst Meyer para a presi-
dência de honra da entidade – em reconhe-
cimento pelo seu trabalho como um dos
fundadores da Câmara –, foi eleito presi-
dente, por unanimidade, o descendente de
alemães Egydio Michaelsen, tendo como
vice, Guilherme A. Lamberts, e os direto-
res: Emilio Hillmann, Wilhelm Kunhardt, Herbert Mueller e Ricardo Landgraf.
O novo dirigente atuava, na época, como consultor jurídico do Banco Agrícola
Mercantil, que, posteriormente, fundiu-se com o Banco Moreira Sales, de São
Paulo. A posse fi cou marcada para 26 de novembro do mesmo ano.
Junto com as atividades de praxe, a Câmara recepcionava um número signi-
fi cativo de industriais e de investidores alemães que vinham ao Brasil prospectar
negócios. Na época, o país carecia de investimentos necessários para dar conti-
nuidade ao processo de industrialização e encontrava-se em plena efervescên-
cia política, dada a série de escândalos que havia debilitado o governo Vargas.
Aparentemente sem saída para crise, o presidente escolheu a alternativa mais
dramática: o suicídio, em 24 de agosto de 1954.
João Fernandes Campos Café Filho, vice de Vargas, assumiu o governo com
ênfase na industrialização do país. Nessa linha, em 17 de janeiro de 1955, o ministro
da Fazenda Eugênio Gudin, promulgou a Instrução 113 da Superintendência da
Moeda e do Crédito (SUMOC), que autorizava a Carteira de Comércio Exterior
(Cacex) a emitir licenças de importação de equipamentos sem cobertura cambial.
Nos anos de 1950, além de suas
atividades normais, a Câmara
recepcionava grande número de
industriais e investidores alemães que
vinham ao Brasil prospectar negócios
A escolha era uma forma de evitar a restrição de divisas e o estrangulamento
externo brasileiro, agravado com o declínio das receitas de exportação que foi
provocado pelo boicote dos importadores ao aumento de preço do café.
Ao permitir a importação sem cobertura cambial de equipamentos na forma
de investimento direto estrangeiro, o governo tinha como objetivo aumentar
a importação de bens de capital sem afetar o balanço de pagamentos, e, assim,
modernizar rapidamente a indústria nacional. Esses equipamentos e máquinas
importados por meio da Instrução 113 eram contabilizados no ativo das em-
presas importadoras como investimento, numa taxa de câmbio livre, enquanto
que a remessa de lucros e amortizáveis que as empresas faziam se dava com base
numa taxa de câmbio preferencial. Portanto, havia um diferencial cambial que
favorecia esse tipo de investimento.
No período que abrangeu a assinatura da Instrução 113 da SUMOC até
maio de 1957, a Alemanha colocou-se, logo após EUA, em segundo lugar na lis-
ta dos países que participaram de investimentos em forma de máquinas e equi-
pamentos no Brasil.
Com a eleição do presidente Juscelino Kubistchek, as relações do Brasil com a
Alemanha se acentuaram e, no fi nal de 1956, o Brasil já era o país estrangeiro onde
a Alemanha mais fazia investimentos. Segundo informações do Ministério de Eco-
nomia alemão, relatado em correspondência da diplomacia brasileira, de 1952 até
o terceiro trimestre de 1956, a Alemanha aplicara em diversos países o equivalente
a US$ 285,6 milhões, dos quais 62%, ou seja, US$ 172 milhões em apenas cinco
países, com destaque para o Brasil, que recebeu US$ 65,1 milhões, ou seja, 22,7%.
As tradicionais
reuniões-almoço
da Câmara eram
realizadas no salão de
eventos da Associação
Comercial de
Porto Alegre
As primeiras diretorias da Câmara l 21
22 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
A primeira alteraçãodo nome da Câmara
Graças ao empenho do presidente JK, que superou todas as grandes ques-
tões do pós-guerra, inclusive o acordo sobre a restauração dos direitos
de propriedade industrial e patentes de invenção de fi rmas alemãs, na
década de 50, o Brasil foi altamente benefi ciado pelos investimentos da Alema-
nha. Segundo dados registrados pelo próprio JK, o ingresso de capitais estran-
geiros triplicou em seus dois primeiros anos. Saltou de US$ 120 milhões, em
1955, para US$ 330 milhões, até dezembro de 1957. Do total, os investimentos
alemães situaram-se em segundo lugar, logo atrás dos EUA, com mais de 50% do
total. No mesmo período, a Mercedes-Benz, a Volkswagen e a DKW-Vermag, de
Düsseldorf, anunciaram investimentos na instalação de indústrias automobilísti-
cas em São Paulo. Quando JK lançou o sonho da industrialização, que teve como
símbolo o setor automotivo, o setor era praticamente rudimentar no Brasil. Não
havia noção do que era produzir algo com qualidade. Foi uma época de grande
pioneirismo em que o país mudou sua estrutura básica de economia agrícola
para industrial, com todos os custos em matéria de urbanização, de educação e
de outros serviços públicos.
Na mesma onda, vieram para o Rio Grande do Sul algumas pequenas em-
presas familiares. Muitas com potencial para tornarem-se multinacionais. Ainda
em 1957, a Siemens comprou a Icotron, localizada em Porto Alegre. Mais tarde,
em 1962, a unidade mudou-se para Gravataí, onde opera sob a denominação de
Abaixo a linha de
montagem do fusca,
nos anos 50, e, ao lado,
JK na inauguração da
fábrica da Mercedes, em
1956, onde foi montado
o primeiro caminhão
a diesel brasileiro,
o L-312
Epcos do Brasil Ltda. Em 2009, a Epcos AG fundiu-se com a divisão de com-
ponentes eletrônicos da TDK Corporation, dando origem a uma nova empresa:
TDK-EPC Corporation, com sede em Tóquio, Japão.
A aproximação do Rio Grande do Sul com a Alemanha passou a acentuar-
se. Em abril de 1957, a Câmara de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande
do Sul participou, em Berlim, por meio de seu secretário Günter Schiersner, de
reunião mundial da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio
(Deutscher Industrie und Handelstag - DIHT). O objetivo do evento era dina-
mizar – o que se consolidou nos anos seguintes – o chamado modelo alemão de
incentivo ao comércio exterior. Grande responsável pelo sucesso da Alemanha
na abertura de novos mercados, até hoje é formado por três colunas: a Agência
Federal de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério de Economia; as repre-
sentações ofi ciais no estrangeiro – embaixadas e consulados –, e as câmaras de
comércio exterior organizadas bilateralmente.
Enquanto isso, o Rio Grande do Sul estava muito perto de comemorar
aquela que seria, na época, a maior obra rodoviária do Brasil. Depois de estudos
demorados, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) inicia-
ra, em 20 de outubro de 1955, a construção de quatro grandes pontes sobre o rio
Guaíba e o delta do Jacuí. Com projeto dos engenheiros alemães Fritz Leonhardt
e Wolfhart Andrä, de Stutgart, o empreendimento foi executado pela empresa
de engenharia Azevedo Bastian Castilhos S.A., de Porto Alegre, fundada por um
fi lho de imigrantes alemães, o engenheiro Jorge Vieira Bastian.
Até a conclusão da ponte sobre o Guaíba, o extremo sul do país perma-
neceu em alto grau de isolamento, o que evitou que sua indústria sofresse a
Até a conclusão da
ponte sobre o Guaíba,
o Rio Grande do Sul
permaneceu em alto grau
de isolamento do restante
do país; predominavam
escalas insatisfatórias,
técnicas ultrapassadas,
formas arcaicas de
comercialização e
propriedade familiar
“fechada”
A primeira alteração do nome da Câmara l 23
24 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
concorrência mais acirrada da produção de outras regiões, mas com inegáveis
prejuízos. Antes da construção da ponte, denominada Travessia Engenheiro
Regis Bittencourt, inaugurada em 28 de dezembro de 1958, tudo era permiti-
do no Rio Grande do Sul: escalas insatisfatórias, técnicas ultrapassadas, formas
arcaicas de comercialização e propriedade familiar “fechada”. Após o impacto
sofrido pelo estado com a integração do mercado nacional, graças à construção
dos 16 quilômetros da ponte sobre o Guaíba, a indústria gaúcha começou a
reagir, passando a apresentar taxas de expansão próximas às de São Paulo e do
Brasil, em torno de 7% ao ano.
Indicado por seu antecessor, Egydio Michaelsen, para o exercício da pre-
sidência da Câmara no período 1959-1961, Jorge Vieira Bastian foi eleito por
unanimidade, em 18 de agosto de 1959, no salão de Conferências da Reitoria da
Universidade do Rio Grande do Sul (URGS). Para a vice-presidência, foi eleito
Adalberto E. Tatsch, da Tabacos Tatsch S.A. A diretoria incluiu ainda os nomes
de Guilherme A. Lamberts; Herbert Mueller, da Metalúrgica H. Mueller S.A.,
Ricardo Landgraf e Arno Vincent Jacobi, da Jacobi & Cia.
O fi nal do governo Ildo Meneghetti (1955-1959), marca o ingresso do esta-
do em uma nova fase. Seu sucessor, o engenheiro Leonel Brizola, logo no início
de seu mandato, denunciou o que defi niu como desigualdades regionais. Essa
situação reservaria ao estado um caráter “marginal e subordinado”, provocado
pelo Plano de Metas de JK, o que não se restringiria ao Rio Grande do Sul, mas
também ao Paraná e Santa Catarina. A inexistência de fontes de fi nanciamento
constituía-se na questão mais abrangente daquela conjuntura, muito prejudica-
da pela aguçada infl ação, o que implicava alto risco para os agentes fi nanceiros.
Em paralelo, o crescimento dos investimentos na indústria de bens de capi-
tal de São Paulo levou a Câmara local a pôr em evidência suas novas atribuições.
Assim, em 26 de outubro de 1960, em assembleia geral, foi aprovada a proposta
de ampliar o nome da entidade para Câmara Teuto-Brasileira de Comércio e In-
dústria de São Paulo. A novidade, em um primeiro momento, não teve maior
repercussão na coirmã do Rio Grande do Sul. Apenas no fi nal do ano seguinte, em
1961, foi cogitada, pela primeira vez, em assembleia geral, a possibilidade de seguir
os passos da Câmara paulista, dada a nítida transformação da indústria gaúcha a
partir do fi nal da década de 1950. Entre os gêneros de maior avanço, notabilizava-
se a indústria de material elétrico, a mecânica e o ramo de carrocerias de ônibus
e caminhões, no qual o parque fabril gaúcho já detinha certa tradição no cenário
nacional. Esse quadro despertou o interesse dos alemães para a economia local.
Convidado pela DIHT, o secretário-executivo da Câmara Teuto-Brasileira
no Rio Grande do Sul, Walter O. K. Hagemann, entre abril e maio de 1961,
tomou parte das reuniões bienais de gerentes das câmaras estrangeiras que cola-
boravam nas relações comerciais de seus países com a Alemanha Ocidental. Na
mesma viagem, Hagemann reuniu-se com dirigentes da DIHT, em Hannover,
juntamente com representantes dos Ministérios de Economia e do Exterior ale-
mães, além de 24 gerentes de câmaras da América do Sul, do Norte, da África,
da Ásia e da Europa. No evento, foram tratados temas gerais de intercâmbio
comercial e discutido o perfi l econômico e social do país de cada participante.
Ainda na mesma viagem, Hagemann fez palestras em Hamburgo, Bremen,
Detmold, Darmstadt, Hagen, Colônia, Frankfurt e Mannheim – todas nas sedes
das respectivas Câmaras de Indústria e Comércio, com exceção da última, feita
em uma fi rma local. Nesses eventos, o representante da Câmara gaúcha traçou o
perfi l do estado do Rio Grande do Sul, com localização geográfi ca, clima, produ-
ção, produtos, hábitos, exportações e importações. Muitas fi rmas alemãs solicita-
ram entrevistas particulares, seguindo programas previamente organizados pela
DIHT de Bonn. Além da vinculação com
a DIHT, a Câmara Teuto-Brasileira no Rio
Grande do Sul mantinha relações estreitas
com as entidades Ibero-Amerika Verein (As-
sociação Ibero-América), em Hamburgo, e
a BDI - Bundesverband der Deutschen Indus-
trie (Federação das Indústrias Alemãs), em
Colônia, cuja sede transferiu-se, posterior-
mente, para Berlim.
Entre 16 e 17 de maio de 1961, José
Vieira Bastian, como presidente da Câmara, participou das comemorações do
primeiro centenário da DIHT, em Heidelberg, na Alemanha. No mesmo ano,
as Câmaras Teuto-Brasileiras do Rio Grande do Sul, de São Paulo e do Rio de
Janeiro instalaram, de forma conjunta, pela primeira vez, um escritório de in-
formações sobre o Brasil na Feira de Hannover. Naquele ano, a antiga Feira de
Exportação alemã passou a chamar-se Hannover Messe. Em 1986, separaram-se as
áreas das tecnologias de informação e comunicação da indústria, e, desde então,
realizam-se anualmente como feira autônoma sob a designação CeBIT.
Segundo relatos de atas registradas pela Câmara, no início dos anos de 1960
diversas fi rmas alemãs enviaram representantes para prospecção de negócios no
Brasil. Mas havia um entrave, conforme o relatório da diretoria 1961-1962. Para
melhor executar a tarefa de intercâmbio comercial entre o Brasil e a Alemanha, de
modo especial o Rio Grande do Sul com os alemães, era preciso esperar pelo desfe-
cho do debate sobre a movimentação dos capitais estrangeiros e seus rendimentos.
Em 1961, as Câmaras Teuto-
Brasileiras do Rio Grande do Sul,
de São Paulo e do Rio de Janeiro
instalaram, de forma conjunta, pela
primeira vez, um escritório de informações
sobre o Brasil na Feira de Hannover
A primeira alteração do nome da Câmara l 25
26 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Em meio a esse debate, em 25 de agosto de 1961, o Brasil era surpreendido
com a renúncia do presidente Jânio Quadros, sucessor de JK, depois de apenas
sete meses de governo.
Temerosos de um avanço do populismo de esquerda, os militares tentaram
impedir a posse do vice-presidente, João Goulart, que se encontrava em viagem
à China. A partir de então, a população brasileira passou a acompanhar com
apreensão a grave crise que se instalara no país.
Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, cunhado de Goulart,
iniciou, então, um movimento de resistência pela legalidade, ou seja, pela posse
de Goulart. Essa mobilização, que era feita pela rádio Guaíba, encampada por
Brizola, e depois também pela Gaúcha, culminou com uma solução satisfatória
para as facções da esquerda e da direita do país, em claro confronto na esfera
política e pela imprensa.
Em 2 de setembro de 1961, o
Congresso Nacional aprovou o sis-
tema parlamentarista como alterna-
tiva para a crise. No dia 8, Goulart
assumiu a presidência e Tancredo
Neves, ex-ministro do governo Ge-
túlio Vargas, tornou-se primeiro-
ministro. Em meio a grandes trans-
formações no país, no dia 19 daquele
mesmo mês, a Câmara reelegeu o
engenheiro Jorge Vieira Bastian na
presidência.
A mudança na conjuntura políti-
ca logo se fez sentir no Brasil com o
debate sobre a nova disciplina da Lei
de Remessa de Lucros, provocando reações até mesmo da DIHT, diretamente
da Alemanha. Em comunicado, a entidade advertiu para a necessidade de o país
assegurar as garantias para os investidores. “É preciso levar em conta que, com
insufi ciência de garantias de investimento, o campo poderá ser invadido por aven-
tureiros e especuladores inescrupulosos que levam à ruína a economia do país apto
a se desenvolver” – concluía a manifestação.
Promulgada em 3 de setembro de 1962, a Lei nº 4.131/1962 instituía, entre
outros dispositivos, a limitação quantitativa das remessas e das repatriações. Os
refl exos negativos da nova legislação foram imediatos. O mais violento opositor
foi o próprio diretor executivo da SUMOC, que se demitiu e acusou o Con-
O governador Leonel
Brizola em campanha
pela Legalidade
gresso de desencorajar os investimentos estrangeiros em um gesto demagógico
que defi niu como “crime de lesa pátria”.
De forma rápida, a nova lei de remessa de lucros provocou uma queda acen-
tuada dos investimentos estrangeiros. Em 1962, enquanto se discutia o tema no
Congresso Nacional, os ingressos no país caíram para US$ 71 milhões, diante
de média anual de ingresso, no período 1956-1961, de US$ 112 milhões. Em
1963, baixaram para US$ 31 milhões. Somente da Alemanha, a nova lei brecou
investimentos de US$ 25 milhões.
Em janeiro de 1963, o parlamentarismo foi derrubado em plebiscito nacio-
nal; 80% dos eleitores optaram pela restauração do presidencialismo. Mas a in-
fl ação continuava a corroer a economia. O governo, numa tentativa desesperada
de conter a desvalorização da moeda, lançou o Plano Trienal, elaborado pelo mi-
nistro Celso Furtado. Mas a situação se agravou e o país foi obrigado a negociar
empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que exigiu cortes
signifi cativos nos investimentos.
O ambiente de crise não demorou a repercutir na embaixada alemã em Bra-
sília. Temeroso, o embaixador da Alemanha no Brasil, Gebhardt Seelos, enviou
mensagem para o governo alemão, com a recomendação de o presidente Heinrich
Lübke suspender sua viagem ao Brasil, marcada para outubro daquele ano.
Dado ao protagonismo de suas ações como propulsora das relações entre o
Rio Grande do Sul e a Alemanha, em setembro daquele mesmo ano, a Câma-
ra de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande do Sul passou a constituir-se
em uma instituição de utilidade pública, conforme decreto do governador do
estado, Ildo Meneghetti. Enquanto isso, em Brasília, o presidente João Goulart
começou a preparar uma estratégia voltada para a recuperação da confi ança de
seu governo. A intenção era reiniciar uma política de aproximação com o país
que sempre dera prioridade ao Brasil em seus investimentos no exterior.
Em uma de suas primeiras ações no exterior, Goulart, em meados de no-
vembro, enviou a Bonn uma delegação sob a chefi a do ministro da Indústria e
Comércio, Egydio Michaelsen, ex-presidente da Câmara Teuto-Brasileira no Rio
Grande do Sul. Graças aos seus contatos desenvolvidos no período em que fora
dirigente da entidade, em Porto Alegre, o ministro, de origem alemã, foi recebi-
do como “um amigo dos alemães”. Para o embaixador Seelos, essa recepção era
fundamental para o “bom decurso” das negociações, o que de fato veio a ocorrer.
Em 30 de novembro, os dois países fi rmaram um protocolo sobre coopera-
ção fi nanceira, mediante o qual a Alemanha outorgou ao Brasil créditos no valor
de 200 milhões de marcos alemães, dos quais 102 milhões seriam destinados a
fi nanciar projetos industriais no Nordeste.
A primeira alteração do nome da Câmara l 27
28 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Visita a Porto Alegre do presidente da República Federal
da Alemanha, Heinrich Lübke, em maio de 1964,
foi viabilizada graças às ações diplomáticas da Câmara
com o Ministério de Relações Exteriores alemão
Foto Museu da Comunicação Social do RS
A viagem do presidenteLübke a Porto Alegre
Em fevereiro de 1964, o secretário-executivo da Câmara, Ricardo Meyer,
participou de novo périplo nas Câmaras de Indústria e Comércio de
Düsseldorf, Frankfurt, Colônia, Hamburgo, Stuttgart e Freiburg. Nos
encontros, constatou grande interesse dos empresários locais em celebrar acor-
dos com indústrias correlatas do estado. Em sua viagem, Meyer também man-
teve contato com a cúpula da DIHT, quando foi discutida uma eventual contri-
buição fi nanceira à Câmara do Rio Grande do Sul.
Em 13 de março, o presidente João Goulart confrontou o partido de opo-
sição, a UDN, que o atacava no Congresso Nacional e por meio da imprensa,
ao assinar o primeiro decreto para a introdução da reforma agrária no país. O
comício na Central do Brasil, no Rio, naquela noite, com a presença de Miguel
Arraes, Leonel Brizola e Francisco Julião, em meio a bandeiras do PCB, acirrou
os ânimos em todo o país. No dia 20 daquele mês, São Paulo parou e foi à praça
pública. A defesa da democracia foi a senha para a mobilização de cerca de 500
mil pessoas na “Marcha da Família, com Deus pela Liberdade”.
Em 31 de março de 1964, destituído por um golpe civil-militar, Goulart não
era mais presidente do Brasil. Para substituí-lo, os militares escolheram o general
Humberto de Alencar Castelo Branco. Atenta, a embaixada alemã, que havia su-
gerido ao Ministério de Relações Exteriores da Alemanha aguardar um momento
mais propício para a visita do presidente Heinrich Lübke ao Brasil – prevista ini-
cialmente para outubro de 1963 –, adiou novamente a viagem para o mês de maio.
A partir dessa confi rmação, a Câmara Teuto-Brasileira no Rio Grande do
Sul começou a articular-se para incluir Porto Alegre no roteiro do presidente
alemão. O sonhou durou pouco. Durante reunião de diretoria chegou a infor-
mação de que o Rio Grande do Sul fi caria fora do programa preparado pelo
Ministério de Relações Exteriores alemão. Inconformada, a diretoria da Câmara,
naquele mesmo dia, organizou uma ampla mobilização junto à área diplomática
alemã para que esta alterasse o roteiro da visita de Lübke ao Brasil e incluísse
o estado – o governo alemão não poderia ignorar o histórico de imigração dos
primeiros colonos no Brasil.
Logo no início de maio de 1964, o presidente da República Federal da
Alemanha, Heinrich Lübke, chegou ao Brasil naquela que seria a primeira
visita ofi cial de um chefe de Estado após o golpe de 31 de março. Além da
importância para a diplomacia dos dois países, o presidente alemão viera tratar
A viagem do presidente Lübke a Porto Alegrea l 29
30 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
do reescalonamento da dívida brasileira, cujas negociações com os credores
estavam marcadas para agosto daquele ano no Clube Haia. Em sua viagem ao
Brasil, Lübke veio acompanhado por cerca de 40 jornalistas alemães, que se
encarregaram de repercutir o fato mundialmente. O encontro entre os dois
presidentes serviu como um cartão de visitas do presidente Castelo Branco aos
demais países, sobretudo da Europa.
Além de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, Lübke incluiu Porto Alegre em
sua rota no Brasil, demonstrando que os esforços da Câmara não foram em vão.
Recebido por grande número de pessoas, a quem cumprimentou uma a uma,
ainda na pista do aeroporto Salgado Filho, ele desembarcou de um avião da Luf-
thansa no dia 9 de maio, seguindo para o Palácio Piratini, onde foi recepcionado
com honras militares pelo governador Ildo Meneghetti. Com o país em estado
de sítio, foi improvisado um programa com
city-tour e recepção simples para cerca de
800 convidados. Em reunião de diretoria,
a Câmara registrou em ata aquela que foi
uma de suas maiores conquistas da época:
a visita do presidente Lübke a Porto Alegre
graças ao esforço desenvolvido junto à di-
plomacia alemã.
Além do apoio ao novo governo, a vi-
sita de Lübke ao Brasil – a primeira de um
presidente da República após o golpe de
64 – serviu para que fosse encaminhado o
acordo teuto-brasileiro, assinado ainda em 1961, mas congelado desde então.
Tratava-se do repasse de 200 milhões de marcos ao Brasil que fora negociado
pelo então ministro da Indústria e Comércio de Goulart e ex-presidente Câma-
ra de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande do Sul, Egydio Michaelsen. A
primeira parte dos recursos veio em julho de 1965, quando foram assinados, na
Alemanha, quatro convênios para fi nanciamento de projetos brasileiros.
Antes disso, em 16 de julho de 1964, por meio de Lei nº 4.390, o governo
Castelo Branco removeu a principal área de atrito da legislação sobre remessa
de lucros aprovada no governo Goulart: a caracterização dos lucros superiores a
10% como capital suplementar, que não geraria direito à remessa de lucros. Fi-
cou sem efeito, no entanto, a tentativa do governo de liberar a remessa de royalties
de patentes e marcas entre as subsidiárias e matrizes no exterior.
Em 22 de julho de 1965, a Câmara de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Gran-
de do Sul comemorou seu décimo aniversário de fundação em meio a uma polê-
Em 9 de maio de 1964, o presidente
da República Federal da Alemanha,
Heinrich Lübke, desembarcou de um
avião da Lufthansa, em Porto Alegre,
seguindo para o Palácio Piratini, onde
foi recepcionado com honras militares
pelo governador Ildo Meneghetti
mica com a DIHT. O fato de as Câmaras de Comércio de São Paulo, do Rio de
Janeiro e do Rio Grande do Sul terem assumido a condição de representação alemã,
acabou levando-as ao status ofi cial de Câmara de Comércio alemã no exterior. A
partir desse quadro, a DIHT – organização guarda-chuva das Câmaras de comércio
alemãs no exterior – passou a exigir a prestação de contas e o orçamento de cada
ano, além da nomeação de um novo secretário-executivo, de nacionalidade alemã.
Quanto ao primeiro ponto, verifi cou-se que a DIHT cometera um equí-
voco, já que a prestação de contas do ano de 1964, junto com o orçamento para
1965, fora enviada no prazo estabelecido. Quanto ao segundo, o parecer unâ-
nime da diretoria foi de que a Câmara, como entidade autônoma e na sua qua-
lidade de entidade brasileira, não poderia aceitar qualquer ingerência de uma
entidade alemã no tocante à nomeação de funcionários.
Em julho de 1965, no terceiro mandato de Jorge Vieira Bastian como presi-
dente da entidade, a sede da Câmara mudou-se para a Rua Coronel Vicente, nº
452, edifício Europa. Na reunião de diretoria daquele mês, um dos pioneiros da
Câmara, o comerciante de origem alemã Arno Vincent Jacobi, passou a exercer
as funções de secretário-executivo. Na mesma época, no segundo semestre de
1965, a entidade aumentou de quatro para seis o número de diretores, a fi m de
facilitar o eventual rodízio nos postos mais altos da diretoria. Apesar da tentativa
de mobilizar seus dirigentes, a entidade atravessou um período de grave turbu-
lência fi nanceira. No entanto, graças à mobilização de seu quadro de dirigentes,
tendo o presidente Jorge Vieira Bastian à frente, foi possível atrair um grande
número de novos sócios, cujo quadro pulou de 149 fi rmas, em 1967, para 448,
em fi ns de 1968. Além de inverter o quadro de penúria que ameaçava a sua so-
brevivência, a Câmara do Rio Grande do Sul ultrapassou, em número de sócios,
as congêneres de Buenos Aires, do Rio e de São Paulo, alcançando o primeiro
lugar na América Latina nesse quesito.
Os efeitos desse avanço apareceram logo em seguida por meio do crescimen-
to do volume de consultas de todas as espécies, que triplicou em comparação à
média de anos anteriores. Segundo relatos de atas registradas pela Câmara, nos
anos de 1960, diversas fi rmas alemãs enviaram seus representantes para prospec-
ção de negócios por meio de importação de produtos ou através da instalação de
joint-ventures. Uma das primeiras foi a Rosenthal, do setor de porcelana, trazida
pelo empresário Egon Renner, fi lho mais velho de A.J. Renner. Interessado em
diversifi car suas atividades, Renner queria investir em uma fábrica de porcelana,
mas não dispunha de know-how. A partir da parceria com a empresa alemã, em
bases iguais, foi criada a Porcelana Renner. Na mesma época, a Hatz, da Baviera,
fabricante de tratores e motores diesel, se associou à Agrale, de Caxias do Sul.
A viagem do presidente Lübke a Porto Alegrea l 31
32 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
A Câmara de Comércio eIndústria Brasil-Alemanha no RS
O ano de 1970 marcou o início do período do chamado “milagre eco-
nômico brasileiro”, que se prolongou até 1973, com uma taxa média
de crescimento do PIB de 10% ao ano. Ao mesmo tempo, o regime
aumentou a repressão.
No Rio Grande do Sul, apesar dos ganhos de participação na estrutura in-
dustrial dos bens intermediários e de capital, a principal atividade do setor con-
tinuou sendo a produção de bens de consumo não duráveis – responsáveis por
praticamente metade de sua produção.
Depois de uma pausa nos negócios, a partir daquele ano recomeçaram as vi-
sitas de comitivas de empresários e políticos alemães ao Brasil. Como não havia
voo direto do Brasil para a Alemanha, as viagens de São Paulo a Buenos Aires
faziam escala em Porto Alegre para a troca de avião. Por causa disso, muitos
empresários alemães aproveitaram para fazer um reconhecimento da economia
local. As comitivas passaram a ser frequentes. Em meio à série de negociações,
começaram a surgir pequenas empresas de capital alemão e brasileiro. Algumas
progrediram e outras fecharam.
A Barmag, fabricante de máquinas para a indústria têxtil – hoje Oerlikon
Barmag –, que se instalou em São Leopoldo, foi a maior delas. Outras, como
a Bessey, do setor de máquinas e ferramentas, começaram sem a participação
de capital local e foram obrigadas a fechar. A de maior sucesso foi a Stihl, fabri-
cante de motosserras. A empresa iniciou suas atividades em 1973, num galpão
alugado em São Leopoldo, associada à Trilho-Otero. A escolha pelo estado e
por São Leopoldo deveu-se, basicamente, aos seguintes fatores: a atividade in-
dustrial existente no RS, a grande infl uência da imigração alemã e o mercado,
o maior na época para os seus produtos. Com o crescimento de seus negócios,
em 1975 a empresa inaugurou suas próprias instalações no distrito industrial
de São Leopoldo.
Em 1974, a economia brasileira atraía, cada vez mais, a atenção dos alemães.
Na primeira quinzena de agosto daquele ano, o presidente da Confederação da
Indústria Alemã (BDI), Hans-Günther Sohl, do grupo Thyssen, à frente de
uma delegação de 23 empresários, visitou, a convite do governo, indústrias de
São Paulo, de Brasília, de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro e de Porto Alegre.
No mesmo ano, foi criada a Comissão Mista Brasil-Alemanha para a discussão
de temas de interesse dos dois países.
A década de 1970 inaugurou uma nova fase na Câmara, cuja sede havia sido
transferida para a Rua Coronel Vicente, 452. Fundada por comerciantes que se
uniram para criar uma organização para ter mais facilidades e acessos aos expor-
tadores alemães, até então predominara na entidade a área de comércio. Mas
dado o desenvolvimento quase explosivo de determinados setores, como relatou
a publicação Raio X do Rio Grande, impressa pela Câmara para a divulgação
do estado na Alemanha, a ênfase passou a ser industrial. Com isso, as visitas de
comitivas de empresários alemães a Porto Alegre tornaram-se regulares. Geral-
mente acompanhadas por políticos ou governadores, vinham duas e até quatro
vezes por ano ao estado, o que contribuiu para a formação de subsidiárias de
empresas com a participação de capital ou de tecnologia alemã, sobretudo no in-
terior do estado. Esse período de transição também foi marcado pela renovação
do quadro de diretores da Câmara.
Reeleito sucessivamente para oito mandatos (agosto de 1959 - setembro de
1975), tendo sido o mais longevo presidente da entidade, o engenheiro Jorge
Vieira Bastian foi defi nido por seus pares como dono de uma “forte personalida-
de aliada às qualidades de caráter, de tino diplomático e de inexcedível dedicação,
em uma época em que a Câmara passava por uma fase de graves difi culdades”.
Segundo relatos registrados em ata, “graças ao trabalho e à sábia orientação do
Dr. Bastian, a Câmara encontrava-se com suas fi nanças saneadas e um quadro
social de quase 500 membros”.
Já em idade avançada, na assembleia geral ordinária de 23 de setembro de
1975, Bastian declinou de nova reeleição junto com vários de seus diretores.
Mas não se retirou do convívio de seus colegas sem indicar o que defi niu como
Em 23 de outubro
de 1980 foi criado o
Conselho Integrado
das Câmaras de
Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha.
Wolfgang Sauer, na
época presidente da
Volkswagen, foi eleito
seu primeiro presidente
A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS l 33
34 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
“um excelente candidato” na pessoa de João Lauro Kliemann. Nascido em Santa
Cruz do Sul, Kliemann fundou, em 1943, a Klimaco Material Farmacêutico e
Hospitalar Ltda. Além de presidente da Câmara, exerceu por 10 anos a vice-
presidência da Associação Comercial de Porto Alegre.
Na mesma assembleia, foram eleitos na vice-presidência: Rodolpho Englert;
e os diretores: Elmiro Lindemann, Fritz J. Hilmann, Gerhard Theisen, Helmut
Meyer, Mario S. Landgraf e Oscar Foerster. E conferido a Jorge Vieira Bastian
o título de presidente honorário, em razão de sua “profícua gestão como presi-
dente da Câmara durante 16 anos”, Adalberto E. Tatsch, que exerceu a vice-pre-
sidência pelo mesmo período, recebeu o título de sócio honorário da Câmara.
Entre os novos conselheiros na mesma assembleia fi guraram, pela primeira
vez, os nomes de Wolfgang Sauer e de Cesar de Saboya Pontes como represen-
tantes das coirmãs de São Paulo e do Rio
de Janeiro, respectivamente.
A amizade entre o Brasil e a Alema-
nha era cada vez mais próxima. E, em 6 de
março de 1978, o presidente da República,
Ernesto Geisel, fez a primeira visita de um
presidente do Brasil à Alemanha com uma
comitiva de 30 empresários e executivos
brasileiros. Entre eles, os presidentes das
Câmaras alemãs de São Paulo, Rio de Ja-
neiro e Rio Grande do Sul, esta representada por João Lauro Kliemann.
Recebida em Bonn pelo presidente, Walter Scheel, e pelo primeiro-minis-
tro, Helmut Schmidt, a comitiva do presidente brasileiro esteve na Confedera-
ção da Indústria Alemã, em Colônia, em 7 de março, por ocasião da abertura dos
trabalhos do Encontro Teuto-Brasileiro de Empresários. Nos dias seguintes, a
comitiva visitou Berlim, Baden-Württemberg e Düsseldorf. Em 10 de março foi
assinada uma declaração conjunta teuto-brasileira, em Bonn.
Com o avanço do parque fabril gaúcho, no período 1970-1975, tornou-se cla-
ra para os dirigentes da Câmara a necessidade de mudança no nome da entidade,
sendo aprovada por unanimidade, em 16 de setembro de 1976, a nova designação:
Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul. Na
mesma assembleia geral extraordinária foram aprovados o aumento do número
de diretores de seis para oito e a futura coincidência do exercício com o ano civil.
Em 11 de abril de 1978, foram reeleitos Kliemann e toda a sua diretoria, sen-
do indicados Paul Manfred Schierholz e Ricco Harbich para o preenchimento
dos dois novos cargos. Dos 105 nomes que faziam parte do conselho consultivo
Com o avanço do parque fabril gaúcho,
no período 1970-1975, tornou-se
clara, para os dirigentes da Câmara, a
necessidade de mudança no nome para:
Câmara de Comércio e Indústria Brasil-
Alemanha no Rio Grande do Sul
da entidade, aparece, pela primeira vez, o nome de Jorge Gerdau Johannpeter,
presidente do grupo Gerdau, indicado para o setor siderúrgico.
O ex-ministro da Indústria e Comércio, Marcus Vinicius Pratini de Morais,
lembrou, em depoimento para este livro, que a Alemanha teve um papel impor-
tante na evolução da siderurgia brasileira, porque não só ajudou a fi nanciar a im-
portação de equipamentos, como também forneceu parte desses materiais por
meio de suas subsidiárias no Brasil. Diz Pratini: “Na época, o mundo estranhou:
como o Brasil vai poder atender tanta produção de aço? E eu dizia a eles o seguinte:
vocês compram minério brasileiro e agregam valor de uma maneira enorme numa
proporção fantástica. Será que nós não temos o direito, no mercado internacional,
de colocar o nosso aço? A ideia era que o Brasil produzisse aço para o seu consumo
e para o mercado internacional, o que acabou acontecendo. Hoje o Brasil produz
mais de 40 milhões de toneladas por ano, o que ainda é pouco, mas o país tem
presença no mercado internacional não só no minério de ferro como no aço, um
crescente comércio tanto na importação como na exportação”.
Outro setor em que a Alemanha assumiu a condição de importante parceiro
do Brasil, segundo o ex-ministro, foi o de calçados. “Na medida em que cres-
cia a importação pelos Estados Unidos, aumentando a dependência desse país,
nós precisávamos criar novos mercados. O trabalho começou com a Inglaterra,
prosseguiu com a Alemanha, e depois com os franceses, italianos, escandina-
vos e ingleses. A Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul teve um pa-
pel fundamental na atração de industriais e importadores alemães para a o setor
coureiro-calçadista brasileiro”, relata Pratini. Naquela época, de acordo com o
ex-ministro, a atuação do Brasil no comércio internacional ainda era incipiente,
e a Câmara serviu de intermediação com a Alemanha, ao promover encontros
empresariais e reuniões, além de divulgar o Brasil nos meios de comunicação.
O empresário Ernesto Saur, delegado honorário da Câmara para a região de
Panambi e representante da empresa Saur no conselho empresarial da entidade,
lembra que a Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul sempre repre-
sentou um elo das empresas gaúchas com o mercado alemão e europeu. “Para
a nossa empresa, principalmente nas primeiras décadas de atuação da entidade,
foram muito importantes as cartas de recomendação da Câmara, que eram uti-
lizadas por nossos executivos nas viagens à Alemanha em busca de novidades,
parcerias e tendências em produtos e matéria-prima”, relata. “Essas cartas ga-
rantiam a credibilidade da empresa perante os europeus e facilitavam as nego-
ciações. Éramos recebidos como se fossemos de ‘casa’, o que se constituiu em
um fator determinante para a inserção de uma empresa brasileira na Europa”,
destaca Saur, que participa da Câmara desde 1973.
A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS l 35
36 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
A criação do Conselho Integrado das Câmaras
Em 2 de abril de 1979, Arno Vincent Jacobi, após quase 20 anos, deixou
de gerir os negócios da Câmara. Embora sem vínculo empregatício, ele
permaneceu ligado à entidade, sempre disposto a colaborar. Jacobi foi
uma espécie de one man company, na defi nição do ex-presidente da entidade, Os-
car Foerster. “Ele foi a alma da Câmara por um longo período”, resumiu. “Fez
de tudo um pouco e sempre com muita aplicação”.
Segundo registro da assembleia de 2 de abril de 1979, foi o próprio Jacobi
quem decorou uma das sedes da Câmara com móveis de sua propriedade,
entre esses, “um conjunto estofado em couro, com sofá e duas poltronas, uma
mesa com tampa de fórmica e dois tapetes de veludo, além de um cofre blinda-
do”. Na mesma assembleia, foi aprovado por unanimidade um voto de louvor
a Jacobi pelo “brilhante trabalho desenvolvido durante os anos em que esteve
na gerência da entidade”.
Um fato de grande relevância foi a indicação de Ricardo Augusto Meyer, fi -
lho do escritor Augusto Meyer, para a gerência da entidade que, a partir de então,
passou a ter, ao seu lado, um cogerente enviado pela DIHT.
Em princípio, mal digerida pela diretoria, a vinda de um funcionário da Ale-
manha para fazer parte da Câmara, foi depois defi nida pelo presidente Kliemann
como “uma solução capaz de fortalecer a posição independente das três Câmaras
no Brasil”. Foi registrado, ainda, que a composição da gerência, em bases iguais, de
um brasileiro e um alemão, seria única no Brasil. Isso porque as coirmãs do Rio
de Janeiro e de São Paulo continuariam a receber gerentes diretamente da DIHT.
As diferenças estruturais e de gestão entre as três Câmaras eram notórias, o
que difi cultava uma coordenação que se tornava necessária em alguns casos de
relevância. Foi pensando nisso que, em 23 de outubro de 1980, foi criado o Con-
selho Integrado das Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Por
unanimidade, Wolfgang Sauer, ex-dirigente da Câmara de São Paulo no período
1974 a 1977, foi eleito seu primeiro presidente. A solução foi saudada por Ricco
Harbich, o novo presidente da Câmara, eleito em 31 de março de 1980, como
a mais adequada no sentido de fortalecer a posição independente das coirmãs.
Em sua nova composição, a diretoria da Câmara para o biênio 1980-1981 con-
tou com Elmiro Lindemann (vice-presidente), Alberto Franco, Gerhard Thei-
sen, Ivo Luiz Lampert, Klaus Wilms, Oscar Foerster, Paul Manfred Schierholz e
Wolfgang Weber (diretores).
Wolfgang Sauer com
Ricco Harbich (D),
eleito presidente da
Câmara em 31 de
março de 1980
Reunião-almoço da
Câmara na Associação
Comercial de Porto
Alegre em setembro
de 1980
A criação do Conselho Integrado das Câmaras l 37
38 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Coube ao então diretor da Câmara, Oscar Foerster, redigir os estatutos do
Conselho Integrado, em conjunto com um advogado da Volkswagen designado
por Sauer. Nascido em Stuttgart, na Alemanha, Wolfgang Sauer desembarcou
no Brasil em 1961, se naturalizou brasileiro em 1982 e nunca mais deixou o país.
Desde então, ajudou a consolidar a indústria automotiva nacional, transforman-
do a fi lial local da Volkswagen, na época, na maior empresa privada do Brasil.
Em depoimento para este livro, Oscar Foerster narra: “A Câmara do Rio
Grande do Sul sempre teve receio de que a de São Paulo a transformasse em
mera fi lial. Afi nal, São Paulo detinha, e ainda detém, as maiores empresas alemãs
sediadas no Brasil. Como Sauer sempre foi um líder nato, conseguiu conduzir
todo esse processo sem ferir os regionalismos”.
Aliás, foi o próprio Wolfgang Sauer quem teve a ideia de criar o chamado
Conselho Integrado de 10 membros: seu presidente, três integrantes da Câmara
do RS, três do Rio e três de São Paulo.
Em outros países, segundo Foerster, havia apenas uma Câmara de Comér-
cio e Indústria, mas no Brasil foi possível criar um sistema de câmaras regionais
independentes. Ao longo dos anos, o Conselho Integrado consolidou-se como
porta-voz e coordenador das Câmaras.
Ainda hoje, por meio do Conselho, além da ligação com a DIHT e com a
Confederação da Indústria Alemã (BDI), é feito o contato com os órgãos ofi ciais
do Brasil e na Alemanha, quando se trata de reuniões empresariais e da Comis-
são Mista dos dois países.
O início da década de 1980 fi cou marcado por nova incursão do governo
brasileiro na Alemanha. De 8 a 10 de abril de 1981, o ministro da Fazenda, An-
tônio Delfi m Netto, sucessor de Mário Henrique Simonsen, viajou a Bonn para
negociar a concessão de novos créditos e atrair novos investimentos para o Bra-
sil. Exatamente um mês depois, o presidente João Figueiredo chegou à capital
alemã para uma visita ofi cial. Na sede do DIHT, houve debates entre represen-
tantes dos governos do Brasil e da Alemanha. A infl ação no Brasil, na época,
ultrapassava a marca de 140% e a dívida externa entrava em fase crucial.
Foi com grande esforço que a Câmara organizou o 6º Encontro Econômi-
co Brasil-Alemanha, no segundo semestre de 1981, em Porto Alegre. Com a
presença de representantes do governo federal, das Câmaras do Rio e de São
Paulo, o evento reuniu mais de 300 empresários gaúchos e um total de 85
alemães. A mesa dos trabalhos contou com o governador Amaral de Souza,
Helio Smidt; presidente da Varig e patrocinador do evento, ministro da Indús-
tria e Comércio, Camilo Pena; e o embaixador da Alemanha, representando
o presidente alemão. Especialmente para auxiliar na organização do evento, a
DIHT enviou o assessor Edgar Horny, cedido pelo Ministério da Economia
de Baden-Württemberg.
O Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que ocorre todo ano, alternada-
mente, entre cidades dos dois países, ainda hoje faz parte da agenda bilateral Brasil-
Alemanha e conta com duas grandes vertentes: uma empresarial e outra gover-
namental. Do lado empresarial, reúne empresários de diversos setores que têm a
oportunidade de interagir diretamente em reuniões individuais durante as rodadas
de negócios, o que transforma o Encontro em uma iniciativa concreta para aproxi-
mar a comunidade empresarial dos dois países. A vertente governamental consiste
nos encontros de representantes de ambos os governos, que se reúnem na Comis-
são Mista de Cooperação Econômica Brasil-Alemanha, mecanismo institucional
criado para dinamizar o intercâmbio econômico e comercial dos dois países.
Mesmo com o agravamento da crise da dívida externa, o fl uxo de capitais
privados da Alemanha para o Brasil continuou bastante elevado. Em 1984, os
ingressos regrediram, de 528,6 milhões de marcos, registrados no ano anterior,
para 130,2 milhões de marcos. Com a redemocratização do país, em novembro
de 1984, quando foi eleito, por via indireta, o candidato da oposição, Tancredo
Neves, esperava-se uma virada econômica e social no país, sob a égide da cha-
mada “Nova República”. No entanto, surpreendido com a morte de Tancredo e
a posse do vice-presidente, José Sarney, a crise aprofundou-se. Vários planos se
sucederam sem conseguirem debelar a infl ação, o que resultou em um crescente
desinteresse do capital alemão de investir no país.
Depois de três mandatos consecutivos, o empresário Ricco Harbich, em
cuja gestão foi ampliada a atuação da Câmara para o interior do estado, em 28
No segundo semestre
de 1981, a Câmara
organizou o 6º Encontro
Econômico Brasil-
Alemanha, que reuniu
representantes do governo
federal, das Câmaras
do Rio e de São Paulo,
cerca de 300 empresários
gaúchos e 85 alemães
A criação do Conselho Integrado das Câmaras l 39
40 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
de abril de 1986, indicou Klaus Wilms para seu sucessor. Natural de Wupper-
tal, Alemanha, ele veio para o Brasil em 1954, contratado para ser vendedor de
ferramentas no Rio de Janeiro. Em 1957, ingressou no grupo Zivi–Hércules,
de Porto Alegre, como gerente de vendas, chegando a diretor de exportações e
membro do conselho administrativo da empresa. Para a vice-presidência foi in-
dicado o engenheiro Alberto Franco e, como diretores, Ary Burger, Carlos Willy
Engels, Gerhard Joseph Theisen, Ludwig Hans Sicius, Horst Friedrich, Oscar
Foerster e Wolfgang Otto Weber.
Além da diretoria, a Câmara contava com um Conselho Superior Consul-
tivo, com oito integrantes, uma Comissão de Sindicância, com três membros,
e um Conselho Empresarial, com 45 integrantes. Nesse ano, a Câmara mudou
novamente o endereço de sua sede para a Rua Barão de Santo Ângelo, 33. Em
março de 1987, na mesma assembleia geral ordinária que formalizara o ingresso
na diretoria da Câmara de Horst Bals, da Andreas Stihl Moto-Serras Ltda., de
São Leopoldo, foi aprovada a alteração no estatuto que prorrogava o mandato da
diretoria por mais um ano. A entrada de Bals deveu-se ao pedido de mudança
de endereço profi ssional do vice-presidente Alberto Franco. Para o seu lugar foi
indicado o diretor Oscar Foerster.
Em abril de 1988, durante assembleia geral ordinária, realizada em sua nova
sede, a Câmara debateu a imagem do Brasil no exterior. Wilms, que estivera na
Alemanha nos primeiros meses do ano, comentou que os empresários europeus
estariam céticos e desanimados com o Brasil. Esse quadro contribuía para o re-
direcionamento dos investimentos do setor privado alemão para outros países.
Com a Constituinte de 1988, a situação fi cou pior, dada a defi nição de “empresa
brasileira com capital nacional”. Resultado das pressões dos seto res conservado-
Dirigentes da Câmara,
Klaus Wilms, no
meio, e Oscar Foerster
(E), recepcionam o
embaixador alemão
res, formulou-se o conceito de empresa brasileira, para caracterizar a empresa
estrangeira implantada no país, e empresa brasileira de capital nacional, o que
não foi bem recebido pelos alemães. Quanto à regulamentação das atividades
“da empresa brasileira com capital estrangeiro”, o novo conceito fi caria a cargo
de uma futura lei “baseada nos interesses nacionais do Brasil”. De toda maneira,
esses novos dispositivos constitucionais não podem ser responsabilizados pela
progressiva redução das inversões alemães no Brasil, ocorrida nos anos seguintes.
A reunifi cação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990, quando a antiga
Alemanha Oriental foi incorporada pela Alemanha Ocidental, alterou a rota dos
investimentos alemães em todo o mundo e diminuiu os recursos destinados
ao Brasil. Em 1991, o país ainda ocupou o quarto lugar entre aqueles em que a
Alemanha fi nanciava programas de cooperação técnica e o oitavo entre os con-
templados pelo Fundo de Auxílio ao Desenvolvimento, que destinou ao país,
desde o início dos anos de 1960 a 1990, um total de 2,7 bilhões de marcos. Com
a prioridade dada às obras de infraestrutura e modernização da zona oriental,
o governo de Bonn cortou, quase que de forma imediata, os recursos públicos
dirigidos a projetos de desenvolvimento nos países do terceiro mundo.
Reunião-almoço da
Câmara na Sociedade
Germânia com o
presidente do Deutsche
Bank, Christian
Reckmann em 1989
A criação do Conselho Integrado das Câmaras l 41
42 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Câmara inicia um novociclo de atividades
Sob a presidência de Klaus Wilms, a administração da Câmara, além de
manter forte a atividade institucional desenvolvida por seu antecessor,
passou a atuar com ênfase nos públicos interno (associados) e externo
(o mercado). Nessa linha, foi potencializada a expertise da entidade como ins-
tituição qualifi cada em prestar consultorias em negócios e na cooperação e na
transferência de know-how.
Seu sucessor, Horst Heinrich Friedrich Bals, exerceu quatro mandatos, de
1993 a 2002, no período de nove anos, época marcada por grandes mudanças no
Brasil. A década de 1990 iniciou com a eleição para a Presidência da República
de Fernando Collor de Mello. Depois de uma disputa no segundo turno com
Luiz Inácio Lula da Silva, líder sindical da região do ABC e um dos fundadores
do PT, o ex-governador de Alagoas – um dos estados mais pobres do Brasil–
chegou ao poder com a promessa de debelar a infl ação que, em apenas um ano,
de março de 1989 a março de 1990, chegou a 4.853%. Seu governo foi marcado
pela execução do Plano Collor e a abertura do mercado nacional às importações.
O Brasil começava a se abrir para o mundo.
Na época, a Câmara Brasil-Alemanha deu início a um novo ciclo em suas
atividades. Inicialmente voltada para o comércio, em sua primeira fase, e depois
para o incentivo à industrialização do Rio Grande do Sul, a entidade passou a dar
ênfase ao fomento à exportação.
Presidente Klaus Wilms
com o ex-presidente João
Lauro Kliemann
Nos anos de 1990, as exportações de calçados ganharam grande impulso no
Brasil, sobretudo do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Esse mercado
atraiu muito interesse da Europa, onde a Alemanha se constitui numa espécie
de porta de entrada para os países da União Europeia. Na época, a Câmara parti-
cipou de várias comissões mistas Brasil-Alemanha, junto com a Câmara de São
Paulo, responsável pela coordenação desses eventos.
O segundo fato marcante da década ocorreu em 1994, com o Plano Real do
presidente Fernando Henrique Cardoso, que resultou no fi m da infl ação, que che-
gou a 46,58% ao mês em junho de 1994, quando foi lançada a nova moeda: o Real.
Em 1995, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Bundesverband der
Deutschen Industrie (BDI), com o apoio do Conselho Integrado das Câmaras de
Comércio e Indústria Alemãs no Brasil, lançaram o Prêmio Personalidade Brasil-
Alemanha que, desde então, passou a fazer parte do Encontro Econômico Brasil-
Alemanha, lançado, inicialmente, em 1983. No primeiro ano, os agraciados foram
Eliezer Batista, ex-presidente da Vale do Rio Doce, e Hans Merkle, presidente de
honra da Robert Bosch GmbH. Em 1996, os homenageados foram Hermann
H. Wever, então presidente da Siemens do Brasil, e Berthold Beitz, presidente
de honra do conselho fi scal da Krupp. Na terceira edição do Prêmio, no Rio de
Janeiro, a Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul organizou um bem-
sucedido lobby a favor do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, então presidente
do grupo Gerdau. Junto com Gerdau, no mesmo ano, foi premiado Ernst Gün-
ther Lipkau, presidente de honra da Câmara Brasil–Alemanha de São Paulo.
O ex-presidente Horst Bals, em depoimento para este livro, lembrou a radical
transformação da imagem do Brasil a partir da introdução da abertura comercial e
do fi m da infl ação. “Com o livre comércio e uma infl ação sob controle, o Brasil se
tornou um país interessante para o mundo”, assinalou. “Os refl exos para a Câmara
não demoraram a aparecer. De repente, começamos a receber visitas de grupos
Horst Heinrich
Friedrich Bals exerceu
quatro mandatos no
período de nove anos,
numa época marcada
por grandes mudanças
no Brasil
Câmara inicia um novo ciclo de atividades l 43
44 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
empresariais de vários estados da Alemanha e a organizar encontros com empre-
sários brasileiros. Aí verifi camos um grande interesse de intercâmbio de ambos os
lados. Isso motivou a programação de viagens de empresários gaúchos e de outros
estados para a participação em feiras, como a de Hannover”.
Prosseguiu Bals: “Com a abertura, o Brasil aumentou sua atração em nível
internacional. A época marcou a vinda de uma série de empresas para o distrito
industrial de Cachoeirinha. Mesmo a Sthil, na década de 1990, aumentou seus
investimentos e trouxe novos produtos. Como ela havia se instalado em 1975, em
São Leopoldo, praticamente não cresceu, devido à chamada ‘década perdida de
1980’, o que também atingiu outras empresas do setor calçadista e metalúrgico”.
No mesmo período de mandato de Bals, a Câmara montou sob sua co-
ordenação, pela primeira vez, estandes coletivos tanto na Expointer, de Esteio,
como na Fimec (Feira Internacional de
Couros, Produtos Químicos, Componen-
tes, Equipamentos e Máquinas para Calça-
dos e Curtumes), de Novo Hamburgo, na
Fimma (Feira Internacional de Máquinas,
Matérias-Primas e Acessórios para a Indús-
tria Moveleira), de Bento Gonçalves.
“A política alemã também começou a se
fazer presente no Brasil. No ano 2000, rece-
bemos visita de uma delegação ofi cial alemã,
liderada pelo então ministro da Alimentação, da Agricultura e da Silvicultura da
Alemanha, Karl-Heinz Funke. Verifi camos e sentimos na Câmara as consequên-
cias da abertura de mercado como do Plano Real”, acrescentou o ex-presidente.
Em 1997, houve uma mudança no gerenciamento da entidade com a saída de
Ricardo Meyer, que ocupou o cargo de gerente-geral de 1975 até 1997. Em seu lu-
gar assumiu Gabriel Brennauer, hoje gerente da Câmara de Comércio e Indústria
Hungria-Alemanha. Bals recorda ainda que não foi somente nas atividades externas
que a Câmara pontifi cou naqueles anos. Na mesma época, se iniciaram os cursos
de auditor e gerenciamento ambiental, que ainda hoje são frequentados por grande
número de interessados. “Fomos a primeira Câmara binacional que começou a
discutir a questão ambiental com a formação dos primeiros auditores no estado”,
lembra o gerente Valmor Kerber, que participou ativamente da montagem daqueles
cursos. Ainda no mesmo período, houve a conquista do MBA Ambiental.
“A visita à Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul do presidente da
DIHT, Hans Peter Stihl, fi lho mais velho do fundador da Stihl na Alemanha,
também pode ser considerado um marco daquele período”, lembra Bals.
Em 2002, a Câmara estendeu suas
atividades – até então limitadas à
Região Metropolitana de Porto Alegre
– para municípios do interior do
estado, como Panambi, Caxias do Sul
e Rio Grande
No fi nal dos anos de 1990, a Câmara deu início aos cursos de formação de auditores e gerenciamento ambiental, de forma pioneira no Brasil
Câmara inicia um novo ciclo de atividades l 45
46 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Outro evento de destaque foi a adesão da Câmara ao Programa Gaúcho de
Qualidade e Produtividade (PGQP), tendo sido premiada na Categoria Meda-
lha de Bronze, na edição de 2002. “Naquele período, além de ampliar os conta-
tos com os meios de divulgação, a entidade estendeu suas atividades – até então
limitadas à Região Metropolitana de Porto Alegre – para municípios do interior
do estado, como Panambi, Caxias do Sul e Rio Grande. O alto grau de interesse
desses municípios refl etiu o grande leque de atividades que caracteriza a Câ-
mara, o que inclui encontros empresariais, feiras, cursos e eventos”, recorda o
ex-presidente da Câmara.
Bals, por motivos de saúde e acúmulo de funções na empresa Stihl, onde
atuava como executivo, em 24 de abril de 2002, passou a presidência da Câmara
para o seu vice, Oscar Foerster, que completou o seu mandato. Advogado, fi lho
do professor Gustavo Foerster, que, na década de 1920, veio para o Brasil con-
tratado pela Igreja Luterana, mantinha ligações com a Câmara desde os anos de
1960, quando se tornou procurador de uma série de empresas alemãs que se ins-
talaram no estado. Além de diretor e vice-presidente da Câmara durante várias
gestões e de sua vasta experiência e atuação direta nas relações Brasil-Alemanha,
exerceu o papel de uma espécie de conselheiro em diversas áreas, não somente
naquelas de sua especialidade, como o direito e as fi nanças, em que colabora
como auditor dos balanços da entidade. Como novo presidente da Câmara, Fo-
erster iria testemunhar o início de uma nova era de transformações no Brasil,
com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, na Presidência da República.
Logo no início daquele ano eleitoral, dada a sua grande vantagem nas pes-
quisas, a vitória de Lula já se prenunciava. Além da crise de balanço de paga-
mentos e das altas taxas de juros – o rendimento médio dos títulos indexados ao
dólar chegou a 75% ao ano –, os índices de desemprego eram cada vez mais altos.
Dada essa conjuntura, o Brasil teve que recorrer a empréstimo junto ao FMI.
Em 2003 a infl ação foi controlada e os juros começaram a ceder. Ao mesmo tem-
po, o governo aprovou as minirreformas na Previdência e do sistema tributário.
A visita à Câmara Brasil-Alemanha
do presidente da DIHT, Hans Peter
Stihl, fi lho mais velho do fundador da
Stihl na Alemanha, é considerado um
marco dos anos de 1990
A Câmara nos dias de hoje
P residente por dois mandatos, Oscar Foerster transmitiu o cargo, em
30 de março de 2006, para o seu sucessor: André Meyer da Silva, vice-
presidente da empresa Máquinas Condor.
Convidado para participar da entidade pelo então presidente, Klaus Wilms,
Meyer, genro do fundador da Condor, Ferdinand Kisslinger, de origem alemã, além
de gestor alinhava a qualidade de expertise em mercado internacional. No mesmo
ano, em junho, o gerente-geral da Câmara, Lars Grabenschröer, foi transferido para
a Câmara de São Paulo, sendo substituído pela executiva Débora Creutzberg.
No mês seguinte, o presidente André Meyer da Silva participou de reunião
da Aliança Mercosul, realizada em Montevidéu. Com representantes das Câma-
ras do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Porto Alegre, do Uruguai, da Argentina e
do Paraguai, o grupo discutiu o declínio do bloco, cujo processo iniciara-se com
a desvalorização do real em janeiro de 1999, agravado com a crise econômico-fi -
nanceira argentina, entre 2001 e 2002. Esse quadro mobilizou as representações
das Câmaras dos quatro países integrantes do bloco, na tentativa de resgatar os
compromissos assumidos desde a sua criação.
Em setembro de 2007, a Câmara mudou-se para a Rua Castro Alves, 600,
atual endereço.
Reeleito em 2008, André Meyer da Silva, na mesma assembleia geral da
eleição, sugeriu a criação do cargo de presidente de honra para Horst Bals, em
homenagem a sua dedicação e esforço pessoal para o crescimento da Câmara.
Em março de 2008, Valmor Kerber assumiu o cargo de gerente geral no lugar
de Débora Creutzberg, transferida para a Câmara de São Paulo. Executivo de alta
experiência, fl uente em alemão, Kerber ocupou vários cargos na Câmara no perí-
Assembleia geral
ordinária, em 2002,
elegeu Oscar Foerster
para a presidência
da Câmara
A Câmara nos dias de hoje l 47
48 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
odo entre 1986 e 2003, quando se desligou para atender o convite de uma empresa
de capital alemão. Naquele mesmo ano, e em 2009, fez várias viagens de prospecção
de negócios na Alemanha, que resultaram em solicitações de serviços e viagens de
delegações alemãs ao estado. Com o objetivo de fomentar relacionamentos, Kerber
também conduziu a política de novas parcerias com entidades, como o Conselho
Regional de Administração, a Federação do Comércio do Rio Grande do Sul, o
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon), a
Sociedade de Engenharia e outras câmaras bilaterais, entre outros.
Novamente eleito para a presidência da Câmara, em março de 2010, numa re-
trospectiva de suas ações, André Meyer da Silva destacou a crescente interiorização
da Câmara por meio de uma série de eventos em vários municípios. Nesses locais, as
equipes da entidade apresentam aos empresários as principais linhas de sua atuação.
As reuniões-almoço na terceira quinta-feira de cada mês, as rodadas de ne-
gócios entre empresas de estados da Alemanha e do Rio Grande do Sul, além de
uma série de eventos, seminários e treinamentos passaram a formar a tônica da
atuação da Câmara. Focada principalmente na prestação de serviços oferecidos a
II Seminário
Destino Exportador
Alemanha, realizado
na Associação
Comercial de Porto
Alegre, em junho
de 2004, atraiu
grande interesse de
empresários gaúchos
quem se prepara para o mercado local e global, a entidade mantém sua estratégia
de antecipar-se às tendências, sobretudo nas áreas de gestão e de sustentabilidade.
A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul
atualmente é composta por cerca de 250 empresas associadas. Conta com uma
privilegiada localização na região do Mercosul, o que desperta o interesse cada
vez maior em futuras parcerias.
As Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha fazem parte de uma
rede de mais de 120 Câmaras em 80 países, sendo três unidades regionais e 10
sucursais no Brasil. Fazem parte de uma entidade guarda-chuva denominada
Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria - DIHK.
Fundada em maio de 1861, em Heidelberg, situada no vale do rio Neckar,
no noroeste do estado de Baden-Württemberg, a DIHT – Confederação das Câ-
maras de Comércio da Alemanha foi cons-
tituída por representantes de câmaras de co-
mércio. Em protesto contra o nazismo, em
1942, suspendeu suas atividades. Em 1945
foi restabelecida, mudando-se, em 1950, de
Ludwigshafen para Bonn. Em 20 de junho
de 1991, a DIHT anunciou sua nova mu-
dança para Berlim, passando, em 2001, a de-
nominar-se DIHK – Confederação Alemã
das Câmaras de Comércio e Indústria.
A DIHK representa os interesses da
economia alemã. Cerca de 3,5 milhões de empresas estão associadas a 81 câmaras
alemãs de indústria e comércio (IHK). Cento e vinte câmaras de comércio exte-
rior organizadas bilateralmente (AHK), escritórios delegados e representações da
economia alemã em todo o mundo incentivam as relações econômicas interna-
cionais das empresas alemãs. O modelo alemão de incentivo ao comércio exterior,
formado por três colunas – a Agência Federal de Comércio Exterior (GTAI), as
representações ofi ciais no estrangeiro (embaixadas e consulados) e as câmaras de
comércio exterior –, contribuiu decisivamente para o sucesso da economia daque-
le país nos mercados mundiais. Hoje, as exportações respondem por 38% de seu
Produto Interno Bruto (PIB) e garantem quase 9 milhões de empregos.
Devido ao crescente número de empresas brasileiras que exportam ou de-
sejam exportar seus produtos para a Alemanha e a Europa, as Câmaras alemãs
no Brasil estão também representadas, desde abril de 2004, por um escritório em
Frankfurt. O Ano da Alemanha no Brasil, programado para 2013, será uma das
grandes oportunidades de “criar novas pontes de cooperação entre os dois países.”
Cerca de 3,5 milhões de empresas associadas
a 81 câmaras alemãs de indústria e comércio e
120 câmaras de comércio exterior organizadas
bilateralmente, além de escritórios delegados
e representações da economia alemã, em todo
o mundo, incentivam as relações econômicas
internacionais das empresas alemãs
A Câmara nos dias de hoje l 49
50 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Zusammenfassung der Geschichte der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Handelskammerin Rio Grande do Sul
52 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre
Mit einem Export von Waren im Wert von 234 Millionen Goldmark
im Jahr 1913 überfl ügelte der Außenhandel Deutschlands mit Bra-
silien den mit den Vereinigten Staaten und drohte auch den Vor-
rang Großbritanniens abzulösen. Diese Position des zweiten Handelspartners
Brasiliens – sowohl im Export als auch im Import – behielt Deutschland bis
im Jahr 1914 bei, als der Erste Weltkrieg drastisch den Handelsfl uss mit ganz
Europa beeinträchtigte. England wollte die Handelskonkurrenz der Länder, die
Beziehungen zu dem befeindeten Deutschland unterhielten, ausschalten. Aus
diesem Grund sahen sich brasilianische Unternehmer gezwungen – und sogar
solche, die sich in Länder befanden, die sich nicht am Kriegsgeschehen beteilig-
ten – ihre Handelsbeziehungen zu deutschen Firmen zu unterbrechen.
Unter diesen Umständen entschieden sich deutschstämmige Kaufl eute,
besonders aus den Bundesländern São Paulo, Rio de Janeiro und Rio Grande
do Sul, zu vereinigen, um die von den Britten verursachten Subsistenzschwie-
rigkeiten bekanntzumachen. So kam es, dass am 3. August 1916, in Rio die
Vereinigung der Deutsch-Brasilianischen Handelshäuser entsand. Diese Vereinigung
wandelte sich später in die Deutsch-Brasilianische Kammer zu Rio de Janeiro um.
Am 27. November des gleichen Jahres wurde im Germania-Verein, im Zen-
trum der Stadt São Paulo, die Vereinigung der Deutsch-Brasilianischen Handelsfi rmen
in São Paulo – die heutige Deutsch-Brasilianische Industrie und Handelskammer – ge-
gründet.
In dem Zeitraum vor dem Zweiten Weltkrieg war Brasilien der zweite
Handelspartner Deutschland, mit einer Beteiligung von 20% an den Exporten
– während die Vereinigten Staaten mit 25% der Einschiffungen ihr Hauptlie-
ferant war.
Als aber die brasilianische Regierung unter Getúlio Vargas sich zu den Al-
liierten wandte, wurden alle Handelsbeziehungen zwischen beiden Ländern
unterbrochen.
Die im Lande wohnenden Deutschen, Japaner und Italiener wurden stark
unterdrückt, was auch im August 1942 zur Schließung der Handelskammer
in São Paulo führte. Im ganzen Land wurden Clubs und Vereine geschlossen,
Schulen verstaatlicht und deutschen Lehrer das Unterrichten untersagt.
Sechs Jahre später, genauer gesagt, am 27. August 1948, wurde feierlich in
den Räumen des Handelsregisters São Paulo die Deutsch-Brasilianische Kammer
neu gegründet. Nach New York ist São Paulo die zweite Stadt im Ausland,
in der eine Außenhandelskammer nach dem Krieg entstand. Unter den zur
Feierlichkeit geladenen 300 Gästen befanden sich der ehemalige Bürgermei-
ster von Porto Alegre, Alberto Bins, und der Geschäftsführer der Zweigstelle
Zusammenfassung l 53
der Firma Bromberg in Porto Alegre, Max Ertel – beide nun Mitglieder der
Leitung der neuen Institution. Es war auch bei dieser Gelegenheit, dass in den
Reden, die Absicht eine Vertretung der deutschen Kammer São Paulo in Rio
Grande do Sul zu gründen, erwähnt wurde. Dies verwirklichte sich am 28.
April 1949 in den Räumen des Handelsregisters zu Porto Alegre. An der Er-
öffnungssitzung nahmen 42 Wegbereiter teil, unter ihnen die bekannten Her-
ren Otto Ernst Meyer, Gründer der Fluggesellschaft VARIG, und A.J.Renner,
ein vielseitiger Unternehmer.
Der Unternehmungsgeist der deutschstämmigen Handelsleute in Porto
Alegre fand sofort Widerhall und brachte kurz darauf die erste deutsche Han-
delsdelegation in die Stadt. Unter Leitung des Diplomaten Vollrath Freiherr
von Maltzan, landete die Delegation am 23. April 1950 auf dem Flugplatz in
Rio de Janeiro und begab sich kurz darauf nach São Paulo und Porto Alegre,
wo sie durch die entsprechenden Kam-
mern empfangen wurde.
Am 12. September 1950, richtete die
Abteilung der Deutsch-Brasilianischen
Kammer São Paulo ihr erstes Büro in Por-
to Alegre in der Uruguay-Straße, im Bier &
Ullmann-Gebäude, ein.
Im Juli des darauffolgenden Jahres er-
öffnete die deutsche Botschaft ihre Türen
in der Bundeshauptstadt, unter Leitung des ersten Botschafters der Nach-
kriegszeit, Fritz Oellers. Mit dieser neuen Annäherung beider Länder nahm
man auch wieder den Technologie- und Kapitaltransfer nach Brasilien auf.
Mit Ansporn deutscher Seite siedelten sich unzählige Firmen in den Bun-
desländern São Paulo, Rio de Janeiro und Minas Gerais an. Dieses Verfahren
wurde besonders durch Maßnahmen wie Güterzugänge ohne Kursdeckung,
Exporte und Finanzierungsfristen von bis zu fünf Jahren gefördert.
Mit dieser neuen Konjunktur, wurde der alte Gedanke eine Vertretung
aufzubauen, die die Beziehungen der deutschen Geschäftsleute und ihren
Nachfahren in Rio Grande do Sul zu lokalen Institutionen und Behörden
zu fördern, unaufschiebbar. Mit dieser Absicht trafen sich am 22. Juli 1955
25 Unternehmer, um die Deutsch-Brasilianische Handelskammer in Rio Grande
do Sul zu gründen. Während damals Brasilien etwa 52 Millionen Einwohner
zählte, hatte das Bundesland etwas über 4,5 Millionen Einwohner, von denen
6,16% Ausländer waren, Italiener, Uruguayer und Deutsche in der Mehrheit.
Neben den Gründungsmitgliedern – mehrheitlich aus Unternehmern des
Am 12. September 1950, richtete die
Abteilung der Deutsch-Brasilianischen
Kammer São Paulo ihr erstes Büro in
Porto Alegre in der Uruguay-Straße,
im Bier & Ullmann-Gebäude, ein
54 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre
Imports und Exports zusammengesetzt – haben auch zwei Vertreter der Han-
delskammer São Paulo das Protokoll der ersten außerordentlichen General-
versammlung unterzeichnet.
Mit der Trennung von der Kammer aus São Paulo, wollten die rio-granden-
ser Kaufl eute einen Beitrag zur stärkeren Anziehungskraft deutscher Investitio-
nen in ihr Bundesland leisten und auch die Beziehungen zu Handelskammern
in Deutschland stärken.
Folgende war die Zusammensetzung des ersten Vorstands, mit einer Amts-
zeit von zwei Jahren: Vorsitzender: Wilhelm Kunhardt, der Firma Represen-
tações e Importações Liess Ltda; Stellvertreter: Otto Ernst Meyer, Gründer
der Varig S. A.; Direktoren: Emilio Hillmann, der Firma Ferragem Kirchner
Hillmann S.A; Guilherme A. Lamberts, der Firma Lamberts S.A.; Schriftführer
war Günter Schiersner.
Das Ende der Gouverneursperiode
des Ildo Meneghetti (1955-1959) be-
deutet auch der Übergang des Bundes-
landes in eine neue Fase. Sein Nach-
folger, der Diplom-Ingenieur Leonel
Brizola, wies gleich zu Anfang seiner
Amtszeit auf die - wie er sich aus-
drückte - regionalen Ungleichheiten in
Brasilien hin. Hervorgerufen durch den
Entwicklungsplan des Bundespräsiden-
ten Juscelino Kubitschek de Oliveira
(1956-1961) würde, so Brizola, dem Bundesland Rio Grande do Sul nur eine
marginale und untergeordnete Rolle zugesprochen werden, was sich allerdings
auch auf die weiteren Bundesländer des Süden Brasiliens – Paraná und Santa
Catarina – erstrecke. Die weitläufi gste Frage der damaligen Konjunktur war
das Fehlen von Finanzierungsquellen, verschärft durch eine hohe Infl ation,
die den Finanzhäusern große Risiken zufügte.
Zu dieser gleichen Zeit wurde der Kammer in São Paulo bewusst, dass die
hohen Investitionen in Kapitalgütern ihr neue Aufgaben brachte. So kam es,
dass am 26. Oktober 1960, die Generalversammlung den Vorschlag verabschie-
dete, den Namen auf Deutsch-Brasilianische Industrie- und Handelskammer zu er-
weitern. Diese Neuerung stieß im ersten Augenblick auf Gleichgültigkeit bei
der Kammer in Rio Grande do Sul. Aber schon Ende des Jahres 1961 wurde
zum ersten Mal die Möglichkeit erwogen, den gleichen Schritt in die Wege zu
leiten, denn auch hier war die Industrialisierung seit Ende der 1950-er Jahre fest
Mit der Trennung von der Kammer aus
São Paulo, wollten die rio-grandenser
Kaufl eute einen Beitrag zur stärkeren
Anziehungskraft deutscher Investitionen
in ihr Bundesland leisten und auch die
Beziehungen zu Handelskammern in
Deutschland stärken
Zusammenfassung l 55
im Gang. Die Zweige, die sich vorrangig entwickelten, waren die der elektrischen
Komponenten, des Maschinenbaus und der Herstellung von Karosserien von
Omnibussen und LKWs. Diese Lage weckte das Interesse der deutschen Unter-
nehmern an die lokale Wirtschaft.
Am 31. März 1964 wurde Bundespräsident João Goulart durch das Militär
gestürzt. Als Nachfolger wurde General Humberto Castello Branco ernannt.
Mit Aufmerksamkeit verfolgte die Deutsche Botschaft die Ereignisse und
schlug vor, den vorgesehenen Besuch des Bundespräsidenten Heinrich Lübke
nochmals auf einen günstigeren Augenblick zu verschieben. Der Besuch war
eigentlich für den Monat Oktober 1963 geplant, wurde aber dann verlegt, und
jetzt wieder verschoben, nun auf den Monat Mai 1964.
Sobald die Bestätigung des Besuchs bekannt wurde, setzte sich die Deutsch-
Brasilianische Kammer in Rio Grande do Sul in Bewegung, um Porto Alegre in
den Reiseplan des Bundespräsidenten aufzunehmen. Doch der Traum verlief
schnell im Sande. Während einer der Vorstandssitzungen kam die Nachricht, dass
das deutsche Außenministerium Rio Grande do Sul nicht in das Programm auf-
genommen hatte. Ohne sich damit abzufi nden, beschloss der Vorstand noch an
diesem Tag alle Hebe in Bewegung zu setzen, um auf dem diplomatischen Weg
den Reiseplan des Bundespräsidenten zu ändern und das Bundesland doch noch
in Lübkes Brasilienbesuch aufzunehmen – schließlich könne die Regierung nicht
die Einwanderung der ersten Deutschen in Brasilien außer Acht lassen.
Gleich zu Beginn des Monats Mai 1964 kam der Präsident der Bundesre-
publik Brasilien, Heinrich Lübke, nach Brasilien. Dies war der erste Staatsbe-
such nach dem Militärputsch vom 31. März. Neben der diplomatischen Rele-
vanz des Besuchs für beide Länder kam die Delegation auch mit dem Auftrag,
über die Vertagung der brasilianischen Schulden vor dem Den-Haag-Club zu
beraten. Die Verhandlungen mit den Gläubigern war auf den kommenden
August vorgesehen. Lübke wurde von 40 Journalisten begleitet, eine Tatsache,
die großen Widerhall weltweit erreichte. Das Treffen der beiden Präsidenten
diente als Visitenkarte für den Brasilianer besonders vor den weiteren Län-
dern Europas.
Außer Brasília, Rio de Janeiro und São Paulo fügte Lübke Porto Alegre in
seiner Reise durch Brasilien ein, was der außerordentlichen Anstrengung der
Kammer zu Verdanken ist. Am 9. Mai stieg also Lübke auf dem Flughafen in
Porto Alegre aus einer Maschine der Lufthansa aus und wurde begeistert von
einer Menge Menschen empfangen, die er persönlich einzeln begrüßte. Da-
nach begab er sich zum Empfang durch den Gouverneur Ildo Meneghetti. Der
Vorstand der Kammer konnte im Protokoll ihrer Sitzung eine der wichtigsten
56 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre
Errungenschaften ihrer Amtszeit verzeichnen: Der Besuch des Bundespräsidenten
in Porto Alegre, aufgrund der Anstrengungen vor deutschen Diplomaten.
Außer der Anerkennung der neuen Regierung, diente der Besuch, um
den Deutsch-Brasilianischen-Vertrag aufzuwerten. Er war im Jahr 1961 unter-
schrieben, war aber dann eingefroren worden. Es handelte sich unter Anderem
um den Transfer von 200 Millionen Mark nach Brasilien. Dieser Betrag war
der durch den Industrie- und Handelsministers des abgesetzten Präsidenten
Goulart und ehemaligen Vorsitzenden der Deutsch-Brasilianischen Handels-
kammer von Rio Grande do Sul, Egydio Michaelsen, ausgehandelt worden.
Der erste Teil dieser Mittel wurde im Juli 1965 freigestellt, als Verträge zur Fi-
nanzierung von Projekten in Brasilien unterzeichnet wurden.
Das Jahr 1970 zeigt den Beginn des so genannten brasilianischen Wirtschafts-
wunders an, der sich bis im Jahr 1973 erstreckte und sich durch ein Wachstum
von ca. 10% des jährlichen Bruttosozialprodukts kennzeichnete. Anderseits, er-
weiterte damals das Regime die Unterdrückung der Opposition.
Trotz Gewinne durch die Beteiligung in der industriellen Struktur auf den
Gebieten der Zwischenproduktions- und Kapitalgütern, behielt das Bundesland
Rio Grande do Sul sein Merkmal als Produzent von nichtdauerhaften Konsum-
gütern – die praktisch die Hälfte der Gesamten Produktion darstellten – bei.
Nach einer zwischenzeitlichen Unterbrechung der Geschäfte begann in
diesem Jahr wieder der Fluss von Unternehmer- und Politikerdelegationen.
Da es damals keine direkte Flugverbindung nach Brasilien gab, fl og man über
Porto Alegre nach Buenos Aires, um von dort aus nach Deutschland zu gelan-
gen. Aus diesem Grund nutzten viele Geschäftsleute die Gelegenheit, die lokale
Wirtschaftslage kennen zu lernen. Dies trug dazu bei, dass verschiedene kleine
Unternehmen mit deutschem und brasilianischem Kapital entstanden. Einige
entwickelten sich, andere schlossen schnell auch wieder ihre Türen.
Das Textilmaschinenbauunternehmen Barmag war das größte Unter-
nehmen unter ihnen und setzte sich in São Leopoldo an. Andere Unterneh-
men, wie Bessey, aus der Maschinenbau- und Werkzeugbranche begannen
ohne Beteiligung des Ortskapitals und mussten schließen. Den höchsten
Erfolg errang die Firma Stihl, Herstellen von Motorsägen. Das Unterneh-
men begann ihre Tätigkeiten in einem gemieteten Schuppen mit der Ka-
pitalbeteiligung des örtlichen Unternehmens Trilho-Otero. Die Gründe,
warum das Bundesland Rio Grande do Sul und die Stadt São Leopoldo zur
Einrichtung des Unternehmens ausgesucht wurden, waren die industrielle
Tätigkeit im Bundesland, der positive Einfl uss der deutschen Einwande-
rung und das Bestehen eines großen Marktes für ihre Erzeugnisse. Schon
Zusammenfassung l 57
im Jahr 1975 konnte Stihl ihre eigenen Hallen im Industriebezirk der Ge-
meinde São Leopoldo beziehen.
Um das Jahr 1974 zog die brasilianische Wirtschaft immer mehr die Auf-
merksamkeit der deutschen Unternehmen auf sich. Im August dieses Jahres
besuchte eine Delegation von 23 Unternehmern, unter Leitung des Vorsit-
zenden des Bundesverbands der
Deutschen Industrie-BDI, Hans-
Günther Sohl, Mitglied der Thyssen-
Gruppe, die Städte São Paulo, Brasí-
lia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro
und Porto Alegre. Im gleichen Jahr
wurde eine Gemischte Deutsch-
Brasilianische Kommission einge-
richtet, mit dem Ziel bilaterale The-
men zu erörtern.
Die 1970-er Jahre brachten der
Kammer neuen Aufschwung, sodass
der Sitz in die Coronel-Vicente-Stra-
ße 452 verlegt wurde. Die Kammer
war gegründet worden, unter der Voraussetzung den Zugang zu deutschen Ex-
porteuren zu erleichtern. Der Handelszweig war bis zu dieser Zeit vorrangig.
Aber aufgrund der fast explosiven Entwicklung verschiedener anderen Wirt-
schaftsbranchen, verlagerte sich der Schwerpunkt auf die Industrie, wie man
aus einem Bericht ersieht, der von der Kammer in Deutschland zur Bekannt-
machung des Bundeslandes Rio Grande do Sul veröffentlicht wurde. Daraus
ergab sich, dass der Besuch deutscher Unternehmer regelmäßiger wurde. Sehr
oft wurden die Delegationen von Politikern und Ministerpräsidenten verschie-
dener deutscher Länder begleitet. Dies trug auch dazu bei, dass sich neue Toch-
tergesellschaften besonders im Inneren des Bundeslandes mit der Beteiligung
des deutschen Kapitals oder Know-hows bildeten. Diese Übergangsperiode
kennzeichnet sich auch durch die Erneuerung der Direktoren der Kammer aus.
Mit dem Fortschritt des rio-grandenser Industrieparks in den Jahren 1970-
1975 wurde dem Vorstand klar, dass die Bezeichnung der Kammer geändert
werden musste. So kam es, dass am 16. September 1976, einstimmig die neue
Bezeichnung Deutsch-Brasilianische Industrie- und Handelskammer in Rio Grande do
Sul gebilligt wurde. In der gleichen außerordentlichen Generalversammlung
wurde die Erhöhung der Anzahl der Direktoren von sechs auf acht und das
Zusammenfallen des Geschäftsjahr mit dem Kalenderjahr verabschiedet.
Mit dem Fortschritt des rio-grandenser
Industrieparks in den Jahren
1970-1975 wurde dem Vorstand klar,
dass die Bezeichnung der Kammer
geändert werden musste. So kam es, dass
am 16. September 1976, einstimmig die
neue Bezeichnung Deutsch-Brasilianische
Industrie- und Handelskammer in Rio
Grande do Sul gebilligt wurde
58 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre
In den 1980-er Jahre setzte die Kammerverwaltung Schwerpunkte, sowohl
in Bezug auf die eigenen Mitglieder als auch auf den Markt. Daraus ergab sich,
dass das Potenzial der Kammer als Beratungsstelle für Geschäfte und für die
Kooperation und den Transferenz von Know-how erweitert wurde.
Die 1990-er Jahre begannen mit der Wahl des Bundespräsidenten Fer-
nando Collor de Mello. Seine Amtszeit kennzeichnet sich sowohl durch den
Versuch die starke Infl ation unter Kontrolle zu bringen als auch durch die
Öffnung des Binnenmarkts für den Import im Allgemeinen aus. Brasilien öff-
nete sich der Welt.
Gleichzeitig trat die Kammer einen neuen Tätigkeitszyklus an. Der erste
Entwicklungsabschnitt hatte sich durch die Förderung des Handels gekenn-
zeichnet, die Zweite, durch besondere Aufmerksamkeit auf die Industrialisie-
rung und nun kam ein dritter Abschnitt mit besonderem Akzent auf den Export.
Der Schuhwarenexport bekam gro-
ßen Antrieb in den 1990-er Jahren. Das
Tal des Sinos-Flusses entwickelte sich zu
einem starken Schuhwarenexporteur.
Der europäische Markt weckte besonde-
res Interesse und Deutschland wurde zu
einer Art Eingangstür für die Länder der
Europäischen Union.
Die Einführung der Real-Währung
in Brasilien während der Amtszeit des
Präsidenten Itamar Franco und die
gleichzeitige Beendigung der Infl ationskultur brachten eine radikale Änderung
des Images Brasiliens im Ausland. Die Auswirkungen dieser Maßnahmen ließen
nicht lange auf sich im Bundesland Rio Grande do Sul warten. Immer öfter
trafen Delegationen aus verschiedenen Bundesländern ein.
Zu dieser Zeit entschied sich die Kammer an den wichtigsten Ausstellun-
gen und Messen im Bundesland teilzunehmen, besonders die Expointer, eine
land- und viehwirtschaftliche Messe, in Esteio; die Fimec, eine internationale
Messe für Leder, Chemikalien, Einrichtungen und Maschinen für die Schuh-
warenbranche und Gerbereien, in Novo Hamburgo, und die Fimma, interna-
tionale Messe für Maschinen, Rohstoffe und Zubehör der Möbelindustrie, in
Bento Gonçalves.
Auch deutsche Politiker sind oft in Brasilien anwesend. Im Jahr 2000 empfang
Porto Alegre eine offi zielle Delegation, die vom damaligen Bundesminister für
Nahrungsmittel, Land- und Forstwirtschaft, Karl-Heinz Funke, geleitet wurde.
Auch deutsche Politiker sind oft in
Brasilien anwesend. Im Jahr 2000
empfang Porto Alegre eine offi zielle
Delegation, die vom damaligen
Bundesminister für Nahrungsmittel,
Land- und Forstwirtschaft, Karl-Heinz
Funke, geleitet wurde
Zusammenfassung l 59
Es waren aber nicht nur die Tätigkeiten nach Außen, die die Kammer in
jenen Jahren auszeichneten. Damals begann das Angebot von Lehrgängen für
Wirtschaftsprüfer und Umweltmanager, die noch heute gut besucht sind.
Der Besuch des Vorsitzenden des Deutschen Industrie- und Handel-
tags-DIHT, Hans Peter Stihl, ältester Sohn des Gründers des Unterneh-
mens, das Seinen Namen trägt, kann auch als ein Höhepunkt damaliger Zeit
angesehen werden.
Ein anderes Merkmal, das hervorgehoben werden darf, ist der Anschluss
der Kammer an das Rio-Grandenser Qualitäts- und Produktivitätsprogramm.
Im Jahre 2002 wurde die Kammer mit der Bronzemedaille dieses Programms
ausgezeichnet.
In dieser Zeit fällt auch der Entschluss, die Tätigkeiten der Kammer auf
weitere Gemeinden im Innern des Bundeslandes Rio Grande do Sul zu erwei-
tern. Bis dahin, beschränkte man sich auf den Raum Groß-Porto Alegre, dehnte
jetzt das Wirkungsfeld auf Städte wie Caxias do Sul und Panambi aus. Der Wi-
derhall aus diesen Gemeinden erweist sich aus dem breitgefächerten Angebot
an Dienstleistungen, das sich aus Begegnungen von Unternehmern, Messen,
Lehrgängen und andere Veranstaltungen kennzeichnet.
Heute steht der Deutsch-Brasilianischen Kammer in Porto Alegre Herr An-
dré Meyer da Silva vor. Etwa 250 Unternehmen sind an ihr gebunden und pro-
fi tieren von der privilegierten Lage des Bundeslandes in Bezug auf die Märkten
in Uruguay, Paraguay, Chile und Argentinien, was zu einem wachsenden Inter-
esse an neuen Partnerschaften führt.
Wegen der ansteigenden Zahl von brasilianischen Unternehmen, die nach
Deutschland bereits exportieren oder Interesse daran haben, sich am deutschen
Markt zu beteiligen, sind die deutsch-brasilianischen Kammern seit April
2004 in Frankfurt mit einem Büro vertreten. Dieses Büro erweist sich als wich-
tiger Stützpunkt für brasilianische Unternehmer, die sich auf dem deutschen
und dem europäischen Markt entfalten möchten. Das Jahr 2013 wird das Jahr
Deutschlands in Brasilien sein und bietet die Möglichkeit, neue Brücken zwischen
beiden Ländern zu schlagen.
60 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Alemanha, o país das feiras
C riadas no início da Idade Média, muitas vezes vinculadas a uma festa pa-
roquial, chamadas quermesses, as feiras alcançaram o seu apogeu entre
os séculos 15 e 17. Foi uma permissão do imperador Maximiliano, da-
tada de 1507, que originou a Feira de Leipzig – de grande signifi cado econômico
a partir do século 18.
Nos últimos anos, ao lado das feiras de caráter universal, surgem, cada vez
mais, feiras especializadas, que abrangem um ou mais setores econômicos. A
Alemanha, considerada o “país das feiras”, enumera em seu calendário mais de
300 feiras e exposições de porte suprarregional ou internacional. Detém, atual-
mente, mais de 60% das feiras líderes mundiais. Uma das mais importantes é a
Feira de Hannover, criada em 1947, que é realizada anualmente na primavera.
A Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul representa, no Brasil,
pelo menos cinco feiras, para as quais organiza missões empresariais. Além disso,
planeja pacotes de visitas para várias outras de interesse do empresariado gaúcho.
A Spielwarenmesse, de Nurembergue, por exemplo, começa a fazer parte do
calendário anual de eventos de um número cada vez maior de empresas brasilei-
ras. Em suas últimas edições, mais de 300 visitantes do Brasil marcaram presença
naquela que é considerada a maior feira de brinquedos do mundo.
Organizadas pela Câmara, as missões empresariais do Brasil na Spielwaren-
messe iniciaram-se em 2007, com a participação de apenas três expositores. No
A Alemanha enumera
em seu calendário mais
de 300 feiras e exposições
de porte suprarregional
ou internacional
ano seguinte, o número evoluiu para nove, correspondente a um espaço de 109
metros quadrados.
“Os resultados da feira de brinquedos foram muito positivos na nossa pri-
meira participação”, diz Thiago Richter Senden, da área de marketing da Ricsen
Ltda., de Curitiba (PR). Tradicional fabricante de bichos de pelúcia e de pantufas
animadas, fundada em 1987, a empresa fechou negócios com clientes da Itália,
da França, da Alemanha, da Inglaterra e do Kuwait. Além disso, encaminhou
parcerias estratégicas com outras empresas presentes no evento.
“A participação na feira de Nurember-
gue representou um marco para o início de
nossas operações internacionais. Foi a par-
tir dela que começamos os contatos com o
mercado europeu”, acrescenta o executivo.
Outro exemplo de sucesso é o da Xa-
lingo S/A Indústria e Comércio, de Santa
Cruz do Sul (RS). Dona de uma linha de
cerca de 850 itens como triciclos, jogos, bo-
las e regadores, ela expõe seus produtos em
Nurembergue em todos os anos. “Além da oportunidade de abrir novos merca-
dos, o evento proporciona uma visibilidade bastante signifi cativa”, diz o diretor
da empresa, João Ebert.
A Agritechnica (Exposição Internacional de Tecnologia Agrícola), que se re-
aliza em Hannover, registra perto de 2 mil expositores de 40 países a cada ano.
Mais de 45% desses expositores são estrangeiros. A maioria da Itália, da Holanda,
da França, da Áustria e da Turquia. Além de organizar missões à feira, a agenda
preparada pela Câmara inclui visitas aos maiores fabricantes do setor.
A EuroTier, de Hannover, o maior evento em exposição de animais de cria-
ção, atrai mais de 120 mil visitantes do ramo. São 170 mil metros quadrados de
área de exposição, espalhados por oito pavilhões. A Exposição EuroTier é consi-
derada uma ponte entre o leste e o oeste Europeu, além de ser uma plataforma
para os últimos avanços tecnológicos na área de produção animal.
A EuroTier oferece a oportunidade ideal aos visitantes da América do Sul de
encontrar soluções para suas necessidades na área de produção animal. Cerca de 40%
de seus expositores são constituídos por companhias internacionais, que escolhem
a feira para apresentar suas inovações de relevância mundial em diversos setores,
incluindo rações e nutrição, técnicas de produção animal e também bioenergia.
A Fakuma, localizada em Friedrichshafen, é a principal feira internacional de
processamento e injeção de plásticos. Em seus estandes, os visitantes encontram
A EuroTier, de Hannover, o maior
evento em exposição de animais
de criação, atrai mais de 120 mil
visitantes do ramo. São 170 mil
metros quadrados de área de exposição,
espalhados por oito pavilhões
Alemanha, o país das feiras l 61
62 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Participantes da delegação brasileira na feira Agritechnica
Estande institucional da Câmara na feira Mercopar (Caxias do Sul/RS)
todas as matérias-primas sobre máquinas, reciclagem, ferramentas, soluções de
automação e muito mais. A Fakuma também cria tendências, ideias e apresenta
uma fotografi a atualizada da evolução do setor.
A Automechanika, de Frankfurt, é a mais importante plataforma de negócios
para o setor do pós-venda de automóvel. Para além dos artigos em exposição, a
feira oferece um extenso programa complementar, que inclui mostras especiais,
entregas de prêmios, fóruns e congressos sobre temas importantes para o setor.
A feira acolhe as seguintes áreas de produto: partes e sistemas, acessórios
e tuning, reparação e manutenção, gestão e
tecnologia de informação, estações de ser-
viço e lavagem automática. Em sua última
edição, a Automechanika registou um nú-
mero recorde de visitantes internacionais,
com cerca de 155 mil profi ssionais vindos
de 180 países diferentes.
Quase 4 mil expositores e cerca de 180
mil visitantes percorreram os extensos cor-
redores do centro de exposição da Messe
Frankfurt, na Alemanha, para conhecer as
novidades expostas na Achema, a principal feira de negócios das indústrias quí-
micas, de proteção ambiental e biotecnologia.
Pesquisa realizada pela organização da feira revelou que mais de 30% dos
visitantes são provenientes de países como Japão, Índia, China e Oriente Médio.
Seguindo a tradição, os fabricantes de bombas, compressores, válvulas e veda-
ções compõem o maior grupo de expositores da Achema. A preocupação com o
consumo de energia também é um dos temas centrais da feira.
Outras grandes feiras alemãs com participação gaúcha são: Anuga (bebidas e
alimentos), Bauma (máquinas, materiais, veículos e equipamentos de constru-
ção), CEBIT (tecnologia da informação, telecomunicações, software e serviços),
GDS (calçados e acessórios), IAA (automóveis), Ifat Entsorga (água, resíduos
líquidos e sólidos e reciclagem), Interpack (empacotamento e máquinas para
confeiteiro), ITB Berlin (turismo) e K (plástico e borracha).
Quase 4 mil expositores e cerca de 180
mil visitantes percorreram os extensos
corredores do centro de exposição da
Messe Frankfurt, na Alemanha, para
conhecer as novidades expostas na
Achema - a principal feira de negócios
das indústrias químicas
Alemanha, o país das feiras l 63
64 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
“Esperar é um erro”
Entrevista com Ricardo Haetinger, presidente da
Elipse Software, que atua há mais de 20 anos no
mercado de automação, desenvolvendo soluções
para o gerenciamento de processos. Sediada em Porto Ale-
gre e com fi liais em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte,
Estados Unidos e Taiwan, a Elipse vem ampliando signi-
fi cativamente a sua participação no mercado externo, em
países como Alemanha, Índia, Rússia, Suécia, Argentina,
Chile, entre outros. Atualmente, a empresa possui mais de
20 mil cópias instaladas em todo o mundo.
Câmara Brasil-Alemanha: Qual o ano em que participou pela primeira vez e suas impressões sobre a feira de Hannover?
Ricardo Haetinger: Nossa primeira participação na Feira Industrial de Han-
nover foi em 1992. O estande era em conjunto com outras duas empresas gaú-
chas e teve o custo parcialmente subsidiado pelo Sebrae. A área total, para as três
empresas, era de 15m², ou seja, 5m² por empresa. O Brasil tinha, na época, uma
representação muito pequena, em especial na nossa área, a Automação Industrial.
Os resultados, para uma primeira participação, foram expressivos: fechamos acor-
do de distribuição com uma empresa argentina e iniciamos o contato com o nosso
futuro distribuidor na Índia, hoje o maior mercado da Elipse no exterior.
Como foi a recepção para o seu produto made in Brazil? O custo/benefício compensou?
A recepção de um produto de alta tecnologia made in Brazil foi, é claro, cer-
cada de desconfi ança, em especial pelos empresários europeus. Mas a Feira de
Hannover é um evento internacional e vários visitantes de outros países de-
monstraram muito interesse em nosso software, também pelo preço, mas, em
especial, pelas funcionalidades apresentadas.
Quais foram os primeiros desdobramentos daquela participação em termos de negócios? De representação na Europa?
Na primeira participação, fechamos distribuição na Argentina e iniciamos
contatos para uma distribuição na Índia. O contato na Índia veio a ser nosso dis-
tribuidor em 1996, quatro anos mais tarde, e é, até hoje, responsável por aquele
mercado, que representa 30% do faturamento da Elipse no exterior.
Quantas vezes você ou sua empresa já participaram da feira? Participam em grupos com outras empresas ou de forma isolada?
A Elipse participou da Feira de Hannover, de forma ininterrupta, de 1992 a
2002, ou seja, por 11 anos. Depois disso, decidimos investir em feiras menores,
com uma proposta mais direcionada, algumas na Alemanha, como a SPS/IPC/
Drives, de Nurembergue.
Quais os mercados que a sua empresa passou a atuar como consequência da participação em Hannover?
Em nossas diversas participações em Hannover, iniciamos relacionamento
comercial com centenas de empresas no mundo todo. Hoje, temos parceiros co-
merciais em inúmeros países, como Alemanha, Índia, Rússia, Suécia, Argentina,
Chile, entre outros.
Quais conselhos você daria para empreendedores do RS que ainda não partici-param de feiras na Alemanha?
Quando participamos pela primeira vez da Feira de Hannover, a Elipse era
uma empresa nascente. Para nós, a exposição ao mercado internacional foi um
aprendizado importantíssimo e essencial para o crescimento da empresa. Meu
conselho para quem ainda não participou, em especial aos startups, é que partici-
pem e não esperem para fazê-lo. Muitas empresas acham que não estão prontas,
mas, na verdade, os benefícios da participação em uma feira internacional como
Hannover existem para qualquer empresa a qualquer tempo. Esperar é um erro.
Alemanha, o país das feiras l 65
66 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
As rodadas de negócios
A busca de alianças e parcerias entre empresas alemãs e brasileiras é o prin-
cipal objetivo das rodadas de negócios organizadas pela Câmara Brasil-
Alemanha. Geralmente acompanhadas por ministros ou vice-ministros
de seus estados, as delegações que visitam o Brasil são formadas por empresas
de grande, pequeno e médio portes de várias áreas, como tecnologia medicinal,
biotecnologia, energias renováveis, construção e planejamento de infraestrutura,
tecnologia ambiental, máquinas, metal-mecânica, construção civil, engenharia,
eletroeletrônica e outras.
Desde 1995, a Câmara Brasil-Alemanha realizou um total de 25 rodadas,
reunindo cerca de 210 empresas alemãs e mais de 800 empresas gaúchas, que
estabeleceram mais de mil encontros de negócios.
Nas primeiras rodadas de negócios, em média, por ano, pelo menos duas
delegações de estados alemães participavam de encontros com empresários do
Rio Grande do Sul. Em 2010, foram realizadas seis rodadas em Porto Alegre.
Além do aumento da frequência das delegações, segundo Dietmar Sukop,
gerente adjunto da Câmara, aumentou também a qualidade das delegações e a
abertura por parte das empresas gaúchas. “O que começou como um primeiro
contato tímido, com forte conotação de turismo, tornou-se uma ferramenta efi -
caz de entrada no mercado brasileiro, por meio de viagens muito bem planejadas
e estratégias pré-defi nidas”, resume.
Entre os estados de maior frequência, destacam-se Rheinland-Pfalz, com
visitas anuais ao Brasil, seguido de Baden-Württemberg, Niedersachsen, Nor-
drhein-Westfalen e Bayern. “A presença dessas delegações comprova não só o
interesse alemão, como também o potencial brasileiro para desenvolvimento de
novos negócios”, diz Sukop. E acrescenta:
“As rodadas de negócios são uma excelente oportunidade de contatos co-
merciais com a Alemanha e um acesso à tecnologia, know-how e produtos de
primeira linha”.
A rodada é realizada em um ou dois dias. Os encontros individuais têm du-
ração de 45 minutos cada. O pré-agendamento deve ser feito com a entidade
através do envio de um formulário, que é analisado para verifi car se a empresa
brasileira se encaixa no perfi l e ramo de atuação desejado pelos parceiros ale-
mães. Esse critério foi um dos pontos-chaves para um aumento signifi cativo da
qualidade das rodadas.
Rodada de negócios com delegação da Renânia-Palatinado, em 2010
Coquetel no estande institucional da Câmara na Expointer (Esteio/RS)
As rodadas de negócios l 67
68 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
O Senior ExpertenService (SES)
Conhecido pelo seu tino para negócios, o empresário Raul Randon, prin-
cipal acionista da Randon, de Caxias do Sul (RS), comprou, na década
de 1970, uma fazenda de 5 mil hectares em Vacaria (RS). Além da preo-
cupação ecológica, os olhos do grande empresário gaúcho enxergaram uma nova
forma de ganhar dinheiro com o cultivo da maçã.
Localizada na região dos Campos de Cima da Serra, com topografi a, altitude
e clima adequado à implantação de pomares, onde os pioneiros iniciaram o culti-
vo da fruta em locais de difícil acesso, a empreitada tinha todas as condições para
dar certo. Assim, surgiu, em 15 de maio de 1979, a Rasip Agro Pastoril S/A, braço
agropecuário da empresa holding da família Randon – Dramd Participações e
Administração Ltda., controladora do grupo Randon.
Uma das primeiras exportadoras de maçãs do país, a partir dos anos de 1990,
a Rasip passou a avaliar seus padrões de qualidade, produtividade, imunização e
genética. A época coincidiu com a fi liação do Grupo Randon à Câmara Brasil-
Alemanha de Porto Alegre. Designado pela empresa como seu representante na
entidade, Astor Milton Schmitt, diretor corporativo e de relações com investido-
res da Randon, logo se empenhou em organizar uma representação da Câmara
na região nordeste do estado, a partir de Caxias do Sul. Nessas tratativas, tomou
conhecimento de um serviço, representado no Brasil pela Câmara de Porto Ale-
gre, de grande valia não somente para a sua organização, mas também para uma
série de empresas da região: a possibilidade de contratar um consultor do Senior
Experten Service (SES).
Em pouco tempo chegava a Vacaria, para um trabalho especial na Rasip do
grupo Randon, o professor Gerhard Bunemann, doutor em Pomologia – parte
da agronomia que se ocupa das árvores frutíferas – pela Universidade de Han-
nover, da Alemanha. O trabalho foi conduzido de 1992 até 2001. Em todos os
anos o professor prestava uma consultoria de um mês, o que foi decisivo para a
produtividade e a qualidade das maçãs da Rasip. “O professor tinha grande expe-
riência de campo e associou a teoria com a prática. Graças ao seu conhecimento,
dobramos nossa produtividade, em quatro anos, para 4 mil toneladas de maçãs por
ano, adequando nossos custos de produção. Além de ser um técnico brilhante, o
professor Bunemann tem uma habilidade incomum para interagir com as equipes
da empresa. Até hoje mantemos contato com ele em questões técnicas e também
por amizade”, relata Celso Zancan, diretor da Rasip Agro Pastoril.
Criada nos anos 1980, o SES é uma organização alemã não governamental,
sem fi ns lucrativos, que presta consultoria voluntária ao alcance de empresá-
rios de todo o mundo. Em seus cadastros conta com mais de 9.000 consultores
recém-aposentados com experiência em todos os setores da indústria, comércio
e serviços. O foco central é a busca de soluções para problemas técnicos e econô-
micos, assim como a reorganização e o saneamento de empresas. Os consultores
do SES trabalham voluntariamente, apenas mediante ressarcimento de gastos
pessoais durante a missão, ou seja, a empresa contratante assume os custos locais,
a passagem aérea, custos administrativos e de preparação do projeto SES.
A Caliendo Metalúrgica e Gravações Ltda., de Cachoerinha, foi outra em-
presa gaúcha que se utilizou dos serviços do SES. Antes de viajar para o Rio
Grande do Sul, o técnico alemão, Helmut Hauke, realizou missões na Índia, na
Tailândia, na China, na Bulgária e em São
Paulo – todas para aprimorar conhecimen-
tos de funcionários de empresas em pro-
cessos de injeção de alumínio sob pressão.
Com 30 anos de experiência na técnica de
fundição sob pressão, Hauke permaneceu
três semanas no Rio Grande do Sul, dedi-
cando-se ao desenvolvimento de novas tec-
nologias para a Caliendo.
A Imobras Indústria de Motores Elé-
tricos, de Alto Feliz (RS), também optou
pela consultoria do SES alemão. Depois
de três semanas no Rio Grande do Sul,
o engenheiro alemão, Karl Ziegler, com
doutorado em máquinas, deixou encaminhadas linhas mestras para o desen-
volvimento de novas tecnologias.
Especializada em motores elétricos para condicionadores de ar e de limpa-
dor de para-brisa, a Imobras desenvolve modelos com alto desempenho e me-
lhor custo-benefício para os mercados de reposição e montadoras de caminhões
e veículos pesados, compatíveis com as marcas mais tradicionais do mercado,
como Agrale, Ford, Mafersa, Mercedez-Benz, Scania e Volvo.
Em parceria com a Câmara Brasil-Alemanha, a empresa, até 2010, utilizou
os serviços de técnicos de alemães por meio do programa oferecido pelo SES.
“Já estamos pensando em trazer o quarto técnico alemão da SES, pois a contri-
buição desses profi ssionais é altamente compensadora em termos de custos e de
resultados”, relatou Ireno dos Reis, diretor da empresa.
Criada nos anos 1980, o SES é uma
organização alemã não governamental,
sem fi ns lucrativos, que presta
consultoria voluntária ao alcance de
empresários de todo o mundo. Em
seus cadastros conta com mais de 9
mil consultores recém-aposentados
com experiência em todos os setores da
indústria, comércio e serviços
O Senior Experten Service (SES) l 69
70 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
A farmacêutica Carla Wallauer Von Ass, da empresa Vicofarma, resolveu parti-
cipar do programa SES e recebeu consulta do engenheiro químico Wilfried Schul-
ler. Com vasta experiência na produção de cosméticos e sabonetes glicerinados,
tendo trabalhado na multinacional Hoesch, Schuller passou informações valiosas
à jovem empresária com oito anos no mercado. “Aqui temos difi culdade de acesso
às informações com os fornecedores e lá fora há muito mais troca”, explica.
Carla conta que, inicialmente, considerou o investimento relativamente alto
para o tamanho do seu negócio, uma pequena farmácia de manipulação, mas
acredita que a iniciativa será recompensada, principalmente, porque um dos fo-
cos da visita de cooperação foi a adoção de novas técnicas para a indústria de cos-
méticos que abriu em Panambi. Uma das vantagens apareceu logo em seguida
no bolso. Uma das máquinas necessárias para a pequena indústria foi fabricada
em Panambi com as informações e projeto cedido pelo engenheiro do SES, com
uma economia de cerca de R$ 25 mil.
Carla contou também que se surpreendeu como foi fácil se comunicar com
o técnico do SES. “Schuller fala alemão, francês, inglês, espanhol. Além disso, foi
possível converter a experiência de grande indústria dele para pequena escala”.
A Heat Lareiras, de Panambi (RS), é outro exemplo de empresa gaúcha be-
nefi ciada pelo programa SES da Câmara Brasil-Alemanha de Porto Alegre. Em
2009, o engenheiro mecânico Wilfried Karwath desenvolveu protótipo de um
novo tipo de lareira/calefação, cujo produto foi lançado em 2010.
A nova lareira/calefação utiliza a queima de biomassa com 88% de rendi-
mento, o que é considerado um nível de padrão acima do mercado nacional
e compatível com o mercado europeu. “Trata-se de uma tecnologia complexa,
desenvolvida ao longo dos últimos 25 anos, mas ainda de difícil acesso. Com
uma trajetória de mais de 30 anos, o consultor do SES viabilizou esse know-how
para a Heat que, agora, poderá acessar os mercados internacionais”, explicou o
empresário Heinrich Drück. “O SES é um serviço desburocratizado de alta efi -
ciência que contribuiu para o desenvolvimento tecnológico das empresas, graças
à participação de técnicos, como Wilfried Karwath, que, além de especialista em
seu ramo, conta com caráter excepcional”, destacou Drück.
A Metalúrgica Weloze, de Caxias do Sul (RS), do setor de produtos e ser-
viços, cortados, dobrados e estampados, em aço e metais não ferrosos, não
vacilou em contratar o engenheiro mecânico alemão Hans Peter Schulz, do
SES, para a reestruturação do seu setor de ferramentas e introdução de técnicas
alemãs de produção.
De acordo com Fábio Romani, diretor comercial da Weloze, a contratação
do técnico alemão teve o objetivo principal de “transferência de tecnologia”,
além de uma avaliação dos métodos e processos produtivos da empresa. A We-
loze atua no mercado industrial desde 1980 e conta com uma engenharia de
projetos, além dos setores de ferramentas e usinagem, o que lhe permite desen-
volver produtos de acordo com a solicitação do cliente. Com atuação no Brasil
e no exterior, atende demandas de vários segmentos industriais, como indústria
automotiva, eletroeletrônica, construção civil e moveleira.
Em sua existência, o SES desenvolveu mais de 21 mil projetos em 180 países
nas áreas de indústria, agricultura e serviços. A maioria das missões acontece na
indústria (47%), mas há, também, a utilização desse programa em áreas como a
agricultura, o ensino e a infraestrutura.
Os consultores cadastrados no SES são profi ssionais já aposentados e expe-
rientes em suas respectivas áreas, dispostos a passar seus conhecimentos volun-
tariamente para outras empresas ao redor do mundo. De artesãos a executivos,
trata-se de pessoas eminentemente práticas. Suas experiências no exterior facili-
tam sua adaptação às diversas condições de vida e de trabalho. As áreas nas quais
atuam são as mais diversas, desde metalurgia, indústria química, alimentícia a
setor público, sobretudo no assessoramento e manutenção de máquinas e ins-
talações, aperfeiçoamento da qualidade e do design de produtos e introdução de
novos processos produtivos.
O Senior Experten Service (SES) l 71
72 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
O olhar alemão sobreo Brasil melhorou
Tovar da Silva Nunes, que já representou o país anteriormente na Fran-
ça, na Suíça, no Equador e no Reino Unido e ocupou a chancelaria
da Embaixada do Brasil na Alemanha, de maio de 2006 a fevereiro de
2011, chama a atenção para o fato de que o crescimento econômico do Bra-
sil não passou despercebido pela Alemanha. De acordo com ele, ao formular
novo conceito de política para a América Latina, a Alemanha conferiu prio-
ridade ao Brasil. A seguir, os principais trechos do depoimento do ministro
especialmente para esta publicação:
A percepção alemã sobre o Brasil melhorou de forma signifi cativa desde o
início da crise mundial, em virtude da manutenção da estabilidade econômica
do país e da retomada do crescimento, graças à condução responsável da econo-
mia ao longo dos últimos anos, à fi rme regulamentação do setor bancário e às
medidas tomadas pelo governo para conter os efeitos da crise de 2008.
Nos últimos anos, o Brasil tem sido, cada vez mais, percebido como um in-
terlocutor incontornável nas grandes questões internacionais e, também, como
incomparável oportunidade para investidores estrangeiros. Dentre os fatores
que levaram a essa nova perspectiva, destaca-se o fato de que o Brasil conseguiu
conciliar democracia, estabilidade macroeconômica e redistribuição de renda.
As obras de infraestrutura relacionadas aos preparativos para a Copa do
Mundo e para os Jogos Olímpicos, a serem realizados, respectivamente, em
2014 e 2016, também têm contribuído para aumentar a visibilidade do país aos
olhos dos investidores estrangeiros – especialmente os alemães. Menciono, por
exemplo, o interesse demonstrado por uma das maiores operadoras alemães de
aeroportos, a Fraport, em participar das obras para melhoria dos aeroportos bra-
sileiros. O projeto de construção do trem de alta velocidade no eixo Rio de Ja-
neiro – São Paulo – Campinas tem, também, despertado o interesse de grandes
empresas alemãs, como a Siemens e a Thyssen-Krupp.
Investimentos diretosAs relações de comércio e investimento entre ambos os países têm se bene-
fi ciado muito das edições do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que terá
sua próxima edição – a 30ª – entre os dias 1º e 3 de julho, em Frankfurt. Nesses
eventos, realiza-se sessão da Comissão Mista de Cooperação Econômica e o En-
contro Empresarial, com rodadas de negócios e workshops abertos aos participan-
Embaixador Tovar da Silva Nunes
Foto Gustavo Magalhães/MRE
tes. A próxima edição visará a debater novas formas de cooperação e competiti-
vidade, com foco especial nos eventos esportivos e nos setores de infraestrutura,
petróleo e gás.
Em 2011, o estoque de investimentos alemães no Brasil alcançou US$ 13,8
bilhões. É verdade que, como consequência da crise de 2008, o infl uxo de capital
alemão no Brasil entre 2009 e 2010 sofreu redução de US$ 2,5 bilhões para US$
1,2 bilhão. O impulso positivo dos investimentos alemães no Brasil foi recupe-
rado entre 2010 e 2011.
Após a própria Alemanha, o Brasil detém o maior parque industrial alemão
no mundo, abrigando mais de 1.200 empresas. Aliás, estima-se que as empresas
alemãs formem entre 8% e 10% do PIB brasileiro. Nomes como Bayer, BASF,
Bosch, Daimler-Benz, EADS, Enecon, Faber-Castell, MAN, Thyssen-Krupp,
Volkswagen, Würth e ZF se tornaram importantes vetores da economia bra-
sileira, muitos deles tendo recentemente anunciados planos de aumentar seus
investimentos no Brasil.
Setores mais atraentesOs investimentos alemães no Brasil dirigem-se, primordialmente, ao se-
tor secundário, a exemplo da construção da siderúrgica da Thyssen-Krupp em
Sepetiba, empreendimento avaliado em € 6 bilhões. No entanto, nos últimos
anos, outras áreas têm também atraído a atenção dos investidores alemães, como
projetos relacionados à exploração e ao uso de energias – renováveis e conven-
cionais –, à construção e ampliação de aeroportos, portos, ferrovias e rodovias, à
construção civil e ao saneamento básico.
Presença brasileiraAtualmente, o investimento brasileiro na Alemanha é da ordem de US$ 500
milhões. É verdade que o montante ainda é pequeno, mas esses investimentos
têm grande potencial de crescimento. As empresas brasileiras que investem na
Alemanha são competitivas e muito dinâmicas, a exemplo do Banco do Brasil,
do Banco Itaú, da Sabó (Kako), da Sadia, da TAM, da Tupi e da Votorantim.
Tem sido marcante também a crescente participação brasileira em feiras in-
dustriais e de negócios voltadas para setores industriais de alta tecnologia, como
decorrência do grau de importância conferido à cooperação em inovação. A Ale-
manha convidou o Brasil, aliás, para ser país-parceiro na edição de 2012 da maior
feira internacional no setor das tecnologias de informação e inovação, a CEBIT.
Além disso, a CEBIT escolheu o Rio Grande do Sul para sediar a Bits, uma feira
CEBIT no Brasil, cuja primeira edição aconteceu em maio de 2011, na Fiergs.
O olhar alemão sobre o Brasil melhorou l 73
74 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
A realização de feiras é indispensável não apenas para estreitar laços entre os se-
tores empresariais dos dois países, mas também para divulgar o que cada país tem a
oferecer de mais avançado na indústria em questão. O Brasil tem sido prestigiado
como país-tema ou país-parceiro de importantes feiras empresariais alemãs, o que
representa inegável reconhecimento da crescente importância econômica do país.
O Brasil recebeu, por exemplo, convite para ser homenageado na Feira Interna-
cional de Alimentação e Bebidas de Colônia (ANUGA), em 2013, e para ser país-
tema de futura edição da ITB, maior feira internacional de turismo.
RelacionamentoO relacionamento entre Brasil e Alemanha, alçado ao nível de “parceria es-
tratégica”, em 2002, é marcado por ampla convergência de percepções, de va-
lores e de interesses – o que nos tem permitido atuar conjuntamente diante de
questões globais. Nossa parceria em temas de ciência, tecnologia e inovação tem
contribuído para aumentar a competitividade das empresas brasileiras. Tem-se
dado maior ênfase à pesquisa aplicada, de modo a ampliar a agregação de valor
em áreas de inovação como mecânica fi na, nanotecnologia, biotecnologia, tec-
nologia ambiental e energias renováveis.
Em abril de 2011, com a visita do Mi-
nistro de Ciência e Tecnologia, Aloizio
Mercadante, a Berlim, encerrou-se o “Ano
Brasil-Alemanha de Ciência, Tecnologia
e Inovação”, que havia iniciado em abril
de 2010, com a visita a Brasília da Ministra
de Educação e Pesquisa, Annette Schavan.
Além de ter impulsionado os esforços bila-
terais destinados à busca de iniciativas para
o emprego de novas tecnologias em áreas
como engenharia de produção e pesquisa de materiais, essa iniciativa lançou pers-
pectivas para a futura criação de um Fundo de Fomento à Pesquisa e para a futura
instalação de escritório da Sociedade Fraunhofer no Brasil.
A cooperação em matéria de energia é um dos pilares da relação bilateral – o
que fi cou nítido nas recentes visitas ao Brasil do Presidente Federal, Christian
Wulff, do Ministro do Exterior, Guido Westerwelle, e do Ministro dos Trans-
portes, Peter Ramsauer. No que diz respeito às energias renováveis, a parceria
entre Brasil e Alemanha desenvolveu uma visão compartilhada a respeito do seu
papel na promoção do desenvolvimento sustentável, da segurança energética e
no combate à mudança do clima. Há enormes oportunidades para a cooperação,
“Nos últimos anos, o Brasil tem sido
cada vez mais percebido como um
interlocutor incontornável nas grandes
questões internacionais e como
incomparável oportunidade para
investidores estrangeiros”
em matéria de biocombustíveis, como demonstrado pela nova legislação alemã,
que eleva o percentual de etanol adicionado à gasolina.
Balança comercialA Alemanha é o quarto maior parceiro comercial do Brasil no mundo e o
primeiro na Europa. Entre 2003 e 2010, as exportações brasileiras para a Alema-
nha evoluíram de US$ 3,1 bilhões para US$ 8,1 bilhões. Nesse mesmo período,
as importações brasileiras da Alemanha passaram de US$ 4,2 bilhões para US$
12,5 bilhões. Embora o Brasil exporte para o mercado alemão algumas categorias
de produtos manufaturados – principalmente automóveis, autopeças, aviões e al-
guns produtos químicos –, os produtos de base, como o minério de ferro, o café
em grão e a soja em grão, continuam a representar cerca de metade da nossa pauta
de exportações para a Alemanha. As exportações alemãs para o Brasil, por sua vez,
são, preponderantemente, de produtos industrializados – máquinas e equipa-
mentos pesados, automóveis, produtos químicos e farmacêuticos, dentre outros.
Embora os laços comerciais entre Brasil e Alemanha tenham crescido muito
na última década, o montante total do fl uxo bilateral de comércio ainda parece
estar aquém do seu potencial, dado o tamanho das economias dos dois países e de
sua participação relativa no comércio internacional. A busca pelo Brasil de novas
oportunidades para diversifi car a pauta de exportações para a Alemanha – conside-
rada a porta de entrada para os demais países europeus – é uma prioridade.
O olhar alemão sobre o Brasil melhorou l 75
76 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Sustentabilidade
A Alemanha é referência mundial em sustentabilidade e no desenvolvi-
mento de tecnologias ambientais. Esse know-how tecnológico garante
ao país europeu a participação de 30% no mercado mundial de geração
de energias renováveis e 25% no comércio de tecnologias para tratamento de
resíduos e reciclagem. As fontes renováveis respondem, atualmente, por 11% do
consumo total de energia na Alemanha. Desse montante, a biomassa responde
por 7,9%, a energia eólica por 1,5% e as hidrelétricas por 0,8%.
Em 2010, o governo alemão investiu € 26,6 bilhões em energias renováveis,
dos quais € 19,5 bilhões foram destinados à energia fotovoltaica e € 2,5 bilhões
à energia eólica. As empresas alemãs respondem por 5% a 30% do comércio
internacional de tecnologias para preservação ambiental no mundo, com des-
taque para tecnologias de energias renováveis e aproveitamento e separação de
resíduos sólidos.
Segundo o Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas em Berlim (DIW
Berlin), até 2030, 32% de toda a energia utilizada na Alemanha terá origem
em fontes limpas. Até lá, o setor de energias renováveis será responsável por
um acréscimo de 3% sobre o PIB alemão. Além disso, o instituto estima que
os investimentos privados em equipamento para produção de energia limpa
deverão crescer 6,7% até 2030.
A Alemanha é referência mundial em
sustentabilidade e no desenvolvimento
de tecnologias ambientais
No Brasil, o Departamento de Meio Ambiente da Câmara Brasil-Alema-
nha de São Paulo é o centro de referência da política ambiental das Câmaras
alemãs. Em operação desde 1996, sua principal atividade é promover parcerias
entre empresas alemãs e brasileiras nas áreas de meio ambiente, energias reno-
váveis, efi ciência energética e outras tecnologias sustentáveis. Isso é feito por
meio de uma série de eventos e ações, como a organização de delegações do
Brasil para a Alemanha e vice-versa.
Em geral, as delegações alemãs que aportam ao Brasil são formadas por re-
presentantes de empresas de várias áreas, como energia, saneamento, efi ciência
energética, biomassa e energia eólica. Para as empresas interessadas em se insta-
lar no Brasil, a Câmara desenvolve estudos de identifi cação de parcerias, tanto
para a distribuição de materiais como para o desenvolvimento de projetos de
joint-ventures no mercado nacional.
Em regra, de acordo com Ricardo Rose, diretor de meio ambiente da Câmara
Brasil-Alemanha de São Paulo, são formalizadas entre três e quatro parcerias por
ano entre empresas dos dois países, o que é antecedido por uma série de estudos,
que podem levar até cinco anos. Muitas
vezes essas parcerias são formalizadas para
atuar no próprio mercado alemão. Entre as
áreas de maior demanda, o que atrai maior
interesse na atualidade é o segmento de re-
síduos sólidos, o que foi estimulado pela
regulamentação do setor, por meio de lei
aprovada em dezembro de 2010. Os prin-
cipais assuntos envolvem usinas de recicla-
gem, equipamentos de geração de energia
a partir do biogás e a contratação de créditos de carbono em função do uso do
biogás – áreas em que a Alemanha se notabiliza pelo seu know-how.
Recentemente, as empresas brasileiras ampliaram o número de consultas
sobre o segmento de geração de energia a partir de biomassa. “Existe grande
demanda no mercado, mas o Brasil está sem o tempo necessário para desen-
volver uma tecnologia própria”, assinala Rose. “Por isso, na maioria dos casos, é
necessário fazer o que chamamos de tropicalização, ou seja, a adaptação desses
equipamentos para o mercado nacional, na medida em que a nossa legislação
impede a sua importação.”
“Em geral, a empresa brasileira estabelecida no mercado identifi ca o nicho
pretendido, procura parceira alemã e elas, juntas, formam uma terceira empre-
sa”, explica Rose.
Para as empresas interessadas em se
instalar no Brasil, a Câmara desenvolve
estudos de identifi cação de parcerias,
tanto para a distribuição de materiais
como para o desenvolvimento de projetos
de joint-ventures no mercado nacional
Sustentabilidade l 77
78 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
O setor de produção de energia eólica, no Brasil, é outro segmento que
atrai, cada vez mais, empresas alemãs, relata Rose. Incentivadas pelo poten-
cial de geração energética brasileira, calculado em mais de 60 mil MW pro-
venientes somente dessa fonte renovável, segundo a Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), várias empresas estão programando a sua chegada
ao Brasil. Além da Wobben Windpower Indústria e Comércio Ltda., pri-
meira fabricante de turbinas eólicas de grande porte da América do Sul, a
Fuhrlander também está chegando. Com investimentos de US$ 5 milhões,
a empresa deverá inaugurar, em dezembro de 2011, uma unidade para a pro-
dução de peças para aerogeradores no Ceará. Somente no primeiro ano de
operação, serão construídos 104 aerogeradores a serem instalados nas cida-
des de Aracati (88) e São Gonçalo do Amarante (16).
A Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-Alemanha é a única câmara de co-
mércio estabelecida no Brasil a dispor de
um Departamento de Meio Ambiente,
empenhado a promover a cooperação co-
mercial institucional e acadêmica entre
os dois países. Para fomentar este inter-
câmbio, o departamento já lançou quatro
publicações sobre o setor ambiental bra-
sileiro e sobre a atuação dos associados
da Câmara Brasil-Alemanha nesse setor.
Com o objetivo de promover tecnologias
sustentáveis, organizou, em colaboração
com o Departamento de Feiras da Câmara Brasil-Alemanha, um simpósio
internacional sobre energias renováveis. Atenta aos novos temas do mercado
ambiental, a Câmara Brasil-Alemanha coordena o Comitê Intercâmaras de
Comércio de Carbono (Carbontrade), que discute o tema do comércio de car-
bono e do Protocolo de Kyoto. Em todos os anos, a Câmara também promove,
em São Paulo (SP), a conferência Ecogerma 2011. Voltada a gestores públicos,
técnicos em meio ambiente, empresários, estudantes, especialistas em susten-
tabilidade e ao público em geral, o evento foca sempre um tema relacionado
com a sustentabilidade.
Em Porto Alegre, a Câmara organiza, há mais de 10 anos, um Grupo de
Intercâmbio de Experiências para discussões e demandas na área ambiental e
de sustentabilidade, além de ser pioneira na formação de auditores ambientais
e para a ISO 9000 e a ISO 14000.
Em todos os anos, a Câmara promove,
em São Paulo (SP), a conferência
Ecogerma. Voltada a gestores
públicos, técnicos em meio ambiente,
empresários, estudantes, especialistas
em sustentabilidade e ao público em
geral, o evento foca sempre um tema
relacionado com a sustentabilidade
O programa detrainees da Câmara
A criação de networking qualifi cado é um dos maiores diferenciais da Câ-
mara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul.
É com esse objetivo que a entidade mantém um dos mais tradicionais
programas de trainees do Rio Grande do Sul. A cada período de seis meses, os
trainees da Câmara visitam os presidentes e os principais executivos das empresas
do estado, com o objetivo de divulgar as atividades da entidade e os benefícios
assegurados aos seus sócios, visando incrementar o seu quadro associativo. Ao
total, são realizadas perto de 300 visitas a cada ano.
Durante o estágio, os participantes do programa são estimulados por metas e
desafi os reais, o que lhes proporciona uma ótima experiência pessoal e profi ssio-
nal. Além de conhecer diferentes empresas do mercado gaúcho e seus respectivos
ramos de atuação, o esforço dos jovens talentos é recompensado com prêmios por
metas atingidas ao longo da campanha e por um grande prêmio fi nal para aqueles
que tiverem o melhor desempenho. Os dois melhores trainees do Brasil recebem
estágios no Mercosur Projekt Büro e o terceiro lugar na AHK-Argentina, com todas
as despesas pagas. A Câmara Brasil-Alemanha de Porto Alegre já recebeu prêmios
em seis campanhas, dos quais quatro de forma consecutiva.
O programa de trainee da Câmara l 79
80 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Balança comercial RS x AlemanhaUnidade: US$ 2010 Var. % 2009 Var. % 2008
Exportações 456.358.907 (16,45) 546.221.352 (10,87) 612.843.397
Importações 474.730.763 (4,44) 496.809.091 (16,44) 594.583.556
Saldo (18.371.856) (137,18) 49.412.261 170,61 18.259.841
Corrente de comércio 931.089.670 (10,73) 1.043.030.443 (13,62) 1.207.426.953
Produtos mais exportadosUS$ Part.%
Tabaco e seus sucedâneos manufaturados 115.258.548 25,26
Calçados, polainas e artefatos semelhantes, e suas partes 87.008.805 19,07
Preparações de carne, de peixes ou de crustáceos 61.512.374 13,48
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes 44.589.427 9,77
Reatores nucleares, caldeiras, e instrumentos mecânicos 34.618.140 7,59
Resíduos/desperdícios das indústrias alimentares; rações 27.723.481 6,07
Peles, exceto a peleteria (peles com pêlo), e couros 25.164.648 5,51
Borracha e suas obras 9.755.102 2,14
Carnes e miudezas, comestíveis 9.325.310 2,04
Lã, pêlos fi nos ou grosseiros; fi os e tecidos de crina 7.158.007 1,57
Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas/semi 6.264.316 1,37
Outros produtos de origem animal, não especifi cados anteriormente 2.973.551 0,65
Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou similares 2.643.314 0,58
Obras de ferro fundido, ferro ou aço 2.454.016 0,54
Peleteria (peles com pêlo) e suas obras 2.273.003 0,50
Leite e lacticínios; ovos de aves; mel natural 2.049.189 0,45
Veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos 2.015.587 0,44
Extratos tanantes e tintoriais; taninos e seus derivados 1.930.219 0,42
Preparações de produtos hortícolas, de frutas 1.759.900 0,39
Frutas; cascas de cítricos e de melões 1.335.134 0,29
Subtotal 447.812.071 98,13
Outros 8.546.836 1,87
Total 456.358.907 100,00
Balança comercialNas relações comerciais do Rio Grande do Sul, no ano de 2010, a Alemanha é 8ª colocada no ranking
de destinos das exportações gaúchas e 6ª colocada no ranking de origens das importações gaúchas.
Principais empresas do Rio Grande do Sul queexportaram para a Alemanha no ano de 2010■ Vat - Venâncio Aires Tabacos Ltda.
■ Epcos do Brasil Ltda.
■ Atlas Brasil Calçados Ltda.
■ Brf - Brasil Foods S.A.
■ Bianchini S.A. Indústria Comércio e Agricultura
■ Stihl Ferramentas Motorizadas Ltda.
■ Cta Continental Tobaccos Alliance S.A.
■ Artecola Indústrias Químicas Ltda.
■ Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda.
■ Frigorífi co Mabella Ltda.
Produtos mais importadosUS$ Part.%
Reatores nucleares, caldeiras, e instrumentos mecânicos 193.554.096 40,77
Adubos (Fertilizantes) 49.264.214 10,38
Veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos 39.104.225 8,24
Ferro fundido, ferro e aço 27.924.834 5,88
Plásticos e suas obras 25.127.877 5,29
Embarcações e estruturas fl utuantes 22.568.882 4,75
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes 21.720.915 4,58
Produtos diversos das indústrias químicas 14.693.996 3,10
Obras de ferro fundido, ferro ou aço 11.482.024 2,42
Produtos químicos orgânicos 11.297.907 2,38
Ferramentas, artefatos de cutelaria e talheres, e partes 10.635.193 2,24
Borracha e suas obras 8.453.990 1,78
Produtos químicos inorgânicos; compostos inorgânicos 7.069.508 1,49
Alumínio e suas obras 3.867.015 0,81
Papel e cartão 3.137.086 0,66
Sabões, agentes orgânicos de superfície 2.908.171 0,61
Produtos farmacêuticos 1.951.194 0,41
Extratos tanantes e tintoriais; taninos e seus derivados 1.910.956 0,40
Outros metais comuns; ceramais (“cermets”); e suas obras 1.584.214 0,33
Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou similares 1.583.996 0,33
Subtotal 459.840.293 96,86
Outros 14.890.470 3,14
Total 474.730.763 100,00
Balança comercial l 81
82 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
■ Jbs S.A.
■ Pirelli Pneus Ltda.
■ Paramount Têxteis Indústria e Comércio S.A.
■ Universal Leaf Tabacos Ltda.
■ H. Kuntzler & Cia. Ltda.
■ Luiz Fuga Indústria de Couro Ltda.
■ Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda.
■ Flecksteel Indústria de Artefatos Metálicos Ltda.
■ Pampeano Alimentos S.A.
■ Indústria de Calçados Wirth Ltda.
Principais empresas do Rio Grande do Sul queimportaram da Alemanha no ano de 2010■ Stihl Ferramentas Motorizadas Ltda.
■ Ciber Equipamentos Rodoviários Ltda.
■ Unifértil-Universal de Fertilizantes S.A.
■ John Deere Brasil Ltda.
■ International Indústria Automotiva da América do Sul Ltda.
■ Fertilizantes Piratini Ltda.
■ Tramontina S.A. Cutelaria
■ Oerlikon Textile do Brasil Máquinas Ltda.
■ Alberto Pasqualini - Refap S.A.
■ Epcos do Brasil Ltda.
■ Darcy Pacheco Soluções de Peso Ltda.
■ Thyssenkrupp Elevadores S.A.
■ Jost Brasil Sistemas Automotivos Ltda.
■ Milenia Agrociências S.A.
■ Ferramentas Gedore do Brasil S.A.
■ Pólo Indústria e Comércio S.A.
■ Móveis K1 Ltda.
■ Fertilizantes Heringer S.A.
■ Gkn do Brasil Ltda.
■ Braskem S.A.
Fonte: MDIC
Cronologia das relaçõesbilaterais Brasil-Alemanha1824 - Inicia-se a colonização alemã no Brasil, com a chegada de imigrantes ao RS.
1825 - Reconhecimento da independência do Brasil por Prússia e cidades hanseáticas.
1826 - Abertura do Consulado do Brasil em Hamburgo.
1827 - Assinatura de Tratados de Comércio e Navegação entre o Império do Brasil e o Reino da Prússia
e as cidades hanseáticas de Lübeck, Bremen e Hamburgo.
1859 - Notícias sobre más condições de vida e de trabalho dos imigrantes levam a Prússia a proibir o
recrutamento de imigrantes, com o “Rescrito de Heydt”.
1871 - Incorporação do “Rescrito de Heydt” pelo Império Alemão, revogado em 1896.
1900 - O Barão do Rio Branco é nomeado Ministro Plenipotenciário em Berlim.
1916 - Fundação da União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras no Rio de Janeiro (agosto); Fundação
da União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras em São Paulo (novembro).
1917 - Navio brasileiro é torpedeado, na costa francesa, por navio alemão; Brasil suspende relações
diplomáticas com a Alemanha e declara guerra ao Império Alemão.
1942 - Rompimento das Relações Diplomáticas do Brasil com os países do Eixo; Reconhecimento do
Estado de beligerância com Alemanha e Itália.
1951 - Abertura de Embaixada da República Federal da Alemanha (RFA) no Rio de Janeiro (julho);
abertura de Embaixada do Brasil em Bonn (novembro).
1954 - Siderúrgica Mannesmann é 1ª grande companhia alemã a instalar-se no Brasil.
1955- Fundação da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul
1956 - Visita do Presidente eleito Juscelino Kubitschek a Bonn.
1959 - Inauguração da montadora da Volkswagen em São Bernardo do Campo.
1964 - Presidente Heinrich Lübke visita o Brasil e assegura investimentos alemães no país.
1968 - Willy Brandt, MNE da RFA, visita o Brasil e propõe “parceria ampliada”.
1970 - Sequestro do Embaixador da Alemanha no Brasil.
1978 - Presidente Ernesto Geisel visita a RFA.
1979 - Chanceler Helmut Schmidt visita o Brasil.
1981 - Presidente João Figueiredo visita a Alemanha.
1990 - Fernando Collor, presidente eleito, visita a RFA.
1991 - Chanceler Helmut Kohl visita o Brasil.
1993 - Klaus Kinkel, Ministro da RFA, visita o Brasil.
1995 - Presidente Fernando Henrique Cardoso visita a RFA. Presidente Roman Herzog retribui visita.
1996 - Chanceler Helmut Kohl visita o Brasil.
Cronologia das relações bilaterais Brasil-Alemanha l 83
84 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
1999 – Presidente Fernando Henrique Cardoso encontra-se com o Chanceler Gerhard Schröder em Bonn.
2002 - Chanceler Schröder visita o Brasil.
2003 - Presidente Lula visita a Alemanha, quatro semanas após ser empossado.
2006 - Visita ofi cial ao Brasil do Ministro de Estado Frank-Walter Steinmeier.
2007 - Visita do Presidente Lula a Heiligendamm (Cúpula do G8); visita do Presidente Horst Köhler.
2008 - Visita ofi cial da Chanceler Angela Merkel.
2009 - Visita de Estado à Alemanha do Presidente Lula.
Fonte: Ministério das Relações Exteriores da Alemanha/Câmara Brasil-Alemanha/ RS
Bibliografi a selecionadaALMEIDA, Pedro F.C. de (coordenador). A Economia Gaúcha nos anos 80: uma trajetória regional no
contexto da crise brasileira. Porto Alegre: FEE, 1990
BANDEIRA, Luiz Alberto de Vianna Moniz. O Milagre Alemão e o Desenvolvimento do Brasil: As
relações da Alemanha com o Brasil e a América Latina, 1949-1994 -Editora Unesp. 1994.
CÂMARA BRASIL-ALEMANHA DE PORTO ALEGRE. Relatórios de Diretoria. 1955-2005.
CASTRO, A. B. E SOUZA, F. e P. D. E. A Economia Brasileira em Marcha Forçada. Rio de Janeiro,
Paz e terra, 1985.
DACANAL, José Hildebrando & GONZAGA, Sergius (organização) RS: Economia & Política. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1993.
ENTREVISTAS com André Meyer da Silva, Astor Schmitt, Ernesto Saur, Fritz Lindemann, Horst
Bals, Martim Dreher, Oscar Foerster, Pratini de Moraes e Valmor Kerber.
DALMAZO, Renato Antônio. Planejamento Estadual e Acumulação no Rio Grande do Sul 1940-74,
Porto Alegre, FEE, 1992.
FRANCO, Sergio da C. Porto Alegre e seu Comércio. Porto Alegre. Associação Comercial de Porto
Alegre, 1983.
FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA – Ensaios FEE. Porto Alegre. FEE, 1976-77
GOULART, João. A trajetória política de João Goulart- FGV CPDOC - CPDOC - FGV.
LENZ, Silvia Ewell. Alemães no Rio de Janeiro: Diplomacia e Negócios (1815-1866)-EDUSC
LIPKAEU, Ernst Günther. Brasil e Alemanha: Vencendo Desafi os. 75 Anos da Câmara Brasil-Alema-
nha em São Paulo.
MÜLLER, Carlos Alves. A história econômica do Rio Grande do Sul. Banrisul -70 anos. Gazeta Mer-
cantil. 1998.
PESAVENTO, Sandra. História da Indústria Sul-Riograndense. Guaíba. Riocell, 1985.
QUADROS, Jânio. “A Nova Política Externa do Brasil” In Revista Brasileira de Política Internacional, Rio de
Janeiro, ano IV, n° 16, dezembro de 1961.
SIMÕES, Gusvato Frota. Turbulência política interna e política externa do governo Castelo Branco -
Dissertação de Mestrado na UNB. 2010.
ROCHE, Jean. A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul. (tradução de Emery Ruas). Porto Alegre:
Editôra Globo, 1969
SCHÄFFER, Neiva Otero. Os Alemães no Rio Grande do Sul: dos números iniciais aos censos demo-
gráfi cos. In: Os Alemães no Sul do Brasil. Canoas: Editora da Ulbra, 2004.
Bibliografi a selecionada l 85
86 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Notas
História - Colonização - Alemães, <http://www.riogrande.com.br/historia/colonizacao.
PORTO, Aurélio. O Trabalho alemão no Rio Grande do Sul, Graf, Santa Terezinha, Porto Alegre, 1934,
p.138.
NEUMANN, Rosane Marcia. Uma Alemanha em miniatura: o projeto de imigração e colonização ét-
nico particular da Colonizadora Meyer no noroeste do Rio Grande do Sul (1897-1932), Faculdade
de Filosofi a e Ciências Humanas, PUCRS, Porto Alegre, 2009.
Apoiadores
O Grupo Allianz é um dos líderes globais em serviços de seguros, fi nanceiros e de administração
de fundos.
Em todo o mundo, reúne aproximadamente 178 mil colaboradores e está presente na vida de
mais de 80 milhões de clientes em 70 países. Seus ativos são equivalentes à soma dos PIBs do Brasil,
Argentina e Chile.
A Empresa, cujo nome signifi ca “aliança” em alemão, foi fundada em Berlim no fi nal do século
XIX. A expansão internacional logo se iniciou e a Allianz esteve envolvida na maior parte dos gran-
des acontecimentos históricos desde sua criação, além de estabelecer laços culturais intensos com as
nações onde atua. Tanto como seguradora ou resseguradora, indenizou as perdas provocadas pelo
grande terremoto de 1906 em São Francisco (EUA) e o naufrágio do Titanic em 1912, assegurou
o Programa Espacial da NASA e a construção do Eurotúnel, que liga a França e a Inglaterra. Atual-
mente, é a seguradora preferida pela maioria das produções de Hollywood e também de Bollywood,
o maior centro cinematográfi co na Índia. Não menos importantes são as realizações cotidianas ao
proteger o patrimônio e a saúde de milhões de pessoas ao redor do planeta.
A trajetória de sucesso da Allianz resulta da combinação entre solidez fi nanceira, tradição, know-
how técnico e comercial, tecnologia avançada, inovação e foco no cliente. Colocando acima de tudo
valores como comprometimento, compromisso e competitividade, o Grupo tem como meta ser a
seguradora líder em fi delidade do cliente em todos os mercados em que atua. A verdadeira medida
de seu êxito é a conquista da lealdade de clientes e corretores, a disposição em inovar e a busca in-
cessante da excelência.
Baseado na proximidade com seus parceiros comerciais, o modelo de negócios da Allianz esta-
belece relações éticas calcadas na reciprocidade, visando benefícios mútuos. Internamente, a Com-
panhia busca construir dia após dia uma cultura inovadora e de alta performance, com a convicção
de que atrair talentos e promover a diversidade entre as pessoas que a integram é uma vantagem
competitiva fundamental em um mundo que passa por importantes transformações.
A EDLO Produtos Médicos é uma indústria gaúcha, fundada em 1963, sendo a maior fabricante
de instrumentos cirúrgicos da América Latina. Sua sede está localizada no município de Canoas,
região metropolitana, distante 20 quilômetros da capital, Porto Alegre.
Para fornecer ao exigente mercado médico-hospitalar produtos de excelente desempenho, efi cá-
cia e custo, a EDLO utiliza materiais e processos produtivos altamente modernos e especializados. A
matéria-prima, o aço cirúrgico, possui certifi cação internacional nas Normas ISO, classifi cação ISO
9002, além de sofrer rigoroso processo de tratamento térmico que confere dureza e durabilidade à
peça forjada.
Todo esse processo é realizado por uma equipe de colaboradores comprometida com o Negócio
, Missão e Valores da empresa, fabricando e distribuindo os produtos Edlo para toda América Latina,
Estados Unidos e Europa.
Máquinas Condor S/A é uma empresa geradora e transformadora de tecnologia, que se traduz
em sistemas integrados de armazenagem, benefi ciamento e movimentação de granéis sólidos, equi-
pamentos para mineração e sistemas de controle eletro-eletrônicos.
Atualmente está presente nos maiores e mais importantes portos do Brasil e do mundo, forne-
cendo e instalando equipamentos com avançada tecnologia e perfeitamente adaptados às necessida-
des dos clientes.
A Máquinas Condor se empenha cada vez mais no desenvolvimento e aprimoramento tecnoló-
gico, buscando consolidar sua posição de destaque conquistada nos mercados do Brasil e do exterior.
ATIVIDADE INDUSTRIAL
Surgida inicialmente como um pequeno fabricante de equipamentos para moinhos, Máqui-
nas Condor S/A é hoje um tradicional fornecedor de soluções para movimentação de granéis
sólidos. Para isso desenvolve sistemas e equipamentos com tecnologia própria ou em combinação
com seus parceiros.
A Máquinas Condor projeta, fabrica e instala equipamentos mecânicos e pneumáticos para a
movimentação de granéis sólidos em portos marítimos e fl uviais, terminais rodo-ferroviários, fábri-
cas, silos e armazéns.
Sempre à frente das evoluções tecnológicas no segmento de manuseio de granéis sólidos, Má-
quinas Condor é uma empresa dinâmica voltada principalmente à tecnologia de carga e descarga de
navios e barcaças, e à recuperação de granéis em armazéns e pilhas de estocagem.
Os sistemas e equipamentos das Máquinas Condor estão presentes em países da América Lati-
na, América do Norte, Europa, Ásia e África, além de equiparem os principais terminais portuários
brasileiros.
Esta dimensão atingida pela empresa e a sólida posição econômico-fi nanceira se refl etem em
equipamentos atualizados, efi cientes e orientados às necessidades de seus clientes no agribusiness e
na atividade portuária.
A Aliança Navegação e Logística, do grupo Hamburg Süd, atua fortemente no tráfego interna-
cional, com ênfase nos serviços para América do Sul, América Central, América do Norte, Europa,
Ásia e África do Sul. No Brasil, a empresa é referência no transporte de cabotagem, sendo uma das
empresas pioneiras na retomada do transporte costeiro.
O portfólio de clientes é composto por empresas que lideram os setores mais dinâmicos da eco-
nomia, tais como: automotivo, químico, eletroeletrônico, carnes, frutas, higiene e limpeza, e madei-
reiro. O alto padrão de qualidade dos serviços prestados é atestado pelas certifi cações ISO 9001:2000
e ISO 14001:2004, emitidas pelo Germanischer Lloyd, apontado pelo mercado como um de seus
principais diferenciais.
O crescimento da Aliança nos últimos anos baseou-se na intensifi cação de suas atividades em
todos os elos da cadeia logística, no transporte de cabotagem e internacional.
Em 2010, a empresa registrou um faturamento de R$ 2,2 bilhões e movimentou 663 mil TEUs.
O Grupo Gerdau é líder na produção de aços longos nas Américas e uma das maiores fornecedoras de
aços longos especiais no mundo. Possui mais de 40 mil colaboradores e presença industrial em 14 países,
com operações nas Américas, na Europa e na Ásia, as quais somam uma capacidade instalada superior a 25
milhões de toneladas de aço. É a maior recicladora da América Latina e, no mundo, transforma, anualmen-
te, milhões de toneladas de sucata em aço. Com cerca de 140 mil acionistas, a Gerdau está listada nas bolsas
de valores de São Paulo, Nova Iorque e Madri.
No Brasil, possui operações em quase todos os Estados, que produzem aços longos comuns, especiais
e planos. Seus produtos, comercializados nos cinco continentes, atendem os setores da construção civil, in-
dústria e agropecuária. Eles estão presentes no dia a dia das pessoas nas mais diversas formas: integram a es-
trutura de residências, shopping centers, hospitais, pontes e hidrelétricas, fazem parte de torres de transmis-
são de energia e telefonia, são matéria-prima de peças de automóveis e participam do trabalho no campo.
Fundada nos anos 60, na Alemanha, a empresa Ensinger originou-se de um pequeno negócio de famí-
lia que, com muito sucesso, evoluiu para uma rede mundial de empresas, presentes em diversos países, que
hoje somam mais de 2.500 empregados.
Hoje, produzimos e processamos plásticos de engenharia e alta performance para uma grande varie-
dade de indústrias e aplicações. De uma rede mundial com cerca de 26 unidades, entre plantas industriais
e escritórios comerciais presentes nos mais importantes centros industriais, fornecemos produtos para o
mundo todo.
Coordenamos desenvolvimentos para aplicações específi cas, ao redor de todo o mundo, porém sempre
atendendo nossos clientes com base em suas necessidades locais.
Este intercâmbio contínuo e global de informações nos permite um grande aprendizado e benefício,
mesmo que as diferenças regionais e culturais continuem a existir. Como cliente, você também pode se
benefi ciar desta experiência inestimável, tanto quanto nós.
Uma combinação de cooperação direta com nossos fornecedores e clientes, bem como nosso valioso
know-how interno gera uma base fértil para a criação de produtos e aplicações sob medida. Desta maneira,
nosso staff altamente qualifi cado pode contribuir para o progresso de seu projeto para que, juntos, possa-
mos obter o sucesso.
Suas necessidades constituem o objetivo principal de nossa atividade empreendedora, nos inspiram e
motivam. Então, pergunte-nos. Estamos a sua disposição.
A história da Ernesto Woebcke começa em 1923, quando o engenheiro Alfred Haessler inicia as ativi-
dades de seu escritório de engenharia em Porto Alegre. Em 1929, depois de realizar diversas obras impor-
tantes, Haessler se associa ao engenheiro Ernesto Woebcke.
É o início de uma nova fase para a empresa, que vai participar ativamente com suas obras das grandes
transformações ocorridas no Rio Grande do Sul. Nas décadas seguintes a Ernesto Woebcke se destaca prin-
cipalmente no segmento de obras industriais e edifícios comerciais.
A partir da década de sessenta a empresa consolida sua posição de vanguarda no desenvolvimento de
técnicas para a construção de grandes estruturas de concreto armado. Com centenas de obras importantes
realizadas, especialmente no setor de construções industriais, a Ernesto Woebcke atravessa os anos setenta
como uma empresa consolidada. O aperfeiçoamento de técnicas avançadas para construção de grandes es-
truturas de concreto armado e para produção de pré-moldados até hoje é o grande diferencial da empresa.
É o que permite à Ernesto Woebcke cruzar os anos noventa e manter a sua posição de vanguarda como
uma verdadeira fábrica de soluções no campo da engenharia civil.
Luterprev Previdência Complementar é uma organização independente, não ligada a banco, sem fi ns lu-
crativos, e que opera exclusivamente soluções em previdência privada, desde 1916. A sede internacional é ba-
seada em Porto Alegre, RS, e o objetivo do negócio é prover renda às pessoas, sendo líder do mercado nacional
em planos PRGP (Plano com Remuneração Garantida e Performance). Administra atualmente em torno de
R$ 70 milhões de reais para uma carteira de mais de 8 mil clientes em todo o território nacional e no exterior.
Av. Carlos Gomes, 1550 – 8º andar, Porto Alegre, RS – tel. (51) 3328-8693
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Associada à FENAPREVI - Federação Nacional da Previdência Privada
A trajetória da Saur Equipamentos S.A. localizada em Panambi-RS, iniciou em 1926, quando o imi-
grante Richard Saur instalou uma ofi cina para reparos de balanças, fogões a lenha, arados e outros utensílios
em geral. Nas décadas seguintes a pequena empresa deu início à fabricação de janelas de aço, dobradiças
para sofás-cama, caldeiras e carrocerias para transporte de carnes.
Em 1956, em plena expansão, a Saur passa a ser administrada por Ernesto Saur, o qual dá continuidade
às atividades do pai e, paralelamente, dedica-se a desenvolver novos projetos, vislumbrando a atuação em
outras áreas.
Em meados de 1970 uma fábrica maior é construída, possibilitando a expansão para os segmentos agrí-
cola e industrial, passando a produzir plataformas de descarga de granéis, estruturas metálicas e acessórios
para empilhadeiras.
Na década de 1980, as dobradiças e as esquadrias de aço deixam de ser fabricadas, dando lugar ao incre-
mento das Divisões Agrícola e Industrial e inserção no setor Automotivo. Um investimento que rendeu
frutos e levou a Saur, em 1997, a ampliar sua indústria e a construir uma nova área, a fábrica II.
Atualmente, a Saur é líder na comercialização de sistemas de descarga de granéis e equipamentos para
empilhadeiras e referência na produção de equipamentos para as áreas automotiva e fl orestal. Além do
Brasil, a tecnologia e a qualidade de seus produtos conquistam a confi ança no mercado internacional, onde
a Saur, cada vez mais, expande a sua atuação.
Zulmar Neves Advocacia – ZNA presta serviços de consultoria e advocacia empresarial há mais de
25 anos, sendo reconhecido como um dos mais renomados escritórios de advocacia e consultoria na área
empresarial do Rio Grande do Sul, atendendo empresas dos mais variados portes e ramos de atividades em
todo o Brasil.
O escritório ZNA tem como principais áreas de atuação o Direito Tributário; Direito Societário, com
larga experiência em operações de joint venture, fusões e aquisições, processos de reorganização e de dis-
solução de sociedades, bem como de reestruturação de empresas familiares. Entre as especialidades do
escritório estão as fusões e aquisições, área de larga atuação desde a sua fundação, atuando em operações
envolvendo empresas nacionais e internacionais.
Atua, ainda, no Direito Imobiliário e Direito de Família e Sucessões, sendo especializado em organiza-
ção de empresas familiares e reorganização de empresas familiares em todo o seu processo sucessório, em
especial a elaboração de acordo de sócios/acionistas, regulamentos internos de administração e código de
ética entre sócios/acionistas e administradores.
Com sede no Rio Grande do Sul – em Porto Alegre e Caxias do Sul – atuamos também em Curitiba,
Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, através de correspondentes e escritórios associados, e mantemos
relações de serviços com fi rmas de advocacia na América do Sul, nos Estados Unidos e Europa.
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Caxias do Sul: Rua Os 18 do Forte, 1110 - 7º andarCEP 95020-472 Fone/Fax 55 54 3025 [email protected]
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ORC
HES
TRA
A Socaltur Turismo Ltda., fundada em 1950, iniciou suas atividades como empresa de transporte co-
letivo. Em 1971 passou a operar como transportadora turística. Em 1976, tornou-se Agência de Viagens e
Turismo, operando e organizando viagens pelo Brasil, Américas, Europa, Oriente e Oriente Médio.
Armindo Robinson, diretor presidente da empresa, atualmente administra o grupo Socaltur, que é for-
mado pela Sociedade de Ônibus Capivarense Ltda, na cidade de Ivoti, que engloba posto de combustível e
conveniências; Socaltur Turismo Ltda., com matriz em Novo Hamburgo, e a Pousada Parque Robinson,
no distrito de Nova Vila, que possui 200.000m² de área de lazer, parque temático, pousada, restaurante e
está segmentada para a realização de eventos.
A direção das empresas do grupo, está sob a responsabilidade de Remilda Kunz Holler, e tem como
missão fazer o bem, estabelecendo uma relação de segurança e credibilidade com os clientes e parceiros.
Socaltur Turismo Ltda. integrou-se em dezembro de 2003 ao grupo Lufthansa City Center, no seg-
mento Agências de Viagens, estando atualmente conectada em 80 países e mais de 560 cidades no mundo,
facilitando a comunicação e os serviços para todos os passageiros que viajam com algum produto Socaltur.
Desde então utiliza ofi cialmente o nome de Socaltur Turismo Lufthansa City Center.
Para melhorar a distribuição das atividades internas da Socaltur, foram implantados centros de atendi-
mento direcionados em áreas de atuação.
Com 85 anos de sucesso, 38 deles no Brasil, a Stihl é referência mundial no mercado de ferramentas
motorizadas. Com matriz na Alemanha e faturamento anual global superior a 2 bilhões de euros e mais de
11 mil empregados, a Stihl fundou a sua fábrica no Brasil em 1973, em São Leopoldo (RS). Reconhecida
pela sua inovação, a Stihl tem presença em mais de 160 países por meio de canais próprios de distribuição
de revendas autorizadas. Para atender ao mercado global, conta com unidades produtivas na Alemanha,
Brasil, EUA, Áustria, Suíça e China.
Líder no mercado brasileiro de ferramentas motorizadas portáteis, a empresa oferece uma ampla linha,
com produtos destinados aos mercados fl orestal, agropecuário, jardinagem e doméstico. Entre outros pro-
dutos estão roçadeiras, pulverizadores, sopradores, motosserras e ferramentas multifuncionais, que podem
ser encontrados em mais de 1.750 pontos de venda distribuídos pelo Brasil. Em São Leopoldo trabalham
hoje cerca de 1.700 colaboradores.
Com faturamento de R$ 621,1 milhões no mercado brasileiro em 2010, que representa crescimento de
21% sobre 2009, a Stihl deverá investir R$ 150 milhões em 2011. Os investimentos permitirão aprimorar
cada vez mais os níveis de produção para atender à expansão das vendas; reforçar os diferenciais no mer-
cado, especialmente a oferta de um mix completo de produtos de alta qualidade e durabilidade; ampliar o
quadro de funcionários – 200 novos empregos serão criados em 2011; e aumentar de forma expressiva os
pontos de venda – a Stihl deverá dobrar os pontos de venda em todo o país até 2013, hoje no total de 1.750.
Desde a sua criação em 1987, a Vallup Artes Gráfi cas, atenta às novas técnicas e à melhoria da qualidade
de seus produtos, vem garantindo seu espaço no mercado dos impressos. Novos conceitos, novas tecnolo-
gias, atendimento ao cliente, dedicação e muito esforço ao longo do tempo nos valeu o reconhecimento e
a certeza da qualidade do nosso trabalho.
A simplicidade marcou o início de nossas atividades. Pode parecer absurdo, mas não tínhamos com-
putadores. O processo era desenvolvido em máquinas de datilografi a e os títulos eram feitos em “letra
set”. Em setembro de 1996, inauguramos as novas instalações com espaço e tecnologia compatíveis com a
exigência de nossos clientes. A preservação do meio ambiente foi também uma de nossas metas. Por isso
desde 1999, desenvolvemos um processo de tratamento de efl uentes, através do qual a água retorna ao rio,
sem resíduos químicos que prejudicam a todos nós.
São momentos como este que tornam gratifi cantes o trabalho desenvolvido em prol de uma sociedade
melhor. Comemorar 50 anos de convicta e dinâmica atuação deve ser motivo de orgulho para todos asso-
ciados e para os dirigentes da nossa Câmara Brasil-Alemanha.
Parabenizamos e prestamos justa homenagem à Diretoria, colaboradores e todos que fazem essa insti-
tuição com valores pautados na ética e em princípios fundamentais para nossas empresas e vidas pessoais.
A Rede Plaza de Hotéis, Resorts & SPAs sente-se honrada em acompanhar essa trajetória de inconteste
sucesso.
A Luftech Soluções Ambientais é uma empresa gaúcha com quase 20 anos de atuação na fabricação e
venda de equipamentos de tratamento de resíduos sólidos e de efl uentes líquidos e gasosos. Possui depar-
tamentos de consultoria, prestação de serviços e indústria.
Sua missão é encontrar soluções para problemas ambientais de empresas e instituições. Para isso, as
suas tecnologias evoluem constantemente através de parcerias de Pesquisa & Desenvolvimento com Uni-
versidades, empresas e instituições do Brasil e do exterior, como Fapergs, CNPq, UFRGS, UCS, Ulbra,
Fundacouro e o SES.
Possui equipamentos instalados em empresas como a Petrobrás, 10 aeroportos internacionais, mais de
20 prefeituras, 100 hospitais, dentre outros clientes no Brasil e no exterior.
106 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Diretoria e Conselho2010 - 2012PRESIDENTE
André Meyer da Silva Máquinas Condor S.A.
PRESIDENTE DE HONRA
Horst Heinrich Friedrich Bals
VICE-PRESIDENTES
José Adão Haas EPCOS do Brasil Ltda.
Oscar Foerster Auditoria Confi dor Ltda.
Renê Wlach Aliança Navegação e Logística Ltda.
Roberto Pandolfo Kuehne + Nagel Serviços Logísticos Ltda.
DIRETORES
César Walmor Knebel Basf S.A.
Everson Oppermann LUTERPREV - Entidade Luterana de Previdência Privada
Frederico Guilherme Kayser Maquimotor S.A. - Comercial e Técnica
Hans Dieter Rahn Intercâmbio Eletro Mecânico Ltda.
José Luis Kralik Kralik Despachantes Aduaneiros Ltda.
Lauro Carlos Fröhlich Fröhlich S.A. Ind. e Com. de Cereais
Luiz Antônio Germano da Silva Luftech Soluções Ambientais Ltda.
Luiz Roberto Voelcker Auxiliadora Predial Ltda.
Márcia Lippert Lippert e Cia. Advogados
Michael Pfeiffer
Renato Kunst Artecola Ind. Químicas Ltda.
Roberto Mühlbach Centro Auditivo Teuto Brasileiro
Theodore Georgiadis Edlo S.A. Produtos Médicos
Thomas Michael Berger Sapotec Sul Soluções Ambientais Ltda.
CONSELHO EMPRESARIAL
Adolf Sajovic Eisele Equipamentos Industriais Ltda.
Andreas Weimer Incoterm Indústria de Termômetros Ltda.
André Luís Jungblut Gazeta do Sul S.A.
Antonio Thomaz Viana Allianz Seguros S.A.
Armindo Robinson Socaltur Turismo Ltda. Lufthansa City Center
Astor Milton Schmitt Randon Participações
Betina Fritsch Aços Favorit Distribuidora Ltda.
Bruno Artur Fockink Fockink Indústrias Elétricas Ltda.
Carlos Fernando Souto Veirano Advogados
Enio Schöninger Export-RS Consultoria e Negócios Ltda.
Erlo Adolfo Endruweit Associação DEULA Ijuí
Ernesto Borges da Fonseca Schumacher Industrial Ltda.
Ernesto Otto Saur Saur Equipamentos S.A.
Erwin A. Rezelman Sap Labs Brazil
Gerson Luchini Pozzi Steffen & Pozzi S.A.
Henrique Bernardo Hemesath Empresa Construtora Ernesto Woebcke S.A.
Henrique Frederico Schmidt Predial Adminsitradora Hotéis Plaza S.A.
João Carlos Martinewski Onnix Corretora de Câmbio Ltda.
João Paulo Flach Leitz Ferramentas para Madeira Ltda.
Jorge Augusto Feldens Associação Antonio Vieira
Jorge Gerdau Johannpeter Gerdau Aços Longos S.A.
José A. Valle Antunes Junior Produttare Comércio e Representações Ltda.
José Adroaldo Oppermann Associação Hospitalar Moinhos de Vento
José Luiz Raymundo Ziemann-Liess Máquinas e Equipamentos Ltda.
Lúcio Feijó Lopes Feijó Lopes Advogados
Luiz Carlos dos Santos Bioseta Saúde Ambiental Ltda.
Luiz Fernando Eberle Gewehr GGS Seguros
Luiz Fernando Vieira Afi sckon Consultoria Empresarial S/S Ltda.
Luiz Paulo Hoppe Minitub do Brasil Ltda.
Manfred Koelln Altari S.A. Viaturas e Refrigeração
Mário Luiz Cavaletti Cavaletti S.A. Cadeiras Profi ssionais
Oldemar Hörbe
Paulo Studzinski Ensinger Indústria de Plásticos Técnicos Ltda.
Pedro Alberto Tedesco Silber Construtora Tedesco Ltda.
Rafaella Mayer Semeato S.A. Indústria e Comércio
Renato Lauri Breunig Breunig Advogados Associados
Roberta Bragaglia Lanxess Ind. Prod. Químicos e Plásticos Ltda.
Romulo Marques Dornelles Ilegra
Sergio R. da Fontoura Juchem Juchem Advocacia
Thomas Burger Burger Arquitetos Sociedade Simples Ltda.
Vitor Hugo Mahler Metalúrgica Mahler Ltda.
Wladimir Omiechuk KPMG Auditores Independentes
Zulmar Neves Zulmar Neves Advocacia
Este livro foi impresso em Porto Alegre, RS, Brasil, em abril de 2012,
pela Vallup Rio Sul em papel couché 150g e capa dura.
A Tipologia utilizada foi Aldine 401 BT, tamanho 11, nos textos,
e Franklin Gothic BT, tamanho 28, nos títulos.
110 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
112 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos
Ao completar 50 anos no Rio Grande do Sul, a Câmara Brasil-Alemanha reafi rma o seu papel
fundamental como impulsionadora das relações comerciais entre o Brasil e a Alemanha, principal-
mente por estar em uma região do país onde há um grande número de imigrantes alemães e os
laços com esta cultura serem muito presentes.
A Câmara Brasil-Alemanha tem o importante papel de aproximar o Rio Grande do Sul do mercado
alemão, estreitando as relações bilaterais entre as duas regiões. Ao apoiar seus associados, na função
de fomentador de negócios e serviços, a entidade ajuda de forma decisiva a tornar o sul do país mais
infl uente na Alemanha, além de abrir as portas do mercado europeu aos produtos gaúchos, apoiando
o desenvolvimento dos negócios e o fortalecimento dos aspectos culturais envolvidos.
Nasci em uma família alemã e faço parte da quarta geração da família Gerdau. Além disso, meu
pai, Curt Johannpeter, nasceu na Alemanha e naturalizou-se brasileiro. Logo, ser reconhecido como
um representante da cultura alemã no estado foi para mim e para toda família Gerdau Johannpeter
uma grande honra.
Jorge Gerdau Johannpeter
In dem Jahr, in dem die Deutsch-Brasilianische Kammer ihr 50-jähriges Bestehen im Bundesland
Rio Grande do Sul feiert, bekräftigt sie ihre bedeutende Rolle als Triebkraft der bilateralen wirtschaftlichen
Beziehungen beider Länder, hauptsächlich weil sie in einer Region Brasiliens tätig ist, in der eine große
Anzahl Abkommen deutscher Einwanderer lebt und das deutsche Kulturerbe noch sehr erhalten ist.
Die Kammer stellt ein wichtiger Partner in der Annäherung des Bundeslandes Rio Grande do Sul
zu dem deutschen Markt dar, indem sie bilaterale Beziehungen fördert. Durch die Unterstützung ihrer
Mitglieder als Förder- und Dienstleistungsstelle trägt die Kammer dazu bei, den Süden Brasiliens in
Deutschland präsenter zu machen, die Tore des europäischen Markts den hiesigen Erzeugnissen zu
öffnen und den kulturellen Hintergrund zu stärken.
Ich selbst bin deutschstämmig und gehöre der vierten Generation der Familie Gerdau in Brasilien
an. Mein Vater, Curt Johannpeter, ist in Deutschland geboren und hat sich in Brasilien einbürgern las-
sen. Es ist mir und der gesamten Familie Gerdau Johannpeter eine große Ehre, in diesem Bundesland
als Vertreter des deutschen Kulturerbes angesehen zu werden. (Jorge Gerdau Johannpeter)