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50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

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Pesquisa e texto: Milton Wells

Produção: Matita Perê Editora Ltda.

Coordenação: André Meyer da Silva e Valmor Kerber

Projeto gráfi co: Vinícius Kraskin

Execução: Letícia Abreu

Capa: Rafael Cividini / Kraskin Comunicação

Diagramação: Vinícius Kraskin / Kraskin Comunicação

Fotos: Acervo de Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul

Tradução para o alemão: Dankwart Bernsmüller

Revisão: Traduzca e Letícia Abreu

Impressão: Vallup Rio Sul | vallup.com.br

Copyright © 2012 Matita Perê Editora Ltda.

Todos os direitos desta edição reservados a

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul

Rua Castro Alves, 600 - Porto Alegre - RS - Brasil

[email protected]

www.ahkpoa.com.br

1ª edição

Porto Alegre, abril de 2012.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

W456s Wells, Milton

A saga de Ferdinand Kisslinger = Die Geschichte von Ferdinand Kisslinger /

Milton Wells. – Porto Alegre : Matita Perê, 2011.

128 p. : Il ; 28 cm.

ISBN: 978-85-65032-00-1

Obra editada em português e alemão

1. Kisslinger, Ferdinand. 2. Máquinas Condor – História. 2. Empresas – Rio

Grande do Sul – História. 3. Guindastes para Navios. 4. Imigração Alemã – Rio Grande

do Sul. I. Título.

CDD 920.08165

Bibliotecário Responsável: Ginamara Lima Jacques Pinto (CRB 10/1204)

W456s Wells, Milton

50 anos da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul / Milton Wells. –

Porto Alegre : Matita Perê, 2012.

112 p. : Il ; 28 cm.

1. Economia – Brasil-Alemanha. 2. Relações Internacionais – Brasil e Alemanha

– História. 3. Rio Grande do Sul – Condições Econômicas. 4. Câmara de Comércio e

Indústria Brasil-Alemanha – História. I. Título.

CDD 981.65052

Page 7: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Sumário

Apresentação 9 Introdução 11 As primeiras Câmaras Teuto-brasileiras 12 A criação da Câmara do Rio Grande do Sul 15 As primeiras Diretorias da Câmara 19 A primeira alteração do nome da Câmara 22 A viagem do presidente Lübke a Porto Alegre 29 A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS 32 A criação do Conselho Integrado das Câmaras 36 Câmara inicia um novo ciclo de atividades 42 A Câmara nos dias de hoje 47 Resumo do histórico em alemão 51 Alemanha, o país das feiras 60 As rodadas de negócios 66 O Senior Experten Service 68 O olhar alemão sobre o Brasil melhorou 72 Sustentabilidade 76 O programa de trainees da Câmara 79 Balança comercial 80 Cronologia das relações bilaterais Brasil-Alemanha 83 Bibliografi a selecionada 85 Apoiadores 87 Diretoria e Conselho 2010-2012 106

Page 8: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha
Page 9: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Apresentação

A relação Brasil-Alemanha tornou-se

mais importante no século 19, por

conta da leva de imigrantes convi-

dados pela Imperatriz Leopoldina, nascida

na Áustria, interessada em aumentar os laços

teuto-brasileiros e o desenvolvimento econô-

mico brasileiro. Na primeira metade do sé-

culo 20, a Alemanha foi importante parceira

econômica do Brasil, cessando esta relação

com a decisão brasileira de se juntar aos alia-

dos na Segunda Grande Guerra. Tão logo assinada a paz, essa relação reiniciou. Já

na década de 1950, as relações comerciais entre os dois países voltaram a intensi-

fi car-se, o que resultou, em 1955, na criação da Câmara Brasil-Alemanha, como

hoje é conhecida, no Rio Grande do Sul.

Este livro conta a história da nossa Câmara desde o início, quando um gru-

po de alemães e seus descendentes juntaram-se na busca do estreitamento das

relações comerciais entre Brasil e Alemanha. O texto, de fácil e agradável leitura,

conta essa história contextualizando-a no período histórico em que esta se de-

senvolve; deste modo é possível entender perfeitamente por que e como certas

decisões foram tomadas.

A importância dessa relação se expressa, por exemplo, quando se sabe que o

Brasil é, depois da Alemanha, o lugar onde existe o maior número de indústrias

alemãs instaladas, respondendo por quase 10% do PIB brasileiro.

A corrente de comércio e investimentos recíprocos tem crescido consisten-

temente entre os dois países, nos últimos anos, ainda que prejudicados pelas

últimas crises econômicas que têm se abatido sobre o mundo desde 2007/2008.

Além das relações econômicas, as relações culturais entre os dois países têm

se fortalecido continuadamente, por meio de diversos programas e eventos.

Sinto-me especialmente honrado em poder fazer esta apresentação por ter

sido Otto Ernst Meyer, meu avô, um dos que fi zeram parte do grupo que recriou

a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul.

Desejo a todos uma instrutiva e agradável leitura,

André Meyer da Silva

Presidente da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul

Apresentação l 9

Page 10: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

10 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Casamento de

D. Pedro I com

Dona Leopoldina

intensifi cou as relações

comerciais do Brasil

com a Alemanha

Page 11: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Introdução

A partir de 1824, ano da primeira onda de imigração alemã para várias

regiões do país, originada pelo enlace de D. Pedro I, fi lho de D. João

VI, da dinastia Bragança, com Dona Leopoldina, fi lha do imperador da

Áustria, Francisco I, da dinastia de Habsburg, as relações comerciais do Brasil

com a Alemanha passaram a se intensifi car.

Em 17 de novembro 1827, o império brasileiro celebrou o Tratado de Co-

mércio e Navegação com as cidades hanseáticas Hamburgo, Bremen e Lübeck.

Essas cidades tinham como política econômica o comércio, tanto doméstico

como externo – o ultramarino. Na Alemanha, o processo desses tratados de-

sencadeou várias etapas no exterior: foram estabelecidas as primeiras relações

comerciais, fundadas agências de negócios, representações consulares e entabu-

ladas negociações para uma série de outras convenções de comércio e navegação.

Como resultado da aproximação entre o Brasil e a Alemanha, de 1896 em

diante, o número de imigrantes alemães, segundo registros diplomáticos, au-

mentou ainda mais, a ponto de atingir, em 1907, cerca de 350 mil – o equiva-

lente a 2% da população brasileira. Eram professores, lojistas, artífi ces, colonos,

homens de negócios, médicos, veterinários, arquitetos e muitos outros. No pe-

ríodo 1844-1866, de acordo com dados do Almanaque Laemmert – editado pelos

irmãos Eduard e Heinrich Laemmert, originários da cidade alemã de Rosenberg

–, o quadro de alemães no país englobava um total de 66 profi ssões. A Alemanha

ocupava o segundo lugar no comércio exterior com o Brasil, tanto como for-

necedora de manufaturas, suplantada apenas pela Grã-Bretanha, quanto como

cliente, não muito abaixo dos EUA.

De 1904 a 1906, a participação da Alemanha nas exportações brasileiras de

café aumentou de 15% para 31% do total, enquanto a dos EUA decresceu de

62% para 38%. No mesmo período, a percentagem alemã total dos produtos

exportados pelo Brasil saltou de 13% para 17%.

Em 1906, quando o preço do café caiu no mercado mundial, abaixo dos cus-

tos de produção, foram os bancos Diskonto Gesellschaff e Dresdner Bank os primei-

ros a apoiar o Acordo de Taubaté, fi rmado entre os governadores de São Paulo,

Minas Gerais e Rio de Janeiro, para garantir um preço mínimo para o principal

produto da economia brasileira.

Na mesma época, por meio do Brasilianische Bank für Deutschland, os alemães

concederam ao estado de São Paulo um fi nanciamento líquido de 919 mil mar-

cos, que havia sido negado pela casa bancária do barão de Rothschild, da Grã-

Bretanha – principal credor do Brasil.

Introdução l 11

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12 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

As primeiras CâmarasTeuto-brasileiras

Em 1913, com um total de exportações de 234 milhões de marcos-ouro,

a Alemanha suplantava os EUA e ameaçava a preponderância da Grã-

Bretanha nas relações comerciais com o Brasil. Essa posição – o segun-

do maior parceiro, tanto nas exportações quanto nas importações – a Alemanha

conservou até 1914, quando a Primeira Guerra Mundial interrompeu drastica-

mente o fl uxo de comércio com toda a Europa. Em guerra contra a Alemanha,

a Inglaterra pretendia eliminar a concorrência comercial nos países que man-

tinham relações com a sua inimiga. Nesse sentido, fi rmas brasileiras, e até de

países que não participavam da guerra, foram obrigadas a romper relações com

empresas alemãs.

Foi em função desse quadro que homens de negócios de origem alemã,

sobretudo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, re-

solveram se unir em associações, a fi m de expor as suas difi culdades de sobre-

vivência provocadas pelos britânicos. Assim surgiu, em 3 de agosto de 1916, no

Rio de Janeiro, a União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras, mais tarde de-

nominada Câmara Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro. No mesmo ano, em 27

de novembro, na Sociedade Germânia, no centro de São Paulo, foi fundada a

União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras em São Paulo – hoje Câmara

Brasil-Alemanha de São Paulo. Como depois da guerra não havia representação

diplomática da Alemanha no Brasil, a União passou a tratar de questões que

envolviam os dois países diretamente com órgãos brasileiros. Somente no início

de 1921 foi reaberta uma representação diplomática alemã, na Capital Federal.

Muitas das fi rmas de imigrantes alemães e seus descendentes do Rio Grande

do Sul, da época, haviam surgido ainda no século 19, como H. Fraeb, Frederico

Mentz, J. Becker, Kappel, Renner, Oderich, Rotermund & Co. e muitas outras.

A maior parte se dedicava ao comércio e à importação de produtos que eram dis-

tribuídos aos armazéns. Entre as muitas instituições desenvolvidas por imigran-

tes pioneiros no estado, destacavam-se a Igreja Luterana, o Colégio Farroupilha,

o Hospital Moinhos de Vento e a Sogipa.

O Brasilianische Bank für Deutschland, o Banco Alemão, foi uma das fi rmas

precursoras que operou em Porto Alegre no período de 1904 até 1918, quando

fechou suas portas em razão da entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial.

Um dos maiores marcos do empreendedorismo alemão no sul do Brasil foi

a fundação da Varig, pelo imigrante Otto Ernst Meyer. Nascido em 1897, em

Page 13: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

A sede do Brasilianische Bank

Für Deutschland (Banco

Brasileiro da Alemanha) estava

localizada no meio da quadra

entre a Rua dos Andradas e a

Sete de Setembro

As primeiras Câmaras Teuto-brasileiras l 13

Page 14: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

14 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Heider-Marschacht, antiga província de Hannover, na Alemanha, Meyer estava

desde 1921 no Brasil, para onde emigrara contratado pela Lundgren Irmãos Te-

cidos S/A, do Recife, controladora das Casas Pernambucanas.

Doente com malária, ele veio para o sul em busca de um clima mais con-

veniente para a sua saúde. Em 1923, depois de uma breve passagem pelo Rio de

Janeiro, instalou, em Porto Alegre, uma fi rma própria, chamada Becker, Meyer

e Cia. Em 7 de maio de 1927, fundou a Varig (Viação Aérea Rio-grandense) – a

pioneira da aviação comercial no Brasil –, com o capital de mil contos de réis,

subscrito por 550 acionistas, dos quais 70% gaúchos. A primeira diretoria elei-

ta foi composta por Otto Ernst Meyer, Rudolf Cramer von Clausbruch, Fritz

Hammer, Major Alberto Bins e os Conselheiros Carlos Albrecht Jr., Max Sauer

e o Barão von Duddenbrock.

Ainda na década de 1920, várias fi rmas subsidiárias alemãs instalaram-se no

país, principalmente em São Paulo, como a Siemens, AEG, Schering, Bayer,

Merck, Deutz, Bromberg & Cia. e Faber-Castell. Ainda assim, predominavam,

entre os imigrantes alemães e seus descendentes, os estabelecimentos de impor-

tação de produtos da Alemanha, como lustres, camas, quartos de dormir, ferra-

mentas e uma série de outros itens. Imigrantes e fi lhos de imigrantes alemães,

em alguns casos, chegavam a importar da Alemanha toda a mobília de suas casas,

dada a condição rudimentar da indústria moveleira local.

Em 1930, foi fundado o Centro de Indústria Fabril do Rio Grande do Sul,

por iniciativa de A. J. Renner e de Alberto Bins. Entre os fundadores de so-

brenome alemão marcaram presença: Bier, Beck, Campani, Casper e Müller.

Outros eram imigrantes como: Renner, Wallig, Kessler, Neugebauer, Nedel,

Jung, Hermann, Gerdau, Bopp, Sassen, Ritter, Kluwe, Teichmann, Brutschke,

Tannhäuser e Schapke.

Otto Ernst Meyer,

fundador da Varig, foi

também um dos fundadores

da Câmara Teuto-Brasileira

no Rio Grande do Sul.

Ao lado, o hidroavião

Atlântico, a primeira

aeronave da empresa

em seu primeiro voo

comercial do Brasil

Page 15: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

A criação da Câmara doRio Grande do Sul

A té o período anterior à Segunda Guerra Mundial, 20% das exportações

do Brasil eram destinadas à Alemanha, seu segundo maior parceiro co-

mercial, superado apenas pelos EUA.

Com a integração do governo Getúlio Vargas ao bloco dos Aliados e o rom-

pimento das relações com os países do eixo – Alemanha, Itália e Japão –, tam-

bém foram cortadas todas as relações comerciais entre os dois países. Alemães,

japoneses e italianos, residentes no país, passaram a ser fortemente reprimidos,

o que levou a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, em agosto de 1942, a fe-

char as suas portas. Na sequência, todos os seus ativos foram transferidos para

o Hospital Alemão e a Sociedade Benefi cente Alemã daquele estado. Em todo

o país, clubes e sociedades alemãs foram fechados, as escolas encampadas e os

professores nascidos na Alemanha proibidos de lecionar.

Seis anos depois, exatamente em 27 de agosto de 1948, em solenidade

realizada na Associação Comercial de São Paulo, foi reaberta a Câmara Teuto-

Brasileira. Com isso, São Paulo tornou-se a segunda cidade no exterior, depois

de Nova Iorque, em que se fundava uma câmara alemã de comércio exterior

depois da guerra. Entre os 300 convidados, estavam o ex-prefeito de Porto Ale-

gre, Alberto Bins, e Max Ertel, diretor da fi lial da Bromberg & Cia na capital

gaúcha – ambos relacionados como diretores da nova entidade. Naquele mes-

mo evento, foi mencionada nos discursos, pela primeira vez, a intenção de ser

criada uma representação da Câmara alemã no Rio Grande do Sul, o que de

Getulio Vargas

reunido com seu

Ministério, logo

após a declaração

de guerra ao

eixo em 1942

A criação da Câmara do Rio Grande do Sul l 15

Page 16: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

16 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

fato veio a ocorrer em 28 de abril de

1949, na sala de eventos da Associa-

ção Comercial de Porto Alegre. À

reunião inaugural da chamada Ses-

são de Porto Alegre da Câmara Teu-

to-Brasileira em São Paulo compa-

receram 42 pioneiros liderados por

Otto Ernst Meyer e A. J. Renner.

A disposição dos homens de

negócios de Porto Alegre ligados

à comunidade alemã de criar uma

representação da Câmara na cidade

repercutiu logo em seguida, com a

visita ao estado da primeira missão comercial alemã. Chefi ada pelo diplomata

Vollrath Freiherr von Maltzan, a comitiva desembarcou em 23 de abril de 1950,

no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, seguindo depois para São Paulo e

Porto Alegre, cidades em que foi recepcionado pelas respectivas Câmaras.

Foi graças a essa missão de Maltzan que, em 7 de junho do mesmo ano, foi

assinado o acordo comercial entre o Brasil e a Alemanha. Em seu preâmbulo,

as partes contratantes expressaram a vontade “de renovar a amizade tradicional

e abrir uma nova página no livro da história das relações entre os dois povos”.

Um ano depois, as relações diplomáticas entre os dois países foram ofi cializa-

das. Em 12 de setembro de 1950, a sessão Porto Alegre da Câmara Teuto-Bra-

sileira em São Paulo instalou seu primeiro

escritório na Rua Uruguai, 35, Edifício

Bier & Ullmann, sala 233.

No ano seguinte, no mês de julho, a

embaixada alemã reabriu as suas portas na

Capital Federal, com o primeiro embai-

xador do pós-guerra, Fritz Oellers. Com

essa reaproximação entre os dois países,

em meados da década de 1950, também

recomeçaram as transferências de tecno-

logia e capital alemão para o Brasil. Estimuladas pelos alemães, que autoriza-

ram a transferência de capital para o Brasil, inúmeras fi rmas alemãs passaram

a se instalar em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Todo o processo foi

facilitado por meio de aportes de bens sem cobertura cambial, de exportações

e de fi nanciamentos em prazos de até cinco anos.

Neto de imigrantes

alemães, Antônio Jacob

Renner, mais conhecido

como A. J. Renner, foi

o fundador do Centro

de Indústria Fabril do

Rio Grande do Sul,

atual Federação das

Indústrias do Estado

do Rio Grande do Sul

(Fiergs), juntamente

com o empresário Alberto

Bins, igualmente de

origem alemã

Ainda na década de 1920, várias

fi rmas subsidiárias alemãs instalaram-se

no país, principalmente em São Paulo,

como a Siemens, AEG,

Shering, Bayer, Merck, Deutz,

Bromberg & Cia. e Faber Castell

Page 17: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Frente a essa nova conjuntura, a antiga ideia de retomar a fundação de uma

entidade representativa, voltada para as relações com instituições e autoridades

locais, tornou-se inadiável para os homens de negócios alemães e seus descen-

dentes no Rio Grande do Sul. Foi com esse intuito que no dia 22 de julho de

1955, na Associação Comercial de Porto Alegre, 25 pioneiros lançaram a Câmara

de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande do Sul. O Brasil era um país de

cerca de 52 milhões de habitantes e o estado comportava pouco mais de 4,5

milhões, dos quais 6,16% de imigrantes estrangeiros, com a predominância de

italianos, uruguaios e alemães. Além dos fundadores – a maioria formada por

Edifício da Associação

Comercial de Porto

Alegre em 1955

A criação da Câmara do Rio Grande do Sul l 17

Page 18: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

18 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

empresários voltados para exportação e importação de produtos –, dois repre-

sentantes da Câmara de Comércio Teuto-Brasileira em São Paulo faziam parte

da lista de assinaturas da primeira assembleia extraordinária da entidade.

Com a separação da Câmara paulista, os pioneiros da Câmara gaúcha pre-

tendiam contribuir para uma maior atração de investimentos alemães para o

Rio Grande do Sul e, de forma simultânea,

criar novos laços com as entidades comer-

ciais da Alemanha.

Para o exercício do primeiro manda-

to de dois anos, foi eleita a seguinte dire-

toria: presidente: Wilhelm Kunhardt, da

Representações e Importações Liess Ltda.;

vice: Otto Ernst Meyer, fundador da Varig

S.A.; diretores: Emilio Hillmann, da Ferra-

gem Kirchner Hillmann S.A.; Guilherme

A. Lamberts, da Lamberts S.A.; secretário:

Günter Schiersner.

O primeiro compromisso da Câmara re-

cém-criada foi recepcionar o investidor Rudolf August Oetker, detentor da maioria

do capital da Companhia de Navegação Hamburguesa H.S.D.G., atual Hamburg

Süd. Oetker era esperado para a madrugada do dia 25 de outubro daquele ano.

Em 27 de agosto de 1948, em

solenidade na Associação Comercial

de São Paulo, na reabertura da

Câmara Teuto-Brasileira foi

mencionada nos discursos, pela

primeira vez, a intenção de ser criada

uma representação da Câmara alemã

no Rio Grande do Sul

Page 19: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

As primeiras diretoriasda Câmara

Porto Alegre, na década de 1950, era uma cidade com cerca de 400 mil

habitantes, cheia de labirintos e de símbolos de progresso, como os

anúncios luminosos a gás neon. O centro ainda guardava um pouco de

seu charme de décadas passadas. A Câmara realizava suas reuniões-almoço na

Sociedade Germânia, na Avenida Independência. Nesses encontros eram feitas

homenagens e palestras sobre temas relacionados com a economia do Brasil e

do Rio Grande do Sul. A cooperação intensa da Câmara para atrair e facilitar

investimentos fi nanceiros industriais no Rio Grande do Sul foi registrada em ata

como um de seus mais importantes objetivos.

No Rio Grande do Sul, o censo de 1950 do IBGE apontara para a liderança da

indústria de produtos alimentares, seguido pela indústria de madeira, do couro, de

tecidos e do fumo. Predominavam as fi rmas individuais e familiares, registrando-

se o maior número de empresas na zona colonial e na capital do estado.

De acordo com o cadastro industrial do estado de 1952, os teuto-riogran-

denses dominavam 34% de toda a indústria da transformação gaúcha. Além dis-

so, mantinham participação signifi cativa em ramos como banha, tecidos, fumo

e metalurgia. A economia gaúcha permanecia ligada aos ramos tradicionais que

benefi ciavam a matéria-prima do setor primário.

A partir de 1955, contudo, a indústria brasileira passou a orientar-se para a

produção de bens de capital e de semiduráveis, o que levou o país a uma nova

Em 30 de outubro

de 1957 foi eleito

presidente da Câmara,

por unanimidade, o

descendente de alemães

Egydio Michaelsen.

O novo dirigente atuava

como consultor

jurídico do Banco

Agrícola Mercantil, que,

posteriormente, fundiu-

se com o Banco Moreira

Sales, de São Paulo

As primeiras diretorias da Câmara l 19

Page 20: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

20 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

fase no processo de substituição de importações. Essa tendência acabou por

acentuar a defasagem do parque industrial gaúcho em relação ao centro do país,

o que exigia novos investimentos.

Em 22 de março de 1956, a Câmara mudou-se para o edifício da Socieda-

de de Engenharia, na Travessa Engenheiro Acilino de Carvalho, 33, conjunto

54. Com foco nas relações com entidades congêneres, na campanha por novos

sócios e na divulgação das potencialidades do Rio Grande do Sul, em junho do

mesmo ano, a diretoria determinou a elaboração de um relatório anual para dis-

tribuição aos associados, associações comerciais do estado e das cidades de São

Paulo e Rio de Janeiro, Câmara dos Deputados, Câmara Municipal, imprensa

local, Consulados e Câmaras de Indústria e Comércio e agências da Alemanha,

num total de 500 exemplares. Na época, a entidade contava com 136 associados

e a nova meta era alcançar 200.

A assembleia geral de 30 de outubro de

1957 teve um signifi cado especial. Além da

indicação de Otto Ernst Meyer para a presi-

dência de honra da entidade – em reconhe-

cimento pelo seu trabalho como um dos

fundadores da Câmara –, foi eleito presi-

dente, por unanimidade, o descendente de

alemães Egydio Michaelsen, tendo como

vice, Guilherme A. Lamberts, e os direto-

res: Emilio Hillmann, Wilhelm Kunhardt, Herbert Mueller e Ricardo Landgraf.

O novo dirigente atuava, na época, como consultor jurídico do Banco Agrícola

Mercantil, que, posteriormente, fundiu-se com o Banco Moreira Sales, de São

Paulo. A posse fi cou marcada para 26 de novembro do mesmo ano.

Junto com as atividades de praxe, a Câmara recepcionava um número signi-

fi cativo de industriais e de investidores alemães que vinham ao Brasil prospectar

negócios. Na época, o país carecia de investimentos necessários para dar conti-

nuidade ao processo de industrialização e encontrava-se em plena efervescên-

cia política, dada a série de escândalos que havia debilitado o governo Vargas.

Aparentemente sem saída para crise, o presidente escolheu a alternativa mais

dramática: o suicídio, em 24 de agosto de 1954.

João Fernandes Campos Café Filho, vice de Vargas, assumiu o governo com

ênfase na industrialização do país. Nessa linha, em 17 de janeiro de 1955, o ministro

da Fazenda Eugênio Gudin, promulgou a Instrução 113 da Superintendência da

Moeda e do Crédito (SUMOC), que autorizava a Carteira de Comércio Exterior

(Cacex) a emitir licenças de importação de equipamentos sem cobertura cambial.

Nos anos de 1950, além de suas

atividades normais, a Câmara

recepcionava grande número de

industriais e investidores alemães que

vinham ao Brasil prospectar negócios

Page 21: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

A escolha era uma forma de evitar a restrição de divisas e o estrangulamento

externo brasileiro, agravado com o declínio das receitas de exportação que foi

provocado pelo boicote dos importadores ao aumento de preço do café.

Ao permitir a importação sem cobertura cambial de equipamentos na forma

de investimento direto estrangeiro, o governo tinha como objetivo aumentar

a importação de bens de capital sem afetar o balanço de pagamentos, e, assim,

modernizar rapidamente a indústria nacional. Esses equipamentos e máquinas

importados por meio da Instrução 113 eram contabilizados no ativo das em-

presas importadoras como investimento, numa taxa de câmbio livre, enquanto

que a remessa de lucros e amortizáveis que as empresas faziam se dava com base

numa taxa de câmbio preferencial. Portanto, havia um diferencial cambial que

favorecia esse tipo de investimento.

No período que abrangeu a assinatura da Instrução 113 da SUMOC até

maio de 1957, a Alemanha colocou-se, logo após EUA, em segundo lugar na lis-

ta dos países que participaram de investimentos em forma de máquinas e equi-

pamentos no Brasil.

Com a eleição do presidente Juscelino Kubistchek, as relações do Brasil com a

Alemanha se acentuaram e, no fi nal de 1956, o Brasil já era o país estrangeiro onde

a Alemanha mais fazia investimentos. Segundo informações do Ministério de Eco-

nomia alemão, relatado em correspondência da diplomacia brasileira, de 1952 até

o terceiro trimestre de 1956, a Alemanha aplicara em diversos países o equivalente

a US$ 285,6 milhões, dos quais 62%, ou seja, US$ 172 milhões em apenas cinco

países, com destaque para o Brasil, que recebeu US$ 65,1 milhões, ou seja, 22,7%.

As tradicionais

reuniões-almoço

da Câmara eram

realizadas no salão de

eventos da Associação

Comercial de

Porto Alegre

As primeiras diretorias da Câmara l 21

Page 22: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

22 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

A primeira alteraçãodo nome da Câmara

Graças ao empenho do presidente JK, que superou todas as grandes ques-

tões do pós-guerra, inclusive o acordo sobre a restauração dos direitos

de propriedade industrial e patentes de invenção de fi rmas alemãs, na

década de 50, o Brasil foi altamente benefi ciado pelos investimentos da Alema-

nha. Segundo dados registrados pelo próprio JK, o ingresso de capitais estran-

geiros triplicou em seus dois primeiros anos. Saltou de US$ 120 milhões, em

1955, para US$ 330 milhões, até dezembro de 1957. Do total, os investimentos

alemães situaram-se em segundo lugar, logo atrás dos EUA, com mais de 50% do

total. No mesmo período, a Mercedes-Benz, a Volkswagen e a DKW-Vermag, de

Düsseldorf, anunciaram investimentos na instalação de indústrias automobilísti-

cas em São Paulo. Quando JK lançou o sonho da industrialização, que teve como

símbolo o setor automotivo, o setor era praticamente rudimentar no Brasil. Não

havia noção do que era produzir algo com qualidade. Foi uma época de grande

pioneirismo em que o país mudou sua estrutura básica de economia agrícola

para industrial, com todos os custos em matéria de urbanização, de educação e

de outros serviços públicos.

Na mesma onda, vieram para o Rio Grande do Sul algumas pequenas em-

presas familiares. Muitas com potencial para tornarem-se multinacionais. Ainda

em 1957, a Siemens comprou a Icotron, localizada em Porto Alegre. Mais tarde,

em 1962, a unidade mudou-se para Gravataí, onde opera sob a denominação de

Abaixo a linha de

montagem do fusca,

nos anos 50, e, ao lado,

JK na inauguração da

fábrica da Mercedes, em

1956, onde foi montado

o primeiro caminhão

a diesel brasileiro,

o L-312

Page 23: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Epcos do Brasil Ltda. Em 2009, a Epcos AG fundiu-se com a divisão de com-

ponentes eletrônicos da TDK Corporation, dando origem a uma nova empresa:

TDK-EPC Corporation, com sede em Tóquio, Japão.

A aproximação do Rio Grande do Sul com a Alemanha passou a acentuar-

se. Em abril de 1957, a Câmara de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande

do Sul participou, em Berlim, por meio de seu secretário Günter Schiersner, de

reunião mundial da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio

(Deutscher Industrie und Handelstag - DIHT). O objetivo do evento era dina-

mizar – o que se consolidou nos anos seguintes – o chamado modelo alemão de

incentivo ao comércio exterior. Grande responsável pelo sucesso da Alemanha

na abertura de novos mercados, até hoje é formado por três colunas: a Agência

Federal de Comércio Exterior, vinculada ao Ministério de Economia; as repre-

sentações ofi ciais no estrangeiro – embaixadas e consulados –, e as câmaras de

comércio exterior organizadas bilateralmente.

Enquanto isso, o Rio Grande do Sul estava muito perto de comemorar

aquela que seria, na época, a maior obra rodoviária do Brasil. Depois de estudos

demorados, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) inicia-

ra, em 20 de outubro de 1955, a construção de quatro grandes pontes sobre o rio

Guaíba e o delta do Jacuí. Com projeto dos engenheiros alemães Fritz Leonhardt

e Wolfhart Andrä, de Stutgart, o empreendimento foi executado pela empresa

de engenharia Azevedo Bastian Castilhos S.A., de Porto Alegre, fundada por um

fi lho de imigrantes alemães, o engenheiro Jorge Vieira Bastian.

Até a conclusão da ponte sobre o Guaíba, o extremo sul do país perma-

neceu em alto grau de isolamento, o que evitou que sua indústria sofresse a

Até a conclusão da

ponte sobre o Guaíba,

o Rio Grande do Sul

permaneceu em alto grau

de isolamento do restante

do país; predominavam

escalas insatisfatórias,

técnicas ultrapassadas,

formas arcaicas de

comercialização e

propriedade familiar

“fechada”

A primeira alteração do nome da Câmara l 23

Page 24: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

24 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

concorrência mais acirrada da produção de outras regiões, mas com inegáveis

prejuízos. Antes da construção da ponte, denominada Travessia Engenheiro

Regis Bittencourt, inaugurada em 28 de dezembro de 1958, tudo era permiti-

do no Rio Grande do Sul: escalas insatisfatórias, técnicas ultrapassadas, formas

arcaicas de comercialização e propriedade familiar “fechada”. Após o impacto

sofrido pelo estado com a integração do mercado nacional, graças à construção

dos 16 quilômetros da ponte sobre o Guaíba, a indústria gaúcha começou a

reagir, passando a apresentar taxas de expansão próximas às de São Paulo e do

Brasil, em torno de 7% ao ano.

Indicado por seu antecessor, Egydio Michaelsen, para o exercício da pre-

sidência da Câmara no período 1959-1961, Jorge Vieira Bastian foi eleito por

unanimidade, em 18 de agosto de 1959, no salão de Conferências da Reitoria da

Universidade do Rio Grande do Sul (URGS). Para a vice-presidência, foi eleito

Adalberto E. Tatsch, da Tabacos Tatsch S.A. A diretoria incluiu ainda os nomes

de Guilherme A. Lamberts; Herbert Mueller, da Metalúrgica H. Mueller S.A.,

Ricardo Landgraf e Arno Vincent Jacobi, da Jacobi & Cia.

O fi nal do governo Ildo Meneghetti (1955-1959), marca o ingresso do esta-

do em uma nova fase. Seu sucessor, o engenheiro Leonel Brizola, logo no início

de seu mandato, denunciou o que defi niu como desigualdades regionais. Essa

situação reservaria ao estado um caráter “marginal e subordinado”, provocado

pelo Plano de Metas de JK, o que não se restringiria ao Rio Grande do Sul, mas

também ao Paraná e Santa Catarina. A inexistência de fontes de fi nanciamento

constituía-se na questão mais abrangente daquela conjuntura, muito prejudica-

da pela aguçada infl ação, o que implicava alto risco para os agentes fi nanceiros.

Em paralelo, o crescimento dos investimentos na indústria de bens de capi-

tal de São Paulo levou a Câmara local a pôr em evidência suas novas atribuições.

Assim, em 26 de outubro de 1960, em assembleia geral, foi aprovada a proposta

de ampliar o nome da entidade para Câmara Teuto-Brasileira de Comércio e In-

dústria de São Paulo. A novidade, em um primeiro momento, não teve maior

repercussão na coirmã do Rio Grande do Sul. Apenas no fi nal do ano seguinte, em

1961, foi cogitada, pela primeira vez, em assembleia geral, a possibilidade de seguir

os passos da Câmara paulista, dada a nítida transformação da indústria gaúcha a

partir do fi nal da década de 1950. Entre os gêneros de maior avanço, notabilizava-

se a indústria de material elétrico, a mecânica e o ramo de carrocerias de ônibus

e caminhões, no qual o parque fabril gaúcho já detinha certa tradição no cenário

nacional. Esse quadro despertou o interesse dos alemães para a economia local.

Convidado pela DIHT, o secretário-executivo da Câmara Teuto-Brasileira

no Rio Grande do Sul, Walter O. K. Hagemann, entre abril e maio de 1961,

Page 25: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

tomou parte das reuniões bienais de gerentes das câmaras estrangeiras que cola-

boravam nas relações comerciais de seus países com a Alemanha Ocidental. Na

mesma viagem, Hagemann reuniu-se com dirigentes da DIHT, em Hannover,

juntamente com representantes dos Ministérios de Economia e do Exterior ale-

mães, além de 24 gerentes de câmaras da América do Sul, do Norte, da África,

da Ásia e da Europa. No evento, foram tratados temas gerais de intercâmbio

comercial e discutido o perfi l econômico e social do país de cada participante.

Ainda na mesma viagem, Hagemann fez palestras em Hamburgo, Bremen,

Detmold, Darmstadt, Hagen, Colônia, Frankfurt e Mannheim – todas nas sedes

das respectivas Câmaras de Indústria e Comércio, com exceção da última, feita

em uma fi rma local. Nesses eventos, o representante da Câmara gaúcha traçou o

perfi l do estado do Rio Grande do Sul, com localização geográfi ca, clima, produ-

ção, produtos, hábitos, exportações e importações. Muitas fi rmas alemãs solicita-

ram entrevistas particulares, seguindo programas previamente organizados pela

DIHT de Bonn. Além da vinculação com

a DIHT, a Câmara Teuto-Brasileira no Rio

Grande do Sul mantinha relações estreitas

com as entidades Ibero-Amerika Verein (As-

sociação Ibero-América), em Hamburgo, e

a BDI - Bundesverband der Deutschen Indus-

trie (Federação das Indústrias Alemãs), em

Colônia, cuja sede transferiu-se, posterior-

mente, para Berlim.

Entre 16 e 17 de maio de 1961, José

Vieira Bastian, como presidente da Câmara, participou das comemorações do

primeiro centenário da DIHT, em Heidelberg, na Alemanha. No mesmo ano,

as Câmaras Teuto-Brasileiras do Rio Grande do Sul, de São Paulo e do Rio de

Janeiro instalaram, de forma conjunta, pela primeira vez, um escritório de in-

formações sobre o Brasil na Feira de Hannover. Naquele ano, a antiga Feira de

Exportação alemã passou a chamar-se Hannover Messe. Em 1986, separaram-se as

áreas das tecnologias de informação e comunicação da indústria, e, desde então,

realizam-se anualmente como feira autônoma sob a designação CeBIT.

Segundo relatos de atas registradas pela Câmara, no início dos anos de 1960

diversas fi rmas alemãs enviaram representantes para prospecção de negócios no

Brasil. Mas havia um entrave, conforme o relatório da diretoria 1961-1962. Para

melhor executar a tarefa de intercâmbio comercial entre o Brasil e a Alemanha, de

modo especial o Rio Grande do Sul com os alemães, era preciso esperar pelo desfe-

cho do debate sobre a movimentação dos capitais estrangeiros e seus rendimentos.

Em 1961, as Câmaras Teuto-

Brasileiras do Rio Grande do Sul,

de São Paulo e do Rio de Janeiro

instalaram, de forma conjunta, pela

primeira vez, um escritório de informações

sobre o Brasil na Feira de Hannover

A primeira alteração do nome da Câmara l 25

Page 26: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

26 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Em meio a esse debate, em 25 de agosto de 1961, o Brasil era surpreendido

com a renúncia do presidente Jânio Quadros, sucessor de JK, depois de apenas

sete meses de governo.

Temerosos de um avanço do populismo de esquerda, os militares tentaram

impedir a posse do vice-presidente, João Goulart, que se encontrava em viagem

à China. A partir de então, a população brasileira passou a acompanhar com

apreensão a grave crise que se instalara no país.

Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, cunhado de Goulart,

iniciou, então, um movimento de resistência pela legalidade, ou seja, pela posse

de Goulart. Essa mobilização, que era feita pela rádio Guaíba, encampada por

Brizola, e depois também pela Gaúcha, culminou com uma solução satisfatória

para as facções da esquerda e da direita do país, em claro confronto na esfera

política e pela imprensa.

Em 2 de setembro de 1961, o

Congresso Nacional aprovou o sis-

tema parlamentarista como alterna-

tiva para a crise. No dia 8, Goulart

assumiu a presidência e Tancredo

Neves, ex-ministro do governo Ge-

túlio Vargas, tornou-se primeiro-

ministro. Em meio a grandes trans-

formações no país, no dia 19 daquele

mesmo mês, a Câmara reelegeu o

engenheiro Jorge Vieira Bastian na

presidência.

A mudança na conjuntura políti-

ca logo se fez sentir no Brasil com o

debate sobre a nova disciplina da Lei

de Remessa de Lucros, provocando reações até mesmo da DIHT, diretamente

da Alemanha. Em comunicado, a entidade advertiu para a necessidade de o país

assegurar as garantias para os investidores. “É preciso levar em conta que, com

insufi ciência de garantias de investimento, o campo poderá ser invadido por aven-

tureiros e especuladores inescrupulosos que levam à ruína a economia do país apto

a se desenvolver” – concluía a manifestação.

Promulgada em 3 de setembro de 1962, a Lei nº 4.131/1962 instituía, entre

outros dispositivos, a limitação quantitativa das remessas e das repatriações. Os

refl exos negativos da nova legislação foram imediatos. O mais violento opositor

foi o próprio diretor executivo da SUMOC, que se demitiu e acusou o Con-

O governador Leonel

Brizola em campanha

pela Legalidade

Page 27: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

gresso de desencorajar os investimentos estrangeiros em um gesto demagógico

que defi niu como “crime de lesa pátria”.

De forma rápida, a nova lei de remessa de lucros provocou uma queda acen-

tuada dos investimentos estrangeiros. Em 1962, enquanto se discutia o tema no

Congresso Nacional, os ingressos no país caíram para US$ 71 milhões, diante

de média anual de ingresso, no período 1956-1961, de US$ 112 milhões. Em

1963, baixaram para US$ 31 milhões. Somente da Alemanha, a nova lei brecou

investimentos de US$ 25 milhões.

Em janeiro de 1963, o parlamentarismo foi derrubado em plebiscito nacio-

nal; 80% dos eleitores optaram pela restauração do presidencialismo. Mas a in-

fl ação continuava a corroer a economia. O governo, numa tentativa desesperada

de conter a desvalorização da moeda, lançou o Plano Trienal, elaborado pelo mi-

nistro Celso Furtado. Mas a situação se agravou e o país foi obrigado a negociar

empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o que exigiu cortes

signifi cativos nos investimentos.

O ambiente de crise não demorou a repercutir na embaixada alemã em Bra-

sília. Temeroso, o embaixador da Alemanha no Brasil, Gebhardt Seelos, enviou

mensagem para o governo alemão, com a recomendação de o presidente Heinrich

Lübke suspender sua viagem ao Brasil, marcada para outubro daquele ano.

Dado ao protagonismo de suas ações como propulsora das relações entre o

Rio Grande do Sul e a Alemanha, em setembro daquele mesmo ano, a Câma-

ra de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande do Sul passou a constituir-se

em uma instituição de utilidade pública, conforme decreto do governador do

estado, Ildo Meneghetti. Enquanto isso, em Brasília, o presidente João Goulart

começou a preparar uma estratégia voltada para a recuperação da confi ança de

seu governo. A intenção era reiniciar uma política de aproximação com o país

que sempre dera prioridade ao Brasil em seus investimentos no exterior.

Em uma de suas primeiras ações no exterior, Goulart, em meados de no-

vembro, enviou a Bonn uma delegação sob a chefi a do ministro da Indústria e

Comércio, Egydio Michaelsen, ex-presidente da Câmara Teuto-Brasileira no Rio

Grande do Sul. Graças aos seus contatos desenvolvidos no período em que fora

dirigente da entidade, em Porto Alegre, o ministro, de origem alemã, foi recebi-

do como “um amigo dos alemães”. Para o embaixador Seelos, essa recepção era

fundamental para o “bom decurso” das negociações, o que de fato veio a ocorrer.

Em 30 de novembro, os dois países fi rmaram um protocolo sobre coopera-

ção fi nanceira, mediante o qual a Alemanha outorgou ao Brasil créditos no valor

de 200 milhões de marcos alemães, dos quais 102 milhões seriam destinados a

fi nanciar projetos industriais no Nordeste.

A primeira alteração do nome da Câmara l 27

Page 28: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

28 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Visita a Porto Alegre do presidente da República Federal

da Alemanha, Heinrich Lübke, em maio de 1964,

foi viabilizada graças às ações diplomáticas da Câmara

com o Ministério de Relações Exteriores alemão

Foto Museu da Comunicação Social do RS

Page 29: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

A viagem do presidenteLübke a Porto Alegre

Em fevereiro de 1964, o secretário-executivo da Câmara, Ricardo Meyer,

participou de novo périplo nas Câmaras de Indústria e Comércio de

Düsseldorf, Frankfurt, Colônia, Hamburgo, Stuttgart e Freiburg. Nos

encontros, constatou grande interesse dos empresários locais em celebrar acor-

dos com indústrias correlatas do estado. Em sua viagem, Meyer também man-

teve contato com a cúpula da DIHT, quando foi discutida uma eventual contri-

buição fi nanceira à Câmara do Rio Grande do Sul.

Em 13 de março, o presidente João Goulart confrontou o partido de opo-

sição, a UDN, que o atacava no Congresso Nacional e por meio da imprensa,

ao assinar o primeiro decreto para a introdução da reforma agrária no país. O

comício na Central do Brasil, no Rio, naquela noite, com a presença de Miguel

Arraes, Leonel Brizola e Francisco Julião, em meio a bandeiras do PCB, acirrou

os ânimos em todo o país. No dia 20 daquele mês, São Paulo parou e foi à praça

pública. A defesa da democracia foi a senha para a mobilização de cerca de 500

mil pessoas na “Marcha da Família, com Deus pela Liberdade”.

Em 31 de março de 1964, destituído por um golpe civil-militar, Goulart não

era mais presidente do Brasil. Para substituí-lo, os militares escolheram o general

Humberto de Alencar Castelo Branco. Atenta, a embaixada alemã, que havia su-

gerido ao Ministério de Relações Exteriores da Alemanha aguardar um momento

mais propício para a visita do presidente Heinrich Lübke ao Brasil – prevista ini-

cialmente para outubro de 1963 –, adiou novamente a viagem para o mês de maio.

A partir dessa confi rmação, a Câmara Teuto-Brasileira no Rio Grande do

Sul começou a articular-se para incluir Porto Alegre no roteiro do presidente

alemão. O sonhou durou pouco. Durante reunião de diretoria chegou a infor-

mação de que o Rio Grande do Sul fi caria fora do programa preparado pelo

Ministério de Relações Exteriores alemão. Inconformada, a diretoria da Câmara,

naquele mesmo dia, organizou uma ampla mobilização junto à área diplomática

alemã para que esta alterasse o roteiro da visita de Lübke ao Brasil e incluísse

o estado – o governo alemão não poderia ignorar o histórico de imigração dos

primeiros colonos no Brasil.

Logo no início de maio de 1964, o presidente da República Federal da

Alemanha, Heinrich Lübke, chegou ao Brasil naquela que seria a primeira

visita ofi cial de um chefe de Estado após o golpe de 31 de março. Além da

importância para a diplomacia dos dois países, o presidente alemão viera tratar

A viagem do presidente Lübke a Porto Alegrea l 29

Page 30: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

30 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

do reescalonamento da dívida brasileira, cujas negociações com os credores

estavam marcadas para agosto daquele ano no Clube Haia. Em sua viagem ao

Brasil, Lübke veio acompanhado por cerca de 40 jornalistas alemães, que se

encarregaram de repercutir o fato mundialmente. O encontro entre os dois

presidentes serviu como um cartão de visitas do presidente Castelo Branco aos

demais países, sobretudo da Europa.

Além de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, Lübke incluiu Porto Alegre em

sua rota no Brasil, demonstrando que os esforços da Câmara não foram em vão.

Recebido por grande número de pessoas, a quem cumprimentou uma a uma,

ainda na pista do aeroporto Salgado Filho, ele desembarcou de um avião da Luf-

thansa no dia 9 de maio, seguindo para o Palácio Piratini, onde foi recepcionado

com honras militares pelo governador Ildo Meneghetti. Com o país em estado

de sítio, foi improvisado um programa com

city-tour e recepção simples para cerca de

800 convidados. Em reunião de diretoria,

a Câmara registrou em ata aquela que foi

uma de suas maiores conquistas da época:

a visita do presidente Lübke a Porto Alegre

graças ao esforço desenvolvido junto à di-

plomacia alemã.

Além do apoio ao novo governo, a vi-

sita de Lübke ao Brasil – a primeira de um

presidente da República após o golpe de

64 – serviu para que fosse encaminhado o

acordo teuto-brasileiro, assinado ainda em 1961, mas congelado desde então.

Tratava-se do repasse de 200 milhões de marcos ao Brasil que fora negociado

pelo então ministro da Indústria e Comércio de Goulart e ex-presidente Câma-

ra de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Grande do Sul, Egydio Michaelsen. A

primeira parte dos recursos veio em julho de 1965, quando foram assinados, na

Alemanha, quatro convênios para fi nanciamento de projetos brasileiros.

Antes disso, em 16 de julho de 1964, por meio de Lei nº 4.390, o governo

Castelo Branco removeu a principal área de atrito da legislação sobre remessa

de lucros aprovada no governo Goulart: a caracterização dos lucros superiores a

10% como capital suplementar, que não geraria direito à remessa de lucros. Fi-

cou sem efeito, no entanto, a tentativa do governo de liberar a remessa de royalties

de patentes e marcas entre as subsidiárias e matrizes no exterior.

Em 22 de julho de 1965, a Câmara de Comércio Teuto-Brasileira no Rio Gran-

de do Sul comemorou seu décimo aniversário de fundação em meio a uma polê-

Em 9 de maio de 1964, o presidente

da República Federal da Alemanha,

Heinrich Lübke, desembarcou de um

avião da Lufthansa, em Porto Alegre,

seguindo para o Palácio Piratini, onde

foi recepcionado com honras militares

pelo governador Ildo Meneghetti

Page 31: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

mica com a DIHT. O fato de as Câmaras de Comércio de São Paulo, do Rio de

Janeiro e do Rio Grande do Sul terem assumido a condição de representação alemã,

acabou levando-as ao status ofi cial de Câmara de Comércio alemã no exterior. A

partir desse quadro, a DIHT – organização guarda-chuva das Câmaras de comércio

alemãs no exterior – passou a exigir a prestação de contas e o orçamento de cada

ano, além da nomeação de um novo secretário-executivo, de nacionalidade alemã.

Quanto ao primeiro ponto, verifi cou-se que a DIHT cometera um equí-

voco, já que a prestação de contas do ano de 1964, junto com o orçamento para

1965, fora enviada no prazo estabelecido. Quanto ao segundo, o parecer unâ-

nime da diretoria foi de que a Câmara, como entidade autônoma e na sua qua-

lidade de entidade brasileira, não poderia aceitar qualquer ingerência de uma

entidade alemã no tocante à nomeação de funcionários.

Em julho de 1965, no terceiro mandato de Jorge Vieira Bastian como presi-

dente da entidade, a sede da Câmara mudou-se para a Rua Coronel Vicente, nº

452, edifício Europa. Na reunião de diretoria daquele mês, um dos pioneiros da

Câmara, o comerciante de origem alemã Arno Vincent Jacobi, passou a exercer

as funções de secretário-executivo. Na mesma época, no segundo semestre de

1965, a entidade aumentou de quatro para seis o número de diretores, a fi m de

facilitar o eventual rodízio nos postos mais altos da diretoria. Apesar da tentativa

de mobilizar seus dirigentes, a entidade atravessou um período de grave turbu-

lência fi nanceira. No entanto, graças à mobilização de seu quadro de dirigentes,

tendo o presidente Jorge Vieira Bastian à frente, foi possível atrair um grande

número de novos sócios, cujo quadro pulou de 149 fi rmas, em 1967, para 448,

em fi ns de 1968. Além de inverter o quadro de penúria que ameaçava a sua so-

brevivência, a Câmara do Rio Grande do Sul ultrapassou, em número de sócios,

as congêneres de Buenos Aires, do Rio e de São Paulo, alcançando o primeiro

lugar na América Latina nesse quesito.

Os efeitos desse avanço apareceram logo em seguida por meio do crescimen-

to do volume de consultas de todas as espécies, que triplicou em comparação à

média de anos anteriores. Segundo relatos de atas registradas pela Câmara, nos

anos de 1960, diversas fi rmas alemãs enviaram seus representantes para prospec-

ção de negócios por meio de importação de produtos ou através da instalação de

joint-ventures. Uma das primeiras foi a Rosenthal, do setor de porcelana, trazida

pelo empresário Egon Renner, fi lho mais velho de A.J. Renner. Interessado em

diversifi car suas atividades, Renner queria investir em uma fábrica de porcelana,

mas não dispunha de know-how. A partir da parceria com a empresa alemã, em

bases iguais, foi criada a Porcelana Renner. Na mesma época, a Hatz, da Baviera,

fabricante de tratores e motores diesel, se associou à Agrale, de Caxias do Sul.

A viagem do presidente Lübke a Porto Alegrea l 31

Page 32: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

32 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

A Câmara de Comércio eIndústria Brasil-Alemanha no RS

O ano de 1970 marcou o início do período do chamado “milagre eco-

nômico brasileiro”, que se prolongou até 1973, com uma taxa média

de crescimento do PIB de 10% ao ano. Ao mesmo tempo, o regime

aumentou a repressão.

No Rio Grande do Sul, apesar dos ganhos de participação na estrutura in-

dustrial dos bens intermediários e de capital, a principal atividade do setor con-

tinuou sendo a produção de bens de consumo não duráveis – responsáveis por

praticamente metade de sua produção.

Depois de uma pausa nos negócios, a partir daquele ano recomeçaram as vi-

sitas de comitivas de empresários e políticos alemães ao Brasil. Como não havia

voo direto do Brasil para a Alemanha, as viagens de São Paulo a Buenos Aires

faziam escala em Porto Alegre para a troca de avião. Por causa disso, muitos

empresários alemães aproveitaram para fazer um reconhecimento da economia

local. As comitivas passaram a ser frequentes. Em meio à série de negociações,

começaram a surgir pequenas empresas de capital alemão e brasileiro. Algumas

progrediram e outras fecharam.

A Barmag, fabricante de máquinas para a indústria têxtil – hoje Oerlikon

Barmag –, que se instalou em São Leopoldo, foi a maior delas. Outras, como

a Bessey, do setor de máquinas e ferramentas, começaram sem a participação

de capital local e foram obrigadas a fechar. A de maior sucesso foi a Stihl, fabri-

cante de motosserras. A empresa iniciou suas atividades em 1973, num galpão

alugado em São Leopoldo, associada à Trilho-Otero. A escolha pelo estado e

por São Leopoldo deveu-se, basicamente, aos seguintes fatores: a atividade in-

dustrial existente no RS, a grande infl uência da imigração alemã e o mercado,

o maior na época para os seus produtos. Com o crescimento de seus negócios,

em 1975 a empresa inaugurou suas próprias instalações no distrito industrial

de São Leopoldo.

Em 1974, a economia brasileira atraía, cada vez mais, a atenção dos alemães.

Na primeira quinzena de agosto daquele ano, o presidente da Confederação da

Indústria Alemã (BDI), Hans-Günther Sohl, do grupo Thyssen, à frente de

uma delegação de 23 empresários, visitou, a convite do governo, indústrias de

São Paulo, de Brasília, de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro e de Porto Alegre.

No mesmo ano, foi criada a Comissão Mista Brasil-Alemanha para a discussão

de temas de interesse dos dois países.

Page 33: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

A década de 1970 inaugurou uma nova fase na Câmara, cuja sede havia sido

transferida para a Rua Coronel Vicente, 452. Fundada por comerciantes que se

uniram para criar uma organização para ter mais facilidades e acessos aos expor-

tadores alemães, até então predominara na entidade a área de comércio. Mas

dado o desenvolvimento quase explosivo de determinados setores, como relatou

a publicação Raio X do Rio Grande, impressa pela Câmara para a divulgação

do estado na Alemanha, a ênfase passou a ser industrial. Com isso, as visitas de

comitivas de empresários alemães a Porto Alegre tornaram-se regulares. Geral-

mente acompanhadas por políticos ou governadores, vinham duas e até quatro

vezes por ano ao estado, o que contribuiu para a formação de subsidiárias de

empresas com a participação de capital ou de tecnologia alemã, sobretudo no in-

terior do estado. Esse período de transição também foi marcado pela renovação

do quadro de diretores da Câmara.

Reeleito sucessivamente para oito mandatos (agosto de 1959 - setembro de

1975), tendo sido o mais longevo presidente da entidade, o engenheiro Jorge

Vieira Bastian foi defi nido por seus pares como dono de uma “forte personalida-

de aliada às qualidades de caráter, de tino diplomático e de inexcedível dedicação,

em uma época em que a Câmara passava por uma fase de graves difi culdades”.

Segundo relatos registrados em ata, “graças ao trabalho e à sábia orientação do

Dr. Bastian, a Câmara encontrava-se com suas fi nanças saneadas e um quadro

social de quase 500 membros”.

Já em idade avançada, na assembleia geral ordinária de 23 de setembro de

1975, Bastian declinou de nova reeleição junto com vários de seus diretores.

Mas não se retirou do convívio de seus colegas sem indicar o que defi niu como

Em 23 de outubro

de 1980 foi criado o

Conselho Integrado

das Câmaras de

Comércio e Indústria

Brasil-Alemanha.

Wolfgang Sauer, na

época presidente da

Volkswagen, foi eleito

seu primeiro presidente

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS l 33

Page 34: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

34 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

“um excelente candidato” na pessoa de João Lauro Kliemann. Nascido em Santa

Cruz do Sul, Kliemann fundou, em 1943, a Klimaco Material Farmacêutico e

Hospitalar Ltda. Além de presidente da Câmara, exerceu por 10 anos a vice-

presidência da Associação Comercial de Porto Alegre.

Na mesma assembleia, foram eleitos na vice-presidência: Rodolpho Englert;

e os diretores: Elmiro Lindemann, Fritz J. Hilmann, Gerhard Theisen, Helmut

Meyer, Mario S. Landgraf e Oscar Foerster. E conferido a Jorge Vieira Bastian

o título de presidente honorário, em razão de sua “profícua gestão como presi-

dente da Câmara durante 16 anos”, Adalberto E. Tatsch, que exerceu a vice-pre-

sidência pelo mesmo período, recebeu o título de sócio honorário da Câmara.

Entre os novos conselheiros na mesma assembleia fi guraram, pela primeira

vez, os nomes de Wolfgang Sauer e de Cesar de Saboya Pontes como represen-

tantes das coirmãs de São Paulo e do Rio

de Janeiro, respectivamente.

A amizade entre o Brasil e a Alema-

nha era cada vez mais próxima. E, em 6 de

março de 1978, o presidente da República,

Ernesto Geisel, fez a primeira visita de um

presidente do Brasil à Alemanha com uma

comitiva de 30 empresários e executivos

brasileiros. Entre eles, os presidentes das

Câmaras alemãs de São Paulo, Rio de Ja-

neiro e Rio Grande do Sul, esta representada por João Lauro Kliemann.

Recebida em Bonn pelo presidente, Walter Scheel, e pelo primeiro-minis-

tro, Helmut Schmidt, a comitiva do presidente brasileiro esteve na Confedera-

ção da Indústria Alemã, em Colônia, em 7 de março, por ocasião da abertura dos

trabalhos do Encontro Teuto-Brasileiro de Empresários. Nos dias seguintes, a

comitiva visitou Berlim, Baden-Württemberg e Düsseldorf. Em 10 de março foi

assinada uma declaração conjunta teuto-brasileira, em Bonn.

Com o avanço do parque fabril gaúcho, no período 1970-1975, tornou-se cla-

ra para os dirigentes da Câmara a necessidade de mudança no nome da entidade,

sendo aprovada por unanimidade, em 16 de setembro de 1976, a nova designação:

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul. Na

mesma assembleia geral extraordinária foram aprovados o aumento do número

de diretores de seis para oito e a futura coincidência do exercício com o ano civil.

Em 11 de abril de 1978, foram reeleitos Kliemann e toda a sua diretoria, sen-

do indicados Paul Manfred Schierholz e Ricco Harbich para o preenchimento

dos dois novos cargos. Dos 105 nomes que faziam parte do conselho consultivo

Com o avanço do parque fabril gaúcho,

no período 1970-1975, tornou-se

clara, para os dirigentes da Câmara, a

necessidade de mudança no nome para:

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-

Alemanha no Rio Grande do Sul

Page 35: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

da entidade, aparece, pela primeira vez, o nome de Jorge Gerdau Johannpeter,

presidente do grupo Gerdau, indicado para o setor siderúrgico.

O ex-ministro da Indústria e Comércio, Marcus Vinicius Pratini de Morais,

lembrou, em depoimento para este livro, que a Alemanha teve um papel impor-

tante na evolução da siderurgia brasileira, porque não só ajudou a fi nanciar a im-

portação de equipamentos, como também forneceu parte desses materiais por

meio de suas subsidiárias no Brasil. Diz Pratini: “Na época, o mundo estranhou:

como o Brasil vai poder atender tanta produção de aço? E eu dizia a eles o seguinte:

vocês compram minério brasileiro e agregam valor de uma maneira enorme numa

proporção fantástica. Será que nós não temos o direito, no mercado internacional,

de colocar o nosso aço? A ideia era que o Brasil produzisse aço para o seu consumo

e para o mercado internacional, o que acabou acontecendo. Hoje o Brasil produz

mais de 40 milhões de toneladas por ano, o que ainda é pouco, mas o país tem

presença no mercado internacional não só no minério de ferro como no aço, um

crescente comércio tanto na importação como na exportação”.

Outro setor em que a Alemanha assumiu a condição de importante parceiro

do Brasil, segundo o ex-ministro, foi o de calçados. “Na medida em que cres-

cia a importação pelos Estados Unidos, aumentando a dependência desse país,

nós precisávamos criar novos mercados. O trabalho começou com a Inglaterra,

prosseguiu com a Alemanha, e depois com os franceses, italianos, escandina-

vos e ingleses. A Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul teve um pa-

pel fundamental na atração de industriais e importadores alemães para a o setor

coureiro-calçadista brasileiro”, relata Pratini. Naquela época, de acordo com o

ex-ministro, a atuação do Brasil no comércio internacional ainda era incipiente,

e a Câmara serviu de intermediação com a Alemanha, ao promover encontros

empresariais e reuniões, além de divulgar o Brasil nos meios de comunicação.

O empresário Ernesto Saur, delegado honorário da Câmara para a região de

Panambi e representante da empresa Saur no conselho empresarial da entidade,

lembra que a Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul sempre repre-

sentou um elo das empresas gaúchas com o mercado alemão e europeu. “Para

a nossa empresa, principalmente nas primeiras décadas de atuação da entidade,

foram muito importantes as cartas de recomendação da Câmara, que eram uti-

lizadas por nossos executivos nas viagens à Alemanha em busca de novidades,

parcerias e tendências em produtos e matéria-prima”, relata. “Essas cartas ga-

rantiam a credibilidade da empresa perante os europeus e facilitavam as nego-

ciações. Éramos recebidos como se fossemos de ‘casa’, o que se constituiu em

um fator determinante para a inserção de uma empresa brasileira na Europa”,

destaca Saur, que participa da Câmara desde 1973.

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no RS l 35

Page 36: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

36 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

A criação do Conselho Integrado das Câmaras

Em 2 de abril de 1979, Arno Vincent Jacobi, após quase 20 anos, deixou

de gerir os negócios da Câmara. Embora sem vínculo empregatício, ele

permaneceu ligado à entidade, sempre disposto a colaborar. Jacobi foi

uma espécie de one man company, na defi nição do ex-presidente da entidade, Os-

car Foerster. “Ele foi a alma da Câmara por um longo período”, resumiu. “Fez

de tudo um pouco e sempre com muita aplicação”.

Segundo registro da assembleia de 2 de abril de 1979, foi o próprio Jacobi

quem decorou uma das sedes da Câmara com móveis de sua propriedade,

entre esses, “um conjunto estofado em couro, com sofá e duas poltronas, uma

mesa com tampa de fórmica e dois tapetes de veludo, além de um cofre blinda-

do”. Na mesma assembleia, foi aprovado por unanimidade um voto de louvor

a Jacobi pelo “brilhante trabalho desenvolvido durante os anos em que esteve

na gerência da entidade”.

Um fato de grande relevância foi a indicação de Ricardo Augusto Meyer, fi -

lho do escritor Augusto Meyer, para a gerência da entidade que, a partir de então,

passou a ter, ao seu lado, um cogerente enviado pela DIHT.

Em princípio, mal digerida pela diretoria, a vinda de um funcionário da Ale-

manha para fazer parte da Câmara, foi depois defi nida pelo presidente Kliemann

como “uma solução capaz de fortalecer a posição independente das três Câmaras

no Brasil”. Foi registrado, ainda, que a composição da gerência, em bases iguais, de

um brasileiro e um alemão, seria única no Brasil. Isso porque as coirmãs do Rio

de Janeiro e de São Paulo continuariam a receber gerentes diretamente da DIHT.

As diferenças estruturais e de gestão entre as três Câmaras eram notórias, o

que difi cultava uma coordenação que se tornava necessária em alguns casos de

relevância. Foi pensando nisso que, em 23 de outubro de 1980, foi criado o Con-

selho Integrado das Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Por

unanimidade, Wolfgang Sauer, ex-dirigente da Câmara de São Paulo no período

1974 a 1977, foi eleito seu primeiro presidente. A solução foi saudada por Ricco

Harbich, o novo presidente da Câmara, eleito em 31 de março de 1980, como

a mais adequada no sentido de fortalecer a posição independente das coirmãs.

Em sua nova composição, a diretoria da Câmara para o biênio 1980-1981 con-

tou com Elmiro Lindemann (vice-presidente), Alberto Franco, Gerhard Thei-

sen, Ivo Luiz Lampert, Klaus Wilms, Oscar Foerster, Paul Manfred Schierholz e

Wolfgang Weber (diretores).

Page 37: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Wolfgang Sauer com

Ricco Harbich (D),

eleito presidente da

Câmara em 31 de

março de 1980

Reunião-almoço da

Câmara na Associação

Comercial de Porto

Alegre em setembro

de 1980

A criação do Conselho Integrado das Câmaras l 37

Page 38: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

38 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Coube ao então diretor da Câmara, Oscar Foerster, redigir os estatutos do

Conselho Integrado, em conjunto com um advogado da Volkswagen designado

por Sauer. Nascido em Stuttgart, na Alemanha, Wolfgang Sauer desembarcou

no Brasil em 1961, se naturalizou brasileiro em 1982 e nunca mais deixou o país.

Desde então, ajudou a consolidar a indústria automotiva nacional, transforman-

do a fi lial local da Volkswagen, na época, na maior empresa privada do Brasil.

Em depoimento para este livro, Oscar Foerster narra: “A Câmara do Rio

Grande do Sul sempre teve receio de que a de São Paulo a transformasse em

mera fi lial. Afi nal, São Paulo detinha, e ainda detém, as maiores empresas alemãs

sediadas no Brasil. Como Sauer sempre foi um líder nato, conseguiu conduzir

todo esse processo sem ferir os regionalismos”.

Aliás, foi o próprio Wolfgang Sauer quem teve a ideia de criar o chamado

Conselho Integrado de 10 membros: seu presidente, três integrantes da Câmara

do RS, três do Rio e três de São Paulo.

Em outros países, segundo Foerster, havia apenas uma Câmara de Comér-

cio e Indústria, mas no Brasil foi possível criar um sistema de câmaras regionais

independentes. Ao longo dos anos, o Conselho Integrado consolidou-se como

porta-voz e coordenador das Câmaras.

Ainda hoje, por meio do Conselho, além da ligação com a DIHT e com a

Confederação da Indústria Alemã (BDI), é feito o contato com os órgãos ofi ciais

do Brasil e na Alemanha, quando se trata de reuniões empresariais e da Comis-

são Mista dos dois países.

O início da década de 1980 fi cou marcado por nova incursão do governo

brasileiro na Alemanha. De 8 a 10 de abril de 1981, o ministro da Fazenda, An-

tônio Delfi m Netto, sucessor de Mário Henrique Simonsen, viajou a Bonn para

negociar a concessão de novos créditos e atrair novos investimentos para o Bra-

sil. Exatamente um mês depois, o presidente João Figueiredo chegou à capital

alemã para uma visita ofi cial. Na sede do DIHT, houve debates entre represen-

tantes dos governos do Brasil e da Alemanha. A infl ação no Brasil, na época,

ultrapassava a marca de 140% e a dívida externa entrava em fase crucial.

Foi com grande esforço que a Câmara organizou o 6º Encontro Econômi-

co Brasil-Alemanha, no segundo semestre de 1981, em Porto Alegre. Com a

presença de representantes do governo federal, das Câmaras do Rio e de São

Paulo, o evento reuniu mais de 300 empresários gaúchos e um total de 85

alemães. A mesa dos trabalhos contou com o governador Amaral de Souza,

Helio Smidt; presidente da Varig e patrocinador do evento, ministro da Indús-

tria e Comércio, Camilo Pena; e o embaixador da Alemanha, representando

o presidente alemão. Especialmente para auxiliar na organização do evento, a

Page 39: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

DIHT enviou o assessor Edgar Horny, cedido pelo Ministério da Economia

de Baden-Württemberg.

O Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que ocorre todo ano, alternada-

mente, entre cidades dos dois países, ainda hoje faz parte da agenda bilateral Brasil-

Alemanha e conta com duas grandes vertentes: uma empresarial e outra gover-

namental. Do lado empresarial, reúne empresários de diversos setores que têm a

oportunidade de interagir diretamente em reuniões individuais durante as rodadas

de negócios, o que transforma o Encontro em uma iniciativa concreta para aproxi-

mar a comunidade empresarial dos dois países. A vertente governamental consiste

nos encontros de representantes de ambos os governos, que se reúnem na Comis-

são Mista de Cooperação Econômica Brasil-Alemanha, mecanismo institucional

criado para dinamizar o intercâmbio econômico e comercial dos dois países.

Mesmo com o agravamento da crise da dívida externa, o fl uxo de capitais

privados da Alemanha para o Brasil continuou bastante elevado. Em 1984, os

ingressos regrediram, de 528,6 milhões de marcos, registrados no ano anterior,

para 130,2 milhões de marcos. Com a redemocratização do país, em novembro

de 1984, quando foi eleito, por via indireta, o candidato da oposição, Tancredo

Neves, esperava-se uma virada econômica e social no país, sob a égide da cha-

mada “Nova República”. No entanto, surpreendido com a morte de Tancredo e

a posse do vice-presidente, José Sarney, a crise aprofundou-se. Vários planos se

sucederam sem conseguirem debelar a infl ação, o que resultou em um crescente

desinteresse do capital alemão de investir no país.

Depois de três mandatos consecutivos, o empresário Ricco Harbich, em

cuja gestão foi ampliada a atuação da Câmara para o interior do estado, em 28

No segundo semestre

de 1981, a Câmara

organizou o 6º Encontro

Econômico Brasil-

Alemanha, que reuniu

representantes do governo

federal, das Câmaras

do Rio e de São Paulo,

cerca de 300 empresários

gaúchos e 85 alemães

A criação do Conselho Integrado das Câmaras l 39

Page 40: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

40 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

de abril de 1986, indicou Klaus Wilms para seu sucessor. Natural de Wupper-

tal, Alemanha, ele veio para o Brasil em 1954, contratado para ser vendedor de

ferramentas no Rio de Janeiro. Em 1957, ingressou no grupo Zivi–Hércules,

de Porto Alegre, como gerente de vendas, chegando a diretor de exportações e

membro do conselho administrativo da empresa. Para a vice-presidência foi in-

dicado o engenheiro Alberto Franco e, como diretores, Ary Burger, Carlos Willy

Engels, Gerhard Joseph Theisen, Ludwig Hans Sicius, Horst Friedrich, Oscar

Foerster e Wolfgang Otto Weber.

Além da diretoria, a Câmara contava com um Conselho Superior Consul-

tivo, com oito integrantes, uma Comissão de Sindicância, com três membros,

e um Conselho Empresarial, com 45 integrantes. Nesse ano, a Câmara mudou

novamente o endereço de sua sede para a Rua Barão de Santo Ângelo, 33. Em

março de 1987, na mesma assembleia geral ordinária que formalizara o ingresso

na diretoria da Câmara de Horst Bals, da Andreas Stihl Moto-Serras Ltda., de

São Leopoldo, foi aprovada a alteração no estatuto que prorrogava o mandato da

diretoria por mais um ano. A entrada de Bals deveu-se ao pedido de mudança

de endereço profi ssional do vice-presidente Alberto Franco. Para o seu lugar foi

indicado o diretor Oscar Foerster.

Em abril de 1988, durante assembleia geral ordinária, realizada em sua nova

sede, a Câmara debateu a imagem do Brasil no exterior. Wilms, que estivera na

Alemanha nos primeiros meses do ano, comentou que os empresários europeus

estariam céticos e desanimados com o Brasil. Esse quadro contribuía para o re-

direcionamento dos investimentos do setor privado alemão para outros países.

Com a Constituinte de 1988, a situação fi cou pior, dada a defi nição de “empresa

brasileira com capital nacional”. Resultado das pressões dos seto res conservado-

Dirigentes da Câmara,

Klaus Wilms, no

meio, e Oscar Foerster

(E), recepcionam o

embaixador alemão

Page 41: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

res, formulou-se o conceito de empresa brasileira, para caracterizar a empresa

estrangeira implantada no país, e empresa brasileira de capital nacional, o que

não foi bem recebido pelos alemães. Quanto à regulamentação das atividades

“da empresa brasileira com capital estrangeiro”, o novo conceito fi caria a cargo

de uma futura lei “baseada nos interesses nacionais do Brasil”. De toda maneira,

esses novos dispositivos constitucionais não podem ser responsabilizados pela

progressiva redução das inversões alemães no Brasil, ocorrida nos anos seguintes.

A reunifi cação da Alemanha, em 3 de outubro de 1990, quando a antiga

Alemanha Oriental foi incorporada pela Alemanha Ocidental, alterou a rota dos

investimentos alemães em todo o mundo e diminuiu os recursos destinados

ao Brasil. Em 1991, o país ainda ocupou o quarto lugar entre aqueles em que a

Alemanha fi nanciava programas de cooperação técnica e o oitavo entre os con-

templados pelo Fundo de Auxílio ao Desenvolvimento, que destinou ao país,

desde o início dos anos de 1960 a 1990, um total de 2,7 bilhões de marcos. Com

a prioridade dada às obras de infraestrutura e modernização da zona oriental,

o governo de Bonn cortou, quase que de forma imediata, os recursos públicos

dirigidos a projetos de desenvolvimento nos países do terceiro mundo.

Reunião-almoço da

Câmara na Sociedade

Germânia com o

presidente do Deutsche

Bank, Christian

Reckmann em 1989

A criação do Conselho Integrado das Câmaras l 41

Page 42: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

42 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Câmara inicia um novociclo de atividades

Sob a presidência de Klaus Wilms, a administração da Câmara, além de

manter forte a atividade institucional desenvolvida por seu antecessor,

passou a atuar com ênfase nos públicos interno (associados) e externo

(o mercado). Nessa linha, foi potencializada a expertise da entidade como ins-

tituição qualifi cada em prestar consultorias em negócios e na cooperação e na

transferência de know-how.

Seu sucessor, Horst Heinrich Friedrich Bals, exerceu quatro mandatos, de

1993 a 2002, no período de nove anos, época marcada por grandes mudanças no

Brasil. A década de 1990 iniciou com a eleição para a Presidência da República

de Fernando Collor de Mello. Depois de uma disputa no segundo turno com

Luiz Inácio Lula da Silva, líder sindical da região do ABC e um dos fundadores

do PT, o ex-governador de Alagoas – um dos estados mais pobres do Brasil–

chegou ao poder com a promessa de debelar a infl ação que, em apenas um ano,

de março de 1989 a março de 1990, chegou a 4.853%. Seu governo foi marcado

pela execução do Plano Collor e a abertura do mercado nacional às importações.

O Brasil começava a se abrir para o mundo.

Na época, a Câmara Brasil-Alemanha deu início a um novo ciclo em suas

atividades. Inicialmente voltada para o comércio, em sua primeira fase, e depois

para o incentivo à industrialização do Rio Grande do Sul, a entidade passou a dar

ênfase ao fomento à exportação.

Presidente Klaus Wilms

com o ex-presidente João

Lauro Kliemann

Page 43: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Nos anos de 1990, as exportações de calçados ganharam grande impulso no

Brasil, sobretudo do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Esse mercado

atraiu muito interesse da Europa, onde a Alemanha se constitui numa espécie

de porta de entrada para os países da União Europeia. Na época, a Câmara parti-

cipou de várias comissões mistas Brasil-Alemanha, junto com a Câmara de São

Paulo, responsável pela coordenação desses eventos.

O segundo fato marcante da década ocorreu em 1994, com o Plano Real do

presidente Fernando Henrique Cardoso, que resultou no fi m da infl ação, que che-

gou a 46,58% ao mês em junho de 1994, quando foi lançada a nova moeda: o Real.

Em 1995, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Bundesverband der

Deutschen Industrie (BDI), com o apoio do Conselho Integrado das Câmaras de

Comércio e Indústria Alemãs no Brasil, lançaram o Prêmio Personalidade Brasil-

Alemanha que, desde então, passou a fazer parte do Encontro Econômico Brasil-

Alemanha, lançado, inicialmente, em 1983. No primeiro ano, os agraciados foram

Eliezer Batista, ex-presidente da Vale do Rio Doce, e Hans Merkle, presidente de

honra da Robert Bosch GmbH. Em 1996, os homenageados foram Hermann

H. Wever, então presidente da Siemens do Brasil, e Berthold Beitz, presidente

de honra do conselho fi scal da Krupp. Na terceira edição do Prêmio, no Rio de

Janeiro, a Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul organizou um bem-

sucedido lobby a favor do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, então presidente

do grupo Gerdau. Junto com Gerdau, no mesmo ano, foi premiado Ernst Gün-

ther Lipkau, presidente de honra da Câmara Brasil–Alemanha de São Paulo.

O ex-presidente Horst Bals, em depoimento para este livro, lembrou a radical

transformação da imagem do Brasil a partir da introdução da abertura comercial e

do fi m da infl ação. “Com o livre comércio e uma infl ação sob controle, o Brasil se

tornou um país interessante para o mundo”, assinalou. “Os refl exos para a Câmara

não demoraram a aparecer. De repente, começamos a receber visitas de grupos

Horst Heinrich

Friedrich Bals exerceu

quatro mandatos no

período de nove anos,

numa época marcada

por grandes mudanças

no Brasil

Câmara inicia um novo ciclo de atividades l 43

Page 44: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

44 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

empresariais de vários estados da Alemanha e a organizar encontros com empre-

sários brasileiros. Aí verifi camos um grande interesse de intercâmbio de ambos os

lados. Isso motivou a programação de viagens de empresários gaúchos e de outros

estados para a participação em feiras, como a de Hannover”.

Prosseguiu Bals: “Com a abertura, o Brasil aumentou sua atração em nível

internacional. A época marcou a vinda de uma série de empresas para o distrito

industrial de Cachoeirinha. Mesmo a Sthil, na década de 1990, aumentou seus

investimentos e trouxe novos produtos. Como ela havia se instalado em 1975, em

São Leopoldo, praticamente não cresceu, devido à chamada ‘década perdida de

1980’, o que também atingiu outras empresas do setor calçadista e metalúrgico”.

No mesmo período de mandato de Bals, a Câmara montou sob sua co-

ordenação, pela primeira vez, estandes coletivos tanto na Expointer, de Esteio,

como na Fimec (Feira Internacional de

Couros, Produtos Químicos, Componen-

tes, Equipamentos e Máquinas para Calça-

dos e Curtumes), de Novo Hamburgo, na

Fimma (Feira Internacional de Máquinas,

Matérias-Primas e Acessórios para a Indús-

tria Moveleira), de Bento Gonçalves.

“A política alemã também começou a se

fazer presente no Brasil. No ano 2000, rece-

bemos visita de uma delegação ofi cial alemã,

liderada pelo então ministro da Alimentação, da Agricultura e da Silvicultura da

Alemanha, Karl-Heinz Funke. Verifi camos e sentimos na Câmara as consequên-

cias da abertura de mercado como do Plano Real”, acrescentou o ex-presidente.

Em 1997, houve uma mudança no gerenciamento da entidade com a saída de

Ricardo Meyer, que ocupou o cargo de gerente-geral de 1975 até 1997. Em seu lu-

gar assumiu Gabriel Brennauer, hoje gerente da Câmara de Comércio e Indústria

Hungria-Alemanha. Bals recorda ainda que não foi somente nas atividades externas

que a Câmara pontifi cou naqueles anos. Na mesma época, se iniciaram os cursos

de auditor e gerenciamento ambiental, que ainda hoje são frequentados por grande

número de interessados. “Fomos a primeira Câmara binacional que começou a

discutir a questão ambiental com a formação dos primeiros auditores no estado”,

lembra o gerente Valmor Kerber, que participou ativamente da montagem daqueles

cursos. Ainda no mesmo período, houve a conquista do MBA Ambiental.

“A visita à Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul do presidente da

DIHT, Hans Peter Stihl, fi lho mais velho do fundador da Stihl na Alemanha,

também pode ser considerado um marco daquele período”, lembra Bals.

Em 2002, a Câmara estendeu suas

atividades – até então limitadas à

Região Metropolitana de Porto Alegre

– para municípios do interior do

estado, como Panambi, Caxias do Sul

e Rio Grande

Page 45: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

No fi nal dos anos de 1990, a Câmara deu início aos cursos de formação de auditores e gerenciamento ambiental, de forma pioneira no Brasil

Câmara inicia um novo ciclo de atividades l 45

Page 46: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

46 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Outro evento de destaque foi a adesão da Câmara ao Programa Gaúcho de

Qualidade e Produtividade (PGQP), tendo sido premiada na Categoria Meda-

lha de Bronze, na edição de 2002. “Naquele período, além de ampliar os conta-

tos com os meios de divulgação, a entidade estendeu suas atividades – até então

limitadas à Região Metropolitana de Porto Alegre – para municípios do interior

do estado, como Panambi, Caxias do Sul e Rio Grande. O alto grau de interesse

desses municípios refl etiu o grande leque de atividades que caracteriza a Câ-

mara, o que inclui encontros empresariais, feiras, cursos e eventos”, recorda o

ex-presidente da Câmara.

Bals, por motivos de saúde e acúmulo de funções na empresa Stihl, onde

atuava como executivo, em 24 de abril de 2002, passou a presidência da Câmara

para o seu vice, Oscar Foerster, que completou o seu mandato. Advogado, fi lho

do professor Gustavo Foerster, que, na década de 1920, veio para o Brasil con-

tratado pela Igreja Luterana, mantinha ligações com a Câmara desde os anos de

1960, quando se tornou procurador de uma série de empresas alemãs que se ins-

talaram no estado. Além de diretor e vice-presidente da Câmara durante várias

gestões e de sua vasta experiência e atuação direta nas relações Brasil-Alemanha,

exerceu o papel de uma espécie de conselheiro em diversas áreas, não somente

naquelas de sua especialidade, como o direito e as fi nanças, em que colabora

como auditor dos balanços da entidade. Como novo presidente da Câmara, Fo-

erster iria testemunhar o início de uma nova era de transformações no Brasil,

com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, na Presidência da República.

Logo no início daquele ano eleitoral, dada a sua grande vantagem nas pes-

quisas, a vitória de Lula já se prenunciava. Além da crise de balanço de paga-

mentos e das altas taxas de juros – o rendimento médio dos títulos indexados ao

dólar chegou a 75% ao ano –, os índices de desemprego eram cada vez mais altos.

Dada essa conjuntura, o Brasil teve que recorrer a empréstimo junto ao FMI.

Em 2003 a infl ação foi controlada e os juros começaram a ceder. Ao mesmo tem-

po, o governo aprovou as minirreformas na Previdência e do sistema tributário.

A visita à Câmara Brasil-Alemanha

do presidente da DIHT, Hans Peter

Stihl, fi lho mais velho do fundador da

Stihl na Alemanha, é considerado um

marco dos anos de 1990

Page 47: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

A Câmara nos dias de hoje

P residente por dois mandatos, Oscar Foerster transmitiu o cargo, em

30 de março de 2006, para o seu sucessor: André Meyer da Silva, vice-

presidente da empresa Máquinas Condor.

Convidado para participar da entidade pelo então presidente, Klaus Wilms,

Meyer, genro do fundador da Condor, Ferdinand Kisslinger, de origem alemã, além

de gestor alinhava a qualidade de expertise em mercado internacional. No mesmo

ano, em junho, o gerente-geral da Câmara, Lars Grabenschröer, foi transferido para

a Câmara de São Paulo, sendo substituído pela executiva Débora Creutzberg.

No mês seguinte, o presidente André Meyer da Silva participou de reunião

da Aliança Mercosul, realizada em Montevidéu. Com representantes das Câma-

ras do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Porto Alegre, do Uruguai, da Argentina e

do Paraguai, o grupo discutiu o declínio do bloco, cujo processo iniciara-se com

a desvalorização do real em janeiro de 1999, agravado com a crise econômico-fi -

nanceira argentina, entre 2001 e 2002. Esse quadro mobilizou as representações

das Câmaras dos quatro países integrantes do bloco, na tentativa de resgatar os

compromissos assumidos desde a sua criação.

Em setembro de 2007, a Câmara mudou-se para a Rua Castro Alves, 600,

atual endereço.

Reeleito em 2008, André Meyer da Silva, na mesma assembleia geral da

eleição, sugeriu a criação do cargo de presidente de honra para Horst Bals, em

homenagem a sua dedicação e esforço pessoal para o crescimento da Câmara.

Em março de 2008, Valmor Kerber assumiu o cargo de gerente geral no lugar

de Débora Creutzberg, transferida para a Câmara de São Paulo. Executivo de alta

experiência, fl uente em alemão, Kerber ocupou vários cargos na Câmara no perí-

Assembleia geral

ordinária, em 2002,

elegeu Oscar Foerster

para a presidência

da Câmara

A Câmara nos dias de hoje l 47

Page 48: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

48 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

odo entre 1986 e 2003, quando se desligou para atender o convite de uma empresa

de capital alemão. Naquele mesmo ano, e em 2009, fez várias viagens de prospecção

de negócios na Alemanha, que resultaram em solicitações de serviços e viagens de

delegações alemãs ao estado. Com o objetivo de fomentar relacionamentos, Kerber

também conduziu a política de novas parcerias com entidades, como o Conselho

Regional de Administração, a Federação do Comércio do Rio Grande do Sul, o

Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon), a

Sociedade de Engenharia e outras câmaras bilaterais, entre outros.

Novamente eleito para a presidência da Câmara, em março de 2010, numa re-

trospectiva de suas ações, André Meyer da Silva destacou a crescente interiorização

da Câmara por meio de uma série de eventos em vários municípios. Nesses locais, as

equipes da entidade apresentam aos empresários as principais linhas de sua atuação.

As reuniões-almoço na terceira quinta-feira de cada mês, as rodadas de ne-

gócios entre empresas de estados da Alemanha e do Rio Grande do Sul, além de

uma série de eventos, seminários e treinamentos passaram a formar a tônica da

atuação da Câmara. Focada principalmente na prestação de serviços oferecidos a

II Seminário

Destino Exportador

Alemanha, realizado

na Associação

Comercial de Porto

Alegre, em junho

de 2004, atraiu

grande interesse de

empresários gaúchos

Page 49: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

quem se prepara para o mercado local e global, a entidade mantém sua estratégia

de antecipar-se às tendências, sobretudo nas áreas de gestão e de sustentabilidade.

A Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul

atualmente é composta por cerca de 250 empresas associadas. Conta com uma

privilegiada localização na região do Mercosul, o que desperta o interesse cada

vez maior em futuras parcerias.

As Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha fazem parte de uma

rede de mais de 120 Câmaras em 80 países, sendo três unidades regionais e 10

sucursais no Brasil. Fazem parte de uma entidade guarda-chuva denominada

Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria - DIHK.

Fundada em maio de 1861, em Heidelberg, situada no vale do rio Neckar,

no noroeste do estado de Baden-Württemberg, a DIHT – Confederação das Câ-

maras de Comércio da Alemanha foi cons-

tituída por representantes de câmaras de co-

mércio. Em protesto contra o nazismo, em

1942, suspendeu suas atividades. Em 1945

foi restabelecida, mudando-se, em 1950, de

Ludwigshafen para Bonn. Em 20 de junho

de 1991, a DIHT anunciou sua nova mu-

dança para Berlim, passando, em 2001, a de-

nominar-se DIHK – Confederação Alemã

das Câmaras de Comércio e Indústria.

A DIHK representa os interesses da

economia alemã. Cerca de 3,5 milhões de empresas estão associadas a 81 câmaras

alemãs de indústria e comércio (IHK). Cento e vinte câmaras de comércio exte-

rior organizadas bilateralmente (AHK), escritórios delegados e representações da

economia alemã em todo o mundo incentivam as relações econômicas interna-

cionais das empresas alemãs. O modelo alemão de incentivo ao comércio exterior,

formado por três colunas – a Agência Federal de Comércio Exterior (GTAI), as

representações ofi ciais no estrangeiro (embaixadas e consulados) e as câmaras de

comércio exterior –, contribuiu decisivamente para o sucesso da economia daque-

le país nos mercados mundiais. Hoje, as exportações respondem por 38% de seu

Produto Interno Bruto (PIB) e garantem quase 9 milhões de empregos.

Devido ao crescente número de empresas brasileiras que exportam ou de-

sejam exportar seus produtos para a Alemanha e a Europa, as Câmaras alemãs

no Brasil estão também representadas, desde abril de 2004, por um escritório em

Frankfurt. O Ano da Alemanha no Brasil, programado para 2013, será uma das

grandes oportunidades de “criar novas pontes de cooperação entre os dois países.”

Cerca de 3,5 milhões de empresas associadas

a 81 câmaras alemãs de indústria e comércio e

120 câmaras de comércio exterior organizadas

bilateralmente, além de escritórios delegados

e representações da economia alemã, em todo

o mundo, incentivam as relações econômicas

internacionais das empresas alemãs

A Câmara nos dias de hoje l 49

Page 50: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

50 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Page 51: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Zusammenfassung der Geschichte der Deutsch-Brasilianischen Industrie- und Handelskammerin Rio Grande do Sul

Page 52: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

52 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre

Mit einem Export von Waren im Wert von 234 Millionen Goldmark

im Jahr 1913 überfl ügelte der Außenhandel Deutschlands mit Bra-

silien den mit den Vereinigten Staaten und drohte auch den Vor-

rang Großbritanniens abzulösen. Diese Position des zweiten Handelspartners

Brasiliens – sowohl im Export als auch im Import – behielt Deutschland bis

im Jahr 1914 bei, als der Erste Weltkrieg drastisch den Handelsfl uss mit ganz

Europa beeinträchtigte. England wollte die Handelskonkurrenz der Länder, die

Beziehungen zu dem befeindeten Deutschland unterhielten, ausschalten. Aus

diesem Grund sahen sich brasilianische Unternehmer gezwungen – und sogar

solche, die sich in Länder befanden, die sich nicht am Kriegsgeschehen beteilig-

ten – ihre Handelsbeziehungen zu deutschen Firmen zu unterbrechen.

Unter diesen Umständen entschieden sich deutschstämmige Kaufl eute,

besonders aus den Bundesländern São Paulo, Rio de Janeiro und Rio Grande

do Sul, zu vereinigen, um die von den Britten verursachten Subsistenzschwie-

rigkeiten bekanntzumachen. So kam es, dass am 3. August 1916, in Rio die

Vereinigung der Deutsch-Brasilianischen Handelshäuser entsand. Diese Vereinigung

wandelte sich später in die Deutsch-Brasilianische Kammer zu Rio de Janeiro um.

Am 27. November des gleichen Jahres wurde im Germania-Verein, im Zen-

trum der Stadt São Paulo, die Vereinigung der Deutsch-Brasilianischen Handelsfi rmen

in São Paulo – die heutige Deutsch-Brasilianische Industrie und Handelskammer – ge-

gründet.

In dem Zeitraum vor dem Zweiten Weltkrieg war Brasilien der zweite

Handelspartner Deutschland, mit einer Beteiligung von 20% an den Exporten

– während die Vereinigten Staaten mit 25% der Einschiffungen ihr Hauptlie-

ferant war.

Als aber die brasilianische Regierung unter Getúlio Vargas sich zu den Al-

liierten wandte, wurden alle Handelsbeziehungen zwischen beiden Ländern

unterbrochen.

Die im Lande wohnenden Deutschen, Japaner und Italiener wurden stark

unterdrückt, was auch im August 1942 zur Schließung der Handelskammer

in São Paulo führte. Im ganzen Land wurden Clubs und Vereine geschlossen,

Schulen verstaatlicht und deutschen Lehrer das Unterrichten untersagt.

Sechs Jahre später, genauer gesagt, am 27. August 1948, wurde feierlich in

den Räumen des Handelsregisters São Paulo die Deutsch-Brasilianische Kammer

neu gegründet. Nach New York ist São Paulo die zweite Stadt im Ausland,

in der eine Außenhandelskammer nach dem Krieg entstand. Unter den zur

Feierlichkeit geladenen 300 Gästen befanden sich der ehemalige Bürgermei-

ster von Porto Alegre, Alberto Bins, und der Geschäftsführer der Zweigstelle

Page 53: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Zusammenfassung l 53

der Firma Bromberg in Porto Alegre, Max Ertel – beide nun Mitglieder der

Leitung der neuen Institution. Es war auch bei dieser Gelegenheit, dass in den

Reden, die Absicht eine Vertretung der deutschen Kammer São Paulo in Rio

Grande do Sul zu gründen, erwähnt wurde. Dies verwirklichte sich am 28.

April 1949 in den Räumen des Handelsregisters zu Porto Alegre. An der Er-

öffnungssitzung nahmen 42 Wegbereiter teil, unter ihnen die bekannten Her-

ren Otto Ernst Meyer, Gründer der Fluggesellschaft VARIG, und A.J.Renner,

ein vielseitiger Unternehmer.

Der Unternehmungsgeist der deutschstämmigen Handelsleute in Porto

Alegre fand sofort Widerhall und brachte kurz darauf die erste deutsche Han-

delsdelegation in die Stadt. Unter Leitung des Diplomaten Vollrath Freiherr

von Maltzan, landete die Delegation am 23. April 1950 auf dem Flugplatz in

Rio de Janeiro und begab sich kurz darauf nach São Paulo und Porto Alegre,

wo sie durch die entsprechenden Kam-

mern empfangen wurde.

Am 12. September 1950, richtete die

Abteilung der Deutsch-Brasilianischen

Kammer São Paulo ihr erstes Büro in Por-

to Alegre in der Uruguay-Straße, im Bier &

Ullmann-Gebäude, ein.

Im Juli des darauffolgenden Jahres er-

öffnete die deutsche Botschaft ihre Türen

in der Bundeshauptstadt, unter Leitung des ersten Botschafters der Nach-

kriegszeit, Fritz Oellers. Mit dieser neuen Annäherung beider Länder nahm

man auch wieder den Technologie- und Kapitaltransfer nach Brasilien auf.

Mit Ansporn deutscher Seite siedelten sich unzählige Firmen in den Bun-

desländern São Paulo, Rio de Janeiro und Minas Gerais an. Dieses Verfahren

wurde besonders durch Maßnahmen wie Güterzugänge ohne Kursdeckung,

Exporte und Finanzierungsfristen von bis zu fünf Jahren gefördert.

Mit dieser neuen Konjunktur, wurde der alte Gedanke eine Vertretung

aufzubauen, die die Beziehungen der deutschen Geschäftsleute und ihren

Nachfahren in Rio Grande do Sul zu lokalen Institutionen und Behörden

zu fördern, unaufschiebbar. Mit dieser Absicht trafen sich am 22. Juli 1955

25 Unternehmer, um die Deutsch-Brasilianische Handelskammer in Rio Grande

do Sul zu gründen. Während damals Brasilien etwa 52 Millionen Einwohner

zählte, hatte das Bundesland etwas über 4,5 Millionen Einwohner, von denen

6,16% Ausländer waren, Italiener, Uruguayer und Deutsche in der Mehrheit.

Neben den Gründungsmitgliedern – mehrheitlich aus Unternehmern des

Am 12. September 1950, richtete die

Abteilung der Deutsch-Brasilianischen

Kammer São Paulo ihr erstes Büro in

Porto Alegre in der Uruguay-Straße,

im Bier & Ullmann-Gebäude, ein

Page 54: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

54 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre

Imports und Exports zusammengesetzt – haben auch zwei Vertreter der Han-

delskammer São Paulo das Protokoll der ersten außerordentlichen General-

versammlung unterzeichnet.

Mit der Trennung von der Kammer aus São Paulo, wollten die rio-granden-

ser Kaufl eute einen Beitrag zur stärkeren Anziehungskraft deutscher Investitio-

nen in ihr Bundesland leisten und auch die Beziehungen zu Handelskammern

in Deutschland stärken.

Folgende war die Zusammensetzung des ersten Vorstands, mit einer Amts-

zeit von zwei Jahren: Vorsitzender: Wilhelm Kunhardt, der Firma Represen-

tações e Importações Liess Ltda; Stellvertreter: Otto Ernst Meyer, Gründer

der Varig S. A.; Direktoren: Emilio Hillmann, der Firma Ferragem Kirchner

Hillmann S.A; Guilherme A. Lamberts, der Firma Lamberts S.A.; Schriftführer

war Günter Schiersner.

Das Ende der Gouverneursperiode

des Ildo Meneghetti (1955-1959) be-

deutet auch der Übergang des Bundes-

landes in eine neue Fase. Sein Nach-

folger, der Diplom-Ingenieur Leonel

Brizola, wies gleich zu Anfang seiner

Amtszeit auf die - wie er sich aus-

drückte - regionalen Ungleichheiten in

Brasilien hin. Hervorgerufen durch den

Entwicklungsplan des Bundespräsiden-

ten Juscelino Kubitschek de Oliveira

(1956-1961) würde, so Brizola, dem Bundesland Rio Grande do Sul nur eine

marginale und untergeordnete Rolle zugesprochen werden, was sich allerdings

auch auf die weiteren Bundesländer des Süden Brasiliens – Paraná und Santa

Catarina – erstrecke. Die weitläufi gste Frage der damaligen Konjunktur war

das Fehlen von Finanzierungsquellen, verschärft durch eine hohe Infl ation,

die den Finanzhäusern große Risiken zufügte.

Zu dieser gleichen Zeit wurde der Kammer in São Paulo bewusst, dass die

hohen Investitionen in Kapitalgütern ihr neue Aufgaben brachte. So kam es,

dass am 26. Oktober 1960, die Generalversammlung den Vorschlag verabschie-

dete, den Namen auf Deutsch-Brasilianische Industrie- und Handelskammer zu er-

weitern. Diese Neuerung stieß im ersten Augenblick auf Gleichgültigkeit bei

der Kammer in Rio Grande do Sul. Aber schon Ende des Jahres 1961 wurde

zum ersten Mal die Möglichkeit erwogen, den gleichen Schritt in die Wege zu

leiten, denn auch hier war die Industrialisierung seit Ende der 1950-er Jahre fest

Mit der Trennung von der Kammer aus

São Paulo, wollten die rio-grandenser

Kaufl eute einen Beitrag zur stärkeren

Anziehungskraft deutscher Investitionen

in ihr Bundesland leisten und auch die

Beziehungen zu Handelskammern in

Deutschland stärken

Page 55: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Zusammenfassung l 55

im Gang. Die Zweige, die sich vorrangig entwickelten, waren die der elektrischen

Komponenten, des Maschinenbaus und der Herstellung von Karosserien von

Omnibussen und LKWs. Diese Lage weckte das Interesse der deutschen Unter-

nehmern an die lokale Wirtschaft.

Am 31. März 1964 wurde Bundespräsident João Goulart durch das Militär

gestürzt. Als Nachfolger wurde General Humberto Castello Branco ernannt.

Mit Aufmerksamkeit verfolgte die Deutsche Botschaft die Ereignisse und

schlug vor, den vorgesehenen Besuch des Bundespräsidenten Heinrich Lübke

nochmals auf einen günstigeren Augenblick zu verschieben. Der Besuch war

eigentlich für den Monat Oktober 1963 geplant, wurde aber dann verlegt, und

jetzt wieder verschoben, nun auf den Monat Mai 1964.

Sobald die Bestätigung des Besuchs bekannt wurde, setzte sich die Deutsch-

Brasilianische Kammer in Rio Grande do Sul in Bewegung, um Porto Alegre in

den Reiseplan des Bundespräsidenten aufzunehmen. Doch der Traum verlief

schnell im Sande. Während einer der Vorstandssitzungen kam die Nachricht, dass

das deutsche Außenministerium Rio Grande do Sul nicht in das Programm auf-

genommen hatte. Ohne sich damit abzufi nden, beschloss der Vorstand noch an

diesem Tag alle Hebe in Bewegung zu setzen, um auf dem diplomatischen Weg

den Reiseplan des Bundespräsidenten zu ändern und das Bundesland doch noch

in Lübkes Brasilienbesuch aufzunehmen – schließlich könne die Regierung nicht

die Einwanderung der ersten Deutschen in Brasilien außer Acht lassen.

Gleich zu Beginn des Monats Mai 1964 kam der Präsident der Bundesre-

publik Brasilien, Heinrich Lübke, nach Brasilien. Dies war der erste Staatsbe-

such nach dem Militärputsch vom 31. März. Neben der diplomatischen Rele-

vanz des Besuchs für beide Länder kam die Delegation auch mit dem Auftrag,

über die Vertagung der brasilianischen Schulden vor dem Den-Haag-Club zu

beraten. Die Verhandlungen mit den Gläubigern war auf den kommenden

August vorgesehen. Lübke wurde von 40 Journalisten begleitet, eine Tatsache,

die großen Widerhall weltweit erreichte. Das Treffen der beiden Präsidenten

diente als Visitenkarte für den Brasilianer besonders vor den weiteren Län-

dern Europas.

Außer Brasília, Rio de Janeiro und São Paulo fügte Lübke Porto Alegre in

seiner Reise durch Brasilien ein, was der außerordentlichen Anstrengung der

Kammer zu Verdanken ist. Am 9. Mai stieg also Lübke auf dem Flughafen in

Porto Alegre aus einer Maschine der Lufthansa aus und wurde begeistert von

einer Menge Menschen empfangen, die er persönlich einzeln begrüßte. Da-

nach begab er sich zum Empfang durch den Gouverneur Ildo Meneghetti. Der

Vorstand der Kammer konnte im Protokoll ihrer Sitzung eine der wichtigsten

Page 56: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

56 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre

Errungenschaften ihrer Amtszeit verzeichnen: Der Besuch des Bundespräsidenten

in Porto Alegre, aufgrund der Anstrengungen vor deutschen Diplomaten.

Außer der Anerkennung der neuen Regierung, diente der Besuch, um

den Deutsch-Brasilianischen-Vertrag aufzuwerten. Er war im Jahr 1961 unter-

schrieben, war aber dann eingefroren worden. Es handelte sich unter Anderem

um den Transfer von 200 Millionen Mark nach Brasilien. Dieser Betrag war

der durch den Industrie- und Handelsministers des abgesetzten Präsidenten

Goulart und ehemaligen Vorsitzenden der Deutsch-Brasilianischen Handels-

kammer von Rio Grande do Sul, Egydio Michaelsen, ausgehandelt worden.

Der erste Teil dieser Mittel wurde im Juli 1965 freigestellt, als Verträge zur Fi-

nanzierung von Projekten in Brasilien unterzeichnet wurden.

Das Jahr 1970 zeigt den Beginn des so genannten brasilianischen Wirtschafts-

wunders an, der sich bis im Jahr 1973 erstreckte und sich durch ein Wachstum

von ca. 10% des jährlichen Bruttosozialprodukts kennzeichnete. Anderseits, er-

weiterte damals das Regime die Unterdrückung der Opposition.

Trotz Gewinne durch die Beteiligung in der industriellen Struktur auf den

Gebieten der Zwischenproduktions- und Kapitalgütern, behielt das Bundesland

Rio Grande do Sul sein Merkmal als Produzent von nichtdauerhaften Konsum-

gütern – die praktisch die Hälfte der Gesamten Produktion darstellten – bei.

Nach einer zwischenzeitlichen Unterbrechung der Geschäfte begann in

diesem Jahr wieder der Fluss von Unternehmer- und Politikerdelegationen.

Da es damals keine direkte Flugverbindung nach Brasilien gab, fl og man über

Porto Alegre nach Buenos Aires, um von dort aus nach Deutschland zu gelan-

gen. Aus diesem Grund nutzten viele Geschäftsleute die Gelegenheit, die lokale

Wirtschaftslage kennen zu lernen. Dies trug dazu bei, dass verschiedene kleine

Unternehmen mit deutschem und brasilianischem Kapital entstanden. Einige

entwickelten sich, andere schlossen schnell auch wieder ihre Türen.

Das Textilmaschinenbauunternehmen Barmag war das größte Unter-

nehmen unter ihnen und setzte sich in São Leopoldo an. Andere Unterneh-

men, wie Bessey, aus der Maschinenbau- und Werkzeugbranche begannen

ohne Beteiligung des Ortskapitals und mussten schließen. Den höchsten

Erfolg errang die Firma Stihl, Herstellen von Motorsägen. Das Unterneh-

men begann ihre Tätigkeiten in einem gemieteten Schuppen mit der Ka-

pitalbeteiligung des örtlichen Unternehmens Trilho-Otero. Die Gründe,

warum das Bundesland Rio Grande do Sul und die Stadt São Leopoldo zur

Einrichtung des Unternehmens ausgesucht wurden, waren die industrielle

Tätigkeit im Bundesland, der positive Einfl uss der deutschen Einwande-

rung und das Bestehen eines großen Marktes für ihre Erzeugnisse. Schon

Page 57: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Zusammenfassung l 57

im Jahr 1975 konnte Stihl ihre eigenen Hallen im Industriebezirk der Ge-

meinde São Leopoldo beziehen.

Um das Jahr 1974 zog die brasilianische Wirtschaft immer mehr die Auf-

merksamkeit der deutschen Unternehmen auf sich. Im August dieses Jahres

besuchte eine Delegation von 23 Unternehmern, unter Leitung des Vorsit-

zenden des Bundesverbands der

Deutschen Industrie-BDI, Hans-

Günther Sohl, Mitglied der Thyssen-

Gruppe, die Städte São Paulo, Brasí-

lia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro

und Porto Alegre. Im gleichen Jahr

wurde eine Gemischte Deutsch-

Brasilianische Kommission einge-

richtet, mit dem Ziel bilaterale The-

men zu erörtern.

Die 1970-er Jahre brachten der

Kammer neuen Aufschwung, sodass

der Sitz in die Coronel-Vicente-Stra-

ße 452 verlegt wurde. Die Kammer

war gegründet worden, unter der Voraussetzung den Zugang zu deutschen Ex-

porteuren zu erleichtern. Der Handelszweig war bis zu dieser Zeit vorrangig.

Aber aufgrund der fast explosiven Entwicklung verschiedener anderen Wirt-

schaftsbranchen, verlagerte sich der Schwerpunkt auf die Industrie, wie man

aus einem Bericht ersieht, der von der Kammer in Deutschland zur Bekannt-

machung des Bundeslandes Rio Grande do Sul veröffentlicht wurde. Daraus

ergab sich, dass der Besuch deutscher Unternehmer regelmäßiger wurde. Sehr

oft wurden die Delegationen von Politikern und Ministerpräsidenten verschie-

dener deutscher Länder begleitet. Dies trug auch dazu bei, dass sich neue Toch-

tergesellschaften besonders im Inneren des Bundeslandes mit der Beteiligung

des deutschen Kapitals oder Know-hows bildeten. Diese Übergangsperiode

kennzeichnet sich auch durch die Erneuerung der Direktoren der Kammer aus.

Mit dem Fortschritt des rio-grandenser Industrieparks in den Jahren 1970-

1975 wurde dem Vorstand klar, dass die Bezeichnung der Kammer geändert

werden musste. So kam es, dass am 16. September 1976, einstimmig die neue

Bezeichnung Deutsch-Brasilianische Industrie- und Handelskammer in Rio Grande do

Sul gebilligt wurde. In der gleichen außerordentlichen Generalversammlung

wurde die Erhöhung der Anzahl der Direktoren von sechs auf acht und das

Zusammenfallen des Geschäftsjahr mit dem Kalenderjahr verabschiedet.

Mit dem Fortschritt des rio-grandenser

Industrieparks in den Jahren

1970-1975 wurde dem Vorstand klar,

dass die Bezeichnung der Kammer

geändert werden musste. So kam es, dass

am 16. September 1976, einstimmig die

neue Bezeichnung Deutsch-Brasilianische

Industrie- und Handelskammer in Rio

Grande do Sul gebilligt wurde

Page 58: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

58 l Brasilien-Deutschland Chamber of Rio Grande do Sul l 50 Jahre

In den 1980-er Jahre setzte die Kammerverwaltung Schwerpunkte, sowohl

in Bezug auf die eigenen Mitglieder als auch auf den Markt. Daraus ergab sich,

dass das Potenzial der Kammer als Beratungsstelle für Geschäfte und für die

Kooperation und den Transferenz von Know-how erweitert wurde.

Die 1990-er Jahre begannen mit der Wahl des Bundespräsidenten Fer-

nando Collor de Mello. Seine Amtszeit kennzeichnet sich sowohl durch den

Versuch die starke Infl ation unter Kontrolle zu bringen als auch durch die

Öffnung des Binnenmarkts für den Import im Allgemeinen aus. Brasilien öff-

nete sich der Welt.

Gleichzeitig trat die Kammer einen neuen Tätigkeitszyklus an. Der erste

Entwicklungsabschnitt hatte sich durch die Förderung des Handels gekenn-

zeichnet, die Zweite, durch besondere Aufmerksamkeit auf die Industrialisie-

rung und nun kam ein dritter Abschnitt mit besonderem Akzent auf den Export.

Der Schuhwarenexport bekam gro-

ßen Antrieb in den 1990-er Jahren. Das

Tal des Sinos-Flusses entwickelte sich zu

einem starken Schuhwarenexporteur.

Der europäische Markt weckte besonde-

res Interesse und Deutschland wurde zu

einer Art Eingangstür für die Länder der

Europäischen Union.

Die Einführung der Real-Währung

in Brasilien während der Amtszeit des

Präsidenten Itamar Franco und die

gleichzeitige Beendigung der Infl ationskultur brachten eine radikale Änderung

des Images Brasiliens im Ausland. Die Auswirkungen dieser Maßnahmen ließen

nicht lange auf sich im Bundesland Rio Grande do Sul warten. Immer öfter

trafen Delegationen aus verschiedenen Bundesländern ein.

Zu dieser Zeit entschied sich die Kammer an den wichtigsten Ausstellun-

gen und Messen im Bundesland teilzunehmen, besonders die Expointer, eine

land- und viehwirtschaftliche Messe, in Esteio; die Fimec, eine internationale

Messe für Leder, Chemikalien, Einrichtungen und Maschinen für die Schuh-

warenbranche und Gerbereien, in Novo Hamburgo, und die Fimma, interna-

tionale Messe für Maschinen, Rohstoffe und Zubehör der Möbelindustrie, in

Bento Gonçalves.

Auch deutsche Politiker sind oft in Brasilien anwesend. Im Jahr 2000 empfang

Porto Alegre eine offi zielle Delegation, die vom damaligen Bundesminister für

Nahrungsmittel, Land- und Forstwirtschaft, Karl-Heinz Funke, geleitet wurde.

Auch deutsche Politiker sind oft in

Brasilien anwesend. Im Jahr 2000

empfang Porto Alegre eine offi zielle

Delegation, die vom damaligen

Bundesminister für Nahrungsmittel,

Land- und Forstwirtschaft, Karl-Heinz

Funke, geleitet wurde

Page 59: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Zusammenfassung l 59

Es waren aber nicht nur die Tätigkeiten nach Außen, die die Kammer in

jenen Jahren auszeichneten. Damals begann das Angebot von Lehrgängen für

Wirtschaftsprüfer und Umweltmanager, die noch heute gut besucht sind.

Der Besuch des Vorsitzenden des Deutschen Industrie- und Handel-

tags-DIHT, Hans Peter Stihl, ältester Sohn des Gründers des Unterneh-

mens, das Seinen Namen trägt, kann auch als ein Höhepunkt damaliger Zeit

angesehen werden.

Ein anderes Merkmal, das hervorgehoben werden darf, ist der Anschluss

der Kammer an das Rio-Grandenser Qualitäts- und Produktivitätsprogramm.

Im Jahre 2002 wurde die Kammer mit der Bronzemedaille dieses Programms

ausgezeichnet.

In dieser Zeit fällt auch der Entschluss, die Tätigkeiten der Kammer auf

weitere Gemeinden im Innern des Bundeslandes Rio Grande do Sul zu erwei-

tern. Bis dahin, beschränkte man sich auf den Raum Groß-Porto Alegre, dehnte

jetzt das Wirkungsfeld auf Städte wie Caxias do Sul und Panambi aus. Der Wi-

derhall aus diesen Gemeinden erweist sich aus dem breitgefächerten Angebot

an Dienstleistungen, das sich aus Begegnungen von Unternehmern, Messen,

Lehrgängen und andere Veranstaltungen kennzeichnet.

Heute steht der Deutsch-Brasilianischen Kammer in Porto Alegre Herr An-

dré Meyer da Silva vor. Etwa 250 Unternehmen sind an ihr gebunden und pro-

fi tieren von der privilegierten Lage des Bundeslandes in Bezug auf die Märkten

in Uruguay, Paraguay, Chile und Argentinien, was zu einem wachsenden Inter-

esse an neuen Partnerschaften führt.

Wegen der ansteigenden Zahl von brasilianischen Unternehmen, die nach

Deutschland bereits exportieren oder Interesse daran haben, sich am deutschen

Markt zu beteiligen, sind die deutsch-brasilianischen Kammern seit April

2004 in Frankfurt mit einem Büro vertreten. Dieses Büro erweist sich als wich-

tiger Stützpunkt für brasilianische Unternehmer, die sich auf dem deutschen

und dem europäischen Markt entfalten möchten. Das Jahr 2013 wird das Jahr

Deutschlands in Brasilien sein und bietet die Möglichkeit, neue Brücken zwischen

beiden Ländern zu schlagen.

Page 60: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

60 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Alemanha, o país das feiras

C riadas no início da Idade Média, muitas vezes vinculadas a uma festa pa-

roquial, chamadas quermesses, as feiras alcançaram o seu apogeu entre

os séculos 15 e 17. Foi uma permissão do imperador Maximiliano, da-

tada de 1507, que originou a Feira de Leipzig – de grande signifi cado econômico

a partir do século 18.

Nos últimos anos, ao lado das feiras de caráter universal, surgem, cada vez

mais, feiras especializadas, que abrangem um ou mais setores econômicos. A

Alemanha, considerada o “país das feiras”, enumera em seu calendário mais de

300 feiras e exposições de porte suprarregional ou internacional. Detém, atual-

mente, mais de 60% das feiras líderes mundiais. Uma das mais importantes é a

Feira de Hannover, criada em 1947, que é realizada anualmente na primavera.

A Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul representa, no Brasil,

pelo menos cinco feiras, para as quais organiza missões empresariais. Além disso,

planeja pacotes de visitas para várias outras de interesse do empresariado gaúcho.

A Spielwarenmesse, de Nurembergue, por exemplo, começa a fazer parte do

calendário anual de eventos de um número cada vez maior de empresas brasilei-

ras. Em suas últimas edições, mais de 300 visitantes do Brasil marcaram presença

naquela que é considerada a maior feira de brinquedos do mundo.

Organizadas pela Câmara, as missões empresariais do Brasil na Spielwaren-

messe iniciaram-se em 2007, com a participação de apenas três expositores. No

A Alemanha enumera

em seu calendário mais

de 300 feiras e exposições

de porte suprarregional

ou internacional

Page 61: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

ano seguinte, o número evoluiu para nove, correspondente a um espaço de 109

metros quadrados.

“Os resultados da feira de brinquedos foram muito positivos na nossa pri-

meira participação”, diz Thiago Richter Senden, da área de marketing da Ricsen

Ltda., de Curitiba (PR). Tradicional fabricante de bichos de pelúcia e de pantufas

animadas, fundada em 1987, a empresa fechou negócios com clientes da Itália,

da França, da Alemanha, da Inglaterra e do Kuwait. Além disso, encaminhou

parcerias estratégicas com outras empresas presentes no evento.

“A participação na feira de Nurember-

gue representou um marco para o início de

nossas operações internacionais. Foi a par-

tir dela que começamos os contatos com o

mercado europeu”, acrescenta o executivo.

Outro exemplo de sucesso é o da Xa-

lingo S/A Indústria e Comércio, de Santa

Cruz do Sul (RS). Dona de uma linha de

cerca de 850 itens como triciclos, jogos, bo-

las e regadores, ela expõe seus produtos em

Nurembergue em todos os anos. “Além da oportunidade de abrir novos merca-

dos, o evento proporciona uma visibilidade bastante signifi cativa”, diz o diretor

da empresa, João Ebert.

A Agritechnica (Exposição Internacional de Tecnologia Agrícola), que se re-

aliza em Hannover, registra perto de 2 mil expositores de 40 países a cada ano.

Mais de 45% desses expositores são estrangeiros. A maioria da Itália, da Holanda,

da França, da Áustria e da Turquia. Além de organizar missões à feira, a agenda

preparada pela Câmara inclui visitas aos maiores fabricantes do setor.

A EuroTier, de Hannover, o maior evento em exposição de animais de cria-

ção, atrai mais de 120 mil visitantes do ramo. São 170 mil metros quadrados de

área de exposição, espalhados por oito pavilhões. A Exposição EuroTier é consi-

derada uma ponte entre o leste e o oeste Europeu, além de ser uma plataforma

para os últimos avanços tecnológicos na área de produção animal.

A EuroTier oferece a oportunidade ideal aos visitantes da América do Sul de

encontrar soluções para suas necessidades na área de produção animal. Cerca de 40%

de seus expositores são constituídos por companhias internacionais, que escolhem

a feira para apresentar suas inovações de relevância mundial em diversos setores,

incluindo rações e nutrição, técnicas de produção animal e também bioenergia.

A Fakuma, localizada em Friedrichshafen, é a principal feira internacional de

processamento e injeção de plásticos. Em seus estandes, os visitantes encontram

A EuroTier, de Hannover, o maior

evento em exposição de animais

de criação, atrai mais de 120 mil

visitantes do ramo. São 170 mil

metros quadrados de área de exposição,

espalhados por oito pavilhões

Alemanha, o país das feiras l 61

Page 62: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

62 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Participantes da delegação brasileira na feira Agritechnica

Estande institucional da Câmara na feira Mercopar (Caxias do Sul/RS)

Page 63: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

todas as matérias-primas sobre máquinas, reciclagem, ferramentas, soluções de

automação e muito mais. A Fakuma também cria tendências, ideias e apresenta

uma fotografi a atualizada da evolução do setor.

A Automechanika, de Frankfurt, é a mais importante plataforma de negócios

para o setor do pós-venda de automóvel. Para além dos artigos em exposição, a

feira oferece um extenso programa complementar, que inclui mostras especiais,

entregas de prêmios, fóruns e congressos sobre temas importantes para o setor.

A feira acolhe as seguintes áreas de produto: partes e sistemas, acessórios

e tuning, reparação e manutenção, gestão e

tecnologia de informação, estações de ser-

viço e lavagem automática. Em sua última

edição, a Automechanika registou um nú-

mero recorde de visitantes internacionais,

com cerca de 155 mil profi ssionais vindos

de 180 países diferentes.

Quase 4 mil expositores e cerca de 180

mil visitantes percorreram os extensos cor-

redores do centro de exposição da Messe

Frankfurt, na Alemanha, para conhecer as

novidades expostas na Achema, a principal feira de negócios das indústrias quí-

micas, de proteção ambiental e biotecnologia.

Pesquisa realizada pela organização da feira revelou que mais de 30% dos

visitantes são provenientes de países como Japão, Índia, China e Oriente Médio.

Seguindo a tradição, os fabricantes de bombas, compressores, válvulas e veda-

ções compõem o maior grupo de expositores da Achema. A preocupação com o

consumo de energia também é um dos temas centrais da feira.

Outras grandes feiras alemãs com participação gaúcha são: Anuga (bebidas e

alimentos), Bauma (máquinas, materiais, veículos e equipamentos de constru-

ção), CEBIT (tecnologia da informação, telecomunicações, software e serviços),

GDS (calçados e acessórios), IAA (automóveis), Ifat Entsorga (água, resíduos

líquidos e sólidos e reciclagem), Interpack (empacotamento e máquinas para

confeiteiro), ITB Berlin (turismo) e K (plástico e borracha).

Quase 4 mil expositores e cerca de 180

mil visitantes percorreram os extensos

corredores do centro de exposição da

Messe Frankfurt, na Alemanha, para

conhecer as novidades expostas na

Achema - a principal feira de negócios

das indústrias químicas

Alemanha, o país das feiras l 63

Page 64: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

64 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

“Esperar é um erro”

Entrevista com Ricardo Haetinger, presidente da

Elipse Software, que atua há mais de 20 anos no

mercado de automação, desenvolvendo soluções

para o gerenciamento de processos. Sediada em Porto Ale-

gre e com fi liais em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte,

Estados Unidos e Taiwan, a Elipse vem ampliando signi-

fi cativamente a sua participação no mercado externo, em

países como Alemanha, Índia, Rússia, Suécia, Argentina,

Chile, entre outros. Atualmente, a empresa possui mais de

20 mil cópias instaladas em todo o mundo.

Câmara Brasil-Alemanha: Qual o ano em que participou pela primeira vez e suas impressões sobre a feira de Hannover?

Ricardo Haetinger: Nossa primeira participação na Feira Industrial de Han-

nover foi em 1992. O estande era em conjunto com outras duas empresas gaú-

chas e teve o custo parcialmente subsidiado pelo Sebrae. A área total, para as três

empresas, era de 15m², ou seja, 5m² por empresa. O Brasil tinha, na época, uma

representação muito pequena, em especial na nossa área, a Automação Industrial.

Os resultados, para uma primeira participação, foram expressivos: fechamos acor-

do de distribuição com uma empresa argentina e iniciamos o contato com o nosso

futuro distribuidor na Índia, hoje o maior mercado da Elipse no exterior.

Como foi a recepção para o seu produto made in Brazil? O custo/benefício compensou?

A recepção de um produto de alta tecnologia made in Brazil foi, é claro, cer-

cada de desconfi ança, em especial pelos empresários europeus. Mas a Feira de

Hannover é um evento internacional e vários visitantes de outros países de-

monstraram muito interesse em nosso software, também pelo preço, mas, em

especial, pelas funcionalidades apresentadas.

Quais foram os primeiros desdobramentos daquela participação em termos de negócios? De representação na Europa?

Na primeira participação, fechamos distribuição na Argentina e iniciamos

contatos para uma distribuição na Índia. O contato na Índia veio a ser nosso dis-

tribuidor em 1996, quatro anos mais tarde, e é, até hoje, responsável por aquele

mercado, que representa 30% do faturamento da Elipse no exterior.

Page 65: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Quantas vezes você ou sua empresa já participaram da feira? Participam em grupos com outras empresas ou de forma isolada?

A Elipse participou da Feira de Hannover, de forma ininterrupta, de 1992 a

2002, ou seja, por 11 anos. Depois disso, decidimos investir em feiras menores,

com uma proposta mais direcionada, algumas na Alemanha, como a SPS/IPC/

Drives, de Nurembergue.

Quais os mercados que a sua empresa passou a atuar como consequência da participação em Hannover?

Em nossas diversas participações em Hannover, iniciamos relacionamento

comercial com centenas de empresas no mundo todo. Hoje, temos parceiros co-

merciais em inúmeros países, como Alemanha, Índia, Rússia, Suécia, Argentina,

Chile, entre outros.

Quais conselhos você daria para empreendedores do RS que ainda não partici-param de feiras na Alemanha?

Quando participamos pela primeira vez da Feira de Hannover, a Elipse era

uma empresa nascente. Para nós, a exposição ao mercado internacional foi um

aprendizado importantíssimo e essencial para o crescimento da empresa. Meu

conselho para quem ainda não participou, em especial aos startups, é que partici-

pem e não esperem para fazê-lo. Muitas empresas acham que não estão prontas,

mas, na verdade, os benefícios da participação em uma feira internacional como

Hannover existem para qualquer empresa a qualquer tempo. Esperar é um erro.

Alemanha, o país das feiras l 65

Page 66: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

66 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

As rodadas de negócios

A busca de alianças e parcerias entre empresas alemãs e brasileiras é o prin-

cipal objetivo das rodadas de negócios organizadas pela Câmara Brasil-

Alemanha. Geralmente acompanhadas por ministros ou vice-ministros

de seus estados, as delegações que visitam o Brasil são formadas por empresas

de grande, pequeno e médio portes de várias áreas, como tecnologia medicinal,

biotecnologia, energias renováveis, construção e planejamento de infraestrutura,

tecnologia ambiental, máquinas, metal-mecânica, construção civil, engenharia,

eletroeletrônica e outras.

Desde 1995, a Câmara Brasil-Alemanha realizou um total de 25 rodadas,

reunindo cerca de 210 empresas alemãs e mais de 800 empresas gaúchas, que

estabeleceram mais de mil encontros de negócios.

Nas primeiras rodadas de negócios, em média, por ano, pelo menos duas

delegações de estados alemães participavam de encontros com empresários do

Rio Grande do Sul. Em 2010, foram realizadas seis rodadas em Porto Alegre.

Além do aumento da frequência das delegações, segundo Dietmar Sukop,

gerente adjunto da Câmara, aumentou também a qualidade das delegações e a

abertura por parte das empresas gaúchas. “O que começou como um primeiro

contato tímido, com forte conotação de turismo, tornou-se uma ferramenta efi -

caz de entrada no mercado brasileiro, por meio de viagens muito bem planejadas

e estratégias pré-defi nidas”, resume.

Entre os estados de maior frequência, destacam-se Rheinland-Pfalz, com

visitas anuais ao Brasil, seguido de Baden-Württemberg, Niedersachsen, Nor-

drhein-Westfalen e Bayern. “A presença dessas delegações comprova não só o

interesse alemão, como também o potencial brasileiro para desenvolvimento de

novos negócios”, diz Sukop. E acrescenta:

“As rodadas de negócios são uma excelente oportunidade de contatos co-

merciais com a Alemanha e um acesso à tecnologia, know-how e produtos de

primeira linha”.

A rodada é realizada em um ou dois dias. Os encontros individuais têm du-

ração de 45 minutos cada. O pré-agendamento deve ser feito com a entidade

através do envio de um formulário, que é analisado para verifi car se a empresa

brasileira se encaixa no perfi l e ramo de atuação desejado pelos parceiros ale-

mães. Esse critério foi um dos pontos-chaves para um aumento signifi cativo da

qualidade das rodadas.

Page 67: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Rodada de negócios com delegação da Renânia-Palatinado, em 2010

Coquetel no estande institucional da Câmara na Expointer (Esteio/RS)

As rodadas de negócios l 67

Page 68: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

68 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

O Senior ExpertenService (SES)

Conhecido pelo seu tino para negócios, o empresário Raul Randon, prin-

cipal acionista da Randon, de Caxias do Sul (RS), comprou, na década

de 1970, uma fazenda de 5 mil hectares em Vacaria (RS). Além da preo-

cupação ecológica, os olhos do grande empresário gaúcho enxergaram uma nova

forma de ganhar dinheiro com o cultivo da maçã.

Localizada na região dos Campos de Cima da Serra, com topografi a, altitude

e clima adequado à implantação de pomares, onde os pioneiros iniciaram o culti-

vo da fruta em locais de difícil acesso, a empreitada tinha todas as condições para

dar certo. Assim, surgiu, em 15 de maio de 1979, a Rasip Agro Pastoril S/A, braço

agropecuário da empresa holding da família Randon – Dramd Participações e

Administração Ltda., controladora do grupo Randon.

Uma das primeiras exportadoras de maçãs do país, a partir dos anos de 1990,

a Rasip passou a avaliar seus padrões de qualidade, produtividade, imunização e

genética. A época coincidiu com a fi liação do Grupo Randon à Câmara Brasil-

Alemanha de Porto Alegre. Designado pela empresa como seu representante na

entidade, Astor Milton Schmitt, diretor corporativo e de relações com investido-

res da Randon, logo se empenhou em organizar uma representação da Câmara

na região nordeste do estado, a partir de Caxias do Sul. Nessas tratativas, tomou

conhecimento de um serviço, representado no Brasil pela Câmara de Porto Ale-

gre, de grande valia não somente para a sua organização, mas também para uma

série de empresas da região: a possibilidade de contratar um consultor do Senior

Experten Service (SES).

Em pouco tempo chegava a Vacaria, para um trabalho especial na Rasip do

grupo Randon, o professor Gerhard Bunemann, doutor em Pomologia – parte

da agronomia que se ocupa das árvores frutíferas – pela Universidade de Han-

nover, da Alemanha. O trabalho foi conduzido de 1992 até 2001. Em todos os

anos o professor prestava uma consultoria de um mês, o que foi decisivo para a

produtividade e a qualidade das maçãs da Rasip. “O professor tinha grande expe-

riência de campo e associou a teoria com a prática. Graças ao seu conhecimento,

dobramos nossa produtividade, em quatro anos, para 4 mil toneladas de maçãs por

ano, adequando nossos custos de produção. Além de ser um técnico brilhante, o

professor Bunemann tem uma habilidade incomum para interagir com as equipes

da empresa. Até hoje mantemos contato com ele em questões técnicas e também

por amizade”, relata Celso Zancan, diretor da Rasip Agro Pastoril.

Page 69: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Criada nos anos 1980, o SES é uma organização alemã não governamental,

sem fi ns lucrativos, que presta consultoria voluntária ao alcance de empresá-

rios de todo o mundo. Em seus cadastros conta com mais de 9.000 consultores

recém-aposentados com experiência em todos os setores da indústria, comércio

e serviços. O foco central é a busca de soluções para problemas técnicos e econô-

micos, assim como a reorganização e o saneamento de empresas. Os consultores

do SES trabalham voluntariamente, apenas mediante ressarcimento de gastos

pessoais durante a missão, ou seja, a empresa contratante assume os custos locais,

a passagem aérea, custos administrativos e de preparação do projeto SES.

A Caliendo Metalúrgica e Gravações Ltda., de Cachoerinha, foi outra em-

presa gaúcha que se utilizou dos serviços do SES. Antes de viajar para o Rio

Grande do Sul, o técnico alemão, Helmut Hauke, realizou missões na Índia, na

Tailândia, na China, na Bulgária e em São

Paulo – todas para aprimorar conhecimen-

tos de funcionários de empresas em pro-

cessos de injeção de alumínio sob pressão.

Com 30 anos de experiência na técnica de

fundição sob pressão, Hauke permaneceu

três semanas no Rio Grande do Sul, dedi-

cando-se ao desenvolvimento de novas tec-

nologias para a Caliendo.

A Imobras Indústria de Motores Elé-

tricos, de Alto Feliz (RS), também optou

pela consultoria do SES alemão. Depois

de três semanas no Rio Grande do Sul,

o engenheiro alemão, Karl Ziegler, com

doutorado em máquinas, deixou encaminhadas linhas mestras para o desen-

volvimento de novas tecnologias.

Especializada em motores elétricos para condicionadores de ar e de limpa-

dor de para-brisa, a Imobras desenvolve modelos com alto desempenho e me-

lhor custo-benefício para os mercados de reposição e montadoras de caminhões

e veículos pesados, compatíveis com as marcas mais tradicionais do mercado,

como Agrale, Ford, Mafersa, Mercedez-Benz, Scania e Volvo.

Em parceria com a Câmara Brasil-Alemanha, a empresa, até 2010, utilizou

os serviços de técnicos de alemães por meio do programa oferecido pelo SES.

“Já estamos pensando em trazer o quarto técnico alemão da SES, pois a contri-

buição desses profi ssionais é altamente compensadora em termos de custos e de

resultados”, relatou Ireno dos Reis, diretor da empresa.

Criada nos anos 1980, o SES é uma

organização alemã não governamental,

sem fi ns lucrativos, que presta

consultoria voluntária ao alcance de

empresários de todo o mundo. Em

seus cadastros conta com mais de 9

mil consultores recém-aposentados

com experiência em todos os setores da

indústria, comércio e serviços

O Senior Experten Service (SES) l 69

Page 70: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

70 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

A farmacêutica Carla Wallauer Von Ass, da empresa Vicofarma, resolveu parti-

cipar do programa SES e recebeu consulta do engenheiro químico Wilfried Schul-

ler. Com vasta experiência na produção de cosméticos e sabonetes glicerinados,

tendo trabalhado na multinacional Hoesch, Schuller passou informações valiosas

à jovem empresária com oito anos no mercado. “Aqui temos difi culdade de acesso

às informações com os fornecedores e lá fora há muito mais troca”, explica.

Carla conta que, inicialmente, considerou o investimento relativamente alto

para o tamanho do seu negócio, uma pequena farmácia de manipulação, mas

acredita que a iniciativa será recompensada, principalmente, porque um dos fo-

cos da visita de cooperação foi a adoção de novas técnicas para a indústria de cos-

méticos que abriu em Panambi. Uma das vantagens apareceu logo em seguida

no bolso. Uma das máquinas necessárias para a pequena indústria foi fabricada

em Panambi com as informações e projeto cedido pelo engenheiro do SES, com

uma economia de cerca de R$ 25 mil.

Carla contou também que se surpreendeu como foi fácil se comunicar com

o técnico do SES. “Schuller fala alemão, francês, inglês, espanhol. Além disso, foi

possível converter a experiência de grande indústria dele para pequena escala”.

A Heat Lareiras, de Panambi (RS), é outro exemplo de empresa gaúcha be-

nefi ciada pelo programa SES da Câmara Brasil-Alemanha de Porto Alegre. Em

2009, o engenheiro mecânico Wilfried Karwath desenvolveu protótipo de um

novo tipo de lareira/calefação, cujo produto foi lançado em 2010.

A nova lareira/calefação utiliza a queima de biomassa com 88% de rendi-

mento, o que é considerado um nível de padrão acima do mercado nacional

e compatível com o mercado europeu. “Trata-se de uma tecnologia complexa,

desenvolvida ao longo dos últimos 25 anos, mas ainda de difícil acesso. Com

uma trajetória de mais de 30 anos, o consultor do SES viabilizou esse know-how

para a Heat que, agora, poderá acessar os mercados internacionais”, explicou o

empresário Heinrich Drück. “O SES é um serviço desburocratizado de alta efi -

ciência que contribuiu para o desenvolvimento tecnológico das empresas, graças

à participação de técnicos, como Wilfried Karwath, que, além de especialista em

seu ramo, conta com caráter excepcional”, destacou Drück.

A Metalúrgica Weloze, de Caxias do Sul (RS), do setor de produtos e ser-

viços, cortados, dobrados e estampados, em aço e metais não ferrosos, não

vacilou em contratar o engenheiro mecânico alemão Hans Peter Schulz, do

SES, para a reestruturação do seu setor de ferramentas e introdução de técnicas

alemãs de produção.

De acordo com Fábio Romani, diretor comercial da Weloze, a contratação

do técnico alemão teve o objetivo principal de “transferência de tecnologia”,

Page 71: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

além de uma avaliação dos métodos e processos produtivos da empresa. A We-

loze atua no mercado industrial desde 1980 e conta com uma engenharia de

projetos, além dos setores de ferramentas e usinagem, o que lhe permite desen-

volver produtos de acordo com a solicitação do cliente. Com atuação no Brasil

e no exterior, atende demandas de vários segmentos industriais, como indústria

automotiva, eletroeletrônica, construção civil e moveleira.

Em sua existência, o SES desenvolveu mais de 21 mil projetos em 180 países

nas áreas de indústria, agricultura e serviços. A maioria das missões acontece na

indústria (47%), mas há, também, a utilização desse programa em áreas como a

agricultura, o ensino e a infraestrutura.

Os consultores cadastrados no SES são profi ssionais já aposentados e expe-

rientes em suas respectivas áreas, dispostos a passar seus conhecimentos volun-

tariamente para outras empresas ao redor do mundo. De artesãos a executivos,

trata-se de pessoas eminentemente práticas. Suas experiências no exterior facili-

tam sua adaptação às diversas condições de vida e de trabalho. As áreas nas quais

atuam são as mais diversas, desde metalurgia, indústria química, alimentícia a

setor público, sobretudo no assessoramento e manutenção de máquinas e ins-

talações, aperfeiçoamento da qualidade e do design de produtos e introdução de

novos processos produtivos.

O Senior Experten Service (SES) l 71

Page 72: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

72 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

O olhar alemão sobreo Brasil melhorou

Tovar da Silva Nunes, que já representou o país anteriormente na Fran-

ça, na Suíça, no Equador e no Reino Unido e ocupou a chancelaria

da Embaixada do Brasil na Alemanha, de maio de 2006 a fevereiro de

2011, chama a atenção para o fato de que o crescimento econômico do Bra-

sil não passou despercebido pela Alemanha. De acordo com ele, ao formular

novo conceito de política para a América Latina, a Alemanha conferiu prio-

ridade ao Brasil. A seguir, os principais trechos do depoimento do ministro

especialmente para esta publicação:

A percepção alemã sobre o Brasil melhorou de forma signifi cativa desde o

início da crise mundial, em virtude da manutenção da estabilidade econômica

do país e da retomada do crescimento, graças à condução responsável da econo-

mia ao longo dos últimos anos, à fi rme regulamentação do setor bancário e às

medidas tomadas pelo governo para conter os efeitos da crise de 2008.

Nos últimos anos, o Brasil tem sido, cada vez mais, percebido como um in-

terlocutor incontornável nas grandes questões internacionais e, também, como

incomparável oportunidade para investidores estrangeiros. Dentre os fatores

que levaram a essa nova perspectiva, destaca-se o fato de que o Brasil conseguiu

conciliar democracia, estabilidade macroeconômica e redistribuição de renda.

As obras de infraestrutura relacionadas aos preparativos para a Copa do

Mundo e para os Jogos Olímpicos, a serem realizados, respectivamente, em

2014 e 2016, também têm contribuído para aumentar a visibilidade do país aos

olhos dos investidores estrangeiros – especialmente os alemães. Menciono, por

exemplo, o interesse demonstrado por uma das maiores operadoras alemães de

aeroportos, a Fraport, em participar das obras para melhoria dos aeroportos bra-

sileiros. O projeto de construção do trem de alta velocidade no eixo Rio de Ja-

neiro – São Paulo – Campinas tem, também, despertado o interesse de grandes

empresas alemãs, como a Siemens e a Thyssen-Krupp.

Investimentos diretosAs relações de comércio e investimento entre ambos os países têm se bene-

fi ciado muito das edições do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, que terá

sua próxima edição – a 30ª – entre os dias 1º e 3 de julho, em Frankfurt. Nesses

eventos, realiza-se sessão da Comissão Mista de Cooperação Econômica e o En-

contro Empresarial, com rodadas de negócios e workshops abertos aos participan-

Embaixador Tovar da Silva Nunes

Foto Gustavo Magalhães/MRE

Page 73: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

tes. A próxima edição visará a debater novas formas de cooperação e competiti-

vidade, com foco especial nos eventos esportivos e nos setores de infraestrutura,

petróleo e gás.

Em 2011, o estoque de investimentos alemães no Brasil alcançou US$ 13,8

bilhões. É verdade que, como consequência da crise de 2008, o infl uxo de capital

alemão no Brasil entre 2009 e 2010 sofreu redução de US$ 2,5 bilhões para US$

1,2 bilhão. O impulso positivo dos investimentos alemães no Brasil foi recupe-

rado entre 2010 e 2011.

Após a própria Alemanha, o Brasil detém o maior parque industrial alemão

no mundo, abrigando mais de 1.200 empresas. Aliás, estima-se que as empresas

alemãs formem entre 8% e 10% do PIB brasileiro. Nomes como Bayer, BASF,

Bosch, Daimler-Benz, EADS, Enecon, Faber-Castell, MAN, Thyssen-Krupp,

Volkswagen, Würth e ZF se tornaram importantes vetores da economia bra-

sileira, muitos deles tendo recentemente anunciados planos de aumentar seus

investimentos no Brasil.

Setores mais atraentesOs investimentos alemães no Brasil dirigem-se, primordialmente, ao se-

tor secundário, a exemplo da construção da siderúrgica da Thyssen-Krupp em

Sepetiba, empreendimento avaliado em € 6 bilhões. No entanto, nos últimos

anos, outras áreas têm também atraído a atenção dos investidores alemães, como

projetos relacionados à exploração e ao uso de energias – renováveis e conven-

cionais –, à construção e ampliação de aeroportos, portos, ferrovias e rodovias, à

construção civil e ao saneamento básico.

Presença brasileiraAtualmente, o investimento brasileiro na Alemanha é da ordem de US$ 500

milhões. É verdade que o montante ainda é pequeno, mas esses investimentos

têm grande potencial de crescimento. As empresas brasileiras que investem na

Alemanha são competitivas e muito dinâmicas, a exemplo do Banco do Brasil,

do Banco Itaú, da Sabó (Kako), da Sadia, da TAM, da Tupi e da Votorantim.

Tem sido marcante também a crescente participação brasileira em feiras in-

dustriais e de negócios voltadas para setores industriais de alta tecnologia, como

decorrência do grau de importância conferido à cooperação em inovação. A Ale-

manha convidou o Brasil, aliás, para ser país-parceiro na edição de 2012 da maior

feira internacional no setor das tecnologias de informação e inovação, a CEBIT.

Além disso, a CEBIT escolheu o Rio Grande do Sul para sediar a Bits, uma feira

CEBIT no Brasil, cuja primeira edição aconteceu em maio de 2011, na Fiergs.

O olhar alemão sobre o Brasil melhorou l 73

Page 74: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

74 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

A realização de feiras é indispensável não apenas para estreitar laços entre os se-

tores empresariais dos dois países, mas também para divulgar o que cada país tem a

oferecer de mais avançado na indústria em questão. O Brasil tem sido prestigiado

como país-tema ou país-parceiro de importantes feiras empresariais alemãs, o que

representa inegável reconhecimento da crescente importância econômica do país.

O Brasil recebeu, por exemplo, convite para ser homenageado na Feira Interna-

cional de Alimentação e Bebidas de Colônia (ANUGA), em 2013, e para ser país-

tema de futura edição da ITB, maior feira internacional de turismo.

RelacionamentoO relacionamento entre Brasil e Alemanha, alçado ao nível de “parceria es-

tratégica”, em 2002, é marcado por ampla convergência de percepções, de va-

lores e de interesses – o que nos tem permitido atuar conjuntamente diante de

questões globais. Nossa parceria em temas de ciência, tecnologia e inovação tem

contribuído para aumentar a competitividade das empresas brasileiras. Tem-se

dado maior ênfase à pesquisa aplicada, de modo a ampliar a agregação de valor

em áreas de inovação como mecânica fi na, nanotecnologia, biotecnologia, tec-

nologia ambiental e energias renováveis.

Em abril de 2011, com a visita do Mi-

nistro de Ciência e Tecnologia, Aloizio

Mercadante, a Berlim, encerrou-se o “Ano

Brasil-Alemanha de Ciência, Tecnologia

e Inovação”, que havia iniciado em abril

de 2010, com a visita a Brasília da Ministra

de Educação e Pesquisa, Annette Schavan.

Além de ter impulsionado os esforços bila-

terais destinados à busca de iniciativas para

o emprego de novas tecnologias em áreas

como engenharia de produção e pesquisa de materiais, essa iniciativa lançou pers-

pectivas para a futura criação de um Fundo de Fomento à Pesquisa e para a futura

instalação de escritório da Sociedade Fraunhofer no Brasil.

A cooperação em matéria de energia é um dos pilares da relação bilateral – o

que fi cou nítido nas recentes visitas ao Brasil do Presidente Federal, Christian

Wulff, do Ministro do Exterior, Guido Westerwelle, e do Ministro dos Trans-

portes, Peter Ramsauer. No que diz respeito às energias renováveis, a parceria

entre Brasil e Alemanha desenvolveu uma visão compartilhada a respeito do seu

papel na promoção do desenvolvimento sustentável, da segurança energética e

no combate à mudança do clima. Há enormes oportunidades para a cooperação,

“Nos últimos anos, o Brasil tem sido

cada vez mais percebido como um

interlocutor incontornável nas grandes

questões internacionais e como

incomparável oportunidade para

investidores estrangeiros”

Page 75: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

em matéria de biocombustíveis, como demonstrado pela nova legislação alemã,

que eleva o percentual de etanol adicionado à gasolina.

Balança comercialA Alemanha é o quarto maior parceiro comercial do Brasil no mundo e o

primeiro na Europa. Entre 2003 e 2010, as exportações brasileiras para a Alema-

nha evoluíram de US$ 3,1 bilhões para US$ 8,1 bilhões. Nesse mesmo período,

as importações brasileiras da Alemanha passaram de US$ 4,2 bilhões para US$

12,5 bilhões. Embora o Brasil exporte para o mercado alemão algumas categorias

de produtos manufaturados – principalmente automóveis, autopeças, aviões e al-

guns produtos químicos –, os produtos de base, como o minério de ferro, o café

em grão e a soja em grão, continuam a representar cerca de metade da nossa pauta

de exportações para a Alemanha. As exportações alemãs para o Brasil, por sua vez,

são, preponderantemente, de produtos industrializados – máquinas e equipa-

mentos pesados, automóveis, produtos químicos e farmacêuticos, dentre outros.

Embora os laços comerciais entre Brasil e Alemanha tenham crescido muito

na última década, o montante total do fl uxo bilateral de comércio ainda parece

estar aquém do seu potencial, dado o tamanho das economias dos dois países e de

sua participação relativa no comércio internacional. A busca pelo Brasil de novas

oportunidades para diversifi car a pauta de exportações para a Alemanha – conside-

rada a porta de entrada para os demais países europeus – é uma prioridade.

O olhar alemão sobre o Brasil melhorou l 75

Page 76: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

76 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Sustentabilidade

A Alemanha é referência mundial em sustentabilidade e no desenvolvi-

mento de tecnologias ambientais. Esse know-how tecnológico garante

ao país europeu a participação de 30% no mercado mundial de geração

de energias renováveis e 25% no comércio de tecnologias para tratamento de

resíduos e reciclagem. As fontes renováveis respondem, atualmente, por 11% do

consumo total de energia na Alemanha. Desse montante, a biomassa responde

por 7,9%, a energia eólica por 1,5% e as hidrelétricas por 0,8%.

Em 2010, o governo alemão investiu € 26,6 bilhões em energias renováveis,

dos quais € 19,5 bilhões foram destinados à energia fotovoltaica e € 2,5 bilhões

à energia eólica. As empresas alemãs respondem por 5% a 30% do comércio

internacional de tecnologias para preservação ambiental no mundo, com des-

taque para tecnologias de energias renováveis e aproveitamento e separação de

resíduos sólidos.

Segundo o Instituto Alemão de Pesquisas Econômicas em Berlim (DIW

Berlin), até 2030, 32% de toda a energia utilizada na Alemanha terá origem

em fontes limpas. Até lá, o setor de energias renováveis será responsável por

um acréscimo de 3% sobre o PIB alemão. Além disso, o instituto estima que

os investimentos privados em equipamento para produção de energia limpa

deverão crescer 6,7% até 2030.

A Alemanha é referência mundial em

sustentabilidade e no desenvolvimento

de tecnologias ambientais

Page 77: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

No Brasil, o Departamento de Meio Ambiente da Câmara Brasil-Alema-

nha de São Paulo é o centro de referência da política ambiental das Câmaras

alemãs. Em operação desde 1996, sua principal atividade é promover parcerias

entre empresas alemãs e brasileiras nas áreas de meio ambiente, energias reno-

váveis, efi ciência energética e outras tecnologias sustentáveis. Isso é feito por

meio de uma série de eventos e ações, como a organização de delegações do

Brasil para a Alemanha e vice-versa.

Em geral, as delegações alemãs que aportam ao Brasil são formadas por re-

presentantes de empresas de várias áreas, como energia, saneamento, efi ciência

energética, biomassa e energia eólica. Para as empresas interessadas em se insta-

lar no Brasil, a Câmara desenvolve estudos de identifi cação de parcerias, tanto

para a distribuição de materiais como para o desenvolvimento de projetos de

joint-ventures no mercado nacional.

Em regra, de acordo com Ricardo Rose, diretor de meio ambiente da Câmara

Brasil-Alemanha de São Paulo, são formalizadas entre três e quatro parcerias por

ano entre empresas dos dois países, o que é antecedido por uma série de estudos,

que podem levar até cinco anos. Muitas

vezes essas parcerias são formalizadas para

atuar no próprio mercado alemão. Entre as

áreas de maior demanda, o que atrai maior

interesse na atualidade é o segmento de re-

síduos sólidos, o que foi estimulado pela

regulamentação do setor, por meio de lei

aprovada em dezembro de 2010. Os prin-

cipais assuntos envolvem usinas de recicla-

gem, equipamentos de geração de energia

a partir do biogás e a contratação de créditos de carbono em função do uso do

biogás – áreas em que a Alemanha se notabiliza pelo seu know-how.

Recentemente, as empresas brasileiras ampliaram o número de consultas

sobre o segmento de geração de energia a partir de biomassa. “Existe grande

demanda no mercado, mas o Brasil está sem o tempo necessário para desen-

volver uma tecnologia própria”, assinala Rose. “Por isso, na maioria dos casos, é

necessário fazer o que chamamos de tropicalização, ou seja, a adaptação desses

equipamentos para o mercado nacional, na medida em que a nossa legislação

impede a sua importação.”

“Em geral, a empresa brasileira estabelecida no mercado identifi ca o nicho

pretendido, procura parceira alemã e elas, juntas, formam uma terceira empre-

sa”, explica Rose.

Para as empresas interessadas em se

instalar no Brasil, a Câmara desenvolve

estudos de identifi cação de parcerias,

tanto para a distribuição de materiais

como para o desenvolvimento de projetos

de joint-ventures no mercado nacional

Sustentabilidade l 77

Page 78: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

78 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

O setor de produção de energia eólica, no Brasil, é outro segmento que

atrai, cada vez mais, empresas alemãs, relata Rose. Incentivadas pelo poten-

cial de geração energética brasileira, calculado em mais de 60 mil MW pro-

venientes somente dessa fonte renovável, segundo a Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel), várias empresas estão programando a sua chegada

ao Brasil. Além da Wobben Windpower Indústria e Comércio Ltda., pri-

meira fabricante de turbinas eólicas de grande porte da América do Sul, a

Fuhrlander também está chegando. Com investimentos de US$ 5 milhões,

a empresa deverá inaugurar, em dezembro de 2011, uma unidade para a pro-

dução de peças para aerogeradores no Ceará. Somente no primeiro ano de

operação, serão construídos 104 aerogeradores a serem instalados nas cida-

des de Aracati (88) e São Gonçalo do Amarante (16).

A Câmara de Comércio e Indústria

Brasil-Alemanha é a única câmara de co-

mércio estabelecida no Brasil a dispor de

um Departamento de Meio Ambiente,

empenhado a promover a cooperação co-

mercial institucional e acadêmica entre

os dois países. Para fomentar este inter-

câmbio, o departamento já lançou quatro

publicações sobre o setor ambiental bra-

sileiro e sobre a atuação dos associados

da Câmara Brasil-Alemanha nesse setor.

Com o objetivo de promover tecnologias

sustentáveis, organizou, em colaboração

com o Departamento de Feiras da Câmara Brasil-Alemanha, um simpósio

internacional sobre energias renováveis. Atenta aos novos temas do mercado

ambiental, a Câmara Brasil-Alemanha coordena o Comitê Intercâmaras de

Comércio de Carbono (Carbontrade), que discute o tema do comércio de car-

bono e do Protocolo de Kyoto. Em todos os anos, a Câmara também promove,

em São Paulo (SP), a conferência Ecogerma 2011. Voltada a gestores públicos,

técnicos em meio ambiente, empresários, estudantes, especialistas em susten-

tabilidade e ao público em geral, o evento foca sempre um tema relacionado

com a sustentabilidade.

Em Porto Alegre, a Câmara organiza, há mais de 10 anos, um Grupo de

Intercâmbio de Experiências para discussões e demandas na área ambiental e

de sustentabilidade, além de ser pioneira na formação de auditores ambientais

e para a ISO 9000 e a ISO 14000.

Em todos os anos, a Câmara promove,

em São Paulo (SP), a conferência

Ecogerma. Voltada a gestores

públicos, técnicos em meio ambiente,

empresários, estudantes, especialistas

em sustentabilidade e ao público em

geral, o evento foca sempre um tema

relacionado com a sustentabilidade

Page 79: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

O programa detrainees da Câmara

A criação de networking qualifi cado é um dos maiores diferenciais da Câ-

mara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul.

É com esse objetivo que a entidade mantém um dos mais tradicionais

programas de trainees do Rio Grande do Sul. A cada período de seis meses, os

trainees da Câmara visitam os presidentes e os principais executivos das empresas

do estado, com o objetivo de divulgar as atividades da entidade e os benefícios

assegurados aos seus sócios, visando incrementar o seu quadro associativo. Ao

total, são realizadas perto de 300 visitas a cada ano.

Durante o estágio, os participantes do programa são estimulados por metas e

desafi os reais, o que lhes proporciona uma ótima experiência pessoal e profi ssio-

nal. Além de conhecer diferentes empresas do mercado gaúcho e seus respectivos

ramos de atuação, o esforço dos jovens talentos é recompensado com prêmios por

metas atingidas ao longo da campanha e por um grande prêmio fi nal para aqueles

que tiverem o melhor desempenho. Os dois melhores trainees do Brasil recebem

estágios no Mercosur Projekt Büro e o terceiro lugar na AHK-Argentina, com todas

as despesas pagas. A Câmara Brasil-Alemanha de Porto Alegre já recebeu prêmios

em seis campanhas, dos quais quatro de forma consecutiva.

O programa de trainee da Câmara l 79

Page 80: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

80 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Balança comercial RS x AlemanhaUnidade: US$ 2010 Var. % 2009 Var. % 2008

Exportações 456.358.907 (16,45) 546.221.352 (10,87) 612.843.397

Importações 474.730.763 (4,44) 496.809.091 (16,44) 594.583.556

Saldo (18.371.856) (137,18) 49.412.261 170,61 18.259.841

Corrente de comércio 931.089.670 (10,73) 1.043.030.443 (13,62) 1.207.426.953

Produtos mais exportadosUS$ Part.%

Tabaco e seus sucedâneos manufaturados 115.258.548 25,26

Calçados, polainas e artefatos semelhantes, e suas partes 87.008.805 19,07

Preparações de carne, de peixes ou de crustáceos 61.512.374 13,48

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes 44.589.427 9,77

Reatores nucleares, caldeiras, e instrumentos mecânicos 34.618.140 7,59

Resíduos/desperdícios das indústrias alimentares; rações 27.723.481 6,07

Peles, exceto a peleteria (peles com pêlo), e couros 25.164.648 5,51

Borracha e suas obras 9.755.102 2,14

Carnes e miudezas, comestíveis 9.325.310 2,04

Lã, pêlos fi nos ou grosseiros; fi os e tecidos de crina 7.158.007 1,57

Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas/semi 6.264.316 1,37

Outros produtos de origem animal, não especifi cados anteriormente 2.973.551 0,65

Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou similares 2.643.314 0,58

Obras de ferro fundido, ferro ou aço 2.454.016 0,54

Peleteria (peles com pêlo) e suas obras 2.273.003 0,50

Leite e lacticínios; ovos de aves; mel natural 2.049.189 0,45

Veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos 2.015.587 0,44

Extratos tanantes e tintoriais; taninos e seus derivados 1.930.219 0,42

Preparações de produtos hortícolas, de frutas 1.759.900 0,39

Frutas; cascas de cítricos e de melões 1.335.134 0,29

Subtotal 447.812.071 98,13

Outros 8.546.836 1,87

Total 456.358.907 100,00

Balança comercialNas relações comerciais do Rio Grande do Sul, no ano de 2010, a Alemanha é 8ª colocada no ranking

de destinos das exportações gaúchas e 6ª colocada no ranking de origens das importações gaúchas.

Page 81: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Principais empresas do Rio Grande do Sul queexportaram para a Alemanha no ano de 2010■ Vat - Venâncio Aires Tabacos Ltda.

■ Epcos do Brasil Ltda.

■ Atlas Brasil Calçados Ltda.

■ Brf - Brasil Foods S.A.

■ Bianchini S.A. Indústria Comércio e Agricultura

■ Stihl Ferramentas Motorizadas Ltda.

■ Cta Continental Tobaccos Alliance S.A.

■ Artecola Indústrias Químicas Ltda.

■ Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda.

■ Frigorífi co Mabella Ltda.

Produtos mais importadosUS$ Part.%

Reatores nucleares, caldeiras, e instrumentos mecânicos 193.554.096 40,77

Adubos (Fertilizantes) 49.264.214 10,38

Veículos automóveis, tratores, ciclos e outros veículos 39.104.225 8,24

Ferro fundido, ferro e aço 27.924.834 5,88

Plásticos e suas obras 25.127.877 5,29

Embarcações e estruturas fl utuantes 22.568.882 4,75

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes 21.720.915 4,58

Produtos diversos das indústrias químicas 14.693.996 3,10

Obras de ferro fundido, ferro ou aço 11.482.024 2,42

Produtos químicos orgânicos 11.297.907 2,38

Ferramentas, artefatos de cutelaria e talheres, e partes 10.635.193 2,24

Borracha e suas obras 8.453.990 1,78

Produtos químicos inorgânicos; compostos inorgânicos 7.069.508 1,49

Alumínio e suas obras 3.867.015 0,81

Papel e cartão 3.137.086 0,66

Sabões, agentes orgânicos de superfície 2.908.171 0,61

Produtos farmacêuticos 1.951.194 0,41

Extratos tanantes e tintoriais; taninos e seus derivados 1.910.956 0,40

Outros metais comuns; ceramais (“cermets”); e suas obras 1.584.214 0,33

Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou similares 1.583.996 0,33

Subtotal 459.840.293 96,86

Outros 14.890.470 3,14

Total 474.730.763 100,00

Balança comercial l 81

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82 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

■ Jbs S.A.

■ Pirelli Pneus Ltda.

■ Paramount Têxteis Indústria e Comércio S.A.

■ Universal Leaf Tabacos Ltda.

■ H. Kuntzler & Cia. Ltda.

■ Luiz Fuga Indústria de Couro Ltda.

■ Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos Ltda.

■ Flecksteel Indústria de Artefatos Metálicos Ltda.

■ Pampeano Alimentos S.A.

■ Indústria de Calçados Wirth Ltda.

Principais empresas do Rio Grande do Sul queimportaram da Alemanha no ano de 2010■ Stihl Ferramentas Motorizadas Ltda.

■ Ciber Equipamentos Rodoviários Ltda.

■ Unifértil-Universal de Fertilizantes S.A.

■ John Deere Brasil Ltda.

■ International Indústria Automotiva da América do Sul Ltda.

■ Fertilizantes Piratini Ltda.

■ Tramontina S.A. Cutelaria

■ Oerlikon Textile do Brasil Máquinas Ltda.

■ Alberto Pasqualini - Refap S.A.

■ Epcos do Brasil Ltda.

■ Darcy Pacheco Soluções de Peso Ltda.

■ Thyssenkrupp Elevadores S.A.

■ Jost Brasil Sistemas Automotivos Ltda.

■ Milenia Agrociências S.A.

■ Ferramentas Gedore do Brasil S.A.

■ Pólo Indústria e Comércio S.A.

■ Móveis K1 Ltda.

■ Fertilizantes Heringer S.A.

■ Gkn do Brasil Ltda.

■ Braskem S.A.

Fonte: MDIC

Page 83: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Cronologia das relaçõesbilaterais Brasil-Alemanha1824 - Inicia-se a colonização alemã no Brasil, com a chegada de imigrantes ao RS.

1825 - Reconhecimento da independência do Brasil por Prússia e cidades hanseáticas.

1826 - Abertura do Consulado do Brasil em Hamburgo.

1827 - Assinatura de Tratados de Comércio e Navegação entre o Império do Brasil e o Reino da Prússia

e as cidades hanseáticas de Lübeck, Bremen e Hamburgo.

1859 - Notícias sobre más condições de vida e de trabalho dos imigrantes levam a Prússia a proibir o

recrutamento de imigrantes, com o “Rescrito de Heydt”.

1871 - Incorporação do “Rescrito de Heydt” pelo Império Alemão, revogado em 1896.

1900 - O Barão do Rio Branco é nomeado Ministro Plenipotenciário em Berlim.

1916 - Fundação da União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras no Rio de Janeiro (agosto); Fundação

da União de Firmas Comerciais Teuto-Brasileiras em São Paulo (novembro).

1917 - Navio brasileiro é torpedeado, na costa francesa, por navio alemão; Brasil suspende relações

diplomáticas com a Alemanha e declara guerra ao Império Alemão.

1942 - Rompimento das Relações Diplomáticas do Brasil com os países do Eixo; Reconhecimento do

Estado de beligerância com Alemanha e Itália.

1951 - Abertura de Embaixada da República Federal da Alemanha (RFA) no Rio de Janeiro (julho);

abertura de Embaixada do Brasil em Bonn (novembro).

1954 - Siderúrgica Mannesmann é 1ª grande companhia alemã a instalar-se no Brasil.

1955- Fundação da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul

1956 - Visita do Presidente eleito Juscelino Kubitschek a Bonn.

1959 - Inauguração da montadora da Volkswagen em São Bernardo do Campo.

1964 - Presidente Heinrich Lübke visita o Brasil e assegura investimentos alemães no país.

1968 - Willy Brandt, MNE da RFA, visita o Brasil e propõe “parceria ampliada”.

1970 - Sequestro do Embaixador da Alemanha no Brasil.

1978 - Presidente Ernesto Geisel visita a RFA.

1979 - Chanceler Helmut Schmidt visita o Brasil.

1981 - Presidente João Figueiredo visita a Alemanha.

1990 - Fernando Collor, presidente eleito, visita a RFA.

1991 - Chanceler Helmut Kohl visita o Brasil.

1993 - Klaus Kinkel, Ministro da RFA, visita o Brasil.

1995 - Presidente Fernando Henrique Cardoso visita a RFA. Presidente Roman Herzog retribui visita.

1996 - Chanceler Helmut Kohl visita o Brasil.

Cronologia das relações bilaterais Brasil-Alemanha l 83

Page 84: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

84 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

1999 – Presidente Fernando Henrique Cardoso encontra-se com o Chanceler Gerhard Schröder em Bonn.

2002 - Chanceler Schröder visita o Brasil.

2003 - Presidente Lula visita a Alemanha, quatro semanas após ser empossado.

2006 - Visita ofi cial ao Brasil do Ministro de Estado Frank-Walter Steinmeier.

2007 - Visita do Presidente Lula a Heiligendamm (Cúpula do G8); visita do Presidente Horst Köhler.

2008 - Visita ofi cial da Chanceler Angela Merkel.

2009 - Visita de Estado à Alemanha do Presidente Lula.

Fonte: Ministério das Relações Exteriores da Alemanha/Câmara Brasil-Alemanha/ RS

Page 85: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Bibliografi a selecionadaALMEIDA, Pedro F.C. de (coordenador). A Economia Gaúcha nos anos 80: uma trajetória regional no

contexto da crise brasileira. Porto Alegre: FEE, 1990

BANDEIRA, Luiz Alberto de Vianna Moniz. O Milagre Alemão e o Desenvolvimento do Brasil: As

relações da Alemanha com o Brasil e a América Latina, 1949-1994 -Editora Unesp. 1994.

CÂMARA BRASIL-ALEMANHA DE PORTO ALEGRE. Relatórios de Diretoria. 1955-2005.

CASTRO, A. B. E SOUZA, F. e P. D. E. A Economia Brasileira em Marcha Forçada. Rio de Janeiro,

Paz e terra, 1985.

DACANAL, José Hildebrando & GONZAGA, Sergius (organização) RS: Economia & Política. Porto

Alegre: Mercado Aberto, 1993.

ENTREVISTAS com André Meyer da Silva, Astor Schmitt, Ernesto Saur, Fritz Lindemann, Horst

Bals, Martim Dreher, Oscar Foerster, Pratini de Moraes e Valmor Kerber.

DALMAZO, Renato Antônio. Planejamento Estadual e Acumulação no Rio Grande do Sul 1940-74,

Porto Alegre, FEE, 1992.

FRANCO, Sergio da C. Porto Alegre e seu Comércio. Porto Alegre. Associação Comercial de Porto

Alegre, 1983.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA – Ensaios FEE. Porto Alegre. FEE, 1976-77

GOULART, João. A trajetória política de João Goulart- FGV CPDOC - CPDOC - FGV.

LENZ, Silvia Ewell. Alemães no Rio de Janeiro: Diplomacia e Negócios (1815-1866)-EDUSC

LIPKAEU, Ernst Günther. Brasil e Alemanha: Vencendo Desafi os. 75 Anos da Câmara Brasil-Alema-

nha em São Paulo.

MÜLLER, Carlos Alves. A história econômica do Rio Grande do Sul. Banrisul -70 anos. Gazeta Mer-

cantil. 1998.

PESAVENTO, Sandra. História da Indústria Sul-Riograndense. Guaíba. Riocell, 1985.

QUADROS, Jânio. “A Nova Política Externa do Brasil” In Revista Brasileira de Política Internacional, Rio de

Janeiro, ano IV, n° 16, dezembro de 1961.

SIMÕES, Gusvato Frota. Turbulência política interna e política externa do governo Castelo Branco -

Dissertação de Mestrado na UNB. 2010.

ROCHE, Jean. A Colonização Alemã e o Rio Grande do Sul. (tradução de Emery Ruas). Porto Alegre:

Editôra Globo, 1969

SCHÄFFER, Neiva Otero. Os Alemães no Rio Grande do Sul: dos números iniciais aos censos demo-

gráfi cos. In: Os Alemães no Sul do Brasil. Canoas: Editora da Ulbra, 2004.

Bibliografi a selecionada l 85

Page 86: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

86 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Notas

História - Colonização - Alemães, <http://www.riogrande.com.br/historia/colonizacao.

PORTO, Aurélio. O Trabalho alemão no Rio Grande do Sul, Graf, Santa Terezinha, Porto Alegre, 1934,

p.138.

NEUMANN, Rosane Marcia. Uma Alemanha em miniatura: o projeto de imigração e colonização ét-

nico particular da Colonizadora Meyer no noroeste do Rio Grande do Sul (1897-1932), Faculdade

de Filosofi a e Ciências Humanas, PUCRS, Porto Alegre, 2009.

Page 87: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Apoiadores

Page 88: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

O Grupo Allianz é um dos líderes globais em serviços de seguros, fi nanceiros e de administração

de fundos.

Em todo o mundo, reúne aproximadamente 178 mil colaboradores e está presente na vida de

mais de 80 milhões de clientes em 70 países. Seus ativos são equivalentes à soma dos PIBs do Brasil,

Argentina e Chile.

A Empresa, cujo nome signifi ca “aliança” em alemão, foi fundada em Berlim no fi nal do século

XIX. A expansão internacional logo se iniciou e a Allianz esteve envolvida na maior parte dos gran-

des acontecimentos históricos desde sua criação, além de estabelecer laços culturais intensos com as

nações onde atua. Tanto como seguradora ou resseguradora, indenizou as perdas provocadas pelo

grande terremoto de 1906 em São Francisco (EUA) e o naufrágio do Titanic em 1912, assegurou

o Programa Espacial da NASA e a construção do Eurotúnel, que liga a França e a Inglaterra. Atual-

mente, é a seguradora preferida pela maioria das produções de Hollywood e também de Bollywood,

o maior centro cinematográfi co na Índia. Não menos importantes são as realizações cotidianas ao

proteger o patrimônio e a saúde de milhões de pessoas ao redor do planeta.

A trajetória de sucesso da Allianz resulta da combinação entre solidez fi nanceira, tradição, know-

how técnico e comercial, tecnologia avançada, inovação e foco no cliente. Colocando acima de tudo

valores como comprometimento, compromisso e competitividade, o Grupo tem como meta ser a

seguradora líder em fi delidade do cliente em todos os mercados em que atua. A verdadeira medida

de seu êxito é a conquista da lealdade de clientes e corretores, a disposição em inovar e a busca in-

cessante da excelência.

Baseado na proximidade com seus parceiros comerciais, o modelo de negócios da Allianz esta-

belece relações éticas calcadas na reciprocidade, visando benefícios mútuos. Internamente, a Com-

panhia busca construir dia após dia uma cultura inovadora e de alta performance, com a convicção

de que atrair talentos e promover a diversidade entre as pessoas que a integram é uma vantagem

competitiva fundamental em um mundo que passa por importantes transformações.

Page 89: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha
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A EDLO Produtos Médicos é uma indústria gaúcha, fundada em 1963, sendo a maior fabricante

de instrumentos cirúrgicos da América Latina. Sua sede está localizada no município de Canoas,

região metropolitana, distante 20 quilômetros da capital, Porto Alegre.

Para fornecer ao exigente mercado médico-hospitalar produtos de excelente desempenho, efi cá-

cia e custo, a EDLO utiliza materiais e processos produtivos altamente modernos e especializados. A

matéria-prima, o aço cirúrgico, possui certifi cação internacional nas Normas ISO, classifi cação ISO

9002, além de sofrer rigoroso processo de tratamento térmico que confere dureza e durabilidade à

peça forjada.

Todo esse processo é realizado por uma equipe de colaboradores comprometida com o Negócio

, Missão e Valores da empresa, fabricando e distribuindo os produtos Edlo para toda América Latina,

Estados Unidos e Europa.

Page 91: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha
Page 92: 50 Anos da Câmara Brasil-Alemanha

Máquinas Condor S/A é uma empresa geradora e transformadora de tecnologia, que se traduz

em sistemas integrados de armazenagem, benefi ciamento e movimentação de granéis sólidos, equi-

pamentos para mineração e sistemas de controle eletro-eletrônicos.

Atualmente está presente nos maiores e mais importantes portos do Brasil e do mundo, forne-

cendo e instalando equipamentos com avançada tecnologia e perfeitamente adaptados às necessida-

des dos clientes.

A Máquinas Condor se empenha cada vez mais no desenvolvimento e aprimoramento tecnoló-

gico, buscando consolidar sua posição de destaque conquistada nos mercados do Brasil e do exterior.

ATIVIDADE INDUSTRIAL

Surgida inicialmente como um pequeno fabricante de equipamentos para moinhos, Máqui-

nas Condor S/A é hoje um tradicional fornecedor de soluções para movimentação de granéis

sólidos. Para isso desenvolve sistemas e equipamentos com tecnologia própria ou em combinação

com seus parceiros.

A Máquinas Condor projeta, fabrica e instala equipamentos mecânicos e pneumáticos para a

movimentação de granéis sólidos em portos marítimos e fl uviais, terminais rodo-ferroviários, fábri-

cas, silos e armazéns.

Sempre à frente das evoluções tecnológicas no segmento de manuseio de granéis sólidos, Má-

quinas Condor é uma empresa dinâmica voltada principalmente à tecnologia de carga e descarga de

navios e barcaças, e à recuperação de granéis em armazéns e pilhas de estocagem.

Os sistemas e equipamentos das Máquinas Condor estão presentes em países da América Lati-

na, América do Norte, Europa, Ásia e África, além de equiparem os principais terminais portuários

brasileiros.

Esta dimensão atingida pela empresa e a sólida posição econômico-fi nanceira se refl etem em

equipamentos atualizados, efi cientes e orientados às necessidades de seus clientes no agribusiness e

na atividade portuária.

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A Aliança Navegação e Logística, do grupo Hamburg Süd, atua fortemente no tráfego interna-

cional, com ênfase nos serviços para América do Sul, América Central, América do Norte, Europa,

Ásia e África do Sul. No Brasil, a empresa é referência no transporte de cabotagem, sendo uma das

empresas pioneiras na retomada do transporte costeiro.

O portfólio de clientes é composto por empresas que lideram os setores mais dinâmicos da eco-

nomia, tais como: automotivo, químico, eletroeletrônico, carnes, frutas, higiene e limpeza, e madei-

reiro. O alto padrão de qualidade dos serviços prestados é atestado pelas certifi cações ISO 9001:2000

e ISO 14001:2004, emitidas pelo Germanischer Lloyd, apontado pelo mercado como um de seus

principais diferenciais.

O crescimento da Aliança nos últimos anos baseou-se na intensifi cação de suas atividades em

todos os elos da cadeia logística, no transporte de cabotagem e internacional.

Em 2010, a empresa registrou um faturamento de R$ 2,2 bilhões e movimentou 663 mil TEUs.

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O Grupo Gerdau é líder na produção de aços longos nas Américas e uma das maiores fornecedoras de

aços longos especiais no mundo. Possui mais de 40 mil colaboradores e presença industrial em 14 países,

com operações nas Américas, na Europa e na Ásia, as quais somam uma capacidade instalada superior a 25

milhões de toneladas de aço. É a maior recicladora da América Latina e, no mundo, transforma, anualmen-

te, milhões de toneladas de sucata em aço. Com cerca de 140 mil acionistas, a Gerdau está listada nas bolsas

de valores de São Paulo, Nova Iorque e Madri.

No Brasil, possui operações em quase todos os Estados, que produzem aços longos comuns, especiais

e planos. Seus produtos, comercializados nos cinco continentes, atendem os setores da construção civil, in-

dústria e agropecuária. Eles estão presentes no dia a dia das pessoas nas mais diversas formas: integram a es-

trutura de residências, shopping centers, hospitais, pontes e hidrelétricas, fazem parte de torres de transmis-

são de energia e telefonia, são matéria-prima de peças de automóveis e participam do trabalho no campo.

Fundada nos anos 60, na Alemanha, a empresa Ensinger originou-se de um pequeno negócio de famí-

lia que, com muito sucesso, evoluiu para uma rede mundial de empresas, presentes em diversos países, que

hoje somam mais de 2.500 empregados.

Hoje, produzimos e processamos plásticos de engenharia e alta performance para uma grande varie-

dade de indústrias e aplicações. De uma rede mundial com cerca de 26 unidades, entre plantas industriais

e escritórios comerciais presentes nos mais importantes centros industriais, fornecemos produtos para o

mundo todo.

Coordenamos desenvolvimentos para aplicações específi cas, ao redor de todo o mundo, porém sempre

atendendo nossos clientes com base em suas necessidades locais.

Este intercâmbio contínuo e global de informações nos permite um grande aprendizado e benefício,

mesmo que as diferenças regionais e culturais continuem a existir. Como cliente, você também pode se

benefi ciar desta experiência inestimável, tanto quanto nós.

Uma combinação de cooperação direta com nossos fornecedores e clientes, bem como nosso valioso

know-how interno gera uma base fértil para a criação de produtos e aplicações sob medida. Desta maneira,

nosso staff altamente qualifi cado pode contribuir para o progresso de seu projeto para que, juntos, possa-

mos obter o sucesso.

Suas necessidades constituem o objetivo principal de nossa atividade empreendedora, nos inspiram e

motivam. Então, pergunte-nos. Estamos a sua disposição.

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A história da Ernesto Woebcke começa em 1923, quando o engenheiro Alfred Haessler inicia as ativi-

dades de seu escritório de engenharia em Porto Alegre. Em 1929, depois de realizar diversas obras impor-

tantes, Haessler se associa ao engenheiro Ernesto Woebcke.

É o início de uma nova fase para a empresa, que vai participar ativamente com suas obras das grandes

transformações ocorridas no Rio Grande do Sul. Nas décadas seguintes a Ernesto Woebcke se destaca prin-

cipalmente no segmento de obras industriais e edifícios comerciais.

A partir da década de sessenta a empresa consolida sua posição de vanguarda no desenvolvimento de

técnicas para a construção de grandes estruturas de concreto armado. Com centenas de obras importantes

realizadas, especialmente no setor de construções industriais, a Ernesto Woebcke atravessa os anos setenta

como uma empresa consolidada. O aperfeiçoamento de técnicas avançadas para construção de grandes es-

truturas de concreto armado e para produção de pré-moldados até hoje é o grande diferencial da empresa.

É o que permite à Ernesto Woebcke cruzar os anos noventa e manter a sua posição de vanguarda como

uma verdadeira fábrica de soluções no campo da engenharia civil.

Luterprev Previdência Complementar é uma organização independente, não ligada a banco, sem fi ns lu-

crativos, e que opera exclusivamente soluções em previdência privada, desde 1916. A sede internacional é ba-

seada em Porto Alegre, RS, e o objetivo do negócio é prover renda às pessoas, sendo líder do mercado nacional

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A trajetória da Saur Equipamentos S.A. localizada em Panambi-RS, iniciou em 1926, quando o imi-

grante Richard Saur instalou uma ofi cina para reparos de balanças, fogões a lenha, arados e outros utensílios

em geral. Nas décadas seguintes a pequena empresa deu início à fabricação de janelas de aço, dobradiças

para sofás-cama, caldeiras e carrocerias para transporte de carnes.

Em 1956, em plena expansão, a Saur passa a ser administrada por Ernesto Saur, o qual dá continuidade

às atividades do pai e, paralelamente, dedica-se a desenvolver novos projetos, vislumbrando a atuação em

outras áreas.

Em meados de 1970 uma fábrica maior é construída, possibilitando a expansão para os segmentos agrí-

cola e industrial, passando a produzir plataformas de descarga de granéis, estruturas metálicas e acessórios

para empilhadeiras.

Na década de 1980, as dobradiças e as esquadrias de aço deixam de ser fabricadas, dando lugar ao incre-

mento das Divisões Agrícola e Industrial e inserção no setor Automotivo. Um investimento que rendeu

frutos e levou a Saur, em 1997, a ampliar sua indústria e a construir uma nova área, a fábrica II.

Atualmente, a Saur é líder na comercialização de sistemas de descarga de granéis e equipamentos para

empilhadeiras e referência na produção de equipamentos para as áreas automotiva e fl orestal. Além do

Brasil, a tecnologia e a qualidade de seus produtos conquistam a confi ança no mercado internacional, onde

a Saur, cada vez mais, expande a sua atuação.

Zulmar Neves Advocacia – ZNA presta serviços de consultoria e advocacia empresarial há mais de

25 anos, sendo reconhecido como um dos mais renomados escritórios de advocacia e consultoria na área

empresarial do Rio Grande do Sul, atendendo empresas dos mais variados portes e ramos de atividades em

todo o Brasil.

O escritório ZNA tem como principais áreas de atuação o Direito Tributário; Direito Societário, com

larga experiência em operações de joint venture, fusões e aquisições, processos de reorganização e de dis-

solução de sociedades, bem como de reestruturação de empresas familiares. Entre as especialidades do

escritório estão as fusões e aquisições, área de larga atuação desde a sua fundação, atuando em operações

envolvendo empresas nacionais e internacionais.

Atua, ainda, no Direito Imobiliário e Direito de Família e Sucessões, sendo especializado em organiza-

ção de empresas familiares e reorganização de empresas familiares em todo o seu processo sucessório, em

especial a elaboração de acordo de sócios/acionistas, regulamentos internos de administração e código de

ética entre sócios/acionistas e administradores.

Com sede no Rio Grande do Sul – em Porto Alegre e Caxias do Sul – atuamos também em Curitiba,

Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo, através de correspondentes e escritórios associados, e mantemos

relações de serviços com fi rmas de advocacia na América do Sul, nos Estados Unidos e Europa.

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Direito Empresarial, Direito Societário, Joint Ventures, Auditoria Legal,

Direito Tributário e Fiscal, Contratos, Transferência de Tecnologia

Caxias do Sul: Rua Os 18 do Forte, 1110 - 7º andarCEP 95020-472 Fone/Fax 55 54 3025 [email protected]

Porto Alegre: Av. Cristóvão Colombo, 3084 - 6º andarCEP 90560-002 Fone/Fax 55 51 3019 [email protected]

www.zna.adv.br

Unternehmensrecht, Gesellschaftsrecht, Joint-Ventures, Rechtsaudit,

Steuer-und Abgabenrecht, Verträge, Technologietransfer

ORC

HES

TRA

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A Socaltur Turismo Ltda., fundada em 1950, iniciou suas atividades como empresa de transporte co-

letivo. Em 1971 passou a operar como transportadora turística. Em 1976, tornou-se Agência de Viagens e

Turismo, operando e organizando viagens pelo Brasil, Américas, Europa, Oriente e Oriente Médio.

Armindo Robinson, diretor presidente da empresa, atualmente administra o grupo Socaltur, que é for-

mado pela Sociedade de Ônibus Capivarense Ltda, na cidade de Ivoti, que engloba posto de combustível e

conveniências; Socaltur Turismo Ltda., com matriz em Novo Hamburgo, e a Pousada Parque Robinson,

no distrito de Nova Vila, que possui 200.000m² de área de lazer, parque temático, pousada, restaurante e

está segmentada para a realização de eventos.

A direção das empresas do grupo, está sob a responsabilidade de Remilda Kunz Holler, e tem como

missão fazer o bem, estabelecendo uma relação de segurança e credibilidade com os clientes e parceiros.

Socaltur Turismo Ltda. integrou-se em dezembro de 2003 ao grupo Lufthansa City Center, no seg-

mento Agências de Viagens, estando atualmente conectada em 80 países e mais de 560 cidades no mundo,

facilitando a comunicação e os serviços para todos os passageiros que viajam com algum produto Socaltur.

Desde então utiliza ofi cialmente o nome de Socaltur Turismo Lufthansa City Center.

Para melhorar a distribuição das atividades internas da Socaltur, foram implantados centros de atendi-

mento direcionados em áreas de atuação.

Com 85 anos de sucesso, 38 deles no Brasil, a Stihl é referência mundial no mercado de ferramentas

motorizadas. Com matriz na Alemanha e faturamento anual global superior a 2 bilhões de euros e mais de

11 mil empregados, a Stihl fundou a sua fábrica no Brasil em 1973, em São Leopoldo (RS). Reconhecida

pela sua inovação, a Stihl tem presença em mais de 160 países por meio de canais próprios de distribuição

de revendas autorizadas. Para atender ao mercado global, conta com unidades produtivas na Alemanha,

Brasil, EUA, Áustria, Suíça e China.

Líder no mercado brasileiro de ferramentas motorizadas portáteis, a empresa oferece uma ampla linha,

com produtos destinados aos mercados fl orestal, agropecuário, jardinagem e doméstico. Entre outros pro-

dutos estão roçadeiras, pulverizadores, sopradores, motosserras e ferramentas multifuncionais, que podem

ser encontrados em mais de 1.750 pontos de venda distribuídos pelo Brasil. Em São Leopoldo trabalham

hoje cerca de 1.700 colaboradores.

Com faturamento de R$ 621,1 milhões no mercado brasileiro em 2010, que representa crescimento de

21% sobre 2009, a Stihl deverá investir R$ 150 milhões em 2011. Os investimentos permitirão aprimorar

cada vez mais os níveis de produção para atender à expansão das vendas; reforçar os diferenciais no mer-

cado, especialmente a oferta de um mix completo de produtos de alta qualidade e durabilidade; ampliar o

quadro de funcionários – 200 novos empregos serão criados em 2011; e aumentar de forma expressiva os

pontos de venda – a Stihl deverá dobrar os pontos de venda em todo o país até 2013, hoje no total de 1.750.

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Desde a sua criação em 1987, a Vallup Artes Gráfi cas, atenta às novas técnicas e à melhoria da qualidade

de seus produtos, vem garantindo seu espaço no mercado dos impressos. Novos conceitos, novas tecnolo-

gias, atendimento ao cliente, dedicação e muito esforço ao longo do tempo nos valeu o reconhecimento e

a certeza da qualidade do nosso trabalho.

A simplicidade marcou o início de nossas atividades. Pode parecer absurdo, mas não tínhamos com-

putadores. O processo era desenvolvido em máquinas de datilografi a e os títulos eram feitos em “letra

set”. Em setembro de 1996, inauguramos as novas instalações com espaço e tecnologia compatíveis com a

exigência de nossos clientes. A preservação do meio ambiente foi também uma de nossas metas. Por isso

desde 1999, desenvolvemos um processo de tratamento de efl uentes, através do qual a água retorna ao rio,

sem resíduos químicos que prejudicam a todos nós.

São momentos como este que tornam gratifi cantes o trabalho desenvolvido em prol de uma sociedade

melhor. Comemorar 50 anos de convicta e dinâmica atuação deve ser motivo de orgulho para todos asso-

ciados e para os dirigentes da nossa Câmara Brasil-Alemanha.

Parabenizamos e prestamos justa homenagem à Diretoria, colaboradores e todos que fazem essa insti-

tuição com valores pautados na ética e em princípios fundamentais para nossas empresas e vidas pessoais.

A Rede Plaza de Hotéis, Resorts & SPAs sente-se honrada em acompanhar essa trajetória de inconteste

sucesso.

A Luftech Soluções Ambientais é uma empresa gaúcha com quase 20 anos de atuação na fabricação e

venda de equipamentos de tratamento de resíduos sólidos e de efl uentes líquidos e gasosos. Possui depar-

tamentos de consultoria, prestação de serviços e indústria.

Sua missão é encontrar soluções para problemas ambientais de empresas e instituições. Para isso, as

suas tecnologias evoluem constantemente através de parcerias de Pesquisa & Desenvolvimento com Uni-

versidades, empresas e instituições do Brasil e do exterior, como Fapergs, CNPq, UFRGS, UCS, Ulbra,

Fundacouro e o SES.

Possui equipamentos instalados em empresas como a Petrobrás, 10 aeroportos internacionais, mais de

20 prefeituras, 100 hospitais, dentre outros clientes no Brasil e no exterior.

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106 l Câmara Brasil-Alemanha do RS l 50 anos

Diretoria e Conselho2010 - 2012PRESIDENTE

André Meyer da Silva Máquinas Condor S.A.

PRESIDENTE DE HONRA

Horst Heinrich Friedrich Bals

VICE-PRESIDENTES

José Adão Haas EPCOS do Brasil Ltda.

Oscar Foerster Auditoria Confi dor Ltda.

Renê Wlach Aliança Navegação e Logística Ltda.

Roberto Pandolfo Kuehne + Nagel Serviços Logísticos Ltda.

DIRETORES

César Walmor Knebel Basf S.A.

Everson Oppermann LUTERPREV - Entidade Luterana de Previdência Privada

Frederico Guilherme Kayser Maquimotor S.A. - Comercial e Técnica

Hans Dieter Rahn Intercâmbio Eletro Mecânico Ltda.

José Luis Kralik Kralik Despachantes Aduaneiros Ltda.

Lauro Carlos Fröhlich Fröhlich S.A. Ind. e Com. de Cereais

Luiz Antônio Germano da Silva Luftech Soluções Ambientais Ltda.

Luiz Roberto Voelcker Auxiliadora Predial Ltda.

Márcia Lippert Lippert e Cia. Advogados

Michael Pfeiffer

Renato Kunst Artecola Ind. Químicas Ltda.

Roberto Mühlbach Centro Auditivo Teuto Brasileiro

Theodore Georgiadis Edlo S.A. Produtos Médicos

Thomas Michael Berger Sapotec Sul Soluções Ambientais Ltda.

CONSELHO EMPRESARIAL

Adolf Sajovic Eisele Equipamentos Industriais Ltda.

Andreas Weimer Incoterm Indústria de Termômetros Ltda.

André Luís Jungblut Gazeta do Sul S.A.

Antonio Thomaz Viana Allianz Seguros S.A.

Armindo Robinson Socaltur Turismo Ltda. Lufthansa City Center

Astor Milton Schmitt Randon Participações

Betina Fritsch Aços Favorit Distribuidora Ltda.

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Bruno Artur Fockink Fockink Indústrias Elétricas Ltda.

Carlos Fernando Souto Veirano Advogados

Enio Schöninger Export-RS Consultoria e Negócios Ltda.

Erlo Adolfo Endruweit Associação DEULA Ijuí

Ernesto Borges da Fonseca Schumacher Industrial Ltda.

Ernesto Otto Saur Saur Equipamentos S.A.

Erwin A. Rezelman Sap Labs Brazil

Gerson Luchini Pozzi Steffen & Pozzi S.A.

Henrique Bernardo Hemesath Empresa Construtora Ernesto Woebcke S.A.

Henrique Frederico Schmidt Predial Adminsitradora Hotéis Plaza S.A.

João Carlos Martinewski Onnix Corretora de Câmbio Ltda.

João Paulo Flach Leitz Ferramentas para Madeira Ltda.

Jorge Augusto Feldens Associação Antonio Vieira

Jorge Gerdau Johannpeter Gerdau Aços Longos S.A.

José A. Valle Antunes Junior Produttare Comércio e Representações Ltda.

José Adroaldo Oppermann Associação Hospitalar Moinhos de Vento

José Luiz Raymundo Ziemann-Liess Máquinas e Equipamentos Ltda.

Lúcio Feijó Lopes Feijó Lopes Advogados

Luiz Carlos dos Santos Bioseta Saúde Ambiental Ltda.

Luiz Fernando Eberle Gewehr GGS Seguros

Luiz Fernando Vieira Afi sckon Consultoria Empresarial S/S Ltda.

Luiz Paulo Hoppe Minitub do Brasil Ltda.

Manfred Koelln Altari S.A. Viaturas e Refrigeração

Mário Luiz Cavaletti Cavaletti S.A. Cadeiras Profi ssionais

Oldemar Hörbe

Paulo Studzinski Ensinger Indústria de Plásticos Técnicos Ltda.

Pedro Alberto Tedesco Silber Construtora Tedesco Ltda.

Rafaella Mayer Semeato S.A. Indústria e Comércio

Renato Lauri Breunig Breunig Advogados Associados

Roberta Bragaglia Lanxess Ind. Prod. Químicos e Plásticos Ltda.

Romulo Marques Dornelles Ilegra

Sergio R. da Fontoura Juchem Juchem Advocacia

Thomas Burger Burger Arquitetos Sociedade Simples Ltda.

Vitor Hugo Mahler Metalúrgica Mahler Ltda.

Wladimir Omiechuk KPMG Auditores Independentes

Zulmar Neves Zulmar Neves Advocacia

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Este livro foi impresso em Porto Alegre, RS, Brasil, em abril de 2012,

pela Vallup Rio Sul em papel couché 150g e capa dura.

A Tipologia utilizada foi Aldine 401 BT, tamanho 11, nos textos,

e Franklin Gothic BT, tamanho 28, nos títulos.

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Ao completar 50 anos no Rio Grande do Sul, a Câmara Brasil-Alemanha reafi rma o seu papel

fundamental como impulsionadora das relações comerciais entre o Brasil e a Alemanha, principal-

mente por estar em uma região do país onde há um grande número de imigrantes alemães e os

laços com esta cultura serem muito presentes.

A Câmara Brasil-Alemanha tem o importante papel de aproximar o Rio Grande do Sul do mercado

alemão, estreitando as relações bilaterais entre as duas regiões. Ao apoiar seus associados, na função

de fomentador de negócios e serviços, a entidade ajuda de forma decisiva a tornar o sul do país mais

infl uente na Alemanha, além de abrir as portas do mercado europeu aos produtos gaúchos, apoiando

o desenvolvimento dos negócios e o fortalecimento dos aspectos culturais envolvidos.

Nasci em uma família alemã e faço parte da quarta geração da família Gerdau. Além disso, meu

pai, Curt Johannpeter, nasceu na Alemanha e naturalizou-se brasileiro. Logo, ser reconhecido como

um representante da cultura alemã no estado foi para mim e para toda família Gerdau Johannpeter

uma grande honra.

Jorge Gerdau Johannpeter

In dem Jahr, in dem die Deutsch-Brasilianische Kammer ihr 50-jähriges Bestehen im Bundesland

Rio Grande do Sul feiert, bekräftigt sie ihre bedeutende Rolle als Triebkraft der bilateralen wirtschaftlichen

Beziehungen beider Länder, hauptsächlich weil sie in einer Region Brasiliens tätig ist, in der eine große

Anzahl Abkommen deutscher Einwanderer lebt und das deutsche Kulturerbe noch sehr erhalten ist.

Die Kammer stellt ein wichtiger Partner in der Annäherung des Bundeslandes Rio Grande do Sul

zu dem deutschen Markt dar, indem sie bilaterale Beziehungen fördert. Durch die Unterstützung ihrer

Mitglieder als Förder- und Dienstleistungsstelle trägt die Kammer dazu bei, den Süden Brasiliens in

Deutschland präsenter zu machen, die Tore des europäischen Markts den hiesigen Erzeugnissen zu

öffnen und den kulturellen Hintergrund zu stärken.

Ich selbst bin deutschstämmig und gehöre der vierten Generation der Familie Gerdau in Brasilien

an. Mein Vater, Curt Johannpeter, ist in Deutschland geboren und hat sich in Brasilien einbürgern las-

sen. Es ist mir und der gesamten Familie Gerdau Johannpeter eine große Ehre, in diesem Bundesland

als Vertreter des deutschen Kulturerbes angesehen zu werden. (Jorge Gerdau Johannpeter)