RECURSOS

“(...) recurso nada mais é do que o meio, o remédio jurídico-processual

pelo qual se provoca o reexame de uma decisão.” (Fernando Tourinho)

Recursos: Noção Geral

• Reapreciação de questões jurídicas anteriormente decididas no bojo da ação penal.

• Pressuposto do princípio do duplo grau de jurisdição.

• Fundamentos:I) Falibilidade HumanaII) Insatisfação da parte que se sentiu prejudicada.III)Controle Estatal contra a arbitrariedade.

Princípios

• Duplo Grau de Jurisdição • Taxatividade• Unirrecorribilidade• Fungibilidade • Personalidade • Proibição da Reformatio in Pejus

Duplo Grau de Jurisdição • Baseia-se na fabilidade humana, surgindo com a finalidade de

diminuir o arbítrio dos juízes de primeiro grau com a fiscalização, por parte dos juízes superiores sobre os inferiores e, conseqüentemente, minimizando os casos de erro judiciário. O juízo ad quem irá revisar a decisão impugnada, proferida pelo Juízo a quo.

• Também para propiciar um maior conformismo com a decisão, pois terá sido decidida por um órgão colegiado formado por juízes experientes.

• Por fim, tamanha a importância do direito ao recurso que já é visto como garantia individual.

• Insta ressaltar que, no Brasil, os processos de competência originária dos Tribunais, em sua maioria, não têm duplo grau de jurisdição, abarcando algumas exceções quando previsto no regimento interno do mesmo.

Taxatividade

Unirrecorribilidade

• Para cada decisão existe apenas um recurso. • Exceções: 1- Protesto por novo Júri e Apelação; (art. 608

do CPP) (Revogado pela Lei 11.689/2008)2- Recurso Especial e Extraordinário; 3- Embargos infringentes e RESP e REX;

Fungibilidade• Está previsto no art. 579 do CPP, que possibilita o

conhecimento de um recurso por outro, desde que não haja má-fé, bem como o recurso seja tempestivo.

• A adequação ou princípio da correspondência, que liga as decisões ao tipo de recurso que elas sugerem, é de suma importância. Nesse caso, salvo a hipótese de má-fé, pode ele ser conhecido. (Teoria do recurso indiferente de Goldschmidt)

• Tem-se entendido por má-fé o fato de o recorrente interpor o recurso impróprio fora do prazo do recurso que deveria ser interposto. Assim, se o Juiz rejeita a queixa, e o querelante interpõe recurso especial no 10 dia, o recurso não pode ser admitido já que o prazo do Recurso cabível (recurso em sentido estrito) é de 5 dias.

Personalidade

Proibição da Reformatio in Pejus

• Trata-se de garantia para o réu de que não terá sua pena agravada em qualidade, quantidade ou espécie, em recurso interposto exclusivamente por ele. Mesmo que a decisão seja anulada em recurso exclusivo da defesa, a nova condenação não poderá ser mais gravosa, pela non reformatio in pejus indireta.

• O princípio visa incentivar o exercício da ampla defesa com os recursos a ela inerentes.

Pressupostos Lógico e Fundamental

• Para que o recurso seja examinado pelo juízo ad quem, é necessário estarem presentes certos requisitos, pressupostos.

• O exame dos pressupostos se denomina juízo de admissibilidade, que será realizado em parte no juízo a quo e em parte no juízo ad quem.

Pressupostos Objetivos• Cabimento: a lei prevê expressamente quais as decisões que comportam recurso. O recurso

deve estar previsto em lei; • Adequação: não basta que a decisão seja recorrível e que o recurso esteja previsto em lei,

ele tem de ser adequado para atacar a decisão;• Tempestividade: o recurso deve ser interposto dentro do prazo legal. Os prazos recursais

correm do dia da intimação das partes (art. 798, § 5º alínea a, do CPP)• Regularidade Procedimental: deve ser preenchidas as formalidades legais para ser recebido; • Inexistência de fato impeditivo: renúncia e não recolhimento à prisão nos casos exigidos por

lei (art. 594 do CPP). (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). Há posição no sentido da inconstitucionalidade da exigência do recolhimento à prisão para poder recorrer, já que, a CR/88 não condicionou a realização da ampla defesa ao recolhimento preventivo por ser tratar no caso de prisão cautelar, sem trânsito em julgado.

• Inexistência de fato extintivo: desistência e deserção. Desistência é a manifestação expressa de vontade do recorrente em não prosseguir com o recurso. O MP não poderá desistir do recurso interposto (art. 576 do CPP). Deserção é o abandono do recurso, podendo se dar pela falta de preparo (art. 806, § 2º do CPP), ou pela fuga do apelante após a interposição do recurso (art. 595 do CPP). (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).Há posição no sentido de que é inconstitucional considerar deserto o recurso em caso de fuga.

Pressupostos Subjetivos

• Interesse: decorre da sucumbência, ou seja, prejuízo. Somente a parte que sofreu prejuízo com a decisão proferida terá interesse para recorrer. (O Acusado poderá apelas da sentença absolutória desde que seja para modificar o seu fundamento, pois tem interesse, sucumbiu ao não ser absolvido da forma pretendida);

• Legitimidade para Recorrer: têm legitimidade para recorrer as mesmas pessoas que têm legitimidade para estar em Juízo.

Sucumbência• Única Interesse único. (Acusado ou Acusação)• Múltipla Interesse vários. (Acusado e Acusação)• Direta Atinge uma das partes da relação processual. • Reflexa Atinge pessoas fora da relação processual. (art. 598 CPP)• Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz

singular, se da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito suspensivo.

• Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e correrá do dia em que terminar o do Ministério Público.

• Total Pedido é desatendido em sua totalidade.• Parcial Parte do pedido não é acolhido.

Juízo de Admissibilidade

• Órgão a quo Juízo de admissibilidade: positivo ou negativo. Necessidade de satisfazer os pressupostos objetivos e subjetivos.

• Órgão ad quem Prelibação. Novamente são analisados se estão presentes os pressupostos objetivos e subjetivos.

Efeitos dos Recursos• 1 – Devolutivo Transfere à instância superior o reexame da matéria. É

comum a todos os recursos. • Princípio “Tantum devolutum quantum appellatum”.

• 2 – Suspensivo o recurso suspende a eficácia da decisão até o julgamento final. Não se aplica a todos os recursos.

• 3 – Extensivo se o recurso não tem por fundamento motivo de caráter

exclusivamente pessoal, o seu julgamento aproveitará aos demais no concurso de agentes, ainda que não tenha recorrido.

• 4 – Regressivo ou Diferido é a possibilidade dada pela lei ao juiz prolator da decisão impugnada de, em decorrência da interposição de recurso reexaminar sua própria decisão e alterá-la se for o caso. É cabível, por exemplo, no recurso em sentido estrito e correição parcial. (juízo de retratação)