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Ano II Número 286 Data 08.10.2012

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AnoII

Número286

Data08.10.2012

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estado de minas - edição eletrônica - economia - 08.10.12segunda via

VAI E VOLTA Longa espera para instalação de portão

A consumidora Flávia Maria Silva e Souza reclama dos serviços prestados pela empresa Ipa Esquadrias. Segundo a leitora, em 31 de janeiro deste ano, ela comprou dois portões em alumínio. O combinado era de que a empresa instalasse os portões em sua casa, em Itabirito. “Também nessa data fizemos o pagamento no valor de R$ 5.138 referente ao ser-viço solicitado, conforme recibo assinado pelo proprietário da IPA”, conta. O prazo para a instalação dos portões era 3 de abril, conforme previsto no recebido. “Após a data limite para a instalação, iniciou-se nossa espera. Foram inúmeros telefonemas e cada vez obtínhamos da empresa uma descul-pa diferente: ‘seu pedido está pronto, mas faltam roldanas; nosso caminhão de entrega está quebrado; nosso funcionário está acidentado; a roldana não chegou; seus portões estão prontos, posso até enviar uma foto por e-mail; vamos entre-gar na próxima segunda-feira’”, lembra. Apenas no fim de maio, os portões foram entregues. “A partir de então iniciou--se nova batalha para que a instalação fosse feita. Novamente as datas de instalação foram sendo marcadas e remarcadas”, frisa. Em 28 de junho, uma equipe da empresa foi até a sua casa instalar os portões. “Como já estava escurecendo, ficou faltando instalar uma barra superior e fazer as vedações”, conta a consumidora. O prazo dado para término do serviço era 2 de julho, o que não foi cumprido pela Ipa Esquadrias, segundo a consumidora. “Passei julho e agosto ligando para IPA. Quando consigo ser atendida me prometem que no dia seguinte o serviço será concluído, mas ele encontra-se ina-cabado”, afirma. Flávia diz que se passaram cinco meses do prazo inicial para a entrega e instalação dos portões e que pretende acionar a Justiça e os órgãos de defesa do consumi-dor caso o problema não seja resolvido .

RESPOSTA DA IPA “A cliente senhora Flávia entrou em contato conosco

em 12 de setembro, solicitando o acabamento que está fal-tando no portão. Um funcionário da empresa foi até a casa da cliente em 15 de setembro para finalizar o serviço.”

COMENTÁRIO DA LEITORA A consumidora informou que a empresa foi até à sua

residência fez os reparos, mas que não terminaram o serviço. “Ainda faltam umas borrachinhas de vedação do portão”, diz.

e a Garantia?

Impressora não funciona maisDanilo Drumond Avelino - Belo HorizonteO consumidor Danilo Drumond Avelino conta que com-

prou, em setembro do ano passado, uma impressora Office Jet HP 4575 com garantia de um ano, mas logo depois da compra o equipamento começou a apresentar ruídos, não

imprimia e nem escaneava. “Já a desinstalei e instalei nova-mente quatro vezes e não teve jeito” conta. Neste ano, antes do fim da garantia, o consumidor entrou em contato com a HP, e revela não ter sido bem atendido. “Atenderam-me muito mal, não quiseram me informar o número do protoco-lo e não resolveram meu problema”, afirma. “Fui informado que eles não tinham lojas autorizadas e que o único meio de ser atendido era por telefone ou internet”, acrescenta. Diante do problema, o consumidor voltou à loja onde comprou a impressora e o gerente o ajudou a fazer novo contato por telefone. “Disseram que eu receberia um e-mail e que de-veria respondê-lo com uma cópia do cupom fiscal, pois o sistema da HP registrava que minha impressora estava fora da garantia”, lembra. Depois disso, o consumidor recebeu o e-mail informando que não havia informações sobre o seu cadastro. Danilo tentou outras vezes resolver o problema via e-mail e afirma que não conseguiu solucionar a questão, que, para ele, é mais que “financeira ou pessoal”.

RESPOSTA DA HP“Com relação ao caso do leitor Danilo Drumond Aveli-

no, a HP Brasil informa que está em contato com o cliente a fim de solucionar o problema.”

COMENTÁRIO DO LEITOR Danilo confirmou o contato e informou que a empresa

recolheu o equipamento para conserto. A promessa, segundo ele, é de que a impressora seja devolvida até esta semana.

coBranças indeVidas

Problemas na conta de celularRenata Teixeira Maia - Belo Horizonte Renata Teixeira Maia reclama de cobranças indevidas

feitas pela operadora TIM. Segundo a consumidora, em 1º de agosto ela recebeu uma fatura com a cobrança de dois serviços que não foram solicitados. Diante do problema, en-trou em contato com a operadora e uma atendente a infor-mou que as cobranças seriam retiradas. Informaram ainda, segundo a leitora, que enviariam um novo código de barras via mensagem. “Assim que recebi o novo valor por mensa-gem no celular, efetuei o pagamento de R$ 145, 27”, con-ta. Vinte e dois dias depois de pagar a conta, no entanto, a consumidora foi surpreendida com ligações do setor de cobrança. “Diziam que eu estava com uma conta em débito. Quando acessei o site, vi que o valor da conta não tinha sido abatido. Estava em aberto um valor de R$ 14, 89. Entrei novamente em contato com a operadora”, lembra. Renata tentou cancelar o serviço, mas foi informada que só poderia fazer o cancelamento com todas as faturas quitadas. Depois disso, a consumidora fez uma reclamação na Anatel e logo depois teve suas ligações e o acesso à internet bloqueados.

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continuação - estado de minas - edição eletrônica - economia - 08.10.12“Entrei novamente em contato com a operadora narrando o problema e pedindo para desbloquear minha linha, e in-formaram que em 24h seria desbloqueada”, conta. Onze dias depois do início das cobranças e da inacessibilidade, o serviço, entretanto, não tinha sido feito, afirma a leitora. “Recebi uma mensagem avisando que seria desbloqueado em duas horas. Mas só desbloquearam para as ligações e a internet continuou sem funcionar”, reclama. Renata diz que as reclamações feitas na Anatel e com a própria operadora não trouxeram solução para o problema e que aguarda um posicionamento da operadora.

RESPOSTA DA TIM

“O Centro de Relacionamento com o Cliente da TIM entrou em contato com a senhora Renata Teixeira Maia e informou que efetuou os ajustes necessários na fatura, bem como o desbloqueio de acesso. Para informações sobre a TIM, basta acessar o site da empresa (www.tim.com.br) ou entrar em contato com o Centro de Relacionamento com o Cliente discando *144 do próprio celular ou 0800 741 4141 de um telefone fixo.”

COMENTÁRIO DA LEITORA A consumidora confirmou o contato da TIM e disse que

todas as pendências com conta e acesso à internet foram so-lucionados.

reclamação

Fatura mais cara assusta cliente Eugênio Pereira Botelho - Belo Horizonte O consumidor Eugênio Pereira Botelho conta que, em

12 de setembro, reclamou com a operadora Oi de uma conta de telefone no valor de R$ 195,71, que estava em débito automático. O que chamou a atenção, segundo o leitor, foi o valor acima do habitual pago todos os meses. “ Achei muito alto em relação aos outros meses, em que sempre paguei aproximadamente R$ 160”, lembra. Ele conta que para fazer a reclamação precisou ligar para a operadora três vezes. “Te-nho três protocolos emitidos e com muito custo fui atendido na terceira ligação por uma atendente que me disse que eu teria uma diferença a meu favor de R$ 29, 86”, comenta. Na central de relacionamento com o consumidor, ele foi in-formado ainda que a empresa voltaria a entrar em contato via telefone ou e-mail para resolver a pendência. “Como até

hoje não me ligaram, estou esperando um posicionamento da empresa”, diz. “Aproveito para lembrar que a conta veio alta em um mês em que usei pouco a linha em questão”, finaliza. RESPOSTA DA OI

“A Oi entrou em contato com o cliente para informar que ele receberá os créditos procedentes.”

COMENTÁRIO DO LEITOR O consumidor confirmou o contato da Oi e disse que

a empresa se comprometeu a resolver o problema com um crédito que virá na fatura de novembro.

eterna esPera

Trava no presente de casamentoA consumidora Vanessa Cristina Rocha Trotta reclama

da demora no recebimento de um presente de casamento. Segundo ela, um refrigerador Eletrolux frost free, modelo DW 42x, foi comprado para ela em 9 de agosto, no site da Ricardo Eletro, mas não foi entregue no prazo estipulado. “Pediram 28 dias úteis, que se esgotaram em 19 de setem-bro”, conta. Vanessa afirma ainda que entrou em contato com o setor de entregas da empresa, mas que informaram que a geladeira não havia sido faturada e estava sendo se-parada. “Pediram que eu voltasse a procurar a empresa em quatro dias úteis. Entrei em contato novamente e ainda não tinham um posicionamento”, reforça. Segundo a consumi-dora, a fatura já venceu, foi paga, mas, mesmo assim, a loja não tem posicionamento sobre o ocorrido. “A geladeira con-tinua disponível no site. Isso é uma falta de respeito com o consumidor. Não quero trocar por outro produto, quero a geladeira que ganhei de presente”, diz.

RESPOSTA DA RICARDO ELETRO“Informamos que mediante o protocolo 27274965, re-

gistrado em 01/10/2012, às 17h33, pela atendente Jackeline Silva, onde a cliente aceitou um produto similar por causa da indisponibilidade do que foi adquirido. O novo produto foi entregue para transportadora e a previsão de entrega é até 11/10/2012.”

COMENTÁRIO DA LEITORA A consumidora foi procurada pela reportagem, mas não

atendeu as ligações.consumidor

De benefício a dor de cabeçaCorrentistas que aderem aos programas de fidelidade de cartões de crédito por pontos reclamam de

mudanças de regras sem aviso prévio e morosidade no repasse da bonificação Carolina Mansur Os programas de fidelidade de cartões de crédito por

pontos, que deveriam ser um benefício para os correntistas, estão se transformado em problema para clientes, com al-guns casos podendo chegar à Justiça. Seja pela demora na

transferência dos pontos para as companhias aéreas ou pela falta de informações sobre o próprio serviço, muitos con-sumidores se mostram insatisfeitos. Tanto que as reclama-ções se repetem entre parte dos usuários. Além da demora no repasse dos pontos – que acarreta a perda de promoções

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continuação - estado de minas - edição eletrônica - economia - 08.10.12de passagens aéreas–, atendimento ruim, cancelamento do cartão seguido da perda da pontuação e alteração nas regras estão entre as principais reclamações.

Uma delas, inclusive, tem ganhado destaque nos blo-gs especializados em passagens aéreas. No Melhores Des-tinos e no Aquela passagem, clientes reclamam da mudança nas regras do programa Sempre Presente, do Banco Itaú. A insatisfação é justificada pelo aumento em 100% do limite mínimo para a transferência de pontos para as companhias aéreas. Agora, os consumidores precisam ter 20 mil pontos para fazer a transferência e trocá-los por uma passagem aé-rea. Antes, com 10 mil pontos obtidos nos cartões de crédito Itaucard era possível realizar a troca.

Ainda de acordo com os consumidores, a decisão não foi comunicada aos participantes do programa. Para juntar 20 mil pontos pelo Itaú, os clientes que pagam uma fatura média de R$ 1 mil vão levar 40 meses – 3 anos e 4 meses. Isso porque o banco converte a fatura em dólar e remunera o cliente com um ponto por dólar, o que, nesse caso, signifi-caria 500 pontos por fatura, considerando a cotação do dólar na casa dos R$ 2.

A decisão afeta consumidores que optam pelos progra-mas Smiles Gol, TAM Fidelidade, Lanpass e TAP Victoria. O Itaú tem ainda convênio com a CVC, mas o vale-presente mais barato, no valor de R$ 250, custa ao cliente 39,6 mil pontos. A empresária Ana Marina Cipriano Rabelo Freitas Ferrer, que há oito anos é correntista do Itaú, revela desco-nhecer as alterações nas regras do programa Sempre Presen-te e reclama da falta de informações. Segundo ela, que usa o cartão de crédito para fazer as compras da loja, a intenção é concentrar os gastos no dinheiro de plástico para depois utilizar o benefício.

Ela conta que em cinco faturas acumulou 15 mil pon-tos e não sabia que agora precisará ter no mínimo 20 mil para conseguir uma passagem. A intenção da consumidora era utilizar ainda este ano os pontos adquiridos para voar até Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde vive a sua família. “Entendo que esse é um direito adquirido a partir do mo-mento em que pago pelos pontos. Mas percebo que a falta de informações pelos bancos atrapalham a utilização do benefí-cio”, diz. “Não fui informada da mudança e nunca recebi um documento com informações sobre as normas”, acrescenta.

Segundo Ana Marina, há cerca de dois meses ela vem tentando obter informações sobre o programa e a transferên-cias dos pontos no banco. “Já procurei saber com a gerente, mas até hoje os meus pontos estão parados. Tenho medo de que a validade dos pontos expire e eu não consiga, de fato, utilizá-los na troca por passagens”, afirma.

Usuário do Programa Fidelidade, do Santander, o en-genheiro mecânico Fernando Quadros precisou usar os seus pontos para fazer uma viagem, mas foi surpreendido pela demora do processo. “No atendimento da operadora do car-tão fui informado que o tempo para transferência das mi-lhas é de até oito dias úteis, ou seja, quase duas semanas, e esse prazo fez com que eu perdesse algumas promoções de trechos”, explica. O consumidor questiona os prazos do programa e diz que nem em uma transação bancária interna-cional os prazos são longos como o estabelecido pelo banco no resgate dos pontos. “A publicidade na TV não fala sobre isso, apenas sobre as vantagens de acumular pontos no car-tão de crédito A ou B”, lembra.

Insatisfeito, Quadros reclama do atendimento recebido durante o pedido de transferência dos pontos e das oportu-nidades de compra perdidas com a demora. “O programa de milhagens do cartão é muito vantajoso, mas o setor de atendimento não informa o motivo dessa morosidade. Com isso, perdi oportunidades para o resgate da passagem e tive prejuízos financeiros”, reclama. “Creio que temos tecnolo-gia disponível suficiente para uma transação bem mais rá-pida, porém não sinto dos bancos e companhias aéreas esse interesse”, conclui.

POLÍTICA Procurada, a Itaucard confirmou as mudan-ças no Sempre Presente para o resgate de pontos de compa-nhias aéreas e justificou que a alteração ocorreu “em função de ajustes da política praticada pelas próprias companhias”. Ainda de acordo com a Itaucard, as alterações foram comu-nicadas no site do programa.

Por nota, o Santander informou que o prazo de oito dias úteis para o resgate está estabelecido no regulamento do Recompensa Superbônus, disponível no site do banco. Afirmou ainda que o prazo visa atender todas necessidades nos processamentos das transações entre as empresas, mas que busca solucionar as demandas de seus clientes no menor prazo possível.

Falta de informação e abuso são comuns Segundo o advogado especialista em defesa do consu-

midor Luiz Fernando Valadão Nogueira, a fidelização do cliente por meio de pontuação pode ser considerada uma re-lação de consumo, e por isso, em casos de insatisfação cabe reclamação nos órgãos de defesa do consumidor, mas tam-bém o encaminhamento do problema à Justiça . Isso porque, segundo ele, o cliente é protegido pelo Código de Defesa do Consumidor.

Ainda de acordo com Valadão, como os bancos conven-cem o cliente, por meio de publicidade, a obter pontuação que será trocada por benefícios, há a obrigatoriedade de que

também resguardem os direitos de seus clientes. “O Código de Defesa do Consumidor (CDC) exige que não haja publi-cidade enganosa e que não se coloque em vigência métodos desleais para atrair o consumidor”, diz. “Essa é uma relação bilateral. Se para atingir o benefício o consumidor cumpriu sua parte ao utilizar o cartão para alcançar a pontuação, os bancos também devem cumprir sua parte”, comenta.

Para o assessor jurídico do Procon Assembleia, Renato Dantés Macedo, o grande problema dos programas de fi-delidade é a falta de informação. “Não existe um contrato apenas para o plano de fidelidade oferecido pelos bancos,

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continuação - estado de minas - edição eletrônica - economia - 08.10.12a bonificação é embutida no cartão de crédito e as informa-ções ficam dispersas”, diz. Como o consumidor deve ir atrás das informações, muitas dúvidas acabam sendo geradas no processo de obtenção, resgate e troca dos pontos. “Muitas vezes as regras e normas são alteradas em função da falta de informação e aí o direito é violado”, explica.

Para esses casos, no entanto, o assessor lembra que há a proteção pelo código. “O que não pode ocorrer é uma alte-ração unilateral, porque o direito do consumidor fica restrin-gido, e, dessa forma, temos uma prática abusiva”, esclarece. Entre os abusos, o assessor jurídico destaca não só o aumen-to de pontos mínimos para a transferência como também os prazos estendidos para o resgate dos pontos que culminam

na perda de promoções de passagens. Macedo lembra que, no caso de alterações, os atingidos devem ser apenas os novos clientes. “As mudanças devem valer apenas para os novos contratos e não para os antigos. Os correntistas que já usam o plano há muito tempo devem continuar com a política válida anteriormente”, orienta.

PREFERIDOS A TAM e Gol Linhas Aéreas estão en-tre as companhias mais procuradas pelos consumidores, por meio das redes Multiplus e Smiles, respectivamente. As re-des transformam os pontos acumulados em passagens aéreas e outros produtos. Só na Multiplus, por exemplo, 300 mil passagens são trocadas todos os meses, o equivalente a 95% das operações de troca.

hoje em dia - edição eletrônica - economia - 07.10.12Oi pode recorrer de recurso negado pela Anatel

Após o conselho diretor da Agência Nacional de Tele-comunicações (Anatel) negar 11 pedidos de recursos e re-considerações da Oi, que somavam cerca de R$ 90 milhões. A empresa poderá recorrer por uma delas, aplicada por co-brança antecipada de assinatura básica de telefonia fixa, que chegou a R$ 14,3 milhões. Pelo ganho auferido à época, a empresa terá de ressarcir os consumidores em R$ 64,5 mi-

lhões.As multas somam R$ 25,8 milhões, e o ressarcimento

devido aos consumidores chega a R$ 64,5 milhões. A de-cisão foi tomada na última reunião do conselho diretor da agência, realizada dia 4. Já a outra multa, por descumpri-mento de metas de qualidade na telefonia fixa, que chegou a R$ 11,5 milhões, não cabe mais recurso.

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o GloBo - edição eletrônica - 06.10.12Produtos feitos (de propósito) para durar poucoEspecialistas cobram marco regulatório sobre obsolescência programada

Daiane CostaO eletrotecnico Julio Rangel, de 51 anos, tem uma loja

de consertos na galeria Mercadinho Machado de Assis, no Largo do Machado, Flamengo Leo Martins / O Globo

RIO — A iminente escassez de recursos naturais do planeta coloca limites à indústria e exige mudança do atu-al padrão de produção, afirma o diretor-presidente do Ins-tituto Akatu pelo Consumo Consciente, Helio Mattar. Há dois anos, 16% da população mundial (cerca de 1,4 bilhão de pessoas) eram responsáveis por 78% do consumo. Ago-ra, são 150 milhões de novos consumidores por ano. Se o mundo seguir nesse ritmo, em dez anos serão três bilhões de consumidores e, segundo Mattar, não haverá recursos para dar conta de toda essa demanda. Segundo especialistas, a responsabilidade pela mudança nesse modelo tem de ser compartilhada pela indústria, revendo o padrão de produção; pelo governo, criando um marco regulatório para padrões de produção e durabilidade; pelos consumidores, cobrando uma maior durabilidade dos produtos e reclamando ao iden-tificar problemas; e pelas entidades, fazendo pressão e dan-do subsídios aos cidadãos para que estes optem por produtos mais eficientes.

A pouca durabilidade dos produtos e a dificuldade de consertá-los não acontecem por acaso. A troca rápida, segun-do organizações, define um padrão de produção praticado há quase um século pela indústria: a obsolescência programa-da. O conceito consiste em reduzir a vida útil e dificultar o conserto de produtos, modificando os projetos e peças com mais frequência, principalmente eletrodomésticos e eletroe-letrônicos, para garantir que sejam usados pelo menor tempo possível, acelerando o ciclo de consumo.

Inmetro não avalia durabilidade

A durabilidade dos produtos também não é um item avaliado como qualidade nos testes feitos pelo Inmetro. Se-gundo o instituto, “o foco da atuação é voltado para questões como a segurança do produto, saúde e meio ambiente”. E completa: “Pela Nova Lei do Inmetro, anunciada no Plano Brasil Maior, o instituto passa a ter poder para fazer estas avaliações, visando a combater práticas enganosas de co-mércio, inclusive os requisitos de usabilidade e pós-venda. Porém, ainda está em fases de estudos, não há nenhuma con-clusão ou ação em execução”.

Amaury Martins de Oliva, diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), afirma que não existe no Código de Defesa do Consumidor (CDC) uma obrigato-riedade de a indústria informar qual é o tempo de vida útil do produto:

— O artigo 32 afirma que fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de re-posição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.

Para o pesquisador na área de Consumo Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), João Paulo Amaral, é preciso mudar este conceito:

— Hoje é muito subjetivo saber quanto dura um bem durável (eletroeletrônicos) ou semidurável (roupas e calça-dos). Não existe data de validade para eles. É preciso um marco regulatório.

Segundo o presidente do Akatu, quanto mais roupa se produz, por exemplo, mais água e energia se consome, ge-rando monóxido de carbono e colaborando para o aqueci-mento global. A moda, que muda a cada estação, leva as pes-soas a consumirem mais. O consumidor precisa ser educado

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continuação - o GloBo - edição eletrônica - 06.10.12para perceber a importância de sua contribuição na transfor-mação da sociedade de consumo para a de bem-estar, expli-ca, fundada na satisfação derivada pelo uso do produto, e não por sua compra.

— Fiquei oito anos e meio usando o mesmo notebook, fazendo todos os upgrades possíveis. Só troquei quando os novos softwares de que precisava não eram mais compatí-veis com a memória. Agora, já estou há dois anos com o mesmo computador. Tenho televisores com 12 para 13 anos de idade. Não dá para se deixar iludir por mudanças tecno-lógicas que não são totalmente necessárias — diz Mattar.

Amaral observa que, além de os produtos começarem a quebrar inesperadamente, mais recentemente a obsolescên-cia programada passou a ser aplicada de outras formas:

— Faltam peças na assistência técnica para substitui-ção. No caso de celulares, notebooks e tablets, os encaixes das baterias são modificados constantemente, forçando uma nova compra quando essa peça perde a vida útil, já que tam-bém são produzidas em número restrito para substituição.

As cafeteiras, sanduicheiras, liquidificadores e ferros de passar roupa amontoados sobre as prateleiras da loja de con-sertos do carioca Júlio Rangel, de 51 anos, evidenciam essa obsolescência programada — uma ameaça para o eletrotéc-nico, que teme ter de encerrar a atividade que mantém há 20 anos em uma galeria no bairro do Flamengo, sua única fonte de renda. Ele observa que o movimento na oficina começou a cair com a globalização e a invasão dos produtos chineses ao Brasil, no fim da década de 90:

— De um ano para o outro, as peças dos aparelhos mu-dam e já não é possível mais encontrar nas autorizadas. Ou o conserto se torna mais caro que comprar um novo, por-que tem muito importado barato. Então, as pessoas acabam abandonando, principalmente cafeteiras e ferros de passar roupa, aqui — conta, enquanto conserta um ventilador de pelo menos dez anos de uso, o que só foi possível com o aproveitamento da peça de outro aparelho descartado pelo dono.

A cineasta alemã Cosima Dannoritzer, que dirigiu o documentário espanhol “Comprar, tirar, comprar” (“Com-prar, jogar fora, comprar”, em tradução livre), de 2010, que denuncia casos de obsolescência programada pela indústria,

afirma que as empresas continuam dizendo que nunca fa-riam algo assim, que existe uma razão técnica para isso e que apenas querem o melhor para o consumidor.

Um dos exemplos citados no documentário vem da Ep-son. Um homem leva a impressora que parou de funcionar à assistência técnica, que constata ser impossível consertá-la. Insatisfeito, procura na internet uma alternativa para resol-ver o problema e descobre um chip que determina a dura-ção do produto. A intervenção funciona da seguinte forma: quando a quantidade de páginas programada pela fabricante é impressa, a impressora trava. Para o consumidor, a mensa-gem é a de que a máquina quebrou e não tem conserto.

— A empresa alega que o chip contador que bloqueia a máquina é para proteger a impressora porque, quando apa-rece o erro, é o momento de checar se é necessário limpar o depósito de sobras de tintas. Mas isso não é informado. Em vez disso, mandam a um serviço técnico que tampouco sabe o que acontece. E, assim, uma máquina que está boa se en-contra em vias de ser descartada — critica a cineasta.

Indústria não se manifestaComo bem traduz o título em inglês do documentário,

“The light bulb conspiracy” (“A conspiração da lâmpada elétrica”, em tradução livre), o início da adoção desse pa-drão de produção está vinculado à indústria de lâmpadas. No início dos anos 1920, um grupo formado pelas empresas Philips, Osram e General Electric ficou conhecido como car-tel Phoebus ao controlar a produção e venda das lâmpadas, reduzindo sua vida útil de 2,5 mil horas para mil horas.

O objetivo, explica Mattar, era forçar a troca de lâmpa-das mais cedo para aumentar a produção e a rentabilidade da indústria. Também foi usado o argumento da necessidade de gerar mais empregos. A decisão de diminuir a durabilidade deste produto foi formalizada, inclusive, por meio de ata as-sinada pelos presidentes das empresas.

Procurada para comentar o assunto, a Associação Brasi-leira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) não retornou os contatos telefônicos nem os e-mails. A Associação Nacio-nal de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) informou que, em razão de “indisponibilidade de agenda”, seu porta-voz não poderia falar.

‘É inadmissível um sistema que leve a converter tudo o que é produzido em lixo rapidamente”, diz cineasta

Documentário espanhol mostra que a indústria encurtou a vida de produtos para estimular o consumoDocumentário da diretora alemã Cosima Dannoritzer

foi lançado em 2010, mas só chegou ao Brasil este ano.RIO — Existem lâmpadas e meias-calça eternas? Como

é possível usar um chip para inutilizar um produto quando ele chega a um determinado número de usos? Estas e outras muitas perguntas e lendas sobre o encurtamento da vida útil de produtos, a maioria eletroeletrônicos, são respondidas e desmistificadas pela cineasta Cosima Dannoritzer, no docu-mentário espanhol Comprar, Tirar, Comprar, de 2010 (The Light Bulb Conspiracy - A Conspiração da Lâmpada Elé-

trica, em uma tradução livre). O filme traz a tona o debate sobre os atuais modelos de produção e consumo. Por um lado, as empresas produzem artigos de consumo com vali-dade inferior ao que a tecnologia pode oferecer em durabili-dade para que as pessoas substituam mais rapidamente estas mercadorias. Do outro, a publicidade vende a atualização tecnológica constante como forma de buscar a felicidade, contribuindo para a compra desenfreada. Confira a entrevis-ta concedida por Cosima ao GLOBO.

O GLOBO - O que levou você a fazer este documen-

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continuação - o GloBo - edição eletrônica - 06.10.12tário?

COSIMA - Se você pesquisar na internet sobre este tema, encontrará um monte de histórias que parecem ter sa-ído diretamente do cinema. São lâmpadas que duram para sempre, carros que nunca estragam mas, os investores e os protótipos, desapareceram sob circunstâncias estranhas. E logo vêm os comentários de gente mais velha dizendo que, antigamente, tudo durava mais. Com este documentário gos-taria de tirar a prova se todas estas histórias são lendas ur-banas ou verdade. Muitas vezes discutimos se algo é ou não é certo e não avançamos porque nada fazemos. Penso que é o meu trabalho, como jornalista que sou, mostrar dados e acontecimentos na tela, em vez de inventar novas lendas. E não só surgiram muitos exemplos interessantes que pode-riam ser a base de um thriller, como fizeram com que eu me desse conta que todo o sistema, toda a sociedade de consu-mo, se baseia na obsolescência programada, em substituir tudo cada vez mais rápido.

O GLOBO - Foi difícil encontrar informações sobre este tema?

COSIMA - Mais que qualquer outra coisa, falta paciên-cia. Não é impossível conseguir a informação por meio das empresas - que dirão que nunca fariam algo assim. Mas é possível encontrar a informação de outra maneira, em arqui-vos, com ajuda de testemunhas, ou provando coisas direta-mente. Por exemplo, no caso da impressora, instalamos um software de um hacker russo nela e provamos que realmente a máquina bloqueia quando o contador de páginas impressas chega a um limite estabelecido pela empresa. E foi assim. O número de páginas é registrado num chip dentro da impres-sora. Quando certa quatidade é atingida, a impressora trava. Para o consumidor, a mensagem é que a máquina quebrou e não tem conserto. Logo baixamos a conta e foi desbloquea-da. E subimos outra vez...

O GLOBO - Onde você buscou estas informações?COSIMA - Muita gente me ajudou. Para começar, os

autores de alguns livros onde encontramos dados importan-tes históricos, por exemplo The Waste Makers (Os Fazedo-res de Lixo), de Vance Packard; Made to Break (Feito para quebrar), de Giles Slade e um outro livro que só existe na língua alemã. E os muitos especialistas e profissionais que entrevistamos que nos deram informações e inspiraram per-guntas interessantes.

O GLOBO - Qual foi a reação das empresas diante do documentário?

COSIMA - Não sofri nenhum tipo de ameça ou algo parecido. Mas as empresas seguem dizendo que nunca fa-riam algo assim ou que existe uma razão técnica para fazer dessa forma, e que querem o melhor para o consumidor. Por exemplo, dizem que a lâmpada que dura somente mil horas é a perfeita combinação de gasto de materiais e iluminação. Mas, ainda que isso fosse realmente verdade em 1924 (o que eu duvido), não é verdade hoje em dia. Desde a lâmpada de mil horas (tempo de duração estabelecido em 1924 por várias empresas do setor, numa redução da vida últil destes

produtos em 1,5 mil horas) foram publicadas dezenas de pa-tentes para lâmpadas com mais durabilidade e mais eficien-tes, mas nenhuma delas foi aplicada pelo mercado. Na Euro-pa, por exemplo, a vida útil desta mercadoria é decidida pela Comissão de Padrões Industriais da União Europeia, mas este grupo é formado principalmente por fabricantes, e estes não vão complicar a vida com modelos novos se os antigos trazem muitos benefícios. E, no caso da impressora, dizem que o chip contador que bloqueia a máquina depois de al-gumas páginas é para proteger a impressora porque, quando aparece o erro é o momento de checar se é necessário limpar o depósito de sobras de tintas. Mas isso não é informado. Em vez disso, nos mandam a um serviço técnico que tampouco sabe o que acontece porque a mensagem de erro é bastante crítica. E, assim, uma máquina que está boa se encontra em vias de ser descartada. E por que existe um depósito para sobras de tintas? Porque fazem a máquina gastar mais do que o necessário para que gastemos os cartuchos mais rapi-damente. É um círculo vicioso. Mas gostaria de lembrar que não queremos comprar briga com uma empresa específica porque todo o sistema é assim. E ali temos de fazer as mu-danças. Forçar a uma empresa específica a mudar não ajuda nada se o restante seguir do mesmo jeito.

O GLOBO - É possível mudar este padrão de produção e por um fim à obsolescência programada?

COSIMA - Eu sou muito otimista e penso que a obsole-sência programada irá desaparecer ao longo do tempo por-que tenho visto as reações dos espectadores do meu docu-mentário e escutado muitas ideias deles sobre como mudar as coisas. Já temos nos inteirado que o consumo ilimitado não traz felicidade e que não combina com um planeta que é limitado. É preciso começar a buscar ideias para soluções e alternativas. Temia que somente havia gente com teorias que não haviam sido provadas ou que não funcionavam na práti-ca. Mas foi uma surpresa agradável encontrar tantos projetos concretos, como um herdeiro da Philips (uma das empresas envolvidas no cartel das lâmpadas nos anos 20), que agora faz lâmpadas que duram 25 anos. São também mais caras, mas se economiza muita matéria prima se um produto dura mais. E igualmente não custa muito tempo e dinheiro mudar uma lâmpada. Mas, por exemplo, mudar uma impressora ou um eletrodoméstico, requer sim mais tempo - escolher um modelo novo, ler o manual. A obsolescência programada nos rouba muito tempo, que poderíamos investir em outras coisas. Também vejo muita vontade entre os consumidores de repensar nosso sistema e os valores que temos. É inad-missível um sistema que nos leve a converter tudo o que é produzido em lixo que logo acaba em países do Terceiro Mundo. Não só se pode envolver o consumidor, mas tam-bém a política e o sistema legal. Há pouco tempo, muitas lojas aderiram a uma garantia maior para produtos, subindo de seis meses para dois anos.

O GLOBO - Qual seria o impacto do fim da obsolescên-cia programada na economia mundial?

COSIMA - Se você está se referindo à corrente que pre-

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continuação - o GloBo - edição eletrônica - 06.10.12ga que se venderá menos se os produtos durarem mais, pen-so que há outras maneiras de fomentar uma economia ainda que em meio a crise. Muitos políticos incentivam a consumir de qualquer maneira como se isso fosse ajudar a sair desta situação. Mas, por exemplo, não somente há postos de tra-balho na produção e venda, se não também no conserto das mercadorias. Se um produto dura mais, também pode ser mais caro, por exemplo, uma lâmpada que dura um ano e vale € 1, custa o mesmo que uma lâmpada que dura 25 anos e custa € 25. Também poderíamos criar uma economia com mais produtos que não se convertam em sucata diretamente, acabando com os recursos do planeta. Por exemplo, se busco um presente para alguém - o que é algo muito difícil porque muita gente já tem tudo - não é necessário que eu sempre compre algo que se converta em lixo rapidamente. Posso comprar um vale para algo, organizar uma atividade ou uma viagem, dar um curso ou uma entrada para o cinema. O pro-blema é que associamos a riqueza a objetos e não a outros valores, ainda que também, por exemplo, sou rica se vivo em um país onde o médico ou a universidade são gratuitas, ou onde não tenho que fazer uma jornada extensa de traba-lho e tenho tempo para outras atividades.

O GLOBO - O problema é diferente na Europa e na

América Latina?COSIMA - Sei que o cartel Phoebus - que era como era

chamado o grupo formado pelas empresa Philips, Osram e General Eletric durante o período de 1924 a 1939, que tinham como objetivo controlar a produção e as vendas de lâmpadas - também estava presente na América Latina. As empresas são multinacionais, então o desenho não muda muito de um país para o outro. A moda de sempre ter o último lançamento e a ideia de pensar que a felicidade está em ter muitas coisas se converteu em algo quase universal, pois não penso que existe muita diferença. Afinal, vivemos no mesmo planeta e temos de compartilhar os mesmos problemas. Por exem-plo, na América Latina também ocorre o problema da falta de lugar adequada para descartar o lixo eletrônico. Podemos aprender um com o outro, cada país tem projetos alterna-tivos ou tradicionais que ainda sobrevivem e que podiam ajudar a buscar soluções alternativas. Por exemplo, quando estive na Colômbia, ano passado, vi muitas crianças na rua com uma coleção de celulares antigos e, se alguém queria fazer uma chamada, alugavam os telefones por minuto de chamada. Me pareceu uma maneira muito prática de usar os celulares que não eram mais de última geração, mas que ainda serviam para chamar um amigo ou a família.

o temPo - edição eletrônica - economia - 06.10.12Planos de saúde já estão suspensos em todo país

SÃO PAULO. A suspensão da comercialização de 301 planos de saúde de 38 operadoras começou a valer ontem em todo o país. A medida vai durar pelos próximos três me-ses e acontece devido ao descumprimento dos prazos limites de atendimento ao usuário. Clientes que já adquiriram es-ses planos não devem ser afetados pela medida, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Esses 301 planos reúnem 3,6 milhões de usuários ou 7,6% do mercado da saúde suplementar. Eles tiveram os pio-res resultados após análise das reclamação de usuários a res-peito da demora no atendimento médico em dois trimestres consecutivos.

Segundo norma da ANS em vigor desde dezembro de 2011, o prazo limite para atendimento de uma consulta bá-sica é de sete dias, são 14 dias para consultas com outros especialistas e 21 dias para internações eletivas.

A suspensão se segue a uma semelhante, adotada em julho deste ano, quando a agência determinou a suspensão da comercialização de 268 planos de saúde de 37 operadoras diferentes. De lá para cá, 29 operadoras reincidiram nos pro-blemas e tiveram mantidas as suspensões de atendimento. Oito melhoraram os índices e saíram da lista, e nove entra-ram para o rol de suspensões.

Parcelamento

Consumidor paga até 2% de juros ao mês sem saberCDL diz que é difícil afirmar se lojistas ocultam ou não os acréscimos

o temPo - edição eletrônica - economia - 08.10.12

ANA PAULA PEDROSAAs tentadoras ofertas de pagar uma compra em duas,

quatro e até dez vezes sem juros podem esconder uma arma-dilha para o consumidor. De acordo com economistas, não é possível manter o mesmo preço praticado à vista para uma compra que será paga em quase um ano. Isso significa que todos os consumidores, inclusive os que optam em pagar à vista, estão pagando juros embutidos no preço.

"Isso não existe. É lógico que tem juros embutidos", diz o conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Wilson Benício Siqueira. Ele calcula, com base em outros indicadores de mercado, que as taxas embutidas variam de

1,5% a 2% ao mês. Muitas vezes, quem paga à vista, tam-bém arca com as taxas embutidas, porque não tem desconto.

"Todo parcelamento tem juros, mesmo que isso não fi-que claro", concorda o professor de finanças da faculdade IBS/FGV, Milcíades Morais. Ele diz que as taxas que o con-sumidor paga sem saber variam de 0,6% a 2%.

O percentual varia, segundo ele, de acordo com o risco que o lojista vê no negócio. "Os maiores, que têm mais con-dições de arcar com o risco, cobram 0,6%, que é o que eles deixam de ganhar se aplicassem no mercado financeiro", ex-plica o professor.

A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-

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continuação - o temPo - edição eletrônica - economia - 08.10.12-BH), Ana Paula Bastos, diz que não é possível afirmar que os lojistas ocultam os juros nos parcelamentos anunciados como sem acréscimo. "Só dá para saber a partir dos custos de cada lojista", afirma. O advogado da entidade, Reginaldo Moreira, segue a mesma linha. "Estão embutidos os custos dos lojistas e as margens de lucro, perdas e riscos. Isso não são juros", afirma.

Ele afirma ainda que, de acordo com o Código de Defe-sa do Consumidor (CDC), os lojistas são obrigados a infor-mar ao consumidor os juros cobrados nas compras feitas a prazo. Da mesma forma, eles têm que deixar claro os juros e multas que serão cobrados em caso de atraso nas prestações.

Longe da discussão entre especialistas, a funcionária pública federal Laudi Almeida Pereira Braga é adepta ao parcelamento. Na fatura do cartão de crédito dela atualmen-te há prestações de um notebook e de um freezer compra-dos em dez vezes e roupas e sapatos pagos em três parcelas. "Meu Deus, algumas parcelas que não acabam nunca! Mas quem vive de salário não consegue ter as coisas se não for assim", afirma.

Antes de fazer as compras ela faz uma boa pesquisa de mercado para verificar se o preço que será parcelado está em linha com os valores que estão sendo cobrados de quem paga à vista. Ela também calcula se as prestações não vão estourar o orçamento e sempre paga a fatura total do cartão, para evitar a bola de neve que o pagamento mínimo pode se tornar. "Eu sei que se não pagar a fatura toda, vai ficar muito caro depois", diz.

Bancos querem acabar com parcelas sem juros O financiamento sem juros no cartão de crédito pode

estar com os dias contados. Existe entre os bancos uma dis-cussão para acabar com essa modalidade ou cobrar uma taxa do lojista que optar por parcelar sem juros. Essa taxa, prova-velmente, seria repassada ao consumidor.

A medida vai impactar diretamente o mercado de car-tões, já que 70% das compras parceladas com os cartões são feitas na modalidade sem juros. No ano passado, o parcela-mento sem juros nos cartões atingiu R$ 200 bilhões.

Os bancos entendem que o carregamento desse crédito sem juro tem um custo elevado para as instituições, já que envolve o risco de inadimplência dos consumidores.

Em setembro, o presidente do Banco Central, Alexan-dre Tombini, disse que esse parcelamento é uma benefício ao consumidor. Tombini afirmou ainda que o financiamento sem juros é uma peculiaridade do setor de cartões de crédito no Brasil. Segundo ele, o prazo médio de parcelamento é de 3,6 meses.

(APP com agências)

Cliente nem sempre tem descontoA melhor opção de compra, segundo os especialistas, é

pagar à vista e negociar um desconto, que deveria ser entre 5% e 15% para compensar os juros embutidos nas merca-dorias vendidas em dez ou 12 prestações com preço fixo. Mas eles admitem que nem sempre é possível conseguir um preço menor pagando tudo de uma vez. "Se o preço for fixo, é melhor parcelar com um prazo maior, desde que a presta-ção seja incluída no orçamento doméstico", diz o professor da faculdade IBS/FGV, Milcíades Morais. Ele lembra que em compras pela internet, o pagamento por meio de boleto bancário tem, em geral, 5% de desconto sobre o preço anun-ciado.

A economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, diz que uma alternativa para reduzir as prestações é dar uma entra-da maior. "É preciso também ter sempre uma reserva para imprevistos. É quanto a pessoa puder guardar. Se for R$ 20 por mês, já é melhor do que não guardar nada", aconselha. (APP)

o temPo edição eletrônica - raquel faria - 08.10.12Caindo a mascara

Mais um vídeo acaba de ser postado no injudiciario.com, blog criado pela colunista para defender o Código de Defesa do Consumidor e mostrar em capítulos sua novela real no Judiciário brasileiro, onde move há mais de dez anos

uma ação por abuso econômico contra empresa do Grupo Asamar. O novo vídeo "Caindo a máscara" apresenta uma prova conclusiva sobre a verdadeira identidade da ré.

Valor econômico - P. a3 - 08.10.12

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