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Para se falar sobre qualquer tema referente a psicofilosofia Huna, mister se faz que coloquemos alguns dos conceitos básicos desses ensinamentos. Tudo começou com Max Freedom Long, psicólogo americano que em 1917, logo após sair da faculdade, foi morar no Havaí onde exerceu a profissão de professor em pequenas localidades; depois de vários anos, mudou-se para Honolulu, onde conheceu o Dr. William T. Brigham, antropólogo e pesquisador que trabalhava no “Bishop Museum” de Honolulu. Sua intenção era conhecer o Dr. Brigham e conversar com ele sobre suas dúvidas em relação a certos fenômenos, sobre os quais, durante todo o tempo que lecionou ouviu narrativas. Relacionavam-se a curas, mortes e andar sobre lavas vulcânicas, não sendo, no entanto, divulgados e, os nativos quando abordados sobre os mesmos calavam-se. Eram atribuídos a certas pessoas que tinham um poder e conhecimento especial, mas que disso guardavam segredo e se isolavam; eram chamados de kāhuna [1] . Durante três anos de convivência com Dr. Brigham, ele lhe passou quarenta anos de pesquisas e experiências que teve com os kāhuna, eliminando da mente de Long a idéia de que tudo não passava de superstição. Brigham não tinha a chave para explicar os fatos, mas supunha estarem ligados a três situações que deveriam ser desvendadas, o que daria a resposta desejada; dizia que dependiam de uma consciência que manipulava, uma força que exercia ação, sobre uma matéria especial. M. F. Long durante longo tempo abandonou suas pesquisas por não encontrar respostas para as indagações. Acordou numa noite com o pensamento de que se estudasse as raízes das palavras havaianas usadas pelos kāhuna em seus rituais, iria encontrar o que vinha procurando. Foi assim, que descobriu o mecanismo desses fenômenos, passando para a prática os resultados; fundou uma associação para pesquisas sobre Psicofilosofia Huna e formulou as teorias que colocou em seu primeiro livro sobre o assunto, publicado em 1936. Suas conclusões são de que o homem é espiritualmente um ser trino formado de três espíritos independentes e de um corpo físico, quando encarnado. Em Havaiano, são denominados: unihipili, uhane, Aumakua e kino (corpo), equivalentes ao Eu Básico ou Subconsciente, Eu Médio ou Consciente, Eu Superior ou

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Para se falar sobre qualquer tema referente a psicofilosofia Huna, mister se faz que coloquemos alguns dos conceitos básicos desses ensinamentos.Tudo começou com Max Freedom Long, psicólogo americano que em 1917, logo após sair da faculdade, foi morar no Havaí onde exerceu a profissão de professor em pequenas localidades; depois de vários anos, mudou-se para Honolulu, onde conheceu o Dr. William T. Brigham, antropólogo e pesquisador que trabalhava no “Bishop Museum” de Honolulu.Sua intenção era conhecer o Dr. Brigham e conversar com ele sobre suas dúvidas em relação a certos fenômenos, sobre os quais, durante todo o tempo que lecionou ouviu narrativas. Relacionavam-se a curas, mortes e andar sobre lavas vulcânicas, não sendo, no entanto, divulgados e, os nativos quando abordados sobre os mesmos calavam-se.Eram atribuídos a certas pessoas que tinham um poder e conhecimento especial, mas que disso guardavam segredo e se isolavam; eram chamados de kāhuna[1].Durante três anos de convivência com Dr. Brigham, ele lhe passou quarenta anos de pesquisas e experiências que teve com os kāhuna, eliminando da mente de Long a idéia de que tudo não passava de superstição. Brigham não tinha a chave para explicar os fatos, mas supunha estarem ligados a três situações que deveriam ser desvendadas, o que daria a resposta desejada; dizia que dependiam de uma consciência que manipulava, uma força que exercia ação, sobre uma matéria especial.M. F. Long durante longo tempo abandonou suas pesquisas por não encontrar respostas para as indagações. Acordou numa noite com o pensamento de que se estudasse as raízes das palavras havaianas usadas pelos kāhuna em seus rituais, iria encontrar o que vinha procurando. Foi assim, que descobriu o mecanismo desses fenômenos, passando para a prática os resultados; fundou uma associação para pesquisas sobre Psicofilosofia Huna e formulou as teorias que colocou em seu primeiro livro sobre o assunto, publicado em 1936.Suas conclusões são de que o homem é espiritualmente um ser trino formado de três espíritos independentes e de um corpo físico, quando encarnado. Em Havaiano, são denominados: unihipili, uhane, Aumakua e kino (corpo), equivalentes ao Eu Básico ou Subconsciente, Eu Médio ou Consciente, Eu Superior ou

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Superconsciente e corpo físico, facilitando o nosso entendimento de bons ocidentais.Possuem uma substância etérica que chamou de aka responsável pela formação do corpo de cada espírito; em Havaiano kino-aka, que significa corpo sombreado. Estão unidos por uma energia que denominou mana, produzida pelo unihipili e distribuída aos outros dois por meio de fios da substância aka, que fazem a coesão do ser humano e de tudo na teia-aka (universo) que possua vida[2]. A energia mana, parte do Poder Divino Mana[3]; existe na natureza e é fornecida pela alimentação e pelo ar, do qual, absorvemos pela respiração, a essência dessa energia que sustenta a vida. No ser humano, existem sob três formas: Mana, para o unihipili e kino, mana-mana para o uhane e kino e mana-loa para o Aumakua. O unihipili é o responsável pela concentração e distribuição dessa energia aos outros espíritos, mantendo a unidade em sua integridade.O unihipili possui as memórias e o centro da consciência; ele fornece ao uhane as informações pelas lembranças gravadas nas memórias, sendo levadas pelos cordões-aka ao uhane que formula os pensamentos indutivos, apanágio do homem. O uhane ou “eu médio” é o espírito que fala e usa o pensamento indutivo, propriedade exclusiva do ser humano. Os dois estão ligados ao corpo, sendo o unihipili o modelo celular. O Aumakua está unido aos dois espíritos citados e ao corpo por um cordão de substância aka, mas não faz parte do corpo físico.Como vemos, há alguma semelhança com a teoria de Freud com o Id, Ego, Superego e Libido.Outro modelo nos foi dado pelo psicólogo e xamã Serge K. King; que ao contrário de Max Freedom Long, que não teve contato com um kahuna, foi adotado por uma família havaiana aos dezessete anos. Nessa família, havia dois kāhuna, tendo um deles se tornado seu mestre, passando-lhe grande parte desse conhecimento secreto, o qual, só era transmitido até então, de pai para filho e oralmente. Ele atualmente mora no Havaí onde dirige uma Organização chamada Aloha.Intitula-se Kahuna e pratica o Xamanismo Havaiano transmitido por Wana Kahili, seu mestre kahuna.Segundo ele, nós somos formados por três aspectos independentes e unidos por uma força ou poder divino, que se manifesta sob a forma de energia.Como Max Freedom Long, conservou na Língua Havaiana; os nomes dados para o subconsciente, que denominou Ku; ao consciente, Lono e ao superconsciente, Kane. Ao Poder Divino, denominou Mana; cada um desses elementos possui um corpo próprio, denominado kino-aka. Quando há total harmonia entre eles, surge o ser perfeito que denominou de Kanaloa.Fala de um poder Supremo chamado Kumulipo que também é o livro dos cânticos do Antigo Havaí, o Livro da Criação.Enquanto Max Freedom Long concentrou a essência de sua teoria na Prece-Ação, como maneira de se obter resultados, Serge King

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trabalha com os sete princípios básicos, onde se concentra a força do Xamanismo havaiano.Para ambos, o pensamento é o gerador das ações, e, assim, o responsável por tudo que acontece com o ser humano, tanto para o lado bom como para o ruim da vida.Não desceremos a detalhes ou maiores explicações dos mecanismos de ação desses conhecimentos e, para os que se interessarem, há uma literatura sobre o assunto, tendo sido alguns livros traduzidos para o Português.Os sete princípios fazem parte da Tradição Secreta dos kāhuna e sintetizam grande parte da Psicofilosofia Huna e, conseqüentemente, só poderão ser realmente sentidos por aqueles que conseguiram uma situação interior de percepção, aceitação e conscientização desses princípios. Creio que o estudo dos princípios, dos corolários e de seus atributos ou talentos, é de fundamental importância no aprendizado e na prática de qualquer situação em que entra o conhecimento Huna.Eles dão o sentido psicológico da palavra, base para se conseguir a fé e o sentido do som emitido ao pronunciá-las; dinamiza a situação, levando-se ao resultado desejado, que para nós hoje, é o estudo da morte.A cada princípio, corresponde um atributo; representam qualidades especiais a serem desenvolvidas e são percebidas de maneira diferente da do cotidiano. Os sete princípios, segundo Serge King, são: 1º. IKE - O mundo é o que você pensa que ele é.Corolário: Tudo é sonho. Todos os sistemas são arbitrários.Utilização do poder do pensamento. 2º. KALA - Seu poder é ilimitado.Corolário: Tudo está interligado.Tudo é possível.Separação é apenas uma ilusão útil.Utilização das ligações energéticas.3º. MAKIA - A energia segue o curso do pensamento.Corolário: A atenção segue o fluxo energético.Tudo é energia.Utilização do fluxo de energia.4º. MANAWA - Seu momento de poder é agora.Corolário: Tudo é relativo.Utilização do momento presente.5º. ALOHA - Amar é ser feliz, é compartilhar com...Corolário: O amor aumenta quando o julgamento diminui.Tudo está vivo, perceptivo e ativo.Utilização do poder do amor.6º. MANA - Todo poder vem de dentro.Corolário: Tudo tem poder.O poder vem da permissão (criação).Utilização do poder da permissão.

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7º. PONO - A eficácia é a medida da verdade.Corolário: Existe sempre outra forma de se fazer algo.Utilização do poder da flexibilidade. O atributo de cada princípio é: 1º. IKE - Visão; é uma maneira diferente de se perceber as coisas; é a visão metafísica da realidade.A visão comum das coisas chama-se Ike papakahi; é a visão do primeiro nível. A visão metafísica chama-se Ike Papalua; é a maneira de se perceber a realidade atuando num segundo nível, de onde se controla o primeiro.2º. KALA - Esclarecimento; é a maneira que se tem para agir fazendo com que se consiga claramente a união de seu Eu com o universo; é a transformação do homem em um ser holístico.3º. MAKIA - Focalização; focalizar na mente as intenções, objetivos, metas e propósitos. É uma maneira de se conseguir uma revisão permanente das motivações, o que dá maior eficiência às ações e uma grande capacidade de frustração. 4º. MANAWA - Presença; sendo o presente o nosso tempo, o aqui/agora e o agora/aqui, são situações das quais se tira todo proveito para o entendimento e a compreensão e quanto mais atento se está, mais presente se faz e mais frutos se colhe das ações praticadas.5º. ALOHA - Bênção; em todas intenções, atitudes e ações, se se consegue reforçar o bem no presente ou em potencial, quer pela palavra, imagem ou ação, pode-se sentir a bondade, enxergar a beleza e apreciar a perícia com que se age; assim, se está abençoando. O xamã age de maneira diferente porque é capaz de abençoar o bem potencial através de desejos de sucesso às pessoas a quem se dirige.6º. MANA – Permissão; para que qualquer coisa tenha poder, é necessário que se lhe atribua esse poder que se quer transmitir, isto é, permite-se que tenha esse poder. Isso pode ser feito com pessoas e objetos; só se consegue isso com a energização do que se quer atribuir poder. Assim como se pode dar poder, também se pode tirar.O xamã guerreiro personifica o mal lhe dando poder, aprendendo como conquistá-lo; o xamã destemido tira o poder do mal despersonificando-o e aprendendo sobre ele, conseguindo a harmonia, fazendo assim, desaparecer o mal.7º. PONO - Tecelão de sonhos; o xamã tece seus próprios sonhos desenvolvendo suas habilidades e, assim, poderá ajudar os outros a tecerem seus sonhos. Ele tem habilidade para fazer curas, as quais, têm um sentido diferente das curas comuns das doenças. Por exemplo, um massagista, massageando o corpo de um paciente, está usando suas mãos para curar o corpo físico. O xamã massagista, massageando, estará usando o corpo físico como ferramenta para tecer um novo sonho e curar o espírito. São duas situações em que as ações parecem semelhantes, mas a intenção faz com que se

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diferenciem. No primeiro caso, houve uma cura corporal e no segundo, ao tecer um sonho, propiciou uma cura física e mental; provocou uma mudança espiritual que manterá o indivíduo com novas intenções e atitudes de vida, criando uma nova crença.Essa situação é eficaz e a eficácia está na capacidade de tecer sonhos do xamã e das mudanças sofridas, que manterão o indivíduo com suas novas crenças.Cremos estar ai, a diferença das duas palavras da Língua Inglesa: “cure e healing”; a primeira é a resposta de cura do massagista e a segunda, é a resposta de cura do xamã.Foram também sintetizados nos trabalhos de Max Freedom Long de maneira magistral, na Prece-Ação.A leitura atenta e livre dos Evangelhos nos mostra que esses princípios não foram ignorados por Jesus, o grande Aumakua.Para um melhor entendimento, recomendamos a leitura do livro Urban Shaman e Kahuna Healing de Serge Kahili King.Quando falamos de morte, estamos falando da vida; isso é visto de acordo com cada um e segundo sua crença..Há uma razão forte de se falar de morte, se nossas crenças nos levam à certeza de que existe algo que sobrevive à vida física; senão, porque falar de um acontecimento que finda no momento em que o cérebro deixa de funcionar? Se o sentido for esse, é melhor falarmos da vida em si, do conhecimento sobre ela e de suas finalidades, até a morte.Há razão para se falar de morte, se existe a crença de que algo sobrevive à morte física e o chamaremos de espírito, para mais fácil entendimento. Na Psicofilosofia Huna, é crença que o espírito está presente em tudo, em todos os reinos da natureza.Tudo no mundo possui Aumakua ou Kane, símbolo da máxima polaridade, sintetizado no Eu Superior. Segundo as teorias de Jung, poderíamos chamá-lo de arquétipo do deus pessoal, o que existe acompanhando-nos através das vidas.Para os kāhuna, a diferença é que só o ser humano possui uhane ou Lono, “o espírito que fala"; só o homem fala por pensamentos indutivos que propiciam a espontaneidade e a criatividade.Para os kāhuna, os espíritos são formas-pensamentos individualizadas que por manterem suas energizações conseguem a coesão que lhes dá a condição de indivíduos, quer encarnados (em Ao) ou vivendo em Po (mundo invisível). Po é um estado na multidimensionalidade do tempo.Há uma interdependência entre os três, necessária para a manutenção dessa coesão, se bem que conservem suas características próprias. A harmonia entre eles é essencial para o crescimento e a evolução, rumo ao homem trino.Como vimos, tudo está baseado numa crença que segundo a Huna é o que faz a realidade. Para se ter uma crença, é necessário que se tenha um pensamento dirigido; quando isso acontece e desaparece a dúvida, transforma-se em fé assumida (paulele); essa é uma crença que pode mudar os padrões da pessoa guiando-a para a realidade.

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Na Psicofilosofia Huna há três tipos de crenças, assim descritas:1. Fé assumida (Paulele); é a fé sem dúvidas.2. Atitude (Kuana); fé com dúvidas; são tão habituais que continuam a influenciar a experiência do cotidiano.3. Opinião (mana'o); crença facilmente mudada quando se adquire novos conhecimentos. Há mudanças quando a confiança e as idéias não se contradizem. Dessas crenças, surgem três realidades:1. Realidade subjetiva (pono'i); significa sentido pessoal do que é correto, bom, etc.2. Objetiva (oia'i'o); realidade compartilhada; significa substância. As realidades de seu meio ambiente lhe permitem respirar, comer, trabalhar, jogar e interagir com outras pessoas ou coisas.3. Projeção (maoli); não é conhecida na psicologia ocidental; começa como subjetiva transformando-se em objetiva através de projeção mental contínua; traz o desejo da condição de idéia ou imagem, para a experiência física. "Maoli". Pode também significar "estado de alegria”.Baseado nas premissas acima expostas pode-se falar do conceito de tempo em Huna; segundo os kāhuna, tempo é uma energia vibratória com múltiplas freqüências, o que possibilita a multidimensionalidade do tempo, mostrando a possibilidade das existências paralelas, em universos paralelos.O tempo presente depende dos sentidos físicos e da sensibilidade em geral. Desse conceito, concluí-se que a Psicofilosofia Huna se interessa essencialmente pelo aqui/agora e agora/aqui, campo em que atua o ser humano; o passado é então, uma lembrança e o futuro uma possibilidade; a ação passa assim, a ser fator primordial em qualquer ensinamento Huna. O conceito de reencarnação é abordado de maneira bem diferente das demais filosofias que a têm como verdade. Após a morte física, as memórias das experiências vividas pelo indivíduo são arquivadas no kino-aka do unihipili; são as responsáveis pela produção de formas-pensamentos mantenedoras da situação espiritual de cada um. O progresso se dá pela intensidade das mudanças efetuadas, fruto da análise criativa e da reflexão paralela feitas no cotidiano.De acordo com várias palavras apresentadas adiante, concluí-se que para os kāhuna, a morte não existe e é uma continuação da vida fora do tempo presente, com ações próprias desse estado, vivenciadas em dimensões e vibrações diferentes.Os kāhuna ensinam que Po é um estado e não um lugar, num tempo com vibrações diferentes de quando se está em Ao e sem as limitações causadas pela percepção sensorial corpórea. Aumakua vive em Po e está unido ao corpo por um cordão-aka, quando se está encarnado.Não tendo a morte como um fim, ela faz parte da vida e é uma necessidade do crescimento e da evolução, assim como o

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aprendizado escolar é uma necessidade na vida atual para o desenvolvimento de conhecimentos futuros.Existem dois diagramas chineses para ar. Um, do ar no sentido comum, o que leva oxigênio aos pulmões, provoca ventos e vendavais e um outro, mais complexo, que também significa ar, mas não é semelhante ao anterior; é como se englobasse o anterior, mas com uma função diferente. É a essência do ar que conduz a energia que vivifica. Sem ele, não há vida num sentido bem amplo do existir, e, sem o outro, não há vida no sentido que se tem comumente: vida fisiológica.Cremos ser esse o sentido que os kāhuna dão quando descrevem os significados de várias palavras que são traduzidas como vida, quando estão falando de morte.A palavra ola significa vida, mas num sentido amplo englobando algo mais do que o viver fisiológico e patológico, que é representado por duas palavras, ea e ha. Estão ligadas à respiração que mantém vivos os seres. Ola é o “alento” contido na respiração que surge com a primeira inspiração e vivifica o ser até seu último alento na última expiração, quando retorna para Po.A água em movimento, fluxo (wai), também simboliza vida ou energia (mana) e está em várias palavras da Língua Havaiana como em wailoa e Hawai.Do ponto de vista ocidental, é natural olhar a morte como o oposto à vida; não se pode supor que as frases havaianas para morte se referissem a uma interrupção do fluxo. Assim, a Psicofilosofia Huna considera a morte como a continuação da vida em estado e direção diferentes.Fica evidente, quando consideramos vários termos poéticos ou comuns da Língua Havaiana com significado de morte:make loa - desejo intenso por algo. Hiamoe loa - desejo por um longo sono.Ua makukoa'e'oia - vida que continua fluindo. Ala ho'i ole mai - caminho sem volta. Waiho na iwi - deixar para trás o esqueleto.Moe kau a ho'oilo - tempo de dormir para germinar (renascer). A lele nui ka mauli - o espírito (ou a vida) voou.Ha'ule - começar a fazer algo. Como vimos, as frases usadas pela Psicofilosofia Huna relacionadas com morte, têm um significado de atividade e crescimento e nunca de um fim ou estagnação; têm um sentido de vida, de ação e de impermanência na vida atual.Não aceitam o pecado como em algumas doutrinas religiosas, que pregam o pecado contra Deus, mas sim como algo que vem de dentro e cuja responsabilidade é total e exclusiva de quem o pratica. Ensinam que pode ser causado por omissão, excesso ou intenção. Colocam carma e reencarnação como conseqüência e não como causa e efeito. Não há o sentido de castigo, punição, purificação, salvação, etc. Isso mostra terem uma razão muito maior, justificando as idas e vindas entre Po e Ao, até uma conscientização total que

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levará a viver sempre em Po, "onde muitas são as moradas na casa do Pai”.Preocupados com o desenvolvimento no aqui/agora, os kāhuna não dão muita importância ao pós-vida, estando muito interessados nas experiências da vida atual. Tendo o pensamento como guia, o carma para os kāhuna está ligado à reflexão que vai conduzir o ser humano em suas ações; ela é uma condição que se adquire pelas crenças e suas modificações; é o resultado das experiências vividas e sentidas, ficando o passado como um ponto de referência quando necessário para libertação dos complexos e sem nenhuma preocupação com salvação, mas sim, com um viver feliz, o que dá uma concepção mais realista das intenções e ações, resultando numa vida mais plena, real e simples.É como se as ações vivenciadas após uma reflexão, propiciassem uma harmonização entre os espíritos, preparando-os para uma condição de vida sadia, tanto a atual como uma posterior.Passando para o estado multidimensional em Po, tem-se a oportunidade de revisões das vidas passadas, descanso e renovação de velhos conhecimentos e valores.Essas renovações darão oportunidades de mudanças das crenças e padrões, com novas reflexões, crescimento e evolução. Nos sonhos pode-se visitar Po, assim como nos estados alterados de percepção; crêem na possibilidade da comunicação entre Po e Ao (vida atual); o ser total vive nas duas condições, pois Aumakua vive permanentemente em Po e está unido ao unihipili e ao uhane e o que está envolvido, é uma alteração da percepção. A mudança das crenças pela reflexão, pode colocar-nos em contato com as vidas passadas que estão na memória do kino-aka do unihipili, de onde se pode pelos estados alterados de percepção vivenciar novamente fatos acontecidos, dando condições de transformações interiores, que serão reformulações de padrões e portanto, de vida.Isso induz a novas crenças até que se consiga uma crença assumida (paulele), que transforma as reflexões em realidades, que conduzem as ações no sentido do reto pensar, sentir e agir.Nesse conceito, os kāhuna não vêem a vida atual como resultado ou o efeito de condições de vidas anteriores; não aceitam a idéia de "débito cármico", segundo o qual, se paga ou se compensa experiências de uma vida passada. Crêem que se traz todas as experiências reencarnatórias nas memórias do unihipili, mais ou menos como dados latentes e que a vida atual é dado latente para uma vida futura. O sentido de causa e efeito não existe, mas sim o de reflexão paralela; os sistemas atuais de crenças dadas pelos kāhuna são dirigidos para quais partes da próxima vida se quer ser conscientizado. Pode-se mudar as crenças, explorando, entendendo e permitindo que o que está influenciando no aqui/agora e que tem como causas situações de vidas passadas guardadas nas memórias, sejam reformuladas, o que se faz desativando-se algumas, perdendo-

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se outras ou criando-se novas, que influenciarão na vida atual e servem de padrões para as vidas futuras.Esse conceito, só é possível, se se crê que tempo é realmente uma forma de energia vibratória com múltiplas freqüências, permitindo a multidimensionalidade e vidas simultâneas. Concluí-se, assim, que vida é uma sucessão de mortes até que não se renasça mais, sendo a morte a parte da vida, que abre as portas para novas oportunidades de crescimento e evolução.Futuramente poder-se-á interromper esse ciclo permanecendo-se no estado de Po. No ciclo de vida e morte é de onde se vem e para onde se regressa e de onde se volta, até que não mais se retorne; é onde se está e se é, em outras moradas na casa do Pai, como homem ideal, trino, sendo uno com o universo e em harmonia com o todo. Sebastião de Melo

[1] Kāhuna é o plural de kahuna em havaiano[2] Na natureza, somente o homem possui Uhane.[3] Sopro de Teave, O Poder Supremo, Ra, I’ o, etc...Nota introdutória Dos estudos de Max Freedom Long, sobre a Prece-Ação, base de todas as práticas da Psicofilosofia Huna, Dr. Sebastião de Melo, do Grupo Pirâmide de Santos desenvolveu reflexões e estudos de aprofundamento sobre o significado da Prece-Ação, sua prática e o que ela encerra, relacionando todo esse processo com os Princípios Xamânicos. Síntese aplicada dos ensinamentos de Max Freedom Long, Serge K. King e Sebastião de Melo. A seguir a íntegra do artigo Prece-Ação de Sebastião de Melo.

Descrição da Figura: 1 - Cordões da energia mana-loa[1], irradiados de Po[2].

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2 – Aumakua[3] (em amarelo) com sua mana-loa, que é composta de mana[4] transformada, recebida das fontes: unihipili[5] e Po.3 - Cordão-aka[6] carregado de mana, vinda do unihipili, conduzindo a imagem cristalizada pelo uhane[7] na formulação da Prece-Ação. Essa mana-energia é transformada pelo aumakua em mana-loa; a resposta é uma chuva de bênçãos que cai sobre quem recebe os efeitos da Prece-Ação.3A - As linhas pontilhadas são memórias vindas do unihipili e que transformadas em pensamentos vão se incorporando ao cordão-aka principal para que se consiga um só pensamento, que é o pedido feito transformado numa imagem-pensamento no agora/aqui.4 - Unihipili - sobrecarregado de mana vinda pelo cordão-aka principal, como resultado da cristalização da imagem criada pelo pensamento dirigido, na formulação da Prece-Ação. Através dele, o cordão-aka da Prece-Ação penetra no aumakua, transformando a mana-prece em mana-loa. Uma vez feita essa transformação, o aumakua enviá-la-á ao unihipili do receptor que as grava como um novo conteúdo; a resposta é o resultado do pedido de acordo com o sonho básico de vida do receptor; seus efeitos podem vir para o uhane, através do unihipili ou diretamente do aumakua e a pessoa sente, mental e fisicamente, as sensações em um estado diferente, se a prece foi atendida.5 – Os vários fios-aka surgidos dos pensamentos, durante a fase preparatória da Prece-Ação, inicialmente são tênues, e às vezes, de pouca intensidade pela falta de focalização da atenção durante o pedido. Vão se concentrando e centralizando, até se transformar em apenas um só e forte cordão-aka. Nesse momento, o uhane encerra sua função diretiva na Prece-Ação, passando ao unihipili, a responsabilidade de exercer contato com o aumakua, a fim de que se realize o desejado.No início pode ser uma opinião (mana’o), evoluindo para uma atitude (kuana), chegando-se à fé assumida sem dúvida (paulele), que conduz a uma crença inabalável. A intensidade do resultado depende de qual dessas situações é a responsável pela imagem cristalizada no agora/aqui.6 – Prece-Ação - Está na base do desenho por ser a parte inicial da Prece-Ação, quando a o uhane atua elaborando o pensamento que focalizado sem dúvida, forma a imagem cristalizada no agora/aqui, que será enviada ao unihipili. As condições primordiais para formar a figura acima é a importância que se dá ao pedido e a intenção com que é feito.A figura pode ser a forma inicial para desenvolver um entendimento sobre o funcionamento dos fundamentos teóricos da Huna[8]; é a oportunidade de desenvolver a criatividade através de uma figura que cada um vai desenvolver de acordo com seu sonho básico de vida e sentir que tudo é possível, desde que realmente se acredite no que está fazendo, e quando coloca seu potencial criativo em ação; isso pode lhe dar respostas surpreendentes, inclusive não sentir nada em relação à figura que estamos descrevendo. Pode dar a quem se

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dedica à prece-Ação uma visão de que existem várias maneiras de se fazer as coisas, e que orar é uma forte forma de transformação. De acordo com seu desenvolvimento, divide-se a Prece-Ação em quatro fases: Nas condições atuais de crescimento do sonho básico é primordial que se faça antes de iniciar propriamente a Prece-Ação, um bom relaxamento usando-se a respiração num ritmo adequado. Isso facilita a realização da primeira fase, principalmente a formação dos fios-aka, que vão surgindo e se dirigindo da periferia para o centro (veja figura acima), o que culmina com a formação do cordão-aka principal, responsável pela condução da imagem cristalizada carregada de mana em forma de energia fluidificada (segundo Max Freedom Long). Após o relaxamento, ao iniciar a Prece-Ação segue-se a seguinte ordem: a - A parte inicial efetuada pelo uhane é a formulação do pedido. Será repetido até se conseguir cristalizar no agora/aqui a imagem desejada. Essa focalização induz a um estado alterado de percepção, do qual, dependerá um resultado eficaz. O pensamento básico invocado continua focalizado durante todo o tempo da formulação da prece. b - A segunda fase deve ser iniciada após um intervalo em que se faz cerca de quatro respirações profundas, num ritmo pessoal. Caracteriza-se pela predominância do estado alterado de percepção; aos poucos o unihipili passa a comandar a situação e a focalização se transforma de consciente em subconsciente, não mais havendo a interferência do uhane. A partir desse instante a emissão dos sons vindos de palavras adequadas à situação sustenta a continuidade da Prece-Ação, favorecendo o contato do unihipili com o aumakua.Pronunciam-se palavras cujos sons impressionem o unihipili, que grava o pedido pelos símbolos que elas representam nas diversas fases da prece. A focalização, que agora é fruto de uma percepção subconsciente, se mantém pela audição do som transmitido pelas palavras, que são repetidas quatro vezes, num ritual que com o tempo torna-se fácil e acaba com as dúvidas e dispersões.Algumas palavras requerem respiração adequada, para que se atinja os objetivos desejados, dentre eles, uma maior sobrecarga de mana pelo unihipili, o que ajuda a preparar as energias que conduzirão ao aumakua, a imagem cristalizada. A palavra Ha[9] sempre é acompanhada de uma respiração profunda e completa tanto na Prece-Ação, como em qualquer outra situação, assim como em outras palavras ou frases que contenham o Ha, como em “Ho’o i Ha i Ha”[10].Outras palavras são facilitadoras da comunicação entre unihipili e aumakua, na transmissão da energia que circula no cordão-aka de

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ligação, o prolongamento do kino-aka[11] do unihipili do transmissor para o receptor. Quanto mais intenso for o relaxamento, mais facilidade haverá para que se mantenha um profundo estado alterado de percepção, dificultando a interferência do uhane, que sempre é dispersivo.Para que tudo aconteça, a imagem cristalizada deverá estar memorizada no unihipili do transmissor, que se encarregará da ligação com aumakua, para se atingir a cura.Uma vez de posse da imagem, o aumakua a conduzirá; este é o objetivo da Prece-Ação. A segunda fase compõe-se de quatro partes pertencentes ao unihipili, e a última está ligada também ao aumakua.c - Numa terceira fase, propriedade do aumakua, a ligação com o unihipili permanece, e dá continuidade à prece; estabelece-se contato com o unihipili e o aumakua do receptor, e a imagem cristalizada é conduzida e transformada em fluxo de mana-loa, pelo aumakua.A fé do transmissor, ao aceitar tudo que acontece sem nenhuma dúvida, propicia sua permanência no estado alterado de percepção, facilitando a ação do aumakua de ambos.A fé do receptor contribui para que o uhane se conscientize da situação e possa agradecer os bons resultados, sentindo a mudança e a cura, o motivo real da Prece-Ação. Isso também pode se conseguir sem que o receptor tenha fé, e mesmo quando não tem conhecimento do que está sendo feito.d - Numa quarta fase, os aumakuas do transmissor e do receptor atuam, distribuindo a chuva de bênçãos, com a ajuda de outros aumakuas (Poe aumakua[12] - assembléia de aumakuas). É um estado de Aloha[13], um dos Princípios do xamanismo havaiano. Termina-se a Prece-Ação com um agradecimento, geralmente usando-se a palavra havaiana amama[14], que significa “assim seja, muito obrigado, etc”.A Prece-Ação pode ser feita por uma só pessoa ou por um grupo. Após a prece, faz-se uma recarga de mana, voltando-se a respirar lentamente por algumas vezes, como foi feito no início da fase “b”, para se evitar um desgaste físico. A Prece-Ação está concretizada e seus efeitos são o resultado da fase inicial; se houve na formulação da prece, uma fé sem dúvida (paulele)[15], a prece terá pleno êxito, e, se não houver, o resultado virá de acordo com a intensidade do cordão-aka principal e da imagem cristalizada. A falta de resultado é conseqüência da não formação do cordão-aka principal, quando a crença não foi suficiente para se atingir um pensamento único dirigido, que saísse da dispersão das idéias, para a atenção focalizada, que leva à concentração e ao sentir do Princípio Ike[16]. Essa é uma das razões pela qual se deve fazer sempre a Prece-Ação, visando um único objetivo, isto é, formular um só pedido para cada Prece-Ação, a não ser, nos casos especiais de cura telepática à distância. Deve-se evitar fazer uma segunda prece, logo em seguida à primeira.

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Considerações:

O que verdadeiramente se chama de mudança ou transformação é a quebra de conceitos, valores éticos e morais, modificando ou perdendo padrões, o que acontece com a reformulação das memórias que dá a oportunidade de se descobrir uma nova forma de sentir, pensar, agir e sonhar. A mudança é fruto da descoberta de novos padrões, que de agora em diante vão orientar o indivíduo em suas ações, criando novos comportamentos, retirando de sua memória genética programada e aprendida as situações trazidas, as quais, agora, experienciadas de forma diferente, vão desativar ou fazer desaparecer cordões-aka que transportavam lembranças que provocavam as desarmonias, causas de doenças e situações mentais prejudiciais. Cria novos cordões ou acrescenta aos antigos agora reformulados, novos padrões formados de novos valores e lembranças modificadas, interpretadas de modo diferente por uma análise criativa e algumas vezes pela reflexão paralela. Tudo isso é possível, por crermos que a vida atual é um “sonho básico” e que podemos acrescentar novos sonhos a esse sonho básico, a ponto de se ter condições de sonhar através de novos valores e padrões. Pode-se conseguir essa transformação por meio da Prece-Ação contínua, quando ela já é parte integrante de nossas vivências e já se está tão familiarizado com ela, que não mais existe qualquer dúvida sobre seus resultados. Os padrões comuns que se traz no sonho básico de vida estão dirigidos no sentido do pensar para sentir, o que resulta em analisar criticamente as situações surgidas procurando-se entendê-las sempre com os mesmos conceitos e valores; enriquecendo-se esses padrões, adquire-se mais conhecimentos, os quais são introjetados, através da função intelectual.Simbolicamente, estamos dizendo que está se preparando um novo sonho básico, para uma outra vida, baseado no acréscimo de conhecimentos, sentimentos e vivências emocionais, dentro dos mesmos padrões da memória genética programada e aprendida; isso não é mudança e sim, a soma de novos pensamentos, idéias, imaginações, conhecimentos e desenvolvimento de valores, que farão crescer os padrões do sonho básico de vida, mantendo e desenvolvendo a conserva cultural, com o enriquecimento intelectual. O padrão atual estruturado no aqui/agora, Padrão A[17], atende ao sonho básico de vida e pode ser expresso da seguinte maneira: Pensar sentir agir analisar adquirir conhecimento e memorizar. Para isso, a interpretação é feita por análise crítica, com as pesquisas e julgamentos que tendem a acompanhar a ciência clássica com seus dogmas, e segue os ditames do intelecto.A mudança de padrão requer reformulação, que surge do fator espontaneidade que promove a criatividade, quando a vontade é

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impulsionada por uma nova linguagem, a da intuição[18]. Intuição é um processo diferente; é uma percepção inconsciente que começa e termina na alma; é a linguagem que traz a realidade para a imagem manifestada; abrange a situação em sua totalidade, desde o momento em que surge a criatividade, até a resolução, que é o aparecimento do fato de maneira diferente, reformulado num só e instantâneo ato, por ação harmônica dos três eus. A experiência mostra que, aos poucos, vai-se buscando nas memórias do sonho básico de vida, as imagens gravadas que serão conduzidas pelos cordões-aka e transformadas em pensamentos advindos de um sentir harmonizado pela ação do aumakua, que derrama suas bênçãos; cria assim um novo padrão adquirido pelas experiências do aqui/agora e que permite penetrar no agora/aqui e vivenciar as ações, num novo sonhar que desenvolve um novo viver. Isso tudo se dá no presente, único tempo que existe e é na vivência deste aqui/agora e agora/aqui, que acontecem as ações.A Prece-Ação é possivelmente, o modo mais prático e rápido de se conseguir essas reformulações e transformações, pois ela desperta a vontade firme de se permanecer num crescimento contínuo, sendo o possível início de um novo caminho que conduz ao crescimento espiritual que é a fase de preparação para a evolução.Passa-se do critério analítico crítico para o da análise criativa e uma nova avaliação; da solução pelo pensamento, para a solução pela reflexão, fruto da inspiração e da intuição, mãe da compreensão, antítese do julgamento.A forma de vivência agora é: Sentir pensar avaliar refletir

agir compreender adquirir conhecimentos de maneira reformulada e memorizá-los, desativando memórias de fixações e fazendo desaparecer memórias que não mais têm razão de continuar nos futuros sonhos básicos de outras vidas. Assim, está se diferenciando o conteúdo dos valores do atual sonho básico de vida que passa a jorrar com mais facilidade para dentro da viagem desta vida, que está reformulada pelos novos padrões (Padrão A1/A)[19], desenvolvendo e crescendo esse novo ser. O resultado é a possibilidade de se começar a fazer a reflexão paralela, quando se pode retirar do conhecimento do sonho básico atual, dados que permitirão aumentar um novo sonhar, um novo sentir e uma nova imaginação, ideação e pensamentos no aqui/agora; assim cresce em harmonia e tranqüilidade, criando oportunidade para que se sinta e compreenda os Sete Princípios Básicos do Xamanismo Havaiano, parte prática da Psicofilosofia Huna. Passa-se a viver na bênção de Aloha, quando se torna possível a integral comunicação pela Prece-Ação. Agora são preces com um sentido de verdadeiras revelações divinas vindas de um aumakua que está conduzindo de volta ao seio da teia-aka[20], a pessoa que ilusoriamente se sentia afastada dela.Em princípio, acredita-se que esse padrão básico reformulado que modificará o viver, existe na memória genética programada em estado potencial, razão porque se torna possível seu aparecimento e desenvolvimento. Se “a vida é um sonho”, essa é a oportunidade de

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começar a sonhar de maneira diferente, desenvolvendo o padrão emergente. O verde na figura da prece-ação simboliza o “Princípio Aloha”, indicando que é uma bênção criada, com condições para receber os benefícios da Prece-Ação, que ajudou a despertar e visualizar esse potencial divino que existe dentro de cada ser.Geralmente, se tem dificuldade na elaboração e concretização da Prece-Ação por faltarem determinados requisitos, sem os quais, não se consegue o resultado desejado. O resultado depende de como se formula a prece, propriedade do uhane, responsável pelo pensamento elaborado, e pela intensidade do mesmo, de acordo com a atenção focalizada, para a formação da imagem cristalizada que será enviada ao receptor.Inicialmente, é comum a dispersão do pensamento, não se conseguindo um grau de concentração compatível com as necessidades, por surgirem simultaneamente vários pensamentos, por mais que se esforce para que isso não aconteça. Com a persistência, pode-se atingir um grau de focalização tal, que permita chegar-se a um único pensamento, ocasião em que toda ação do uhane está realmente dirigida para a prece; é o pensamento que conduz à fé assumida (paulele) para o unihipili e que cria uma crença sem dúvida, que nada mais é do que um pensamento único, intenso e focalizado num só sentido. A repetição desta formulação faz com que se firme o pensamento, até se conseguir cristalizar a imagem, que passa a ser uma realidade no agora/aqui. Em tal condição, surge um estado alterado de percepção que permite a prática de um ato de fé.O que provocaria essa dificuldade, que faz com que não se consiga o resultado esperado, apesar de todos os conhecimentos que se possa ter sobre o assunto? Em nosso artigo “Aqui/Agora e Agora/Aqui”, procuramos mostrar a diferença existente entre essas duas situações ligadas ao espaço/tempo. Lembrem-se de que o cunho prático do que formulamos no artigo, é a necessidade de reformulações internas, algo que dê condições de realmente se crer no que se está pensando e falando, quando se elabora a Prece-Ação.Quando se faz um pedido nas preces, ele sempre é fruto de uma necessidade, quer esteja diretamente ligada a nós ou a quem se deseja um bem e que seja importante para nós; se assim não for é difícil uma motivação para se conseguir um grau de focalização da atenção, que leve à cristalização do pensamento e formação de imagens no agora/aqui. Se o pedido se refere à cura de uma doença, é verdadeiramente difícil de pensar no portador da doença como uma pessoa que esteja bem, física, mental e espiritualmente, no mesmo instante em que se está pedindo sua cura, por ele estar doente.Isso parece ser uma situação paradoxal: É pensar desejando-se algo positivamente, ao mesmo tempo em que se afirma que esse desejo já é um ato consumado; isto é, a pessoa por quem se está orando, já está curada. Como podem duas situações estar acontecendo, ao mesmo tempo e no mesmo espaço/tempo? Como pode alguém estar doente e ao mesmo tempo, afirmar-se que está sadio? Parece

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contraditória a situação, quando se usa a maneira comum de raciocinar e pensar; em relação a tempo e espaço. Em Huna só se pensa no presente e o aqui/agora e o agora/aqui formam o presente, por estar no mesmo espaço/tempo. Fazemos essa separação por pensar geralmente que o passado é uma realidade, assim como o futuro, quando o passado não passa de uma simples lembrança e o futuro uma possibilidade, não sendo assim, realidades. Contradição existe por se estar no primeiro nível do pensamento humano, onde se atua com o sonho básico de vida (definição Huna para vida), que é o sonho responsável pela vida atual geneticamente programada. Muitas vezes, conseguem-se bons resultados nas preces, mesmo sem a fé sem dúvidas (paulele) e a convicção de só existir o presente, principalmente, quando é o sofrimento que leva à prece, quando a situação é muito intensa e sumamente angustiante o que forçosamente provoca uma fé que desperta uma crença. Nessas situações, o sentimento e a sensação de dor falam mais alto que qualquer raciocínio ou teoria, até que se consiga ficar livre daquilo que está molestando. Quando se volta à rotina da vida, desvaloriza-se o acontecido e busca-se novos pensamentos que justifiquem o que se conseguiu na Prece-Ação, com explicações racionais ou pelas buscas científicas. Tudo é muito lógico e explicável, até que outra nova e semelhante situação surja; aí, apela-se novamente para qualquer tipo de fé, mas geralmente, não mais se consegue resultados semelhantes ao anterior, por já estar gravado na memória, dúvidas, que muitas vezes, reforçam os comportamentos antigos, conservando princípios, valores, conceitos éticos, religiosos e morais, que não permitem as mudanças necessárias para a cura. Busca-se então, na adaptação social, na conformação com o sofrimento, uma tranqüilidade para as vivências, enriquecendo os antigos padrões, que são os modelos vigentes nessa viagem da vida, impedindo assim, as transformações reais que conduzem às perdas das ilusões transitórias das manifestações da vida.Nessas situações é comum filiar-se a alguma doutrina religiosa, que não exija realmente mudanças internas profundas, mas ações filantrópicas constantes, na tentativa de diminuir as culpas e medos, o que se faz como agradecimento pelo milagre conseguido ou a se conseguir. Isso é crescimento, mas não mudança.O amor, no sentido do Princípio Aloha é o desapego, tônica das mudanças, que não só age no comportamento, como ainda conduz para o caminho da interiorização, modificando o pensar, percebendo os defeitos e mostrando as culpas e medos que bloqueiam as ações para os atos reais da vida. Essa percepção favorece a Prece-Ação, proporcionando resultados efetivos, aumentando a crença e contribuindo para o desenvolvimento das práticas ensinadas pelos “princípios xamânicos havaianos”.A análise leva ao sentimento de se estar livre das “tentações e dos demônios”, mas as ações mostram que continuar cometendo erros semelhantes aos anteriormente praticados, conduz à dúvida, com a sensação de que nada melhorou e que não houve crescimento. Isso, no entanto, não quer dizer que as reformulações não estejam

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ocorrendo e não deve servir de motivo para o desânimo e a inércia que nos faz permanecer nos padrões vigentes. Deve ser um incentivo para a prática de mais ações que ajudem a continuar caminhando rumo à meta principal da vida, até se conseguir a reflexão que conduz à aquisição da fé sem dúvida, que auxilia na mudança do pensar, agir e sentir. Apesar de persistirem falhas, devemos insistir no desejo de reformulações, praticando ações, memorizando novas lembranças e modificando outras, atuando com julgamentos menos severos, diminuindo culpas, fugindo das preocupações do imediatismo de nossa cultura, que busca resultados no aqui/agora e neste instante. Esse é um dos pontos que parece tornar contraditória e difícil a realização da Prece-Ação.O que fazer para não se ficar sem ação e longe das mudanças interiores? Deve-se procurar algum sistema de ensino que mostre como se pode mudar e que satisfaça com explicações os novos conhecimentos? Isso facilita as transformações pelas ações, perdendo-se as fixações, que se traz geneticamente e as que se cria no aprendizado da vida, impedindo o crescimento? É possível que se consiga dessa forma, um conhecimento que conduza a uma crença que contribua para o desenvolvimento e faça sentir o valor da oração, como fator de transformação interior, facilitando o crescimento e posteriormente a evolução? A explicação que encontramos para a Prece-Ação está na crença de existir um agora/aqui, onde e quando tudo acontece simultaneamente com o aqui/agora, usando-se os conceitos Huna de tempo e espaço simultâneos, para se conseguir situar no presente, onde tudo o que acontece é fruto das ações. Não é um jogo de palavras, mas algo para se pensar com mais profundidade.O agora/aqui está fora da percepção sensorial, que capta as sensações e estímulos do tempo presente, dando a percepção consciente, mas não a do futuro próximo, que é simultâneo com o presente; no entanto, depende de uma outra percepção, a intuição; ela faz parte do subconsciente; é outro tipo de percepção que desperta novas maneiras de pensar e sentir; é uma outra linguagem que procede do aumakua mostrando em frações de segundos, às vezes, situações vividas ou que podem ser vividas, o que provoca mudanças de valores e padrões. Está numa freqüência vibratória temporal de outro teor, que só se consegue perceber nos estados alterados de percepção e às vezes, de consciência, ou pela intuição (percepção subconsciente), quando entra em ação a essência do unihipili e não sua imagem corporal – kino -, seu modelo físico, projetado geneticamente para essa viagem como um sonho básico de vida.O agora/aqui está em Po, fazendo parte do invisível que há em nós e no todo. Está em Po a essência dos três espíritos o que permite o acesso direto às informações gravadas nas memórias genéticas programadas e aprendidas[21].Quando se ouve uma música, inicialmente concentra-se na melodia e/ou na letra ou no som dos instrumentos, com seus tons característicos. O pensamento vai tomando formas que penetram em

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nós, até que em determinado instante, perde-se a concentração na música e passa-se a um estado em que se sente mais do que observa, quando está envolvido e enlevado pela “situação musical”; ela conduz à essência da música, por já estar em um estado alterado de percepção; isso permite até sentir-se como sendo a própria música. Nesse estado, a percepção sensorial é acrescida e envolvida por outra extra-sensorial (no sentido de maior profundidade interior), quando surgem as imagens que vão se desenvolvendo, cristalizando e elevando as vibrações para espaços/tempos diferentes dos comumente percebidos pelos sentidos corporais. Essa situação traz paz, aquietação e tranqüilidade, ou emoções outras, bem diferentes, de acordo com a música que se está ouvindo e sendo penetrado por ela, o que conduz às mais variadas e diversas sensações, emoções e novos comportamentos, tanto individuais como coletivos.Enlevado pela música, pode-se penetrar no agora/aqui, transformando-o em um aqui/agora diferente e modificado pelas sensações sentidas por rápidos instantes, que são verdadeiras revelações que transformam e curam ou fazem surgir novas sensações e emoções, aumentando seu valor no aqui/agora. As sensações, no primeiro caso, são feitas de fé com Mana pura, vinda do Poder Divino, que está em cada um e pode ser despertado a qualquer instante, desde que se determine com certeza (paulele) que acontecerão, pois sente e presencia um “momento” (insight). Essa percepção pode ser conseguida com treino e persistência através da Prece-Ação; são ações harmônicas do ser em estado de Aloha, em Manawa[22] dando a medida da eficácia de Pono.A Prece-Ação é um estado de graça obtido pela harmonia e alinhamento dos três eus, no ser trino futuro, despertado no momento da percepção do agora/aqui.São às vezes, milésimos de segundos, cujas situações e condições de vivência provocam mudanças, com a “permissão” do Princípio Mana. São as ocasiões em que se cura os outros e conseqüentemente se auto-cura e juntos, curam o mundo.Nesse novo aqui/agora surgido, houve regeneração, seja no sentido físico, econômico, mental, afetivo e principalmente religioso, o que dá uma percepção diferente das anteriores, facilitando Makia (a energia segue o fluxo do pensamento).A experiência da percepção do agora/aqui é pessoal e suas conseqüências só podem ser medidas por aquele que as vivenciou. Ela forma seu mais novo aqui/agora e pode propiciar mudanças profundas e duradouras no indivíduo. A fé sem dúvidas (paulele), produz a crença com pensamento que é a porta de entrada do agora/aqui, por ser energia e poder divinos canalizados numa ação transformadora e benéfica. Como se é penetrado pela música que leva ao agora/aqui, assim também, pode-se ser penetrado pelo pensamento formulado na Prece-Ação, quando se deixa conduzir para o agora/aqui da prece. Isso é ação divina dentro de cada um; é o que Jesus possivelmente quis dizer na frase: - “Eu e o Pai somos Um, assim como vocês e Eu também poderemos ser um”. É a permissão para visão clara, talento de

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Ike, na presença, talento de Manawa, que é esclarecimento[23], talento de Kala[24]. É na compreensão da mitologia, que se consegue perceber com mais facilidade como penetrar no agora/aqui, dando a oportunidade de se viver em Po, estando no aqui/agora que é Ao[25], desde que se permita ser conduzido para estados alterados de percepção e consciência, onde o pensamento não é mais ideação e raciocínio colhidos da percepção dos sentidos corporais, mas percepção intuitiva, vinda da essência do unihipili e aumakua que estão em Po. Na Prece-Ação só se consegue a satisfação de um desejo formulado, quando o pensamento dirigido que engloba esse desejo, não estiver mais sendo pensado no aqui/agora.O presente do aqui/agora é concreto e formado pela “conserva cultural”[26] (todo o conhecimento do passado até o presente), que impede muitas vezes as mudanças necessárias para o crescimento individual, dentro de um novo contexto social e atrapalha o desenvolvimento da Prece-Ação; bloqueia intelectualmente a espontaneidade que estimula a focalização, fator criador da imagem desejada. O ser humano é mantido em Ao no aqui/agora, pela conserva cultural, impedindo que se vivencie naturalmente estados alterados de percepção que conduzam a novas vivências de uma realidade diferente, no invisível Po, onde está realmente o centro da consciência.O presente do agora/aqui é sonho de uma situação invisível e conduz a uma nova vida, reformulada por pensamentos vindos de sensações captadas por percepções intuitivas; estão fora dos sentidos corporais e recebemos e sentimos, quando nos entregamos integralmente ao formulado como desejo, o qual está carregado de mana, que o cristaliza e transforma em realidade, como fruto da Prece-Ação. São captadas pela percepção da essência do unihipili e aumakua, que estão em Po, como dissemos acima. Quando se consegue sentir e pensar, focalizado no agora/aqui, já se está pronto para receber as bênçãos da Prece-Ação, num estado de Aloha e haverá a transmissão ao receptor. Nessa situação, deixa de haver condição paradoxal na formulação da prece-ação, pois se está focalizado no agora/aqui do pedido, que é um fato novo acontecendo no agora/aqui, sob os auspícios do aumakua, que transforma a situação existente em aqui/agora nascente.É como pensar que o futuro “agora” está acontecendo sobre um presente “aqui” que deixou de ser realidade, por já pertencer ao “passado” que é uma lembrança e por isso, não tem mais ação, sendo o mais novo fato da conserva cultural e o mais recente aqui/agora da pessoa; é um novo Ike. A inclusão dessa descrição nesse artigo tem a finalidade de provocar pensamentos novos que possam conduzir à reavaliação de valores e conceitos, adquirindo-se novos padrões que ajudem a chegar a uma maior compreensão de si mesmo, trazendo mais tranqüilidade e paz à vida de cada um; essa é a razão de repetirmos alguns conceitos e sugestões neste artigo. Tudo se resume em aceitar que “o mundo é aquilo que você pensa que ele é” – Ike -, com a fé de que seu poder é ilimitado – Kala -,

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sabendo-se que o fluxo da energia segue o curso do pensamento - Makia (3º Princípio: A energia segue o fluxo do pensamento) -, por ser o seu momento de poder aqui/agora – Manawa -, o que contribui para o despertar de – Aloha -, bênção da vivê;ncia do amor compartilhado, o que se tornou possível pela permissão (atributo ou talento do Princípio Mana) que é dada pelo Princípio – Mana (6º Princípio:Todo poder vem de dentro), - que com sua energia divina conscientiza a realidade pela percepção intuitiva, que pode transformar todos os seres humanos em tecelões de sonhos de novos sonhares, com a capacidade de buscar e realizar ações, compreendendo que só a medida da verdade pela eficácia, Princípio Pono, oferece mudanças verdadeiras, conscientizando a todos de que não há mais separação nem individualidade, mas integração na rede universal, a teia-aka da Psicofilosofia Huna, no retorno à condição de Crianças de Tane, agora repletas de experiências. Sebastião de Melo

[1] Mana-loa - Energia do Aumakua.[2] Po – mundo invisível celestial e espiritual.[3] Aumakua – Eu Superior, assemelha-se ao superconsciente da Psicologia.[4] Mana – Energia vital.[5] Unihipili – Eu básico, assemelha-se ao subconsciente da Psicologia. [6] Cordão-aka – Condutor de mana.[7] Uhane – Eu médio; o espírito que pensa e fala; assemelha-se ao consciente da Psicologia.[8] Huna – Psicofilosofia transmitida pelos mestres kahunas. Significa “o segredo”. [9] Ha – Respiração, vida pela respiração, nº 4 em havaiano. Quatro também é o símbolo daTerra. Nba Prece-Ação é a sobrecarga de mana para o transmissor.[10] Ho’o i Ha i Ha – Na Prece-Ação é o envio de Cordões-aka pelo unihipili para o Aumakua. [11] Kino-Aka – Corpo etérico, invisível de cada espírito do ser humano.[12] Poe Aumakua – Assembléia de Aumakuas.[13] Aloha – 5º Princípio do Xamanismo Havaiano: “AMAR É COMPORTILHAR COM....”. Saudação de boas vindas.[14] Amama – Agradecimento: Muito obrigado, assim seja, etc....[15] Paulele - Fé sem dúvida.[16] Ike – 1º Princípio do Xamanismo Havaiano: “O mundo é o que eu penso que ele é”. Cada instante vivido é um ike.

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[17] Padrão A – Primeiro padrão do sonho básico de vida que tem como linguagem a análise crítica. Vide artigo “Padrões e seu desenvolvimento” do mesmo autor[18] Intuição – Linguagem inconsciente e real que começa e termina na alma no momento que surgiu. É o que em psicologia poderíamos chamar de “insight”.[19] Padrão A1/A – Segundo padrão do sonho básico de vida após seu desenvolvimento pelas experiências, o que contribui para seu crescimento espiritual. A linguagem passa de análise crítica, para análise criativa.[20] Teia-Aka – O universo em seu todo, sem separações.[21]Memórias genéticas programadas – Formam-se em Po constituindo o sonho básico de vida da próxima reencarnação. Memórias aprendidas ou experienciais - Memórias formadas pelas ações físicas e mentais do dia a dia na atual vida.[22] Manawa – 4º Princípio do Xamanismo Havaiano: “Seu momento de poder é agora”.[23] Esclarecimento – Atributo ou talento do segundo Princípio do Xamanismo Havaiano.[24] Kala – 2º Princípio - Não há limites.[25] Ao – O mundo terrestre; mundo das manifestações.[26] Conserva cultural – Todo conhecimento humano até o aqui/agora atual. Termo empregado por Moreno em Psicodrama e sociometria.Padrões e seu DesenvolvimentoA psicofilosofia Huna é o método de ensino que desenvolve as verdades ensinadas pelos mestres kahunas através dos tempos, desde as remotas épocas do continente de Mu.

Transmitida oralmente de geração para geração, mostra conceitos diferentes e desconhecidas das várias correntes da psicologia tida como ramo da ciência. Filosoficamente, os critérios do pensar não se identificam com os aprendidos na cultura ocidental, ao se adquirir conhecimentos em geral.

No desenvolvimento do indivíduo, a personalidade é formada pelos padrões vindos da “conserva cultural”; estão contidos na memória genética programada (propriedade do unihipili), que se manifestam pelo aprendizado, na vivência das experiências do cotidiano. Formam assim, a memória aprendida que será acrescida à memória genética programada do unihipili.

A soma dessas memórias traça a conduta no desenrolar da vida, geralmente sem se ter percepção total do que realmente está acontecendo pelas atitudes e ações. Somente o uhane, pela imaginação, ideação, pensamentos e palavra é capaz de perceber e formular novos critérios, usando as memórias fornecidas pelo unihipili; assim, os dois sob a proteção de aumakua marcam a trajetória do “sonho básico de vida” (um dos critérios Huna para definir vida).

Deve-se estar sempre atento ao desenvolvimento e crescimento do sonho básico de vida pela reformulação das memórias. Estas acontecem quando prevalecem as ações que dinamizam os padrões

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herdados da “conserva cultural” adquirida nas diversas vidas anteriores, fornecidas pelas marcas mnêmicas, geradoras das memórias genéticas programadas no preparo do sonho básico de vida em Po.

A ilusão dada pelos conceitos puramente intelectuais, manifesta-se nas várias maneiras existentes de se adquirir conhecimento e impede a mudança dos padrões antigos vigentes trazidos para a vivência do aqui/agora, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, científico e de religiosidade existentes. Isso contribui para um crescimento espiritual baseado nos mesmos padrões do sonho básico, mas não contribui para a evolução do espírito, o que acontece nas mudanças reais.

Nossa percepção está limitada à sensibilidade dos sentidos corporais, que nada mais é do que a maneira do uhane captar as imagens manifestadas no ambiente, desenvolvendo o sonho básico de vida, apanágio da memória genética programada, propiciadora das memórias aprendidas.

São imagens que refletem a realidade que é invisível. Essa realidade, somente é percebida por aqueles que mudaram seus padrões, como resultado de alterações dos valores, levando à aquisição de novos paradigmas, que dão outras formas de se adquirir conhecimentos, possibilitando a diferenciação entre imagem e realidade.

Essa é uma propriedade daqueles que, com novos “pensares”, modificam a dinâmica das sociedades, transformando os padrões culturais e então, a humanidade evolui. Fala-se muito de inconsciente, mas não lhe é dado o real valor de sua atuação nos pensamentos e ações.

É o intelecto, o responsável pela produção das manifestações em geral, desde a imaginação, ideações, pensamentos, fatos, pesquisas científicas e outras. No entanto, nunca se atribui ao intelecto (uhane) uma condição que lhe é peculiar e constante e que conduz muitas vezes a resultados diferentes dos desejados; ele é dispersivo por estar voltado para o exterior, prejudicando uma focalização mais profunda na busca do ser interior como um todo. Fica preso às condições externas ambientais, como as sociais, culturais e científicas. O resultado depende de mudanças na percepção do uhane.

Em termos Huna estamos falando de uhane, unihipili e aumakua, os três aspectos ou espíritos que formam juntamente com o corpo físico (kino), o ser que atua, desenvolve e cresce, evoluindo rumo a Deus (Tane), o Pai que está nos céus (Reva) e em tudo (Teia-Aka). Essa é a razão da existência do ser humano.

Partimos de uma definição diferente de vida: “Vida é uma sucessão de mortes, até que não se renasça mais”, quando termina o ciclo do nascer e morrer. Resumindo, pode-se dizer que a “vida é um sonho básico” estruturado antes do nascer, e cuja razão de existir é o crescimento e amadurecimento, que contribui para a aquisição de novos sonhos dentro dos padrões trazidos na memória genética programada e pela formação das memórias aprendidas nas

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experiências. O indivíduo é então conduzido ao crescimento e à evolução espiritual, atingindo o estado de aumakua, pela mudança de padrões em um novo nível (B).

Após passar pela análise critica, as memórias podem ser reformuladas conduzindo-nos primeiramente a nós mesmos, para depois, mais tarde, após uma mesclagem de novos meios de percepção, chegar-se à individuação (auto-realização pela análise). Mudam-se pensamentos e ações e reformula-se ou perde-se memórias antigas adquirindo novas.

Assim, começa-se a vislumbrar novas formas de viver dentro dessa grande rede que é a humanidade, parte do todo (Teia-Aka). Surge então, uma nova maneira de analisar; é a análise criativa, que conduz ao abandono da análise crítica.

No desenvolvimento, a grande ilusão é adquirir novos conhecimentos que vão sendo memorizados, mas sem mudanças da percepção e dos valores. Isso impede que se vislumbre o surgimento de novas idéias que fazem aparecer novos pensamentos questionadores, criando a possibilidade da formação de novos padrões.

O grande empecilho está no uhane (consciente), e não no unihipili (subconsciente) que só registra as sensações, pensamentos, sentimentos e conceitos fornecidos pelo uhane transformando-os em memórias. O unihipili somente devolve ao uhane sob forma de lembranças, o conteúdo de suas memórias, que propiciam os pensamentos das ações antigas e a formação das novas.

Assim, somos conduzidos pelas emoções criadas no aqui/agora, ficando impregnados de conhecimentos e formas-pensamentos de fixação que só aumentam a intelectualização, conservando, no entanto, os antigos valores e padrões. Não somos contra o pensamento racional e muito menos contra a intelectualização, mas nosso alerta é no sentido de que eles devem ser nosso servidor e não o nosso senhor e condutor.

A Psicofilosofia Huna define a vida atual como: “vida é um sonho básico”, conforme vimos anteriormente. Ao nascermos, saímos da vida fetal pela morte do feto, que chegou à velhice; pelo nascimento, o nascituro vai desenvolvendo o sonho básico de vida, sendo sustentado pela estrutura genética programada.

Ela é responsável direta pela manutenção da espécie e do ser em especial, por seus instintos como animal e por uma programação espiritual, própria de cada um, o que nos leva à conclusão de que deve ser e estar no DNA, toda a programação desse sonho básico de vida. Ele sofre transformações de acordo com o nível de crescimento e evolução de cada indivíduo, o que propicia em outras reencarnações, novos DNAs.

Traz suas características impressas na memória genética programada, base do aprendizado, que contribui para a formação da memória experiencial ou aprendida, estando tudo na dependência do corpo (kino), onde estão guardadas as características do DNA, criado pelas memórias genéticas programadas. Elas trazem também as potencialidades que permitem as transformações e as mudanças, de

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acordo com o crescimento ou evolução de cada ser e da espécie em geral. Cremos que o DNA não só traz as situações físicas do ser, como também as características espirituais com as possíveis mudanças do sonho básico, propiciando um crescimento e uma possível evolução do ser.

Quando falamos de genética programada, não estamos nos referindo ao que herdamos dos pais e parentes, mas de como foi preparada pelo próprio indivíduo em Po, através das marcas mnêmicas. Inclui-se ai, toda a rede sociométrica, o aspecto corporal, formando desse modo o sonho básico de vida. O fruto dessa viagem da vida será a base para a preparação de sua próxima reencarnação, e visará modificações desse sonho básico vivenciado, quando as ações experienciadas em toda a trajetória da vida anterior foram realizadas.

As ações acontecem nos ambientes em que se vive, formando seu “lócus” e sua rede sociométrica, parte dessa enorme rede infinita, (Teia-Aka). Os pontos mais próximos dessa teia onde se desenvolve o indivíduo sofrem reações, que facultam o desenvolvimento do que está latente na memória genética programada de cada ser.

Isso se dá através dos cordões-aka ativados pela genética programada individual e da rede sociométrica, que atua inconscientemente por reflexos ou estímulos, desencadeando primeiramente as ações próprias da fisiologia de cada ser, obedecendo às leis da mesma e da rede sociométrica.

A fisiologia é desenvolvida no corpo que lhe dá uma estrutura celular, representada pelo sonho básico de vida de cada um; é dinamizada pelos músculos lisos e constitui as funções instintivas e orgânicas próprias de todo animal, e, no caso, a do homem, de acordo com suas necessidades de crescimento e evolução, obedecendo as características individuais gravadas no DNA.

No desenvolvimento das figuras geométricas, usaremos livremente o conhecimento sobre diversos assuntos e teorias, na crença de que elas são vislumbres da psicofilosofia Huna, captados por pioneiros encarregados de preparar o caminho futuro, desse antigo e fabuloso conhecimento.

A divisão em Padrão A e A1/A (Nível 1) e Padrão B (Nível 2), torna mais compreensível o assunto, ficando mais fácil seu aprendizado.

Como vimos, podemos entender esses mistérios de uma nova maneira, com pensamentos mais simples, e, assim, continuar a vivenciar e desenvolver ações nos três padrões, conforme a evolução de cada um, estando bem definidos e caracterizados em Huna: pelo conhecimento que se tem do unihipili (Padrões A, A1/A e B), através de sua memória, do uhane (Padrão A, A1/A e B) pela percepção e do aumakua (Padrão A, A1/A e B) através da intuição, que é a percepção divina, propriedade das “Crianças de Tane”.

Ao se atingir o Padrão B, o ser humano está praticamente desligado dos antigos padrões e do sonho básico, que inserido no Padrão A serve como simples referencial, para se manter corporalmente no aqui/agora e ajudar os que estão na vivência dos

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Padrões A e A1/A. Há uma compreensão maior e o relacionamento é compartilhado, por viver em estado de Aloha.

A vivência nesses dois primeiros padrões, ligada à ação e aos pensamentos analíticos, aos poucos transforma o sentido de apego e posse, até que desapareçam e o ser se torne realmente um “transeunte”. É a condição ideal do homem, quando o sonhar dos novos sonhos está interligado à rede sociométrica, e, o sonhar maior vem da Teia-Aka, engrandecida pelo vislumbre da compreensão do compartilhar em Aloha.

A seguir, usaremos um esquema formado por figuras geométricas com exemplos ligados à informática. Os triângulos contêm conceitos que devem ser desenvolvidos em cada fase do sonho básico na viagem da vida e serão comentados.

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Como preâmbulo dos comentários do conteúdo dos triângulos, recapitulemos alguns tópicos dados acima como: A Psicofilosofia Huna, define vida como sendo um sonho. Relembremos que ao nascer, temos um sonho básico de vida, sustentado por uma

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estrutura genética programada, responsável direta pela manutenção da espécie e do ser em especial; traz suas características impressas na memória genética programada estruturada em Po; é base do aprendizado, para a formação da futura memória experiencial ou aprendida.

Ambas são corporais; a genética programada é celular (essencialmente músculos lisos); inicia suas funções na concepção, e, a partir da formação do embrião, pela anatomofisiologia embrionária e seqüencialmente até o final da fase fetal. Terminado o ciclo da vida fetal, quando o feto atinge sua velhice, o ser está preparado para um novo ciclo diferente de vida, o que mostra ser a morte a porta de entrada para os nascimentos, originando novos “viveres”, sendo parte integrante da vida.

Após o nascimento, é a anatomofisiologia, através das funções orgânicas próprias da espécie, o guia iniciador do aprendizado. As memórias aprendidas formam-se corporalmente com o desenvolvimento muscular e amadurecimento dos Sistemas Nervosos. Desse modo, inicia e desenvolve esse grande arquivo que abrange todos os setores de atividade, seja física ou mental, situações concretizadas ou não, mas vivenciadas com as sensações e emoções sentidas por estímulos intensos.

Desenvolve-se a memória genética programada com a anatomofisiologia e formam-se as uvas e os cachos de uvas (símbolo Huna para memória) nas camadas musculares, onde o uhane busca nas lembranças o desenvolvimento da percepção, ideações, imaginação, palavra e pensamentos, contribuindo com as ações corporais. A identificação de cada individuo é caracterizada pelo DNA.

No primeiro triângulo, a Tese - Morte fetal, necessita de uma Antítese - Nascimento, formando a polaridade, que é a responsável por qualquer manifestação na natureza. A nova manifestação é aqui caracterizada como Síntese - Ha (Vida pela respiração)); é a conseqüência das duas situações anteriores. Esse triângulo, pelo seu conteúdo, dá continuidade ao segundo, numa seqüência natural que tem a Síntese - Ha, como ponto de ligação. A Síntese - Ha (Vida através da respiração) complementa o primeiro triângulo, determinando uma área, onde estão os conteúdos das experiências, desde o nascimento, até uma fase em que o desenvolvimento dos Sistemas Nervosos permite surgir sensações e reações, que facilitam o desenrolar do sonho básico de vida.

Essa nova vida inicia com a primeira inspiração, “o alento da vida”, seguindo as estruturas das memórias genéticas programadas, num aprendizado constante. A Síntese - Ha, que une os dois triângulos propicia a formação da base do segundo, triângulo cuja Tese - Desenvolvimento Psicocorporal e >Antítese - Anatomofisiologia são a base de formação do novo triângulo, que tem como ponto de ligação com o seguinte, a Síntese - Pensamento, responsável pelo (Sentimento, Ação).

Nesse desenvolvimento do ser, forma-se o conteúdo do segundo triângulo. Essa dependência está condicionada, não só à parte individual, pelo anatomofisiológico, mas engloba o psicológico e

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social. É importante a atuação das pessoas do ambiente em que vive o novo ser, principalmente a da mãe ou de quem cuida diretamente da criança.

Conforme amadurecem os sistemas nervosos, as funções fisiológicas se diferenciam e o psiquismo se desenvolve, de acordo com as experiências adquiridas nas variadas vivências. Este desenvolvimento depende também da atuação das pessoas envolvidas nesse processo de crescimento; são responsáveis pelo fornecimento de certa quantidade de mana, vinda da alimentação e das situações criadas no ambiente, que pode ser acolhedor ou não, e que, de certa maneira, vai influenciar, como facilitador ou não, no desenvolvimento do sonho básico de vida desse ser.

Os conteúdos dos dois triângulos somam-se, dando condições de crescimento, que depende também do aprendizado conseguido nas experiências vivenciadas, formando a base para uma nova fase, em um triângulo com novos conteúdos, como veremos adiante. Até aqui, predomina a anatomofisiologia, que é o guia do desenvolvimento, que permite introduzir novos sonhos e novas maneiras de sonhar (genética programada), desde que o cérebro já esteja em condições de exercer suas funções naturais de decodificação, permitindo o surgimento de outras fases, nesse desenvolvimento natural. Tudo isso ocorre geralmente até os dois anos de idade da criança.

Nos conteúdos do primeiro triângulo, a “sensação de viver” afeta a criança de uma maneira intensa, pois todas as sensações e impressões são sentidas como sendo totais e dela e são recebidas globalmente sem distinguir o fora e o dentro; é a sensação de ser aqui. As sensações se desenvolvem de acordo com a anatomofisiologia, o que permite as modificações corporais. A intensificação e o aparecimento de novos estímulos provocam transformações para iniciar o crescimento psicofisiológico.

É “grok”, porque o ser está fundido com o todo e não se diferencia como um ser limitado pelo corpo físico (kino); tudo é uma extensão dele, num universo único, indivisível e de sensações globais. Surgem então, as primeiras percepções sensoriais, quando começa a perder as sensações de totalidade e se individualiza.

O sentido da visão é a principal manifestação perceptiva, que com estímulos intensos, separa a criança do ambiente, que já não é mais apenas ela, mas algo ainda indefinido, que cresce e lhe dá as condições de percepção de seus limites corporais. À medida que se desenvolvem os sentidos físicos que a separa do meio exterior, surgem novas ações determinadas pelo amadurecimento neuronal.

Aprende e forma, nas diversas camadas musculares, as “memórias aprendidas”. Estas trarão novos e mais intensos estímulos e sensações, conduzindo esse ser para a descoberta das emoções levadas através dos cordões-aka, para serem decodificadas pelo cérebro, transformando em pensamentos, os ikes que se desenrolam no seu cotidiano.

Inicialmente, o psiquismo que era anatomofisiológico, adquire propriedades particulares, constituindo-se num sincretismo que possibilita aos poucos, a diferenciação dos diversos setores, onde são

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guardadas as lembranças das experiências vividas, que constituem as memórias aprendidas (formam-se os primeiros cachos dessa memória), facilitando o desenvolvimento do pensamento, que de instintivo e dedutivo, é acrescido do indutivo.

É esse fator que diferencia o ser humano dos outros animais; é o uhane que desponta e cresce, tomando seu lugar na vida do ser. A “vontade” surge e se desenvolve, libertando o indivíduo da dependência em que vivia e mostra-lhe novos caminhos que mudam o “pensar”, propiciando-lhe um sentir próprio, que provoca ações. Passa a ser o único responsável, sem sair dos padrões do sonho básico de vida, separando-o do exterior para uma individualização constante.

O triângulo com seus conteúdos, que tem como Síntese - Pensamento (que constrói o Sentimento, Ação), é o elemento de ligação do novo triângulo que tem como Tese - Analisar e como Antítese - Interpretar. Possui conteúdos diversificados, que dão ao homem, desde as sensações de estar aqui (diferente do ser aqui), até a capacidade de decidir, formando as características de sua personalidade, traçando seu comportamento em relação a si mesmo e ao ambiente. Começam assim, as funções do uhane.

A separação sofrida pela modificação da “sensação de viver”, que inicialmente era um “ser aqui”, e agora é “estar aqui”, é feita através da percepção desenvolvida, que a individualiza e adapta-a ao ambiente, com condições de pesquisar pela ação; esta passa a ser uma prática constante, até conseguir mais tarde, a capacidade de decidir, função principal do uhane.

Num concatenar contínuo, essa base vai servir de tese e antítese para o próximo triângulo, que tem como Síntese – Conhecimento (Geral e Científico). Nesse encadeamento de vivências e experiências, desenvolve-se o ser em busca de sua maturidade psicofísica, à custa de seu sonho básico de vida.

A partir dai sofre modificações profundas, sendo capaz de reformular o conteúdo de suas memórias com novos pensamentos, que agora são criações suas, oriundos da imaginação, com decisões próprias; são experiências ajuizadas por ideações desenvolvidas através das emoções primárias, circulantes no corpo. Propicia então, um crescimento psicofísico, que se traduz por um aprendizado que é seu e lhe foi dado por suas experiências mentais, e pelas ações efetuadas.

O conhecimento geral não está sujeito somente à intelectualização do aprendizado, mas é o que poderíamos chamar de “aquilo que a vida ensina”. O conhecimento científico intelectualiza o homem, propicia o desenvolvimento da tecnologia, em busca do seu aprimoramento científico e do seu bem estar pessoal e social.

O uhane desenvolve pela criação de novas memórias e crescimento das já existentes, a análise interpretativa crítica, favorecendo a motivação primordial do unihipili:- Buscar o prazer de acordo com o sonho básico de vida, tentando minorar o sofrimento herdado geneticamente. Com o desenvolvimento do uhane, há um

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crescimento espiritual constante, seja qual for a direção por ele tomada, e de acordo com as determinações de sua vontade.

A Síntese - Conhecimento (Geral e Científico) dá continuidade ao esquema, e forma o novo triângulo com a Tese - Produção e a Antítese - Distribuição, base doo triângulo, que traz do aprendizado e do conhecimento adquirido e memorizado, a sensação de posse do adquirido; com o tempo, torna-se cada vez maior, necessitando de uma ordenação, para que se possa trabalhar com proveito e bom resultado, o que foi produzido.

Essa é a motivação principal do uhane: a ordem. Sem ordem é difícil haver controle, predominando os impulsos que dispersam os pensamentos, o que prejudica futuramente a evolução e a função principal do uhane que é a decisão.

Essa ordenação favorece a produção, contribuindo com a intelectualização que exige uma análise cada vez mais detalhada dos pensamentos e dos fatos. Só assim, se consegue uma produtividade maior, dentro do mesmo padrão, conduzindo o ser às preocupações com o social.

Comprometendo-se com o social, por já ter um entendimento da necessidade de se diminuir a separação causada pelo individualismo, busca um comportamento comunitário, concretiza esse comprometimento e torna usual a prática de ações sociais, tudo dentro dos padrões herdados de seu sonho básico de vida.

A Tese - Produção e a Antítese - Distribuição, com os conteúdos anteriores, podem conduzir o indivíduo à novas percepções. Parte do individual, por ele cultivado, para o global, que adquiriu no comprometimento social. O resultado é um entendimento que leva a uma aceitação dessas responsabilidades, transformando o que poderia ser penoso em termos de ação, em sentimento afetivo, mas com um sentido de posse.

Está criada a possibilidade de se sentir a necessidade das mudanças dos valores e padrões até agora desenvolvidos. Por querer atingir a fase final desse Padrão A, cria condições para paralelamente trabalhar novos valores, contidos no sonho básico de vida, cuja estrutura pode ser modificada, mas não perdida. Atingimos assim, o maior de todos os “sonhares” com todos os sonhos anteriores, que é a sensação do sentimento de possibilidade de mudanças despertado pelo amor-sentimento, primeiro vislumbre do amor do Princípio Aloha; criou-se a Síntese - Grande Síntese; atingiu o que se poderia definir como: O “homem é um ser biológico, psicológico e social com vislumbres da vivência cósmica”.

Agora é possível fazer uma retrospectiva, e, com todas as experiências arquivadas nas memórias reformuladas pela aquisição de novos valores e reformulação dos já existentes, adquirir-se um novo padrão; vivenciar novos sonhos com novas maneiras de sonhar, criar sistemas diferentes para as ações e conhecimento, deixando a espontaneidade e a criatividade comandar a formação de um novo sonho básico que desponta, sem perder o contato com o inicial, que é o que nos mantêm estruturados na rede sociométrica, e corporalmente; é o suporte do novo padrão que se desenvolverá aos

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poucos, juntamente com um novo Ike (Primeiro Princípio do xamanismo havaiano) para cada ação praticada.

Infelizmente, crê-se que não são muitos os que conseguem atingir o final desse Padrão A. O Nível 1 cresce pelas experiências desenvolvidas pelos diversos conteúdos dos triângulos, durante as várias fases vividas no Padrão A, o que conduz ao Padrão A1/A do Nível 1.

Agora, o pensamento analítico, mesmo sendo crítico, propicia uma participação social mais intensa e diferenciada, por ser essencialmente ativa, levando-nos a sentir que somente na ação conjunta, com participação ativa e partilhada, pode o pensamento estar focalizado com mais intensidade, evitando a dispersão e criando condições para que as decisões se tornem mais fáceis e corretas. Vêm de situações em que a espontaneidade guia as ações criativas, sob influência de Makia (terceiro Princípio do xamanismo havaiano: “A energia segue o curso do pensamento”) ampliando a percepção da Teia-Aka.

É o uhane atuando em harmonia com o unihipili, sob orientação do aumakua, formando a Síntese - Imaginação Criativa e Conhecimento Criativo. Esse triângulo inicial do (Padrão A1/A), que tem como base a Tese - Analisar e a Antítese - Interpretar, oriundas do Padrão A, desperta a imaginação criativa e o Conhecimento Criativo; propicia na área desse triângulo, conteúdos embasados em pensamentos sem dúvidas, tornando as decisões mais fáceis e mais suaves, sem críticas acentuadas e com julgamentos menos severos, elaborados no amor ao coletivo, que ainda é uma posse, mas uma posse de jugo suave e leve.

A Imaginação Criativa e o Conhecimento Criativo, síntese dos dois triângulos, através de seus conteúdos, conduz o indivíduo na direção da ação interiorizada, fruto da ação conjunta, que vai conscientizando-o da sua participação individual, na Teia-Aka, vislumbrando a interligação de tudo, e cria uma situação holística.

A ilusão da separação é sentida, a necessidade da revisão de valores é imperiosa, e, como já sabe tomar decisões, o resultado é uma revisão nos valores do Padrão A, com mudanças no pensar e sentir.

Assim, fecha-se o triângulo que tem como ápice a Síntese - Imaginação Criativa e Conhecimento Criativo, e, como base, a Tese - Reto Pensar e a Antítese - Sentir. O pensar está mudado; agora, é um reto pensar, para um sentir ainda subordinado a analise dos pensamentos e das ações. O apego às posses ainda é um empecilho nesse caminho de sonhos diferentes. A intelectualização, que nos aprisiona ao mundo, dificulta um sentir sem o apego do conhecimento adquirido, prendendo-nos ao padrão A, onde a posse intelectual é um problema a ser resolvido.

Aos que caminham sem medo e com os valores revistos e modificados, uma última etapa se delineia, baseada na tese e antítese anterior, que forma a base deste último triângulo, cujos conteúdos estão modificados pelas vivências anteriores. As revisões dão oportunidade ao surgimento do reto pensar, do desapego

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intelectual, primeiro passo para se tornar um juiz flexível, mas reto, em busca da liberdade que passa a conduzir seus “sonhares”, em sonhos grandiosos e cheios de desejos de transformação, em busca de um prazer que não mais tem como necessidade básica o medo, a raiva e a culpa, que geram o sofrimento.

Está estruturado na conscientização de uma liberdade interior, que traz paz, tranqüilidade e amor, levando à harmonia das vibrações, motivação principal do aumakua, que pela sua função criadora conduz à Percepção Intuitiva, possibilitada pela “compreensão”, cuja semente surgiu na Grande Síntese do Padrão A. Com a percepção intuitiva, o sentimento é de que se caminha em uma outra estrada paralela à primeira, mas não dependendo tanto dela.

Começa-se a analisar com um pensamento reflexivo, mais tolerante e de maior amplitude, até capaz de aceitar que as coisas possam também ser feitas fora da ciência. É com uma nova percepção, que não está subordinada aos sentidos físicos e à sensibilidade geral, que as experiências surgem e se concretizam. Não há a angústia da espera, das vitórias ou derrotas, nem as frustrações, por ser o futuro próximo agora/aqui e o passado aqui/agora, ambos no presente, único tempo realmente existente e a convicção da incerteza uma verdade que impulsiona para a evolução.

Os conteúdos dos triângulos do (Padrão A e A1/A), estão incluídos na descrição geral do texto.

Para uma mais fácil compreensão, faremos uma analogia com um programa de computador, desenvolvendo alguns tópicos como:

Como vimos, ao se trabalhar em uma janela ordenada podemos observar, estudar, experimentar e vivenciar um padrão sem perder o outro de vista, e vice-versa, o que nos mostra como acontecem as transformações que são necessárias, para se conseguir alcançar o Nível 2.

Sentiremos as mudanças de padrões, por experiências diretas e constantes e por observação, entrando ora em um, ora em outro

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padrão do Nível 1, até que se perceba a existência do Nível 2. Agora já se vive intensamente no Padrão A1/A, sem perder de vista o Padrão A que continua sendo o sonho básico da vida e que foi geneticamente programado. Pode-se copiar, ampliar ou “deletar”, formando aos poucos, o próprio Padrão A e Padrão A1/A, quando a análise criativa favorece a imaginação criativa, tendo como resultado o Conhecimento Criativo que propicia as mudanças necessárias que conduzem ao Padrão B. O Nível 2 está ligado ao Padrão B e as condições de vida são muito diferentes nesse nível:

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Os mistérios desaparecem e a compreensão desenvolve-se. No entanto, a vivência e a evolução promovem ações nos três padrões, bem definidos em Huna como sendo propriedades do unihipili e uhane (Padrão A e Padrão A1/A) e também do aumakua, isso no

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Nível 1. Ao se atingir o Padrão B, aumakua no Nível 2, o Padrão A serve como simples referencial, para a manutenção corporal no aqui/agora.

A vivência nos dois primeiros padrões conduz ao desapego e o ser se transforma em um transeunte. O sonhar está interligado e os sonhos vêm da Teia-Aka, pela compreensão existente no Nível 2. É o “pobre de espírito” de Jesus, herdeiro do reino dos céus.

Essa compreensão surge da maneira de interpretar, que passou das análises crítica e criativa para a reflexão com a avaliação cósmica; desempenha um papel preponderante como guia dos pensamentos e das ações correspondentes.

Com os padrões modificados e os novos adquiridos, a percepção sofre modificações e conseqüentemente, há uma reformulação das memórias, ao se desativar cordões-aka, mudar outros e ativar os que permaneciam em estado potencial à espera das transformações despertadas pela percepção intuitiva, e de uma nova forma de comunicação. O reto sentir, o reto pensar e o reto agir, estão inteiramente interligados com a Teia-Aka.

É o libertar-se do intelecto que passa a ser um excelente servidor, sob a tutela do aumakua.

Essa situação conduz a um estado alterado de percepção, nos distancia da “conserva cultural” no aqui/agora e leva-nos a uma situação temporal diferente, na qual, as vibrações estão em freqüências integradoras, anulando as energias causadoras das separações; fazem desaparecer a ignorância, as limitações e todos os desafios dos sete princípios do xamanismo havaiano que impedem o desenvolvimento, o crescimento e a evolução. Passa-se a viver na plenitude que a compreensão dos Princípios do xamanismo havaiano propicia.

A passagem do Padrão A1/A para o Padrão B, através da percepção intuitiva, modifica toda a estrutura até então existente, e passa a servir como simples referencial de manutenção da vida corporal. A vivência interior vem da Teia-Aka. Apesar da individualidade, não sente mais a separação, sente-se integrado ao todo da Teia-aka, vivendo no Princípio Aloha. É difícil falar dos conteúdos desse Padrão B, por estarmos em outro nível, onde a ilusória separação é a situação que nos mantém na viagem da vida atual.

Falaremos da fase final traçando um paralelo com o estado grok de ambas. Na fase inicial da vida atual, após o nascimento, estivemos no estado de grok, no qual a criança não tinha noção do que é dentro ou fora dela, atuando somente por mecanismos anatomofisiológicos dependentes da memória genética programada, e as sensações eram globais. Conforme se desenvolve pelo aprendizado, forma-se a memória aprendida ou experiencial.

Nesse estágio, desaparece aos poucos o estado de grok, e, concomitantemente, desenvolve-se a individualidade, dentro do contexto em que vive e atua. Aos poucos, forma sua rede sociométrica tirada da Teia-Aka mais próxima de suas atuações.

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Por um aprendizado constante, desenvolveu pela vontade, todas as experiências na viagem da vida, por meio dos incontáveis sonhos vivenciados e dos “sonhares” modificados pela alteração dos valores, que forma novos padrões, propiciando atingir o outro estado de grok, que agora é de integração com a Teia-Aka, por meio de uma nova percepção, a intuição criativa, eliminando os limites, por não perceber mais a separação.

Nessa dimensão, anulam-se as sensações dadas pela intelectualização das ações, entrando no estado de graça atingido por aqueles que ultrapassaram as barreiras humanas e atingiram a condição de imagem e semelhança de Tane, o Deus manifestado, que tudo criou e cria.

Índice de referência de palavras havaianas: Huna – psicofilosofia oriunda do antigo Havaí.Kahuna – mestre guardião dos segredos do conhecimento

secreto do antigo Havaí.Reva – morada dos deuses.Tane – Deus que existe, o Deus manifestado.Po – Mundo invisível.Ao – Mundo manifestadoUnihipili – Subconsciente, Eu básico, Ku.Uhane Consciente, Eu médio, Lono.Aumakua – Superconsciente, Eu Superior, Kane.Kino - corpoAka – substância, matéria que permeia o universo.Mana – Poder Divino, sexto Princípio do xamanismo havaiano.mana – Energia vitalHa – vida através da respiração, respiração, sopro; o número

quatro em havaiano.Cordão-aka – prolongamentos do unihipili encarregados de

transportar memórias.Teia-Aka – Rede sociométrica universal, o Todo.Ike -- Primeiro Princípio do xamanismo havaiano (o mundo é o que você pensa que ele é).Kala – Segundo Princípio do xamanismo havaiano (seu poder é ilimitado).Makia -- Terceiro Princípio do xamanismo havaiano (a energia segue o fluxo do pensamento).Manawa – Quarto Princípio do xamanismo havaiano (seu momento de poder é agora).Aloha – Quinto Princípio do xamanismo havaiano (amar é compartilhar com...).Mana – Sexto Princípio do xamanismo havaiano (todo poder vem de dentro).

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Pono -- Sétimo Princípio do xamanismo havaiano (A eficácia é a medida da verdade). Os Princípios do xamanismo havaiano são sete.Os deuses principais da mitologia havaiana ensinada pela Huna são doze.

Os Sete Princípios Xamânicos seus Atributos e Talentos

1º. Ike - O mundo é o que você pensa que é.Corolário: Tudo é sonho. Todos os sistemas são arbitrários.Utilização do poder do pensamento.

2º. Kala - Não há limites.>Corolário: Tudo está interligado.Tudo é possível. Separação é apenas uma ilusão útil. Utilização das ligações energéticas.

3º. Makia - A energia segue o pensamento.Corolário: A atenção segue o fluxo energético.Tudo é energia.Utilização do fluxo de energia.

4º. Manawa - Seu momento de poder é agora.Corolário: Tudo é relativo. Utilização do momento presente.

5º. Aloha - Amar é ser feliz com.Corolário: o amor aumenta quando o julgamento diminui.Tudo está vivo, atento e reativo.Utilização do poder do amor.

6º. Mana - Todo poder vem de dentro.Corolário: Tudo tem poder.O poder vem da autorização (da criação). Utilização do poder da autorização (da criação).

7º. Pono - A efetividade é a medida da verdade.Corolário: Existe sempre outra forma de se fazer algo.Utilização do poder da flexibilidade.A cada princípio, corresponde um atributo; representam qualidades especiais a serem desenvolvidas e são percebidos de maneira diferente do que comumente fazemos.

Os princípios e seus atributos são;

1º. Ike - Visão; é uma maneira diferente de se perceber as coisas; é a visão metafísica da realidade. A visão comum das coisas chama-se Ike Papakahi; é a visão do primeiro nível.

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A visão metafísica chama-se Ike Papalua; é a maneira de se perceber a realidade atuando num segundo nível, de onde se controla o primeiro.

2º. Kala - Esclarecimento; é; a maneira que se tem para agir fazendo com que se consiga claramente a união do seu eu com o universo; é a transformação do homem em um ser holístico.

3º. Makia - Focalização; focalizar em sua mente suas intenções, objetivos, metas e propósitos é uma maneira de se conseguir uma revisão permanente de suas motivações, o que lhe dá maior eficiência em suas ações e uma maior capacidade de frustrações.

4º. Manawa - Presença; sendo o presente o nosso tempo, o aqui/agora e o agora/aqui são situações das quais tiramos todo proveito para nosso entendimento e compreensão e quanto mais atentos estivermos, mais presentes nos faremos e mais frutos colheremos de nossas ações.

5º. Aloha - Bênção; em todas nossas intenções, atitudes e ações, se conseguirmos reforçar o bem presente ou potencial, quer pela palavra, imagem ou ação, poderemos sentir a bondade, enxergar a beleza e apreciar a perícia com que se age; assim, estaremos abençoando. O xamã age de maneira diferente porque é capaz de abençoar o bem potencial através de desejos de sucesso às pessoas a quem se dirige.

6º. Mana - Permissão; para que qualquer coisa tenha poder, é necessário que lhe atribuamos este poder que queremos transmitir, isto é, autorizamos que tenha este poder. Isto pode ser feito com pessoas e objetos; só se consegue isto com a energização do que queremos atribuir poder.Assim como podemos dar poder, também podemos tirar.O xamã guerreiro personifica o mal lhe dando poder, aprendendo como conquistá-lo; o xamã destemido tira o poder do mal despersonificando-o e aprendendo sobre ele, conseguindo a harmonia, fazendo assim, que o mal desapareça.

7º. Pono - Tecelão de sonhos; o xamã tece seus próprios sonhos desenvolvendo suas habilidades e assim, poderá ajudar os outros a tecerem seus sonhos. Ele usa esta habilidade para fazer suas curas que têm um sentido diferente das curas comuns. Por exemplo, um massagista, massageando o corpo de um paciente está usando suas mãos para curar o corpo físico do paciente. O xamã massagista, massageando, estará usando o corpo físico como ferramenta para tecer um novo sonho e curar o espírito. São duas situações em que as ações são semelhantes mas as intenções e atitudes são diferentes. No primeiro caso, houve uma cura corporal e no segundo, ao tecer um sonho propiciou uma cura física e mental; provocou uma

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modificação espiritual que manterá o indivíduo com novas intenções e atitudes de vida criando uma nova crença.Esta situação é eficiente e a eficiência está na capacidade de tecer sonhos do xamã e das mudanças sofridas que manterão o indivíduo com suas novas crenças.Cremos que está ai a diferença das duas palavras da Língua Inglesa: cure e healing; a primeira, é a resposta de cura do massagista e a segunda, é a resposta de cura do xamã.Foram também sintetizados nos trabalhos de Max Freedom Long de maneira magistral, na Prece Ação.A leitura atenta e livre dos Evangelhos nos mostra que esses princípios não foram esquecidos por Jesus.

Este trabalho tem como base os ensinamentos de Serge K. King descritos no livro “Urban Shaman”.Os Desafios dos Sete Princípios: Ignorância

Para se falar dos desafios dos sete Princípios do xamanismo havaiano, mister se faz conhecer teoricamente pelo menos, o que é Sonho básico de vida. Falamos e nos preocupamos sempre em estudar e conhecer os Sete Princípios; é natural, pois se não o fizermos, não teremos como chegar ao principal que é o conhecimento de seus sete desafios, e, não tendo esse conhecimento estaremos nadando na superfície das águas sem saber a profundidade em que podemos mergulhar, e nos perigos do mergulho. Compararemos o sonho básico de vida com a Parábola dos Talentos do Evangelho.Podemos ter um sonho básico de vida de um Talento, de dois, de cinco, de acordo com as condições espirituais que trazemos em nosso interior e que são dadas pelas marcas mnêmicas transformadas corporalmente em memórias genéticas programadas, produzidas em Po, quando da preparação do atual sonho básico de vida; lá, as coisas são feitas nos dando as possibilidades, de acordo com o livre arbítrio, de sabermos quais são as potencialidades que levaremos para a nova reencarnação.Em Po usando-se a essência dos três espíritos que somos, trabalhamos vagarosa e realmente o que viveremos e nunca incorporaremos no SBV, memórias que não estejam de acordo com nossas futuras possibilidades de crescimento espiritual. Apesar de na essência que é divina, sabermos dos sete princípios, também sabemos dos sete desafios e, com a nossa consciência e a ajuda de poe aumakua, aprenderemos a trazer para a nova vida o que poderemos fazer dentro das possibilidades de cada sbv, sendo o livre arbítrio nosso guia; não existe erros na preparação do sbv o que nos faz tomar um conhecimento real das qualidades e defeitos de que seremos possuidores. Não há nisso predestinação, mas a possibilidade de que usando a VONTADE possamos passar pelas experiências que a própria vida nos oferece, isto é, somos os únicos responsáveis por nós mesmos, ainda que estejamos na situação de só possuirmos um Talento de acordo com a parábola evangélica.

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Precisamos entender que os talentos dos sete princípios serão nossos guias interiores de acordo com o sbv, sendo eles os dinamizadores de nossas experiências nas contínuas ações do dia a dia.Nesta situação, chegaremos à conclusão de que tudo se inicia com o primeiro desafio: IGNORÂNCIA, que é dinamizado pelo talento VISÃO, que nos dá os inumeráveis IKES, que são as vivências de cada instante em toda nossa vida atual. Muito já se falou sobre esse assunto, mas sempre é bom lembrar do que ele nos propicia dentro de nosso sbv. A ignorância segundo pensamos ( tudo é arbitrário), tem como causas básicas que a mantém o APEGO e a MORTE.Nossa ignorância não nos permite perceber essencialmente que a vivência de nosso sbv está inteiramente voltada para o meio externo e que somos não a causa, mas uma conseqüência do que este meio nos propicia. Nossos valores e padrões interiores estão embotados para a realidade e vivemos das imagens dos fatos apresentados no dia a dia. Se buscarmos no exterior as bases de nosso viver, as conseqüências naturalmente serão as de trazermos para dentro de nós mesmos, as imagens do que aprendemos pelas ações que estão dirigidas para o meio em que vivemos. Temos então, a ilusão de que somos frutos do ambiente de acordo com nossa criação e educação; leso engano, pois isso não passa da absorção de imagens como realidades, quando são simplesmente situações que facilitam ou dificultam nosso desenvolvimento e crescimento espiritual. O que realmente desenvolveremos serão as experiências tiradas das memórias genéticas programadas com a formação de um corpo de acordo com nossas necessidades de um aprendizado que promova o crescimento do sbv. Assim, aos poucos, pelas experiências físicas e mentais vivenciadas no dia a dia vão se formando as memórias aprendidas que movimentarão nosso corpo e nossa mente, dirigindo-nos para as vivências que formarão a cada instante um Ike(o mundo é o que eu penso que ele é), o que nos mostra a impermanência de nossa vida. Somos a soma de todos os ikes vivenciados, transformados em memórias que nos guiam no viver diário.Aqui entra a parábola dos Talentos; se temos um sonho básico de vida de um só talento, não iremos em tudo que praticarmos, além desse talento e nosso crescimento interior não irá além da ignorância. Nossa sustentação fica na dependência de nossas possibilidades do apego e viveremos para o exterior onde cremos estar nossas possibilidades de desenvolvimento; essa situação é mantida pela ambição e às vezes, à avareza de possuir cada vez mais em todos os sentidos, pois isso nos levará a adquirir numa segunda fase, o poder, que é importante, não para o crescimento interior, mas como uma condição de pensar e sentir que dominamos tudo, pelo que possuímos e pelo que pensamos ser. Essa situação causa a limitação, confusão, procrastinação raiva, medo e dúvida provocada pelo desafio ignorância. O apego geralmente voltado para as posses em qualquer sentido, ainda não nos permite ter uma visão que mostre existir, além da ignorância, outros desafios a serem vivenciados, após um clarear da visão,o que nos permita perceber a situação verdadeira

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do pouco crescimento espiritual, isto é, a busca interior com um certo desapego das posses adquiridas mental e materialmente. Este sentir nos leva à ilusão de cuidarmos cada vez mais de nossa estética corporal, porque é pela aparência que aparecemos para o mundo que pensamos dominar. A cada dia que passa, mais nos perturba pensar na morte e fugimos dela praticando ações filantrópicas ou doando quantias para a ciência, que contribuam para a descoberta de produtos que possam prolongar a vida; isso nos fazer esquecer de analisar o final do sbv como uma coisa natural; não conseguimos pensar que a morte não é o fim, mas que ao contrario, ela é parte integrante da vida; é um prolongamento para o crescimento espiritual e posteriormente a evolução..O Talento que corresponde ao desafio ignorância é a VISÂO. Esse talento vai dinamizar o sbv durante toda nossa atual existência. Trabalhar a ignorância significa clarear a visão interior; não é só adquirir conhecimento e se tornar um intelectual poderoso, ou um homem de grandes posses monetárias. É perceber de acordo com nossas possibilidades, que a ambição gerada pelo apego traz memórias que devem passar pelo pensamento, induzindo-nos a um pensar que conduza a um sentir diferente. num aprendizado formador de memórias provocadoras de vivências, mostrando que enterrar o talento da parábola na aquisição de bens exteriores, não nos conduzirá a um novo sbv com condições de um crescimento espiritual que desperte valores modificadores de padrões. Isso não conduzirá à reformulação de memórias necessárias para as mudanças, mas sim, ao reforço das mesmas, as quais levaremos conosco após a vivência dessa reencarnação.No tramitar da vida, tendo a ignorância como desafio, seremos conduzidos pelo apego e pela morte, as duas grandes causas da falta de visão. Pela ignorância somos conduzidos às limitações, confusões, procrastinações, raivas, medos e dúvidas que podem nos seguir por todo o tempo; a posse é o fruto que nos faz chegar até à negação de qualquer referência espiritual, inclusive crenças que conduzem a uma existência após a morte. Esse tipo de pensar justifica as nossas ações de ambição, avareza, posse, poder econômico e intelectual, por falta de uma maior clareza de visão interior. Isso causa as grandes conseqüências provocadas pelo apego, mas também desviam nossa atenção da morte, dando a sensação de que somos possuidores da vida. O medo da morte se torna muitas vezes tão grande, que necessitamos ser “emplacados” em atos sociais que julgamos importantes e perpétuos; são como uma esperança de não morrermos. Isso é tão forte em uma grande maioria das pessoas, que até se criou nos cemitérios as campas perpétuas.Se não trabalharmos com afinco todas as condições geradas pela ignorância não passaremos a viver num segundo desafio: LIMITAÇÃO. Este desafio traz outras conseqüências que são diferentes da limitação pela ignorância. Agora, como desafio tem conotações diferentes e a pessoa traz um sbv modificado, por ter se preparado com novos valores, mas conservando os mesmos padrões.

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Seria um homem de um talento que não o enterrará mais e que, agora, tem a possibilidades de produzir frutos diferentes?Em qualquer situação que esteja o sbv, a visão continua sendo o indicador de qualquer entendimento intelectual, de qualquer desenvolvimento; isso pode acontecer com um ignorante ou com um individuo genial, com um analfabeto ou com um grande intelectual.É a dinamização do talento visão que faz girar a roda do crescimento espiritual.Seguindo a seqüência dos desafios, concluiremos que o sbv é fruto dos quatro primeiros deles (ignorância, limitação, confusão e procrastinação), em havaiano (Pouli, Haiki, Hokai e Napa); são os responsáveis pela manutenção do ciclo de vida e morte.Trabalhar as causas de cada desafio é perceber nossa situação interior e criar condições para um desenvolvimento mais harmonioso entre unihipili e uhane que, em última instância é a finalidade de aqui estarmos. É buscar cada vez mais o entendimento de uma verdade que está em nós mesmos, mas que se não for trabalhada perderemos a oportunidade de caminhar no sentido do desenvolvimento e crescimento do sbv. Essa busca cria em nós a possibilidade de reformulação de memórias, de acordo com o sbv preparado para essa reencarnação. Temos assim, a possibilidade, não só de crescer o sbv, mas de chegar a uma percepção que provoca por instantes de inspiração, modificações no sbv, favorecendo a criação em Po, de novos sonhos básicos de vida com possibilidades de mais crescimento espiritual, se houver mais harmonia entre os espíritos que somos.É natural tudo isso depender de atingirmos em cada sbv vivido, através de nossas ações guiadas pelas memórias, o início de uma percepção interior; elas formam pensamentos que ordenam e decidem sobre cada experiência vivenciada, situações propiciadoras de um desenvolvimento intelectual próprio de cada sbv que, em qualquer circunstância alivie a carga inicialmente causada pela ignorância e, sucessivamente pelos outros desafios. Tudo é fruto do trabalho constante que praticamos, buscando passar do exterior para o interior, nossas vivências, através das sucessivas reencarnações.A busca da percepção de nós mesmos é de suma importância, pois sem ela não conseguimos uma visão que nos dê condições de prosseguir na busca incessante de nossas verdades. Só assim conseguiremos perceber nossa ignorância e descobrir que sendo suas causas o apego e a morte, reconhecermos nossas limitações provocadas por ela.É a fase do certo e errado de nossa conserva cultural, a qual, sempre conduz ao julgamento que fazemos de tudo que é percebido, de acordo com as condições dadas pelo nosso sonho básico de vida. A vontade, mola propulsora de todas nossas ações, na fase dependente do primeiro desafio, quase sempre nos conduz a atos que não causam harmonia entre unihipili e uhane, provocando dificuldades e sofrimentos, tirando nossa capacidade de aceitação, o que nos “desvia de nosso eixo”. Essa desarmonia é falta de uma

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visão clara das coisas, o que nos impele para situações que geralmente causam doenças. Muitas vezes, as doenças são um breque nas vivências desarmônicas que estamos experienciando, e que não iriam nos levar de volta ao caminho do crescimento espiritual.Creio que com o já dito até agora, nossa visão se tornou mais clara, dando-nos possibilidade de perceber o que nos causa o apego e o medo da morte, cujos frutos nos conduzem às posses e suas conseqüências. Agora, podemos pelo intelecto perceber o sentido de visão e que a palavra Ike tem um significado verdadeiro para nós, por sentirmos através dela o significado de “o meu mundo é o que eu penso que ele é”. É como uma sacralização intelectual de uma palavra que nos orienta na criação de uma conserva cultural enriquecida pelo conhecimento que é ainda a intelectualização de tudo que aprendemos e praticamos, graças à dinâmica do Talento Visão, do qual, só somos capazes de ter uma percepção pelos efeitos do desenvolvimento do sonho básico de vida. atingindo este estado de vivência somos capazes entender que não mais poderemos enterrar o talento que nos foi dado, mas sim guarda-lo e devolver ao Senhor reconhecendo nossa ignorância e dizendo que graças às lições aprendidas por Ele na próxima reencarnação formaremos um sbv que nos conduza à possibilidade de mudança de valores, pelo entendimento do desafio ignorância e suas conseqüências.Essa clareza permite ao aumakua nos dar instantes que são despertados por memórias criadoras de novos pensamentos, com um pensar de um novo ike que nos impulsiona para novas vivências, as quais, nos faz sentir que a roda dos princípios, pelo talento visão criou uma possibilidade de crescer para um novo ciclo de desenvolvimento nos conduzindo para uma nova fase, onde esbarramos com um novo desafio a vencer neste sbv ou em outro, numa nova reencarnação. Essa percepção nos faz sentir que agora estamos vivenciando o ciclo da LIMITAÇÃO, não como fruto do desafio IGNORÂNCIA, mas como fruto de um crescimento, para a vivência do segundo desafio do Princípio KALA do xamanismo havaiano, ensinado pela psicofilosofia HunaSebastião de Melo

Unihipili e suas Funções Índice: Ação dos Arquétipos Sombra, Anima e Animus no Unihipili e UhaneConceitos básicos formados pelas raízes da palavra unihipili.Funções, motivação e mecanismos de ação do unihipili (uhinipili) ou Ku:Memórias e seus mecanismos de ação Introdução[1]

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Ação dos Arquétipos Sombra, Anima e Animus[2] no Unihipili e Uhane O ser humano para atingir seu estado de individuação (compreensão de si mesmo, auto-realização) necessita harmonizar seus dois arquétipos individuais: Sombra e Anima (condição feminina) no homem, assim como Sombra e o Animus (condição masculina) na mulher, para que predomine o Animus no homem e o Anima na mulher; fazem parte do subconsciente, portanto pertencem à área do unihipili. Fazem conexão com o Aumakua que funciona como um guia que orienta nas fases difíceis e em outras necessidades ligadas ao sonho básico de vida; fornecem os dados necessários, através da percepção, para o desenvolvimento do uhane.Em outras palavras, esses três arquétipos são representados pela memória genética programada que pelas experiências e ações desenvolvem a memória aprendida no decorrer da vida. A MGP traz em potencial o desenvolvimento do sonho básico de vida possibilitando o crescimento e evolução pelo conhecimento e mudanças de padrões. Posteriormente com as mudanças nos padrões básicos, tira da conserva cultural os subsídios para esse crescimento, quando o intelecto representado pelo uhane e sua vontade são capazes de formar cordões-aka que conduzem as memórias para serem transformadas em pensamentos, sentimentos e ações. Dessa forma estamos subordinados ao unihipili que possui em seu kino-aka as lembranças de todo nosso passado, tanto as que desfrutaremos nessa vida como as que já vivemos em vidas anteriores. Na condição de homem, a parte feminina subconsciente das MGPs, atua de acordo com o uhane masculino manifestado e, quando há discordância, a desarmonia causa um desequilíbrio que é aproveitado pela sombra (carma), atuando em detrimento do crescimento espiritual, pelas projeções que formam as formas-pensamentos de fixação (complexos). Por isso, a busca da harmonia entre unihipili e uhane ser muito importante.O crescimento e a evolução do unihipili e uhane é o caminho para o surgimento do ser triuno, no encontro com Aumakua. Atingindo a condição do homem ideal, não está mais subordinado ao ciclo do nascer e morrer do homem comum, por estar livre das imagens simbólicas trazidas pela Sombra, Animus ou Anima. Passa a viver da essência representada pelo Aumakua, tendo assim, uma grande ou total compreensão de si mesmo com a possibilidade da reintegrar-se na teia-aka, quando perde os limites e a separação, tornando-se um ser holístico capaz de viver compartilhando como verdadeiro transeunte e encontrar as outras moradas da Casa do Pai.No sentido prático, como pensar, sentir e agir para pelo menos se aproximar dessa condição? Quando o unihipili é formado de Sombra e Anima, o uhane (Animus) tem que procurar no aprendizado, primeiramente na vida instintiva que mantém sua estrutura física e psicológica nos primeiros anos de vida, com as ações acompanhadas pela orientação dos pais ou responsáveis pela criança, que também fazem parte dessa genética programada como facilitadores ou dificultadores de seu

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desenvolvimento, criando as primeiras regras arquivadas nas memórias aprendidas, através de estímulos fortes e repetitivos (filtros fisiológicos) dando-lhe defesas capazes de ajudá-lo em seu desenvolvimento geral. Gradualmente o uhane vai entrando em ação e desenvolvendo sua vontade no sentir e agir, iniciando as imaginações com as ideações e os pensamentos que vão se constituindo em memórias aprendidas, baseadas nas memórias genéticas programadas que agem no nível fisiológico, usando os pensamentos dedutivos. Na mulher o unihipili é formado de Sombra e Animus, sendo a Anima (uhane).A integração no meio dá ao individuo as condições de acompanhar seu progresso físico-mental adaptando-o ou não às suas matrizes de identidade no mundo que atua. Podemos chamar essas condições de meios de desenvolver os papéis trazidos na genética programada e que agora, pelas experiências, cria condições de atuar conforme seu potencial cármico através dos valores que formam os padrões fornecidos pela conserva cultural, segundo suas ações. A educação age como um fator que contribui ou dificulta o desenvolvimento dos papéis, com os quais vai atuar adaptadamente ou não. O modelo de pai e mãe exerce uma influência na atuação de sua sombra e anima criando as condições de formar uma personalidade com possibilidades de aproveitar todo o aprendizado efetuado antes de sua concepção quando surgiu para essa vida atual na condição de homem e na atuação de sua sombra e animus, na condição de mulher.Voltando ao estudo das raízes, a palavra unihipili significa: Conceitos Básicos Formados pelas Raízes da Palavra Unihipili Na palavra unihipili, as raízes significam:U – Significa o eu, espírito ou entidade, mas sempre como uma entidade separada e independente. Tem também o sentido de:Projetor: Indica a projeção dos cordões-aka do kino-aka e o fluir de mana através deles.Impregnador: Mistura ou tinge com alguma outra coisa; mostra a mistura de kino com os kino-aka do unihipili e uhane.Gotejador: Aquele que goteja, chuvisca ou pinga vagarosamente água; simbolicamente é o produtor de mana do unihipili e o seu fornecedor para o uso durante a vida. Nos momentos de oração, pode acelerar esse fornecimento ao uhane e Aumakua, armazenando uma sobrecarga para enviar ao Aumakua como pedido do uhane, quando há uma crença sem dúvida.Nihi - significa estar magro e fraco, com aparência de partido; simboliza os cordões-aka quando não estão carregados de mana ou ativados, quando estão bloqueados e sem ação.Hi - significa o fluir de mana, como gotículas de água em determinadas condições.Hini - simboliza tudo que se refere a uma vinha e água.

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Uhi - essa raiz dupla (u e hi), significa véu, pele ou coisas que cubram. Simboliza a cobertura dos unihipili nos corpos físicos (kino) e sombreados (kino-aka). Após a morte, os kino-aka do unihipili e uhane permanecem interligados e agem como coberturas para os eus e entidades, mas nunca ao Aumakua.Nihi ou Hini - significam também falar fracamente; são as possíveis vozes dos fantasmas. Dão ainda a idéia de silencioso, cuidadoso e de ação secreta, assim como o de se restringir da prática de certas ações, com medo de descontentar os que são revestidos de autoridade. Esse significado é o que contribui para a formação das formas-pensamentos não filtradas pelo uhane, formando os complexos, nas situações de tensão e estresse.Pi - significa água caindo gota a gota; simboliza a mana em forma de gotículas arredondadas, quase invisíveis, descendo sob a forma de chuva; essa; e a forma que mana circula nos cordões-aka do unihipili quando é levada para o Aumakua ou para outros unihipili.Pili - significa fixar-se em algo; é assim, que os cordões-aka do unihipili se fixam no que tocam. Significa também a ligação entre as pessoas nos relacionamentos em geral. Serge King denomina esse aspecto da consciência como Ku que tem como função primordial a memória e como motivação o prazer e no corpo, simbolicamente, corresponde ao coração. Ele não separa o que é imaginação de acontecimentos, passado, presente e futuro; só existe para ele o aqui/agora e agora/aqui. As memórias estão situadas a nível corporal e as emoções dependem das lembranças. A raiva e o medo são causas freqüentes de emoções que bloqueiam as lembranças, interferindo na memória e causando tensão e também estresse.Ku é o princípio masculino; é uma raiz ou palavra que significa manter-se firme.Deriva da palavra hiku que é o número sete (7) em havaiano.Hi é o princípio feminino e significa fluir. Sete é um número simbolicamente esotérico, que representa o conhecimento interior; é formado de 3+4, que são os princípios femininos e masculinos. Funções, Motivação e Mecanismos de Ação do Unihipili (Uhinipili)ou Ku A memória é função do unihipili segundo Max Freedom Long e de Ku, segundo Serge King. Ambos concordam que está dentro do conceito de subconsciente da psicologia clássica, mas não é semelhante a ele.Max Freedom Long dá à memória propriedades sempre ligadas ao unihipili, espírito encarregado das situações subconscientes, colocando-o como algo que envolve e está em todo corpo físico (kino). A memória está contida em cachos que armazenam tudo que foi percebido e o que foi experienciado durante toda a vida atual. Ela depende dos cordões-aka, verdadeiros dutos condutores das lembranças, pensamentos e emoções, podendo estar ativados, bloqueados assim como podem ser reativados, dependendo do

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aqui/agora da pessoa e das circunstâncias que a envolve como um todo.Serge King diz que a memória é função de Ku, que é um aspecto da consciência e que através dele podemos aprender e lembrar, desenvolver habilidades e hábitos, manter a integridade do corpo e guardar um sentido de identidade no dia-a-dia.Para facilidade de entendimento, passaremos a usar a denominação unihipili para designar o eu básico, subconsciente e Ku, por haver semelhanças nesses conceitos, o que em nada prejudica a compreensão do trabalho; uhane em lugar de Lono e Aumakua em lugar de Kane.No unihipili está a sede das emoções, o centro da consciência; é o guarda da memória, o gerador e distribuidor de mana, o modelo corporal; é o único elemento de ligação direta que temos com Aumakua.Não se consegue nenhuma ação quando não há participação do unihipili. Além de ser o fornecedor de energia (mana) para uhane e em determinadas condições ao Aumakua, é o que serve de elemento de ligação entre o consciente - nós - (uhane) e todas as coisas que temos de praticar, seja uma ação, um pensamento ou um contato.Função principal: memória (está no corpo como modelo de vibrações).Motivação principal: o prazerSendo depositário da memória, é quem fornece todas as informações de que necessitamos para o desenvolvimento de nossas sensações, imaginação, elaboração das idéias e de nossos pensamentos. É o nosso irmão mais velho que necessita de nós para a aquisição de conhecimentos; nos fornece dados mnêmicos para o crescimento e evolução e, dessa harmonia depende o corpo.Está ligado a tudo que se refere à ação, gerando ou atuando. É o modelo de qualquer corpo físico; é nele que estão guardadas todas as reminiscências do passado como memórias genéticas programadas e marcas mnêmicas, as quais, trazem em estado potencial as formas-pensamento e ações para a vida atual.Pela sua capacidade geradora de energia, é o elemento de ligação entre os três espíritos ou aspectos da consciência mantendo-os unidos ao corpo, meio ambiente e ao universo em geral.É bom lembrarmos, que todas as correntes Huna são unânimes em afirmar que o unihipili possuí um corpo denominado kino-aka, no qual estão armazenados todos os dados ancestrais e da vida atual, e que funciona como um modelo para kino (corpo físico), que nada mais é do que uma duplicata ou imagem desse modelo em sua manifestação corporal, no atual sonho básico de vida.Acrescentaremos que o unihipili, modelo do corpo, nada mais é do que a imagem de parte da essência dele mesmo para o sonho básico de vida atual, estando na realidade em Po (plano espiritual invisível), de acordo com a Mitologia Havaiana antiga, contida no Tumuripo – o Cântico da Criação, o livro místico do antigo povo de Mu. Memórias e seus Mecanismos de Ação

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a - Genética programada nível celular.b - Aprendida nível de camadas musculares.A memória fica guardada no corpo como um modelo de vibração ou movimento. Há dois tipos de memória, que são arquivadas em níveis corporais diferentes, de acordo com sua origem.Uma é a memória genética programada, guardada como modelo celular e a outra, é a memória experiencial ou aprendida, arquivada em um ou mais dos muitos grupos musculares. Ambas são liberadas sob efeitos de estímulos determinados, vindos do interior ou exterior, quer sejam mentais ou físicos, provocando o movimento e liberando-a. Isso dá origem ao comportamento mental, emocional e físico. Havendo bloqueio desse movimento, por tensão ou estresse, a memória relacionada sofre inibição ou paralisação, o que pode causar problemas à pessoa.A memória genética programada transmite ao corpo as situações ancestrais: é um arquivo mnêmico muito importante e quando influenciada pela memória aprendida, serve também como um guia para o aprendizado, no que se refere ao comportamento físico e emocional e às ações e reações. Numa situação estressante o unihipili busca na memória genética, uma forma de poder trabalhar a situação, e depois, havendo várias escolhas em potencial, busca na memória aprendida, as especificações para uma reestruturação que conduza à saída do estado estressante. Como exemplo, as situações estressantes relacionadas à auto-estima têm manifestações ligadas ao tórax e causam ansiedade, angústia e depressão. Origem da memória:Sob o ponto de vista abordado, só poderemos falar de origem das memórias, se remontarmos ao passado da vida atual e às outras vidas, quando foram gravadas no kino-aka do unihipili, as lembranças de todas as vivências de cada sonho básico de vida e suas modificações, dadas pelas experiências vivenciadas, formando as memórias de cada um deles. O preparo do atual sonho básico de vida feito em Po, traz em estado potencial, as memórias genéticas programadas próprias de cada indivíduo, e as possibilidades de mudanças no decorrer desse sonho básico. São transmitidas para o modelo corporal, imagem do kino-aka do unihipili, através dos fios-aka e cordões-aka transmissores das memórias ao uhane, co-criador do sonho básico, responsável pelos pensamentos que criarão as condições para se vivenciar as experiências que responderão pelo crescimento e formação de novas memórias, pela reformulação e perdas de outras, gravando no kino-aka do unihipili as marcas mnêmicas após a morte física do indivíduo, num encadear contínuo até que, pela evolução não mais renasça. Todas essas condições e também nossas necessidades evolutivas de seres criados à imagem e semelhança de Deus (crianças de Tane), estariam no DNA? Será que através do intelecto guiado pela mística, as descobertas no DNA conduzirão às possibilidades de transmutar o

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“Homo Sapiens” em “Homo Hominis”, o possível ser do futuro que poderá atingir a condição do “ser triuno?”.O unihipili não diferencia de onde vem a memória; o que forma a memória é a intensidade da experiência, isto é, o nível de reação fisiológica que ocorreu durante a vivência (quer nesta ou em outra vida), por ação química e muscular dada pela intensidade dos estímulos mentais ou físicos, obedecendo a uma programação genética própria da espécie e adaptada a cada indivíduo. Cada sonho básico obedece a determinadas condições que propiciam o desenvolvimento fisiológico, psíquico, cultural e espiritual do indivíduo.Exemplificando: “Diante de choques graves, que produzem um estresse generalizado, podem surgir amnésias (perdas totais ou parciais, permanentes ou temporárias), quando por bloqueios são atingidas grandes áreas musculares, onde estão arquivadas as lembranças. O processo de cura dar-se-á quando se faz um relaxamento muscular, propiciando a liberação das memórias dessas áreas para serem tratadas convenientemente. Nas amnésias a linguagem é geralmente conservada por estarem as letras e sons arquivados em todas as camadas musculares e pela freqüência do uso cotidiano da palavra escrita e falada”[3]. É interessante frisar que o unihipili não raciocina por não ser capaz de formular pensamentos indutivos (propriedade do uhane), sendo somente o espírito ou aspecto da consciência que armazena lembranças constituindo as memórias.Unihipili, “corpo/mente” subconsciente, não faz distinção entre passado, presente e futuro, sendo o presente o único tempo existente perceptível (a percepção consciente é propriedade do uhane através dos sentidos sensoriais). A lembrança é estimulada por reações fisiológicas instantâneas, cuja intensidade depende da importância do que se quer lembrar. “Isso quer dizer que você pode ter reações fisiológicas mais fortes ao lembrar-se de algo acontecido ao seis anos de idade quando foi severamente criticado, do que por fatos acontecidos em uma situação vivida recentemente, salvo se esses fatos foram mais marcantes”. O resultado disso é que quanto mais se remoer as lembranças, sejam boas ou não, mais elas afetarão seu corpo no presente, produzindo reações químicas e musculares semelhantes às que ocorreram na situação da vivência passada, quer nessa ou em outra vida. Quando boas, produzem mais endorfinas e quando ruins mais toxinas no aqui/agora. Fixar-se numa boa lembrança faz com que se sinta mais leve, expansivo, relaxado e feliz, ao passo que uma lembrança desagradável poderá fazer com que se sinta cansado, tenso, contraído, deprimido e infeliz. Essas situações, provocando reações diferentes, dão-se rapidamente, o que mostra a importância da mudança na focalização da atenção. “Um modo de controlar suas emoções e sua saúde no cotidiano é saber escolher as lembranças que se quer reviver, trabalhar essas emoções até que não haja mais necessidade de controle, por se tornarem naturais”.

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Em se tratando de memórias falaremos sobre causas que levam à formação de memórias que dão origem a certas formas-pensamento causadoras dos complexos. Defeitos na memória: a - Tensão muscular memória bloqueada.b - Estresse sintomas e doenças. Causas principais dos defeitos das memórias: MedoRaivaCulpa Conseqüências das causas: Sofrimento por medo, raiva e culpa devido a:a – Conservação de antigos valores, estagnando a evolução, mas nem sempre o crescimento.b – Aumento dos conhecimentos, reforçando os valores introjetados nos antigos e atuais padrões, sem transformação dos mesmos, mas com crescimento intelectual.c – Intelectualização do espiritualismo padronizado em doutrinas religiosas e científicas dogmáticas, num misticismo ilusório e separatista, que gera ansiedade por distanciar-nos do divino que há em nós. d – Apego às posses em geral, comandadas pelo intelecto, senhor do mundo e das inseguranças. Embevecido com a glória do poder enriquece as memórias com os dados fornecidos no aprendizado intelectual que está distante das verdades divinas do homem.e – Esquecimento do corpo como imagem-modelo espiritual de uma estrutura divina extra-corpórea, captadora dos desejos que propiciam o verdadeiro prazer, sem ligação com o prazer gerado pelo sofrimento, geralmente sublimado. A apreensão desse modelo espiritual traz alegria e paz ao corpo que as vivencia e a graça pelo despertar espiritual. f – Culpa por termos abandonado o simples. Complicamos a vida, estabelecendo tantos padrões que acabamos nos afastando da verdade de que somos a imagem e semelhança de Deus. Exigimos tanto, esquecendo-nos que Ele só pede uma fé do tamanho de um grão de mostarda, suficiente para compreendermos a realidade da simplicidade de Suas leis. Nessa simplicidade seríamos saudáveis transeuntes de uma vida pacífica e tranqüila, desapegados e sem posses, rumo ao Infinito Ser na “imagem e semelhança de Deus que está dentro de nós”.g – Por não seguir o velho aforismo “mens sana in corpore sano”. O corpo é um guia na busca dos novos valores que nos conduzirão a novos padrões, mudando nosso viver, reformulando as memórias. Seu uso adequado nos faz desistir do sofrimento como modelo de prazer e

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entendimento. Usando o corpo como companheiro numa nova e ativa caminhada, redescobriremos o estar num aqui/agora cheio de prazer e alegria.Deixemos os reconhecimentos mentais que trazem sofrimento e procuremos perceber como é simples sentir as possibilidades oferecidas pelo corpo. Exemplificaremos com um simples exercício que nos mostra o que poderemos fazer quando queremos reformas interiores reais. Exercício: “Lembre-se de algo desagradável, concentre-se em suas lembranças e observe o corpo, que fica cada vez mais tenso e contraído. Sinta suas reações.Desligue-se do estado anterior, solte o corpo, desligue-se dos problemas e aos poucos procure lembrar-se de algo agradável, alegre e vá novamente sentindo o corpo que vai se tornando leve e relaxado dando-lhe uma sensação prazerosa”.[4]Vamos mudar de direção concentrando nossa atenção focalizando o unihipili com pensamentos que nos levam a sentir o quanto ele é importante e como podemos explorá-lo para vivermos bem e adequadamente servindo a nós mesmos. Isso acontece quando entramos num estado alterado de percepção que propicia o fluir mais livre das lembranças que estão nas memórias que serão captadas pelo uhane, dando-nos a oportunidade de vivenciá-las física e emocionalmente e reformulá-las, criando maior harmonia entre os dois espíritos ou aspectos. O que aconteceu no exercício? Simplesmente, houve uma mudança de foco.As lembranças provocam emoções que são energias (mana ) movimentando-se no corpo por um pensamento dirigido, criando novas ideações e pensamentos que poderão reformular as memórias já existentes ou reforça-las, assim como criar novas.Modifica-se as emoções reformulando-se as memórias pela mudança da focalização. Haverá mudança quando se consegue um grau de focalização tal, que nos mantenha convictos da situação desejada, não havendo nenhuma dúvida sobre o resultado. Isso acontece quando se sente despertar interiormente o Princípio Makia[5] do Xamanismo Havaiano.Com o pensamento sem dúvida (paulele), que é o resultado dessa mudança de foco, surgem as intenções embutidas nas novas ações, que acontecem simplesmente como novas propostas advindas de um novo sentir, livre das análises críticas. Ë o caso do exercício acima.Essa é uma maneira de dar ao unihipili a oportunidade de receber imagens energizadas de mana que influirão nas memórias, e, conseqüentemente nas ações. As reações serão diferentes, os valores reformulados e os padrões modificados, facilitando as ligações do unihipili com Aumakua. O uhane se fortalece por começar a pensar de forma diferente, melhorando sua situação dispersiva e conseguindo focalizar e concentrar com mais facilidade. Com isso é capaz de captar mensagens do Aumakua por uma linguagem surgida

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da harmonia dos três espíritos que ficam mais livres e capazes de perceber a teia-aka, à qual pertencem. É uma indicação de que não se está mais separado como indivíduo, mas unido pela compreensão da harmonia universal. Volta-se a ser criança de Tane, redimida pelas experiências de todos os viveres através dos milênios.Assim, vencemos a morte; agora somos vidas tiradas da Água Viva.

Sebastião de Melo

[1] Colaboraram nesse trabalho os membros do Grupo Pirâmide de Santos, a quem agradecemos. [2] Conceitos de Carl Gustav Jung sobre Arquétipos do self (individual).[3] Os trechos entre aspas são de Serge King, tirados do livro “Urban Shaman”.[4] Exercício dado por Serge King no livro (Urban Shaman).[5] Makia, 3º Princípio do Xamanismo Havaiano: A energia segue o curso do pensamento.

Unihipili e Memórias

Função principal : Memórias (no corpo, é um modelo de vibrações).

Motivação principal : Prazer

Memórias :a - Genética programada à nível celular.b - Aprendida ou experencial nível de camadas musculares.

Origem da memória :O Unihipili não diferencia de onde vem a memória; o que forma

a memória é a intensidade da experiência, isto é, o nível de reação fisiológica que ocorreu durante a vivência (quer nesta ou em outra vida), por ação química e muscular dada pela intensidade dos estímulos, quer sejam mentais ou físicos, obedecendo a uma programação genética própria da espécie e adaptada a cada indivíduo. Cada sonho básico de vida obedece determinadas condições que propiciam o desenvolvimento fisiológico, psíquico e cultural do indivíduo.

Defeitos nas memórias:a - Tensão muscular memória bloqueada b - Havendo stress sintomas e doenças.

Causas dos defeitos das memórias: a - Medob - Raivac - Culpa

Conseqüências das causas:

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Sofrimento por medo, raiva e culpa devido a:a – Conservação de antigos valores, estagnando a evolução, mas

nem sempre o crescimento.b – Aumento dos conhecimentos, reforçando os valores

introjetados nos antigos e atuais padrões, sem transformação dos mesmos, com crescimento intelectual.

c – Intelectualização do espiritualismo, padronizado em doutrinas religiosas e científicas dogmáticas, num misticismo ilusório e separatista que gera ansiedade por distanciar-nos do divino que há em nós.

d – Apego às posses em geral, comandadas pelo intelecto, senhor do mundo e das inseguranças. Embevecido com a glória do poder enriquece as memórias com os dados fornecidos no aprendizado intelectual distante das verdades divinas do homem.

e – Esquecimento do corpo como imagem-modelo espiritual de uma estrutura divina extra-corpórea, captadora dos desejos que propiciam o verdadeiro prazer, sem ligação com o prazer gerado pelo sofrimento. A apreensão desse modelo traz alegria e paz ao corpo que as vivencia e a graça do despertar espiritual.

f – Culpa por termos abandonado o simples. Complicamos a vida, estabelecendo tantos padrões que acabamos nos afastando de Deus. Exigimos tanto, esquecendo-nos que Ele só pede uma fé do tamanho de um grão de mostarda, suficiente para compreendermos a realidade da simplicidade de Suas leis. Nessa simplicidade, seríamos saudáveis transeuntes de uma vida pacífica e tranqüila, desapegados e sem posses, rumo ao Infinito Ser na imagem e semelhança de Deus que está dentro de nós.

g – Por não seguir o velho aforismo “mens sana in corpore sano”. O corpo é um guia na busca dos novos valores que nos conduzirão a novos padrões, mudando nosso viver, reformulando as memórias. Seu uso adequado nos faz desistir do sofrimento como modelo de prazer e compreensão. Usando o corpo como companheiro numa nova e ativa caminhada, redescobriremos o estar num aqui/agora cheio de prazer e alegria.

Deixemos os reconhecimentos mentais que trazem sofrimento e procuremos perceber como é simples sentir as possibilidades oferecidas pelo corpo. Exemplificaremos com um simples exercício que nos mostra o que poderemos fazer quando queremos reformas interiores reais.

Exercício :“Lembre-se de algo desagradável, concentre-se em suas

lembranças e observe o corpo, que fica cada vez mais tenso e contraído. Sinta suas reações.

Desligue-se do estado anterior, solte o corpo, desligue-se dos problemas e aos poucos procure lembrar-se de algo agradável, alegre e vá novamente sentindo o corpo que vai se tornando leve e relaxado dando-lhe uma sensação prazerosa.

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Vamos mudar de direção concentrando nossa atenção numa focalização do Unihipili com pensamentos que nos levam a sentir o quanto ele é importante e como podemos explorá-lo para vivermos bem e adequadamente servindo a nós mesmos. Isso acontece quando entramos num estado alterado de percepção que propicia o fluir mais livre das lembranças que estão nas memórias que serão captadas pelo uhane, dando-nos a oportunidade de vivenciá-las física e emocionalmente e reformulá-las, criando maior harmonia entre os dois espíritos ou aspectos.

O que aconteceu no exercício? Simplesmente, houve uma mudança de foco.

As lembranças provocam emoções que são energias mana movimentando-se no corpo por um pensamento dirigido, que pode gerar novas ideações gerando novas memórias ou reforçando as já existentes.

Modifica-se as emoções, reformulando-se as memórias pela mudança da focalização. Haverá mudança quando conseguirmos um grau de focalização tal que nos mantenha convictos da situação desejada, não havendo nenhuma dúvida sobre o resultado. Isso acontece quando sentimos despertar interiormente o Princípio (Makia)”[1].

Com o pensamento sem dúvida (paulele), que é o resultado dessa mudança de foco, surgem as intenções embutidas nas novas ações, que acontecem simplesmente como novas propostas advindas de um novo sentir, livre das análises. Ë o caso do exercício acima.

Esta é uma maneira de dar ao Unihipili a oportunidade de receber imagens energizadas de mana que influirão nas memórias e conseqüentemente nas ações. As reações serão diferentes, os valores reformulados e os padrões modificados, facilitando as ligações do Unihipili com Aumakua. O Uhane se fortalece por começar a pensar de forma diferente, melhorando sua situação dispersiva e conseguindo focalizar e concentrar com mais facilidade. Com isso é capaz de captar mensagens do Aumakua por uma linguagem surgida da harmonia dos três espíritos que ficam mais livres e capazes de perceber a teia aka, à qual pertencem. É uma indicação de que não estamos mais separados como indivíduos, mas unidos pela compreensão da harmonia universal. Voltamos a ser crianças de Tane, redimidas pelas experiências de todos os viveres através dos milênios.

Vencemos a morte; agora somos vidas tiradas da Água Viva.

Mecanismos de Ação das Memórias

Tem-se dito que as memórias estão no corpo humano em duas condições, de acordo com suas origens; a memória genética programada que forma o corpo em sua estrutura celular, sendo responsável pela fisiologia de cada ser em seu sonho básico de vida; os músculos lisos caracterizam-na.A memória aprendida ou experiencial que se desenvolve conforme o desenvolvimento do corpo pelo amadurecimento do Sistema Nervoso

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Central e Periférico; encontra-se nos grupos musculares, onde são gravados os ensinamentos e experiências do dia a dia por toda a viagem da vida. O corpo é um todo que propicia ações dando-lhe uma noção e um aprendizado de conjunto. A massa muscular quer seja lisa ou não, não tem capacidade de pensar, nem de gravar na memória, mas é o veículo que funciona como a imagem que recebe e transmite pelos cordões-aka, as sensações, estímulos, idéias, pensamentos e quando possível, reflexões do uhane com a colaboração do unihipili, com “formas-pensamentos” e emoções que chegam energizadas pela mana-pensamento e são gravadas no kino-aka do unihipili, que em harmonia com o kino-aka do uhane são capazes de equilibrar os fluxos energéticos, modificando as lembranças gravadas nas memórias, ou fazendo com que desapareçam dando lugar ao surgimento de novas lembranças trazidas de experiências de passados longínquos e que precisam ser gravadas para reformulações que conduzam às mudanças do ser humano. Ai estão os momentos, insights, satori, etc., que nada mais são do que maneiras de interpretar os fatos; em primeiro lugar, por serem imagens adquiridas pelo corpo que as transformam em substâncias energéticas com poder modificador pela função do uhane que as pensou, e do unihipili que as forneceu e as recebeu de volta, reformuladas. No início é compreensível que haja um crescimento que pode ser chamado de espiritual, quando o intelecto tem a grande função de procurar entender para adquirir conhecimentos que aos poucos passam a ser analisados de maneira diferente de antes, com resultados fornecidos pelas memórias reformuladas.Nessas ações, se não há reformulações e perdas de memórias, há um acréscimo de energia-pensamento que vai se estagnando, o que pode causar doenças, levando muitas vezes à morte, que é o resultado da desarmonia de situações atuais e de passadas, propiciando-nos a oportunidade de novos ciclos de experiências em novos sonhos básicos de vida. A formação e reformulação das memórias aprendidas se faz às custas da memória genética programada que através da fisiologia constitui o modelo corporal, base para o aprendizado que se inicia pelos instintos e desenvolve-se posteriormente pelas decodificações cerebrais de um corpo sadio, propiciando o desenvolvimento do uhane, gerando pela imaginação e ideação, pensamentos que, conduzidos nos cordões-aka vão gravar nas camadas musculares, os dados que constituirão as memórias experiências ou aprendidas. Sem esse guia fisiológico (memórias genéticas programadas), torna-se impossível o crescimento do sonho básico de vida. No final da vivência da vida atual, as memórias gravadas no corpo (imagem do kino-aka do unihipili e uhane) estão integralmente no unihipili que sustenta a permanência do uhane junto a ele. Em Po o unihipili com seu conjunto de memórias antigas e reformuladas concretiza no DNA o potencial total do novo individuo que inicia na concepção e vai crescendo e evoluindo até a morte física, formando mais um elo nessa extensa corrente reencarnatória,

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com a orientação e coordenação do Aumakua e pela atuação do uhane.Reprisando e concluindo, o corpo é o repositório do resultado energético das ações provocadas durante a vida e que juntamente com as memórias, desencadeiam as emoções, propiciando a transferência dos resultados dados pelas experiências reformuladas que passam para o kino-aka do unihipili em Po. Ele as usará nas novas vidas com sonhos básicos diferentes que conduzem a novos sonhares, até conseguir se libertar do grande depósito cármico dado pelas memórias, para que os espíritos ou aspectos evoluam e se tornem pobres de espírito e ricos de vida, num campo energético formado de luz, promovendo a recondução das “crianças de Tane” ao reino das imagens puras, onde seremos a imagem e semelhança do Criador Pai/Mãe.O crescimento pelo conhecimento é necessário para que se possa mais tarde ter-se a analise criativa que conduz à reflexão, quando se conclui que ninguém se conhece porque as memórias são constantemente reformuladas ou não mais existem, propiciando a aproximação da grande meta que é: EU SOU.

Sebastião de Melo

Sonho Básico de vida e os Desafios dos Sete Princípios Xamânicos Falamos em artigo sobre o sonho básico de vida, mostrando como nos comportamos em cada uma de nossas passagens pela vida corporal. Hoje trazemos uma nova maneira de interpretá-lo, com o propósito de senti-lo de acordo com nosso crescimento e como desenvolvê-lo usando mais um critério dado pelos ensinamentos Huna; nossa visão neste artigo está voltada para a oportunidade que teremos com o estudo dos Sete Princípios do xamanismo havaiano e sua prática no dia a dia. No estudo do xamanismo havaiano descobrimos intelectualmente que existem sete palavras que podem tornar-se princípios que nos ajudam a descobrir também que o pensamento pode ser modificado e que com isso teremos uma maneira diferente de atuarmos dando mais ênfase à reformulação de nossas memórias levando-nos a novos comportamentos. Pelo estudo dos sete princípios descobrimos que eles possuem em si, atributos ou talentos que uma vez dinamizados nos mostram a essência do que essas palavras significam, ao sentirmos o valor que elas nos traduzem intelectualmente. Com a constância desses estudos começamos a sentir as transformações que sofremos e que nossas ações nos conduzem a novos modos de agir; passam a ser naturais e nos dão uma visão diferente de nós mesmos propiciando um comportamento com um maior entendimento das pessoas e da natureza em geral. É muito bonito tudo isso, mas ainda não descobrimos até onde eles podem nos conduzir. A razão disso é que trazemos em nosso sonho básico

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sete talentos, cuja descoberta serve para uma nova percepção interior que é a base de nosso desenvolvimento para um crescimento espiritual verdadeiro. Passamos a ser observadores com um sentido mais apurado de nossa rede sociométrica e participantes ativos da comunidade em geral, trazendo pelas experiências adquiridas a descoberta desses sete talentos como partes integrantes dos sete princípios. Para chegarmos a esse ponto passaremos por vivências conduzidas por fatores existentes em nosso sonho básico de vida e que dirigem nossa vontade na prática das ações, formando o ike de cada aqui/agora. Fazem parte dos sete princípios, mas têm um sentido diferente das palavras que intelectualizamos para explicá-los. São chamados de os sete desafios; sendo desafios teremos que vivenciá-los, de acordo com nosso atual crescimento espiritual. Eles fazem parte de nossa luta em todos os instantes da vida e é importante descobri-los para trabalhá-los e aos poucos nos libertarmos de seus grilhões. São chamados desafios porque é deles que vivemos e criamos nossas situações de existência, enquanto os princípios forem somente palavras intelectualizadas e interpretadas. Eles ditam nosso comportamento de acordo com nosso crescimento espiritual. Conforme nosso crescimento e evolução eles atuam com maior ou menor intensidade em nosso desenvolvimento interior. Na roda dos sete princípios se situam na periferia e têm assim, o maior contato com todo nosso atuar no dia a dia. Nossas transformações dependem do entendimento que vamos tendo desses desafios, o que vai modificando nossa atuação interior e exterior. A cada principio, assim como corresponde um talento, assim também existe um desafio a ser tratado. Nosso trabalho consiste em perceber um por um e nos desvencilharmos paulatinamente de suas influências. Assim sendo devemos começar nosso trabalho pelo primeiro deles que pertence ao princípio ike. Na ordem que se dá aos princípios, são: IGNORÂNCIA, LIMITAÇÃO, CONFUSÃO, PROCRASTINAÇÃO, RAIVA, MEDO E DÚVIDA. É chocante a descoberta de que não há uma dinâmica de harmonia, desenvolvimento e crescimento espiritual (uhane e unihipili) em cada princípio, se não trabalharmos durante a vida, em primeiro lugar, cada um dos desafios. A colocação dos sete princípios na ordem em que se situam é importante, para que possamos descobrir como atuarmos de uma maneira tal, que descubramos como nos livrar de cada um desses desafios. Não adianta querermos analisar cada um deles e pensar que assim estamos livres de seus efeitos. É necessário que destrinchemos um por um e que o tempo necessário está na razão direta de nossa vontade em sairmos da ilusão de que crescemos só intelectualizando, o que nossa imaginação, ideação e pensamento nos leva a criar. Muitas vezes isso faz parte de uma situação quando nos defendemos das possibilidades de penetrarmos mais profundamente em nós mesmos, em descobrir que temos interiormente uma sombra tão grande que não nos deixa perceber que somos guiados pelos desafios e que podemos desenvolvê-los de

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tal modo que passamos essa vida acumulando posses em todo sentido. Assim, acreditamos que estamos crescendo no sentido real da vida, quando tudo não passa de ilusões bem arquitetadas pelo nosso desenvolvimento intelectual analítico que faz crescer as memórias, mas não as reformula no sentido da mudança dos valores e padrões. O primeiro dos desafios a IGNORÂNCIA, pertence ao Princípio Ike que tem como talento a Visão; a visão é a responsável pela dinamização deste princípio; não tem o sentido de ver ou enxergar, mas de ter clareza sobre as coisas. A ignorância por vários caminhos enche de sombra o entendimento do princípio e o talento não tem a clareza suficiente para dar uma dinâmica do que realmente ele significa, a não ser da maneira em que as situações são percebidas e vividas (o mundo é o que você pensa que ele é). Sem a clareza do talento visão agimos na superfície de nossas vidas criando a cada momento um ike que nos dá condições de acreditarmos que estamos crescendo bastante, mas ainda não conseguimos perceber que o sentido sempre é o do apego e das posses. Trabalhar essa ignorância é penetrar em nosso intimo e com coragem descobrir que existem outras maneiras de se resolver as situações surgidas e que elas podem nos conduzir a caminhos diferentes que contribuem para diferentes intelectualizações inicialmente, e, posteriormente, a sentimentos que nos permitem fazer novas análises e praticar ações com um comportamento novo. É necessário ter vontade e no início enfrentar o desprazer de começar a entender que estamos criando constantemente ilusões para nos mantermos na sociedade como elementos de posses e apegados ao poder que domina nossos desejos, dando-nos intenções que nos distanciam da clareza da visão do principio ike, que até agora tem um significado etimológico sem o sentido xamânico da vida e que isso está na razão direta de memórias arraigadas em nosso sonho básico e que não estão sendo trabalhadas como deveriam; são memórias de fixação que causam sempre a desarmonia e a incompreensão, tornando-nos verdadeiros doentes sem uma doença corporal definida. A coragem necessária para essas descobertas surge pelo estudo das teorias formuladas pelos kahunas há milênios e que agora podemos compartilhar com a prática desse ensinamentos. Não é um caminho fácil por ser feito passo a passo e nós sempre queremos fatos concretos e imediatos; pregando que somos frutos de vários sonhos básicos pelas reencarnações sucessivas, ao mesmo tempo, queremos resolver tudo no aqui/agora. Grande ilusão! Trabalhar a ignorância nos leva a uma abertura sem preocupação de estarmos sendo ridicularizados, interpretados, julgados e mesmo rejeitados por atos que as pessoas nunca poderiam sequer desconfiar que praticamos, ou que tivéssemos pensamentos com desejos tão mesquinhos, segundo nosso próprio julgamento. Somos conduzidos por uma cultura e por tradições que nos amordaçam com crenças estagnadoras e egoísticas.

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Trabalhar a ignorância é dar o primeiro passo para novas e maravilhosas descobertas interiores que nos dão grande alivio e nos faz sentir que não necessitamos nos trancar a sete chaves para manter nossa dignidade, honestidade, posse e vários outros critérios que vamos criando no transcorrer da vida. Descoberta nossa ignorância, nem que seja uma pequena parcela dela, nos sentimos aliviados, mais humanos e as coisas ao nosso redor começam a mudar trazendo-nos o prazer de desfrutar da vida com mais alegria, dando ao nosso ambiente uma condição de maior afetividade e entendimento. Descobrimos assim, que tudo é possível desde que descubramos que o que nos impede inicialmente de executarmos a maioria das ações de que somos potencialmente capazes estão na falta dessa visão clara que a ignorância nos tira. Vamos pensar sobre isso e criar coragem para abandonarmos a covardia em que vivemos por falta de visão e nos dar uma chance de uma vida melhor com mais harmonia, satisfação, menos sofrimentos, menos problemas e mais crescimento espiritual. Tudo depende de querermos e não da necessidade de que precisamos manter nossa aparência em todo sentido como exemplo de retidão com comportamentos exteriores que julgamos adequados e que na maioria das vezes nos custa um sacrifício enorme a ponto de termos uma necessidade de atuarmos em beneficio dos necessitados, dos carentes de modo geral, nos desdobrando em ações filantrópicas que não deixam de ter seus valores, mas não são nada mais do que cobrir com cinza as brasas de nossa ignorância. Quem conseguir se livrar dessa ignorância ou de parte dela diminuindo a falta de clareza em relação a si mesmo e ao mundo, começa a vislumbrar a possibilidade entender aos poucos os desafios dos outros princípios e a graça de perceber que valeu a pena estar aqui e ir embora com a certeza de que obteve condições diferentes para seu crescimento nos futuros sonhos básicos de vida. Partamos sem medo para uma nova fase de descobertas de nós mesmos e estaremos nos amando mais e por acréscimo, às outras pessoas e valorizando toda a natureza que geralmente nem desconfiamos que existe a não ser em nosso proveito próprio. Ignorância é ausência ou falta de clareza e só vamos descobrir isso se começarmos a pensar que nossa vida tem um sentido muito mais importante do que nos apegarmos às nossas posses, tanto afetivas como materiais - no sentido econômico. A Huna espera por você; venha procurá-la para perceber o quanto tudo se torna mais fácil quando somos menos ignorantes de nós mesmos. Comece a pensar e veja se consegue uma percepção de sua própria ignorância e como vivemos na escuridão sem a possibilidade da visão que dinamiza tudo em todos. Não fiquemos estagnados; somos transeuntes que participam da vida de qualquer maneira e a melhor é tendo um pouco de clareza em nossa visão sobre todos e tudo. Amama Sebastião de Melo

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Ser Flexível – Um Aprendizado Huna

Flexibilidade: (cs). S. f. [Do lat. tard. flexibilitate.]1. Qualidade de flexível.2. Elasticidade, destreza, agilidade, flexão, flexura: (flexibilidade corporal)3. Facilidade de ser manejado; maleabilidade.4. Aptidão para variadas coisas ou aplicações: (flexibilidade de espírito)5. Docilidade, brandura.6. Disponibilidade de espírito; compreensão, complacência.(Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio Buarque de Holanda)

Fexível: (cs). Adj. 2 g. [Do latim flexible.]1. Que se pode dobrar ou curvar; arqueável, vergável, flexo.2. Que se arqueja ou se distende com facilidade; elástico.3. Fácil de manejar, de moldar; maleável.4. Fig. Dócil, complacente, brando, suave, submisso: (Caráter flexível)5. Fig. Que se adapta às circunstâncias; que não é rígiso.(Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Michaelis)

Inflexibilidade: (cs). S.f. [De inflexível +-(i) dade, seg. o padrão erudito]1. Qualidade ou procedimento de inflexível.(Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Aurélio Buarque de Holanda)

Inflexível: (cs). Adj. 2 g. [Do lat. inflexible.]1. Que não é flexível.2. Fig. inexorável, implacável, imapssível.Indiferente, insensível, impassível.(Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Michaelis)

Flexibility: Substantivo de ¨flexible¨.

Flexible: Capacidade de ser flexível, maleável, elástico, dócil, adaptável, capacidade de se adaptar, moldar-se, facilmente adaptável a novas situações, manter opiniões flexíveis.(Webster´s New Collegiate Dictionary)

Inflexibility: Substantivo de ¨inflexible¨.

Inflexible: Rígido, incapaz de mudanças, inexorável.(Webster´s New Collegiate Dictionary)

Inflexible: ‘o’ole’a, ‘olu’ole, pa`akiki, kãkãuha, wikani, wika’o(Hawaiian Dictionary – Mary kawena Pukui e Samuel H. Elbert)

Flexible: ’olu, napenape, holuholu, hōlule, napa, ho’alu’alu, malule, lule, pala’ie, ‘ō’upe, kāluhi, ho’okakale, holu, ‘ape’ape, lolena.

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Significados – Inflexible:Kākāuha: inflexível, rígido, exagerado.‘o’ole’a: inflexível, rígido, severo, rigoroso, tenaz, força, obstinação.Wika’o: áspero.

Significados – Flexible:1. Holoholu: flexível.2. Holu: balançar como as folhas do coqueiro, elasticidade, agitar como as ondas do mar.3. Malule: flexível, fraco, suave e frágil como a casca de ovo.4. ‘Olu: flexível, agradável, suave, elástico, confortável, bondoso, cortês. 5. Pala’ie: flexivel, mutante, instavel, bastao flexivel feito de folha de coqueiro.

Desenvolvimento:

Kākāuha: inflexível, rígido, exagerado.‘o’ole´a: inflexível, rígido, severo, rigoroso, tenaz, força, obstinação.Wika’o: áspero.

Dar um sentido à flexibilidade é falar de flexível; nos dicionários, as definições de flexibilidade conduzem a ser flexível, tanto em Português como em Inglês.Na tradução da Língua Inglesa para a Havaiana encontramos o termo “flexible” e não há referências às palavras flexibilidade ou inflexibilidade.Isso mostra que o importante é a qualidade da situação e não a situação em si. Com isso, conclui-se a possibilidade de mudanças de uma situação para outra, que é o que vamos enfocar em relação ao que a Psicofilosofia Huna nos propicia para essa transformação.É necessário que se entenda primeiro o que é ser inflexível, para se compreender o que é ser flexível. O conceito de “ser inflexível” conduz à rigidez ela é um dos fatores importantes que influencia o individuo a não compreender sua inflexibilidade o que o torna uma pessoa inexorável. A inflexibilidade é uma condição que leva a humanidade a vários e sérios problemas, dentre eles, a violência.A notável inflexibilidade de inúmeras doutrinas religiosas tem provocado as mais sangrentas guerras em nome de líderes que na realidade foram pacíficos, flexíveis e pregaram uma fé que unia as pessoas de forma disciplinada, tolerante, o que resulta em um autocrescimento e em crescimento da sociedade em geral. Trouxeram ensinamentos de uma realidade que não era entendida pelos dirigentes da época e nem pelos de hoje, que conduzem o povo e subordinam tudo a leis e costumes que criam uma fé intransigente que conduz muitas vezes ao fanatismo, o último degrau da inflexibilidade, promovendo um perigo social.Não se deve confundir rigidez com disciplina; a rigidez provoca a estagnação e leva à permanência. A disciplina conduz à percepção de caminhos que conduzem a novo e diferente Ike, numa dinâmica que

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mostra ser o ritual uma condição de percepção que faz crescer o ser humano. Através do conhecimento, ela lhe dá condições de continuar crescendo a ponto de mudar sua percepção. Sente então, que a disciplina lhe deu a compreensão da impermanência, fator preponderante em cada Ike vivenciado. A finalidade é atingir uma fé sem dúvida, baseada nas ações praticadas através dos ensinamentos de uma teoria que alimenta as necessidades individuais na busca da compreensão do que é ser flexível, tudo dentro de uma disciplina estabelecida que favoreça a espontaneidade e a criatividade.Seguindo a ordem das palavras havaianas que se referem a ser inflexível, vamos que em um último estágio está a que se refere unicamente a áspero, rude (wika’o); quando se consegue a percepção desse estado, surge a possibilidade de adquirir novos conhecimentos que podem conduzir a um novo cominho, no qual, a rigidez e a aspereza não são tão relevantes como até então. A interpretação passa a ter menos julgamento, o que propicia vislumbres de uma nova situação. A inflexibilidade não é mais um guia, mas uma condição incômoda. Esse caminho é o início da reavaliação de valores, o que permite uma percepção que pode conduzir à condição de ser flexível. Tudo isso se torna possível, desde que haja uma disciplina que sustente o aprendizado.Passaremos agora a descrever a qualidade de ¨ser inflexível¨, procurando entender o seu significado, de acordo com os ensinamentos Huna.Escolhemos dentre muitas, algumas palavras havaianas que mostram a qualidade do ser flexível, de acordo com Ike desse aqui/agora que estamos vivenciando.Holu: balançar como as folhas do coqueiro, elasticidade, agitar como as ondas do mar.Malule: flexível, fraco, suave e frágil como a casca de ovo.‘Olu: flexível, agradável, suave, elástico, confortável, bondoso, cortês. Pala’ie: flexivel, mutante, instavel, bastao flexivel feito de folha de coqueiro trançadas.Se em nosso Ike atual que é feito de posses, iniciamos uma condição de desapego, estamos dando um passo para enxergar qualidades adquiridas de uma maneira diferente; nossas atitudes nos conduzirão a resultados que serão analisados e avaliados conforme a importância que têm as ações praticadas aqui/agora. O propósito passa a ser o de uma pessoa que, com uma nova visão é capaz de sentir as mudanças interiores provocadas pelas novas vivências. Perdendo a rigidez e a aspereza passa a entender o que é ser agradável, suave, bondoso e cortês (‘olu). Sente o que é ser flexível e descobre que as coisas podem por algum tempo ser feitas de maneira semelhante, até que se perceba interiormente um novo sentido dado pelo desapego. São as mudanças do Ike, que nos conduz de acordo com a intenção, às ações que levam ao amor ou desamor, ao compartilhar ou ao egocentrismo.Ainda em seus significados (‘olu) mostra a evolução que aconteceu de acordo com a seqüência das palavras que apresentamos; as situações são diferentes e nos fazem sentir que houve crescimento e até uma

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certa evolução, dando-nos a impressão de uma nova percepção, a qual, nos transformou em seres bem diferentes do que éramos anteriormente; isso acontece depois de passarmos pelas diversas fases de crescimento do “sonho básico de vida”. Agora dependemos mais de nossas atitudes interiores, pois as ações que vêm de fora já não são tão importantes. Nesse ponto/momento o interno passa a adquirir um outro valor, não exercendo o que vem de fora, resultados tão importantes. Essa é a fase em que o homem já tem a compreensão do que vai dentro de si pelo despertar de um reto pensar e um reto agir proporcionado pelas experiências vividas, tendo a reflexão como guia por graça do Aumakua quando entre uhane e unihipili já existe uma certa harmonia. Nessa condição somos capazes de saber por uma compreensão superior, o que é ser bondoso e cortês, fatores importantes para o compartilhar e viver em estado de AlohaNo início dessas transformações somos frágeis como a casa do ovo e por uma disciplina perseverante, com rituais adequados chegamos ao endurecimento dessa casca que, apesar de tudo ainda é frágil e delicada, mas serve para abrigar um conteúdo que, está crescendo e que no tempo certo rompê-la e tomará uma nova forma de vida (malule); na formação do ovo tudo inicia por uma simples célula que vai se reproduzindo e para proteger o ser em desenvolvimento, inicialmente se transforma em uma discreta película mostrando a flexibilidade da criação. No início fraca, aos poucos vai se tornando dura, mas com uma fragilidade tal, que no momento adequado o filhote possa com suas próprias estruturas genéticas programadas romper a frágil, mas protetora casca e surgir para uma nova vida. Assim também somos nós em relação ao sonho básico de vida que inicia na concepção e cresce até o nascimento, quando começam as ações dessa nova viagem.Se todo poder está dentro de nós aqui/agora e agora/aqui, somos capazes de movimentar fluxos de energia, de acordo com nossa focalização; sempre seremos os únicos responsáveis pelo resultado de nossas ações e suas conseqüências. Não devemos nunca nos esquecer de que estamos ligados a passados muito remotos, dos quais queremos nos libertar e não que continuem sendo o guia de nosso dia a dia.Continuando a ter algumas das palavras havaianas como paradigma mostrando a riqueza dessa língua com seus diferentes significados, elas nos levam a refletir como a disciplina é importante; a ação guiada por uma constância nos mostra a sutileza embutida numa realidade guiada por leis divinas que conduzem aos mais variados acontecimentos, influenciados pela impermanência que provoca os efeitos manifestados em toda a natureza, que também possui o Ike de cada aqui/agora.Holu nos ensina que o balançar das folhas do coqueiro depende do vento que as impulsiona, isto é, de uma ação exterior; no entanto, tudo depende do crescimento do coqueiro que, dentro de uma genética programada produz um tronco com uma consistência própria da espécie e que parece ser rígido, mas nada mais seguiu do

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que uma disciplinada lei divina que lhe dá a condição de produzir folhas flexíveis com uma elasticidade tal, que permite balançarem sem se partir.As ondas do mar são frutos de vários fatores como os ventos, as tempestades e as leis próprias do mar que, aceitando as circunstâncias possibilitam a agitação das águas formando maiores ou menores ondas, o que permite reformular o fundo do mar, criando condições para a sobrevivência dos seres que ali habitam. É a harmonia na aparente desarmonia, é a disciplina das leis universais que são verdadeiros rituais divinos.Pala’ie – Essa é a palavra símbolo deste encontro; ela nos mostra todas as qualidades do ¨ser flexível¨. O ser flexível é mutante, por já ter a reflexão paralela; é instável por saber que o Ike é dinâmico e não fica estagnado numa rigidez permanente prejudicando o crescer e o evoluir. Transformou-se num bastão, o trançado feito da folha do coqueiro; sendo um bastão parece ser rígido, mas na realidade é fruto da disciplina criada por um ensinamento que propiciou o crescimento e a evolução até chegar à condição de saber que tudo segue seu curso natural, mas que se saiba buscar para se achar o que é necessário para uma harmonia completa. Isso se consegue fugindo das armadilhas do intelecto que exige de nós a busca em variadas fontes de conhecimento, numa dispersão tão grande que não nos deixa sentir que a simplicidade que nos leva à eficácia esta na compreensão dessa simplicidade e não no conhecimento intelectual desenvolvido simplesmente para a satisfação dos desejos, da vaidade e do poder dado pelo intelecto.Assim, concluímos que: A eficácia de nossas reflexões mede a verdade de nossas ações mostrando-nos o caminho que realmente conduz ao entendimento e, depois, à compreensão, quando somos despertados para a alegria do viver em Aloha.

Definições e significados de palavras:Rigidez:Qualidade de ser rígido, inexorável, falta de meiguice, de doçura, de compreensão, rudeza, aspereza. Pagina 2Disciplina: regime de ordem imposta ou livremente consentida; ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização, observância de preceitos ou normas, submissão a um regulamento. Pagina 2Ike: Primeiro Princípio do Xamanismo Havaiano: “O mundo é o que você pensa que ele é. Pagiana 2Sonho básico de vida: Definição Huna para a vida atual. Pagina 3Aumakua: Eu Superior, espírito paternal infalível; assemelha-se ao que se denomina de “superconsciente”. Pagina 3Aloha: Quinto Princípio do Xamanismo Havaiano: “Amar é compartilhar com...”. pagina 3

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Jacob Levy Moreno, o descobridor do Psicodrama e da sociometria, destaca as situações “aqui/agora e agora/aqui”, como sendo diferentes; assim, devemos avaliá-las, estudando-se cada uma em sua própria condição têmporo/espacial.Revendo dados das teorias de Moreno, começamos a conjeturar sobre o assunto e concluímos ser sua interpretação condizente com a nossa verdade.Partimos da premissa de que a velocidade é fator prioritário no desenvolvimento do conhecimento, e na evolução do ser humano em particular. As buscas para se conseguir uma velocidade cada vez maior é uma constante nos estudos e pesquisas, culminando com o prodígio de sair da Terra e terminando nos progressos da informática, que busca cada vez maior velocidade para seu desenvolvimento. É como se o homem lutasse contra o tempo, numa corrida para descobrir seu destino futuro, intuindo que, vencida essa barreira, tudo poderá se transformar.Nossa memória trouxe da Física, lembranças que propiciaram pensar sobre as ligações entre velocidade, tempo e espaço, antigos conceitos que sempre fascinaram o ser humano e que contribuíram para o desenvolvimento tecnológico.As equações relacionadas com esses três elementos sempre redundam em uma ação, conforme a maneira com que se aborda a aceleração.Fazendo uma analogia, trocamos velocidade por ação, espaço por aqui e tempo por agora.A velocidade pode ir do zero ao infinito tempo/espaço, dependendo da aceleração, correspondendo a ação à intensidade desses fatores.O aqui/agora teve início num determinado espaço/tempo e a ação está acontecendo neste instante, com um ponto de partida no passado, quando iniciou essa ação.Partindo da premissa que denominaremos de Ação Futura Próxima, uma ação que não acontece no aqui/agora, mas no agora/aqui, que nada mais é do que o futuro próximo, mas que também acontece neste instante, poderemos usar de um artifício que denominaremos de Velocidade Futura Próxima, chegando-se a uma condição diferente das anteriores, onde VFP provêm de uma inversão do espaço/tempo. Essa ação está ocorrendo no futuro, no mesmo instante das que acontecem no aqui/agora, mas está no agora/ aqui.Acontecendo no mesmo instante deduz-se que velocidade e velocidade futura próxima são uma única ação, assim como

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também a ação futura próxima. Isso mostra que o espaço em que as ações acontecem é um só, para qualquer das situações apresentadas, assim como o tempo.Se a Ação é igual à Ação Futura Próxima, espaço/tempo podem ter outra conotação em termos de acontecimento dos fatos; tal raciocínio nos leva a crer que espaço/tempo são duas condições que só existem porque nossa imaginação, ideação, raciocínio e pensamento são baseados no presente, espaço/tempo por nós percebido através dos cinco sentidos físicos e da sensibilidade em geral, fatores cujos resultados estão subordinados às decodificações cerebrais e às ações corporais nos seres vivos, em todos os gêneros da Natureza.O conceito de realidade se modifica e o manifestado passa a ser uma imagem dessa realidade invisível; a ação concreta seria a imagem da realidade no aqui/agora.Essas hipóteses só podem ser verdadeiras, se partirmos da premissa de que não pode haver ação sem movimento, portanto, sem velocidade. A resistência é fator preponderante para que se concretize uma ação. Sendo tudo relativo torna-se possível a manifestação pela ação; não havendo resistência, torna-se impossível a realização de qualquer ação no infinito.Como a ação (que está acontecendo aqui/agora), é igual à Ação Futura Próxima (que também está acontecendo agora/aqui), o espaço onde estão é aqui e o tempo onde acontecem é agora.Esta condição nos dá a possibilidade de que aconteça o que Moreno chamou de Momento, e, para o quê, não encontrou uma definição, mas achou que é o resultado da espontaneidade e da criatividade.A Espontaneidade, outro conceito de Moreno, pode ser aqui substituída pela vontade; ela dá o impulso inicial, ativando as memórias que vão dar origem à imaginação, à ideação, um pensamento, um sentir ou a um novo sonho, que sendo focalizado com atenção intensa e firme propicia uma concentração única, transformando-se no aqui/agora, em uma fé assumida sem dúvida (paulele), surgindo uma nova crença, um novo sonhar num novo Ike (o mundo é o que você pensa que ele é).Pela ação, essa condição transforma a nova crença numa verdade, surgindo simultaneamente a Criatividade que está no futuro próximo (do qual, faz parte o agora/aqui), mas que ao mesmo tempo está acontecendo aqui/agora; o resultado dessa situação é o que Moreno chamou de Momento (semelhante ao insight, satori, etc. de outras teorias). Dependendo de sua intensidade, pode-se chegar a uma realização interior, contemplação, individuação, etc. É o resultado das transformações profundas sofridas pelos indivíduos, quando há realmente mudanças. Com essa nova maneira de ser e sentir, com os pensamentos agora dirigidos sem dúvidas dá-se o Encontro (realização total, o reino dos céus em nós, o atuar natural do Aumakua), que é a transformação da estrutura psicofísica da pessoa, mudando seus valores e padrões possibilitando assim, o desenvolvimento e reformulação de seus papéis de maneira intensa e o surgimento de outros, que propiciam novos vínculos. Dá-se, então, a evolução com a auto-realização, transformando esse

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indivíduo em um outro, diferente do que era anteriormente.Quando há uma ação máxima, em que o aqui é ilimitado e o agora é infinito, tem-se como resultado a não ação. Só existe ação, onde há uma resistência, uma aceleração e uma velocidade, o que se dá no relativo finito do tempo/espaço presente, como foi dito antes.Quando o tudo e o todo estão totalmente integrados, não há meios de existir ação; é o não espaço/tempo (o absoluto e o infinito); surge, então, o homem holístico que há dentro de cada um, a quem possivelmente, Moreno chamou de Homem Genial, o homem perfeito, que servirá de modelo nos estudos e pesquisas do ser humano futuro; é o Filho do Homem dos Evangelhos, já citado por Jesus, o Aumakua (Eu Superior, Superconsciente) dos kahunas; é a própria imagem e semelhança de Deus, conhecida dos mestres kahunas desde Mu, continente desaparecido há cerca de treze mil e quinhentos anos e que nos legou seus ensinamentos através dos modernos kahunas, principalmente os do Havaí.O aqui/agora é o arquivo das lembranças das ações que vieram das experiências já vivenciadas, construindo o passado, que passa a ser as memórias, cuja soma total, constitui a “conserva cultural da humanidade”, sendo seu maior símbolo atualmente, o livro; contribui na formação e desenvolvimento de todos os papéis formando o futuro, podendo, no entanto, bloquear a Espontaneidade e a Criatividade estagnando o indivíduo, prisioneiro de seus conceitos e valores passados, acrescido pelas novas e atuais formas de se adquirir conhecimento, em se tratando da ciência oficial e da moderna tecnologia.O agora/aqui está dentro da ação, mas indica o acontecimento no sentido da Ação Futura Próxima, mostrando o que está acontecendo simultaneamente e que será o próximo aqui/agora.Nas dramatizações em psicoterapia, busca-se no aqui/agora, uma condição que faça o indivíduo vivenciar situações incômodas do seu passado, que o converte em pessoa inadaptada e, por vezes, inadequada ao meio, pela insuficiência e inexpressividade no desempenho de seus papéis. Por esse motivo, as ligações responsáveis pelas ações adequadas ao próprio indivíduo, e ao ambiente ficam impossibilitadas de ocorrerem por não estar os papéis suficientemente desenvolvidos para se vincularem e produzir boas ações, refletindo no comportamento da pessoa e no desenvolvimento do sonho básico de vida, de maneira inadequada. Isso impede que adquira novos padrões e sofra as mudanças para sua evolução.Na dramatização, vivenciando-se no “como se”, somos capazes de novamente perceber o acontecido e emocionalmente senti-lo, como se os fatos estivessem se repetindo, e, dependendo da intensidade com que se vive as situações, pode-se reformular pensamentos, sentimentos e conseqüentemente as memórias, provocando mudanças que nos dão novas perspectivas e possibilidades de uma vida saudável e harmônica em si mesma, com as pessoas, com o ambiente e com o mundo como um todo. É um crescimento evolutivo.A essa vivência dramatizada, que se dá em um estado alterado de percepção damos o nome de regressão terapêutica. É uma

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situação em que a pessoa está atuando como ator principal (vida atual) e coadjuvante (vidas passadas), ao mesmo tempo. Revive a cena, sentindo-a como se estivesse acontecendo no atual aqui/agora; ao mesmo tempo, está sendo o protagonista das duas situações, e, por estar em um estado alterado de percepção, consegue unir as vivências tiradas das lembranças de memórias do passado que, trazidas pelos cordões-aka (elementos de ligação entre os três eus), provocam um novo vivenciar, que, modificado, devolve ao unihipili (subconsciente) por vias ampliadas (cordões-aka modificados), memórias reformuladas, que anulam ou modificam as anteriores, libertando o indivíduo das fixações (formas-pensamentos) que eram prejudiciais, dando á pessoa a oportunidade de uma verdadeira mudança. As emoções são as condutoras energéticas corporais (ação no corpo (kino), das reações revividas durante essas dramatizações, possibilitando por essa circulação com um pensamento dirigido, a mudança do conceito de julgamento, passando da análise crítica para a análise criativa e avaliação; posteriormente, do pensar para o refletir, harmonizando unihipili e uhane (consciente), por intermédio do Aumakua (superconsciente)memórias aprendidas, responsável pela oportunidade que nos é dada por um novo pensar, sentir e agir, possibilitando-nos passar de um padrão antigo ou atual, para um novo, base de qualquer mudança. É um despertar no novo aqui/agora surgido pela transformação ou perda de valores. O que verdadeiramente se chama de mudança ou transformação é a reformulação ou perda de conceitos, valores éticos e morais, provocando mudanças nos padrões pela reformulação e perda das memórias aprendidas ou experienciais, principalmente das oriundas das genéticas programadas, responsáveis pelo aprendizado no sonho básico de vida atual. Uma nova forma de sentir, pensar, agir e sonhar surge pelas novas descobertas. A mudança é fruto de um novo pensar, que refaz os padrões, que reorientam as ações criando novos comportamentos, retirando de sua memória genética programada e aprendida, as situações que foram trazidas e que, agora experienciadas de forma diferente, vão desativar ou fazer desaparecer cordões-aka que transportavam lembranças que provocavam as desarmonias, causadoras de doenças e situações mentais prejudiciais, surgindo novos cordões-aka, ou acrescentando-se aos antigos, já modificados, novas formas de transmissão dos valores e padrões que conduzem a novos conhecimentos e à compreensão, o que traz a harmonia interior.Tudo isso é possível, quando se crê que a vida é um sonho básico, no qual, podemos acrescentar outros sonhos, até o ponto de termos condições de mudar nosso sonhar, modificando o nosso viver e adquirindo um novo padrão de sonhar. O padrão genético programado que trazemos está orientado no sentido do pensar para sentir, o que resulta em analisar criticamente as situações surgidas possibilitando revê-las, mas que, permanecendo os mesmos conceitos e valores, os padrões não mudam, mas são enriquecidos pelo aumento de novos conhecimentos, mas sem haver mudanças na

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análise das situações, o que prejudica a evolução real dos espíritos; há um crescimento espiritual, mas sem uma evolução condizente com o desenvolvimento intelectual.Simbolicamente estamos dizendo que, assim, está se preparando um novo sonho básico, para uma outra vida, calcado no acréscimo de conhecimentos, sentimentos e vivências emocionais, dentro dos mesmos padrões que trouxemos; isso não é mudança, mas a soma de novos pensamentos, idéias, conhecimentos e desenvolvimento de valores, que farão crescer o sonho básico de vida que se possui atualmente; está-se assim, preparando a próxima reencarnação, quando se terá mais conhecimentos, num carma reformulado; isso nos torna espiritualmente mais ricos; é o crescimento espiritual das doutrinas religiosas. Tenderemos até para gênios, mas não para seres evoluídos, as Crianças de Tane (os seres que existem pela vontade criadora do Deus manifesto).Os padrões atuais, estruturados no aqui/agora atendem ao sonho básico de vida e podem ser expressos na seqüência: Pensar analisar sentir agir adquirir conhecimentos e memorizar. Para isso, a interpretação é feita por análise crítica, pesquisas e julgamentos tendentes a acompanhar as doutrinas religiosas, a tecnologia e a ciência clássica e dogmática, seguindo os ditames do intelecto, já condicionado aos fatores assinalados por herança advinda da genética programada.A mudança de padrão requer uma diferenciação do fator espontaneidade, que é criativo quando a vontade é direcionada para a inspiração que conduz à intuição.Intuição é um processo diferente; “é uma percepção subconsciente, que começa e termina na alma”; é a linguagem simbólica que traz a realidade para a imagem manifestada; abrange a situação em sua totalidade, desde o instante que surge a criatividade, até a solução, que é a remodelação da situação, reformulada num só e instantâneo ato ou atitude, por ação harmônica abrangendo os três eus. A experiência nos mostra que, aos poucos, vamos buscando nas memórias de nosso sonho básico de vida, as imagens gravadas, que serão conduzidas pelos cordões-aka e transformadas em pensamentos advindos de um sentir harmonizado pela ação do Aumakua que derrama suas bênçãos, modificando os padrões possuidores da experiência do aqui/agora, permitindo assim, penetrar no agora/aqui e dele vivenciar as ações, num novo sonhar que desenvolve um novo viver, por adquirir a análise criativa e uma outra avaliação.Passamos do critério analítico crítico para o da análise criativa e da avaliação; da solução pelo pensamento que tem como norma o julgamento, para a solução pelo pensamento criativo e posteriormente pela reflexão, fruto da intuição, mãe da compreensão, antítese do julgamento, irmã do amor (Aloha – amar é ser feliz com...).A seqüência passa a ser: Sentir pensar criativamente avaliar agir refletir conhecer criativamente compreender agir por amor (Aloha); é adquirir conhecimentos de maneira reformulada

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memorizando-os, desativando lembranças de fixações e fazendo desaparecer memórias, que não mais têm razão de permanecer nos futuros sonhos básicos de outras vidas. Assim, vai-se reformulando o sonho básico de vida atual pelas transformações que sofre o intelecto, o que faz jorrar com mais facilidade, para dentro da viagem da vida reformulada pelos novos padrões, as qualidades de um individuo diferente, desenvolvendo e evoluindo esse novo ser. O resultado é a possibilidade de se começar a fazer a reflexão paralela, retirando-se do conhecimento do sonho básico de vida atual, dados que nos permitirão viver num novo sonhar, um novo sentir, um novo pensar e um novo agir no aqui/agora, crescendo em harmonia e tranqüilidade, após vencer os desafios dos sete princípios básicos do xamanismo havaiano, que faz parte da Psicofilosofia Huna. Partimos do primeiro deles, a ignorância com o sentido de nossa visão não tem clareza. Aos poucos vai clareando a visão interior e posteriormente, criando oportunidades para que sejam entendidos e compreendidos, para que se viva na compreensão e no compartilhar de Aloha, tornando possível a comunicação e a solução; isso pode acontecer através da Prece-Ação, que assim, se torna uma realidade.Por princípio, cremos que os padrões básicos, que mantêm o sonho básico, estão na memória genética programada; em parte, como um potencial, que pode surgir e desenvolver-se durante a viagem da vida. Se a vida é um sonho, essa é a oportunidade de se começar a sonhar de maneira diferente, desenvolvendo e liberando do padrão emergente, padrões reformulados para um novo viver, após nos livrarmos dos desafios.Segundo Moreno, “uma situação revivida pela segunda vez, com intensidade emocional semelhante à primeira, modificará a primeira mudando seus efeitos”. Isso acontece no agora/aqui, através do aqui/agora e terminada a vivência, é o mais novo aqui/agora memorizado, porém, reformulado pela situação vivenciada, com conotações de novo padrão; é uma ação libertadora.Essa sucessão de ações nos dá a noção de espaço/tempo percebidos pelos sentidos físicos e pela sensibilidade mostrando o presente, que pode assim, ser modificado.Em outras palavras, tempo e espaço não passam de ilusão. Tudo está no eterno que não pode ser visto, nem como espaço, nem como tempo, mas como o que é, e não, como o que existe.São os ”Momentos” (sem correlação com tempo e espaço) que vivenciamos, que nos dão a alegria de viver e a esperança do “Encontro” da imagem e semelhança divina, que há em nós.Essa é a situação que se desenvolve no ser humano e que a psicofilosofia Huna chama de Aloha (amar é compartilhar com...), o quinto dos sete princípios básicos do xamanismo havaiano, que só pode ser compreendido pelos que despertaram em si mesmos, a percepção intuitiva da vida, esse grande sonho da realidade, que é Pono, o sétimo princípio (a eficácia é a medida da verdade). Esta é a condição em que atua o tecelão de sonhos o xamã, o curador.A partir do instante em que o ser humano passa a ser no seu

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existir, começa a surgir o homem ideal, o homem genial de Moreno, o filho do Homem, citado tantas vezes por Jesus, nos Evangelhos, o Aumakua, o Eu Superior do homem trino, segundo nos ensina a Huna.Exemplificando, tomaremos como paradigma a parábola da figueira que secou:“De manhã, ao voltar para a cidade, teve fome. E vendo uma figueira à beira do caminho, foi até ela, mas nada encontrou, senão folhas”.E disse à figueira: “Nunca mais produzas fruto!” E a figueira secou no mesmo instante. Os discípulos, vendo isso, diziam, espantados: “Como assim, a figueira secou de repente?”Jesus respondeu: “Em verdade vos digo: Se tiverdes fé sem duvidar, fareis não só o que fiz com a figueira, mas até mesmo se disserdes a este monte: ”Ergue-te e lança-te ao mar”, isso acontecerá. E tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis. (Texto extraído da Bíblia de Jerusalém, página 90, Evangelho segundo Mateus, capítulo 21, A figueira é um sinal).Jesus, o Aumakua em essência, nos mostra sempre a fé, como fator primordial para conseguirmos realizar nossos sonhos.Essa figueira era uma árvore frondosa e que de acordo com as leis da natureza estava pronta para cumprir suas funções determinadas geneticamente pela sua espécie, dando frutos normalmente, nas épocas certas. Esse era o sonho básico de vida que estava traçado para aquela árvore, se não fosse a interferência de Jesus mostrando a seus discípulos, seu poder de ação.Assumiu uma posição de autoridade e com um pensamento dirigido sem dúvidas, transformado numa crença inabalável, conseguiu mudar o destino da figueira, por uma fé assumida, que é dada àqueles que sabem o que fazem. O aqui/agora dessa árvore começa na semente, e, a partir daí, forma sua história que é a trajetória de vida que traz dentro de si, por todo o potencial dado geneticamente à sua espécie; estava delineado seu futuro, se não tivesse havido imprevistos alheios à sua situação de árvore, como aconteceu na passagem evangélica.Jesus fala à figueira e extrai dela toda sua vitalidade, transformando-a num ser sem vida (como árvore), de maneira instantânea, o que foi um ato totalmente inusitado e incompreensível, por não ter uma explicação racional. A partir do instante em que ele formulou a prece para a figueira, trouxe do futuro próximo da árvore (agora/aqui), tudo o que necessitava para a ação que planejara através do pensamento, transformado numa imagem da figueira seca. Essa ação do pensamento dirigido para a imagem criada, está ligada ao agora/aqui da figueira, que recebeu sua ordem e obedeceu-o, secando-se imediatamente, contrariando tudo o que seria natural e que estava geneticamente programado, demonstrando que podemos modificar nosso sonho básico de vida, quando aprendemos a sonhar, com os padrões dados pela fé sem dúvida. como se a figueira possuísse algo que desconhecemos, além da

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árvore em si, mas que Jesus sabia existir, e, por isso, podia usar o seu poder e autoridade para aquela ação; é a subjetividade agindo para ações objetivas, pela projeção, numa atitude de fé sem dúvidas.A esse conjunto de acontecimentos que se dão no instante em que o aqui/agora e o agora/aqui atuam simultaneamente, numa ação total, fundindo-se para uma realização, é que se pode dar o nome de Momento.O passado e o futuro se fundem numa só e única ação, dando em termos de espaço e tempo, o presente, que é a única condição perceptível como verdade para os seres humanos.Max Freedom Long delineou bem essa situação sintetizando na Prece-Ação todas as possibilidades de se executar qualquer ação, seja ela qual for, desde que se consiga com um pensamento dirigido, uma fé sem dúvida capaz de formar e cristalizar a imagem completa dos desejos que se transformam em ações e realizações. A fé não está ligada a nenhum código de moral, ética ou doutrina religiosa, mas é uma força natural que pode atuar, seja no bom sentido ou não, mas que geralmente atua, com ótimos resultados; tudo depende da intenção, da importância e de um conhecimento profundo da capacidade de focalização de quem formulou o pensamento transformado em imagem cristalizada, por um uhane direcionado.A percepção alterada e a mudança de padrão, como se disse acima, é fator básico para a obtenção de resultados satisfatórios na Prece-ação, que depende essencialmente da formulação (paulele).Quando, a intenção projeta um pensamento dirigido sem nenhuma dúvida, o desejado está acontecendo no agora/aqui e o fato está ocorrendo como imagem do aqui/agora.A transformação interior, fruto da reflexão é a meta de nossa vida, mostrando pelas mudanças, uma vida saudável e produtiva, quando as realizações são frutos da atividade do Aumakua no todo, colocando-nos na longa e saudável estrada do Aloha, na vivência de Pono.Como vimos, as transformações internas é o resultado de vivências do cotidiano.Palavras havaianas usadas neste artigo pela ordem em que aparecimento:Huna – Psicofilosofia ensinada pelos mestres polinésios e principalmente pelos havaianos do antigo Havai’i; significa “conhecimento oculto”.Ike – Primeiro Princípio do xamanismo havaiano: “O mundo é o que penso que ele é”.Aumakua – Pai ancestral infalível e bondoso; Eu Superior; a imagem e semelhança divina em nós. É um espírito independente que está ligado a todos os seres da natureza.Kahuna – Guardião do Segredo; sacerdotes e mestres responsáveis pela transmissão e conservação dos ensinamentos secretos da Huna no Havaí.Aka – Substância que permeia o universo e da qual é formada toda manifestação. Significa também luz.

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Cordões-aka – prolongamentos do Unihipili responsáveis pela transmissão dos pensamentos em forma de memórias entre o uhane e o Aumakua e unihipili e uhane.Unihipili – Espírito responsável pelo armazenamento e conservação das memórias; é subconsciente; tem raciocínio dedutivo; existe em toda a natureza; produtor de mana (energia vital existente em todos os seres da natureza).Uhane – o espírito que fala. Responsável pela imaginação, ideação e pensamentos. Está no corpo; é o que ordena e toma decisões. Corresponde ao consciente da psicologia. Depende das memórias do unihipili para suas manifestações.Kino – corpo físico; modelo da imagem do unihipili.Kino-aka – Corpo etéreo de cada espírito.Tane ou Kane – Deus manifesto, o Deus que existe. Na Mitologia Havaiana, o organizador e responsável pelo universo. Primeira das manifestações divinas do Supremo Ser.Crianças de Tane – Seres criados a sua imagem e semelhança que habitam o universo no invisível e em suas manifestações.Prece-Ação – Síntese da psicofilosofia Huna em termos de oração, com a participação dos três espíritos do ser humano.Aloha – Quinto Princípio do xamanismo havaiano: “Amar é compartilhar com...”.Pono – Sétimo Princípio do xamanismo havaiano: “A eficácia é a medida da verdade”.Paulele – Crença sem dúvida criada por uma fé inabalável onde não há duvidas.Sebastião de MeloO Que É Vida? “A Vida É Um Sonho” Sonho Básico De VidaA definição de que “vida é um sonho” foi descrita por Serge Kahili King em várias de suas obras, para explicar como se pode modificar a vida modificando os sonhos, durante a vida atual e em outras vidas.Após pesquisar durante anos e, como resultado de observações em nossas experiências com regressão de memórias em pacientes de consultório, chegamos a várias conclusões, dentre elas, a de que de um modo geral e de acordo com nosso desenvolvimento espiritual a frase “vida é um sonho” refere-se à vida de uma maneira muito ampla.Para melhor estudo e conceituação dividimos a definição em duas partes, tendo como paradigma que o ser humano durante um período de vidas sucessivas está de certo modo limitado em seu desenvolvimento. As limitações descritas em forma de desafios, por Serge King, em seu livro Urban Shaman, na Sexta Aventura, quando fala “Na busca da visão em Milu”, liga cada desafio a um dos sete Princípios do xamanismo havaiano da seguinte maneira: Princípio Ike[1], desafio ignorância; Kala[2], limitações; Makia[3], confusão; Manawa[4], procrastinação; Aloha[5], raiva; Mana[6], medo e Pono[7], dúvida. A partir dessa concepção, criamos o conceito de que durante esse estado espiritual, nos períodos de reencarnação na terra, “a vida é um sonho básico”, o que significa, memórias a serem

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vivenciadas e reformuladas através das experiências na vivência dos desafios que serão vencidos um a um de acordo com o entendimento de cada pessoa.Cremos que essa interpretação de que a vida é um sonho básico, não modifica em nada a de que “vida é um sonho”; pois tudo funciona em razão do crescimento e evolução espiritual.A seguir descreveremos a dinâmica do desenvolvimento e crescimento dos sonhos básicos de vida, segundo pensamos e explicaremos a seguir.Introdução – Como se forma o “sonho básico de vida?”[8]

No período entre a última morte e a concepção da vida atual, o ser humano passa por um período de aprendizado em Po[9] (nos planos espirituais), quando tem a oportunidade de revisar as memórias gravadas no kino-aka[10] do unihipili[11], com a colaboração do uhane[12], sob orientação do Aumakua[13] e de mestres encarregados dessa tarefa (Poe Aumakua)[14], verdadeiros facilitadores que contribuem para a formação do novo sonho básico de vida. Na pós-morte, o ser humano passa por várias fases, desde um período de desligamento - quando entra em um estado de repouso semelhante a um profundo sono - bem como por contenção, tratamento, aprendizado escolar e educacional. Tudo termina quando está pronto para deixar a intervida[15] após um longo aprendizado. Sai dessa fase para ressurgir na vida intra-uterina pela concepção, iniciando um novo ciclo de vida.Pelas experiências que tivemos com regressões, essa situação fica muito clara. Em alguns pacientes que vivenciaram memórias de vidas passadas foi possível acompanhar esse preparo, bem como as reformulações feitas no aprendizado, tudo de acordo com suas necessidades de crescimento e evolução na nova etapa a ser vivenciada. Como se trata de memórias, pode nas regressões vivenciar situações como alguém que inicialmente necessitou de contenção, tratamento e aprendizado escolar. Na regressão a pessoa funciona como um ator principal(vida atual) e ao mesmo tempo como coadjuvante(memórias de vidas passadas); vivencia e sente essa situação; por estar em estado alterado de percepção, o que possibilita vivências em dois estados têmporo/espaciais de diferentes vibrações. Revive emocional e intensamente as memórias de situações anteriormente experienciadas e que agora são sentidas de uma maneira tal que possibilita reformulá-las. Delas tira um aprendizado e uma nova proposta para novas vivências.[16]

No preparo em Po, a formação das memórias genéticas programadas é fundamental como base do desenvolvimento e crescimento na vida fetal[17] e, após o nascimento, base para todas as experiências da própria vida. Isso, num espaço/tempo diferente do vivido em Po, bem como tudo que vivenciará em seu crescimento. Nada será feito sem ter uma relação com o meio em que vai viver – rede sociométrica –, a qual geralmente está ligada às memórias de vidas anteriores, mostrando que o ser humano cresce em grupos afins ou em grupos para experiências espirituais, mas que no entanto, o indivíduo é o único responsável pelo seu sonho básico

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de vida. O seu, ambiente será um coadjuvante em sua vida; assim, não é fruto de seu meio ou de sua criação, dos quais sofre influência, o que vai facilitar ou dificultar a realização de seu sonho básico de vida, que só dependerá do aproveitamento de sua vontade.Em Po, na sua programação de vida, usa de seu livre arbítrio - de acordo com suas possibilidades de discernimento -, para seu aprendizado, tendo a orientação de mestres (Poe Aumakua).Uma vez reencarnado, o livre arbítrio é simbolicamente representado pela vontade, mola propulsora de todas as ações. Fica assim claro, que não há um determinismo, mas uma condição de execução do que trouxe como memórias (programação) e que estão em estado de latência em seu DNA, para serem desenvolvidas de acordo com o potencial trazido que orientará o crescimento corporal e psicológico por intermédio da dinâmica fisiológica e comportamental, dando como resultado o crescimento espiritual.Formação das memórias aprendidas ou experienciaisApós o nascimento a criança vive em função das memórias dadas pelas marcas mnêmicas que estão em suas memórias genéticas programadas. Os estímulos próprios de cada função orgânica, vão aos poucos aumentando as sensações formando as memórias aprendidas. Inicialmente essas memórias estimulam o desenvolvimento anatomofisiológico que se manifesta por ações orgânicas. Primeiramente são instintivas e gradativamente vão formando novas memórias que são registros gravados nas camadas musculares. São responsáveis pelas sensações que provocam diferenciações mentais que são indutivas e são decodificadas cerebralmente de acordo com o amadurecimento dos sistemas nervosos; promovem o desenvolvimento do uhane, que aos poucos vai ordenando as ações usando das memórias em geral, até chegar a ter condições de decidir quais são as memórias capazes de desenvolver e fazer crescer este ser, nesta vida, usando como paradigma o sonho básico de vida. O pensamento dado pelo uhane passa a ser o fator primordial que conduz o homem em sua viagem pela vida atual.Assim se formam as memórias aprendidas ou experienciais que continuam interligadas às memórias genéticas programadas.De acordo com as vivências do dia-a-dia, as memórias são enviadas ao cérebro onde são decodificadas, trazendo as respostas que propiciam as ações ordenadas pelo uhane, como formas-pensamentos interpretadas ou as sensações que são gravadas como fixações, originando o que Max Freedom Long chamou de “complexos”, memórias que provocam desequilíbrio psicológico e físico.As memórias genéticas programadas funcionam até um determinado período da vida[18], como formadoras da estrutura anatomofisiológica e estão no nível celular. Entende-se como nível celular toda a estrutura anatômica responsável pelo funcionamento fisiológico do corpo humano. A dinâmica corporal conduz o individuo a viver fisiologicamente dentro do modelo físico dado pelas memórias genéticas programadas. Numa complexa ação conjunta contribuem para formar as memórias aprendidas, num continuum espaço/tempo

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de experiências.Essa situação diferencia o ser humano (Homo sapiens) dos outros animais. O desenvolvimento de tudo que existe na natureza depende das memórias genéticas programadas criadas filogeneticamente[19]

(próprias de cada espécie) e ontogeneticamente[20] (próprias de cada individuo). Essa concepção está de acordo com os ensinamentos de Max Freedom Long que diz: “Tudo na natureza tem aumakua e unihipili, mas somente o homem possui uhane”.O ser humano, demais animais e as substâncias físicas, possuem memórias. Os animais têm pensamento dedutivo (responsável pelos instintos), para a conservação da espécie. O ser humano, além disso, possui o pensamento indutivo que propicia as descobertas que vão além das necessidades que se restringem à conservação da espécie.No ser humano desenvolve-se ainda uma nova situação devida às memórias pneumogenéticas[21], próprias do crescimento e desenvolvimento espiritual em cada sonho básico de vida; são próprias a cada indivíduo, no atual sonho básico de vida. Elas são básicas na formação das memórias genéticas programadas.Esse conceito é fruto de pesquisas realizadas nas obras de vários estudiosos do conhecimento Huna, tais como, Leinani Melville, Serge King, Max Freedom Long, Mary Pukui e em nossas pesquisas e vivências como terapeuta e nos estudos e práticas efetuadas em conjunto com o Grupo Pirâmide de Santos (Grupo de estudos Huna).Desenvolvimento;O que seria então o “sonho básico de vida?”Após essa introdução falaremos de como entendemos e sentimos o que é sonho básico de vida.Sendo básico supõe-se que as memórias genéticas programadas trazem em potencial, as bases para a atuação do individuo através dos valores e padrões aprendidos em Po e oriundos de memórias de vidas passadas e suas marcas mnêmicas. Esses valores e padrões agora serão vivenciados em uma época bem diferente das vidas anteriores e por isso, foram preparados com a propriedade de se adaptarem aos padrões sociais vigentes nas diversas experiências no curso da vida.Leinani Melville divide Po em sete planos, sendo três celestiais e quatro espirituais. Interessa-nos os planos espirituais e principalmente o Po espiritual da Terra onde o ser humano é preparado para reencarnar em Ao[22] (Terra - plano das manifestações).O mundo visível, mundo das manifestações onde habitamos (Terra) é uma imagem do real que é Po. Com isso queremos dizer que vivendo o sonho básico, estamos vivendo uma imagem da realidade que é invisível. Isso quer dizer que a essência do unihipili, uhane e aumakua estão em Po e que as manifestações são puramente imagens, portanto, percepções dadas pelos cinco sentidos sensoriais que atuam principalmente com o intelecto; assim, tudo é forma-pensamento.Com isso, não estamos determinando locais quando falamos de Po, pois o universo no final é mana[23] com suas diversas vibrações

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energéticas.Como se processa essa dinâmica?Cremos que se processa através das memórias genéticas programadas que recebemos a partir da concepção. Aí está tudo que se necessita para o desenvolvimento do ser humano. Primeiro na vida intra-uterina, nas diversas fases de desenvolvimento embrionário e fetal. Após o nascimento, para o crescimento na vida atual, formando inicialmente pelas ações fisiológicas, as primeiras memórias aprendidas ou experienciais. A formação do corpo (kino) está garantida por leis que seguem no período de gravidez, desde o ovo até o feto uma programação seguindo uma ordem filo, onto e pneumogenética apropriada a cada ser humano. Sendo as memórias as responsáveis pela formação do corpo, conclui-se que ele é uma imagem/modelo do unihipili que é o guardião das memórias. Tendo sido as memórias preparadas para este sonho básico de vida, a manifestação corporal é fruto de uma imagem/modelo do unihipili cuja essência permanece em Po. Assim, o corpo é um modelo da imagem do unihipili, que abriga também a imagem do uhane que se manifestará após o nascimento desenvolvendo todo seu potencial em ações. O aumakua, Eu superior, está ligado a esse modelo corporal por cordões-aka atuando como o guardião ancestral, o pai infalível, mas que permanece em Po; ele é a fonte que conserva a vida e nos dá as oportunidades de atuarmos em nossa programação feita em Po. Não há nisso nenhum determinismo, pois atuamos segundo nossa vontade, a mola propulsora que conhece os potenciais de nossas memórias e cria as oportunidades para nossas ações no dia-a-dia. Segundo essa dinâmica, somos os únicos responsáveis por nós mesmos e vivemos de acordo com nossas intenções e atitudes.As experiências que serão gravadas como memórias no corpo, são as solicitações dos estímulos recebidos e devolvidos pelo sistema nervoso, como respostas ao uhane, após decodificação cerebral, de acordo com as ações mentais ou físicas praticadas. A cada ação acrescenta-se dados ou reformula-se as memórias solicitadas ao unihipili, para o crescimento do ser. Essas memórias são arquivadas no nível de camadas musculares. O uhane é o responsável pela ordenação e decisão, através da percepção sensorial consciente que leva à formação dos pensamentos.Assim, o sonho básico de vida vai crescendo em conhecimento e desenvolvendo os valores e padrões trazidos de Po. A finalidade primordial do sonho básico é o desenvolvimento intelectual que traz sempre novos conhecimentos de maneira geral, o que propicia a reformulação das memórias que podem aos poucos transformar os valores, criando novos conceitos individuais e sociais. Esse desenvolvimento conduz a uma nova percepção de que existe uma nova linguagem e que, essa nova linguagem pode pela transformação dos valores - dada pela reformulação das memórias -, iniciar a verdadeira mudança do ser humano; é a mudança de padrões, substituindo os trazidos nas memórias genéticas programadas por outros novos que guiarão suas experiências de vida de forma diferente e que, após a morte física contribuirão para as futuras

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reencarnações com conceitos que formarão novos e melhores sonhos básicos de vida. O reverso também pode acontecer, quando as ações praticadas conduzem a um conhecimento que fira a si mesmo, aos outros e a natureza, quando há a intenção em fazê-los.Conforme ensinava Max Freedom Long devemos trabalhar, agindo para a harmonização do unihipili e uhane, sendo essa a maneira de crescermos espiritualmente.Síntese:Sonho Básico de Vida e “A Vida é um Sonho”Sonho básico de vida - Com as experiências vivenciadas nos diversos sonhos básicos de vida, a linguagem é ordenada e decidida pelo uhane de maneira tal que, no Padrão A[24] (onde predomina a análise crítica e o julgamento), o intelecto é o que ordena e toma as decisões. Tudo acontece conforme afloram do unihipili as memórias necessárias para a prática das ações, com os possíveis acréscimos nas memórias, nos diversos ikes vivenciados no dia a dia. Isso modifica o comportamento do ser humano que continua agindo dentro dos valores e padrões vindos das memórias genéticas programadas. Elas têm um papel importante no desenvolvimento e crescimento do indivíduo. Contribuem para a formação das memórias aprendidas, as quais são o resultado da soma dada pelas experiências vivenciadas no cotidiano. Isso propicia o crescimento do sonho básico, através dos incontáveis sonhos imaginados e ideados pelo uhane e que são transformados em pensamentos e sentimentos. Aos poucos, pela harmonização com o unihipili, esse indivíduo vai vivenciando situações que vão transformando seu comportamento por atitudes provenientes de seu interior, em conjunção com sua rede sociométrica. Formam-se, assim, os novos pensamentos que enriquecem seus espíritos. Esse é o resultado do crescimento dado pelo intelecto que funciona pela “análise crítica”, quando tudo é interpretado e julgado (Padrão A). No final dessa etapa espiritual, o ser humano continua sentindo uma insatisfação pessoal que, apesar do desenvolvimento trazido pelo conhecimento e pela tecnologia, ainda está infeliz. Apesar de tudo, tem a percepção de que há outros caminhos a serem percorridos e que com seu crescimento pode dar um mergulho em seu interior em busca da paz, o que pode ser os primeiros passos, para a suavização do julgamento, o que vai aos poucos conduzindo-o no sentido da auto-realização. Isso provoca dúvidas que levam a novos pensamentos e a novas maneiras de sentir;. esse novo sentir conduz a novos pensamentos com interpretações diferentes. A análise crítica vai sendo substituída por uma nova maneira de pensar - que transforma os valores e os padrões vigentes. Dessa maneira, o ser humano é elevado à condição de pensar com a “análise criativa” quando o julgamento e a interpretação têm sentidos diferentes, passando a viver em um novo padrão - PadrãoA1/A[25].Naturalmente percebe que o sentir predomina fazendo surgir uma linguagem inconsciente inspiradora; é o início da mudança de valores e padrões. É o início do desenvolvimento que irá conduzi-lo à evolução que já é vislumbrada. É o despertar interior do valor real dos

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princípios xamânicos, como verdades que passam a ser entendidas, compreendidas e vivenciadas, não só com o conhecimento dado pelas palavras, mas principalmente por uma compreensão diferente, que induz a uma vontade de compartilhar.Atingindo este grau de conhecimento e crescimento está apto a uma outra percepção que é inconsciente, a qual conduz a um novo sentido de vida modificando o sonho básico de vida e preparando este ser para novos e diferentes sonhos básicos de vida em futuras reencarnações, o que mostra que a ”vida é um sonho”. É o princípio do fim dos ciclos de vidas sucessivas. É o fruto da harmonia dos espíritos uhane e unihipili. É o despertar do Eu superior, o aumakua em sua plenitude, o que dá além do conhecimento, a compreensão; é o caminho para a sabedoria. É o encontro do ser humano com sua divindade.Os ensinamentos deixados por Jesus mostram que neles estão contidos os mistérios da Psicofilosofia Huna[26], principalmente por ter sido um pregador do amor, do compartilhar com o próximo, da solidariedade humana, da visão de um mundo de paz e harmonia, mas sempre com base na crença de um Pai Divino que está em tudo.Creio que por isso Max Freedom Long e Serge King dedicaram artigos a Jesus, denominando-O de o grande kahuna[27]. Para nós Ele é algo bem maior do que um grande kahuna; é o Grande Aumakua que se fez carne e habitou entre nós.Sebastião de Melo

[1] Ike – 1º princípio do xamanismo havaiano – o mundo é o que você pensa que ele é.[2] Kala – 2º princípio – Não há limites.[3] Makia – 3º princípio – A energia segue o curso do pensamento.[4] Manawa – 4º princípioi – Seu momento de poder é agora.[5] Aloha – 5º princílpio – Amar é compartilhar com...É ser feliz com...[6] Mana – 6º princípio – Todo poder vem de dentro[7] Pono – 7º princípio – A eficácia é a medida da verdade[8] Estes conceitos são válidos levando-se em conta os ciclos reencarnatórios. [9] Po – Mundo invisível, mundo real.[10] Kino-aka - é o corpo sutil próprio de cada espírito e formado de substância aka.[11] Unihipili – Espírito responsável pela guarda das memórias - Eu básico; corresponde ao subconsciente. [12] Uhane Espírito responsável pela ordenação e decisões .- Eu médio; corresponde ao consciente.[13] Aumakua – Espírito responsável pela criatividade e harmonia – Eu superio;r; corresponde ao superconsciente.[14] Poe Aumakua – Assembléia de Aumakuas.[15] Intervida é a situação porque passa a alma entre a morte e uma nova concepção.[16] Jacob Levi Moreno diz que, quando se vivencia uma situação anterior com a mesma intensidade emocional do acontecido, pode-se libertar dos efeitos desta primeira.

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[17] Mnêmico – Diz-se da teoria que atribui os fenômenos à memória latente de passadas gerações.(Dicionário Michaelis). [18] Segundo Bermudez (Núcleo do Eu) nos dois primeiros anos de vida.[19] São memórias responsáveis pela estrutura físico/mental próprias para a perpetuação e manutenção da espécie. [20] Memórias que mantêm a estrutura anatomofisiológica própria de cada individuo.[21] São memórias referentes ao crescimento espiritual, geneticamente programadas em Po. [22] Ao – Formado de substância aka; plano das manifestações. Significa também luz.[23] Mana – Energia vital - encontra-se em tudo que existe no universo.[24] Padrão A – 1º nível – nele se dá o crescimento espiritual pela atuação do intelecto com o julgamento e análise crítica.[25] Padrão A1/A – 1º nível – Nele se dá a continuação do crescimento espiritual com a análise criativa e menos julgamento.[26] Psicofilosofia Huna – reúne conceitos e princípios filosóficos, de povos muito antigos, que remontam à origem do homem na Terra. [27] Kahuna – Guardião do segredo; mestre espiritual da Psicofilosofia Huna; transmissor dos conhecimentos Huna oralmente.

Unihipili e suas Funções Índice:Ação dos Arquétipos Sombra, Anima e Animus no Unihipili e UhaneConceitos básicos formados pelas raízes da palavra unihipili.Funções, motivação e mecanismos de ação do unihipili (uhinipili) ou Ku:Memórias e seus mecanismos de ação Introdução[1]

Ação dos Arquétipos Sombra, Anima e Animus[2] no Unihipili e Uhane O ser humano para atingir seu estado de individuação (compreensão de si mesmo, auto-realização) necessita harmonizar seus dois arquétipos individuais: Sombra e Anima (condição feminina) no homem, assim como Sombra e o Animus (condição masculina) na mulher, para que predomine o Animus no homem e o Anima na mulher; fazem parte do subconsciente, portanto pertencem à área do unihipili. Fazem conexão com o Aumakua que funciona como um guia que orienta nas fases difíceis e em outras necessidades ligadas ao sonho básico de vida; fornecem os dados necessários, através da percepção, para o desenvolvimento do uhane. Em outras palavras, esses três arquétipos são representados pela memória genética programada que pelas experiências e ações desenvolvem a memória aprendida no decorrer da vida. A MGP traz em potencial o desenvolvimento do sonho básico de vida possibilitando o crescimento e evolução pelo conhecimento e mudanças de padrões. Posteriormente com as mudanças nos padrões básicos, tira da conserva cultural os subsídios para esse crescimento, quando o intelecto representado pelo uhane e sua vontade são capazes de

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formar cordões-aka que conduzem as memórias para serem transformadas em pensamentos, sentimentos e ações. Dessa forma estamos subordinados ao unihipili que possui em seu kino-aka as lembranças de todo nosso passado, tanto as que desfrutaremos nessa vida como as que já vivemos em vidas anteriores. Na condição de homem, a parte feminina subconsciente das MGPs, atua de acordo com o uhane masculino manifestado e, quando há discordância, a desarmonia causa um desequilíbrio que é aproveitado pela sombra (carma), atuando em detrimento do crescimento espiritual, pelas projeções que formam as formas-pensamentos de fixação (complexos). Por isso, a busca da harmonia entre unihipili e uhane ser muito importante. O crescimento e a evolução do unihipili e uhane é o caminho para o surgimento do ser triuno, no encontro com Aumakua. Atingindo a condição do homem ideal, não está mais subordinado ao ciclo do nascer e morrer do homem comum, por estar livre das imagens simbólicas trazidas pela Sombra, Animus ou Anima. Passa a viver da essência representada pelo Aumakua, tendo assim, uma grande ou total compreensão de si mesmo com a possibilidade da reintegrar-se na teia-aka, quando perde os limites e a separação, tornando-se um ser holístico capaz de viver compartilhando como verdadeiro transeunte e encontrar as outras moradas da Casa do Pai. No sentido prático, como pensar, sentir e agir para pelo menos se aproximar dessa condição? Quando o unihipili é formado de Sombra e Anima, o uhane (Animus) tem que procurar no aprendizado, primeiramente na vida instintiva que mantém sua estrutura física e psicológica nos primeiros anos de vida, com as ações acompanhadas pela orientação dos pais ou responsáveis pela criança, que também fazem parte dessa genética programada como facilitadores ou dificultadores de seu desenvolvimento, criando as primeiras regras arquivadas nas memórias aprendidas, através de estímulos fortes e repetitivos (filtros fisiológicos) dando-lhe defesas capazes de ajudá-lo em seu desenvolvimento geral. Gradualmente o uhane vai entrando em ação e desenvolvendo sua vontade no sentir e agir, iniciando as imaginações com as ideações e os pensamentos que vão se constituindo em memórias aprendidas, baseadas nas memórias genéticas programadas que agem no nível fisiológico, usando os pensamentos dedutivos. Na mulher o unihipili é formado de Sombra e Animus, sendo a Anima (uhane). A integração no meio dá ao individuo as condições de acompanhar seu progresso físico-mental adaptando-o ou não às suas matrizes de identidade no mundo que atua. Podemos chamar essas condições de meios de desenvolver os papéis trazidos na genética programada e que agora, pelas experiências, cria condições de atuar conforme seu potencial cármico através dos valores que formam os padrões fornecidos pela conserva cultural, segundo suas ações. A educação age como um fator que contribui ou dificulta o desenvolvimento dos papéis, com os quais vai atuar adaptadamente ou não. O modelo de pai e mãe exerce uma influência na atuação de sua sombra e anima criando as condições de formar uma personalidade com possibilidades de aproveitar todo o

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aprendizado efetuado antes de sua concepção quando surgiu para essa vida atual na condição de homem e na atuação de sua sombra e animus, na condição de mulher. Voltando ao estudo das raízes, a palavra unihipili significa:Conceitos Básicos Formados pelas Raízes da Palavra UnihipiliNa palavra unihipili, as raízes significam:U – Significa o eu, espírito ou entidade, mas sempre como uma entidade separada e independente. Tem também o sentido de:Projetor: Indica a projeção dos cordões-aka do kino-aka e o fluir de mana através deles.Impregnador: Mistura ou tinge com alguma outra coisa; mostra a mistura de kino com os kino-aka do unihipili e uhane.Gotejador: Aquele que goteja, chuvisca ou pinga vagarosamente água; simbolicamente é o produtor de mana do unihipili e o seu fornecedor para o uso durante a vida. Nos momentos de oração, pode acelerar esse fornecimento ao uhane e Aumakua, armazenando uma sobrecarga para enviar ao Aumakua como pedido do uhane, quando há uma crença sem dúvida.Nihi - significa estar magro e fraco, com aparência de partido; simboliza os cordões-aka quando não estão carregados de mana ou ativados, quando estão bloqueados e sem ação.Hi - significa o fluir de mana, como gotículas de água em determinadas condições.Hini - simboliza tudo que se refere a uma vinha e água.Uhi - essa raiz dupla (u e hi), significa véu, pele ou coisas que cubram. Simboliza a cobertura dos unihipili nos corpos físicos (kino) e sombreados (kino-aka). Após a morte, os kino-aka do unihipili e uhane permanecem interligados e agem como coberturas para os eus e entidades, mas nunca ao Aumakua.Nihi ou Hini - significam também falar fracamente; são as possíveis vozes dos fantasmas. Dão ainda a idéia de silencioso, cuidadoso e de ação secreta, assim como o de se restringir da prática de certas ações, com medo de descontentar os que são revestidos de autoridade. Esse significado é o que contribui para a formação das formas-pensamentos não filtradas pelo uhane, formando os complexos, nas situações de tensão e estresse.Pi - significa água caindo gota a gota; simboliza a mana em forma de gotículas arredondadas, quase invisíveis, descendo sob a forma de chuva; essa; e a forma que mana circula nos cordões-aka do unihipili quando é levada para o Aumakua ou para outros unihipili.Pili - significa fixar-se em algo; é assim, que os cordões-aka do unihipili se fixam no que tocam. Significa também a ligação entre as pessoas nos relacionamentos em geral. Serge King denomina esse aspecto da consciência como Ku que tem como função primordial a memória e como motivação o prazer e no corpo, simbolicamente, corresponde ao coração. Ele não separa o que é imaginação de acontecimentos, passado, presente e futuro; só

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existe para ele o aqui/agora e agora/aqui. As memórias estão situadas a nível corporal e as emoções dependem das lembranças. A raiva e o medo são causas freqüentes de emoções que bloqueiam as lembranças, interferindo na memória e causando tensão e também estresse.Ku é o princípio masculino; é uma raiz ou palavra que significa manter-se firme.Deriva da palavra hiku que é o número sete (7) em havaiano.Hi é o princípio feminino e significa fluir. Sete é um número simbolicamente esotérico, que representa o conhecimento interior; é formado de 3+4, que são os princípios femininos e masculinos. Funções, Motivação e Mecanismos de Ação do Unihipili (Uhinipili)ou KuA memória é função do unihipili segundo Max Freedom Long e de Ku, segundo Serge King. Ambos concordam que está dentro do conceito de subconsciente da psicologia clássica, mas não é semelhante a ele. Max Freedom Long dá à memória propriedades sempre ligadas ao unihipili, espírito encarregado das situações subconscientes, colocando-o como algo que envolve e está em todo corpo físico (kino). A memória está contida em cachos que armazenam tudo que foi percebido e o que foi experienciado durante toda a vida atual. Ela depende dos cordões-aka, verdadeiros dutos condutores das lembranças, pensamentos e emoções, podendo estar ativados, bloqueados assim como podem ser reativados, dependendo do aqui/agora da pessoa e das circunstâncias que a envolve como um todo. Serge King diz que a memória é função de Ku, que é um aspecto da consciência e que através dele podemos aprender e lembrar, desenvolver habilidades e hábitos, manter a integridade do corpo e guardar um sentido de identidade no dia-a-dia. Para facilidade de entendimento, passaremos a usar a denominação unihipili para designar o eu básico, subconsciente e Ku, por haver semelhanças nesses conceitos, o que em nada prejudica a compreensão do trabalho; uhane em lugar de Lono e Aumakua em lugar de Kane. No unihipili está a sede das emoções, o centro da consciência; é o guarda da memória, o gerador e distribuidor de mana, o modelo corporal; é o único elemento de ligação direta que temos com Aumakua. Não se consegue nenhuma ação quando não há participação do unihipili. Além de ser o fornecedor de energia (mana) para uhane e em determinadas condições ao Aumakua, é o que serve de elemento de ligação entre o consciente - nós - (uhane) e todas as coisas que temos de praticar, seja uma ação, um pensamento ou um contato. Função principal: memória (está no corpo como modelo de vibrações).Motivação principal: o prazerSendo depositário da memória, é quem fornece todas as informações de que necessitamos para o desenvolvimento de nossas sensações, imaginação, elaboração das idéias e de nossos pensamentos. É o nosso irmão mais velho que necessita de nós para a aquisição de conhecimentos; nos fornece dados mnêmicos para o crescimento e

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evolução e, dessa harmonia depende o corpo. Está ligado a tudo que se refere à ação, gerando ou atuando. É o modelo de qualquer corpo físico; é nele que estão guardadas todas as reminiscências do passado como memórias genéticas programadas e marcas mnêmicas, as quais, trazem em estado potencial as formas-pensamento e ações para a vida atual. Pela sua capacidade geradora de energia, é o elemento de ligação entre os três espíritos ou aspectos da consciência mantendo-os unidos ao corpo, meio ambiente e ao universo em geral. É bom lembrarmos, que todas as correntes Huna são unânimes em afirmar que o unihipili possuí um corpo denominado kino-aka, no qual estão armazenados todos os dados ancestrais e da vida atual, e que funciona como um modelo para kino (corpo físico), que nada mais é do que uma duplicata ou imagem desse modelo em sua manifestação corporal, no atual sonho básico de vida. Acrescentaremos que o unihipili, modelo do corpo, nada mais é do que a imagem de parte da essência dele mesmo para o sonho básico de vida atual, estando na realidade em Po (plano espiritual invisível), de acordo com a Mitologia Havaiana antiga, contida no Tumuripo – o Cântico da Criação, o livro místico do antigo povo de Mu. Memórias e seus Mecanismos de Ação a - Genética programada nível celular.b - Aprendida nível de camadas musculares.A memória fica guardada no corpo como um modelo de vibração ou movimento. Há dois tipos de memória, que são arquivadas em níveis corporais diferentes, de acordo com sua origem. Uma é a memória genética programada, guardada como modelo celular e a outra, é a memória experiencial ou aprendida, arquivada em um ou mais dos muitos grupos musculares. Ambas são liberadas sob efeitos de estímulos determinados, vindos do interior ou exterior, quer sejam mentais ou físicos, provocando o movimento e liberando-a. Isso dá origem ao comportamento mental, emocional e físico. Havendo bloqueio desse movimento, por tensão ou estresse, a memória relacionada sofre inibição ou paralisação, o que pode causar problemas à pessoa. A memória genética programada transmite ao corpo as situações ancestrais: é um arquivo mnêmico muito importante e quando influenciada pela memória aprendida, serve também como um guia para o aprendizado, no que se refere ao comportamento físico e emocional e às ações e reações. Numa situação estressante o unihipili busca na memória genética, uma forma de poder trabalhar a situação, e depois, havendo várias escolhas em potencial, busca na memória aprendida, as especificações para uma reestruturação que conduza à saída do estado estressante. Como exemplo, as situações estressantes relacionadas à auto-estima têm manifestações ligadas ao tórax e causam ansiedade, angústia e depressão. Origem da memória:Sob o ponto de vista abordado, só poderemos falar de origem das memórias, se remontarmos ao passado da vida atual e às outras vidas, quando foram gravadas no kino-aka do unihipili, as lembranças

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de todas as vivências de cada sonho básico de vida e suas modificações, dadas pelas experiências vivenciadas, formando as memórias de cada um deles. O preparo do atual sonho básico de vida feito em Po, traz em estado potencial, as memórias genéticas programadas próprias de cada indivíduo, e as possibilidades de mudanças no decorrer desse sonho básico. São transmitidas para o modelo corporal, imagem do kino-aka do unihipili, através dos fios-aka e cordões-aka transmissores das memórias ao uhane, co-criador do sonho básico, responsável pelos pensamentos que criarão as condições para se vivenciar as experiências que responderão pelo crescimento e formação de novas memórias, pela reformulação e perdas de outras, gravando no kino-aka do unihipili as marcas mnêmicas após a morte física do indivíduo, num encadear contínuo até que, pela evolução não mais renasça. Todas essas condições e também nossas necessidades evolutivas de seres criados à imagem e semelhança de Deus (crianças de Tane), estariam no DNA? Será que através do intelecto guiado pela mística, as descobertas no DNA conduzirão às possibilidades de transmutar o “Homo Sapiens” em “Homo Hominis”, o possível ser do futuro que poderá atingir a condição do “ser triuno?”. O unihipili não diferencia de onde vem a memória; o que forma a memória é a intensidade da experiência, isto é, o nível de reação fisiológica que ocorreu durante a vivência (quer nesta ou em outra vida), por ação química e muscular dada pela intensidade dos estímulos mentais ou físicos, obedecendo a uma programação genética própria da espécie e adaptada a cada indivíduo. Cada sonho básico obedece a determinadas condições que propiciam o desenvolvimento fisiológico, psíquico, cultural e espiritual do indivíduo. Exemplificando: “Diante de choques graves, que produzem um estresse generalizado, podem surgir amnésias (perdas totais ou parciais, permanentes ou temporárias), quando por bloqueios são atingidas grandes áreas musculares, onde estão arquivadas as lembranças. O processo de cura dar-se-á quando se faz um relaxamento muscular, propiciando a liberação das memórias dessas áreas para serem tratadas convenientemente. Nas amnésias a linguagem é geralmente conservada por estarem as letras e sons arquivados em todas as camadas musculares e pela freqüência do uso cotidiano da palavra escrita e falada”[3]. É interessante frisar que o unihipili não raciocina por não ser capaz de formular pensamentos indutivos (propriedade do uhane), sendo somente o espírito ou aspecto da consciência que armazena lembranças constituindo as memórias. Unihipili, “corpo/mente” subconsciente, não faz distinção entre passado, presente e futuro, sendo o presente o único tempo existente perceptível (a percepção consciente é propriedade do uhane através dos sentidos sensoriais). A lembrança é estimulada por reações fisiológicas instantâneas, cuja intensidade depende da importância do que se quer lembrar. “Isso quer dizer que você pode ter reações fisiológicas mais fortes ao lembrar-se de algo acontecido ao seis anos de idade quando foi severamente criticado, do que por fatos acontecidos em uma situação vivida recentemente, salvo se esses fatos foram mais marcantes”. O resultado disso é que quanto

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mais se remoer as lembranças, sejam boas ou não, mais elas afetarão seu corpo no presente, produzindo reações químicas e musculares semelhantes às que ocorreram na situação da vivência passada, quer nessa ou em outra vida. Quando boas, produzem mais endorfinas e quando ruins mais toxinas no aqui/agora. Fixar-se numa boa lembrança faz com que se sinta mais leve, expansivo, relaxado e feliz, ao passo que uma lembrança desagradável poderá fazer com que se sinta cansado, tenso, contraído, deprimido e infeliz. Essas situações, provocando reações diferentes, dão-se rapidamente, o que mostra a importância da mudança na focalização da atenção. “Um modo de controlar suas emoções e sua saúde no cotidiano é saber escolher as lembranças que se quer reviver, trabalhar essas emoções até que não haja mais necessidade de controle, por se tornarem naturais”. Em se tratando de memórias falaremos sobre causas que levam à formação de memórias que dão origem a certas formas-pensamento causadoras dos complexos. Defeitos na memória: a - Tensão muscular memória bloqueada.b - Estresse sintomas e doenças. Causas principais dos defeitos das memórias: MedoRaivaCulpa Conseqüências das causas: Sofrimento por medo, raiva e culpa devido a:a – Conservação de antigos valores, estagnando a evolução, mas nem sempre o crescimento.b – Aumento dos conhecimentos, reforçando os valores introjetados nos antigos e atuais padrões, sem transformação dos mesmos, mas com crescimento intelectual.c – Intelectualização do espiritualismo padronizado em doutrinas religiosas e científicas dogmáticas, num misticismo ilusório e separatista, que gera ansiedade por distanciar-nos do divino que há em nós. d – Apego às posses em geral, comandadas pelo intelecto, senhor do mundo e das inseguranças. Embevecido com a glória do poder enriquece as memórias com os dados fornecidos no aprendizado intelectual que está distante das verdades divinas do homem.e – Esquecimento do corpo como imagem-modelo espiritual de uma estrutura divina extra-corpórea, captadora dos desejos que propiciam o verdadeiro prazer, sem ligação com o prazer gerado pelo sofrimento, geralmente sublimado. A apreensão desse modelo espiritual traz alegria e paz ao corpo que as vivencia e a graça pelo despertar espiritual. f – Culpa por termos abandonado o simples. Complicamos a vida, estabelecendo tantos padrões que acabamos nos afastando da verdade de que somos a imagem e semelhança de Deus. Exigimos tanto, esquecendo-nos que Ele só pede uma fé do tamanho de um grão de mostarda, suficiente para compreendermos a realidade da simplicidade de Suas leis. Nessa simplicidade seríamos saudáveis

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transeuntes de uma vida pacífica e tranqüila, desapegados e sem posses, rumo ao Infinito Ser na “imagem e semelhança de Deus que está dentro de nós”.g – Por não seguir o velho aforismo “mens sana in corpore sano”. O corpo é um guia na busca dos novos valores que nos conduzirão a novos padrões, mudando nosso viver, reformulando as memórias. Seu uso adequado nos faz desistir do sofrimento como modelo de prazer e entendimento. Usando o corpo como companheiro numa nova e ativa caminhada, redescobriremos o estar num aqui/agora cheio de prazer e alegria. Deixemos os reconhecimentos mentais que trazem sofrimento e procuremos perceber como é simples sentir as possibilidades oferecidas pelo corpo. Exemplificaremos com um simples exercício que nos mostra o que poderemos fazer quando queremos reformas interiores reais.Exercício: “Lembre-se de algo desagradável, concentre-se em suas lembranças e observe o corpo, que fica cada vez mais tenso e contraído. Sinta suas reações. Desligue-se do estado anterior, solte o corpo, desligue-se dos problemas e aos poucos procure lembrar-se de algo agradável, alegre e vá novamente sentindo o corpo que vai se tornando leve e relaxado dando-lhe uma sensação prazerosa”.[4] Vamos mudar de direção concentrando nossa atenção focalizando o unihipili com pensamentos que nos levam a sentir o quanto ele é importante e como podemos explorá-lo para vivermos bem e adequadamente servindo a nós mesmos. Isso acontece quando entramos num estado alterado de percepção que propicia o fluir mais livre das lembranças que estão nas memórias que serão captadas pelo uhane, dando-nos a oportunidade de vivenciá-las física e emocionalmente e reformulá-las, criando maior harmonia entre os dois espíritos ou aspectos. O que aconteceu no exercício? Simplesmente, houve uma mudança de foco. As lembranças provocam emoções que são energias (mana ) movimentando-se no corpo por um pensamento dirigido, criando novas ideações e pensamentos que poderão reformular as memórias já existentes ou reforçá-las, assim como criar novas. Modifica-se as emoções reformulando-se as memórias pela mudança da focalização. Haverá mudança quando se consegue um grau de focalização tal, que nos mantenha convictos da situação desejada, não havendo nenhuma dúvida sobre o resultado. Isso acontece quando se sente despertar interiormente o Princípio Makia[5] do Xamanismo Havaiano. Com o pensamento sem dúvida (paulele), que é o resultado dessa mudança de foco, surgem as intenções embutidas nas novas ações, que acontecem simplesmente como novas propostas advindas de um novo sentir, livre das análises críticas. Ë o caso do exercício acima. Essa é uma maneira de dar ao unihipili a oportunidade de receber imagens energizadas de mana que influirão nas memórias, e, conseqüentemente nas ações. As reações serão diferentes, os valores reformulados e os padrões modificados, facilitando as ligações do unihipili com Aumakua. O uhane se fortalece por começar a pensar de forma diferente, melhorando sua situação dispersiva e conseguindo focalizar e concentrar com mais facilidade. Com isso é

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capaz de captar mensagens do Aumakua por uma linguagem surgida da harmonia dos três espíritos que ficam mais livres e capazes de perceber a teia-aka, à qual pertencem. É uma indicação de que não se está mais separado como indivíduo, mas unido pela compreensão da harmonia universal. Volta-se a ser criança de Tane, redimida pelas experiências de todos os viveres através dos milênios.Assim, vencemos a morte; agora somos vidas tiradas da Água Viva.

Sebastião de Melo

[1] Colaboraram nesse trabalho os membros do Grupo Pirâmide de Santos, a quem agradecemos. [2] Conceitos de Carl Gustav Jung sobre Arquétipos do self (individual).[3] Os trechos entre aspas são de Serge King, tirados do livro “Urban Shaman”.[4] Exercício dado por Serge King no livro (Urban Shaman).[5] Makia, 3º Princípio do Xamanismo Havaiano: A energia segue o curso do pensamento.

Huna e o Xamanismo Havaiano1. Origem e definição.

2. Conceitos básicos da Huna.

3. Xamanismo Havaiano. Desenvolvimento:1. Origem e definição.

A. Segundo Max Freedom LongB. Segundo Serge KingC. Segundo Leinani MelvilleD. Segundo James Churchward

2. Conceitos básicos da Huna.

A. Os três eus, espíritos ou aspectos e seus elementos:A1. Eu básico, Unihipili ou KuA2. Eu Médio, Uhane ou LonoA3. Eu Superior, Aumakua ou Kane

B. Corpos ou kino:B1. Kino (corpo físico)B2. Kino-aka do unihipiliB3. Kino-aka do uhaneB4. Kino-aka do Aumakua

C. Energia Vital:C1. mana

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C2. mana-manaC3. mana-loa

D. Substância aka

1. Origem e definição.Como todo conhecimento antigo, a origem da Psicofilosofia Huna é controvertida, e é vista de forma diferente por vários autores, como:

1.Max Freedom Long: Diz que se originou de um povo que partiu do Egito através do Mar Vermelho, e que, em canoas chegou ao Havaí, por meio de várias viagens.

Define Huna como o Conhecimento Secreto dos antigos havaianos.

2.Serge King: Diz que se originou de estelares, os quais vieram da Constelação da Plêiade, tendo um dos grupos se estabelecido na Terra, num continente no Oceano Pacifico, o qual era denominado de Mu e seus habitantes de Povo de Mu. Este continente submergiu e formou-se a Polinésia. Criaram uma língua que é falada em toda Polinésia, com diferentes dialetos.

Define Huna como Conhecimento Oculto, não no sentido de querer se ocultar algo, mas no de se adquirir uma compreensão para percebê-lo.

3. Leinane Melville em seu livro “Children of the Rainbow”, diz que “os nativos contavam que seus ancestrais tinham originariamente descido do céu. Os havaianos primitivos eram do Havai’i. Eles haviam nascido no Havai’i no princípio da era humana. De acordo com os antigos cânticos da criação, foram a primeira raça humana a ocupar essa terra.

O povo de Mu era definido pelos tāhuna (tahuna é plural de tahuna em língua polinésia) como predecessores, pessoas pequenas, que formaram a primeira civilização do mundo; pessoas silenciosas que se moviam quietamente e trabalhavam sem barulho, pessoas reservadas que preservaram o seu conhecimento em silêncio. Referem-se a eles como uma raça de pessoas lendárias, que viveram no Havaí, há muito tempo.Os homens sábios do antigo Havaí, que criaram o nome Teave, esconderam dentro da sua Huna (abismos profundos) o simbolismo esotérico do seu significado. Baseado em pesquisas e traduções de cânticos antigos fica claro que a denominação foi criada no continente perdido de Mu, hoje conhecido pelo nome científico de Lemúria.. Eles foram os antepassados dos havaianos de hoje e deram origem à civilização mais antiga do mundo e à sua estrutura religiosa” (trecho do livro Children of the Rainbow de Leinani Melville).

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Define Huna como “abismo profundo”, isto é, a sabedoria de que eram possuidores os sábios do Antigo Havai’i.

4. James Churchward em seu livro “Continente Perdido de Mu” fala sobre um antigo continente no Oceano Pacífico que era habitado por um povo com uma civilização mais evoluída do que a atual e que submergiu devido a grandes cataclismos por volta de treze mil e quinhentos atrás.

Baseou seus estudos na tradução de escritas em tabuinhas feitas de argila, que encontrou num mosteiro na Índia. A escrita era em uma língua praticamente desconhecida. O monge responsável pela guarda desse segredo ensinou-lhe a língua e traduziram juntos todas elas.

Posteriormente encontrou em mais de duas mil pedras, escritas na mesma língua e descobertas no México por Nínive, a mesma história das encontradas na Índia. Deu a esse continente o nome de “Continente de Mu” e a seus habitantes o nome de “Povo de Mu”. Não fala especificamente sobre a Huna, mas do conhecimento de um povo muito antigo e evoluído que viveu no Continente de Mu, até sua catástrofe.

A nosso ver, a teoria de Churchward e Leinani Melville são as que mais se aproximam das lendas havaianas narradas no Tumuripo – O Cântico da Criação -, deixado pelos mestres kahunas. Se bem que, Serge King também fala da origem desse povo como estelares.

2. Conceitos Básicos da Huna.O princípio básico da Psicofilosofia Huna é não ferir, isto é, não

causar sofrimento a si mesmo, aos outros e à natureza.Podemos evitar isso não nos omitindo nas situações que exigem

de nós atitudes coerentes, que promovam o nosso equilíbrio e do meio em que vivemos. Não devemos nos exceder nas ocasiões em que depende de nós um bom senso para que tudo transcorra serenamente. Não podemos permitir que sejamos usados para ações que causem prejuízos por exacerbação das mesmas. Qualquer ação que pratiquemos depende de uma intenção; assim, é a intenção a mãe de todos os problemas e virtudes que acontecem. Concluímos então, que é na intenção que está tudo que praticamos na vida e é nela que devemos focalizar toda nossa atenção para que não caiamos na omissão e no excesso que nos conduzem ao desequilíbrio físico e mental, quando praticamos ações que provocam sofrimento e danos a nós mesmos e em geral.

Assim sendo, é a intenção o alvo do “orai e vigiai” para que possamos crescer e evoluir na constante busca da felicidade. A Huna tem princípios e ensinamentos que nos ajudam nessa busca de uma maneira mais suave e simples, deixando de ser o sofrimento o paradigma de crescimento e evolução.

Para conseguirmos exercer esse princípio básico, se faz necessário o conhecimento dos elementos da psicofilosofia Huna.

Para enumerar esses elementos conceituaremos a Huna em três partes:

Uma teórica, uma prática e uma mitológica.

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1. Na parte teórica nos diz que o ser humano é formado de três espíritos ou aspectos independentes entre si, mas interligados nas ações, quando um depende do outro para se desenvolver e de um corpo físico quando reencarnados.Existe uma energia que chamamos de “mana” que é o elemento de coesão entre os três, tendo cada um sua própria mana. O corpo é uma imagem manifestada dessa coesão por meio de uma substância, a substância aka.

É a substância básica que permeia todo o universo físico e dela é formada toda manifestação material. Significa luminosa, transparente, sombra, reflexo, espelho e essência. É espelho quando reflete padrões de pensamento nos níveis psíquico e físico. Em relação ao pensamento puro é uma simples sombra. Age como um continente para mana quando formada ou moldada pelo pensamento consciente ou subconsciente.

Com as características refletivas dessa matéria capacitam o xamã havaiano a mudar condições, mudando os pensamentos e as memórias.

Essa substância de origem divina em consonância com a energia mana, torna possível as manifestações. Para que isso ocorra, cada espírito possui um corpo-aka que lhe é peculiar e tem funções determinadas. Sendo a Huna uma teoria de transformações, costumamos denominar cada um desses elementos pelos seus nomes em Língua Havaiana.

Podemos sintetizá-los da seguinte maneira:Unihipili ou eu básico corresponde ao subconsciente da Psicologia

ocidental, mas é diferente. Possui um corpo etérico - kino-aka - e uma energia vital – mana. Sua função principal é a memória e a motivação é o prazer.

Uhane ou eu médio corresponde ao consciente ou ego da psicologia, mas não é semelhante. Possui um corpo etérico - kino-aka – e uma energia vital – mana-mana. Sua função principal é a de tomar decisões e sua motivação é a ordem.

Aumakua ou Eu Superior, corresponde ao superconsciente, fazendo-se uma analogia com a psicologia ocidental. Possui um corpo etérico - kino-aka – e uma energia vital – Mana-loa. Sua função principal é a criatividade e sua motivação é a harmonia. É o único que está ligado ao corpo físico, mas não faz parte dele.

Quando reencarnado o ser humano possui o corpo físico – kino -.Esses conceitos chegaram até nós por intermédio dos estudos de

Max Freedom Long. Essa conceituação se sintetiza na prática, no que chamamos de

“Prece-Ação”.Serge King e outros também buscaram na antiga tradição

havaiana os elementos teóricos de seus estudos. Como todo sistema é arbitrário e relativo por ser interpretativo, a

Huna também o é. Isso nos dá a liberdade de sermos ou não adeptos dela, conforme a interpretação que damos a esses conhecimentos e ensinamentos.

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2. Na parte prática, temos entre outros elementos, a Prece-Ação já citada acima, com a qual obtemos bons resultados. É usada principalmente, para curas e alívio de qualquer tipo de sofrimento, podendo, no entanto, ser feita para se obter qualquer coisa desejada. Obtém-se resultados eficazes, pelo fato de trazer um enfoque diferente de como se deve fazer uma prece. Isso só se torna possível depois de conhecermos os conceitos da Huna.

A leitura atenta e livre dos Evangelhos nos mostra que esses princípios da Huna não passaram despercebidos por Jesus.

A parte prática da Huna está essencialmente centrada no xamanismo. O xamanismo ensinado pela Huna refere-se ao Xamanismo Havaiano. Tudo começou quando se reuniram grandes mestres kahunas para sintetizarem os ensinamentos em alguns princípios que pudessem traduzir o pensamento e as atitudes que deveriam ter aqueles que se dedicassem a usar a Huna como uma prática de vida.

O termo xamã deriva da Língua Tungue falada na Sibéria e hoje está mundialmente difundido como significando curandeiro.

Em havaiano, segundo Serge King a palavra para xamã é kupua e define xamã como um curandeiro de relacionamentos entre a mente e o corpo, entre pessoas e o ambiente, entre seres humanos e a natureza e entre a substância e o espírito. É um co-criador.

Os mestres kahunas sintetizaram o xamanismo havaiano em sete princípios, aos quais juntaram corolários, atributos, talentos e cores.

3. A mitologia havaiana ensinada pelos kahunas do Antigo Havai’i é constituída por um panteão com doze deuses principais, por uma corte angelical, deuses secundários, heróis e espíritos ancestrais que atingiram alto grau de evolução.

É constituída de sete céus divididos em três planos divinos e quatro espirituais, recebendo os sete a denominação de Po.

A mitologia dá à Huna um sentido místico e religioso. É uma filosofia de cunho monoteísta apesar dos deuses citados, pois existe a crença em um Ser Supremo (Teave), de quem tudo se originou. É o Pai a que se referia Jesus. Criou o Deus manifesto Tane e a Deusa Na’Vahine. É o Deus Pai/Mãe (Tane/Na’Vahine), o organizador do universo e gerador dos deuses e dos seres existentes manifestados na Terra. O plano das manifestações é chamado de Ao.

Os kāhuna criaram regras e normas disciplinares e possuem um livro sagrado, o Cântico da Criação o (Tumuripo). Os havaianos até a chegada dos missionários nas ilhas guiavam-se por leis e normas rígidas que eram obedecidas rigorosamente; essas leis e normas estão nos ensinamentos denominados (Kapu).

Leinani Melville traz em seu livro “Children of the Rainbow” um histórico sobre esse povo, seu continente e sobre o povo do Havaí que conhecia sua tradição; seu aprendizado começou na sua infância entre as velhas tutu (velha kahuna), dentre elas sua avó e também,

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com uma kahuna vidente aprendeu o significado simbólico e teórico, o que passamos a transcrever de seu livro.

Os Mu conheciam sua terra natal por diversos nomes. Havai’i agora pronunciado Hawai’i era apenas um deles. Era às vezes chamado de Havai’i – ti - Havai’i, onde a vida surgiu e se desenvolveu.

Havai’i originariamente, referia-se ao enorme continente que existiu em tempos pré-históricos no Oceano Pacífico e não, ao belo cordão de ilhas esmeraldas que hoje são conhecidas como Ilhas Havaianas.

Foi neste continente perdido, que os extintos Mu viveram. As atuais ilhas, são os antigos picos das montanhas do continente que submergiu, que foi partido em pedaços por terremotos, destroçado por maremotos de vagalhões gigantescos, despedaçado por erupções vulcânicas. A tradição foi passada por alguns habitantes de Mu, que sobreviveram ao cataclismo que destruiu a antiga civilização. Esses poucos sobreviventes preservaram as tradições de seus antepassados e as passaram para a geração seguinte. Esse costume continuou por séculos, até mesmo por milhares de anos, até que o Capitão James Cook, o navegador Inglês, descobriu os remotos descendentes de Mu, vivendo nas selvas do Havaí.

O Havai’i era às vezes chamado de A Terra de Rua (Ta aina o Rua). Rua significa crescimento e desenvolvimento pelo fogo. O povo de Mu muitas vezes, chamava sua terra natal de Ta Rua ou Rani (buraco, ou cratera do céu). Era mais popularmente conhecida como Ta Rua.

Baseado em pesquisas e traduções de cânticos antigos fica claro que a denominação foi criada no continente perdido de Mu, hoje conhecido pelo nome científico de Lemúria. Aquele continente hoje submerso, era às vezes, chamado pelos antigos havaianos, de A grande ilha escondida de Tane. Mais popularmente era conhecida pelos nomes de Ta Rua ou Havai’i-ti, Havai’i, onde a vida surgiu para a existência e expandiu-se em crescimento. Os primeiros habitantes daquela terra esquecida eram conhecidos como os Mu.

3. Xamanismo Havaiano O xamanismo havaiano tem crescido principalmente pelo trabalho

de Serge King que além de praticá-lo, difundiu-o através de seus livros, palestras e cursos. Mora no Havaí, onde dirige uma Associação Huna denominada Aloha.

Classifica os xamãs havaianos em duas classes:Xamã Guerreiro e Xamã Destemido, cujos trabalhos estão de

acordo com o modo de cada um agir.Prega a expansão do xamanismo nos centros urbanos procurando

levar a um maior numero de pessoas os benefícios advindos da ação desses mestres, a quem chama de “xamã urbano”.

Seu trabalho está baseado no resultado de um conclave de grandes mestres kahunas, verdadeiros xamãs que sintetizaram essa psicofilosofia, usando palavras que quando compreendidas e apreendidas de maneira mística e esotérica promovem ações que refletem em benefícios. São assim descritos:

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Os Sete Princípios Xamânicos, seus Corolários e Talentos1º. Ike - O mundo é o que você pensa que é.

Corolário: Tudo é sonho. Todos os sistemas são arbitrários.Utilização do poder do pensamento.

2º. Kala - Não há limites.Corolário: Tudo está interligado.Tudo é possívelSeparação é apenas uma ilusão útil. Utilização das ligações energéticas.

3º. Makia - A energia segue o curso do pensamento.Corolário: A atenção segue o fluxo energético.Tudo é energia.Utilização do fluxo de energia.

4º. Manawa - Seu momento de poder é agora.Corolário: Tudo é relativo. Utilização do momento presente.

5º. Aloha - Amar é ser feliz com...Corolário: o amor aumenta quando o julgamento diminui.Tudo está vivo, atento e reativo.Utilização do poder do amor.

6º. Mana - Todo poder vem de dentro.Corolário: Tudo tem poder.O poder vem da permissão (da criação). Utilização do poder da permissão (da criação).

7º. Pono - A efetividade é a medida da verdade.Corolário: Existe sempre outra forma de se fazer algo.Utilização do poder da flexibilidade.

A cada princípio, corresponde um atributo; representam qualidades especiais a serem desenvolvidas e são percebidos de maneira diferente do que comumente fazemos.

Os Princípios e Seus Talentos:1º. Ike - Visão; é uma maneira diferente de se perceber as coisas; é a visão metafísica da realidade. A visão comum das coisas chama-se Ike Papakahi; é a visão do primeiro nível; nível objetivo.A visão metafísica chama-se Ike Papalua; é a maneira de se perceber a realidade atuando num segundo nível, de onde se controla o primeiro; é um nível subjetivo.

2º. Kala - Esclarecimento; é a maneira que se tem para agir fazendo com que se consiga claramente a união do seu eu com o universo; é a transformação do homem em um ser holístico.

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3º. Makia - Focalização; focalizar em sua mente suas intenções, objetivos, metas e propósitos é uma maneira de se conseguir uma revisão permanente de suas motivações, o que lhe dá maior eficiência em suas ações e uma maior capacidade de frustrações; a focalização de Makia está nos dois níveis..

4º. Manawa - Presença; sendo o presente o nosso tempo, o aqui/agora e o agora/aqui são situações das quais tiramos todo proveito para nosso entendimento e compreensão e quanto mais atentos estivermos, mais presentes nos faremos e mais frutos colheremos de nossas ações.

5º. Aloha - Bênção; em todas nossas intenções, atitudes e ações, se conseguirmos reforçar o bem presente ou potencial, quer pela palavra, imagem ou ação, poderemos sentir a bondade, enxergar a beleza e apreciar a perícia com que se age; assim, estaremos abençoando. O xamã age de maneira diferente porque é capaz de abençoar o bem potencial através de desejos de sucesso às pessoas a quem se dirige.

6º. Mana - Permissão; para que qualquer coisa tenha poder, é necessário que lhe atribuamos este poder que queremos transmitir, isto é, autorizamos que tenha este poder. Isso pode ser feito com pessoas e objetos; só se consegue isso com a energização do que queremos atribuir poder.Assim como podemos dar poder, também podemos tirar.O xamã guerreiro personifica o mal lhe dando poder, aprendendo como conquistá-lo; o xamã destemido tira o poder do mal despersonificando-o e aprendendo sobre ele, conseguindo a harmonia, fazendo assim, que o mal desapareça.

7º. Pono - Tecelão de sonhos; o xamã tece seus próprios sonhos desenvolvendo suas habilidades e assim, poderá ajudar os outros a tecerem seus sonhos. Ele usa essa habilidade para fazer suas curas que têm um sentido diferente das curas comuns. Por exemplo, um massagista, massageando o corpo de um paciente está usando suas mãos para curar o corpo físico do paciente. O xamã massagista, massageando, estará usando o corpo físico como ferramenta para tecer um novo sonho e curar o espírito. São duas situações em que as ações são semelhantes, mas as intenções e atitudes são diferentes. No primeiro caso, houve uma cura corporal e no segundo, ao tecer um sonho propiciou uma cura física e mental; provocou uma modificação espiritual que manterá o indivíduo com novas intenções e atitudes de vida criando uma nova crença.Esta situação é eficaz e a eficácia está na capacidade de tecer sonhos do xamã e das mudanças sofridas que manterão o indivíduo com suas novas crenças.

Sebastião de Melo

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Evangelho de Maria Madalena

Fragmentos do Evangelho

O Salvador disse: “Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas; elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem, pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.Pedro lhe disse: “Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do mundo?” Jesus disse: “Não há pecados; sois vós que os criais, quando os fazeis da mesma espécie que o adultério, que é chamado”pecado”. Por isso, Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la à sua origem”. Em seguida disse: “Por isso adoeceis e morreis (...). Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai força nas diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: ”A paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: “Por aqui” ou “por lá”, pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, e então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, alem das que vos mostrei, e não te instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas”. Após dizer tudo isto partiu.Mas eles estavam profundamente tristes, e falavam: “Como vamos pregar aos gentios o Evangelho do Reino do Filho do Homem? Se eles não O procuraram, vão poupar a nós?” Maria Madalena levantou-se, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: “Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois Sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos Sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens”. Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as palavras do Salvador.

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Pedro disse a Maria: “Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que a qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos”.Maria Madalena respondeu dizendo: “Esclarecerei a vós o que está oculto”. E ela começou a falar essas palavras: “Eu”, disse ela, “eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: “Mestre, apareceste-me hoje numa visão”. Ele respondeu e me disse:”Bem aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver, pois onde está a mente (NOUS) há um tesouro”. Eu lhe disse: “Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou com o espírito?” Jesus respondeu e disse:”Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência (NOUS), que está entre ambos assim é que tem a visão (...)E o desejo disse à alma: ´Não te vi descer, mas te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim? A alma respondeu e disse: ´Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste´. Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria.“De novo alcançou a terceira potência, chamada ignorância” A potência inquiriu a alma dizendo: ´Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues! ´E a alma disse: ´Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais. “Quando a alma venceu a terceira potência subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas; a segunda, desejo; a terceira, ignorância; a quarta, a comoção da morte; a quinta, é o reino da carne; a sexta, é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada. Essas são as sete formas da potência ira. Elas perguntaram à alma: De onde vens, devoradora de homens, ou aonde vais, conquistadora do espaço? ´A alma respondeu dizendo: ´O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., e meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno´”.Depois de ter dito isso, Maria madalena se calou, pois até aqui o salvador lhe tinha falado.Mas André respondeu e disse aos irmãos: “Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o salvador tenha dito isso, pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas”. Pedro

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respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador: “Será que Ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós?” Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: “Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?” Levi respondeu a Pedro: “Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeita-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí tê-la amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou”.Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.

Fragmentos do Evangelho de Maria Madalena:Comentários

“Este Evangelho foi escrito provavelmente no século II. Foi através de um fragmento copta, que ele chegou até nós. O destaque fica para a estranha parábola que Jesus conta para Maria Madalena. Esta passagem ocorreu após sua crucificação”.

Introdução:

Neste artigo faremos uma interpretação de um dos Evangelhos Apócrifos, o atribuído a Maria Madalena, conhecido como “Fragmentos do Evangelho de Maria Madalena”. Foi traduzido de fragmentos encontrados em linguagem copta, o que nos leva a crer que foi escrito possivelmente no século II; sendo a fonte de inspiração a corrente gnóstica e cristã, e por isso, origina-se do grego.Por muito tempo só tivemos conhecimento dos quatro Evangelhos Sinópticos aprovados pelas igrejas cristãs. A partir de 1947 começaram a ser traduzidos fragmentos de outros Evangelhos como o de Tomé, Felipe, Pedro, de Maria Madalena, e também outros. São os chamados Evangelhos Apócrifos.Escolhemos o de Maria Madalena, talvez por ser uma figura controvertida dentro dos ensinamentos cristãos. Aceitam sua figura como uma das pessoas convertidas por Jesus, mas apresentam-na como o símbolo da prostituta que se converteu pela graça do Mestre. Era vista como a mais famosa cortesã de Magdala, daí seu nome. Sendo judia não vivia de acordo com as leis deixadas por Moisés, mas não era molestada pelos fariseus por ser de família de grandes posses, e tinha transito livre na corte de Herodes.

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Fala-se muito pouco de sua influência no inicio do cristianismo. É citada pelos evangelistas em algumas passagens onde mostravam sua dedicação a Jesus e em outra em que Pedro pergunta a Jesus porque sendo ela mulher não foi expulsa do grupo que O seguia. No entanto, foi uma das pessoas mais próximas de Jesus, demonstrando um afeto e admiração especial pelo Mestre, acompanhando-o até o final da crucificação. Ele era seu raboni.Foi para ela que Ele apareceu, pela primeira vez após a ressurreição, enviando-a aos apóstolos, para dar a noticia de Sua volta, após os três dias anunciados previamente.Seu Evangelho mostra uma grande elevação espiritual e o respeito que os apóstolos tinham para com ela, a ponto de ser inquirida sobre as atitudes místicas ensinadas por Jesus e que só ela tinha conhecimento; provavelmente devido ao relacionamento mais profundo entre os dois, como nos mostra a pergunta de Pedro a Maria Madalena sobre alguns ensinamentos do Mestre, e que só ela conhecia; ela absorveu esotericamente tais ensinamentos, como veremos em uma das passagens abaixo.Comentaremos seu Evangelho dividindo-o em partes para que haja um maior entendimento dos ensinamentos de Jesus e, quem sabe, possamos Compreendê-lo melhor.Procuraremos interpretá-lo segundo os ensinamentos trazidos pela Psicofilosofia Huna, que nos permitem senti-lo de uma maneira livre e sem regras estabelecidas por qualquer doutrina cristã.A figura de Maria Madalena, talvez seja a que mais polêmica causa e que é interpretada de várias maneiras, desde uma cortesã ou prostituta, e é também citada como provável esposa de Jesus. Pelo que deixou em seu Evangelho não parece merecer a estigmatização dada pela igreja. Foi uma das pessoas que mais esteve ligada ao Mestre que, ignorando os costumes e as críticas, deixou que ela Lhe prestasse todas as homenagens que quis, praticando ações inusitadas, como uma pessoa que amava profundamente e foi este amor, que a fez transcender e passar a compreender realmente o que Ele ensinava.

Fragmentos do Evangelho, Segundo Maria Madalena

Interpretação:

A seguir passaremos aos Fragmentos do Evangelho. Por uma questão didática serão citadas as passagens e logo em seguida a sua interpretação.

1. O Salvador disse: “Todas as espécies, todas as formações, todas as criaturas estão unidas; elas dependem umas das outras, e se separarão novamente em sua própria origem, pois a essência da matéria somente se separará de novo em sua própria essência. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.

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A Psicofilosofia Huna nos ensina que existe um Poder Divino dado pelo Supremo Ser (Teave) e que denominamos de Mana; ele se torna energia que vitaliza tudo que existe no universo (mana). Ela se diferencia conforme o reino a que pertence a manifestação. Assim, temos mana energia própria do reino mineral, vegetal e animal, além da que sustenta por sua ação aglutinadora, os seres individualmente, e entre si, dentro de uma grande teia (teia-aka). Tendo a energia vitalizante a mesma origem, toda manifestação está interligada e interdependente por ser proveniente dela. Na origem torna-se a quintessência, isto é, a transformação da energia vital (mana) em Poder Divino (Mana). É importante o uso que fez do termo “origem”.Na manifestação acontece primeiro a individualização de cada espécie, de cada formação, de cada criatura, apesar de estarem unidas e interdependentes, por terem a mesma origem energética. A individualização existirá até que a matéria se diferencie no sentido da energia criadora purificando-se e atingindo um alto grau de crescimento e evolução. No ser humano, isso acontece através das reencarnações, com a finalidade de unificar harmonicamente pelo crescimento espiritual e a evolução, os três espíritos (unihipili, uhane e aumakua – subconsciente consciente e superconsciente, ou eu básico, eu médio e eu superior), para chegarem à compreensão do Criador. Assim, terão ouvidos para ouvir, isto é, atingirão o grau de evolução máxima que nos liberta do ciclo de vida e morte a que estamos sujeitos. É a volta ao reino de onde se originou, quando foi criado à imagem e semelhança de Deus, como energia divina.Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a VIDA e só através de Mim se vai ao Pai”. Nesse caminho tudo está unido e interdependente, e, com a perda da ignorância e dos outros desafios dos sete Princípios do xamanismo havaiano, vai surgindo a verdade libertadora que vai rarefazendo a matéria e nos aproximando da VIDA, quando tudo torna a ser essência, por só haver nesse estado, a própria essência. Quando atingir a quinta-essência[1] (essência da essência) - estado final de evolução - estará liberto da condensação da energia (mana) que é o que denominamos de matéria, despertando Mana, o Poder Divino, o sopro de Teave . Em Huna é a volta da Criança de Tane ao Reino do Pai, de onde se originou.

2. Pedro lhe disse: “Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso também: o que é o pecado do mundo? ”Jesus disse: Não há pecados; sois vós que os criais, quando os fazeis da mesma espécie que o adultério, que é chamado "pecado". Por isso, Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la à sua origem”.

Pedro como bom judeu e pescador não havia entendido ainda, os mistérios que Jesus transmitia em suas palavras, muitas vezes ditas por parábolas. Começa sua pergunta dizendo que Jesus já havia explicado tudo. Isso mostra que ele não havia compreendido o que o

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Mestre havia dito no trecho (1) citado acima, mas buscava entender pela conserva cultural, as respostas para suas dúvidas, que giravam em torno da tradição religiosa e da Boa Nova ensinada por Jesus. Jesus simplesmente responde que não há pecado[2]. O que existe são criações humanas que justificam atitudes comportamentais do ser humano, de acordo com sua conserva cultural criada pelos valores morais, costumes e pelas tradições trazidas pelas marcas mnêmicas[3]

como memórias genéticas programadas do sonho básico de vida de cada um. Não existe o pecado do mundo; existem pecadores, fruto das criações mentais provenientes de cada sociedade.Coloca assim o crescimento e a evolução espiritual como uma situação em que somente o indivíduo é o responsável por seus pensamentos, atitudes e ações; a influência que sofre pela educação e criação não é determinante, mas cria facilidades ou dificuldades para o desenvolvimento e crescimento de seu sonho básico de vida, nas experiências do dia a dia. Como nos ensina a Huna, a intenção é possivelmente a grande responsável pelo desenvolvimento de nosso crescimento no bom ou no mau sentido, nos preparando para um novo ciclo de vida. Assim visto, pecado é uma condição regional e cultural que segue as convenções de cada época, na história das civilizações. Jesus cita o adultério[4], como referência de pecado, possivelmente por ser um dos mais graves entre os judeus, o que facilitaria o entendimento de Pedro e dos outros apóstolos, que ainda não estavam suficientemente desenvolvidos para entender e sentir Seus ensinamentos. O amor é a tônica de suas pregações; é o amor que a Huna tem como Principio: Aloha (amar é compartilhar com...). Em Aloha o julgamento que mantém os costumes, valores e padrões arraigados nas memórias perde o sentido cultural de julgar, para entrar no compartilhar, que é tão maior quanto menos julgamento houver, em relação a si mesmo e aos outros, o que torna o ser humano mais compreensivo, meta pregada por Jesus.Um exemplo típico é o da passagem em que os fariseus trazem uma adúltera para enredá-Lo em relação às leis mosaicas e Ele simples e humildemente diz: “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. Somente Ele e a mulher permaneceram no local. Ele sabia que não há pecado e a ela pediu que seguisse os costumes para não sofrer as conseqüências, dizendo: “Vá e vê se não pecas mais”. A mulher estava se relacionando amorosamente fora dos princípios do judaísmo, o que estava contra a tradição e as normas traçadas por seu Deus.Coloca a vinda do Verbo Encarnado no meio de todos, falando claramente que cada um, seja de que espécie for, somente será conduzido ao reino dos céus quando estiver desperto, isto é, vivendo de sua essência; só assim, será possível ser conduzido à sua origem, como disse no primeiro trecho desse Evangelho (1 e 2). É a harmonia entre o criado e o Criador.

3. Em seguida disse: “Por isso adoeceis e morreis (...). Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática.

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A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem, e se estiverdes desanimados, procurai força nas diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça”.

Nesse trecho Jesus coloca o pecado como sendo situações criadas pelo próprio homem que passa a ser o causador de seus males, suas doenças e de sua morte. Quanto mais se sente pecador, mais culpado será e a conseqüência será o sofrimento como o redentor das culpas e também da busca da felicidade, situação que o ser humano interioriza trazendo do exterior a ilusão de se livrar da dor e ter prazer. Essa situação mantém o ciclo de vida e morte. Só se liberta das culpas quando não se acredita no pecado como causador das diferenças humanas; quando for capaz de entender que não há certo e errado, mas sim, estados diferentes de ignorância, limitação, confusão, procrastinação, raiva, medo, e dúvida, provocadores dos desejos, os quais conduzem às ações boas ou ruins, em relação a si mesmo e aos outros; isso desenvolve ou retarda o crescimento e a evolução, mantendo o homem como o criador de seus pecados, no ciclo das sucessivas reencarnações, na vivência de diferentes sonhos básicos de vida. O pensamento é a grande arma que tem o ser humano para o cumprimento de seu sonho básico de vida (sua vida atual), analisando, reformulando e contribuindo para formação das memórias aprendidas ou experienciais, em busca de mudanças. A desarmonia entre uhane (consciente)e unihipili (subconsciente) é a criadora do pecado (desvio do eixo) que causa as culpas e as doenças. Na busca do crescimento espiritual, as intenções podem conduzir ao entendimento do que disse Jesus, mas a compreensão de suas palavras só virá após a libertação dos desejos causados pelos desafios que estão nos sete princípios do xamanismo havaiano, principalmente no que se refere à ignorância, o primeiro e mais difícil de ser trabalhado. Ignorância como clareamento da visão interior, e não somente como conhecimento intelectual.Como é complicado colocar suas palavras em prática!!A matéria, fruto do pensamento produz uma paixão sem igual que mantém a densidade da energia mana, a qual, conserva o ser humano preso aos usos e costumes, conseqüência de sua intelectualização. Isso não permite ao uhane se concentrar na natureza divina que habita em cada um. Diz Ele que essa é a razão do desequilíbrio corporal que conduz à desarmonia trazendo o sofrimento. Criou-se assim, o adultério, o grande pecado, que é o não crer em um Deus único de acordo com as leis judaicas, o grande Deus dos exércitos mantido por regras e uma disciplina rígida, regidas por um moralismo exacerbado feito de julgamentos e penas.Pede Ele que se tenha coragem para buscar nas diferentes manifestações da natureza, a força para se acabar com o desânimo provocado pela insatisfação das buscas puramente intelectuais. É

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interessante o apelo que faz em relação à força da natureza em nossas vidas, onde tudo se realiza de acordo com as leis divinas, e onde devemos buscar realmente as condições que contribuem para que nosso crescimento aconteça com mais facilidade.Só assim, se poderá enviar ao unihipili dados para reformulação das memórias que conduzirão na direção da natureza divina, criando possibilidades de compreender suas palavras e criar a harmonia, o que nos livrará das doenças causadas pelos pecados criados com as ações desordenadas, causadoras inclusive, das mortes, o grande adultério das convicções que estabelecem a permanência das idéias que criam uma crença imutável. A observação e a vivência com a natureza nos mostram a nossa impermanência e a da natureza, onde tudo se modifica a cada instante vivenciado.Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.

4. Quando o Filho de Deus assim falou, saudou a todos dizendo: ”A paz esteja convosco. Recebei minha paz. Tomai cuidado para que ninguém vos afaste do caminho, dizendo: Por aqui ou por lá, pois o Filho do Homem está dentro de vós. Segui-o. Quem o procurar, o encontrará. Prossegui agora, e então, pregai o Evangelho do Reino. Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não te instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas”. Após dizer tudo isto partiu.

Após os ensinamentos dados acima (3) sobre pecado, doença, paixão e morte e se intitulando Filho de Deus, apaziguou os discípulos dando-lhes Sua paz. Para isso adverte que terão essa paz se não se afastarem do caminho, alertando-os de que a procura tem de ser interna, isto é, harmonizando os dois espíritos (uhane e unihipili) responsáveis pela busca da harmonia interior, como também ensina a Psicofilosofia Huna, por meio das verdades trazidas pelos mestres kahunas, oralmente transmitidas em suas tradições e lendas, que chegaram até nós pelo Livro da Criação (Tumuripo ou modernamente Kumulipo). Esses ensinamentos são muito semelhantes aos trazidos por Jesus e, por isso, nos possibilita entendê-los trazendo um vislumbre da paz que se pode conseguir. Mostra que as coisas vindas do exterior distanciam o ser humano da busca do aumakua, o Eu Superior que habita em todos e em tudo. Somente com a harmonia entre os três espíritos (unihipili, uhane e aumakua) pode-se procurar Sua paz e, encontrá-la, passa a ser a verdade que traz a nossa paz interior. Assim como seus discípulos, quem dá prosseguimento aos ensinamentos de Jesus, inicia um novo caminho onde o importante é ter desenvolvido o máximo possível o sonho básico de vida, criando condições de entender e sentir o Evangelho; para isso, nada melhor do que se expor criando coragem para levar publicamente tudo o que aprendeu e sentiu com Ele. Essa tarefa deve ser a mais difícil de todas, pois ter-se-á que despojar de valores, renunciar ao poder que se adquire com um status social e mesmo religioso, tornando-se

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simplesmente o que Ele disse aos discípulos: “Sede transeuntes!” - “Evangelho de Thomé passagem 42” - . Suas regras são simples e diretas, sem subterfúgios enganadores, e, por isso, não há necessidade de se criar outras teorias que provoquem a ilusão do crescimento. Indubitavelmente o que se está criando são condutas de ação, como legisladores de Suas palavras e são guiados pela vaidade da falsa humildade própria dos doutrinadores que já se sentem donos da verdade e proprietários do caminho que conduz ao céu. Essa situação conduz à paixão que é despertada por crenças e doutrinas guiadas essencialmente pelo intelectualismo religioso, não permitindo ao ser humano alcançar um grau de desenvolvimento e crescimento espiritual que conduza à compreensão da consciência divina que habita em tudo. Muitas vezes são pessoas de boa vontade, mas que ainda não se libertaram dos desejos causados pela ignorância e outros desafios, impedindo que vejam a trave que ainda existe em seus olhos. Os princípios da psicofilosofia Huna nos mostram as verdades trazidas por Jesus, que reforçou o valor do amor (aloha), pedra angular de seus ensinamentos, premissa para:”Eu vos dou Minha paz”. “Após dizer tudo isso partiu”.

5. Mas eles estavam profundamente tristes, e falavam: “Como vamos pregar aos gentios o Evangelho do Reino do Filho do Homem? Se eles não O procuraram, vão poupar a nós?” Maria Madalena levantou-se, cumprimentou a todos e disse a seus irmãos: “Não vos lamentais nem sofrais, nem hesiteis, pois Sua graça estará inteiramente convosco e vos protegerá. Antes, louvemos Sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens”. Após Maria ter dito isso, eles entregaram seus corações a Deus e começaram a conversar sobre as palavras do Salvador.

O afastamento da presença de Jesus provocou nos apóstolos a insegurança gerada pela dúvida que tinham em relação às suas possibilidades de dar prosseguimento ao que aprenderam, mas que não tinham compreendido por ignorância - falta de clareza de uma visão interior -, o que provoca o medo. No caso deles um grande medo de sofrer perseguições. Reagiram mais como judeus, do que como novos discípulos que iriam espalhar o Evangelho entre os gentios, e converter judeus. Foi necessário que uma voz se levantasse entre eles e mostrasse que quem tem fé sem dúvida nada tem a temer e que não precisavam sofrer, sentindo-se abandonados à sua própria sorte, e que, se não houvesse hesitação seriam merecedores da graça que Ele havia dado a todos, o que era suficiente para sustentar suas ações daí em diante, em relação à pregação do Evangelho. Quando ela fala, “sua graça estará inteiramente convosco”, ela desligou-se da figura humana de Jesus e passou a compreender seu papel nessa nova missão renovadora. Essa parece ter sido a primeira

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pregação evangélica feita e foi dirigida aos apóstolos, revigorando-os para cumprirem suas missões.Ela procurou colocar em ordem o seu uhane e o uhane de cada um, harmonizando-os com o unihipili que passou a sentir nessa nova maneira de ser, um grande prazer vindo de uma nova fé criada pela reformulação das memórias, pela modificação dos valores da conserva cultural, perdendo o medo e abrindo seus corações para receberem as novas e as reformuladas memórias para execução de suas ações, despertando a vontade com a mudança para novos padrões de vida, que contribuiriam para o cumprimento de suas missões.Pedro queixou-se em outra passagem evangélica (“Evangelho de Thomé, passagem 114” dizendo que Jesus deveria expulsar Maria Madalena do grupo, por ser mulher”); aqui/agora, tudo muda de sentido e ela surge de maneira diferente através de suas próprias palavras, mostrando-se preparada por Ele que transformou-a e a todos fez homens, principalmente ela. O sentido de “homem” aqui não tem a conotação de masculino em relação ao feminino, mas do indivíduo que alcançou a graça da compreensão dos ensinamentos deixados por Ele, unindo o uno ao verso, tornando-se um ser universal, único; não existe mais na pessoa o masculino e o feminino.Ela que em outros evangelhos era um símbolo sexual feminino, nessa passagem mostra que era a mais fervorosa das pessoas a ponto de compreender o significado real de ser homem; passa agora pela fé e a crença de uma nova realidade, a de se considerar homem, abolindo o sentido sexual do ser humano homem/mulher o que não era entendido pelos apóstolos como bons judeus; era a purificação pela compreensão das revelações feitas por Jesus, como dissemos acima.Foi tão grande a influência provocada pelas palavras de Maria Madalena que eles se acalmaram, perderam o medo e passaram a conversar sobre o que ela lhes havia dito, tendo uma nova percepção momentânea de tudo. Foram acrescentados às suas memórias novos pensamentos, mas seus padrões ainda não tinham mudado como veremos adiante.Maria teria sido a primeira a pregar o Evangelho preparando-os para o dia de Pentecostes?

6. Pedro disse a Maria: “Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que a qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos”.

Pedro volta a ter os mesmos pensamentos, teimando em ver Maria Madalena como a mulher mais amada pelo Mestre. Não entendeu quando ela incentivou todos a pregar o Evangelho dizendo: ”Antes louvemos Sua grandeza, pois Ele nos preparou e nos fez homens”. Naquele momento, Pedro era somente um homem de boa vontade, cuja curiosidade despertou seu interesse para saber se Jesus havia dito a ela mais coisas que diminuiria sua insegurança e satisfaria seus

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desejos para prosseguir no caminho do Senhor, o que minimizava a sensação de perigo.Jesus plantou a semente em seus discípulos e cada um recebeu de acordo com suas possibilidades. Maria Madalena foi a primeira a regar essa semente que iria desenvolver a árvore do amor evangélico, e deu aos discípulos a força para cultivar essa terra onde estava plantada essa semente. Pedro como conta os Evangelhos passou por várias outras provas para atingir um grau de compreensão dos ensinamentos do Mestre. Sua pergunta é capciosa, pois joga com o amor de Jesus pelas mulheres, diferenciando Maria Madalena como a preferida; mostra sua descrença ou ignorância. Se só a Maria Madalena Ele disse, foi porque achou que só ela naquela ocasião seria capaz de compreender, sentir e mostrar seus ensinamentos. Sabia também de sua capacidade para instruí-los, a fim de que pudessem cumprir suas novas missões em relação à propagação do Evangelho. Pedro não percebeu que o que ela já lhes havia dito eram palavras que só a ela Ele tinha revelado, por razões que só a Ele pertenciam, como vimos acima e veremos depois.Ele sempre dizia: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça”. Pedro até então, ainda não tinha ouvidos para ouvir, daí suas perguntas.

7. Maria Madalena respondeu dizendo: “Esclarecerei a vós o que está oculto”. E ela começou a falar essas palavras: “Eu”, disse ela, “eu tive uma visão do Senhor e contei a Ele: ”Mestre, apareceste-me hoje numa visão”. Ele respondeu e me disse: “Bem aventurada sejas, por não teres fraquejado ao me ver, pois onde está a mente há um tesouro”. Eu lhe disse: “Mestre, aquele que tem uma visão vê com a alma ou com o espírito?” Jesus respondeu e disse:”Não vê nem com a alma nem com o espírito, mas com a consciência, que está entre ambos assim é que tem a visão (...)

Começou a criar em Pedro e nos outros, condições para iniciar suas missões. Incentiva-os sem valorizar as críticas de Pedro e dos demais; revelou-lhes o que só ela sabia. Estava imbuída pelo espírito de Aloha, pois estava compartilhando e não julgava mais. Sabia como era a percepção dos discípulos quando diz: “Esclarecerei a vós o que está oculto”.Em sua resposta deixa bem claro que, o que está dizendo foi fruto de uma visão com o Senhor, mostrando ser tudo uma revelação. Revelação requer uma linguagem mística que vem de uma percepção diferente; a visão é clara; não há mais ignorância e, o Primeiro Principio para ela, “o mundo é o que você pensa que ele é”, torna-se luz. Não existem mais dúvidas, pois seu esclarecimento é ilimitado, sua energia segue o fluxo do pensamento por uma focalização única, sabe que seu momento de poder é agora, por estar inteiramente presente no aqui/agora, o que permite compartilhar com os apóstolos a bênção recebida do Mestre; sabe que todo poder vem de dentro por ter permitido que os ensinamentos recebidos aflorem e tome conta de seu ser, quando toma consciência dessa visão que Ele disse estar

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entre a alma e o espírito. Isso é a eficácia que é a medida da verdade nos que evoluíram a ponto de se tornarem verdadeiros tecelões de sonhos, dos sonhos aprendidos e apreendidos com os ensinamentos de Jesus e do Cristo. Ela percebe claramente o sentido dos Sete Princípios que estão ampliados na Boa Nova. Chama-a de bem-aventurada por não ter fraquejado ao Vê-lo (o que não aconteceu nas vezes em que apareceu aos apóstolos, depois de Sua morte). Ensina que onde está a mente há um tesouro, referindo-se à atitude de Maria Madalena diante da visão; isso mostra que a visão é uma situação em que o pensamento torna-se co-criador com o mensageiro divino e por isso é capaz não só de entender, mas acima de tudo compreender o sentido da revelação. Uma mente como relata Maria Madalena, tem que ser uma mente aberta e preparada para receber as verdades reveladas que assim, torna-se um tesouro; não é mais a mente que Ele se refere quando diz: “Não se deve dar pérolas aos porcos, para que eles não as conspurquem”. Essa é a mente que não fraqueja, por já estar vivendo diretamente da criatividade de aumakua e a transmissão é direta por não ter mais o unihipili as memórias que fazem com que uhane fraqueje com pensamentos cheios de dúvidas, como estava acontecendo com alguns dos apóstolos citados.A pergunta de Maria sobre como acontece uma visão mostra seu interesse e a compreensão que tem do estado da alma e do espírito em evolução. Ignorava ainda que, apesar da harmonia reinante entre unihipili e uhane, essa alma não sabia o que realmente era uma visão, no sentido crístico das coisas. Responde Ele que não é atributo de nenhum dos dois (alma e espírito), mas é uma condição em que só havendo a total harmonia entre os dois espíritos (unihipili e uhane) é possível a manifestação por obra e graça da consciência - Mana’o I’o (estado em que existe a fé sem dúvida que cria uma crença inabalável) -, com aumakua forma o Eu Superior, que nos guia em direção ao todo da teia-aka da Huna. Sabemos que o centro da consciência faz parte do invisível que habita no ser humano e que age harmonizando as ações, quando a vontade é traduzida por pensamentos dignos de crescimento e evolução. A consciência estando entre ambos, tem ação sobre os dois, mas sua manifestação sendo de origem divina, só interfere quando se harmonizam, ou em ocasiões em que se distanciam tanto da teia-aka que poderão se perder no emaranhado das confusões criadas; tudo acontece através das memórias gravadas no unihipili. Este distanciamento é uma situação de pecado.Se Maria Madalena não tivesse criado as condições necessárias para essa compreensão, nada lhe seria revelado, e ela não teria o poder de também transmitir aos outros, contribuindo para que este poder penetrasse neles, dentro das condições de cada um, isto é, de acordo com seus sonhos básicos de vida. Termina dizendo que é assim que se tem a visão. Infelizmente ela teria dito outras coisas a mais, mas que possivelmente se perderam, por ter desaparecido outros fragmentos

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ou quem sabe, por não ser ainda hora de ser revelado. Isso fica a critério de cada um, de acordo com sua fé e suas crenças.

8. E o desejo disse à alma: Não te vi descer, mas te vejo subir. Por que falas mentira, já que pertences a mim? A alma respondeu e disse: “Eu te vi. Não me viste, nem me reconheceste. Usaste-me como acessório e não me reconheceste”. Depois de dizer isso, a alma foi embora, exultante de alegria.“De novo alcançou a terceira potência, chamada ignorância” A potência inquiriu a alma dizendo: Onde vais? Estás aprisionada à maldade. Estás aprisionada, não julgues! E a alma disse: Por que me julgaste apesar de eu não haver julgado? Eu estava aprisionada; no entanto, não aprisionei. Não fui reconhecida que o Todo se está desfazendo, tanto as coisas terrenas quanto as celestiais. “Quando a alma venceu a terceira potência subiu e viu a quarta potência, que assumiu sete formas. A primeira forma, trevas; a segunda, desejo; a terceira, ignorância; a quarta, a comoção da morte; a quinta é o reino da carne; a sexta é a vã sabedoria da carne; a sétima, a sabedoria irada”.Essas são as sete formas da potência ira. Elas perguntaram à alma: De onde vens, devoradora de homens, ou aonde vais, conquistadora do espaço? A alma respondeu dizendo: “O que me subjugava foi eliminado e o que me fazia voltar foi derrotado..., E meu desejo foi consumido e a ignorância morreu. Num mundo fui libertada de outro mundo; num tipo fui libertada de um tipo celestial e também dos grilhões do esquecimento, que são transitórios. Daqui em diante, alcançarei em silêncio o final do tempo propício, do reino eterno”.

Na própria seqüência da narrativa parece ter faltado alguma coisa, mas o essencial para nossa compreensão foi relatado.A narrativa da visão de Maria Madalena continua trazendo novos conhecimentos de cunho filosófico, místico e ético que nos parece só ter sido dito por ela.Maria Madalena fala em quarta potência, mas começa com o desejo e a seguir entra na terceira potência.Começa com um diálogo entre o desejo - a quem chama de potência - e a alma. São situações relacionadas com os problemas defrontados pelo ser humano diante das diversas situações criadas durante o sonho básico de vida e, com os quais, terá que agir e interagir para se libertar e alcançar um grau de crescimento e evolução em que todas essas potências, que são memórias adquiridas nas várias reencarnações, vão se lapidando até chegar à compreensão de si mesmo, diante do todo. São os desafios a serem vencidos para a compreensão dos talentos e dos princípios do xamanismo havaiano, tão bem colocados por ela como ensinamentos de Jesus.

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O desejo vem implícito nas memórias genéticas programadas do sonho básico de vida, e vai surgindo conforme vai atuando o uhane, que aproveitando as memórias genéticas, vai criando - pelas vivências e experiências do dia a dia, as memórias aprendidas ou experienciais que são memórias de ação, e, por isso, provocam desejos que traduzidos pelos pensamentos, formulam novos e mais intensos desejos. O desejo não viu a alma descer, isto é, reencarnar, por estar a primeira fase do sonho básico de vida sujeito às memórias genéticas programadas, próprias de cada espécie; seu desenvolvimento é anatomofisiológico, inicialmente dentro de um desejo traçado somente para o desenvolvimento na vida fetal - para que possa ao nascer iniciar seu novo ciclo de vida -, daí necessitar da proteção e ajuda das pessoas para sua sobrevivência.Não há manifestação do desejo sem um pensamento que o propicie; assim, só surgem conforme vão se formando as formas-pensamentos desenvolvidas pelo uhane, indutor da pergunta: ”Não te vi descer, mas agora te vejo subir”. Não tendo conscientizado seu estado espiritual e divino, pensa ser dono de tudo que deseja, sejam manifestações de fato ou pensamentos ilusórios, que desenvolvem o poder pelo intelecto, dentro de um comportamento próprio de cada indivíduo. Tudo que o desejo não percebe lhe parece uma mentira e, o que deseja, parece lhe pertencer; é o desenvolvimento do apego que leva ao determinismo da posse.A alma ciente de suas atribuições, responde não ter sido vista nem reconhecida, mas que ela tudo viu. Começa a dar ao desejo representado pelas memórias do unihipili e a imaginação do uhane - a primeira lição de sua existência -, mesmo não sendo reconhecida; no entanto diz que foi usada pelo desejo, sem que ele o soubesse. Estava plantada a primeira semente do crescimento espiritual, o que causou grande alegria a essa alma que viu os espíritos darem o primeiro passo na sua longa escalada rumo à realidade divina. É a grande devoradora de homens através das sucessivas reencarnações.Num escalar incessante e progressivo a alma agora procura outra potência sabendo que enquanto houver a ignorância, a liberdade de ação não existirá em realidade, mas somente a ilusão dos fatos. Não há clareza de visão e as ações estão a mercê da ignorância espiritual.Diz-se que “a ignorância é a mãe de todos os vícios”. Na ignorância a visão é nula ou sem clareza. Assim sendo, tudo está aprisionado à maldade, que são ações provocadas pelo desvio do eixo principal do sonho básico de vida. Começa-se a perceber que existe um julgamento, mas que ele vem de fora e atribui à alma essa função julgadora; não há o entendimento entre o desenvolvimento das memórias do unihipili e as decisões do uhane, em relação às experiências vividas dentro da ignorância, o que mostra uma desarmonia muito grande que leva à insatisfação e sofrimento que lhe são próprios, mas vistos de fora para dentro, o que causa as limitações.A alma que estava indo embora, no entendimento da ignorância simboliza os primeiros sinais de uma percepção que à sua maneira já pede socorro, mas sem aceitar as condições existentes. A alma se

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deixa aprisionar por saber que só assim é possível despertar uma percepção - mesmo que distorcida - que poderá trazer modificações no julgamento, por perder a ignorância seu apoio exterior: a limitação, a confusão, a procrastinação, a raiva, o medo e a dúvida, que estão arraigadas às ações provocadas pela ignorância. A ignorância quer reter a alma, sem perceber que iniciou um novo caminho, quando inicia o clarear da visão. Interessante notar o que adverte a alma à ignorância, dizendo que “tudo está se desfazendo”, só que ela não percebeu. Está plantada uma outra semente; está formado um novo viver no aqui/agora.Sentiu-se vitoriosa e seguiu seu caminho chegando à quarta potência, possivelmente a limitação que trava todo desenvolvimento e crescimento. Com os dados acima mencionados por Maria Madalena - quando disse que – “se desfez o todo das coisas terrenas e celestiais” -, estava aberto o caminho para o reconhecimento de todas as mazelas criadas pelo desejo e a ignorância, apresentando à quarta potência sete formas a serem vencidas para o crescimento e a evolução espiritual e compreensão da alma.Dentro da mitologia havaiana, essas sete formas pertencem ao reino do deus MIRU, o reino dos mortos para onde dizem os Evangelhos, Jesus desceu após a morte. É o plano espiritual dos seres reencarnantes.Este reino simboliza o plano das almas em crescimento desde as que pertencem às trevas e que são conduzidas pelo desejo à ignorância, até as que possuem grandes desejos e que cresceram enriquecendo o unihipili e uhane de conhecimentos intelectuais em todos os sentidos da vida. Nota-se uma seqüência iniciando pela treva total – ausência de visão - e a ignorância surgida pelo desejo; ambos caminham juntos no aprendizado da vida, chegando à comoção da morte, situação que mais impressiona e causa medo ao ser humano, por significar a perda total do apego e da posse em relação ao corpo humano, em cada sonho básico de vida, onde o reino da carne impera como senhor absoluto e cria poderes ilusórios de permanência com o aprendizado intelectual. O intelecto cria a vã sabedoria da carne, onde estão gravadas todas as memórias do sonho básico de vida, até a comoção da morte que traz a sabedoria irada, provocada pela sensação da perda do todo adquirido, sem perceber que nada se perde, mas tudo se transforma. A percepção da perda do conhecimento, da riqueza, do poder, devido à comoção da morte, cria o que Maria Madalena em sua visão chamou de sabedoria irada. Essa é a roda viva dos desafios por onde teremos de passar até que a alma possa subir livre do desejo e das potências, inclusive com a quarta potência e suas sete formas, que nos retém no ciclo de vida e morte sucessivas; são as sete formas da quarta potência ira. Com a percepção da quarta potência o ser humano começa a se preparar para receber ensinamentos, que poderão lhe mostrar haver novos caminhos nas futuras reencarnações.Ensina a psicofilosofia Huna, através de sua mitologia, conhecimentos que podem ser enquadrados dentro do que trouxe Maria Madalena.

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Pelos ensinamentos Huna, acredita-se que as trevas são a primeira potência (caos de Po – planos invisíveis-). Delas tudo se originou em termos de manifestação, pela vontade do Supremo (Teave) que com Seu sopro Divino (Mana), criou Tane, seu Filho dileto, o Deus que existe, e sua filha a deusa Na’Vahine, a companheira de Tane. A partir daí, sob orientação de Tane (o gerador masculino da criação) tudo se organizou, juntamente com Na’Vahine (a geradora feminina da divindade manifestada), surgindo o Deus Pai/Mãe. Tane/Na’Vahine criou seus três primeiros filhos (Tanaroa, Rono e Tu), distribuindo o universo entre os quatro, para que as manifestações pudessem aos poucos ser criadas e organizadas em Po e depois em Ao (plano das manifestações). Os quatro deuses são os quatro geradores masculinos da criação. A cada um deles uniu-se uma deusa criada por Tane e Na’Vahine, sua Companheira divina. As filhas eram (Tapo, Rata e Hina). Estava formada a polaridade divina que produziria as manifestações.Estamos estendendo nossos comentários mostrando parte da mitologia havaiana, com a intenção de mostrar a importância da missão de Maria Madalena junto a Jesus; não há nenhuma intenção de buscar novas formas religiosas, nem legislar sobre o tema, mas mostrar que os caminhos são vários e o importante é que se esteja ligado aos ensinamentos que geram paz, alegria e tranqüilidade espiritual e que não firam, como os trazidos por Maria Madalena, através de Jesus.As trevas foram se organizando sob a regência de Tanaroa, o Senhor do Pacifico Sul e da noite, de onde tudo surgiu, migrando parte dessas criações para a terra, sob as diferentes formas de vida, manifestando-se como minerais, vegetais e animais. Durante algumas eras as diferenciações foram acontecendo e as coisas se organizando conforme as necessidades de cada criatura. Das trevas surgiu o desejo como segunda potência. O desejo passou a fazer parte da criação com manifestações de tendências primitivas fazendo crescer o que havia na terra e sob encargo de Tu, o deus da Natureza, das colheitas e membro do Tribunal Divino, juntamente com sua companheira Hina. As criaturas cresceram e evoluíram nas trevas, impulsionadas por um desejo de crescimento natural e foram se aperfeiçoando conforme as necessidades de sobrevivência que a terra propiciava, sob a orientação de Tu, o senhor do Norte. Para esse crescimento havia necessidade de que as trevas se dissipassem e para isso, Tu em concordância com Rono o deus do Sol, senhor do Leste, criaram através dos raios solares e do calor da terra, a luz solar que passou a ser o fator primordial de vida terrena. Da luz de Rono surgiram as plantas medicinais que curariam os seres no futuro, sob a benevolência de Tu, o deus das colheitas.Saindo das trevas com um desejo natural de crescimento, mas numa total ignorância sobre o que era crescer no sentido divino, por falta de uma clareza de visão, foram se diferenciando em sua natural ignorância e surgiram as espécies que cresciam e tomavam conhecimento para sua sobrevivência. Acontecendo assim, a seleção

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natural por transmutações e o desaparecimento daquelas espécies, que não eram mais necessárias para o desenvolvimento da terra.No início havia uma ira instintiva de sobrevivência que foi se aperfeiçoando, até atingir esse ser criado de forma diferente por possuir algo mais, que o diferenciava do restante da criação manifestada; surgiu o ser humano com o uhane. Com isso, adquiriu condições diferentes de manifestação: é o ser pensante com raciocínio dedutivo e indutivo, o que o diferencia de todos os seres da natureza terrestre. Conseguiu se sobrepor às demais criaturas, delas absorvendo as potências. Possuía as trevas por ignorar seu estado diferente e natural de criatura com uma qualidade pensante, induzindo-a às ações, que usou e ainda usa com a sétima potência (sabedoria irada), com todas suas formas, apesar de já possuir o discernimento para crescer e evoluir no sentido divino que é sua razão de ser.Tane reservou para Si o reino do Oeste, por onde saem as almas dos que morrem e que, enquanto estão sob a influência das quatro potências, irão para o reino de Miru, o reino dos mortos, para um novo aprendizado. Regressam nas novas manifestações corporais até que se purifiquem e não mais tenham necessidade do ciclo de vida e morte nessa morada da casa do Pai. Esse é o grande sinal da impermanência a que estamos submetidos nas reencarnações. Creio que por isso Jesus enfatizou tanto nessa visão de Maria Madalena, essas quatro potências, mostrando que quando estamos sob a influência da ira, passamos por essas sete formas de ação. É um aprendizado difícil e doloroso próprio do ser humano, até que perceba outras formas de ação e de pensar, onde predominará a ética da fraternidade.A explanação Huna sobre essa passagem tem como finalidade ligar os ensinamentos de Jesus com os ensinamentos Huna. Ele deu novo impulso ao conhecimento Huna pregando o amor de Aloha e o não ferir e falando de um Pai que está nos céus.Tane/Na’Vahine é o Deus que existe, o Filho do Pai, o Cristo; é o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, sob a forma de Jesus, o Grande Aumakua da humanidade e de tudo que foi criado. Juntas, as sete formas da quarta potência perguntaram à alma, - segundo a narração - , de forma irada e já demonstrando alguma sabedoria - possivelmente com a curiosidade própria do intelecto que cresceu e não teve as respostas desejadas -, o que traz frustração e começa a duvidar de sua ilusória sabedoria, mas que bem no fundo, já pressente que há algo mais que não foi decifrado e que incomoda muito. Quer saber, mas pergunta agressivamente, mostrando que o invisível sob a forma de espíritos, vislumbrava que a alma vinha, devorava os homens através da morte e sucessivas reencarnações, percebendo que, apesar de devoradora de homens, deveria ir para algum plano conquistando o espaço. Essa interrogação mostra que o homem é devorado para conquistar novos espaços numa situação invisível, de onde retorna acrescido de novas memórias preparadas depois da comoção da morte.

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Assim, se cria uma nova possibilidade de, em um novo sonho básico de vida, crescer e apagar aos poucos dos espíritos (uhane e unihipili), as sete formas da ira; essa é a luta que o homem trava consigo mesmo até sentir que não precisa lutar para fazer as coisas, mas procurar entender melhor seus pensamentos, sentimentos e desenvolver o desapego, livrando-se das posses dadas pelos desejos e a ignorância, ambas vindas das trevas.Até aqui, o desejo é a mola que impulsiona o ser humano no sentido de perceber o outro, mas separado dele; é o desejo de fusão com o outro, como se procurasse sua outra metade, para se completar no amor; ainda está embriagado pelas coisas manifestadas. No entanto, já vislumbra que existe algo que o conduz a um amor diferente, que propicia um desejo de aliança, um desejo de unidade. Percebe agora, que não há mais união de metades, mas sim, pessoas inteiras que se relacionam e que não mais buscam se diluírem no todo; agora busca em sua inteireza atingir o todo, sentindo ser parte dele, sem ter se fundido, sem perder sua identidade.Cremos que essa foi a situação que alcançou Maria Madalena no convívio com Jesus. Parece que só ela desfrutou dessa situação, a ponto de se dizer homem, isto é, chegou à condição do ser trino, o ser ideal que compreende a religiosidade que há dentro de si, despertada pelos ensinamentos dados pelo Mestre, no convívio do dia a dia; não necessitava mais de outras crenças religiosas, o que não aconteceu com os discípulos, até então. Em Huna seria o despertar de Aloha: É a bênção divina.Cremos que é fruto da reformulação constante das memórias do unihipili em cada sonho básico de vida, e a perda da dispersão do uhane; assim, se consegue focalizar a realidade dada pela verdade pregada por Jesus, num sentir puro e sem maiores conceituações, senão as por Ele deixadas nos Evangelhos, que traduz o antigo conhecimento deixado pelos antigos mestres (naacals) do desaparecido Continente de Mu, possíveis criadores da psicofilosofia Huna, conservada pelos kahunas através dos milênios, e mostrada por Jesus na pregação do amor. A alma responde mostrando claramente que o que a subjugava e a afastava da teia-aka (o todo) promovendo as reencarnações, tinha sido eliminado pela perda das memórias que provocavam os desejos de fusão e da sabedoria irada em suas sete formas; terminava assim, com a ignorância que a fazia continuar no ciclo de vida e morte, isto é, nas trevas. O Homo sapiens morreu e dele ressurgiu a alma com toda sua potência celestial, de acordo com a passagem evangélica, quando Jesus fala: “muitas são as moradas na casa do Pai”. Está dizendo que um mundo de crescimento e evolução libertou-a de outros mundos por onde passou em sua trajetória evolutiva. Era uma alma que atingiu a percepção celestial de acordo com suas necessidades de crescimento, atingindo um grau evolutivo que a libertou de um tipo celestial intelectualizado - criado pelo próprio homem -, até não necessitar mais de liberdade, por ter perdido as memórias que provocavam sentimentos advindos de passados remotos e que pareciam estar esquecidos; eram verdadeiros grilhões

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que a aprisionavam ao ciclo do crescimento espiritual. Diz que essa situação deve ser vivenciada, mas é impermanente, como tudo que é manifestado no invisível ou nas imagens concretizadas pelo pensamento em Ao, onde se cria as formas-pensamentos de duração transitória, próprias dos espíritos em crescimento e evolução.A alma atingiu o estado de graça e, como “criança de Tane”, regressou ao lar no seio do Pai Celestial.Daí em diante é o silêncio, com o fim do tempo criado desde a primeira descida, até a volta para o reino eterno quando tudo é e nada existe.

9. Depois de ter dito isso, Maria Madalena se calou, pois até aqui o salvador lhe tinha falado.Obedece o que Ele disse anteriormente::”Não estabeleçais outras regras, além das que vos mostrei, e não instituais como legislador, senão sereis cerceados por elas”. Termina alertando que não é necessário criar regras e legislar através de doutrinas religiosas, mas que o amor, a base de Seus ensinamentos, é o suficiente para o crescimento e evolução espiritual do ser humano e que, se fugirmos disso, nos tornaremos reféns de doutrinas que nos torna legisladores e não seguidores verdadeiros; elas por si, nos cerceiam conservando os desafios – ignorância, limitações, confusão, procrastinação, raiva, medo e dúvida -, por permanecermos somente com uma visão intelectual que nos mostra as partes, mas nunca o todo que só o amor de Aloha pode nos dar. Este é o ágape em se falando de amorAi termina a visão de Maria Madalena que se calou; isso mostra que ela estava falando através do salvador; ela estava revelando verdades que eram pelos apóstolos desconhecidas e que só ela pelo estado de evolução adquirido, seria capaz de transmitir. Até aqui falou o Salvador!

10. Mas André respondeu e disse aos irmãos: “Dizei o que tendes para dizer sobre o que ela falou. Eu, de minha parte, não acredito que o salvador tenha dito isso, pois esses ensinamentos carregam idéias estranhas”. Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador. “Será que Ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós?”.

Esses ensinamentos da visão de Maria Madalena eram muito profundos para aqueles homens fieis à figura humana de Jesus. Eles ainda não conseguiam compreender como o Mestre iria falar tudo isso através de uma mulher – apesar dela ter dito também ser homem -, estando eles ali, esperando que Ele lhes transmitisse como iriam proceder para ensinar e pregar o Evangelho. Era uma tarefa que estava além de suas possibilidades atuais e como bons judeus, não poderia ser uma mulher a revelar tudo que ela disse, o que eles nunca tinham ouvido do Mestre. Como judeus conheciam as regras de

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suas leis e da tradição que proibiam as mulheres de participar da leitura e dos ensinamentos bíblicos. Não importava nesse momento a ignorância deles; Jesus sabia que a impressão deixada pelas palavras de Maria madalena ficariam gravadas em suas memórias para uma posterior ocasião.De todos, Pedro continuava sendo praticamente o mesmo de antes; fez as mesmas perguntas e levantou as mesmas dúvidas, demonstrando um grande ciúme do Mestre, por tê-lo relegado a um plano tão baixo, confiando mais numa mulher do que neles. Não tinham percebido que ela não mais era a mulher judia que falava, mas um ser transformado em uma situação em que não mais existe o masculino e o feminino, mas uma unidade. No início de seu Evangelho ela diz claramente que “nós homens”, no entanto, e principalmente Pedro, não tinha condições de entender tal ensinamento que só um ser humano já evoluído poderia compreender.

11. Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: “Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no mau coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?” Levi respondeu a Pedro: “Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Mas se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí tê-la amado mais do que a nós. É antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separaremos, como Ele nos mandou, e pregaremos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou”.Maria Madalena falando agora como pessoa, lamenta a incompreensão de Pedro por suas dúvidas e reclamações, não aceitando que eles fossem capazes de pensar que ela inventara ou estaria mentindo sobre o Mestre. Foi socorrida por Levi que admoestou Pedro falando sobre seu temperamento exaltado, chegando a ponto de querer competir com uma mulher. Em sua fala ele ainda considera Maria Madalena como uma mulher, o que faz pensar que ele ainda não tinha atingido a compreensão do ensinamento que ela trouxe como verdadeira discípula do Mestre, mas já aceitava que por ter sido tão querida do Mestre e em quem Jesus confiou sempre, a tornava merecedora de seu amor e, naquele momento, a única capaz de transmitir esses novos ensinamentos; passa assim, aos demais discípulos a confiança suficiente, despertando neles uma fé que os apaziguou. Com isso, criou neles uma disposição para que começassem a agir de acordo com as recomendações de Jesus e se separassem.

12. Depois que Levi disse essas palavras, eles começaram a sair para anunciar e pregar.

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Parece que entenderam melhor as palavras de Levi do que as de Maria Madalena; não conseguiram perceber que ela ensinou através de sua visão do Salvador.As palavras de Maria Madalena ficaram gravadas nas memórias deles, possivelmente como um preparo para facilitar a compreensão de todos, o que veio acontecer no dia de Petencostes, quando se tornaram pessoas diferentes e prontas a seguir o caminho ensinado por Jesus.

Assim terminam esses Fragmentos Evangélicos atribuídos a Maria Madalena, os quais, fazem parte dos Evangelhos Apócrifos. Sendo a única a ter a percepção e a conscientização da realidade divina de Jesus, ela deixou de ser a judia, a mulher comum vista pelos discípulos, o que nos mostra o Evangelho segundo Tomé, passagem 22: “Jesus viu crianças de peito a mamarem. Ele disse a seus discípulos: Essas crianças de peito se parecem com aqueles que entram no Reino. Perguntaram os discípulos: Se formos pequenos entraremos no Reino? Respondeu-lhes Jesus: Se reduzirdes dois a um, se fizerdes o de cima como o de baixo, e o exterior do interior, se fizerdes um do masculino e do feminino, de maneira que O MASCULINO NÃO SEJA MAIS MASCULINO E O FEMININO NÃO SEJA MAIS FEMININO, ENTÃO ENTRAREIS NO REINO. Passagem 114: “Simão Pedro disse: Seja Maria afastada de nós, porque as mulheres não são dignas da vida (espiritual).Respondeu Jesus: Eis que eu a atrairei, para que ELA SE TORNE UM HOMEM, de modo que também ela venha a ser um espírito vivente, semelhante a vós, homens. Porque toda mulher que se fizer homem entrará no Reino dos Céus.Com esses dois ensinamentos, Jesus mostra o que era Maria Madalena quando pregava por sua boca, o que causou tanta dúvida nos discípulos. Como suas palavras estavam nas memórias dos discípulos, foi mais fácil para Levi convencê-los do que deveriam fazer a partir daí.Assim termina os fragmentos do Evangelho segundo Maria Madalena; espero que um dia possamos também sentir o que ela pregou e para um melhor entendimento, temos os ensinamentos Huna com seus princípios que foram muito bem relembrados e desenvolvidos por Jesus, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós.A existência de uma mitologia havaiana com vários deuses não torna a Huna um conhecimento politeísta como geralmente as filosofias religiosas entendem, mas ao contrario, mostra a certeza de um Ser Supremo de tamanha importância e grandeza, que foge ao nosso entendimento como “finitos mortais”, em busca de uma compreensão maior da grandeza desse infinito e fabuloso universo, que chamamos de teia-aka.Cremos que Maria Madalena, por ter alcançado essa compreensão e dela viver, foi vilipendiada e relegada a uma situação deprimente como é mostrada nos Evangelhos Sinópticos. Ela é o símbolo da prostituta convertida, quando na realidade parece ser a

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Noiva/Completude do Noivo/Rei gozando de todas as prerrogativas de tal estado espiritual, como a companheira divina do Messias prometido. Na realidade o termo prostituta tem uma conotação diferente da que entendemos, em relação a uma mulher. Ela é a que tem capacidade de entrar na sala nupcial onde a espera o noivo divino, de acordo com relatos evangélicos.Saindo do signo de Peixes, o signo atribuído a Jesus, estamos entrando no de Maria Madalena, quando a espada dará lugar ao cálice na busca da compreensão e paz universal.Coincidentemente entramos no segundo milênio e dois mil em algarismo romano escreve-se MM, que são as iniciais de Maria Madalena.Margaret Starbird em seu livro “Maria Madalena e O Santo Graal ( A mulher do vaso de alabastro)”, faz uma observação sobre o signo de Peixes que é representado por dois peixes nadando em sentido contrário. Nas referências feitas a Jesus e este signo, só aparece um peixe que é Ele. Onde estaria o outro? Será que foi propositadamente ocultado para justificar as teorias desenvolvidas pela Igreja Católica Romana que se viu impossibilitada de explicar o que representa o outro peixe?Muito parecido com o signo de Peixes é também o símbolo do Taoismo, o Yang/Yin, símbolos do masculino e feminino, unidos numa só figura. Em cada símbolo está incrustado um pequeno círculo como o oposto que existe dentro de cada um.Cremos que as coisas começam a ser desvendadas, e a importância de Maria Madalena começa a surgir. Em nossa civilização cristã, estão tão arraigados os conceitos sobre Maria Madalena – a prostituta redimida – que será difícil aceitá-la como a companheira de Jesus que teve a sagrada missão de ser Sua escolhida para dar continuidade aos seus ensinamentos. É possível que sua redenção social marque uma renovação nos valores e padrões, primeiro livrando o feminino dos grilhões colocados pelo masculino e pelas doutrinas religiosas, na tentativa da supremacia masculina que reinou até agora; é o reinado da espada. Esperamos que o caminho a ser trilhado pela mulher seja o de uma maternidade sadia dada pela sabedoria, apanágio da situação feminina, a mantenedora de toda a natureza terrestre, criando o reinada do cálice...É a chegada do reinado do cálice; que ele traga a paz e a harmonia e não o preencha do sangue gerado pela espada, que corta e dilacera os corações, razão da separação entre os seres humanos. O símbolo de Maria Madalena é o da noiva divina unida ao noivo/Rei que lhe deu a visão clara do caminho a ser seguido, para que um dia todos possam penetrar na sala nupcial em comunhão com o Cristo, o Pai Celestial Tane/Na’Vahine. Este caminho será árduo, mas já iniciou; que a feminilidade prevaleça sobre outros valores e não a mulher, mas que o homem possa enxergar com olhos de parceiro o valor da renovação e a igualdade divina entre ambos. Que as mudanças possam despertar no ser humano, o que de divino existe dentro dele e fazer do mundo um lugar de paz, amor e

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fraternidade, transformando o masculino e o feminino numa só e única coisa, até que não haja mais masculino e feminino, eliminando o julgamento e dando lugar ao amor verdadeiro, o que conduz o ser humano, como um ser inteiro, de volta ao jardim ensolarado criado por Tane/Na’Vahine para Ra’i Ra’i, sua filha, a mãe da humanidade, em suas passagens em Ao, através das vidas sucessivas.Santos, 4 de fevereiro de 2003Sebastião de Melo

[1] Ä força da vida não se origina do fogo, da terra, do ar ou da água. Essa força da vida é essência à parte que preenche o universo. Essa essência ou quinta-essência é o objetivo verdadeiramente importante que queremos atingir”.[2] Pecar é desviar-se do eixo, isto é, estar em desarmonia consigo mesmo, estar se desviando de seu sonho básico de vida.[3] Marcas mnêmicas.- São memórias advindas de gerações passadas, aqui/agora transformadas em memórias genéticas programadas para cada sonho básico de vida.MNÊMICO.- Diz-se da teoria que atribui os fenômenos hereditários à memória latente de passadas gerações.[4] Adúltero/a é uma condição atribuída aos judeus que negavam a existência do Deus bíblico ou O trocava por outro Deus.