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Bragança Paulista Sexta 01 Junho 2012 Nº 642 - ano X [email protected] 11 4032-3919 jornal do meio

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Edição 01.06.2012

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B r a g a n ç a P a u l i s t a

Sexta01 Junho 2012

Nº 642 - ano [email protected]

11 4032-3919

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Permito-me retomar escri-to de algum tempo atrás. Mesmo porque não saberia

o que acrescentar. E creio que traz o essencial sobre a reflexão que desejo propor.Como que fechando o ciclo pascal, a Igreja celebra no domingo após a festa de Pentecostes (Festa do Divino tão presente em nossa religiosidade popular) a festa da Santíssima Trindade. Festa que entrou no calendário litúrgico por volta da metade do século XIV. Entrada tardia porque havia - e continua havendo - a convicção que todo domingo é dia da Trindade. Porém, já que a festa existe, vale a pena fazer uma parada e rever a imagem de Deus que fazemos e em que Deus acreditamos. Faço parte dos cristãos que receberam a primeira catequese no modo de memorização. Uma das primeiras perguntas do catecismo era: “Quem é Deus?” E toda a criançada (eu com seis anos) respondia: “Deus é um espírito eterno, não criado, perfeitíssimo, criador do céu e da terra!”. Deve haver mais algum adjetivo que, agora, não estou lembrando. Claro que para nós,

crianças, a afirmação dizia pou-co no sentido da compreensão. A catequista ensinava. A gente aceitava. Mesmo porque em casa e na catequese havia coerência nas respostas. Tanto os pais como as catequistas mostravam por suas atitudes que acreditavam naquilo que ensinavam. Quando, depois, se dizia que Deus era uno e trino (Pai, Filho e Espírito Santo) éramos colocados diante da palavra mistério. O mistério da Santíssima Trindade. E lá se desdobravam as catequistas a nos explicar como um eram três e três eram um. A tentativa de explicação é a tendência de todos nós. Na história de Santo Agostinho nos é oferecida a chave para crer no mistério trinitário: o mistério não é para ser enfiado em nossas cabeças. Nós é que devemos mergulhar nele. Isso nos é mostrado na experiência singela - construção simbólica trazida até nós - do encontro de Jesus menino com Agostinho numa praia. Ao ver o menino pegando água do mar para colo-car num buraquinho Agostinho pergunta o que o menino queria

fazer. O garoto responde que queria colocar o mar dentro do buraquinho. Agostinho fala que isso era impossível. E o menino lhe responde dizendo que ele estava fazendo a mesma coisa: queria colocar o mistério de Deus dentro de sua cabeça. Quando vamos à praia nós entramos no mar e ele nos envolve e nos dá o prazer de vivenciá-lo com multi-formes sensações. Ao tentar falar de Deus nós podemos construir imagens que são reflexo daquilo que somos. Por isso surgem ima-gens de um Deus que castiga, que vigia, que persegue, que se vinga. Quando Jesus Cristo nos revelou que podíamos falar com Deus chamando-o de Abbá - Pai, abre--se a oportunidade de descobrir a face verdadeira de Deus. Um Deus que no Antigo Testamento se apresentara a Moisés como clemente e cheio de compaixão, paciente, misericordioso e fiel, que conserva a misericórdia até a milésima geração, que perdoa culpas, delitos e pecados (Êxodo 34,6). O v.7, que fala do castigo que filhos sofrem por erros dos pais, é a afirmação das consequ-

ências que acontecem a pessoas inocentes. É a constatação que a Bíblia faz daquilo que a nossa vida apresenta. Não são desejo nem determinação divina. Nosso Deus, revelado a nós por Jesus Cristo, é uma comunidade de amor que nos chama a participar de sua vida. Um Deus que nos quer introduzir na alegria de sermos seus filhos e filhas. Ao descobrir essa alegria isso nos leva a comunicá-la aos outros. Deus nos ama tanto que no seu Filho se tornou um de nós e nunca mais se separou de nós. Deus não tem medo de misturar-se conosco. Ama-nos sempre. Com um amor incansável.O Deus que cremos - Pai, Filho e Espírito Santo - se revela a nós como Amor (1ª João 4,8). E nisto nos revela que só na sua convivên-cia nos realizaremos plenamente. Recordo, novamente, com palavras livres a constatação de Santo Agostinho: “Nosso coração vive inquieto enquanto não repousar em ti”. Só o Deus revelado por e em Jesus Cristo é o Deus libertador. As outras imagens de Deus apri-sionam e amedrontam. A missão, nestes tempos que nos levam a

buscar os deuses do momento, é o anúncio daquele que nos criou à sua imagem e semelhança e nos predestinou a ser filhos no Filho (Efésios 1,3ss.). É sempre tempo de encontrá-lo! Encerro esta reflexão, tomando, de novo, a palavra de Santo Agostinho como uma oração que deve estar sempre em nossos lábios e em nosso coração: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo... Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”! (Do Livro das Confissões de Santo Agostinho)

Mons. Giovanni Barrese

Jornal do MeioRua Santa Clara, 730Centro - Bragança Pta.Tel/Fax: (11) 4032-3919

E-mail: [email protected]

Diretor Responsável:Carlos Henrique Picarelli

Jornalista Responsável:Carlos Henrique Picarelli(MTB: 61.321/SP)

As opiniões emitidas em colunas e artigos são de responsabilidade dos autores e não, necessariamente, da

direção deste orgão.

As colunas: Casa & Reforma, Teen, Informática, Antenado e Comportamento são em parceria com a FOLHA PRESS

Esta publicação é encartada no Bragança Jornal Diário às Sextas-Feiras e não pode ser vendida separadamente.

Impresso nas gráficas do Bragança Jornal Diário.

ExpEdiEntE

para pensar

O deus dos cristãos: uno e trino!

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No instante de fúria, tudo parece conspirar para que você pule no pescoço de alguém: o coração dispara, as pupilas se dilatam, os músculos

recebem mais sangue e se preparam para o ataque. Seria um combate feroz se não fosse seu próprio cérebro, que, sem você contar até dez, se lembra das prováveis consequências do embate. É fácil concluir que não existe vida social sem auto-controle. A ciência provou e já deu até o endereço de onde fica a regulação das emoções no cérebro. A boa notícia é que as últimas descobertas dão esperanças aos mais impulsivos: com treino, dá para melhorar o controle emocional. Elisa Harumi Kozasa, neurocientista do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, é uma das autoras de um estudo recém-publicado na revista internacional “NeuroImage”. A pesquisa comparou o desempenho de pessoas que meditam com o de quem não medita em uma atividade que exige controle de impulsos. Saiu-se melhor quem meditava. “O treinamento em meditação modifica as áreas cere-brais. O córtex fica mais espesso em partes relaciona-das à atenção, à tomada de decisões e ao controle de impulsos”, explica. Além de meditação, os treinamentos para autocontrole envolvem terapia comportamental e técnicas de reco-nhecimento facial de emoções. A ideia não é aprender a engolir sapos ou a forjar um pensamento positivo. “Suprimir a raiva ou o estresse é ‘autoilusão’, não au-tocontrole. É preciso entender o que causa o impulso, não rejeitá-lo”, diz José Roberto Leite, psicólogo e pesquisador da Unifesp. Emoções são respostas do organismo a estímulos inter-nos ou externos. O que determina o tamanho do pavio da pessoa ou o quanto ela é ansiosa não é só “gênio”. “Há um papel da genética, mas a influência do ambien-te e do comportamento são grandes. Quem vive em ambientes com pessoas ansiosas tem mais tendência a ser ansioso”, explica Kozasa. Sentir raiva ou nojo, duas emoções universais, é involuntário e fisiológico: todos sentem. Mas o que será feito com esse impulso pode ser uma escolha, de acordo com a monja Coen, primaz da Comunidade Zen Budista. “Podemos controlar o que fazemos com as nossas emoções. Para isso, é preciso saber reconhecê--las e nomeá-las.” É aí que entra a meditação. atenção plena “É como arrumar a casa”, define Stephen Little, instrutor de práticas de redução de estresse e de autocuidado do Hospital Israelita Albert Einstein. “Meditar ajuda a criar caminhos neurológicos mais claros. É como abrir uma brecha entre a emoção e o instante da decisão.” Como o foco da atenção é redirecionado por exemplo, para a respiração, a técnica treina a concentração, fundamental para manter o controle. “As distrações contribuem para que sejamos levados pelas emoções, no estilo ‘deixa a vida me levar’”, afirma Little. Em um mundo de distrações, concentrar-se não é nada fácil. Quem nunca meditou pode achar a prática difícil pelo simples fato de precisar ficar quieto, sem estímulos externos. O jeito mais simples de conseguir isso é prestando atenção à respiração. Mas há outras formas, como repetir mentalmente uma palavra ou expressão ou deixar o pensamento fluir. O único porém é que os efeitos não são imediatos.

Os melhores resultados aparecem em estudos com pessoas que praticam a técnica há mais de dez anos. “Mas dá para ter uma boa diferença em oito semanas”, incentiva Kozasa. Ela se refere a um programa de 45 minutos por dia, com acompanhamento. A curto prazo, na hora que der vontade de rodar a baiana, o velho truque de controlar a respiração ajuda de verdade (veja ao lado como isso pode ser feito). A psicóloga Ana Maria Rossi, autora do livro “Auto-controle” (Best Seller, 208 pág., R$ 24,90), afirma que, quando alguém tenta se controlar, o principal erro é o de se concentrar exatamente no sentimento que quer inibir. “Pensamos: ‘Não vou ficar nervosa’. Isso só atrapalha. O cérebro não entende a negativa. É preciso mudar o foco.” Ela recomenda a técnica da visualização: “Quem tem medo de falar em público pode se imaginar em uma situação de completo domínio.” Para José Roberto Leite, não basta só pensar no controle emocional. “Controlar as emoções é apenas um dos aspectos. Se eu não tenho ataques de raiva ou de ansiedade, mas como desesperadamente, não adianta nada. Há vários tipos de controle.” Segundo ele, é comum a pessoa priorizar uma das áreas a profissional, por exemplo em detrimento das outras. “Há várias esferas: a física, a psicológica, a profissional. É preciso encarar a vida como uma empresa que tem que ser gerenciada em vários aspectos, senão vai à falência.”

Barriga pra fora “Respiração de bebê’ ajuda a desacelerar Respirar inflando a barriga, como os bebês fazem, aumenta a oxigenação do organismo, desacelerando os batimentos cardíacos. É a chamada respiração abdominal profunda. Sob estresse, é comum inspirar superficialmente, expandindo o tórax, o que piora ainda mais os sintomas.

comportamento

por JULiana vines /FoLHaPress

‘Personalidade forte’ não é desculpa para pavio curto; pesquisas mostram que é possível aumentar o autocontrole com técnicas bem simples, como respirar fundo emoções

São tantas

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Se em 1940 a expectativa de vida do brasileiro era de 42, 7 anos e subiu para 73,1 anos em 2010, o que dizer do Sr. Eraldo Tavares Pinto, que contradiz as

estatística, completando neste sábado, 02 de junho, 101 anos de vida. Seu Eraldo superou não só as estatísticas como também as expectativas, inclusive as próprias. Para ele, alcançar mais de um século era algo impensável, mesmo com a longevidade presente na família: o pai de Seu Eraldo morreu aos 106 anos. Nascido em 1911, em Pernambuco, Seu Eraldo viveu em uma época em que tudo acontecia muito cedo. Começava-se a trabalhar bem cedo, casava-se cedo e também se morria cedo. Ele mesmo escapou da morte algumas vezes. “Aos 20 anos eu estava descarregando um caminhão e caí lá de cima. Caí e já levantei. Fui tratado com cerveja e pimenta do reino pra aliviar a dor”, conta. “Depois de muitos anos, quando foi tirar uma chapa do pulmão foi que ele descobriu que tinha uma costela quebrada”, conta a filha Joana. Seu Eraldo também sobreviveu à febre amarela e a uma pneumonia. Enterrou duas esposas e quatro filhos, o maior lamento de sua vida. Ele faz parte de uma nova geração de idosos que se mantêm lúcidos, ativos e dispostos. É um exemplo para a família e para quem tem o privilégio de ouvir as muitas histórias de uma vida repleta de lembranças e sabedoria.

AtividadeAté meados de 2011 Seu Eraldo era completamente ativo. Saía sozinho para fazer compras ou ir ao Banco. Só parou por causa da visão. “Eu só vejo vultos”, explica. Mesmo enxergando pouco, faz questão de se virar no que pode. “Sou eu que faço a minha barba. Vou tateando pra cortar”, fala. “E eu faço exercício todo dia, pra movimentar as juntas”, faz questão de contar. Para ele perder parte da independência é o maior sacrifício de se ficar velho. “Eu nunca pedi nada pra ninguém, sempre gostei de fazer tudo sozinho”, comenta. Até os 90 anos, quando morava em uma chácara perto da entrada de Tuiuti, ia sozinho até o mercado da cidade. Voltava a pé, com o saco de mantimentos na cabeça, como era seu costume. “Nessa época eu cortava toco de eucalipto pra fazer lenha”, conta, orgulhoso. A atividade física constante sempre fez parte de sua vida. “Eu andei por todo aquele nordeste, conheço tudo aquilo ali”, fala. “Eu não tinha nada, mas era cheio de vida, era do mundo”, recorda, saudoso. “Eu tinha muita influência naquela época. Se chegasse em um baile e mandasse a banda parar de tocar, eles paravam. Eu tinha força de leão”, fala. “Mas eu digo uma coisa pra senhora, a valentia é uma das piores besteiras da vida”, reflete. “Se a gente aprender a deixar as coisas pra lá a gente evita de morrer, evita de matar e de ir preso”, aconselha. “Eu não procurei a morte. Acho que por isso estou aqui até hoje”. Para Seu Eraldo, seu maior legado é o trabalho. Ele já trabalhou em usina, como varredor de rua, ascensorista e descarregando caminhão. Em muitas ocasiões acumulou dois serviços ao mesmo tempo. “Eu fui funcionário da Prefeitura de São Paulo por muitos anos. Eu ia varrer a rua bem cedo, umas 5 horas da manhã pra dar tempo de descarregar os caminhões que chegavam no mercado. O fiscal não achava ruim porque sabia que eu fazia meu trabalho direito”, lembra. “Só começava a descarregar depois que tinha cumprido minha

obrigação com a Prefeitura”, conta. “Tinha gente que passava de madrugada, me via varrendo a rua e gritava: a prefeitura não precisa disso, não. Mas eu precisava”, fala.

FamíliaO primeiro casamento de Seu Eraldo foi breve. Ele perdeu a esposa, Clarice, por causa de um tombo que ela sofreu quando estava grávida. Logo depois ele se casou com Josefa, com quem dividiu a vida e 13 filhos. O primeiro nasceu doente e viveu apenas algumas meses. O casal, então, veio para São Paulo, onde nasceram os outros 12 filhos: Severino, Cleusa, José Pedro, Joana, Aparecida, Elisabete, Inácia, Júlio, Júlia, Francisco, Helena, Paulo e Geraldo. Quando a filha mais velha, Cleusa, faleceu aos 27 anos, Seu Eraldo sofreu um grande choque. Ele tirou licença da prefeitura e levou a esposa e os filhos solteiros para Pernambuco. Permaneceu na

terra natal por quatro anos, quando o prazo da licença acabou. Foi na mesma época em que a filha Júlia veio morar em Bragança, após se casar. Ela e o marido, Leuriano

Peçanha, incentivaram Seu Eraldo e a família a também virem para a cidade. Eles montaram casa aqui enquanto Seu Eraldo continuava tra-balhando na capital durante a semana. “Eu só vinha pra cá no final de semana. Lá eu dormia nos carrinhos de carregar caixote do mercado”, conta Seu Eraldo só conseguiu vir em definiti-vo quando se aposentou. A esposa, D. Josefa, 20 anos mais nova do que ele, faleceu há 18 anos. Hoje, a família toda está estabelecida em Bragança. Além dos nove filhos ainda vivos, Seu Eraldo tem cinco genros, quatro noras, 22 netos e 11 bisnetos. O mais novo membro da família, aliás, nasceu esta semana, em data bem próxima do aniversário de 101 anos do bisavô. Seu Eraldo diz que não entende como chegou tão longe, como também não sabe explicar o fato de não ter problemas com hipertensão, diabetes ou colesterol. “Eu sempre comi bem”. Para ele a vida não nos pertence. “Nem a nos-sa vida é nossa, ela está nas mãos de Deus”, fala. “A gente quando fica velho e conta essas histórias pros mais novos, eles acham que a gente tá inventando. Mas perante essa luz que nos alumeia, que é tudo isso mesmo que eu contei”(sic), enfatiza. “O mundo que eu vivi pra esse de hoje tá de cabeça pra baixo e perna pra cima”, conclui.

colaboração sHeL aLMeiDa

Se a gente aprender a deixar as coisas pra lá a gente evita de

morrer, evita de matar e de ir presoSeu Eraldo

Seu Eraldo mostra o exercício que faz todos os dias. “É pras juntas não enferrujarem”, brinca.

A família reunida em torno de Seu Eraldo. “Ele é nossa grande alegria”.

Leuriano faz questão de sair na foto ao lado do sogro. Seu Eraldo continua sendo o patriarca da família, que mantém o respeito e orgulho por tê-lo por perto.

O documento de identidade comprova a idade de Seu Eraldo.

HomenagemAs filhas Joana e Júlia e o genro Leuriano, fazem questão de fazer uma homenagem a Seu Eraldo, em nome de toda a família: “Ele é um orgulho, por tudo o que nós somos. Temos que agradecer por ele estar nesse mundo. Ele é um exemplo para todos nós, sempre rígido, mas sempre conselheiro. Já está velhinho, mas continua o mesmo pai. Ele nos ensinou muita coisa, sempre com muito respeito, fez tudo o que o possível por nós, sempre manteve a família unida. Nunca mediu consequência para nos dar o que precisasse. É um grande prazer pra toda a família poder se reunir para celebrar mais um ano de vida dele.”

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As complicações decorrentes do parto prematuro são a segunda maior causa de morte entre crianças com menos de cinco anos, atrás apenas da pneumonia.

Segundo um novo relatório divulgado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o décimo país em número de nascimentos desse tipo. Em 2010, foram 279,3 mil brasileiros prematuros. A líder, Índia, teve 3,519 milhões. A China, segunda colocada, teve quase 1,2 milhão. “Em números relativos, o Brasil tem 9,2 prematuros para cada cem nascimentos. É uma taxa intermediária, mas é um sinal de atenção”, disse à Folha José Belizan, cientista do Iecs (Instituto de Políticas de Saúde e Efetividade Clínica), da Argentina, que participou da publicação. O levantamento, lançado ontem em Nova York, mobilizou mais de 40 agências da ONU, ONGs e governos e mostrou que anualmente 15 milhões de bebês nascem antes da hora em todo o mundo. Embora nos países pobres, especialmente da África ao sul do Saara e da Ásia, a questão seja mais evidente --são 12% de prematuros nesses locais, contra 9% nas nações desenvolvidas--, o problema não está restrito a eles. Para o relatório, nos países mais pobres, os prematuros em geral estão associados a condições pré-existentes e alguns problemas de saúde, como hipertensão, diabetes e HIV, além de fatores de risco, como tabagismo, alcoolismo e consumo de outras drogas. Já nos países desenvolvidos, o problema parece tender mais para questões como a gravidez cada vez mais tardia e a maior acessibilidade da fertilização in vitro, com sua probabilidade elevada de gestações múltiplas. A quantidade de cesáreas realizadas antes do tempo, muitas vezes para “conveniência de médicos ou pais”, também tem destaque. Um problema que, diz o relatório, cresce na América Latina. Em 2011, pela primeira vez, o percentual de cesarianas superou o de partos normais no país, chegando a 52% do total. Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o recomendado é cerca de 15%. Na opinião de Dário Pasche, diretor do Departamento de Ações Pragmáticas Estratégicas do Ministério da Saúde, a alta quantidade de cesarianas induzidas no Brasil é um fator que impulsiona a quantidade de prematuros. “Nossos números são altos, mas nos dados do ministério não são tão grandes quanto os do levantamento.” A pasta informou que, segundo seus registros, o número de recém-nascidos em 2010 foi 204,3 mil, o que representaria 7,1% do total.

Os dados do levantamento levam em conta diversas fontes, e não apenas o governo.

Dinheiro importa O relatório é claro: partos prematuros acontecem em qualquer lugar do mundo, mas crianças pobres são as que mais morrem. “Em países pobres, mais de 90% dos prematuros extremos [menos de 28 semanas de gestação] morrem nos primeiros dias de vida, enquanto menos de 10% deles morrem nos países mais ricos”, diz Christopher Howson, coeditor do relatório. Todos os anos, mais de 1 milhão de prematuros não sobrevivem. Muitas vidas que, segundo os especialistas, poderiam ser salvas com medidas simples e baratas. “Cerca de três quartos dessas crianças sobreviveriam com ações

simples e efetivas, como injeções de corticoides nas grávidas [para ‘amadurecer’ a capacidade pulmonar dos bebês]”, disse Belizan. Em regiões com carência de incubadoras e outros cuidados neonatais, o documento sugere o chamado “método cangu-ru” --uma faixa que envolve o bebê e o liga direto à mãe, na altura do seio. Com ele, o bebê fica aquecido pelo calor da mãe e ainda tem fácil acesso ao seio para mamar. O Brasil é um dos países que já adota esse sistema. Do outro lado da lista, Belarus encabeça o time de países com menor percentual de prematuros, com 4,1%. O Equador vem depois, com 5,1%. Finlândia, Croácia, Japão e Suécia também estão entre os 11 melhores. dadas as diferenças individuais ente as mulheres, que as terapias futuras para infecções vaginais precisarão ter como base uma forma de “medicina personalizada”.

por GiULiana MiranDa /FoLHaPress

prematurosBrasil é décimo país com mais

Fatores como cigarro, álcool e cesáre-as que são induzidas explicam número; ações simples podem salvar bebês

ilustração: Folhapress

saúde

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por DeBoraH Martin saLaroLi

Claras e gemasdelícias 1001

Toda geladeira que se preze tem ovos. Costuma-se dizer que uma casa onde não há ovos está vazia, sem ter opções

do que se preparar...Poucos alimentos são tão versáteis quanto o ovo fresco. Seja em bolos, sobremesas sofisticadas, sorvete, molhos gourmet ou massas - os ovos são inconfundíveis pelo amarelo de sua gema. Uma proteína barata e tão indispensável...

Suspiros e seus segredos Deixo aqui uma deliciosa receita de suspiros para agradar a todos da sua família.Adoro suspiros e é muito bom receber os amigos em casa e ter como sobremesa ou como acompa-nhamento do cafezinho uns deliciosos suspiros caseiros. E também é uma linda surpresa para esperar pelas crianças na volta da escola.Bata claras em ponto de neve bem duro. Para cada uma, adicione, ainda com a batedeira ligada, 3 colheres (sopa) de açúcar. Então, por exemplo, para 3 claras serão 9 colheres de açúcar. Se quiser, pode colocar raspas de limão.Bata até ficar em picos bem firmes.Forre uma assadeira grande com um pedaço de papel e pingue os suspiros às colheradas, ou usando uma manga de confeiteiro.Leve a assadeira ao forno bem baixinho, o mínimo que seu fogão permitir (150ºC). Ca-so não consiga temperatura mais baixa que isso, deixe o forno meio aberto segurando a porta com uma colher de pau. Assim ele não fica tão quente.Fique de olho! Os suspiros assam lentamente, não tenha pressa. Quanto tempo? Até eles ficarem dourados, não pisque!Desligue o forno e deixe-os esfriar devagar, abrindo a porta um pouquinho só. Não tire do forno até esfriarem bem.Depois de frios, tire-os do papel e é só saborear...Um pouco de história: Um suspiro é um doce muito leve, feito de merengue em pequenas porções, que são assadas num tabuleiro em forno brando. De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, seu primeiro registro data de 1881.Tem origem na Itália, onde foi criado por freiras.

Pudim de clarasPara os adultos, pudim de claras remete à infância. Para as crianças, faz pensar em nuvens adocicadas com calda de caramelo. Muita gente não arrisca fazer, mas confie nesta receita, dá super certo!Comece pela calda. Numa panela, coloque 1 xícara (chá) de água e 2 xícaras (chá) de açúcar e mexa até dissolver. Leve ao fogo alto para formar o caramelo e não mexa mais. Quando dourar, desligue o fogo. Numa fôrma

para pudim (com furo no meio), despeje o caramelo e, girando a fôrma, espalhe nas laterais. Reserve.Pré-aqueça o forno no mínimo de temperatura. Na batedeira, coloque 8 claras e bata até o ponto neve. Adicione 16 colheres (sopa) de açúcar aos poucos, batendo entre cada adição. Ao final, bata por mais 5 minutos. Transfira as claras para a fôrma caramelizada.Leve uma outra assadeira maior ao forno, coloque água fervente quase até a metade, posicione dentro a fôrma com o suspiro e deixe assar por cerca de 30 minutos, para que asse em banho-maria. O pudim deve ficar dourado por cima. Não cubra a forma com papel alumínio não.Desligue o forno e deixe o pudim ainda dentro por uns 30 minutos para esfriar e desenformar (se ainda estiver muito quente, pode quebrar; e se ficar muito gelado, pode querer sair inteiro da fôrma).Coloque um prato por cima da fôrma e vire de uma vez. Levante a fôrma delicadamente para o pudim se soltar aos poucos.

Doce de coco com ovos Típico doce da fazenda e ‘dos antigamentes’, esta receita vem diretamente de minha bisavó, mãe do meu avô materno. Ela servia com vinho tinto ou com queijo fresco.Aparentemente é um doce super elaborado, mas só ‘aparentemente’.Acompanhe no passo-a-passo.Leve numa panela grande 800 ml de água com 1 kg de açúcar, até formar uma calda rala, de 8 a 10 minutos após abrir fervura. Separadamente, misture numa tigelinha 8 gemas com 2 colheres de açúcar e um pouco da calda, mexendo sempre, sem parar. Coloque uma conchinha desta mistura na panela com a calda e mexa. Coloque mais um pouco da calda e mexa. Bem devagar, sem jogar toda a mistura de gemas de uma vez só. Este processo é para que as gemas não talhem.Coloque, ao final, uns 15 cravos da índia.Em poucos minutos (uns 10min.) o doce já estará pronto.Guarde numa compoteira, dentro da geladeira e saboreie com um pedaço de queijo fresco ou regando com vinho tinto.

Até a próximaDeborahDeborah Martin Salaroli, amante da culinária e a tem como passatempo por influência da avó paterna desde criança. Desde abril de 2010, é criadora e autora do blog www.delicias1001.com.br recheado somente de receitas testadas e aprovadas.Alguma sugestão ou dúvida? Mande um e-mail para [email protected]

Sobremesas com o que os ovos têm de bom

Fotos: delícias 1001

Suspiro

Pudim de claras

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Ninguém tasca “O que me preocupa não é o incômodo que esses usuários sentem quando um serviço deixa de ser restrito, mas como

alguns reagem”, diz a especialista em novas tecnologias e mídias digitais Elis Monteiro, 36. “A rede social libera o que tem de pior no ser humano.” Ela conta a história de uma palestra que fez no ano passado. Um adolescente disse, ao microfone, que o Facebook deveria ser fechado para quem tinha ensino superior. “Quase fui vaiada pela plateia porque discordei”, conta. “Ele me chamou de hipócrita e disse: ‘Você não quer conviver com a sua empregada nas redes sociais’.” Para Monteiro, muitos não percebem que não há dissociação entre as vidas on-line e off-line. “As pessoas agem como se fossem duas. Quando adquirem o manto virtual, muitos acham que podem falar o que quiser.” “Muitos dos preconceitos que aparecem na internet já fazem parte da nossa sociedade”, diz Raquel da Cunha Recuero, 34, doutora em comunicação e informação pela UFRGS. “Mas eles se tornam mais explícitos na rede.” Autora do livro “Redes Sociais na Internet”, Recuero diz que a rede obriga o contato com quem é diferente, e isso faz com que ideias entrem em choque. “Pessoas de opiniões diferentes compartilham círculos em comum.” Para ela, como as pessoas não veem com quem estão interagindo, tendem a ser mais agressivas. “Isso gera muito conflito, mas gera interação”. “A pessoa que já conhece a ferramenta se incomoda com quem acaba de chegar”, diz Monteiro. “Mas o iniciante está fazendo a mesma coisa que o incomodado fazia quando começou a usar o aplicativo. É um ciclo natural que vai sempre se repetir.”

Nichos de mercado Orkut, Facebook, Twitter, Instagram. Para Rodolfo Scachetti, 33, doutor em sociologia pela Unicamp, essas redes começaram com grupos mais restritos, e, aos poucos, o sucesso fez com que a expansão fosse inevitável. Como o intuito da empresa é continuar cres-cendo, a busca será sempre por novos usuários. “Esgotado um território, busca-se outro.” Algumas empresas exploram a demanda por exclusividade. “Temos de ser mais espertos”,

diz Scachetti. “Há milhares de carros com a maçã colada nos vidros. Não se trata de exclu-sividade, mas de percepção de exclusividade.” “A Apple tem um posicionamento de marca reforçado por sua política de preços altos -que valoriza o atributo ‘exclusividade’ dos seus produtos-, mas faz produção em série.” (LUCAS SAMPAIO) Usuários de Instagram para iPhone lamen-tam perda da exclusividade “Tudo o que populariza acaba ficando meio bizarro.” A frase é da estudante de direito Isabela Freitas, 21, mas ela não é a única dona de iPhone a defender essa ideia. Descontentes com o lançamento da versão para Android do Instagram -e com sua posterior aquisição pelo Facebook-, antigos usuários do aplicativo tornaram os 140 caracteres do Twitter pouco espaço para as reclamações. “Dia 3 fizeram a m... de liberar o Instagram pro Android e ainda de graça. Tão ‘instagrando’ tudo o que é bom!”, tuitou Neto Barros, 22, universitário de Manaus. Ele vê problema na qualidade dos aparelhos com o sistema: “O Android está presente em vários celulares, alguns com a câmera não tão boa”. E também no gosto de seus donos. “Pode acabar ‘orkutizando’. O pessoal colocando fotos estranhas, na banheira, em bacias”, afirma. A estudante de letras Lisiane Ferreira de Lima, 20, também acredita que o Instagram pode sofrer com o processo pelo qual pas-sou a maior rede social do mundo. “Antes, ninguém usava o Facebook, porque achava complicado. Agora [que popularizou] está todo desordenado”, conta. Uma das mazelas da democratização, para a universitária, é o fato de “coisas mais pesadas” surgirem. “Outro dia, no Facebook, vi gente que colocou foto de arma, conteúdo sexual”, conta. Mas nem tudo está perdido. Isabela, que vê aspecto negativo “não no Android, mas nos seus usuários”, lembra: “Tem gente com iPhone que também não sabe usar. Vou continuar no Instagram porque sigo quem quero.” Opinião - A internet se transformou numa grande ‘A Praça É Nossa’ A internet se transformou numa grande “A Praça É Nossa”. A gente senta no banquinho para acompanhar a vida dos outros e ri o tempo todo de piadas que nem sempre têm tanta graça.

Quando foi que a rede mundial de compu-tadores, aquela que faria a gente visitar os grandes museus do mundo a partir de nossas confortáveis cadeiras, virou o reino da piada, do “meme”, do vídeo fofo e engraçadinho? Não que eu seja mal-humorada. Faz três dias que acompanho ansiosamente cada post do Como Eu Me Sinto Quando (comoeumesin-toquando.tumblr.com). Nem que eu seja uma “culturete” que quer passar todo o tempo na internet aprendendo alguma coisa. Mas não gosto mais de abrir o Facebook e perceber que todo o mundo vê as mesmas coisas, lê as mesmas notícias (entre clicar e ler, quanta diferença!) e fala dos mesmos assuntos. Viramos uma manada que se alimenta de virais engraçadíssimos, fofocas e notícias sensacionalistas. E que tem opiniões sobre absolutamente tudo -muitas vezes sem pensar realmente no que achamos, mas repetindo o discurso da vez. O Instagram ficou disponível para Android? “É um absurdo”, bradam indignados os que não querem “foto na laje” em sua “timeline”. O termo “orkutização” se espalha como um grande xingamento. “Orkutizar” nada mais é do que popularizar, o que é excelente. Afinal, quanto mais gente na brincadeira, mais chan-ces de ela ser mais legal. “Orkutizar” devia, ainda, nos lembrar que foi por causa da rede

social do Google que descobrimos o prazer de ficar em contato constante com amigos e conhecidos, contando das nossas vidas e acompanhando as deles. Estamos em 2012, inclusão digital é uma realidade, mas ainda tem gente que acha que faz parte de um clubinho. A internet é mesmo capaz de contradições: é agregadora, mas tam-bém é exclusivista e excludente. Oferece todas as possibilidades, mas faz a gente consumir mais do mesmo. Adoro um pôster que diz assim: “Você não é profundo. Você não é um intelectual. Você não é um artista. Você não é um poeta. Você tem, apenas, acesso à internet”. Como é tudo uma questão de acesso, tomara, então, que cada vez mais gente faça parte do “clube”. Porque daí vai dar para dividir melhor o espaço entre o engraçado, o trivial, o pro-fundo. E para aprender, em conjunto, a usar melhor esse mundo de possibilidades. Espero ansiosamente para dar esse “like”. “Estamos em 2012 e ainda tem gente que acha QUE faz parte de um clubinho. A internet é mesmo capaz dessas contradições: é agrega-dora, mas também é exclusivista e excludente” DANIELA ARRAIS é editora-adjunta de “Imó-veis” da Folha e cocriadora do Instamission, projeto de fotografia feito colaborativa-mente usando o Instagram

por LUCas saMPaio/FoLHaPress

Usuários se irritam com a chegada do Instagram ao Android e com a compra do aplicativo pelo Facebook

Foto: Gabo Morales/Folhapress

informática & tecnologia

O produtor de cinema Arrigo Araujo, 26, que usa o aplicativo Instagram no seu smartphone com Android, posa para um retrato no centro de Sao Paulo, em 13 de Abril de 2012

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Os efeitos conhecidos da equoterapia no tratamento de pessoas com defici-ências estão atraindo novos adeptos

para a técnica. Adultos e crianças que não têm limitações neuromotoras ou cognitivas, mas lidam com outras dificuldades da vida, como estresse, depressão, problemas na escola... Mesmo para quem não enfrenta essas dificul-dades, a técnica é usada como uma forma de preveni-las e, de quebra, dar um gás a mais para os neurônios. “Andando a cavalo, a pessoa recebe de cerca de 2.000 novos estímulos cerebrais”, afirma a fisioterapeuta Letícia Junqueira, que coordena sessões de equoterapia e equitação lúdica no Jockey Club de São Paulo.

Ação cerebral O nome equitação lúdica é dado para dife-renciar o trabalho feito com pessoas sem deficiência, mas o princípio de ação é o mesmo da equoterapia, tradicionalmente usada para reabilitação. “Os ajustes corporais da pessoa para se adaptar aos desequilíbrios causados pelo deslocamento do cavalo mandam sinais nervosos pela medula espinhal até o sistema nervoso central. Isso ativa a formação de novas células nervosas no cérebro”, diz Junqueira. A possibilidade de estimular precocemente as habilidades cognitivas de Laura, 2, atraiu sua mãe, a dermatologista e clínica-geral Ana Carolina Chiavarelli, 39. Apesar de morrer de medo de montar, Ana Carolina viu na equoterapia uma forma de evitar que Laura passe pelos mesmos problemas de rendimento escolar que os irmãos mais velhos (de 19 e quatro anos) tiveram. “Quero que ela seja centrada, tenha atenção. Eu pesquisei a literatura e vi que o movimento do cavalo melhora a coordenação, a linguagem, o raciocínio. Estou apostando nisso para colher frutos quando ela começar a escolarização”, diz Ana Carolina. A cereja do bolo é que todo esse aprendizado é feito num ambiente muito diferente e muito mais prazeroso que uma sala de aula. No caso de pessoas que precisam de trata-mento, é uma vantagem imensa, segundo a psicopedagoga Liana Pires Santos, represen-tante da Associação Nacional de Equoterapia em São Paulo. “Tirar o paciente do consultório é um moti-vador e um alívio, tanto para ele quanto para a família”, diz ela. Outra motivação é a rapidez com que surgem os ganhos motores e psicológicos na equoterapia. “Com 12 sessões já fica evidente a melhora postural e de tônus muscular”, afirma Santos. Esses ganhos não se restringem ao aspecto corporal. “Todo ato motor envolve uma transformação psíquica”, diz a psicopedagoga. Aprumar as costas, entre outras coisas, eleva a autoconfiança e faz a pessoa respirar melhor --benefícios importantes nos tratamentos contra o estresse e a depressão, segundo a terapeuta ocupacional Luciane Padovani, do centro de equoterapia Camaster, em Salto, interior de São Paulo.

Cabeça erguida O alívio veio a cavalo para Neil Anderson de Almeida Saubo, 36. Ele é o único caso conhecido na América Latina de uma doença raríssima de nome complicado (síndrome de Hallervorden-Spatz), que provoca rigidez e perda muscular irreversíveis.

Quando começou a fazer equoterapia, há um ano, ele chegava à sessão semanal todo curvado, queixo no peito, mal conseguindo respirar. Hoje, Neil aproxima-se com a cabeça erguida para acariciar o cavalo. Ao montar, ele mantém a coluna totalmente ereta. Sua mãe, Valdete Saubo, 57, conta que foi ele quem pediu para fazer o tratamento, após ver uma reportagem sobre a terapia. Neil cursou até o segundo ano da faculdade de veteriná-ria e tem paixão por três cês: “Corinthians, chocolate e cavalo”. A facilidade de criar vínculo afetivo com um animal ao mesmo tempo tão dócil e tão poderoso é outro facilitador do tratamento, segundo a fisioterapeuta Ariane Rego, do centro de equoterapia Cresa, na Grande São Paulo. Para Samuel, 5, “foi amor à primeira vista”, diz a mãe, Ana Rosa de Sirqueira, 41. Por causa da paralisia cerebral, o menino não conseguia nem sustentar a cabeça. Começou a fazer uma sessão semanal de equoterapia e, em poucos meses, teve um desenvolvimento “muito rápido, fora do normal”, segundo conta a mãe. Tanto para reabilitação quanto para outras finalidades, a recomendação é fazer uma sessão semanal com 30 minutos de montaria. O custo é cerca de R$ 500 por mês. Alguns locais têm tratamento gratuito para deficientes (veja no site da Ande-Brasil). www.equoterapia.org.brCavalo entra no tratamento de doenças da moda A equoterapia é reconhecida como ferramenta terapêutica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1997, mas a difusão da técnica no Brasil é bem recente. “Hoje temos quase 5.000 praticantes no Estado de São Paulo. Há cinco anos, não pas-savam de 1.500”, diz a psicopedagoga Liana Santos, da Ande-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia). O número de profissionais que procuram especialização na área (entre fisioterapeutas, psicólogos e instrutores de equitação) também

cresceu. Quando começou a dar os cursos de formação da Ande, em 2000, Santos tinha 250 alunos. Nos últimos quatro anos, formou mais de 7.000 especialistas. O objetivo, agora, é incluir a equoterapia nos cursos regulares de fisioterapia e terapia ocupacional e nos planos de saúde, segundo Santos.

Concentração “Terapia com bicho está na moda, as pessoas estão procurando mais tratamentos alter-nativos”, acredita a terapeuta ocupacional Luciane Padovani. A demanda também aumentou porque a téc-nica se mostrou eficaz para alguns distúrbios da modernidade. Em especial, o transtorno de deficit de atenção, que tem deixado pais e professores de cabelos em pé e causado polêmica em torno do uso ou não de medicamentos. Uma característica da equoterapia que colabora no tratamento desses casos é o que especia-listas chamam de conjunto cavaleiro-cavalo. Quem monta tem que se concentrar, ficar focalizado no cavalo, senão ele empaca. E é mais fácil exercitar a concentração quando a resposta (o que os psicólogos chamam de “feedback”) é imediata. “Essa resposta concreta faz toda a diferença quando queremos atuar nos comportamen-tos”, diz Santos. Cães, coelhos e até papagaios viram bichos--terapeutas Nem só de cavalos é feita a terapia com ani-mais. Outros seres de quatro patas (e até os de duas asas) são usados para ajudar o ser humano a cuidar de sua saúde e a lidar com suas limitações. O denominador comum a todas as terapias com bichos é a facilidade de estabelecer vín-culos com os animais e o conforto emocional que eles trazem, segundo o fisioterapeuta Vinícius Ribeiro, diretor da ONG TAC (Terapia Assistida por Cães). As características de cada espécie são usadas

para criar diferentes estratégias de tratamento. Por exemplo, aves, como o papagaio, são boas em terapias com autistas. “A criança faz um ruído e a ave imita. É um retorno sensorial muito grande”, diz a psico-pedagoga Liana Santos. Tartarugas entram em jogos de tabuleiro para ajudar casos de agitação excessiva e de ansiedade --e haja paciência para esperar o bicho percorrer as casas até chegar ao ponto estabelecido. Coelhos anões são usados para desenvolver a coordenação motora: segurar aquela bolinha de pelos macia e que não para de se mexer é um ótimo exercício. As grandes estrelas, no entanto, são os cães. Além da empatia fácil, o hábito cultural de tratar o cachorro “como gente” faz dele um mediador de conflitos. “O animal é um catalisador de emoções, a pes-soa expressa seus sentimentos por meio dele: diz que quem está triste, cansado, chateado é o cachorro”, exemplifica Ribeiro. Os cães também podem ser adestrados para objetivos terapêuticos específicos --de fazer fisioterapia com o paciente a reconhecer quando a pessoa precisa de afeto. Em alguns países, há cachorros sendo trei-nados para serem cuidadores de idosos com Alzheimer. “Eles evitam, por exemplo, que a pessoa saia sozinha e se perca”, conta Ribeiro. A presença de um cão também provoca a liberação de hormônios ligados a sensações prazerosas. “Estudos com autistas mostram que o convívio com o cachorro aumenta a liberação de oxito-cina, hormônio ligado ao afeto e à interação social”, diz o fisioterapeuta. Nesse clima, até uma cansativa sessão de fisioterapia parece ser feita sem esforço. “Que criatura. A gente vê nos olhos dela que está gostando”, diz Manoelina de Moraes Santa Lúcia, 81, beijando sua “treinadora”, a pug Filó, 3, depois de passar quase uma hora fazendo exercícios com os cães da TAC.

Com seus trabalhos rápidos, montaria terapêutica atrai gente a fim de estimular o cérebro e vai bem além da reabilitação neuromotora

comportamento

por iara BiDerMan/FoLHaPress

Com seus trabalhos rápidos, montaria terapêutica atrai gente a fim de estimular o cérebro e vai bem além da reabilitação neuromotora Equoterapia

Foto: isadora brant/Folhapress

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Foi com imensa alegria que fiz o ensaio pré-wedding desse lindo casal

Flavia e Keyne. São dois amantes da música country e aproveitamos

para incluir esse gosto pessoal na composição das fotos.

Foi um dia muito agradável. Fizemos no Sítio Alagoas de proprieda-

de da família do Keyne. Um lugar impecavelmente lindo com várias

opções de cenário. Todos os lados que olhávamos dava um cenário

perfeito para as fotos. Sem contar que o casal é muito descontraído

e apaixonado o que renderam fotos maravilhosamente belas.

Quem quiser assistir ao making-of desta produção basta acessar o link:

vimeo.com/42729409Espero que curtam.

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2ºCaderno

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Aproxima-se o momento das eleições municipais, no qual a maioria dos brasileiros deixará de lado o individualismo para agir de forma a beneficiar toda a sociedade.O registro dos candidatos escolhidos pelos partidos e

coligações deve ser feito até o dia 5 de julho, no dia 06 do mesmo mês inicia-se o período de campanha eleitoral. A partir deste dia permite-se aos partidos, coligações e candidatos valer-se da propaganda eleitoral como meio de captação de votos. Contudo, a propaganda eleitoral possui algumas limitações que devem ser observadas como forma de garantir o direito à igualdade entre os candidatos e partidos políticos e, portanto, um processo eleitoral hígido e democrático.É expressamente proibida a propaganda eleitoral, sujeitando o infrator à multa:. antes do dia 06 de julho;. em bens públicos, ou cujo uso dependa de cessão ou permissão, como ônibus, táxis, sinalização de tráfego, parada de ônibus, ruas, praças, pontes, postos de saúde, etc... em bens de uso comum, tais como cinemas, clubes, lojas, tem-plos, estádios, ainda que de propriedade privada;. através de camisetas, bonés, chaveiros, canetas, brindes e broches;. no rádio e na TV, mediante pagamento;. por meio showmício e evento assemelhado, bem como a apre-sentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral;. com a utilização de trios elétricos, exceto para a sonorização de comícios.A violação da legislação, no que diz respeito à veiculação de propaganda eleitoral antecipada, sujeita os responsáveis pela divulgação da propaganda e, quando comprovado o seu prévio conhecimento, os beneficiários a multa de 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou o equivalente ao custo da propaganda, se este for maior. E, ainda, a depender do caso, pode configurar abuso de poder econômico ou político, com

possibilidade de cassação do registro ou diploma do candidato.Recentemente o TSE entendeu que as redes sociais se assemelham a um meio de comunicação de massa e, por isso, publicações com viés eleitoreiro na ferramenta configuram propaganda antecipada.Por outro lado, permite-se a propaganda eleitoral:. em bens particulares, desde que não excedam a 4 m2 e seja espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca do espaço para essa finalidade;. através de folhetos, volantes, “santinhos”;. até a antevéspera das eleições, mediante pagamento, na impren-sa escrita, devendo-se obedecer o limite de até 10 anúncios de propaganda eleitoral, por veículo, em datas diversas para cada candidato. Nesses casos, deverão constar do anúncio, de forma visível, o valor pago pela inserção. O tamanho da publicacão também fica sujeito aos ditames legais, já que a propaganda pode ser veiculada, no máximo de 1/8 para o jornal padrão e ¼ para tablóide e revista. Caso o veículo tenha dimensão diferenciada das mencionadas, deve ser levado em conta o tamanho que mais se aproxime dos modelos inseridos pelo legislador.. no rádio e na TV, em horário gratuito;. através de carro de som e alto-falante das 8 às 22 horas;. por meio de comício com aparelhagem de som das 8 às 24 horas;. por meio cavaletes, bonecos, cartazes e bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito, entre as 6 e às 22 horas;. na internet, em site do partido ou da coligação; por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato; por meio de blogs, redes sociais e assemelhados. É vedado qualquer tipo de propaganda eleitoral paga e em sites de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, bem como oficiais.Quando a propaganda eleitoral é realizada na internet por meio de mensagens eletrônicas, o candidato, partido ou coligação deverá dispor de mecanismos que permitam seu

descadastramento pelo destinatário, obrigando o remetente a providenciá-lo no prazo de quarenta e oito horas. As mensagens eletrônicas que forem enviadas após esse prazo sujeitam os responsáveis ao pagamento de multa no valor de R$ 100,00 por mensagem.A propaganda eleitoral possui uma importante missão, a de informar aos eleitores quais são os candidatos que estão con-correndo aos cargos eletivos e as suas propostas de governo. Somente assim possibilita-se o pleno exercício da cidadania.Contudo, ela não pode ocorrer de forma indiscriminada, devendo observância aos limites acima mencionados, como forma de evitar que qualquer partido político ou candidato seja beneficiado em proveito dos demais. A escolha do candidato pelo eleitor deve ocorrer de forma consciente e cuidadosa, pois, aquele o representará no poder, durante todo o exercício do mandato.Em regra, as informações que se obtém a respeito de um candi-dato são aquelas por ele próprio ou por seu partido difundidas na imprensa, por meio da propaganda eleitoral. Por isso, é de muita valia a análise do comportamento deste candidato durante o período de campanha eleitoral. Certamente um candidato que desrespeita as regras e limites impostos nesta fase, age sem ética e respeito para com os seus adversários políticos, não sendo possível dele esperar um comportamento diferente durante o exercício do mandato para qual for eleito.O poder pertence ao povo, poder este que em virtude da inviabi-lidade de ser exercido por todos o é por meio de representantes por ele eleitos.

Até a próxima!Gabriela de Moraes MontagnanaGustavo Antonio de Moraes MontagnanaAdvogados

seus direitos e dever

Por GUstavo antônio De Moraes MontaGnana/GaBrieLa De Moraes MontaGnana

Propaganda eleitoral

Na nota de agradecimentos que fecha “O Livro dos Mandarins”, Ricardo Lísias menciona o suicídio de um

grande amigo, André. Em “O Céu dos Suicidas”, o narrador chamado Ricardo Lísias desmorona após o amigo André enforcar-se, resvalando num surto no qual se misturam insônia, raiva, angústia, culpa (expulsou de casa o amigo, que começara a se cortar com um canivete) e uma “saudade de tudo”, de sua vida anterior à condição de um “especialista em coleções” (suas coleções pessoais haviam sido descartadas e só restara essa expertise). Durante a crise, ele tenta refazer passos da vida de André, solucionar um mistério familiar indo ao Líbano, experiência depois da qual procura religiosos e se submete a tratamento psiquiátrico... Do final de “O Livro dos Mandarins”, um dos raros romances contemporâneos que pode-mos qualificar de fabulosos, ficou também a expectativa que pesa sobre “O Céu dos Suicidas” enquanto livro imediatamente seguinte: depois de tanta exuberância nar-rativa, o que viria? Dir-se-ia que Lísias voltou ao estilo econômi-co, em que contenção e uma linguagem no limite conviviam, de suas novelas (reunidas em “Anna O.”) e de seus pequenos romances “Cobertor de Estrelas” e “Duas Praças”. Não. Apesar da moldura que adotou -88 micro--capítulos, praticamente no mesmo formato- e de se voltar para os mesmos impasses entre racionalização extrema e desagregação, até

mesmo da linguagem, “O Céu dos Suicidas” não é uma novela disfarçada de romance. Ele expande uma tendência do universo de Lísias, o escritor, o qual sempre gostou de desdobrar suas histórias e criar incidentes que pareciam nada ter a ver com o relato central. No novo livro, o episódico (picuinhas familia-res, viagem ao Líbano) ganha uma relevância maior e transforma o romance numa gama de possibilidades, mesmo que truncadas, resistindo a fechar a conta, a formar uma totalidade narrativa que dê sentido à busca de Lísias, o personagem, atravessando a corda bamba entre o caos e uma vida domesticada. O leitor talvez esteja se perguntando, como hoje é inevitável, o que pode ter “O Céu dos Suicidas” de biográfico. Eu não sei e não me importa. Pois a dor que deveras sente Lísias, o escritor, foi virtuosisticamente resolvida no “chega a fingir que é dor”: um romance tão elegante, tão irônico, que faz o leitor sentir o proverbial nó na garganta. Só por isso, não importa como venha a morrer (que seja em data distante), ele merece o céu dos escritores. Alfredo monte, doutor em teoria literária e literatura comparada pela USP, é professor e criador do site Monte de Leituras (armonte.wordpress.com). O céu dos suicidas Autor Ricardo Lísias Editora Alfaguara Quanto R$ 34,90 (192 págs.) Avaliação ótimo

“O Céu dos Suicidas”por aLFreDo Monte /FoLHaPress

Livro faz leitor sentir nó na garganta. No romance, Ricardo Lísias expande tendência de desdobrar histórias

Foto: eduardo Knapp/Folhapress

O escritor Ricardo Lisias

antenado

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A Citroën fran-cesa comemorou recentemente os

dois anos da criação da linha de luxo com o DS3, em 2010. Por conta disso, até inaugurou um departamento de estilo exclusivo para a gama mais requintada da marca. No Brasil, depois desse tempo todo, finalmente o primeiro integrante da linha chega ao mercado nacional. O valor do carro ainda não foi confirmado, mas especula se que fique entre R$ 80 mil e R$ 90 mil. Assim, o compacto francês ficaria com va-lor próximo ao de seus principais rivais, o Mini Cooper e o Audi A1.

por aUGUsto PaLaDino

Foto: divulGação

Prestígio atrasado

Citroën DS3

veículos

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O mercado brasileiro tem uma boa dose de responsabilidade pela in-venção da linha DS pela Citroën. Foi aqui nos trópicos, no início dos anos

90, que a marca francesa experimentou a imagem de sofisticação, que não sentia desde meados dos anos 70, quando foi absorvida pela Peugeot Société Anonyme, a PSA. Na-quela época, exatamente, saíram das linhas da fábrica do Quai de Javel, já rebatizado de Quai André Citroën, em Paris, na França, as últimas das 500 mil unidades do DS pro-duzidas em 20 anos – número assombroso para um modelo de alto luxo e tecnologia. A memória desses anos de glamour vem sendo reavivada pela divisão DS, criada em 2009, com o lançamento do compacto DS3. E o Brasil, apesar de ser germinal no projeto, só agora recebe os primeiros exemplares do modelo – enquanto na Europa já estão nas ruas os projetos subsequentes, o hatch médio DS4 e o crossover médio-grande DS5.Mesmo que tenha buscado no passado suas referências de requinte, a Citroën apostou em linhas e conceitos futuristas para sua nova divisão. Um desses recursos moderninhos é a personalização do carro através da com-binação de cores e de adesivos, que podem ser aplicados tanto no interior quanto na carroceria, como ocorre com o Mini Cooper e com o Fiat 500. E estas composições são ainda mais valorizadas pelo teto “flutuante”, impressão provocada pelo fato das colunas serem pintadas de preto ou ficarem ocultas atrás dos vidros. O toque mais charmoso é dado pela chamada “barbatana de tubarão” na lateral, formato aproximado da parte da coluna central que aflora em relação à área envidraçada.As linhas frontais e traseiras também são cheias de detalhes e são uma espécie releitura da atual identidade de marca da Citroën. Na frente, grandes faróis triangulares começam na metade do para-lama dianteiro e se afilam bruscamente em direção à parte frontal. A grade consiste de duas barras cromadas que formam o “double chevron”. Ela fica no topo da grande entrada de ar contornada por um grosso friso cromado e é ladeada pelos faróis de neblina redondos e por leds em uma linha vertical, que compõem a ilumi-nação diurna. A traseira é um pouco menos

burilada, com a tampa do porta-malas bem lisa e duas lanternas quadrangulares com detalhes cromados.A ponteira de escapamento dupla, na lateral direita, também faz um bom efeito estético. Mas também é um prenúncio de que o DS3 tem uma proposta esportiva, além de um design bastante atrevido. E, de fato, o com-pacto da Citroën tem um conjunto mecânico de grande capacidade. A plataforma é a da nova geração do C3, lançado também em 2009 e utilizada no Brasil pelo C3 Aircross e Picasso. Sob o capô, o propulsor 1.6 16V THP, da família Prince, desenvolvido em conjunto com a BMW – a sigla THP vem de Turbo High Pressure, ou turbo de alta pressão. Nesta configuração, ele desenvolve 165 cv a 6 mil giros e 24,5 kgfm entre 1.400 e 4.500 rpm, com um overbooster que adiciona 2 kgfm por 25 segundos quando a acelerador é pressionado acima de 90% do curso total. O gerenciamento é feito por um câmbio mecânico de 6 marchas e auxiliado por controles de tração e estabi-lidade. Segundo o diretor geral da Citroën, Francesco Abbruzzesi, este trem de força faz do DS3 um carro “mais econômico que o Gol 1.0 flex”.O arsenal tecnológico do DS3 ainda inclui seis airbags, ABS com EBD, controle de cru-zeiro com limitador de velocidade, sistema de som com Bluetooth, etc. Tudo envolto numa atmosfera de luxo, aprimorada pelo ótimo acabamento típico da Citroën. Para o DS3, a marca francesa aposta novamente, na medida do possível, na boa relação cus-to/benefício. Apesar de ser sido um tanto atrapalhado pelo adicional de 30 pontos no IPI no início do ano – o que atrasou por meses seu desembarque no Brasil –, o DS3 chega por R$ 79.900. Este valor deixa o recém-chegado em vantagem no confronto com outros modelos estilosos em faixas de preço próximas. Casos do Mini Cooper, do Audi A1 e do Hyundai Veloster, que estão na mira da Citroën para poder alcançar as 250 unidades mensais que deseja.

Primeiras impressõesItu, São Paulo – Não é difícil perceber a ferocidade de um carro, antes mesmo de pisar no acelerador pela primeira vez, diante

da seguinte equação: 1.165 kg empurrados por um motor de 165 cv e torque de 24,5 kgfm já aos 1.400 giros. Mas além do motor forte, a esportividade do DS3 é ainda mais instigada pela estabilidade impressionante. Claro que isso tem a ver com a plataforma compacta da PSA, que tem boa rigidez tor-cional e um entre-eixos de 2,46 metros, que não privilegia tanto o espaço interno mas dá grande agilidade em curvas. Tem também a ajuda do bom ajuste de suspensão. Para o Brasil, ela recebe a configuração designada “Mundo”, que se mantém rígida, mas busca dar um pouco mais de curso, para enfrentar buracos, valas e quebra-molas. O que torna o DS3 mais interessante é a permissividade do controle eletrônico de estabilidade.E isso ficou logo explícito no Kartódromo de Itu, numa pista que é bem travada, mas capaz de reproduzir em escala algumas so-licitações de um autódromo. O ESP do DS3 permite que o motorista/piloto brinque um pouco com o modelo. E quando o controle entra em ação, chega como quem diz: “nessa você teria dançado”. Aí freia rodas e esvazia o motor, sem se importar com melindres. Essas intervenções – não preventivas, mas corretivas – são uma espécie de aula prática. E permitem que se busque os limites da pista e do carro no sentido inverso. Em vez de ir num crescente até chegar ao máximo possível, pode-se começar bem acima do razoável e buscar até onde pode ir antes que o ESP venha lhe puxar as orelhas.Em outros ambientes, o DS3 também se saiu bem. No trânsito pesado de São Paulo, a direção elétrica se mostrou leve e precisa, a suspensão filtrou bem as irregularidades, sem baques mas também sem anestesia. O isolamento acústico e a atmosfera de luxo e conforto tornam a vida a bordo agradável. Impossível não perceber os olhares curiosos e/ou cobiçosos direcionados ao carro – si-tuação que deve se manter mesmo depois de passada a novidade, já que as vendas devem ser bem limitadas. Pelo preço de arredondados R$ 80 mil, o sistema de som não impressiona. Na estrada, a “dureza” da suspensão do DS3 é mais bem-vinda. O carro é absolutamente neutro e é preciso ficar atento pois o propulsor não dá avisos de esforço. E o motor turbo sobra. Ele leva o

DS3 a velocidades bem acima da permitida. Literalmente, assobiando.

Ficha TécnicaCitroën DS3 Sport ChicMotor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, quatro cilindros em linha, turbo, com quatro válvulas por cilindro. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.Transmissão: Câmbio manual de seis mar-chas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.Potência máxima: 165 cv a 6 mil rpm.Aceleração 0-100 km/h: 7,3 segundos.Velocidade máxima: 219 km/h.Torque máximo: 24,5 kgfm entre 1.400 e 4.500 rpm.Diâmetro e curso: 77,0 mm x 85,8 mm. Taxa de compressão: 11,0:1.Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com triângulos inferiores, amor-tecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira com barra de torção, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.Pneus: 205/45 R17.Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Carroceria: Hatch em monobloco com duas portas e cinco lugares. Com 3,94 metros de comprimento, 1,71 m de largura, 1,48 m de altura e 2,46 m de distância entre--eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.Peso: 1.165 kg em ordem de marcha.Capacidade do porta-malas: 280 litros.Tanque de combustível: 50 litros.Produção: São José dos Pinhais, Brasil.Lançamento mundial: 2009.Lançamento no Brasil: 2012.Itens de série: Ar-condicionado automáti-co, vidros e travas elétricas, direção com assistência elétrica, travamento das portas por controle remoto, rodas de liga leve de 17 polegadas, airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS, leds de ilumi-nação diurna, rádio/CD com Bluetooth, apoio de cabeça central traseiro, alarme perimétrico.Opcional: Bancos em couro (R$ 2.900).Preço: R$ 79.990

por eDUarDo roCHa/aUto Press

Fotos: eduardo rocha/carta Z notícias e divulGação

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por aUGUsto PaLaDino

Notíciasautomotivas

Mudança de câmbio – O Bravo é um carro com-petente, mas ainda não emplacou no mercado. Como não poderia ser diferente, a Fiat tenta

reverter a situação. Agora, com a linha 2013 do modelo, a principal modificação é na transmissão automatizada Dualogic. Ela recebeu atualizações interessantes e passa a ter o sobrenome Plus no Bravo. A primeira delas é a função Creeping, que faz com que o carro se mova len-tamente assim que se retira o pé do freio, semelhante ao que acontece em veículos de câmbio automático. Isso facilita as manobras em ambientes apertados e diminui os trancos nas saídas da inércia. O Dualogic Plus também reconhece quando o motorista necessita de maior força do motor para uma eventual ultrapassagem, por exemplo, e não sobe uma marcha. Entrada limitada – Ao lançar a primeira variação da nova geração do Série 1, a de duas portas, a BMW resolveu investir na esportividade. Assim, a principal novidade é a versão M135i. Com preparação pela Motorsport, divisão esportiva da marca, o hatch médio ganhou um motor 3.0 de seis cilindros em linha com 320 cv e 45,8 kgfm de torque. A suspensão é mais esportiva e o volante e o sistema de freios também receberam atenção especial. O zero a 100 km/h é realizado em 5 segundos e a velocidade máxima é limitada em 250 km/h. No resto da linha, o destaque é a introdução de novas motorizações. Agora, o Série 1 a gasolina pode ir ter de 102 cv a 320 cv. Com diesel, a amplitude é de 116 cv a 218 cv. As vendas começam na Europa em setembro.Pequeno e raivoso – A Mini não cansa de lançar versões ainda mais raivosas para os seus modelos. Nessa linha, a marca mostrou recentemente a versão mais rápida da

sua história. O Cooper JCW GP tem a carroceria hatch, a mais antiga da gama, mas traz diversas melhorias mecânicas e aerodinâmicas para ser ainda mais veloz, em uma edição limitada. O motor 1.6 turbo foi mexido e a potência alcançou os 230 cv – no Cooper JCW ela é de 211 cv. A suspensão foi recalibrada, o chassi recebeu reforços estruturais, os assentos traseiros foram remo-vidos para diminuir o peso e foram instalados apêndices aerodinâmicos para melhorar a dirigibilidade. As rodas são de 18 polegadas. Aliança explanada – A parceria entre PSA Peugeot Ci-troen e a General Motors começa a revelar seu futuro. As primeiras informações são do diretor-geral da Peugeot, o francês Frederic Saint-Geours, ao jornal italiano “Corriere della Sera”. Ele afirma que, a partir de 2016, o acordo entre as duas empresas deverá gerar uma série de modelos em plataforma compartilhada. Entre eles, estariam um médio--grande – o tipo de carroceria ainda não foi confirmado –, um crossover, um monovolume compacto, um compacto, um médio e ainda uma plataforma para um veículo ecológico. Apressada e verde – A GM mudou seus planos em relação a sua nova fábrica de motores e transmissões no Brasil. Antes, a nova unidade que está sendo construída em Joinville, Santa Catarina, tinha previsão para começar a produzir em 2014, quando o atual contrato com uma empresa húngara que faz o Ecotec6 – motor da linha Cruze – termina. Entre-tanto, em recente anúncio, o vice-presidente da Chevrolet do Brasil, Marcos Munhoz, disse que a nova planta entra em funcionamento ainda este ano. Com investimento de R$ 1 bilhão, o complexo será todo norteado por uma política sustentável, com gasto energético e dano ao meio ambiente os menores possíveis.

Para a BMW, em muitos momentos a dirigibilidade

é mais importante que o design. No Z4, no en-tanto, essa prioridade é ligeiramente invertida. O roadster foi lançado com um desenho elogiado, mas seu desempenho nunca foi o grande destaque. A próxima e terceira gera-ção pode mudar isso. A imprensa europeia espe-cula que, quando chegar ao mercado, em 2015, o novo Z4 vai receber linhas ainda mais esportivas e um capô mais curto. O objetivo é se renovar frente a uma concorrência forte, que conta com Audi TT e Mercedes-Benz SLK.

por aUGUsto PaLaDino

Foto: divulGação

Foco dinâmico

BMW M135i

veículos

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