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7 Joias: novos paradigmas para novos tempos
Values are now linked to brand reality, and a brand is no longer simply selling a jewel but selling confidence and continuity, expression and experience.
Swarovski382
Com a crescente incorporação do Design ao processo de configuração das
joias, surgiu um novo paradigma projetual para o setor. O Design abriu caminho
para o posicionamento da joia brasileira no mercado mundial e para um novo
profissional de criação de joias, com responsabilidades até então direcionadas
para outras áreas e competências. No entanto, o avanço ainda não foi suficiente
para posicionar o Design dentro da empresa, considerando toda a abrangência e
multidisciplinaridade inerentes às suas atividades.
Na joalheria383, o alto custo decorrente do valor do ouro, dos diamantes e
demais pedras preciosas acaba ocasionando uma redução no ritmo dos
lançamentos de novidades e/ou inovações. O que se percebe com mais
evidência é um desdobramento das ideias que fazem sucesso. Embora o setor
joalheiro tenha investido tanto em tecnologia como em inovação em design, esse
investimento tem sido impulsionado principalmente pela reação às mudanças do
mercado, mesmo que imediata, do que pela adoção de ações estrategicamente
ousadas e antecipatórias.
É crescente o reconhecimento de que as joias estão entre as mais
poderosas expressões do estilo individual. Em consequência, a joalheria uniu-se
ao design na busca por estilos que correspondam a essa diversidade de
expressões. Segundo a Swarovsky384, as demandas da camada top do mercado
– indivíduos de alto poder aquisitivo – têm motivado as indústrias no mundo com
seus gostos cultivados e sofisticados. Ainda segundo a Swarovsky, ao tocar o
espírito universal do slow design385, as joias estão alcançando uma nova
temporalidade e status; é a intemporalidade dos valores duradouros, do design
eterno que revisita e moderniza a essência da fina joalheria.
Neste sentido, cabe salientar a crescente valorização dos aspectos
simbólicos das joias. Da antiguidade ao mundo contemporâneo, esses valores
ampliaram os seus significados. Poder, riqueza, prestígio, fidelidade, amor,
382
SWAROVSKY, 2009, p.07 (Os valores estão agora ligados à realidade de brand, e branding já
não é simplesmente vender uma joia, mas vender confiança e continuidade, expressão e experiência.) Tradução Nossa. 383
Segundo a experiência da pesquisadora no setor. 384
SWAROVSKY, 2009. 385
O slow design está focado na ideia de bem estar e foi concebido com o objetivo de transformar a visão atual sobre o consumo e o materialismo. Diz respeito à descoberta de novas formas de viver, trabalhar e se divertir, respeitando a condição humana, a biodiversidade e a natureza finita dos recursos do planeta. (FUAD-LUKE, 2004/2005).
128
honra, distinção, magia, humor, juventude ou sedução são alguns deles. Esses
significados não surgem aleatoriamente, mas expressam as expectativas e
necessidades dos indivíduos de cada tempo.
Já há alguns anos a joalheria vem se deparando com uma nova realidade e, quem sabe mesmo, uma revalorização de seu estatuto enquanto objeto simbólico. Depois de viver um longo período como objeto-investimento, a jóia redescobriu e resgatou seus outros papéis, abrindo-se para performances cada vez mais diversificadas.
386
Para evidenciar esses atributos intangíveis, os designers precisam ir além
dos aspectos físicos das joias, como usabilidade, ergonomia, escolha de
materiais e processos de produção. É necessário captar e compreender as
emoções do consumidor, o que é importante, o que emociona, o sentimento que
pode despertar o desejo de querer ter, possuir. A joia precisa dialogar com o
consumidor e celebrar sua vida, seus momentos particulares.
Atualmente, cada indivíduo tem liberdade para transformar pequenos
acontecimentos de seu dia a dia em eventos especiais. Em cada um deles a
joalheria pode estar presente, eternizando-os e traduzindo em ouro e pedras
preciosas os mais diversos sentimentos e emoções que o ser humano
experimenta ao longo de sua vida. Por isso a grande alta de joias que
representam os ritos de passagem, tanto os mais tradicionais como nascimento,
batizado, noivado, casamento, dia das mães, namorados e formatura, como
outros mais pessoais, como o primeiro beijo, o primeiro carro, ou até mesmo a
separação.
7.1 O cenário atual
Nos dias 15 e 16 de junho de 2010, aconteceu no Rio de Janeiro o
Encontro Nacional do Setor de Gemas, Joias e Afins, uma realização do Instituto
Brasileiro de Gemas & Metais Preciosos - IBGM, com apoio da Associação de
Joalheiros do Rio de Janeiro - AJORIO e patrocínio do SEBRAE/RJ. Nesta
oportunidade, o presidente do IBGM, Hécliton Santini, apresentou um painel
sobre o mercado mundial de joias, com uma análise comparativa entre os
principais competidores sob a perspectiva do consumidor: França, Itália, Índia,
Hong Kong/China, Tailândia, Estados Unidos e Brasil.
386
CAMPOS, 2007, p.72.
129
O IBGM disponibilizou o material desse painel para fundamentar esta
pesquisa e contribuir para a construção do cenário atual do setor joalheiro
brasileiro. Na figura abaixo (Figura 10), pode-se observar o posicionamento dos
países enquanto produtores de joias, entre a produção em massa e a alta
joalheria européia, assim como a brecha de oportunidade onde as empresas
brasileiras podem se inserir. Segundo a pesquisa, essa inserção será possível
se as empresas tiverem como foco o fashion design, a utilização de gemas
coradas, o aprimoramento da qualidade e das técnicas de fabricação, o
consumidor, o investimento em branding387, o custo x benefício e a aplicação dos
conceitos de sustentabilidade e ecologia à cadeia produtiva de joias.
A figura a seguir (Figura 11) apresenta o posicionamento dos países citados,
considerando os valores relacionados à acessibilidade das joias (design,
conceitos e preços mais acessíveis), à dificuldade de acesso (preços altos,
design e conceitos mais complexos e sofisticados) e o foco na produção em
massa ou no design (design mais exclusivo). Neste mapa, o Brasil aparece no
quadrante design, porém num ponto intermediário entre o distante e o acessível.
O direcionamento estratégico aponta para a busca de uma maior acessibilidade
para as joias brasileiras através do design.
387
MARTINS, da GlobalBrands. Branding “é o conjunto de ações ligadas à administração das marcas”, que as levam além da sua natureza econômica, passando a fazer parte da cultura, influenciando e simplificando a vida de todos.
Figura 10: Cenário atual do setor joalheiro mundial (dados fornecidos pelo IBGM/2010)
130
O curioso deste mapa é o manifesto entendimento do setor joalheiro sobre
o Design, colocando-o em contraposição à produção em massa. Como foi
tratado no Capítulo 5, o termo Design está sendo empregado neste mapa como
adjetivo, um valor de diferenciação entre o exclusivo (neste caso, design) e os
produtos produzidos em larga escala (considerados aqui não design?). Essa
abordagem, embora equivocada, não invalida a análise e serve como exemplo
do quanto o Design ainda não foi compreendido em todo o seu significado e
abrangência.
Segundo a análise apresentada pelo IBGM, a marca da joia brasileira tem
em sua essência as gemas coradas, que celebram a moda e o estilo, com boa
percepção de valor. Como pontos fortes, a joia brasileira apresenta um design
diferenciado, a alegria, o colorido e uma brasilidade moderna que tem
despertado o interesse, principalmente de países europeus. Como pontos fracos,
foram identificados o reduzido número de marcas nacionais e a pouca percepção
dos consumidores sobre os valores tangíveis e intangíveis das joias.
Dentre as oportunidades de mercado, a pesquisa apresentou três opções:
competir somente no preço e/ou valor contra os players (concorrentes) asiáticos;
fortalecer o foco no consumidor para competir contra o alto valor dos fabricantes
europeus; desenvolver um novo segmento baseado no design superior e na
acessibilidade. A viabilidade das oportunidades apontadas acima será discutida
Figura 11: Mapa competitivo e orientação estratégica do Brasil (segundo dados fornecidos pelo IBGM/2010)
131
ao longo deste capítulo, incluindo a opinião de especialistas do setor,
empresários e diretores de design, obtida por meio de entrevistas.
Ainda segundo dados fornecidos pelo IBGM388, este era o quadro da
cadeia produtiva de joias no Brasil em 2009 (Quadro 12):
Cadeia Produtiva – Número estimado de empresas em 2009
Indústria
Lapidação/Obras de pedras 600
Joalheria ouro e prata 800
Folheados e bijuterias 2.600
Total Indústria 4.000
Varejo 14.000
Cabe ressaltar que o segmento de joias no Brasil – fabricantes e varejistas
– é formado basicamente por micro e pequenas empresas, perfazendo mais de
95% deste universo. É importante observar que muitos varejistas (joalherias) já
não dependem exclusivamente das indústrias para compor seu estoque,
desenvolvendo parte de suas coleções em oficinas próprias e/ou ourives
terceirizados. Muitas joalherias, inclusive, têm a sua própria equipe de design,
como é o caso da H. Stern, Monte Carlo, Vivara, Amsterdam, Dryzun e Antonio
Bernardo, entre outras. Em contraponto, vem surgindo o movimento de muitos
fabricantes (produtor/fornecedor) na divulgação de suas marcas diretamente ao
consumidor final ou mesmo considerando a abertura de pontos de venda de
varejo próprios.
Em fevereiro de 2010, o IBGM disponibilizou um relatório on-line traçando
um panorama sobre o setor de gemas e joias no Brasil389. Dentre os dados
levantados, aponta-se:
Grande presença de pequenas indústrias de lapidação de pedras, muitas
de fundo de quintal.
Terceirização acentuada.
Poucas indústrias integradas gerando falta de garantia de qualidade, não
cumprimento de prazos e poucas opções de lapidações diferenciadas,
388
IBGM, 2010 (A). 389
IBGM, 2010 (B).
Quadro 12: Situação da cadeia produtiva de joias no Brasil em 2009 (IBGM)
132
embora o Brasil possua “capacidade e competitividade para lapidar pedras
de média e boa qualidade”. Nas pedras de baixo valor, a maioria delas
calibradas, as indústrias brasileiras não têm escala nem preços
competitivos.
Informalidade ainda bastante representativa, embora já seja inferior a 50%
do mercado (produção e comercialização).
Vendedoras autônomas informais, também chamadas de sacoleiras, ainda
com muita representatividade.
Alta carga tributária incidente sobre o setor joalheiro levando à
informalidade e à fraca competitividade com produtos estrangeiros.
Pouco acesso ao suporte de crédito, tendo em vista a alta informalidade e
balanços contábeis que não retratam a realidade das empresas.
Fortalecimento do estilo e do design de joias brasileiro, com características
próprias já reconhecidas internacionalmente.
Forte concorrência dos produtos substitutos tecnológicos, como
smartphones, i-pod, i-pad, notebooks etc.
Crescimento dos ateliês de design e lojas de varejo, que passaram a
produzir uma parte de seus produtos, concorrendo com a indústria
joalheira tradicional. Aqui, cabe ressaltar os dados fornecidos pelo IBGM
(ver figura 4): são 14.000 varejistas (potenciais compradores das 4.000
indústrias) que começam a competir com essas indústrias.
Às pesquisas apresentadas acima, é importante acrescentar os dados
levantados através de entrevistas feitas com especialistas (ver Anexo 1 e Quadro
1, no item 1.4), que complementam o cenário atual das empresas fabricantes de
joias brasileiras. Os critérios de seleção das empresas entrevistadas foram
apresentados na Introdução desta Tese, no item Metodologia.
Das nove empresas entrevistadas, duas são de pequeno porte e as
demais de médio porte. Ao serem questionadas sobre seus pontos fracos e
fortes, sete empresas citaram diretamente o design como ponto forte; nas outras
duas, o design aparece embutido em outras qualidades, como visão à frente e
estilo adotado. O presidente da Denoir aponta o design e a ética como fatores
que caminham em paralelo: “acho que não adianta ter design e não ter uma
cultura adequada; e não adianta ter uma cultura adequada e não ter design”.
Segundo ele, a ética deve estar presente na atitude tanto em relação aos
funcionários como em relação aos clientes.
133
Tendo ainda o design como foco, o diretor de criação da CR Brüner
destacou a preocupação com o apuro técnico e a qualidade em cada fase da
produção. Além disso, o design deve estar “conectado com o estilo de vida e de
pensar da mulher moderna”.
Para o diretor da Vianna – empresa especializada na lapidação e produção
de joias com gemas brasileiras –, seu ponto forte é aliar este diferencial a um
design de joias único, muito particular. A empresa realiza um trabalho intensivo
para imprimir uma identidade forte à marca, através de um estilo de joias que
seja reconhecido por todos os clientes, tanto no mercado interno como externo.
Ainda com relação à identidade e ao reconhecimento da marca, o presidente da
Seven aponta a intensificação de investimentos em marketing, porque considera
este um dos pilares estratégicos da empresa.
Como ponto fraco, cada empresa apresentou preocupações distintas,
como falta de capital para investimentos, necessidade de melhoria no
relacionamento com clientes e problemas de qualidade x prazo de entrega. O
diretor de criação da Manoel Bernardes aponta também questões relativas às
dimensões do nicho da empresa e aos aspectos intangíveis das joias:
Eu acho que o nosso produto está posicionado para um nicho de mercado. Então ele tem uma gama de oferta menor, não é um produto universal. Exige que o cliente compreenda a linguagem e faça esforços no sentido de posicionar esse produto dentro da própria loja. Se ele não fizer, perde grande parte do composto de design, do atributo importante que ele tem, já que o maior atributo não é o preço competitivo.
Para o diretor, a informalidade impede a profissionalização, o acesso à
tecnologia e à formação de uma equipe interna de profissionais. O grande
problema é pensar à curto prazo.
Questionadas sobre o conhecimento de seu público alvo, todas as
empresas responderam afirmativamente, ou seja, que têm esse público bem
focado, com seus produtos desenvolvidos para atendê-lo. O presidente da
Danielle chama a atenção para a transferência de poder da indústria para o
varejo:
E o que eu percebo hoje é essa transferência do poder para o varejo: ele me diz como quer comprar, como quer pagar, de que forma quer trabalhar [...]. E isso de certa forma tem fragilizado a indústria. O que eu vejo [...] é o consumidor tomando total domínio dessa situação. Agora, o varejo está refém do consumidor. Ele entra na internet, se instrui, se informa. Ele está pronto pra comprar.
134
Sobre os não clientes, a maioria das empresas citou aqueles que não
correspondem ao perfil do seu público alvo. A diretora e designer da Marcia Mór,
por exemplo, tem suas joias focadas para a mulher que tem tudo, que não mede
recursos quando encontra o que quer. Para ela, o não cliente seria o iniciante,
aquele que ainda tem medo da joia.
As pessoas têm medo da joia. Imagine uma pessoa que tenta entrar numa joalheria e tem medo. Não tem noção de valor e de possibilidades. Daí que entram nessas empresas que oferecem facilidades e introduzem a pessoa no mundo das joias. Porque isso é um rio que você entra com um barquinho até chegar ao Amazonas. Se você não entrar num barquinho naquele riachinho, nunca chega ao Amazonas, nunca! Isso é um caminho.
Cabe aqui ressaltar que os jovens também estão incluídos na categoria
iniciante. Os jovens podem ser considerados um dos grandes grupos de não
clientes com potencial para serem trabalhados e introduzidos no mundo das
joias pela maioria das empresas. O público jovem é assim definido pelo
presidente da Danielle:
O público jovem com o qual eu me relaciono não sabe nem o que é loja! É quase uma heresia falar que ele tem que ir lá e comprar alguma coisa. Ele compra tudo pela internet. Bebida, comida, roupa, livros, computadores, a joia. É uma falsa ilusão acreditar em uma frase ainda colocada: “não, a joia é diferente, quero pegar, quero sentir... quero não sei o que...”. Eu acho que o público jovem é muito mais bem resolvido nessa história.
Sobre os produtos substitutos, além daqueles já citados na pesquisa do
IBGM apresentada acima, englobando os tecnológicos, as viagens apareceram
como uma grande concorrente, além de carros e produtos de grifes –
principalmente bolsas. Sobre o assunto, o diretor de criação da Manoel
Bernardes tece o seguinte comentário:
Acho que a gente tem algumas áreas em que esses produtos se localizam. Se nós falarmos em termos do público masculino, ou um público jovem, a tecnologia é um forte fator competitivo. As novas tecnologias, seja o celular, seja o i-pod, seja qualquer base tecnológica que represente modernidade e inserção no grupo. Se é um público feminino, eu acho que tem hoje um produto que simbolicamente tem ocupado muito espaço, que são as bolsas. As bolsas e calçados. Tanto é que a gente hoje nota um grande interesse por calçados. Os calçados passaram a ter assinatura. [...] tanto a bolsa quanto o calçado têm a possibilidade de ter um caráter erotizante muito mais forte, muito mais percebido do que o conteúdo das joias. Para o apelo feminino, isso tem um certo perfil que é muito importante: esse caráter de objeto de desejo. Eu acho que o calçado e a bolsa têm fetiches mais claros, mais poderosos do que as joias.
135
Essa última observação surpreende e preocupa, considerando que a joia é
vista como um dos maiores objetos simbólicos que permeia a história das
civilizações. A perda dessa posição para objetos da cultura contemporânea,
como os tecnológicos e acessórios de moda, sinaliza que a joalheria precisa
renovar a divulgação de seus valores, sejam eles tangíveis ou intangíveis, para
seus clientes e, principalmente, seus atuais não clientes.
Ainda sobre a ênfase nos apelos funcionais (tangíveis) ou emocionais
(intangíveis) de seus produtos no mercado, quatro empresas responderam
ambos e as demais apontaram os aspectos emocionais como fundamentais. No
entanto, cabe aqui ressaltar que, embora os aspectos emocionais estejam
presentes tanto na fase da conceituação e desenvolvimento da coleção como
em sua apresentação aos lojistas/sacoleiras, na maioria das vezes esses valores
não chegam ao cliente final.
Sobre o assunto, a jornalista responsável pelo JoiaBr390, principal site
sobre joalheria no Brasil, observa que os apelos deveriam ser emocionais,
porém, o que se vê nas campanhas é a ênfase nos descontos ou na imagem de
famosos, “que nem sempre dão o retorno esperado”. Como exemplo de uma
boa campanha de joias com apelo emocional, o site cita a Tiffany e H. Stern:
Veja o que é feito pela Tiffany, só para exemplificar, que lança pequenos vídeos, como o que foi apresentado recentemente através das redes sociais, em referência à chegada da primavera no hemisfério norte e ao mês das noivas. Não há menção direta à venda de joias, mas sim a todo o clima de romance e emoção que envolve um casamento. A resposta do público, pelos comentários, tem sido muito favorável e, com certeza, as vendas de engagements rings embalados na famosa caixinha azul devem aumentar substancialmente. Aqui no Brasil, a H. Stern tem feito um bom trabalho, vide as campanhas das coleções Niemeyer e do Grupo Corpo, que têm justamente este apelo emocional, com música e dança guiando os sentidos.
Sobre a pesquisa de tendências de design e comportamento, as revistas –
principalmente as de moda – foram as mais citadas como fontes de pesquisa,
seguidas pelas viagens, cadernos de tendências, assinaturas de bureaux e
consultoria. O diretor da Vianna comentou os equívocos relacionados ao
emprego das tendências para o desenvolvimento de coleções, equívocos estes
já abordados aqui e em trabalhos anteriores da autora desta tese:
Um dos varejistas colocou que a indústria deveria estar mais próxima do lojista para entender o que o cliente dele está querendo. E eu confesso pra você que eu não estou muito interessado em oferecer para o lojista o que o cliente dele quer, não... Eu estou mais interessado em oferecer para o lojista aquilo que o cliente
390
JOIABR. Entrevista concedida em abril de 2011.
136
dele não espera que vai ter! Eu acho que você estar fazendo um produto de acordo com uma tendência não é você estar fazendo o óbvio, não é você estar fazendo aquilo que a pessoa quer! É estar oferecendo, evidentemente dentro de determinado parâmetro, alguma coisa inusitada, alguma coisa nova, alguma coisa diferente.
Para ele, as tendências de moda não atingem as joias diretamente, e tanto
as joalherias como as fábricas buscam desenvolver um estilo próprio que será
reconhecido pelos clientes. Cabe ressaltar que o termo tendências de moda foi
empregado considerando-se apenas os valores estéticos como cor, forma e
estilo. Neste sentido, seria mais importante observar as tendências de
comportamento e, como observa o diretor de criação da CR Brüner, é
fundamental que os designers estejam conectados com “novas realidades, com
novas expectativas e desejos dos consumidores”. Para ele, a empresa não é
uma “mera seguidora das tendências”, pois isso poderia volatilizar a marca. A
empresa interpreta as tendências de moda e comportamento, respeitando o
conceito estético no qual ela foi criada.
Também neste sentido, a Manoel Bernardes observa que seguir
tendências é de uma complexidade muito grande: “nós estamos submetidos ao
mercado e cada vez que o mercado oscila ou altera o seu gosto, a gente tem
que, de uma certa forma, antecipar na medida do possível ou acompanhar na
medida do necessário”.
Concluindo: para as empresas entrevistadas, a manutenção da imagem da
empresa e sua percepção junto ao público consumidor são fatores fundamentais
e as tendências de design não devem ser adotadas ao pé da letra, mas
adaptadas, a fim de manter a solidez da identidade da marca.
E sobre o futuro? O que pensam e fazem as empresas com relação às
mudanças e surpresas? Traçam metas? Antecipam-se? Embora a maioria das
empresas apenas observe e se adapte às mudanças, algumas realizam
pesquisas de mercado ou acompanham os índices econômicos fornecidos pela
FIESP, por exemplo. Para o diretor da Vianna, faltam habilidades e
conhecimento das ferramentas necessárias para produzir os cenários futuros.
Prospectar futuro ainda é confundido com achismo e previsão. Por outro
lado, a atitude reativa prevalece, onde maleabilidade e agilidade são
consideradas as qualidades necessárias para uma rápida adaptação às
mudanças.
Mudanças que, neste caso, podem surpreender as empresas e paralisar o
processo, quando a atitude responsiva não é imediata, o que nem sempre é. A
crise internacional ocorrida em 2008, por exemplo, surpreendeu muitas
137
empresas joalheiras, principalmente as que lidavam com o mercado externo,
afetando inclusive projetos de expansão comercial. Para o JoiaBr, “o setor
joalheiro foi um dos mais afetados pela crise financeira de 2008 e só agora, três
anos depois, dá sinais de reação”391. O JoiaBr evidencia ainda a grande
valorização do ouro, principal matéria prima do setor, que “tem forçado
mudanças no macroambiente em que se insere o setor joalheiro, definindo
volumes de produção, capital de giro, mudanças em design etc”. Além do ouro, a
alta ou a queda do dólar pode afetar diretamente o setor joalheiro, para o bem
ou para o mal, causando mudanças significativas no rumo de determinadas
empresas, como um crescimento, uma diminuição ou mesmo um fechamento. O
surgimento de concorrência externa, como foi a joia italiana na década de 1980,
e a chinesa agora, é também considerado um forte elemento de impacto para o
setor, e muitas empresas não se prepararam para isso.
Segundo Hécliton Santini392, presidente do IBGM, a alta do ouro é
preocupante, pois as expectativas de curto e médio prazo ainda são de
valorização, embora em menor intensidade. Para Santini,
“o impacto do aumento do preço do ouro é o principal motivo para a acentuada queda de 33% ocorrida na fabricação mundial de jóias de ouro, entre 2005 e 2010, quando passou de 2.719 toneladas para 2.017 toneladas”.
Contudo, Santini também observa que, “em valor, houve aumento da
produção, já que o ouro se valorizou mais no período”.
O JoiaBr chama a atenção ainda para as fusões ou aquisições de
empresas, algumas tradicionais, que “têm alterado o ambiente de negócios e
criado grandes conglomerados, assim como já acontece em outros setores”.
Outro ponto levantado foi a redução do consumo de joias com gemas,
ocorrida recentemente, o que, segundo a Manoel Bernardes, a fez repensar
suas estratégias e posicionamento. Entre a permanência na já estabelecida
identidade da marca (joias com gemas brasileiras) e a abertura de novos nichos,
a empresa decidiu pela mudança:
Depois de uma reflexão interna, nós achamos que existia espaço para a gente avançar para outras propostas de combinação de joias com ouro, joias com ouro e diamantes. Porque a nossa essência não era só as pedras, era uma tecnologia, era uma inovação, era uma contemporaneidade. Se eu mantivesse esse mesmo caráter permeando outros materiais, eu estaria mantendo também a coerência de marca. Então a gente viveu um momento de reflexão, mas optou por ser num certo sentido pragmático, já que o mercado avançou. Mas a gente teve que
391
JOIABR. Entrevista concedida em abril de 2011. 392
SANTINI, H. em entrevista realizada por e-mail, em 29 de junho de 2011.
138
questionar para ver se existia esse espaço e de que forma eu poderia adentrar esse universo, sem comprometer os atributos da marca.
Sobre as decisões estratégicas, as empresas trabalham com um ano de
antecipação para um planejamento administrativo/orçamentário.
Para o presidente da Denoir, o maior equívoco é o setor acreditar que as
coisas possam voltar a ser como antes, tendo em vista a grande velocidade das
mudanças e a volatilidade da realidade, que não cessa de se atualizar. Para ele,
as empresas não estão acompanhando as mudanças na mesma velocidade em
que elas acontecem.
7.2 A inovação e o design nas empresas fabricantes de joias no Brasil – caminhos possíveis?
Quanto maior o grau de oportunidade tecnológica de um setor, mais elevado deve ser o esforço interno de P&D.
Lia Hasenclever393
Com o tema inovação presente na pauta das grandes discussões sobre
estratégia nas empresas, o setor joalheiro também tem demonstrado seu
interesse e preocupação com o acesso e a adoção das novas tecnologias,
visando um melhor posicionamento no mercado nacional e internacional.
No campo do design em geral e no design de joias em particular, o que
vemos hoje é uma aceleração dos processos de produção através das novas
tecnologias, possibilitando a sua otimização e a redução do tempo entre a
criação e a comercialização dos novos produtos. Além disso, as inovações
tecnológicas têm permitido, em muitos casos, a inovação em design, através de
novas soluções e experimentações estéticas e funcionais. Aquilo que não podia
ser modelado há cinco anos, por exemplo, hoje é prototipado ou simulado de
forma rápida e por um custo bem mais baixo.
Um dos pontos que dificultam o posicionamento competitivo das indústrias
brasileiras de joias frente ao mercado mundial é o alto índice de carga tributária
que incide sobre o setor e que acaba gerando altos custos, altos preços, pouca
margem de lucro e pouca disponibilidade para investimentos em tecnologia e
inovação.
Em entrevista à Agência Brasil, Carla Pinheiro, presidente da Associação
de Joalheiros do Estado do Rio de Janeiro (AJORIO), explica os entraves para o
393
HASENCLEVER, 2002.
139
crescimento que o setor joalheiro sofre, ao comparar o seu alto índice de
taxação aos índices de outros produtos com os quais compete. Se comparado
com o setor joalheiro no resto do mundo, a diferença de tributação é ainda mais
elevada.
A Itália, país que competia mais fortemente com o Brasil no segmento de
joias, tinha em 2005 uma carga tributária de 20%, contra os 53% que oneravam
as jóias brasileiras. Na China, Índia e Tailândia, o setor joalheiro desponta como
uma das principais forças econômicas locais. Nesses países, a taxação diminuiu
significativamente permitindo que eles se apresentem hoje como os mais fortes
competidores. Carla Pinheiro comenta que a Tailândia praticamente zerou os
impostos para o setor.
Em novembro de 2008, o Rio de Janeiro foi palco do 1º Encontro Nacional
do Setor Joalheiro, quando se discutiu temas como informalidade, carga
tributária e oportunidades no comércio exterior, considerados fundamentais para
que o setor possa concorrer com os emergentes mercados da Ásia.
Em sua palestra "Como a Tailândia transformou o setor de joias e gemas
no segundo mais importante da economia do país", o empresário tailandês Prida
Tiasuwan confirmou a urgente necessidade da adequação tributária no país. Na
ocasião, Prida já via a Índia como o maior concorrente internacional para os
produtos de joalheria brasileiros. Lá, os impostos para o setor estão, hoje, em
torno de 4%. Esse valor, comparado à média atual de 42% no Brasil, deixa as
empresas nacionais em grande desvantagem, tanto para o mercado interno
(com o crescente número de importação de joias), quanto para o mercado
internacional. Comparando os mercados brasileiro, indiano, tailandês e chinês,
concluiu-se que o Brasil precisa buscar soluções para não perder a corrida para
as potências emergentes na produção e exportação de joias.
Peter Hall394 chama a atenção para o fato de que a tecnologia necessita de
um forte investimento econômico. Para a maioria das empresas do setor
joalheiro, de micro e pequeno porte, pode ser impossível investir em novas
máquinas sem a obtenção de financiamento. Desse ponto de vista, as
instituições financeiras e as operações de financiamento aparecem como prática
rotineira e necessária.
Apesar das dificuldades apresentadas, as empresas joalheiras vêm
investindo em tecnologia, pois percebem que este é o caminho em busca de um
melhor desempenho no mercado. Com exceção de duas das empresas
entrevistadas, que têm foco em joias feitas à mão, as demais empresas
394
HALL, 1994.
140
acompanham os avanços tecnológicos a fim de reduzir custos e aumentar a
qualidade dos produtos. A diferenciação do design de joias por meio da
tecnologia ainda é pouco observada pelas empresas. Para a maioria, a
tecnologia facilita a modelagem, a produção e o acabamento, mas ainda não
chegou a influenciar o design de forma significativa. Já para o site JoiaBr, essa
influência é perceptível, pois têm chegado ao mercado peças mais bem
detalhadas e leves, resultado de boas soluções tecnológicas.
As tecnologias mais citadas, além da informatização da produção, são:
solda a laser, fresadora, impressora 3D, máquinas de produzir alianças e
fundição de última geração. Em alguns casos, o corte a laser e a injetora
pneumática também aparecem como alternativas. Novos processos nas áreas
de cravação, banhos, polimentos e acabamentos também são pesquisados e
incorporados pela maioria das empresas. Lapidações diferenciadas são bem
vindas.
Para o diretor de criação da Manoel Bernardes, um dos pontos
fundamentais é saber trabalhar com a tecnologia a favor da emoção. Para ele, a
tecnologia influenciou o design positivamente, “porque abriu novas
possibilidades construtivas que a gente não tinha quando o elemento era só
manual”. Por outro lado, o empresário observa o paradoxo gerado pela adoção
das tecnologias que, contrariamente ao prognosticado, aumentou a fase manual
do processo. De uma certa forma, a combinação de técnicas como a fundição e
o corte a laser recuperou o fazer artesanal nas fases em que “a mão do artista é
determinante”. Além desse aspecto, o presidente da Denoir destaca outro
processo onde a presença do profissional é fundamental: o domínio do sofware
3D na modelagem para prototipagem rápida. “Tenho fundição, tenho
prototipagem, tenho a fresa e tenho o homem que trabalha no software, que é
mais importante que a máquina!”, comenta.
A CR Brüner chama a atenção ainda para a recente preocupação com
questões que envolvem sustentabilidade e preservação do meio ambiente,
presentes nas novas tecnologias, principalmente em indústrias que fazem uso de
inúmeros produtos químicos.
Diante desse quadro, pode-se entender as lutas que o setor joalheiro
brasileiro tem enfrentado para superar as dificuldades na aquisição e adoção de
novas tecnologias, e para a implementação de inovação através do design.
141
7.3 Considerações parciais
No relatório do IBGM395 mencionado acima, também foi apresentado um
Panorama Estratégico do Setor com algumas tendências e perspectivas
nacionais e internacionais identificadas nos últimos anos. Os itens relacionados
abaixo não dizem respeito a prognósticos futuros propriamente, mas a fatos que
já estão ocorrendo, seja integralmente, seja na fase inicial. Fatos que contribuem
para a construção de um cenário atual do setor joalheiro no Brasil:
Redução de valor e volume nas transações internacionais (exportações) de
joias de ouro, prata, joias folheadas e bijuterias, em decorrência da crise
financeira.
Preço do ouro em patamares elevados gerando a produção de peças mais
leves com a consequente valorização do design e a busca por materiais
não-convencionais como madeira, couro, borracha, resinas e fibras
vegetais.
Aumento do uso de gemas – diamantes, pérolas e pedras coradas –
inclusive com lapidações diferenciadas, “em detrimento de peças só de
ouro (plain gold)”.
Relativa estagnação da produção de pedras preciosas no Brasil, com a
participação crescente de concorrentes externos, principalmente de países
africanos.
Turismo interno como um dos mais importantes consumidores de joias, de
países como Turquia, Dubai, Cingapura, Egito, Marrocos, Caribe e
Indonésia.
Redução da produção e consumo de joias na Europa, principalmente na
Itália, com transferência de parte dessa produção para países com baixo
custo de mão de obra, como China, Turquia e Vietnam.
Japão e Estados Unidos tendem a um acentuado decréscimo no consumo
e importação de joias.
Países produtores/exportadores de petróleo, como Rússia, Nigéria,
Indonésia e países árabes, além da China, tendem ao crescimento
acelerado no consumo de joias.
Produtos tecnológicos, principalmente os ligados ao segmento de
comunicação, áudio e vídeo, tendem a manter sua posição como principais
concorrentes das joias.
395
IBGM, 2010 (B).
142
Presença de gemas naturais e design inovador nas bijuterias e joias
folheadas, tanto no mercado interno como no externo.
Atuação crescente de ateliers/oficinas de design e lojas de varejo na
criação e produção de joias, inclusive customizadas.
Crescimento do comércio de joias, folheados e bijuterias pela internet e
televisão, além de lojas de massa como Wal-Mart e Carrefour,
principalmente no mercado externo.
Crescente redução da informalidade no Brasil em toda a Cadeia Produtiva
de Gemas e Joias.
Crescimento da consciência dos aspectos éticos e de sustentabilidade na
produção, industrialização e comercialização de gemas e joias, no Brasil e
no mundo.
Aos empresários, foi perguntado se eles percebiam novas oportunidades
surgindo no mercado joalheiro. Foi interessante constatar que as dificuldades e
desafios prevaleceram sobre as oportunidades, o que mais uma vez comprova a
necessidade de se repensar o papel que as joias estão exercendo na vida e no
imaginário dos consumidores.
Um dos pontos positivos observado foi o reconhecimento da joia brasileira
pelo mercado internacional, decorrente de seu design único e do colorido das
gemas brasileiras. O momento é visto com otimismo, onde as oportunidades não
podem ser ignoradas.
A chegada de novas empresas e ateliers é considerada um dos caminhos
para mudanças no setor. Jovens empresários e designers trazem sangue novo
ao setor, e têm a possibilidade de rejuvenescer as joias e os conceitos com os
quais ela é trabalhada.
As dificuldades apontadas são extremamente importantes, pois sinalizam
as questões que precisam ser revistas e solucionadas. Dentre elas, destaca-se o
desejo que as indústrias têm de se conectarem diretamente com o consumidor
final, agilizando o processo e eliminando os ruídos provocados pelo varejo na
transferência de informações sobre as joias e os conceitos adotados.
Outra questão apontada é a falta de uma atitude mais severa por parte das
indústrias e do varejo com relação ao contrabando, principalmente da
mercadoria chinesa, o que ajudaria a definir melhor o panorama futuro da
joalheria brasileira.
Também não é possível falar sobre as dificuldades do setor sem citar a
necessidade de uma reforma tributária. Para os entrevistados, a reestruturação e
143
o revigoramento das indústrias do setor virá através de uma reforma tributária
que torne o produto joia mais competitivo, retirando diversas empresas da
ilegalidade. A formalização do setor será sem dúvida a grande mudança, capaz
de transformar toda a cadeia do setor joalheiro.
Dentre os desafios identificados, destaca-se a relação entre as joias e o
público jovem. Embora muitos valores ligados à joalheria e aos ritos de
passagem tradicionais (um dos pontos fortes da joalheria, como noivado,
casamento, festa de debutante e formatura) estejam reconquistando sua
importância ou se transformando nas últimas gerações, outros ritos de
passagem estão surgindo, baseados em novas situações e estilos de vida. A
questão é que a joalheria ainda não se apropriou desses novos ritos, e talvez
este seja um dos motivos pelo qual as joias não estejam dialogando com
sucesso com os jovens consumidores.
A este grupo, podemos ainda acrescentar o público masculino, em sua
maioria ainda reticente ao uso de joias, o que demonstra a existência de um
grande grupo de consumidores potenciais entre os homens e os jovens abertos
ao diálogo correto. Sobre o assunto, o diretor de criação da Manoel Bernardes
lança a seguinte questão: “Então, como falar com os jovens, como competir num
ambiente de extremo hedonismo, onde o mundo virtual tem um impacto muito
grande na vida das pessoas, onde a questão da experiência sensorial ultrapassa
os limites físicos? Como a joia responde a essa demanda?” Outras perguntas de
igual importância podem se juntar à questão acima e o empresário lançou
algumas delas para reflexão:
As grandes marcas de luxo estão se apoderando do mercado através das
extensões de linhas: como as joias podem enfrentar essas grifes? As grandes
marcas também trabalham o reconhecimento de sua imagem em todas as
mídias: como a joalheria pode responder a essa questão, considerando que ela
tem pouca superfície para implantar uma marca visível ou mesmo comunicar
tendência de marca? Como a joalheria pode estar inserida num mundo cada dia
mais tecnológico? Num mundo onde as relações emocionais estão cada vez
mais frágeis e efêmeras, como posicionar as joias, já que os aspectos simbólicos
continuam sendo um dos seus maiores atributos? Estas são perguntas que, se
bem respondidas, podem levar a decisões estratégicas no futuro.
Empresas estão se unindo, a produção vem sendo terceirizada, novas
tecnologias incorporadas, consultorias contratadas, empresários e designers
investindo em especializações. Todo um cenário atual que demonstra, não só a
144
necessidade, mas a vontade de se encontrar soluções em face das mudanças
que ocorrem no mundo numa velocidade incontrolável.
Como foi discutido nos Capítulos 2 e 3, para que as empresas possam
lidar com as mudanças externas é imprescindível que se realizem mudanças
internas. Ou seja, sem uma reformulação do atual modelo de liderança e de
gestão, fica difícil um novo posicionamento em face dos avanços que acontecem
no mundo.
Para o site JoiaBr, a joia brasileira está “com a faca e o queijo na mão.
Falta agora aprender a servir e a degustar”.