80
7 Métodos de dimensionamento 7.1 Introdução O dimensionamento das estruturas de concreto em situação de incêndio consiste em avaliar a resposta térmica e a resposta mecânica da estrutura sob uma ação térmica transiente. Para a situação normal de uso, o projeto dos elementos estruturais avalia a resposta mecânica da estrutura em função: das propriedades mecânicas dos materiais, invariáveis em todos os estágios do projeto da estrutura acabada; das solicitações atuantes na estrutura (peso próprio, carga de vento, cargas acidentais, efeitos de retração, etc.); e do arranjo estrutural (elementos isostáticos ou hiperestáticos simples ou compostos). Para a situação de incêndio, o projeto é mais complexo, uma vez que a temática envolve, além das mesmas variáveis da Mecânica das Estruturas à temperatura ambiente, as variáveis da Termodinâmica. A resposta estrutural está intimamente relacionada à resposta térmica dos elementos que, por sua vez, também está inter-relacionada à resposta térmica dos materiais. A resposta térmica dos elementos é avaliada por meio da análise térmica, com base nas propriedades térmicas dos materiais à temperatura elevada e na transferência de calor em função da ação térmica representada por modelos matemáticos, tais como: curva-padrão, curvas naturais, CFD, etc. (Cap. 2). A análise térmica objetiva quantificar a transmissão de calor da face exposta para o interior do elemento, estabelecendo-se a distribuição interna de temperaturas na seção transversal, e prover dados para a resposta mecânica do material, tais como: deformação e fluência, resistências características e módulo de elasticidade. A análise mecânica objetiva quantificar o efeito da variação de temperatura por meio de esforços sobre a estrutura, devido ao aquecimento transiente. O termo “análise termestrutural” pode ser aplicado quando há uma interface entre a análise estrutural e a análise térmica. Há uma variedade de ferramentas desenvolvidas para facilitar as análises térmica e mecânica em situação de incêndio, desde equações simplificadas, ábacos, gráficos, tabelas e softwares específicos para análise térmica (LIE, 1972; DTU, 1974; GUSTAFERRO & MARTIN, 1977;

7 Métodos de dimensionamento - teses.usp.br · 7 Métodos de dimensionamento 209 compartimento, como premissa de projeto. Por ex., as lajes são aquecidas apenas na face inferior,

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  • 7 Mtodos de dimensionamento

    7.1 Introduo

    O dimensionamento das estruturas de concreto em situao de incndio consiste em avaliar a

    resposta trmica e a resposta mecnica da estrutura sob uma ao trmica transiente.

    Para a situao normal de uso, o projeto dos elementos estruturais avalia a resposta mecnica

    da estrutura em funo: das propriedades mecnicas dos materiais, invariveis em todos os

    estgios do projeto da estrutura acabada; das solicitaes atuantes na estrutura (peso prprio,

    carga de vento, cargas acidentais, efeitos de retrao, etc.); e do arranjo estrutural (elementos

    isostticos ou hiperestticos simples ou compostos).

    Para a situao de incndio, o projeto mais complexo, uma vez que a temtica envolve, alm

    das mesmas variveis da Mecnica das Estruturas temperatura ambiente, as variveis da

    Termodinmica.

    A resposta estrutural est intimamente relacionada resposta trmica dos elementos que, por

    sua vez, tambm est inter-relacionada resposta trmica dos materiais.

    A resposta trmica dos elementos avaliada por meio da anlise trmica, com base nas

    propriedades trmicas dos materiais temperatura elevada e na transferncia de calor em

    funo da ao trmica representada por modelos matemticos, tais como: curva-padro,

    curvas naturais, CFD, etc. (Cap. 2).

    A anlise trmica objetiva quantificar a transmisso de calor da face exposta para o interior do

    elemento, estabelecendo-se a distribuio interna de temperaturas na seo transversal, e

    prover dados para a resposta mecnica do material, tais como: deformao e fluncia,

    resistncias caractersticas e mdulo de elasticidade.

    A anlise mecnica objetiva quantificar o efeito da variao de temperatura por meio de

    esforos sobre a estrutura, devido ao aquecimento transiente. O termo anlise termestrutural

    pode ser aplicado quando h uma interface entre a anlise estrutural e a anlise trmica.

    H uma variedade de ferramentas desenvolvidas para facilitar as anlises trmica e mecnica

    em situao de incndio, desde equaes simplificadas, bacos, grficos, tabelas e softwares

    especficos para anlise trmica (LIE, 1972; DTU, 1974; GUSTAFERRO & MARTIN, 1977;

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 208

    ISE, 1978; CRSI, 1980; ACI Committee 216, 1981; HARMATHY, 1982; MALHOTRA,

    1982; BOUTIN, 1983; LIE, 1984; GUSTAFERRO & LIN, 1986; WICKSTRM, 1986 apud

    BUCHANAN, 2001; PURKISS et al., 1988; FIP-CEB Bulletins N 145 (1984), N 174

    (1987) e N 208 (1991); TASSIOS & CHRONOPODOS, 1991; HOLMBERG &

    ANDERBERG, 1993; LIE & IRWIN, 1993; WADE, 1994; ENV 1992-1-2:1995;

    OCONNOR et al., 1995; PURKISS, 1996; WADE et al., 1997; HERTZ, 1999; EN 1992-1-

    2:2004; KANG & HONG, 2004; HERTZ, 2006a e 2006b; PURKISS, 2007), at mesmo,

    softwares complexos de anlise termestrutural onde o desempenho estrutural avaliado, em

    funo do aquecimento (FORSN, 1982; NWOSU et al., 1999; FSD, 2002; FRANSSEN et

    al., 2002 e 2005).

    7.2 Filosofia de projeto de estruturas de concreto em situao de incndio

    O dimensionamento para a situao de incndio objetiva o projeto otimizado do elemento

    estrutural em funo da natureza dos esforos solicitantes de origem trmica e mecnica, e

    modos de ruptura esperados, para atender os critrios de resistncia ao fogo, estabelecidos

    pela legislao.

    Os mtodos de clculo existentes baseiam-se em duas hipteses: o incndio acidental e

    compartimentado.

    Do incndio acidental, decorre:

    A excepcionalidade do sinistro, significando que grandes deslocamentos, configuraes de

    equilbrio ps-crtico e rupturas localizadas so aceitas desde que no impliquem em risco

    de colapso estrutural progressivo que possa vitimar os usurios, durante o incndio.

    A possibilidade de controle do incndio pelos meios de protees ativa e passiva,

    impedindo ou minimizando a propagao do sinistro. Incndios intencionais tendem a ser

    incontrolveis, uma vez que objetivo a destruio propositada do patrimnio e/ou a morte

    dos ocupantes.

    Do incndio compartimentado, decorre:

    A restrio do fogo ao local de origem, limitando a propagao do sinistro e a

    generalizao dos danos estruturais, que poderiam induzir o colapso progressivo.

    A forma peculiar de exposio ao calor dos elementos estruturais pertencentes ao

  • 7 Mtodos de dimensionamento 209

    compartimento, como premissa de projeto. Por ex., as lajes so aquecidas apenas na face

    inferior, diretamente exposta ao trmica do incndio (gases quentes e chamas); as vigas

    internas so aquecidas em 3 faces a inferior e as duas laterais e as vigas de borda, em 2

    faces inferior e lateral interna ao compartimento; os pilares podem ser aquecidos em 1, 2,

    3 ou 4 faces, dependendo do seu posicionamento no compartimento.

    Os mtodos de clculo no se aplicam a incndios acidentais em espaos abertos, por ex.,

    garagens abertas, passagens de trfego abertas (passarelas e viadutos), peculiares de

    incndio no-compartimentado, onde o efeito da ventilao pode ser ilimitado.

    As regulamentaes de segurana contra-incndio da Amrica do Norte (MILKE, 2002), sia

    (HARADA, 1999; TSUJIMOTO & YUSA, 2000), Europa (EN 1991-1-2:2004) e Oceania

    (DBH-NZS, 2005) permitem 2 metodologias de projeto para avaliar a resistncia estrutural:

    prescritiva ou de desempenho.

    A metodologia prescritiva , tradicionalmente, aplicada segurana estrutural contra-

    incndio, por meio de normas que prescrevem exigncias de resistncia ao fogo que os

    elementos estruturais devem atender.

    As exigncias prescritivas fundamentam-se em uma caracterstica-limite, por ex., um tempo-

    limite (os TRRFs) ou uma temperatura-limite (a temperatura crtica) da estrutura que

    garante a segurana; ultrapassando-se esses limites, o elemento estrutural considerado

    incapaz de cumprir a sua funo de suportar as aes trmicas e mecnicas, independente de

    outras variantes, por ex., o arranjo estrutural e a eficincia da proteo ativa.

    A metodologia de desempenho inter-relaciona os requisitos de resistncia ao fogo dos

    elementos estruturais, simples ou compostos, e o seu desempenho em ensaios padronizados ao

    desempenho desejado desses elementos, em condies reais de incndio.

    As exigncias de desempenho fundamentam-se na anlise ponderada dos elementos

    estruturais pertinentes, durante o sinistro: cenrio de incndio, arranjo estrutural, eficincia da

    proteo ativa, dentre outros (VILA REAL, 2004).

    A despeito dos modelos de incndio realistas, ainda no fcil aplicar as metodologias de

    desempenho no projeto de segurana contra incndio, pelas razes a seguir.

    A natureza da inter-relao desempenho em ensaio e desempenho em situao real no

    conhecida porque os elementos so testados isolados ou, parcialmente isolados (parte de

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 210

    prticos), sem considerar o efeito de continuidade de todo o sistema estrutural (MOWRER

    & IDING, 2004).

    A segurana estrutural de um elemento parte do sistema de segurana global contra

    incndio dos edifcios, envolvendo inmeras variveis inter-relacionadas e estratgias de

    segurana possveis e complexas de serem medidas em uma avaliao de desempenho;

    nem sempre h informaes que permitem prognosticar o incndio real e no h

    informaes precisas sobre o comportamento dos usurios em uma situao real de

    incndio de um edifcio (BUCHANAN, 2001).

    Os hot Eurocodes (EN 1991-1-2:2002; EN 1992-1-2:2004; EN 1993-1-2:2005; EN 1994-1-

    2:2005; EN 1995-1-2:2004; EN 1996-1-2:2005; EN 1999-1-2:2007) e a norma brasileira NBR

    15200:2004 permitem o uso de mtodos de dimensionamento de elementos de concreto,

    classificados em 3 nveis de soluo (SCHAUMANN, 2001):

    nvel 1: solues prescritivas, prticas de aplicao imediata em projeto;

    nvel 2: mtodos simplificados de dimensionamento para anlise da capacidade resistente

    da seo de elementos estruturais isolados, facultativo considerar, de maneira muito

    simplificada os esforos adicionais de origem trmica e os efeitos da continuidade dos

    elementos;

    nvel 3: modelos gerais de clculo caracterizados por efeitos de no-linearidade dos

    materiais e geomtrica do elemento temperatura elevada, considerando-se os esforos

    adicionais de origem trmica e os efeitos da continuidade dos elementos dentro de um

    prtico, de uma parte de um prtico ou de um elemento isolado.

    As solues de nveis 1 e 2 so simples, acessveis a qualquer engenheiro de projetos

    estruturais, enquanto as solues de nvel 3 so mais dispendiosas por demandar hardwares,

    softwares e pessoal especializado.

    Nas solues de nvel 1 esto os mtodos tabulares e grficos que fornecem dimenses

    mnimas em funo do TRRF, para os elementos em funo de sua caracterstica estrutural.

    Ao adotar as solues de nvel 1, a verificao da estrutura em situao de incndio no

    necessria.

    Nas solues de nvel 2 esto os mtodos analticos para avaliar a capacidade resistente,

  • 7 Mtodos de dimensionamento 211

    empregando os mesmos procedimentos de clculo de projeto para a situao normal

    acrescidos da anlise trmica, para considerar a reduo das propriedades mecnicas dos

    materiais em funo da temperatura.

    A maioria dos mtodos simplificados prescritiva, uma vez que bacos auxiliares e os

    mtodos de reduo da resistncia do concreto foram projetados assumindo uma distribuio

    de temperaturas no elemento com base no aquecimento ISO-834:1975.

    Nas solues de nvel 3 esto os procedimentos iterativos de clculo, possveis s com auxlio

    computacional. Aceita-se a anlise termestrutural do elemento isolado, desde que os esforos

    adicionais de origem trmica ou da no-linearidade possam ser incorporados. A soluo

    baseia-se no comportamento global da estrutura.

    Os ensaios em laboratrios so o ltimo recurso para as situaes que no se enquadrem

    nesses 3 nveis (SCHAUMANN, 2001).

    Os hot Eurocodes classificam a preciso da soluo apenas da anlise estrutural, a qual

    sensvel preciso da anlise trmica.

    A avaliao racional dos nveis de soluo deveria fundamentar-se tambm na anlise

    trmica, pois o nvel de refinamento do modelo de incndio deveria ser compatvel ao nvel

    de soluo estrutural, para assegurar a consistncia da metodologia de clculo (IWANKIW,

    2006; Figura 7.1).

    Anlise termestrutural de segurana contra incndio

    Anlise estrutural

    curvas padronizadasISO 834 ou ASTM E-119

    curvas paramtricas

    zone models

    CFD, BFD

    elemento isolado

    parte de um prtico

    prtico completocurvas de incndios localizados

    Anlise trmica(modelos matemticos do incndio)

    colapso progressivo

    nono!!

    Anlise termestrutural de segurana contra incndio

    Anlise estrutural

    curvas padronizadasISO 834 ou ASTM E-119

    curvas paramtricas

    zone models

    CFD, BFD

    elemento isolado

    parte de um prtico

    prtico completocurvas de incndios localizados

    Anlise trmica(modelos matemticos do incndio)

    colapso progressivo

    Anlise termestrutural de segurana contra incndio

    Anlise estrutural

    curvas padronizadasISO 834 ou ASTM E-119

    curvas paramtricas

    zone models

    CFD, BFD

    elemento isolado

    parte de um prtico

    prtico completocurvas de incndios localizados

    Anlise trmica(modelos matemticos do incndio)

    colapso progressivo

    nono!!

    Figura 7.1: Hierarquia de modelos de incndio e de estrutura para anlise termestrutural otimizada (IWANKIW, 2006; adaptado).

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 212

    intuitivo que as simulaes realistas de incndio (curvas paramtricas, zone models, CFD

    model, curvas BFD) conectadas anlise de um prtico completo, constituem uma soluo de

    nvel 3. Mas, ainda possvel obter solues de nvel 3 de carter prescritivo, se o

    aquecimento padronizado for adotado na anlise trmica avanada de partes de um prtico.

    Tambm so possveis nveis intermedirios de soluo, dependendo da combinao de

    modelos hierrquicos do incndio e da estrutura adotada na anlise termestrutural.

    Por outro lado, incoerente e no traz benefcio tcnico usar aquecimento padronizado

    (curvas similares ISO 834:1975) para avaliar a estabilidade global e prognosticar o colapso

    progressivo de um edifcio (IWANKIW, 2006; Figura 7.1).

    7.3 Mtodos de dimensionamento de estruturas de concreto em situao de incndio

    A NBR 15200:2004 recomenda o uso de trs mtodos para o dimensionamento: tabular,

    simplificado e geral. Os dois ltimos no so detalhados na norma, permitindo ao projetista a

    escolha de outros mtodos. A autora desta tese apresenta alguns mtodos simplificados com

    propostas de adaptaes realidade brasileira (COSTA, 2002; COSTA & SILVA, 2002;

    COSTA et al., 2004; COSTA & SILVA, 2005b; COSTA & SILVA, 2006b e 2006c; COSTA

    et al., 2007; COSTA & SILVA, 2007a e 2007b).

    A NBR 15200:2004 Projeto de estruturas de concreto em situao de incndio

    Procedimento foi elaborada pela CE-02:124.15 Comisso de Estudo de Estruturas de

    Concreto Simples, Armado e Protendido, no mbito do CB-02 Comit Brasileiro de

    Construo Civil.

    7.3.1 Mtodo tabular

    O mtodo tabular o mtodo prescritivo mais tradicional para o projeto de estruturas de

    concreto em situao de incndio, nos pases contemplados por normas de segurana contra

    incndio para projetos de estruturas de concreto (BS 8110-2:1985; ACI 216R, 1989; NBCC,

  • 7 Mtodos de dimensionamento 213

    199051 apud HARMATHY, 1993; NZS 3101-1:1995, AS 36002001; EN 1992-1-2:2004;

    NBR 15200:2004).

    As caractersticas geomtricas dos elementos estruturais mais usuais so organizadas em

    tabelas, em funo do tempo requerido de resistncia ao fogo.

    A NBR 14432 (2000) Exigncias de Resistncia ao Fogo de Elementos Construtivos das

    Edificaes e a Instruo Tcnica IT 08:04 apresentam os tempos requeridos de resistncia

    ao fogo (TRRFs), para diversos tipos de edificaes brasileiras.

    O mtodo tabular tem aplicao restrita a elementos usuais, de geometria tabelada. Elementos

    estruturais cujas formas ou dimenses no constam nas tabelas requerem aproximaes

    obtidas por interpolao linear entre os dados, as quais nem sempre oferecem resultados

    razoveis e econmicos; nesses casos, o mtodo simplificado mostra-se mais apropriado.

    O mtodo tabular para lajes e vigas da NBR 15200:2004 uma adaptao do mtodo tabular

    do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), de origem experimental e modelagem numrica.

    Os mtodos tabulares dos FIP-CEB Bulletins N 145 (1982), N 174 (1987) e N 208 (1991),

    ENV 1992-1-2:1995 e EN 1992-1-2:2004 so similares, porm, com ligeiras modificaes

    nas verses subseqentes, devido introduo de novas dimenses ou a pequenos aumentos

    nas dimenses preestabelecidas, amparados por anlises experimentais complementares

    posteriores.

    O concreto usado nos ensaios que deram origem s tabelas possua densidade normal,

    agregados silicosos e teor de umidade 2% < U 3%. Suas propriedades trmicas e mecnicas

    em funo da temperatura elevada variam dentro das faixas de resultados apresentadas nos

    FIP-CEB Bulletins N 145 (1982), N 174 (1987) e N 208 (1991).

    No Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), as vigas contnuas tiveram a largura aumentada para

    evitar ruptura por cisalhamento na regio dos apoios (CEN, 2003). As dimenses das lajes

    lisas derivaram de anlise experimental conduzida por Kordina (1993), no Laboratrio da

    Universidade Tcnica de Braunschweig; favor da segurana, os ensaios foram arranjados

    para amplificar o efeito da puno e anular quaisquer aes de restries trmicas e de

    membrana, durante a redistribuio de momentos.

    1 Supplement to the National Building Code of Canada (Associate Committee on the National Building Code 1990).

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 214

    O Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) permite incorporar a espessura de revestimentos no-

    combustveis apenas s espessuras de lajes (Figura 7.3), para uso do mtodo tabular. A NBR

    15200:2004 estende esse recurso s dimenses de quaisquer elementos estruturais, na

    determinao das dimenses mnimas necessrias em funo do TRRF.

    Os valores mnimos tabulares correspondem s dimenses da seo do elemento e da

    distncia mnima (c1) entre o CG da armadura principal e a face mais prxima, exposta ao

    calor. As tabelas do mtodo tabular baseiam-se no princpio de que quanto mais afastada

    estiver a armadura da face exposta ao calor, menor ser a sua temperatura.

    Quanto maior o valor de c1, menor a temperatura de um ponto qualquer da seo (Figura

    7.2). A temperatura diminui nas regies prximas ao centro da seo transversal, devido

    inrcia trmica do concreto. Dessa forma, quanto maior a seo transversal, tanto maior ser o

    ncleo frio (Tabela 7.6).

    h c1

    800 C

    ~ 20 C

    700 C500 C

    300 C150 C

    c1

    c1

    h c1h c1

    800 C

    ~ 20 C

    700 C500 C

    300 C150 C

    c1

    c1800 C

    ~ 20 C

    700 C500 C

    300 C150 C

    800 C

    ~ 20 C

    700 C500 C

    300 C150 C

    800 C

    ~ 20 C

    700 C500 C

    300 C150 C

    c1

    c1

    Figura 7.2: Posio das armaduras em relao a face exposta ao calor.

    Quando as barras da armadura forem dispostas em vrias camadas, a distncia mnima (c1)

    das tabelas da NBR 15200:2004 ser tomada como sendo a mdia das distncias entre o CG

    de cada barra e a face aquecida mais prxima.

    A distncia mdia c1m a ser tomada como valor de c1 deve ser o menor dos valores

    calculados por:

  • 7 Mtodos de dimensionamento 215

    =

    =

    =

    =

    As,req) [m].

    Os procedimentos de ajuste do valor de c1 so (Figura 7.4):

    1 calcula-se o valor de clculo da tenso (s,fi) de trao solicitada pela armadura real em situao de incndio;

    2 calcula-se o coeficiente de reduo da armadura s, (eq. 7.6) para a armadura passiva ou p, (eq. 7.7) para a armadura ativa;

    3 determina-se a temperatura crtica (cr) em funo de s, ou p,;

    4 calcula-se o valor de ajuste (c1) a ser adicionado ou subtrado ao valor de c1 do mtodo tabular (eq. 7.8).

    yk

    fi,s,s f

    =

    (7.6)

    onde: s, = fator de reduo da resistncia do ao da armadura passiva, em funo da

    temperatura elevada .

    pk

    fi,s,p f

    =

    (7.7)

    onde: p, = fator de reduo da resistncia do ao da armadura ativa, em funo da

    temperatura elevada ;

    fpk = valor caracterstico da resistncia trao do ao da armadura ativa.

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 220

    ( )cr1 5001,0c = (7.8)onde: c1 = valor de ajuste a ser adicionado ou subtrado ao valor de c1 tabelado [mm];

    cr = temperatura crtica real da armadura [C].

    correspondente s, ou p,, via grfico (Figura 5.17) ou tabela (Tabela 5.4); = cr da armadura

    incio

    =

    passiva armaduraAAf

    SS

    ativa armaduraAAf

    SS

    real,s

    req,s

    s

    k1,0p

    d

    fi,d

    real,s

    req,s

    s

    yk

    d

    fi,d

    fi,s

    passiva armaduraf

    ativa armaduraf

    pk

    fi,s,p

    yk

    fi,s,s

    =

    =

    ( )cr1 5001,0c =

    fim

    As,real, fyk, s

    valor de clculo das solicitaes para:situao de incndio: Sd,fisituao normal: Sdrea de ao requerida no projeto temperatura ambiente: As,req

    (C)

    s,

    ou p

    ,

    cr

    11ajust,1 ccc +=

    correspondente s, ou p,, via grfico (Figura 5.17) ou tabela (Tabela 5.4); = cr da armadura

    incio

    =

    passiva armaduraAAf

    SS

    ativa armaduraAAf

    SS

    real,s

    req,s

    s

    k1,0p

    d

    fi,d

    real,s

    req,s

    s

    yk

    d

    fi,d

    fi,s

    passiva armaduraf

    ativa armaduraf

    pk

    fi,s,p

    yk

    fi,s,s

    =

    =

    ( )cr1 5001,0c =

    fim

    As,real, fyk, s

    valor de clculo das solicitaes para:situao de incndio: Sd,fisituao normal: Sdrea de ao requerida no projeto temperatura ambiente: As,req

    (C)

    s,

    ou p

    ,

    cr (C)

    s,

    ou p

    ,

    cr (C)

    s,

    ou p

    ,

    cr

    11ajust,1 ccc +=

    Figura 7.4: Procedimentos de clculo para o ajuste de c1, quando a temperatura da armadura for diferente daquelas da Tabela 7.6.

    Para elementos tracionados (tirantes) ou vigas onde as armaduras tracionadas esto aquecidas

    a < 400 C, a largura da seo tambm deve ser ajustada (eq. 7.9) ou, alternativamente, a

    distncia c1 para obter a temperatura compatvel tenso real solicitada pela armadura; nesse

    ltimo caso, recomenda-se uma anlise trmica da seo mais precisa para obter a

  • 7 Mtodos de dimensionamento 221

    temperatura real da armadura.

    ( )crminmod 4008,0bb + (7.9)onde: bmod = largura da seo modificada [mm];

    bmn = largura mnima da seo recomendada pelo mtodo tabular [mm].

    Tabela 7.8: Dimenses mnimas para vigas contnuas (NBR 15200:2004).

    Combinaes de bmn e c1 TRRF (min) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm)

    bwmn (mm)

    30 80 15 160 12 190 12 80 60 120 25 190 12 300 12 100 90 140 35 250 25 400 25 100 120 200 45 300 35 450 35 120

    Quando a redistribuio de momentos negativos superior a 15% no projeto temperatura

    ambiente, as lajes e vigas contnuas deveriam ser tratadas como vigas isostticas ao usar o

    mtodo tabular, salvo se comprovada a capacidade rotacional dos apoios em situao de

    incndio (EN 1992-1-2:2004).

    A distncia (c1) e o comprimento de ancoragem das armaduras (b,fi) podem ser estabelecidos

    por meio de clculos mais precisos com base nos mtodos simplificados. Para TRRF 90

    min, o comprimento de ancoragem da armadura negativa no poderia ser inferior a 30% do

    comprimento efetivo do vo (EN 1992-1-2:2004).

    Alm da distncia c1, as Tabela 7.9 e Tabela 7.10 apresentam o coeficiente fi para o

    projeto de pilares e pilares-parede em situao de incndio52.

    Tabela 7.9: Dimenses mnimas para pilares (NBR 15200:2004).

    Combinaes de bmn e c1 Mais de uma face exposta Uma face exposta

    fi = 0,2 fi = 0,5 fi = 0,7 fi = 0,7 TRRF (min)

    bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) 30 190 25 190 25 190 30 140 25 60 190 25 190 35 250 45 140 25 90 190 30 300 45 450 40 155 25 120 250 40 350 45 450 50 175 35

    52 A NBR 15200:2004 usa fi ao invs de fi, porm, de mesmo significado.

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 222

    Tabela 7.10: Dimenses mnimas para pilares-parede (NBR 15200:2004).

    Combinaes de bmn e c1 fi = 0,35 fi = 0,7

    uma face exposta duas faces expostas uma face exposta duas faces expostas TRRF (min)

    bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm)

    30 100 10 120 10 120 10 120 10 60 110 10 120 10 130 10 140 10 90 120 20 140 10 140 25 170 25 120 140 25 160 25 160 35 220 35

    O coeficiente fi (eq. 7.10) a relao entre os valores de clculo dos esforos normal

    solicitante em situao de incndio (NSd,fi) e normal resistente em situao normal (NRd).

    Rd

    fi,Sdfi N

    N=

    (7.10)

    onde: fi = nvel de carregamento do pilar;

    NSd,fi = valor de clculo do esforo normal em situao de incndio, determinado por

    meio da combinao ltima excepcional de aes;

    NRd = valor de clculo do esforo normal resistente temperatura ambiente.

    Na eq. (7.10), devem-se levar em conta os efeitos de excentricidade de 1 e 2 ordem no

    clculo do NRd da situao normal de projeto.

    As informaes sobre a origem da Tabela 7.10 limitam-se apenas norma DIN 4102 Teil 4,

    usada como referncia para o mtodo tabular de pilares-parede (load-bearing wall) do

    Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004).

    7.3.1.1 Mtodo A do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004)

    A Tabela 7.9 uma adaptao do mtodo A do EN 1992-1-2:2004, para o projeto de pilares

    contraventados, limitados pelas caractersticas:

    distncia entre o CG da armadura e a face prxima exposta ao calor: 25 mm c1 80 mm;

    comprimento de efetivo em situao de incndio: e,fi < 3 m;

    ndice de esbeltez em situao de incndio: 30i

    fi,efi =

    l , i = raio de girao da seo;

  • 7 Mtodos de dimensionamento 223

    excentricidade de 1 ordem em situao de incndio: mxfi,Sd

    fi,Sdfi,1 eN

    Me = , onde

    b4,0eb15,0 mx ; o Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) recomenda a excentricidade

    mxima emx = 0,15.b, sendo b a menor dimenso do pilar.

    Os limites de dimenses, comprimento efetivo e excentricidades devem-se s caractersticas

    dos 80 pilares testados em um programa experimental desenvolvido por cinco laboratrios

    (Tabela 7.11).

    Tabela 7.11: Laboratrios responsveis pelos ensaios dos pilares empregados na calibrao do mtodo A da EN 1992-1-2:2004 (DOTREPPE et al., 1996; FRANSSEN, 2000; FRANSSEN, 2001).

    Laboratrio Pas Quantidade de corpos-de-prova Laboratrio de Segurana Contra Incndio da Universidade de Ghent Blgica Laboratrio Magnel de Pesquisas de Concreto da Universidade de Ghent Blgica

    12

    Laboratrio de pontes e Engenharia Estrutural da Universidade de Lige Blgica 8 Laboratrio da Universidade Tcnica de Braunschweig Alemanha 39 National Research Council of Canada (NRCC) Canad 21 total: 80

    As caractersticas geomtricas dos corpos-de-prova empregados na concepo do modelo de

    clculo justificam as limitaes das dimenses, da taxa de armadura (eq. 7.11) e da

    excentricidade em uma direo da seo, para assegurar a validade do mtodo A (COSTA,

    2006).

    %4AA

    c

    s

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 224

    NSd = valor de clculo do esforo normal solicitante na situao normal [kN];

    M1d = valor de clculo momento total de 1 ordem na situao normal [kN.m].

    O mtodo A do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) um mtodo emprico, obtido por meio de

    anlises numricas auxiliadas pelo software SAFIR53, cujo resultado principal foi uma

    formulao simples e prtica (eq. 7.13), onde a resistncia ao axial incluindo os efeitos de

    2 ordem (Rfi), o comprimento de esbeltez (R), a menor dimenso da seo (Rb), a

    quantidade de barras de ao (Rn) e a suas posies dentro da seo de concreto (Ra), so

    particularizados. A envoltria da resistncia apresentada na forma de tempo em minutos de

    resistncia ao aquecimento padronizado ISO 834:1975.

    A Tabela 7.9 uma aplicao da formulao emprica. O mtodo A do EN 1992-1-2:2004

    baseou-se nas propostas de Franssen (2000), apresentadas no SiF2000 First International

    Workshop Structures in Fire54. Naquela poca, a prestandard ENV 1992-1-2:1995,

    apresentava um mtodo tabular pouco prtico e de resultados nem sempre seguros, para o

    projeto de pilares de concreto em situao de incndio.

    Para o emprego do mtodo, era necessrio calcular a relao )0(N

    N

    fi,Rd

    fi,dfi = , depreendendo o

    clculo da capacidade resistente em situao de incndio na iminncia do incndio (t = 0),

    alm do valor de clculo da ao axial para a situao excepcional; assim, o clculo analtico

    prvio da resistncia em situao de incndio era necessrio para usar um mtodo de

    dimensionamento que deveria ser expedito, de aplicao imediata. Alm disso, quando a

    relao fi apresentava resultados diferentes daqueles tabelados, a resistncia precisava ser

    determinada por meio de uma interpolao linear dupla entre os valores geomtricos da seo

    do pilar, possvel de atender resistncia requerida.

    Os Laboratrios da Universidade de Ghent (Laboratrio de Segurana Contra Incndio e

    Laboratrio Magnel de Pesquisas de Concreto) realizaram uma anlise experimental

    53 O software SAFIR (Structural Analysis of Fire Resistance) foi desenvolvido pela Universidade de Lige para modelagem de estruturas em situao de incndio, por meio do mtodo dos elementos finitos, para anlise no-linearidade fsica e geomtrica (NWOSU et al., 1999; FRANSSEN et al., 2005).

    54 Primeiro Workshop Internacional Estruturas em Incndio, realizado em Copenhague, em 2000.

  • 7 Mtodos de dimensionamento 225

    paramtrica para avaliar a influncia do nvel de carregamento, da resistncia caracterstica do

    concreto e da taxa mecnica de armadura sobre a resistncia de pilares de concreto

    submetidos ao incndio-padro ISO 834:1975.

    O dimetro e a qualidade das barras de ao e a esbeltez afetaram o desempenho do pilar

    aquecido: pilares com armaduras de dimetro 25 mm apresentaram lascamentos mais

    significativos e resistncia menor do que pilares de mesma taxa mecnica de armadura de

    dimetro = 16 mm (ALDEA et al., 1997; FRANSSEN, 2000).

    A esbeltez e o nvel de carregamento dos pilares tambm contribuem na resistncia, mas no

    eram considerados no mtodo tabular da ENV 1992-1-2:1995 (FRANSSEN, 2000).

    Os resultados experimentais dos Laboratrios de Segurana Contra Incndio e Magnel de

    Pesquisas de Concreto da Universidade de Ghent foram somados aos ensaios realizados na

    dcada de 80 pela Universidade Tcnica de Braunschweig e pelo National Research Council

    of Canada (NRCC), na idealizao do modelo de clculo do mtodo A (eq. 7.13).

    A relao de carregamento em situao de incndio fi do ENV 1992-1-2:1995 foi

    substituda pelo fi sugerido por Franssen (2000) e adotado pela EN 1992-1-2:2004.

    O fator fi independe de qualquer resistncia em situao de incndio (eq. 7.10); calcula-se

    o valor da ao axial para a situao de incndio e o valor da resistncia axial para a situao

    normal de uso, segundo a EN 1990:2002, considerando a excentricidade de carregamento e os

    efeitos de 2 ordem.

    A esbeltez considerada diretamente, na componente R (eq. 7.16) e, indiretamente, na

    componente Rfi, uma vez que os efeitos de 2 ordem so levados em conta no valor de

    clculo do carregamento axial resistente temperatura ambiente, usado na determinao de

    fi presente nesta componente.

    8.1nbafi

    f 120RRRRR

    120R

    ++++= l

    (7.13)

    onde: Rf = resistncia ao fogo do pilar de concreto [min];

    Rfi = componente da resistncia ao fogo dependente do nvel de carregamento [min]

    (eq. 7.14);

    R = componente da resistncia ao fogo dependente do comprimento efetivo [min] (eq.

    7.16);

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 226

    Ra = componente da resistncia ao fogo dependente da localizao das barras dentro

    da seo de concreto [min] (eq. 7.17);

    Rb = componente da resistncia ao fogo dependente da largura efetiva da seo [min]

    (eq. 7.18);

    Rn = componente da resistncia ao fogo dependente da quantidade de barras [min] (eq.

    7.19).

    +

    +=

    cc

    fifi 85,01183R

    (7.14)

    onde: fi = fator de reduo para o nvel de carregamento em situao de incndio (eq. 7.10);

    = taxa mecnica para as situao normal de projeto (eq. 7.15);

    cc = coeficiente relacionado aos efeitos do carregamento de longa durao (assume o

    valor de 0,85 para seo transversal retangular).

    cdc

    yds

    fAfA

    =

    (7.15)

    onde: As = soma da rea da seo transversal de todas as armaduras principais [m];

    Ac = rea da seo transversal de concreto [m];

    fcd = valor de clculo da resistncia compresso do concreto [MPa];

    fyd = valor de clculo da resistncia trao do ao [MPa].

    ( )m 3

    56,9R

    fi,e

    fi,e

    =

    l

    ll (7.16)

    onde: e,fi = comprimento efetivo do pilar em situao de incndio [m].

    O comprimento efetivo do pilar o comprimento correspondente a cada modo de flambagem,

  • 7 Mtodos de dimensionamento 227

    para elementos isolados ou inseridos em um prtico deslocvel ou indeslocvel (EN 1992-1-

    1:2004).

    Para a situao de incndio, pode-se adotar o mesmo comprimento efetivo calculado para a

    situao normal de projeto (e,fi = e); entretanto, a contribuio da rigidez dos pavimentos

    frios adjacentes ao compartimento de incndio pode ser considerada na determinao do

    comprimento efetivo.

    Para estruturas contraventadas de edifcios com TRRF 30 min (EN 1992-1-2:2004),

    ll = 5,0fi,e para pilares de pavimentos intermedirios, e lll 7,05,0 fi,e para pilares de

    pavimentos de cobertura, onde o comprimento nominal do pilar, i.e., a distncia entre os

    eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar est vinculado.

    O efeito de engastamento ideal que as estruturas adjacentes frias do s extremidades do pilar

    aquecido uma hiptese recomendada, diretamente, para as estruturas de concreto (EN 1992-

    1-2:2004), ao (EN 1993-1-2:2005), mistas de ao e concreto (EN 1994-1-2:2005) e alumnio

    (EN 1999-1-2:2007) e, indiretamente, para estruturas de madeira (EN 1995-1-2:2005).

    Anlises experimentais ou numricas de estruturas de ns fixos (contraventadas) ou

    deslocveis (no-contraventadas) demonstraram que o comprimento efetivo de pilares se

    reduz durante o incndio compartimentado (OMEAGHER & BENNETTS, 1991; WANG,

    1997; ALI et al., 1998; BAILEY, 2000; ALI & OCONNOR, 2001; ECCSMC, 2001;

    WANG, 2002; WANG & DAVIES, 2003a e 2003b; HUANG et al., 2006), porm, a hiptese

    de engaste ideal adotada pelos hot Eurocodes tem sido questionada (VALENTE & NEVES,

    1999; WANG & DAVIES, 2003a e 2003b; HUANG et al., 2006; GOMES et al., 2007).

    Em algumas pesquisas, os pilares biarticulados ( )ll =e temperatura ambiente, sito nos

    pavimentos intermedirios e aquecidos em todas as faces, apresentaram: ll > 5,0fi,e para os

    de ao (ALI & OCONNOR, 2001; HUANG et al., 2006; GOMES et al., 2007) e

    ll > 7,0fi,e para os mistos de ao e concreto (BAILEY, 2000). Tratam-se de concluses

    preliminares, limitadas perfis de ao sem proteo trmica, sendo algumas procedentes de

    ensaios em escala reduzida.

    Bailey (2000) e Wang (2002) reconheceram a falta de dados consistentes suficientes para

    essas concluses, uma vez que as pesquisas exclusivas anlise do comprimento efetivo de

    pilares em situao de incndio so escassas. At o presente, no foram realizados ensaios de

    pilares de concreto armado para tal fim, nem observaes secundrias pertinentes em ensaios

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 228

    correlatos ao incndio.

    Ali & OConnor (2001) apontaram a falta de uma metodologia de ensaio especfica para

    determinar o comprimento efetivo de elementos com extremidades parcialmente engastadas,

    justificando a inspeo visual da configurao geomtrica final do pilar, aps o resfriamento,

    usada nas estimativas de seus resultados.

    Wang & Davies, 2003a e 2003b notaram a concordncia entre os resultados experimentais e

    os dos mtodos simplificados do EN 1993-1-2:2005, quando os momentos de 1 ordem

    transferidos de uma viga ao pilar de um prtico foram desprezados nos clculos analticos,

    usando-se ll = 5,0fi,e .

    Wang (2005) lembra outros fenmenos que podem atenuar o efeito qualitativo de

    engastamento oferecido pelas estruturas adjacentes frias, por ex.: a perda de aderncia entre o

    perfil de ao e o concreto (WANG & DAVIES, 2003a); o esmagamento localizado das

    extremidades dos pilares mistos de ao e concreto (BAILEY, 2000; WANG & DAVIES,

    2003a; WANG, 2005); o nvel de carregamento e o grau de restrio deformao de origem

    trmica (ALI et al., 1998; HUANG et al., 2006) e os efeitos da no-linearidade geomtrica

    sobre o prprio comprimento efetivo (NEVES et al., 2002), os quais variam durante o

    aquecimento.

    Na falta de dados precisos, o modelo ideal de vinculaes para o clculo do comprimento

    efetivo razovel, pois os mtodos de clculo recomendados por normas so cobertos pela

    redundncia de segurana oferecida pelos coeficientes de ponderao da resistncia dos

    materiais e das aes e pelas hipteses simplificadoras de projeto a favor da segurana.

    O mtodo A apropriado apenas para pilares de ns fixos. Ele poderia ser estendido a

    quaisquer pilares na prtica, ao considerar as hipteses de incndio compartimentado e de que

    as estruturas frias adjacentes engastam as extremidades do pilar aquecido por apresentarem

    rigidez relativa amplificada comparada rigidez do elemento reduzida pela temperatura.

    ( )mm 80cmm 25

    30c6,1R

    1

    1a

    =

    (7.17)

    onde: c1 = distncia entre o CG da armadura principal e a face exposta ao calor mais prxima

    [mm].

  • 7 Mtodos de dimensionamento 229

    mm 450'bmm 200circular al transversseo arap

    retangular al transversseo arap5,1bh ,

    hbhb2

    'b

    'b09,0R b

    +

    =

    =

    (7.18)

    onde: b = largura efetiva da seo-transversal [mm];

    b = largura da seo transversal retangular [mm];

    h = altura da seo transversal retangular [mm];

    = dimetro da seo transversal circular [mm].

    >=

    =4n para ,12

    4n para ,0nR

    (7.19)

    onde: n = quantidade de barras de ao da armadura principal na seo transversal do pilar.

    O fator

    +

    +

    cc

    85,01 da componente Rfi (eq. 7.14) no pertencia formulao original (eq.

    7.20); ele foi introduzido durante o processo de reviso da norma EN 1992-1-1:2004, como

    fator de ajuste do fator de reduo para o nvel de carregamento (fi), quando os efeitos do

    carregamento de longa durao (cc) so considerados no clculo da resistncia do concreto

    c

    cmcc

    f

    55.

    ( )fifi 183R = (7.20)

    Na concepo do modelo, assumiu-se cc = 0,85 para o clculo da capacidade resistente em

    situao normal NRd e do fator fi; entretanto, a EN 1992-1-1:2004 permite usar cc = 1 para

    55 vide pg. 231.

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 230

    o projeto de elementos de concreto temperatura ambiente, resultando no fator fi menor e,

    conseqente, uma resistncia ao fogo virtualmente maior do que aquela calculada para cc =

    0,85.

    Para pilares curtos de carregamento concntrico, o valor de clculo da capacidade resistente

    calculado pela eq. (7.21). A correo do valor de clculo do esforo resistente usando dois

    coeficientes cc = 0,85 e qualquer cc 0,85 para o efeito de carregamento de longa durao,

    feita pela relao entre as eqs. (7.21) e (7.22).

    ccdccsydRd AfAfN += (7.21)

    onde: c

    ckcd

    ff

    = .

    ccdsydA,Rd Af85,0AfN += (7.22)

    onde: NRd,A = valor de clculo da capacidade resistente temperatura ambiente de pilares de

    concreto armado usados no mtodo A.

    Dividindo-se a eq. (7.21) pela eq. (7.22), tem-se:

    85,0NN

    AfAf85,0

    AfAf

    AfAf

    AfAf

    AfAf85,0Af

    AfAfAf

    Af85,0AfAfAf

    NN

    cc

    A,Rd

    Rd

    ccd

    ccd

    ccd

    syd

    ccd

    ccdcc

    ccd

    syd

    ccd

    ccdsyd

    ccd

    ccdccsyd

    ccdsyd

    ccdccsyd

    A,Rd

    Rd

    ++

    =

    +

    +

    +

    =

    +

    +

    =+

    +=

    (7.23)

    Normalizando o coeficiente para o carregamento de longa durao no numerador, a eq. (7.23)

    simplificada na eq. (7.24), a qual permite somente dois possveis valores: cc = 0,85 ou 1;

    portanto, para os casos onde cc < 0,85, as eqs. (7.11) e (7.12) fornecem resultados

    ligeiramente conservadores.

    cc

    cc

    A,Rd

    Rd

    85,01

    85,0NN

    +

    +=

    ++

    = (7.24)

  • 7 Mtodos de dimensionamento 231

    O fator de reduo fi foi tambm ajustado para qualquer valor de cc (eq. 7.25) e

    substitudo na formulao original do mtodo (eq. 7.20).

    fi

    cc

    Rd

    fi,d

    ccRd

    cc

    fi,d

    A,Rd

    fi,dA,fi 85,0

    1NN

    85,01

    N1

    85,0N

    NN

    +

    +=

    +

    +=

    +

    +==

    (7.25)

    onde: fi,A = fator de reduo para o nvel de carregamento em situao de incndio usado no

    modelo do mtodo A.

    Para pilares esbeltos, a correlao no seria fcil, mas o fator de correo

    +

    +

    cc

    85,01

    cobre o

    valor mximo da correlao possvel para pilares (DOTREPPE, 2004). As tabelas do mtodo

    A do EN 1992-1-2:2004 foram construdas para cc = 1.

    A Figura 7.5 apresenta a segurana do modelo comparada resistncia ao fogo obtida nos

    ensaios. Os resultados da formulao so ligeiramente superiores aos resultados experimentais

    usados como base; contudo, as caractersticas geomtricas (cobrimento e dimenses usuais da

    seo) usuais nos projetos dos pilares atuais so ligeiramente superiores quelas adotadas nos

    ensaios a fim de compensar essas pequenas incertezas.

    Para o projeto dos pilares testados nos laboratrios das Universidades de Ghent e Lige,

    Franssen (2001) empregou as resistncias mdias do concreto

    c

    cmcc

    f

    e do ao

    ssmf ,

    obtidas experimentalmente para a temperatura ambiente, ao invs do valor caracterstico das

    resistncias. Dessa forma, uma margem de segurana foi adicionada, uma vez que a

    resistncia caracterstica dos materiais fck < fcm e fyk < fsm so habitualmente usadas no projeto

    para a situao normal.

    Costa (2006), autora desta tese, investigou a origem dos dados dos ensaios experimentais e

    observou algumas divergncias ao cruzar as informaes entre referncias, por ex., Franssen

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 232

    (2001) considerou certa restrio rotao das extremidades dos pilares devido s condies

    de fixao do equipamento de ensaio, justificando o comprimento efetivo igual a 70% do

    comprimento nominal para os corpos-de-prova da Universidade Tcnica de Braunschweig; j

    Holmberg & Anderberg (1993) no consideraram a influncia do equipamento sobre

    comprimento efetivo desses mesmos corpos-de-prova.

    0

    60

    120

    180

    240

    300

    360

    0 60 120 180 240 300 360Rf model

    Rf e

    xp

    Ulg, RUG

    TUBr

    NRC

    Circular

    Figura 7.5: Comparao entre os resultados experimentais e tericos (FRANSSEN, 2001).

    Dotreppe et al. (1996) desprezou a excentricidade acidental no projeto dos corpos-de-prova

    das Universidades de Gent e Lige, sujeitos compresso centrada, por consider-la uma

    imperfeio possvel a uma situao de execuo do projeto, porm, indesejvel a uma

    situao de laboratrio, onde as grandezas so aferidas com grande preciso. No h

    informao sobre o mesmo procedimento para os corpos-de-prova da Universidade Tcnica

    de Braunschweig e do National Research Council of Canada.

    Franssen (2001) considerou a excentricidade acidental no projeto dos corpos-de-prova

    sujeitos a carregamentos excntricos, para o clculo da capacidade resistente e calibrao do

    mtodo A; nesses casos, a excentricidade acidental (eq. 7.26) na condio de incndio

    assumiu o mesmo valor adotado na condio normal prescrito pela ENV 1992-1-1:1995,

    usada por Franssen (2001).

    inseguro

    seguro

  • 7 Mtodos de dimensionamento 233

    2e ea

    l=

    (7.26)

    onde: ea = excentricidade acidental [mm];

    = desaprumo acidental [rad] (eq. 7.27);

    e = comprimento efetivo do pilar isolado temperatura ambiente [mm].

    A ENV 1992-1-1:1995 limitava o desaprumo acidental (eq. 7.27) a 1/200, correspondente

    altura (mxima) de 4 m de uma estrutura (BEEBY & NARAYANAN, 1995).

    2001

    1001

    e

    =l

    (7.27)

    A eficincia de qualquer mtodo de clculo depende do teor de umidade livre, da natureza dos

    agregados, da permeabilidade do concreto e da taxa de aquecimento, a fim de evitar a ao

    prematura do spalling.

    Assim, para assegurar a eficincia do mtodo A, o EN 1992-1-2:2004 limita a umidade

    livre do concreto a 3% em peso e recomenda o uso de uma armadura intermediria sem

    funo estrutural, na periferia da seo, sito no meio do cobrimento, quando c1 70 mm

    (distncia entre o eixo da armadura principal e a superfcie mais prxima).

    Costa (2006) tambm investigou a sensibilidade do mtodo A comparando os valores

    tericos aos valores experimentais de resistncia ao fogo de 88 pilares de concreto armado de

    seo quadrada testados pelo laboratrio Building Research Station, UK (DAVEY &

    ASHTON, 1953; THOMAS & WEBSTER, 1953).

    O mtodo A apresentou resultados insatisfatrios para vrios pilares com caractersticas

    geomtricas inapropriadas ao mtodo, tais como: dimetro das barras > 25 mm, taxa

    mecnica > 4%, ou largura efetiva b > 450 mm.

    O mtodo A mostrou-se muito conservador para 36 pilares que possuam chanfros nos

    cantos, sinalizando a eficincia da geometria no aumento da capacidade resistente. O chanfro

    um, dentre alguns recursos no-estruturais para inibir o lascamento dos cantos de pilares de

    sees angulosas.

    Tenses trmicas se desenvolvem na microestrutura do elemento de concreto, quando as suas

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 234

    faces so aquecidas, devido s deformaes trmicas diferenciais dos componentes do

    concreto endurecido. Elas se propagam pela macroestrutura e confluem para os cantos vivos

    da seo, contribuindo para o lascamento de canto (COSTA et al., 2002). O chanfro minimiza

    a concentrao de tenses trmicas nos cantos, retardando o lascamento do concreto e

    exposio da armadura ao calor (COSTA, 2002).

    Costa (2006) pondera sobre os resultados satisfatrios obtidos pelos corpos-de-prova no-

    chanfrados do laboratrio Building Research Station. Todos os corpos-de-prova desse

    laboratrio foram moldados com concreto produzido entre as dcadas de 30 e 50, cujas

    caractersticas tecnolgicas so diferentes dos concretos produzidos entre as dcadas de 80 e

    90 e adotados para os corpos-de-prova usados na validao do mtodo A.

    Uma tentativa de adequar o mtodo A s caractersticas geomtricas de pilares no Brasil foi

    proposta por Costa & Silva (2005a); contudo, o seu uso muito limitado porque geralmente

    quaisquer pilares de edifcios so dimensionados flexo composta oblqua no pas.

    7.3.1.2 Mtodo B do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004)

    O Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) fornece o mtodo tabular B, para pilares que possuem

    caractersticas diferentes daquelas cobertas pelo mtodo A.

    O mtodo tabular B composto de tabelas mais detalhadas (Tabela 7.12) que associam

    dimenses e ndice de esbeltez ao TRRF, para uma extensa faixa de taxa de armadura

    mecnica e excentricidades de 1 ordem.

    Em 2003, Izquierdo56 utilizou o mtodo do pilar-padro clssico, i.e., sem correo,

    acoplado ao diagrama momento-normal-curvatura (M x N x 1/r) na anlise da estabilidade de

    pilares isolados para construir as tabelas do mtodo B (informao verbal).As tabelas do

    mtodo B so aplicaes do mtodo de clculo do pilar-padro, considerando-se o

    aquecimento padronizado ISO 834:1975 em todas as faces dos pilares, os efeitos da

    temperatura elevada sobre a resistncia e as relaes tenso x deformao dos materiais, na

    construo do diagrama momento-normal-curvatura (M x N x 1/r). Os efeitos de 2 ordem so

    56 Notcia fornecida pelo prprio autor, Ing. Jos Mara Izquierdo, do Instituto Tcnico de Materiales y Construcciones INTEMAC, Madri, Espanha, em visita tcnica a esse instituto em maio de 2005.

  • 7 Mtodos de dimensionamento 235

    estimados por meio de curvatura aproximada.

    A idia do mtodo B pode ser usada para qualquer tipo de aquecimento. Os procedimentos

    de clculo so (EN 1992-1-2:2004):

    Determinar as linhas de mesma temperatura (isotermas) em funo do aquecimento (curva

    padro, curvas paramtricas, etc.);

    Dividir a seo em faixas, com temperatura mdia de aproximadamente 20 C, 100 C, 200

    C, (Figura 7.6);

    Determinar a largura wij, a rea Ac i,j e as coordenadas (xi,j, yi,j) do CG de cada faixa ou

    reticulado.

    Determinar a temperatura elevada no CG de cada barra das armaduras;

    Determinar o diagrama M x N x 1/r para NSd,fi, usado as relaes tenso-deformao dos

    materiais temperatura elevada, recomendadas pelo Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) (Cap.

    5, eq. 5.15, Tabela 5.3, Figura 5.22 ou Figura 5.23, eqs. 5.20, 5.21, 5.22 e 5.23, Tabela 5.4,

    Figura 5.29);

    Usar os mtodos convencionais do projeto para a situao normal para determinar o

    momento resistente ltimo total (MRd,fi) para NSd,fi e o momento nominal de 2 ordem

    (M2,fi), para a curvatura correspondente;

    Determinar o momento resistente mximo de 1 ordem (M1Rd,fi) para NSd,fi e M2,fi, por

    diferena entre o MRd,fi e o M2fi (Figura 7.8);

    Comparar os momentos resistente mximo (M1Rd,fi) ao solicitante (M1Sd,fi), de 1 ordem,

    para a situao de incndio. A segurana satisfeita quando a ineq. (7.28) satisfeita.

    fi,Rd1fi,Sd1 MM (7.28)

    Para as situaes apropriadas, Hosser et al. (1994) e Hietanen (2005) salientam que os

    procedimentos de clculo de Izquierdo56 produzem resultados muito conservadores. Hietanen

    (2005) recomenda o mtodo A quando possvel, por ser mais completo e preciso, uma vez

    que as origens experimentais e calibraes numricas cobrem os efeitos de 2 ordem e

    deformaes adicionais de origem trmica.

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 236

    Tabela 7.12: Dimenses mnimas para pilares de sees retangular e circular sujeitos flexo composta (valores moderados para momentos de 1 ordem: excentricidade e = 0,5.b 200 mm) com taxa mecnica de armadura = 1 (EN 1992-1-2:2004).

    Dimenses mnimas (mm) para a largura do pilar bmin e distncia a do eixo da armadura

    = 0,15 = 0,3 = 0,5 = 0,7 TRRF (min)

    ndice de esbeltez

    bmin a bmin a bmin a bmin a

    30 150 25* 150 25* 200 300 30 25*

    500 550

    30 25

    40 150 25* 150 25* 250 450 30 25*

    500 600

    40 30

    50 150 25* 150 200 30

    25* 300 500

    35 25* 550 35

    60 150 25* 200 250 30

    25* 350 500

    40 25* 550 50

    70 150 25* 200 300 30

    25* 450 550

    50 25* (1)

    30

    80 150 25* 250 350 30

    25* 500 600

    35 30 (1)

    30 150 25* 200 450 35

    25* 350 600

    40 30

    550 600

    45 40

    40 150 200 30 25*

    200 500

    40 25*

    450 500

    50 35 600 40

    50 150 250 35 25*

    250 550

    40 25*

    500 600

    40 35 600 60

    60 200 350 30 25*

    300 600

    40 25*

    500 600

    50 40 (1)

    70 250 450 30 25*

    350 600

    40 30

    550 600

    50 45 (1)

    60

    80 250 500 55 25*

    450 500

    40 35* 600 70 (1)

    30 200 300 35 25*

    250 550

    50 25*

    500 600

    50 40 600 70

    40 200 450 40 25*

    300 600

    50 30

    500 600

    55 45 (1)

    50 200 500 45 25*

    350 600

    50 35 550 50 (1)

    60 200 550 50 25*

    450 600

    50 40 600 60 (1)

    70 250 600 45 30

    500 600

    50 45 600 80 (1)

    90

    80 250 500 50 35

    500 600

    55 45 (1) (1)

    30 200 450 50 25*

    450 600

    45 25*

    550 600

    55 50 (1)

    40 250 500 50 25*

    500 600

    40 30 600 65 (1)

    50 300 550 40 25*

    500 600

    50 35 (1) (1)

    60 350 550 45 25*

    500 600

    60 40 (1) (1)

    70 450 600 40 30

    550 600

    60 50 (1) (1)

    120

    80 450 600 45 30 600 65 (1) (1)

    * Normalmente o cobrimento recomendado em situao normal suficiente.

    ( )ydscdcEd,0

    fAfAN

    += , onde N0,Ed o carregamento de 1 ordem aplicado ao pilar.

    cdc

    yds

    fAfA

    =

    (1) necessria largura maior que 600 mm. Uma avaliao particular da flambagem requerida.

  • 7 Mtodos de dimensionamento 237

    O mtodo tabular B no seria, a princpio, aplicvel a pilares flexo composta oblqua,

    nem flexo normal composta quando h excentricidades de carregamento ou momentos

    reversos nas extremidades, ou seo com distribuio assimtrica de armaduras, ou

    distribuio de armaduras variveis ao longo do eixo do pilar.

    Para entender as deficincias e limitaes do mtodo B, os conceitos do mtodo do pilar-

    padro so recordados a seguir.

    sup

    inf

    s1

    s2

    faixas delimitadas pelas isotermas compatibilidade de deformaes

    xi,j

    Ac i,j

    y i,j

    c i,j

    s3

    tenses correspondentes sdeformaes

    ( )3s,s s

    Fs1,fi

    Fs2,fi

    Fs3,fi

    Fc i,j=

    n,m

    j,ij,icfi,c FF

    = cc j,i,cj,i

    MMRd,fiRd,fi

    NRd,fi

    e

    CG

    ( )1s,s s

    ( )2s,s s

    linha neutra emsituao de incndio

    foras resultantes esforos resultantes daseo

    ( )

    =

    +

    =

    =

    =

    ji, c

    3

    ,1c

    j,i

    ,1c

    j,i

    ,cj,i,cj,i

    ji, cj,i c,cj,i c

    A concreto de rea da mdia ra temperatu

    c2

    c3

    fcc

    ;AF

    ( )( )( ) 3s3s,sfi,3s

    2s2s,sfi,2s

    1s1s,sfi,1s

    AF

    AF

    AF

    s

    s

    s

    =

    =

    =

    sup

    inf

    s1

    s2

    faixas delimitadas pelas isotermas compatibilidade de deformaes

    xi,j

    Ac i,j

    y i,j

    c i,j

    s3

    tenses correspondentes sdeformaes

    ( )3s,s s

    Fs1,fi

    Fs2,fi

    Fs3,fi

    Fc i,j=

    n,m

    j,ij,icfi,c FF

    = cc j,i,cj,i

    MMRd,fiRd,fi

    NRd,fi

    e

    CG

    ( )1s,s s

    ( )2s,s s

    linha neutra emsituao de incndio

    foras resultantes esforos resultantes daseo

    ( )

    =

    +

    =

    =

    =

    ji, c

    3

    ,1c

    j,i

    ,1c

    j,i

    ,cj,i,cj,i

    ji, cj,i c,cj,i c

    A concreto de rea da mdia ra temperatu

    c2

    c3

    fcc

    ;AF

    ( )( )( ) 3s3s,sfi,3s

    2s2s,sfi,2s

    1s1s,sfi,1s

    AF

    AF

    AF

    s

    s

    s

    =

    =

    =

    Figura 7.6: Diviso da seo de concreto do pilar em faixas (EN 1992-1-2:2004, adaptado).

    7.3.1.2.1 O mtodo do pilar-padro

    Por definio, o pilar-padro um pilar perfeitamente engastado na base e livre no topo,

    solicitado exclusivamente a um esforo normal que provoca uma linha elstica igual a uma

    funo senide de ordem 1 (eq. 7.29; Figura 7.7).

    ( )

    e

    e2

    x0

    xsenexy

    l

    l

    =

    (7.29)

    onde: y(x) = linha elstica do pilar;

    x = varivel que representa a distncia entre a base e um ponto qualquer acima ao

    longo do comprimento do pilar;

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 238

    e2 = deslocamento horizontal do topo do pilar, devido a deformao da barra;

    e = comprimento efetivo do pilar.

    x

    e2

    y

    base 0

    Ne1

    N

    ll = 2e0r1

    ( )

    2x0

    xsenexy

    e

    e2

    l

    l

    =

    x

    e2

    y

    base 0

    Ne1

    N

    ll = 2e0r1

    ( )

    2x0

    xsenexy

    e

    e2

    l

    l

    =

    Notas:

    na base: 2

    x el

    =

    no topo: x = 0 comprimento nominal: comprimento efetivo: e = 2* para pilar engastado

    em uma extremidade e livre na outra Figura 7.7: O modelo do pilar-padro e sua linha elstica senoidal.

    Assume-se que a curvatura determinada, por simplicidade, pela 2 derivada da linha elstica

    (eq. 7.30). Tal simplificao fornece a linha elstica e sua curvatura proporcionais, prprias de

    um material elstico-linear e pequenos deslocamentos.Para um material no-linear, tal como o

    concreto, no h proporcionalidade entre a linha elstica e a curvatura; mesmo assim, essa

    aproximao admitida para a anlise da estabilidade de pilares de concreto armado

    temperatura ambiente e a impreciso do modelo controlada por meio de restries sua

    aplicao.

  • 7 Mtodos de dimensionamento 239

    ( )

    =

    =

    =

    =

    xsener1

    xsenedx

    yd

    xcosedxdy

    xsenexy

    e

    2

    e2

    e

    2

    e22

    2

    ee2

    e2

    ll

    ll

    ll

    l

    (7.30)

    onde: r1 = funo curvatura aproximada do pilar.

    O deslocamento no topo do pilar pode ser calculado em funo da curvatura na base e do

    comprimento do pilar (FIP-CEB Bulletins N 103 (1974) e N 123 (1977)):

    0

    2e

    0

    2e

    2

    2

    e2

    2

    e2

    e

    e

    2

    e2

    2x0

    r1

    10r1e

    e2

    sene2

    sener1

    r1

    e

    =

    =

    =

    ==

    =

    ll

    ll

    l

    lll

    (7.31)

    onde: 0r1 = curvatura na base do pilar.

    O modelo pode ser estendido a qualquer pilar, independente das condies de vnculos, pois o

    efeito das vinculaes pode ser considerado por meio do comprimento efetivo (e).

    Na configurao deformada do pilar-padro (Figura 7.7), o momento fletor solicitante final no

    engaste, i.e., base do pilar, composto por duas parcelas (eq. 7.32): uma correspondente ao

    momento inicial, de 1 ordem, e outra correspondente ao momento adicional decorrente da

    no-linearidade geomtrica.

    21 MMM += (7.32)

    onde: M = momento total solicitante na configurao deformada do pilar-padro;

    M1 = momento solicitante devido excentricidade inicial ou de 1 ordem (eq. 7.33);

    M2 = momento solicitante devido excentricidade adicional (ou de 2 ordem) devido

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 240

    ao deslocamento do topo do pilar-padro (eq. 7.34).

    11 eNM = (7.33)

    onde: N = carregamento normal seo transversal do topo do pilar-padro;

    e1 = excentricidade inicial ou de 1 ordem do carregamento normal aplicado.

    22 eNM = (7.34)

    onde: e2 = excentricidade adicional ou de 2 ordem do carregamento aplicado, devido ao

    deslocamento do topo do pilar-padro (eq. 7.35).

    0

    2e

    2 r1e

    =l

    (7.35)

    A eq. (7.36) a equao geral do momento fletor atuante na base do pilar-padro, para cada

    etapa da verificao da estabilidade.

    0

    2e

    1 r1NMM

    +=l

    (7.36)

    No modelo do pilar-padro, a seo crtica do pilar a seo da base. A verificao da

    estabilidade restrita anlise da base, considerada seo crtica, admitindo-se que as demais

    sees estaro verificadas.

    Para uma anlise mais precisa, a verificao da estabilidade deve basear-se na anlise do

    estado de deformao da seo crtica por meio do diagrama M x N x 1/r, construdo por

    tentativas, para cada esforo normal aplicado.

    O diagrama M x N x 1/r estabelece o estado de deformao da seo em funo da curvatura

    do elemento, desde zero at um valor mximo representativo da runa do material, que

    caracteriza o momento interno ltimo.

    A construo dos diagramas M x N x 1/r baseia-se na compatibilidade de deformaes entre o

  • 7 Mtodos de dimensionamento 241

    concreto e o ao, valendo-se da hiptese de Navier-Bernoulli, pela qual a seo do concreto

    armado plana e permanece plana aps a deformao do elemento (Figura 7.6).

    Da hiptese de Navier-Bernoulli, quaisquer esforos adicionais decorrentes de deformaes

    diferenciais da seo, i.e., empenamento da seo devido ao gradiente trmico foram

    desprezados na modelagem do mtodo B (EN 1992-1-2:2004).

    A idia fundamental do diagrama M x N x 1/r simples: a curvatura est relacionada s

    deformaes e, estas, s tenses, por meio das equaes constitutivas dos materiais;

    conhecendo-se as tenses, as deformaes e a curvatura, calcula-se a o esforo normal e

    momento fletor resistentes (SANTOS, 1987).

    A condio de equilbrio do pilar satisfeita quando o momento externo (eq. 7.32) menor

    ou igual ao momento interno. O momento interno possvel definido pelo ponto de tangncia

    da curva, estabelecido pela reta tangente, paralela funo linear do momento de 2 ordem via

    mtodo do pilar-padro (eq. 7.36; Figura 7.8).

    =

    r1fM fi

    r1NeNM

    2e

    fi,Sd2fi,Sdfi,2

    ==l

    MRd,fiM1Rd,fi

    Mfi

    M2,fi

    r1

    =

    r1fM fi

    r1NeNM

    2e

    fi,Sd2fi,Sdfi,2

    ==l

    MRd,fiM1Rd,fi

    Mfi

    M2,fi

    r1

    Figura 7.8: Determinao dos momentos fletores ltimo (MRd,fi), de 2 ordem (M2,fi) e ltimo de 1 ordem (M1Rd,fi) do pilar esbelto em situao de incndio (EN 1992-1-2:2004).

    A curvatura na base

    0r1 , correspondente ao momento fletor resistente ltimo para o

    carregamento em questo, desconhecida. Para facilitar os clculos, pode-se admitir por

    aproximao, a curvatura (CEB-FIP MC 1990, 1993; EN 1992-1-1:2004) ou a rigidez da

    seo crtica do pilar-padro (FRANA, 1991).

    MRd,fi = M1Rd,fi + M2,fi

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 242

    Para a situao normal, a NBR 6118:2003 permite usar as duas simplificaes para pilares

    com esbeltez < 90: a curvatura aproximada ou a rigidez aproximada. As simplificaes

    usadas para o clculo da rigidez aproximada esto associadas aos limites de deformao do

    ao e do concreto temperatura ambiente (FRANA, 1991); por isso, apenas a curvatura

    aproximada pode ser usada para a situao de incndio.

    A proporcionalidade entre a linha elstica e a sua curvatura limita a preciso do mtodo do

    pilar-padro a pilares que possuem seo transversal, rea e distribuio de armaduras

    constantes ao longo do comprimento.

    O resultado obtido pelo mtodo do pilar-padro independe da forma do diagrama de

    momentos de 1 ordem, uma vez que apenas o valor do momento na base do pilar

    considerado no modelo. O carregamento no pode ter componente horizontal, uma vez que os

    resultados precisos so obtidos para uma deformao prxima senide.

    Por essas razes, o mtodo no apropriado a situaes de carregamento geradoras de

    momentos reversos, os quais produzem curvaturas reversas, pois a funo seno idealizada do

    mtodo possui curvatura simples (Figura 7.7).

    Nas situaes de carregamento em que a linha elstica no obedece forma senoidal singular,

    o mtodo do pilar-padro pode ser aplicado com auxlio de coeficientes de correo em

    funo da forma de distribuio de momentos. Esses fatores transformam as formas

    imprprias dos diagramas de momentos ao mtodo s formas adequadas equivalentes. O

    mtodo do pilar-padro corrigido tambm conhecido por mtodo do pilar-padro

    melhorado.

    Para diagramas de momentos reversos, o mtodo B poderia ser usado aps uma correo no

    diagrama de momentos. O FIP-CEB Bulletins N 103 (1974) e N 123 (1977) e FRANA

    (1991) fornecem equaes para o clculo de coeficientes corretores, que transformam

    aqueles diagramas em diagramas equivalentes de momentos constantes ao longo do

    comprimento do pilar.

    7.3.1.2.2 Diagrama momento-normal-curvatura (M x N x 1/r)

    As relaes M x N x 1/r podem ser usadas para construir um diagrama de curvaturas para todo

    o elemento, para verificar o equilbrio e a compatibilidade da configurao deformada em

    cada etapa da anlise da estabilidade.

  • 7 Mtodos de dimensionamento 243

    O diagrama M x N x 1/r permite analisar o estado de deformao da seo de concreto

    armado, desde a ausncia de solicitao at as solicitaes ltimas que causam a runa da

    seo.

    O diagrama M x N x 1/r construdo para um esforo normal fixado. O momento interno

    reativo s solicitaes de 1 ordem, para o ELU de instabilidade; quando emprega-se o

    mtodo do pilar-padro, o momento de 2 ordem calculado considerando o deslocamento no

    topo do pilar engastado (eq. 7.35; Figura 7.7).

    Na flexo-compresso, a curvatura da barra no depende da deformao total () das fibras,

    mas to somente da diferena entre as deformaes da fibra mais comprimida (c) e do CG da

    seo plana (0), conforme a eq. (7.37).

    dr1 sic =

    (7.37)

    onde: r1 = curvatura da barra;

    c = deformao linear especfica da fibra mais comprimida do concreto na seo

    armada;

    si = deformao linear especfica do ao da armadura i na seo armada;

    d = altura til da seo armada.

    Para a situao de incndio, a seo no esgotar a sua capacidade resistente enquanto o

    limite de deformao linear especfica do concreto aquecido (eq. 7.38) no for ultrapassado.

    ,cuc0,c r1y +=

    (7.38)

    onde: c, = deformao linear especfica da fibra mais comprimida do concreto

    temperatura elevada na seo armada ;

    0 = deformao linear especfica da no CG da seo;

    cu, = deformao linear especfica ltima do concreto temperatura elevada ;

    yc = distncia entre o CG e um ponto qualquer da seo na zona comprimida.

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 244

    O Eurocode 2 Part 1 (EN 1992-1-1:2004) e Part 2 e (EN 1992-1-2:2004) no limita a

    deformao linear especfica do ao.

    De acordo com os princpios da NBR 6118:2003, o limite de deformao linear especfica do

    ao aquecido da armadura mais tracionada que caracterizaria o ELU do ao poderia ser

    estabelecido pela eq. (7.39), para anlise do estado de deformao da seo armada.

    r1y i,s0,s =

    (7.39)

    onde: s, = deformao linear especfica da fibra mais tracionada do ao temperatura

    elevada na seo armada ;

    ys,i = distncia entre o CG da seo e o CG de cada barra i na zona tracionada.

    Os limites de deformao linear especfica dos materiais estabelecem uma deformao linear

    especfica mxima (0,mx) no CG da seo armada. Um par de valores

    0,r1 define

    inmeros pares de valores de clculo (N, M) possveis, correspondentes ao estado limite de

    deformao da seo.

    A construo dos diagramas M x N x 1/r trabalhosa, por demandar clculos repetitivos de

    tentativas-e-erro e procedimentos passo-a-passo prprios a rotinas de programao em

    computador.

    Segundo Buchanan (2001), a anlise da estabilidade via diagrama M x N x 1/r mais

    apropriada a pilares mistos de ao e concreto ou pilares-parede de concreto armado em

    situao de incndio.

    Para as tabelas do mtodo B do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), os diagramas M x N x 1/r

    foram construdos levando-se em conta os efeitos do calor sobre os materiais, por meio da

    reduo das resistncias caractersticas do concreto e do ao (Cap. 5, item 5.3).

    A seo de concreto foi dividida em faixas de larguras delimitadas por isotermas de 100 C

    em 100 C at 1100C. Em cada faixa, a resistncia do concreto foi considerada constante,

    porm, reduzida em funo da temperatura assumida uniforme dentro de cada faixa (Figura

    7.6).

    Para cada faixa i, o valor de clculo da tenso do concreto temperatura elevada i foi

    determinado em funo da deformao especfica estabelecida pela compatibilidade de

  • 7 Mtodos de dimensionamento 245

    deformaes.

    7.3.1.3 Outros mtodos prescritivos de nvel 1 para o dimensionamento de pilares

    semelhana do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), as normas canadense NBCC (1990) apud

    Harmathy (1993) e australiana AS 3600 (2001) tambm recorreram a equaes empricas para

    o clculo otimizado da capacidade resistente em situao de incndio.

    A simplicidade dessas equaes esconde exaustivas simulaes numricas e extrapolaes de

    resultados experimentais conduzidas por Lie & Allen (1972) apud Lie (1992), Allen & Lie

    (1974) apud Harmathy (1993), Lie et al. (1984) apud Lie (1992), Lie & Woollerton (1988)

    apud Wade et al. (1997) e Lie & Irwin (1993).

    A eq. (7.40) da AS 3600 (2001) o resultado de 792 simulaes numricas com base em 18

    corpos-de-prova testados pelo National Research Council of Canada (LIE &

    WOOLLERTON, 1988 apud WADE et al., 1997).

    > SSd,fid,fi

    SIMNO

    Ok!Ok!Redimensionar o elementoestrutural

    aazzaazz

    temperatura do concreto (c) edas barras da armadura (s)

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100a (mm)

    Tem

    pera

    ture

    (C

    )

    6090

    240

    120

    30

    180

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100a (mm)

    Tem

    pera

    ture

    (C

    )

    6090

    240

    120

    30

    180

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100a (mm)

    Tem

    pera

    ture

    (C

    )

    6090

    240

    120

    30

    180

    TRRF(NBR 14432:2001)

    incio

    Geometria da seo transversalpropriedades trmicas dos materiais

    (concreto endurecido tipo do agregado);Exposio ao calor e condies de contorno

    (quantidade de faces expostas ao calor);Aquecimento ISO 834:1975

    (C) (C) (C)

    determinar s, e c,reduzir as propriedades mecnicas

    do ao e do concreto em funo datemperatura (para o concreto, depende do mtodo usado)reduzir a rea da seo transversal,

    conforme o mtodo clculo dacapacidade resistente da seoarmada (NRd,fi; MRd,fi; etc.)

    Anlise trmicaAnlise trmica numrica

    (softwares)Isotermas ou bacos padronizados

    disponvel na literatura tcnica

    RRd,fid,fi >> SSd,fid,fi

    SIMNO

    Ok!Ok!Redimensionar o elementoestrutural

    aazzaazz

    Figura 7.10: Procedimentos de clculo da capacidade resistente da seo de concreto armado via mtodos simplificados.

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 252

    b

    d2

    xfiLinha neutradh

    As**xxfifi

    cc*fcd,

    s,fi

    sc

    foras resultantes

    aquecimento na zona tracionada

    bloco retangular de tenses do concreto

    deformaes linearesespecficas

    As

    MMRd,fiRd,fi++fix2dz =

    Fs,fi

    Fc,fi

    Fsccu,fi

    az

    az

    azb

    d2

    xfiLinha neutradh

    As**xxfifi

    cc*fcd,

    s,fi

    sc

    foras resultantes

    aquecimento na zona tracionada

    bloco retangular de tenses do concreto

    deformaes linearesespecficas

    As

    MMRd,fiRd,fi++fix2dz =

    Fs,fi

    Fc,fi

    Fsccu,fi

    az

    az

    az

    Figura 7.11: Esforos internos resistentes na seo de momentos positivos.

    sc,fi

    cu,fi

    s,fi

    d2

    xfi

    Linha neutradfih

    As

    **xxfifi

    cc*fcd,foras resultantes

    aquecimento na zona comprimida

    bloco retangular de tenses do concreto

    deformaes linearesespecficas

    MMRd,fiRd,fi

    Fc,fi

    Fs

    Fsc,fi

    az

    fix2dz =

    b

    As

    az

    sc,fi

    cu,fi

    s,fi

    sc,fi

    cu,fi

    s,fi

    d2

    xfi

    Linha neutradfih

    As

    **xxfifi

    cc*fcd,foras resultantes

    aquecimento na zona comprimida

    bloco retangular de tenses do concreto

    deformaes linearesespecficas

    MMRd,fiRd,fi

    Fc,fi

    Fs

    Fsc,fi

    azaz

    fix2dz =

    b

    As

    az

    Figura 7.12: Esforos internos resistentes na seo de momentos negativos.

    Na flexo simples (Figura 7.11 e Figura 7.12), supe-se que o concreto est solicitado sua

    tenso resistente mxima e, o ao, sua tenso de escoamento. A capacidade resistente

    flexo simples da seo calculada por:

    =negativos momentos

    2adfA

    positivos momentos2

    adfAM

    fifiyds

    fi,yds

    fi,R

    (7.42)

    onde: As = rea total do ao das armaduras para arranjo em apenas 1 camada;

    d = altura til da seo armada definida pela distncia entre o CG das armaduras

  • 7 Mtodos de dimensionamento 253

    tracionadas e a fibra mais comprimida de concreto (Figura 7.11);

    dfi = altura til da seo em situao de incndio quando a zona comprimida

    aquecida (eq. 7.43, Figura 7.12);

    afi = altura do bloco de concreto comprimido, i.e., do diagrama retangular simplificado

    de tenses, particular ao mtodo;

    yd,s,yd ff = .

    zfi add = (7.43)

    onde: az = espessura de concreto da face aquecida a ser desprezada na zona comprimida,

    conforme o mtodo simplificado.

    Se a armadura est arranjada em mais de uma camada e o ao o mesmo para todas as barras,

    o produto s,yd Af na eq. (7.42) substitudo por ( )=

    n

    1ii,ssiyd Af , onde Asi a rea e s,i

    o fator de reduo da resistncia do ao em funo da temperatura i da barra i. O CG

    resultante das armaduras dever ser calculado pela eq. (7.2) para o clculo da altura til d e

    dfi (eq. 7.43).

    Dependendo do mtodo, a linha neutra da seo em situao de incndio pode ser estimada

    (eq. 7.44). A constante particular ao mtodo, exceto para o mtodo PCI, onde a linha

    neutra no usada nos clculos.

    10ax fifi

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 254

    aazz

    b

    xfilinha neutra

    dh

    **xxfifi

    s,fi

    sc,fi

    foras resultantes

    aquecimento nas zonastracionada e comprimida

    deformaes linearesespecficas

    MMRd,fiRd,fi

    Fs,fi

    Fc,fi

    Fsc

    NRd,fi

    As

    CG

    ecc*fcd,

    aazz

    2G3

    G2

    fizG1

    dyhz)dh(yz

    x2

    ayhz

    ==

    =

    cu,fi

    d2

    As

    z2

    z1z3

    yGaazz

    b

    xfilinha neutra

    dh

    **xxfifi

    s,fi

    sc,fi

    foras resultantes

    aquecimento nas zonastracionada e comprimida

    deformaes linearesespecficas

    MMRd,fiRd,fi

    Fs,fi

    Fc,fi

    Fsc

    NRd,fi

    As

    CG

    ecc*fcd,

    aazz

    2G3

    G2

    fizG1

    dyhz)dh(yz

    x2

    ayhz

    ==

    =

    cu,fi

    d2

    As

    z2

    z1z3

    yG

    Figura 7.13: Esforos internos resistentes na seo aquecida nas 4 faces, solicitada flexo composta.

    NRd,fi

    MRd,fi

    A A

    B (ruptura do material)

    C (ruptura por instabilidade)

    pilares curtosem situao de incndio

    C

    diagrama de interao (NRd,fi; MRd,fi) em situao de incndio, considerando-se os efeitos da aotrmica sobre os materiais concreto e ao

    (NSd,fi; MSd,fi)esforos solicitantes emsituao de incndio

    ponto-limite

    MSd,fi

    NSd,fi

    NRd,fi

    MRd,fi

    A A

    B (ruptura do material)

    C (ruptura por instabilidade)

    pilares curtosem situao de incndio

    C

    diagrama de interao (NRd,fi; MRd,fi) em situao de incndio, considerando-se os efeitos da aotrmica sobre os materiais concreto e ao

    (NSd,fi; MSd,fi)esforos solicitantes emsituao de incndio

    ponto-limite

    MSd,fi

    NSd,fi

    Figura 7.14: Diagrama de interao (NRd,fi; MRd,fi) de uma seo de concreto armado sob flexo normal composta em situao de incndio e possveis modos de ruptura do elemento.

  • 7 Mtodos de dimensionamento 255

    A capacidade resistente flexo normal composta da seo armada calculada para o esforo

    normal (eq. 7.46) e momento fletor (eq. 7.51). Devem-se levar em conta os efeitos da no-

    linearidade geomtrica.

    fi,sfi,scfi,cfi,Rd FFFN += (7.46)

    onde: NRd,fi = valor de clculo do esforo normal resistente da seo de concreto armado

    solicitada flexo-compresso em situao de incndio;

    Fc,fi = valor de clculo da componente do esforo normal resistente referente ao

    concreto comprimido da seo em situao de incndio (eqs. 7.47 ou 7.48);

    Fsc,fi = valor de clculo da componente do esforo normal resistente referente ao ao

    comprimido da seo em situao de incndio (eq. 7.49);

    Fs,fi = valor de clculo da componente do esforo normal resistente referente ao ao

    preferencialmente tracionado da seo em situao de incndio (eq. 7.50).

    ( )

    = z

    ah

    0 ,c*

    fi,c dybF (7.47)

    onde: b* = largura da seo reduzida, se necessrio;

    c, = tenso de compresso do concreto temperatura uniforme ;

    cc = coeficiente que leva em conta os efeitos de longa durao sobre a resistncia do

    concreto.

    Por simplicidade, o valor de clculo da componente do esforo normal resistente do concreto

    comprimido da seo tambm pode ser calculado (eq. 7.48), desde que o diagrama tenso-

    deformao de compresso do concreto definido por qualquer funo seja substitudo por um

    diagrama retangular equivalente de altura afi (Figura 7.13).

    ( ) *fi,cdcc

    ah

    0 ,c*

    fi,c bafdybFz ==

    (7.48)

    =

    ==m

    1jsjj,scsfi,scfi,sc A'AF (7.49)

    onde: sc,j = tenso da barra comprimida j de rea temperatura j;

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 256

    Asj = rea da barra comprimida j.

    =

    ==n

    1isii,ssfi,sfi,s AAF (7.50)

    onde: s,i = tenso da barra preferencialmente tracionada i de rea Asi temperatura i;

    Asi = rea da barra preferencialmente tracionada i.

    3fi,sc2fi,s1fi,cfi,Rd zFzFzFM ++= (7.51)

    onde: MRd,fi = valor de clculo do momento fletor resistente da seo de concreto armado

    solicitada flexo-compresso em situao de incndio;

    z1 = distncia entre o CG da seo transversal de concreto e o ponto de aplicao da

    fora resultante do concreto comprimido (Figura 7.13);

    z2 = distncia entre o CG da seo transversal de concreto e o CG da armadura

    preferencialmente tracionada, considerando os efeitos da temperatura (Figura 7.13);

    z3 = distncia entre o CG da seo transversal de concreto e o CG da armadura

    preferencialmente comprimida, considerando os efeitos da temperatura (Figura 7.13).

    7.3.2.1 Mtodo DTU, 1974

    Em outubro de 1974, o Centre Scientifique et Technique du Btiment da Frana publicou um

    Document Technique Unifi apresentando o primeiro mtodo simplificado para o clculo da

    capacidade resistente flexo simples ou composta de estruturas de concreto em situao de

    incndio.

    A combinao excepcional de aes do mtodo DTU (1974) dada pela eq. (7.52), inclusos

    os coeficientes de ponderao das aes permanentes e variveis e fator de combinao de

    aes para os ELU.

    k,Qj

    n

    2jk,1Qexc,Q

    m

    1ik,Gifi,d F F F F F

    ==

    +++= (7.52)

    onde: Fd,fi = valor de clculo das combinaes ltimas excepcionais para a situao de

    incndio;

  • 7 Mtodos de dimensionamento 257

    FGi,k = valor caracterstico das aes permanentes i;

    FQ,exc = valor caracterstico da ao excepcional caracterizada por esforos indiretos de

    origem trmica durante o incndio;

    FQ1,k = valor caracterstico da ao varivel principal, para a situao excepcional;

    FQj,k = valor caracterstico das aes variveis j para a situao excepcional,

    incluindo as aes do vento e neve e esforos adicionais devido a deformaes excessivas.

    Os fatores de reduo das resistncias no ELU para as combinaes ltimas excepcionais

    parecem ser os mesmos usados nas combinaes ltimas normais da poca (Tabela 7.13). Dos

    efeitos de longa durao sobre o concreto, apenas o aumento de resistncia do concreto ao

    longo do tempo considerado pelo coeficiente cc.

    Tabela 7.13: Coeficientes de ponderao das resistncias dos materiais no ELU para as combinaes ltimas excepcionais e outras grandezas particulares ao mtodo.

    Mtodo Coeficientes

    DTU (1974) DTU (1980) apud BOUTIN (1983) Descrio

    c 1,5 1,3 Coeficiente de reduo da resistncia caracterstica do concreto. s 1,15 1,0 Coeficiente de reduo da resistncia caracterstica do ao. cc 1,1 1,1 Coeficiente que leva em conta os efeitos de longa durao sobre

    a resistncia do concreto.

    fi

    fi

    xa

    = 0,8 0,8 Profundidade da linha neutra em relao altura do bloco comprimido de concreto (eq. 7.43).

    Para o clculo da posio da linha neutra da seo (eq. 7.44), a altura do bloco comprimido na

    seo corresponde a 80% da linha neutra (eq. 7.53), i.e., a constante = 0,8.

    =egativon momento

    *bfAf

    positivo momento*bf

    Af

    a

    ,cdcc

    syd

    cdcc

    s,yd

    fi

    (7.53)

    onde: .negativo momento vigasse seo, da largura

    positivo momento vigasse ,T"" seo da ecolaborant mesa daou I"" seo da alma da uraarglnegativoou positivo momentos lajes se ,

    *b

    =

    reduzida

    m 1

    As relaes constitutivas dos materiais obedecem s mesmas leis usadas no projeto

  • Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 258

    temperatura ambiente (Figura 7.15), porm, as resistncias caractersticas dos materiais so

    reduzidas em funo da temperatura (Figura 7.16 e Figura 7.17).

    ,cdcc,cc

    2c

    ,cdcc,cc

    f 5,3 2

    211f 20

    =