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7 Mtodos de dimensionamento
7.1 Introduo
O dimensionamento das estruturas de concreto em situao de incndio consiste em avaliar a
resposta trmica e a resposta mecnica da estrutura sob uma ao trmica transiente.
Para a situao normal de uso, o projeto dos elementos estruturais avalia a resposta mecnica
da estrutura em funo: das propriedades mecnicas dos materiais, invariveis em todos os
estgios do projeto da estrutura acabada; das solicitaes atuantes na estrutura (peso prprio,
carga de vento, cargas acidentais, efeitos de retrao, etc.); e do arranjo estrutural (elementos
isostticos ou hiperestticos simples ou compostos).
Para a situao de incndio, o projeto mais complexo, uma vez que a temtica envolve, alm
das mesmas variveis da Mecnica das Estruturas temperatura ambiente, as variveis da
Termodinmica.
A resposta estrutural est intimamente relacionada resposta trmica dos elementos que, por
sua vez, tambm est inter-relacionada resposta trmica dos materiais.
A resposta trmica dos elementos avaliada por meio da anlise trmica, com base nas
propriedades trmicas dos materiais temperatura elevada e na transferncia de calor em
funo da ao trmica representada por modelos matemticos, tais como: curva-padro,
curvas naturais, CFD, etc. (Cap. 2).
A anlise trmica objetiva quantificar a transmisso de calor da face exposta para o interior do
elemento, estabelecendo-se a distribuio interna de temperaturas na seo transversal, e
prover dados para a resposta mecnica do material, tais como: deformao e fluncia,
resistncias caractersticas e mdulo de elasticidade.
A anlise mecnica objetiva quantificar o efeito da variao de temperatura por meio de
esforos sobre a estrutura, devido ao aquecimento transiente. O termo anlise termestrutural
pode ser aplicado quando h uma interface entre a anlise estrutural e a anlise trmica.
H uma variedade de ferramentas desenvolvidas para facilitar as anlises trmica e mecnica
em situao de incndio, desde equaes simplificadas, bacos, grficos, tabelas e softwares
especficos para anlise trmica (LIE, 1972; DTU, 1974; GUSTAFERRO & MARTIN, 1977;
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 208
ISE, 1978; CRSI, 1980; ACI Committee 216, 1981; HARMATHY, 1982; MALHOTRA,
1982; BOUTIN, 1983; LIE, 1984; GUSTAFERRO & LIN, 1986; WICKSTRM, 1986 apud
BUCHANAN, 2001; PURKISS et al., 1988; FIP-CEB Bulletins N 145 (1984), N 174
(1987) e N 208 (1991); TASSIOS & CHRONOPODOS, 1991; HOLMBERG &
ANDERBERG, 1993; LIE & IRWIN, 1993; WADE, 1994; ENV 1992-1-2:1995;
OCONNOR et al., 1995; PURKISS, 1996; WADE et al., 1997; HERTZ, 1999; EN 1992-1-
2:2004; KANG & HONG, 2004; HERTZ, 2006a e 2006b; PURKISS, 2007), at mesmo,
softwares complexos de anlise termestrutural onde o desempenho estrutural avaliado, em
funo do aquecimento (FORSN, 1982; NWOSU et al., 1999; FSD, 2002; FRANSSEN et
al., 2002 e 2005).
7.2 Filosofia de projeto de estruturas de concreto em situao de incndio
O dimensionamento para a situao de incndio objetiva o projeto otimizado do elemento
estrutural em funo da natureza dos esforos solicitantes de origem trmica e mecnica, e
modos de ruptura esperados, para atender os critrios de resistncia ao fogo, estabelecidos
pela legislao.
Os mtodos de clculo existentes baseiam-se em duas hipteses: o incndio acidental e
compartimentado.
Do incndio acidental, decorre:
A excepcionalidade do sinistro, significando que grandes deslocamentos, configuraes de
equilbrio ps-crtico e rupturas localizadas so aceitas desde que no impliquem em risco
de colapso estrutural progressivo que possa vitimar os usurios, durante o incndio.
A possibilidade de controle do incndio pelos meios de protees ativa e passiva,
impedindo ou minimizando a propagao do sinistro. Incndios intencionais tendem a ser
incontrolveis, uma vez que objetivo a destruio propositada do patrimnio e/ou a morte
dos ocupantes.
Do incndio compartimentado, decorre:
A restrio do fogo ao local de origem, limitando a propagao do sinistro e a
generalizao dos danos estruturais, que poderiam induzir o colapso progressivo.
A forma peculiar de exposio ao calor dos elementos estruturais pertencentes ao
7 Mtodos de dimensionamento 209
compartimento, como premissa de projeto. Por ex., as lajes so aquecidas apenas na face
inferior, diretamente exposta ao trmica do incndio (gases quentes e chamas); as vigas
internas so aquecidas em 3 faces a inferior e as duas laterais e as vigas de borda, em 2
faces inferior e lateral interna ao compartimento; os pilares podem ser aquecidos em 1, 2,
3 ou 4 faces, dependendo do seu posicionamento no compartimento.
Os mtodos de clculo no se aplicam a incndios acidentais em espaos abertos, por ex.,
garagens abertas, passagens de trfego abertas (passarelas e viadutos), peculiares de
incndio no-compartimentado, onde o efeito da ventilao pode ser ilimitado.
As regulamentaes de segurana contra-incndio da Amrica do Norte (MILKE, 2002), sia
(HARADA, 1999; TSUJIMOTO & YUSA, 2000), Europa (EN 1991-1-2:2004) e Oceania
(DBH-NZS, 2005) permitem 2 metodologias de projeto para avaliar a resistncia estrutural:
prescritiva ou de desempenho.
A metodologia prescritiva , tradicionalmente, aplicada segurana estrutural contra-
incndio, por meio de normas que prescrevem exigncias de resistncia ao fogo que os
elementos estruturais devem atender.
As exigncias prescritivas fundamentam-se em uma caracterstica-limite, por ex., um tempo-
limite (os TRRFs) ou uma temperatura-limite (a temperatura crtica) da estrutura que
garante a segurana; ultrapassando-se esses limites, o elemento estrutural considerado
incapaz de cumprir a sua funo de suportar as aes trmicas e mecnicas, independente de
outras variantes, por ex., o arranjo estrutural e a eficincia da proteo ativa.
A metodologia de desempenho inter-relaciona os requisitos de resistncia ao fogo dos
elementos estruturais, simples ou compostos, e o seu desempenho em ensaios padronizados ao
desempenho desejado desses elementos, em condies reais de incndio.
As exigncias de desempenho fundamentam-se na anlise ponderada dos elementos
estruturais pertinentes, durante o sinistro: cenrio de incndio, arranjo estrutural, eficincia da
proteo ativa, dentre outros (VILA REAL, 2004).
A despeito dos modelos de incndio realistas, ainda no fcil aplicar as metodologias de
desempenho no projeto de segurana contra incndio, pelas razes a seguir.
A natureza da inter-relao desempenho em ensaio e desempenho em situao real no
conhecida porque os elementos so testados isolados ou, parcialmente isolados (parte de
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 210
prticos), sem considerar o efeito de continuidade de todo o sistema estrutural (MOWRER
& IDING, 2004).
A segurana estrutural de um elemento parte do sistema de segurana global contra
incndio dos edifcios, envolvendo inmeras variveis inter-relacionadas e estratgias de
segurana possveis e complexas de serem medidas em uma avaliao de desempenho;
nem sempre h informaes que permitem prognosticar o incndio real e no h
informaes precisas sobre o comportamento dos usurios em uma situao real de
incndio de um edifcio (BUCHANAN, 2001).
Os hot Eurocodes (EN 1991-1-2:2002; EN 1992-1-2:2004; EN 1993-1-2:2005; EN 1994-1-
2:2005; EN 1995-1-2:2004; EN 1996-1-2:2005; EN 1999-1-2:2007) e a norma brasileira NBR
15200:2004 permitem o uso de mtodos de dimensionamento de elementos de concreto,
classificados em 3 nveis de soluo (SCHAUMANN, 2001):
nvel 1: solues prescritivas, prticas de aplicao imediata em projeto;
nvel 2: mtodos simplificados de dimensionamento para anlise da capacidade resistente
da seo de elementos estruturais isolados, facultativo considerar, de maneira muito
simplificada os esforos adicionais de origem trmica e os efeitos da continuidade dos
elementos;
nvel 3: modelos gerais de clculo caracterizados por efeitos de no-linearidade dos
materiais e geomtrica do elemento temperatura elevada, considerando-se os esforos
adicionais de origem trmica e os efeitos da continuidade dos elementos dentro de um
prtico, de uma parte de um prtico ou de um elemento isolado.
As solues de nveis 1 e 2 so simples, acessveis a qualquer engenheiro de projetos
estruturais, enquanto as solues de nvel 3 so mais dispendiosas por demandar hardwares,
softwares e pessoal especializado.
Nas solues de nvel 1 esto os mtodos tabulares e grficos que fornecem dimenses
mnimas em funo do TRRF, para os elementos em funo de sua caracterstica estrutural.
Ao adotar as solues de nvel 1, a verificao da estrutura em situao de incndio no
necessria.
Nas solues de nvel 2 esto os mtodos analticos para avaliar a capacidade resistente,
7 Mtodos de dimensionamento 211
empregando os mesmos procedimentos de clculo de projeto para a situao normal
acrescidos da anlise trmica, para considerar a reduo das propriedades mecnicas dos
materiais em funo da temperatura.
A maioria dos mtodos simplificados prescritiva, uma vez que bacos auxiliares e os
mtodos de reduo da resistncia do concreto foram projetados assumindo uma distribuio
de temperaturas no elemento com base no aquecimento ISO-834:1975.
Nas solues de nvel 3 esto os procedimentos iterativos de clculo, possveis s com auxlio
computacional. Aceita-se a anlise termestrutural do elemento isolado, desde que os esforos
adicionais de origem trmica ou da no-linearidade possam ser incorporados. A soluo
baseia-se no comportamento global da estrutura.
Os ensaios em laboratrios so o ltimo recurso para as situaes que no se enquadrem
nesses 3 nveis (SCHAUMANN, 2001).
Os hot Eurocodes classificam a preciso da soluo apenas da anlise estrutural, a qual
sensvel preciso da anlise trmica.
A avaliao racional dos nveis de soluo deveria fundamentar-se tambm na anlise
trmica, pois o nvel de refinamento do modelo de incndio deveria ser compatvel ao nvel
de soluo estrutural, para assegurar a consistncia da metodologia de clculo (IWANKIW,
2006; Figura 7.1).
Anlise termestrutural de segurana contra incndio
Anlise estrutural
curvas padronizadasISO 834 ou ASTM E-119
curvas paramtricas
zone models
CFD, BFD
elemento isolado
parte de um prtico
prtico completocurvas de incndios localizados
Anlise trmica(modelos matemticos do incndio)
colapso progressivo
nono!!
Anlise termestrutural de segurana contra incndio
Anlise estrutural
curvas padronizadasISO 834 ou ASTM E-119
curvas paramtricas
zone models
CFD, BFD
elemento isolado
parte de um prtico
prtico completocurvas de incndios localizados
Anlise trmica(modelos matemticos do incndio)
colapso progressivo
Anlise termestrutural de segurana contra incndio
Anlise estrutural
curvas padronizadasISO 834 ou ASTM E-119
curvas paramtricas
zone models
CFD, BFD
elemento isolado
parte de um prtico
prtico completocurvas de incndios localizados
Anlise trmica(modelos matemticos do incndio)
colapso progressivo
nono!!
Figura 7.1: Hierarquia de modelos de incndio e de estrutura para anlise termestrutural otimizada (IWANKIW, 2006; adaptado).
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 212
intuitivo que as simulaes realistas de incndio (curvas paramtricas, zone models, CFD
model, curvas BFD) conectadas anlise de um prtico completo, constituem uma soluo de
nvel 3. Mas, ainda possvel obter solues de nvel 3 de carter prescritivo, se o
aquecimento padronizado for adotado na anlise trmica avanada de partes de um prtico.
Tambm so possveis nveis intermedirios de soluo, dependendo da combinao de
modelos hierrquicos do incndio e da estrutura adotada na anlise termestrutural.
Por outro lado, incoerente e no traz benefcio tcnico usar aquecimento padronizado
(curvas similares ISO 834:1975) para avaliar a estabilidade global e prognosticar o colapso
progressivo de um edifcio (IWANKIW, 2006; Figura 7.1).
7.3 Mtodos de dimensionamento de estruturas de concreto em situao de incndio
A NBR 15200:2004 recomenda o uso de trs mtodos para o dimensionamento: tabular,
simplificado e geral. Os dois ltimos no so detalhados na norma, permitindo ao projetista a
escolha de outros mtodos. A autora desta tese apresenta alguns mtodos simplificados com
propostas de adaptaes realidade brasileira (COSTA, 2002; COSTA & SILVA, 2002;
COSTA et al., 2004; COSTA & SILVA, 2005b; COSTA & SILVA, 2006b e 2006c; COSTA
et al., 2007; COSTA & SILVA, 2007a e 2007b).
A NBR 15200:2004 Projeto de estruturas de concreto em situao de incndio
Procedimento foi elaborada pela CE-02:124.15 Comisso de Estudo de Estruturas de
Concreto Simples, Armado e Protendido, no mbito do CB-02 Comit Brasileiro de
Construo Civil.
7.3.1 Mtodo tabular
O mtodo tabular o mtodo prescritivo mais tradicional para o projeto de estruturas de
concreto em situao de incndio, nos pases contemplados por normas de segurana contra
incndio para projetos de estruturas de concreto (BS 8110-2:1985; ACI 216R, 1989; NBCC,
7 Mtodos de dimensionamento 213
199051 apud HARMATHY, 1993; NZS 3101-1:1995, AS 36002001; EN 1992-1-2:2004;
NBR 15200:2004).
As caractersticas geomtricas dos elementos estruturais mais usuais so organizadas em
tabelas, em funo do tempo requerido de resistncia ao fogo.
A NBR 14432 (2000) Exigncias de Resistncia ao Fogo de Elementos Construtivos das
Edificaes e a Instruo Tcnica IT 08:04 apresentam os tempos requeridos de resistncia
ao fogo (TRRFs), para diversos tipos de edificaes brasileiras.
O mtodo tabular tem aplicao restrita a elementos usuais, de geometria tabelada. Elementos
estruturais cujas formas ou dimenses no constam nas tabelas requerem aproximaes
obtidas por interpolao linear entre os dados, as quais nem sempre oferecem resultados
razoveis e econmicos; nesses casos, o mtodo simplificado mostra-se mais apropriado.
O mtodo tabular para lajes e vigas da NBR 15200:2004 uma adaptao do mtodo tabular
do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), de origem experimental e modelagem numrica.
Os mtodos tabulares dos FIP-CEB Bulletins N 145 (1982), N 174 (1987) e N 208 (1991),
ENV 1992-1-2:1995 e EN 1992-1-2:2004 so similares, porm, com ligeiras modificaes
nas verses subseqentes, devido introduo de novas dimenses ou a pequenos aumentos
nas dimenses preestabelecidas, amparados por anlises experimentais complementares
posteriores.
O concreto usado nos ensaios que deram origem s tabelas possua densidade normal,
agregados silicosos e teor de umidade 2% < U 3%. Suas propriedades trmicas e mecnicas
em funo da temperatura elevada variam dentro das faixas de resultados apresentadas nos
FIP-CEB Bulletins N 145 (1982), N 174 (1987) e N 208 (1991).
No Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), as vigas contnuas tiveram a largura aumentada para
evitar ruptura por cisalhamento na regio dos apoios (CEN, 2003). As dimenses das lajes
lisas derivaram de anlise experimental conduzida por Kordina (1993), no Laboratrio da
Universidade Tcnica de Braunschweig; favor da segurana, os ensaios foram arranjados
para amplificar o efeito da puno e anular quaisquer aes de restries trmicas e de
membrana, durante a redistribuio de momentos.
1 Supplement to the National Building Code of Canada (Associate Committee on the National Building Code 1990).
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 214
O Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) permite incorporar a espessura de revestimentos no-
combustveis apenas s espessuras de lajes (Figura 7.3), para uso do mtodo tabular. A NBR
15200:2004 estende esse recurso s dimenses de quaisquer elementos estruturais, na
determinao das dimenses mnimas necessrias em funo do TRRF.
Os valores mnimos tabulares correspondem s dimenses da seo do elemento e da
distncia mnima (c1) entre o CG da armadura principal e a face mais prxima, exposta ao
calor. As tabelas do mtodo tabular baseiam-se no princpio de que quanto mais afastada
estiver a armadura da face exposta ao calor, menor ser a sua temperatura.
Quanto maior o valor de c1, menor a temperatura de um ponto qualquer da seo (Figura
7.2). A temperatura diminui nas regies prximas ao centro da seo transversal, devido
inrcia trmica do concreto. Dessa forma, quanto maior a seo transversal, tanto maior ser o
ncleo frio (Tabela 7.6).
h c1
800 C
~ 20 C
700 C500 C
300 C150 C
c1
c1
h c1h c1
800 C
~ 20 C
700 C500 C
300 C150 C
c1
c1800 C
~ 20 C
700 C500 C
300 C150 C
800 C
~ 20 C
700 C500 C
300 C150 C
800 C
~ 20 C
700 C500 C
300 C150 C
c1
c1
Figura 7.2: Posio das armaduras em relao a face exposta ao calor.
Quando as barras da armadura forem dispostas em vrias camadas, a distncia mnima (c1)
das tabelas da NBR 15200:2004 ser tomada como sendo a mdia das distncias entre o CG
de cada barra e a face aquecida mais prxima.
A distncia mdia c1m a ser tomada como valor de c1 deve ser o menor dos valores
calculados por:
7 Mtodos de dimensionamento 215
=
=
=
=
As,req) [m].
Os procedimentos de ajuste do valor de c1 so (Figura 7.4):
1 calcula-se o valor de clculo da tenso (s,fi) de trao solicitada pela armadura real em situao de incndio;
2 calcula-se o coeficiente de reduo da armadura s, (eq. 7.6) para a armadura passiva ou p, (eq. 7.7) para a armadura ativa;
3 determina-se a temperatura crtica (cr) em funo de s, ou p,;
4 calcula-se o valor de ajuste (c1) a ser adicionado ou subtrado ao valor de c1 do mtodo tabular (eq. 7.8).
yk
fi,s,s f
=
(7.6)
onde: s, = fator de reduo da resistncia do ao da armadura passiva, em funo da
temperatura elevada .
pk
fi,s,p f
=
(7.7)
onde: p, = fator de reduo da resistncia do ao da armadura ativa, em funo da
temperatura elevada ;
fpk = valor caracterstico da resistncia trao do ao da armadura ativa.
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 220
( )cr1 5001,0c = (7.8)onde: c1 = valor de ajuste a ser adicionado ou subtrado ao valor de c1 tabelado [mm];
cr = temperatura crtica real da armadura [C].
correspondente s, ou p,, via grfico (Figura 5.17) ou tabela (Tabela 5.4); = cr da armadura
incio
=
passiva armaduraAAf
SS
ativa armaduraAAf
SS
real,s
req,s
s
k1,0p
d
fi,d
real,s
req,s
s
yk
d
fi,d
fi,s
passiva armaduraf
ativa armaduraf
pk
fi,s,p
yk
fi,s,s
=
=
( )cr1 5001,0c =
fim
As,real, fyk, s
valor de clculo das solicitaes para:situao de incndio: Sd,fisituao normal: Sdrea de ao requerida no projeto temperatura ambiente: As,req
(C)
s,
ou p
,
cr
11ajust,1 ccc +=
correspondente s, ou p,, via grfico (Figura 5.17) ou tabela (Tabela 5.4); = cr da armadura
incio
=
passiva armaduraAAf
SS
ativa armaduraAAf
SS
real,s
req,s
s
k1,0p
d
fi,d
real,s
req,s
s
yk
d
fi,d
fi,s
passiva armaduraf
ativa armaduraf
pk
fi,s,p
yk
fi,s,s
=
=
( )cr1 5001,0c =
fim
As,real, fyk, s
valor de clculo das solicitaes para:situao de incndio: Sd,fisituao normal: Sdrea de ao requerida no projeto temperatura ambiente: As,req
(C)
s,
ou p
,
cr (C)
s,
ou p
,
cr (C)
s,
ou p
,
cr
11ajust,1 ccc +=
Figura 7.4: Procedimentos de clculo para o ajuste de c1, quando a temperatura da armadura for diferente daquelas da Tabela 7.6.
Para elementos tracionados (tirantes) ou vigas onde as armaduras tracionadas esto aquecidas
a < 400 C, a largura da seo tambm deve ser ajustada (eq. 7.9) ou, alternativamente, a
distncia c1 para obter a temperatura compatvel tenso real solicitada pela armadura; nesse
ltimo caso, recomenda-se uma anlise trmica da seo mais precisa para obter a
7 Mtodos de dimensionamento 221
temperatura real da armadura.
( )crminmod 4008,0bb + (7.9)onde: bmod = largura da seo modificada [mm];
bmn = largura mnima da seo recomendada pelo mtodo tabular [mm].
Tabela 7.8: Dimenses mnimas para vigas contnuas (NBR 15200:2004).
Combinaes de bmn e c1 TRRF (min) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm)
bwmn (mm)
30 80 15 160 12 190 12 80 60 120 25 190 12 300 12 100 90 140 35 250 25 400 25 100 120 200 45 300 35 450 35 120
Quando a redistribuio de momentos negativos superior a 15% no projeto temperatura
ambiente, as lajes e vigas contnuas deveriam ser tratadas como vigas isostticas ao usar o
mtodo tabular, salvo se comprovada a capacidade rotacional dos apoios em situao de
incndio (EN 1992-1-2:2004).
A distncia (c1) e o comprimento de ancoragem das armaduras (b,fi) podem ser estabelecidos
por meio de clculos mais precisos com base nos mtodos simplificados. Para TRRF 90
min, o comprimento de ancoragem da armadura negativa no poderia ser inferior a 30% do
comprimento efetivo do vo (EN 1992-1-2:2004).
Alm da distncia c1, as Tabela 7.9 e Tabela 7.10 apresentam o coeficiente fi para o
projeto de pilares e pilares-parede em situao de incndio52.
Tabela 7.9: Dimenses mnimas para pilares (NBR 15200:2004).
Combinaes de bmn e c1 Mais de uma face exposta Uma face exposta
fi = 0,2 fi = 0,5 fi = 0,7 fi = 0,7 TRRF (min)
bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) 30 190 25 190 25 190 30 140 25 60 190 25 190 35 250 45 140 25 90 190 30 300 45 450 40 155 25 120 250 40 350 45 450 50 175 35
52 A NBR 15200:2004 usa fi ao invs de fi, porm, de mesmo significado.
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 222
Tabela 7.10: Dimenses mnimas para pilares-parede (NBR 15200:2004).
Combinaes de bmn e c1 fi = 0,35 fi = 0,7
uma face exposta duas faces expostas uma face exposta duas faces expostas TRRF (min)
bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm) bmn (mm) c1 (mm)
30 100 10 120 10 120 10 120 10 60 110 10 120 10 130 10 140 10 90 120 20 140 10 140 25 170 25 120 140 25 160 25 160 35 220 35
O coeficiente fi (eq. 7.10) a relao entre os valores de clculo dos esforos normal
solicitante em situao de incndio (NSd,fi) e normal resistente em situao normal (NRd).
Rd
fi,Sdfi N
N=
(7.10)
onde: fi = nvel de carregamento do pilar;
NSd,fi = valor de clculo do esforo normal em situao de incndio, determinado por
meio da combinao ltima excepcional de aes;
NRd = valor de clculo do esforo normal resistente temperatura ambiente.
Na eq. (7.10), devem-se levar em conta os efeitos de excentricidade de 1 e 2 ordem no
clculo do NRd da situao normal de projeto.
As informaes sobre a origem da Tabela 7.10 limitam-se apenas norma DIN 4102 Teil 4,
usada como referncia para o mtodo tabular de pilares-parede (load-bearing wall) do
Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004).
7.3.1.1 Mtodo A do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004)
A Tabela 7.9 uma adaptao do mtodo A do EN 1992-1-2:2004, para o projeto de pilares
contraventados, limitados pelas caractersticas:
distncia entre o CG da armadura e a face prxima exposta ao calor: 25 mm c1 80 mm;
comprimento de efetivo em situao de incndio: e,fi < 3 m;
ndice de esbeltez em situao de incndio: 30i
fi,efi =
l , i = raio de girao da seo;
7 Mtodos de dimensionamento 223
excentricidade de 1 ordem em situao de incndio: mxfi,Sd
fi,Sdfi,1 eN
Me = , onde
b4,0eb15,0 mx ; o Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) recomenda a excentricidade
mxima emx = 0,15.b, sendo b a menor dimenso do pilar.
Os limites de dimenses, comprimento efetivo e excentricidades devem-se s caractersticas
dos 80 pilares testados em um programa experimental desenvolvido por cinco laboratrios
(Tabela 7.11).
Tabela 7.11: Laboratrios responsveis pelos ensaios dos pilares empregados na calibrao do mtodo A da EN 1992-1-2:2004 (DOTREPPE et al., 1996; FRANSSEN, 2000; FRANSSEN, 2001).
Laboratrio Pas Quantidade de corpos-de-prova Laboratrio de Segurana Contra Incndio da Universidade de Ghent Blgica Laboratrio Magnel de Pesquisas de Concreto da Universidade de Ghent Blgica
12
Laboratrio de pontes e Engenharia Estrutural da Universidade de Lige Blgica 8 Laboratrio da Universidade Tcnica de Braunschweig Alemanha 39 National Research Council of Canada (NRCC) Canad 21 total: 80
As caractersticas geomtricas dos corpos-de-prova empregados na concepo do modelo de
clculo justificam as limitaes das dimenses, da taxa de armadura (eq. 7.11) e da
excentricidade em uma direo da seo, para assegurar a validade do mtodo A (COSTA,
2006).
%4AA
c
s
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 224
NSd = valor de clculo do esforo normal solicitante na situao normal [kN];
M1d = valor de clculo momento total de 1 ordem na situao normal [kN.m].
O mtodo A do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) um mtodo emprico, obtido por meio de
anlises numricas auxiliadas pelo software SAFIR53, cujo resultado principal foi uma
formulao simples e prtica (eq. 7.13), onde a resistncia ao axial incluindo os efeitos de
2 ordem (Rfi), o comprimento de esbeltez (R), a menor dimenso da seo (Rb), a
quantidade de barras de ao (Rn) e a suas posies dentro da seo de concreto (Ra), so
particularizados. A envoltria da resistncia apresentada na forma de tempo em minutos de
resistncia ao aquecimento padronizado ISO 834:1975.
A Tabela 7.9 uma aplicao da formulao emprica. O mtodo A do EN 1992-1-2:2004
baseou-se nas propostas de Franssen (2000), apresentadas no SiF2000 First International
Workshop Structures in Fire54. Naquela poca, a prestandard ENV 1992-1-2:1995,
apresentava um mtodo tabular pouco prtico e de resultados nem sempre seguros, para o
projeto de pilares de concreto em situao de incndio.
Para o emprego do mtodo, era necessrio calcular a relao )0(N
N
fi,Rd
fi,dfi = , depreendendo o
clculo da capacidade resistente em situao de incndio na iminncia do incndio (t = 0),
alm do valor de clculo da ao axial para a situao excepcional; assim, o clculo analtico
prvio da resistncia em situao de incndio era necessrio para usar um mtodo de
dimensionamento que deveria ser expedito, de aplicao imediata. Alm disso, quando a
relao fi apresentava resultados diferentes daqueles tabelados, a resistncia precisava ser
determinada por meio de uma interpolao linear dupla entre os valores geomtricos da seo
do pilar, possvel de atender resistncia requerida.
Os Laboratrios da Universidade de Ghent (Laboratrio de Segurana Contra Incndio e
Laboratrio Magnel de Pesquisas de Concreto) realizaram uma anlise experimental
53 O software SAFIR (Structural Analysis of Fire Resistance) foi desenvolvido pela Universidade de Lige para modelagem de estruturas em situao de incndio, por meio do mtodo dos elementos finitos, para anlise no-linearidade fsica e geomtrica (NWOSU et al., 1999; FRANSSEN et al., 2005).
54 Primeiro Workshop Internacional Estruturas em Incndio, realizado em Copenhague, em 2000.
7 Mtodos de dimensionamento 225
paramtrica para avaliar a influncia do nvel de carregamento, da resistncia caracterstica do
concreto e da taxa mecnica de armadura sobre a resistncia de pilares de concreto
submetidos ao incndio-padro ISO 834:1975.
O dimetro e a qualidade das barras de ao e a esbeltez afetaram o desempenho do pilar
aquecido: pilares com armaduras de dimetro 25 mm apresentaram lascamentos mais
significativos e resistncia menor do que pilares de mesma taxa mecnica de armadura de
dimetro = 16 mm (ALDEA et al., 1997; FRANSSEN, 2000).
A esbeltez e o nvel de carregamento dos pilares tambm contribuem na resistncia, mas no
eram considerados no mtodo tabular da ENV 1992-1-2:1995 (FRANSSEN, 2000).
Os resultados experimentais dos Laboratrios de Segurana Contra Incndio e Magnel de
Pesquisas de Concreto da Universidade de Ghent foram somados aos ensaios realizados na
dcada de 80 pela Universidade Tcnica de Braunschweig e pelo National Research Council
of Canada (NRCC), na idealizao do modelo de clculo do mtodo A (eq. 7.13).
A relao de carregamento em situao de incndio fi do ENV 1992-1-2:1995 foi
substituda pelo fi sugerido por Franssen (2000) e adotado pela EN 1992-1-2:2004.
O fator fi independe de qualquer resistncia em situao de incndio (eq. 7.10); calcula-se
o valor da ao axial para a situao de incndio e o valor da resistncia axial para a situao
normal de uso, segundo a EN 1990:2002, considerando a excentricidade de carregamento e os
efeitos de 2 ordem.
A esbeltez considerada diretamente, na componente R (eq. 7.16) e, indiretamente, na
componente Rfi, uma vez que os efeitos de 2 ordem so levados em conta no valor de
clculo do carregamento axial resistente temperatura ambiente, usado na determinao de
fi presente nesta componente.
8.1nbafi
f 120RRRRR
120R
++++= l
(7.13)
onde: Rf = resistncia ao fogo do pilar de concreto [min];
Rfi = componente da resistncia ao fogo dependente do nvel de carregamento [min]
(eq. 7.14);
R = componente da resistncia ao fogo dependente do comprimento efetivo [min] (eq.
7.16);
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 226
Ra = componente da resistncia ao fogo dependente da localizao das barras dentro
da seo de concreto [min] (eq. 7.17);
Rb = componente da resistncia ao fogo dependente da largura efetiva da seo [min]
(eq. 7.18);
Rn = componente da resistncia ao fogo dependente da quantidade de barras [min] (eq.
7.19).
+
+=
cc
fifi 85,01183R
(7.14)
onde: fi = fator de reduo para o nvel de carregamento em situao de incndio (eq. 7.10);
= taxa mecnica para as situao normal de projeto (eq. 7.15);
cc = coeficiente relacionado aos efeitos do carregamento de longa durao (assume o
valor de 0,85 para seo transversal retangular).
cdc
yds
fAfA
=
(7.15)
onde: As = soma da rea da seo transversal de todas as armaduras principais [m];
Ac = rea da seo transversal de concreto [m];
fcd = valor de clculo da resistncia compresso do concreto [MPa];
fyd = valor de clculo da resistncia trao do ao [MPa].
( )m 3
56,9R
fi,e
fi,e
=
l
ll (7.16)
onde: e,fi = comprimento efetivo do pilar em situao de incndio [m].
O comprimento efetivo do pilar o comprimento correspondente a cada modo de flambagem,
7 Mtodos de dimensionamento 227
para elementos isolados ou inseridos em um prtico deslocvel ou indeslocvel (EN 1992-1-
1:2004).
Para a situao de incndio, pode-se adotar o mesmo comprimento efetivo calculado para a
situao normal de projeto (e,fi = e); entretanto, a contribuio da rigidez dos pavimentos
frios adjacentes ao compartimento de incndio pode ser considerada na determinao do
comprimento efetivo.
Para estruturas contraventadas de edifcios com TRRF 30 min (EN 1992-1-2:2004),
ll = 5,0fi,e para pilares de pavimentos intermedirios, e lll 7,05,0 fi,e para pilares de
pavimentos de cobertura, onde o comprimento nominal do pilar, i.e., a distncia entre os
eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar est vinculado.
O efeito de engastamento ideal que as estruturas adjacentes frias do s extremidades do pilar
aquecido uma hiptese recomendada, diretamente, para as estruturas de concreto (EN 1992-
1-2:2004), ao (EN 1993-1-2:2005), mistas de ao e concreto (EN 1994-1-2:2005) e alumnio
(EN 1999-1-2:2007) e, indiretamente, para estruturas de madeira (EN 1995-1-2:2005).
Anlises experimentais ou numricas de estruturas de ns fixos (contraventadas) ou
deslocveis (no-contraventadas) demonstraram que o comprimento efetivo de pilares se
reduz durante o incndio compartimentado (OMEAGHER & BENNETTS, 1991; WANG,
1997; ALI et al., 1998; BAILEY, 2000; ALI & OCONNOR, 2001; ECCSMC, 2001;
WANG, 2002; WANG & DAVIES, 2003a e 2003b; HUANG et al., 2006), porm, a hiptese
de engaste ideal adotada pelos hot Eurocodes tem sido questionada (VALENTE & NEVES,
1999; WANG & DAVIES, 2003a e 2003b; HUANG et al., 2006; GOMES et al., 2007).
Em algumas pesquisas, os pilares biarticulados ( )ll =e temperatura ambiente, sito nos
pavimentos intermedirios e aquecidos em todas as faces, apresentaram: ll > 5,0fi,e para os
de ao (ALI & OCONNOR, 2001; HUANG et al., 2006; GOMES et al., 2007) e
ll > 7,0fi,e para os mistos de ao e concreto (BAILEY, 2000). Tratam-se de concluses
preliminares, limitadas perfis de ao sem proteo trmica, sendo algumas procedentes de
ensaios em escala reduzida.
Bailey (2000) e Wang (2002) reconheceram a falta de dados consistentes suficientes para
essas concluses, uma vez que as pesquisas exclusivas anlise do comprimento efetivo de
pilares em situao de incndio so escassas. At o presente, no foram realizados ensaios de
pilares de concreto armado para tal fim, nem observaes secundrias pertinentes em ensaios
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 228
correlatos ao incndio.
Ali & OConnor (2001) apontaram a falta de uma metodologia de ensaio especfica para
determinar o comprimento efetivo de elementos com extremidades parcialmente engastadas,
justificando a inspeo visual da configurao geomtrica final do pilar, aps o resfriamento,
usada nas estimativas de seus resultados.
Wang & Davies, 2003a e 2003b notaram a concordncia entre os resultados experimentais e
os dos mtodos simplificados do EN 1993-1-2:2005, quando os momentos de 1 ordem
transferidos de uma viga ao pilar de um prtico foram desprezados nos clculos analticos,
usando-se ll = 5,0fi,e .
Wang (2005) lembra outros fenmenos que podem atenuar o efeito qualitativo de
engastamento oferecido pelas estruturas adjacentes frias, por ex.: a perda de aderncia entre o
perfil de ao e o concreto (WANG & DAVIES, 2003a); o esmagamento localizado das
extremidades dos pilares mistos de ao e concreto (BAILEY, 2000; WANG & DAVIES,
2003a; WANG, 2005); o nvel de carregamento e o grau de restrio deformao de origem
trmica (ALI et al., 1998; HUANG et al., 2006) e os efeitos da no-linearidade geomtrica
sobre o prprio comprimento efetivo (NEVES et al., 2002), os quais variam durante o
aquecimento.
Na falta de dados precisos, o modelo ideal de vinculaes para o clculo do comprimento
efetivo razovel, pois os mtodos de clculo recomendados por normas so cobertos pela
redundncia de segurana oferecida pelos coeficientes de ponderao da resistncia dos
materiais e das aes e pelas hipteses simplificadoras de projeto a favor da segurana.
O mtodo A apropriado apenas para pilares de ns fixos. Ele poderia ser estendido a
quaisquer pilares na prtica, ao considerar as hipteses de incndio compartimentado e de que
as estruturas frias adjacentes engastam as extremidades do pilar aquecido por apresentarem
rigidez relativa amplificada comparada rigidez do elemento reduzida pela temperatura.
( )mm 80cmm 25
30c6,1R
1
1a
=
(7.17)
onde: c1 = distncia entre o CG da armadura principal e a face exposta ao calor mais prxima
[mm].
7 Mtodos de dimensionamento 229
mm 450'bmm 200circular al transversseo arap
retangular al transversseo arap5,1bh ,
hbhb2
'b
'b09,0R b
+
=
=
(7.18)
onde: b = largura efetiva da seo-transversal [mm];
b = largura da seo transversal retangular [mm];
h = altura da seo transversal retangular [mm];
= dimetro da seo transversal circular [mm].
>=
=4n para ,12
4n para ,0nR
(7.19)
onde: n = quantidade de barras de ao da armadura principal na seo transversal do pilar.
O fator
+
+
cc
85,01 da componente Rfi (eq. 7.14) no pertencia formulao original (eq.
7.20); ele foi introduzido durante o processo de reviso da norma EN 1992-1-1:2004, como
fator de ajuste do fator de reduo para o nvel de carregamento (fi), quando os efeitos do
carregamento de longa durao (cc) so considerados no clculo da resistncia do concreto
c
cmcc
f
55.
( )fifi 183R = (7.20)
Na concepo do modelo, assumiu-se cc = 0,85 para o clculo da capacidade resistente em
situao normal NRd e do fator fi; entretanto, a EN 1992-1-1:2004 permite usar cc = 1 para
55 vide pg. 231.
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 230
o projeto de elementos de concreto temperatura ambiente, resultando no fator fi menor e,
conseqente, uma resistncia ao fogo virtualmente maior do que aquela calculada para cc =
0,85.
Para pilares curtos de carregamento concntrico, o valor de clculo da capacidade resistente
calculado pela eq. (7.21). A correo do valor de clculo do esforo resistente usando dois
coeficientes cc = 0,85 e qualquer cc 0,85 para o efeito de carregamento de longa durao,
feita pela relao entre as eqs. (7.21) e (7.22).
ccdccsydRd AfAfN += (7.21)
onde: c
ckcd
ff
= .
ccdsydA,Rd Af85,0AfN += (7.22)
onde: NRd,A = valor de clculo da capacidade resistente temperatura ambiente de pilares de
concreto armado usados no mtodo A.
Dividindo-se a eq. (7.21) pela eq. (7.22), tem-se:
85,0NN
AfAf85,0
AfAf
AfAf
AfAf
AfAf85,0Af
AfAfAf
Af85,0AfAfAf
NN
cc
A,Rd
Rd
ccd
ccd
ccd
syd
ccd
ccdcc
ccd
syd
ccd
ccdsyd
ccd
ccdccsyd
ccdsyd
ccdccsyd
A,Rd
Rd
++
=
+
+
+
=
+
+
=+
+=
(7.23)
Normalizando o coeficiente para o carregamento de longa durao no numerador, a eq. (7.23)
simplificada na eq. (7.24), a qual permite somente dois possveis valores: cc = 0,85 ou 1;
portanto, para os casos onde cc < 0,85, as eqs. (7.11) e (7.12) fornecem resultados
ligeiramente conservadores.
cc
cc
A,Rd
Rd
85,01
85,0NN
+
+=
++
= (7.24)
7 Mtodos de dimensionamento 231
O fator de reduo fi foi tambm ajustado para qualquer valor de cc (eq. 7.25) e
substitudo na formulao original do mtodo (eq. 7.20).
fi
cc
Rd
fi,d
ccRd
cc
fi,d
A,Rd
fi,dA,fi 85,0
1NN
85,01
N1
85,0N
NN
+
+=
+
+=
+
+==
(7.25)
onde: fi,A = fator de reduo para o nvel de carregamento em situao de incndio usado no
modelo do mtodo A.
Para pilares esbeltos, a correlao no seria fcil, mas o fator de correo
+
+
cc
85,01
cobre o
valor mximo da correlao possvel para pilares (DOTREPPE, 2004). As tabelas do mtodo
A do EN 1992-1-2:2004 foram construdas para cc = 1.
A Figura 7.5 apresenta a segurana do modelo comparada resistncia ao fogo obtida nos
ensaios. Os resultados da formulao so ligeiramente superiores aos resultados experimentais
usados como base; contudo, as caractersticas geomtricas (cobrimento e dimenses usuais da
seo) usuais nos projetos dos pilares atuais so ligeiramente superiores quelas adotadas nos
ensaios a fim de compensar essas pequenas incertezas.
Para o projeto dos pilares testados nos laboratrios das Universidades de Ghent e Lige,
Franssen (2001) empregou as resistncias mdias do concreto
c
cmcc
f
e do ao
ssmf ,
obtidas experimentalmente para a temperatura ambiente, ao invs do valor caracterstico das
resistncias. Dessa forma, uma margem de segurana foi adicionada, uma vez que a
resistncia caracterstica dos materiais fck < fcm e fyk < fsm so habitualmente usadas no projeto
para a situao normal.
Costa (2006), autora desta tese, investigou a origem dos dados dos ensaios experimentais e
observou algumas divergncias ao cruzar as informaes entre referncias, por ex., Franssen
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 232
(2001) considerou certa restrio rotao das extremidades dos pilares devido s condies
de fixao do equipamento de ensaio, justificando o comprimento efetivo igual a 70% do
comprimento nominal para os corpos-de-prova da Universidade Tcnica de Braunschweig; j
Holmberg & Anderberg (1993) no consideraram a influncia do equipamento sobre
comprimento efetivo desses mesmos corpos-de-prova.
0
60
120
180
240
300
360
0 60 120 180 240 300 360Rf model
Rf e
xp
Ulg, RUG
TUBr
NRC
Circular
Figura 7.5: Comparao entre os resultados experimentais e tericos (FRANSSEN, 2001).
Dotreppe et al. (1996) desprezou a excentricidade acidental no projeto dos corpos-de-prova
das Universidades de Gent e Lige, sujeitos compresso centrada, por consider-la uma
imperfeio possvel a uma situao de execuo do projeto, porm, indesejvel a uma
situao de laboratrio, onde as grandezas so aferidas com grande preciso. No h
informao sobre o mesmo procedimento para os corpos-de-prova da Universidade Tcnica
de Braunschweig e do National Research Council of Canada.
Franssen (2001) considerou a excentricidade acidental no projeto dos corpos-de-prova
sujeitos a carregamentos excntricos, para o clculo da capacidade resistente e calibrao do
mtodo A; nesses casos, a excentricidade acidental (eq. 7.26) na condio de incndio
assumiu o mesmo valor adotado na condio normal prescrito pela ENV 1992-1-1:1995,
usada por Franssen (2001).
inseguro
seguro
7 Mtodos de dimensionamento 233
2e ea
l=
(7.26)
onde: ea = excentricidade acidental [mm];
= desaprumo acidental [rad] (eq. 7.27);
e = comprimento efetivo do pilar isolado temperatura ambiente [mm].
A ENV 1992-1-1:1995 limitava o desaprumo acidental (eq. 7.27) a 1/200, correspondente
altura (mxima) de 4 m de uma estrutura (BEEBY & NARAYANAN, 1995).
2001
1001
e
=l
(7.27)
A eficincia de qualquer mtodo de clculo depende do teor de umidade livre, da natureza dos
agregados, da permeabilidade do concreto e da taxa de aquecimento, a fim de evitar a ao
prematura do spalling.
Assim, para assegurar a eficincia do mtodo A, o EN 1992-1-2:2004 limita a umidade
livre do concreto a 3% em peso e recomenda o uso de uma armadura intermediria sem
funo estrutural, na periferia da seo, sito no meio do cobrimento, quando c1 70 mm
(distncia entre o eixo da armadura principal e a superfcie mais prxima).
Costa (2006) tambm investigou a sensibilidade do mtodo A comparando os valores
tericos aos valores experimentais de resistncia ao fogo de 88 pilares de concreto armado de
seo quadrada testados pelo laboratrio Building Research Station, UK (DAVEY &
ASHTON, 1953; THOMAS & WEBSTER, 1953).
O mtodo A apresentou resultados insatisfatrios para vrios pilares com caractersticas
geomtricas inapropriadas ao mtodo, tais como: dimetro das barras > 25 mm, taxa
mecnica > 4%, ou largura efetiva b > 450 mm.
O mtodo A mostrou-se muito conservador para 36 pilares que possuam chanfros nos
cantos, sinalizando a eficincia da geometria no aumento da capacidade resistente. O chanfro
um, dentre alguns recursos no-estruturais para inibir o lascamento dos cantos de pilares de
sees angulosas.
Tenses trmicas se desenvolvem na microestrutura do elemento de concreto, quando as suas
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 234
faces so aquecidas, devido s deformaes trmicas diferenciais dos componentes do
concreto endurecido. Elas se propagam pela macroestrutura e confluem para os cantos vivos
da seo, contribuindo para o lascamento de canto (COSTA et al., 2002). O chanfro minimiza
a concentrao de tenses trmicas nos cantos, retardando o lascamento do concreto e
exposio da armadura ao calor (COSTA, 2002).
Costa (2006) pondera sobre os resultados satisfatrios obtidos pelos corpos-de-prova no-
chanfrados do laboratrio Building Research Station. Todos os corpos-de-prova desse
laboratrio foram moldados com concreto produzido entre as dcadas de 30 e 50, cujas
caractersticas tecnolgicas so diferentes dos concretos produzidos entre as dcadas de 80 e
90 e adotados para os corpos-de-prova usados na validao do mtodo A.
Uma tentativa de adequar o mtodo A s caractersticas geomtricas de pilares no Brasil foi
proposta por Costa & Silva (2005a); contudo, o seu uso muito limitado porque geralmente
quaisquer pilares de edifcios so dimensionados flexo composta oblqua no pas.
7.3.1.2 Mtodo B do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004)
O Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) fornece o mtodo tabular B, para pilares que possuem
caractersticas diferentes daquelas cobertas pelo mtodo A.
O mtodo tabular B composto de tabelas mais detalhadas (Tabela 7.12) que associam
dimenses e ndice de esbeltez ao TRRF, para uma extensa faixa de taxa de armadura
mecnica e excentricidades de 1 ordem.
Em 2003, Izquierdo56 utilizou o mtodo do pilar-padro clssico, i.e., sem correo,
acoplado ao diagrama momento-normal-curvatura (M x N x 1/r) na anlise da estabilidade de
pilares isolados para construir as tabelas do mtodo B (informao verbal).As tabelas do
mtodo B so aplicaes do mtodo de clculo do pilar-padro, considerando-se o
aquecimento padronizado ISO 834:1975 em todas as faces dos pilares, os efeitos da
temperatura elevada sobre a resistncia e as relaes tenso x deformao dos materiais, na
construo do diagrama momento-normal-curvatura (M x N x 1/r). Os efeitos de 2 ordem so
56 Notcia fornecida pelo prprio autor, Ing. Jos Mara Izquierdo, do Instituto Tcnico de Materiales y Construcciones INTEMAC, Madri, Espanha, em visita tcnica a esse instituto em maio de 2005.
7 Mtodos de dimensionamento 235
estimados por meio de curvatura aproximada.
A idia do mtodo B pode ser usada para qualquer tipo de aquecimento. Os procedimentos
de clculo so (EN 1992-1-2:2004):
Determinar as linhas de mesma temperatura (isotermas) em funo do aquecimento (curva
padro, curvas paramtricas, etc.);
Dividir a seo em faixas, com temperatura mdia de aproximadamente 20 C, 100 C, 200
C, (Figura 7.6);
Determinar a largura wij, a rea Ac i,j e as coordenadas (xi,j, yi,j) do CG de cada faixa ou
reticulado.
Determinar a temperatura elevada no CG de cada barra das armaduras;
Determinar o diagrama M x N x 1/r para NSd,fi, usado as relaes tenso-deformao dos
materiais temperatura elevada, recomendadas pelo Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004) (Cap.
5, eq. 5.15, Tabela 5.3, Figura 5.22 ou Figura 5.23, eqs. 5.20, 5.21, 5.22 e 5.23, Tabela 5.4,
Figura 5.29);
Usar os mtodos convencionais do projeto para a situao normal para determinar o
momento resistente ltimo total (MRd,fi) para NSd,fi e o momento nominal de 2 ordem
(M2,fi), para a curvatura correspondente;
Determinar o momento resistente mximo de 1 ordem (M1Rd,fi) para NSd,fi e M2,fi, por
diferena entre o MRd,fi e o M2fi (Figura 7.8);
Comparar os momentos resistente mximo (M1Rd,fi) ao solicitante (M1Sd,fi), de 1 ordem,
para a situao de incndio. A segurana satisfeita quando a ineq. (7.28) satisfeita.
fi,Rd1fi,Sd1 MM (7.28)
Para as situaes apropriadas, Hosser et al. (1994) e Hietanen (2005) salientam que os
procedimentos de clculo de Izquierdo56 produzem resultados muito conservadores. Hietanen
(2005) recomenda o mtodo A quando possvel, por ser mais completo e preciso, uma vez
que as origens experimentais e calibraes numricas cobrem os efeitos de 2 ordem e
deformaes adicionais de origem trmica.
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 236
Tabela 7.12: Dimenses mnimas para pilares de sees retangular e circular sujeitos flexo composta (valores moderados para momentos de 1 ordem: excentricidade e = 0,5.b 200 mm) com taxa mecnica de armadura = 1 (EN 1992-1-2:2004).
Dimenses mnimas (mm) para a largura do pilar bmin e distncia a do eixo da armadura
= 0,15 = 0,3 = 0,5 = 0,7 TRRF (min)
ndice de esbeltez
bmin a bmin a bmin a bmin a
30 150 25* 150 25* 200 300 30 25*
500 550
30 25
40 150 25* 150 25* 250 450 30 25*
500 600
40 30
50 150 25* 150 200 30
25* 300 500
35 25* 550 35
60 150 25* 200 250 30
25* 350 500
40 25* 550 50
70 150 25* 200 300 30
25* 450 550
50 25* (1)
30
80 150 25* 250 350 30
25* 500 600
35 30 (1)
30 150 25* 200 450 35
25* 350 600
40 30
550 600
45 40
40 150 200 30 25*
200 500
40 25*
450 500
50 35 600 40
50 150 250 35 25*
250 550
40 25*
500 600
40 35 600 60
60 200 350 30 25*
300 600
40 25*
500 600
50 40 (1)
70 250 450 30 25*
350 600
40 30
550 600
50 45 (1)
60
80 250 500 55 25*
450 500
40 35* 600 70 (1)
30 200 300 35 25*
250 550
50 25*
500 600
50 40 600 70
40 200 450 40 25*
300 600
50 30
500 600
55 45 (1)
50 200 500 45 25*
350 600
50 35 550 50 (1)
60 200 550 50 25*
450 600
50 40 600 60 (1)
70 250 600 45 30
500 600
50 45 600 80 (1)
90
80 250 500 50 35
500 600
55 45 (1) (1)
30 200 450 50 25*
450 600
45 25*
550 600
55 50 (1)
40 250 500 50 25*
500 600
40 30 600 65 (1)
50 300 550 40 25*
500 600
50 35 (1) (1)
60 350 550 45 25*
500 600
60 40 (1) (1)
70 450 600 40 30
550 600
60 50 (1) (1)
120
80 450 600 45 30 600 65 (1) (1)
* Normalmente o cobrimento recomendado em situao normal suficiente.
( )ydscdcEd,0
fAfAN
+= , onde N0,Ed o carregamento de 1 ordem aplicado ao pilar.
cdc
yds
fAfA
=
(1) necessria largura maior que 600 mm. Uma avaliao particular da flambagem requerida.
7 Mtodos de dimensionamento 237
O mtodo tabular B no seria, a princpio, aplicvel a pilares flexo composta oblqua,
nem flexo normal composta quando h excentricidades de carregamento ou momentos
reversos nas extremidades, ou seo com distribuio assimtrica de armaduras, ou
distribuio de armaduras variveis ao longo do eixo do pilar.
Para entender as deficincias e limitaes do mtodo B, os conceitos do mtodo do pilar-
padro so recordados a seguir.
sup
inf
s1
s2
faixas delimitadas pelas isotermas compatibilidade de deformaes
xi,j
Ac i,j
y i,j
c i,j
s3
tenses correspondentes sdeformaes
( )3s,s s
Fs1,fi
Fs2,fi
Fs3,fi
Fc i,j=
n,m
j,ij,icfi,c FF
= cc j,i,cj,i
MMRd,fiRd,fi
NRd,fi
e
CG
( )1s,s s
( )2s,s s
linha neutra emsituao de incndio
foras resultantes esforos resultantes daseo
( )
=
+
=
=
=
ji, c
3
,1c
j,i
,1c
j,i
,cj,i,cj,i
ji, cj,i c,cj,i c
A concreto de rea da mdia ra temperatu
c2
c3
fcc
;AF
( )( )( ) 3s3s,sfi,3s
2s2s,sfi,2s
1s1s,sfi,1s
AF
AF
AF
s
s
s
=
=
=
sup
inf
s1
s2
faixas delimitadas pelas isotermas compatibilidade de deformaes
xi,j
Ac i,j
y i,j
c i,j
s3
tenses correspondentes sdeformaes
( )3s,s s
Fs1,fi
Fs2,fi
Fs3,fi
Fc i,j=
n,m
j,ij,icfi,c FF
= cc j,i,cj,i
MMRd,fiRd,fi
NRd,fi
e
CG
( )1s,s s
( )2s,s s
linha neutra emsituao de incndio
foras resultantes esforos resultantes daseo
( )
=
+
=
=
=
ji, c
3
,1c
j,i
,1c
j,i
,cj,i,cj,i
ji, cj,i c,cj,i c
A concreto de rea da mdia ra temperatu
c2
c3
fcc
;AF
( )( )( ) 3s3s,sfi,3s
2s2s,sfi,2s
1s1s,sfi,1s
AF
AF
AF
s
s
s
=
=
=
Figura 7.6: Diviso da seo de concreto do pilar em faixas (EN 1992-1-2:2004, adaptado).
7.3.1.2.1 O mtodo do pilar-padro
Por definio, o pilar-padro um pilar perfeitamente engastado na base e livre no topo,
solicitado exclusivamente a um esforo normal que provoca uma linha elstica igual a uma
funo senide de ordem 1 (eq. 7.29; Figura 7.7).
( )
e
e2
x0
xsenexy
l
l
=
(7.29)
onde: y(x) = linha elstica do pilar;
x = varivel que representa a distncia entre a base e um ponto qualquer acima ao
longo do comprimento do pilar;
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 238
e2 = deslocamento horizontal do topo do pilar, devido a deformao da barra;
e = comprimento efetivo do pilar.
x
e2
y
base 0
Ne1
N
ll = 2e0r1
( )
2x0
xsenexy
e
e2
l
l
=
x
e2
y
base 0
Ne1
N
ll = 2e0r1
( )
2x0
xsenexy
e
e2
l
l
=
Notas:
na base: 2
x el
=
no topo: x = 0 comprimento nominal: comprimento efetivo: e = 2* para pilar engastado
em uma extremidade e livre na outra Figura 7.7: O modelo do pilar-padro e sua linha elstica senoidal.
Assume-se que a curvatura determinada, por simplicidade, pela 2 derivada da linha elstica
(eq. 7.30). Tal simplificao fornece a linha elstica e sua curvatura proporcionais, prprias de
um material elstico-linear e pequenos deslocamentos.Para um material no-linear, tal como o
concreto, no h proporcionalidade entre a linha elstica e a curvatura; mesmo assim, essa
aproximao admitida para a anlise da estabilidade de pilares de concreto armado
temperatura ambiente e a impreciso do modelo controlada por meio de restries sua
aplicao.
7 Mtodos de dimensionamento 239
( )
=
=
=
=
xsener1
xsenedx
yd
xcosedxdy
xsenexy
e
2
e2
e
2
e22
2
ee2
e2
ll
ll
ll
l
(7.30)
onde: r1 = funo curvatura aproximada do pilar.
O deslocamento no topo do pilar pode ser calculado em funo da curvatura na base e do
comprimento do pilar (FIP-CEB Bulletins N 103 (1974) e N 123 (1977)):
0
2e
0
2e
2
2
e2
2
e2
e
e
2
e2
2x0
r1
10r1e
e2
sene2
sener1
r1
e
=
=
=
==
=
ll
ll
l
lll
(7.31)
onde: 0r1 = curvatura na base do pilar.
O modelo pode ser estendido a qualquer pilar, independente das condies de vnculos, pois o
efeito das vinculaes pode ser considerado por meio do comprimento efetivo (e).
Na configurao deformada do pilar-padro (Figura 7.7), o momento fletor solicitante final no
engaste, i.e., base do pilar, composto por duas parcelas (eq. 7.32): uma correspondente ao
momento inicial, de 1 ordem, e outra correspondente ao momento adicional decorrente da
no-linearidade geomtrica.
21 MMM += (7.32)
onde: M = momento total solicitante na configurao deformada do pilar-padro;
M1 = momento solicitante devido excentricidade inicial ou de 1 ordem (eq. 7.33);
M2 = momento solicitante devido excentricidade adicional (ou de 2 ordem) devido
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 240
ao deslocamento do topo do pilar-padro (eq. 7.34).
11 eNM = (7.33)
onde: N = carregamento normal seo transversal do topo do pilar-padro;
e1 = excentricidade inicial ou de 1 ordem do carregamento normal aplicado.
22 eNM = (7.34)
onde: e2 = excentricidade adicional ou de 2 ordem do carregamento aplicado, devido ao
deslocamento do topo do pilar-padro (eq. 7.35).
0
2e
2 r1e
=l
(7.35)
A eq. (7.36) a equao geral do momento fletor atuante na base do pilar-padro, para cada
etapa da verificao da estabilidade.
0
2e
1 r1NMM
+=l
(7.36)
No modelo do pilar-padro, a seo crtica do pilar a seo da base. A verificao da
estabilidade restrita anlise da base, considerada seo crtica, admitindo-se que as demais
sees estaro verificadas.
Para uma anlise mais precisa, a verificao da estabilidade deve basear-se na anlise do
estado de deformao da seo crtica por meio do diagrama M x N x 1/r, construdo por
tentativas, para cada esforo normal aplicado.
O diagrama M x N x 1/r estabelece o estado de deformao da seo em funo da curvatura
do elemento, desde zero at um valor mximo representativo da runa do material, que
caracteriza o momento interno ltimo.
A construo dos diagramas M x N x 1/r baseia-se na compatibilidade de deformaes entre o
7 Mtodos de dimensionamento 241
concreto e o ao, valendo-se da hiptese de Navier-Bernoulli, pela qual a seo do concreto
armado plana e permanece plana aps a deformao do elemento (Figura 7.6).
Da hiptese de Navier-Bernoulli, quaisquer esforos adicionais decorrentes de deformaes
diferenciais da seo, i.e., empenamento da seo devido ao gradiente trmico foram
desprezados na modelagem do mtodo B (EN 1992-1-2:2004).
A idia fundamental do diagrama M x N x 1/r simples: a curvatura est relacionada s
deformaes e, estas, s tenses, por meio das equaes constitutivas dos materiais;
conhecendo-se as tenses, as deformaes e a curvatura, calcula-se a o esforo normal e
momento fletor resistentes (SANTOS, 1987).
A condio de equilbrio do pilar satisfeita quando o momento externo (eq. 7.32) menor
ou igual ao momento interno. O momento interno possvel definido pelo ponto de tangncia
da curva, estabelecido pela reta tangente, paralela funo linear do momento de 2 ordem via
mtodo do pilar-padro (eq. 7.36; Figura 7.8).
=
r1fM fi
r1NeNM
2e
fi,Sd2fi,Sdfi,2
==l
MRd,fiM1Rd,fi
Mfi
M2,fi
r1
=
r1fM fi
r1NeNM
2e
fi,Sd2fi,Sdfi,2
==l
MRd,fiM1Rd,fi
Mfi
M2,fi
r1
Figura 7.8: Determinao dos momentos fletores ltimo (MRd,fi), de 2 ordem (M2,fi) e ltimo de 1 ordem (M1Rd,fi) do pilar esbelto em situao de incndio (EN 1992-1-2:2004).
A curvatura na base
0r1 , correspondente ao momento fletor resistente ltimo para o
carregamento em questo, desconhecida. Para facilitar os clculos, pode-se admitir por
aproximao, a curvatura (CEB-FIP MC 1990, 1993; EN 1992-1-1:2004) ou a rigidez da
seo crtica do pilar-padro (FRANA, 1991).
MRd,fi = M1Rd,fi + M2,fi
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 242
Para a situao normal, a NBR 6118:2003 permite usar as duas simplificaes para pilares
com esbeltez < 90: a curvatura aproximada ou a rigidez aproximada. As simplificaes
usadas para o clculo da rigidez aproximada esto associadas aos limites de deformao do
ao e do concreto temperatura ambiente (FRANA, 1991); por isso, apenas a curvatura
aproximada pode ser usada para a situao de incndio.
A proporcionalidade entre a linha elstica e a sua curvatura limita a preciso do mtodo do
pilar-padro a pilares que possuem seo transversal, rea e distribuio de armaduras
constantes ao longo do comprimento.
O resultado obtido pelo mtodo do pilar-padro independe da forma do diagrama de
momentos de 1 ordem, uma vez que apenas o valor do momento na base do pilar
considerado no modelo. O carregamento no pode ter componente horizontal, uma vez que os
resultados precisos so obtidos para uma deformao prxima senide.
Por essas razes, o mtodo no apropriado a situaes de carregamento geradoras de
momentos reversos, os quais produzem curvaturas reversas, pois a funo seno idealizada do
mtodo possui curvatura simples (Figura 7.7).
Nas situaes de carregamento em que a linha elstica no obedece forma senoidal singular,
o mtodo do pilar-padro pode ser aplicado com auxlio de coeficientes de correo em
funo da forma de distribuio de momentos. Esses fatores transformam as formas
imprprias dos diagramas de momentos ao mtodo s formas adequadas equivalentes. O
mtodo do pilar-padro corrigido tambm conhecido por mtodo do pilar-padro
melhorado.
Para diagramas de momentos reversos, o mtodo B poderia ser usado aps uma correo no
diagrama de momentos. O FIP-CEB Bulletins N 103 (1974) e N 123 (1977) e FRANA
(1991) fornecem equaes para o clculo de coeficientes corretores, que transformam
aqueles diagramas em diagramas equivalentes de momentos constantes ao longo do
comprimento do pilar.
7.3.1.2.2 Diagrama momento-normal-curvatura (M x N x 1/r)
As relaes M x N x 1/r podem ser usadas para construir um diagrama de curvaturas para todo
o elemento, para verificar o equilbrio e a compatibilidade da configurao deformada em
cada etapa da anlise da estabilidade.
7 Mtodos de dimensionamento 243
O diagrama M x N x 1/r permite analisar o estado de deformao da seo de concreto
armado, desde a ausncia de solicitao at as solicitaes ltimas que causam a runa da
seo.
O diagrama M x N x 1/r construdo para um esforo normal fixado. O momento interno
reativo s solicitaes de 1 ordem, para o ELU de instabilidade; quando emprega-se o
mtodo do pilar-padro, o momento de 2 ordem calculado considerando o deslocamento no
topo do pilar engastado (eq. 7.35; Figura 7.7).
Na flexo-compresso, a curvatura da barra no depende da deformao total () das fibras,
mas to somente da diferena entre as deformaes da fibra mais comprimida (c) e do CG da
seo plana (0), conforme a eq. (7.37).
dr1 sic =
(7.37)
onde: r1 = curvatura da barra;
c = deformao linear especfica da fibra mais comprimida do concreto na seo
armada;
si = deformao linear especfica do ao da armadura i na seo armada;
d = altura til da seo armada.
Para a situao de incndio, a seo no esgotar a sua capacidade resistente enquanto o
limite de deformao linear especfica do concreto aquecido (eq. 7.38) no for ultrapassado.
,cuc0,c r1y +=
(7.38)
onde: c, = deformao linear especfica da fibra mais comprimida do concreto
temperatura elevada na seo armada ;
0 = deformao linear especfica da no CG da seo;
cu, = deformao linear especfica ltima do concreto temperatura elevada ;
yc = distncia entre o CG e um ponto qualquer da seo na zona comprimida.
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 244
O Eurocode 2 Part 1 (EN 1992-1-1:2004) e Part 2 e (EN 1992-1-2:2004) no limita a
deformao linear especfica do ao.
De acordo com os princpios da NBR 6118:2003, o limite de deformao linear especfica do
ao aquecido da armadura mais tracionada que caracterizaria o ELU do ao poderia ser
estabelecido pela eq. (7.39), para anlise do estado de deformao da seo armada.
r1y i,s0,s =
(7.39)
onde: s, = deformao linear especfica da fibra mais tracionada do ao temperatura
elevada na seo armada ;
ys,i = distncia entre o CG da seo e o CG de cada barra i na zona tracionada.
Os limites de deformao linear especfica dos materiais estabelecem uma deformao linear
especfica mxima (0,mx) no CG da seo armada. Um par de valores
0,r1 define
inmeros pares de valores de clculo (N, M) possveis, correspondentes ao estado limite de
deformao da seo.
A construo dos diagramas M x N x 1/r trabalhosa, por demandar clculos repetitivos de
tentativas-e-erro e procedimentos passo-a-passo prprios a rotinas de programao em
computador.
Segundo Buchanan (2001), a anlise da estabilidade via diagrama M x N x 1/r mais
apropriada a pilares mistos de ao e concreto ou pilares-parede de concreto armado em
situao de incndio.
Para as tabelas do mtodo B do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), os diagramas M x N x 1/r
foram construdos levando-se em conta os efeitos do calor sobre os materiais, por meio da
reduo das resistncias caractersticas do concreto e do ao (Cap. 5, item 5.3).
A seo de concreto foi dividida em faixas de larguras delimitadas por isotermas de 100 C
em 100 C at 1100C. Em cada faixa, a resistncia do concreto foi considerada constante,
porm, reduzida em funo da temperatura assumida uniforme dentro de cada faixa (Figura
7.6).
Para cada faixa i, o valor de clculo da tenso do concreto temperatura elevada i foi
determinado em funo da deformao especfica estabelecida pela compatibilidade de
7 Mtodos de dimensionamento 245
deformaes.
7.3.1.3 Outros mtodos prescritivos de nvel 1 para o dimensionamento de pilares
semelhana do Eurocode 2 (EN 1992-1-2:2004), as normas canadense NBCC (1990) apud
Harmathy (1993) e australiana AS 3600 (2001) tambm recorreram a equaes empricas para
o clculo otimizado da capacidade resistente em situao de incndio.
A simplicidade dessas equaes esconde exaustivas simulaes numricas e extrapolaes de
resultados experimentais conduzidas por Lie & Allen (1972) apud Lie (1992), Allen & Lie
(1974) apud Harmathy (1993), Lie et al. (1984) apud Lie (1992), Lie & Woollerton (1988)
apud Wade et al. (1997) e Lie & Irwin (1993).
A eq. (7.40) da AS 3600 (2001) o resultado de 792 simulaes numricas com base em 18
corpos-de-prova testados pelo National Research Council of Canada (LIE &
WOOLLERTON, 1988 apud WADE et al., 1997).
> SSd,fid,fi
SIMNO
Ok!Ok!Redimensionar o elementoestrutural
aazzaazz
temperatura do concreto (c) edas barras da armadura (s)
0
200
400
600
800
1000
1200
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100a (mm)
Tem
pera
ture
(C
)
6090
240
120
30
180
0
200
400
600
800
1000
1200
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100a (mm)
Tem
pera
ture
(C
)
6090
240
120
30
180
0
200
400
600
800
1000
1200
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100a (mm)
Tem
pera
ture
(C
)
6090
240
120
30
180
TRRF(NBR 14432:2001)
incio
Geometria da seo transversalpropriedades trmicas dos materiais
(concreto endurecido tipo do agregado);Exposio ao calor e condies de contorno
(quantidade de faces expostas ao calor);Aquecimento ISO 834:1975
(C) (C) (C)
determinar s, e c,reduzir as propriedades mecnicas
do ao e do concreto em funo datemperatura (para o concreto, depende do mtodo usado)reduzir a rea da seo transversal,
conforme o mtodo clculo dacapacidade resistente da seoarmada (NRd,fi; MRd,fi; etc.)
Anlise trmicaAnlise trmica numrica
(softwares)Isotermas ou bacos padronizados
disponvel na literatura tcnica
RRd,fid,fi >> SSd,fid,fi
SIMNO
Ok!Ok!Redimensionar o elementoestrutural
aazzaazz
Figura 7.10: Procedimentos de clculo da capacidade resistente da seo de concreto armado via mtodos simplificados.
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 252
b
d2
xfiLinha neutradh
As**xxfifi
cc*fcd,
s,fi
sc
foras resultantes
aquecimento na zona tracionada
bloco retangular de tenses do concreto
deformaes linearesespecficas
As
MMRd,fiRd,fi++fix2dz =
Fs,fi
Fc,fi
Fsccu,fi
az
az
azb
d2
xfiLinha neutradh
As**xxfifi
cc*fcd,
s,fi
sc
foras resultantes
aquecimento na zona tracionada
bloco retangular de tenses do concreto
deformaes linearesespecficas
As
MMRd,fiRd,fi++fix2dz =
Fs,fi
Fc,fi
Fsccu,fi
az
az
az
Figura 7.11: Esforos internos resistentes na seo de momentos positivos.
sc,fi
cu,fi
s,fi
d2
xfi
Linha neutradfih
As
**xxfifi
cc*fcd,foras resultantes
aquecimento na zona comprimida
bloco retangular de tenses do concreto
deformaes linearesespecficas
MMRd,fiRd,fi
Fc,fi
Fs
Fsc,fi
az
fix2dz =
b
As
az
sc,fi
cu,fi
s,fi
sc,fi
cu,fi
s,fi
d2
xfi
Linha neutradfih
As
**xxfifi
cc*fcd,foras resultantes
aquecimento na zona comprimida
bloco retangular de tenses do concreto
deformaes linearesespecficas
MMRd,fiRd,fi
Fc,fi
Fs
Fsc,fi
azaz
fix2dz =
b
As
az
Figura 7.12: Esforos internos resistentes na seo de momentos negativos.
Na flexo simples (Figura 7.11 e Figura 7.12), supe-se que o concreto est solicitado sua
tenso resistente mxima e, o ao, sua tenso de escoamento. A capacidade resistente
flexo simples da seo calculada por:
=negativos momentos
2adfA
positivos momentos2
adfAM
fifiyds
fi,yds
fi,R
(7.42)
onde: As = rea total do ao das armaduras para arranjo em apenas 1 camada;
d = altura til da seo armada definida pela distncia entre o CG das armaduras
7 Mtodos de dimensionamento 253
tracionadas e a fibra mais comprimida de concreto (Figura 7.11);
dfi = altura til da seo em situao de incndio quando a zona comprimida
aquecida (eq. 7.43, Figura 7.12);
afi = altura do bloco de concreto comprimido, i.e., do diagrama retangular simplificado
de tenses, particular ao mtodo;
yd,s,yd ff = .
zfi add = (7.43)
onde: az = espessura de concreto da face aquecida a ser desprezada na zona comprimida,
conforme o mtodo simplificado.
Se a armadura est arranjada em mais de uma camada e o ao o mesmo para todas as barras,
o produto s,yd Af na eq. (7.42) substitudo por ( )=
n
1ii,ssiyd Af , onde Asi a rea e s,i
o fator de reduo da resistncia do ao em funo da temperatura i da barra i. O CG
resultante das armaduras dever ser calculado pela eq. (7.2) para o clculo da altura til d e
dfi (eq. 7.43).
Dependendo do mtodo, a linha neutra da seo em situao de incndio pode ser estimada
(eq. 7.44). A constante particular ao mtodo, exceto para o mtodo PCI, onde a linha
neutra no usada nos clculos.
10ax fifi
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 254
aazz
b
xfilinha neutra
dh
**xxfifi
s,fi
sc,fi
foras resultantes
aquecimento nas zonastracionada e comprimida
deformaes linearesespecficas
MMRd,fiRd,fi
Fs,fi
Fc,fi
Fsc
NRd,fi
As
CG
ecc*fcd,
aazz
2G3
G2
fizG1
dyhz)dh(yz
x2
ayhz
==
=
cu,fi
d2
As
z2
z1z3
yGaazz
b
xfilinha neutra
dh
**xxfifi
s,fi
sc,fi
foras resultantes
aquecimento nas zonastracionada e comprimida
deformaes linearesespecficas
MMRd,fiRd,fi
Fs,fi
Fc,fi
Fsc
NRd,fi
As
CG
ecc*fcd,
aazz
2G3
G2
fizG1
dyhz)dh(yz
x2
ayhz
==
=
cu,fi
d2
As
z2
z1z3
yG
Figura 7.13: Esforos internos resistentes na seo aquecida nas 4 faces, solicitada flexo composta.
NRd,fi
MRd,fi
A A
B (ruptura do material)
C (ruptura por instabilidade)
pilares curtosem situao de incndio
C
diagrama de interao (NRd,fi; MRd,fi) em situao de incndio, considerando-se os efeitos da aotrmica sobre os materiais concreto e ao
(NSd,fi; MSd,fi)esforos solicitantes emsituao de incndio
ponto-limite
MSd,fi
NSd,fi
NRd,fi
MRd,fi
A A
B (ruptura do material)
C (ruptura por instabilidade)
pilares curtosem situao de incndio
C
diagrama de interao (NRd,fi; MRd,fi) em situao de incndio, considerando-se os efeitos da aotrmica sobre os materiais concreto e ao
(NSd,fi; MSd,fi)esforos solicitantes emsituao de incndio
ponto-limite
MSd,fi
NSd,fi
Figura 7.14: Diagrama de interao (NRd,fi; MRd,fi) de uma seo de concreto armado sob flexo normal composta em situao de incndio e possveis modos de ruptura do elemento.
7 Mtodos de dimensionamento 255
A capacidade resistente flexo normal composta da seo armada calculada para o esforo
normal (eq. 7.46) e momento fletor (eq. 7.51). Devem-se levar em conta os efeitos da no-
linearidade geomtrica.
fi,sfi,scfi,cfi,Rd FFFN += (7.46)
onde: NRd,fi = valor de clculo do esforo normal resistente da seo de concreto armado
solicitada flexo-compresso em situao de incndio;
Fc,fi = valor de clculo da componente do esforo normal resistente referente ao
concreto comprimido da seo em situao de incndio (eqs. 7.47 ou 7.48);
Fsc,fi = valor de clculo da componente do esforo normal resistente referente ao ao
comprimido da seo em situao de incndio (eq. 7.49);
Fs,fi = valor de clculo da componente do esforo normal resistente referente ao ao
preferencialmente tracionado da seo em situao de incndio (eq. 7.50).
( )
= z
ah
0 ,c*
fi,c dybF (7.47)
onde: b* = largura da seo reduzida, se necessrio;
c, = tenso de compresso do concreto temperatura uniforme ;
cc = coeficiente que leva em conta os efeitos de longa durao sobre a resistncia do
concreto.
Por simplicidade, o valor de clculo da componente do esforo normal resistente do concreto
comprimido da seo tambm pode ser calculado (eq. 7.48), desde que o diagrama tenso-
deformao de compresso do concreto definido por qualquer funo seja substitudo por um
diagrama retangular equivalente de altura afi (Figura 7.13).
( ) *fi,cdcc
ah
0 ,c*
fi,c bafdybFz ==
(7.48)
=
==m
1jsjj,scsfi,scfi,sc A'AF (7.49)
onde: sc,j = tenso da barra comprimida j de rea temperatura j;
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 256
Asj = rea da barra comprimida j.
=
==n
1isii,ssfi,sfi,s AAF (7.50)
onde: s,i = tenso da barra preferencialmente tracionada i de rea Asi temperatura i;
Asi = rea da barra preferencialmente tracionada i.
3fi,sc2fi,s1fi,cfi,Rd zFzFzFM ++= (7.51)
onde: MRd,fi = valor de clculo do momento fletor resistente da seo de concreto armado
solicitada flexo-compresso em situao de incndio;
z1 = distncia entre o CG da seo transversal de concreto e o ponto de aplicao da
fora resultante do concreto comprimido (Figura 7.13);
z2 = distncia entre o CG da seo transversal de concreto e o CG da armadura
preferencialmente tracionada, considerando os efeitos da temperatura (Figura 7.13);
z3 = distncia entre o CG da seo transversal de concreto e o CG da armadura
preferencialmente comprimida, considerando os efeitos da temperatura (Figura 7.13).
7.3.2.1 Mtodo DTU, 1974
Em outubro de 1974, o Centre Scientifique et Technique du Btiment da Frana publicou um
Document Technique Unifi apresentando o primeiro mtodo simplificado para o clculo da
capacidade resistente flexo simples ou composta de estruturas de concreto em situao de
incndio.
A combinao excepcional de aes do mtodo DTU (1974) dada pela eq. (7.52), inclusos
os coeficientes de ponderao das aes permanentes e variveis e fator de combinao de
aes para os ELU.
k,Qj
n
2jk,1Qexc,Q
m
1ik,Gifi,d F F F F F
==
+++= (7.52)
onde: Fd,fi = valor de clculo das combinaes ltimas excepcionais para a situao de
incndio;
7 Mtodos de dimensionamento 257
FGi,k = valor caracterstico das aes permanentes i;
FQ,exc = valor caracterstico da ao excepcional caracterizada por esforos indiretos de
origem trmica durante o incndio;
FQ1,k = valor caracterstico da ao varivel principal, para a situao excepcional;
FQj,k = valor caracterstico das aes variveis j para a situao excepcional,
incluindo as aes do vento e neve e esforos adicionais devido a deformaes excessivas.
Os fatores de reduo das resistncias no ELU para as combinaes ltimas excepcionais
parecem ser os mesmos usados nas combinaes ltimas normais da poca (Tabela 7.13). Dos
efeitos de longa durao sobre o concreto, apenas o aumento de resistncia do concreto ao
longo do tempo considerado pelo coeficiente cc.
Tabela 7.13: Coeficientes de ponderao das resistncias dos materiais no ELU para as combinaes ltimas excepcionais e outras grandezas particulares ao mtodo.
Mtodo Coeficientes
DTU (1974) DTU (1980) apud BOUTIN (1983) Descrio
c 1,5 1,3 Coeficiente de reduo da resistncia caracterstica do concreto. s 1,15 1,0 Coeficiente de reduo da resistncia caracterstica do ao. cc 1,1 1,1 Coeficiente que leva em conta os efeitos de longa durao sobre
a resistncia do concreto.
fi
fi
xa
= 0,8 0,8 Profundidade da linha neutra em relao altura do bloco comprimido de concreto (eq. 7.43).
Para o clculo da posio da linha neutra da seo (eq. 7.44), a altura do bloco comprimido na
seo corresponde a 80% da linha neutra (eq. 7.53), i.e., a constante = 0,8.
=egativon momento
*bfAf
positivo momento*bf
Af
a
,cdcc
syd
cdcc
s,yd
fi
(7.53)
onde: .negativo momento vigasse seo, da largura
positivo momento vigasse ,T"" seo da ecolaborant mesa daou I"" seo da alma da uraarglnegativoou positivo momentos lajes se ,
*b
=
reduzida
m 1
As relaes constitutivas dos materiais obedecem s mesmas leis usadas no projeto
Dimensionamento de elementos de concreto armado em situao de incndio 258
temperatura ambiente (Figura 7.15), porm, as resistncias caractersticas dos materiais so
reduzidas em funo da temperatura (Figura 7.16 e Figura 7.17).
,cdcc,cc
2c
,cdcc,cc
f 5,3 2
211f 20
=