5
Paulo Freire: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA PEDAGOGIA DA AUTONOMIA SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA CAPiTULO 1 - NAo HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA o autor ressalta a ímportância da reflexão crítica na formação docente na prática educativa. . Como exemplo cita o ato de cozinhar , que exige o conhecimento do fogão, da regulagem da chama, da harmonização dos temperos. Mas é a prática de cozinhar, ratificando alguns daqueles saberes e retificando outros, que transforma o) novato em cozinheiro. O autor alinha e discute saberes fundamentais à prática educativo-critica ou progressista que considera obrigatórios na organização dos programas de formação docente: » Ensinar inexiste sem aprender e vice- versa. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Foi aprendendo socialmente, ao longo dos séculos, que historicamente o Homem descobriu que era possível ensinar usando maneiras, caminhos e métodos. Não há validade no ensino, se este não resulta em aprendizado. » Ensinar é um processo que deve deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente que poderá torná-lo mais e mais criador. Caso o educando mantenha viva em si a curiosidade, a rebeldia, a capacidade de arriscar-se, de aventurar-se, poderá ficar imune ao ensino "bancário". Fazem parte da força criadora do aprender a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, que superam o falso ensinar; »Ensinar exige trabalhar com os educando. a rigorosidade metódica com que devem se aproximar do conhecimento. Não se trata apenas de transmitir o conteúdo, mas faze-lo de forma critica. Exige que os educadores sejam criadores, instigadores, inquietos, humildes e persistentes. - » Ensinar exige pesquisa.: Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. É preciso ue em sua formação permanente, o professor assuma como pesquisador » Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos .construídos na prática comunitária. Exige também discutir com os alunos a razão de ser desses saberes, em relação com o ensino dos conteúdos. Ex.:.aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas das cidades descuidadas pelo poder público para discutir a poluição dos riachos, os lixões, os riscos à saúde que ocasionam. » Ensinar exige criticidade.:.A passagem da curiosidade ingênua à criticidade não se dá automaticamente. Uma das tarefas da prática educativo - progressista é desenvolver a curiosidade crítica, insatisfeita, indócil. Com ela podemos nos defender do excesso de "racionalidade" do nosso tempo altamente tecnológico. » Ensinar exige estética e ética. O ensino dos conteúdos não é puro treinamento técnico, não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Exige profundidade e não superficialidade na compreensão te interpretação dos fatos. » Ensinar exige que as palavras sejam acompanhadas pelo exemplo. Pensar certo é fazer certo. O professor que rea1mente ensina, descarta o "faça o que eu mando e não o que eu faço". » Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. Lembrando que o velho que é válido e que marca sua presença no tempo, continua novo. Quanto ao preconceito de raça de gênero e classe,- ofende a substantividade do ser humano e nega a democracia. I » Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática._Na educação, a reflexão critica sobre a prática impede que a teoria se torne blablablá e a prática se torne ativismo. Envolve o movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre o fazer. A prática docente espontânea e "desarmada" produz um saber ingênuo feito só de experiência. Através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua, percebendo-se .como tal, vai se tornando crítica. Na sua formação docente

7. pedagogia da autonomia saberes necessários à prática docente

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 7. pedagogia da autonomia saberes necessários à prática docente

Paulo Freire: PEDAGOGIA DA AUTONOMIAPEDAGOGIA DA AUTONOMIASABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA

CAPiTULO 1 - NAo HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIAo autor ressalta a ímportância da reflexão crítica na formação docentena prática educativa. .Como exemplo cita o ato de cozinhar , que exige o conhecimento do fogão, da regulagem da chama, da harmonização dos temperos. Mas é a prática de cozinhar, ratificando alguns daqueles saberes e retificando outros, que transforma o) novato em cozinheiro.O autor alinha e discute saberes fundamentais à prática educativo-criticaou progressista que considera obrigatórios na organização dos programas deformação docente:» Ensinar inexiste sem aprender e vice- versa. Quem ensina aprende aoensinar e quem aprende ensina ao aprender. Foi aprendendo socialmente, aolongo dos séculos, que historicamente o Homem descobriu que era possívelensinar usando maneiras, caminhos e métodos. Não há validade no ensino, seeste não resulta em aprendizado. » Ensinar é um processo que deve deflagrar no aprendiz uma curiosidadecrescente que poderá torná-lo mais e mais criador. Caso o educando mantenhaviva em si a curiosidade, a rebeldia, a capacidade de arriscar-se, de aventurar-se,poderá ficar imune ao ensino "bancário". Fazem parte da força criadora doaprender a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, quesuperam o falso ensinar;»Ensinar exige trabalhar com os educando. a rigorosidade metódica comque devem se aproximar do conhecimento. Não se trata apenas de transmitir oconteúdo, mas faze-lo de forma critica. Exige que os educadores sejamcriadores, instigadores, inquietos, humildes e persistentes. -» Ensinar exige pesquisa.: Faz parte da natureza da prática docente a indagação,a busca, a pesquisa. É preciso ue em sua formação permanente, o professorassuma como pesquisador» Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos .construídos na práticacomunitária. Exige também discutir com os alunos a razão de ser dessessaberes, em relação com o ensino dos conteúdos. Ex.:.aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas das cidades descuidadas pelo poderpúblico para discutir a poluição dos riachos, os lixões, os riscos à saúde queocasionam.» Ensinar exige criticidade.:.A passagem da curiosidade ingênua à criticidadenão se dá automaticamente. Uma das tarefas da prática educativo -progressista é desenvolver a curiosidade crítica, insatisfeita, indócil. Com elapodemos nos defender do excesso de "racionalidade" do nosso tempo altamentetecnológico. » Ensinar exige estética e ética. O ensino dos conteúdos não é purotreinamento técnico, não pode dar-se alheio à formação moral do educando.Exige profundidade e não superficialidade na compreensão te interpretação dosfatos. » Ensinar exige que as palavras sejam acompanhadas pelo exemplo. Pensarcerto é fazer certo. O professor que rea1mente ensina, descarta o "faça o que eumando e não o que eu faço".» Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma dediscriminação. Lembrando que o velho que é válido e que marca sua presençano tempo, continua novo. Quanto ao preconceito de raça de gênero e classe,-ofende a substantividade do ser humano e nega a democracia. I » Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática._Na educação, a reflexão criticasobre a prática impede que a teoria se torne blablablá e a prática se torneativismo. Envolve o movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre o fazer.A prática docente espontânea e "desarmada" produz um saber ingênuo feito sóde experiência. Através da reflexão sobre a prática, a curiosidade ingênua,percebendo-se .como tal, vai se tornando crítica. Na sua formação docenteinicial é preciso que o futuro professor saiba que o pensar certo não é umpresente dos deuses, nem de iluminados intelectuais e nem se encontra prontonos manuais. Ele tem que ser construído pelo próprio aprendiz em comunhãocom o professor formador. Na formação permanente dos professores, omomento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. Após assumir quea minha prática não condiz, devo ser capaz de mudar. Ex.: o simples fato de ofumante assumir que o cigarro ameaça a sua vida não significa parar de fumar;ele deve fazer a ruptura do fumo e assumir novos compromissos. O emocional( a legítima raiva do fumo ) é um elemento fundamental na mudança. Na

Page 2: 7. pedagogia da autonomia saberes necessários à prática docente

educação, a justa raiva contra as injustiças, contra a deslealdade, o desamor,a exploração e a violência tem um papel altamente formador. » Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.-Umadas funções da educação crítica é dar condições aos alunos que se assumamcomo ser social e histórico: pensante, transformador, criador, realizador desonhos. Isso se dá na relação uns com os outros e com o professor. Estaexperiência histórica, política e social não se dá ao largo das forças que afavorecem ou daquelas que lhe são obstáculo. Os gestos de aprovação, derespeito aos sentimentos, às emoções do aluno, o cuidado com o espaço escolarajudarão o educando a assumir-se a si mesmo e à sua classe social..

CAPÍTULO 2- ENSINAR NÃO Ê TRANSFERIR CONHECIMENTO ...Mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.» Ensinar exige consciência do inacabamento do ser humano. Onde há vida,esta não está acabada. Daí ser imperiosa a prática formadora carregada deética e de esperança, pois é possível intervir e melhorar o "destino". Disso, oeducador consciente não pode fugir.» Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado.:.Como ser inacabado econsciente da sua inconclusão, o ser humano é submetido a condições,obstáculos para evoluir. Ele deve se inserir num movimento de buscaconstante e ter a consciência de que esses obstáculos não são eternos nemintransponíveis. Ex.: temos que nos opor ao fatalismo do discurso neoliberal ,quando afirma que nada se pode fazer contra o desemprego. » Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando. O respeito àautonomia de cada um não é um favor, mas um imperativo ético. O professorque desrespeita o gosto estético do aluno, sua linguagem, sua inquietude, queironiza o aluno e o manda "se colocar no seu lugar" pratica uma transgressão.Também rompe com a ética aquele professor que não cumpre o seu dever decolocar limites à liberdade do aluno ou que se furta do seu dever de ensinar » Ensinar exige om senso. E o bom senso que me faz analisar a todo instante aminha prática e a tomar as decisões. É o bom senso que adverte o professor deque:Exercer a autoridade tomando decisões, orientando atividades, cobrando aprodução individual e coletiva da classe não é sinal de autoritarismo.Não aceitar o trabalho do aluno fora do prazo, apesar das justificativasque apresentou serem convincentes é insensibilidade.É negativo, da mesma forma, o desrespeito pleno pelos princípiosreguladores da entrega dos trabalhos .Há algo a ser compreendido no comportamento do aluno assustado,distante, medroso, escondendo-se até de si mesmo.» Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos doseducadores. A luta em favor da educação e dos educadores passa pela lutapor salários dignos. O descaso do poder público nesse sentido é tanto quepodemos correr o risco de cruzar os braços achando que "não há o que fazer".Entretanto, uma das formas de luta é a nossa recusa de transformar a nossaprática docente em um "bico" ou de exercê-Ia como prática afetiva de "tia outio". É como profissionais idôneos que se organizam politicamente que está aforça dos educadores. Os órgãos de classe deveriam priorizar o empenho deformação permanente dos quadros do magistério como tarefa política erepensar a eficácia das greves. Não é parar de lutar, mas reinventar a formahistórica de lutar.» Ensinar exige apreensão da realidade. Se o professor tem uma práticaprogressista, sua prática não pode ser neutra. Deve estar atento ao fato de queseu trabalho pode ser um estimulo à superação. Deve haver o respeito à pessoaque queira mudar ou que se recuse a mudar. Contudo, o professor não deveesconder-lhe a sua postura. Ex.: numa conversa pública, um jovem disse aPaulo Freire: " Não entendo como o senhor defende os sem- terra, no fundo unsbaderneiros" . "Pode haver baderneiros entre os sem- terra", respondeu oprofessor, "mas sua luta é legítima e ética; baderneira é a resistência de quem se opõe a ferro e fogo à reforma agrária". Embora a conversa tenha terminadoaí, foi importante que o professor tenha dito o que pensava.» Ensinar exige alegria e esperança. Sem a esperança não haveria a História,mas puro determinismo. A desesperança nos imobiliza. A pessoa progressistaque não teme a novidade, que se sente mal com as injustiças, que se ofendecom as discriminações, que recusa o fatalismo, deve ser criticamenteesperançosa.» Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.=.O educadorprogressista vê a História como possibilidade e não como determinação. Ofuturo para ele é problemático, mas não inexorável. Constata o mundo, nãopara adaptar-se, mas para mudar. Percebe as resistências das classes

Page 3: 7. pedagogia da autonomia saberes necessários à prática docente

populares como manhas necessárias à sobrevivência. Ex.: o sincretismoreligioso afro- brasileiro expressa a resistência ou manha com que a culturaafricana se defendia do colonizador branco. Uma das questões centrais éevoluir de posturas rebeldes para posturas revolucionárias que nos engajam noprocesso de transformação do mundo. Não se trata de impor à populaçãooprimida que se rebele para mudar o mundo. Trata-se de, simultaneamente aotrabalho que se realiza - alfabetizar, evangelizar - desafiar os grupos popularesa perceberem em termos críticos a violência concreta. Não como destino ouvontade de Deus, mas como algo que pode ser mudado. O poder dominantetenta inculcar no dominado a culpa pela sua situação. Isso deve ser desveladotambém. O educador progressista, entretanto, descarta a -tática do "quanto piormelhor"; nem tampouco deixa relegado a um segundo plano o ensino,transformando a classe num "comício-libertador".» Ensinar exige curiosidade. O educador entregue a procedimentos autoritáriosdificulta o exercício da curiosidade do educando e tolhe sua própriacuriosidade. O bom clima pedagógico é aquele em que o educando vaiaprendendo na prática que o limite da sua curiosidade e da sua liberdade é aprivacidade do outro.

Formas de autoritarismo e licenciosidade, que precisamos superarprincipalmente através do diálogo.

CAPÍTULO 3 - ENSINAR Ê UMA ESPECIFICIDADE HUMANA» Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade.Nenhuma autoridade docente se exerce se não existe a competênciaprofissional. O professor deve levar a sério sua tarefa, estudar, se esforçar paraestar à altura dela, ou não terá força moral para coordenar as atividades de suaclasse. Outra qualidade indispensável à autoridade é a generosidade. Esta descarta tanto a arrogância no trato com “os outros”, como à indulgência macia no trato com “os seus”. O clima de respeito nasce de relações justas, sérias,humildes, generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunosse assumem eticamente.» Ensinar exige comprometimento._Não posso ser professor sem me colocardiante dos alunos, sem revelar minha maneira de ser, de pensar politicamente,sem me submeter à apreciação dos alunos. Não posso passar despercebidopelos alunos e isso aumenta em mim os cuidados com o meu desempenho.Minha presença de professor é uma presença política; não posso ser umaomissão, mas um sujeito de opções. » Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção nomundo. Neutra, a educação nunca foi, é, ou será. Exige do professor umadefinição, uma tomada de posição. A intervenção, além do conhecimento dosconteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço dereprodução da ideologia dominante, quanto o seu desmascaramento. É o aspectocontraditório da educação. Nem somos seres determinados, nem livres decondicionamentos genéticos, culturais, de classe, de gênero, que nos marcam.Do ponto de vista dos interesses dominantes, a educação deve ser práticaimobilizadora e ocultadora. Quando a classe dominante é progressista, o é "pelametade". Ex.: o empresariado urbano pode mostrar-se progressista face àreforma agrária, mas retrógrado diante dos interesses do mercado. O educadorconsciente e critico não atribui a "forças cegas" os danos que a obediênciairrestrita à lei do mercado causa aos seres humanos. Reconhece que não háfatalidade no desemprego e na miséria.» Ensinar exige liberdade e autoridade._Para o professor é dificil, muitas vezes,caminhar com naturalidade entre a autoridade e a liberdade. É importante seestabelecer os limites, sem os quais a liberdade se transforma emlicenciosidade. A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, nadefesa de seus direitos face à autoridade dos pais, professores, do Estado. Paraexercitar a liberdade é preciso aprender a tomar decisões. É decidindo que seaprende a decidir. É correndo o risco e assumindo as conseqüências dasdecisões que se tomou. Este processo fundamenta a autonomia. Uma pedagogiada autonomia deve estar centrada em experiências estimuladoras da decisão eda responsabilidade, que constroem a liberdade.

22:47 (22 minutos atrás) Kátia

Page 4: 7. pedagogia da autonomia saberes necessários à prática docente

» Ensinar exige tomada consciente de decisões._O que cabe ao educadorconsciente de que a educação não é neutra é forjar em si um saber especial,que jamais deve abandonar: se a educação não pode tudo, alguma coisafundamental a educação pode. Se a educação não é a chave das transformaçõessociais, não é também simplesmente reprodutora da ideologia dominante. Oeducador não pode transformar o país, mas pode demonstrar que é possívelmudar, dada a importância de sua tarefa político- pedagógica.» Ensinar exige saber escutar._Quem tem o que dizer deve assumir o dever dedesafiar quem escuta para que este fale, responda. O educador autoritáriocomporta-se como proprietário da verdade e discorre sobre ela, numa atitudeintolerável. Sua fala se dá num espaço silenciado. Ao contrário, o educadordemocrático aprende a falar escutando. Está mais interessado em comunicar do que em fazer comunicados, em escutar a indagação, a dúvida, a criação de quem escutou.» Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica. A força da ideologiafatalista é querer convencer os prejudicados das economias submetidas de quea realidade é assim mesmo, de que não há nada o que fazer a não ser seguir aordem natural dos fatos. Quando o discurso da globalização fala de ética, serefere à do mercado. Não àquela da solidariedade, a favor dos legítimosinteresses humanos. A liberdade do comércio não pode estar acima daliberdade do ser humano. O progresso científico e tecnológico que não respondeaos interesses humanos , perde a sua significação. A todo avanço tecnológicoque ameace mulheres e homens de perder o seu trabalho, deveria haver umaresposta imediata.Pois é uma questão ética e política e não só tecnológica. Não se trata de inibir apesquisa, mas de colocá-Ia a serviço dos seres humanos. Por causa de tudoisso, como professor, deve-se estar atento ao discurso que proclama a mortedas ideologias. Este, sim, altamente ideológico, que ameaça anestesiar asmentes, confundir , distorcer a percepção dos fatos. » Ensinar exige disponibilidade para o diá1ogoo~Nas relações com outros quenão fizeram a mesma opção política, ética, estética ou pedagógica, é no respeitoàs diferenças, na coerência entre o que se diz e o que se faz que se constrói adisponibilidade para o diálogo. Deveria fazer parte da aventura docente aabertura respeitosa ao outro e a reflexão critica conjunta. A razão ética destaabertura possibilita o diálogo.» Ensinar exige querer bem aos educandos: É preciso descartar como falsa aseparação entre seriedade docente e afetividade. A prática docente deve servivida com alegria, afetividade, emoção e sentimento .. Sem prescindir daformação científica séria, da clareza política, da luta por seus direitos e peladignidade de sua tarefa.