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MAIO DE 2006 ANO XX Nº 715 SEG 8 TER 9 QUA 10 QUI 11 SEX 12 SÁB 13 DOM 14 sintufrj.org.br [email protected] Começa a disputa CHAPA 1 CHAPA 2 CHAPA 3 NES: Reuniões transferidas As duas reuniões para tratar das questões dos trabalhadores de natureza especial (NES), em que se negocia a regularização funcional de 268 companheiros, tiveram suas datas alteradas. A reunião agendada para o dia 8 de maio com o secretário-executivo do MEC, Henrique Paim, foi transferida para o dia 10 de maio. Já a reunião do dia 9 de maio, entre os NES, SINTUFRJ e Reitoria, que iria discutir os desdobramentos de Brasília, ficou para o dia 16 de maio, às 13h, na sala do Consuni, 2º andar da Reitoria. Chapa 1 – “Fortalecer o SINTUFRJ”; Chapa 2 – “Autonomia, indepen- dência e luta”; e Chapa 3 – “Tribo/UFRJ oposição sindical: a base na luta pelo resgate social”. A inscrição das chapas foi na terça-feira, 2, no horá- rio das 9h às 17h, na secretaria da entidade (veja fotos). Nesse mesmo dia foi instalada a Comissão Eleitoral, composta de seis pessoas, sendo que cada chapa indicou dois representantes. De acordo com decisão do Con- gresso do SINTUFRJ, o critério de composição da futura direção será o da proporcionalidade. Caderno Especial Categoria elege nos dias 31 de maio e 1º e 2 de junho a nova diretoria do SINTUFRJ Três chapas vão se enfrentar nas eleições do Sindicato

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MAIO DE 2006 ANO XX Nº 715 SEG 8 TER 9 QUA 10 QUI 11 SEX 12 SÁB 13 DOM 14 sintufrj.org.br [email protected]

Começa a disputa

CHAPA

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CHAPA

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NES: Reuniões transferidasAs duas reuniões para tratar das questões dos trabalhadores de natureza especial (NES),

em que se negocia a regularização funcional de 268 companheiros, tiveram suas datasalteradas. A reunião agendada para o dia 8 de maio com o secretário-executivo do MEC,Henrique Paim, foi transferida para o dia 10 de maio. Já a reunião do dia 9 de maio, entre osNES, SINTUFRJ e Reitoria, que iria discutir os desdobramentos de Brasília, ficou para o dia16 de maio, às 13h, na sala do Consuni, 2º andar da Reitoria.

Chapa 1 – “Fortalecer o SINTUFRJ”; Chapa 2 – “Autonomia, indepen-dência e luta”; e Chapa 3 – “Tribo/UFRJ oposição sindical: a base na lutapelo resgate social”. A inscrição das chapas foi na terça-feira, 2, no horá-rio das 9h às 17h, na secretaria da entidade (veja fotos). Nesse mesmo diafoi instalada a Comissão Eleitoral, composta de seis pessoas, sendo quecada chapa indicou dois representantes. De acordo com decisão do Con-gresso do SINTUFRJ, o critério de composição da futura direção será o daproporcionalidade.

Caderno Especial

Categoria elege nos dias 31 de maio e 1º e 2 de junho a nova diretoria do SINTUFRJ

Três chapas vão se enfrentarnas eleições do Sindicato

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JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Antonio Gutemberg Alves do Traco, Neuza Luzia e Gerusa Rodrigues / Conselho Editorial: Coordenação Geral e Coordenaçãode Comunicação / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana de Angelis, Lili Amaral e Regina Rocha. Estagiária: Renata Souza / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto/ Diagramação: Luís Fernando Couto, Caio Souto / Assistente de Produção: Jamil Malafaia / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Niko Júnior / Revisão: RobertoAzul / Tiragem: 11 mil exemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aoscuidados da Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels: 2560-8615/2590-7209 ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJCx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

DOIS PONTOS

De acordo com o advoga-do Júlio Romero, os proces-sos do FGTS estão nas se-guintes situações:

PROCESSO DE Nº2001.51.01.026105-0, QUETRAMITA NA 29ª VARA FE-DERAL – Cerca de 80% dossindicalizados ou substituí-dos que se encontram noprocesso já tiveram suas con-tas creditadas e liberadas, ouseja: receberam o que reivin-dicavam de direito. E isso sig-nifica que o processo estáchegando ao fim.

O ANDAMENTO – No dia17 de abril, o advogado proto-colou petição informando àjuíza que foi cumprido o des-pacho solicitando a apresen-tação de documentos que fal-tavam para que a Caixa Eco-nômica localizasse a conta vin-

FGTS 80% com contas liberadas,

afirma advogado

culada de alguns participantesdo processo e, junto, entregoua relação de pessoas e docu-mentos já fornecidos pelo Sin-dicato. Porém, ele avisa quequem ainda não providencioua documentação que está fal-tando pode fazê-lo, mas o maisrápido possível.

Os documentos em exi-gência são: número do PIScorreto, dados para exclusãode homônimos, informaçõesde vínculos com outros esta-belecimentos, entre outros. OSindicato enviou carta a to-das as pessoas listadas pelaCaixa Econômica informan-do sobre essa exigência.

Segundo o advogado,“em razão dessa petição, oprocesso encontra-se conclu-so para o juiz, ou seja, estácom ele para proferir decisão

relator, desembargador Ser-gio Schwaitzer, da 7ª TurmaEspecializada do TRF2, sus-citou conflito de competên-cia, que foi colocado na mesano dia 7 de dezembro de2005, para que a seção deci-disse qual a Turma deveriajulgar o referido recurso.“Mas, quanto à decisão dorelator que alegou ser a 5ªTurma com competênciapara julgar o recurso de ape-lação, entramos com embar-go de declaração, pois o ma-gistrado deveria ter julgado aapelação e não o fez”, infor-mou Júlio Romero.

ESCLARECIMENTOS – Deacordo com o advogado, “aojulgar os embargos, o relatorse omitiu novamente, insis-tindo na existência do confli-to de competência, razão pela

qual opusemos nossos em-bargos declaratórios, já quenão foi enfrentado o méritodo recurso pelo Douto Julga-dor, e que ainda, de acordocom o Código de ProcessoCivil, seria ele próprio o com-petente para julgar a apela-ção interposta”. Portanto,concluiu o advogado, “esta-mos aguardando o julga-mento do 2º embargo de de-claração, previsto para ocor-rer no próximo dia 10 demaio. Mas esta data poderáser alterada, de acordo com apauta do dia de julgamento”,antecipou.

O próximo plantão do ad-vogado Júlio Romero no Sin-dicato será na quarta-feira,dia 17 de maio, a partir das11h30.

a respeito”, acrescentando:“objetiva-se, assim, dar con-tinuidade à execução em trâ-mite na 29ª Vara Federal, fi-cando-se no aguardo daspróximas determinações ju-diciais”.

PROCESSO DE Nº2004.51.01.019210-7, QUETRAMITA NA 9ª VARA FEDE-RAL – Segundo Júlio Romero,“embora a juíza Valéria Me-deiros Albuquerque tenha de-ferido a liminar para o credita-mento dos expurgos em 10 demarço de 2005, o juiz substitu-to não entendeu dessa formajulgando o contrário”. Ele en-tão entrou com uma apelaçãorebatendo a decisão do juiz.

Conforme explicações doadvogado, o que aconteceufoi o seguinte: no recebimen-to do recurso de apelação, o

Caia nesta

LoucuraDe 8 a 9 de maio ocorre no Centro de Tecnologia da

UFRJ, bloco G, campus do Fundão, o evento Caia nestaLoucura II: tecendo a rede da inclusão social. É uma sériede atividades, entre oficinas, música, teatro, debate, expo-sição e uma feira de comercialização de produtos desen-volvidos por usuários do sistema de saúde mental, com oobjetivo de sensibilizar o público para a (re)integraçãodesses usuários na sociedade. Em 2005 realizada a primei-ra edição do evento que teve como tema a inclusão pelotrabalho.

Na abertura, das 14h30 às 16h30, no auditório da Co-ppe, bloco G, sala 122, será realizado o debate “SaúdeMental e Políticas Públicas”. Participam Pedro Gabriel Go-dinho, coordenador da Secretaria Nacional de Saúde Men-tal, o deputado federal Paulo Delgado (PT-MG), Maria Te-resa Monnerat, representante da Secretaria Municipal deSaúde, Gonçalo Guimarães, coordenador da IncubadoraTecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) e RicardoAzevedo Gualberto, usuário do Sistema.

A organização envolve a Coppe, ITCP, Instituto de Psi-quiatria, governo do Estado e prefeitura, e conta com oapoio do SINTUFRJ, da Prefeitura Universitária, do Fórumde Ciência e Cultura, entre outros.

Anna Nery

Ao contrário do publicado na edição anterior, não foi a DVST que organizou o X Encontro Trabalho e Saúde doTrabalhador, mas a Escola de Enfermagem Anna Nery. O evento ocorreu dia 2 e reuniu profissionais, graduandose pós-graduandos, que trabalham ou pretendem trabalhar com saúde do trabalhador ou áreas afins.

O IncuBARnesc – espaço de convivência dos funcionários da UFRJ entre o Núcleo deEstudos de Saúde Coletiva (Nesc) e a Incubadora de Cooperativas Populares ao lado daPrefeitura Universitária no Fundão – vai se transformar nas próximas semanas num centroirradiador de manifestações artísticas. Nas últimas semanas, todas as quintas, o pessoal seencontra por lá para ouvir música, trocar idéias e descontrair. A idéia de Gonçalo Guimarães,da Incubadora, é criar um bazar cultural de música, poesia, artes plásticas, fotografia, artesanatoetc. Foi no IncuBARnesc que foi realizada a Festa do Trabalhador na semana passada (foto).

Feira de cultura no IncuBARnesc

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MOVIMENTO

O 12º Congresso Estadualda CUT (CECUT) tem inícionesta sexta-feira, 12, no Colé-gio Pedro II, no Campo de SãoCristóvão. Este Congresso épreparatório para o nacional,o 9º CONCUT, que ocorrerá de6 a 9 de junho, no Anhembi,em São Paulo. Está prevista aparticipação de 500 pessoas noCECUT, e o SINTUFRJ partici-pa com 29 delegados. Já para onacional, a delegação é com-posta de 10 companheiros.

Começa congresso da CUT estadual

1. Neuza Luzia Pinto2. Ana Maria de Almeida Ribeiro3. Vera Lúcia Vieira Barradas4. Huascar da Costa Filho5. Nilce da Silva Corrêa6. Chantal Russi7. Petronila Rosa Costa Diniz Neta8. Valéria Soares Baptista9. Ruy de Azevedo dos Santos10. Anderson Felinto de Souza11. Marco Aurélio Schietti Rodrigues12. Alexandre Botelho dos Santos13. Soraya Silveira Rodrigues14. João Carlos de Paula Freire15. Pedro Henriques de Souza Filho16. Lenir Gomes17. Marisa Jorgina Alves da Silva Fortes18. Suzana Maria Soares dos Reis19. Débora Oliveira da Silva20. Luciano Cunha do Nascimento21. Luiz Carlos da Silva22. Carlos Ribeiro Osório23. Gercino Teotônio da Silva Filho24. Maria do Rosário Martins Marins25. Wilami Manoel

Delegados eleitos para o 12º CECUT26. José Moacir de Souza27. Mauricio Dutra28. Maria Olindina Santos29. Elza Bastos Borges

Suplentes:1. Maria José Barcelos Pereira2. Maria José Conceição de Souza3. Eliezer Higino Pereira

Delegados eleitos para o 9º CONCUT1. Neuza Luzia Pinto2. Vera Lúcia Vieira Barradas3. Huascar da Costa Filho4. Nilce da Silva Corrêa5. Marco Aurélio Schietti Rodrigues6. Petronila Rosa Costa Diniz Neta7. Soraya Silveira Rodrigues8. Débora Oliveira da Silva9. Luiz Carlos da Silva10. Luciano Cunha do Nascimento

Suplentes:1. Carlos Ribeiro Osório2. Ana Maria de Almeida Ribeiro

O CECUT, que se encerradia 14 de maio, tem comotema “Trabalho e democra-cia: educação, emprego, mo-radia, justiça e direitos paratodos(as)”. O objetivo centraldos debates nos Congressosé a definição de uma políticaestratégica da CUT a fim deampliar sua representação econsolidar seu projeto polí-tico-organizativo e de forta-lecimento como central sin-dical combativa.

Fasubra debate HUsA Fasubra realizou, entre

os dias 27 e 29 de abril, emBrasília, o “Seminário Nacio-nal do Trabalhador dosHUs”. Participaram 17 enti-dades de base da Fasubra eforam reunidas cerca de 80pessoas. O SINTUFRJ foi re-presentado por oito compa-nheiros (as): Huascar da Cos-ta Filho (coordenador de Po-líticas Sociais), José Paulo deOliveira (setor de Transpor-tes), Alexandre Botelho dosSantos (aposentado), GerusaRodrigues da Silva (HUCFF),Noemi de Andrade (PU/Vigi-lância), Vera Lúcia Araújo deFreitas (EEFD), Marcílio Lou-renço de Araújo (IPPMG),Carlos Maury da Silva Canta-lice (HUCFF), além da parti-cipação da companheira Vâ-nia Glória como palestrantepela DVST/UFRJ.

O seminário tratou dosseguintes temas: Saúde doTrabalhador e o SUS/Diag-nóstico da Saúde do Traba-lhador; A Violência nas Rela-ções de Trabalho, AssédioMoral e Sexual e a SaúdeMental dos Trabalhadores/Sistema Integrado de SaúdeOcupacional do Servidor Pú-

blico Federal e as NRs – Se-guridade Social; Saúde e Se-gurança do Trabalho; Hospi-tais Universitários, Hospitaisde Ensino, Centros de SaúdeEscola e a Reforma da Educa-ção Superior. Tanto o repre-sentante da Andifes (profes-sor Arquimedes) como a re-presentante da AssociaçãoBrasileira de Hospitais Uni-versitários, Tânia Torres, queparticiparam do seminário,reafirmaram que não existeinteresse por parte da Andi-fes nem do MEC de desvin-cular os trabalhadores dosHUs da folha do MEC.

Confira algumas propostas do seminárioPropostas do grupo I: “Saúde do Trabalhador”

· Discutir com o MEC implantação sistema de Saúde do Trabalhador· Criação da Colsat nas Ifes com assessoria dos sindicatos· Implantar 30h nos HUs· Realização de Seminário de Saúde do Trabalhador anualmente· Curso de capacitação para servidores

Propostas do grupo II: “Violência nas Relações de Trabalho, Assédio Moral e Sexual e aSaúde Mental dos Trabalhadores”

· Normatização do Assédio Moral· Confecção de cartilha educativa sobre o tema· Criar grupo de discussão sobre o tema· Criação de ouvidoria para gestão de pessoas

Propostas do grupo III: “NRs – Seguridade Social do Servidor Público”· Reafirmar a defesa do SUS· Avaliar planos de autogestão existentes nas Ifes· Elaboração pelo GT-SS da Fasubra de proposta de plano de autogestão para saúde

suplementar nas Ifes· Fortalecer a consolidação das Colsats, para que os trabalhadores participem ativamen-

te da avaliação do seu ambiente de trabalho

Propostas sobre HUs: “Propostas apresentadas pela plenária, entre outras, após a mesados HUs no dia 29/4”

· Contrato de gestão dos HUs· Intensificar a campanha da Fasubra referente aos HUs· Implantação dos Conselhos Gestores nos HUs· Construção pelo GT-SS da Fasubra de banco de dados sobre saúde do trabalhador

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MÍDIA EM QUESTÃO

Mídia da crise

Desestabilizar governos

Para José Dirceu, se a imprensa fustigasse o PFLe o PSDB como faz com Lula, seria acusada de golpe

Esse foi o tema – emtom de provocação – doseminário organizadopela Escola de Comu-nicação da UFRJ emparceria com a RedeUniversidade Nômade,e com apoio da Secreta-

CHANTAGEM POLÍTICA –Para Wanderley Guilherme, amídia é um ator político na me-dida em que favorece ou cau-sa obstáculos a algum gover-no, apesar de a imprensa serecusar a admitir que suas ma-nifestações tenham conse-qüências políticas: “Os jornaisingleses, europeus e america-nos assumem claramente suaposição política. No Brasil, não.Aqui se diz que a imprensaapenas retrata a realidade. Oque é falso. Todavia, é um gru-po de interesses, com prefe-rências políticas. A imprensabrasileira precisa do favorzi-nho, dos benefícios e privilé-gios medíocres para sobrevi-ver. E por isso o controle da

imprensa sobre os governos éalgo de vida e morte para estegrupo de interesse.”

O cientista político diz quea imprensa não tolera a idéiade governos independentes,porque isso implica que elaterá que sobreviver sem ogoverno. “Então é preciso queo governo precise dela, im-prensa, que vende serviços aogoverno. Que serviços?: esta-bilidade política. O recursode poder da imprensa é a suacapacidade de produzir cri-ses, com suas associadas pelopaís inteiro.” Segundo ele,“não existe independência naimprensa brasileira contem-porânea. Isso é um mito euma falsidade”.

Paulo Henrique Amorim contou quefoi moderador em um debate com 350 re-presentantes das maiores empresas dopaís em que o diretor do Ibope, CarlosMontenegro, fez revelações sobre o pres-tígio de Lula junto aos pobres. Ele ques-tiona, porque essas informações ficam res-tritas aos 350 mais prósperos do país: “Naminha modesta opinião, 95% da impren-sa escrita brasileira tentou, tenta e tentaráabreviar o mandato ou desestabilizar dopresidente Lula.” Os 5% de exceção, paraele, são de veículos como Carta Capital,revista semanal independente.

Na sua opinião, poucos políticos brasi-leiros, com exceção do Brizola, sofreramtanto na mão da imprensa quanto Lula.Por outro lado, para ele, o governo só en-tende a mídia como instrumento da pro-paganda oficial. Tem medo de enfrentá-la,a ponto de não ter procurado alternativaspara enfrentar uma mídia que quer deses-tabilizar seu governo Ricardo Kotscho fezcontraponto dizendo que não acredita em

complô da imprensa, “até porque é muitoferoz a concorrência entre as empresas,”.Na opinião do jornalista, por mais podero-sa que seja a mídia, a população está for-mando sua opinião, de acordo com fontesmais diversificadas.

Campeão de exposição na mídia nosúltimos tempos, o ex-ministro José Dirceuconcordou que o governo errou na sua po-lítica de comunicação, assim como a es-querda e o PT, ao não criar instrumentosalternativos. Ele observou que a mídia sin-dical não é pequena – são milhares de bo-letins e jornais feitos todos os dias -, mas épulverizada. Dirceu afirmou que o que hojea imprensa admite que se faça contra o pre-sidente Lula, se fosse contra PSDB ou PFLseria considerado golpe.

O jornalista Mário Augusto Jakobskind,do jornal Brasil de Fato, questionou porqueem vez do governo optar por só contem-plar a mídia conservadora não adotoucomo estratégia apoiar a mídia alternativa,como o próprio Brasil de Fato.

ria de Políticas Culturais do Ministério da Cultu-ra. O seminário pôs o dedo na ferida em váriosaspecto da abordagem da grande mídia no país.O debate que abriu asdiscussões ( “Midiocra-cia”) começou com aafirmação polênica docientista social Wander-ley Guilherme dos San-tos. O cientista susten-tou que a mídia não sóinfluencia o processopolítico, como tem inte-resses e não tolera go-vernos independentes.A mesa, que teve comomediador Sérgio Sá Lei-tão, do Ministério daCultura, além de Wan-derley, reuniu os jorna-listas Paulo HenriqueAmorim, da TV Record,e Ricardo Kotscho, quedirigiu a Secretaria de Imprensa nos dois primei-ros anos do governo Lula e participou do seminá-rio como representante da rede Globo no projetoGlobo/Universidade. Giuseppe Cocco represen-tou a Rede Universidade Nômade. Mas foi a par-ticipação do ex-ministro José Dirceu que atraiu amaioria dos questionamentos.

ou Crise da mídia?!

Wanderley Guilherme, José Dirceu, Giuseppe Cocco, Paulo Henrique Amorim, Sergio Sá Leitão e Ricardo Kotscho

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Uma das mesasdo seminário sobremídia reuniu di-versos palestrantespara debater ocomportamento damídia na cobertu-ra de temas polêmi-cos como cotas e po-líticas de ações afir-mativas. A mesa,que teve comotema “NegroAtivis-mo”, levantou ques-tões importantessobre as formas e osmecanismos utili-zados pela mídiapara omitir, detur-par e manipularinformações parasustentar a linhaeditorial, na maio-ria das vezes elitis-ta e conservadora,dos grandes gruposde comunicação eseus veículos. Paraisso, produzem semtrégua material quese transformam emverdadeiras cam-panhas contráriasa propostas de co-tas e de políticasafirmativas, quan-do não escamo-teiam o racismo.

“O jornalismo do Globotem uma linha editorial con-tra as cotas”, destacou Ale-xandre Nascimento, da RedeUniversidade Nômade. ParaJúlio César Tavares, da UFF,o que está havendo na reali-

MÍDIA EM QUESTÃO

Cobertura elitista

Segundo debatedores, a mídia é elitista e conservadora quando o assunto são os negros

A imagem da favela

dade é uma verdadeira dita-dura racial, e que se assumecomo democrática a partir domomento em que a mídiavende a ilusão de que realizaum debate isento e plural.“Na verdade, vende-se a ver-dade de um único lado.”

O diretor de cinema Jefer-son De fez uma avaliação dosfilmes que tratam da situa-ção das favelas e da popula-ção negra a que viraram gran-de sucesso. Ele avalia queisso tem o mérito de trazer àtona suas realidades, mas osfilmes ainda estão contami-nados de preconceitos. “Ci-dade de Deus, Madame Satã,Meu Tio Matou um Cara, etc.Em todos eles a populaçãonegra aparece segurandouma arma na mão”, obser-vou.

Edson Cardoso, que pro-duz o Jornal Irohín, publica-ção voltada para a valoriza-ção do universo da popula-ção negra, explicou o traba-lho militante do jornal queluta contra o racismo e as de-sigualdades sociais. Ele afir-ma que os grandes jornaisnão noticiam e não dão es-paço para as realizações dosnegros; quando não, publi-cam mentiras.

Segundo Cardoso, aindanão se conseguiu alcançaruma sociedade democráticae plural. O problema, a seuver, é o não-reconhecimentoda população afro-brasileirae de sua história: “Há a opres-são da nossa identidade.” Edefendeu o ativismo comoforma de combate: “Uma par-cela significativa da popula-ção brasileira quer ações afir-mativas para superar as desi-gualdades. Devemos concen-trar nossa luta nisso, e nãonos perdermos em debatesideológicos que alimentam adiscriminação dos negros.”

Marcio Alexandre, da Revis-ta Virtual Afirma, o último afalar, encerrou a apresentaçãodos palestrantes fazendo umchamado à militância. “Preci-samos fazer o enfrentamentoe estabelecer pontes de diálo-go entre os setores que nos in-teressam. Assim, podemos al-terar as estruturas atrasadascom novos elementos e mu-dar esta situação.”

As imagens das favelasna mídia e sua produçãocultural foi outro tema doseminário. “A mídia é umespaço de luta. Uma dispu-ta que não se ganha sem-pre”, observou Écio Salles,representante do AfroReg-gae. Márcio Blanco, profes-sor de vídeo da Escola Críti-ca de Comunicação Popu-lar da Maré (Espocc), afir-ma que a imprensa há 100anos produz abordagenspreconceituosas sobre o es-paço popular. Blanco dizque este fato cria uma fron-teira imaginária, em que afavela é representada comoo lugar da violência e debandidos em potencial. “AEspocc pretende mudaresse tipo de abordagem. Acidade não vai conseguir

mudar enquanto não rom-permos essa barreira. Paraisso se deve mudar a posturado governo, que privilegiaalguns lugares em detrimen-tos de outros”, afirma.

Na opinião da diretora daECO, Ivana Bentes, a repre-sentação das favelas na mí-dia oscila entre valores po-sitivos e negativos dessa po-pulação, por isso não se deveficar agradecido quandoesta dá voz à comunidade.Segundo a diretora, no jor-nalismo a imprensa impõeum certo terrorismo sobre afavela como o lugar do riscoe da ilegalidade. Ao mesmotempo em que na ficçãoameniza esta tensão mos-trando o favelado legal. “Amídia vende com a favela e apobreza. A Regina Casé é o

Chacrinha de saias. Com oprograma Periferia Legaleles homogenizam o que édiverso com uma percep-ção totalmente mercadoló-gica”, diz.

Já a representante daCentral Única de Favelas(Cufa) e do Movimento HipHop, Nega Gizza, defendeque a imprensa é válidapara divulgar as ações dosmoradores da comunidade.“Às vezes algumas coisasque estamos fazendo passana Rede Globo e na favelaninguém sabe. Por isso, nósnos comunicamos muitocom a comunidade. Mas éimportante ter voz na mídiaporque queremos mostraro que nós fazemos do jeitoque nós queremos que sejamostrado”, afirma.

DEDO NA FERIDA. Mesa discutiu um século de imprensa preconceituosa

NEGA GIZZA:imprensa paradivulgar acomunidade

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

A proposta do Plano deDesenvolvimento Institucio-nal (PDI), elaborada pela Rei-toria para ser discutida coma comunidade da UFRJ, esta-rá em pauta na reunião daCongregação do Instituto deQuímica (IQ) nesta terça-fei-ra, 9 de maio, e na quinta, dia11, no Conselho Universitá-rio. O calendário de discus-sões nas Congregações eConselhos de Centro já estádefinido até agosto. Com asentidades representativasdos segmentos, o reitor Aloí-sio Teixeira afirma quererconstruir a ampliação do de-bate sobre o plano.

A discussão é essencial,porque as decisões irão im-plicar mudanças substantivasna universidade. O estudo daReitoria faz levantamento dosproblemas da universidade etraça linhas de desenvolvi-mento estratégico nas prin-cipais áreas de atuação. Se-gundo o reitor, para que aUFRJ apresente propostas, épreciso primeiro chegar a umdiagnóstico de sua realida-de. Nesta edição publicamosum resumo do diagnósticofeito pela Reitoria e destaca-mos as metas propostas paratécnicos-administrativos edocentes.

O DIAGNÓSTICO - Segun-do a proposta da Reitoria, al-guns dos problemas decor-rem de políticas governa-mentais equivocadas das úl-timas décadas, como, porexemplo, restrições à plenaaplicação da autonomia uni-versitária; insuficiência crô-nica de recursos orçamentá-rios; inadequação de meca-nismos públicos de financia-mento e do apoio institucio-nal à pesquisa; desqualifica-ção do serviço público e per-da de importância social dosservidores, promovidas nosúltimos quinze anos.

Outros fatores resultamda estrutura peculiar da UFRJe de seu próprio processo de

UFRJPara traçar futuro, universidade precisa enfrentar suas mazelas

constituição. Dentre esses,pode-se destacar sua organi-zação federativa, com unida-des quase autárquicas, des-providas de estruturas de in-tegração que as capacitema atuar coordenadamente;compartimentalização dascarreiras profissionais em es-colas auto-suficientes quedesenvolvem a “cultura dapropriedade do estudante”;fragmentação e tendência aocrescimento das áreas de en-sino e pesquisa através daproliferação de institutos eórgãos suplementares; cará-ter instrumental e profissio-nalizante do ensino; estrutu-ração inadequada dos curri-culos; caráter “elitista” dosmecanismos de ingresso, emvirtude das restrições às opor-tunidades de ingresso e da

Veja as metas da proposta do PDI para

docentes e técnicos-administrativosA - Desenvolvimento da carreira para os servidores técnico-administrativos:a) Aproveitar a qualificação profissional do servidor, adquirida no curso das atividades que desem-

penha, como critério de enquadramento e promoção;b) Estabelecer critérios que permitam, em um horizonte de autonomia plena, maior grau de liberda-

de para a transposição dos cargos da carreira.B - Criação de mecanismo de gestão colegiada:a) Criar instância colegiada para a gestão de pessoal.C - Desenvolvimento de políticas de qualificação dos servidores e de avaliação de desempenho:a) Realizar censo institucional para identificação da escolaridade, capacitação, experiência e perfil

profissional do servidor;b) Elaborar projeto para desenvolvimento e qualificação permanente dos servidores, visando a sua

formação integral;c) Elaborar um novo modelo de avaliação de desempenho;d) Ação combinada com as unidades com vistas a elevar a titulação de docentes;e) Elaboração de políticas concretas unificadas para recrutamento, alocação e movimentação de

pessoal, bem como adoção de mecanismos de controle para reduzir a inadimplência de servidores,docentes e técnicos-administrativos;

f) Encaminhar sugestões junto ao MEC para a realização de concursos com a finalidade de recomporo quadro docente e técnico-administrativo da UFRJ;

g) Concluir o debate do “Plano Estratégico de Desenvolvimento do Quadro Docente” nos colegiadossuperiores, com vistas a sua implementação imediata;

h) Elaboração de um plano estratégico para o desenvolvimento do quadro técnico-administrativo;i) Elaboração de um projeto com vistas a garantir que, no prazo máximo de três anos, todos os

servidores técnico-administrativos da UFRJ tenham concluído o nível médio;j) Adoção de programa de estímulo para que os servidores técnico-administrativos da UFRJ possam

ter acesso à educação superior, em nível de graduação e de pós-graduação, no interior da própria UFRJ.D - Melhoria das condições de trabalho e valorização do servidor:a) Implantar pólos de assistência integral à saúde, conforme sugestão do Seminário Interno de

Saúde do Trabalhador, de outubro de 2003;b) Instituir a emerência técnico-administrativa;c) Elaborar e implantar o Programa de Incentivo à Criação Profissional;d) Construir a sede social para os servidores da UFRJ.

diagnósticonecessário

escassez de cursos noturnos;limitações à efetiva gratuida-de do ensino, pela inexistên-cia de instrumentos que ga-rantam a estudantes despro-vidos de recursos condiçõespara dedicar-se exclusiva-mente aos estudos; isola-mento entre as unidades dauniversidade e entre esta e asdemais instituições e instân-cias da sociedade; caráter bu-rocrático de sua organizaçãoadministrativa, com excessi-va regulamentação.

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CIÊNCIA

Exame de DNA

Procedimento revolucionário antecipadiagnóstico e pode influir na cura

Nas últimas semanas,a UFRJ deu mais empasso importantepara o avanço daspesquisas médicas,pondo à disposiçãode qualquer pessoaum serviço deidentificação devárias patologiasclínicas – comocâncer –, através deexames de DNA.Quem está à frentedesse trabalho é aequipe doLaboratório Sonda,chefiada pelo diretordo Instituto deBioquímica Médica,Franklin DavidRumjanek. Desde1994, o Sondacolabora com a

identifica doenças

Franklin explica que a ex-periência na área forense ena identificação da paterni-dade envolve técnicas poucodiferentes das usadas no dia-gnóstico de patologias, o quelevou à possibilidade de usaro DNA como fonte informati-va de uma série de doenças.

Atualmente, o laborató-rio se dedica ao estudo demutações em genes asso-ciados ao câncer de mama,em parceria com o Serviçode Mastologia do HospitalUniversitário do Fundão,com financiamento da Fa-perj. O projeto - “Caracteri-zação de mutação dos ge-nes BRCA 1 e 2 numa popu-lação de mulheres com cân-cer de mama no Rio de Ja-neiro: aplicações para inter-

venções profiláticas” - ob-jetiva atingir mais de cempacientes.

EXAMES - “Já estamos fa-zendo os diagnósticos. Nomomento, determinamosquais desses exames são osmais freqüentes numa listade 190 patologias que in-cluem, entre outras, o mela-noma, câncer de colo doútero, câncer de ovário, HPVe neuroblastoma. Obvia-mente vai depender de in-dicação médica, mas todosos exames podem ser feitos,sendo que alguns são maisfreqüentes na população”,esclarece o pesquisador. Olaboratório pode pesquisardoenças também em bebês.Como o laboratório querexpandir suas pesquisas

para outras doenças associ-adas a alterações de DNA,Franklin e sua equipe pro-metem para breve oferecertambém diagnóstico mole-cular de doenças infecto-contagiosas envolvendo ví-rus e outros microorganis-mos, como o HPV - papilo-mavírus associado ao cân-cer de colo do útero.

O pesquisador faz ques-tão de frisar que o Sondanão está oferecendo desco-berta de algo novo, masdando início a um serviçopouco encontrado no Rio deJaneiro. Além disso, o pro-jeto de pesquisa em cursopode gerar informações no-vas sobre o tema, a partir doestudo regional do câncerde mama. Uma outra vanta-

gem é a interação entre apesquisa básica e o Hospi-tal Universitário do Fundão,e a auto-suficiência que aUFRJ passa a conquistarcom esse tipo de serviço.

CUSTOS - Franklin infor-ma que o serviço não podeser gratuito por falta de sub-sídios às pesquisas e altocusto do material utilizadonos exames. Mas garanteque a diferença de valorescobrados pelo Sonda é gran-de em relação a um labora-tório particular, e que o di-nheiro apurado é revertidonas pesquisas básicas de-senvolvidas pelo Institutode Bioquímica Médica. OLaboratório Sonda fica noCentro de Ciências da Saú-de, bloco L.

justiça na elucidaçãode homicídios,desaparecimentos eoutros casos querequeiramreconstruçãogenealógica. Umexemplo foi oreconhecimento dosrestos mortais dojornalista Tim Lopes,assassinadoem 2002 quandoinvestigavaprostituição infantile tráfico dedrogas noComplexo doAlemão.O laboratório járealizou tambémmais de 4 mil examesde paternidade.

FRANKLIN RUMJANEK. “Já estamos fazendo os diagnósticos. No momento já temos uma lista de 190 patologias”

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INTERNACIONAL

O presidente da Bo-lívia, Evo Morales, pôsem prática na segun-da-feira, 1º de maio -Dia Mundial do Tra-balhador -, uma daspromessas feitas aopovo do seu país du-rante a campanhaeleitoral: nacionalizaras riquezas mineraisdo país. Ao mesmotempo em que assi-nava o decreto esta-tizando as reservasde gás natural e pe-tróleo, soldadosbolivianos ocupa-vam as empresasmultinacionais, en-tre as quais as refina-rias da Petrobras, emSanta Cruz de la Sier-ra. Lula, apesar daspressões contrárias dadireita e até dos alia-dos, no Congresso Na-cional e fora dele, re-conheceu o ato daBolívia como legíti-mo. “É um ato de so-berania porque issoestá previsto na Cons-tituição brasileira.”Ao mesmo tempo, po-rém, Lula se apressouem reabriu negocia-ções com Morales, ga-rantindo o abasteci-mento interno de gás.

Dos 36 milhões de metroscúbicos consumidos por dianas regiões sul e sudeste doBrasil, cerca de 26 milhões sãoimportados da Bolívia. O setorindustrial é o maior consumi-dor: aproximadamente 53% dototal de gás consumido no paísvai para a indústria. Evo Mo-rales já disse como será daquipara frente com o Brasil: a fixa-ção dos preços do gás com-prado pelo Brasil será nego-ciado entre os dois países, quetambém são parceiros em umgasoduto. Depois dessa deci-são inédita de um governo la-tino-americano, a Bolívia estásendo convidada a integrar o

Defesa da soberania

boliviaEvo Morales cumpre promessa decampanha e nacionaliza gás e petróleo

TV Globo

manipulaOs meios de comuni-

cação brasileiros, a cha-mada grande imprensa,sem exceção, repercuti-ram da forma mais infa-me o ato de soberania dopovo boliviano, pressio-nando o governo e dan-do voz ao grande empre-sariado, como se a Bolí-via tivesse declaradoguerra ao Brasil. A TVGlobo iniciou seu noti-ciário com o âncora dotelejornal lendo um edi-torial no velho esquemada manipulação da infor-mação como bem regis-trou em artigo publicadona internet o jornalistaMário Augusto Jako-bskind, especialista emAmérica latina. SegundoMário Augusto, “a Globose superou. Morales foitratado como um merodiscípulo de Fidel Cas-tro e assessorado porHugo Chávez (presiden-te da Venezuela). O de-creto do presidente boli-viano foi analisado deforma medíocre, como seMorales fosse um meli-ante e não cumpridor deacordos. Os elaborado-res do noticiário esque-ceram de um detalhefundamental para come-çar a entender o queaconteceu. Tanto a Petro-bras como outras empre-sas petrolíferas, como aespanhola Repsol e ou-tras menos cotadas, ti-nham feito acordos comgovernos que não prima-vam pela defesa dos in-teresses do Estado boli-viano. O país mais pobreda América do Sul era atébem pouco tempo go-vernado por presidentessubservientes aos inte-resses externos e a Bolí-via era território livre dasmultinacionais, quemandavam e desmanda-vam, juntamente com aEmbaixada dos EstadosUnidos, cujos embaixa-dores chegavam até anomear comandantes doExército”.

patrimônio do povo bolivia-no, assim como as reservasminerais do Brasil são um pa-trimônio do povo brasileiro”,acrescentou.

PRINCÍPIO - Como exem-plo, o físico citou a Compa-nhia Vale do Rio Doce, priva-tizada durante o governo deFHC, do PSDB. “Hoje, a Valeage de acordo com grupos in-ternacionais e não de acordocom os interesses do Brasil. Éum atentado contra a sobera-nia das nações que grupos es-trangeiros se apropriem des-ses recursos.” Para Vidal, aPetrobras tem que agir de“acordo com o princípio bra-sileiro, respeitador do patri-mônio das outras nações”. Se-gundo ele, “há indícios de quea empresa está agindo contra

projeto gasoduto latino-americano, e Brasil, Argenti-na e Venezuela de imediatomarcaram uma reunião comMorales para discutir a se-gurança energética na Amé-rica do Sul.

IDÉIA ERRADA - O enge-nheiro e físico nuclear JoséWalter Bautista Vidal, criadordo Programa Nacional do Ál-cool (Proálcool), nos anos 70,e que atualmente trabalha naimplantação do biodiesel nopaís, afirmou que está sendodifundida uma idéia errada,de que a Bolívia está agre-dindo o Brasil, pelo fato de aPetrobras também ter sidoafetada. “Não é verdade. ABolívia está resgatando umpatrimônio estratégico fun-damental. O petróleo é um

esses princípios, o que levouo povo boliviano a reagir. APetrobras não pode atuar damesma forma que outrascompanhias de petróleo”, rei-vindicou.

FUP – O coordenador daFederação Única dos Petro-leiros (FUP), Hélio Sidel, con-siderou como legítima a de-cisão do presidente da Bolí-via. “É uma posição sábiaporque nós também luta-mos pela manutenção eproteção das nossas reser-vas”. Sidel não vê o decretode Evo Morales como dano-so para a Petrobras. Segun-do o sindicalista, a empresareduziu os investimentosnaquele país desde que sur-giram as discussões sobre anacionalização.