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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE

PREVENÇÃO AO CRIME

DE HOMICÍDIO DOLOSO ADEQUADOS À REALIDADE DO INTERIOR PAULISTA

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"O livro é a porta que se abre para a realização do homem."

Jair Lot Vieira

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DELEGADOS DE POLÍCIA EM EXERCÍCIO

NA ÁREA DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA

DE SÃO PAULO INTERIOR – DEINTER 4 – BAURU

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE

PREVENÇÃO AO CRIME

DE HOMICÍDIO DOLOSO ADEQUADOS À REALIDADE DO INTERIOR PAULISTA

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE

PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ADEQUADOS À REALIDADE DO INTERIOR PAULISTA

DELEGADOS DE POLÍCIA EM EXERCÍCIO NA ÁREA DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO INTERIOR – DEINTER 4 – BAURU

1ª Edição 2005

Supervisão Editorial: Jair Lot Vieira

Editor: Alexandre Rudyard Benevides

Capa: Equipe Edipro

Revisão: Ricardo Virando

Dados de Catalogação na Fonte (CIP) Internacional

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Delegados de Polícia em Exercício a Área do Departamento de

Polícia Judiciária de São Paulo/Interior – DEINTER 4 – Bauru

Princípios básicos de prevenção ao crime de homicídio do-loso adequados à realidade do interior paulista / Delegados de polícia em exercício na área do Departamento de Polícia Judi-ciária de São Paulo Interior – DEINTER 4 – Bauru -- São Pau-lo/Bauru : EDIPRO, 2005.

ISBN 85-7283-544-X

05 CDU-343.3

EDIPRO – Edições Profissionais Ltda. Rua Conde de São Joaquim, 332 – Liberdade

CEP 01320-010 – São Paulo – SP – Brasil

Fone (11) 3107-4788 – Fax (11) 3107-0061

e-mail: [email protected]

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EDIPRO 5

1

SUMÁRIO

Apresentação .................................................................... 13

Prefácio ............................................................................. 15

Manifestação do Especialista ........................................... 17

A palavra do Mestre .......................................................... 21

A questão sob a óptica do Ministério Público ................... 23

A manifestação do Cônsul do Japão ................................ 25

A opinião do Instituto “Sou da Paz” .................................. 27

A matéria sob o ponto de vista da Magistratura ............... 29

“O que pensa o Diretor” .................................................... 31

Primeira Parte

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO – INTRODUÇÃO .............. 35

1. Introdução ............................................................. 35

1.1. Quebrar o paradigma de que não é possível prevenir o crime de homicídio doloso ............ 35

2. Atuação com outros órgãos e demais segmen-tos da sociedade .................................................. 36

2.1. Incentivar a adoção de políticas públicas, com reflexo na área da segurança, voltadas à prevenção de delitos dessa natureza ............ 36

2.2. Utilizar os meios de comunicação social pa-ra desencadear campanhas de valorização à vida ............................................................... 38

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

SUMÁRIO

6 EDIPRO

2.3. Estabelecer parcerias com os Conselhos Comunitários de Seguranças – CONSEGs e outros órgãos ................................................. 38

3. Atuação na área de polícia administrativa ........ 39

3.1. Orientar e adotar providências para diminuir as desavenças e discussões provenientes de acidentes de trânsito como causa de homicí-dio ................................................................... 39

3.2. Controlar os conflitos entre torcidas de agre-miações rivais ................................................. 39

3.3. Coibir brigas entre gangues adversárias ....... 40

4. Atuação na esfera do policiamento preventivo especializado ........................................................ 40

4.1. Valorizar a atribuição de policiamento pre-ventivo especializado dos policiais civis, co-mo meio eficaz de combater o crime contra a vida .............................................................. 40

4.2. Identificar e utilizar os instrumentos e ferra-mentas disponíveis à prevenção desse crime 41

4.3. Estabelecer os fatores que concorrem para a prática do delito .............................................. 42

5. Atuação na órbita da Polícia Judiciária ............. 42

5.1. Definir os fatores que dificultam a ocorrência do crime de homicídio doloso ........................ 42

5.2. Reprimir o porte ilegal de arma, principal ins-trumento do crime de homicídio doloso e in-centivar o desarmamento ............................... 43

5.3. Combater intensamente o tráfico de entorpe-cente – Fonte geradora de homicídio ............ 43

5.4. Monitorar os conflitos agrários, como forma de minimizar uma das principais circunstân-cias geradoras de violência ............................ 44

5.5 . Neutralizar os crimes passionais, decorrentes de desentendimento e infidelidade no relacio-namento conjugal ........................................... 45

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

SUMÁRIO

EDIPRO 7

5.6. Combater os fatores determinantes das mor-tes provenientes de conflitos entre pessoas legalmente presas ou submetidas à medida de segurança detentiva .................................. 46

5.7. Evitar as mortes de policiais civis no exercício da função, oriundas do confronto com crimi-nosos .............................................................. 46

6. Colaboradores ...................................................... 47

Segunda Parte

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA RE-GIÃO DO DEINTER 4 – BAURU ................................ 49

Terceira Parte

LEGISLAÇÃO .................................................................. 55

1. Lei nº 10.354, de 25 de agosto de 1999 – Dispõe sobre a proteção e auxílio às vítimas da violência e dá outras providências ........................................ 55

2. Decreto nº 23.455, de 10 de março de 1985 – Dispõe sobre a criação de Conselhos Comunitá-rios de Segurança, e dá outras providências ......... 57

3. Decreto nº 24.919, de 14 de março de 1986 – Cria e organiza o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, e dá providências correlatas .. 58

4. Decreto nº 29.981, de 1º de junho de 1989 – Es-tabelece as atribuições e competências no âmbito das Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher e dá providências correlatas ..................................... 61

5. Decreto nº 34.214, de 19 de novembro de 1991 – Cria as Delegacias de Polícia de Investigações sobre Entorpecentes nas Delegacias Seccionais de Polícia do Departamento das Delegacias Regio-nais de Polícia de São Paulo Interior – RERIN e do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo – DEMACRO, e dá outras providências ...... 62

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

SUMÁRIO

8 EDIPRO

6. Portaria DGP nº 29, de 13 de agosto de 2004 – Institui a Folha de Comunicação de Infração Ad-ministrativa Aparente, FOCIA, e dispõe sobre as providências correlatas ao seu uso ........................ 63

BIBLIOGRAFIA ................................................................ 64

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

EDIPRO 9

Agradecimento

Um agradecimento muito especial ao Deputado Estadual Dr. Pedro Tobias,

que, revelando sensibilidade e preocupação com as questões de segurança, qualidades próprias dos grandes homens públi-

cos, tornou possível a realização deste projeto.

Da mesma forma, consignar nossa gratidão à EDIPRO – Edições Profissionais,

na pessoa de seu Diretor Dr. Jair Lot Vieira, e à Thomas Natbi Comunicações,

na pessoa de seu Diretor Sr. Thomas Edison Freitas, que viabilizaram a edição desta obra.

Orlando Miranda Ferreira Delegado de Polícia Diretor do DIENTER 4 – Bauru

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

10 EDIPRO

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

EDIPRO 11

OS DEZ MANDAMENTOS

I – Amar a Deus sobre todas as coisas

II – Não tomar seu santo nome em vão

III – Guardar domingos e festas de guarda

IV – Honrar Pai e Mãe

V – Não matar

VI – Não pecar contra a castidade

VII – Não roubar

VIII – Não levantar falso testemunho

IX – Não desejar a mulher do próximo

X – Não cobiçar as coisas alheias

Código Penal:

Art. 121. Matar alguém:

Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

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12 EDIPRO

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

APRESENTAÇÃO DO REDATOR

EDIPRO 13

APRESENTAÇÃO DO REDATOR

Esta obra nasceu do sonho de um Policial vocacionado, que, nos últimos raios de sua fulgurante carreira, não deixou de acreditar na possibilidade de transformar a Polícia Civil Bandei-rante, mais que um simples Órgão Estatal, numa Instituição de defesa da sociedade, comprometida com a segurança da popu-lação e, acima de tudo, com o direito de cidadania das pessoas.

Igualmente, a edição deste livro se tornou realidade, mercê dos conhecimentos e experiências das Autoridades Poli-ciais e demais servidores que mourejam nas Unidades subor-dinadas ao Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior – DEINTER 4 – Bauru, que, inspirados no magnífico trabalho desenvolvido pelo Departamento de Homicídio e Pro-teção à Pessoa DHPP, apresentaram idéias e sugestões sobre este fascinante tema.

O presente trabalho é fruto também do desejo incontido de quebrar o paradigma que não é possível prevenir o crime de homicídio doloso, idéia preconcebida, sem qualquer fundamen-to técnico-científico, bem como da vontade de adotar medidas efetivas, com relação à banalização deste grave delito.

Os autores deste livro não têm a pretensão de ensinar a matéria aos policiais ou aos profissionais de outras áreas, nem a presunção de exaurir o assunto em tela.

Na realidade, o ideal que conduziu a elaboração desta obra, foi o de provocar a discussão do tema, apontar algumas alternativas e soluções a essa aflitiva questão.

Mário Leite de Barros Filho

Delegado de Polícia – Redator

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

APRESENTAÇÃO DO REDATOR

14 EDIPRO

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PREFÁCIO

EDIPRO 15

PREFÁCIO

Honra-me a distinção em prefaciar o trabalho científico intitulado “Princípios Básicos da Prevenção ao Crime de Homi-cídio Doloso Adequados à Realidade do Interior Paulista”, obra inteiramente pensada e produzida por Autoridades Policiais que, no exercício do múnus constitucional de Polícia Judiciária, exatas lições souberam extrair quanto à etiologia dos crimes de morte.

Verdade, devo confessar, que essa honraria provoca-me sentimentos ambíguos. Primeiro, como dito, o de satisfa-ção, por assistir à produção de um escrito de cunho inteiramen-te técnico afeiçoado à nossa lida profissional. Mas por outro lado, a percepção verdadeira e amarga de que em nosso país praticamente inexistem pesquisa e discussão relativamente a temas criminológicos e afins, o que poderia evocar errada ila-ção de que o estudo do fenômeno criminoso é irrelevante (ou, pior, inócuo).

Esse quadro preocupa-nos sobremaneira porque, co-nhecendo os poderosos sistemas policiais do mundo, consta-tamos que o contraste efetivo a qualquer manifestação delitiva somente sobressai vitorioso se operado pela via científica, isto é, fazendo-se, sempre, anteceder a ação policial por uma in-tensa observação e análise técnica, a cargo dos verdadeiros expertos em segurança social: nós policiais.

Daí o inteiro acerto, meritório de nossos mais demora-dos aplausos, da iniciativa dos dedicados Delegados de Polícia que ora nos vem às mãos com um título por demais modesto, haja vista que, do perlustre de seu conteúdo, pode-se aferir, com segurança, que os preceitos ali lançados não são de uso

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PREFÁCIO

16 EDIPRO

restrito à região interiorana de nossa Unidade Federativa, mas, corretamente, são integralmente aplicáveis em qualquer qua-drante geográfico onde o homem intente a ocisão violenta da vida de seu semelhante.

O trabalho inédito, que ora temos a grata satisfação de preludiar, espelha claramente o produto de uma arguta indaga-ção, porque feita pelo cérebro investigante experimentado, e merece ser conhecido por todos que labutam não só na seara da segurança urbana, mas também pelos que, operando no complexo sistema de Justiça Criminal, conhecimentos precisos queiram haurir sobre a gênese dos delitos de morte. Dito por outro modo, é trabalho técnico-científico que deve ser difundido e partilhado.

No ano em que a Polícia Civil de São Paulo celebra seu centenário, na condição atual de seu primeiro servo, rego-zijo-me em parabenizar os diligentes autores e, desde logo, augurar que seja este apenas o marco inicial de uma série de produções literárias policiais ungidas de probidade intelectual e utilidade prática.

Marco Antonio Desgualdo

Delegado Geral de Polícia do Estado de São Paulo

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

MANIFESTAÇÃO DO ESPECIALISTA

EDIPRO 17

MANIFESTAÇÃO DO ESPECIALISTA

Elogiável a iniciativa desse proficiente Departamento explanada no estudo “Princípios Básicos da Prevenção ao Cri-me de Homicídio Doloso Adequados à Realidade do Interior Paulista”.

Diagnóstico de problema e diretrizes estratégicas para contenção de homicídios, tal como articulados, têm acerto, a começar da necessária ruptura do paradigma de impossibilida-de da prevenção desse crime.

A redução dos índices de homicídios no Estado de São Paulo, e em particular nesta Capital, já constante vale salientar, é demonstração segura dessa assertiva.

Com efeito, atenta leitura do opúsculo em questão, reve-la a real exeqüibilidade do projeto de táticas idealizado para o interior paulista, tal como já temos experimentado nesta Capital.

Senão vejamos:

De estudos que promovemos entre as Autoridades Po-liciais e seus agentes militantes no DHPP, emergiu o “Plano de Combate aos Homicídios Dolosos”,

1 cujas diretivas orientam-se

em três pontos fundamentais à consecução da finalidade coli-mada. O primeiro, a integração entre os segmentos policiais envolvidos no combate ao crime (Polícia Civil especializada e territorial aí compreendida a Polícia Militar). O segundo, a ate-nuação da sensação de impunidade que experimenta o meio

1. Polícia Civil do Estado de São Paulo – Brasil – Departamento de Homicí-dios e de Proteção à Pessoa – DHPP, Anuário 2001, pág. 63; Anuário 2002/2003, pág. 95; site www.policia-civ.sp.gov.br/dhpp.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

MANIFESTAÇÃO DO ESPECIALISTA

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social, mediante uma ação policial preordenada, mais intensa e rápida, traduzida em prisões. E, por último, o incremento da investigação policial, pela evolução qualitativa do inquérito poli-cial, e dos meios e fontes que o instruem, com destaque para os investimentos em inteligência e tecnologia da informação.

De fato, de outra parte, a intensificação de ações de policiamento preventivo especializado, desenvolvida pelos Se-tores Operacionais das Delegacias Seccionais de Polícia; GOE e o GARRA, objetivando ocupação dos espaços urbanos, conscientização dos comerciantes quanto à nocividade da permanência de bares e similares em funcionamento após as 22:00 horas e prisões em flagrante por uso e tráfico de entor-pecentes e porte de arma, seguramente contribuíram para a redução dos índices dos crimes dolosos contra a vida.

Ademais, providências outras (imposição da recognição visuográfica do local do crime; cotejo balístico entre projéteis de cadáveres e armas de fogo, relacionados ao mesmo Distrito Policial; estímulo à participação popular para denúncias de crimes; políticas públicas; relacionamento com a imprensa; conscientização e valorização do policial, atualização do perfil da vítima, do autor e do crime de homicídio, etc.) concorrerão ao mesmo fim.

O gráfico seguinte, relacionado à produtividade do DHPP, bem ilustra essa sustentação, porquanto refere a perío-do de execução das linhas mestras do “Plano de Combate aos Homicídios Dolosos”.

5876

3236

5327

3404

165

1437

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

2001 (Jan.) 2004

AcervoCartorário

HomicídiosDolosos

PrisõesEfetuadas

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

MANIFESTAÇÃO DO ESPECIALISTA

EDIPRO 19

2001 (Janeiro)

2004 Diferença

em %

Acervo cartorário 5.876 3.236 – 44,9

Homicídios dolosos 5.327 3.404 – 36,1

Prisões efetuadas 165 1.437 + 770,9

Feitos esses comentários e parabenizando essa Depar-tamental pelo empreendimento, colocamo-nos à inteira disposi-ção de Vossa Senhoria para o intercâmbio de idéias e experi-ências, isso porque comungamos da premissa, que cremos igualmente seja sua, de que o combate aos homicídios dolosos deve ser considerado prioridade no contexto da segurança pública.

Domingos Paulo Neto

Delegado de Polícia Diretor do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa

DHPP

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

MANIFESTAÇÃO DO ESPECIALISTA

20 EDIPRO

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A PALAVRA DO MESTRE

EDIPRO 21

A PALAVRA DO MESTRE Caríssimo Miranda:

Meu cordial abraço Li, atentamente, o seu trabalho sobre “Os princípios

básicos da prevenção ao crime de homicídio doloso adequados à realidade do interior paulista”. Para problemas tão sérios, o prezado amigo, com simplicidade, sem ginástica de inteligência ou disquisições científicas, apresentou uma série de medidas que, levadas a sério, podem diminuir, significativamente, o número de homicídios dolosos não apenas no interior paulista, mas em todo o território nacional. Há um grande elo interligan-do o álcool à criminalidade, principalmente o homicídio que, na orografia dos crimes, já se disse, ocupa o seu ponto culminan-te. Ante a possibilidade de fechamento dos bares às 22 ou 23 horas, haverá, obviamente, uma acentuada redução de con-sumo de bebidas alcoólicas com a conseqüente neutralização de um dos fatores preponderantes da delinqüência.

O combate ao narcotráfico de maneira constante, inin-terrupta e ao mesmo tempo uma campanha conscientizadora das conseqüências desastrosas do uso de drogas, não apenas pela imprensa falada, escrita e televisiva, mas inclusive e, se possível, em reuniões nos bairros, em local adrede preparado, com participação de pais e filhos, com exibição de filmes ou até mesmo de simples slides mostrando, em toda a sua nudez, a que extremos de degradação chegam ou se expõem os vicia-dos e, também, o que esses moços ou adultos podem fazer sob a influência da droga. As nossas Faculdades devem aderir a essa idéia, com indicação de professores da área do Direito e Assistência Social para ministrarem palestras em linguagem acessível à nossa população carente.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A PALAVRA DO MESTRE

22 EDIPRO

Redobrar os cuidados quando das visitas aos presos, in-clusive e se possível, com instalação de detectores de metais nos estabelecimentos prisionais, evitando assim, a introdução nos presídios de celulares, armas de fogo ou armas brancas. Avanço mais meu caríssimo Miranda: deve haver algum meio para revelar se algum visitante dos presídios leva consigo, ainda que em algum esconso natural, substância entorpecente, além das costumeiras buscas pessoais. Os cães farejadores são co-muns nos aeroportos de Roma. Exigir que toda e qualquer pes-soa que adentre os estabelecimentos prisionais, ainda que fun-cionários, sejam submetidos a essas inspeções. Trata-se de elementar cautela. Poderia até haver um trabalho junto aos nos-sos parlamentares no sentido de ser elaborada norma que per-mita a suspensão ou cassação de carta de habilitação para diri-gir veículos motorizados daqueles que forem condenados por tráfico ou uso de drogas. Todos sabemos os perigos a que todos nos expomos nas vias públicas, quando alguém drogado está à frente de um veículo. Uma suspensão com promessa de cassa-ção na reincidência é um relevante fator intimidativo.

O seu trabalho, caríssimo Miranda, se levado a sério, se constitui notável contribuição não só para a diminuição dos crimes de homicídio, como também para uma acentuada dimi-nuição da criminalidade em geral. Vale muito mais que dezenas de braças de textos legais. Nós da sociedade que vivenciamos o problema é que devemos nos unir e procurar soluções. Suas preocupações e sugestões já representam uma clareira na mata da criminalidade. Espero e faço votos que os homens de bem desse Estado e até mesmo do Brasil se interessem pelas suas idéias, mesmo porque se ficarmos nessa quietude, nesse nirvana irritante, nesse comodismo, nesse laissez faire, haverá um maior abastardamento de costumes e, com ele, o confisco de uma vida humana será uma constante.

Parabéns pelas idéias. Parabéns pela sua preocupação para que possamos viver em paz. Não precisamos ter aquele Paradise Lost de Milton... mas, pelo menos sentir uma socie-dade mais tranqüila e com a tranqüilidade, certamente seremos todos felizes.

Ao amigo, saúde e paz, bens maiores.

Fernando Tourinho Filho

Mestre em Direito Processual Penal

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A QUESTÃO SOB A ÓPTICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

EDIPRO 23

A QUESTÃO

SOB A ÓPTICA

DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Conheci Orlando Miranda Ferreira na década de 80, quando exercia as funções de 2º Promotor de Justiça na Co-marca de Marília e ele as de Delegado Titular do Município. Desde o início do relacionamento, profissional e pessoal, pu-de perceber seu elevado senso de dever e de amor pela Polí-cia Civil, retratado no empenho que imprimia nos seus afaze-res do dia a dia. Servir a população e reprimir com energia a criminalidade eram suas características marcantes fazendo que com isso ganhasse o respeito de seus pares e de todos aqueles que com ele se relacionavam, juízes, advogados e promotores.

A objetividade e a praticidade sempre nortearam suas ações policiais. Seus mais de cinqüenta anos de serviço públi-co, bem exercidos, o qualificaram para elaboração dos “Princí-pios básicos da prevenção ao crime de homicídio doloso ade-quados à realidade do interior paulista”.

Desmentindo mitos como o de que o homicídio, por ser crime de ímpeto, dificilmente pode ser objeto de prevenção, MIRANDA elenca uma série de providências e de políticas públicas que se adotadas reduziriam, em muito, a ocorrência do delito em questão. Valorizando o policiamento preventivo e priorizando atividades na órbita da Polícia Judiciária, incenti-vando a atuação da polícia civil em parceria com as demais carreiras judiciárias e segmentos da sociedade politicamente

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A QUESTÃO SOB A ÓPTICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

24 EDIPRO

estruturada, o autor produziu obra de inegável valor para o combate da criminalidade.

José Juarez S. Mustafá

Procurador de Justiça aposentado

Ex-Presidente da Associação Paulista do Ministério Público

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A MANIFESTAÇÃO DO CÔNSUL DO JAPÃO

EDIPRO 25

A MANIFESTAÇÃO

DO CÔNSUL DO JAPÃO

Fui designado pelo Governo Japonês para ser Cônsul de Assuntos Policiais no Brasil, e chegando em São Paulo há dois anos impressionei-me com o alto índice de criminalidade, tais como: homicídio, latrocínio, roubo e outros.

Constatei, ainda, que esses crimes, em sua grande maio-ria, eram praticados com arma de fogo; o que torna mais perigo-so o trabalho policial, no enfrentamento desses criminosos.

Mesmo com todo esse perigo, observei que os policiais arriscam a própria vida no policiamento preventivo e repressivo, dedicando-se na investigação, fato que me deixou muito emo-cionado.

Todo este contexto não há comparação com a situação vivida pelos policiais japoneses, pois no Japão o porte de arma de fogo é restrito, o índice de criminalidade é menor, bem como o enfrentamento da violência não é tão aviltante.

Pela proximidade nos assuntos envolvendo a seguran-ça pública, fui incumbido de mensurar essa publicação elabo-rada pelo Doutor Orlando Miranda Ferreira, DD. Delegado de Polícia Diretor do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior – DEINTER 4, Bauru, com a colaboração de seus delegados de polícia assistentes, tratando sobre “Princípios básicos da prevenção ao crime de homicídio doloso adequados à realidade do interior paulista”.

Essa publicação enfatiza a necessidade de eliminar a falsa idéia de que não é possível prevenir a prática do homicí-

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A MANIFESTAÇÃO DO CÔNSUL DO JAPÃO

26 EDIPRO

dio por causa de sua imprevisibilidade, porém, identificados os motivos, podem ser adotadas medidas de combate às causas desse crime.

Dentre estas medidas, enfatiza que os policiais devem utilizar a mídia escrita e televisiva na campanha de valorização à vida e combate ao crime; acresce, ainda, que os CONSEGs são úteis para realizar essas campanhas e como instrumento para obtenção de recursos humanos e materiais. Tais ativida-des são semelhantes com as desenvolvidas pela polícia Japo-nesa na estratégia de prevenir os crimes.

Além disso, os policiais devem orientar os proprietários dos bares e similares, controlar os conflitos entre torcidas e agremiações rivais, monitorar o Movimento Sem Terra. Tais medidas não existem no Japão e admiro essa estratégia ade-quada à realidade do interior paulista.

Entendo que os policiais, conhecendo as causas dos crimes da região, e sendo que este foi voltado para determina-da região, sem dúvida trará um resultado satisfatório.

O autor dessa obra tem colaborado com a Polícia Ja-ponesa com relação ao estágio realizado na Polícia Civil. Daqui em diante gostaria que o intercâmbio entre a Polícia Japonesa e a Polícia Civil do Estado de São Paulo se intensifique, oro pelo ótimo desempenho e deixo minhas palavras de agradeci-mento nesta publicação.

Hirofumi Ohkuma

Cônsul do Japão

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A OPINIÃO DO INSTITUTO “SOU DA PAZ”

EDIPRO 27

A OPINIÃO DO INSTITUTO

”SOU DA PAZ”

O manual sobre “Princípios Básicos da Prevenção do Crime de Homicídio Doloso” elaborado pela polícia civil repre-senta um grande avanço na construção de uma segurança pública cada vez mais cidadã. O reconhecimento de que o crime de homicídio pode ser prevenido demonstra que está em curso uma nova forma de lidar com os problemas de violência e criminalidade que admite que o trabalho da polícia deve, ne-cessariamente, possuir uma forte dimensão preventiva. Tam-bém é significativo o fato de que esse reconhecimento venha por parte da polícia civil que, via de regra, é responsável pela investigação dos crimes, ou seja, trabalha com o problema depois que ele já aconteceu.

O manual apresenta diferentes dimensões de atuação para a prevenção do crime de homicídio: a dimensão da articu-lação da polícia civil com outros segmentos da sociedade; a dimensão da área de polícia administrativa; a dimensão da esfera do policiamento especializado; e a dimensão da polícia judiciária. Essas dimensões representam a amplitude das pos-sibilidades da atuação da polícia civil na prevenção do homicí-dio e reconhecem a importância de outros atores, como as prefeituras municipais, as organizações da sociedade civil, outros órgãos e programas do Governo do Estado, a OAB, entre outros.

O que é inovador nesse manual é justamente o reco-nhecimento de que prevenção só se faz a partir de enfoques múltiplos e ampliados e com a participação de uma pluralidade

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A OPINIÃO DO INSTITUTO “SOU DA PAZ”

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de parceiros. Além disso, o manual traz passos imprescindíveis para a realização de um trabalho de prevenção, como a neces-sidade de compreensão do problema a partir da identificação de fatores de risco e situações de risco e a definição da estra-tégia de ação a partir dessa identificação.

A identificação desses fatores e situações risco foi feita com base na realidade do interior do Estado de São Paulo, o que também é inovador, uma vez que grande parte do trabalho de diagnóstico do problema de homicídios tem se concentrado nas grandes metrópoles.

Além disso, é preciso sempre lembrar que, para uma segurança pública democrática e cidadã, é preciso que o prin-cípio de respeito à dignidade da pessoa humana seja conside-rado em todas as ações realizadas pela polícia.

Por fim, fica como sugestão a edição de uma segunda edição do manual, publicando resultados do trabalho realizado com base nessa primeira edição, contando um pouco dos avanços e eventuais dificuldades na implementação de uma atividade preventiva da polícia civil como uma forma de monito-rar os resultados do trabalho desenvolvido e de saber se o caminho escolhido está na direção certa: de contribuir para que os homicídios parem de crescer.

Carolina de Mattos Ricardo

Coordenadora da Área de Justiça e Segurança Pública do Instituto “Sou da Paz”

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A MATÉRIA SOB O PONTO DE VISTA DA MAGISTRATURA

EDIPRO 29

A MATÉRIA

SOB O PONTO DE VISTA

DA MAGISTRATURA

Ei-lo afinal à disposição de todos os profissionais da Polícia.

De fato. Depois de trabalhosa e acurada pesquisa, veio a lume o presente trabalho, que, sem sombra de dúvida, consti-tuirá um marco, como norma de conduta, na prevenção de crime de homicídio doloso.

Trata-se de trabalho de autoria do Doutor Orlando Mi-randa Ferreira, nascido em 15.10.1935, em Presidente Alves, formado pela Faculdade de Direito de Bauru, em 1º.3.1967, e que ingressou como Delegado de Polícia na Polícia Civil do Estado de São Paulo, em 7.3.1969.

Seu autor, emérito Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, como já dito, durante anos dedicou-se, no exercício de seu mister, à investigação criminal das mais diversas e in-trincadas questões que se lhe apresentavam.

Com perspicácia e profundo raciocínio, o Doutor Orlan-do Miranda Ferreira desempenhou todas essas suas incum-bências profissionais, o que, na maioria das vezes, se dava com imensurável êxito.

E essa lida diuturna, na verdade quase quarentenária, o fez portador de vasta experiência no campo da investigação criminal, que, por meio de seu trabalho, a todos os seus leitores transmite.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

A MATÉRIA SOB O PONTO DE VISTA DA MAGISTRATURA

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Ainda, transmite-a com perfeita didática.

Nesse passo, traça normas de conduta a serem, a ri-gor, adotadas de maneira preventiva, por aqueles que têm por incumbência a repressão a crimes de homicídio doloso, a fim de evitar, até mesmo, chegar-se a necessária repressão.

Ressalte-se que a experiência transmitida, de que se falou, nada mais é do que a soma das soluções daqueles di-versos casos, as quais foram obtidas, em cada um deles, de-pois de intensas pesquisas sobre dados da criminalidade, aná-lise dos locais dos fatos investigados, enfim, de idas e vindas na persecução criminal, o que deu a essa experiência um cará-ter inegavelmente científico.

Pelos motivos aqui elencados e por muitos outros que se poderão encontrar neste trabalho, a sua leitura se torna imprescindível a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, estejam ligados à investigação criminal, em especial à apura-ção de crimes de homicídio doloso.

Maurício Henrique Guimarães Pereira Filho

Juiz de Direito que judicou de 1995 a 1999 no 2º e também no 1º Tribunais do Júri da Capital

e de 2000 a 2005 no Tribunal do Júri da Comarca de Campinas

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

“O QUE PENSA O DIRETOR”

EDIPRO 31

1

“O QUE PENSA O DIRETOR”

Embora sejam conhecidos os posicionamentos diver-gentes dos psicólogos sobre a educação dos filhos, a experi-ência nos ensina que a formação do caráter das pessoas se opera coibindo, desde as mais insignificantes manifestações de condutas inadequadas, o que inibe a progressão de tais com-portamentos, preparando assim o ser humano para uma salutar convivência social.

Desta forma, no âmbito familiar, ao primeiro sinal de conduta inconveniente da criança, o olhar severo dos pais, demonstrando desaprovação, desestimula a repetição de tal procedimento; se houver reiteração, segue-se a admoestação verbal e, finalmente, no caso de insistência, um “tapinha no traseiro”, do tipo “tira poeira” é o bastante para manter o respei-to que deve imperar no seio familiar.

Esse tipo de freio disciplinador, aliado ao bom exemplo dos pais e ao diálogo elucidativo – franco e fraternal – parece ser o instrumento hábil para preparar o filho, amoldando o seu caráter e habilitando-o ao harmonioso convívio social, sem maiores riscos de futuro desvio de comportamento.

Em sentido contrário, se negligenciamos na educação dos filhos, conforme decálogo denominado “Como Criar um Delinqüente”, adiante transcrito, não pontuando e corrigindo seus deslizes, compactuando destarte com o nível crescente de desatendimento às regras básicas de bom comportamento, que se reflete no desrespeito aos familiares, amigos e pessoas próximas, é bem provável que os resultados na vida social sejam os mais deploráveis, trazendo-nos, por via de conse-qüência, sérios dissabores.

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“O QUE PENSA O DIRETOR”

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Entendo que o mesmo raciocínio se aplica no campo criminal, coibindo-se o pequeno delito para inibir a progressão do potencial criminoso.

Hoje, o que se percebe é uma sociedade assustada, face ao quadro de crescente agressividade generalizada, ver-dadeiro instrumento de autodefesa ou de auto-afirmação, que atinge as mais diferentes camadas sociais, trazendo como resultado deletério o desapego ao próximo e a banalização do respeito à vida e a incolumidade das pessoas, o que fere a comunidade em pleno coração.

Esse panorama, em princípio desalentador, parece-nos o reflexo da ineficácia do Estado, face ao advento de leis des-penalizadoras, que consideram de menor potencial ofensivo todas as contravenções penais e os crimes cujas penas máxi-mas não sejam superior a dois anos.

Essa moderna legislação não teve os seus objetivos al-cançados e o que se vê é a justiça criminal assoberbada em razão do acúmulo de procedimentos e, ao invés de restar libe-rada, acabou sem condições de entregar com a celeridade desejada, a devida prestação jurisdicional, gerando com isso um sentimento de descrença por parte das vítimas e a sensa-ção de impunidade por parte dos infratores, com conseqüên-cias ruins para o equilíbrio social.

É preocupante, portanto, o tratamento dado pelo legis-lador à Lei das Contravenções Penais e aos delitos tidos como de menor potencial ofensivo, retirando da Polícia Judiciária as atribuições de cunho profilático, que sob o aspecto preventivo, antes de cuidar do caráter repressivo, visavam educar o infrator e evitar a reiteração de conduta delituosa e conseqüente pro-gressão criminal; nos delitos cuja pena máxima não seja supe-rior a dois anos, a Polícia Civil ficou alijada das investigações e transfigurada em mero órgão registrário de tais infrações.

Entendemos, todavia, que tais percalços não têm o con-dão de arrefecer os ânimos e a capacidade dos valorosos poli-ciais civis e foi por isso que, em homenagem à irretocável histó-ria centenária da Polícia Civil de São Paulo, pontilhada por vitó-rias heróicas e confiando no potencial dos seus integrantes, imaginamos este Manual de Princípios Básicos da Prevenção ao Crime de Homicídio Doloso, acreditando no seu conteúdo, que pode ser de grande valia para a Polícia Civil do interior paulista.

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“O QUE PENSA O DIRETOR”

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COMO CRIAR UM DELINQÜENTE

Dez Maneiras Fáceis

1. Comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, ele acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo o que deseja.

2. Quando ele disser nomes feios, ache graça. Isso o fará considerar-se interessante.

3. Nunca lhe dê orientação religiosa. Espere até que ele chegue aos 21 anos, e “decida por si mesmo”.

4. Apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapa-tos, roupas. Faça tudo por ele, para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade.

5. Discuta com freqüência na presença dele. Assim não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde.

6. Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser. Nunca o dei-xe ganhar seu próprio dinheiro. Por que terá ele de passar pelas mesmas dificuldades por que você passou?

7. Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. Negar pode acarretar frustrações preju-diciais.

8. Tome o partido dele contra vizinhos, professores, policiais (todos têm má vontade para com seu filho).

9. Quando se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa: “nunca consegui dominá-lo”.

10. Prepare-se para uma vida de desgosto. É o seu merecido destino.

(Texto copiado do Museu do Crime da Academia de Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”, da Polícia Civil do Esta-do de São Paulo, em 17 de junho de 2005)

Orlando Miranda Ferreira

Delegado de Polícia Diretor do DEINTER 4 – Bauru

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

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PRIMEIRA PARTE

PRINCÍPIOS BÁSICOS

DE PREVENÇÃO AO CRIME

DE HOMICÍDIO DOLOSO

ADEQUADOS À REALIDADE

DO INTERIOR PAULISTA

1. INTRODUÇÃO

1.1. Quebrar o paradigma de que não é possível preve-nir o crime de homicídio doloso Os policiais civis precisam se desfazer da idéia precon-

cebida e equivocada de que o crime de homicídio doloso, pela sua natureza passional, não pode ser evitado, pensamento sem fundamento técnico-científico, fruto de certo acomodamen-to dos servidores.

Antes de entender o que são mudanças de paradigma, é preciso estabelecer a definição de paradigma.

Consoante ensinamentos ministrados por Joel Arthur Barker,

2 o paradigma é uma suposição compartilhada, pela

qual percebemos o mundo e prevemos o seu comportamento.

2. BARKER, Joel Arthur. “Paradigms, the business of discovering the future”, New York: Harper Business, 1993, pág. 31.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

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As pessoas se valem desse conjunto de regras para definir limites, adequar sua conduta dentro desses parâmetros, em busca de bons resultados.

Assim, a partir do instante em que se criou a falsa idéia de que não é possível prevenir o crime de homicídio doloso, estabeleceu-se uma indesejada limitação na atuação policial nesta área, com sérios reflexos na incidência do delito em tela.

Por outro lado, para alterar a concepção sobre um de-terminado pensamento, é necessário demonstrar a improce-dência da base de sustentação desta opinião.

Indiscutivelmente, o principal suporte do paradigma da impossibilidade de prevenção do homicídio doloso, é a alegada imprevisibilidade da prática deste crime.

Tal assertiva, entretanto, é totalmente infundada, na medida em que os motivos determinantes dessa infração são facilmente identificados (acerto de contas entre traficantes, resistência ao crime de roubo, desentendimento de pessoas embriagadas em bares, discussão proveniente de acidente automobilístico, infidelidade conjugal, etc.); conseqüentemente, medidas podem ser adotadas, no sentido de combater e con-trolar as causas, diminuindo significativamente a ocorrência desse bárbaro crime.

Igualmente, é necessário rever a cômoda idéia de que a prevenção criminal é tarefa específica da Polícia Militar, visão que suprime da Polícia Civil, importante área de atuação.

2. ATUAÇÃO COM OUTROS ÓRGÃOS E DEMAIS SEGMENTOS DA SOCIEDADE

2.1. Incentivar a adoção de políticas públicas, com re-flexo na área da segurança, voltadas à prevenção de delitos dessa natureza

Conscientizar as Autoridades locais e as forças vivas do Município da necessidade de investir em educação, lazer, esporte, iluminação pública, como forma de evitar a prática desse crime.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

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Do mesmo modo, demonstrar a necessidade da limita-ção do horário de funcionamento de bares e similares, a fim de arrefecer a prática de delito desse jaez, experiência extraída dos significativos resultados obtidos nos Municípios que im-plantaram a denominada “Lei Seca”.

Os policiais civis deverão orientar os proprietários des-ses estabelecimentos que a venda de bebida alcoólica às pes-soas que se encontram em estado de embriaguez, caracteriza a contravenção penal, disposta no art. 63, do Decreto-Lei nº 3.688/1941.

3

Vale lembrar, também, que recentemente a Delegacia Geral de Polícia, através da Portaria DGP nº 29/2004, institui a Folha de Comunicação de Infração Administrativa Aparente – FOCIA.

O mencionado ato administrativo estabelece que o po-licial civil – exclusivamente durante regular exercício do policia-mento repressivo de polícia judiciária ou preventivo especiali-zado – ao constatar possíveis irregularidades administrativas aparentes, de quaisquer naturezas, que, em tese, inabilitem a empresa fiscalizada ao pleno exercício regular da atividade econômica, deverá, incontinenti, elaborar a Folha de Comuni-cação de Infração Administrativa Aparente – FOCIA, sem prejuí-zo das medidas de caráter policial e posteriormente, encami-nhar tal documento ao setor responsável da Prefeitura Munici-pal local ou, eventualmente, a outro órgão público municipal, estadual ou federal, com atribuição legal para conhecimento da irregularidade.

Tal prerrogativa pode ser utilizada como instrumento efi-caz, para fiscalizar o funcionamento de bares e similares e a comercialização de bebida alcoólica em suas dependências.

3. Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:

I – a menor de dezoito anos;

• O art. 243 da Lei nº 8.069, de 13.7.1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, define o ato descrito neste inciso I como crime.

II – a quem se acha em estado de embriaguez;

III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais;

IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de freqüentar lugares onde se consome bebida de tal natureza:

Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.

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2.2. Utilizar os meios de comunicação social para de-sencadear campanhas de valorização à vida

A Autoridade Policial e demais servidores da Polícia Civil devem desencadear, através de jornais, revistas, progra-mas de televisão, rádio, etc., ampla campanha de valorização à vida, combatendo a prática do crime extremo por motivos fúteis e insignificantes, demonstrando as nocivas conseqüências deste terrível ato.

Divulgar por intermédio da mídia local e regional, os ele-vados índices de elucidação de crime de homicídio, alcançados pelas Unidades da Polícia Civil, bem como a prisão de seus responsáveis; tal providência tem efeito intimidativo e serve para dissuadir outros potenciais autores.

2.3. Estabelecer parcerias com os Conselhos Comunitá-rios de Seguranças – CONSEGs e outros órgãos

Como guardiã natural da comunidade, a Autoridade Po-licial deve buscar, nos órgãos constituídos, o sustentáculo de que necessita, justamente para poder ofertar aos seus tutela-dos (a comunidade) a necessária segurança.

Neste contexto, os CONSEGs se revelam extremamen-te úteis e eficazes, tanto na realização de campanhas educati-vas como instrumento para obtenção de recursos materiais e humanos, que fortalecem sobremaneira o policiamento repres-sivo.

Incentivar a instalação dos Centros Integrados de Ci-dadania (CICs) que têm por fim a implementação de políticas na área social, com uma relação mais próxima entre a polícia e a comunidade. Vale lembrar que, após a instalação do CIC no Jardim Ângela, na Capital Paulista, o número de homicídios diminuiu consideravelmente naquela área, aumentando a sen-sação de segurança da comunidade local.

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3. ATUAÇÃO NA ÁREA DE POLÍCIA ADMINISTRATIVA

3.1. Orientar e adotar providências para diminuir as desavenças e discussões provenientes de aciden-tes de trânsito como causa de homicídio

Entre as funções da Polícia Civil, destaca-se a de Polí-cia Administrativa, que se destina a limitar e disciplinar direitos, interesses e liberdades individuais, para garantir a convivência harmônica da sociedade.

Partindo-se dessa premissa, cabe ao Delegado de Po-lícia incentivar a realização de cursos pelas Circunscrições Regionais de Trânsito, aos motoristas por ocasião da primeira habilitação ou da renovação da CNH, conscientizando-os de que o veículo não pode se transformar num instrumento de agressão e, sim, um meio de locomoção rápido, eficiente e que foi projetado pelo homem moderno, para a busca de sua satis-fação pessoal e profissional.

Contar com o auxílio inestimável dos Psicólogos, cre-denciados pelo DETRAN, que realizam o exame de psicotécni-co, no sentido de impedir a habilitação de pessoas com perfil violento, bem como cassar a Carteira Nacional de Habilitação de condutores que manifestarem tal característica, por ocasião da renovação da CNH.

3.2. Controlar os conflitos entre torcidas de agremia-ções rivais

Diante do elevado número de ocorrências, envolvendo desentendimento entre torcidas rivais de clubes de futebol, que muitas vezes redunda em crimes contra a vida, as Autoridades Policiais deverão exercer suas atribuições de polícia adminis-trativa, principalmente, durante as partidas dos times que pos-suem maior antagonismo, deslocando, quando possível, Uni-dade Móvel para as dependências dos Estádios.

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3.3. Coibir brigas entre gangues adversárias

Tendo em vista o significativo aumento de ocorrências, envolvendo o confronto de grupos de jovens em bailes, boates exposições agropecuárias e festas regionais, os Delegados de Polícia deverão, no exercício de sua atribuição de Polícia Ad-ministrativa, adotar medidas, no sentido de cadastrar todas as academias de artes marciais existentes no Município e registrar os atletas que praticam essas lutas, exercendo efetiva fiscali-zação sobre eles, inclusive, com a criação de um banco de dados, contendo informações sobre as pessoas que costumei-ramente se envolvem em delitos dessa natureza.

4. ATUAÇÃO NA ESFERA DO POLICIAMENTO PRE-VENTIVO ESPECIALIZADO

4.1. Valorizar a atribuição de policiamento preventivo especializado dos policiais civis, como meio eficaz de combater o crime contra a vida

As expressões prevenir e prever, do latim praevenire e praevidere, significam: tomar a dianteira, dispor com antecipa-ção, chegar antes de, impedir que se realize, vir e ver anteci-padamente, calcular, supor.

Além do trabalho policial repressivo, que se manifesta logo após ao cometimento do crime, importante se faz a atua-ção preventiva ou profilática, evitando, impedindo que o crime ocorra. O direcionamento e a conjugação de esforços dos ór-gãos policiais são importantes para que seja efetivamente pos-sível ver e prever, garantindo a atuação antes que o crime ocorra.

Nesse diapasão, os policiais civis devem ter consciên-cia de que o artigo 144, da Constituição Federal de 1988, não revogou a atribuição do policiamento preventivo especializado, preconizado no inciso I, do artigo 3º, da Lei Orgânica da Polícia Paulista.

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A veracidade de tal assertiva fica bem evidenciada no artigo 20, do Decreto nº 44.448/1999, que criou os Departamen-tos de Polícia Judiciária de São Paulo Interior – DEINTERs.

Art. 20. Aos Departamentos de Polícia Judiciária

de São Paulo Interior – DEINTER 1, DEINTER 2, DEIN-TER 3, DEINTER 4, DEINTER 5, DEINTER 6 e DEIN-TER 7 cabe promover a execução, nas respectivas áreas de atuação, das atividades de polícia judiciária, adminis-trativa e preventiva especializada.

Assim, as Autoridades Policiais deverão incentivar a

utilização da atividade policial, desenvolvida através do plane-jamento, técnicas de operações, compilação de dados e pro-cessamento das informações criminais – definição do Delegado de Polícia Dr. Carlos Alberto Marchi de Queiroz

4 – objetivando

a prevenção dos crimes de homicídio.

Ademais, a realização de policiamento preventivo es-pecializado diversificado, como por exemplo, as buscas resi-denciais, em áreas periféricas, bares e similares, pontos boê-mios, etc., circunstância preponderante e que converge para o objetivo aqui colimado.

4.2. Identificar e utilizar os instrumentos e ferramentas disponíveis à prevenção desse crime

Necessidade de identificar e disponibilizar aos policiais civis instrumentos eficazes para uma ação enérgica nesta área de atuação, possibilitando a obtenção de melhores resultados.

A Inteligência Artificial deve estar a serviço da preven-ção do crime de homicídio doloso. O serviço de inteligência policial deve estar em constante liame com os canais de infor-mação. Ao constatar os possíveis focos de divergência social, delimitar o sítio e os motivos e através das demais unidades da Polícia Civil, adotar posturas profissionais sérias e dirigidas a evitar a infração.

4. QUEIROZ, Carlos Alberto Marchi. Nova Lei Orgânica da Polícia Explicada. São Paulo: Edição do Autor, 1ª edição, 2002, pág. 16.

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4.3. Estabelecer os fatores que concorrem para a práti-ca do delito

Delimitação das áreas e Identificação dos dias da sema-na, horários de maior incidência dessa infração, bem como o sexo, a idade dos autores e os motivos determinantes do crime enfocado, a fim de direcionar a atuação policial nesse sentido.

De igual forma, realizar minucioso estudo do perfil da vítima de homicídio e de seu modo de agir, tomando medidas correlatas e desencadeando campanhas com a finalidade de orientar e mudar o comportamento dessas pessoas.

Tal medida se reveste de especial importância, para evi-tar o crime de seqüestro, que ocorre, com bastante freqüência, em razão da ostentação de riqueza e ausência dos cuidados necessários da vítima, muitas vezes, assassinada para impedir a identificação de seus algozes.

Como também para proteger as pessoas pobres, mo-radoras das periferias que perdem a vida, geralmente por moti-vos fúteis ou pelo envolvimento no crime organizado.

Além disso, os policiais civis deverão prestar muita aten-ção aos registros de delitos que podem ensejar vingança da vítima, como por exemplo, ameaça, lesão corporal dolosa, injú-ria real, demovendo tais pessoas do intuito de desforra, aler-tando sobre as conseqüências de tais atos.

5. ATUAÇÃO NA ÓRBITA DA POLÍCIA JUDICIÁRIA

5.1. Definir os fatores que dificultam a ocorrência do crime de homicídio doloso

A rápida e eficiente atuação da polícia judiciária, eluci-dando crimes de homicídio e prendendo assassinos, como fator preventivo e intimidativo da prática e/ou reincidência de delitos da mesma natureza.

Intensificar o cumprimento de mandados de prisão de criminosos condenados pela prática de homicídio, ante a alta probabilidade de reincidência.

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5.2. Reprimir o porte ilegal de arma, principal instru-mento do crime de homicídio doloso e incentivar o desarmamento Segundo estudo apresentado no dia 19 de janeiro de

2005, pelo Instituto São Paulo Contra a Violência e pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Violência da Universidade de São Paulo (USP), as armas de fogo foram responsáveis por 265.975 mortes no país, na década de 90.

O número corresponde a 24% das mortes por causas externas (não naturais). Do total, cerca de 82% foram homicí-dios, 11% não tiveram a intencionalidade determinada, 5% foram suicídios, 2% foram mortes acidentais e apenas 0,1% foi atribuído à intervenção da polícia.

De acordo com a referida pesquisa, no final da década de 90, a mortalidade causada por armas de fogo ocupou a primeira posição entre causas externas. Em 2000, morreram quase 13 mil jovens, com idades entre 15 a 24 anos, superan-do acidentes de trânsito e mortes naturais.

Esses impressionantes dados demonstram que a Polí-cia Civil necessita intensificar a repressão ao crime de porte ilegal de arma, através de buscas pessoais e domiciliares, au-tuando em flagrante os transgressores da lei.

As Autoridades Policiais e demais funcionários, em exer-cício nos Municípios localizados na divisa com outros Estados, principalmente os situados na rota do Paraguai, deverão tam-bém realizar operação-bloqueio, intensificando a fiscalização no interior de ônibus e outros veículos, no sentido de combater o contrabando de armas.

De idêntica forma, precisa se engajar na campanha Es-tadual de desarmamento, tanto das armas de fogo, como as chamadas “armas brancas”, fator preponderante para a diminui-ção de infrações dessas espécies.

5.3. Combater intensamente o tráfico de entorpecente – Fonte geradora de homicídio

Tornar mais intensa e efetiva a repressão ao tráfico de entorpecente, pelas Delegacias de Investigação Sobre Entor-

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pecentes – DISE, tendo em vista que as estatísticas demons-tram que essa atividade ilícita é um dos principais fatores que concorrem para a prática do homicídio, resultando inúmeras chacinas.

Com efeito, observa-se que inúmeras vidas são ceifa-das na disputa por ponto de comercialização de drogas ou em virtude de acerto de contas dessa atividade ilícita.

Igualmente, incentivar e participar de programas de-senvolvidos por entidades especializadas no tratamento de pessoas com dependência química; tal providência contribui para diminuir a incidência desse crime, na medida que neutrali-za a ação de um potencial homicida.

5.4. Monitorar os conflitos agrários, como forma de minimizar uma das principais circunstâncias gera-doras de violência

A busca de terras para cultivo, por pessoas que não reuniram condições para a aquisição, passou a ser uma ativi-dade organizada, hoje nacionalmente conhecida como MST.

Referida organização e a liderança política exercida por algumas pessoas, acabou dando força ao movimento, a ponto de encontrarmos acampamentos ao redor de propriedades produtivas, às vezes, como preparação para a invasão das propriedades sitiadas.

A legislação civil permite o desforço imediato, através do qual o possuidor que for ameaçado na sua posse pode, com a força própria, retomar aquilo que lhe foi retirado.

Sabedores dessa possibilidade, os componentes do movimento atuam a cada dia com mais violência, gerando uma reação equivalente, quando, então, a chance do evento morte se aproxima da certeza.

Assim, para demonstração da presença do Estado nes-tes conflitos, seria interessante que se fizesse um cadastra-mento dos membros do movimento, permitindo-se acesso aos dados, às instituições públicas, inclusive à polícia, para o exer-cício de maior controle sobre o movimento.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

EDIPRO 45

Igualmente, é necessária a efetiva presença de policiais civis, até mesmo infiltrados nas áreas de disputa de terra, para detectar e evitar conflitos violentos.

De igual forma, adotar medidas no sentido de desarmar fazendeiros, que estão sofrendo invasão de suas propriedades, bem como dos funcionários contratados para a proteção des-sas áreas.

Os policiais civis devem trabalhar junto com entidades religiosas, representantes da OAB, entre outros, procurando conter os ânimos e evitar situações de riscos que possam oca-sionar o referido delito.

5.5. Neutralizar os crimes passionais, decorrentes de desentendimento e infidelidade no relacionamento conjugal Embora em cifras menores, o crime de homicídio tam-

bém ocorre em desavenças familiares, ou seja, entre marido e mulher, pais e filhos, em resumo, entre pessoas que convivem sob o mesmo teto.

Dificilmente o resultado morte advém do primeiro ata-que de violência. O normal é que o crime de homicídio seja precedido de crimes menores (lesões corporais e ameaças) que vão se tornando mais intensas a cada ataque.

Isso nos demonstra que, até a obtenção do resultado morte, exista, regra geral, um caminho trilhado pelo criminoso.

A fórmula para solução de casos desta natureza se re-sume em impedir que o criminoso atinja a última etapa.

As ocorrências no âmbito familiar, na quase totalidade, são resolvidas nas Delegacias de Defesa da Mulher.

Desta forma, capacitar os funcionários que mourejam nas Delegacias de Defesa da Mulher, através de curso de reso-lução de conflitos, para equacionar, de forma eficiente, peque-nas discórdias e ameaças domésticas, impedindo que a evolu-ção dessa violência culmine na prática de homicídio.

É necessário frisar que o crime de ameaça, muitas ve-zes tratado com pouca relevância, pode ser um importante meio para se evitar crimes mais graves.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

46 EDIPRO

Seria importante que todos os autores de crime de ameaça, independente de representação por parte da vítima, fossem intimados a comparecer numa unidade policial, a fim de que fossem ouvidos em declarações e esclarecidos a respeito dos comportamentos futuros e mais graves.

A presença do Estado, através deste ato, poderia de-monstrar ao autor desses crimes que, na hipótese de qualquer resultado lesivo posterior, ele seria apontado como um poten-cial suspeito, refreando, dessa forma, o ímpeto de eventual homicida.

Ademais, em caso de referências à posse de arma por parte do agente, a Autoridade Policial deverá providenciar a busca domiciliar e no local de trabalho dessa pessoa, com a finalidade de apreendê-la.

5.6. Combater os fatores determinantes das mortes provenientes de conflitos entre pessoas legalmente presas ou submetidas à medida de segurança de-tentiva

Os Diretores e demais funcionários que exercem suas atividades nas Cadeias Públicas, subordinadas à Secretaria da Segurança Pública, deverão tomar especial cuidado com os detentos acusados ou condenados pela prática de crimes con-tra os costumes, isolando esses marginais em área de difícil acesso aos outros reclusos, em caso de rebelião.

De igual forma, devem exercer uma fiscalização rigoro-sa nos pertences e objetos destinados aos detentos, a fim de apreender facas, estiletes ou qualquer artefato que possa ser utilizado como instrumento de agressão pelos sentenciados.

5.7. Evitar as mortes de policiais civis no exercício da função, oriundas do confronto com criminosos

As estatísticas revelam que as principais causas das

mortes de policiais, no exercício da função, são: a não utiliza-ção de coletes e inobservância do método correto de aborda-gem de criminosos.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

EDIPRO 47

Diante dessa constatação, as Autoridades Policiais de-verão orientar e exercer efetiva fiscalização do uso de coletes, pelos seus funcionários, principalmente daqueles que desen-volvem atividades operacionais.

Igualmente, os Delegados de Polícia deverão conscien-tizar seus liderados da importância de observar as regras e a técnica correta de abordagem, incentivando a realização de curso de atualização e aperfeiçoamento, fatores de fundamen-tal importância para preservar a vida do policial e, em muitos casos, a do criminoso.

Coordenação: Dr. Orlando Miranda Ferreira – Delegado de Polícia Diretor do DEINTER 4 – Bauru

Edição: Dr. Mário Leite de Barros Filho – Delegado de Polícia Assistente do DEINTER 4 – Bauru

Revisão: Sra. Aparecida de Araújo – Professora de Por-tuguês

6. COLABORADORES

Dr. Amarildo Aparecido Leal – Delegado Assistente da Seccional de Ourinhos

Dr. Ambrósio João Possari – Delegado Seccional de Po-lícia de Dracena

Dr. Antônio Ângelo Ciocca – Delegado Seccional de Po-lícia de Bauru

Dr. Edmundo Ciro Vidal – Delegado Seccional de Polícia de Jaú

Dr. Eduardo Augusto Paglione – Delegado Assistente da DGPAD

Dr. Ismael Cavallieri – Delegado Adjunto do 3º DP de Bauru

Dr. João Paulino da Silva – Delegado Assistente Seccio-nal Dracena

Dr. José Jorge Cardia Delegado de Polícia Titular do DIG / GARRA – Bauru

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

48 EDIPRO

Dr. Luís Fernando Quinteiro de Souza – Delegado Sec-cional de Polícia de Ourinhos

Dr. Luís Henrique Fernandes Casarini – Delegado Assis-tente da Seccional de Polícia de Bauru

Dr. Luiz Antônio Hauy – Delegado Seccional de Polícia de Tupã

Dr. Luiz Roberto Saud Bertozzo – Delegado de Polícia Titular do 2º Distrito Policial de Lins

Dr. Marcos de Azevedo Leiva – Delegado de Polícia Titu-lar do 3º Distrito Policial de Lins

Dra. Mariúcha Bernardes Leiva – Advogada

Dra. Maria Ângela Gonçalves Tófano Rodrigues – Dele-gada Titular da DDM de Dracena

Dr. Mauro Shiguetoshi Chiyoda – Delegado de Polícia Ti-tular da DIG de Dracena

Dr. Orlando Pandolfi Filho – Delegado Seccional de Polí-cia de Lins

Dr. Roberto Terraz – Delegado Seccional de Polícia de Marília

Dr. Valdemar Guadanhim – Delegado Titular da 8ª Cor-regedoria Auxiliar de Presidente Prudente

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA REGIÃO DO DEINTER 4 – BAURU

EDIPRO 49

1

SEGUNDA PARTE

ESTATÍSTICA

SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO

NA REGIÃO

DO DEINTER 4 – BAURU

Período analisado: 1º de janeiro a 24 de junho de 2005

Perfil da Vítima

Faixa Etária

Menores de 18 anos 15

Maiores de 18 anos e Menores 25 anos 28

Maiores 25 anos 57

Total 100

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA REGIÃO DO DEINTER 4 – BAURU

50 EDIPRO

Definida

68%

Indefinida

32%

Profissão

Profissão

Definida 68

Indefinida 32

Total 100

Masculino

89%

Feminino

11%

Sexo

Sexo

Masculino 89

Feminino 11

Total 100

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA REGIÃO DO DEINTER 4 – BAURU

EDIPRO 51

Cor

Brancos 67

Negros 10

Pardos 23

Total 100

Dia da Semana e Horário de maior incidência

Dias da Semana

Domingo 15

Segunda 14

Terça 15

Quarta 08

Quinta 18

Sexta 14

Sábado 16

Total 100

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA REGIÃO DO DEINTER 4 – BAURU

52 EDIPRO

Locais de Incidência

Horário

00h00-06h00 16

06h00-12h00 09

12h00-18h00 15

18h00-00h00 45

Incerto 15

Total 100

Local de Incidência

Via Pública 60

Residência 32

Presídios 04

Outros 04

Total 100

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA REGIÃO DO DEINTER 4 – BAURU

EDIPRO 53

C aso s

esclarecido s

75%

C aso s não

Esclarecido s

25%

Esclarecimento

INSTRUMENTO DO CRIME

Arma de Fogo 44

Arma Branca 45

Outros 11

Total 100

MOTIVO DO CRIME

Fútil 58

Entorpecente 07

Passional 05

Facções Criminosas

04

Não Conhecidos

26

Total 100

ESCLARECIMENTO TOTAL

Casos Esclarecidos

75

Casos não Esclarecidos

25

Total 100

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

ESTATÍSTICA SOBRE HOMICÍDIO DOLOSO NA REGIÃO DO DEINTER 4 – BAURU

54 EDIPRO

Número de Ocorrências por Seccional

Ocorrências por Seccional

Assis 09

Bauru 23

Jaú 11

Lins 09

Marília 26

Ourinhos 15

Tupã 07

Total 100

Prisão dos Autores dos Crimes

Prisão dos Autores

Presos 52

Apreendidos 16

Foragidos 23

Responde em Liberdade 07

Suicídio 02

Total 100

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

EDIPRO 55

TERCEIRA PARTE

LEGISLAÇÃO

1. LEI Nº 10.354, DE 25 DE AGOSTO DE 1999

Dispõe sobre a proteção e auxílio às vítimas da violência e dá outras provi-dências.

O Governador do Estado de São Paulo.

Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado decreta e eu promulgo,

nos termos do § 7º do art. 28 da Constituição do Estado, a seguinte Lei:

Art. 1º. O Estado, através de seus órgãos ou instituições prestará auxílio, proteção e assistência às vítimas de violência.

Art. 2º. Para os efeitos desta Lei, entender-se-á por vítima de violência:

I – a pessoa que tenha sofrido dano de qualquer natureza, lesões físicas ou mentais, sofrimento psicológico, prejuízo financeiro ou substancial em detri-mento de seus direitos e garantias fundamentais, como conseqüência de ações ou omissões previstas na legislação penal vigente como delitos penais;

II – o cônjuge, companheiro ou companheira, bem como o ascendente e descendente em qualquer grau, ou colateral até o terceiro grau, por consangüi-nidade ou afinidade, que possuam relação de dependência econômica com a pessoa designada no inciso anterior;

III – a pessoa que tenha sofrido algum dano ou prejuízo, ao intervir para socorrer a outrem que houver sofrido violência ou estiver em grave perigo de sofrê-la; e

IV – a testemunha que sofrer ameaça por haver presenciado ou indireta-mente tomado conhecimento de atos criminosos e detenha informações neces-sárias à investigação e apuração dos fatos pelas autoridades competentes.

Art. 3º. A proteção, o auxílio e a assistência às vítimas, previstos no art. 1º desta Lei, consistem em:

I – informar, orientar e assessorar as vítimas de violência, nos envolvimen-tos com questões de natureza criminal, civil, familiar ou constitucional;

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

56 EDIPRO

II – colaborar para a adoção de medidas imediatas de reparação ao dano ou lesão sofrida pela vítima;

III – acompanhar as diligências policiais ou judiciais, especialmente nas si-tuações de crimes violentos;

IV – apoiar o pleito de ressarcimento de dano causado à pessoa ou ao pa-trimônio;

V – velar pela integridade e segurança das vítimas e testemunhas;

VI – garantir acesso à educação para os filhos que perderam o sustento familiar através de concessão de bolsas de estudo;

VII – apoiar programas pedagógicos relacionados ao trabalho de readapta-ção social e profissional das vítimas;

VIII – realizar levantamentos estatísticos e manter banco de dados sobre o acompanhamento de casos de vítimas de violência;

IX – promover eventos e publicações, de periodicidade trimestral, de escla-recimento ao público sobre este programa de proteção, auxílio e assistência às vítimas de violência; e

X – elaborar e veicular campanhas de prevenção à violência e de conscien-tização da população quanto à importância de contribuir para a investigação e apuração de atos criminosos.

Art. 4º. A Secretaria do Estado da Segurança Pública destacará, dentro de seus quadros efetivos, os agentes que prestarão os serviços de proteção às vítimas e testemunhas.

Parágrafo único. O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana será previamente cientificado dos agentes destacados, ministrando, em conjunto com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, programa específico de treinamento.

Art. 5º. (Vetado.)

Parágrafo único. (Vetado.)

Art. 6º. (Vetado.)

Art. 7º. As despesas com a execução desta Lei correrão à conta de dota-ções próprias, consignadas no orçamento vigente e suplementadas se neces-sário, devendo as previsões futuras destinar recursos específicos para o seu fiel cumprimento.

Art. 8º. O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 60 (sessenta) dias, após a sua publicação.

• Vide Decreto nº 44.214, de 30 de agosto de 1999, que institui o Programa

de Proteção a Testemunhas, com a sigla PROVITA/SP, cria o Conselho

Deliberativo desse Programa e determina outras providências.

Art. 9º. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Mário Covas – Governador do Estado

Palácio dos Bandeirantes, aos 25 de agosto de 1999.

DOE de 26.8.1999

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

EDIPRO 57

2. DECRETO Nº 23.455, DE 10 DE MAIO DE 1985

Dispõe sobre a criação de Conselhos Comunitários de Segurança, e dá ou-tras providências.

Franco Montoro, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atri-buições legais, e

Considerando que é dever do Estado manter a ordem e a segurança pública;

Considerando que a participação da população, em cooperação com a Po-lícia, poderá contribuir positivamente para a consecução desse objetivo; e

Considerando, por fim a necessidade de se instituírem instrumentos ade-quados à participação da coletividade, decreta:

Art. 1º. Fica o Secretário da Segurança Pública autorizado a promover a criação de Conselhos Comunitários de Segurança, com o objetivo de colaborar no equacionamento e solução de problemas relacionados com a segurança da população.

§ 1º. Constituirão base para atuação dos Conselhos:

1. nos Municípios que contem com distritos policiais, a área de cada distrito;

2. nos demais Municípios, a área do respectivo território.

§ 2º. Em casos excepcionais, poderá ser criado mais de um Conselho em cada área, para atender às peculiaridades locais.

• Art. 1º com redação dada pelo Decreto nº 25.366, de 11.6.1986.

Art. 2º. Os Conselhos a que se refere o artigo anterior serão integrados pelos seguintes membros:

I – Delegado de Polícia titular do Distrito Policial ou da Delegacia de Polícia do município;

II – Comandante da Unidade Policial Militar da área do Distrito Policial ou do território do município;

III – representantes das prefeituras municipais, de associações e de outras entidades prestadoras de serviços relevantes à coletividade sediadas na área do Distrito Policial ou do município.

• Art.. 2º com redação dada pelo Decreto nº 25.366, de 11.6.1986.

• Vide Decreto nº 25.366, de 11 de junho de 1986, que institui na Secreta-

ria da Segurança Pública a função de Coordenador para Assuntos dos

Conselhos Comunitários de Segurança, altera os artigos 1º e 2º do De-

creto nº 23.455, de 10 de maio de 1985, e dá providências correlatas.

Art. 3º. A constituição e o funcionamento dos Conselhos Comunitários de Segurança serão regulamentados por resolução do Secretário da Segurança Pública.

• Vide Resolução SSP nº 47, de 18 de março de 1999.

Art. 4º. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Franco Montoro – Governador do Estado.

Palácio dos Bandeirantes, aos 10 de maio de 1985.

DOE de 11.5.1985

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

58 EDIPRO

3. DECRETO Nº 24.919, DE 14 DE MARÇO DE 1986

Cria e organiza o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, e dá providências correlatas.

Franco Montoro, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atri-buições e com fundamento no art. 89 da Lei nº 9.717, de 30 de janeiro de 1967, decreta:

Seção I – Disposição Preliminar

Art. 1º. É criado, na estrutura básica da Polícia Civil, da Secretaria da Segu-

rança Pública, o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa – DHPP.

Art. 2º. O Departamento criado pelo artigo anterior é órgão de execução da Polícia Civil.

Seção II – Da Estrutura

Art. 3º. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa tem a se-

guinte estrutura:

• Art. 3º, caput, com redação dada pelo Decreto nº 27.017, de 21.5.1987.

I – Assistência Policial, com Unidade de Inteligência Policial;

• Inciso I com redação dada pelo Decreto nº 47.166, de 1º.10.2002.

II – Divisão de Homicídios, com:

a) Assistência Policial;

b) Seção de Identificação de Cadáver;

c) 1ª Delegacia de Polícia, com 11 (onze) Equipes de Serviço e 1 (um) Se-tor de Identificação de Cadáver;

d) 2ª Delegacia de Polícia, com 11 (onze) Equipes de Serviço e 1 (um) Se-tor de Identificação de Cadáver;

e) 3ª Delegacia de Polícia, com 8 (oito) Equipes de Serviço;

f) 4ª Delegacia de Polícia;

g) 5ª Delegacia de Polícia;

h) Grupo Especial de Investigações de Crimes Contra a Criança e o Ado-lescente, com 4 (quatro) Equipes de Serviço;

• Inciso II com redação dada pelo Decreto nº 46.016, de 20.8.2001.

III – Divisão de Proteção à pessoa, com:

a) Assistência Policial;

b) 1ª Delegacia de Polícia;

c) 2ª Delegacia de Polícia;

d) 3ª Delegacia de Polícia;

• Inciso III com redação dada pelo Decreto nº 27.017, de 21.5.1987.

IV – Serviço de Administração, com a estrutura prevista no inciso II, do art. 15, do Decreto nº 20.872, de 15 de março de 1983, alterado pelo art. 1º do Decreto nº 21.754, de 16 de dezembro de 1983.

• Inciso IV com redação dada pelo Decreto nº 27.017, de 21.5.1987.

Art. 4º. A Seção de Finanças do Serviço de Administração é órgão subse-torial dos Sistemas de Administração Financeira e Orçamentária.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

EDIPRO 59

Art. 5º. A Seção de Administração de Subfrota do Serviço de Administra-ção é órgão subsetorial do Sistema de Administração dos Transportes Internos Motorizados e funcionará também como órgão detentor.

Seção III – Das Atribuições

Art. 6º. O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa tem por

atribuições básicas:

I – apurar a autoria dos crimes:

a) contra a pessoa, ressalvada a competência da Delegacia Especializada de Acidentes de Trânsito, do Departamento Estadual de Trânsito;

• Vide Decreto nº 38.674, de 26.5.1994, que extinguiu a Delegacia Espe-

cializada em Acidentes de Trânsito.

b) de roubo seguido de morte.

II – executar as atividades de prevenção e de repressão ao delito de extor-são mediante seqüestro;

III – localizar pessoas desaparecidas e executar ou difundir pedidos de lo-calização ou busca oriundos de autoridades nacionais e estrangeiras.

Parágrafo único. As atribuições de que trata este artigo serão exercidas no Município da Capital e, por determinação superior ou por solicitação da autoridade policial respectiva, nos demais municípios do Estado.

Art. 7º. A Divisão de Homicídios tem as seguintes atribuições, ressalvada a competência da Delegacia Especializada de Acidentes de Trânsito, do Depar-tamento Estadual de Trânsito:

• Vide Decreto nº 38.674, de 26.5.1994, que extinguiu a Delegacia Especiali-

zada em Acidentes de Trânsito.

I – por meio das 1ª, 2ª e 3ª Delegacias de Polícia, apurar a autoria dos ho-micídios e dos crimes de roubo seguido de morte;

II – por meio da 4ª Delegacia de Polícia, apurar a autoria dos crimes de le-sões corporais dolosas de natureza grave, gravíssima e lesão corporal seguida de morte;

III – por meio da 5ª Delegacia de Polícia, apurar a autoria dos crimes des-critos no Título I, da Parte Especial do Código Penal Brasileiro, não abrangidos pelos incisos I e II deste artigo;

IV – por meio do Grupo Especial de Investigações de Crimes contra a Crian-ça e o Adolescente, apurar a autoria dos crimes contra a vida e a pessoa, em que seja vítima criança ou adolescente.

• Art. 7º com redação dada pelo Decreto nº 38.418, de 7.3.1994.

Art. 8º. A Divisão de Proteção à Pessoa tem as seguintes atribuições:

I – por meio da 1ª Delegacia de Polícia, executar as atividades de prevenção e repressão aos crimes contra a liberdade pessoal cuja autoria seja desconhecida;

II – por meio da 2ª Delegacia de Polícia, proceder às investigações sobre o paradeiro de pessoas desaparecidas e identificação de cadáveres;

III – por meio da 3ª Delegacia de Polícia, executar, por determinação do Delegado de Polícia Diretor, atividades de preservação da integridade de tes-temunhas, acusados e vítimas supérstites, ameaçadas em virtude de depoi-mentos ou informações que levem a prevenir ou reprimir atos criminosos, desbaratar quadrilhas ou facultar a produção de provas em processos penais.

• Art. 8º e incisos, com redação dada pelo Decreto nº 39.917, de 13.1.1995.

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

60 EDIPRO

Art. 9º. (Revogado).

• Art. 9º revogado pelo Decreto nº 38.418, de 7.3.1994.

Art. 10. As Assistências Policiais referidas no inciso I, bem como nos incisos ll e llI todos do art. 3º, têm por atribuição auxiliar, respectivamente, o Delegado de Polícia-Chefe e o Delegado de Polícia Titular no desempenho de suas funções.

• Art. 10 com redação dada pelo Decreto nº 27.017, de 21.5.1987.

Art. 10-A. Incumbe, ainda, à Assistência Policial de que trata o inciso I do artigo 3º deste Decreto, por meio de sua Unidade de Inteligência Policial, cole-tar, processar, analisar e difundir dados de Inteligência Policial específicos do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa – DHPP.

• Art. 10-A acrescido pelo Decreto nº 47.166, de 1º.10.2002.

Seção IV – Das Competência Art. 11. O Delegado de Polícia-Chefe do Departamento de Homicídios e

de Proteção à Pessoa tem, em sua área de atuação, as competências previs-tas nos arts. 27 e 30 do Decreto nº 20.872, de 15 de março de 1983.

Art. 12. As autoridades responsáveis por unidades direta ou indiretamente subordinadas ao Delegado de Polícia, Chefe do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa têm, em suas respectivas áreas de atuação, as competên-cias previstas nos art. 28 e 30 do Decreto nº 20.872, de 15 de março de 1983.

Seção V – Disposições Finais

Art. 13. As atribuições das unidades e as competências das autoridades

de que trata este Decreto poderão ser complementadas mediante portaria do Delegado Geral de Polícia, referendada pelo Secretário da Segurança Pública.

Art. 14. Fica instituída na unidade orçamentária Delegacia-Geral de Polícia a unidade de despesa Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa.

Art. 15. A alínea e, do inciso III, do art. 1º, do Decreto nº 20.872, de 15 de março de 1983, passa a vigorar com a seguinte redação:

• O art. 1º do Decreto nº 20.872, de 15.3.1983, foi revogado pelo Decreto

nº 39.948, de 8.2.1995.

Art. 16. Ficam extintas, do Departamento Estadual de Investigações Cri-minais:

I – a Divisão de Investigações sobre Crimes contra a Pessoa e a 3ª Delegacia da Divisão de Pessoas Desaparecidas de que tratam o inciso IV e a alínea “c”, do inciso V, do art. 2º, do Decreto nº 6.835, de 30 de setembro de 1975;

II – a Divisão Especial de Operações de que trata o Decreto nº 23.276, de 15 de fevereiro de 1985.

Art. 17. O Delegado Geral de Polícia promoverá a adoção gradativa, de acordo com as disponibilidades orçamentárias e financeiras, das medidas necessárias para a efetiva implantação das unidades previstas neste Decreto.

Art. 18. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, aos 14 de março de 1986.

Franco Montoro – Governador do Estado

DOE de 15.3.1986

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

EDIPRO 61

4. DECRETO Nº 29.981, DE 1º DE JUNHO DE 1989

Estabelece atribuições e competências no âmbito das Delegacias de Polí-cia de Defesa da Mulher e dá providência correlata.

Almino Affonso, Vice-Governador, em exercício no cargo de Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais, e com fundamento no art. 3º da Lei nº 5.467, de 24 de dezembro de 1986, decreta:

Art. 1º. As Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher, criadas pela Lei nº 5.467, de 24 de dezembro de 1986, têm, em suas respectivas áreas de atua-ção, as seguintes atribuições:

I – a investigação e apuração dos delitos contra a pessoa do sexo feminino, a criança e o adolescente, previstos no Título I, Capítulos I, II, III e V e Seções I e II do Capítulo VI, nos arts. 163 e 173 do Título II, nos Títulos VI e VII e no art. 305 do Título X, todos da Parte Especial do Código Penal e os crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente;

II – o atendimento de pessoas do sexo feminino, crianças e adolescentes que procurem auxílio e orientação e seu encaminhamento aos órgãos competentes;

III – o cumprimento dos mandados de prisão civil por dívida do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia.

§ 1º. No tocante aos arts. 121 e 163 do Código Penal, a competência se restringe às ocorrências havidas no âmbito doméstico e de autoria conhecida.

§ 2º. As atribuições previstas nos incisos I e III deste artigo serão exercidas concorrentemente com as demais unidades policiais.

• Art. 1º e parágrafos com redação dada pelo Decreto nº 42.082, de 12.8.1997.

Art. 2º. Aos Delegados de Polícia Titulares das Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher compete:

I – dirigir as atividades de sua unidade policial;

II – despachar as petições iniciais;

III – exercer permanente fiscalização, quanto ao aspecto formal, mérito e téc-nica empregada, sobre as atividades de seus subordinados;

IV – representar ao superior hierárquico sobre as necessidades da unidade policial indicando a solução a curto, médio e longo prazo;

V – distribuir os serviços, mediante portaria.

Art. 3º. A área de atuação das unidades policiais de que trata o caput, do art. 1º, é aquela abrangida pela Delegacia Seccional de Polícia a que se subor-dinam.

Art. 4º. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Palácio dos Bandeirantes, aos 1º de junho de 1989.

Almino Affonso – Vice-Governador do Estado

DOE de 2.6.1989

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DE PREVENÇÃO AO CRIME DE HOMICÍDIO DOLOSO

LEGISLAÇÃO

62 EDIPRO

5. DECRETO Nº 34.214, DE 19 DE NOVEMBRO DE 1991 Cria Delegacias de Polícia de Investigações sobre Entorpecentes nas De-

legacias Seccionais de Polícia do Departamento das Delegacias Regionais de Polícia de São Paulo Interior – DERIN e do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo – DEMACRO, e dá outras providências.

Luiz Antonio Fleury Filho, Governador do Estado de São Paulo, no uso de

suas atribuições legais, decreta:

Art. 1º. Ficam criadas, nas Delegacias Seccionais de Polícia do Departa-mento das Delegacias Regionais de Polícia de São Paulo Interior – DERIN e do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo – DEMACRO, as Delegacias de Polícia de Investigações sobre Entorpecentes.

• O DERIN teve sua denominação alterada para Departamento das Dele-

gacias Regionais de Polícia de São Paulo Interior – DEINTER, pelo De-

creto nº 39.948, de 8.2.1995. O Decreto nº 44.448, de 24.11.1999, extin-

guiu o DEINTER, criando o DEINTER-1, DEINTER-2, DEINTER-3,

DEINTER-4, DEINTER-5, DEINTER-6 e DEINTER-7.

Parágrafo único. As unidades policiais civis, criadas por este artigo, subordi-nam-se às respectivas Delegacias Seccionais de Polícia, devendo, no desempe-nho de suas atribuições, ser observadas as diretrizes e normas emanadas do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos – DENARC.

• O DENARC teve sua denominação alterada para Departamento de In-

vestigações sobre Narcóticos – DENARC, pelo Decreto nº 39.948, de

8.2.1995.

Art. 2º. As unidades policiais civis, de que trata este Decreto, ficam classi-ficadas como de:

I – 1ª Classe, as subordinadas às Delegacias Seccionais de Polícia de Classe Especial;

II – 2ª Classe, as subordinadas às Delegacias Seccionais de Polícia de 1ª Classe.

Art. 3º. A 4ª Delegacia (Coordenadoria para o Interior) da Divisão de In-vestigações sobre Entorpecentes – DISE, fica extinta.

Art. 4º. Às Delegacias de Polícia de Investigações sobre Entorpecentes cabem serviços administrativos e a execução das atividades de Polícia Judiciá-ria, relacionados com a prevenção especializada e a repressão ao tráfico e uso indevido de substâncias entorpecentes e drogas afins, na área territorial abran-gida pela respectiva Delegacia Seccional de Polícia.

Art. 5º. A implantação das Delegacias de Polícia de Investigações sobre Entorpecentes, subordinadas às Delegacias Seccionais de Polícia situadas nos municípios sede de Delegacias Regionais de Polícia, será efetivada no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data da publicação deste Decreto, mediante o remanejamento dos recursos humanos materiais disponíveis.

Parágrafo único. No caso das demais Delegacias de Polícia de Investiga-ções sobre Entorpecentes, referidas no art. 1º deste Decreto, a implantação será gradativa condicionada à efetiva destinação de recursos humanos e materiais.

Art. 6º. As atribuições das unidades e as competências das autoridades dirigentes objeto deste Decreto, poderão ser complementadas, mediante reso-lução do Secretário da Segurança Pública.

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LEGISLAÇÃO

EDIPRO 63

Art. 7º. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogada a alínea e do inciso II do art. 2º do Decreto nº 27.409, de 24 de se-tembro de 1987.

• O Decreto nº 40.201, de 18.7.1995, deu nova redação ao inciso II do art.

2º do Decreto 27.409, de 24.9.1987.

Luiz Antonio Fleury Filho – Governador do Estado

Palácio dos Bandeirantes, aos 19 de novembro de 1991.

DOE de 20.11.1991

6. PORTARIA DGP Nº 29, DE 13 DE AGOSTO DE 2004 Institui a Folha de Comunicação de Infração Administrativa Aparente, FO-

CIA, e dispõe sobre as providências correlatas ao seu uso. Considerando que a Constituição Federal, ao estabelecer a segurança pú-

blica como dever do Estado, prescreveu, ademais, esse ideal como responsa-bilidade de todos, impondo aos agentes, instituições, órgãos e poderes públi-cos, em quaisquer esferas e atribuições, o dever de exercer ativa e integral-mente as respectivas atribuições legais em especial no que estiverem estas imbricadas com o encargo solidário de prevenção e repressão ao crime;

Considerando, ainda, que uma série de infrações penais é cometida, para-lelamente, com a transgressão a normas administrativas, sanitárias, fiscais, trabalhistas, civis etc., causas que, por si só, bastariam a obstaculizar a conti-nuidade desse verdadeiro exercício ilegal da atividade comercial;

Considerando, finalmente, que a Polícia Civil, para desenvolvimento pleno da tarefa de polícia judiciária que lhe cabe, carece de providências anteceden-tes, concomitantes e complementares a cargo de outras entidades, instituições e poderes públicos, redundado eventual ausência de cooperação legal em deficiente atuação; resolve:

Art. 1º. O Policial Civil – exclusivamente durante regular exercício do poli-ciamento repressivo de polícia judiciária ou preventivo especializado – ao consta-tar possíveis irregularidades administrativas aparentes, de quaisquer naturezas, que, em tese, inabilitem a empresa fiscalizada ao pleno exercício regular da atividade econômica, deverá, incontinenti, elaborar a Folha de Comunicação de Infração Administrativa Aparente, FOCIA, instituída nos termos do "Anexo Único" desta Portaria, sem prejuízo das medidas de caráter policial imponíveis.

Art. 2º. Imediatamente após o preenchimento, o Policial Civil responsável submeterá a folha tratada no artigo anterior à conferência e assinatura da Autoridade Policial à qual estiver diretamente subordinado, salvo se esta pró-pria houver redigido o documento.

Art. 3º. A folha de comunicação de infração administrativa aparente deve-rá ser encaminhada diretamente ao setor responsável da Prefeitura Municipal local ou, eventualmente, a outro órgão público municipal, estadual ou federal com atribuição legal para conhecimento da irregularidade.

Art. 4º. Os Departamentos deverão enviar mensalmente à Delegacia Geral de Polícia Adjunta, DGPAD, cópias de todos os documentos produzidos nos termos desta portaria, deles mantendo-se nas unidades policiais rigoroso controle mediante criação de livro próprio escriturado em ordem cronológica de registro.

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LEGISLAÇÃO

64 EDIPRO

Art. 5º. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revoga-das as disposições contrárias.

FOLHA DE COMUNICAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Nº ___/200__ (Portaria DGP nº 29, de 13.8.2004)

RAZÃO SOCIAL DO ESTABELECIMENTO

NOME FANTASIA

CNPJ

ENDEREÇO

PROPRIETÁRIO / RESPONSÁVEL

MOTIVO DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL

DATA / HORA DA DILIGÊNCIA

ANEXOS ( ) NÃO ( ) SIM DISCRIMINAR:

CIRCUNSCRIÇÃO POLICIAL

DESCRIÇÃO SUCINTA DAS IRREGULARIDADES ADMINISTRATIVAS APARENTES (*)

Responsável pela elaboração Visto da Autoridade Policial Responsável

________________________ ________________________________

Policial Civil Delegado de Polícia

1ª via – Prefeitura Municipal ou órgão municipal, estadual ou federal competente

2ª via – Controles da Unidade Policial

3ª via – DGPAD – via Seccional / Divisão / Departamento

(*) Se necessário utilizar o verso para a descrição

BIBLIOGRAFIA

ANGERAMI, Alberto e PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio. Direito Administra-tivo Disciplinar: Comentários à Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo. Campinas, SP: Millennium Editora, 2004.

BARKER, Joel Arthur. “Paradigms, the business of discovering the future”. New York: Harper Business, 1993, pág. 31.

BARROS FILHO, Mário Leite de. Direito Administrativo Disciplinar da Polícia: “Via Rápida”: Direito Administrativo Disciplinar Material: Direito Adminis-trativo Processual. São Paulo / Bauru, SP: EDIPRO, 1ª ed., 2003.

QUEIROZ, Carlos Alberto Marchi. Nova Lei Orgânica da Polícia Explicada. São Paulo: Edição do Autor, 1ª ed., 2002.

VIEIRA, Jair Lot (Coordenaçãao Editorial). Lei Orgânica da Polícia do Estado de São Paulo – Legislação Básica, Complementar e Alteradora – Regulamento da ACADEPOL – São Paulo/Bauru, Edipro, Série Legislação, 7ª ed., 2003.