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1 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro Circular Técnica Campina Grande, PB Junho, 2004 77 Autores ISSN 0100-6460 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro A origem mais provável da mamona é o leste da África, provavelmente na Etiópia; esta oleaginosa se adapta perfeitamente ao semi-árido brasileiro, com mais de quinhentos municípios situados no ótimo ecológico para a sua produção, conferindo ao Brasil condição de destaque, frente a países produtores tradicionais como a Índia e a China. A consciência mundial pela preservação ambiental baseada na substituição dos combustíveis minerais derivados do petróleo por outros de origem vegetal, dentre eles o biodiesel do óleo da mamona, criou uma perspectiva real para a expansão do cultivo da mamona em escala comercial no semi-árido brasileiro, principalmente na agricultura familiar, que já a produz onde a mão-de-obra entra em média com 75% dos custos de produção, isto é, o seu cultivo, além Waltemilton Vieira Cartaxo Técnico Agrícola, Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, e-mail: [email protected] Napoleão Esberard de M. Beltrão D.Sc. Eng. Agr. Embrapa Algodão e-mail:[email protected] Odilon Reny Ribeiro F. da Silva Dr. Eng. Agr. Embrapa Algodão Liv Soares Severino M.Sc. Eng. Agr. Embrapa Algodão. Nelson Dias Auassuna M.Sc. Eng. Agr. Embrapa Algodão. José Janduí Soares M.Sc. Biológo, Embrapa Algodão Foto: Napoleão E. de M. Beltrão

7777_000...O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro 1 C i r c u l a r T é c n i c a Campina Grande, PB Junho, 2004 77 Autores ISSN 0100-6460 O Cultivo da Mamona no Semi-árido

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1O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Circ

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Téc

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Campina Grande, PBJunho, 2004

77

Autores

ISSN 0100-6460

O Cultivo da Mamona no Semi-áridoBrasileiro

A origem maisprovável damamona é oleste da África,provavelmentena Etiópia; estaoleaginosa seadaptaperfeitamenteao semi-árido

brasileiro, com mais de quinhentos municípiossituados no ótimo ecológico para a suaprodução, conferindo ao Brasil condição dedestaque, frente a países produtores tradicionaiscomo a Índia e a China. A consciência mundialpela preservação ambiental baseada nasubstituição dos combustíveis mineraisderivados do petróleo por outros de origemvegetal, dentre eles o biodiesel do óleo damamona, criou uma perspectiva real para aexpansão do cultivo da mamona em escalacomercial no semi-árido brasileiro, principalmentena agricultura familiar, que já a produz onde amão-de-obra entra em média com 75% doscustos de produção, isto é, o seu cultivo, além

Waltemilton Vieira CartaxoTécnico Agrícola, Embrapa Algodão,

Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário,e-mail: [email protected]

Napoleão Esberard de M. BeltrãoD.Sc. Eng. Agr. Embrapa Algodãoe-mail:[email protected]

Odilon Reny Ribeiro F. da SilvaDr. Eng. Agr. Embrapa Algodão

Liv Soares SeverinoM.Sc. Eng. Agr. Embrapa Algodão.

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2 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

de ambientalmente correto é, também,socialmente justo, pelos milhares depostos de empregos que serãogerados. A partir desta tendência, aEmbrapa Algodão, em parceria com osistema SENAR/ FAEPA, disponibilizaesta circular técnica com informaçõesbásicas e de fácil compreensão, parafacilitar o processo de apropriação eadoção da tecnologia de produção dacultura da mamona, com vistas aosagricultores de base familiar, queagora passam a contar com mais umaopção produtiva para diversificar efortalecer as suas fontes de renda nocampo.

Escolha do terreno

A mamona produz em quase todos ostipos de solo mas, para produzir deforma rentável, prefere solos de médiae alta fertilidade natural, situados emregiões com:

Altitude variando de 300 a 1500 m.

Chuvas oscilando de 500 a 1000mm/ano.

Temperatura do ar entre 20 a 30graus.

Umidade relativa abaixo de 80%, idealem torno de 65%.

O crescimento da planta da mamona élento nos primeiros 60 dias, e sofrecom a competição do mato, possuipequena habilidade para proteção do

solo contra a erosão, em função dabaixa quantidade de plantas porhectare e baixo índice de área foliarinicial

Cuidados básicos

Os terrenos recomendados para oplantio devem ser

a) Planos: com declive máximo de12%.

b) Média e alta fertilidade natural:equilibrado em NPK, cálcio, magnésioe micronutrientes.

c) Bem drenados: que nãoencharquem, que não sejam salinos e/ou sódicos, com pH entre 6,0 e 7,0

As plantas de mamona nativa situadaspróximo às áreas de cultivo, devemser antecipadamente arrancadas equeimadas, para evitar propagação dedoenças, pragas e mistura dassementes, pois podem ocorrercruzamentos entre plantas situadas emdistâncias de até dois quilômetros.

Preparo do solo

O objetivo do preparo de solo épropiciar condições ideais para asemente germinar e para que a plantapossa crescer e produzir

Tipos de preparo

Preparo do solo para cultivo mínimo

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3O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Fazer a limpa antecipada do terreno,eliminando restos de culturas e o matoe no início do inverno realizar plantioem solo úmido, sem antes cortar aterra (não usar este modelo em solosdegradados).

Preparo do solo com tração animal

Uso do cultivador ou arado de aiveca:no inicio do inverno fazer o cortesuperficial da terra úmida naprofundidade máxima de 15cm ,eliminando o mato e incorporando osrestos culturais (Figura 1).

O uso inadequado de implementos e ocorte sucessivo da terra, pulverizam ecompactam o solo, facilitando aerosão pelas gotas das chuvas e pelaenxurrada. (Figura 4 e 5).

Uso do trator com o arado de aivecae grade niveladora

Dependendo do tamanho da área deplantio e o seu histórico, fazer o cortecombinado, para incorporar os restosde culturas e o mato com o soloúmido, realizando duas passagens,primeiro o arado e depois a gradeniveladora (Figura 2 e 3).

Fig. 1. Preparo do solo a tração animal

Fig. 2. Grade niveladora.

Fig. 3. Arado de aiveca.

Fig. 4. Grade aradora pulverização dosolo.

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4 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Escolha da semente

Para o bom cultivo a semente deve serselecionada, ter boa germinação evigor, alem de apropriada para oplantio na região (Figura 6).

Uma semente de qualidade devepossuir:

Germinação acima de 85%

Teor de óleo superior a 45%

Pureza varietal acima de 98%

Capacidade produtiva de 1500 kg/hano sequeiro

Acima de 3000 kg/ha em irrigação

Bom nível de tolerância e/ouresistência a doenças.

Cultivares disponíveis

Existem várias cultivares disponíveisno mercado, no entanto, na maioriados casos essas sementes apresentamalto índice de mistura de variedades,que dificultam a condução da lavourae o desempenho industrial norendimento de óleo, sendo o maisconveniente usar apenas sementesbásicas, certificadas ou fiscalizadas.

Cultivares desenvolvidas pelaEmbrapa e parceiros

BRS 149 NORDESTINA E BRS 188PARAGUAÇU.

Porte médio 1.70 a 1.90m e ciclo230 a 250 dias.

Tolerante a poda para produção nosegundo ano.

Bom nível de resistência à seca.

Rendimento de óleo superior a 47%.

Produtividade potencial de 1500 kg/ha em sequeiro e até 4500 kg/ha emcondições irrigadas.

Bom nível de resistência a doenças efrutos semi-deiscentes (Figura 7 e 8).

Fig. 5. Erosão pelas enxurradas.

Fig. 6. Sementes de qualidade.

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5O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

A falta de sementes de boa qualidadeno começo do inverno, tem sido umdos grandes problemas para osagricultores familiares do semi-áridobrasileiro, surgindo daí a necessidadede serem organizados bancoscomunitários de sementes

Zoneamento Agrícola

A mamona é uma cultura que sofregrande interferência do ambiente,tornando-se oportuno estabelecerregras primárias e básicas para o seudesenvolvimento sustentável, asquais estão definidas no zoneamentoagrícola, baseado em informações

sobre temperatura, chuva, altitude,umidade do ar e solos.

Época de plantio

O início do plantio é uma açãoimprescindível para o sucessoprodutivo de qualquer lavoura, emespecial da mamona, que recebeinfluência direta das condiçõesambientais, interferindo naprodutividade, qualidade da produçãoe na incidência de pragas e doenças.

Plantio de sequeiro

Para produzir de forma satisfatória, amamona necessita de 500 a 1000mmde chuva bem distribuídos, de vez quea maior exigência por água ocorre nafase inicial do desenvolvimento(primeiros 70 dias), torna-se muitoimportante realizar o plantio no iníciodo inverno previsto no zoneamento,logo após os primeiros 30mm dechuva.

Plantio irrigado

Efetuar o plantio programando paraque a fase da colheita seja realizadaem período seco, ou usar o métodode colheita escalonada, colhendo-sede forma sucessiva todos os cachosque estiverem maduros ou secos(Figura 9).

Plante certo

As formas de plantio da mamona

Fig. 7. BRS 149 Nordestina.

Fig. 8. BRS 188 Paraguaçu.

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6 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

podem variar de acordo com otamanho da área de cultivo e com operfil do produtor (Figura 10 e 11).

Os plantios devem ser feitos em nível,cortando o sentido das águas, parareduzir o efeito da erosão nos solosprovocada pelas gotas das chuvas eenxurradas

Plantio manual

As covas devem ser abertas com aenxada, em solo úmido, naprofundidade de 2,0 a 5,0cm,colocando-se duas sementes por cova,cobrindo-as com pouca terra (Figura12).

Fig. 9. Irrigada sob pivot central naBahia.

Fig. 10. Pé de galinha rústico.

Fig. 11. Plantio em nível.

Fig. 12. Plantio manual.

Plantio com matraca

Em solo úmido regular a matraca paracair de duas a três sementes por cova,na profundidade de 2,0 a 5,0 cm(Figura 13).

Plantio com plantadeira de traçãoanimal

Em solo úmido regular a plantadeirapara distribuir em média 3 a 4

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7O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

sementes por metro linear, naprofundidade de 3,0 a 4,0 cm.

Plantio com plantadeira tratorizada

Em solo úmido regular a plantadeirapara distribuir em média 3 a 4sementes por metro linear, naprofundidade de 3,0 a 4,0cm

No plantio mecanizado com cultivaresde sementes grandes( Paraguaçu eNordestina), é necessário aumentar aespessura dos discos e ampliar otamanho dos furos.

Uma prática recomendada para aceleraro processo de germinação dassementes no plantio manual, é colocá-las de molho em água de boaqualidade durante 12 horas, fazendo oplantio em seguida.

É muito importante, para o sucesso daprodução a organização dosprodutores locais, visando definir umperíodo único de início e fim doplantio dentro do intervalo de tempoprevisto no zoneamento, pois istofacilitará o manejo da lavoura nocontrole de pragas e doenças, além deorganizar a colheita, armazenamento,beneficiamento e comercialização.

Espaçamento e densidade de plantio

O espaçamento a ser utilizado nocultivo da mamona é determinado peloporte da cultivar, fertilidade do solo,disponibilidade de água no solo e pelotráfego de máquinas ou animais, paracontrole do mato e das pragas

Cultivares de porte médio

BRS 188 Paraguaçu e BRS 149Nordestina

Em sistema de cultivo isolado

Fig. 13. Plantio com matraca.

Fig. 14. Plantio com plantadeiratratorizada.

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8 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

2m x 1m em solos de baixa fertilidade

3m x 1m em solos de média

4m x 1m em solos de alta fertilidade

Em sistema de cultivo consorciado

No espaçamento de 3m x 1m x com3 fileiras centrais de feijão Vigna, noespaçamento de 0,5m x 0,5m.

No espaçamento de 4m x 1m com 4fileiras centrais de feijão vigna, noespaçamento de 0,5m x 0,5m (Figura17).

Fig 15. Mamona isolada, espaçamento2,0 m x 1,0 m.

Fig 16. Plantio isolado, espaçamento3,0 m x 1,0 m.

Fig. 17. Consórsio mamona vs veijãovigna.

Outros esquemas de consórcios comas culturas do amendoim, gergelim,algodão estão sendo estudados, queposteriormente serão divulgados

No plantio consorciado a distânciamínima entre a cova da mamona e dacultura consorciada deve ser de 1,0m.

O plantio do feijão deve ser feito 15dias após o da mamona, para reduzir acompetição inicial.

Já o consorcio com o milho e o sorgo,comprometem a produtividade damamona e devem ser evitados

Cultivares de porte baixo

Usar no sistema de cultivo isolado,espaçamento de 1m x 1m ou 1m x0,5m com uma planta por cova(Figura 18).

Raleamento ou desbaste

Deve ser realizado com o solo úmido

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9O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

entre 15 e 20 dias após a germinação,quando as plantas já possuírem trêsfolhas verdadeiras, por ocasião doretoque da primeira capina, deixando-se uma planta por cova

Capinas

O crescimento da mamona é lento nosprimeiros 60 dias, fase em que sofregrande concorrência do mato

Sendo recomendado fazer de duas atrês capinas durante o ciclo

Métodos de capina

Cultivador de tração animal

Profundidade de corte 2,0 a 3,0 cm

Seguido de um retoque com a enxada

Cuidado para não danificar as raízesda mamona

Uso de herbicidas

É uma prática pouco realizada peloagricultor familiar mas que pode serrealizada obedecendo-se critérios

básicos

Aplicar produtos pré-emergentes,seletivos com vazão em torno de 300litros de calda por hectare, com uso debicos adequados.

Fazer aplicação em solo úmido, atétrês dias após a última gradagem

Em pós-emergência, fazer aplicaçãoem jato dirigido às ervas daninhas,evitando o contato do herbicida comas plantas da mamona (Figura 19).

Fig. 18. Cultivar de porte baixo.

Fig. 19. Controle do mato com herbicida.

Capina tratorizada

Profundidade de corte 2,0 a 3,0 cm

Seguido de um retoque com a enxada

Trabalhar com o trator em marchareduzida para evitar danos às plantas eraízes.

Colheita

O processo de colheita é a fasedecisiva para obtenção de um produto

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10 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

de boa qualidade.

Em cultivares, deiscentes realizá-lalogo após o inicio da maturação dosfrutos

Em cultivares, semi deiscentes iniciá-lacom 70% dos frutos de cada cachomaduros(secos).

Em cultivares indeiscentes com 100%dos frutos maduros(secos)

Métodos de colheita

Manual

Indicado para pequenos e médiosprodutores.

Fazer o corte na base do racemo oucacho, com uso de ferramentasafiadas, como: faca, canivete, tesouraou foice pequena

Depositar os cachos em cesto oucarroça e colocá-los no terreiro parasecar e posterior descascamento(Figura 20 e 21)

Os terreiros para secagem podem serconstruídos em chão batido ou emalvenaria com piso de cimento liso;este último é mais eficiente, pois suaalta temperatura elimina o excesso deumidade dos frutos da mamoneira,facilitando o batimento manual e odescaroçamento na máquina (Figura22).

Fig. 20. Pequeno produtor, Pocinhos, PB.

Fig. 21. Produtor de sementes áreaIrrigada, BA.

Fig. 22. Descascamento mecânico damamona em área de grande produtor,Irecê-BA.

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11O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Colheita mecânica

Indicada para grandes áreas plantadascom cultivares indeiscentes de portebaixo ou anã.

Feita com uso de colheitadeirasadaptadas de arroz ou milho quecolhem e fazem o descascamentosimultâneo (Figura 23).

Na fase adulta têm cor verde emedem de 12 a 15mm (Figura 25).

Fig. 23. Colhedeira de milho adaptada.

O mercado prefere grãos ou bagas quetenham no máximo 10% de umidade

10% de marinheiros (sementes comcasca).

45% de rendimento mínimo de óleo

2% de impurezas e baixa acidez

Principais pragas

Percevejo verde

Insetos cujos ovos são depositadosagrupados na parte inferior das folhas,tendo a forma jovem bem diferenciadada forma adulta (Figura 24).

Fig. 24. Percevejos jovens.

Fig. 25. Percevejos adulto.

Alimentam-se da seiva das folhas efrutos.

Os frutos atacados murcham echocham totalmente (Figura 26).

Controle

Inseticidas à base de endosulfan

Direcionar as pulverizações para oscachos.

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12 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Cigarrinha

Inseto Pequeno, de 5 a 9mm (Figuras27 e 28),

Ágil se locomove lateralmente

Alimenta-se da seiva das folhas, queviram as bordas para cima, (Figura29).

Fig. 26. Danos do percevejo verde.

Fig. 27. Cigarrinha ampliada adulta.

Fig. 28. Cigarrinha tamanho normal.

Fig. 29. Folha atacada por cigarrinha.

Ficam quebradiças, podendo secar ecair ao solo.

Controle

Inseticidas à base de monocrotofós.

Lagarta rosca

Borboleta de cor marrom

Larvas de cor escura durante o dia;vivem no solo e à noite cortam o colodas plantas jovens (Figuras 30 e 31).

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13O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Controle: Inseticidas fisiológicos,piretróides e carbamatos.

Lagarta elasmo

Borboleta na cor cinza-amarelada

Larvas esverdeadas, formam galeriasno colo das plantas jovens.

Controle: Inseticidas sistêmico

Lagartas desfolhadeiras

Spodoptera latifascia (Figuras 32 e33).

Lagarta Imperial (Figura 34 e 35).

Fig. 32. Larva da lagarta da folha(Spodoptera latifascia).

Fig. 33. Mariposa, lagarta Spodopteralatifascia.

Fig. 34. Larva, lagarta imperial.

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Fig. 30. Mariposa, lagarta rosca.

Fig. 31. Larva, lagarta rosca.

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14 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Alimentam-se das folhas (Figura 35).

Fig. 36. Ácaro vermelho.

Fig. 37. Ácaro rajado.

Principais doenças

Mofo cinzento

Principal doença da mamona

Identificada nos USA em 1918 e noBrasil 1932

Pode reduzir a produção a zero

Doença provocada por fungo, que semanifesta na fase de floração; onde osfungos se fixam nos cachos jovens

Fig. 35. Lagarta imperial.

Controle

Inseticidas à base de piretróides

O controle químico de lagartas namamona deve e pode ser associado aouso de inseticidas biológicos, como oBacillus thuringiensis e de parasitóidescomo o Trichogramma sp, epredadores como o bicho lixeiro.

Ácaros

pequenas aranhas

Vivem em colônias protegidas porteias na parte inferior das folhas

Provocam o bronzeamento eamarelecimento das folhas (Figuras 36e 37).

Controle

Inseticidas à base de Endosulfan

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15O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

provocando o secamento dos frutosjovens; a doença se propaga nocampo pelo vento e insetos. Comumem temperatura abaixo de 25ºC e altaumidade relativa do ar.

Controle químico: apesar de nãoregistrado pode ser usado o

fungicida derosal 500sc, na dosagem60ml/20l de água, fazer; aplicaçãodirigida aos cachos jovens (Figuras38, 39 e 40).

Podridão de macrophomina

Doença provocada por fungo, que semanifesta através do amarelecimento emurcha da planta, com necrose totalou parcial da raiz, a qual evolui para oescurecimento do caule e morte daplanta; muito comum na região deIrecê, Ba (Figuras 41, 42 e 43).

Fig. 38. Cacho atacado pelo mofocinzento.

Fig. 39. Cacho atacado pelo mofocinzento.

Fig. 40. Cacho atacado pelo mofocinzento.

Fig. 41. Fase inicial da macrophomina.

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16 O Cultivo da Mamona no Semi-árido Brasileiro

Podridão de botryodiplodia

Doença provocada por fungo, que semanifesta pelo murchamento dosramos e caule, de cima para baixo,com posterior morte da planta

Controle: evitar feridas nas plantas e,quando da colheita e poda desinfectaras ferramentas utilizadas e, ainda,pincelar os locais do corte, comfungicida à base de cobre (Figuras 44e 45).

Murcha de fusarium

Doença provocada por fungo, que semanifesta pelo amarelecimento,murchamento e necrose das folhas,que podem cair (Figuras 46 e 47).

Controle: utilizar sementes sadias e,se necessário, fazer tratamentoquímico, com vitavax + thiram.

Fig. 42. Fase intermediáriamacrophomina.

Fig. 43. Fase final macrophomina.

Fig. 44. Fase inicial da podridão debotryodiplodia.

Fig. 45. Morte do ramo terminal porpodridão de botryodiplodia.

Foto:NapoleãoE.deM.Beltrão

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as folhas formando manchascirculares; as plantas jovens sobataque severo podem morrer (Figura48).

Fig. 46. Murcha fusarium.

Fig. 47. Murcha fusarium.

Tombamento

Doença causada por fungo, que semanifesta necrosando e apodrecendoo colo das plantas jovens, provocandotombamento e morte

Controle: utilizar sementes sadias e, senecessário, fazer tratamento químico,com vitavax + thiram.

Mancha de cercospora

Doença causada por fungo, que ataca

Mancha de alternaria

Doença causada por fungo, que semanifesta através de manchas decoloração parda; em ataque severo,pode matar as plantas jovens.

Muito agressiva em híbridoscultivados em locais de temperatura eumidades altas.

Controle: fungicida à base de cobre ouditiocarbamatos

Vitavax + Thiran (diluído em 500mlde água) = 100quilos de sementes

Recomendações básicas para reduçãodo impacto das doenças na cultura damamona

Eliminação e ou redução do inóculo

Fig. 48. Mancha cercospora.

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inicial.

Uso de sementes certificadas etratadas.

Rotação de culturas.

Realização de roguing (eliminação deplantas atacadas).

Realização da poda no segundo ano.

Eliminação de restos de cultura dasproximidades do campo.

Redução da taxa de doença no campo.

Uso de cultivares resistentes outolerantes.

Uso de espaçamento mais aberto

Uso do controle químico

Rotação de culturas

Plantio em áreas indicadas pelozoneamento agrícola (Figuras 49 e50).

Manejo pós-colheita

Beneficiamento

Atividade feita através do batimentomanual, com uso de varas flexíveis demadeira ou com máquinas manuais oumotorizadas.

Nesta etapa, o material a serbeneficiado precisa estar com unidadede 10%, para que as sementeslarguem da casca com maior facilidade(Figuras 51 e 52).

Fig. 49. Mancha alternaria.

Fig. 50. Mancha alternaria.

Fig. 51. Descascador manual.

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para o plantio da safra.

Poda

Prática rotineira recomendada paracultivares de porte médio e alto, deveser realizada após o final da colheitaou 30 a 60 dias antes do início doinverno.

Tem como objetivo reduzir os custosde produção no segundo ano, com aeliminação das despesas de preparo dosolo, plantio e capina além de otimizaro aproveitamento das chuvas, pelaantecipação do ciclo produtivo.

Para se optar pela poda, é necessáriofazer uma avaliação de campo, onde onível de sobrevivência das plantasdeve ser de no mínimo 80%.

Quando recomendada, a poda deve serfeita cortando-se o caule e os ramosdas plantas, em bico de gaita, com 30a 60cm de altura.

Para reduzir a penetração da água nointerior do caule das plantas, a posiçãodo corte deve ficar em sentidocontrário à caída das chuvas.

Usar ferramenta apropriada e afiadaque, dependendo do porte da plantapoderá ser: roçadeira, facão, faca outesoura de poda.

Conclusão

As informações tecnológicas e práticas

Fig. 52. Descascador mecânico.

Armazenamento

Após o descascamento acondicionaros grãos ou bagas em sacos deaniagem de 30 ou 60 quilos.

Armazená-los em depósitos arejados,secos, isentos de insetos e roedoressobre estrados de madeira.

Comercialização

Nos seus núcleos de produção, osagricultores devem estar organizadosem associações, para formação doslotes comerciais, visando facilitar avenda da produção em melhorescondições de preços.

O mercado comprador nos estados jáesta se organizando, com aimplantação de nas regiõespromissoras de produção, mediante acontrato prévio de compra daprodução, inclusive com ofornecimento de parte dos insumos

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contidas nesta circular técnica,traduzem o esforço de pesquisa, e avontade da Embrapa e dos parceirosem disponibilizar meios e informaçõestecnológicas que possam contribuirpara a organização e sustentabilidadedo agronegócio da mamona no semi-

árido brasileiro, independente do perfildo produtor, que, para tal, necessitatambém de uma logística estatal depolíticas públicas que permitam oacesso a crédito, assistência técnicaem tempo real, sementes de qualidadee de preços mínimos remuneradores

CircularTécnica, 77

Exemplares desta edição podem ser adquiridosna: Embrapa AlgodãoRua Osvaldo Cruz, 1143 Centenário, CP 17458107-720 Campina Grande, PBFone: (83) 315 4300 Fax (83) 315 4367e-mail algodã[email protected]

1a EdiçãoTiragem: 1.000

Comitê dePublicações

Presidente: Luiz Paulo de CarvalhoSecretária Executiva: Nivia M.S. GomesMembros: Demóstenes M.P. de Azevedo

José Welington dos SantosLúcia Helena A. AraujoMaria Auxiliadora Lemos BarrosMaria José da Silva e LuzNapoleão Esberard de M. BeltrãoRosa Maria Mendes Freire

Expedientes: Supervisor Editorial: Nivia M.S. GomesRevisão de Texto: Nisia Luciano LeãoTratamento das ilustrações: Geraldo F. de S. FilhoEditoração Eletrônica: Geraldo F. de S. Filho

“Fazer o agronegócio da mamona acontecer de formasustentável no semi-árido brasileiro, é antes de tudo, umdesafio social para todos nós, o que significa: emprego,renda e cidadania para milhares de brasileiros”