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PESQUISAR · SAVE · PRINT · SAIR 8. Abr.2014 N.624 www.aese.pt NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO Os jovens desabituam- -se do carro “Le Havre” Pensões e natalidade: duas faces da mesma moeda AGENDA “Tornar a vida das pessoas mais simples e feliz” Galp recebe colaboradores de empresa parceira em Moçambique Richard Sennett, o crítico do novo capitalismo Reformas necessárias para pensões com futuro A “Missão cumprida” de D. Álvaro del Portillo A situação Económica na União Europeia Porto Palácio Congress Hotel & Spa, 10 de abril de 2014 Avanços na OI em Portugal Lisboa, 8 de maio de 2014 Empresas de qualquer dimensão conseguem competir à escala global Operacionalização na Cloud das TI Lisboa, 8 de maio de 2014 Modelos de Negócio e Estratégia Funchal, 23 de abril de 2014 Curso "As parábolas do Evangelho" | A parábola do juiz e da viúva: a necessidade da oração Lisboa, 5 de maio de 2014 PADIS em Coimbra no bom caminho Open House do Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 14 de maio de 2014 Média “Portugal ultrapassa Espanha em Inovação” entre outros…

8. Abr.2014 N - aese.pt · pessoas mais simples e feliz” Galp recebe colaboradores de empresa parceira em Moçambique . Richard Sennett, o crítico ... Em jeito de conclusão, João

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NOTÍCIAS

8. Abr.2014 N.624

www.aese.pt

NOTÍCIAS · AGENDA · OPINIÃO · PANORAMA · DOCUMENTAÇÃO

NOTÍCIAS PANORAMA DOCUMENTAÇÃO

Os jovens desabituam- -se do carro

“Le Havre”

Pensões e natalidade: duas faces da mesma moeda

AGENDA

“Tornar a vida das pessoas mais simples e feliz”

Galp recebe colaboradores de empresa parceira em Moçambique

Richard Sennett, o crítico do novo capitalismo

Reformas necessárias para pensões com futuro

A “Missão cumprida” de D. Álvaro del Portillo

A situação Económica na União Europeia Porto Palácio Congress Hotel & Spa, 10 de abril de 2014

Avanços na OI em Portugal Lisboa, 8 de maio de 2014

Empresas de qualquer dimensão conseguem competir à escala global

Operacionalização na Cloud das TI Lisboa, 8 de maio de 2014

Modelos de Negócio e Estratégia Funchal, 23 de abril de 2014

Curso "As parábolas do Evangelho" | A parábola do juiz e da viúva: a necessidade da oração Lisboa, 5 de maio de 2014

PADIS em Coimbra no bom caminho

Open House do Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 14 de maio de 2014

Média

“Portugal ultrapassa Espanha em Inovação” entre outros…

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O “design thinking” é uma nova abordagem na ótica do processo de inovação, trazida por Rogério Carapuça, Chairman da Novabase, ao Breakfast Seminar do PADE, realizado na AESE, a 27 de março de 2014. “Os Sistemas de Informação (SI) formalizam os processos de uma organização e são, por isso, uma parte importante das empresas.” Para Rogério Carapuça, “os executivos devem ter consciência de que a forma como vão construir os SI dita a maneira como a empresa fun-cionará.” A inovação é um processo complexo e implementar uma nova forma de fazer uma determinada operação pode ter um efeito perturbador. O “Design” nasceu da necessidade de responder de modo agradável a uma determinada ne-cessidade existente e, no caso da

inovação, o “tema do service de-sign está”, mais do que nunca, “na ordem do dia.” “Quantos executivos se esforçam por criar empatia com colabo-radores e clientes (consumidores finais) para desenvolver os novos SI?” O “Design thinking” surge pois como uma via de auscultação da emotividade e da experiência da utilização da tecnologia, em prol de garantir uma maior viabilidade do negócio, através do suporte tecno-lógico. “Como é que se consegue afastar a visão tenebrosa que tem o cliente em face das alterações que um novo SI vai introduzir no normal funcionamento das coisas?” O Chairman da Novabase defende que o novo paradigma de desen-volvimento dos SI é otimizar “as experiências passadas e

possibilitar ao cliente que adapte a tecnologia à sua própria realidade.” Ou seja, a resposta advém do “estí-mulo ao espírito de brainstorming, à colaboração, e consequente redu-ção do tempo de desenho e im-plementação da inovação”, com o objetivo último de “tornar a vida das pessoas mais simples e mais feliz”, colocando os SI ao serviço das empresas e das pessoas.

2 CAESE abril 2014

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“Tornar a vida das pessoas mais simples e feliz”

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Rogério Carapuça, Chairman da Novabase, convidado para um Breakfast Seminar da AESE

Lisboa, 27 de março de 2014

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Parceira num consórcio de explo-ração de gás em Moçambique, a Galp estima investir até 2018/2020 cerca de 3,8 mil milhões de euros em Pemba, o que corresponde a 10% dos 38,5 mil milhões de euros totais que esta localidade receberá para este efeito. Paralelamente a este projeto, a Galp estabeleceu uma parceria com a empresa pública moçam-bicana ENH – Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, responsabili-zando-se pela formação de onze dos seus quadros, durante um ano. Sete desses colaboradores, com formação superior nas áreas de engenharia química, geologia e oceanografia física, foram desta-cados pela Galp para realizarem o programa PGL, em Lisboa, de forma a desenvolverem competên-

cias de gestão e liderança, na AESE. Estes participantes do 7º PGL são uma forte aposta da Galp, já que a empresa prevê que venham a desempenhar cargos de elevada responsabilidade no seu país de origem. Manuel Ferreira de Oliveira, CEO da Galp, mostra-se empenhado neste apoio porque: “os moçambi-canos estão muito cientes dos desafios que têm pela frente e do que é necessário fazer para garan-tir que Moçambique se desenvol-va.” Para isso, a Galp para além de confiar à AESE o desenvolvimento das soft skills e das competências técnicas de gestão, compromete-se a apoiar o grupo no processo de integração na empresa, poten-ciando o conhecimento sobre o seu

funcionamento e os respetivos ne-gócios. A Galp tem estado a desenvolver um trabalho de net-working entre os trainees, através da troca de experiências e de co-nhecimentos interpares.

3 CAESE abril 2014

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Galp reforça voto de confiança na Formação de Executivos da AESE

Lisboa, 24 de março de 2014

Colaboradores da empresa ENH de Moçambique frequentam o PGL

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4 CAESE abril 2014

Empresas de qualquer dimensão conseguem competir à escala global

“As empresas têm de entender que o digital não é um canal, não é uma moda, não é algo que tenha ape-nas a ver com as áreas das tec-nologias de informação ou com a função de IT dentro das empresas: faz parte integrante do negócio.” João Couto, Diretor Geral da Microsoft, mostrou a sua perspetiva sobre a importância da Internet nos negócios, na terceira sessão do ciclo “As Tecnologias de Informa-ção”, organizado pelo Agrupamento de Alumni da AESE, no dia 27 de março de 2014, em Lisboa. “O primeiro aspeto da revolução da Internet tem a ver com a globa-lização: o comércio eletrónico está a tornar os negócios cada vez mais globais. Isso significa que qualquer empresa ou empreendedor conse-

gue criar de uma forma muito rá-pida e muito simples um negócio à escala global. Isto gera uma trans-formação muito grande no mercado potencial e na forma como se lançam as empresas e como estas encaram os seus produtos. Por outro lado, o facto de estarmos num contexto global e digital signifi-ca também que as empresas têm acesso a um conjunto de soluções tecnológicas que são muito mais sofisticadas do que anteriormente”. Para o Diretor geral da Microsoft, estas ferramentas estão disponí-veis para empresas “cuja dimensão pode ser tão grande como uma pessoa e até às maiores, sem te-rem de fazer grandes investimentos à partida.

Líder da Microsoft explica a revolução da Internet no Ciclo d’"As tecnologias da Informação"

Lisboa, 27 de março de 2014

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Por outro lado, a acessibilidade à Internet e à cloud, através “dos nossos smart phones e tablets, significa que nós estamos perma-nentemente ligados a uma grande rede de informação e isto tem um grande impacte.” João Couto referiu que “a existên-cia dos PC’s em casa, a Internet e agora, mais recentemente, a cloud e do digital, em que tudo está ligado” constitui uma total “revo-lução no modo como “as empresas encaram os seus negócios, o mercado potencial, a dimensão e a performance dos concorrentes e da relação destes entre si.” O mundo digital tem implicações na forma como as empresas se organizam em termos de redes so-ciais e técnicas, e como comuni-cam com os clientes e vice-versa. Em jeito de conclusão, João Couto considera que “o mundo mudou para melhor”: “Hoje em dia temos muito mais instrumentos à nossa disposição para podermos trabalhar de uma forma mais eficiente e muito mais produtiva.”

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5 CAESE abril 2014

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6 CAESE abril 2014

Programa de Alta Direcção de Instituições de Saúde

Coimbra, de 20 de fevereiro a a 16 de maio de 2014

PADIS em Coimbra no bom caminho

A 19ª edição do PADIS, arrancou em Coimbra, ao encontro dos res-ponsáveis máximos das instituições hospitalares com a missão de aperfeiçoar as suas capacidades de gerir e administrar estas orga-nizações, num setor tão particular como é o da Saúde. O programa iniciou-se no dia 20 de fevereiro, com 26 participantes, dos quais 90% são membros dos Conselhos de Administração e 10% dirigentes departamentais de insti-tuições hospitalares, todas perten-centes ao sector público, integra-das na ARS centro. Segundo Jorge Silva, co-Director do PADIS Coimbra, juntamente com o Prof. José Fonseca Pires, o primeiro PADIS de Coimbra é constituído por um grupo com um elevado grau de empenho e motivação.”

“A visita de estudo à Clínica Univer-sidade de Navarra agradou bastan-te a todos os participantes”, tendo

proporcionado mais uma excelente experiência de aprendizagem e de promoção de coesão do grupo.

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O Harambee África Portugal, em parceria com a AESE, organizaram uma conferência sobre o futuro beato, D. Alvaro del Portillo, a pro-pósito do centenário do seu aniver-sário. A sessão realizou-se na AESE, no dia 18 de janeiro de 2014, tendo Monsenhor Hugo de Azevedo como orador convidado. ”Quando era pequeno, [D. Álvaro del Portillo] queria ser Bispo, toureiro, advogado, engenheiro, pai de família. Tudo chegou a concretizar. E tudo por vontade de Deus. A dada altura, o seu Bispo morreu e então já só queria ser toureiro... Mas foi engenheiro e de grande calibre. Foi advogado e um jurista importante, cuja colaboração a esse título foi fundamental para a Obra em todo o seu caminho jurídico e para a Igreja durante o Concílio Vaticano II. Pai de família,

porque foi o Padre, herdando a paternidade do fundador relativa-mente às suas filhas e filhos. E toureiro, porque como dizia o fundador dele, "teve que tourear muitos touros" (no sentido que teve de enfrentar muitas dificuldades)”. D. Álvaro “nunca perdeu essa atenção às necessidades alheias. Já depois de eleito sucessor de S. Josemaría, promoveu não sei quantas obras sociais: um centro hospitalar no Congo-Kinshasa; uma escola agrária na Guatemala, depois de um grande terramoto; e, mais tarde, um centro educativo técnico no mesmo país; um centro assistencial e profissional em S. Paulo; no México, outro, com escola, e diversas valências, entre as quais um consultório clínico; e um centro educativo numa zona muito pobre, no Uruguai, a

7 CAESE abril 2014

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Continuação da notícia publicada na edição anterior

Lisboa, 18 de janeiro de 2014

A “Missão cumprida” de D. Álvaro del Portillo

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Associação de Escolas Familiares Agrárias; o centro de ensino tecno-lógico, nas Filipinas; e ainda nas Filipinas, um centro de volunta-riado, que serve cerca de 50.000 pessoas em Manila… (…) Tudo isto, enquanto se dedicava a fundações maiores, como a Univer-sidade Pontifícia da Santa Cruz e o Colégio Eclesiástico Internacional Sedes Sapientiae, em Roma, assim como o Seminário Internacional de Bidasoa, em Pamplona.” D. Álvaro era uma pessoa dotada de uma lucidez extraordinária, que combinava um coração grande, com uma enorme racionalidade e sentido prático. “Estava atento a ambas as necessidades: a da urgência e a de longo prazo. O Santo Padre também a isso se refere na sua recente Exortação Apostólica, quando recorda que o tempo é superior ao espaço, isto é, que não devemos ver só urgências, mas «gerar processos que construam um povo», movimentos de fundo que vão transformando as estruturas viciadas. E D. Álvaro aplicava esse critério inclusivamente aos recursos de

urgência, levando a projetar para o futuro o que se fazia, de modo a melhorar imediatamente a condição dos marginalizados.”

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8 CAESE abril 2014

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AGENDA

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9 CAESE abril 2014

Seminário

Sessão de continuidade Modelos de Negócio e Estratégia Funchal, 23 de abril de 2014 Saiba mais >

Sessões de continuidade

Open House Open House do Executive MBA AESE/IESE Lisboa, 14 de maio de 2014 Saiba mais >

Formação integral

Sessão de continuidade A situação Económica na União Europeia Porto Palácio Congress Hotel & Spa, 10 de abril de 2014 Saiba mais >

Curso "As parábolas do Evangelho" A parábola do juiz e da viúva: a necessidade da oração Lisboa, 5 de maio de 2014 Saiba mais >

Sessão de continuidade Operacionalização na Cloud das TI Lisboa, 8 de maio de 2014 Saiba mais >

Seminário Avanços na OI em Portugal Lisboa, 8 de maio de 2014 Saiba mais >

Programa

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Eduardo Cerqueira (39º PDE) é atualmente o Credit Risk Manager da FinSolutia em Espanha Luís Amaral (3º Executive MBA AESE/IESE) foi nomeado Vice- -President & CFO at OGMA. Miguel Kreiseler (8º Executive MBA AESE/IESE) é agora Associate Director - Head of Property & Asset Management na JLL- Jones Lang LaSalle .

Nesta secção, pretendemos dar notícias sobre algumas trajetórias profissionais e iniciativas empresariais dos nossos Alumni. Dê-nos a conhecer ([email protected]) o seu último carimbo no passaporte.

PASSAPORTE

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10 CAESE abril 2014

Gonçalo Morgado (3º Executive MBA AESE/IESE) é o novo Diretor geral de Vigilância da Prosegur. Marco Afonso (10º Executive MBA AESE/IESE) é Partner da Acker & Partners. .

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“Os contactos entre portugueses e japoneses ao longo dos séculos apresentam dos aspectos mais coloridos nas histórias das duas nações. É verdade que houve longos períodos em branco, de ignorância mútua. Mas também existiram períodos a verde, cheios de esperanças e expectativas. Viveram-se épocas douradas e cor--de-rosa, de comércio e cultura. Sofreram-se episódios tingidos a vermelho, de escaramuças armadas e martírios. E passaram- -se ocorrências negras. Ou roxas, se o roxo for a cor da vergonha. Em 1903, Murakami Naojirō (1868- -1966) descobriu no Lyceu Passos Manuel, em Lisboa, uma Doctrina Christan. Este livro, raríssimo, tinha sido impresso em Amakusa em 1592. Culturalmente era um volume valiosíssimo: era a primeira tradução existente de uma obra numa língua europeia para o

japonês, um dos primeiros livros escritos em japonês com letras latinas e também um dos primeiros a ser impresso, no Japão, com tipos móveis. Este volume tinha sido oferecido por Alessandro Valignano (1539-1606), um dos responsáveis pela missão jesuíta no Extremo-Oriente, a D. Theotónio de Bragança (1530-1602), que, por sua vez, o tinha doado a um convento de cartuxos. Os bons frades zelaram pela sua integridade durante dois séculos. O eles não saberem japonês terá contribuído para o seu parco uso e boa conservação. A seguir à revolução liberal, no séc. XIX, o estado expropriou-lhes tudo o que tinham e palmou-lhes o livro, que passou para o Lyceu Nacional, criado por decreto do ministro Passos Manuel (1801-1862), em 1836. Alertado pela descoberta de Murakami, Jordão de Freitas (1866-

-1950) inspecionou a obra uns tempos depois. Em 1910, o Lyceu

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Artigo de opinião do Prof. José Miguel Pinto dos Santos

Ratos

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AESE nos Media In Público, a 17 de março de 2014

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foi transferido para as belas e imponentes instalações atuais, e inaugurado com muita pompa e circunstância a 9 de janeiro de 1911. Não era caso para menos, atendendo a ser a primeira grande obra pública feita pelo novo regime. Quando, passados alguns meses, Freitas visita as novas instalações e pede para ver o livro, foi-lhe laconicamente dito por um funcio-nário cinzento: “Já não o temos, os ratos comeram-no.” Esta Doctrina Christan reapareceu em 1913, no catálogo de um livreiro madrileno. Foi vendida a um americano anónimo e, em 1915, é oferecida para venda no catálogo de Martinus Nijhoff, famoso livreiro na Haia. Em 1917, foi comprada pelo Barão Iwasaki Hisaya (1865- -1955), um magnata ligado ao grupo Mitsubishi, que o passou ao Tōyō Bunko, uma biblioteca, por ele fundada, em Tokyo. Onde ainda hoje se encontra, em bom estado de conservação.

Será que já não há ratos em Portugal? Ou será que estão tão gordos que já nem se parecem ratos?”

Por José Miguel Pinto dos Santos, Professor de Finanças da AESE

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12 CAESE abril 2014

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Portugal ultrapassa Espanha em Inovação In Comissão Executiva da Etv- 28-04-2014 Intervenções de Pedro Leão, Teaching Fellow da AESE Parte 1 02:44 –02:47 09:38 –12:50 15:07 –17:53 Parte 2 02:19 –05:30 14:23 –18:29 Manifestamente inoportuno In Expresso - Economia- 29-03-2014 Gonçalo Morgado é o novo Diretor Geral de Vigilância da Prosegur In Grande Consumo Online- 26-03-2014 Gonçalo Morgado é a mais recente contratação da Prosegur... In OJE- 25-03-2014 "A Comissão disse-nos: nem mais um tostão para infraestruturas" - Entrevista a Manuel Castro Almeida In Dinheiro Vivo (DN + JN)- 22-03-2014 Prosegur tem novo diretor-geral de Vigilância In Human Resources Portugal Online- 21-03-2014 Ratos In Público Online- 17-03-2014

AESE nos Media

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De 15 de março a 4 de abril de 2014

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PANORAMA

Os jovens desabituam-se do carro A imagem de James Dean ao volante com um cigarro entre os lábios, foi durante décadas o íco-ne dos adolescentes para repre-sentar a liberdade, a rebeldia ou o desejo de conhecer novos mun-dos. Depois que desapareceu a imagem positiva associada ao tabaco, agora parece ser a condu-ção – pelo menos no sentido mais clássico – a perder pontos na escala de valores dos jovens. Desde 1950, as vendas de veícu-los não paravam de crescer em cada ano, mas parece que agora isso parou. Na Alemanha, a pro-porção de lares jovens sem carro aumentou de 20% para 28%, en-tre 1998 e 2008. E não somente têm baixado as vendas: na Grã-

-Bretanha, EUA, Suíça ou Coreia do Sul, os jovens tiram a carta de condução cada vez mais tarde; antes, a maioria tirava logo que chegasse à idade mínima permi-tida (“The Economist”, 22.9.2012). Sem dúvida que a recessão eco-nómica influi muito, mas não é só isso. Nos Estados Unidos, os jo-vens com emprego e ordenados superiores a 70.000 dólares, cada vez conduzem menos e utilizam mais os transportes públicos. O excesso de tráfego e a pressão pelo cuidar do ambiente, levou nos últimos anos muitos governos a investir mais nas infraestruturas dos transportes públicos. Se a isso se juntar que, nos últimos tempos, o sistema de parquíme-

tros não falta em nenhum núcleo urbano medianamente grande, o resultado é que não ter carro próprio se torna mais barato e eficiente. Alguns estudos apontam além dis-so outro factor importante: Inter-net. O último relatório (“Report: 21st century transportation – A new direction”) do Grupo de Inves-tigação de Interesse Público (U.S. PIRG) ou a Consultora TNS (“Ge-neration Y is ‘out of love’ with cars”, 1.5.2013) dizem que a Inter-net habituou os jovens a adquirir serviços no momento, em vez de coisas que se guardam (por exemplo, música em streaming, em vez de discos), e a relacionar- -se, sem ter de se deslocar tanto.

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14 CAESE abril 2014

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A queda das vendas e cartas de condução acontece sobretudo em núcleos urbanos de países ricos. Os fabricantes começam a dar-se conta de que a Europa e a América do Norte deixaram de ser mercados apetecíveis e procuram novas opções nos países em de-senvolvimento. Alguns destes optam, como os do Ocidente, pelo transporte público: a China está a construir redes ferroviárias em mais de 80 cidades, e 18 da Índia estão a desenvolver sistemas de metropolitano. Contudo, outras co-mo Banguecoque, Daca ou Jacar-ta continuam a construir auto-estradas, porque as vendas de automóveis estão em plena ebuli-ção. Se a tendência continua, poderia ter importantes consequências económicas, porque na União Eu-

ropeia, 12 milhões de pessoas (6% da população) trabalham em indústrias relacionadas com o automóvel; nos EUA, são 8 milhões (4,5% da população). Além disso, a diminuição do uso de carro significaria para os gover-nos uma importante perda de dinheiro de impostos, mas tam-bém os livraria da dependência de países exportadores de petróleo. Ainda que muitos vejam como algo iminente, para outros, a dimi-nuição da condução é pouco pro-vável: “Quando os que têm vinte anos agora crescerem e tiverem filhos, mudam-se para os arredo-res das cidades, à procura de mais espaço e melhores escolas; e começam a conduzir” afirma Kenneth Orski, consultor de trans-portes, no “The New York Times” (13.5.2013).

Nacho é de Santander e estuda em Madrid. Numa sexta-feira à tarde vai apanhar um autocarro para ir a casa no fim de semana, mas chega tarde à estação e perde-o. Graças à Blablacar – uma rede social de carsharing – e às suas funções para smart-

phones, em menos de 20 minutos localiza Carlos, que vai fazer a mesma viagem de carro e procura acompanhante. Por 16 euros, che-ga a Santander à mesma hora do autocarro que pensava tomar. Co-mo esta, há muitas outras redes (Lyft, SideCar, Uber, Weeels) que oferecem este serviço de “táxi” mais barato (“The Economist”, 7.3.2013). Fala-se há muito tempo de formas de partilhar, que cada vez têm mais adeptos. A geolocalização e outras inovações tecnológicas,

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abriram milhares de opções às “economias partilhadas” e trouxe-ram a capacidade imediata. No caso do carro partilhado, apare-cem novos formatos que vão para lá do acordo com os utentes. Cada vez mais jovens querem usar carro quando precisam, mas não ter carro próprio, que pode custar uns 50.000 dólares PPP (Purchasing Power Parity – Paridade do Poder de Compra) nos três primeiros anos numa grande cidade do Ocidente (in-cluindo o preço de compra, o seguro, a gasolina para 16.000 km/ano, os impostos, repara-ções…), segundo cálculos da “The Economist” (4.4.2013). Há alguns anos, muitas câmaras municipais e empresas privadas implementavam nas cidades o aluguer de bicicletas: uma pessoa

podia pegar na bicicleta num dos estacionamentos espalhados por toda a cidade e deixá-la noutro localizado próximo do seu destino. Empresas como Zipcar (a maior do mundo, com 700.000 membros e 9.000 veículos) ou Car2Go, oferecem esta possibilidade com carros, num modelo que chamam unidirecional. Cada utente tem um cartão de membro com um chip de iden-tificação, que serve para qualquer carro da frota. Através do seu smartphone, escolhe um carro deixado num lugar próximo pelo anterior utente, utiliza-o e deixa-o arrumado onde quiser, pagando só pelo tempo que o usa. A maioria das empresas deste tipo tem convénios com as câmaras municipais e encarrega-se de pa-gar o estacionamento. Por exem-

plo, usar um serviço deste tipo em Miami custaria 0,38 dólares por minuto, num máximo de 13,99 dólares à hora. O estacionamento, a gasolina e o seguro estão incluí-dos no aluguer, sem pagamento adicional, nem quotas mensais. Paga-se 35 dólares pelo registo no serviço. Berlim é a cidade do mundo onde mais se utiliza o sistema unidire-cional, com mais de 183.000 pes-soas inscritas, segundo a Bundes-verband CarSharing. Alguns fabri-cantes de automóveis começam a apostar neste sistema, como a Citroën, que, no ano passado, lan-çou o serviço Multicity. Também a Avis, uma das grandes empresas de aluguer de veículos,entrou nes-te novo negócio ao adquirir a Zipcar em janeiro passado, por 491 milhões de dólares.

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16 CAESE abril 2014

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A novidade da economia par-tilhada leva a que inevitavelmente depare com contínuas lacunas legais. Há pouco tempo, os taxistas de Los Angeles organi-zaram uma manifestação contra os serviços de aluguer de carros, que consideram um sistema de “táxis ilegais”. Perante a pressão dos taxistas, o município está a estudar um regulamento para este tipo de empresas. Também surgem muitas interro-gações em torno dos seguros, da responsabilidade legal, etc. Três estados norte-americanos (Califór-

nia, Oregon e Washington) apro-varam leis relativas ao uso do carro partilhado, colocando a res-ponsabilidade sobre os ombros das empresas e das suas segura-doras. Estas também tomam me-didas: no ano passado, a com-panhia de seguros GEICO modifi-cou as suas condições para retirar a cobertura de acidentes de carros que tenham sido alugados a outros nos estados que o permitem. Crescer dói, mas no caso destes formatos, parece que é já algo que não se pode travar, por muito

que custe aos nostálgicos. Para Ed Lee, presidente do município de São Francisco, a “economia do partilhar” é um meio para esti-mular o crescimento económico.

C. G. H. (com autorização de www.aceprensa.pt)

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PANORAMA

Richard Sennett, o crítico do novo capitalismo Os efeitos paradoxais da moder-nidade tardia e as consequências menos desejáveis do capitalismo são os principais temas que o sociólogo Richard Sennett (norte- -americano) estudou nas suas obras. Na última, “Together”, 2012 (“Juntos”, Anagrama, Madrid, 2012), explora o enfraquecimento da cooperação na sociedade atual, propondo remédios práticos. Entre os pensadores que anali-saram as sociedades pós-indus-triais, existe um ponto de acordo: todos, independentemente da sua ideologia, pensam que os modos de vida e a dinâmica capitalista atuais desqualificaram as pes-soas. O termo alude às sequelas desumanizadoras de certas prá-

ticas às quais também se refere Sennett: por exemplo, as novas formas de relacionamento através das redes sociais, dificultam a comunicação direta e o interesse em se destacar no trabalho pode prejudicar a vida familiar. Situando-se entre a grande tradi-ção sociológica continental e o pragmatismo americano, Richard Sennett (Chicago, 1943) é um dos mais famosos analistas da socie-dade atual. Os seus ensaios des-tacam-se pela sua forma narra-tiva, onde abundam estudos de casos, relatos históricos e experi-ências pessoais, combinando tudo isso com o objetivo de aprofundar a compreensão de determinados fenómenos sociais.

Ideologicamente, este sociólogo e professor emérito da London School of Economics situa-se na esquerda, mas considera que o discurso político dos partidos afins está errado. Não conseguiram, na sua opinião, compreender a muta-ção das formas económicas e a irrupção do que chama Novo Capitalismo, no qual poder, eco-nomia, tecnologia e consumo mo-dulam a identidade das pessoas, tornando-as frágeis e egoístas. Sennett ofereceu já uma aguda interpretação sobre a deriva indivi-dualista das sociedades modernas num dos seus ensaios mais cele-brados, “The fall of public man”, 1977 (“El declive del hombre pú-blico”, Anagrama, Madrid, 2011),

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que lido com o tempo, não deixa de ter uma atualidade preocu-pante. Quis completar, desde en-tão, a sua teoria sobre o capi-talismo estudando o impacto so-cial da desigualdade económica em “Respect in a world of ine-quality”, 2003 (“El respeto. Sobre la dignidad del hombre en un mundo de desigualdad”, Anagra-ma, Madrid, 2003), onde defende que as diferenças económicas fomentam atitudes hostis e amea-çam um dos pilares da comuni-cação: a deferência. Desde antes de 2008, quando foi publicado “The craftsman” (“El artesano”, Anagrama, Madrid, 2009), Sennett tem vindo a traba-lhar num projeto de maior alcance que denomina “Homo faber”. A sua pretensão é afastar-se das

grandes construções teóricas e “refletir sobre as coisas comuns” e “sobre as aptidões necessárias para se ter uma vida quotidiana satisfatória”. O projeto é inspirado nessa ideia bastante americana do self-made man: o homem é um produto de si próprio e, por meio das suas práticas e competências, cria a sua vida e modifica o seu ambiente. Tem de se esclarecer que isto não significa que haja abandonado o seu interesse pelo sistema eco-nómico, pela dinâmica empresa-rial ou pela sorte dos mais necessitados. O que acontece é que, agora, organiza a sua crítica para os efeitos nocivos do capi-talismo em torno do estudo das qualidades que deteriora.

Em “El artesano”, o primeiro dos livros do projeto “Homo faber”, explica a natureza pessoal do trabalho e recorda a satisfação que nasce da obra bem feita, independentemente da recompen-sa económica. Pensa que o meio laboral de hoje prejudica o envolvimento da pessoa no seu trabalho e que nem a sociedade, nem as empresas atuais, capi-talizam os benefícios que derivam daquela conceção artesanal. O segundo volume, “Juntos”, aborda a relevância da coope-ração e das relações sociais. A cooperação, segundo ele, funda-menta as nossas relações sociais e possibilita uma rede de trocas benéfica para todos.

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Cooperar, salienta Sennett, refere--se à possibilidade de “fazer algo juntos”, desde jogar um jogo, até vender ações nos mercados finan-ceiros. A cooperação não é anta-gónica da concorrência, ocupan-do uma zona intermédia entre o altruísmo e a predação. Porém, torna-se necessário ouvir e estar atento ao outro. Sennett alude à sua própria experiência pessoal como membro e diretor de orquestra, pois, nas represen-tações musicais, exige-se o aco-modar das individualidades para conseguir a harmonia. Por isso, reivindica a cooperação como uma prática que ultrapassa as alianças perentórias e o oportu-nismo, e sublinha a necessidade da compreensão e do diálogo para que as relações sejam enriquecedoras de um ponto de

vista pessoal e benéficas na perspetiva social. A cooperação, portanto, trans-cende aquelas práticas que geram laços débeis ou esporádicos; com eles seria impossível que surgisse uma autêntica vida comunitária. No entanto, para que a coope-ração possa conceber um quadro comunitário, os hábitos cooperati-vos têm de cristalizar, estruturar- -se e tornar-se sustentáveis. Para Sennett, esta é a missão que cumprem os ritos sociais. Segundo ele, são três os rituais que, no mundo moderno, favore-cem as práticas cooperativas: a liturgia nascida da reforma protes-tante, o modo de trabalhar origi-nado nas oficinas e a virtude burguesa do civismo. Em “Juntos”, a análise dos rituais é exclusiva-

mente sociológica, centrada na sua capacidade para estabelecer vínculos simbólicos entre as pessoas. O estudo da cooperação na oficina liga-se ao tema de “El artesano”. No caso dos ritos reli-giosos, a abordagem de Sennett envolve uma certa deturpação, pois corta o significado transcen-dente que realmente têm para os próprios participantes. À margem do referido anterior-mente, liturgia, oficina e urbani-dade constituíram, de acordo com Richard Sennett, centros de irra-diação de novas práticas coopera-tivas. Mas, em última análise, es-tes hábitos não conseguiram es-capar aos efeitos do capitalismo, que tende a restringir o alcance da cooperação e enfraquece os laços sociais.

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Depois de “Juntos”, irá surgir o último ensaio da trilogia “Homo faber”: um livro sobre a cons-trução moderna das cidades e o conceito original de desenho urbano. A sua intenção é estudar as transformações que ocorreram, para determinar até que ponto as mudanças económicas e culturais marcaram e marcam as formas arquitetónicas dos edifícios. “Insisto na habilidade e na com-petência”, explica, “porque, na minha opinião, a sociedade mo-derna tem vindo a desqualificar as pessoas no que se relaciona com

o seu comportamento na vida quotidiana. Temos à nossa dispo-sição muito mais máquinas do que os nossos antepassados, mas menos ideias de como as utilizar com proveito; dispomos de mais meios para estabelecermos liga-ções com outras pessoas, graças às formas modernas de comu-nicação, mas sabemos menos como efetuar bem essa comu-nicação. A habilidade prática é mais uma ferramenta do que uma salvação mas, sem ela, os pro-blemas do sentido e do valor são meras abstrações”.

Outras obras de Richard Sennet: “The corrosion of character, the personal consequences of work in the new capitalism”, 1998 (“La corrosión del carácter: las conse-cuencias personales del trabajo en el nuevo capitalismo”, Anagra-ma, Madrid, 2006); “The culture of the new capitalism”, 2006 (“La cultura del nuevo capitalismo”, Anagrama, Madrid, 2007)

J. M. C.

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PANORAMA

“Le Havre” “Le Havre” Realizador: Aki Kaurismaki Atores: André Wilms; Blondin Miguel Duração: 93min. Ano: 2011 Um jovem africano vai até Le Havre, na costa francesa, quando pretendia alcançar ilegalmente a Grã-Bretanha através do canal da Mancha. O rapaz tem de fugir da polícia e sente-se perdido. En-contra ajuda num velho engra-xador de sapatos que o recebe em sua casa. De repente, a sua

mulher tem de ser internada de urgência no hospital. Os vizinhos prontificam-se a ajudar o rapaz. A situação agrava-se, pois a polícia começa a desconfiar do que se está a passar… O rapaz e o velho engraxador decidem conversar a sério. O homem confronta o jovem com franqueza. Explica-lhe que con-tinuará a fazer tudo para o apoiar, mas indica-lhe uma série de tarefas a cumprir. Diz-lhe os perigos que corre e como os poderá evitar. Apresenta-o aos vizinhos e amigos. Confia neles.

Todos se sentem envolvidos no plano da fuga e querem colaborar na medida das suas capacidades. No clímax do filme, vai ser o próprio agente da autoridade a “dar uma mão”, ao constatar o clima de entreajuda à sua volta... Sem ninguém lhe “pedir” nada, também ele agirá muito para além do que seria esperado. Todos os gestos que observara “exigem- -lhe” uma decisão, que terá gosto em cumprir!

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Tópicos de análise: 1. Envolver as pessoas num

projeto estimula-as a “acer-tarem” na solução.

2. O exemplo do líder atrai os outros a seguirem as suas atitudes.

3. O desempenho do indivíduo cresce ao saber que se confia nele.

Paulo Miguel Martins

Professor da AESE

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DOCUMENTAÇÃO

Pensões e natalidade: duas faces da mesma moeda O atual contexto económico res-saltou a urgência para o debate sobre a reforma das pensões. Na realidade, para lá dos aspetos técnicos, o problema é claro: a esperança de vida cresce e a natalidade diminui, pelo que os atuais modelos do Estado Provi-dência são cada vez menos sus-tentáveis. Alguns países abordaram o fator do aumento da esperança de vida atrasando a reforma, ou estabele-cendo mecanismos para que as pensões dependam da situação económica do país (salários, preços, PIB) e não só do que foi descontado durante determinados

anos. Pelo contrário, o problema da fecundidade admite menos mecanismos técnicos. Todas as palavras de ordem para dinamizar o mercado laboral que se repetem nos círculos políticos e nos meios de comunicação social (deixar fluir o crédito, fomentar a cultura em-preendedora, flexibilizar a contra-tação, incentivar o emprego juve-nil) são nulas se não houver popu-lação jovem suficiente para ocu-par os postos de trabalho. A insustentável situação demo-gráfica Costuma fixar-se em 2,1 filhos por mulher a taxa de fecundidade mí-

nima para que haja a substituição geracional. No campo das pen-sões, também 2,1 marca um limite de sobrevivência: neste caso re-fere-se ao mínimo de descontos por pensionista necessário para o sistema (como em Espanha, por exemplo) ser sustentável. Demografia e pensões estão de mãos dadas, e alguns indicadores relacionam-nas. A “taxa de depen-dência” (“old-age dependency ra-tio”) mede a população com mais de 65 anos como percentagem da que está entre os 15 e os 65 anos, isto é, em idade laboral. Embora esta tabela não seja de todo efe-tiva para calcular a viabilidade das

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pensões (nem toda a gente com idades entre os 15 e os 65 anos está a fazer descontos, nem as pensões são pagas somente a pessoas com mais de 65 anos), parte-se do princípio que haja uma aproximação válida à reali-dade demográfica de um país. Segundo dados do Eurostat de 2012, a taxa média da UE-27 era de 26,7%. Os países com valores mais elevados eram a Alemanha (31,2%), a Itália (30,9%), a Grécia (29,9%), Portugal (29,6%) e a Suécia (29,2%). A percentagem espanhola (25,8%) situava-se abaixo da média, em-bora as previsões demográficas não sejam muito promissoras. Segundo o próprio Eurostat, a taxa de dependência espanhola será de 27,4% em 2020, e de 46,3% em 2040. No ano de 2020, a percentagem de população com

mais de 65 anos chegará a 18,2% e, em 2040, terá ultrapassado fol-gadamente a barreira dos 25%, isto é, mais de uma em cada quatro pessoas estaria na faixa etária em que atualmente se começa a receber a maior parte das pensões de reforma. O número de pensões em Espa-nha (e o montante médio) já cres-ceu muito na última década: em 2009, havia mais de um milhão de beneficiários relativamente a 2000. Segundo as previsões do governo, o número de pensionis-tas em 2040 terá crescido quase 100% relativamente a 2010. Retocar ou reformar Este cenário (ou pior) repete-se noutros países, fundamentalmente europeus, embora nalguns deles (Suécia, Finlândia) a situação se

veja aliviada por uma taxa de natalidade maior. Na Alemanha, o país mais envelhecido da Europa, um em cada cinco habitantes tem 65 anos ou mais, o que faz com que tenham de destinar, para pensões, 11,5% do PIB; além disso, segundo as estimativas do próprio governo, em 2025 haverá seis milhões menos de pessoas entre os 15 e os 65 anos. Em Itália, a percentagem do PIB destinada a pensões ronda os 14%, embora se espere que a recente reforma dos descontos acabe por fazê-la baixar (isso sim, não antes de 2030). Em Portugal, outro dos países mais envelhe-cidos do continente, o governo de Passos Coelho decretou uma baixa geral das pensões de 3,5% na forma de “taxa especial” aos pensionistas, embora, suposta-mente, seja apenas uma medida transitória.

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Os países mais envelhecidos foram, logicamente, os primeiros a avançar com reformas dos seus modelos de pensões. Em muitos casos, as mudanças destinam-se a modificar os critérios de reva-lorização das pensões, de forma que se adaptem de modo mais realista à situação económica: por exemplo, nalguns países, passou--se de revalorizar segundo a inflação, para o fazer tendo em conta a evolução dos salários médios ou do rácio trabalhadores- -pensionistas (o chamado “fator de sustentabilidade”). Além disso, na maioria dos países mais desenvolvidos da Europa, estabeleceram-se incentivos para prolongar a atividade e atrasou-se a idade de reforma. Nalguns paí-ses, como a Grã-Bretanha, foi criado um sistema de pensões

privado, paralelo ao público, e ao qual vão parar de forma auto-mática parte dos descontos (a não ser que o trabalhador peça a sua exclusão desses planos de pen-sões). Também se modificou o procedimento para o cálculo da pensão: aumentando o mínimo de anos descontados, ou o período que conta como base para o cálculo. Solidariedade intergeracional Não obstante, todas estas medi-das não afetam a base do “mode-lo de repartição”, em vigor na maioria dos países ocidentais e baseado no conceito de solidarie-dade intergeracional; ou seja, que a reforma dos pensionistas seja paga com os descontos das gera-ções mais jovens. Embora neste modelo se estabeleçam mecanis-

mos para assegurar uma certa proporcionalidade entre o descon-tado e a pensão recebida, o obje-tivo fundamental é assegurar o poder de compra das pessoas que abandonam o mundo laboral. No extremo contrário, está o “modelo de capitalização”, no qual os descontos de cada trabalhador vão engrossando uma conta com a qual se irá pagar a respetiva reforma. Desaparece portanto o conceito de solidariedade interge-racional. Foi aplicado fundamen-talmente em países latino-ameri-canos, com resultados pouco sa-tisfatórios: embora, na teoria, este modelo “proteja” o dinheiro do tra-balhador de maneira mais eficaz, descobriu-se que é mais vulne-rável aos ciclos económicos.

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Suécia: um modelo com su-cesso Outros modelos optaram por uma solução intermédia, que pretende salvaguardar a ideia base da soli-dariedade intergeracional, mas, ao mesmo tempo, faz depender mais a pensão do descontado pelo beneficiário durante toda a sua vida laboral. Num relatório publicado em 2010 pela consultora PwC, analisava-se concretamente o caso da Suécia, o mais conhecido e estudado deste modelo, e pedia-se a sua aplicação à Espanha. A Suécia aprovou a reforma das suas pen-sões em finais dos anos 90, pelo que já teve tempo de avaliar a sua viabilidade.

Os descontos dos trabalhadores suecos alimentam dois sistemas complementares de pensões. Um é coletivo e basicamente de repar-tição; e o outro, individual e de capitalização. O primeiro capta a maior parte dos descontos (16,5% do salário bruto), e é utilizado para pagar as pensões dos já reforma-dos. O que desconta cada traba-lhador vai-se acumulando de mo-do “virtual” numa conta que lhe é atribuída. Quando o trabalhador se reforma ou começa a ganhar a sua pensão por outro motivo, o acumulado na sua conta é a base para o cálculo da sua pensão, de tal forma que o que uma pessoa recebe como pensão reflete mais diretamente as suas contribuições durante toda a sua vida laboral. O outro sistema complementar recebe uma percentagem menor

dos descontos (2,5% do salário) e é gerido por planos de pensões privados: cada pessoa que des-conta pode escolher entre mais de 700 planos acreditados pelo Estado. O rendimento desta parte individual do sistema de pensões depende exclusivamente da renta-bilidade que obtiver o fundo de investimento escolhido. A prestação recebida pelo pensio-nista é o resultado da divisão do capital acumulado ao longo da sua vida laboral pela esperança de vida calculada para ele: se pede a reforma mais tarde (a idade mínima são os 61 anos) a pensão será maior, pelo que é incentivado o adiamento da refor-ma. Além disso, irá receber o que lhe caiba pela rentabilidade do seu fundo de investimento.

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No caso dos pagamentos virem a superar as receitas do sistema de pensões mais os recursos dos fundos de capitalização, é ativado um “travão”, que faz baixar o custo das pensões e dos direitos acumulados nas contas pessoais, de forma que a correção afeta tanto os atuais, como os futuros pensionistas. Se se gerarem exce-dentes, eles entram num sistema coletivo de capitalização, formado por cinco grandes fundos de pensões, que tentam obter renta-bilidade investindo esses recursos em valores do mercado nacional e internacional.

Por outro lado, para salvar o lado de ajuda social que está na base do modelo de repartição, o sistema sueco separa algum dinheiro (que fica a cargo do Orçamento de Estado e não dos descontos) para pagar as “pen-sões de garantia” a pensionistas com um nível baixo de rendimen-tos. Deste modo, é-lhes garantido um nível de vida modesto mas decente. Embora no relatório da PwC se sugira que a Espanha deveria adotar o modelo sueco, o fomento da natalidade aparece como uma

condição prévia. Ambos os países têm uma esperança de vida similar, em torno dos 82 anos. Mas a fecundidade em Espanha é somente de 1,32 filhos por mulher (dados de 2012), contra 1,67 na Suécia. Em Espanha, a quebra dos nascimentos e o aumento do número de mortes teria como consequência uma paulatina redu-ção do crescimento vegetativo anual, que viria a ser negativo antes do termo da presente década.

F.R.-B.

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Reformas necessárias para pensões com futuro O relatório anual da OCDE “Pen-sions at a glance 2013”, examina as principais reformas aplicadas nas últimas duas décadas, em resposta à alta futura de custos provocada pelo envelhecimento da população e pelo aumento da esperança de vida. As duas medidas mais frequentes foram atrasar a idade de reforma e retocar as fórmulas que servem para o cálculo dos benefícios, seja alterando o indicador a que se liga o crescimento das pensões (por exemplo, da evolução dos salários à do IPC), aumentando os anos de trabalho que determinan o montante final, ou, introduzindo algum dos chamados fatores de sustentabilidade, como, por exem-

plo, a esperança de vida ou a situação do fondo público para pensões no momento da reforma. A idade da reforma será adiada Em geral, as reformas procuraram assegurar a viabilidade a longo prazo dos atuais sistemas, mas para isso foi reduzido o valor que cada ano trabalhado tem para o cálculo final da pensão. Em parte, este défice ver-se-á compensado pelo aumento de anos trabalhados (adiamento da idade de reforma), mas a OCDE adverte de que se terá de estar especialmente atento aos trabalhadores que por este ou aquele motivo não descontaram na sua vida laboral o necessário para terem uma pensão suficiente.

A sensibilidade dos governos para com os idosos (também por moti-vos eleitoralistas) fez com que, apesar da crise, as pensões esti-vessem protegidas dos cortes na maior parte dos países: assim, a taxa de pobreza entre as pessoas com mais de 65 anos desceu de 15,1% em 2007, para 12,8% em 2010. No entanto, nos últimos anos, os cortes atingiram as pen-sões. Contudo, os rendimentos médios dos idosos correspondiam em setembro de 2013, a 86% dos rendimentos da população em geral, uma percentagem ainda elevada se comparada com as décadas anteriores. O relatório indica que na maioria dos países da OCDE, a idade de

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reforma será pelo menos de 67 anos, para homens e mulheres, daqui até 2050. Esta subida generalizada terá um efeito mais negativo para os reformados. No entanto, foi adotada por, prati-camente, todos os países da OCDE para dar sustentabilidade ao sistema. A pensão será uma percen-tagem menor do salário O melhor indicador sobre a capacidade redistributiva de um sistema de pensões é a repla-

cement rate ou taxa de subs-tituição: mede o montante da pensão inicial (depois da reforma) como percentagem do salário que se ganhava exatamente antes da

pessoa se reformar. Nos sistemas mais distributivos, as taxas variam muito consoante os rendimentos do pensionista: assim, os que se encontram no percentual mais elevado, recebem uma percen-tagem menor do que ganhavam antes de se reformarem, enquanto que os do percentual mais baixo obtêm pensões muito seme-lhantes aos seus anteriores salários. De acordo com as estimativas do relatório, os salários baixos virão a obter uma pensão que repre-sentará 70% do salário; os assalariados médios não rece-berão mais do que 54% dos rendimentos que tinham como ativos, com o risco de ver dimi-

nuído o seu nível de vida de maneira significativa. Outro índice frequentemente utili-zado para medir o impacto das reformas sobre as pensões é a gross pension wealth (riqueza derivada da pensão), que com-para o montante em dinheiro que supostamente receberá como pensão uma pessoa durante os anos de vida que lhe restam com o seu salário antes de se reformar. Segundo a análise da OCDE, quase todas as reformas levadas a cabo nos últimos anos provo-carão uma diminuição dos bene-fícios, pois a mudança nas fórmu-las de cálculo produz um resul-tado final negativo.

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Planos de pensões privados Perante a difícil situação dos cofres públicos, alguns países como Alemanha, Suécia, México ou Grã-Bretanha, juntaram-se ao modelo de planos de pensões privados. Nalguns casos, como a Grã-Bretanha, o governo obrigou os empregadores a inscrever os seus trabalhadores num destes

planos; ao mesmo tempo, pro-meteu vigiar os investimentos para que não se assumam riscos excessivos. O relatório da OCDE recomenda que exista uma oferta mais variada nos planos de pensões, o que fomentará a competitividade. Contudo, alerta de que as con-sequências de se apoiar primor-

dialmente em planos privados, poderiam afetar a capacidade do sistema para atender aqueles que tenham tido uma vida laboral curta (algumas mães, desempregados de longa duração) ou grupos como os doentes ou deficientes.

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