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Do Presencial ao Online: um estudo sobre as atitudes de estudantes face a situações de aprendizagem online

Manuel Alberto Rodrigues

E.S.E. Almeida Garrett [email protected]

António Quintas Mendes Universidade Aberta

[email protected]

Resumo – A aprendizagem online é um tipo de formação a distância que utiliza meios electrónicos, nomeadamente a Internet, independentemente do tempo e do espaço geográfico, não necessitando do contacto directo com o professor. Este estudo é o reflexo de um trabalho experimental efectuado com alunos da disciplina de Tecnologia Educacional de uma Escola Superior de Educação na modalidade blended learning. Pretendeu-se conhecer a atitudes perante a parte da aprendizagem online em modo assíncrono através da Internet. Os resultados mostraram que os alunos, apesar de uma atitude favorável para com esta modalidade de aprendizagem, mostram favorecer ainda a presença do professor nas aulas. A aprendizagem em modalidade mista (blended learning) necessita, por parte dos alunos, de autonomia, auto-motivação e autodisciplina para o controle da aprendizagem sem a necessidade de apoio constante do professor. Palavras Chave – Aprendizagem online, atitude, blended-learning, presença social.

INTRODUÇÃO

O e-learning, no contexto deste trabalho, é considerado como uma modalidade de formação online e a distância que utiliza meios electrónicos, nomeadamente redes como a Internet ou as Intranets. Tendo vindo a tornar-se um sistema com vasta utilização para a aprendizagem no ensino superior e nas empresas, é uma modalidade adequada para se adquirir formação, informação, conhecimentos, acompanhar ou prosseguir os estudos superiores e para a formação ao longo da vida. A formação online é um tipo de formação a distância com o apoio a redes de computadores utilizando como recurso as ferramentas, como por exemplo o e-mail, a Web, o Chat, os Fóruns, as plataformas de aprendizagem e Listservs, mais recentemente os Bloggs [1]. Numa aprendizagem online a formação pode efectuar-se exclusivamente através de meios síncronos ou assíncronos, na modalidade mista, b-learning ou blended learning, sendo nesta modalidade uma parte presencial e outra online.

Decidimos consagrar o presente trabalho ao estudo das atitudes em relação à aprendizagem online, que aplicámos em duas em turmas diferentes, como complemento a um estudo

efectuado em ano lectivo anterior [8]. Trata-se, portanto, dum projecto para o qual já estávamos sensibilizados. A experiência levada a efeito com alunos do 1º ano da formação inicial de professores de uma escola superior de educação privada, na componente teórica da disciplina de Tecnologia Educacional, teve dois objectivos fundamentais: Reflectir sobre a aplicabilidade de novas estratégias de

ensino-aprendizagem numa disciplina do curso de formação inicial de professores face aos novos paradigmas do e-learning numa perspectiva de aprendizagem mista.

Avaliar atitudes resultantes da utilização de algumas ferramentas em modo assíncrono disponibilizadas pela Internet, na modalidade de b-learning.

A aprendizagem online necessita de alguns requisitos por

parte dos alunos: requer paciência, motivação, dedicação, auto-confiança e conhecimentos sólidos do computador e da Internet na óptica do utilizador.

Em investigações efectuadas, Meyer [2] observou estilos de aprendizagem e comportamentos que afectam o sucesso quando os alunos a utilizam na modalidade e-learning. No entanto têm sido detectadas outras variáveis que podem afectar o sucesso de uma aprendizagem online e que Huang [4], partindo de estudos anteriores, refere serem a idade e o sexo que resultam em diferentes atitudes no envolvimento com o computador, com diferenças significativas na interacção, sendo o sexo feminino o que contribui com mais interacções do que o sexo masculino.

Neste trabalho exploratório pretendemos conhecer a atitude dos alunos que participaram no estudo relativamente à eficácia da aprendizagem online. Sendo limitado, fornece, no entanto, algumas indicações básicas que possibilitam reflectir sobre as causas que estão subjacentes à fraca adesão dos alunos a esta modalidade de aprendizagem, face ao modelo presencial, de forma a delinear estratégias de sensibilização para a utilização, com vantagens, desta modalidade de aprendizagem.

No caso concreto que estudámos, a aprendizagem online, não poderia substituir com vantagem no seu todo, a formação com base presencial. Notámos, contudo, que face a atitudes positivas dos alunos, um sistema misto inicial será fundamental como ponte para uma aprendizagem online mais efectiva.

VII Simpósio Internacional de Informática Educativa – SIIE05 Leiria, Portugal, 16-18 Novembro de 2005

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90 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA

Neste estudo definimos como objectivo identificar as atitudes favoráveis e ou desfavoráveis condicionantes ao processo de incorporação das WBLE, Web-Based Learning Environment, através de plataformas de e-learning, na prática lectiva num curso de formação inicial de professores. As questões que nos conduziram neste estudo foram o de saber como reagiriam os alunos, entrados no primeiro ano do ensino superior, a uma aprendizagem online e semi-presencial e conhecer a sua atitude sobre a aprendizagem online em contraponto com as aulas presenciais.

Outro aspecto que se tivemos em conta, durante o tempo em que a experiência se desenrolou, foi o de tentar reconhecer os diferentes estilos utilizados pelos alunos para efectuarem as suas aprendizagens. Entrevistas não orientadas e efectuadas aleatoriamente aos alunos, revelaram dificuldade de autonomia no estudo, falta de auto-motivação e determinação na utilização da formação online, situação já observada por Meyer [2], pelo que os alunos não encontramvam qualquer vantagem na formação online.

Lyons [5] observa que muitos professores utilizavam as tecnologias na sala de aula tradicional, mas não ensinavam online por aversão à falta de interacção interpessoal e presencial. Outros, lamentavam que responder a e-mails e participar em foruns de discussão obrigava-os a disponibilizar mais tempo do que com as aulas presenciais. Ainda segundo Lyons, formadores criticavam as atitudes e comportamentos dos alunos online, que não levavam a sério os prazos de entrega das tarefas e esperavam de imediato pela resposta do formador.

A aprendizagem online, mesmo que em modalidade mista, consome muito tempo quer aos professores quer aos alunos. O tempo disponibilizado para responder individualmente a cada um dos alunos é muito elevado.

Para leccionar a parte da disciplina em online foi disponibilizado, por estimativa, cerca de quatro vezes mais tempo do que disponibilizaria apenas com aulas presenciais.

Existem ainda vários problemas a resolver com a aprendizagem online, que se prendem com representações e atitudes face a este tipo de aprendizagem, assim como em relação à presença social. Esta é definida por Garrison [9], também citado por Stacey [6], como “o nível em que os participantes são capazes de se projectar afectivamente através de um medium”, neste caso a comunicação mediada por computador. A presença social pode então ser identificada como centrada em “signos não verbais e paralinguísticos da comunicação, tais como a mímica e os gestos, que se perdem com os media online”, e, perante os quais, os alunos poderão ter a percepção de estarem mais acompanhados. Pensamos ser este um dos aspectos mais importantes que condiciona uma efectiva participação numa modalidade de aprendizagem online.

Como qualquer outro, este estudo de caso tem limitações, não apenas porque a totalidade do público-alvo eram alunos do sexo feminino de uma Escola Superior de Educação privada em meio urbano, mas também, porque a falta de conhecimento prévio dos alunos deste novo modelo de

aprendizagem pode ter gerado ideias pré-concebidas sobre a aprendizagem presencial e online, o que poderá ter influenciado a imparcialidade das respostas ao questionário.

METODOLOGIA

Podemos considerar o presente trabalho como exploratório, com base numa investigação qualitativa ou de estudo de caso dada a sua natureza e a situação em que se desenvolveu. Tendo decorrido de questões de ordem prática, pretendeu ser um contributo para a melhoria da qualidade da acção no processo de ensino-aprendizagem, conduzindo assim a uma possibilidade de alteração de atitudes relativamente a um ensino de componente “semi-presencial”.

A investigação decorreu, no primeiro semestre do ano lectivo de 2004/2005, nos cursos de Licenciatura em Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e em Educadores de Infância, da Escola Superior de Educação Almeida Garrett, escola privada do grupo da Universidade Lusófona. A população-alvo deste estudo foi constituída a partir do universo das turmas do 1º ano dos cursos diurno e pós-laboral de ambos os cursos, com 21 e 26 alunos respectivamente, sendo a totalidade dos alunos do sexo feminino.

As duas turmas em que o nosso estudo foi efectuado têm características diferentes relativamente à faixa etária e ocupação profissional. Para facilidade de exposição iremos considerar o Grupo A, a turma de alunos em regime diurno e o Grupo B a turma de alunos regime pós-laboral.

O Grupo A caracteriza-se por uma média das idades de 21,7 anos, com uma desvio padrão de 3, variância de 12,6 e a moda de 19 anos. Entre os alunos deste grupo 19% são trabalhadores-estudantes e 81% apenas estudam. No Grupo B a idade média é de 27,7 anos, com um desvio padrão de 5,5, variância de 29,8 e a moda de 33 anos. Deste grupo 27 alunos, correspondente a 100%, são estudantes trabalhadores.

Para avaliar a literacia informática da amostra foi efectuado um teste diagnóstico teórico-prático às turmas, tendo-se verificado serem muito heterogéneas. Variava entre alunos que mostravam facilidade na utilização do computador, navegar na Internet e utilizar algumas das suas ferramentas e os que apenas sabiam trabalhar com um processador de textos. Consequentemente, algumas das aulas presenciais iniciais destinaram-se a uma ambientação, quer com as ferramentas informáticas necessária ao processo, quer com a adaptação à plataforma a utilizar.

A iniciativa partiu da disciplina de Tecnologia Educacional, tendo sido definidos os objectivos e as turmas informadas da intenção de as aulas passarem a utilizar um sistema misto, em que parte das aulas, cerca de um terço foi presencial e dois terços do total (30 horas) foi em sistema online, sob orientação do responsável da disciplina.

A formação incidiu sobre os conteúdos teóricos do programa, dos quais também foram distribuídos documentos de apoio. Os temas dos módulos e as propostas de tarefas relacionados com a matéria foram sendo colocados numa plataforma de aprendizagem online. As aulas presenciais sobre a matéria foram resumidas ao indispensável e traduziram-se apenas nas ideias fundamentais sobre as quais os alunos

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91 deveriam aprofundar, num trabalho autónomo, através da utilização de todos os recursos disponibilizados online. principalmente o e-mail, fóruns, páginas da Web e a plataforma de formação online Communityzero™ [10]. Esta é uma plataforma do tipo de comunidade online que permite a um grupo de pessoas comunicar e trocar informação em áreas privadas e seguras através de fórum, “chat” e outras, permitindo aos seus elementos partilhar e trocar informação e conhecimento. Os módulos foram trabalhados online no domicílio ou nos locais onde os alunos tivessem possibilidades de acesso a computador ligado à Internet.

Os conteúdos a leccionar incluíam o estudo dos meios de comunicação nos seus diversos discursos aplicados à educação, a tecnologia hipertexto e a construção de materiais didácticos sob a forma de páginas Web.

O e-mail foi utilizado para a interacção assíncrona com os alunos, enviando textos suplementares de apoio não colocados na plataforma, comentários, esclarecimento de dúvidas, exercícios práticos, estabelecimento de datas para cumprimento de tarefas, etc.. Foi ainda construído um Website sobre os temas trabalhados nas aulas presenciais, com documentos de apoio, sugestão de links de interesse para a matéria. A avaliação da aprendizagem foi efectuada através de um teste presencial no final do semestre e de um trabalho de pesquisa proposto aos alunos sobre um dos vários temas apresentados no início da formação.

No final do semestre, através de um questionário, foi solicitado aos alunos que respondessem a algumas questões, entre as quais se pedia as suas opiniões sobre a nova modalidade de aprendizagem em que tinham participado. Na primeira parte do questionário, para além de dados referentes ao aluno e ao curso que frequentava, pretendia-se obter informação sobre a posse de computador e de acesso à Internet. Na segunda parte pretendíamos conhecer qual a sua opinião sobre a experiência que tiveram num sistema de aprendizagem misto no que respeita à utilidade, vantagens, quantidade e qualidade dos materiais disponibilizados. A terceira parte foi destinada a conhecer as atitudes dos alunos face à aprendizagem nas modalidades presencial e online. Para esta última parte utilizou-se uma escala tipo Likert.

A técnica de medição das atitudes através de escalas de atitudes, parte do princípio de que podemos medir as atitudes através das respostas verbais dos indivíduos, ou seja, das opiniões e avaliações que os sujeitos efectuam acerca de uma determinada situação, propondo-se ao sujeito uma série de proposições padronizadas, solicitando-lhe o grau de acordo/desacordo com cada uma delas. O conjunto de respostas obtidas indicará a direcção e a intensidade da atitude.

RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO

As turmas sujeitas à investigação eram constituídas por alunos do sexo feminino, dado não existir nesse ano lectivo nenhum aluno do sexo masculino matriculado.

Embora não fosse nossa intenção estudar os comportamentos relativamente ao sexo, é interessante referir que McSporran e Young em 2001 [7], num estudo efectuado

numa escola de Tecnologias da Informação na Nova Zelândia, concluíram que as mulheres têm mais sucesso do que os homens em ambientes online e que aquelas preferem o ambiente online mais do que os homens.

Pelas respostas ao questionário, a apreciação que os alunos fazem sobre a utilização das potencialidades das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, nomeadamente da Internet, para a aprendizagem online encontra-se representada na Tabela I.

TABELA I

APRECIAÇÃO SOBRE AS NTIC E A INTERNET NA APRENDIZAGEM Percentagem de alunos Classificação

Grupo A Grupo B Muito Boa 33,3 14,8 Boa 52,4 51,9 Suficiente 14,3 33,3 Medíocre 0,0 0,0 Má 0,0 0,0

Quanto à aprendizagem online poder no futuro vir a ser útil, os valores podem ser observados na Tabela II.

Verifica-se que o Grupo A em ambas as perguntas, comparativamente ao Grupo B, obteve valores percentuais mais favoráveis à aprendizagem online considerando-a como boa e muito boa, o mesmo se verificando em relação à sua utilidade no futuro.

TABELA II

UTILIDADE FUTURA DA APRENDIZAGEM ONLINE Percentagem de alunos Utilidade

Grupo A Grupo B Muito útil 66,7 40,7 Útil 33,3 40,7 Alguma utilidade 0,0 18,5 Sem utilidade 0,0 0,0 A terceira parte do questionário foi elaborada de acordo

com a técnica da escala de atitudes de Likert. Pretendíamos saber, após a formação, as opiniões dos alunos sobre a sua experiência online. Antes de continuarmos, compete-nos esclarecer o que entendemos, neste contexto, pelo conceito de atitude. As atitudes manifestadas através de opiniões, não são crenças sobre a informação que temos disponível sobre um objecto, mas sim, opiniões sustentadas pela experiência pessoal dos alunos e da sua interacção com os outros. Partimos do pressuposto de que a atitude, favorável ou desfavorável, dos alunos seria condicionada em grau mais ou menos elevado pela sua participação nesta modalidade de aprendizagem.

Assim, construímos um conjunto de frases favoráveis e desfavoráveis em relação ao objecto de estudo, que permitissem aos alunos, manifestarem as suas opiniões acerca das aprendizagens online e presencial, através de uma escala de cinco posições, entre “Concordo Plenamente” e “Discordo Plenamente”. As respostas foram pontuadas, atribuindo o valor 5 às respostas de “Concordo Plenamente” e o valor 1 às respostas “Discordo Plenamente”. As frases desfavoráveis ao objecto de estudo foram pontuadas de forma invertida, isto é, foi atribuído o valor 1 à resposta “Concordo Plenamente” e o valor 5 às repostas “Discordo Plenamente”.

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92 O soma dos valores atribuídos às respostas por cada

sujeito, correspondentes a todos os itens das frases seleccionadas, forneceu a cotação final das respostas. Atendendo a que são onze o número de itens da escala, o somatório dos pontos estaria compreendido entre um mínimo de 11 pontos para respostas do tipo discordo plenamente a todos os itens favoráveis e do tipo concordo plenamente a todos os itens favoráveis com um máximo de 55 no caso contrário.

No caso do nosso estudo e no apuramento da escala de atitudes, esses valores extremos nunca foram atingidos, tendo as respostas do Grupo A ficado compreendidas entre o 25 e 45 pontos com uma média de 36. Mais do que 50% das respostassituam-se entre os 33 e os 43 pontos. A média da amostra é 36, a mediana 35, a variância 36,39 e o desvio padrão 6,03.

No Grupo B, as respostas ficaram compreendidas entre os 19 e 51 pontos, ficando uma percentagem de 46% dos resultados situada entre os 33 e 43 ponto. A média desta amostra é de 34, a mediana 33, a variância 54,58 e o desvio padrão de 7,38.

O questionário da escala de atitudes foi condicionado, naturalmente, pela extensão e objectivos da investigação, contendo apenas onze itens destinados a conhecer a opinião dos alunos sobre a eficácia da aprendizagem online comparativamente à necessidade da presença física do professor.

Apesar de podermos facilmente analisar as atitudes dos dois grupos em estudo para cada um dos onze itens, pensámos ser bom método agrupá-los em categorias de âmbito mais geral, nas quais os poderemos incluir e efectuar o apuramento dos dados de acordo com essas categorias que são as seguintes: a) Participação – Era importante conhecer o carácter afectivo que comportava para os alunos o contacto com novos métodos de ensino e aprendizagem. Baseámo-nos então no pressuposto de que a atitude – favorável ou desfavorável – dos alunos seria condicionada em grau elevado pela sua participação neste novo sistema. Colocámos nesta categoria os itens 1, 2 e 4. b) Adaptação – Reporta a aspectos que podem constituir fonte de dificuldades na adaptação à nova modalidade causando perturbação aos alunos em relação às modalidades habituais de aprendizagem. Itens 3, 7, 8, 9 e 10. c) Extensão – Consiste em avaliar se os alunos são ou não favoráveis à aplicação da modalidade online a outras disciplinas, colegas e cursos, permitindo ver atitudes de resistência à mudança. A categoria extensão abrange os itens 5, 6 e 11.

Como mostra a Tabela III, as médias dos pontos obtidos por item do tipo favorável, revelam opinião de concordância relativamente à utilização da aprendizagem online atingindo o valor mais significativo no caso do item 1 em ambos os grupos. Em relação aos itens desfavoráveis verifica-se terem, por sua vez, média de concordância muito baixa, o que nos poderá levar a concluir que a tendência será para uma atitude concordante para com a aprendizagem online.

Para facilitar a exposição optámos por representar graficamente em valores percentuais o apuramento dos dados das respostas aos questionários. Conforme representa a figura 1, adicionando as opções das respostas - Concordo Plenamente” e “Concordo” ou “Discordo” e “Discordo Plenamente” – permite-nos verificar, que a maior parte dos alunos emitiu uma opinião favorável à utilização da aprendizagem online, atingindo os 100% no caso do item 1 no grupo A e os 80,1% no grupo B, conforme se pode verificar no gráfico da figura 2. No que se refere ao Grupo B, as respostas encontram-se mais distribuídas por outras opções, mantendo-se contudo a dominância de respostas concordantes com um valor de 80,7%, como mostra o gráfico da figura 2.

TABELA III

MÉDIA DA PONTUAÇÃO POR ITEM E GRUPO

Média das Pontuações Itens das Questões Colocadas

T *

A B 1. Gostei da aprendizagem online efectuada

na disciplina de T.E. F 4,5 4,0

2. Foi mais difícil aprender em online do que na tradicional aula presencial. D 2,5 2,9

3. Poderia ter recebido uma melhor aprendizagem com aulas tradicionais. D 3,5 3,2

4. Acompanhei de forma eficaz as tarefas e trabalhos pedidos. F 3,8 3,2

5. Recomendo este tipo de formação a colegas de outras disciplinas e de outros cursos. F 4,2 3,7

6. A aprendizagem online devia ser adoptado noutras disciplinas. F 4,0 3,8

7. Prefiro o ambiente tradicional de aprendizagem comparativamente ao ambiente online.

D 2,8 2,8

8. Aprendo mais com as aulas tradicionais. D 2,8 2,7

9. Foi mais fácil estudar para a frequência depois de ter a orientação presencial do professor.

D 2,0 2,1

10. É mais fácil concluir a tempo as tarefas com um professor que me lembre as datas e as obrigações.

D 2,5 3,0

11. Recomendo a forma de aprender tradicional, preferencialmente à aprendizagem online.

D 3,2 3,0

* A coluna T da Tabela III representa o Tipo, isto é, o carácter favorável e desfavorável das questões formuladas

47,652,4

4,8 4,8 4,8 4,8

38,147,6

9,54,8

28,6

57,1

4,89,5

81,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

ConcordoPlenamente

Concordo Sem Opinião Discordo DiscordoPlenamente

Níveis de Concordância

% d

e re

spos

tas

favo

ráve

is

Item 1 Item 4 Item 5 Item 6

FIGURA 1 RESPOSTAS AOS ITENS FAVORÁVEIS NO GRUPO A

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93 As respostas de carácter desfavorável, em ambos os grupos, mostram, por sua vez, que existem opiniões de concordância favorável relativamente aos itens que apontam para uma modalidade em que a presença do professor continua a ser essencial como agente de apoio à aprendizagem, o que se torna evidente nos gráficos das figuras 3 e 4.

14,3

52,4

4,8

28,6

4,8

14,319,0

52,4

9,5

47,6

28,623,8

4,89,5

38,1

19,0

66,7

4,89,5

0,04,8

61,9

9,5

23,828,6

14,3

47,6

4,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

ConcordoPlenamente

Concordo Sem Opinião Discordo DiscordoPlenamente

Níveis de Concordância

% d

e re

spos

tas

favo

ráve

is

Item 2 Item 3 Item 7 Item 8 Item 9 Item 10 Item 11

Como já referimos anteriormente, o agrupamento dos itens da escala de atitudes permite-nos uma análise das atitudes por

26,9

53,8

11,57,7

19,2

53,8

7,7

15,4

3,8

23,1

50,0

15,4

3,87,7

34,6

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

ConcordoPlenamente

Concordo Sem Opinião Discordo DiscordoPlenamente

Níveis de Concordância

% d

e re

spos

tas

favo

ráve

is

Item 1 Item 4 Item 5 Item 6

FIGURA 2 RESPOSTAS AOS ITENS FAVORÁVEIS NO GRUPO B

categorias. Na categoria participação (itens 1, 2 e 4), na maior parte das respostas do Grupo A, verifica-se uma tendência claramente positiva em relação aos itens 1 e 4. No entanto, no item 2, a tendência para considerarem a aprendizagem online mais difícil é evidente visto que o somatório dos graus de concordância situa nos 66,7% contra os 40,1% de discordância.

No Grupo B a tendência é também positiva relativamente ao item 1 com 80,7% no somatório nas respostas respostas “Concordo Plenamente” e “Concordo”, no entanto, o item 4 foi discordante em 34,6% discordante com um valor significativo de 11,5% nas respostas sem opinião, o que também se verificou no item 1. Quanto ao item 2 também se verifica uma tendência para a concordância, embora menos pronunciada do que no Grupo A. Entre as possíveis causas explicativas deste resultado poderá ser a dificuldade condicionada pela utilização da plataforma que alguns alunos, ainda inseguros, não dominavam.

Na categoria adaptação (itens 3, 7, 8, 9 e 10) os dois grupos, discordam que poderiam ter adquirido melhor aprendizagem com aulas tradicionais. Na maior parte das respostas desta categoria os alunos de ambos os grupos têm uma atitude muito concordante com os métodos da aprendizagem tradicionais, considerando a presença física do professor como mais estimulante para o desempenho das tarefas.

Esta atitude poderá estar relacionada com os métodos de ensino presente no nosso sistema educativo desde o ensino básico. Na maior parte das escolas o trabalho autónomo do aluno não é estimulado, o que reverte numa grande dependência da presença física do professor. As aulas ainda são claramente expositivas e conduzidas pelos docentes.

FIGURA 3 RESPOSTAS AOS ITENS DESFAVORÁVEIS NO GRUPO A

26,9

53,8

11,57,7

15,4

38,534,6

11,5

3,8

30,8

19,2

11,5

26,9

15,4

38,5

7,77,7

30,826,9 26,9

53,8

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

ConcordoPlenamente

Concordo Sem Opinião Discordo DiscordoPlenamente

Níveis de Concordância

% d

e re

spos

tas

favo

ráve

is

Item 2 Item 3 Item 7 Item 8 Item 9 Item 10 Item 11

FIGURA 4 RESPOSTAS AOS ITENS DESFAVORÁVEIS NO GRUPO B

A análise da categoria extensão (itens 5, 6 e 11) mostra

percentagens muito significativas de concordância em ambos os grupos - 85,7% nos itens 5 e 6 no Grupo A e 73% e 73,1% respectivamente no Grupo B. Uma percentagem de 52,4% dos alunos do Grupo A mostrou-se desfavorável à aprendizagem tradicional, tendo uma atitude preferencial pela aprendizagem online. Contudo, no Grupo B, as opiniões favoráveis de 38,5% e desfavoráveis de 34,6%, são sensivelmente idênticas (figuras 3 e 4). Esta divergência com o Grupo A pode ser explicada pelo tipo de alunos que frequenta o curso pós-laboral, que de início foi o grupo que sentiu mais dificuldades, não só no que respeita ao domínio das tecnologias, mas também por ser o que mais dificuldade teve em se adaptar. O tempo disponível para o desempenho das tarefas e a falta de acessibilidade a computador ligado à Internet terão sido algumas das causas.

Quanto à preferência pela recomendação da aprendizagem tradicional (item 11), embora tendencialmente discordante, a distribuição das respostas situam-se em valores idênticos às opções concordantes.

Apesar da frequente presença virtual do professor no apoio à aprendizagem, existe uma dificuldade para os alunos, não só pelo que se referiu anteriormente, mas também, porque a comunicação se exerce por meios que não são o verbal oral e o

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94 gestual. Verifica-se pelas respostas dos alunos, que independentemente das atitudes favoráveis face a uma forma de aprendizagem inovadora, as NTIC ainda não contribuíram para novas formas de aprender e de ensinar e que o papel do professor continua a ser presencialmente importante. Torna-se também evidente que a necessidade de aulas com a presença do professor dificuldade da presença social em ambiente virtual que Garrison, citado por Stacey [6], considera como sendo o grau em que os participantes são capazes de se projectarem cognitiva e emocionalmente através de um meio como a Internet. Uma aprendizagem onde a presença de colegas e professores é virtual, torna a comunicação mais difícil. Esta está centrada em sinais não verbais e paralinguísticos, especialmente para alunos sem preparação psicológica para perceberem as pessoas como reais e tridimensionais, apesar de não comunicarem presencialmente.

CONCLUSÃO

Propusemo-nos neste trabalho, proceder a um estudo de atitudes, que pusemos em prática através da realização de um inquérito a duas turma de alunos cuja composição não apresentava aspectos contrastivos muito evidentes, se exceptuarmos o facto da diferença entres as idades médias e as turmas terem regimes de horário também diferentes. Para um melhor enquadramento dos itens da escala de atitudes recorremos a três categorias: participação, adaptação e extensão.

O apuramento da escala de atitudes permitiu-nos destacar, que de forma genérica, os alunos de ambos os grupos têm uma atitude de concordância no que se refere aos itens desfavoráveis, donde se pode concluir que está ainda muito vincada, nas representações dos alunos, a necessidade da presença do professor para que as aprendizagens se efectuem com eficácia. Quanto à dificuldade da aprendizagem online está bem evidenciada na opinião de concordância dos alunos, que, apesar disso, são muito favoráveis à aprendizagem online desde que co-existente com a modalidade presencial, donde

um sistema do tipo b-learning seja como princípio o mais adequado.

As causas explicativas para os resultados, como já referimos, relacionam-se não só com dificuldades de “fluência tecnológica” enquanto utilizadores das tecnologias, dificuldades de acesso às tecnologias, falta de tempo para estudar com este tipo de aprendizagem, mas também, pelos métodos adquiridos e enraizados durante os diversos patamares dos estudos, durante os quais não foram treinados para um estudo autónomo, donde será sempre mais fácil concluir as tarefas com um professor que lhes recorda as tarefas e as respectivas datas.

REFERÊNCIAS

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VII Simpósio Internacional de Informática Educativa – SIIE05 Leiria, Portugal, 16-18 Novembro de 2005