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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS Reitor
André Luiz de Matos Gonçalves
Vice-Reitoria
Maria Lourdes F. G. Aires
Pró-Reitoria de Graduação
Geraldo da Silva Gomes
Diretoria de EaD e Novas Tecnologias
Denise Sodré Dorjó
Diretoria de Administração Acadêmica
Fabíola Peixoto de Araújo
Coordenadoria de Planejamento Pedagógico e Midiático
Martha Holanda da Silva
Coordenador do Curso
André Pugliese da Silva
UNITINS - MATERIAL DIDÁTICO Organização de Conteúdos Acadêmicos
Mariana Carla de Almeida
Revisão Linguístico-Textual Silvéria Aparecida Basniak Schier
Gerente de Divisão de Material Impresso
Katia Gomes da Silva
Revisão Digital Leyciane Lima Oliveira
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Projeto Gráfico Katia Gomes da Silva
Rogério Adriano Ferreira da Silva
Capa
Rogério Adriano Ferreira da Silva
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, seja bem-vindo!
Você está recebendo o material de estudo da disciplina Tópicos
Especiais. O conteúdo abordado contribuirá para o desenvolvimento de
habilidades e competências necessárias para a sua formação de administrador.
O cenário atual das novas organizações exige capacidade de análise e
interpretação do ambiente como meio de identificar novas oportunidades de
negócios a fim de gerar ganhos de desempenho e benefícios produtivos para
toda a organização.
Para ajudá-lo a analisar e a interpretar esse novo cenário, elaboramos
este material, composto por sete capítulos. No primeiro, abordaremos algumas
das perspectivas mais recentes e futuras da administração, os parâmetros, as
características e as competências que estão moldando a prática administrativa.
No segundo capítulo, apresentaremos aspectos relacionados às variáveis
tecnológicas e de inovação num ambiente organizacional e compreenderemos
como administrar a tecnologia para obter vantagem competitiva.
Já no terceiro, veremos os aspectos que englobam os negócios no
ciberespaço, a fim de atingir melhores resultados organizacionais. Em seguida,
no quarto capítulo, conversaremos sobre um assunto bastante importante e
atual: a logística verde. No quinto, destacaremos a importância do uso de redes
sociais na era da mobilidade. No sexto capítulo, abordaremos as estratégias e
os recursos para se manter uma boa rede de contatos: o networking. E, no
sétimo, destacaremos os fatores relacionados ao comércio exterior.
Portanto você terá a oportunidade de conhecer assuntos atuais que
provocarão reflexões a respeito dos novos rumos da administração.
Bons estudos!
Prof.ª Mariana Almeida
Plano de ensino
Curso: Administração
Período: 8º
Disciplina: Tópicos Especiais
Ementa
Tópicos em Administração.
Objetivo
Apresentar temas e tendências atuais da área da administração.
Conteúdo programático
Perspectivas atuais e futuras da administração
Tecnologia e inovação
Comércio eletrônico
Logística verde e sustentabilidade
A importância das redes sociais
Rede de contatos
Comércio exterior
Bibliografia básica
CHIAVENATO, I.; CERQUEIRA NETO, E. P. Administração estratégica. São
Paulo: Saraiva, 2003.
DAVENPORT, T.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as
organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus,
1998.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
Bibliografia complementar
KEELING, R. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva,
2007.
OLIVEIRA, E. M. de. Empreendedorismo social. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2008.
WELCH, J. Paixão por vencer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
SUMÁRIO
Capítulo 1 – Tendências organizacionais do mundo moderno
Capítulo 2 – Administrando a tecnologia e a inovação
Capítulo 3 – Gestão do comércio eletrônico
Capítulo 4 – Logística verde
Capítulo 5 – Redes sociais
Capítulo 6 – Networking
Capítulo 7 – Comércio exterior
Capítulo 1 – Tendências organizacionais do mundo moderno
Introdução
A partir do que você estudou até agora, podemos definir três correntes
marcantes na história da administração. A primeira foi um período mais linear e
lógico (administração científica, teoria clássica...), que é o chamado período
cartesiano, e, por fim, o período sistêmico (teoria dos sistemas até a
contingencial). Essa bagagem intelectual formada até o momento, adquirida
principalmente por meio da disciplina Teoria Geral da Administração do
primeiro período, será imprescindível para você compreender as perspectivas
futuras, como a Teoria do Caos e da Complexidade.
Além do arcabouço visto no início do curso, o estudo deste capítulo
demandará conceitos desenvolvidos sobre liderança na disciplina Gestão de
Pessoas do terceiro período e conceitos vistos em Tópicos Especiais do sétimo
período, como organização glocal e core business. A partir desse
conhecimento, agregaremos tendências para superar os novos desafios do
gerenciamento organizacional.
O mundo está em constante mudança, e como condição de
sobrevivência, as organizações precisam se ajustar e se adaptar às mudanças.
Neste capítulo, conheceremos as perspectivas atuais e futuras da
administração, a Teoria do Caos, a Teoria da Complexidade, e veremos as
tendências organizacionais do mundo moderno. Esperamos que, ao final desse
estudo, você seja capaz de conhecer algumas perspectivas mais recentes e
futuras da administração e os parâmetros, as características e as competências
que estão moldando a prática da administração.
1.1 Perspectivas atuais
No período atual da administração, temos as mudanças organizacionais
em termos de quantum (física quântica). Uma mudança quântica ocorre
quando vários elementos se alteram ao mesmo tempo, de forma mais
complexa, imprevisível, mas auto-organizante. Acreditava, até então, que a
mudança era gradativa, como se cada elemento sofresse uma mudança por
vez, é como se pudéssemos alterar primeiro a estratégia, depois a estrutura e
depois os processos. A visão do mundo se altera, para uma posição mais
relativista, ou seja, a realidade depende de como escolhemos vê-la, defende-se
que o mundo é subjetivo e não objetivo. Afinal, mesmo que eu e você
presenciemos uma mesma situação, teremos visões e percepções diferentes
sobre ela. E qual é a real? As duas, mas cada uma foi formada por um conjunto
de lentes (princípios, valores, crenças, experiência etc.). De que forma isso
afeta a administração? Muda-se a forma de ver o mundo, as organizações e
suas variáveis. Conheceremos, a seguir, a Teoria do Caos que influencia isso
tudo.
1.1.1 Mudanças, caos e auto-organização
Na natureza, no comportamento humano e nas atividades cotidianas,
encontramos características de desordem e irregularidade, não apenas ordem
e equilíbrio. Não há previsibilidade nos fenômenos caóticos, como, por
exemplo, no trânsito. Há dias em que o congestionamento é maior, causado
por um acidente, por uma greve do metrô ou por diversas variáveis. Outro
exemplo tradicional é o “efeito borboleta”, que diz essencialmente: “uma
borboleta bate asas na China e causa um furacão na América”. Por mais
estranho que pareça é a realidade. A bolsa de valores e as mudanças
climáticas também são consideradas como sistemas caóticos.
Borman citado por Wood Jr. (2004) define sistemas caóticos como
aqueles que apresentam irregularidades e extrema sensibilidade às condições
iniciais. É inviável prever o que acontecerá sem conhecer as condições iniciais.
E conhecer as condições iniciais é geralmente impossível.
Saiba mais
Edward Lorenz (matemático americano), na década de 1960,
desenvolveu modelos que simulavam no computador padrões de tempo e
analisavam as condições climáticas iniciais para realizar as previsões. Ele
partiu do pressuposto de que pequenas alterações nas condições iniciais
provocariam igualmente pequenas variações na evolução do quadro geral. Mas
não foi isso que ficou constatado, ao contrário, mesmo mudanças
infinitesimamente pequenas nas condições iniciais poderiam provocar
alterações drásticas nas condições futuras. É o chamado efeito borboleta. Para
entender melhor o que é o efeito-borboleta, assista ao filme Efeito-borboleta
(Butterfly effect) dirigido por Eric Bress e J. Mackye Gruber, o qual foi inspirado
na Teoria do Caos. Esse filme conta a história de um rapaz que teve problemas
de memória na infância e adquiriu a capacidade de viajar pelo tempo por meio
das lacunas de suas lembranças. Ele utiliza esse poder para alterar sua história
a fim de ficar com a garota de seus sonhos, todavia, cada vez que ele utiliza o
poder e muda sua história, algo de muito ruim acontece com pessoas queridas
que fazem parte de sua vida.
Reflita
Que tal fazermos uma analogia do efeito borboleta com a nossa ciência
social aplicada, a administração? Você perceberá que quando tomamos uma
decisão na empresa e a colocamos em ação, por mais insignificante que
possamos considerá-la, ela poderá gerar transformações inesperadas. Essa
reação só ocorre em sistemas dinâmicos e abertos, que englobam os sistemas
naturais em sua maioria.
No cenário empresarial, não é diferente, as organizações estão expostas
a influências internas e externas constantemente, e esses acontecimentos
geralmente são incontroláveis e dificilmente previstos, fazendo com que as
empresas atuem em condições de riscos e incertezas.
A partir dessa constatação, verifica-se, na história das teorias das
organizações, que os modelos eram desenvolvidos apenas baseados em
premissas que já tivessem sido validadas pela ciência natural. Mas, ao longo
dos tempos, a ciência, orientada para a descoberta de certezas, passou a
aceitar que o conhecimento não se reduz à ordem e atualizou sua visão
clássica de uma realidade estável para uma realidade sujeita a distúrbios.
Assim surgem as Teorias da Complexidade e a Teoria do Caos, que
demonstram que o mundo é composto tanto pelo equilíbrio quanto pela
desordem. Cabe, assim, aprendermos a lidar com esse universo repleto de
incertezas.
Vejamos qual é o conceito de caos. Have et al. (2003, p. 37) asseveram
que
O caos é um estágio essencial em qualquer processo de mudança fundamental que resulte em auto-organização. Por isso, tentar impedir o caos é prejudicial ao processo de auto-organização, isto é, à capacidade de criar padrões de comportamentos não previsíveis e de se adaptar às mudanças.
Para Nonaka citado por Wood Jr. (2004, p. 45), “só um sistema caótico
pode adequar-se a um meio caótico [...]. Para uma organização se renovar, ela
deve se considerar em não equilíbrio o tempo todo”. Uma nova estrutura não
consegue surgir sem destruir primeiro a antiga e, para isso, gera caos,
desordem, confusão. Dessa forma, as organizações, em condições normais,
conseguem manter uma administração estável, mas, quando surge um período
dinâmico, inovações e mudanças são integradas à realidade delas. Nesse
contexto, algumas pessoas não conseguem acompanhar o processo de
mudança, ou, simplesmente, não concordam com ele, por isso é necessário
refletir sobre qual posição assumir: a de tomar ou não a decisão de não mais
tentar controlar o processo e permitir que a organização tente encontrar sua
própria solução, ou seja, aceitar o caos.
Quando a empresa passa por um período caótico, segundo Wood Jr.
(2004), existem três possibilidades:
a empresa não consegue encontrar uma solução e retorna a seus
modos antigos e/ou se desintegra;
a empresa volta para sua antiga ordem à medida que a necessidade de
mudança declina e as flutuações preferenciais diminuem;
uma nova “empresa” nasce e é sustentada por uma coalizão
suficientemente grande, criando uma nova “sinergia”.
Reflita
Você concorda que uma empresa que enfrenta um período caótico,
como, por exemplo, a entrada de um grande concorrente no mercado, precisa
mudar para sobreviver? Isto é, que não tem como fugir do caos e das
mudanças?
Vimos que as empresas, para sobreviverem no caos, precisam mudar,
auto-organizar-se. Vejamos quais são as habilidades necessárias para os
líderes gerirem o caos.
1.1.2 Habilidades dos líderes no caos
O entendimento do modelo do caos auxilia os gestores a desistirem de
controlar totalmente a mudança, deixando espaço para a auto-organização, ou
seja, para que a desordem gere a ordem.
Saiba mais
Deixar espaço para a auto-organização? Mas, afinal, o que é uma
empresa auto-organizante? Esse termo refere-se a uma empresa que admite
estar inserida em um ambiente repleto de conflitos, desordem e que procura
tirar proveito desse ambiente, utilizando-o como fonte de inovação, criatividade
e aprendizado. Para mais informações sobre esse assunto, acesse o texto
Caos e complexidade nas organizações, de Ruben Bauer, disponível no sítio
<http://www.futuroeducacao.org.br/pdf/CaoseComplexidadenasOrganizaes.
pdf>. Nele você encontrará a descrição do que é uma empresa auto-
organizante e ampliará sua visão a respeito de que, no contexto atual que
enfrentamos, repleto de turbulências. As empresas devem ser capazes não
apenas de “dialogar” com esse ambiente, mas de tirar proveito dele para
alcançar a evolução.
Os líderes precisam verificar que, em um estado de equilíbrio, o sistema
não se transforma e mantém as suas características organizacionais, já em um
estado de desequilíbrio, o sistema se transforma e modifica suas
características organizacionais. De acordo com Wood Jr. (2004), a aplicação
da Teoria do Caos na análise organizacional pode ser encontrada nas
mudanças de atitudes dos líderes: abandonar o desejo de controlar; abrir
caminho para a auto-organização; não tentar fazer uso explícito da teoria
diante de obstrução antecipada de conceitos abstratos (“perguntas
desagradáveis”), ou seja, evitar fazer intervenções antecipadas e permitir a
auto-organização do sistema.
Mas como gerir o caos? Explicar como usar a Teoria do Caos implicaria
haver a necessidade de gerir o processo de mudança. É importante entender
quando deixar a organização continuar sozinha e quando interferir no processo.
O gestor deve ser capaz de reconhecer as fases genéricas para “temporizar” a
intervenção: controle, caos e “travado” (WOOD JR., 2004). O importante é
aguardar a ocasião mais favorável para interceder nas mudanças, a fim de
obter resultados satisfatórios a partir das inovações.
Wood Jr. (2004) sugere quatro passos para o uso da Teoria do Caos na
mudança organizacional:
investigue (diagnostique) a natureza da dinâmica da mudança na
organização;
torne os problemas explícitos (mas não implique soluções!);
formule um ímpeto de mudança: deixe o caos acontecer;
ofereça orientação limitada (mais apoio, menos administração, muito
pouco controle) na realização da solução inovadora: permita a auto-
organização.
A Teoria do Caos nos demonstra que tentar “comandar” uma empresa
em circunstâncias instáveis não adianta muito, pois o que prevalece é a auto-
organização, quanto maior a capacidade para enfrentar o caos, maior é o
progresso percebido no tempo. Dessa forma, é necessário que o gestor
considere as contínuas oscilações a que o mundo dos negócios está sujeito e
saiba lidar com as mudanças e o caos.
Vimos que a Teoria do Caos prega que a ocorrência aleatória de
determinada ação e interação de alguns elementos afeta os resultados finais.
Portanto o que marca nosso ambiente é a instabilidade, a desordem e o acaso
(essa é a regra), em que tudo é fluxo, transformação e mudança e não
fenômenos deterministas e lineares.
No próximo tópico, conheceremos a Teoria da Complexidade.
1.1.3 Teoria da Complexidade
Ilya Prigogine, químico russo, ganhador do Prêmio Nobel (1977),
desenvolveu sua pesquisa baseada na aplicação de segunda lei da
termodinâmica a sistemas complexos (inclusive organismos vivos). Observou
que alguns sistemas, quando submetidos ao caos (desequilíbrio),
desencadeavam uma reação de auto-organização, originando sistemas mais
complexos, mas mais adaptativos.
Segundo Chiavenato (2004, p. 444), os sistemas adaptativos e auto-
organizantes “são sistemas complexos que se adaptam em redes (networks)
de agentes individuais que interagem para criar um comportamento
autogerenciado, mas extremamente organizado e cooperativo”. Esses agentes
ajustam seus comportamentos à medida que recebem o feedback do ambiente,
aprendem com isso e incorporam o aprendizado à sua estrutura.
Ecossistemas de uma floresta, formigueiros, cérebro humano, até a
própria internet são exemplos desses sistemas. As organizações não são
exemplos, visto que são sistemas complexos, adaptativos, auto-organizantes
até alcançar o status de aparente estabilidade.
Siffert (s/d, s/p), em seu artigo Teoria do Caos e da Complexidade,
trouxe o seguinte exemplo de empresa que retrata bem um sistema complexo:
Imagine uma grande e bem-sucedida organização global que cresce a uma taxa entre 20% e 50% ao ano nos últimos 25 anos congrega 23000 organizações em 200 países e cujos produtos são líderes de mercado, usados por 465 milhões de pessoas, gerando mais de 7 bilhões de transações anualmente, no valor de 800 bilhões de dólares. Essa instituição representa a auto-organização em sua forma quase pura: praticamente inexistem controles centralizados. Ela tomou forma sob a liderança de Dee Hock, um dos primeiros proponentes da aplicação da teoria da complexidade às empresas, no fim da década de 70. Trata-se da maior rede de cartões de crédito do mundo, a Visa.
Conseguiu visualizar e reconhecer o sistema complexo? Vejamos o que
é a quinta onda, o que ela tem a ver com a Teoria do Caos e da Complexidade.
1.1.4 Quinta onda
Na era da informação, as mudanças passam a ser gradativamente mais
rápidas, intensas, descontínuas, complexas e diferentes do passado.
Schumpeter citado por Chiavenato (2004, p. 445) afirma que “a economia
saudável é aquela que rompe o equilíbrio por meio da inovação tecnológica”.
Inovar pela destruição criativa não é melhorar o que já existe, mas configurar
uma atitude produtiva.
Na visão de Schumpeter, o mundo conheceu e conhece cinco grandes
ondas, que formaram ciclos econômicos. Acompanhe, na ilustração a seguir,
as cinco ondas.
Figura - As cinco ondas de Schumpeter Fonte: adaptado de Schumpeter citado por Chiavenato (2004, p. 445)
Você percebeu o quanto, no decorrer dos tempos, as ondas ficam cada
vez mais curtas, renovando rapidamente a economia para um novo ciclo
começar. A primeira onda durou 70 anos, já a quinta teve duração de 30 anos,
metade do tempo. Vamos nos ater à quinta onda, que descreve o atual
momento. Os elementos centrais da quinta onda são:
internet (world wide web): conecta pessoas, equipes e organizações;
globalização dos negócios: crescente número de atividades se dá por
meio das fronteiras e da tecnologia da informação, permitindo
comunicação instantânea em todo o mundo. As características
preponderantes da globalização são: mobilidade de capital,
simultaneidade (pode ocorrer em muitos lugares ao mesmo tempo),
multiplicidade de alternativas e pluralismo. Essas características
apresentam similaridade com a Teoria do Caos e da Complexidade.
Kanter citada por Chiavenato (2004) assevera que, em mercados globais
e competitivos, as organizações, para serem bem sucedidas, enfatizam, em
sua gestão, a inovação, o aprendizado e a colaboração por meio das seguintes
ações:
adoção de ações comandadas pela lógica do cliente e do conceito de
que o negócio se transforma e se altera quando a tecnologia e os
mercados mudam;
adoção de metas elevadas, definição de padrões mundiais nos nichos
almejados e redefinição de categorias;
valorização das pessoas com múltiplas habilidades, propiciando a elas
as melhores ferramentas para desenvolverem suas atividades;
valorização do empreendedorismo e prática do empowerment (dando
maior autonomia às pessoas);
implantação da cultura de aprendizado constante combinando o melhor
de sua especialização para o desenvolvimento de aplicações
customizadas para os clientes.
Eis a quinta onda! E qual seria a sexta? Há quem defenda a
permanência da onda no eixo das novas tecnologias, como: nanotecnologia,
biotecnologia e inteligência artificial; há outros que dizem que a nova onda
focalizará a economia voltada para produtos verdes, para a ecogestão.
Depois de conhecermos o ambiente no qual estamos inseridos, repleto
de caos, complexidade e inovações, vejamos, a seguir, alguns parâmetros,
características e competências que estão moldando a prática da administração.
1.2 Perspectivas futuras
Neste tópico, veremos quais são as perspectivas futuras para
administração.
1.2.1 Nova lógica organizacional
A gestão empresarial recebe influências econômicas, culturais,
políticas de diversas áreas que fazem com que as transformações nos
aspectos gerenciais aconteçam. Por isso é importante estarmos atentos às
novas tendências. Chiavenato (2003) descreve as tendências
organizacionais do mundo moderno. Analisemos cada uma delas com
atenção.
Cadeias de comando mais curtas: as organizações tendem a ser mais
enxutas e flexíveis, em busca de redução de hierarquias para
proporcionar uma estrutura mais horizontal. Dessa forma, atingirão
maior vantagem competitiva.
Menos unidade de comando: o princípio de se dirigir a apenas um
chefe está sendo substituída para um relacionamento horizontal (em
direção ao cliente interno ou externo). A tendência atual é de se
utilizarem equipes funcionais cruzadas, forças-tarefas e estruturas
horizontais para aproximar o funcionário do cliente.
Amplitudes de controle mais amplas: as organizações estão partindo
para amplitudes administrativas mais amplas, que reduzem a supervisão
direta e facilitam a delegação de responsabilidade de maior autonomia
às pessoas.
Mais participação e empowerment: os gestores estão transferindo
responsabilidades e tomada de decisões aos colaboradores. Com o
empowerment, delega-se mais autonomia às pessoas, proporcionando
um trabalho mais livre e com mínima supervisão direta.
Staff como consultor e não como executor: o staff, que prestava
serviços técnicos ou assessoria e solucionava problemas específicos
nas organizações, tende a ser apenas um consultor interno, pois quem
deve executar é a linha.
Ênfase nas equipes de trabalho: departamentos e divisões passam a
ser equipes de trabalho permanentes ou transitórias, obtendo, assim,
maior flexibilidade, agilidade e adaptação às mudanças.
A organização como um sistema de unidades de negócios
interdependentes: a estrutura organizacional tende a se configurar em
unidades autônomas e autossuficientes de negócios, cada uma como
um centro de lucro específico, com metas e resultados para atingir.
Porém é necessário que se tenha um bom sistema de informação para a
integração do todo organizacional.
Infoestrutura: as organizações não precisam mais ficar concentradas
em um único local, podem ter uma arquitetura interligada por meio da
tecnologia da informação. Essa infoestrutura permite que a informação
no formato eletrônico esteja disponível instantaneamente para todos.
Assim as pessoas podem trabalhar em casa ou em qualquer lugar.
Saiba mais
A infoestrutura resulta em equipes virtuais, ou seja, pessoas
trabalhando a distância. Mas será que isso é eficaz? Uma pesquisa realizada
com 80 equipes de desenvolvimento de software distribuídas geograficamente
mostra que elas podem ter melhor desempenho que grupos reunidos sob um
mesmo teto, desde que gerenciadas adequadamente. Para saber mais sobre
esse assunto, veja o que os especialistas alemães Frank Siebdrat, Martin
Hoegl e Holger Ernst destacam no texto Equipes virtuais? Não, reais e
eficazes, disponível no sítio
<http://br.hsmglobal.com/adjuntos/14/documentos/000/082/0000082082.pdf>.
Abrandamento dos controles externos às pessoas: os antigos
controles externos, como regras, regulamentos, horários de trabalho,
estão cedendo lugar para conceitos como missão e visão da
organização, valores organizacionais, o que permite uma orientação ao
comportamento das pessoas e não mais uma fiscalização.
Foco no negócio básico e essencial: as empresas devem estar
focadas no seu core business e não em acessórios supérfluos, que
devem ser transferidos por meio de terceirização ou até mesmo
enxugados. A empresa precisa ter foco no seu negócio e no objetivo
para o qual foi criada.
Consolidação da economia do conhecimento: as pessoas deixam de
ser mão de obra e passam a ser fornecedoras de conhecimento. A maior
força de trabalho deve ser mental e cerebral para que a criatividade e a
inovação dos colaboradores possam proporcionar soluções que sejam
novas para as organizações e que agreguem valor aos clientes.
No próximo tópico, conheceremos um pouco mais sobre a gestão do
conhecimento.
1.2.2 Gestão do conhecimento
O capital intelectual baseado no conhecimento passou a ter mais
importância que o capital financeiro, pois sem o conhecimento não é possível
aplicar os recursos financeiros de maneira adequada.
De acordo com Chiavenato (2003), o conhecimento conduz a novas
formas de trabalho e de comunicação, a novas estruturas e tecnologias e a
novas formas de interação humana.
Para atingir o sucesso, as organizações precisam motivar os
colaboradores a aprenderem e aplicarem o conhecimento para solução de
problemas e, principalmente, inovarem. Para alcançar a excelência, é
fundamental ter uma gestão desse conhecimento, ou seja, “um processo
integrado destinado a criar, organizar, disseminar e intensificar o conhecimento
para melhorar o desempenho global da organização” (CHIAVENATO, 2003, p.
593).
O conhecimento é um ativo intangível, não ocupa espaço físico. Sveiby
citado por Chiavenato (2003) mostra que o capital intelectual é constituído por
três aspectos, expostos a seguir.
Nossos clientes: esse aspecto é baseado no valor proporcionado pelo
crescimento, pela força e pela lealdade dos clientes. Refere-se à
estrutura externa, isto é, ao relacionamento com os clientes e seu
impacto nos retornos e na imagem e como essa estrutura pode ser
expandida para incluir novas relações externas.
Nossa organização: esse aspecto é baseado no valor derivado de
nossos sistemas, processos, criação de novos produtos e estilo
administrativo. Refere-se à estrutura interna que inclui sistemas e
processos, ferramentas de negócios, marcas registradas e cultura
organizacional.
Nossas pessoas: esse aspecto é baseado no valor da organização
proporcionado pelo crescimento e pelo desenvolvimento das
competências das pessoas e como essas competências são aplicadas
às necessidades dos clientes. Refere-se às competências e às
habilidades dos funcionários para agirem eficazmente em uma ampla
variedade de situações. Nesse contexto, muitas organizações investem
em educação corporativa e universidades corporativas e virtuais, a fim
de melhorar a gestão do conhecimento.
Conhecemos as tendências organizacionais do mundo moderno.
Também é fundamental saber quais são as novas características e
competências exigidas para lidar com esse novo ambiente.
1.2.3 Novas características e competências
Segundo Kanter citada por Chiavenato (2004), as novas organizações
devem reunir cinco características. Elas devem ser: velozes, focadas, flexíveis,
amigáveis e divertidas. Essas características evidenciam que, para se manter
no atual ambiente de negócios, a organização deverá ser reconstruída a cada
dia, criar novos negócios, ser interessante e divertida para trabalhar; afinal
pessoas felizes são mais criativas, empreendedoras e comprometidas. As
pessoas, nessa nova perspectiva, devem ter as seguintes competências:
aprender a aprender, comunicar, colaborar, raciocinar criticamente, solucionar
problemas, saber lidar com tecnologias e negócios globais, exercer liderança e
autogerenciar sua carreira.
Portanto, neste capítulo, abordamos as atuais perspectivas que
envolvem a administração: Teoria do Caos (pequenas alterações iniciais
alteram o desempenho global); Teoria da Complexidade (sistemas se auto-
organizam quando sujeitos ao caos, embora complexos, são mais adaptativos).
Vimos que a quinta onda traz as características da globalização dos negócios e
tecnologias de informação. Na sequência, destacamos as perspectivas futuras,
envolvendo novos parâmetros para a administração, novas características
organizacionais e novas competências das pessoas.
Em suma, vivemos em um ambiente complexo, em que pequenas ações
podem gerar grandes feitos e mudar todo o panorama atual. As organizações,
como um sistema natural, reagem aos mesmos parâmetros, o que demanda
posturas mais flexíveis, criativas, visões globais, empreendedorismo, porque
certamente as ferramentas e os instrumentais tecnológicos baterão à nossa
porta e romperão qualquer barreira que por ventura surja. Enfim, o mundo está
repleto de mudanças e as organizações precisam acompanhar essas
tendências para não fracassarem nos negócios.
Vimos que estamos inseridos na quinta onda, e a tecnologia é vital para
a garantia da competitividade das organizações. Entender a importância da
tecnologia para a melhoria dos processos, dos serviços e dos produtos da
organização é papel do gestor moderno. No próximo capítulo, trataremos desse
tema.
Referências
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. ______. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. HAVE, S. et al. Modelos de gestão: o que são e quando devem ser usados. São Paulo: Prentice Hall, 2003. SIFFERT, C. Teoria do Caos e da Complexidade. Disponível em: <http://www.teoriadacomplexidade.com.br/textos/teoriadacomplexidade/TeoriaDoCaos-e-Complexidade.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2010. WOOD JR., T. (Coord.). Mudança organizacional. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
Capítulo 2 – Administrando a tecnologia e a inovação
Introdução
No primeiro capítulo, você estudou as tendências organizacionais do
mundo moderno e viu que os gestores precisam acompanhar as mudanças
para sobreviver no mercado. O entendimento do capítulo anterior, do conceito
de benchmarking, visto na disciplina Tópicos Especiais do sétimo período, e de
criatividade nas organizações, abordada na disciplina Criatividade e Inovação
do sexto período, ajudará você a compreender a importância da administração
da tecnologia e da inovação.
Falar que vivemos em um mundo globalizado, volátil, sem fronteiras, em
uma imensa aldeia global, certamente, não é nenhuma novidade. A tecnologia
e a inovação foram fatores decisivos para esse quadro atual. Imagine, então, a
importância e a complexidade de saber administrar essas variáveis.
Não faz muito tempo, um novo produto, para entrar no mercado, levava
anos, até décadas. Desde sua concepção, desenvolvimento, produção,
campanha promocional e venda. Sua permanência no mercado também era
grande. Por isso máquinas, equipamentos, processos produtivos também
tinham vida longa. Esse quadro agora faz parte do passado, nem tão
longínquo, mas passado. A corrida hoje, no desenvolvimento de produto, é
para lançar primeiro, lançar com inovação, mesmo para uma permanência
mercadológica mais curta. Quer um exemplo? Quantas vezes você já trocou o
celular ou o computador, sem nem mesmo ter usado todos os recursos do
anterior? Administrar a tecnologia, atualmente, exige uma maior compreensão
de como as tecnologias surgem, desenvolvem e afetam as organizações.
Neste capítulo, abordaremos os conceitos de tecnologia e inovação, as
fases para o desenvolvimento de novas tecnologias. Conheceremos também o
ciclo de vida tecnológico e veremos como ocorre a disseminação de novas
tecnologias. Veremos a importância da administração da tecnologia em
ambiente competitivo da avaliação das necessidades tecnológicas dentro das
organizações. E, por fim, destacaremos como inserir as inovações nas
organizações.
Esperamos que, ao final do estudo, você seja capaz de compreender os
aspectos que envolvem as variáveis tecnológicas e de inovação num ambiente
organizacional e como administrar a tecnologia para obter vantagem
competitiva.
2.1 Tecnologia e inovação
Popularmente falando, tecnologia é uma forma melhorada de fazer
alguma coisa. Bahrami citado por Bateman e Scott (1998, p. 476) assevera que
“tecnologia é a aplicação sistemática do conhecimento científico a um novo
produto, processo e serviço”. De acordo Bateman e Scott (1998, p. 476),
“inovação é uma mudança na tecnologia, um abandono das maneiras
anteriores de se fazermos as coisas”, ou seja, se melhorarmos um
produto/serviço ou processo, inovamos. Portanto podemos inovar processos ou
produtos. O primeiro refere-se às mudanças nos métodos de produção, e o
segundo, à mudança direta no produto/serviço.
Entender as forças e o sentido que movimentam o desenvolvimento
tecnológico auxilia os gestores na administração da tecnologia, potencializa e
otimiza o seu uso, para atingir melhores resultados. Observe, na figura 1, as
fases que envolvem o desenvolvimento de uma nova tecnologia.
Figura 1 - Desenvolvimento de novas tecnologias Fonte: adaptado de Bateman e Scott (1998)
Como podemos verificar na figura 1, para o gestor se antecipar,
monitorar e administrar tecnologias de forma mais eficaz, é necessário:
haver necessidade da tecnologia;
ter disponível na ciência o conhecimento básico;
ter a capacidade de converter o conhecimento teórico em prática;
verificar a viabilidade técnica e econômica;
ter equipe, tempo, espaço e condições financeiras para desenvolver a
tecnologia;
ter o espírito empreendedor para lançar a nova tecnologia no mercado.
Partiremos para a compreensão do ciclo de vida tecnológico, outro
aspecto imprescindível para a bagagem intelectual de um gestor moderno.
2.2 Ciclo de vida tecnológico
Não é porque as inovações tecnológicas se aceleraram que não
podemos estabelecer-lhe um padrão previsível de vida. Afinal, as etapas de
ciclo de vida permanecem as mesmas, o tempo entre elas é que as minimizou.
Acompanhe o ciclo de vida tecnológico na ilustração a seguir.
Figura 2 - Ciclo de vida tecnológico Fonte: adaptado de Bateman e Scott (1998)
Como você pode observar, a fase de inovação marca a entrada do
produto/serviço no mercado, que começa a ser difundido até ser incorporado
normalmente ao uso das pessoas e atinge seu pico com a utilização máxima. O
tempo de permanência dessa tecnologia, nesse estágio, depende do seu grau
de funcionalidade, acessibilidade e atratividade e da não existência de
tecnologias substitutas que apresentem desempenho superior ou vantagem
econômica. E, se for o caso, a tecnologia entra no estágio de descarte.
Passemos ao estudo de como se dá a disseminação de uma nova
tecnologia.
2.3 Disseminação de uma nova tecnologia
A disseminação tecnológica diz respeito à sua amplitude de utilização no
decorrer do tempo. Alguns estudiosos diagnosticaram que existe um padrão
(distribuição normal) que descreve a adoção mercadológica de novas
tecnologias, que independe do setor e do ambiente. Segundo Rogers citado
por Bateman e Scott (1998), esse padrão classifica os usuários da tecnologia
em cinco categorias:
inovadores (2,5%): referem-se às pessoas que desejam ser os
primeiros a adquirir a nova tecnologia, mesmo que não necessitem dela
(você lembra-se da fila nos EUA pelo i-phone?);
usuários iniciais (13,5%): também são conhecidos como definidores de
tendências, é um grupo que se beneficia do uso da nova tecnologia,
influencia e mostra seus benefícios ao restante da população;
maioria inicial (34%): não liga para lançamentos do fabricante, adere
quando existem muitos amigos que comentam e usam a tecnologia e
percebe conveniência, confiabilidade e valor em usá-la. São necessárias
razões e provas para aderir a uma novidade;
maioria tardia (34%): é um pouco mais cética, geralmente só adota a
tecnologia por necessidade econômica ou crescente pressão social,
geralmente quando os preços caem e a tecnologia está estabilizada;
retardatários ou resistentes (16%): são muito conservadores e
desconfiados em relação às novas tecnologias, só as adotam quando a
antiga está velha, obsoleta ou impraticável. É aquela pessoa que
compra câmera fotográfica analógica quando todo mundo está
comprando digital, ou aquela pessoa que não usa celular de forma
alguma.
Reflita
Pense em um produto que você tenha adquirido recentemente, pode ser
um celular, uma câmera digital, qualquer coisa. Como você se classificaria
dentro dessas cinco categorias?
Observe essas categorias no gráfico a seguir.
Figura 3 - Disseminação tecnológica Fonte: adaptado de Bateman e Scott (1998)
Você percebeu como o gráfico da figura 3 completa o ciclo de vida
tecnológico. Verificou que o auge da utilização máxima de um produto/serviço
acontece devido aos consumidores considerados a maioria inicial e a maioria
tardia.
Estudamos os conceitos de tecnologia e inovação, o ciclo de vida
tecnológico e conhecemos as cinco categorias de usuários. Veremos, a seguir,
que esses conceitos são fundamentais para se administrarem tecnologias no
ambiente tão competitivo e dinâmico em que vivemos.
2.4 Administração da tecnologia em ambiente competitivo
A tecnologia é um diferencial que pode ditar as regras no mundo dos
negócios. Mesmo que a empresa se encontre em uma posição de liderança, se
ela for ineficaz quanto à adoção de novas tecnologias, pode perder sua posição
dominante.
Nas decisões tecnológicas, frequentemente, a questão não é “se”
adotar, mas “quando” adotar a nova tecnologia e “como” integrá-la às práticas e
às estratégias organizacionais. O tempo de adoção da tecnologia é muito
importante, tendo em vista que a antecipação no seu desenvolvimento e sua
aplicação podem representar liderança, como também impor altos custos e
riscos, inviabilizando o negócio.
Reflita
A empresa pioneira em determinada inovação tem garantia de liderança
e sucesso?
Saiba mais
Nem sempre os considerados nativos digitais saem na frente. É óbvio
que é uma vantagem, porém não é uma garantia. O segredo está em fazer a
tecnologia trabalhar a seu favor, utilizando habilidades-chave que fazem ou
podem fazer parte de um repertório próprio de cada executivo. Para saber mais
sobre esse assunto, leia o texto O executivo e a tecnologia, de Sérgio F.
Averbach, disponível no sítio da revista HSM,
<http://br.hsmglobal.com/notas/56424-o-executivo-e-tecnologia>.
Vejamos, no quadro a seguir, quais são as vantagens e as
desvantagens para as organizações de fato serem inovadoras e líderes em
tecnologia.
Quadro - Vantagens e desvantagens da liderança tecnológica Fonte: adaptado de Bateman e Scott (1998)
Nem todas as organizações podem ou devem ser líderes em tecnologia,
depende de seu posicionamento estratégico, dos ganhos efetivos que a
liderança pode apresentar e de suas próprias características, como ramo de
negócios, público-alvo, entre outros fatores. Portanto avaliar esses fatores
pode, algumas vezes, significar que o melhor é adotar como estratégia
competitiva a posição de seguidor de tecnologia e não de líder tecnológico.
Veremos, no próximo tópico, como avaliar as necessidades
tecnológicas.
2.5 Avaliação de necessidades tecnológicas
Para a avaliação das necessidades tecnológicas, devemos verificar
quais são as tecnologias existentes, fazer benchmarking e scanning. Na
sequência, veremos como essas ferramentas podem auxiliar os gestores a
avaliarem as necessidades tecnológicas.
2.5.1 Avaliação das tecnologias atuais
A dimensão mais importante em uma tecnologia é o seu valor
competitivo. Mas como avaliar o valor competitivo de uma tecnologia? De
acordo com Bateman e Scott (1998), a Arthur D. Little Inc. (empresa de
consultoria do grupo francês Altran) desenvolveu uma técnica para avaliar o
valor competitivo categorizando as tecnologias. As categorias são:
tecnologias de base: são as mais comuns, necessárias para
concretizar as operações produtivas, representam uma pequena
vantagem competitiva;
tecnologias-chave: são aquelas responsáveis pelo aumento de
produtividade da empresa. Como nem todos a utilizam, sustentam a
posição competitiva atual da empresa;
tecnologias jovens: ainda sem comprovar seu valor, mas têm potencial
para alterar sua posição competitiva;
tecnologias emergentes: ainda em desenvolvimento, cercadas de
incerteza quanto ao seu valor de se tornarem tecnologias-chave, têm
potencial para alterar sua posição competitiva num futuro mais distante.
Não pense que essas posições categóricas são permanentes, já que
uma tecnologia pode começar como uma tecnologia emergente e virar uma
tecnologia de base.
Reflita
Em seu cotidiano, analise uma tecnologia anteriormente considerada
como emergente e que hoje já é bastante comum, tornando-se uma tecnologia
de base.
Na sequência, relembraremos o que é benchmarking e conheceremos o
scanning.
2.5.2 Benchmarking
Benchmarking é um processo contínuo e sistemático de comparação e
medição dos produtos, dos serviços e das práticas empresariais, como as
aplicadas pelos líderes de mercado. Seu objetivo é compreender as melhores
práticas, adaptá-las à sua empresa, para atingir tanto melhor desempenho
quanto menores custos.
Na corrente tecnológica, é importante verificar se há tecnologias-chave
ou jovens que possam ser facilmente importadas para oferecer vantagens
significativas.
Saiba mais
Você já estudou benchmarking na disciplina Tópicos Especiais do sétimo
período. Para ampliar um pouco mais esse assunto, leia o texto A busca da
competitividade através do benchmarking estratégico, de Silvio Luiz Tadeu
Bertoncello, disponível no sítio
<http://64.233.163.132/search?q=cache:bQSDPRTv610J:www.bucater.com.br/
artigos/Silvio%2520Benchmarking%2520Estrat.doc+O+que+os+livros+de+benc
hmarking+n%C3%A3o+dizem&cd=8&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>.
2.5.3 Scanning
Enquanto o benchmarking focaliza o que atualmente está sendo feito, o
scanning focaliza o que pode ser feito, desenvolvido. Enquanto o primeiro
examina a existência de tecnologias-chave e algumas jovens, o segundo busca
tecnologias jovens e emergentes.
O scanning não consiste em um processo de somente observar outras
empresas, ele pode buscar informações em conferências, seminários,
periódicos de pesquisa, entre outras fontes.
A seguir, conversaremos sobre a importância de uma organização
voltada para a inovação.
2.6 Organização para a inovação
Bateman e Scott (1998, p. 487) afirmam que “a organização para a
inovação requer um balanceamento entre a liberação das energias criativas
das pessoas e das capacidades de controlar os resultados para atender às
necessidades do mercado no momento certo”.
Criar um ambiente que permita e encoraje as pessoas contribuírem com
a organização é essencialmente importante para que elas liberem sua
criatividade sem medo de ser criticadas. Estabelecer metas para inovação,
valorizar a pesquisa e o desenvolvimento, facilitar, simplificar, flexibilizar e não
engessar e obstruir e, sobretudo, ter tolerância com erros representam a base
para um ambiente de inovação.
Reflita
Você acha que produziria mais em uma organização voltada para a
inovação e a adoção de novas tecnologias ou em uma que sofre déficit
tecnológico?
É indissociável o mundo organizacional do mundo tecnológico, inovar é,
sobretudo, condição de sobrevivência, mas liderar essa inovação é uma
questão estratégica que deve ser avaliada para ser considerada. Seja como
líder ou como seguidor tecnológico, estabelecer um ambiente de inovação nas
organizações gera muitos benefícios, uma vez que, no mínimo, elas devem
acompanhar as mudanças e as exigências cada vez mais sofisticadas de seus
clientes.
Podemos concluir que o processo envolvido no desenvolvimento de
novas tecnologias consiste em verificar a necessidade da tecnologia, o
conhecimento científico requerido, a conversibilidade técnica desse
conhecimento, a viabilidade (recursos demandados) e a iniciativa
empreendedora.
Neste capítulo, estudamos que o ciclo de vida tecnológico tem início com
a inovação, a difusão, a incorporação, a utilização máxima e encerra-se com o
descarte. Além disso, vimos que os usuários de novas tecnologias são
categorizados em inovadores, usuários iniciais, maioria inicial, maioria tardia e
retardatários. Verificamos também que a organização que exercer a liderança
inovadora pode obter vantagens e desvantagens, que devem ser bem
avaliadas pelo gestor. Por fim, falamos sobre a importância da avaliação de
necessidades tecnológicas das características básicas para uma organização
voltada para a inovação.
No próximo capítulo, você conhecerá as categorias, a estrutura, os
fatores de segurança, os modelos de negócios e os sistemas de gestão do
comércio eletrônico, enfim os aspectos importantes da gestão no ciberespaço.
Referência
BATEMAN, T. S. S.; SCOTT, A. Administração: construindo uma vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
Capítulo 3 – Gestão do comércio eletrônico
Introdução
Vivenciamos uma profunda alteração nas relações sociais, culturais,
políticas, econômicas, educacionais e empresariais surgidas pela expansão
permanente das tecnologias. Nesse contexto, nossa vida é influenciada pela
utilização do espaço das comunicações por rede de computador. Você,
provavelmente, já utilizou o home banking, o voto eletrônico, já elaborou seu
imposto de renda pela rede, enviou e-mail aos amigos, enfim, já utilizou o
ciberespaço. É essencial aos gestores se familiarizarem com esse novo tipo de
cultura emergente, para que consigam gerenciar seus negócios dentro do
ciberespaço.
Conheceremos, neste capítulo, categorias, estrutura, segurança,
modelos de negócios e sistemas de gestão do comércio eletrônico, enfim os
aspectos importantes da gestão no ciberespaço. Na disciplina Gestão de
Sistemas de Informação, do quinto período, e na disciplina Tópicos Especiais,
do sétimo período, estudamos brevemente sobre o comércio eletrônico. O
entendimento desse conteúdo contribuirá muito para a assimilação deste
capítulo, pois veremos a necessidade de os gestores se atentarem para os
fatores que envolvem os negócios no ciberespaço.
Esperamos que, ao final do estudo, você seja capaz de conhecer a
importância dos negócios no ciberespaço, a fim de atingir melhores resultados
organizacionais e entender as diferentes atividades que podem ser
desenvolvidas por meio do comércio eletrônico.
3.1 Negócios na era digital
Com as possibilidades geradas pela evolução do ambiente digital, o
mundo empresarial aproveitou as oportunidades para a realização de negócios,
o que já é uma realidade em diversos setores e países. Segundo Wood Jr.
(2001, p. 39), “essa evolução apresenta diversas consequências a serem
entendidas para o aproveitamento efetivo das potencialidades desse ambiente
e para o tratamento adequado dos riscos envolvidos [...]”. Os gestores
precisam entender essas mudanças e se adaptar a elas para obterem um
maior aproveitamento em relação à utilização da internet e seus serviços
básicos. Antes de entendermos todos esses fatores, relembraremos o que é
comércio eletrônico.
Reflita
Uma loja de eletrodomésticos que funciona oito horas por dia, de
segunda-feira a sábado, totaliza aproximadamente 208 horas de
funcionamento por mês e 2.496 horas por ano. Uma loja virtual funciona 24
horas por dia e 365 dias por ano, totalizando aproximadamente 8.769 horas.
Percebeu a diferença? Se uma empresa funcionasse tanto física como
virtualmente, quantas horas ela estaria à disposição de seus clientes? As
vendas aumentariam?
Albertin citado por Wood Jr. (2001) diz que a realização de toda a cadeia
de valores dos processos de negócio em um ambiente eletrônico, por meio da
aplicação das tecnologias de comunicação e informação, é o que chamamos
de comércio eletrônico. Já Turban e King (2004) definem comércio eletrônico
como o processo de compra, venda e troca de produtos, serviços e
informações por redes de computadores ou pela internet. É importante
entender que a realização da cadeia de valores inclui desde a distribuição de
informações de produtos e serviços até a realização entre as partes que
compõem o ambiente de negócios. Nesse contexto, os gestores precisam
compreender todos os aspectos que envolvem o comércio eletrônico. Wood Jr.
(2001, p. 40) afirma que
Os aspectos podem ser entendidos como as áreas que devem ser analisadas e tratadas pelas empresas para que possam implementar o comércio eletrônico e ter sucesso nessa estratégia de negócios, aproveitando as contribuições oferecidas.
Kalakota e Whinston citados por Turban e King (2004) definem o
comércio eletrônico a partir de quatro perspectivas:
perspectiva da comunicação: o comércio eletrônico é a distribuição de
produtos, serviços, informação ou pagamentos por meio de redes de
computadores ou outros meios eletrônicos;
perspectiva de processo comercial: o comércio eletrônico é a
aplicação de tecnologia para a automação de transações e do fluxo de
trabalho;
perspectiva de serviços: o comércio eletrônico é uma ferramenta que
satisfaz a necessidade de empresas, consumidores e administradores
quanto à diminuição de custos e à elevação nos níveis de qualidade e
agilidade de atendimento;
perspectiva on-line: o comércio eletrônico é a possibilidade de compra
e venda de produtos e informações pela internet ou por outros serviços
on-line.
Turban e King (2004) adicionam mais duas perspectivas à lista:
perspectiva da cooperação: o comércio eletrônico é um instrumento de
mediação inter e intracooperativa em uma organização;
perspectiva comunitária: o comércio eletrônico é um ponto de encontro
para os membros da comunidade poderem aprender, realizar negócios e
cooperar uns com os outros.
Enfim, é necessário ao gestor se familiarizar com todas as áreas que
envolvem o comércio eletrônico para que seja implementado de forma eficaz e
para que o volume de pedidos por meio do comércio eletrônico só evolua. Veja
a tabela que ilustra a evolução do comércio eletrônico.
Tabela - Evolução do varejo on-line (faturamento anual do varejo em bilhões)
ANO FATURAMENTO Variação
2009 (previsão) R$ 10 bilhões 22%
2008 R$ 8.20 bilhões 30%
2007 R$ 6.30 bilhões 43%
2006 R$ 4.40 bilhões 76%
2005 R$ 2.50 bilhões 43%
2004 R$ 1.75 bilhão 48%
2003 R$ 1.18 bilhão 39%
2002 R$ 0,85 bilhão 55%
2001 R$ 0,54 bilhão -
Fonte: eCommerceOrg (s/d, s/p)
A partir da tabela, é possível perceber que o faturamento das lojas
brasileiras que investiram no comércio eletrônico vem crescendo
exponencialmente, chegando à marca de 10 bilhões em 2009.
Hoje existem basicamente três categorias de empresas no mercado:
empresas físicas: são empresas sem nenhuma implementação de
comércio eletrônico, também denominadas “empresas de tijolo e
cimento”;
empresas virtuais: são empresas completamente virtuais, não têm,
portanto, um local físico onde possam atender a seus clientes. Tudo é
realizado por meio da rede mundial de computadores ou outra forma de
comunicação;
empresas mistas: são empresas que existem física e virtualmente.
Geralmente são empresas antes apenas físicas e que vislumbraram
uma grande oportunidade no mundo virtual.
Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o comércio eletrônico
não é realizado em sua maioria por meios virtuais, também existe a parte física
do processo. Por exemplo: comprando um livro em uma livraria virtual, existe o
processo físico de entrega, para que se possa concretizar a transação.
Também existem processos completamente virtuais como compra de e-books
ou compra de softwares por meio de lojas de comércio eletrônico, em que os
itens comercializados são enviados todos de forma virtual.
Vimos alguns conceitos e aspectos do comércio eletrônico, assim como
verificamos o seu crescimento no varejo. Passemos para as categorias do
comércio eletrônico.
3.2 Categorias de comércio eletrônico
Conforme O‟Brien (2004), existem três categorias básicas de aplicações
de comércio eletrônico. Vejamos quais são essas categorias.
Comércio eletrônico de empresa-a-consumidor (B2C): nessa forma
de comércio eletrônico, as empresas precisam desenvolver praças de
mercado eletrônico atraentes para seduzir seus consumidores e vender
produtos e serviços a eles. É preciso que as organizações se atentem a
produzir sites fáceis de utilizar, com informações claras para quaisquer
clientes para que possam efetuar suas compras on-line com eficiência e
eficácia.
Saiba mais
Jakob Nielsen (2007) define usabilidade como sendo um atributo de
qualidade que avalia a facilidade de utilização de interfaces pelos usuários, no
nosso caso, a facilidade de uso de sítios comerciais pelos clientes. Se um
cliente não conseguir utilizar o sítio da empresa, não comprará o produto ou
partirá para o sítio da empresa concorrente. Por esse motivo, os gestores
precisam se preocupar também com essa variável. A usabilidade pode ser
determinada baseando-se em cinco componentes de qualidade, expostos a
seguir.
Aprendizagem: o sistema necessita ser fácil de aprender a usar, de
forma que o usuário/cliente possa iniciar sua interação rapidamente.
Eficiência: o sistema necessita ser eficiente no uso. Uma vez
aprendido, o usuário/cliente precisa ter um bom nível de produtividade,
isto é, ter a possibilidade de efetivar suas compras com bastante
agilidade.
Memorização: o sistema precisa ser facilmente relembrado de forma
que o usuário/cliente, ao voltar a usá-lo depois de um determinado
período de tempo, não necessite reaprendê-lo.
Erros: o sistema precisa ter a mínima taxa de erros possível, isto é, o
usuário não pode cometer muitos enganos ao realizar suas ações. Se o
erro for cometido, deve ser fácil a recuperação, sem perda de trabalho.
Isso quer dizer que, se o usuário/cliente cometer algum erro em sua
compra, o sítio deve ter mecanismos que facilitem o retorno do cliente
ao que ele deseja. Caso isso não ocorra, poderá desistir da compra.
Satisfação: o usuário/cliente deve gostar de utilizar o sistema. Quanto
mais gostar do sítio da empresa e de utilizá-lo, maior a possibilidade de
efetivação de compras.
Para aprender mais sobre esse assunto tão importante para o sucesso
de portais comerciais, leia o livro Usabilidade na web: projetando websites com
qualidade, escrito por Jakob Nielsen, o guru da usabilidade.
Comércio eletrônico de empresa-a-empresa (B2B): essa categoria de
comércio eletrônico envolve mercados eletrônicos e ligações diretas de
mercado entre as empresas.
Comércio eletrônico de consumidor-a-consumidor (C2C): o enorme
sucesso dos leilões on-line, nos quais os consumidores podem comprar
e vender entre si em um processo de leilões, torna esse modelo de
comércio eletrônico uma importante estratégia de negócios.
Existem várias outras categorias citadas por outros autores. Entre as
quais, destacamos: empresa-empresa-consumidor (B2B2C), consumidor-
empresa (C2B), mobile commerce, comércio eletrônico intranegócios,
empresa-funcionários (B2E), comércio colaborativo, comércio eletrônico
nonbusiness, governo-cidadão (G2C) e intercâmbio ou troca (E2E).
Conhecemos as categorias de comércio eletrônico. Na sequência,
veremos os componentes da estrutura do comércio eletrônico.
3.3 Estrutura do comércio eletrônico
Uma empresa que deseja comercializar produtos ou serviços por meio
do comércio eletrônico deve ficar atenta à estrutura que tem disponível. Para
executar uma simples transação no comércio eletrônico, uma empresa
necessita de informações, infraestrutura e serviços de apoio adequados.
Turban e King (2004) definem uma infraestrutura com cinco áreas de
suporte, com as quais as aplicações de comércio eletrônico precisam contar.
São elas:
pessoas: vendedores, compradores, intermediários, funcionários e
outros participantes;
política pública: aspectos legais e políticos determinados pelo governo,
como proteção à privacidade;
protocolos e padrões técnicos: protocolos de pagamentos e
segurança, como o SSL (secure socket layer). Para se comunicar com
as outras empresas ou mesmo para movimentar dinheiro on-line com
segurança, as organizações necessitam de padrões e protocolos;
SSL (secure socket layer): é um método de segurança das transacções
efetuadas pela internet. Foi criado pela Netscape em colaboração com a
Mastercard, Bank of América, MCI e Silicon Graphics.
parceiros de negócios: joint ventures, permutas e parcerias comerciais
de diversos tipos. O comércio eletrônico muitas vezes é realizado dentro
da cadeia de suprimentos e entre parceiros de negócios;
Joint venture: é uma aliança estratégica de empresas, que pode ser
permanente ou não, com fins lucrativos, para explorar determinado(s)
negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica.
serviços de apoio: pesquisa de mercado, propaganda, pagamentos,
logística e segurança. Diversos serviços de apoio são necessários no
comércio eletrônico, e todos os componentes dessa estrutura exigem
bom desempenho gerencial.
Além dessas áreas, Albertin citado por Wood Jr. (2001) propõe a
seguinte classificação de processos para a análise da assimilação do comércio
eletrônico pelas organizações:
desenvolvimento de produto
cadeia de suprimentos
produção
atendimento a clientes
Essa classificação é genérica para atender aos vários setores, em que
existe uma sobreposição de processos. Segundo a metodologia utilizada no
projeto de pesquisa da Pesquisa FGV de comércio no mercado brasileiro, os
gestores podem responder a perguntas para definir a situação atual da
empresa e a forma de proporcionar melhorias para aproveitar as
oportunidades. Segue uma relação de perguntas.
Como sua empresa utiliza as aplicações do comércio eletrônico?
O que realiza no novo ambiente digital?
Onde a empresa efetua esforços no comércio eletrônico (nos processos
de negócio, na estrutura organizacional etc.)?
Quantos processos de negócio são realizados por meio do uso das
aplicações de comércio eletrônico?
Como as empresas avaliam os aspectos e as contribuições de comércio
eletrônico?
Os gestores, ao responderem a esse questionário, avaliarão como está
a sua estrutura de comércio eletrônico e como poderão gerenciá-la da melhor
maneira possível. Com as respostas, terão consciência:
da situação da empresa em relação aos gastos e aos investimentos em
tecnologias e se sua estrutura está adequada para a utilização das
tecnologias;
da situação do comércio eletrônico em relação à sua aplicação para
contatos com fornecedores, clientes e até consumidores finais;
da infraestrutura do comércio eletrônico, no que se refere às aplicações
de tecnologia de informação utilizadas, e da internet, como infraestrutura
de informação e comunicação;
da situação do comércio eletrônico nos processos de negócio da
empresa;
dos aspectos mais relevantes para a aplicação bem sucedida do
comércio eletrônico;
do nível de contribuições geradas pelo comércio eletrônico.
A partir desses aspectos, foi possível perceber que, para implementar o
comércio eletrônico, é necessário fazer uma boa análise situacional da
empresa e ter uma complexa infraestrutura. Mas ainda não terminamos, pois
existe outro aspecto importante: a segurança.
3.4 Segurança no comércio eletrônico
Os processos de uma transação de comércio eletrônico devem
estabelecer confiança mútua e acesso seguro entre as partes, reconhecer os
usuários, autorizar o acesso e reforçar características de segurança (O‟BRIEN,
2004). Segurança no meio eletrônico é algo bastante discutido e contestado,
pois as pessoas ainda têm receio muito grande de computadores e do mundo
virtual. Por isso os gestores também necessitam conhecer as tecnologias
utilizadas para garantir a segurança nas transações de negócios. Conforme
Oliveira (2000), as tecnologias utilizadas para manter a segurança nas
transações do comércio eletrônico são:
criptografia: transformação de uma mensagem em outra, com a
colaboração de um algoritmo com funções matemáticas e uma senha
especial, chamada chave;
firewall: conjunto de hardware e software utilizado como alternativa para
proteger computadores na rede;
SET (secure electronic transactions): especificação aberta que contém
vários métodos para trazer segurança às transações de pagamento via
cartão de crédito sobre redes, como a internet;
SSL (secure socket layer): protocolo executável em servidores web e
nos browsers, que garante, por meio de criptografia, o tráfego dos dados
na internet.
Por meio dessas ferramentas, tanto o usuário quanto a empresa de
comércio eletrônico podem garantir a segurança de todas as transações
efetuadas no meio on-line. Afinal, ninguém comprará em um sítio no qual não
confia!
Vejamos, a seguir, os modelos de negócios do comércio eletrônico.
3.5 Modelos de negócios de comércio eletrônico
O comércio eletrônico pode ser desenvolvido em várias áreas da
economia. Turban e King (2004) destacam os seguintes modelos:
marketing direto, on-line: o modelo mais óbvio é o da venda on-line do
fabricante para o consumidor e o do varejista para o consumidor. É
bastante eficaz no caso de produtos digitais e serviços;
sistema de proposta de concorrência eletrônica: compradores de
grandes organizações públicas ou privadas normalmente efetuam
compras em um sistema de proposta de concorrência conhecido
também como leilão reverso. Essa compra pode ser feita on-line,
economizando tempo e recursos;
estabelecimento de preços: permite aos compradores estabelecer o
preço que desejam pagar por determinado produto ou serviço;
indicação do melhor preço: o cliente especifica qual sua necessidade
e uma empresa intermediária localiza, em uma base de dados, o menor
preço para aquele bem ou serviço;
marketing afiliado: acordo em que um parceiro encaminha
consumidores ao sítio de outro;
marketing viral: pode-se ampliar o conhecimento da marca e até
mesmo das vendas, induzindo as pessoas a enviarem mensagens a
outras ou fazendo-as convidar amigos para filiarem-se a determinados
programas;
compras em grupo: é comum oferecer descontos para compras em
grupo. O comércio eletrônico difundiu o conceito de agregação
eletrônica, em que um terceiro identifica determinados indivíduos,
agrega seus pedidos e negocia para obter o melhor negócio;
leilões on-line: compradores on-line fazem lances consecutivos para
vários produtos e serviços, que são vendidos pelos lances mais altos;
personalização de produtos e serviços: personalizar produtos ou
serviços, utilizando um meio eletrônico como a internet, faz com que os
produtos ou os serviços se adaptem mais rapidamente aos
consumidores a preços semelhantes aos de produtos já existentes;
mercados e trocas eletrônicas: os mercados eletrônicos já operam
isoladamente há anos. Quando bem organizados e administrados, eles
oferecem grandes benefícios a compradores e vendedores;
desenvolvedores de cadeias de suprimentos: uma das contribuições
mais significativas do comércio eletrônico foi a criação de novos
modelos que permitiram modificar ou desenvolver a administração da
cadeia de suprimentos. Uma conversão bastante interessante é a da
cadeia linear de suprimentos, que pode ser lenta, cara e passível de
erros dentro de um ponto concentrador.
Apresentaremos, no próximo tópico, os sistemas de gestão utilizados em
comércio eletrônico.
3.6 Sistemas de gestão utilizados em comércio eletrônico
Existe uma série enorme de sistemas interligados no sistema de
comércio eletrônico, como já vimos anteriormente neste capítulo. Esses
sistemas servem para que os sistemas de informações das organizações
sejam utilizados de uma forma mais abrangente. Esses sistemas são
específicos e serão explicados a seguir.
CRM (Customer Relationship Management): não é um software, é um
processo. É um conjunto de políticas e ações que devem ser assumidas
pelas diversas áreas da empresa, com o objetivo de tratar melhor o
principal responsável pelo sucesso de um negócio: o cliente. O CRM
surgiu para auxiliar no processo de integração das informações dos
diversos departamentos e dos processos de negócios das empresas.
Com isso, as informações sobre as compras efetuadas pelos clientes
ficam restritas ao setor de vendas da empresa. É utilizado um banco de
dados compartilhado, que tenha informações sobre os clientes, suas
preferências, compras efetuadas e solicitações de atendimento. Assim
os vendedores têm acesso a esses dados e podem atendê-los de forma
diferenciada, mostrando que conhecem seus gostos e sugerindo opções
de consumo (SILVA, 2010).
ERP (Enterprise Resource Planning): “são módulos de SI compatíveis,
que integram funcionalidades utilizadas por vários setores da empresa,
responsáveis pela automatização de processos vitais da organização”
(SILVA, 2010, p. 266). Em suma, o ERP objetiva controlar, integrar e
fornecer suporte a todos os processos de uma empresa.
SCM (Supply Chain Management): destina-se a reduzir custos,
minimizar ciclos e maximizar o valor percebido pelo cliente final. Tais
objetivos são alcançados por meio do rompimento de algumas barreiras,
afinal “o SCM acompanha todos os processos que envolvem um
determinado produto, desde a origem das matérias-primas até chegar
aos clientes” (SILVA, 2010, p. 272). O SCM está presente em pelo
menos quatro áreas da empresa: gestão da produção, logística,
marketing e compras. Para Barbieri (2001), a ênfase do SCM está na
interação eletrônica com fornecedores, parceiros, vendedores e clientes,
em uma espécie de relacionamento digital.
O CRM, o ERP e o SCM não são de exclusividade do comércio
eletrônico. Atualmente, muitas organizações que não operam no comércio
eletrônico utilizam esses sistemas para dar maior agilidade, flexibilidade e
atenção ao cliente.
Aprendemos as diferentes formas de se desenvolver o comércio
eletrônico, assim como sua estrutura e suas aplicações. Concluímos que um
sistema de comércio eletrônico é algo bem maior do que apenas um único
sistema, faz com que todos os dados gerados sejam vistos por todos os níveis
da organização.
Verificamos, neste capítulo, que os sistemas de comércio eletrônico têm
uma estrutura muito forte para enfrentar o mundo competitivo em que as
empresas vivem hoje. Estudamos também que a gama de negócios nos quais
o comércio eletrônico pode ser aplicado é grande e tem uma forte tendência
para crescer cada vez mais.
E, por fim, percebemos que os gestores precisam ter conhecimento
sobre negócios no ciberespaço, já que essa é uma exigência da cultura
contemporânea e uma questão de sobrevivência para as organizações. Nesse
cenário, é importante que se façam perguntas para definir a situação da
organização em relação ao comércio eletrônico. Dessa forma, o gestor poderá
alcançar bons resultados organizacionais e vantagens competitivas ao saber
gerenciar todos os aspectos que envolvem esse tipo de negócio.
Saiba mais
Se você quiser saber quais as tendências do comércio eletrônico,
acesse o sítio <http://br.hsmglobal.com/notas/56601-e-commerce-no-brasil-–-
tendências-2010>. Nele você encontrará algumas tendências futuras do e-
commerce como consolidação e ampliação do mercado, crescimento ainda
maior de setores pouco explorados, foco na experiência do usuário, redes
sociais e especialização de serviços.
No próximo capítulo, apresentaremos a você mais um assunto atual e
importante para o gerenciamento das organizações: a logística verde.
Referências
BARBIERI, C. BI – Business Intelligence: modelagem & tecnologia. Rio de Janeiro: Axcel Books, 2001. eCOMMERCEORG: tudo sobre comércio eletrônico. Vendas comércio eletrônico - Brasil. Disponível em: <http://www.e-commerce.org.br/stats.php>. Acesso em: 20 fev. 2010. O‟BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. OLIVEIRA, W. CRM e e-business. Lisboa: Centro Atlântico, 2000. SILVA, A. Gestão de sistemas de informação. In: UNITINS, Fundação Universidade do Tocantins. Apostila 5º período. Palmas/Curitiba: UNITINS/EADCON, 2010. TURBAN, E.; KING, D. Comércio eletrônico: estratégia e gestão. São Paulo: Prentice Hall, 2004. WOOD JR., T. Gestão empresarial: oito propostas para o terceiro milênio. São Paulo: Atlas, 2001.
Capítulo 4 – Logística verde
Introdução
Vivemos no modelo econômico capitalista, isto é, sistema
socioeconômico caracterizado basicamente pela propriedade privada dos
meios de produção e pela existência de mercados livres e do trabalho
assalariado. A produção de bens de consumo é cada vez maior, em que se
busca o menor custo e a maior sofisticação. Esses objetivos se esbarram na
limitação de renovação dos recursos naturais, já que a produção de bens de
consumo praticamente é ilimitada e está inserida em uma biosfera finita e
limitada. É um grande problema a ser enfrentado. Por isso, neste capítulo,
abordaremos a necessidade de mudança do paradigma de gerar o lucro
máximo com capital mínimo para criar o lucro máximo com o uso mínimo de
recursos. Conheceremos diversos aspectos a respeito da logística verde,
conceito de logística reversa e a importância da sustentabilidade.
Para o entendimento desse conteúdo, é necessário relembrar o conceito
de logística visto na disciplina Logística Corporativa, no quarto período. Lá
vimos que a logística atua no campo do gerenciamento do fluxo de materiais.
Ela está mais preocupada com o local de estocagem, dados de inventário e
sistemas de informação, bem como com transporte e armazenagem.
Sinteticamente, podemos definir logística como o gerenciamento de material de
chão a chão, ou então, como o processo de gerir estratégias para aquisição,
movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados e
fluxos de informações correlatas, por meio da organização de seus canais de
marketing, de modo a melhorar a lucratividade.
O entendimento desse conceito é importante para a compreensão do
assunto deste capítulo, pois compõe fator basilar da logística verde. Além
disso, para a análise da importância desse assunto, você poderá reler o
primeiro capítulo deste caderno a fim de relembrar as tendências e as
exigências do mundo moderno, no qual a logística verde também se faz
presente.
Esperamos que, ao final do estudo, você seja capaz de entender o que é
a logística verde e a importância dela para os negócios e o que é logística
reversa e desenvolvimento sustentável.
4.1 Logística verde
Você sabe quanto lixo produz por ano? Aproximadamente 90
embalagens de aço, dez vezes o seu peso em resíduo doméstico, 107
vasilhames de vidro, 45 quilos de plástico, 70 latas de alumínio, duas árvores
em forma de papel, quatro litros de óleo usado (vegetal e mineral) etc.
(DONATO, 2008).
Reflita
Se apenas uma pessoa produz tanto lixo em um ano, quanto ela
produzirá em 50 anos? Quanto lixo é produzido por uma grande indústria?
A partir desses dados constata-se que o ser humano cultivou o título de
maior produtor de lixo do planeta. A maioria ainda não se preocupa muito com
esse problema que já atingiu uma dimensão de proporções mundiais. Todavia,
na atualidade, a atenção a esse problema começa a surgir.
Saiba mais
As primeiras manifestações da preocupação ambiental surgiram a partir
da Revolução Industrial, já que contribuiu grandiosamente para a degradação
do meio ambiente. Mas a primeira convenção reconhecida, visando a prevenir
a contaminação por óleo transportado pelos navios, aconteceu em 1954, foi
denominada como OILPOL. Depois disso, em 1965, aconteceu a segunda
convenção mais importante, que foi a SOLAS, que abordou temas como a
segurança da navegação, o transporte de cargas a granel, o transporte de
substâncias perigosas e os navios movidos à energia nuclear.
Leia o livro Logística verde: uma abordagem socioambiental, de Vitório
Donato, publicado pela editora Ciência Moderna. Nele, você terá detalhes
sobre outras manifestações, como a CLC (Convenção sobre a
Responsabilidade Civil em danos causados pela poluição por óleo, em 1969, a
Convenção de Bruxelas, em 1971; a Convenção de Londres, em 1972; a
MARPOL 73/78 (Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição
causada por navios); a Convenção de Paris, em 1974; a Convenção de Tbilisi,
em 1977, e a Convenção de Viena, em 1985.
Além disso, ocorreram ainda: o Relatório Brundtland, em 1987; o
conceito de desenvolvimento sustentável surgido, no final do século XX; o
Protocolo de Montreal, em 1987; a Convenção da Basiléia, em 1988; a
Constituição Brasileira de 1988; a famosa Agenda 21; a CNUD (Conferência
das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em 1992; a OPRC (Convenção
Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em caso de poluição por
óleo), em 1990 e homologada em 1998.
Contribuíram também para o pensamento da preservação ambiental, o
EMAS (Sistema comunitário de eco-gestão e auditoria); a CNUDM (Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar); a Convenção de Estocolmo, a
partir de 1995; o Protocolo de Kyoto; o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo); a Convenção de Roterdã; o IPCC (Painel Intergovernamental sobre
Mudança Climática da ONU). Tivemos recentemente vários eventos destinados
a esse propósito. É válido realizar uma pesquisa sobre eles.
Empresas de todos os setores que realizam operações logísticas são
conduzidas por um regime em que as pressões ambientais, assim como a
poluição da água, do ar, do solo e a redução de desperdícios são aspectos
determinantes para a tomada de decisões nos negócios. Organizações
incentivadas pelas Normas de série ISO 14000:2004 (norma internacional que
estabelece os requisitos e as regras para se operar um sistema de gestão
ambiental) e/ou preocupadas com a gestão ambiental já criaram ou estão
criando uma nova área na logística: a logística verde.
Logística é
É a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, eficiente e eficazmente, o fluxo e a estocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, a fim de atender às necessidades dos clientes. (COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS, s/d, s/p).
Logística verde é a parte da logística que se preocupa com os aspectos
e os impactos ambientais causados pelas operações logísticas (DONATO,
2008).
Por se tratar de uma ciência em desenvolvimento, ainda há certa
confusão conceitual em relação à logística reversa. Por isso conheceremos
também o conceito de logística reversa para não confundirmos com a logística
verde. A logística reversa é a parte da logística que trata do retorno de
materiais e embalagens ao processo produtivo (DONATO, 2008). Só pode ser
vista como uma atividade ecologística quando o retorno gera um ganho
ambiental, já que objetiva o desenvolvimento sustentável. Ou seja, o conceito
de logística verde vai além da logística reversa, pois não se limita ao retorno.
O movimento da logística verde brotou no final do século XX e início do
século XXI, segundo Donato (2008), em virtude de vários aspectos, como:
crescente poluição ambiental derivada dos sistemas de transporte, ou
seja, decorrente da emissão de gases gerados pela combustão dos
combustíveis fósseis;
crescente contaminação dos recursos naturais causada por cargas
desprotegidas, como caminhões que transportam produtos químicos e
se e contaminam rios, assim como navios petroleiros que contaminam
os oceanos;
vazamentos de resíduos nas operações logísticas de movimentação e
armazenagem;
necessidade de projetos de adequação de cargas (produtos químicos,
petroquímicos, defensivos agrícolas e farmacêuticos) ao sistema de
transporte.
A partir dessas razões impulsionadoras para uma nova logística, as
organizações, também incentivadas pelas normas ambientais, começam a
tratar seus resíduos não mais como lixo. Os produtos resultantes de seus
processos produtivos, como pneus, óleos lubrificantes, baterias, entre outros,
não são mais jogados a céu aberto como anteriormente, mas são reciclados e
passam a ser tratados como matéria-prima. Apenas reciclar não resolve a
questão da agressão ambiental desenfreada, pois, com a gravidade desse
problema, evitar o consumo ou consumir de forma responsável e consciente
também é fundamental para um efeito mais abrangente.
Atualmente, já é possível tomar algumas atitudes simples e preventivas,
individuais ou coletivas que geram grande repercussão quando somadas. Tais
atitudes são conhecidas como a matriz de atitudes ou a matriz dos três “erres”
(3R) (DONATO, 2008). Vejamos quais são os 3R.
Reduzir o consumo (simplifique).
Reciclar (separar os resíduos por produtos).
Reutilizar (aproveitar embalagens).
Ainda existe outro R que surgiu quando o problema energético ficou
mais marcante, assim a matriz ficou da seguinte forma:
reduza o número de componentes (simplifique);
recicle todos os materiais (separe por produto);
reutilize (remanufature) tudo que é possível;
recupere (regenere) a energia.
Depois disso, a matriz ainda evoluiu para os 5 Rs que são aplicados na
produção de quaisquer produtos ou serviços. Esse novo R refere-se à
legislação, ao Direito Ambiental, às leis, às resoluções, aos decretos e às
normas regulamentadoras.
Saiba mais
Para conhecer as questões jurídicas relacionadas ao meio ambiente,
como a política nacional de meio ambiente, o Sistema Nacional de Meio
Ambiente (SISNAMA), os princípios constitucionais e ambientais gerais, assim
como os princípios específicos e a legislação nacional e internacional, leia o
capítulo três do livro Logística verde: uma abordagem socioambiental, de
Vitório Donato, publicado pela editora Ciência Moderna.
Quando se agregou mais um R, a matriz se transformou em:
reduza o número de componentes (simplifique);
recicle todos os materiais (separe por produto);
reutilize (remanufature) tudo que é possível;
recupere (regenere) a energia;
respeite códigos e leis.
Essa matriz não é a final, ainda, temos mais dois Rs. O sexto R surgiu
com a necessidade de se avaliar o ciclo de vida do produto e, depois de algum
tempo, houve a necessidade de se implantar mais um R. Visualizemos como
ficou a matriz.
Reduza o número de componentes (simplifique).
Recicle todos os materiais (separe por produto).
Reutilize (remanufature) tudo que é possível.
Recupere (regenere) a energia.
Respeite códigos e leis.
Redefina (reprojete) materiais, peças e equipamentos.
Repense.
O sétimo R foi aplicado em virtude da importância de se repensar em as
atividades logísticas continuamente. Essa matriz não deve ser utilizada apenas
para os materiais e os produtos novos, mas em qualquer período do projeto,
contratação, fabricação, movimentação e descarte de serviços e produtos
(DONATO, 2008).
A seguir, veremos quais são os aspectos que envolvem a logística
reversa, já que é uma ferramenta da logística verde.
4.2 Logística reversa
Vimos anteriormente que a logística reversa é a parte da logística que
abrange os fatores relacionados ao retorno de produtos, embalagens e
materiais ao seu centro produtivo. Esse processo já acontece há alguns anos
nas indústrias de bebidas (retorno de vasilhames de vidro) e de distribuição de
gás de cozinha com a reutilização dos botijões, isto é, o produto chega até o
consumidor e a embalagem retorna ao seu centro produtivo para que seja
reutilizado e volte ao consumidor final em um ciclo contínuo. Temos também as
latinhas de alumínio, as caixas de papelão, as garrafas plásticas, entre outros.
Na verdade, muitas organizações trabalham com o fundamento da
logística reversa, todavia a maioria não trata esse processo como parte
integrante da empresa e nem como operação essencial para a redução de
custos, por isso não investem em pesquisas. Qualquer empresa que recebe um
produto como consequência de devolução, por qualquer motivo, já aplica o
conceito de logística reversa, bem como aquela pessoa que compra materiais
recicláveis para transformá-los em matéria-prima. Você, com certeza, já deve
ter recebido alguém à sua porta perguntando se tinha algum material reciclável
para vender ou então já se deparou com aquelas pessoas catando latinhas de
refrigerante na rua.
Donato (2008, p. 19) afirmar que “o processo de logística reversa
movimenta materiais reaproveitados que retornam ao processo tradicional de
suprimento, produção e distribuição”. A logística reversa é composta por várias
atividades, como, por exemplo, coletas, separações, expedição até os locais de
reprocessamento, entre outras. Todavia essas atividades precisam ser
sustentáveis, pois, no cenário mundial no qual estamos inseridos, não
podemos tratar questões ambientais como simples devoluções. Por esse
motivo, Barbieri e Dias citados por Donato (2008, p. 20) afirmam que “a
logística reversa deve ser concebida como um dos instrumentos de uma
proposta de produção e consumo sustentáveis”. Isso quer dizer que a logística
reversa é uma das ferramentas para a aplicação da logística verde.
A logística verde ou a ecologística emprega a logística reversa como
instrumento operacional, no sentido de reduzir o impacto ambiental, não
somente de resíduos no momento da produção e do pós-consumo, mas de
todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos.
A seguir, veremos alguns princípios para a adoção do desenvolvimento
sustentável.
4.3 Desenvolvimento sustentável
As organizações devem ser ecologicamente corretas, não ser poluidoras
e trabalhar de forma sustentável.
O desenvolvimento sustentável objetiva conciliar o desenvolvimento
econômico com a preservação ambiental e, ainda, contribuir com a redução da
pobreza no mundo por meio da distribuição mais justa das riquezas (DONATO,
2008). Para que uma empresa atinja a excelência ambiental, segundo
Elkington e Burke citados por Donato (2008), é necessário seguir os passos
expostos a seguir.
Desenvolver e publicar política de desenvolvimento ambiental.
Definir metas e estabelecer avaliações contínuas de ganhos.
Deliberar claramente as responsabilidades.
Divulgar interna e externamente políticas ambientais de cada uma das
áreas da empresa.
Captar recursos necessários.
Educar e capacitar seu pessoal.
Monitorar a situação ambiental da organização, realizar auditorias e
elaborar relatórios.
Acompanhar a evolução da discussão sobre as questões ambientais.
Cooperar com os programas ambientais da comunidade e fazer
investimentos em pesquisa e desenvolvimento voltados para a área
ambiental.
Contribuir com a conciliação de interesses de todos os stakeholders:
empresa, clientes, comunidade, acionistas, entre outros.
Reflita
Quanto uma pessoa física contribui anualmente para o aquecimento
global? Para fazer os cálculos, leve em conta apenas as questões de
transporte, a utilização de embalagens, o consumo de carne, grãos, leite e
outras atividades relacionadas diretamente ao conforto e ao bem-estar do ser
humano!
A implantação de política para desenvolvimento sustentável permite que
as empresas gerem mais valor para seus acionistas, tenham mais eficiência no
uso dos recursos, protejam o meio ambiente, tenham ética na condução dos
negócios e mais proximidade com os stakeholders, melhorem a gestão de
pessoas e apoiem o desenvolvimento sustentável. Detalharemos cada um
desses princípios para o desenvolvimento sustentável.
Segundo Donato (2008), a criação de mais valor para os acionistas
será gerada por:
aumento da produtividade por meio da eficiência dos processos;
minimização da exposição a riscos de impactos econômicos, ambientais
e sociais das atividades;
garantia de níveis elevados de qualidade de serviço;
integração das questões ambientais e sociais no processo de
planejamento e tomada de decisão.
Conforme Donato (2008), maior eficiência no uso de recursos virá por
meio de:
uso de tecnologias energéticas mais eficientes e limpas;
desenvolvimento de formas de produção fundamentadas em energias
decorrentes de fontes renováveis;
melhoria da eficiência energética utilizando-a de forma racional e
segura;
promoção da inovação em tecnologias, produtos e serviços sustentáveis
e divulgação dos conhecimentos para a sociedade.
A proteção do meio ambiente, segundo Donato (2008), virá por meio de:
redução e, se possível, extinção dos impactos ambientais decorrentes
de todas atividades desenvolvidas pela organização;
participação de iniciativas que objetivam a preservação do meio
ambiente e a promoção da biodiversidade;
expansão do uso de critérios ambientais para toda a cadeia de valor.
A ética na condução dos negócios, conforme Donato (2008), virá por
meio de:
garantia do cumprimento de padrões éticos em todas as atividades;
respeito aos direitos humanos;
desenvolvimento e seguimento dos códigos de conduta específicos.
Segundo Donato (2008), o diálogo com os stakeholders virá por meio de:
garantia de um relacionamento aberto, confiável e transparente;
instituição de canais de comunicação e de consulta para os
stakeholders;
reprodução de forma confiável e objetiva do desempenho organizacional
sob o prisma econômico, ambiental e social.
A gestão de pessoas virá por meio de:
implementação de políticas e sistemas de gestão voltados para a saúde,
a segurança e o bem-estar dos colaboradores;
promoção do desenvolvimento de capacidades individuais para todos os
colaboradores e premiação pela excelência e pelo mérito;
estímulo da diversidade e combate a quaisquer práticas abusivas e
discriminatórias na organização;
promoção da inclusão de todos os colaboradores na cadeia de valor;
combate ao uso de mão de obra infantil e trabalho escravo em qualquer
cadeia produtiva;
condenação de qualquer tipo de assédio moral;
apoio ao desenvolvimento social;
apoio a iniciativas de promoção social e cultural;
cooperação tecnológica no âmbito nacional e internacional;
apoio a ações de desenvolvimento local e comunitário.
São muitos os princípios a serem seguidos e todos são fundamentais
para a logística verde, porque o objetivo principal da ecologística é o de
atender aos princípios da sustentabilidade ambiental.
Vejamos, a seguir, mais alguns princípios essenciais para a adoção de
um desenvolvimento logístico sustentável (DLS).
4.4 Desenvolvimento logístico sustentável
Alguns princípios ajudam as organizações elaborarem um plano de
sustentabilidade empresarial focado no desenvolvimento logístico sustentável,
como: comércio justo e solidário, consumo responsável e ecoprodutos
(DONATO, 2008). Detalharemos cada um deles.
O comércio justo tem como base o preço justo, que é o preço que
cobre os custos de produção e gera um lucro aceitável, a proteção ambiental e
a segurança econômica do negócio (DONATO, 2008).
Segundo Donato (2008), os fundamentos do comércio justo são:
respeito e preocupação com os seres humanos, com o ambiente,
colocando as pessoas acima do lucro;
criação de meios e oportunidades para os produtores melhorarem sua
condição de vida e trabalho, incluindo o pagamento de um preço justo;
abertura e transparência quanto à estrutura das organizações e todos os
aspectos de sua atividade e informação mútua entre todos os
intervenientes na cadeia comercial sobre seus produtos e métodos de
comercialização;
envolvimento dos colaboradores nas tomadas de decisão;
proteção dos direitos humanos, especificamente os das crianças, das
mulheres e de povos oprimidos;
conscientização da situação das pessoas enquanto produtores e
comerciantes e promoção da igualdade de oportunidades;
promoção da sustentabilidade por meio do estabelecimento de relações
comerciais estáveis de longo prazo;
educação e promoção de campanhas de sensibilização;
produção completa dos produtos comercializados no país de origem.
Partimos agora para mais um princípio, o do consumo responsável e
consciente. Para implementarmos uma política de consumo responsável, faz-
se necessário uma mudança de comportamento, isto é, uma reeducação do
usuário. Para isso, é importante analisar a cadeia produtiva do item a ser
consumido, os impactos ambientais causados na produção e no ciclo de vida
do produto. Para um consumo consciente, é importante analisar o ciclo de vida
do produto, as relações socioambientais, como também os impactos
ambientais. Nessa análise, devem-se verificar os seguintes aspectos:
matérias-primas utilizadas;
nível de responsabilidade social da empresa;
impactos durante a produção;
tempo de vida útil do produto;
possibilidade de reutilização das embalagens;
tempo necessário para a decomposição dos resíduos.
Em suma, consumir conscientemente significa atentar-se aos efeitos que
o ato de consumir acarreta ao meio ambiente, às pessoas e a toda humanidade
(DONATO, 2008). É essencial que o consumidor consciente busque identificar
o consumo mínimo que lhe seja confortável para o cotidiano e prefira produtos
e serviços ambientalmente corretos.
Nenhum projeto de desenvolvimento ambiental é bem sucedido sem o
fator educacional, já que é a base para a mudança de atitudes.
Vejamos agora o outro princípio: ecoprodutos. Ecoprodutos “são
artigos, bens de consumo e serviços projetados e fabricados com a
preocupação de não agredir o meio ambiente” (DONATO, 2008, p. 240). Essa
preocupação ocorre em todos os níveis do ciclo de vida do ecoproduto.
Conheça alguns ecoprodutos já disponíveis no mercado.
Alimentos orgânicos
Roupa ecológica
Biocombustíveis
Argamassa não tóxica para construção civil
Adesivos não tóxicos
Divisórias de produtos reciclados
Massa epóxi à base de água
Impermeabilizante de piso e madeira não tóxico
Sistema de pintura predial ecológico
Ecodesign – projetos sustentáveis
Armazenagem e utilização da água da chuva
Reuso da água
Telhado verde – aplicação e uso de vegetação sobre a cobertura de
edificações
Para o desenvolvimento sustentável, é necessário pensar também em
produzir ecoprodutos!
É importante que a humanidade se conscientize quanto ao aspecto
ambiental, já que os recursos naturais são limitados. É fundamental pensar em
outras possibilidades, em consumo responsável e consciente, produção de
ecoprodutos e um comércio justo e solidário.
Hoje praticamente todo mundo participa do Orkut, do Twitter, de blogs,
enfim das redes sociais. No próximo capítulo, abordaremos esse tema bastante
recente e que as empresas estão utilizando cada vez mais como estratégia
competitiva.
Referências
COUNCIL OF SUPPLY CHAIN MANAGEMENT PROFESSIONALS. Glossário de termos. Disponível em: <http://cscmp.org/digital/glossary/glossary.asp>. Acesso em: 2 abr. 2010. DONATO, V. Logística verde: uma abordagem socioambiental. Rio de Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2008.
Capítulo 5 – Redes sociais
Introdução
Provavelmente você já ouviu falar em redes sociais, talvez já as utilizou,
como o Orkut, o Facebook, o Twitter, entre outras. Veremos, neste capítulo,
que as redes sociais já existem há muito tempo, mas agora se destacam por
sua versão virtual, analisaremos sua utilização como estratégia competitiva e
algumas tendências para o futuro.
Para acompanhar o desenvolvimento desse conteúdo, seria interessante
relembrar o conceito de tecnologias da informação e da comunicação – TICs,
tecnologias que interferem ou medeiam os processos informacionais e
comunicativos das pessoas, assunto estudado na disciplina de Tecnologia da
Informação e da Comunicação, no segundo período do curso. Além disso, você
revise o primeiro e o segundo capítulo deste caderno, a fim de relembrar as
tendências e as exigências do mundo moderno, no qual as redes sociais
também se fazem presentes.
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de
compreender a importância das redes sociais para os negócios nos dias de
hoje e conhecer as tendências futuras das redes sociais nas organizações.
5.1 História das redes sociais
O ano de 2009 foi marcado pelo fato de estarmos em rede de uma forma
nunca vista antes na nossa evolução cultural. De acordo com uma pesquisa do
Ibope Nielsen (2009), no ano de 2009, 64,8 milhões de brasileiros com 16 anos
ou mais tiveram acesso à internet. E a tendência é que esse processo se
intensifique com o passar dos anos, contribuindo ainda mais para a
continuidade da sociedade em rede.
Saiba mais
Para saber mais sobre a sociedade em rede, leia o livro A sociedade em
rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura, escrito pelo filósofo
Manuel Castells. Esse livro aborda a dinâmica econômica e social da nova era
da informação e busca formular uma teoria que dê conta dos efeitos
fundamentais da tecnologia e da informação no mundo contemporâneo.
O crescimento de acesso à internet faz com que nosso país obtenha
uma posição favorável diante da competitividade global, como também gere
algumas incertezas no mundo dos negócios, ou seja, uma forte ansiedade de
como se adaptar às mudanças. “É por isso que 2009 foi o ano no qual as
organizações brasileiras se voltaram massivamente às chamadas „mídias
sociais‟, compreendendo que, querendo ou não, já estão na sociedade em
rede” (GARCIA, 2010, s/p.).
Mídias sociais são novos métodos de comunicação social, como blogs,
fóruns, comunidades virtuais em geral.
Os consumidores estão cada vez mais conectados à rede, mais
interligados, são coautores de conteúdos e formadores de opinião, por isso é
fundamental se pensar como a comunicação empresarial está sendo praticada.
As empresas que se comportarem de forma reativa em relação ao
entendimento e à adoção das novas tecnologias e das práticas de
comunicação empresarial, poderão ser excluídas dos benefícios gerados por
essa era sociocultural contemporânea. Portanto, apesar das certezas e das
dúvidas que envolvem as redes sociais, é essencial que sejam compreendidas
no seu sentido mais amplo, a partir de um prisma antropológico das redes
sociais que lhe dão vida (GARCIA, 2010).
Não só o uso das redes sociais ou a inserção no mundo virtual alcançam
um crescimento avassalador, mas cresce também a expectativa de se ter uma
sociedade mais unida e justa. Todavia nem sempre as redes sociais são
consideradas de forma favorável, já que dependem dos atores que a
completam.
O conceito de rede social − uma das maneiras de representação dos
relacionamentos profissionais e afetivos das pessoas entre si − não é novo. Em
sua versão virtual ou on-line dos dias de hoje, esse conceito agrega novas
características, já que a interligação entre pessoas é própria do ser humano.
De acordo com Garcia (2010), aproximadamente 99% do tempo decorrido
desde o surgimento dos primeiros indivíduos do gênero Homo − há quase dois
milhões de anos A.C. −, nossos ancestrais já se organizavam socialmente em
pequenas comunidades do tipo caçadoras − recolectoras, nômades, com
pouca divisão do trabalho, e primavam pela interação cara a cara e a tomada
de decisão coletiva e guiada pelo consenso. Isso quer dizer que “mais de 99%
da nossa existência na Terra vivemos em pequenas redes sociais de topografia
(forma) horizontais e clusterizadas em pequenos grupos pouco conectados
entre si” (GARCIA, 2010, s/p).
Saiba mais
Cluster é o termo utilizado para definir um aglomerado de computadores,
um conjunto de computadores que usa um tipo especial de sistema operacional
classificado como sistema distribuído. Muitas vezes é composto por
computadores convencionais que são ligados em rede, comunicam-se por meio
do sistema e trabalham como se fossem uma única máquina de grande porte.
Para mais informações sobre esse assunto, acesse o sítio
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Cluster>. Nele você poderá compreender melhor os
aspectos que envolvem um cluster.
No tempo remanescente (menos de 1% do tempo desde o surgimento
dos primeiros indivíduos do gênero Homo), grandes mudanças aconteceram, o
que não implica afirmar que o período anterior fosse estático. Essas mudanças
foram mudanças tecnológicas que influenciaram o comportamento da
sociedade e ampliaram os limites do mundo.
Desde 1990, a aparição da web 1.0 e, posteriormente, da web 2.0
possibilitou, de forma inovadora, a interação entre indivíduos diferentes e
fisicamente distantes, tornando o mundo expressivamente mais próximo (ao
menos em termos comunicacionais e em relação àqueles incluídos
digitalmente) (GARCIA, 2010). Esse processo coopera com o conceito de
“comunidade” inerente ao gênero humano, comunidades formais e,
principalmente, informais que se compõem a partir de interesses em comum.
Nesta era, existem também as comunidades na forma virtual ou on-line, que
interagem entre si em tempo real. Podemos acreditar, então, que uma nova era
de relacionamentos mais horizontais e auto-organizados está surgindo,
caracterizada, entre outros fatores, pela necessidade de uma comunicação
informal, além das estruturas formais como acontece nas organizações.
Enfim, este é o momento adequado para vislumbrar uma comunicação
empresarial mais informal para atingir a grande e complexa rede de indivíduos
que interagem além dos limites das estruturas formais e físicas e dos canais
tradicionais de comunicação. Por isso gerenciar as redes formadas dentro e
fora das empresas já é considerado aspecto fundamental para a gestão
estratégica, em geral, e a comunicação empresarial, em particular.
Estudamos que as redes sociais não são recentes, mas que nos dias de
hoje se apresentam de forma mais inovadora e crescente. Veremos, a seguir,
que as redes sociais podem ser consideradas grandes estratégias
competitivas.
Reflita
Se a maioria das pessoas usa as redes sociais hoje em dia para se
comunicar, se informar, se divertir, quais as vantagens das empresas também
aderirem a essas novas tecnologias?
5.2 Estratégias empresariais
Vimos anteriormente que não é possível fugir das redes sociais. Portanto
as organizações, gostando ou não, terão de se adaptar a essa realidade, ou
seja, não poderão ser retardatárias para não sofrer as consequências. Como a
empresa pode se relacionar com seus clientes por meio da web? Que
estratégia usar para que o resultado seja positivo? De acordo com Charlene Li
(2010), especialista em tecnologias sociais em web 2.0, a estratégia mais
apropriada para ingressar nas redes sociais é desvendar inicialmente se o
cliente realmente faz parte delas. É importante realizar uma pesquisa para
detectar a maneira como os consumidores utilizam as redes sociais, as
tecnologias e de que forma e por quais razões os indivíduos tomam suas
decisões.
A analista em redes sociais Charlene Li (2010) aponta que em 10, 20
anos, ou até menos, as redes sociais serão como o ar que respiramos. Ou
seja, estarão presentes em todos os locais. A questão crucial, segundo a
analista, é que tipo de informação será preciso para que as redes sociais
funcionem como o ar. Existem três tipos de informação. A primeira é questão
da identidade: quem é o cliente. A segunda refere-se ao seu contexto: quem
o cliente conhece. E a terceira informação são as atividades desenvolvidas
pelo cliente: o que ele faz no contexto desses relacionamentos. Para
Charlene, mais que responder a essas questões, é essencial pesquisar que
sítios os clientes acessam e quais produtos eles consomem, para que, a partir
disso, as estratégias possam ser traçadas. Para as organizações, o ponto
desafiador será a forma de obter, trocar e preservar todos essas informações
dos consumidores. A analista de redes crê que exista algum procedimento que
consiga gerenciar toda a questão da privacidade e destaca algumas
ponderações: o que fará com que as redes sociais se conversem e reúnam
todos os dados dos usuários? O que é necessário fazer para que concorrentes
interajam e mantenham o mesmo padrão? Para ela, a resposta é clara: o
dinheiro. “Ninguém fará isso pelo espírito de união, transparência e abertura.
Eles farão isso porque podem ganhar dinheiro”, afirma Li (2010, s/p).
Você percebeu a complexidade para as empresas ingressarem nas
redes sociais. Mas quem poderia tomar as decisões sobre que estratégias
utilizar para a comunicação com os clientes? Para Li (2010), a maior parte das
organizações ainda não está preparada para o groundswell.
Saiba mais
Groundswell é um termo usado para determinar a tendência das
pessoas utilizarem as tecnologias das redes sociais para conseguirem o que
necessitam por meio de outras pessoas. Esse conceito é abordado no livro The
groundswell – fenômenos sociais nos negócios, de Charlene Li e Josh Bernoff.
Vale a pena pesquisar sobre esse assunto.
Apesar de muitas empresas já utilizarem as redes sociais como
estratégia competitiva, ainda falta muito para o amadurecimento desse
processo. Isso acontece, talvez, pela falta da identificação de pessoas com
habilidades e conhecimentos adequados para o desenvolvimento desse
percurso. Especializar-se em redes sociais é uma grande oportunidade! Outro
fator importante que deve ser definido com cautela é a escolha do canal de
comunicação com os clientes, ou seja, se entram ou não em redes sociais.
Outro cuidado a ser tomado é avaliar quais são os objetivos da empresa
e onde encontrar as conversas dos clientes. Com isso, a organização poderá
ter um feedback de seus produtos e serviços e, a partir daí, ter a chance de
aperfeiçoá-los, aumentando o seu comprometimento com os clientes. Isso
acontece porque, mais do que interagir com os amigos ou ver fotos, as redes
sociais agrupam um conjunto de possibilidades para os gestores das
organizações, independente se é empresa pequena ou grande.
De acordo com Kiso (2009), especialista em redes sociais, é essencial
desenvolver diferenciais inovadores ao utilizar as redes sociais. “É preciso se
destacar em meio à multidão para o consumidor te ver. E isso só é alcançado
com criatividade e inovação” (KISO, 2009, s/p). O autor afirma que atualmente
90% dos usuários de telefones celulares inteligentes acessam o Twitter,
informação que ressalta o potencial do mercado que o Twitter, assim como
outras redes sociais, oferece às empresas.
Para usufruir das oportunidades virtuais e desse mercado, é necessário
conhecer as ferramentas disponíveis. De acordo com Kiso (2009), há três
grandes vertentes sociais. A primeira é a social informal que você com certeza
está inserido, como o Orkut e o Facebook, nas quais as pessoas conhecidas
como amigos e vizinhos se relacionam. Já algumas empresas fazem parte da
segunda vertente, que agrega não exclusivamente pessoas conhecidas, mas
que moram no mesmo bairro ou trabalham na mesma organização, por
exemplo. Ferramentas disponíveis como o Twitter ou o Wikipedia compõem a
terceira vertente, que agrega indivíduos desconhecidos que buscam algo em
comum. E é dentro desse mundo que os usuários de mídias sociais
compartilham ideias, opiniões etc. Por isso Kiso (2009, s/p) afirma que “é
preciso entender o poder das redes para usá-las a favor da empresa”.
Quanto tempo em média um brasileiro leva navegando pelas
ferramentas virtuais? Kiso (2009) alega que “em um mês o brasileiro gasta em
média 17% do seu tempo navegando nas redes sociais, número que pode
chegar a 70% em públicos específicos”. A partir desse dado, percebemos o
poder das redes sociais. Além disso, oito em cada dez brasileiros participam de
redes sociais, como Orkut, blog, o Twitter, o Facebook, entre outras. Por isso
não podemos desconsiderar a potencialidade que as redes sociais
representam para o sucesso dos negócios.
Relembremos alguns casos do uso bem sucedido das redes sociais. Nas
últimas eleições presidenciais americanas, o então candidato Barack Obama,
por meio do uso das mídias sociais, arrecadou 320 milhões de dólares em
doações para a sua campanha política, conseguindo, assim, vencer as
eleições. Outro exemplo bem sucedido citado por Kiso (2009) ocorreu no Irã,
também na época de eleição presidencial, quando o governo fechou todos os
meios de comunicação, como jornais, televisões e rádios do país. O mundo só
teve conhecimento sobre as fraudes ocorridas nas eleições em função do
Twitter, ferramenta utilizada pelo povo iraniano para se comunicar com o
mundo e denunciar os absurdos que estavam acontecendo no país.
Saiba mais
Para saber mais sobre o Twitter e o que ele tem a oferecer, acesse o link
<http://br.hsmglobal.com/notas/53930-os-beneficios-que-o-twitter-tem-oferecer.
Nesse link, você encontrará o texto Os benefícios que o Twitter tem a oferecer,
escrito por Andreas Weigend, que explica a importância estratégica que pode
ter um novo meio de comunicação como é o Twitter.
As redes sociais são tão importantes para as empresas que o potencial
financeiro delas ultrapassa o lucro. De acordo com Kiso (2009), as
organizações que não se preocupam com as reclamações dos consumidores
podem se deparar com graves prejuízos via internet. Um caso que exemplifica
o prejuízo de uma empresa é o do músico Dave Carrol que, durante um voo
pela United Airlines, teve seu violão danificado. Carrol tentou reclamar o
prejuízo, todavia a companhia tratou a reclamação com descaso. O resultado
disso foi um prejuízo para a companhia de US$ 180 milhões em suas ações,
que caíram após a disseminação de um vídeo via Youtube em que Carrol
cantava uma música criticando o deslize da empresa. Mais de seis milhões
pessoas acessaram o vídeo.
Nesse contexto, é fundamental que as organizações prestem bastante
atenção em seus clientes, em suas opiniões, sugestões, reclamações para que
dessa forma possam agregar valor à empresa. De acordo com o especialista
Kiso (2009, s/p), essa contribuição pode ser obtida por meio das redes sociais,
“que se tornam ambientes de experiências e consequentemente importantes
ferramentas de medição da satisfação do público”. Mas não pense que é tão
fácil assim, é fundamental que a organização tenha a estruturação física e
cultural para entrar no mundo virtual e obter resultados favoráveis. “É preciso
treinar a equipe para estar preparada para absorver o que vale a pena e
responder em tempo real de forma acertada” (KISO, 2009, s/p).
Você percebeu os benefícios das mídias sociais para a empresa, viu os
benefícios gerados para ela ao estar próxima de seus clientes por meio das
redes sociais. No próximo tópico, veremos se é interessante que os
colaboradores das organizações também tenham acesso às redes sociais.
5.3 Redes sociais internamente?
Com certeza você ou alguém que conhece já foi proibido de utilizar as
redes sociais no seu trabalho. Diversas empresas ainda têm receio de adotar a
utilização das redes sociais internamente com medo de haver queda na
produtividade de seus colaboradores. Segundo Bastos (2009), isso mostra que
muitos gestores ainda se preocupam mais em diagnosticar problemas do que
em desvendar as oportunidades decorrentes de certas tomadas de decisão. O
foco no problema minimiza a capacidade criativa dos colaboradores das
organizações, porém não há mais espaço para isso. Com a competição
acirrada dos dias de hoje, a inovação é questão de sobrevivência e todas as
pessoas da empresa devem colaborar e inovar. Nesse contexto, as
organizações devem desenvolver uma cultura de inovação que pode ser
potencializada por meio das redes sociais, pois são excelentes ferramentas
para criar esse ambiente de troca de ideias e opiniões dentro das
organizações, já que as redes aproximam as pessoas.
De acordo com o consultor da IBM, Mauro Segura citado por Bastos
(2009), há dez razões para se adotar redes sociais dentro das organizações.
Vejamos quais são elas.
Acesso fácil e rápido ao conhecimento: com as ferramentas
atualmente disponíveis, é muito simples criar um ambiente no qual as
pessoas possam expor e discutir suas ideias e disponibilizá-las para que
outras pessoas.
As pessoas adoram redes sociais: uma vez que mais de 80% dos
brasileiros que têm acesso à internet participam de algum tipo de rede
social.
A inovação surge espontaneamente: as redes sociais estimulam o
aparecimento da diversidade de pontos de vista e opiniões, condição
essencial para uma cultura voltada para a inovação.
Quebra da barreira geográfica: as pessoas podem conversar umas
com as outras, independente da localização geográfica em que se
encontram.
Quebra da barreira hierárquica: talvez seja esse o maior medo de
quem está na gestão das empresas. Não existem formulários ou
memorandos que devem ser entregues para que as informações e as
opiniões cheguem ao alto da pirâmide hierárquica da organização. No
ambiente das redes sociais, isso é irreversível e incontrolável.
Comunicação direta sem intermediários: comunicação ocorre sem
filtros. Não há mais aquela situação de que “quem conta um conto
aumenta um ponto”.
Identidade pessoal: no ambiente das redes sociais, as pessoas têm
oportunidade de mostrar quem elas são, já que podem expressar suas
expectativas, suas opiniões, suas crenças.
Referências: as redes sociais se transformam em uma oportunidade de
criar um grande registro de referências para consultas posteriores.
Política de portas abertas: por meio das redes sociais e com o
incentivo dos gestores, a comunicação pode fluir livremente e a empresa
se surpreender com a capacidade de criação coletiva de seus
colaboradores.
Disponibilidade de tecnologia simples e fácil: não é preciso ser um
especialista em tecnologia ou desenvolvimento de sítios para as
pessoas criarem uma rede social. Há diversas ferramentas disponíveis
que auxiliam qualquer pessoa na criação de uma rede, como um blog,
por exemplo.
Adotar redes sociais dentro das organizações não é simplesmente
permitir que os colaboradores troquem ideias ou tenham um tempo para
espairecer. Na verdade, é uma grande estratégia competitiva, já que a adoção
gera capital intelectual dentro das empresas.
Na sequência, veremos quais são as tendências futuras relacionadas às
redes sociais.
5.4 Tendências futuras das redes sociais
Um estudo global realizado pela consultoria Watson Wyatt destaca que
as redes sociais são muito mais amplas do que o simples uso em marketing
(propagandas e promoções) para que as empresas estejam próximas de seus
clientes. De acordo com a pesquisa Communication ROI, 65% das empresas
pretendem utilizá-las para melhorar seus processos internos de comunicação a
partir de 2010 (PAVONI JR., 2009). O levantamento foi realizado em 328
companhias de diversos países, e os resultados apresentam que as
organizações estão em pleno processo de aperfeiçoamento de suas
plataformas eletrônicas de comunicação. Aproximadamente 78% das empresas
tiveram melhorias em suas infraestruturas nos últimos 24 meses, 55%
implantaram programas de comunicação face-to-face, e 48% buscaram formas
de diminuir os memorandos e os relatórios impressos (PAVONI JR., 2009).
Segundo a coordenadora da pesquisa, é natural que essas organizações
busquem inovações ainda maiores para reestruturar a comunicação interna da
empresa. Para Kathryn Yates, consultora da Watson Wyatt, os colaboradores
sentem necessidade de adequar suas agendas e compromissos de acordo
com as mudanças rápidas de mercado, e as empresas estão explorando as
redes sociais como uma nova fronteira nesse sentido (PAVONI JR., 2009).
No cenário atual, deparamo-nos com a convergência entre as antigas
plataformas de comunicação interna e as novas baseadas nas novas mídias.
Para implementar essas inovações, os gestores ainda enfrentam muitas
dificuldade devido a problemas técnicos ou de usabilidade, falta de
conhecimento sobre a área e falta de uma participação maior dos funcionários
nas mídias sociais implantadas internamente (PAVONI JR., 2009).
Portanto ainda existem muitos desafios a serem superados no que diz
respeito às redes sociais. É importante que os gestores quebrem os
paradigmas e adotem as redes sociais como valiosa estratégia competitiva nas
organizações, não só para a finalidade de marketing, de contato com os
consumidores, mas também para que gerem uma cultura de inovação dentro
das organizações.
Você estudou que as redes sociais são formas de contato com pessoas
conhecidas, desconhecidas, com interesses comuns ou divergentes, enfim,
percebeu que as redes proporcionam uma gama de contatos. Para darmos
continuidade à abordagem sobre a rede de relacionamentos, no próximo
capítulo, veremos como utilizar com sucesso a rede de relacionamentos por
meio do networking.
Referências
BASTOS, M. 10 razões para adotar redes sociais nas empresas. [2009] Disponível em: <http://br.hsmglobal.com/notas/54285-10-razoes-adotar-redes-sociais-nas-empresas>. Acesso em: 2 abr. 2010. GARCIA, I. Um olhar antropológico das redes sociais. [2010] Disponível em: <http://br.hsmglobal.com/notas/56427-um-olhar-antropologico-das-redes sociais->. Acesso em: 2 abr. 2010. IBOPE NIESEN ONLINE. Internet no Brasil cresceu 10% no mês de julho. [2009] Disponível em: <http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=6&proj=PortalIBOPE&pub=T&db=caldb&comp=pesquisa_leitura&nivel=null&docid=62A33B253477B58783257619004BD15C>. Acesso em: 22 abr. 2010. LI, C. Redes sociais: o ar que respiramos. [2010] Disponível em: <http://br.hsmglobal.com/notas/56232-redes-sociais-o-ar-que-respiramos>. Acesso em: 1 abr. 2010. KISO, R. As redes sociais no mundo das empresas. [2009] Disponível em: <http://br.hsmglobal.com/notas/55698-as-redes-sociais-no-mundo-das-empresas>. Acesso em: 2 abr. 2010. PAVONI JR., G. Redes sociais internas são tendências para as empresas em 2010. [2009] Disponível em: <http://br.hsmglobal.com/notas/55833-redes-sociais-internas-sao-tendencia-as-empresas-em-2010>. Acesso em: 1 abr. 2010.
Capítulo 6 – Networking
Introdução
Provavelmente você já ouviu a palavra networking. Esse termo não é
recente, já vem sendo utilizado há anos. Atualmente é praticamente impossível
ter sucesso no campo dos negócios sem se atentar às redes de contatos. Por
isso, neste capítulo, abordaremos os recursos e as estratégias utilizadas para
se manter um networking de sucesso.
Para o entendimento desse assunto, é importante a revisão do primeiro
capítulo deste caderno, o qual abrange as tendências do mundo moderno.
Além disso, é interessante retomar a disciplina de Planejamento Estratégico, do
sétimo período, na qual conhecemos a escola da gestão estratégica
competitiva e algumas tendências futuras para o campo dos negócios, como
atuação global, proatividade e foco participativo, criatividade, controle pelo
balanced scorecard, unidades estratégicas de negócio, alianças estratégicas,
responsabilidade social e aprendizagem contínua. Todos esses aspectos
provocam uma nova ordem política, social, econômica e tecnológica mais
competitiva e complexa. Com essa celeridade das transformações no mundo, o
networking pode ser uma ferramenta eficaz para superar os desafios que as
tendências futuras do campo da administração trazem.
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de
compreender a importância das redes de contatos e conhecer as estratégias e
os recursos para se fazerem contatos.
6.1 Estratégias para fazer contatos
Como qualquer outro tipo de processo, como a negociação, por
exemplo, os contatos também têm estratégias e regras. Veremos agora
algumas estratégias importantes que o ajudarão a conceber sua rede de
contatos.
Primeiro, seja amigável e tudo entrará nos eixos. Ser uma pessoa
amigável gera confiança e admiração. Outro fator imprescindível é ser
sorridente, já que aqueles que sorriem são mais atraentes do que
aqueles que têm a “a cara fechada”. Afinal, uma pessoa amigável e
sorridente consegue fazer mais amigos (GITOMER, 2008).
Projete uma imagem pessoal que gere confiança nos outros. Seu aperto
de mão reflete a sua imagem, assim como as roupas que usa, seu
cabelo, seu calçado, o modo como você fala. Imagens projetadas geram
as primeiras impressões. Se aquele ditado que fala que “a primeira
impressão é a que fica” for verídico, é fundamental se atentar a esses
fatores. Por isso é preciso responder a alguns questionamentos como:
qual a imagem que você tem de si mesmo? Que tipo de imagem você
projeta para as outras pessoas? Essa imagem é aceitável para aqueles
que você deseja fazer contato? (GITOMER, 2008)
Sua habilidade de olhar nos olhos da pessoa com a qual conversa é um
indício que revela seu respeito por si próprio. Portanto faça contato
ocular! Não é simplesmente uma exibição de confiança, mas uma
demonstração de verdade e de respeito. Você acha um sinal de
fraqueza uma pessoa não fazer contato ocular com você? (GITOMER,
2008)
Uma atitude consistente e positiva gerará resultados e respostas
favoráveis. É fundamental ter pensamento e comportamento positivos,
mas pouca gente sabe da importância do papel que isso exerce sobre o
modo como você se comunica e na forma como os outros o enxergam
(GITOMER, 2008).
Todo contato é realizado com algum tipo de risco. Desafie você mesmo,
devemos aceitar o risco de fazer o contato. A filosofia de Gitomer (2008,
p. 28) é “sem risco, sem nada”, ou seja, não se faz contatos sem sofrer
algum tipo de risco. Para minimizar os riscos, é preciso que você se
prepare, isto é, que projete uma boa imagem e tenha autoconfiança.
Faça uma análise. Você já sofreu algum risco ao fazer um contato, teve
êxito? O risco lhe pareceu menor depois que o contato foi estabelecido?
Pergunte a si próprio por que você está evitando o risco.
Siga o princípio de que 90% do sucesso é se mostrar, mas para isso
você deve estar preparado. “O preparo é a chave do sucesso e preparo
nunca é demais” (GITOMER, 2008, p. 28). Você está preparado?
Quando termina o expediente e você precisa ir a um evento no qual terá
muitos contatos, você consegue ser social, comercial, até que ponto?
Quanto menos você se concentrar em seus interesses para o encontro,
mais chance de sucesso seu contato terá. A maior parte das pessoas
que busca fazer contatos tem algum tipo de motivo, de razão ou
necessidade. Mas não vá tão afoito, no início é importante buscar
amizade e aceitação, para que depois você possa ter a liberdade de
realizar algum pedido. “Nem pense em tirar proveito” (GITOMER, 2008,
p. 29). Qual é seu verdadeiro objetivo? Um ganho a curto prazo, ou seja,
a realização de seu pedido imediato, ou o estabelecimento de um
relacionamento duradouro?
Tenha interesse sincero pelas outras pessoas, antes de desejar que elas
tenham interesse verdadeiro por você. Se você está fazendo contato
com alguém, é óbvio que deseja conhecer essa pessoa. “E não apenas
avaliá-la, mas para aprender com ela” (GITOMER, 2008, p. 29). A
melhor forma de conhecer outra pessoa é fazer perguntas. É claro que
não pode ser um interrogatório, mas tente elaborar perguntas que o
ajudem a conhecê-la melhor.
Quanto mais cedo você descobrir algo em comum em relação a outra
pessoa, mais cedo as barreiras entre vocês desaparecerão. “O vínculo
não é o segredo. Descobrir é o segredo” (GITOMER, 2008, p. 29). Tente
desvendar o que há de comum entre vocês, pois assim sempre terão o
que conversar e discutir. Analise seus amigos mais próximos, o que fez
com que vocês se aproximassem? Com certeza, vocês têm algo em
comum. Você está disposto a gastar um determinado tempo para
descobrir os assuntos que talvez tenha em comum com um contato
importante?
Quanto mais você subir a escada, mais cautelosas as pessoas serão
quanto aos seus avanços. Uma coisa é certa: todos querem fazer
contatos poderosos. Com isso, você deve se perguntar: as pessoas
poderosas desejam fazer contato comigo? Isso dependerá do valor, do
envolvimento e do interesse que você gerar (GITOMER, 2008). Mas algo
é fundamental, deve-se gerar confiança e ganhar crédito avançando
mais lentamente do que acha que deveria, já que você busca contatos
de um nível superior. É preciso cautela!
Muitas vezes, a imagem projetada por você determinará sua habilidade
para fazer um contato real. Não se trata de “classe”, mas de “primeira
classe”. A imagem conduz à reputação, por isso tente averiguar o que
andam dizendo de você pelas costas.
As pessoas o julgam por todas as suas ações. Todo mundo lembra o
que lhe foi prometido e como foi cumprido. Como recomendado
anteriormente, é preciso ter sempre um desempenho de “primeira
classe”, não só parecer de primeira classe. Portanto, reflita: você sempre
cumpre o que diz? As pessoas o consideram de primeira classe?
Proporcione valor. Para um contato sólido ser criado, é preciso que haja
troca de valores. Contatos unilaterais, ou seja, aqueles em que a pessoa
só pensa em si própria são de curtíssimo prazo. Já os contatos
baseados em valor são duradouros. Você proporciona ao outro todo o
valor que espera extrair?
Transmita sua mensagem com excelentes técnicas de comunicação.
“Fazer contatos é uma questão de envolver-se intensamente”
(GITOMER, 2008, p. 30). Isso exige que você transmita a mensagem de
forma sincera. Faça esta reflexão: eu sou verdadeiramente bom para
transmitir uma mensagem atraente, a ponto de justificar minha ação?
Manter o contato é mais importante e valioso do que fazê-lo. Isso quer
dizer que estabelecer o primeiro contato é fundamental, todavia é
necessário conseguir mantê-lo. Para tanto, existem diversas formas,
como, por exemplo, enviar informações úteis para seus amigos, seus
clientes. Lembre-se: quem não é visto, não é lembrado!
Como você não tem uma bola de cristal para adivinhar em que dia um
contato poderoso será estabelecido, esteja todos os dias preparado.
Diariamente, temos a chance de conhecer novas pessoas, por isso
esteja atento ao seu redor e, mais do que isso, esteja sempre
preparado.
Sua reputação atual determina seu destino futuro. Qualquer que seja
sua reputação hoje, ela guiará seu futuro próximo. Agora, se a sua
reputação não for a das melhores, não desanime, comece a reconstruí-
la de forma positiva e não cometa deslizes, já que a reputação é uma
construção contínua. Como você definiria sua reputação hoje?
Seja você mesmo, tenha identidade pessoal. Fale e aja de forma
sincera. Você verificará que as outras pessoas, em troca, agirão do
mesmo jeito. Você consegue ser verdadeiro com as pessoas e consigo
mesmo? Não deixe de se autoanalisar, pois há diversos motivos para
ser você mesmo. Primeiro, é a sensação mais confortável que você
pode oferecer a si mesmo. Segundo, é algo óbvio, quando você se
projeta, mostra que você se sente à vontade e está confiante. Terceiro, é
um processo que pode ser repetido. Ser você mesmo não é difícil, difícil
é fingir algo que não é sempre. Ser você mesmo permite ser consistente
em todas as suas comunicações com as pessoas. E, por fim, ser você
mesmo é a forma mais honesta de agir. Ela gera uma atmosfera para o
diálogo aberto e franco.
Essas são algumas diretrizes para o sucesso nos contatos. Agora é
fundamental que você as implemente em seu dia a dia. Veremos, a seguir, os
recursos para se fazer e manter contatos de sucesso.
6.2 Recursos para fazer contatos
Além das estratégias que vimos anteriormente, há ainda alguns recursos
que o ajudarão a estabelecer contatos bem sucedidos. Comecemos pelo
recurso 1.
6.2.1 Recurso 1 – quem eu conheço?
Pense em todas as pessoas que você conheceu ao longo de sua vida.
Passamos a vida inteira estabelecendo contatos. Agora é o momento de utilizar
o poder de sua rede de contatos para lucrar e expandi-la.
Inicialmente, é essencial fazer uma lista de quem você conhece. A dica
para facilitar essa grande lista é dividir as pessoas por grupos: amigos,
contatos comerciais, clientes, colegas de trabalho, pessoas importantes que
você talvez tenha conhecido casualmente, membros de grupos que você faz
parte e pessoas que você gostaria de contatar. Assim que finalizar sua lista,
ligue para as pessoas que puder e consiga seus e-mails, descubra quais são
suas maiores necessidades este ano e comece a analisar de que forma você
poderia fornecer respostas a essas necessidades (GITOMER, 2008). Um fator
positivo é que geralmente vários desses grupos que você dividiu têm as
mesmas necessidades. Comece devagar, mande mensagens com informações
interessantes, peça colaboração, mostre seu valor, aumente sua lista! Depois
disso, é bom realizar uma autoavaliação de desempenho de contatos. De
acordo com Gitomer (2008), existe um formulário que o ajuda a realizar essa
autoanálise. Examine-o com atenção!
Ao utilizar os indicadores a seguir, circule nas perguntas o número que
representa seu nível atual de desempenho.
1 = ruim; 2 = médio; 3 = bom; 4 = muito bom; 5 = o máximo
Pergunta 1: as pessoas gostam de mim?
1 2 3 4 5
Pergunta 2: estou constantemente conhecendo gente nova?
1 2 3 4 5
Pergunta 3: quando conheço as pessoas, consigo me entrosar com elas logo
de início?
1 2 3 4 5
Pergunta 4: tenho um grande comercial de mim mesmo para me apresentar?
1 2 3 4 5
Pergunta 5: ajudo outras pessoas regularmente?
1 2 3 4 5
Pergunta 6: procuro fazer contatos pelos outros?
1 2 3 4 5
Pergunta 7: trabalho em meu networking pelo menos dez horas por semana?
1 2 3 4 5
Pergunta 8: tenho website próprio e publico nele informações importantes?
1 2 3 4 5
Pergunta 9: tenho e-zine (publicação periódica que foca uma área específica
enviada por e-mail para seus contados ou postada num site) próprio, que envio
a todos os meus contatos?
1 2 3 4 5
Pergunta 10: sou publicado regularmente em algum lugar?
1 2 3 4 5
Pergunta 11: dou palestras em eventos nas empresas?
1 2 3 4 5
Pergunta 12: conheço as pessoas mais poderosas de minha comunidade?
1 2 3 4 5
Pergunta 13: as pessoas mais poderosas de minha comunidade me
conhecem?
1 2 3 4 5
Pergunta 14: conheço as pessoas mais poderosas do setor no qual trabalho?
1 2 3 4 5
Pergunta 15: as pessoas mais poderosas do setor no qual trabalho me
conhecem?
1 2 3 4 5
Pergunta 15.5: as pessoas me ligam para que eu as ajude a fazer contatos?
1 2 3 4 5
Respondida as questões, agora some os seus pontos.
80 = pontuação perfeita, você está plenamente conectado.
70-79 = grande pontuação, é um indicador de que você está avançando.
60-69 = você está no grande clube das pessoas que se acham “ótimas”,
mas que na verdade ainda estão chegando lá. Faça um plano de
atuação para intensificar seus esforços.
50-59 = você não conhece as pessoas certas nos lugares certos.
40-49 = você está sendo deixado para trás por gente que tem contatos
melhores que os seus.
30-39 = você precisa de uma recauchutagem.
Depois de obter o resultado da autoanálise, faça uma reflexão do que
precisa ou não melhorar. É bom lembrar que os contatos são o resultado de
uma combinação de fatores apresentados por Gitomer (2008).
Estar aberto a receber novos contatos.
Estar no lugar certo e no momento certo.
Estar preparado para fazer contatos.
Usar seus contatos existentes para fazer novos contatos.
Ser capaz de contra-contatar, ou seja, de retribuir o contato.
O segredo é que um contato poderá gerar outros, mas isso acontecerá
somente se você puder realmente ajudar de alguma forma a pessoa que
contatou. Ajude e será ajudado!
Ainda compondo o recurso 1, existem outras dicas. É fundamental que,
conforme você for estabelecendo contatos, eles sejam agrupados em três
categorias expostas por Gitomer (2008).
Os contatos que já tenho: descreva o que seus contatos já fizeram por
você, o que você já fez por eles e como pretende mantê-los.
Os contatos que preciso fazer: defina quem são eles, o que você
deseja deles e como pretende contatá-los.
Os contatos que eu espero no futuro: assim como no item anterior, é
necessário definir quem são eles, o que você deseja deles e como fazer
para atraí-los. Defina também como você pretende se conectar com
eles.
A partir do estabelecimento dessas categorias, pense que quanto mais
você fizer por eles, mais eles farão por você. “Quanto mais você fizer por eles,
mais você significará para eles, e mais importância terá em suas vidas”
(GITOMER, 2008, p. 39).
Para finalizar o primeiro recurso, ainda há uma dica ou uma lição de
casa. Gitomer (2008) recomenda o seguinte exercício. Escolha cinco pessoas
com quem você deseja firmar contato. Usando sua base atual de contatos,
providencie uma ligação. Essa tarefa deve levar no máximo dez minutos. Você
não pode simplesmente fazer um telefonema, é necessário estar preparado
para tal. Se você precisar fazer um contato, a melhor e mais poderosa forma de
fazê-lo é por meio de alguém.
Passemos para o segundo recurso.
6.2.2 Recurso 2 – o que estou querendo?
O recurso 2 consiste em duas premissas:
se você não sabe o que quer, provavelmente não conseguirá nada;
pergunte a si mesmo com quem você já fez contato e o que isso
representou para você.
De acordo com a primeira premissa, é importante que você responda às
questões apresentadas a seguir.
O que eu espero do networking?
O que estou tentando ganhar ao investir meu tempo em networking e
contatos?
Com quem estou tentando firmar contato?
Preciso dedicar mais tempo a isso?
Quantas pessoas eu preciso encontrar por semana?
Quais foram meus resultados até agora?
Quem eu contatei e o que isso significou para mim?
Segundo Gitomer (2008, p. 47), é fundamental que se responda a esses
questionamentos, já que “fazer contatos é uma combinação entre saber o que
quer e saber com quem você quer realizar isso. É também uma combinação
entre um plano bem direcionado e o dom de atrair coisas boas”.
Todo mundo tem alguém que gostaria de conhecer, seja um contato
profissional e/ou pessoal. Vejamos algumas maneiras básicas, indicadas por
Gitomer (2008), para conhecer pessoas.
Você pode tentar conhecer as pessoas por conta própria, por meio de e-
mail, correio, telefone ou indo lugares que a pessoa frequenta.
Consiga que outras pessoas o ajudem com uma apresentação. Pense
em todos os seus contatos e quem poderia lhe ajudar, ou que talvez
conheça alguém que possa marcar um encontro ou organizar uma
apresentação.
Faça com que a pessoa ligue para você ou o procure primeiro. É mais
difícil, mas, ao criar credibilidade e se especializar em determinado
assunto, fica mais fácil, pois as pessoas lhe procurarão. É preciso ter o
dom para atrair coisas boas.
Já em relação à segunda premissa “de se perguntar com quem já fez
contato e o que isso representou para você”, vejamos as dicas Gitomer (2008).
Faça uma lista com os dez contatos mais significativos que você já fez e
ao lado de cada nome, responda às seguintes apresentadas na sequência:
O que vocês têm em comum?
O que você ganhou com o contato?
O que você pretende continuar a ganhar com o contato?
O que você ofereceu para conquistar e manter esse contato?
Depois disso, faça uma lista das cinco pessoas que você gostaria de
contatar. Ao lado de cada nome, responda às questões propostas por Gitomer
(2008).
O que você deseja do contato?
O que vocês têm em comum?
Como você pretende fazer o contato?
O que você tem para oferecer (seu valor) para conquistar esse contato
e mantê-lo?
Com as respostas em mãos, é hora de elaborar um plano de ação, ou
seja, um documento sobre o que você está querendo: sucesso, emprego,
realização, conquistas. Depois disso, liste as pessoas que poderiam ajudá-lo a
conseguir o que deseja. E, por fim, relacione as pessoas que você gostaria de
conhecer e que poderiam lhe ajudar ou aquelas que poderiam lhe apresentar
aos contatos interessantes. Esse plano deve incluir fazer contatos por iniciativa
própria e por meio de apresentações. Também deve conter ações para fazer
com que as pessoas entrem em contato com você. Esse plano exige esforço,
mas não desanime, vale a pena.
Seguindo essas dicas, você já concluiu o recurso 2. Passemos para o
terceiro.
6.2.3 Recurso 3 – o que é que eu faço?
Esse recurso é muito importante, pois lhe ajudará a definir o que é
preciso para fazer contatos.
Primeiramente, é necessário pensar antes de agir. É preciso pensar nas
pessoas que você conhece há mais de dez anos, nos seus conselheiros de
confiança e como você os contatou. Depois disso, pense nos livros que
pretende ler e faça uma lista com pelo menos três livros. De acordo com
Gitomer (2008, p. 61), “a diferença entre sua situação atual e sua situação
daqui a um ano será determinada pelas pessoas que você conhece e pelos
livros que você lê”. Faça uma lista também das pessoas que gostaria de
conhecer e que poderiam influenciar na sua carreira ou na sua vida. Agora é
preciso ter coragem para fazer os contatos.
Muitas pessoas têm medo de fazer contatos e agem dessa forma por
razões como: despreparo, medo de rejeição, autoimagem limitada ou baixa. Se
tiver algum desses motivos para não fazer contatos, a dica de Gitomer (2008) é
ter em mente que todas as pessoas são praticamente iguais. A imagem que
você tem de si mesmo é mental, foi você quem a criou. Talvez essa imagem
signifique que você precisa se associar a outro grupo de pessoas. Mas não
pense que mudar o seu modo de se enxergar é rápido, pois esse é um
processo lento que exige mudanças tanto mentais quanto ambientais. As
pessoas devem superar seus medos e, para isso, é importante saber que fazer
o primeiro contato significativo facilitará o segundo contato, o terceiro e assim
por diante.
A dica do terceiro recurso é primeiro fazer amizades e ir devagar, ou
seja, se você tem interesse em arranjar um emprego com a ajuda de um
contato, não seja tão rápido, tenha cautela, ganhe confiança, gere
credibilidade. E o fundamental, não bajule, não seja o famoso baba-ovo, pois
as pessoas mais interessantes não gostam disso. Se está difícil fazer
amizades, procure respostas para esse problema. Busque uma pista familiar,
converse com seus pais, seus irmãos, enfim com as pessoas que o conhecem
e com as quais convive. Busque também pistas com os amigos, pois assim
você poderá avaliar se está ou não preparado para fazer bons relacionamentos
e poderá encontrar soluções para esse problema.
Após essa análise, é hora de fazer o networking. É necessário saber que
o “networking não é um opcional antes ou depois das horas de atividade
comercial. Ele é uma parte vital e integral de seu sucesso.” (GITOMER, 2008,
p. 72) Para isso, o autor indica seis fundamentos para o sucesso no
networking.
Faça um networking inteligente e em lugares certos, ou você não obterá
os resultados esperados.
Selecione os eventos com cautela, já que a seleção é tão importante
quanto o próprio networking.
Comprometa-se criando seu calendário de eventos.
Saiba como ajudar, já que as pessoas não ligam para o que você faz, a
menos que o que você faz as ajude.
Pratique as regras e as estratégias do networking, ou seja, compareça
aos eventos e faça o networking. Não adianta só ir aos eventos.
Esteja ciente do tempo, não gaste muito tempo apenas com uma
pessoa.
Além de seguir essas técnicas para fazer bons contatos, é recomendado
também desenvolver um bom comercial de si próprio em no máximo 30
segundos. O propósito do comercial é envolver um contato potencial com
informações que o deixem interessado em você, portanto faça sua autoanálise,
assim como tente desvendar os interesses da outra pessoa e descubra o que
pode instigá-la a conhecê-lo melhor.
Conforme Gitomer (2008), ainda em relação ao terceiro recurso, há
alguns fatos realistas sobre o networking que orientarão seu sucesso.
É com você: para identificar o melhor recurso que você tem para o
sucesso no networking, basta fazer a sua autoanálise e olhar no espelho
na próxima oportunidade que surgir.
Dê primeiro: para conseguir o que deseja, é necessário ceder algo
primeiro, ou seja, dar o exemplo.
Aprofunde-se: torne-se conhecido como uma pessoa de bom
desempenho, ou seja, envolva-se a fundo com os seus interesses.
Seja consistente: frequente eventos com regularidade.
Essas foram algumas estratégias que o ajudarão a ter sucesso no
networking. Conheceremos agora o recurso 4.
6.2.4 Recurso 4 – como fazer contato?
No quarto recurso, a pergunta que você deve fazer a si mesmo é: o que
posso fazer para que as pessoas se sintam melhores depois de um contato
comigo? (GITOMER, 2008). Isso quer dizer que devemos pensar em quais
estratégias devemos utilizar? Ir devagar como destacado no recurso 3, ter
informações sobre seu contato e estar preparado são fatores basilares para o
sucesso. Não podemos agir da mesma forma independentemente do local do
encontro, pois, em cada evento, existem determinadas particularidades,
portanto no networking devemos avaliar as circunstâncias e nos adaptar a elas.
Gitomer (2008) apresenta uma versão de como conquistar clientes e
contatos: determinar as pessoas que deseja conhecer no evento, falar com
elas, obter com elas as informações relevantes; fazer com que elas se
interessem por você e classificá-las no verso dos cartões, assim que os
receber. Além dessas dicas, há ainda mais recursos. Vejamos o quinto recurso.
Saiba mais
Para saber mais sobre como fazer contato em um evento social, em um
seminário, em um campo de golfe, em um bar, em um restaurante, ou até
mesmo em um jogo esportivo, não deixe de realizar a leitura do O livro negro
do networking, escrito por Jeffrey Gitomer.
6.2.5 Recurso 5 – quem você conhece?
O recurso 5 é fundamentado em quem conhece você e em como se
tornar conhecido. Gitomer (2008) indica elementos do posicionamento: a arte
de se tornar conhecido como uma autoridade valorizada. Vamos conhecê-los.
Ser impresso: invista nas relações públicas, tente ser mencionado,
porém não como assunto. Se a história for sobre um fornecedor ou
sobre um cliente, você se tornará um herói para eles.
Ser publicado: publique artigos e se possível escreva livros.
Falar em público: fale em público, assim você será o suposto líder do
grupo e todos o conhecerão.
Usar a internet para transmitir valor: escreva em Twitter, blogs, enfim
onde considerar adequado.
Assumir um papel ativo em sua associação de comércio: conheça
pessoas que possam agregar valor. Lidere um grupo. Envolva-se.
Ser notavelmente diferente: faça algo diferente, você não precisa ser
esquisito, mas é necessário que se destaque em algo.
Acrescentar um atrativo a seu bônus: ao escrever um artigo, por
exemplo, indique o seu livro, o seu site, enfim algo que as pessoas
possam ter mais informações.
Adicionar uma diferença a suas expressões comerciais diárias: seu
correio de voz, sua folha de rosto do fax, seu cartão de visita, seu site,
sua proposta, enfim todos devem expressar a grandeza de sua pessoa.
Deixar que os outros vendam por você: deixe seus clientes falarem
de você. O poder da propaganda boca a boca é incontestável, são os
testemunhos que fazem sua reputação.
O quinto recurso não é tão complicado de ser aplicado, portanto mãos à
obra. Veremos, na sequência, o próximo recurso.
6.2.6 Recurso 6 – o poder secreto dos contatos
O recurso 6 consiste na premissa de que qualquer pessoa que você
encontre é um contato, e todas elas têm seus poderes secretos. Portanto a
lição é não cometer o erro de julgar as pessoas com base no exterior.
Reflita
Um vendedor de carros avista um cliente (A) entrando na
concessionária, de repente outro cliente (B) aparece e você precisa decidir ao
qual atender primeiro, já que não há outro vendedor na loja. O cliente (A) está
com trajes rasgados e um chapéu na cabeça, já o cliente (B) está vestido
socialmente. Ao qual você atenderá? Um vendedor bem sucedido consegue
bons clientes fazendo julgamentos pela aparência?
Outro poder para se fazer contatos é o da amabilidade. Você se
considera uma pessoa que merece apreço? É uma pessoa amigável? Portanto
reflita sobre o poder que existe em ser uma pessoa amigável e com
pensamentos positivos, afinal ninguém gosta de ficar ao lado de uma pessoa
pessimista. Um exercício recomendado por Gitomer (2008) é o de fazer um
esforço para ser proativo e amigável. Cumprimente as pessoas casualmente,
tente gerar, pelo menos, dez sorrisos.
Outro segredo do sexto recurso é o de converter contatos em
relacionamentos. De acordo com Gitomer (2008), existem alguns fundamentos
para isso, como:
descubra quem são as pessoas e o que querem;
determine sua compatibilidade com elas;
descubra como pode ajudá-las a conseguir o que querem;
inicie um diálogo regular com informações que elas possam usar;
tente aprender mais sobre elas com o passar do tempo;
tenha em mente e esteja ciente de que as pessoas revelam seu
verdadeiro eu com o tempo;
teste atenção a indícios e siga seus instintos;
cumpra o que prometeu;
certifique-se de que conhece as necessidades e os desejos delas.
A partir desses fundamentos, pode-se conseguir com que as pessoas
gostem de você. Se sentirem que você pode lhes dar algo de valor, é mais
provável que o relacionamento cresça e prospere.
Portanto a rede de contatos é importante para a vida pessoal e
profissional, já que sabemos que não é possível alcançar o crescimento e o
sucesso sem o apoio das pessoas. Por isso as regras, as estratégias e os
recursos que foram apresentados podem ser utilizados como um guia para se
fazer e manter contatos de sucesso. Cada pessoa pode aperfeiçoá-los com o
seu toque especial.
Até aqui abordamos diversas técnicas, estratégias utilizadas na relação
entre empresas. No próximo capítulo, aprofundaremos essa relação,
discutiremos sobre a transação comercial com empresas do exterior.
Referência
GITOMER, J. O livro negro do networking. São Paulo: M. Books do Brasil, 2008.
Capítulo 7 – Comércio exterior
Introdução
O comércio exterior consiste em atividades relacionadas a transações
comerciais internacionais: a exportação e a importação. Esses processos são
fundamentais para qualquer país, já que é fator preponderante de
sobrevivência no mercado por meio do estímulo da competitividade. A
exportação gera mais recursos financeiros para o país, maior ocupação das
fábricas, aumenta a produção e a produtividade, melhora o controle de
qualidade, estimula a busca de novas e modernas tecnologias para seus
produtos e serviços, além disso, implica geração de novos empregos ou
manutenção dos já existentes.
A importação também tem significativa importância, pois nenhum país
consegue se desenvolver de forma isolada, é praticamente impossível ser
autossuficiente, seja pelas limitações dos recursos naturais (solo, clima etc.),
como pela capacidade produtiva de sua mão de obra ou pela distinção de
estágio de desenvolvimento tecnológico. Por isso a necessidade de formação
de blocos econômicos e de troca entre os países.
A partir dessas informações, de que o comércio exterior é fundamental
para o desenvolvimento dos países, precisamos nos atentar à necessidade de
conhecer e até mesmo de se especializar no assunto. Por isso, neste capítulo,
abordaremos aspectos básicos referentes à exportação e à importação e
analisaremos termos usados para as transações comerciais internacionais
denominados incoterms.
Para entender melhor o comércio exterior, é preciso que você retome os
elementos estudados na disciplina de Economia e Mercados Globalizados do
primeiro período, especialmente o capítulo que tratou sobre comércio
internacional e desenvolvimento econômico. Nesse capítulo, você estudou
conceitos e condicionantes e aprendeu que as mudanças no mercado global
resultaram em novos modelos de organização. Além disso, é importante
retomar os modelos de organização vistos na disciplina de Tópicos Especiais
do sétimo período, no capítulo sobre Empresa glocal, já que nele foram
abordados os modelos internacionais, multinacionais e transnacionais,
aspectos basilares para o entendimento do assunto que abordaremos aqui.
Outro tema importante é a pesquisa de mercado (planejamento, coleta e
análise de dados relevantes para a tomada de decisões de marketing) visto na
disciplina Pesquisa Mercadológica no quinto período. Esse conceito deve ser
relembrado já que, para as transações internacionais, é essencial realizar
pesquisas.
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de
compreender a sistemática de exportação e importação e conhecer os
incoterms.
7.1 Exportações
Atualmente, no país, por mais que as transações internacionais tenham
evoluído, ainda existem muitas dificuldades relacionadas à exportação, como:
burocratização dos processos, falta de conhecimento da área e resistência de
grande parte das empresas brasileiras quanto ao mercado internacional.
Apesar dos esforços advindos do governo e de o Brasil estar entre as dez
maiores potências econômicas do mundo, a participação brasileira nas
exportações mundiais ainda é irrisória (RODRIGUES, 2008b). Um dos motivos
dessa problemática é a resistência das organizações e a falta de conhecimento
dos brasileiros em relação a essa área.
Reflita
Quantas pessoas você conhece que têm especialidade na área de
comércio exterior?
Por isso analisaremos algumas informações básicas e estruturais sobre
os principais aspectos relacionados à exportação. Comecemos com o conceito
de exportação. De acordo com o dicionário Michaelis (2002, p. 335)
“exportação é a venda ou saída de produtos de um país para o exterior”. Não
pense que a exportação ocorre somente do nosso país para outros, as
empresas internacionais também podem explorar nosso território.
As organizações que se dedicam exclusivamente ao mercado interno já
estão sofrendo os prejuízos advindos da concorrência estrangeira dentro do
seu próprio território. E, para que isso não ocorra, as empresas deverão se
modernizar e se tornar competitivas em escala internacional (RODRIGUES,
2008b). Isso significa dizer que as empresas deverão se internacionalizar e
participar ativamente nos mercados externos. Para internacionalizar uma
empresa, inicialmente, faz-se necessário se atentar aos aspectos que podem
ser tidos como barreiras: cultura, legislação, falta do domínio do idioma
estrangeiro, hábitos, enfim fatores que podem dificultar a entrada no mercado
exportador. Portanto um planejamento estratégico adequado é primordial para
isso.
Uma empresa que almeja exportar precisa, em primeiro lugar, de uma
postura profissional e de uma “cultura exportadora”, ou seja, não se pode
abandonar o mercado externo porque porventura o mercado interno obteve
melhorias. Dessa forma, o empresário deve definir sua linha de produtos a ser
exportada e para que mercado será destinada. Lembrando que os produtos
devem atender às exigências, às necessidades e, sobretudo, às preferências
do mercado no qual ingressará. Afinal, não adianta você oferecer um produto
que seja referência no Brasil, mas que não atenda às necessidades do povo
estrangeiro. Para não errar no produto oferecido e no que o envolve,
recomenda-se realizar pesquisas de mercado, viagens ao exterior, participar de
feiras, exposições, missões empresariais, enfim buscar informações para que o
mercado seja explorado com sucesso.
A pesquisa de mercado permitirá a identificação de
compradores/exportadores potenciais para o produto que se deseja exportar,
definição ainda das características dos futuros clientes, como também de
demonstração de fatores legais, tarifários e da economia do país para o qual se
pretende exportar (RODRIGUES, 2008b). Além dos benefícios gerados por
uma pesquisa mercadológica bem elaborada, a partir dela será possível utilizar
o marketing internacional, ou seja, uma forma de apresentar e divulgar o
produto que a empresa oferece. A divulgação é fundamental para que a
empresa se destaque no mercado internacional, por isso deve ser elaborada
com qualidade. Alguns instrumentos promocionais que são utilizados para
atingir o mercado internacional são anúncios, folhetos, catálogos, mala direta,
website, fitas de vídeos, CDs, cartão de visitas, entre outros.
Depois da pesquisa realizada e de a empresa estar confiante do seu
papel no mercado internacional, o próximo passo é identificar qual será a
melhor maneira de comercializar seus produtos. Para isso, precisará escolher
bons parceiros, como um distribuidor (comerciante) ou um agente
(comissionado) (RODRIGUES, 2008b). Essa escolha deve ser feita com muita
cautela, já que seu parceiro será o representante de sua empresa no país
importador. Se você pretende abrir uma filial de sua empresa no exterior, é
imprescindível calcular os gastos, analisar as vantagens e as desvantagens,
para verificar se realmente é necessário e se vale a pena. Caso não seja
possível, deve-se escolher um parceiro, que pode ser um agente ou um
distribuidor.
Rodrigues (2008b, p. 177) informa que “o agente é um representante do
exportador que deve receber um contrato de exclusividade na venda de seus
produtos, naquele mercado, ou nos mercados previamente determinados”.
Isso significa que o agente, depois de escolhido, é o único representante que
poderá vender os produtos da empresa em determinada cidade, Estado, país
ou região do exterior. Os agentes são divididos em dois grupos: o broker e o
factor. O broker é como um corretor, é o agente especializado em um produto
ou grupo de produtos ou mesmo setores da economia. Geralmente, é utilizado
para comercializar produtos primários, commodities e sua atuação, via de
regra, é na bolsa de mercadorias (RODRIGUES, 2008b). Já o factor é um
agente que recebe os produtos em consignação para a sua comercialização.
O pagamento tanto para o broker quanto para o factor é efetuado à base
de comissão de acordo com as vendas efetivamente realizadas. É preciso
firmar contratos entre a empresa e o agente para evitar futuros problemas com
o Banco Central em virtude da remessa de divisas ao exterior.
Você viu o que são os agentes e os seus tipos. E os distribuidores o que
são? Rodrigues (2008b, p. 179) nos ensina que “os distribuidores são
empresários importadores que se dedicam ao comércio no país-alvo da
empresa exportadora. Podem ser distribuidores atacadistas ou mesmo
distribuidores para sua cadeia de lojas”. São empresas instaladas no país ao
qual se deseja exportar que importam os produtos da sua empresa e os
vendem na região em que estão estabelecidas. Geralmente, essas empresas
ficam com toda a responsabilidade financeira e comercial, inclusive de
promoção e propaganda, se houver necessidade. Normalmente, a aproximação
inicial é realizada por meio de visita de negócios (viagem internacional para se
tratar de negócios), desde que o empresário esteja a par dos costumes, das
regras, das formalidades, do clima etc. referente ao país visitado, feiras
internacionais e comércio eletrônico, tema que você já estudou neste caderno.
Saiba mais
Para entender melhor o comércio exterior, saber sobre as estatísticas,
conhecer as normas de competitividade, seus sistemas, ter apoio para
ingressar no mercado internacional, acesse o sítio
<http://www.desenvolvimento.gov.br/> do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e do Comércio Exterior (MDIC).
Estudamos alguns aspectos basilares da exportação, veremos, no
próximo tópico, alguns procedimentos administrativos necessários para a
exportação.
7.1.1 Procedimentos administrativos na exportação
Definido o produto e para que país(es) exportar, a empresa se deparará
com algumas exigências legais e administrativas inerentes ao processo de
exportação. Para cumprir essas exigências, deverá ter alguns conhecimentos
essenciais, como o do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
Você conhece esse sistema? O Siscomex é uma ferramenta administrativa
que acopla as atividades de registro, controle e acompanhamento das
operações de comércio exterior, mediante um fluxo único, computadorizado de
informações (RODRIGUES, 2008b).
Esse instrumento é administrado pela Secretaria de Comércio Exterior,
Secretaria da Receita Federal e pelo Banco Central do Brasil. Participam ainda
como órgãos anuentes o Ministério de Relações Exteriores (MRE), o Ministério
da Defesa, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, o Ministério da
Saúde, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e outros para o caso de operações específicas (RODRIGUES, 2008b).
Esse sistema foi desenvolvido com o intuito de agilizar as operações de
comércio exterior brasileiro e minimizar uma significativa parcela de exigências,
como documentos e formulários até então existentes. Além disso, os
empresários que desejam participar de operações de importação ou
exportação devem efetuar o seu cadastramento em qualquer repartição da
Secretaria da Receita Federal, diretamente no Siscomex.
Depois de basicamente ter definido os produtos, escolhido os parceiros,
atentado à legislação, inicia-se o verdadeiro contato comercial, em que é
efetuada a cotação de preços e, posteriormente, a remessa da fatura pró-
forma que deverá abranger todas as particularidades que a empresa
exportadora precisa cumprir para a efetivação das vendas de seus produtos. A
fatura pró-forma “é um documento oficial, que pode ser desde uma carta
contendo todos os elementos indispensáveis para ser considerado um
documento, até um contrato formal semelhante a uma fatura comercial”
(RODRIGUES, 2008b, p. 186). Esse documento é enviado ao importador
quando existir interesse por parte dele em importar os produtos de uma
empresa, é a base do contato preliminar. Segundo Rodrigues (2008b), essa
fatura deve conter obrigatoriamente os seguintes itens:
denominação: FATURA PRÓ-FORMA
caracterização adequada do possível comprador ou destinatário
descrição do produto
modalidade da venda (incoterms, que você conhecerá no tópico 7.3)
condições de pagamento
quantidade do produto
preço do produto
embalagem de apresentação e transporte
volumes e caixas
transporte internacional
seguro internacional
prazo de entrega
prazo ou validade de cotação
Após fazer tudo isso e o importador estar informado do produto a ser
adquirido, deve-se firmar um contrato bem elaborado entre o exportador e o
importador para que não haja aborrecimentos futuros. Isso é fundamental, pois,
em alguns países, as Leis de Defesa do Consumidor são muito rígidas, por isso
o contrato pode ser uma forma de se resguardar.
Depois do envio da fatura pró-forma ao importador, a empresa
exportadora receberá, de acordo com o interesse, um pedido de compra ou
uma carta de crédito de um banco consistente, ou seja, um documento que
confirme a aquisição da mercadoria. Para a preparação da mercadoria, é
necessário emitir ou solicitar os seguintes documentos:
packing list ou romaneio (listagem das mercadorias por embalagem)
registro de exportação – RE (Siscomex)
nota fiscal
fatura comercial (commercial invoice)
registro de operação de crédito – RC
registro de venda – RV
registro de exportação simplificado – RES
declaração simplificada de exportação – DSE
averbação do embarque
reserva de praça ou espaço da carga no transporte internacional
conhecimento de embarque
certificados (de origem, fitossanitário etc.)
Saiba mais
Para conhecer cada um dos documentos necessários para a preparação
das mercadorias, leia o livro Comércio exterior: teoria e gestão, parte II, o
tópico Exportação passo a passo.
Outro fator imprescindível para o conhecimento de qualquer empresário
é saber o que é exportação direta, indireta, por consórcio e de amostras.
A exportação direta consiste na operação em que o produto exportado
é faturado pelo próprio produtor/comerciante. Já a exportação indireta é
aquela realizada por intermédio de empresas instaladas no Brasil, que
adquirem mercadorias para exportá-las. Os consórcios de exportação são
associações de organizações juridicamente constituídas, que se aliam com o
intuito de reduzir custos, aumentar a oferta de produtos destinados ao mercado
externo e ampliar as exportações (RODRIGUES, 2008b). Os consórcios podem
ser formados por empresas que produzem produtos complementares ou até
mesmo concorrentes. O consórcio pode ser de promoção de exportações, de
vendas ou de área. A exportação por amostras é caracterizada como
remessa sem destinação comercial, trata-se do envio de mercadorias ao
exterior sem cobertura cambial (RODRIGUES, 2008b).
Saiba mais
Para pesquisar sobre mercados internacionais e ter auxílio para o
ingresso no mercado exterior, você poderá procurar a Câmara Americana de
Comércio (AMCHAM) mais próxima ou acessar o sítio dela
<http://www.amcham.com.br/>.
Conhecemos os aspectos básicos que o gestor de uma empresa precisa
analisar para ingressar no mercado externo. Veremos, a seguir, fatores
relacionados às importações.
7.2 Importações
Muitas pessoas ainda pensam que importar não é uma boa solução para
a economia brasileira, já que a população pode deixar de comprar produtos
produzidos no Brasil para comprar produtos importados. Todavia isso não é
uma verdade concreta, porque a importação é um meio de suprir falhas na
estrutura econômica e contribuir para a complementação dos produtos
disponíveis à sociedade de um país, ou de bens de capital necessários às
organizações. Além disso, a importação pode cumprir o papel de modernização
da economia por estimular a competição e permitir a comparação de processos
e produtos (REBONO, 2008). Praticamente nenhum país do mundo consegue
sobreviver apenas com seus recursos próprios, por isso a necessidade da
importação.
Os principais grupos de produtos importados pelo Brasil são máquinas e
aparelhos mecânicos, material elétrico, combustíveis, óleos e ceras minerais.
A importação, assim como a exportação, ainda sofre em virtude da
burocracia. A liberação de uma mercadoria no porto de Santos é mais
demorada do que em qualquer outro porto do mundo. Em países como os
Estados Unidos ou a França, a liberação é realizada em menos de 24 horas,
aqui acontece em até 48 horas. O Brasil é, provavelmente, o campeão mundial
no atraso da liberação de mercadorias pela alfândega (REBONO, 2008). Isso
faz com que haja um atraso no processo produtivo e/ou uma paralisação nos
negócios. “No caso de bens finais, os interessados na importação ainda arcam
com custos adicionais como: armazenagem, pelo tempo que a mercadoria fica
no porto ou no aeroporto, demurrage, quando a carga vem acondicionada em
contêiner etc.” (REBONO, 2008, p. 219).
É importante que o governo pense em transformar o excesso de
burocracia, o papel, o carimbo pela lógica da racionalização, da informatização,
da confiança e da responsabilidade. Só assim o processo de importação
poderá evoluir e caminhar com as próprias pernas.
Segundo Rebono (2008), as normas de comércio exterior no Brasil
relativas aos processos de importação e de exportação são:
legislação aduaneira: conjunto de normas de controle e fiscalização de
mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas;
legislação tributária de comércio exterior no Brasil: conjunto de
normas que fazem referência e se aplicam ao imposto de Importação
(II), ao imposto sobre produtos industrializados (IPI) nos casos de
importação, ao imposto de exportação (IE) e às contribuições, às taxas e
às infrações cambiais relacionadas com importação e exportação;
legislação administrativa de comércio exterior: conjunto de normas
de cunho administrativo e de intercâmbio comercial que regulamenta a
pausa de importação e exportação;
legislação cambial: conjunto de normas que disciplina a entrada de
divisas no país em pagamento das exportações, a saída em pagamento
das importações brasileiras e o registro de investimento estrangeiro,
como também regulamenta toda a estrutura operacional de câmbio
formada pelas instituições financeiras (REBONO, 2008).
Essas são as algumas normas do comércio exterior. Existem diversos
órgãos que intervêm na importação, porém o mais importante é o Ministério da
Fazenda e seus respectivos órgãos. A Secretaria da Receita Federal
supervisiona a atividade de administração tributária federal, regulamenta e
aplica a legislação tributária federal, arrecada tributos, estabelece medidas
preventivas de combate ao contrabando. O Comitê Brasileiro de Nomenclatura
(CBN), integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN), desenvolve a política
da moeda de crédito com o objetivo de progredir econômica e socialmente. O
Banco Central do Brasil (BACEN) é o órgão executor das deliberações do
Conselho Monetário Nacional, que também regula o mercado cambial e a
estabilidade relativa das taxas de câmbio (preço da moeda estrangeira em
moeda nacional) e do equilíbrio no balanço de pagamentos (REBONO, 2008).
Além desses órgãos, temos o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), composto por várias secretarias, que tem como
principal órgão nessa área a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Essa
secretaria emite licenças de exportação, controla as operações de comércio
exterior e pronuncia-se sobre a conveniência da participação do Brasil em
acordos ou convênios internacionais referentes ao comércio exterior
(REBONO, 2008).
Em relação à importação, além de você ter o conhecimento básico do
que já foi explicitado, é fundamental estar ciente de formalidades como
licenciamento de importação (LI), procedimentos para o recebimento da
mercadoria importada, liberação da mercadoria importada (Declaração de
Importação, despacho aduaneiro de importação, entre outros).
Também é necessário os gestores conhecerem os tipos de importação
(REBONO, 2008). A importação do tipo definitiva consiste em mercadorias
estrangeiras importadas que são nacionalizadas, ou seja, existe a possibilidade
de integrá-las à massa de riquezas do Brasil com a transferência de
propriedade do bem para qualquer cidadão aqui estabelecido. Já as
importações do tipo não definitivas são aquelas que não são
nacionalizadas, por exemplo, mercadorias, máquinas, aparelhagem, enfim tudo
que envolve a realização de feiras de negócios, exposições, prêmios de
Fórmula 1. Nesse caso, sua permanência é transitória, ou seja, todas as
mercadorias voltam aos seus países de origem. Outro tipo de importação é o
despacho para consumo que consiste em um conjunto de atos que tem por
intuito atender a todas as exigências legais e colocar a mercadoria
nacionalizada, ou seja, transferida da economia estrangeira para a nacional, à
disposição do adquirente estabelecido no país para seu uso ou consumo.
No próximo tópico, abordaremos algumas condições internacionais de
exportação e importação, os incoterms.
7.3 Incoterms
Sabemos que a execução básica de compra ou venda internacional
implica formulação, preparação e gerenciamento de contratos, como: de
compra e venda internacional, de transporte internacional de carga e de seguro
e pagamentos de cargas, entre outros. Para tanto, é necessário termos
internacionais para a execução dos contratos, que são denominados
incoterms. Eles estipulam as obrigações de ambas as partes do negócio, tanto
dos compradores quanto dos vendedores.
Os incoterms são regras internacionais publicadas pela Câmara de
Comércio Internacional e têm como objetivo simplificar e agilizar a elaboração
das cláusulas dos contratos de compra e venda (REBONO, 2008). Esse termo
significa Internacional Commercial Terms, também conhecido como “cláusulas
de preço”, em virtude de cada termo indicar os elementos que compõem o
preço da mercadoria (REBONO, 2008). Os incoterms têm a finalidade de
facilitar um conjunto de princípios aceitos internacionalmente, com caráter
facultativo, que determinam a interpretação dos principais termos utilizados nos
contratos de compra e venda de mercadorias (ROGRIGUES, 2008a). A
utilização de um implica que cada parte, ou seja, o comprador e o vendedor,
esteja obrigada a executar determinadas ações e fatos administrativos.
Antes de utilizar os incoterms nas transações internacionais, é preciso
estabelecer os direitos e os deveres das partes, nas áreas destacadas por
Rodrigues (2008a), que expomos a seguir.
Onde será realizada a entrega da mercadoria?
Onde será realizada a transmissão dos riscos de cada parte?
Como os custos/gastos serão distribuídos?
Quem deverá administrar os trâmites documentais?
A partir disso, pode-se definir que incoterms serão utilizados. Eles são
divididos em quatro grupos conforme o local da entrega das mercadorias:
grupo E, F, C, e D. Veja a seguir o significado dos incoterms.
Ex-works (EXW): a partir do local de produção ou comercialização.
Free Carrier (FCA): livre no transportador.
Free Alongside Ship (FAS): livre no costado do navio.
Free on Board (FOB): livre a bordo do navio.
Cost and Freight (CFR): custo e frete.
Carriage paid to… (CPT): transporte pago até…
Cost, Insurance and Freight (CIF): custo, seguro e frete.
Carriage and Insurance paid to… (CIP): transporte e seguro pagos até…
Delivered at Frontier (DAF): entregue na fronteira.
Delivered Ex Ship (DES): entregue a partir do navio.
Delivered Ex Quay (DEQ): entregue a partir do cais.
Delivered Duty Unpaid (DDU): entregue com direitos não pagos.
Delivered Duty Paid (DDP): entregue com os direitos pagos.
Esses incoterms são regras publicadas pela Internacional Chamber of
Commerce e cada um deles contempla os mesmos itens, só se modificam as
responsabilidades, os direitos e as obrigações de compradores e vendedores.
Saiba mais
Para entender mais sobre cada incoterms, acesse o sítio
<http://www.atlantaaduaneira.com.br/incoterms.html>. Nele você poderá ver o
detalhamento de cada termo. Não deixe de conhecer a fundo o que cada um
significa nos contratos de compras e vendas internacionais.
O processo de exportação e importação ainda não tem a relevância
necessária em nosso país, existe ainda muita burocracia e falta de
conhecimento na área. Por isso é preciso que os empresários brasileiros
tenham consciência dos benefícios gerados tanto pela exportação quanto pela
importação para que as transações comerciais internacionais sejam mais
significativas em nosso país e possam contribuir para o crescimento da
economia nacional.
Referência
REBONO, M. Processo de importação. In: DIAS, R.; RODRIGUES, W. (Org.). Comércio exterior: teoria e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. RODRIGUES, W. Condições internacionais de exportação e importação: incoterms. In: DIAS, R.; RODRIGUES, W. (Org.). Comércio exterior: teoria e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008a. ______. Sistemática de exportação: conceitos, operacionalização e práticas. In: DIAS, R.; RODRIGUES, W. (Org.). Comércio exterior: teoria e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008b. TERCIOTTI, S. H.; GREGORIN, C. O.; MARTONELLI, C. P. S. Michaelis: dicionário escolar língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2002.