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DA REDAÇÃOO agora ex-procurador ge-

ral de Justiça Alceu Torres Mar-ques transmitiu ontem o cargo para a procuradora de Justiça Maria Odete Souto Pereira, na sede da Procuradoria Geral de Justiça, em Belo Horizonte.

Em discurso, Alceu des-tacou a importância deste mo-mento para a instituição. “Com muita segurança, passamos o destino do Ministério Público (MP) para a figura que repre-senta o equilíbrio e a maturi-dade da instituição”, afirmou. Alceu Torres ressaltou também a “sabedoria, alegria e simplici-dade” de Maria Odete.

A nova procuradora geral de Justiça abriu seu discurso citando versos da poetisa Cora Coralina. “Não sei se a vida é

longa ou curta demais para nós, mas sei que na vida nada tem sentido se não tocarmos o cora-ção das pessoas”, declamou.

Maria Odete relembrou, ainda, as comarcas nas quais atuou. “Agradeço a Deus, por ter permitido que eu galgasse o mais alto posto da nossa glo-riosa instituição. E, se me fos-se dado o direito de escolher, eu faria tudo de novo. Estuda-ria na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas. Teria como colegas a querida desembargadora Márcia Maria Milanês; o meu esposo, Joelcio Antônio Pereira, juiz de direito, e o procurador de Justiça José Pontes Júnior. E depois faria concurso para o Ministério Pú-blico de Minas, que tanto amo e a cada dia admiro mais”, disse

Maria Odete.CurríCulo

Maria Odete Souto é na-tural de Almenara, no Vale do Jequitinhonha. Formou-se em direito pela UFMG e ingressou no MP em 1975.

Atuou como promotora de Justiça nas comarcas de Jaboti-catubas, Santa Luzia, Sabará e Belo Horizonte.

Foi promovida ao cargo de procuradora de Justiça em maio de 1989, em fevereiro 2003, Maria Odete assumiu o cargo de sub-corregedora.

Entre outras funções já exercidas junto ao Ministério Público de Minas Gerais, hoje Maria Odete Souto Pereira atua perante a 1ª Câmara Criminal do TJMG.

o TEMPo - P. 6 - 09.10.2010

Posse. Diversas autoridades estiveram presentes à solenidade de transmissão do cargo a Maria Odete

MPMG.Ao transmitir o cargo, Alceu Torres destacou a “sabedoria, alegria e simplicidade” de sua sucessora

Maria Odete toma posse como procuradora geralFOTO: ALEX LANZA / DIVULGAÇÃO

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EsTado dE Minas - Página: 2 - 13 dE ouTubro dE 2010

Em dia com a política - PingaFogo

Três candidatos disputam as eleições in-ternas do Ministério Público de Minas Gerais: Paulo Calmon Nogueira da Gama, Gisela Po-tério Saldanha e o atual procurador-geral de Justiça, Alceu José Torres Marques.

Na prática, a disputa no Ministério Público de Minas tem caráter simbólico. Todos os três integrarão a lista a ser encaminhada ao governa-dor Antonio Anastasia (PSDB), a quem caberá a nomeação.

AbusandoBanco do Brasil e Caixa Eco-

nômica estão empenhados em transformar o empréstimo con-signado em compulsório. Todos os bancos sempre concorreram na oferta de melhores taxas e condições para que funcionários públicos de Estados e municípios pudessem contratar empréstimos consignados, cujas parcelas são descontadas em seus salários. Agora, através de uma questio-nável decisão judicial, BB e CEF querem impor aos funcionários a obrigação de aceitar como finan-ciadores apenas as duas institui-ções, nas condições e taxas que poderão ajustar para operar. Em Minas, o Ministério Público ba-teu o pé e impediu essa ousadia.

o TEMPo - P. 8 13.10.2010raquEl Faria

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Medalha A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presi-

dente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carmen Lúcia Antu-nes Rocha (foto) receberá a medalha Ozanan Coelho, conferida pela Associação Mineira do Ministério Público, em 5 de novem-bro. O único a receber a homenagem até hoje foi o vice-presi-dente da República, José Alencar Gomes da Silva.

EsTado dE Minas - P. 2 - 13.10.2010EM dia CoM a PolíTiCa

Cristina Horta/EM/D.A Press

EsTado dE Minas - P. 3 - Cad. CulTura - 11.10.2010Mário FonTana

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Codema coleta amostras para análise

HoJE EM dia - P. 24 - Minas - 09.10.2010

Algas “sufocam” trecho do Velho Chico

Excesso de cianobactérias, que se multiplicam em locais poluídos, forma camada em trecho do rio no Norte de MG

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ConT.... HoJE EM dia - P. 24 - Minas - 09.10.2010

HoJE EM dia - P. 20 - 09.10.2010

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RAFAEL ROCHA As salas de uma escola pública em Esmeraldas, re-

gião metropolitana da capital, ficaram vazias no início desta semana. Uma sucessão de brigas e confusões pro-vocadas por três alunos do ensino fundamental culminou numa ação inusitada dos pais: dar segurança para os filhos durante as aulas. Antes da decisão, eles organizaram uma espécie de “greve estudantil”. Como as crianças estavam com medo de ir ao colégio por causa das atitudes agressi-vas dos colegas, eles decidiram deixá-las em casa. Cerca de cem alunos ficaram sem aulas por quatro dias. O imbró-glio foi parar no Ministério Público.

Um conselho de pais procurou a direção da Escola Estadual Santa Tereza e revelou as agressões que seus fi-lhos vinham sofrendo por parte de três alunos de 8, 9 e 12 anos. Há relatos de violência física e ameaças de morte. Uma aluna teve parte do cabelo cortado com estilete por um deles. Uma outra foi obrigada a beber urina, ação que foi impedida pela professora.

O trio - que estaria causando a confusão - mora na Fundação Caio Martins. O lugar é um abrigo mantido pelo Estado e funciona no mesmo terreno da escola. Os meni-nos mais novos são irmãos e entraram recentemente na fila de adoção, pois foram abandonados pela mãe. Revoltados, teriam dado início a uma série de ações que aterrorizou pais, alunos e funcionários da escola e da fundação.

“A direção da escola está ocultando o que vem acon-tecendo. Esses meninos se sentem os donos do lugar, fa-zem o que bem entendem e ninguém faz nada”, reclama Regina Emiliano, cuja filha de 9 anos implorou, chorando, para não ir mais às aulas. De acordo com outra mãe de alu-no, que pediu para não ser identificada, um dos meninos teria jogado pedras na casa de uma funcionária da escola. Ela disse, ainda, que ver o trio com estiletes dentro de sala é algo comum. Há poucos dias uma aluna muda foi presa no banheiro.

A promotora Mirela Giovanetti recebeu um abaixo-assinado pedindo que os garotos baderneiros fossem ex-pulsos. No entanto, para ela, sempre houve um preconceito dos pais de alunos com os internos que também estudam ali. “O histórico de vida desses meninos é terrível, sofre-ram coisas absurdas”, diz Giovanetti. Para a representante do MP, não há a menor chance de expulsão dos meninos. Ela pediu intensificação no tratamento psicológico a que eles já são submetidos. “Esse comportamento deles é falta de carinho e afeto”, avalia a promotora.

Incomodados com a falta de algum resultado imedia-to, o movimento de pais decidiu, na última quinta-feira, que os filhos voltariam à escola. No entanto, com uma es-pécie de patrulha. Os pais farão uma escala para vigiar os estudantes. Ontem, duas mães acompanharam as aulas em

tempo integral.Para o presidente da Fundação Caio Martins, a situa-

ção não é tão grave. “Não se pode tratar como aterrorizan-te a conduta de três crianças dessas idades”, disse Clóvis Benevides, que critica a medida tomada pelos pais. “O diretor prometeu providências e o Conselho Tutelar está atuando”.

Para o psicólogo Dirceu Moreira, autor do livro “Transtorno do Assédio Moral - Bullying”, trata-se de caso inédito no país. “Nunca vi isso, pais se aliarem para resolver caso de bullying. Foi um movimento positivo dos familiares que deveria servir de exemplo para casos simi-lares”. (Com Victor Hugo Fonseca)assédio Moral

Consequência. Segundo o psicólogo Dirceu Morei-ra, 70% dos alunos no país já foram vítimas de bullying. Como sequelas dessa violência, estão a desmotivação, perda de interesse e depressão. “É preciso trabalhar a cau-sa do problema, que, muitas vezes, é a falta de estrutura familiar”, avalia Moreira.

Passado

Promotora revela grave histórico de maus-tratos

Dos três alunos acusados de perseguir colegas na Es-cola Estadual Santa Tereza, dois são irmãos e foram aban-donados pela mãe. Eles têm 8 e 9 anos e aguardam que uma família os adote a mãe perdeu a guarda deles após vários casos de maus-tratos identificados pelo Conselho Tutelar.

O Ministério Público Estadual acompanha o caso há seis anos. Segundo a promotora Mirela Giovanetti, a mu-lher expunha os filhos a diversas situações traumáticas. “Ela via filmes pornográficos e mantinha relações sexuais com o parceiro na frente deles”, contou.

Alcoólatra, a mulher perdeu a guarda de seis filhos, mas ainda cuida de um recém-nascido. Ela chegou a co-locar fogo em um dos filhos e a dar comida de cachorro para os demais.

Para a promotora, os meninos não passam de vítimas da situação. “Eu entendo a posição dos pais dos alunos, mas esses meninos nunca tiveram direito algum na vida”, declarou Mirela.

O psicólogo Dirceu Moreira elogia a decisão da esco-la de não expulsar os garotos. Para ele, o bullying foi pro-vocado por desvio de conduta e eles precisam de acompa-nhamento psicológico. “Mas os alunos que foram vítimas também precisam de tratamento”, ressalta. Consultada, a Secretaria de Estado de Educação informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que aguarda o acompanha-mento do trabalho do Conselho Tutelar. (RRo)

o TEMPo - 1ª P. E P. 24 - - 09.10.2010Esmeraldas.Três alunos de 8, 9 e 12 anos são acusados de ameaçar e agredir os colegas

Pais fazem `segurança´ dos filhos na escolaPor quatro dias, cem alunos faltaram às aulas; pais enunciaram caso a MP e querem expulsão

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SILVANA MASCAGNAFiquei comovida quando

li a reportagem neste O TEM-PO sobre uma escola pública em Esmeraldas, em que três meninos estavam aterrorizan-do os colegas.

A história é chocante. Diante das atitudes agressivas de três garotos de 8, 9 e 11 anos - há relatos de violência física e ameaça de morte -, os pais de mais de cem alunos preferiram não mandar seus filhos para a aula, enquanto pediam a expulsão dos acusa-dos de causar a baderna.

O caso foi parar no Minis-tério Público e, aí, essa histó-ria começa a tomar um rumo raro, nada óbvio, que foge do que seria mais cômodo fazer. Isso, graças a atitude de uma pessoa: a promotora Mirela Giovanetti.

Diante do abaixo-assi-nado dos pais dos alunos pe-dindo a expulsão dos três ga-rotos, Mirela, em vez de dar o que lhe era pedido, exigiu intensificação no tratamento psicológico dado aos meni-nos.

Segundo ela, dois deles - os de 8 e 9 anos - são irmãos e já sofreram toda a sorte de abusos. A mãe perdeu a guar-da desses e de outros quatro filhos, após o Conselho Tu-telar descobrir os maus-tra-tos a que eram submetidas as crianças.

A promotora conta, na reportagem, que a mulher via filmes pornográficos e fazia sexo com o parceiro na frente dos meninos. Além disso, ela chegou a colocar fogo num

dos filhos e dar comida de ca-chorro para os demais.

Essa é o trajetória dos dois irmãos. A do outro ga-roto acusado de causar os problemas na escola não sa-bemos. Mas não deve ser me-nos triste. Os três vivem na Fundação Caio Martins, um abrigo para crianças abando-nadas pelos pais, e aguardam adoção.

“Esse comportamento deles é falta de carinho e afe-to”, atestou a promotora, que diz entender a posição dos pais dos alunos, lembrando, porém, que os meninos “nun-ca tiveram nenhum direito na vida”. E é isso o que Mirela, com sua atitude, pretende co-meçar a mudar. Dar a esses garotos o que eles nunca tive-ram, direitos.

Terminei de ler a reporta-gem assinada por Rafael Ro-cha sinceramente emociona-da. Lembrei-me de histórias parecidas com a de esses ga-rotos, que tiveram suas traje-tórias mudadas por causa da ação de uma pessoa.

Roberto Carlos, o con-tador de histórias mineiro, cuja vida virou filme, talvez seja a mais famosa delas. In-ternado, aos 6 anos de idade, pela própria mãe na Febem - por achar, ingenuamente, que ali ele teria a educação que ela não poderia lhe dar -, Roberto Carlos fugiu mais de cem vezes e, aos poucos, co-meçou a tomar o rumo con-trário do que pretendia sua mãe. Tornou-se um pequenos marginal, uma maneira de se rebelar contra os maus-tratos

a que era submetido. Aos 13 anos, ainda analfabeto, ele era tido como irrecuperável. Ou seja, sua sina parecia es-tar traçada.

Foi graças ao olhar de uma educadora francesa que o então garoto Roberto Car-los começou a vislumbrar um destino diferente daquele que estavam tentavam lhe impin-gir.

Adotado pela mulher, aprendeu a ler, escrever, a se comportar; recebeu atenção, amor e carinho. Tudo o que ele precisava para se tornar hoje, 20 e tantos antes depois, o mesmo anjo salvador que ela foi para ele um dia.

Estive na casa dele em Ibirité e vi de perto “seus fi-lhos”, garotos com trajetórias parecidas com a dele e da-queles três alunos da esco-la de Esmeraldas que foram adotados pelo hoje pedagogo. Meninos que só precisam ser olhados como meninos que são e não como verdadeiros marginais.

“Fui abençoado por um anjo da guarda encarnado, que ensinou o que é o amor pelas pessoas”, costuma dizer Roberto Carlos.

Os garotos rebeldes da escola de esmeraldas também parecem ter encontrado o de-les. E atende pelo nome de Mirela Giovanetti

o TEMPo - P. 2 - Cad MagazinE - 13.10.2010

Segundo a promotora, dois deles - os de 8 e 9 naos - são irmãos e já sofreram toda a sorte de abusos

Obrigada, MirelaOs pais de mais de cem alunos preferiram não mandar seus filhos para

aula, enquanto pediam a expulsão dos acusados de causar a baderna

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Marta Vieira De Sabará, na Grande Belo Horizonte, a Salinas, no Norte

de Minas Gerais, ou Andradas, ao Sul, a terra escavada promete novas safras de minério de ferro, ouro, areia e argila, entre outros insumos de uso industrial, mais de 300 anos depois da chegada do bandeirante Antônio Dias ao Rio Tripuí, na Região Central minei-ra, símbolo da riqueza mineral do estado. Munidos de sofisticados equipamentos de sondagem, os desbravadores deste século abri-ram uma corrida atrás de jazidas nas mesmas áreas que se acredita-va desgastadas no Quadrilátero Ferrífero de Minas e em solos que até então eram descartados dos planos das próprias mineradoras. De janeiro ao mês passado, mais que dobrou o volume de requeri-mentos de pesquisa protocolados junto à superintendência mineira do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), frente a igual período de 2009. Foram 3.540 pedidos, ante 1.729 registra-dos nos primeiros nove meses de 2009.

A nova corrida supera a papelada apresentada em todo o ano passado – 2.357 requerimentos –, representando aumento de 104,7% dos registros no órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia de janeiro a setembro de 2009. Os números se referem apenas às iniciativas do setor privado de vasculhar o estado à procura de bens minerais, passados os efeitos da crise financeira mundial sobre o comércio das chamadas commodities, produtos primários cotados no mercado internacional. Pela Constituição, qualquer cidadão pode requerer o direito à pesquisa mineral. A partir da lavra, só as empresas constituídas para este fim podem furar o subsolo.novas FronTEiras

Dezenas de municípios estão no rastro dessa corrida, que tem como principais alvos o minério de ferro e o ouro, além dos insu-mos que alimentam a construção civil, setor em plena expansão. Ao lado das tradicionais cidades mineradoras da porção Central de Minas, a pesquisa caminhou para uma série de áreas do Norte, como Grão Mogol, Salinas, Águas Vermelhas e Botumirim; seguiu na direção do Vale do Rio Doce, desbravando Carmésia, Aimorés e Açucena; e busca descobertas no Sul do estado, no entorno de Alínópolis, Andrelândia e Alfenas. A geografia da pesquisa pode ser observada em detalhes nas 3.120 autorizações de pesquisa con-cedidas este ano pelo DNPM. Num movimento semelhante ao dos requerimentos de pesquisa, elas aumentaram de forma expressiva, com acréscimo de 58% frente ao período de janeiro a setembro de 2009.Do escritório de Brasília, Roberto da Silva, diretor de gestão de títulos minerários do DNPM, diz que o ritmo de entrada dos re-querimentos de pesquisa voltou aos níveis anteriores à turbulência na economia mundial, que derrubou o comércio de minerais e os planos de investimento da indústria. A mudança de cenário é radi-cal, provocada pela reação dos preços das commodities pelo retor-no da demanda da China e de outros países emergentes. Os preços da tonelada de minério de ferro saíram de US$ 80, em média, no ano passado, para a faixa de US$ 125. O ouro alcançou US$ 1.350 por onça troy (equivale a 31,1 gramas) este mês, frente à média de US$ 1.100 em 2009.

“Todo mundo quer ter uma jazida para se tornar fornecedor dos chineses. O ouro não enfrentou crise e a indústria da constru-ção civil está a todo vapor”, afirma Silva, do DNPM. A procura nos balcões do órgão do MME cresceu ao ponto de sinalizar con-

tratos já para o ano que vem na carteira da Geosol, uma das maio-res empresas do ramo de pesquisa mineral no país, com trabalhos em todo o território nacional e na África, conta o presidente da companhia, João Luiz Carvalho.

Minas representa 35% da carteira de serviços prestados pela Geosol, que registrou acréscimo de 45% de contratos entre janei-ro e setembro. “A perspectiva para 2011 é de trabalharmos com 100% da nossa capacidade. Além dos clientes que já atendíamos, há novas empresas investindo e parte delas associada aos chine-ses”, afirma. As consultas aumentaram 60% este ano, uma surpre-sa para Carvalho, que esperava só ver a retomada de projetos das mineradoras no ano que vem.

A reação dos preços e do consumo não explica sozinha a cor-rida pela pesquisa mineral. O desenvolvimento tecnológico para aproveitamento dos recursos minerais de baixos teores aumentou a vida útil das reservas e tornou viável a exploração de depósitos que a princípio não interessam às empresas, lembra José Fernando Coura, presidente do Sindicato da Indústria Extrativa (Sindiextra) de Minas.

EsTado dE Minas - P. 10 E 11 - 13.10.2010

MP quer acompanhar procedimentos

Atento ao longo caminho entre a pesquisa e o licencia-mento ambiental, o Ministério Público Estadual acompanha o crescimento veloz dos requerimentos de pesquisa de forma pre-ventiva, segundo o promotor Carlos Eduardo Ferreira, coorde-nador das promotorias de defesa do meio ambiente do Rio das Velhas e Paraopeba. Equipes já começaram a trabalhar também no Norte de Minas, nas proximidades de Rio Pardo de Minas, região considerada uma nova fronteira da mineração no esta-do. “Detectamos essa corrida e estamos instalando inquéritos administrativos para acompanhar o processo antes do licencia-mento”, afirma.

O que o MP deseja, de acordo com Carlos Ferreira, é acompanhar todos os procedimentos que devem ser tomados pela empresa envolvida num projeto de exploração do subsolo e a condução do licenciamento pelos órgãos ambientais res-ponsáveis. “A sustentabilidade do setor será garantida com um plano de controle ambiental correto e um processo de licencia-mento feito de maneira adequada”, diz o promotor de Justiça. Exemplos dessa mudança de foco da instituição, há dois gran-des projetos para extração de ferro acompanhados desde as dis-cussões com as comunidades envolvidas: o Apolo, conduzido pela Vale em Caeté, na Grande BH, e o Viga, da Ferrous Brasil em Congonhas, na Região Central do estado.

Outra medida que Carlos Ferreira considera fundamen-tal e já tem implementado em acordos – os TACs, termos de ajustamento de conduta – é a fiança para assegurar a posterior recuperação das áreas degradadas. A própria Ferrous e o grupo siderúrgico Gerdau, de Porto Alegre, negociaram a caução, por meio de depósito em conta judicial, vinculada à recuperação ambiental futura de áreas mineradas. “Com essa garantia, es-peramos evitar que a sociedade fique com passivos ambientais. Temos casos emblemáticos que ocorreram nas serras do Rola Moça e da Piedade”, afirma. (MV)

Mineração

Corrida pelas riquezas das terras de MinasPedidos de pesquisa mineral em território mineiro têm aumento de 104% de janeiro a

setembro e chegam a 3.540. Empresas buscam ferro, ouro e minérios de uso na construção

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Marta Vieira O Brasil investe muito menos do que seus con-

correntes no mundo em mapeamento geológico bási-co, estágio anterior à aplicação de recursos na pros-pecção de minerais, e não tem instrumentos tão atra-tivos ao setor. Essa deficiência brasileira pode com-prometer os investimentos das empresas privadas e o avanço da pesquisa, alerta o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Var-gas Penna, que revisou pela terceira vez, em agosto, os planos da indústria de aplicar US$ 62 bilhões em projetos de extração e ampliação da produção até 2014, um recorde. Estatísticas apuradas pela institui-ção apontam que, no entanto, o Brasil teve parcos 3% do orçamento de US$ 7,3 bilhões da pesquisa geológica básica no mundo ao longo do ano passa-do. Antes da crise global, em 2008, o total estimado foi de US$ 13,4 bilhões, quando o Brasil detinha os mesmos 3%.

Nações com dimensões territoriais mais pró-ximas do Brasil, como o Canadá e a Austrália, re-gistraram, respectivamente, 16% e 13% do total. “O conhecimento geológico que se tem no Brasil é absolutamente insuficiente para reduzir os riscos do investimento na descoberta de recursos minerais”, afirma Paulo Camillo. Conforme levantamento feito pelo Ibram, comparando a área de cada país com o total de investimentos realizados, a África do Sul in-veste 7,7 vezes mais do que o país em levantamento geológico básico; o Chile, 17,7 vezes mais e o Peru, 14,6 vezes, além de uma longa lista de exemplos em melhor posição que a economia brasileira.

O quadro de desvantagem permanece mesmo diante do aumento das cifras destinadas ao mapea-mento geológico nos últimos anos. O Serviço Geo-lógico do Brasil (antiga CPRM) investiu R$ 132 mi-lhões de 2005 a 2008, ante um investimento ínfimo de R$ 13 milhões entre 2000 e 2004. Menos de 20% do território brasileiro é mapeado na escala de 1/100 mil quilômetros quadrados, ou seja, cada centíme-tro do mapa geológico mostra 100 mil km2. Outros 4,3% são conhecidos na escala 1/50 mil km2. Com a base fraca da pesquisa financiada com dinheiro pú-blico, é de se pressupor que a aposta do setor privado

na prospecção e sondagem de minerais tem muito espaço para crescer.

Ranking Roberto da Silva, diretor de gestão de direitos minerários do DNPM, lembra que a corrida da pesquisa mineral em Minas pôs o estado na pri-meira posição do ranking nacional este ano. A Bahia, que ocupa o segundo lugar, teve 1.930 requerimentos protocolados, menos da metade dos registros da supe-rintendência mineira (3.540). O Pará ficou na oitava colocação, com 508 pedidos. Ao todo, foram 14.952 requerimentos no país. “Quanto mais se conhece a geologia básica do país mais se tem a possibilidade de abertura de jazidas”, afirma Silva.

Para Paulo Camillo Vargas, do Ibram, o Brasil tem perdido a oportunidade de alavancar recursos privados em pesquisa mineral com a falta de ins-trumentos já usados no mercado internacional, um deles a bolsa de valores, a exemplo da sistemática em vigência no Canadá. Outra política de países concorrentes, como o Chile, é permitir que o título minerário seja usado como garantia real em finan-ciamento de recursos para o setor privado investir na descoberta mineral.

O boom da pesquisa em Minas reúne empresas que têm planos regulares de investimento e novos concorrentes, inclusive as chamadas empresas ju-niores canadenses, aquelas surgidas de fundos de in-vestidores com aplicações em bolsa. A gigante Vale anunciou R$ 1 bilhão destinados este ano para pes-quisa e desenvolvimento nas áreas em que atua no mundo. Em Minas, a mineradora definiu 180 metros de sondagens, projeto semelhante ao que foi realiza-do em 2008 e 2009, a despeito dos efeitos da crise financeira mundial.

Já a MMX Mineração e Metálicos, empresa con-trolada por Eike Batista, o oitavo homem mais rico do mundo, prevê 19 mil metros de sondagem e 120 furos, dos quais 20 serão feitos este ano, informa Ro-ger Downey, presidente da companhia. “Nosso foco, hoje, é no minério de ferro. Temos centenas de áreas de pesquisa, já que surgiram mercado e a necessida-de de aumento da oferta”, afirma.

ConT... EsTado dE Minas - P. 10 E 11 - 13.10.2010Mineração

Sem conhecer o mapa do tesouroBrasil investe pouco no mapeamento geológico e responde por 3% das verbas aplicadas para a revelação do subsolo no mundo

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EsTado dE Minas - P. 8 - 12.10.2010

Pena que dói no bolso Acusados de sonegar informações na tentativa de barrar investigação, prefeitos de Divino

das Laranjeiras e Comercinho são condenados a pagar multa no valor de seus salários

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EsTado dE Minas - P. 17 E 18 - 12.10.2010

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ConT... EsTado dE Minas - P. 17 E 18 - 12.10.2010

LISTA DE EDITAIS SUSPENSOS, REVOGADOS E ANULADOS

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EsTado dE Minas - P. 21 - 09.10.2010

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Ernesto Braga O inciso LXVIII do artigo 5º da Constituição Fe-

deral é claro: “Conceder-se-á habeas corpus (HC) sem-pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Nas cadeias mi-neiras, o conceito da lei está sendo posto em prática por presos que, sem condições de pagar um advogado e impacientes com o demorado atendimento da Defen-soria Pública, cada dia mais sobrecarregada com pilhas de processos, buscam a liberdade por conta própria. De 1º de setembro de 2009 a 22 de setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu 50 corres-pondências de detentos do sistema prisional de Minas requisitando, de próprio punho, o benefício do HC. Quinze, ou 30%, saíram de trás das grades.

No ano passado, o STF concedeu 4,7 mil pedidos de liberdade, dos quais 1,2 mil (25%) foram feitos por meio de cartas enviadas por presos à mais alta corte do país. A maior parte deles cumpria pena ou esperava julgamento em unidades prisionais de Minas, São Pau-lo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. “O Supremo dá mais crédito ao HC enviado pelo detento que faz sua própria defesa do que ao impetrado por advogado”, afirmou o presidente da Comissão de Assuntos Peni-tenciários da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Minas Gerais (OAB-MG), Adilson Rocha.

Ele explica que o habeas corpus (do latim corpo livre) pode ser solicitado por qualquer pessoa em bene-fício de outra. Não é necessário que um advogado seja constituído para entrar com o recurso nos tribunais. Portanto, o próprio detento tem condições de fazer o pedido, enviando correspondência às três instâncias ju-diciais. Entre os beneficiados em Minas por HC escrito de próprio punho está um jovem de 25 anos, acusado de cometer homicídio em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. No pedido redigido na carceragem do presídio José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande Belo Horizonte, e encaminhado ao STF em 9

de setembro de 2009, ele alegou excesso de prazo para pronúncia de sua sentença. CusTos

Na carta endereçada ao então presidente do Supre-mo, ministro Gilmar Mendes, o acusado ressaltou que estava preso há quatro anos e 10 meses e que, durante esse período, “aproveitou o ócio para ler coisas edifi-cantes, como a Constituição Federal”. Pela lei, argu-mentou o jovem, “ninguém pode ficar preso por pra-zo superior a dois anos, à disposição da Justiça, sem sentença de condenação ou absolvição”. Na correspon-dência, ele afirmou que recorreu por conta própria ao STF por “ser pobre e não ter defensor constituído pelo Estado”. Pela tabela da OAB, um advogado cobra R$ 1,5 mil para impetrar um HC. O selo da carta simples enviada do presídio de Neves a Brasília custou R$ 0,70, segundo os Correios.

O pedido de HC, com cópia do processo originado na comarca de Teófilo Otoni e sem pedido de liminar, deu entrada no STF 10 dias depois, sendo designada como relatora a ministra Cármen Lúcia. Em decisão proferida em 22 de setembro do mesmo ano, 13 dias de-pois do envio do pedido, a magistrada remeteu os autos ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), fato comunicado ao acusado em 13 de outubro. De acordo com o TJMG, ele deixou a prisão em agosto deste ano e seu processo está na secretaria da Vara de Execuções Criminais de Neves.

Além dele, também com pedidos feitos entre se-tembro de 2009 e setembro deste ano, ganharam a liber-dade três pessoas que estavam presas em São Joaquim de Bicas e duas em Contagem, na Grande BH; duas em Juiz de Fora e uma em Muriaé, na Zona da Mata; uma em Guaranésia e outra em Paraisópolis, no Sul de Minas; uma em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri; uma em Nova Serrana, no Centro-Oeste; uma em Pirapora, no Norte de Minas; e outra em Turmalina, no Vale do Jequitinhonha.

EsTado dE Minas - P. 17 E 18 - 13.10.2010

Assim como o STF, as varas de execuções criminais dos fóruns dos municípios mineiros e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) recebem correspondências escritas por detentos com solicitações de habeas corpus, segundo o presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da OAB-MG, Adilson Rocha. Mas, em muitos casos, segundo ele, os pedidos não têm embasamento jurídico ou legal.

“Nesse episódio envolvendo o goleiro Bruno (Fernan-des de Souza), por exemplo, o TJMG recebeu mais de 20 pedidos de HC, enviados por populares, muitos deles argu-mentando que ele deveria ser solto porque é um excelente goleiro, porque é charmoso ou porque tem as pernas boni-

tas”, relata. Bruno e outros nove pessoas são acusados de en-volvimento no assassinato de Eliza Samudio, ex-amante do atleta. Todos os pedidos de HC para o jogador, preso desde o início de julho, foram negados pela Justiça.

Além dos detentos que dentro das celas buscam conhe-cimentos jurídicos em livros para elaborar o próprio HC, há presos que se oferecem para redigir o pedido do benefício do colega de carceragem, e que por isso levam o apelido de “escribas da cadeia”. “Eles fazem isso em troca de pequenas quantias em dinheiro ou de maços de cigarro. Os escribas es-tão presentes em todos os presídios”, afirma Adilson Rocha.

Liberdade com o próprio punho

Pedidos esbarram em falta de embasamento

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Ernesto Braga O mecanismo legal que permite aos detentos re-

quisitar, em mensagens escritas de próprio punho, a liberdade por meio de habeas corpus (HC) se aplica a várias irregularidades durante a prisão, além do ex-cesso de prazo para pronúncia de sentença. Um dos exemplos citados pelo presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil seção Minas Gerais (OAB-MG), Adilson Rocha, é quando expira o prazo da prisão temporária, que é de cinco dias para crimes comuns e 30 para os hediondos. “A lei prevê que o HC é usado para pessoa presa ou na iminência de ser presa, em razão de abuso de poder na prisão”, explica. A prerrogativa de pedir a própria soltura, sem interferência de advogados, já tirou de trás das grades 15 presos mineiros em casos avaliados em um ano apenas pelo Supremo Tribunal Federal.

O especialista afirma que o excesso de prazo para pronúncia de sentença se configura quando o período de prisão ultrapassa 101 dias, para crimes comuns, e 300 dias, para casos mais complexos, sem que o juiz responsável se manifeste sobre a possibilidade de o réu ir ou não a julgamento . “É usado o que chamamos de princípio da razoabilidade. No crime de tráfico de drogas, por exemplo, o prazo é de 160 dias, mas isso pode variar de acordo com a quantidade de material a ser analisado”, disse.

Caso o preso decida assumir a própria defesa, diante da falta de condições de pagar por um advo-gado ou da demora no atendimento pela Defensoria Pública, ele não precisa seguir regras específicas para redação do HC, que pode ser escrito em qualquer tipo de papel. De acordo com o Supremo Tribunal Federal

(STF), há casos em que os presos fazem a solicitação do benefício até em papel higiênico. Adilson Rocha lembra que o habeas corpus pode ser impetrado em qualquer instância judicial em benefício de quem co-mete qualquer crime, inclusive os hediondos. Segundo o STF, a maioria dos pedidos feita pelos próprios de-tentos é repassada aos tribunais de Justiça dos estados (2ª instância), que têm competência para analisá-los.

Em maio de 2008, foi criado um canal direto com o Supremo, a Central do Cidadão (Atendimento STF). Atualmente, uma equipe de 14 pessoas faz a triagem e dá encaminhamento às correspondências, que somam em média 1,5 mil cartas por mês, 27% (405) delas es-critas por detentos.

Adilson Rocha relembra um caso ocorrido na an-tiga Delegacia de Furtos e Roubos, que funcionava no Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. De acordo com ele, a mãe de um detento da unidade foi visitá-lo e recebeu de outro rapaz, da mesma cela, um bilhete. “Era um pedaço pequeno de papel escrito apenas ‘Eu sou fulano de tal e estou preso irregular-mente na Furtos e Roubos. Socorro, me ajudem’”, re-lata o advogado. O detento pediu à mãe do colega de cela que entregasse o bilhete no Fórum Lafayette.

Mas a mulher acabou levando o bilhete para o pré-dio do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na Rua Goiás, Centro da cidade. “Lá, entregou o papel a um policial militar que, na época, fazia a segurança do Tribunal. Ele leu, amassou e jogou no lixo. Porém, a secretária de uma das varas criminais ouviu a con-versa e recolheu o bilhete, interpretando que se tratava de um pedido de habeas corpus. O caso foi analisado e o preso, atendido pelo benefício”, conta Adilson Ro-cha.

Excesso de prazo para formação da pro-núncia de sentença (pronunciamento do juiz in-dicando se o réu vai ou não a julgamento)

Fim do prazo da prisão temporária, de cin-co dias para crimes comuns e de 30 para he-diondos

Quando não houver justa causa para a pri-são

Ordem de prisão expedida por quem não tem competência para fazê-lo

Negativa de pagamento de fiança nos casos em que a lei a autoriza

Casos em que o processo for considerado nulo

Extinção da punibilidade, ou seja, quando a pena já foi cumprida pelo sentenciado

Fonte: Comissão de Assuntos Penitenciá-rios da Ordem dos Advogados do Brasil seção Minas Gerais (OAB-MG)

ConT.. EsTado dE Minas - P. 17 E 18 - 13.10.2010Justiça

Situações em que o habeas corpus deve ser concedido

Regras no caminho para deixar a cela

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Celso Martins - Repórter Pelo menos 5 mil presos mineiros foram soltos

pelo mutirão carcerário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), encerrado na última sexta-feira (8). O balanço de benefícios concedidos será finalizado no próximo dia 13, em Brasília. Minas foi o estado que mais colocou detentos nas ruas, seguido por Goiás, que concedeu 2.800 solturas. Desde agosto de 2008, quando o CNJ iniciou os mutirões no Brasil, foram analisados 185.196 processos, que resultaram na li-bertação de 27.043 pessoas. Segundo o CNJ, 47.173 conseguiram redução de pena.

O Conselho dividiu Minas em seis polos. O de Belo Horizonte, o maior, que incluiu presos da Re-gião Central do Estado, teria que ser encerrado em 17 de setembro, mas acabou prorrogado até 8 de ou-tubro.

Segundo a coordenadora do Mutirão, juíza Sel-ma Arruda, o motivo foi a demora no envio dos pro-cessos pelos fóruns da Região Metropolitana de BH. No polo da capital, o Mutirão analisou a situação de 11.344 detentos. Destes, 1.359 foram libertados. O Sul de Minas foi o segundo polo que mais colocou detentos nas ruas: 488. Na Zona da Mata, 465 presos ganharam liberdade.

O pedreiro João Amador Aguiar, 36 anos, de Juiz de Fora, na Zona da Mata, condenado a quatro anos de prisão por homicídio, foi solto no final de se-tembro, depois que o Mutirão analisou seu processo e concluiu que ele não precisaria continuar atrás das grades. O pedreiro trabalhava no presídio do muni-cípio, ajudando a preparar alimentos para os demais internos, e tinha bom comportamento. “Estou recupe-rado e muito arrependido. Matei em 2005, por legíti-ma defesa, um homem que entrou na minha casa para furtar uma bicicleta. Agora, quero recomeçar minha vida”, garante.

O juiz Vinícius Borba Paz Leão, do Rio Grande do Sul, nomeado pelo CNJ para coordenar o polo do Sul de Minas, informou que 23 presos foram soltos em função da extinção da pena. Entre eles, detentos com sentenças já cumpridas e até prescritas. Nas duas situações, a pessoa não deveria estar encarcerada, mas permanecia recolhida em unidades prisionais.

Um caso diz respeito a uma pena que foi en-cerrada em abril de 2009, mas a pessoa continuava presa.

Segundo o magistrado, várias podem ser as cau-sas do episódio: “mas todas deverão ser identificadas e apuradas, de forma a se corrigir essas falhas e evitar que voltem a acontecer”, explica. Quem fica preso indevidamente, por mais tempo que o previsto, pode acionar o poder público em busca de indenização por

HoJE EM dia - P. 01 Minas - 11.10.2010

Minas lidera soltura de presos durante mutirão carcerárioPelo menos 5 mil detentos do Estado ganharam liberdade após revisão de processos pelo Conselho Nacional de Justiça

Com a segunda maior população carcerária do Brasil - cerca de 50 mil presos -, Minas Gerais liderou a libertação de pessoas durante o mutirão de análise de processos do Con-selho Nacional de Justiça. O balanço preliminar indica que

5 mil presos foram libertados em Minas Gerais. No Brasil. houve a soltura de 27.043 detentos.

PAGINA 01, MINAS

Mutirão da Justiça solta 5 mil presos em Minas

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danos morais.

MG é o 2º em número de detentosMinas é o 25º estado a promover o Mutirão coordenado pelo CNJ, com

o objetivo de revisar processos criminais. Em MG, existem cerca de 50 mil presos, sendo 11 mil provisórios. Trata-se da segunda maior população car-cerária do país, perdendo apenas para São Paulo, que concentra cerca de 160 mil detentos.

A iniciativa do CNJ surgiu em agosto de 2008. Em todo o país, já foram revistos 167 mil processos, e mais de 24 mil pessoas acabaram libertadas.

Apenas Rondônia e Rio Grande do Sul ainda não promoveram as ações, que são focadas em três eixos de atuação: dar efetividade à Justiça criminal; garantir o princípio constitucional do devido processo legal, por meio do an-damento regular do processo; e promover a reinserção social com o programa Começar de Novo, que oferece vagas de trabalho e cursos de capacitação pro-fissional para presos, egressos e menores em conflito com a lei.

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Eram 20h15. Quarta-feira. Felipe Willer Moreira, 23, conversava com amigos na porta de um bar no bairro Jardim Comerciários, na região de Venda Nova. Quatro homens chegaram em dois carros. Dois deles saíram dos veículos e atiraram contra o rapaz. Moreira morreu. A suspeita da polí-cia é a de que o crime seja um acerto de contas.

Como o jovem, outras 161 pessoas foram assassinadas em Belo Horizonte entre janeiro e junho deste ano. Apesar de os crimes não terem qualquer relação, um fator em co-mum coloca todos na mesma estatística: as vítimas foram mortas entre 18h e 24h.

Segundo levantamento da Secretaria de Estado de De-fesa Social (Seds), isso significa que 45% dos 357 assassi-natos cometidos na capital, no primeiro semestre deste ano, aconteceram nesse intervalo de tempo. No mesmo período do ano passado, embora tenham ocorrido mais assassinatos (362), foram registradas menos mortes no horário conside-rado crítico (159).

Para os especialistas em segurança pública, a maior in-cidência de homicídios à noite pode ser explicada por uma deficiência nas estratégias de segurança da polícia. Outra questão é o fato de a população estar mais vulnerável nesse horário, uma vez que está mais livre para o convívio social. “Nesses momentos, as pessoas estão em família, em bares ou em campos de futebol. Nesses locais, pequenos conflitos antigos se potencializam e surge a oportunidade do crime”, afirma o coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas, Luis Flávio Sapori.

O pesquisador do Centro de Estudos e Criminalidade (Crisp) da UFMG, Luis Felipe Zilli, afirma que os homicí-dios seguem um padrão de hora, local e de maneira de exe-cução, por isso, tornam-se mais previsíveis. Para ele, se o trabalho de inteligência das autoridades de segurança fos-se mais efetivo, muitos crimes poderiam ser evitados. “De fato, as polícias têm um efetivo menor nesse horário (18h às 24h). A questão tem que ser melhor trabalhada e, se não totalmente evitada, pelo menos reduzida. Tem que haver um investimento”, ressalta.

Sapori concorda que a maior fiscalização em regiões com grande índices de criminalidade pode reduzir o núme-ro de homicídios. “Uma outra questão importante é o de-sarmamento”, diz. O outro lado. O chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar, coronel Cícero Nunes, vê de modo diferente o quadro de homicídios da capital. Sem revelar detalhes das ações, ele afirma que o efetivo de 5.600 policiais é distribuído conforme a inci-dência das ocorrências - independentemente dos horários e regiões. “A ação da polícia acontece conforme o padrão da criminalidade. Nós estamos sempre estudando os pontos com maior número de ocorrências e trabalhando estratégias de combate ao crime”. Segundo a Seds, de 2003 a dezembro

2009, o governo de Minas destinou R$ 27,2 bilhões à área de segurança pública. A previsão de investimento para 2010 é de R$ 5,9 bilhões.

Polícia Militar monitora pelo menos 140 homicidas em Belo Horizonte

Uma estratégia da Polícia Militar para diminuir o nú-mero de assassinatos é o monitoramento contínuo de pes-soas consideradas potencialmente aptos a cometer o tipo de crime. Segundo o chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Cícero Nunes, atualmente, 140 cri-minosos são acompanhados 24 horas por dia pela polícia em Belo Horizonte.

Nunes explica que esses suspeitos são selecionados, conforme o histórico policial, e ficam cadastrados com a foto no sistema da polícia. O coronel afirma que entre os suspeitos acompanhados pelos policiais estão, até mesmo, reclusos em unidades prisionais. De acordo com o coman-dante, aqueles que estão nas ruas são rotineiramente aborda-dos quando estão em atitude suspeita. “A intenção é coibir uma ação desses suspeitos”.

Segundo o coronel, não bastasse isso, a polícia também conta com o trabalho preventivo do Grupo Especializado de Área de Risco (Gepar). São 21 conjuntos de 14 a 30 policiais que atuam em regiões onde é maior o índice de criminali-dade. “Esses grupos têm bases territoriais definidas e traba-lham próximos da comunidade”. (RR)

o TEMPo - P. 24 -11.10.2010

Hora da morte.Homicídios entre 18h e 24h representam 45% das 357 ocorrências registradas no 1º semestre

Noite concentra o maior índice de assassinatos na capitalEspecialistas afirmam que, no horário, vítimas estão no onvívio social e são mais vulneráveis

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Menos provas

Crimes noturnos dificultam as investigações

Quem trabalhar na investigação de um homicídio revela que um detalhe pode ser crucial para se chegar à autoria do crime. Há 26 anos na Polícia Civil, o investigador Ronildo Lopes afirma que os momentos seguintes ao assassinato são fundamentais. A análise do local, quando preservado, e as informações de testemunhas tornam mais rápidos e precisos o trabalho de apuração da polícia.

Lopes acredita que a realização dessas tarefas à noite é sempre mais complicada para os investigadores. “Geralmen-te, os peritos têm mais dificuldade de encontrar provas. Con-versar com testemunhas também é complicado. Na maioria das vezes, elas nem existem”, afirma.

Um exemplo disso é o assassinato de Felipe Willer Mo-reira. O jovem foi baleado na porta de um bar na região de Venda Nova e, mais de 15 dias após o crime, ninguém foi preso. Suspeita-se de acerto de contas por tráfico de drogas. As investigações do caso são comandadas por uma equipe da Delegacia de Homicídios de Venda Nova e devem se ar-rastar. Isso porque a polícia precisa reunir laudos técnicos que, associados a depoimento, serão reunidos ao processo para se chegar à autoria do crime. (RR)

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ConT... o TEMPo - P. 24 -11.10.2010

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Da Redação Os Ministérios Públicos de todo o país iniciam, nesta sema-

na, o levantamento dos inquéritos sobre homicídios instaurados até 31 de dezembro de 2007 e ainda em andamento. O mapea-mento de quantos procedimentos existem deve ser feito até o dia 31 de outubro, com o objetivo de garantir a conclusão de todos eles até julho de 2011, conforme meta estabelecida pela Enasp (Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública).

De acordo com a conselheira Taís Ferraz, coordenadora do Grupo de Persecução Penal, que gerencia a ação proposta pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) no âmbito da Enasp, “o levantamento permitirá dimensionar o volume de inquéritos ainda inconclusos, abrindo caminho para a definição de ações regionais e nacionais voltadas à agilização e maior efe-tividade nas investigações”. Segundo a conselheira, “este gran-de trabalho em regime de esforço concentrado surtirá efeitos que serão ainda maiores que levar a termo as investigações ain-da pendentes; resultará na redução da sensação de impunidade e na prevenção de novos crimes”.

Para dar continuidade e agilizar a investigação e o julga-mento de crimes de homicídio foram fixadas quatro metas: eli-minar a subnotificação nos crimes de homicídio; concluir todos os inquéritos e procedimentos que investigam homicídios dolo-sos instaurados até 31 de dezembro de 2007; alcançar a pronún-cia em todas as ações penais por crimes de homicídio ajuizadas até 31 de dezembro de 2008; e julgar as ações penais relativas a homicídio doloso distribuídas até 31 de dezembro de 2007.

O levantamento dos inquéritos servirá para embasar as ações relativas à meta de conclusão dos inquéritos sobre ho-micídio. O trabalho será coordenado no âmbito dos Ministé-

rios Públicos dos Estados pelos gestores estaduais das metas da Enasp, que são membros do MP indicados pelos respectivos procuradores-gerais a partir de solicitação do CNMP. Os gesto-res irão compilar as informações repassadas pelos promotores com atuação na área penal específica e enviá-las ao conselho via formulário eletrônico - o procedimento será similar ao utilizado para envio de outros dados solicitados pelo CNMP (Resoluções 32 e 33).

Ao mesmo tempo em que os números são compilados em todo o Brasil, a equipe do CNMP trabalha num sistema capaz de mostrar, em tempo real, a evolução da meta.

EnaspCriada em fevereiro deste ano, a Enasp (Estratégia Nacio-

nal de Justiça e Segurança Pública) é resultado de uma parceria entre os CNMPs (Conselhos Nacionais do Ministério Público) e de CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o Ministério da Justiça. O objetivo é promover a articulação e o diálogo dos órgãos en-volvidos com a segurança pública, reunir e coordenar as ações, além de traçar políticas nacionais de combate à violência.

No lançamento, cada um dos parceiros apresentou uma ação prioritária. O CNMP foi responsável por propor estratégias para agilizar a persecução penal dos homicídios. A ação pro-posta pelo CNJ é a erradicação das prisões em delegacias. Já o Ministério da Justiça propôs a criação de um cadastro nacional de mandados de prisão. Além de CNMP, CNJ e MJ, a Enasp já conta com a adesão da OAB, da Defensoria Pública, além de órgãos federais e estaduais com atuação na área de segurança pública.

*Com informações da assessoria de imprensa do CNJ

ÚlTiMa insTânCia - sP - ConaMP - 13.10.2010

MPs de todo país iniciam levantamento de inquéritos sobre homicídios em tramitação

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EsTado dE Minas - P. 16 - 13.10.2010Tecnologia contra o crime

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HoJE EM dia - P. 17 - 09.10.2010

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ConT... HoJE EM dia - P. 17 - 09.10.2010

Familiares de um adolescente de 16 anos que morreu vítima de espancamento na cidade de Bom Despacho, na região Centro-Oeste do Estado, acusam poli-ciais militares de agredirem o jovem sem motivo até a morte. A Polícia Militar não fala sobre o assunto.

De acordo com a versão da família do rapaz, ele pilotava uma moto com um amigo na garupa quando foi parado pelos militares. Os policiais, em ronda na cida-de, teriam abordado o jovem que, por ner-vosismo, acabou batendo em um barran-co. Conforme informações publicadas no “Correio Bom-Despachense”, um jornal local, após o acidente, policiais teriam al-gemado o garoto e batido nele e no jovem de 18 anos que estava na garupa. Tudo aconteceu na última sexta-feira.

O pai do adolescente foi até o lo-cal da apreensão e verificou que seu fi-lho tinha escoriações. O adolescente foi

acompanhado de seus pais para o pronto socorro da Santa Casa da cidade. Ainda de acordo com informações do mesmo jornal, o adolescente teria dito aos pais que tinha apanhado demais dos militares e que estava com muitas dores.

Gravidade. O médico de plantão na Santa Casa, ao atender o rapaz, o levou para uma cirurgia de emergência. O ado-lescente apresentava hemorragia abdo-minal e três costelas quebradas.

O menor não resistiu aos graves feri-mentos e morreu na tarde do mesmo dia. O enterro do adolescente aconteceu no último sábado. A família do adolescente culpa os policiais pela morte do rapaz e já acionou o Ministério Público Estadual (MPE) para acompanhar o caso.

A redação tentou contato inúmeras vezes com a Polícia Militar de Bom Des-pacho e nenhum telefonema foi atendi-do.

o TEMPo - P. 25 - 12.10.2010 bom despacho

Família acusa policiais de matar adolescente

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Jornal da ManHã - Mg ConaMP - 13.10.2010

Policiais civis absolvidos da acusação

de torturas a detidoJustiça uberabense sentencia o últi-

mo processo que apura crime de tortura atribuído a policiais. Doze policiais civis foram absolvidos, incluindo a delegada Sandra Wazir, processada por omissão também prevista na chamada “Lei da Tortura”.

A absolvição decretada pelo juiz da 3ª Vara Criminal seria consequência da falta de provas na ação penal de inicia-tiva do Ministério Público, onde aparece como vítima Murilo Sidney do Amaral. É o que o juiz Daniel Botto Collaço diz na decisão de quatro folhas agora publicada. O processo iniciado em 2004 resultou de investigação sob a presidência do promo-tor Carlos Alberto Valera, após o Minis-tério Público ser procurado pela suposta vítima Murilo Amaral.

Consta nos autos que o elemen-to teria sido torturado nos dias 8 e 9 de março de 2004 por onze policiais civis. A violência física e mensal teria como ob-jetivo fazer com que confessasse crimes que não cometeu.

Na época acabaram denunciados e processos os carcereiros Valdeci Pereira Brito, Márcio Henrique dos Reis, Márcio Senne e Evaldo José de Souza, bem como os detetives Israel José Anicésio da Silva (Robocop), Jorge Henrique Severino, Marcelo Alves Nascimento, Francisco de Assis da Anunciação, Viktor Augusto Correia Tayar e Reinaldo Santos Soares, este último com cargo não citado. Além deles também foi denunciado o então inspetor Anildo da Fonseca Monteiro, posteriormente excluído da Polícia Ci-vil acusado de envolvimento em crime de extorsão. Ainda quanto a Murilo, este foi preso por policiais militares e levado para delegacia como suspeito de um rou-bo. A partir daí ele teria sofrido a série de agressões, inclusive sendo levado para um canavial, onde teria sido torturado. Diferente do que as testemunhas da víti-ma declararam na fase de investigação na promotoria, elas mudaram os depoimen-tos na fase judicial, levando o próprio Ministério Público a pedir a absolvição, parecer acatado pelo juiz do processo.

O próprio Murilo prestou depoi-mento fragilizado. Após reafirmar em juízo que foi torturado para confessar crime, a suposta vítima foi contraditória. Após declarar que estava de olhos livres no momento dos fatos, também revelou que não enxerga bem sem óculos, situa-ção impeditiva para visse quais policiais seriam os torturadores. O julgador cita ainda haver contradições entre as torturas sofridas e as lesões narradas no Laudo de Exame de Lesões Corporais.

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o TEMPo - P. 22 E 23 - 13.10.2010

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) vai encami-nhar um ofício à direção da Penitenciária Nelson Hungria para que o goleiro Bruno Fernandes seja oficialmente ouvido, ainda nessa semana, sobre as supostas ameaças e chantagens feitas pelo advogado Ércio Quaresma, como forma de ser mantido no caso.

A decisão foi anunciada ontem pelo presidente da entidade, Luís Cláudio Chaves, que revelou já ter feito uma tentativa de ouvir do jogador a versão sobre o caso. Na última sexta-feira, um secretário da OAB-MG foi até o Fórum de Contagem, onde Bruno participava de uma audiência, mas foi impedido de entrar no local pela juíza Marixa Rodrigues, que presidia a sessão.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou, através da assessoria de imprensa, que tão logo chegue o pedido da OAB o goleiro deverá ser liberado para dar as informações.

As denúncias contra o advogado vieram à tona há uma sema-na quando o goleiro procurou uma outra profissional para defen-dê-lo. No entanto, segundo a família, a troca só não ocorreu por-que Ércio Quaresma fez ameaças diretas de morta aos parentes do goleiro, caso fosse retirado do caso. A OAB também quer ouvir a versão do advogado. Ontem, ele foi insistentemente procurado, mas não retornou as ligações, nem respondeu aos recados.

As acusações contra Quaresma se fortaleceram com a divul-gação de uma entrevista concedida pela dentista Ingrid Oliveira, que se apresenta como noiva do goleiro. Ao falar ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, Ingrid deu detalhes de como seriam as ameaças e contou que o dinheiro que deveria ser repassado à família do goleiro através de Ércio Quaresma não está chegando aos parentes de Bruno. Segundo Ingrid, que tem visitado Bruno com frequência no presídio, o goleiro contou que pagaria R$ 120 mil ao advogado, mas já teria entregue a Quaresma R$ 340 mil. Apenas R$ 3.000 teriam sido divididos entre a avó e as filhas do goleiro, desde a prisão.

O ex-procurador do atleta, Vitor Almeida Carvalho, que também falou ao “Fantástico” reforçou as denúncias contra o ad-vogado. Ele disse que está tirando do próprio bolso o dinheiro para ajudar a família do goleiro. Confira a íntegra da entrevista dos dois abaixo.O presidente da OAB informou que, na última sexta-feita, familiares de Bruno conversaram com representantes da comissão de ética da entidade sobre o assunto. “Temos que apurar os fatos. Nesse caso está acontecendo um monte de coisa que não deveria acontecer”, afirmou Chaves. A avó de Bruno, Es-tela Santana, 78, disse estar insegura. “Ele (Quaresma) já deixou claro que é capaz de fazer qualquer coisa. Não está preocupado em tirar meu filho da cadeia. Só quer saber de pegar o dinheiro dele e aparecer. Ele está pegando todo o dinheiro do meu neto”.EnTEnda o Caso

5/10. A advogada Marjorie Esther Faria é chamada pelo go-leiro para assumir sua defesa. Quaresma sabe do convite, vai até a Nelson Hungria e retoma o caso.

6/10. A avó de Bruno, Estela Santana, revela que está sendo ameaçada de morte por Ércio Quaresma.

10/10. A noiva do goleiro, Ingrid Oliveira, também disse que foi ameaçada.

Contagem

Ingrid visita goleiro na penitenciáriaA noiva do goleiro Bruno, Ingrid Oliveira, passou o último

domingo com ele, na Penitenciária Nelson Hungria, em Nova Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo familiares do jogador, a dentista chegou pela manhã na unidade prisional e só saiu às 17h, quando termina o horário de visita.

O encontro com o jogador teria acontecido na companhia da avó dele, Estela Santana. Uma tia do jogador, que pediu para não ser identificada, contou que a dentista estava tranquila, mas não disse nada sobre as acusações feitas por ela no “Fantástico” sobre ameaças feitas por Quaresma.

“Ela falou que iria voltar para o Rio hoje (ontem) de ma-nhã”, disse a tia. A parente de Bruno contou que Ingrid tem vi-sitado o goleiro com frequência. Estela preferiu não comentar o caso. (RR)

Minientrevista“Eu vi que Bruno estava com medo”Ingrid Oliveira Noiva de Bruno, em entrevista ao Fantásti-

coO que deixou você tão assustada a ponto de nos procurar?

Você que sempre procurou se preservar. Eu vi que o Bruno estava sem saída, vamos dizer assim, que ele estava com medo de falar. Se a gente não fizesse alguma coisa, ninguém faria.

Com que palavras ele disse isso para você? “Você é a pedra no meu sapato, então se você tem amor a sua vida eu quero que você saia do meu caminho”.

Depois disso nunca mais sofreu nenhuma ameaça? Na sema-na passada, eu estava no meu consultório trabalhando e apareceu um rapaz no meio do expediente, falando que queria conversar a mando do advogado. Era para eu não procurar mais o Bruno. Que era risco de vida mesmo.

Quando você viu a carta (escrita por Bruno que falava da intenção do jogador de se suicidar), o que ele falou para você? Ele falou que iria tentar se matar porque teria sido orientado pelo advogado a cortar os pulsos para ver se ele conseguiria algum tipo de regalia.

Diante de tudo isso que você ouviu, por que você não pro-curou a polícia? Eu, sinceramente, quando o vi pela primeira vez não senti medo dele, então eu queria ver se ele era realmente tudo que ele dizia ser.

Você pretende procurar a polícia? Pretendo.Minientrevista“Vou pedir proteção à polícia”Vítor Carvalho Ex-procurador de Bruno, ao fantásticoVocê lembra dos valores (que teriam sido transferidos do

Bruno para a conta da mulher do Quaresma)? Os valores foram R$104 mil, a primeira, R$ 25 mil, a segunda, e R$ 90 mil, a terceira, que era uma previdência que o Macarrão tinha feito pro Bruno onde era descontando R$ 30 mil do salário.

Agora, esse dinheiro tem sido usado para o que? Tem chega-do até a família do Bruno? Não tem chegado à família do Bruno.

Como você sabe disso? Eu tenho dado assistência à famí-lia.

Você tem medo de represálias? Ele (Ércio Quaresma) já me mandou um recado, mas, eu vou pedir à polícia proteção, tanto para mim, quanto para Ingrid (noiva do jogador) quanto para Lí-dia (amiga de Bruno) também. E vou fazer um boletim para que se amanhã eu tropeçar na calçada ali fora a gente já sabe quem é o culpado.

Denúncia.Entidade quer ouvir versão do goleiro sobre chantagens feitas pelo advogado Ércio Quaresma

OAB entra no caso e vai ouvir Bruno sobre ameaças de morteSeds diz que tão logo receba ofício, jogador ficará liberado para falar

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O encontro, amanhã, entre os advogados que represen-tam os réus no caso Eliza Samudio e os delegados que parti-ciparam da investigação sobre o desaparecimento e morte da ex-namorada do goleiro Bruno promete acirrar a guerra entre defesa e acusação. Pela primeira vez, policiais que lideraram a investigação serão sabatinados pela defesa na presença da juíza Marixa Rodrigues, no Fórum de Contagem. Os depoi-mentos fazem parte da segunda audiência de instrução que irá definir se Bruno e os outros oito réus irão a júri popular.

Quatro delegados - o chefe do Departamento de Inves-tigações da Polícia Civil, Edson Moreira, Wagner Pinto, que responde pela Delegacia de Homicídios, Ana Maria Santos, chefe da unidade de Homicídios em Contagem, além da cole-ga Alessandra Wilke - foram convocados a dar depoimentos sobre a investigação. A previsão é de que outras 11 pessoas, todas convocadas pela defesa, sejam ouvidas.

Os policiais deverão sustentar a tese apresentada no re-latório da Polícia Civil sobre o caso de que Eliza Samudio foi morta a mando do goleiro, com a participação dos outros oito réus presos, entre eles Dayanne Souza, mulher de Bruno, e Fernanda Castro, com quem o jogador estaria se relacionan-do à época do crime. Mais uma vez, Bruno e os comparsas sairão do presídio para acompanhar os depoimentos.

A estratégia da defesa dos nove réus é apontar possíveis falhas na investigação, o que poderá beneficiar os acusados. “Só eu, tenho 742 perguntas para o Edson Moreira. Os outros advogados devem ter outras tantas. Ele vai ter que explicar aqui o que não está nas investigações”, disse o advogado Fre-derico Franco, que trabalha com o advogado Ércio Quares-ma. Franco responde pela defesa de Elenilson Vitor da Silva, caseiro do sítio de Bruno, onde Eliza teria ficado em cárcere até o assassinato. Na sexta-feira, na primeira audiência, o de-legado Júlio Wilke, que também atuou na investigação, foi ouvido por 14 horas. A previsão é que só o depoimento de Edson Moreira dure cerca de 28 horas.

“Vamos ver o que vai acontecer. O meu negócio em Con-tagem é muito simples. A Justiça me convocou e eu vou falar a verdade. Vou cumprir minha obrigação”, se limitou a dizer o delegado Edson Moreira. Ele disse que não irá se render às provocações do rival Ércio Quaresma. Edson Moreira pro-tagonizou, ao longo da investigação, uma série de troca de acusações com o advogado, que o apelidou de neanderthal. O delegado Wagner Pinto também demonstrou tranquilidade. “É só falar o que sei”, resumiu. As delegadas Ana Santos e Alessandra Wilke não quiseram comentar o assunto.

Postura de Quaresma pega mal entre os colegas de pro-fissão O advogado Ércio Quaresma não será alvo da sabatina, amanhã, às 8h, na audiência no Fórum de Contagem, mas certamente estará na mira da imprensa por causa das acusa-ções feitas por parentes e pela namorada de Bruno, a dentista Ingrid Oliveira, de que estaria ameaçando as pessoas que de-fendem sua saída do caso.

Ontem, a reportagem de O TEMPO ouviu pessoas liga-das ao advogado. Algumas, constrangidas, não quiseram se identificar. “Tenho certeza de que ele (Quaresma) seria capaz de ameaçar a família do Bruno para se manter no caso”, disse um advogado que já defendeu Quaresma.

Outro profissional comentou que a postura de Quaresma o está afastando dos colegas de profissão. “Ele é bom pro-fissional. Até três anos era só uma figura polêmica. Agora, passou dos limites e assumiu a linha do horror. Ele está se agarrando desesperadamente a essa causa porque sabe que caiu num descrédito muito grande diante dos colegas”, disse. (TT)PolêMiCo

Advogado Ércio Quaresma, que defende o goleiro Bru-no, tem um histórico bastante polêmico. Confira alguns deta-lhes sobre a carreira do profissional.

- representou o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, condenado a 30 anos de prisão como mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang

- defende o borracheiro Fábio Willian Silva Soares, que matou a ex-mulher, a cabeleireira Maria Islaine de Morais, com oito tiros. O crime foi filmado pelas câmeras de segu-rança

- participou da defesa do empresário Luciano Farah, condenado pela morte do promotor Francisco José Lins do Rêgo

- em 2003, foi condenado a pagar R$ 20 mil de indeni-zação ao juiz Sérgio André da Fonseca Xavier por ofensa à honra. Ele disse que o juiz era mentiroso e covarde durante o caso de um eletricista que devia R$ 718,20 de pensão ali-mentícia

- Quaresma foi flagrado, em 2009, com pedras de crack na bocadEPoiMEnTo

Expectativa. Bruno e os outros oito acusados só irão prestar depoimento na quinta-feira. Essa será a primeira vez que o goleiro vai dar, à Justiça, sua versão sobre o caso. Des-de o início do caso, ele se mantém calado.

ProvocaçãoDelegado é chamado de covardeO primeiro delegado a enfrentar o interrogatório dos ad-

vogados de defesa dos acusados no desaparecimento e morte de Eliza Samudio foi Júlio Wilke. Por 14 horas, na última sexta-feira, ele teve que controlar a calma diante das pergun-tas e provocações dos advogados, principalmente, de Ércio Quaresma.

Em tom de ironia, o advogado chamou o delegado de “mentiroso”, e “galinho de briga” por diversas vezes. Duran-te o depoimento, Júlio Wilke ainda protagonizou uma discus-são com Bruno. O goleiro chamou Wilke de “covarde” e o delegado reclamou à juíza que estava sendo ameaçado. (TT)

Contagem.Delegados que investigaram morte de Eliza Samudio serão sabatinados por juíza e advogados

Audiência acirra guerra no casoEdson Moreira diz que não vai se render à provocação de Ércio Quaresma

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Portal TerraBELO HORIZONTE O Tribunal de Justiça de Minas Gerais

(TJ-MG) determinou uma nova audiência para o caso do goleiro Bruno e dos outros acusados de sequestrar e assassinar Eliza Sa-mudio, que deve ter início nesta quarta, com o intuito de ouvir depoimentos de mais teste-munhas do processo. A partir das 8 horas (de Brasília), será feito um julgamento de instru-ção das testemunhas no fórum de Contagem (MG), com a presença de todos os acusados do suposto sequestro e assassinato.

Em seguida, nesta quinta-feira, será a vez dos próprios réus serem interrogados, também no fórum de Contagem. Ainda nesta semana, deve sair o resultado do exame que vai comprovar se Bruninho, bebê apontado como filho do ex-jogador do Flamengo com Eliza Samudio, é ou não filho do jogador.

O casoEliza Samudio desapareceu no dia 4 de

junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já ha-via procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Jus-tiça para pedir o reconhecimento da paterni-dade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jo-gador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do go-leiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na proprieda-de. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entre-gado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao cor-po de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobri-nho participou do crime e contou em deta-lhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cati-veiro e executada pelo ex-policial civil Mar-cos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquar-tejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recu-saram a prestar depoimento à polícia, deci-dindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e mor-te de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Mi-nistério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida so-cioeducativa de internação por prazo inde-terminado.

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Caso Bruno: Justiça de MG ouve nesta quarta mais testemunhas

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