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Rita Luz – 2004/2005 Sistema Imunitário Sistema Imunitário Timo O timo é um órgão linfóide primário situado no mediastino anterior e superior, ao nível dos grandes vasos. Na infância apresenta um desenvolvimento máximo e regride depois da puberdade, embora se mantenha funcional. Processo de involução (2 etapas): 1. Infiltração adiposa: Acumulação de adipócitos nos septos interlobulares, córtex e medula Ilhotas de tecido linfóide são separadas por áreas de tecido adiposo no timo maduro. 2. Deplecção linfocitária: O nº de linfócitos começa a cair desde o 1º ano de idade, e a partir daí o processo continua numa taxa constante. Apesar disso, o timo continua a fornecer um suprimento de linfócitos T maduros ao fundo comum circulante e aos tecidos periféricos. A deplecção dos linfócitos resulta no colapso do arcabouço epitelial. No entanto, os cordões de células epiteliais persistem e continuam a secretar hormonas tímicas por toda a vida. Origem Embrionária: Apresenta um estroma epitelial derivado da endoderme das 3ª e 4ª bolsas faríngeas, o qual é invadido por linfócitos. Origina-se a partir de evaginações epiteliais da porção ventral da 3ª bolsa faríngea de cada lado. Estas fundem-se na linha média, formando um orgão único subdividido em numerosos lóbulos pequenos. O epitélio desenvolve-se como uma esponja, contendo um labirinto de espaços que se interconectam e que são Baseado em: Wheater Histologia Funcional de B. Young e J.W. Heath (capitulo 11)

9. Sistema Imunitario

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Rita Luz – 2004/2005

Sistema ImunitárioSistema ImunitárioTimo

O timo é um órgão linfóide primário situado no mediastino anterior e superior, ao nível dos grandes vasos.

Na infância apresenta um desenvolvimento máximo e regride depois da puberdade, embora se mantenha funcional.

Processo de involução (2 etapas):1. Infiltração adiposa:

Acumulação de adipócitos nos septos interlobulares, córtex e medula Ilhotas de tecido linfóide são separadas por áreas de tecido adiposo no

timo maduro.

2. Deplecção linfocitária: O nº de linfócitos começa a cair desde o 1º ano de idade, e a

partir daí o processo continua numa taxa constante. Apesar disso, o timo continua a fornecer um suprimento de

linfócitos T maduros ao fundo comum circulante e aos tecidos periféricos.

A deplecção dos linfócitos resulta no colapso do arcabouço epitelial.

No entanto, os cordões de células epiteliais persistem e continuam a secretar hormonas tímicas por toda a vida.

Origem Embrionária:Apresenta um estroma epitelial derivado da endoderme das 3ª e 4ª bolsas faríngeas, o qual é invadido por linfócitos.

Origina-se a partir de evaginações epiteliais da porção ventral da 3ª bolsa faríngea de cada lado.

Estas fundem-se na linha média, formando um orgão único subdividido em numerosos lóbulos pequenos.

O epitélio desenvolve-se como uma esponja, contendo um labirinto de espaços que se interconectam e que são colonizados por linfócitos T imaturos derivados do tecido hemopoiético noutras regiões do embrião em desenvolvimento.

Função: Diferenciação de linfoblastos provenientes da medula em linfócitos

T. Produção de factores de crescimento proteicos que estimulam a

proliferação e a diferenciação dos linfócitos T, actuando localmente por secreção parácrina. Entre estes factores estão a timosina alfa, a timopoetina, a timulina e o factor tímico humoral.

Desenvolvimento de auto-tolerância imunológica.

Baseado em:Wheater Histologia Funcional de B. Young e J.W. Heath (capitulo 11)

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Estrutura

2 lobos envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso. Esta cápsula emite septos incompletos que penetram no parênquima e

o dividem em lóbulos. Cada lóbulo é formado por duas regiões distintas: córtex e medula.

Córtex:Está situado mais perifericamente, é constituído por grande número

de linfócitos em vários estádios de diferenciação, dispostos em camada contínua.

No córtex externo, grandes linfócitos (linfoblastos) dividem-se por mitose para produzir clones de células T menores maduras.

Estas sofrem maturação à medida que se deslocam mais profundamente para dentro do córtex, em direcção à medula.

Entre as células linfocitárias distinguem-se ainda, dispersas, células retículo-epiteliais.

Estas células formam o estroma do timo e estão ligadas entre si por prolongamentos citoplasmáticos unidos por desmossomas.

Apresentam núcleos ovais de cromatina pouco corada. São ainda visualizáveis alguns macrófagos dispersos. A zona cortical é mais basófila devido ao grande número de linfócitos

que a constituem.

Medula:Localizada centralmenteApresenta um menor número de linfócitos e os macrófagos são raros. O estroma de células retículo-epiteliais é bem visualizável. Algumas destas células degeneram progressivamente acumulando

grânulos ceratohialínicos e filamentos concêntricos de ceratina e originam, assim, os corpúsculos de Hassal, característicos da medula tímica.

A zona medular é mais eosinófila e mais clara devido ao maior número de células retículo-epiteliais.

Vascularização

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As artérias entram no timo através da cápsula e acompanham os septos de tecido conjuntivo.

As arteríolas penetram o parênquima a nível da transição córtico-medular e originam capilares que têm um trajecto arqueado através do córtex, dirigindo-se depois para a medula, onde drenam para vénulas; estas confluem em veias que penetram nos septos e saem através da cápsula.

Os capilares tímicos apresentam endotélio não fenestrado e lâmina basal espessa a nível do córtex que, juntamente com as células retículo-espiteliais envolventes, formam a barreira hemato-tímica.

O objectivo funcional desta estrutura é impedir o contacto de antigénios em circulação com os precursores linfóides em diferenciação no córtex.

A barreira não existe a nível medular e a exposição dos linfócitos a antigénios estranhos e do próprio a este nível contribui para a selecção linfocitária, com destruição ou inactivação das células auto-reactivas.

O timo só apresenta linfáticos eferentes.

Amígdala Palatina

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Células reticulo-endoteliais Têm desmossomas típicos nos seus pontos de contacto, e o citoplasma

contém feixes de filamentos intermédios de ceratina. Podem ser acentuadas utilizando-se a técnica da imunoperoxidase,

usando-se um anticorpo da ceratina, filamento intermédio típico das células epiteliais, estas vão corar de castanho, bem como os corpúsculos de Hassal.

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As amígdalas palatinas são órgãos principalmente compostos por tecido linfóide parcialmente encapsulado. Estrutura: semelhante à das outras amígdalas, na medida em que todas se desenvolvem na espessura do córion da mucosa.

Localização

Na orofaringe, entre os arcos dos músculos glossopalatino e faringopalatino.

Nesta zona, o epitélio que cobre lúmen da faringe é do tipo pavimentoso estratificado, não ceratinizado, e invagina o tecido linfóide subjacente, formando assim 10 a 20 criptas.

O epitélio que reveste as criptas pode ainda extender-se para o tecido linfóide adjacente para formar criptas secundárias.

Visto estar localizada na espessura do córion da mucosa, a amígdala palatina tem o seu tecido linfóide directamente por baixo do revestimento epitelial, extendendo-se ao longo das criptas.

Este é constituido por numerosos folículos linfóides com ou sem centro germinativo, que podem estar tão próximos uns dos outros que se fundem, ou estar separados por tecido linfóide laxo.

A separar o tecido linfóide das estruturas subjacentes (principalmente músculo) está uma camada de tecido conjuntivo denso - a cápsula da amígdala - que forma um semi-anel por baixo deste órgão linfóide. Esta cápsula funciona normalmente como uma barreira contra a difusão de infecções e é um plano de clivagem cirúrgica.

A localização estratégica das amígdalas palatinas (que com as amígdalas linguais, faríngeas e tubárias formam uma estrutura anatómica conhecida por anel de Waldeyer) no cruzamento entre o tubo digestivo e as vias respiratórias, aumentam a probabilidade dos seus linfócitos encontrarem antigénios de agentes potencialmente infecciosos, contra os quais devem ser produzidos anticorpos o mais rápido possível.

Esta resposta imunológica é induzida por agentes que entram nas criptas e são passados para os folículos num processo que envolve fagocitose por parte das células epiteliais.

Em seguida, os linfócitos formados na amígdala abandonam-na, migrando através do epitélio da cripta, e podem infiltrá-la de tal modo que se torna muito difícil distinguir a barreira entre os dois tipos celulares.

No entanto, a localização particular das amígdalas palatinas torna-as muito vulneráveis a infecções. Na verdade, o lumen das criptas pode conter acumulações de linfócitos vivos e degenerados, misturados com células epiteliais, detritos granulares e microorganismos. Estas massas podem ser causa de infecção, dado que os ductos das glândulas associadas não abrem para as criptas. Assim, o lúmen das criptas não é vazado, e a acumulação de detritos constitui uma predisposição para a inflamação amigadalina, que pode justificar a remoção cirúrgica.

Baço

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Função: defesa contra microorganismos que penetram no sangue filtração imunológica destruição de eritrócitos

Este órgão maciço é envolvido externamente por uma cápsula de tecido conjuntivo denso que envia trabéculas para o interior do órgão, subdividindo o parênquima esplénico em compartimentos incompletos.

O baço apresenta estroma que serve de suporte ao parênquima e que é constituído por uma rede de tecido reticular no interior da qual proliferam células imunológicas.

Observam-se disseminados por toda a superfície do corte folículos linfóides, que constituem a Polpa Branca. Estes folículos estão contidos num tecido vermelho rico em sangue - a Polpa Vermelha.

Circulação Sanguínea

A artéria esplénica ao penetrar no hilo do baço divide-se em ramos que inicialmente seguem as trabéculas e depois as abandonam para penetrarem no parênquima, sendo aí imediatamente envolvidos por uma bainha de linfócitos - artérias centrais ou foliculares.

Ao espessar-se, esta bainha linfóide peri-arterial vai formar o folículo linfoide no qual o vaso (agora arteríola folicular) ocupa uma posição excêntrica.

O tecido linfoide vizinho é irrigado a partir de numerosos ramos colaterais provenientes desta artéria ao longo do seu trajecto na Polpa Branca.

Ao deixar a Polpa Branca a artéria central ramifica-se para formar numerosas arteríolas peniciladas que atingem a Polpa Vermelha. Alguns dos seus ramos apresentam um espessamento distal - elipsóide.

Aos elipsóides seguem-se capilares arteriais que se dirigem para os sinusóides da Polpa Vermelha (entre os cordões de Billroth).

Dos sinusóides o sangue é drenado sucessivamente para as veias da Polpa Vermelha, veias trabeculares e finalmente para a veia esplénica.

Polpa Branca

Constituída pela bainha linfoide peri-arterial (predominam linfócitos T) e folículos linfóides ou corpúsculos de Malpighi.

Polpa Vermelha

Constituída pelos cordões (parênquima) e sinusóides esplénicos. Os cordões esplénicos ou de Billroth contêm tecido reticular e

numerosas células imunológicas e sanguíneas que se encontram entre os sinusóides.

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Os sinusóides são seios venosos revestidos por célula alongadas envolvidas por fibras reticulares transversais - endotélio dos sinusóides.

Folículo Linfoide

O tecido linfóide não encapsulado e os folículos linfáticos fazem parte do Sistema Imunitário e, como tal desempenham um papel fundamental na defesa do organismo contra toxinas e outras substâncias estranhas, potencialmente infecciosas.

Tecido Linfóide não Encapsulado

O tecido linfóide não encapsulado não possui cápsula limitante. É constituído por um agregado de linfócitos B, T e outras células

livres que se encontram no tecido conjuntivo sub-epitelial (córion) do tracto gastro-intestinal, génito-urinário e das vias respiratórias.

À massa total de tecido linfóide existente nos tractos gastro-intestinal e respiratório dá-se o nome de MALT (tecido linfóide associado às mucosas).

As células do tecido linfóide não encapsulado possuem uma localização estratégica o que lhes permite interceptar e reagir com os antigénios deslocando-se posteriormente para gânglios linfáticos da região, onde proliferam e sofrem diferenciação.

As células resultantes retornam à lâmina própria como linfócitos efectores B e T, plasmócitos e células de memória.

Os agrupamentos maiores de tecido linfóide não encapsulado funcionam de uma forma análoga aos gânglios linfáticos, e denominam-se folículos linfáticos.

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Folículos Linfáticos

Os folículos linfáticos são concentrações ovais de linfócitosPodem ser:

primários (formados principalmente por pequenos linfócitos) secundários (constituindo a grande maioria)

Os folículos linfáticos possuem: um centro germinativo, região central que cora menos intensamente

nas preparações; uma coroa de linfócitos, externa, composta por pequenos linfócitos

do tipo B, e uma minoria do tipo T helper.

A coloração menos intensa do centro germinativo deve-se ao facto deste ser composto em grande parte por imunoblastos e centroblastos (que por diferenciação originam linfócitos) e por plasmoblastos (que por diferenciação originam plasmocitos, produtores de anticorpos).

Estes dois tipos celulares possuem grandes quantidades de eucromatina dispersa no núcleo, em lugar da heterocromatina presente nos pequenos linfócitos, muito mais densa.

O centro germinativo é estimulado quando um linfócito que já reconheceu um antigénio volta a um folículo primário.

Dá-se então início a uma cascata que inclui proliferação linfocitária, diferenciação de plasmocitos e produção de anticorpos. É pois frequente observar-se figuras mitóticas nesta região.

Após períodos de multiplicação linfócitária intensa observa-se frequentemente um aumento drástico do número de macrófagos no centro germinativo.

Estes macrófagos têm como função fagocitar alguns linfócitos recém formados que não se tenham desenvolvido correctamente.

Podem também observar-se células dendríticas foliculares. Estas células da superfície folicular apresentam projecções ramificadas. Embora não sejam classificadas como fagocitárias sabe-se que têm a capacidade de expor à sua superfície, durante vários meses, os antigenios com que entraram em contacto.

Na túnica mucosa do intestino delgado encontram-se dispersos grandes agrupamentos de folículos linfáticos, as Placas de Peyer, que formam invaginações para o lúmen do intestino. Nessas áreas, as células epiteliais da mucosa têm uma forma cúbica e não a cilíndrica habitual. Não há células caliciformes e o epitélio contém grande número de linfócitos intraepiteliais.

Gânglio Linfático

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Os gânglios linfáticos são estruturas encapsuladas, situadas na continuação dos vasos linfáticos. Estão localizados por todo o corpo de forma a que toda a linfa atravesse pelo menos uma vez um gânglio linfático.

Exibem a forma de um feijão, apresentando uma superfície convexa e uma outra côncava, onde se encontra o hilo.

São irrigados por artéria e uma veia, que penetram pelo hilo. Do mesmo local parte um vaso linfático eferente, que drena a linfa do gânglio. À superfície convexa chegam os linfáticos aferentes, que fornecem a linfa.

O gânglio internamente é constituído por vários tecidos: capsula, retículo, linfócitos e outras células livres, vasos sanguíneos e nervos.

Cápsula

Constituída por tecido conjuntivo denso, envolve exteriormente todo o gânglio linfático, com a excepção de uma descontinuidade na superfície côncava, onde se encontra o hilo.

Nesta região, a cápsula torna-se mais espessa, dando origem a trabéculas que invaginam para o interior do gânglio.

Outras trabéculas, com a mesma constituição das anteriores, surgem ao longo da superfície convexa.

A cápsula e as trabéculas formam o estroma do gânglio linfático.

Retículo

Apresenta a forma de uma rede, constituída por fibras e células reticulares, que ocupam um espaço fechado pela capsula e trabéculas.

Têm como função o suporte de vasos, linfáticos e de células, como os linfócitos.

Os linfócitos estão dispersos por todo o gânglio linfático, apresentando-se na região exterior de uma forma mais densa, constituído o córtex.

Na medula dos gânglios encontram-se linfócitos B e plasmócitos, que se agrupam, formando estruturas alongadas em forma de cordões - os cordões medulares.

No córtex encontram-se os folículos linfáticos. Os folículos são agregados de linfócitos de tipo B. O seu aspecto geral é oval ou arredondado, havendo dois tipos principais, o primário e o secundário.

O folículo linfóide secundário apresenta um centro germinativo, que se formou devido à exposição dos linfócitos a um antigénio, rodeado de linfócitos mais agregados - a coroa.

O folículo linfoide primário é identico ao anterior, com a excepção de não possuir centro germinativo.

Entre os folículos linfóides e a medula encontra-se uma zona com fronteiras mal definidas, a que se chama paracortex. É constituída em maioria por linfócitos T.

Vascularização

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Os vasos linfáticos aferentes penetram na superfície convexa do gânglio drenando para um espaço existente entre a cápsula e o córtex - espaço subcapsular.

A linfa existente neste espaço dirige-se para os seios corticais, que atravessam a zona cortical até à medula.

Um tipo particular são os seios peritrabeculares, que acompanham as trabéculas, sendo normalmente a única forma visível dos primeiros.

Na medula os seios medulares convergem entre eles, formando vasos de maior calibre, que terminam o seu trajecto no vaso linfático eferente.

Os vasos sanguíneos iniciam o trajecto com a penetração no córtex da artéria, que se divide em capilares.

Posteriormente os capilares formam venulas e de seguida uma veia que acompanha a artéria até ao hilo.

Estas venulas apresentam-se adaptadas para o trânsito de linfócitos, devido ao seu epitélio cubóide.

Funções dos gânglios linfáticos: remoção de antigénios, e outras partículas, circulação e coordenação da resposta imunitária.

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