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PREVALÊNCIA DE ÚLCERA POR PRESSÃO EM PACIENTES ACAMADOS NO DOMICÍLIO BEZERRA, Sandra Marina Gonçalves 1 LUZ, Maria Helena Barros Araújo 2 , ARAÚJO, Telma Maria Evangelista 3 Introdução: A pele é indispensável para o perfeito funcionamento fisiológico do organismo, mas está sujeita a agressões por fatores intrínsecos e extrínsecos, que poderão causar o desenvolvimento de alterações levando à sua incapacidade funcional, como por exemplo as feridas cutâneas 1 . No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral, independente de gênero, idade ou etnia, determinando um elevado número de pessoas com alterações na integridade da pele, constituindo-se assim um sério problema de saúde publica, onerando os gastos públicos e prejudicando a qualidade de vida da população 2 . Utilizam-se inadequadamente vários termos para denominar úlcera por pressão, a citar: úlceras de decúbito, úlceras de acamado, úlceras isquêmicas e escaras. Entretanto tais terminologias não são condizentes com a fisiopatologia da úlcera por pressão, conceituada como áreas de necrose tecidual que se desenvolvem quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um prolongado período de tempo 3-4 . As úlceras por pressão (UP) constituem uma problemática social e de saúde, sofrimento para o paciente e, representam um desafio da enfermagem, requerendo desses profissionais além de conhecimentos técnico-científicos específicos, muita sensibilidade e observação com o cliente sob seus cuidados. A abordagem deve ser multiprofissional ao passo em que o envolvimento da equipe interdisciplinar contribui para sua prevenção e tratamento. A maioria das úlceras por pressão ocorre na metade inferior 1 Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí-UFPI. Docente da NOVAFAPI. Teresina, PI. Email: [email protected]. 2 Doutora em Enfermagem, Professora Adjunto da Universidade Federal do Piauí, sub chefe de Departamento da UFPI. Teresina-PI. E-mail: [email protected] 3 Doutora em Enfermagem, Coordenadora do Programa de mestyrado da UFPI. Docente da graduação e mestrado da UFPI da Universidade Federal do Piauí. Teresina-PI. E-mail: [email protected] 5297 Trabalho 2744 - 1/4

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  • PREVALNCIA DE LCERA POR PRESSO EM PACIENTES ACAMADOS NO

    DOMICLIO

    BEZERRA, Sandra Marina Gonalves1

    LUZ, Maria Helena Barros Arajo2,

    ARAJO, Telma Maria Evangelista 3

    Introduo: A pele indispensvel para o perfeito funcionamento fisiolgico do organismo, mas est sujeita a agresses por fatores intrnsecos e extrnsecos, que

    podero causar o desenvolvimento de alteraes levando sua incapacidade

    funcional, como por exemplo as feridas cutneas1. No Brasil, as feridas acometem a

    populao de forma geral, independente de gnero, idade ou etnia, determinando um

    elevado nmero de pessoas com alteraes na integridade da pele, constituindo-se

    assim um srio problema de sade publica, onerando os gastos pblicos e

    prejudicando a qualidade de vida da populao2. Utilizam-se inadequadamente vrios

    termos para denominar lcera por presso, a citar: lceras de decbito, lceras de

    acamado, lceras isqumicas e escaras. Entretanto tais terminologias no so

    condizentes com a fisiopatologia da lcera por presso, conceituada como reas de

    necrose tecidual que se desenvolvem quando um tecido mole comprimido entre uma

    proeminncia ssea e uma superfcie dura por um prolongado perodo de tempo3-4. As

    lceras por presso (UP) constituem uma problemtica social e de sade, sofrimento

    para o paciente e, representam um desafio da enfermagem, requerendo desses

    profissionais alm de conhecimentos tcnico-cientficos especficos, muita sensibilidade

    e observao com o cliente sob seus cuidados. A abordagem deve ser multiprofissional

    ao passo em que o envolvimento da equipe interdisciplinar contribui para sua

    preveno e tratamento. A maioria das lceras por presso ocorre na metade inferior

    1 Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Piau-UFPI. Docente da NOVAFAPI.

    Teresina, PI. Email: [email protected]. 2 Doutora em Enfermagem, Professora Adjunto da Universidade Federal do Piau, sub chefe de Departamento da UFPI. Teresina-PI. E-mail: [email protected] 3 Doutora em Enfermagem, Coordenadora do Programa de mestyrado da UFPI. Docente da graduao e mestrado da UFPI da Universidade Federal do Piau. Teresina-PI. E-mail: [email protected]

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  • do corpo, mais de 95% de todas as lceras por presso desenvolvem-se em cinco

    clssicas localizaes: sacrococcgea, grande trocanter, tuberosidades isquiticas,

    calcneas e malolos laterais. A regio sacrococcgea concentra grande nmero de UP,

    principalmente quando o paciente possui incontinncia fecal e/ou urinria, constituindo

    rea que h maior risco para frico e cisalhamento. A gravidade e profundidade

    variam de acordo com o grau de presso exercido, trao, frico, macerao e tempo

    de permanncia do cliente na mesma posio5. O desenvolvimento da UP

    multifatorial, incluindo fatores internos tais como: idade, morbidade, estado nutricional,

    hidratao, condies de mobilidade, nvel de conscincia; e externos como: presso,

    cisalhamento, frico e umidade, que alteram o pH, enfraquecem a parede celular

    ocasionando a necrose tissular e tendo como conseqncia a restrio dos

    movimentos, o aumento das dores, o risco de infeco, o tempo de hospitalizao

    prolongado e at a mortalidade2 A classificao mais utilizada da UP a proposta pela

    National Pressure Ulcer Aadvisory Panel(NPUAP)4 e est relacionada ao nvel de

    comprometimento dos tecidos envolvidos definidos em quatro estgios distintos.

    Considerando-se os elevados ndices de desenvolvimento dessas leses e a

    importncia do papel do enfermeiro na qualidade da assistncia desses pacientes,

    torna-se essencial o desenvolvimento de estudos e pesquisas centradas na rea da

    enfermagem com enfoque na preveno e tratamento das lceras por presso.

    Objetivo: Conhecer a prevalncia de lcera por presso em pacientes idosos acamados e identificar o perfil scio demogrfico dos pacientes acamados.

    Justificativa: Tendo em vista que a UP um problema de sade pblica, na medida em que aumenta o tempo de hospitalizao, a ocorrncia de infeces hospitalares,

    desbridamentos cirrgicos e enxertos de pele. O nmero de reinternaes relacionadas

    a estas causas, reduz a qualidade de vida desses pacientes e acarreta maiores custos

    scio-econmico e financeiro, sendo necessrios estudos para ver a prevalncia e a

    normatizao de protocolos. Metodologia: Estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado com 60 pacientes acamados, maiores de 20 anos, cadastrados

    na estratgia sade da Famlia(ESF) em Teresina-PI. Foram includos na pesquisa

    somente os pacientes com imobilizao prolongada. Utilizou-se as seguintes variveis:

    sexo, idade, escolaridade, renda, doena de base, motivo pelo qual esta acamado,

    tempo de acamado, dos clnicos associados, alimentao, percepo sensorial, tipo de

    colcho, mudanas de decbito ao dia e presena ou no de UP. Para os pacientes

    com UP foram classificadas quanto a localizao anatmica, classificao quanto ao

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  • estgio da leso conforme a NPUAP, presena de exsudato e necrose e tipo de

    tratamento. Resultados e Discusso: Evidenciou uma prevalncia de mulheres, de cor parda, baixa escolaridade renda mensal de um salrio, incontinente, de religio

    catlico. Conclui-se que 80% dos acamados pesquisados so idosos com idade que

    variou entre 60 a 100 anos. Os dois pacientes centenrios com 103 e 108 anos

    apresentavam pele integra, o que foi uma surpresa encontrar pacientes numa faixa

    etria to avanada, com baixa condio de renda, com pele ntegra. A prevalncia

    total de UP foi de 13%, destas 100% ocorreram na regio sacra, seguida de squio,

    trocnter e calcneo. O impressionante que os pacientes no adquiriram as UP no

    domiclio, mas sim pro motivo de internao hospitalar em virtude de tratamento clnico.

    Ainda que seja um tema que gera questionamentos, a lcera por presso esta

    associada a ausncia de orientao necessria quanto aos fatores extrnsecos como

    mudana de decbito peridica, manuteno da pele seca e hidratada, e alimentao

    adequada e reduo da frico e cisalhamento. Esta situao remete para a

    necessidade de ateno e suporte a essas pessoas e uma melhor orientao e

    superviso na assistncia hospitalar. Concluso: Foi percebido que o cuidador familiar consegue cuidar bem do paciente e no desenvolver a UP, mas uma vez com lcera,

    tende a piorar no domiclio por falta de orientao e tratamento adequado, ficando em

    alguns casos por muitos anos com a UP. Sugere forma de comunicao da ateno

    bsica e atendimento hospitalar para que ao ser internado a equipe da ESF seja

    informada das condies da alta e d continuidade a assistncia domiciliria, j que a

    visita do acamado faz parte da rotina com programao mensal e nem sempre o

    enfermeiro informado da internao e alta.

    DESCRITORES: lceras presso, enfermagem, estomaterapia.

    REFERNCIAS

    1. Morais GFC, Oliveira SHS, Soares MJGO. Avaliao de feridas pelos enfermeiros de instituies hospitalares da rede pblica. Texto e Contexto de Enfermagem, Florianpolis, 2008 Jan-Mar; 17(1): 98-105. [acesso em 10 de junho de 2008].Disponvel http:// www.scielo.br/ scielo.

    2. Borges E. Feridas como Tratar.. Belo Horizonte: COOPMED, 2008.

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  • 3 . Jorge AS, Dantas SRPE. Abordagem Multiprofissional do Tratamento de Feridas. So Paulo: Atheneu, 2005.

    4. National Pressure Ulcer Advisiory Panel. Conceito e classificao de lcera por presso: atualizao da NPUAP, Revista Estima. vol 05(3) 2007 p. 43-44.

    5. Souza DMST, Santos VLCG. Risk factors for pressure ulcer development in institutionalized elderly. Rev Latino-Am. Enfermagem, set./out. 2007, v. 15 n. 5, p. 958-964. ISSN 0104-1169 [ acesso em 17 de maio de 2008].Disponvel http:// www.scielo.br/ scielo.

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