9.Ofensa a Integridade Fisica

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    9 Crimes de ofensa integridade fsica

    I. Linhas gerais

    ntida a diferenciao entre o crime doloso de ofensa integridade fsica (artigo 143, n1) e a sua rplica negligente (artigo 148) ! artigo 143, n 1, contm o tipo fundamental,na forma de ofensa integridade fsica simples " refer#ncia a contida $ofensa ao corpoou sa%de de outra pessoa& o elemento 'ue o liga incriminao $agraada& preista noartigo 144 e s outras 'ualificaes * agraaes dos artigos 14+ e 14 igualmentecomum forma priilegiada do artigo 14- e ofensa integridade fsica por neglig#ncia doartigo 148

    "s alteraes de .// implicaram a rearrumao dos artigos 14+ a 14 e 1+., e aampliao do disposto na alnea 0) do artigo 144 'uanto s capacidades de procriao oude fruio se2ual ee ser prestada uma especial ateno s noidades traidas pelosartigos 1+., 1+.5" e 1+.56

    7special ateno merece tam0m a forma de construir os tipos qualificadores referentesao omicdio e s ofensas corporais 7m am0os, escree o 9rof :aria ;osta ( 1), a'ualificao pode resultar de uma indiciadora descrio das relaes situacionais 'ue t#msempre de ser aferidas pelo crio da reelao de $especial censura0ilidade ou perersidadedo agente& (artigos 13., ns 1 e ., e 14+)< mas nas ofensas corporais a 'ualificaoassenta tam0m no grau de afectao danosa produido ao 0em =urdico da integridadefsica (artigo 144)

    ! bem jurdicoacautelado a integridade fsica de outra pessoa, o 'ue significa protegersimultaneamente o 0em estar do corpo e da sa%de, as duas ariantes 'ue a pr>pria leiesta0elece

    ?a medida em 'ue a ofensa ao corpo ou sa%de de outra pessoa, no ca0em a'ui asautomutila!es (.), as 'uais (a par do suicdio), no sendo atitudes lcitas ou ilcitas, somanifestaes de uma "possenatural, distintas do puro e2erccio de um direito (3) "sles!es pr"#nataissofridas durante a graide (leso do feto por neglig#ncia deida a certosmedicamentos, fala5se, por e2, no contergan5talidomida) no contam com a proteco

    1@os de :aria ;osta, O perigo em direito penal, especialmente, p 38A. " mutila$o para isen$o de ser%io militarera punida no artigo 3.1 do ;>digo 9enal, redacooriginBria, mas a incriminao desapareceu do ;9 em 1AA8, constando do ;>digo de @ustia Cilitar (artigo8) o crime de mutila$o para isen$o do ser%io militar em tempo de guerra, punindo5se a'uele 'ue,

    para se su0trair s suas o0rigaes militares, se mutilar ou por 'ual'uer forma se ina0ilitar, ainda 'ue s>parcial ou temporariamente !s ferimentos auto5infligidos constituem um fen>meno produido pela9rimeira Duerra Cundial e esto relacionados com os aanos recentes da medicina @on Eeegan ( O rostoda Batalha, ed :ragmentos, 1A-, p ./8) reela 'ue no encontrou e2emplos de ferimentos auto5infligidosantes do desenolimento dos antispticos

    3!rlando de ;aralo, Teoria Geral da Relao Jurdica (Bibliografia e Sumrio desenolido), polic,1A/, p +/

    C Cigue Darcia!ireito penalF 9arte especial, G A (crimes de ofensa integridade fsica) 9orto, .//

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    =urdico5penal dispensada integridade fsica, 'ue apenas tem lugar a partir do nascimento(4) 9ode aer leso da me

    ?a redaco originBria do ;>digo (1A8.) preia5se, no artigo 13, o crime de inj&riasatras de ofensas corporais, castigando5se 'uem cometia contra outrem uma ofensa

    corporal 'ue, pela sua naturea, meio empregado ou outras circunstHncias, reela intenode in=uriar "ctualmente, os artigos 181 e 18. e'uiparam in=%ria er0al $'ual'uer outromeio de e2presso&, pelo 'ue mesmo uma ligeira 0ofetada pode ser alorada como ofensa onra, dependendo do conte2to em 'ue tena acontecido

    :ora deste captulo, encontram5se outros tipos penais com algumas similitudes, por e2, ode resist#ncia e coaco so0re funcionBrio (artigo 34), en'uanto pre# o emprego deiol#ncia

    ?o caso do artigo 143, ns 1, o procedimento criminal depende de 'uei2a, salo 'uando aofensa for cometida contra agentes das foras e serios de segurana, no e2erccio dassuas funes ou por causa delas (n .) Iendo a ofensa por neglig#ncia, o crime sempre

    dependente de 'uei2a (n 4 do artigo 148);omo decorre da anBlise dos artigos .3, n 1, e 143, no punel a tentatia de ofensa integridade fsicasimples

    !utras 'uestes pertinentesJ

    - "s relaes entre o crime de ofensa integridade fsica simples e o crime de rou0o (artigo .1/, ns 1 e., alnea a), %ltima parte< as relaes entre o mesmo crime e o de iolao do artigo 1-4, n 1

    - !s limites entre o castigo legtimo de um menor e o crime de maus tratos do artigo 1+.5" do ;>digo9enalJ ac>rdo do IK@ de + de "0ril de .//-, com anotao de Caria 9aula Li0eiro de :aria R##1-(.//-)

    - " infeco pelo MNO Iida e a possi0ilidade de integrao na alnea d) do artigo 144 ;f, a prop>sito, o

    'ue se di so0re o dolo no nosso estudo so0re a parte geral- ! consentimento como causa de =ustificao ( +) (-)J o artigo 14A, n 1, dispe 'ue para efeito de

    consentimento a integridade fsica considera5se liremente disponel, mas e2ige5se logo a seguir 'ue ofacto no 'ual se consente no contrarie os 0ons costumes, parecendo 'ue deerB ser $o carBcter grae eirreersel da leso 'ue dee serir para integrar, essencialmente em0ora no s>, a clBusula dos 0onscostumes& (:igueiredo ias,Jornadas, p -/) " importHncia do consentimento =B suscitou afirmaescomo a de ?oll () de ser a li0erdade de disposio mais aliosa neste campo do 'ue o pr>prio 0em

    =urdico ! consentimento pode aliBs estar ligado auto5colocao em risco dos 'ue, por e2, assistem,conscientemente, conduo arriscada de eculos motoriados em infraco ao artigo .A1, desde 'ueo risco para a integridade fsica de um ou mais espectadores cegue a concretiar5se ir5se5B 'ue taiscasos so aleios ao 'mbito de protec$o da norma Kena5se em conta especialmente os seguintesgrupos de casosJ colabora$o na auto#coloca$o em risco dolosa ($e B, para ganarem uma aposta,lanam5se em corrida de motos na estrada, onde B, por erro de conduo, perde o domnio da moto e

    sofre leses fsicas graes)< heterocoloca$o em perigo li%remente aceite(a pedido do passageiro, ocondutor do tB2i aumenta de forma proi0ida a elocidade do autom>el 'ue em conse'u#ncia se

    4! incio do nascimento o ponto crtico onde aca0a a situao fetal e comea o ser umano ;onsideramos penalistas 'ue o nascimento se inicia a partir do incio dos tra0alos de parto, aendo 'ue distinguirentre o parto normal e o parto por cesariana

    +Oe=a5se, a prop>sito, "ugusto Iila ias, R##1- (.//-), p ./

    - ! nosso ordenamento =urdico erige o consentimento categoria de causa geral de =ustificao&(consentimento5=ustificao), permitindo distingui5lo do acordo %ue e&clui o tipo

    ;itado por "rt*Pe0er, Strafrecht6K, 3Q ed, 1A88, p 111

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    despista, sofrendo o passageiro leses fsicas graes)< e imputa$o a um 'mbito de responsabilidadealheio('prooca um inc#ndio a sua a0itao e (, um dos 0om0eiros, para salar outro a0itante dacasa sofre leses graes) ;f, so0re isto, Canuel da ;osta "ndrade, #onimbricenseN, p .8 e ss< e :ias, !*G, .Q ed, .//, p 34/, 'ue tem como princpio definidor destas situaes o daautoresponsabilidade , aludindo tam0m aos efeitos do acordoe da li%re aceita$o

    - " refer#ncia onra, no artigo 3+, a0rangerB as ofensas corporais ao cRn=uge surpreendido emflagrante adultrioS ;f :ernanda 9alma, O princpio da desculpa em !ireito enal, p 18/

    II. Crime de ofensa integridade fsica( artigo )*+, n )

    ! crime do artigo 143, n 1, consuma5se com 'ual'uer ofensa no corpo ou na sa%de "ofensa no corpo associa5se a um ata'ue integridade corporal, 'ue tanto pode consistir no

    pre=uo ou perda da su0stHncia corporal, como no simples corte do ca0elo ou da 0ar0a;om fre'u#ncia, a ofensa corporal constituirB uma leso, mas pode no se cegar a infligirdor ou sofrimento MaerB dano da integridade corporal, por e2, 'uando o agressor

    prooca e'uimoses, arranadelas, ferimentos, fracturas, mutilaes ou outras leses domesmo gnero na tima Cas nem o derramamento de sangue (emorragia) nem a soluode continuidade dos tecidos so indispensBeis e2ist#ncia de uma ofensa no corpo Tma

    parte significatia da doutrina no inclui as leses ps'uicas, como as proocadas por medoou repugnHncia, entre as ofensas no corpo Ier alo de uma cuspidela no representarB

    portanto uma ofensa corporal 9ode porm representar uma in=%ria "inda assim, umco'ue ps'uico pode 0astar para proocar um dano fsico, dependendo ento daintensidade com 'ue se produ, pelo 'ue, para lograr incluso no correspondente elementotpico, no poderB ser insignificante este modo, integra uma ofensa no corpo da timatodo o mau trato atras do 'ual o ofendido pre=udicado no seu 0em estar fsico de formano insignificante (8)

    " les$o da sa&de consiste em criar ou intensificar uma situao patol>gica, en'uanto desio das funescorporais normais a pertur0ao do e'uil0rio fisiol>gico ou psicol>gico da tima Kanto pode tratar5sede uma infeco, capa de criar um estado de doena, como a criao dum estado de em0riague ou aministrao de uma droga 'ue prooca no organismo uma alterao desfaorBel das funes 0iol>gicas

    ?os contBgios com o rus da sida B uma diferena entre o estado de sa%de da pessoa infectada e o de outrapessoa no atingida pelo rus e isso tem certamente um significado patol>gico 9or outro lado, odesencadear da imunodefici#ncia fica como 'ue pr5programado, em termos de se poder afirmar uma ofensa sa%de e notar 'ue uma ofensa no corpo prooca fre'uentemente um pre=uo para a sa%de Cesmo asofensas ao 0em5estar passageiras e 0enignas constituem igualmente leses corporais simples 'uando

    puderem assimilar5se a uma enfermidade, por e2, se acompanadas de dores importantes, um co'ueneroso, dificuldades respirat>rias ou uma perda do conecimento ( A) (1/)

    8 - conceito de sa&de( $0em5estar fsico, ps'uico e social& 9ara a !rganiao Cundial da Ia%de, $asa%de um estado de completo 0em5estar fsico, mental e social, 'ue no consiste somente numa aus#ncia

    de doena ou de enfermidade& Ieria dar ao a um alargamento a0usio acoler uma tal definio nos'uadros do direito penal< ela sere, ainda assim, para descreer o conte2to ideal ao desenolimentooptimiado da personalidade " sa%de , na realidade, a capacidade de o organismo umano funcionar, mas

    pode preencer5se o ilcito de ofensa integridade fsica mesmo 'ue a pessoa atingida no este=anecessariamente de 0oa sa%de Krata5se, portanto, de uma noo relatia ! critrio de 0ase no um estadode sa%de a0soluto, mas o estado de sa%de em 'ue se encontraa a tima antes da ofensa 9rotege5se, pois, asa%de concreta (;f M 9oo, p 1/-)

    AItratenUert, p -/

    1/- conceito m"dico#legal de doena $7ntende5se por doena uma alterao anat>mica ou funcional doorganismo, geral ou local, com carBcter eolutio, se=a para a cura, se=a para a consolidao ou para amorte V7ntende5se por consolidao a esta0iliao com se'uelasW ?o importa 'ue esta alterao incida

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    Caso n ) -fensa no corpo. Les$o da sa&de. Crimes semip&blicos. uei/a. 0rincpio daindi%isibilidade. Consentimento justificante $fa a limpea das =anelas da casa de B Xstantas, este aparece na rua, acompanado da muler, #, e am0os a discutirem iamente umcom o outro ?o calor da discusso, 6 grita para a muler das limpeas diendo5le 'ue atire aBgua do 0alde para cima de ; e 'ue se no acertar serB despedida ;om medo de 'ue a mandem

    em0ora, " atira a Bgua su=a do 0alde para cima de ; ;f @Yrgen 6aumann, Strafrechtsf)lle und*+sungen, +Q ed, 1A81, p A

    X polcia, 'ue entretanto surgiu, #declarou 'ue compreendia o comportamento de $, nada'uerendo dela, mas apresentou 'uei2a contra o marido, por ofensas corporais

    9uni0ilidade de$eBS

    " primeira 'uesto a de determinar se oue uma ofensa no corpoou na sa&de de #?o se detecta, eidente, um pre=uo para a su0stHncia corporal da tima Cas o factode se atingir outra pessoa com um 0alde de Bgua su=a representarB um pre=uo no 0em estarfsico de uma forma no insignificanteS Tma e 'ue a$tee 'ue ficar algum tempo com aroupa no corpo, molada com Bgua su=a, e 'ue dessa forma se erifica uma perturba$o de

    fun!es fsicas, parece estar assegurado 'ue o tipo de ilcito do artigo 143, n 1, seencontra preencido @B seria diferente, no se podendo falar em maus tratos corporais, seno ero, em plena praia, algum atira um =arro de Bgua limpa e temperatura normalcontra outra pessoa

    ?o 'ue toca aos elementos su0=ectios do crime de ofensa integridade fsica simples, manifesto 'ue $ actuou com conhecimento e ontade da realiao tpica, isto ,dolosamente

    #, todaia, no apresentou 'uei2a contra$ ;omo o crime tem naturea semip%0lica (artigo143, n .), no tem o Cinistrio 9%0lico legitimidade para o procedimento criminal

    ! ;>digo de 9rocesso 9enal edita regras especiais para os crimes particulares lato sensu

    (crimes semip%0licos) em 'ue a legitimidade do Cinistrio 9%0lico para acusar necessita deser integrada por um re'uerimento, feito segundo a forma e no prao prescritos, atras do'ual o titular do respectio direito (em regra, o ofendido) e2prime a sua ontade de 'ue seerifi'ue procedimento criminal por um crime cometido contra ele ou contra pessoa comele relacionada (artigo 113 do ;>digo 9enal e artigo 4A do ;>digo de 9rocesso 9enal ( 11)! direito de 'uei2a assim uma declarao ine'uoca de ontade de proceder contradeterminada pessoa (1.) ! fundamento da e2ist#ncia de crimes particulares reside, por umlado, em 'ue tais infraces no se relacionam com 0ens =urdicos fundamentais dacomunidade de modo to directo e imediato 'ue a'uela sinta, em todas as circunstHncias daleso, F g atenta a sua insignificHnciaF necessidade de reagir automaticamente contra oinfractor (13) Ie o ofendido entende no faer aler a e2ig#ncia de retri0uio, a comunidade

    considera 'ue o assunto no merece ser apreciado em processo penal 7m certas infraces,ou no so0re a capacidade de tra0alo, nomeadamente a'uela de atender s ocupaes ordinBrias, 'uere'ueira ou no intereno terap#utica, 'ue comporte ou no um re0ate geral apreciBel do organismo

    por isso 'ue se reconece doena mesmo nas e'uimoses, escoriaes, epista2es, no $a0alo& ps'uico e emtantas outras condies de escasso releo mdico& (;f :ernando !lieira IB,R##3, citando :rancini,

    ,edicina *egal, AQ ed, ;edam 9adoa, p 441 e s) ! conceito de doena um conceito puramente mdico,podendo e2istir ofensa corporal sem aer doena, di5se no indicado estudo

    11 cf @orge de :igueiredo ias, !ireito enal ortugu-s . $s #onse%u-ncias Jurdicas do #rime,"e'uitas, 1AA3, p --+

    1.@os amio da ;una,R##8 (1AA8), p -/1

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    a promoo processual contra ou sem a ontade do ofendido pode ser inconeniente oumesmo pre=udicial para interesses seus, dignos de toda a considerao, por'ue estritamenterelacionados com a sua esfera ntima ou familiar< perante um tal conflito de interesses

    =uridicamente releantes o legislador dB preal#ncia ao interesse particular

    "contece 'ue o no e2erccio do direito de 'uei2a relatiamente a um dos comparticipantesdentro do prao de seis meses aproeita aos restantes, nos casos em 'ue estes no puderemser perseguidos sem 'uei2a (artigo 11+, n 3), pretendendo5se assim retirar dadisponi0ilidade do ofendido o direito de escola de um ou mais participantes, com e2clusode outros, isto 'ue o 'ue essencialmente estB em causa a perseguio do crime praticadoe no apenas a satisfao de interesses de naturea pessoal (cf ac>rdo da Lelao deDuimares de . de eem0ro de .//., #J.//., tomo O, p .A1) #, titular dos interesses'ue a lei 'uis proteger com a incriminao (artigo 113, n 1), dirigiu a 'uei2a apenas contrao marido, mas indicou$como sendo comparticipante nos factos 'ue integraam o crime deofensa integridade fsica, sem 'ue agora tenamos 'ue determinar se se trata de autoria oude cumplicidade ;onsiderando o princpio da indiisibilidade consagrado no n 3 do

    artigo 11+, in'uestionBel 'ue o no e2erccio do direito de 'uei2a contra $aproeita aoB

    Oamos agora supor 'ue # tam0m apresentara 'uei2a contra $ F 'ue, apesar decompreender o gesto de$, ainda assim 'ueria 'ue esta respondesse em =uo 9e5se entoo pro0lema de sa0er se o facto de ter declarado 'ue at compreendia a conduta de $representa uma causa de =ustificao, concretamente, na forma de consentimento "resposta s> poderB ser negatia, uma e 'ue o consentimento =ustificante precedenecessariamente a conduta tpica, como mostra a circunstHncia de poder ser lirementereogado at e2ecuo do facto (n . do artigo 38) 9or conseguinte, o crime no seencontra =ustificado pelo consentimento da ofendida Kam0m no conergem os

    pressupostos do artigo 34 " conserao de um emprego $apetecel& por parte de $norepresenta um interesse sensielmente superior integridade fsica de # ;omo, por %ltimo,no aia por parte deBum perigo actual para a ida, a integridade fsica, a onra ou ali0erdade de$, a culpa tam0m se no mostra e2cluda por aplicao dos critrios do artigo3+ (estado de necessidade desculpante) " praticou um crime consumado do artigo 143, n1, na pessoa de # Zuanto muito, a pena de $ poderB ser especialmente atenuada72cepcionalmente, poderB at$ser dispensada de pena, tudo nos termos do n . do artigo3+

    "o atingir as roupas de #com a Bgua do 0alde podem ter sido proocados danos ligados utilidade dessas coisas, de acordo com a sua funo (o tornar no utili/elcoisa aleia)

    ?o 'ue respeita s aces tpicas, no crime de dano do artigo .1., n 1, do ;>digo 9enal,

    o legislador com0inou diersas formulaesJ ao lado da destruio, 'ue enole odesaparecimento da coisa fsica, irremediaelmente atingida na sua su0stHncia e en'uantocoisa capa de desempenar uma funo< da danificao, 'ue no atingindo o limiar dadestruio e2prime a diminuio das utilidades, em irtude da sua alterao material, 'ue acoisa concedia< e da desfigurao, com a alterao da imagem e2terior da coisa Faparecem tam0m danos ligados utilidade da coisa de acordo com a sua funo (o tornarno utili/elcoisa aleia) :ala5se, a prop>sito, de leso da subst0nciae de reduo dasutilidades ! crime em causa tem igualmente naturea semip%0lica, necessBria 'uei2a

    13;f :igueiredo ias,!ireito rocessual enal, ol 1,p 1.1

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    pria para 'ue o procedimento criminal possa ser e2ercido (n 3 do artigo .1.) e'ual'uer forma, trata5se de um facto co1punido, em rao do concurso aparente de normas

    F entre o preceito do artigo 143, n 1, e o do artigo .1., n 1, s> se aplicarB o primeiro,recuando o segundoJ a pena da'uele =B englo0a o desalor da utiliao dos meios

    escolidos para ofender corporalmente (14

    )7staro igualmente presentes as circunstHncias, o0=ectias e su0=ectias, do crime de in=%riados artigos 181, n 1, e 18. S Io in%meros, como se sa0e, os modos como pode cometer5se o crime 9ara alm da ofensa er0al, onde as palaras t#m um ine'uoco significadoofensio da considerao ($ladro&, $gatuno&, etc), o crime pode cometer5se metendo aridculo o ofendido, de maneira sim0>lica, mediante actos, imagens ou o0=ectos 'ue peloseu significado, facilmente compreendido pelos outros, ofendem a onra F gesto de mocom o indicador e o mnimo espetados< colocao de uns cifres porta do iino< mostraro $traseiro&, ostensiamente, em postura ofensia< o e2pelir de entosidades anais,igualmente em postura ofensia e com despreo do isado< atirar um 0alde de Bgua su=acontra uma pessoa com o prop>sito de a molar, como no caso anterior< e outros e2emplos

    'ue t#m corrido nos tri0unais :aer troa de algum, mesmo em =eito de 0rincadeira, podeofender se for e2presso de um desalorJ por e2, tratar por $tu& de forma impertinente!fende 'uem cospe no outro ou le lana imundcies !fende o pu2o de orela ou a

    0ofetada 'ue se dB, no para magoar fisicamente mas para re0ai2ar o adersBrio

    "tentas as circunstHncias, todaia, parece 'ue no serB caso de sustentar uma ofensa daonra

    7 'ual a posio deBem tudo isto SBtam0m agiu dolosamente, sem 'ual'uer causa de=ustificao ou de desculpao Cas serB co5autor ou instigador de$S 7 serBBautor de umcrime de ameaa (artigo 1+3, n 1) relatiamente a $S

    Caso n 1 ! corao do cai&ado 6ancourante o assalto a uma ag#ncia 0ancBria, o cai2a, B, sofreu um

    ata'ue cardaco na se'u#ncia do enorme susto proocado pela intereno de $, um dosassaltantes

    " ofensa corporal no estarB no susto, mas no ata'ue cardaco por ele proocado

    Caso n + ar uma 0ofetada, apertar o pescoo professora do ensino 0Bsico ?a sala de aulas, escree no 'uadro, de costas iradas para os alunos, com idades 'ue andam pelos noe * de

    14?o 'ue toca ao Hm0ito e aos pressupostos do facto posterior no punel ( facto posterior co#punido)Jcomo escree @escec[ ($T, p --A< cf, tam0m, 7 ;orreia, Tnidade e 9luralidade, p 14.), a aco tpica'ue se segue ao crime e 'ue tem unicamente em ista assegurar, aproeitar ou garantir a antagemconseguida com o primeiro acto, consumidaJ i) 'uando se no iola 'ual'uer outro 0em =urdico e ii) odano no se amplia 'uantitatiamente para lB do =B ocasionado ?este caso, a relao tpica entre a infraco

    primBria e o acto posterior 'ue com ela concorre consiste em 'ue, regra geral, o agente tem 'ue realiartam0m a aco posterior caso pretenda 'ue o facto principal tena para si algum sentido 9or isso, aapropriao da coisa furtada por parte do ladro no constitui uma apropriao indeida (a0uso deconfiana) 'ue dea ser ista autonomamente ;om esta soluo pretende5se eitar 'ue o mesmo ilcito se=asancionado duas ees "ceite geralmente como acto posterior no punido o caso do ladro 'ue 'ueima acoisa 'ue furtara, 'uando cega concluso de 'ue afinal no le sere para o 'ue pretendia o mesmomodo, se algum furta uma 0icicleta e mais tarde, para afastar de si as suspeitas de furto, a deita ao rio,faendo com 'ue a desaparea, no se poderB falar de um concurso efectio de crime de furto e de danoJ o

    pre=uo o0=ectiamente causado no aumenta para alm do =B ocasionado pelo furto e o conte%do criminaldo dano aca5se =B consumido pela punio do furto Kem rao Lodrigue eesa 'uando escreeJ ?uncai nenuma sentena 'ue condenasse por omicdio e ao mesmo tempo pelos danos causados na roupa pelodisparo 'ue proocou a morte ou pela facada 'ue proocou feridas mortais na tima " pena do omicdio

    =B englo0a o desalor da utiliao dos meios escolidos para dar a morte

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    anos Xs tantas, dB5se conta do arremesso de uma 0ola de papel, e olta5se rapidamente,agarrando$por um 0rao, e aplicando5le um ta0efe na cara ?a tarde desse mesmo dia, os

    pais de $ faem 'uei2a contra a professora por crime de ofensa integridade fsica e porin=%ria, informando da sua inteno de se constiturem assistentes ?o dia seguinte de man, ame de$apresenta5se com este na sala de aulas, para ter uma conersa com a professora, e s

    tantas agarra5le o pescoo com am0as as mos, seguindo5se a 'uei2a desta na polcia ?asaeriguaes 'ue se seguiram, proou5se 'ue no fora o aluno $'uem atirou a 0ola de papel professora ;f Pessels * 6eul[e,$T, p 1+< ;laus Lo2in et al, Strafrechtliche 2lausurenlehremit (allrepetitorium, .Q ed, p + e ss

    "o agarrar$por um 0rao, aplicando5le um ta0efe na cara, pode ter cometido um crimedoloso de ofensa integridade fsica simples ;omo =B imos, o ilcito do artigo 143, n 1,consuma5se com 'ual'uer ofensa no corpo ou na sa%de MB dano da integridade corporal,

    por e2, 'uando o agressor prooca e'uimoses, arranadelas, ferimentos, fracturas,mutilaes ou outras leses do mesmo gnero na tima Cas nem o derramamento desangue (emorragia) nem a soluo de continuidade dos tecidos so indispensBeis e2ist#ncia de uma ofensa no corpo " dor e o sofrimento tam0m no so imprescindeis

    Zuem dB uma 0ofetada noutra pessoa agride5a fisicamente, ofendendo5a no corpo(eentualmente na sa%de), mesmo 'ue no ocorram leses, incapacidade para o tra0alo ou,mesmo s>, dor

    ! direito dos pais corrigirem os filhosdeerB ser considerado uma causa de =ustificao" legitimao dos pais dedu5se do direito de educar ;f os artigos 18, 188 e 188+do ;>digo ;iil Cas no e2iste uma norma escrita a conferir aos professores um direito decastigo na escola Mo=e em dia, aliBs, nega5se um direito de castigo do professorrelatiamente aos seus alunos, mesmo 'ue este pretenda 'ue sua actuao preside umafinalidade pedag>gica e se guarda uma relao ade'uada com a falta cometida e a idade do

    =oem Kam0m por isso mesmo se no poderia prealecer o professor da ade%uao socialda ofensa (1+) (1-)

    1+- crit"rio da adequa$o social ?o 'ue toca ade'uao social, escree o 9rof :igueiredo ias, R##1AA1, p 48J $a ideia 0Bsica a de 'ue no pode constituir um ilcito =urdico5penal uma conduta 'ue abinitioe em geral se reela como socialmente aceite e reconecida& Iegundo Pelel, ficam e2cludas do tipode in=usto a'uelas condutas 'ue em0ora este=am nele formalmente includas se mant#m dentro da ordemsocial ist>rica $normal& da comunidade Pelel menciona como e2emplos, entre outras, as ofensascorporais insignificantes, as priaes da li0erdade irreleantes, a entrega de presentes aos funcionBrios poraltura do ?atal, as condutas meramente indecorosas ou impertinentes no Hm0ito se2ual ! critrio daade'uao social como causa de e&cluso da tipicidade da conduta , para alguns autores, sumamenteimpreciso e afectaria, por isso, graemente a segurana =urdica ! mesmo se afirma do camado princpioda insignificHncia, formulado por Lo2in Oer, so0retudo, ;ereo Cir, $7l delito como acccion tpica&, in7studios 9enales \i0ro Momena=e al 9rof @ "nton !neca, 7d Tniersidad de Ialamanca, 1A8., p 1-$"s aces socialmente ade'uadas, isto , as aces 'ue no contrastam com as e2ig#ncias, os aspectos, as

    caractersticas, os fins da ida em sociedade num dado momento ist>rico, no deeriam considerar5secorrespondentes a uma a0stracta fatispcie delituosa, ainda 'ue, formalisticamente, le possam serreferidas& 9or %ltimoJ 9aula Li0eiro de :aria, " ade'uao social da conduta, ed da Tniersidade ;at>lica,.//+< e "ugusto Iila ias, :a sentido punir o ritual do fanadoS, L9;; 1- (.//-), p ./+

    1- "inda so0re cl2usulas de adequa$o socialJ carnaal, pra2e F cortes de ca0elo, cf Caria 9aula Li0eirode :aria,$ leso da integridade fsica e o direito de educar, com a o0serao de 'ue $o direito no deeser completamente permeBel em relao s aloraes sociais, nomeadamente, no dee sofrer refle2esa2iol>gicas em funo das prBticas sociais, mas tam0m no pode ter uma relao ostensia e real realidadee na ida social& ?o mesmo local, podem ainda encontrar5se elementos so0re o cumprimento das regrasdo jogo nas competi!es desporti%as< as condutas de agress$o ntima (empurres, 0elisces, pisadelas,$'ue no t#m dignidade lesia para merecerem ou =ustificarem a intereno penal&)< e o e/erccio dodireito de correc$o Kam0m so0re o direito de correco, :igueiredo ias, Te&tos, p .A+J $um direito de

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    ! acto de atirar uma 0ola de papel no representa, certamente, uma agresso 'ue =ustifi'uea adopo de uma aco de defesa, pelo 'ue estarB do mesmo modo e2cluda a legtimadefesa (artigo 3.) 9ode5se assim assegurar 'ue o comportamento da professora ilcito,

    por no se encontrar co0erto por 'ual'uer causa de =ustificao (artigo 31) Oamos

    contudo er se a puni0ilidade depoderB eentualmente ser afastada pela circunstHncia deesta, no momento de actuar, estar conencida de 'ue tina um direito ao castigoe 'ue, nocaso, estaam reunidos os pressupostos fBcticos dessa presumida causa de =ustificao(ip>tese de duplo erro) etecta5se a'ui um erro so0re o tipo permissio (admissoerr>nea de uma situao 'ue, a e2istir, seria de molde a =ustificar o facto concreto), aresoler de acordo com os critrios do artigo 1-, ns 1 a 3, e2cluindo5se o dolo, mas

    possi0ilitando a puni0ilidade do agente por ofensa integridade fsica negligente (artigo148), tanto mais 'ue, sendo o crime de naturea semip%0lica, oue 'uei2a de 'uem dedireito, os pais do aluno

    Oe=a5se agora, a prop>sito, o e2emplo do 9rof :igueiredo ias (1), do educador 'ue =ulgando ter sido oaluno $ 'uem le faltou ao respeito (na realidade foi B) F erro so0re os pressupostos do direito de

    correco F se cr# legitimado a corrigi5lo com ofensas corporais gra%es F erro sobre o 'mbito dodireito de correc$o $Iuposta a censura0ilidade dos erros, seria eidentemente a0surdo pretender 'ue logoo erro so0re os pressupostos do o0stBculo ilicitude tornaria o crime negligente, 'uando certo 'ue, se talerro no e2istisse e o professor tiesse castigado da mesma forma o aluno respeitador (B), o crime seriadoloso " rao estB, como claro, em 'ue o erro so0re os pressupostos s> relea (ou mesmo s> e2iste emsentido pr>prio) 'uando condu o agente a aceitar um estado de coisas 'ue, a e2istir, e2cluiriaefectiamente a ilicitude do facto, mas =B no 'uando, mesmo a e2istir, s> na concepo do agente ae2cluiria& !ra, o agente $aceitou erroneamente os pressupostos, no de um o0stBculo ilicitude e2istente,mas de um 'ue o direito no reconece&

    ! passo seguinte consiste em desendar se apertar o pescoo constitui ofensa integridadefsica para efeitos de preencimento do tipo legal fundamental de ofensa integridade fsicado artigo 143, n 1 Tm caso destes foi tratado, ainda 'ue s> para efeitos de pron%ncia, no

    ac>rdo da Lelao de \is0oa de 1A de @uno de .//1, #J.//1, tomo NNN, p 1+/ " serecorda 'ue o 0em =urdico protegido a integridade fsica e 'ue esta pode ser atingida poruma ofensa no corpo ou na sa%de independentemente da dor ou sofrimento causados, dagraidade dos efeitos ou da sua durao

    $9or ofensa no corpo dee entender5se toda a pertur0ao ilcita da integridade corporalmorfol>gica ou do funcionamento normal do organismo ou das suas funes ps'uicas, todoo mau trato atras do 'ual a tima pre=udicada no seu 0em estar fsico de forma noinsignificante ;om efeito, segundo a doutrina, a ofensa no corpo no poderB serinsignificante Io0 o ponto de ista do 0em =urdico protegido no serB de ter comoreleante a agresso e ilcito o comportamento do agente se a leso diminuta (]) ! actode apertar o pescoo de outra pessoa no constitui uma forma de actuao susceptel de se

    en'uadrar numa ia de facto e, face ao nosso ordenamento penal, dee ser consideradacomo ofensa corporal, no sendo de recorrer figura da ade'uao social para o e2cluir,em princpio, do tipo legal fundamental de ofensa integridade fsica simples 7ntendimento'ue se mantm na lina definida pela =urisprud#ncia ;omeando pelo ac>rdo de fi2ao de

    =urisprud#ncia de .8111AA1 'ue considerou integrar o crime do art 14.^ do ;9, erso

    correco do professorso0re os seus alunos 'ue impli'ue a prBtica, por a'uele, de factos criminalmentetpicos no parece poder o=e sufragar5se, tam0m entre n>s&< e ! * GN, .Q ed, .//, p +/- 7 ;lausLo2in, $Deset ur "ctung der DeUalt in der :amilie&, JuS3*.//4, p 1

    1:igueiredo ias, O problema, p 444, nota +A

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    A

    primitia, a agresso oluntBria e consciente, cometida 0ofetada, so0re outra pessoa,ainda 'ue esta no sofra por ia disso, de leso, dor ou incapacidade para o tra0alo, ecitando5se, a ttulo e2emplificatio, os ac>rdos da L; de -1/88 (integra a materialidadecorrespondente ao crime de ofensas corporais oluntBrias a conduta da'uele 'ue agarra a

    ofendida pelas roupas, =unto ao pescoo, dando5le fortes a0anes) e de +48A (crimepreisto e punido no art 14., n 1 do ;9, erso primitia, pode ser cometido atras deuma conduta, nomeadamente um empurro, 'ue no dei2e marcas ou conse'u#ncias nocorpo do ofendido) ?este entendimento, consideramos 'ue a indiciada conduta da arguidade apertar o pescoo da ofendida integra o crime de ofensa integridade fsica e 'ue, sendoa assistente professora e tendo o facto sido cometido no e2erccio das suas funes, estBdesencadeado o e2emplo padro contido na al =) do n . do art 13. do ;9, indiciando umespecial tipo de culpa agraado, conformado atras da erificao da especialcensura0ilidade ou perersidade do agente, determinando a aplicao do art 14-^ do ;9,

    por refer#ncia ao art 143 do mesmo diploma, na su0suno =urdica dos factos 'uesuficientemente se indiciam& ;itado ac>rdo de 1A de @uno de .//1&

    Caso n * 3m corte de cabelo esco%inha$, en'uantoB, seu companeiro de 'uarto, dormia, depois deuma noitada 'ue meteu copos em a0undHncia, conseguiu pacientemente e sem 'ue a tima detal se fosse aperce0endo, cortar5le a farta ca0eleira 'ue era o orgulo de B ZuandoBacordoue se sentiu $espoliado da'uilo 'ue melor coniia com os seus pensamentos&, foi faer 'uei2a es'uadra por ofensa oluntBria sua integridade fsica, o 'ue dei2ou os polcias muitoespantados e perple2os$defendeu5se, diendo 'ue am0os eram estudantes uniersitBrios e seestaa no auge da temporada da pra2e acadmica

    9uni0ilidade de$S

    ! direito italiano esta0elece a diferena entre $leses pessoais&, 'uando se produ umaalterao, ainda 'ue lessima, da integridade fsica pessoal (e2J as e'uimoses, 'ue leam rotura dos asos sanguneos com infiltrao do sangue no tecido celular), e o delito de

    percosse(artigo +81 do c>digo), para o 'ual 0asta a produo de sensaes dolorosas "diferena depende e2clusiamente das conse'u#ncias produidas pela aco do agenteJconfigura5se delito de percosse se do facto deria para o su=eito passio apenas umasensao fsica de dor< ocorrendo doena, aerB delito de leses, ainda 'ue a inteno doagente se=a apenas a de agredir " $percossa& (percusso), para poder apresentar carBcter dein=%ria, deerB ser e2presso de uma iol#ncia puramente formal, 'ue reele a inteno deeitar o mnimo sofrimento fsico no ofendido, antes eidenciando o e2clusio prop>sito deofender moralmente (18)

    ?o direito suo, as %ias de facto (artigo 1.-J oies de fait< T)tlich3eiten) constituem olimite inferior das leses corporais simples, mas os critrios 'ue permitem decidir5se o =ui

    por umas ou outras so pouco precisos, e2igindo5se a cola0orao do perito mdico para

    'ualificar o pre=uo sofrido 9ara o Kri0unal :ederal aerB leso corporal simples (artigo1.3) se o inc>modo, mesmo passageiro, e'uialer a um estado m>r0ido, por se erificar umco'ue neroso ou dores importantes "s ias de facto so definidas como ata'ues fsicos'ue, mesmo sem causarem dor, e2cedem o 'ue comum suportar5se segundo os usoscorrentes e os B0itos sociais, e 'ue, por definio legal, no proocam leses corporaisnem pre=uo para a sa%de Io aces 'ue sem leso corporal nem pre=uo para a sa%degeram, ainda assim, algum mal 6astarB causar a outra pessoa uma pertur0ao do 0em5estar para se poder falar de ias de facto Io ias de facto o corte parcial do ca0elo ou a

    18;f \uigi elpino, p -4

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    pintura do corpo da tima, com tinta ou com e2crementos Io ainda de integrar entre asias de facto as modificaes de ordem patol>gica no corpo da pessoa, as 'uais portantoatingem a sa%de, mas de tal modo insignificantes 'ue normalmente as pessoas as no'ualificam como proocando doena, como sero certas contuses sem graidade e

    modo 'ue se algum corta um pedao de ca0elo a outrem estamos perante ias de factodigo 9enal de 188- distinguia5se entre as ofensas corporais oluntBrias simples(artigo 3+A), as de 'ue resultaam doena ou impossi0ilidade para o tra0alo (artigo 3-/),as de 'ue resultaa priao da rao ou impossi0ilidade para o tra0alo permanente (artigo3-1) e as de 'ue resultaa morte por circunstHncia acidental (artigo 3-.) ?as ofensascorporais oluntBrias simples no concorria 'ual'uer das circunstHncias enunciadas nosartigos seguintes $7 sempre essas ofensas corporais simples foram aidas como as 'ueno produiam leses e2ternas ou internas ou 'ual'uer tipo de doena, isto , estadom>r0ido da sa%de& "ssim, o ac>rdo de 18 de eem0ro de 1AA1, 'ue firmou

    =urisprud#ncia com carBcter o0rigat>rio, e onde se recorda 'ue a ;onstituio da Lep%0licareconece, sem 'uais'uer limitaes ou graduaes, o direito integridade fsica Vartigo.+, n 1W e considera5o iniolBel, no faendo sentido 'ue o legislador penal, ao incriminare faer punir os actos ioladores de tal direito, com ista a assegurar a sua defesa, o fiesse

    por forma limitada

    III. Crime de ofensa integridade fsica gra%e

    ! tipo de ofensa integridade fsica grae (artigo 144) contempla um tipo de ilcito'ualificado pelo resultado ?as alneas a), 0) e c), a ofensa dee ser produida dolosamente,

    0astando o dolo eentual ! fundamento da agraao estB na causao do resultado maisgrae, 'ue a tima passa a sentir (na 'ualidade da sua ida) de forma permanente ereleante 7stB sempre em causa uma ofensa ao corpo ou sa%de de outra pessoa,importando, tam0m a'ui, resoler eentuais pro0lemas de causalidade " agraaoresultaJ a) de priB5la de importante >rgo ou mem0ro, ou de desfigurB5la grae e

    permanentemente< 0) tirar5le ou afectar5le, de maneira grae, a capacidade de tra0alo, ascapacidades intelectuais, de procriao ou de fruio se2ual, ou a possi0ilidade de utiliar ocorpo, os sentidos ou a linguagem< c) proocar5le doena particularmente dolorosa ou

    permanente, ou anomalia ps'uica grae ou incurBel " alnea d)J proocar5le perigo paraa ida, contempla um crime de perigo concreto, singular

    Caso n 4 Castigo com soda c2ustica. 5plica$o de leis penais no tempo 7m ./ de Caro de 1AA1, as

    arguidas$,Be #, conencidas de 'ue! $andaa metida& com o pai da primeira e marido dasegunda, atraram5na ao autom>el da #e conduiram5na para local ermo, onde a arrastarampara =unto de um pineiro, ao 'ual a amarraram com uma corda, atando5le um leno oltada 0oca, para a impedirem de gritar "grediram5na depois, repetidamente, com uma mangueirae uma corrente de ferro " seguir, a $tirou uma garrafa de idro do carro, a 'ual contina uml'uido em cu=a composio e2istia soda cBustica, produto com aco corrosia, e en'uanto a Bleantaa as saias da!, a #derramou tal l'uido so0re o corpo da tima da cintura para 0ai2o,ap>s o 'ue todas a a0andonaram, desamarrada ;onseguindo cegar estrada pr>2ima, a !foisocorrida e su0metida a tr#s interenes cir%rgicas, tendo sofrido mais de ../ dias de doenacom impossi0ilidade para o tra0alo e ainda desfigurao grae e permanente, afectao graeda capacidade de tra0alo e doena particularmente dolorosa

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    ! ac>rdo do IK@ de 31 de @aneiro de 1AA- B,J4+3, p 1A., entendeu 'ue as arguidaspraticaram o crime de se'uestro 'ualificado do artigo 1-/, ns 1 e ., alneas f) e g), naprimitia redaco do ;>digo, por terem actuado com artifcio para atrarem a tima aocarro, diendo5le 'ue a leaam para tra0alar nas indimas, e aer o concurso de . ou

    mais pessoas Falm do crime de ofensas corporais graes do artigo 143, alneas a), b) ec), na mesma redaco do c>digo "o ac>rdo colocou5se um pro0lema de aplicao de leispenais no tempo X lu das alteraes introduidas pelo ecreto5\ei n 48*A+, de 1 de!utu0ro de 1AA+, o crime de se'uestro praticado pelas arguidas era o do artigo 1+8, ns 1e ., alnea b)< o de ofensas corporais graes o do artigo 144, alneas a), b) e c) Kendo5seconcludo ser da mesma graidade a punio de cada uma das arguidas, segundo o elo e onoo regime legal, o Kri0unal aplicou a le& temporis, em o0edi#ncia ao disposto no artigo., n . "tente5se em 'ue na data deste ac>rdo no se encontraa ainda em igor a normado actual artigo 14+ (ofensa integridade fsica 'ualificada)

    Caso n 6 - autom7%el como instrumento do crime$atropelouBoluntariamente com o seu carro, 'uepropositadamente desiou para a 0erma 7m irtude do em0ate, a Bfoi pro=ectada para o ar,

    tendo cado em cima do pBra50risas, aca0ando por se estatelar na 0erma da estrada, onde ficouimo0iliada, ap>s ter 0atido com a ca0ea o em0ate resultou5le, directa e necessariamente,e2tensas feridas (]), tendo sido su0metida a correco cir%rgica da ferida crHnio cere0ral Kaisferimentos determinaram um perodo de doena (]), tendo5le adindo, como leses

    permanentes, epilepsia p>s5traumBtica, cicatries lineares resultantes de intereno cir%rgicasituadas no emicranio es'uerdo e Brea de depresso fronto5parietal de - por 8 centmetros 7mirtude dessas leses, a B ficou a padecer de uma incapacidade parcial permanente para otra0alo no inferior a -/_ "o actuar como se descreeu, o $f#5lo com a inteno alcanadade utiliar a sua iatura autom>el, 'ue sa0ia ser um meio capa de colocar a ida das pessoasem perigo e do 'ual as mesmas no se podiam defender 'uando caminaam pelos seus

    pr>prios meios, para ofender graemente a Bno seu corpo e sa%de, retirar5le parte da suacapacidade de tra0alo e proocar5le doena permanente "pesar de se ter aperce0ido

    perfeitamente do estado de sa%de em 'ue se encontraa a tima e do perigo de ida 'ue amesma corria, o$prosseguiu a sua iagem sem le prestar 'ual'uer au2ilio ou promoer o

    respectio socorro

    ecidiu o ac>rdo do IK@ de 1. de :eereiro de .//4, no proc n /393./., 'ue o facto susceptel de integrar a alnea d) do artigo 144, para alm das alneas b) e c), no seerificando contudo o crime de omisso de au2lio do artigo .//, por 'ue o $tina sidocondenado tam0m na 1Q instHncia 72plicou o IupremoJ o$agiu com a inteno alcanadade utiliar a sua iatura autom>el, 'ue sa0ia ser um meio capa de colocar a ida das

    pessoas em perigo e do 'ual as mesmas no se podiam defender 'uando caminaam pelosseus pr>prios meios, para ofender graemente aBno seu corpo e sa%de, retirar5le parte dasua capacidade de tra0alo e proocar5le doena permanente " esse comportamentoacresce um mais, 'ue censurBel do ponto de ista tico5=urdico Oem esse mais atraduir5se no seguinte ponto da matria proadaJ $"pesar de se ter aperce0ido

    perfeitamente do estado de sa%de em 'ue se encontraa a tima e do perigo de ida 'ue amesma corria, o$prosseguiu a sua iagem sem le prestar 'ual'uer au2lio ou promoer orespectio socorro ;omo 'ualificar esse mais, sendo ele digno de censura tico5=urdica, seno como omisso de au2lio, nem o pode ser, como imos, por crime de omicdiotentado ('ue, aliBs, a s#5lo, parece 'ue consumiria, ento, ante a glo0alidade da conduta, ocrime de ofensa integridade fsica)S 7sse mais, 'ue acarretou perigo para a ida da tima5 um perigo a0rangido pelo dolo do agente, uma e 'ue o recorrente praticou todos osfactos dados como proados consciente e oluntariamente 5 constitui a circunstHncia

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    1.

    'ualificatia da alnea d) do artigo 144, en'uadrando5se no Hm0ito do tipo legal dasofensas integridade fsica graes

    Caso n 8 3tilia$o da garrafa partida. ?um caf,$partiu uma garrafa de idro na mesa em 'ue sesentaa e dirigiu5se aB Iegurando a garrafa pelo gargalo, atingiu de seguida o Bna garganta

    com o lado partido da garrafa Cerc# desta agresso, o Bsofreu ferida incisa transersal da faceanterior do pescoo, no apresentando leso de estruturas no0res, o 'ue le causou 1+ dias dedoena, todos com impossi0ilidade para o tra0alo ! arguido ao desferir um golpe com agarrafa partida no pescoo do ofendido sa0ia 'ue poderia pRr em perigo a sua ida, uma e'ue sa0ia 'ue a'uela regio das 'ue cont#m >rgos itais, sendo efectia para produir lesesmortais com o tipo de instrumento 'ue utiliou ! arguido, atento o instrumento por siutiliado, agiu com inteno de magoar e ferir o ofendido, representando a possi0ilidade deassim colocar em perigo a sua ida, resultado este com cu=a erificao se conformou Kina

    perfeita consci#ncia da naturea e caractersticas do instrumento 'ue utiliou ! arguido agiudeli0erada e conscientemente, 0em sa0endo 'ue a sua conduta era proi0ida e punida por lei

    ! tri0unal de Cao condenou o$por crime de ofensa integridade fsica grae, na formatentada, dos artigos 144 alnea d), .. ns 1 e ., alneas a) e 0), e .3 n 1

    ;omentar o acerto da decisoCaso n : 0ri%ar outrem de importante 7rg$o ou membro. 0ri%a$o do bao ,dispara uma arma de

    fogo, sem inteno omicida, no 0ai2o entre de ', sua muler, de tal modo 'ue esta aca0a porperder o 0ao

    ?os termos do disposto no artigo 144, alnea a), 1Q parte, constitui uma ofensa integridade fsica grae a conduta do agente 'ue priar outrem de $importante >rgo oumem0ro& " priao de >rgo ou mem0ro tem lugar sempre 'ue a actuao do agentecondu supresso de um >rgo ou mem0ro, de tal forma 'ue estes ficam impedidos derealiar a sua funo como parte integrante do corpo umano 9or >rgo dee entender5setoda a parte ou componente de um corpo organiado, 'ue tem uma funo particular Cas,a alnea a), do artigo 144, e2ige 'ue se trate de importante >rgo 7sta $importHncia

    aaliada em primeira lina de acordo com a funo e2ercida no conte2to geral doorganismo umano& (;omentBrio ;onim0ricense, tomo N, pBg ..4) ?o despaco recorridodefende5se 'ue o 0ao no pode ser 'ualificado como importante >rgo e, por conseguinte,no preence a preiso constante da 1Q parte da alnea a), do citado artigo 144, do ;9i5se a 'ue caso se e2traia o 0ao (esplenectomia), o corpo perde parte da sua capacidade

    para produir anticorpos e para eliminar 0actrias do sangue 9or conseguinte, a capacidadedo corpo para com0ater as infeces encontra5se reduida 9orm, ao fim de pouco tempooutros >rgos (principalmente o fgado) aumentam as suas defesas para compensar esta

    perda, pelo 'ue, o risco de infeces no dura toda a ida Lesulta, assim, claro 'ue apesarde o 0ao ter uma funo especfica no corpo umano, o certo 'ue tal funo pode

    perfeitamente, em caso de e2traco da'uele, ser realiada por outros >rgos&

    ?o se pode, porm, concordar com esta posio

    Iendo erdade 'ue, na aus#ncia do 0ao, outros >rgos passam a desempenar as funesdele, nomeadamente o fgado, a medula >ssea e certas clulas retculo5endoteliais, sendocorrecto afirmar5se 'ue do ponto de ista mdico, o 0ao no um >rgo essencial docorpo umano, no sentido de imprescindel, todaia, no pode dei2ar de considerar5secomo um >rgo muito importante ! 0ao um >rgo linfBtico e fa parte do sistemaretculo5endotelial, participando nos processos de ematopoiese (produo de clulassanguneas) e emocaterese (destruio de clulas enelecidas) (]) ! paciente sem 0aodee faer e2ames mdicos peri>dicos, su=eitar5se a acinao anual contra a gripe e,

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    nomeadamente, a anti0ioticoterapia profilBtica, precisamente por'ue se encontra e2posto esusceptel a infeces (graes) perante eentuais agresses do meio am0iente por agentes

    patol>gicos (]) , pois, manifesto 'ue o 0ao, no sendo essencial, no sentido deimprescindel, todaia, um >rgo muito importante, 'ualificando o crime ` artigo 144,

    alnea a), do ;9 ?este sentido, o ac>rdo do IK@ de 14 de ?oem0ro de 1A84, B,J341,pBg .18 ;f o ac>rdo da Lelao do 9orto de .- de "0ril de .//-, proc n /+1-A84

    Caso n 9 ;esfigura$o.;om uma arma 0ranca (naala de 0ar0eiro), $desferiu Brias naaladas emB,'ue le proocaram feridas (]) e, em conse'u#ncia directa e necessBria das mesmas, o Bapresenta, sem 'ual'uer possi0ilidade de meloriaJ a) parestesia do lB0io inferior es'uerdo< 0)deformidade nasal, 'ue consiste num desio da ponta do nari para a es'uerda, detectBelfacilmente por 'ual'uer pessoa 'ue ole para a sua face< c) dismorfia entre a face direita e aface es'uerda, detectBel facilmente por 'ual'uer pessoa 'ue ole para a sua face Kais leses

    proocam no ofendido, considerando a sua idade e a profisso de delegado de informaomdica 'ue e2erce, um dano esttico de grau -, na escala de 1 a

    " desfigura$o a 'ue se refere a alnea a) do artigo 144 do ;9 perfila5se como umaalterao su0stancial da apar#ncia do lesado< a sua graidade serB aferida em funo da

    intensidade da leso ('uantidade da leso, local e sua isi0ilidade) e das $relaes naturais esociais& do lesado, deendo ser tido em conta a particular situao da pessoa ofendida, asua profisso, idade, se2o, entre outros factores, e o efeito 'ue a leso pode assumir no'uadro da sua ida de relao 9or outro lado a desfigurao B5de ser permanente, com osignificado 'ue os efeitos da leso sofrida so duradouros, sendo preisel 'ue perdurem

    por um perodo de tempo indeterminado "c>rdo da Lelao do 9orto de 18 de eem0rode .//., no proc n /.11-/8

    Caso n )< Crime de ofensa integridade fsica de outra pessoa pro%ocando#lhe perigo para a %ida. $empunou um pau de cerca de 3,4+ m de comprimento e de - cm de espessura na parte maisgrossa "proeitando5se de Bestar a olar para outro lado, desferiu5le energicamente uma

    pancada certeira na ca0ea, proocando5le uma fractura craniana e um ematoma su0dural

    agudo, com entrada 'uase imediata em estado de coma, anteendo e 'uerendo proocar no Buma leso grae, tam0m no seu resultado as leses resultou ainda, e em concreto, perigopara a ida

    ! Iupremo (ac>rdo de 1 de Caio de ./// B,J4A51+/) confirmou a condenao de$pela prBtica de um crime dos artigos 144, alnea d), e 14-, ns 1 e ., com refer#ncia aoartigo 13., n ., alneaf) 7scree5se 'ue o perigo (para a ida) dee ser entendido sempreem concreto, fundado no aparecimento de sinais e sintomas de morte pr>2ima, relacionadosdirectamente com a leso resultante da ofensa, e no de um perigo de ida considerado ema0stracto, designadamente medido atras da pro0a0ilidade estatstica (1A)

    ! dolo tem 'ue a0ranger nestes casos no s> o delito fundamental, como as conse'u#ncias'ue o 'ualificam, mas 0asta o dolo eentual Lelatiamente alnea d), citando 9aula

    Li0eiro de :aria, acrescenta5se 'ue se e2ige o conecimento das circunstHncias 'ue tornamo comportamento perigoso so0 o ponto de ista do 0em =urdico protegido (neste caso, aida), no se tornando necessBria a ontade da leso efectia do mesmo 0em =urdico 7ntretais comportamentos, esto o empurro pelo 'ual uma pessoa cai de uma motoriada em

    1A !0sera o r !lieira e IB 'ue nesta alnea Vartigo 144, alnea d)W, se integram apenas $a'uelassituaes crticas e de progn4stico reserado, isto , situaes de perigo de ida real e concretamentee2perimentado 7m relao 'ueles casos em 'ue o perigo de ida apenas uma e2pectatia, ainda 'ueraoaelmente possel ou mesmo proBel (progn>stico reserado), falta a sua concretiao (o estadocrtico real) para configurar& a indicada preiso

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    moimento, ou, como no caso, o desferir de uma pancada iolenta na ca0ea da tima,supondo5se sempre 'ue dessa forma eio a criar5se um perigo concreto

    !utros comportamentos igualmente perigosos so0 o ponto de ista da proteco da ida so, por e2, aministrao de um eneno ou a aplicao de outras su0stHncias, como a Bgua a ferer, no corpo da tima

    9ense5se tam0m na infeco pelo rus da sida< ou num autom>el em acelerao, 'ue pode serefectiamente um instrumento de agresso perigoso, capa de ocasionar ofensas corporais graes, incluindoum perigo para a ida (ou mesmo a morte), ao em0ater em algum Cas sempre necessBrio, para poderaplicar5se a alnea d) do artigo 144, tanto um concreto perigo para a ida, como o dolo do su=eito, nostermos anteriormente referidos, o 'ue igualmente afasta um dolo omicida, =B 'ue ento o caso seria decrime contra a ida, ainda 'ue s> tentado Lecorde5se, de resto, a possi0ilidade de faer interir a'ualificao pela especial perersidade decorrente dos con=ugados artigos 13., n ., alnea h), 144 e 14-,ns 1 e ., com a agraao de um tero da pena, nos seus limites mB2imo e mnimo 7ntre os enenos Bsu0stHncias orgHnicas e inorgHnicas 'ue actuam 'uimicamente ou t#m efeitos fsico5'umicos 72, o arsnioe o Bcido sulf%rico, mas tam0m entre n>s se classificou =B como eneno o idro modo, 'ue o delin'uentemisturou na sopa 'ue deu a comer tima 9odem actuar como enenos certas 0actrias e rus, como o dasida

    5 prop7sito doperigo concreto F ;onm destrinB5lo do camado perigo abstracto

    9erigo a pro0a0ilidade sria de dano, o dano em pot#ncia o conceito dedanoe doconceito de probabilidade cega5se assim ao de perigo ;omecemos por notar 'uee2istem diferentes graus de perigo a 'ue correspondem diersos graus de pro0a0ilidade dese les seguirem conse'u#ncias danosas por isso 'ue para certas posies constituirB um

    perigo concreto a situao em 'ue se erifica, de acordo com o curso normal das coisas, apro0a0ilidade, ou um certo grau de possi0ilidade, de leso de um 0em =urdico protegido,sem 'ue se=a e2igido um grau de pro0a0ilidade matemBtica superior a +/_ ?estaorientao, 'ue , por e2, a do Iupremo Kri0unal suo, no se poderB falar de perigoconcreto nos casos em 'ue a conduta, de acordo com o curso normal das coisas, denaturea a desencadear uma leso, mas o grau de pro0a0ilidade de afectao do respectio

    0em =urdico no cega a ser significatio :ica afastado um perigo concreto,

    nomeadamente, nas ip>teses em 'ue a possi0ilidade de o perigo se realiar so toescassas 'ue no seria raoBel falar da pro0a0ilidade de uma leso !s correspondentesfactos no poderiam constituir um crime, a no ser 'ue a pr>pria lei declarasse como tal aactiidade em 'uesto, criando assim um crime de perigo a0stracto, presumindo o perigo;om rao, escree 9oo 'ue este critrio da pro0a0ilidade e'uioco e impreciso, tendosido a0andonado pela doutrina, 'ue prefere lear em conta a estrutura das infraces de pRrem perigo, conforme este integre ou no um dos seus elementos constitutios

    ?alguns casos, para faer nascer a pretenso punitia, 0asta a prBtica de uma condutaconsiderada tipicamente perigosa, segundo a aaliao do legislador (P Massemer),tornando5se in%til o esta0elecimento de uma ameaa efectia a 0ens =urdicos para cominaruma pena ao infractor, uma e 'ue o perigo inerente sua conduta Tm preceito destanaturea, de mera actiidade, contenta5se com a descrio do desalor da aco,acrescentando5le a conse'u#ncia (sano) " desantagem desta tcnica legislatia associa5se s presunes da e2ist#ncia do perigo, o 'ue pria esta noo de perigo de 'ual'uerfuno no recorte fBctico duma norma como, por e2, a do artigo 8-, n 1, da \ei das"rmas, onde o legislador se limita a descreer, ainda 'ue ao pormenor, as caractersticastpicas de 'ue resulta a perigosidade tpica da aco, pretendendo5se eitar os perigos 'ue

    para as pessoas podem deriar de algum se passear na rua com uma arma de guerra !preceito respectio fica preencido mesmo 'ue no caso concreto se no erifi'ue umaameaa para a ida ou para a integridade fsica de outrem, caso em 'ue a actiidade

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    1+

    desenolida se reela perfeitamente in>cua ?outro crime de perigo presumido, como odo artigo .A., pune5se a conduo de eculo em estado de em0riague pelos perigos 'uead#m para os participantes no trHnsito de algum conduir e2cedendo os limites tolerBeisde Blcool no sangue !s crimes de perigo a0stracto so o=e uma realidade indesmentel F

    as normas 'ue os pre#em so constitucionalmente legtimas, no o0stante as o0seraes'ue por ees igualmente se adiantam de se punirem factos inofensios e de se no respeitara presuno de inoc#ncia

    Cas se o legislador pre# a criao de um perigo para determinados 0ens =urdicos comoelemento tpico da incriminao, no 0astarB faer a proa de 'ue o comportamento doagente em si mesmo perigoso ?o artigo .A1, n 1, e2ige5se 'ue se produa um perigorealpara o o0=ecto protegido pelo correspondente tipo< a norma, para alm da maneira

    perigosa de conduir, nela descrita, e2ige ainda 'ue se pona em perigo a ida ou aintegridade fsica de outrem ou 0ens patrimoniais aleios de alor eleado Ie simplesmenteficarem e2postos a perigo 0ens patrimoniais aleios 'ue no se=am de alor eleado, aincriminao no se aplica ! =ui deerB comproar em concreto 'ue a conduta pRs

    efectiamente em perigo os 0ens =urdicos em 'uesto, 'ue se erificou realmente umdesalor de resultado Oe=a5se, ademais, o crime de iolao da o0rigao de alimentos(artigo .+/), a e2posio ou a0andono (artigo 138) e o incitamento ou a=uda ao suicdio(artigo 13+) 7m todos estes casos desena5se um crime de perigo singular(por oposioa perigo comum)J desde logo eidente 'ue s> uma pessoa Fa pessoa 'ue e2postaF

    pode ser posta em perigo, s> esta o0=ecto do perigo

    X noo de perigo comum pode ligar5se um critrio 'uantitatioJ o facto ameaa no apenas certas pessoasmas uma comunidade, serindo5se o agente de meios aptos criao de um perigo colectio, por e2,desencadeando foras naturais, a Bgua, o fogo, etc (\ogo, apud9oo, p 13A) 9erigo comum define5oPelel como sendo o perigo 'ue tem a er com a colectiidade, consistindo esta na multiplicidade deindiduos (o0=ectos), mas tam0m na indeterminao da indiidualidade< no s> o perigo para uma

    multiplicidade de o0=ectos, sendo indiferente 'ue o seu n%mero se=a determinado ou indeterminado, mastam0m o perigo para um deles, sendo este um o0=ecto indeterminado en'uanto parte da colectiidade& este caracter indeterminado 'ue mais geralmente se associa definio de crime de perigo comumJ o0=ectodo perigo no serB um indiduo preciso, mas uma 'ual'uer pessoa, 0astando 'ue uma s> se encontre poracaso no crculo de perigo e a fi'ue e2posta situao crtica "meaada $por pura coincid#ncia&(ItratenUert), essa pessoa representa a comunidade, sendo o 0em =urdico afectado em medida 'ue no

    pode ser determinada nem delimitada a priori ?o ;>digo, 0oa parte dos crimes de perigo comum e doscrimes contra a segurana das comunicaes incluem a criao de um perigo entre os seus elementostpicos, pressupondo o perigo para uma pessoa, en'uanto $representante da comunidade&, $o 'ue significa'ue, independentemente do n%mero de timas, e2iste apenas um crime ('ue preclude toda a consideraodo $real& n%mero de timas) ;f @os amio da ;una (./), so0re a dimenso $processual& daconfigurao destes tipos legais 'ue $cont#m elementos e2oneradoresb do Hm0ito de releHncia da proa no'ue toca a resultadosb F e no 'ue toca imputao de todo um con=unto de resultados& MaerB um s>crime do artigo .A1, n 1, se o desalor do eento pr>prio do crime de conduo perigosa como resultado de

    perigo se mostrar indiidualiado numa tima, ou mesmo num con=unto delas, ou num 0em

    Ie temporal e espacialmente o 0em =urdico estee numa relao imediata de perigo,registando5se um efectio eento de perigo, serB ainda necessBrio comproar a e2ist#ncia deum ne2o causal entre o comportamento tpico do su=eito e esse resultado X semelana do'ue sucede nos crimes materiais de leso, o destacamento do eento uma e2ig#ncianormatia no Hm0ito destes crimes, dos crimes materiais de perigo " imputao o0=ectiadee o0edecer a regras comuns s 'ue igoram nos crimes materiais de danoJ aorelacionamento entre a conduta do agente e a situao perigosa so aplicBeis pelo menos

    ./@os amio da ;una, O #aso Julgado arcial, p 481

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    os critrios restritios da causalidade ade'uada ( .1) ?o caso do indiduo 'ue empunouum arapau de mais de 3 metros de comprimento e com ele desferiu uma pancada enrgicana ca0ea deB, com as conse'u#ncias 'ue ficaram assinaladas, mais do 'ue eidente olao de causalidade entre o comportamento incriminado, a concreta ofensa integridade

    fsica, e o resultado de perigo para a ida, mas nem sempre as coisas reelam umasimplicidade assim imediata para produir ou faorecer um resultado 9or outro lado, o $,apesar de sa0er 'ue o seu comportamento podia colocar em risco a ida do B, foi 0uscar o

    pau e i0rou5le energicamente uma pancada na ca0ea, pelo 'ue necessariamente 'uis pRra ida doBem perigo 7m geral admite5se 'ue 'uem 'uer uma aco perigosa 'uer o pRrem perigo, ou pelo menos conforma5se com o resultado 'ue le anda associado

    Caso n)) =/cis$o ?um caso de e2ciso com um golpe ou corte de uma pe'uena parte do clit>ris seguiu5se emorragia (podia ter sido infeco) 'ue pRs em perigo a ida da tima

    >ariante ?os arredores de \is0oa, numa famlia de origem guineense residente B pouco em 9ortugal, $eBpraticaram a amputao da totalidade do clit>ris de #, de 1/ anos de idade, sem oposiodos pais desta

    ?este caso de clitoridectomia suposto por "ugusto Iila ias, R##1- (.//-), p ./4,poderB aer ofensa corporal grae (a ttulo aut>nomoJ artigo 144, alnea d)< ou comoresultado agraante< artigo 14), consoante a=a dolo ou neglig#ncia em relao aoresultado

    Oe=a5se agora, 'uanto ariante, o aditamento de .// alnea b) do artigo 144 no 'uerespeita s capacidades de procriao ou de fruio se2ual Kendo sido produida umaofensa integridade fsica grae do artigo 144, alnea d), poderB inocar5se de formareleante um consentimento ou um $direito cultura ($direito de minorias&) para =ustificar a

    prBtica da e2cisoS Kratar5se5B porentura de um caso de ade'uao social da acoS "soluo poderB en'uadrar5se no plano da e2cluso da culpaS, nomeadamente por falta de

    consci#ncia da ilicitude no censurBelS ;f so0re tudo isto "ugusto Iila ias (..

    )

    I>. 5gra%a$o pelo resultado( artigos ): e )*8

    Caso n )1?uma es'uadra de polcia,$saca da pistola, 'ue em serio tem sempre carregada, e com elagolpeia Bna ca0ea, por'ue este o insultara na spera "o 0ater na ca0ea de B, a pistoladispara5se, proocando a morte deste

    !s factos integram um crime de ofensa integridade fsica do artigo 143, n 1 Cas comoBmorreu com o disparo da pistola e este eento no pode ser enolido no dolo do agente,'ue manifestamente no o 'uis Fainda 'ue eentualmente o tiesse representado sem noentanto se conformar com o risco da sua produoF o crime serB o do artigo 14

    (agraao pelo resultado), se pudermos imputar5le tal resultado a ttulo de neglig#ncia(artigo 18) ! 'ue, por outro lado, significa tam0m 'ue se o disparo mortal tiesse sidodoloso, acompanado da inteno de matar, o crime seria o do artigo 131 (omicdio)

    ?o artigo 14 consta um dos Brios crimes 'ualificados pelo resultado preistos no;>digo Zuem oluntariamente mas sem dolo omicida ofender outra pessoa corporalmentee por neglig#ncia le produir a morte (ou uma leso da integridade fsica graeJ n . doartigo 14) comete um s> crime, um crime 'ualificado pelo eento, em0ora o facto se=a

    .1Lui ;arlos 9ereira, O !olo de erigo, p A

    .."ugusto Iila ias, :a sentido punir o ritual do fanadoS, R##1- (.//-), p ./4 e ss

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    1

    su0sumel a duas normas incriminadoras (no caso, a do artigo 143, n 1, e a do artigo13, n 1)

    ! artigo 14 um crime contra a integridade fsica, ainda 'ue o resultado agraatio se=a amorte de outra pessoa 9ara alguns autores porm o crime consiste, estruturalmente, num

    omicdio negligente cometido atras duma ofensa corporal dolosa, o 'ue permite inclu5loentre os crimes contra a ida (.3), significado 'ue face lei portuguesa se re=eita por inteiro

    $praticou F tudo o indica F um crime do artigo 14, n 1, a), do ;>digo 9enal :oi aofensa integridade fsica (ofensa consumada), na forma da pancada oluntariamente dadana ca0ea deB, a causa da morte deste ?o 0asta porm 'ue a aco do agressor apareacomo simples condio do resultado, a aplicao do artigo 14 supe ainda um especficone2o de perigo entre o comportamento agressio e o eento mais grae (morte ou ofensa integridade fsica grae) 72ige uma 0oa parte dos autores, por outro lado, 'ue realiaodolosa do crime fundamental este=a directamente ligado o perigo especfico 'ue ena acristaliar no eento mortal I> ento e2iste o especial conte%do do ilcito 'ue =ustificarB a

    pena realmente mais grae, correspondente ao crime agraado pelo resultado (.4

    ) Cas oresultado mais grae tam0m pode ocorrer, repete5se, por simples acidente ou deriar deum processo causal de tal modo an>malo e impreisto 'ue nunca poderB ser posto a cargodo agente a 'ue, se por um lado dea acrescentar5se a necessidade de um ne2o deade'uao entre a aco fundamental dolosa e o eento agraante, a conse'u#ncia lesia Fa morte ou a ofensa integridade fsica grae F deerB, por outro, surgir directamentedocrime fundamental, portanto, sem a mediao do comportamento imputBel da tima ou deterceiro

    $ desferiu contra B, numa altura em 'ue este se encontraa fortemente em0riagado, dois murros 'ue oatingiram na 0oca, em termos, todaia, de le causar apenas leses ligeiras "liBs, o atingido nem se'uercegou a cair ?o se poderB afirmar 'ue os dois murros foram a causa da morte de B, por falta doespecfico ne2o de ade'uao, =B 'ue, de acordo com a e2peri#ncia geral da ida, completamenteimproBel 'ue a morte acontea directamente em tais circunstHncias $s> poderB ser castigado pelo crimedo artigo 143, n 1 Ie $dB uma 0ofetada em Be esta, num 0erreiro in=ustificado, corre ao encontro domarido, mas sem adoptar as mais elementares cautelas inicia a traessia da rua com o sinal ermelo paraos pees e em a ser colida por um autom>el, sofrendo leses causais da morte, $ s> poderB serresponsa0iliado pela agresso fsica inicial 0ofetada

    ?o caso prBtico, $ actuou dolosamente, mas o eento agraante (a morte) no foidolosamente causado nem acidentalmente produido :aendo apelo ao princpio danormalidade ou da regra geral, ou s camadas mB2imas da ida ou regras da e2peri#ncia,no possel e2cluir a responsa0ilidade de$na morte deBpor neglig#ncia, =B 'ue, ao

    0ater na ca0ea da tima com uma pistola carregada 'ue por efeito da pancada logo sedisparou, agindo portanto com flagrante iolao dos mais elementares cuidados,$estaa

    .3;f Icmiduser,BT.*4

    .4;omo 0em se compreende, uma leso corporal dolosa pode reelar o perigo 'ue le caracterstico nos> pela naturea do resultado lesio mas tam0m pela concreta maneira de actuar do agressor Cuitofre'uentemente, a pr>pria leso corporal espela, de forma imediata e em si mesma, o risco especfico 'ue

    pode conduir morte da tima ($%ulnus letale&), reproduindo a estreita $relao de afinidade& 'ueintercede entre o crime fundamental doloso e o eento agraante 7ste especfico ne2o de risco podedetectar5se, por e2, nestes outros casos, 'ue seguramente se incluem no artigo 14J $espetaBcom umafaca pontiaguda F a ferida condu imediatamente morte, por ter sido atingido o corao< ou a morteocorre logo a seguir, deido a uma grae emorragia ou a uma infeco ou atras duma infecoimediatamente a seguir ospitaliao 7m 'ual'uer dos casos tena5se presente 'ue $actua unicamentecom inteno de ofender corporalmente, por conseguinte fora de dolo omicida

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    18

    em condies de preer o infausto acontecimento " morte deB o0ra de$, 'ue por issocometeu um crime dos artigos 18 e 14+, n 1, alnea a), se no ouer, como =ulgamos 'ueno B, 'ual'uer causa de =ustificao ou de desculpao

    Caso n )+?uma es'uadra de polcia, $saca da pistola, 'ue em serio tem sempre carregada, e ai para

    0ater com ela na ca0ea de B, 'ue o insultara na spera Iem 'ue, porm, tena cegado atocar noB, a pistola dispara5se, proocando a morte deste

    $no cegou a agredirBcom uma pancada da pistola, como pretendia, n$o se consumou,nesse sentido, a ofensa do corpo ou da sa%de " arma disparou5se antes de atingir a ca0eade B, dando5se o eento mortal, 'ue no estaa nos planos de $ e s> poderB ser5leassacado se comproados os pressupostos da neglig#ncia Keoricamente, teremos ento

    preencidas em concurso efectio (concurso ideal) uma $tentatia de ofensa integridadefsica simples& (atenoJ no punel no nosso direito) e 1+ e 13, n 1 (omicdio porneglig#ncia)

    ?o artigo 14 elemento tpico uma ofensa corporal dolosa (consumada)J $'uem ofender

    o corpo ou a sa%de de outra pessoa&, di o n 1< $'uem praticar as ofensas preistas noartigo 143&, di o n ., e isso s> acontece no caso n 1. ?o segundo caso, a ofensacorporal no cegou a concretiar5se, da 'ue s> possa aplicar5se5le o concurso de crimes(com a indicada limitao de no ser punel, no nosso direito, a tentatia de ofensacorporal simples)

    >. Crime de ofensa integridade fsica qualificada( artigo )*4?especial censurabilidade ou per%ersidade@

    Caso n )* Crime de ofensa integridade fsica com utilia$o de seringa $ decidiu entrar naresid#ncia de B, para a se apoderar de 0ens e alores 'ue encontrasse ?o interior, comeou areoler os m>eis mas foi surpreendida por

    B, 'ue ia acompanada pela fila,

    #, a 'uem disse

    'ue camasse a polcia Zuando esta leantaa o auscultador do telefone, $dirigiu5se5le esacando de uma seringa com a agula desprotegida, disseJ $poisa o telefone, se no pico5te&;omo a isada no desistisse de camar a polcia, $ picou5a com a seringa na mo 'ueseguraa o auscultador e 'uando Bse adiantou para socorrer a fila, foi tam0m picada pela $,com a seringa, no 0rao direito

    ! ac>rdo da Lelao de \is0oa de 3 de eem0ro de .//3, #J.//3, tomo O, p 14+,confirmou o acerto da deciso da 1Q instHncia, 'ue en'uadrou os factos (tirando agora oatentado propriedade aleia) nos artigos 143, n 1, e 14+ :oi usada uma seringa 'ue,alm de ser um $instrumento de perigosidade muito superior normal nos meios usados

    para ofender a integridade fsica, dificulta a defesa das timas e tem potencialidade paraproocar, como conse'u#ncia directa e necessBria da sua utiliao, doenas muito graes

    ou mortais (epatite, sida), o 'ue tudo susceptel de ser especialmente censurado& 7msede de culpa confirma5se o =uo de especial censura0ilidade preista na norma

    >I. Crime de %iolAncia dom"stica( artigo )41

    ?o crime de %iolAncia dom"stica (artigo 1+.), os maus tratos fsicos ou ps'uicospersistem en'uanto durarem os actos lesios da sa%de fsica ('ue podem ser simples ofensascorporais) e ps'uica e mental da tima, por e2, umilando5a ! ilcito, em0ora agraidade inerente das agresses se possa assumir como suficiente, na generalidade dos

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    1A

    casos e2igirB a repetio de condutas, e2primindo5se numa pluralidade indeterminada deactos parciais a a formulao inicial, 'ue pe o acento t>nico nos maus tratosinfligidosJ 'uem, de modo reiterado ou no, infligir maus tratos, de 'ue so e2emplo oscastigos corporais, priaes da li0erdade e ofensas se2uais (.+) :altando estes aspectos,

    conformadores de uma maior ilicitude, os respectios factos sero elementos de ofensa integridade fsica simples, ameaa ou crime contra a onra, constituindo, em si mesmos,estes mesmos crimes Zuer isto dier, em palaras 0rees, 'ue o deseno tpico daiol#ncia domstica se no cone2iona descritiamente com a'uele grupo de infraces,mas a leso do 0em =urdico 'ue suporta a agraao da pena de priso de 1 a + anos noscasos especificados (ns 1, %ltima parte, . e 3), s> se dB com a inflio de maus tratosfsicos ou ps'uicos, =ustificando a e2ist#ncia de uma norma =urdica aut>noma com o seu

    pr>prio conte%do de desalor ?ote5se as circunstHncias (referidas no n 4) em 'ue aoarguido podem ser aplicadas a pena acess>ria de proi0io de contacto com a tima e de

    proi0io de uso e porte de armas Oerificado o crime de iol#ncia domstica, adesist#ncia de 'uei2a no estB autoriada, atenta a sua naturea p%0lica, ainda 'ue pudesse

    ter releado relatiamente a cada uma das condutas parcelares 'ue o integram, as 'uais,desinseridas e atomisticamente consideradas, e porentura su0metidas disciplina doscrimes de naturea semip%0lica, ficariam e2postas aos efeitos da ren%ncia e da desist#nciada 'uei2a, nos termos do artigo 11-

    >II. Crime de ofensa integridade fsica por negligAncia

    Caso n )4 $, uma =oem dos seus .3 anos de idade, fa de 0a05sitter de B, de . anos e meio de idade, emcasa dos pais da criana 9or olta das cinco da tarde, $distrai5se com um programa deteleiso e no impede 'ue a criana caia da cama, para cima da 'ual tina trepado tam0msem 'ue$tiesse reparado ?a 'ueda, a criana sofreu fractura da ca0ea e por ia dela aca0ou

    por morrer

    " 0a05sitter encarregou5se de su0stituir os pais, 'ue esto inculados ao portador do 0em=urdico por um nculo natural "inda assim, a $assume deeres degarantepara com acriana ;onse'u#nciaJ crime de omicdio negligente por omisso dos artigos 1/ e 13

    Iegundo o artigo 148, n 1, %uem5 por neglig-ncia5 ofender o corpo ou a sa6de de outrapessoa 7 punido com pena de priso at7 um ano ou com pena de multa at7 89: dias 7mcomparao com o artigo 143, n 1, ao recorte tpico deste artigo 148, n 1, s> acresce acomisso por neglig#ncia, o desalor do resultado o mesmo, num caso e noutro ! 'uesepara os dois ilcitos o desalor da acoJ o agente actua intencionalmente ou pre# arealiao tpica como conse'u#ncia necessBria da sua conduta ou conforma5se com essarealiao (artigo 14) F a menos 'ue se trate de um simples erro de conduta (artigo 1+)

    9ode faer5se o mesmo tipo de consideraes a prop>sito do artigo 13?uma 0oa parte dos casos, a neglig#ncia encontra5se associada a comportamentos umanoslcitos ;onsideremos a conduo autom>el, 'ue, como outras actiidades pr>prias dassociedades modernas Fe como tal imprescindeisF comportam riscos 'ue, em certasocasies, nem mesmo com o maior cuidado se podem eitar 9e5se em relao a taisactiidades a 'uesto da sua necessidade social ou da sua utilidade social e, por isso

    .+NntegrarB os maus tratos do artigo 1+.5", n 1, o tratamento cruelpor 0anda de 'uem tendo ao seucuidado, sua guarda, so0 responsa0ilidade da sua direco ou educao ou a tra0alar ao seu serio,

    pessoa menor ou particularmente indefesa, em rao da idade, defici#ncia, doena ou graide

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    mesmo, o ireito aceita5as, no as pro0e, no o0stante os perigos 'ue les estoassociados !s elementos decisios so a %iola$o do de%er de cuidado e apre%isibilidade do resultado, tanto no trBfego rodoiBrio como em muitas outrasactiidadesJ na ind%stria, no comrcio e em actiidades similares< na proteco de

    tra0aladores< nos tratamentos mdicos< na igilHncia de crianas< nas actiidadesenat>rias< nas deslocaes por Bgua< na utiliao de eleadores< nas competiesdesportias< no mane=o de armas< etc Io o=e em n%mero 'uase ina0arcBel as decisesso0re a elocidade em geral prescrita na circulao autom>el, particulariando5se casos deconduo com mau tempo, em situaes de inernia, ou com deficiente isi0ilidade< deacidentes por falta de segurana do pr>prio eculo< ou em cruamentos de poucaisi0ilidade< de conduo em estado de cansao ou fadiga ou de condutor com poucae2peri#ncia< de encandeamento por outro eculo 'ue circula em sentido contrBrio< de golpede direco na se'u#ncia da introduo de um insecto na ca0ine, etc

    9ara a opinio dominante, a neglig#ncia uma forma de conduta 'ue re%ne elementos deilcitoe de culpa

    "tendemos, no plano do ilcito tpico, iolao do cuidado ob;ectioe preisibilidadeob;ectia da reali/ao tpicaFnos crimes negligentes de resultado no 0astarB, portanto,a simples causao do eento tpico, por e2, a morte de uma pessoa

    " iolao de um deer de cuidado o ei2o em torno do 'ual gira o conceito deneglig#ncia ! deer o0=ectio de cuidado concretia5se, em numerosos sectores da ida,atras de regras de conduta(normas especficas, como as normas de tr0nsitoF'ue so asmais fre'uentemente inocadas, em ista do desenolimento a 'ue cegou a circulaoautom>elF, regulamentos da construo ciil, regras de conserao de edifcios, etc) ou

    por regras da e2peri#ncia, por e2, as leges artis de determinadas profisses ou gruposprofissionais, como o dos mdicos, engeneiros, etc 9ode aliBs ter origem nas

    circunstHncias concretas do caso" causa das ofensas integridade fsica dee assentar no comportamento do su=eito actio,sendo5le o0=ectiamente imputBel como $o0ra sua& " =urisprud#ncia opera normalmentecom os critrios da causalidade ade%uada

    " teoria da ade'uao parte da teoria da e'uial#ncia das condies, na medida em 'uepressupe uma condio do resultado 'ue no se possa eliminar mentalmente, mas s> aconsidera causal se for ade'uada para produir o resultado segundo a e&peri-ncia geral produem o resultado tpico deido a um encadeamento e2traordinBrio e improBel de

    circunstHncias este modo, no aerB realiao causal (ade'uada) se a produo doresultado depender de uma srie completamente inusitada e improBel de circunstHnciascom as 'uais, segundo a e2peri#ncia da ida diBria, no se poderia contar 9odemos, aliBs,recorrer a outros critrios de imputao o0=ectia, associados teoria do risco Ie$ aoconduir o seu autom>el toca ligeiramente em B5produindo5le pouco mais do 'ue umarrano e este em a morrer por ser emoflico, no le poderB ser imputada a morte mass> ofensas corporais por neglig#ncia F faltarB o ne2o de risco 9ressupe5se, por outrolado, uma determinada cone2o de ilicitudeJ no 0asta para a imputao de um eento aalgum 'ue o resultado tena surgido em conse'u#ncia da conduta descuidada do agente,

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    sendo ainda necessBrio 'ue tena sido precisamente em irtude do carBcter ilcito dessaconduta 'ue o resultado se erificou

    ?o plano da culpa, atendemos, como =B se disse, ao deer sub;ectio de cuidado e preisibilidade indiidual da reali/ao tpica 9ara 'ue e2ista culpa negligente

    necessBrio 'ue o agente possa, de acordo com as suas capacidades pessoais, cumprir odeer de cuidado a 'ue estaa o0rigado< dee portanto comproar5se se o autor, de acordocom as suas 'ualidades e capacidade indiidual, estaa em condies de satisfaer ascorrespondentes e2ig#ncias o0=ectias 9ara tanto, dee ter5se em ateno a sua intelig#ncia,formao, e2peri#ncia de ida< dee olar5se tam0m s especialidades da situao em 'uese actua (medo, pertur0ao, fadiga) Ie o agente, por uma defici#ncia mental ou fsica, aotempo da sua actuao no estaa em condies de corresponder s e2ig#ncias de cuidado,no poderB ser censurado pela sua conduta "o tipo de culpa dos crimes negligentes

    pertence assim a preisi0ilidade indiidual (su0=ectia) Zuer dierJ a preisi0ilidade doresultado tpico e do processo causal nos seus elementos essenciais deerB erificar5se nos> no plano o0=ectio, mas igualmente no plano su0=ectio, de acordo com a capacidade

    indiidual do agente?a neglig-ncia inconscienteo agente no cega se'uer a representar a possi0ilidade derealiao do facto, ficando e2cluda a preisi0ilidade indiidual, especialmente por falasde intelig#ncia ou de e2peri#ncia ?a neglig-ncia conscienteo agente representa semprecomo possel a realiao de um facto 'ue preence um tipo de crime

    >III. Crime de ofensa integridade fsicaB homicdio %olunt2rioBnegligAnciaB omiss$o

    Caso n )6 $iia na mesma casa com uma sua amiga, B, mas tinam discusses fre'uentes ;erto dia,

    por olta das 1A oras, 'uando $ se encontraa =B 0em 0e0ido, am0os oltaram adesentender5se eB, com medo do companeiro, aca0ou por se refugiar na casa de 0ano $,porm, seguiu5a e o0rigou5a, fora, a meter5se num cu0culo, proido de uma porta metBlica,'ue ali seria para guardar o0=ectos de limpea e onde estaa instalado o aparelo decalefaco, ligado ao sistema de a'uecimento central do prdio, ento em pleno funcionamento,

    por ser inerno Zuase se poderia dier 'ue Bficou emparedada, sem se poder me2er e, piorainda, com partes do corpo encostadas ao a'uecedor " fecou a porta do cu0culo, impedindo

    B de se li0ertar, e do e2terior pRs o term>stato a 8/ graus \ogo a seguir, deitou5se eadormeceu ;omo $ se encontraa alcooliado e as coisas se desenrolaram como 'ue numinstante, $nem cegou a dar5se conta 'ue com a sua descrita conduta puna a ida deB em

    perigo 9or olta das oras da man seguinte, $ leantou5se e foi espreitar B, 'uecontinuaa imo0iliada, no stio onde$a o0rigara a recoler5seB=B no gritaa, como fieranos primeiros momentos em 'ue ficou presa 9or causa do calor li0ertado pelo a'uecedor, Bestaa =B nessa altura ferida de morte Iem se importar com B, $saiu de casa, certo de 'ue acompaneira iria morrer :oi s> por olta das 1/ e meia 'ue Bfoi finalmente tirada da terrelsituao em 'ue se encontraa, depois de um iino, 'ue de algo se aperce0era, ter pedidoinsistentemente a $'ue o acompanasse a casa e o a=udasse a li0ertar a muler Baca0ou pormorrer dois dias depois deido s leses mortais sofridas no contacto do seu corpo com oaparelo de calefaco

    9uni0ilidade de$S

    ;aminos para a soluo

    Oamos diidir a matria de facto em duas partes ?a primeira, apreciaremos ocomportamento actio de $na tarde do primeiro dia ! 'ue especialmente aerB a a

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    destacar o facto de, encontrando5se$alcooliado e tudo ter acontecido num curto lapsode tempo, no ter este representado o perigo de a sua actuao poder proocar a morte damuler ?a segunda parte analisaremos o comportamento omissio de $na man do diaseguinte, tratando especialmente de sa0er se da parte deste oue desist#ncia da tentatia

    com o releo 'ue le conferido pelo artigo .4" - confinamento deBno cubculo

    1 ;rime de omicdio oluntBrio (artigo 131)S

    $reteeB no cu0culo, donde esta no pRde li0ertar5se, em termos de o contacto do corpocom o sistema de a'uecimento a 8/ graus centgrados le proocar leses de tal modograes 'ue a morte aca0ou sendo ineitBel " descrita actuao de $foi a causa directa enecessBria da morte deBprio perigo tem de ser o0=ecto do dolo (ou, pelo menos, tem de enoler5se narefer#ncia su0=ectia do agente), pois um elemento do tipo de ilcito a'ui 'ue se dodierg#ncias doutrinBrias de algum ulto (.-) ?o artigo 138, en'uanto crime de perigoconcreto, o perigo desempena a funo de $eento& Krata5se ento de um crime deresultado, em 'ue o resultado causado pela aco a situao de perigo para um concreto

    0em =urdico, de perigo para a ida de outra pessoa X semelana do 'ue sucede noscrimes materiais de leso, o destacamento do eento uma e2ig#ncia normatia no Hm0itodestes crimes, dos crimes materiais de perigo " imputao o0=ectia dee o0edecer a regras

    .-() iscute5se se configurBel um dolo de perigo como um momento de dolo eentual (em 'ue o elementoolitio do dolo resulta da conformao do agente com o perigo) i5se 'ue, se o agente se conforma com a

    possi0ilidade de se erificar o perigo, estB a conformar5se com a possi0ilidade de uma possi0ilidade e, dessemodo, com a leso e ento no nosso caso aeria omicdio oluntBrio Zuando algum aceita o risco estBa conformar5se com o dano Caia Donales, sensel dificuldade da 'uesto, di 'ue se o agente,

    podendo preer o resultado, actuou com inconsiderao, confiando em 'ue ele se no erificaa, ou se nose conformou com a sua erificao, terB praticado este crime Ie pelo contrBrio ele actuou conformando5secom o resultado, 'ue preira, aerB dolo eentual e, conse'uentemente, no se erificarB este crime, mas ode omicdio oluntBrio Cas 0oa parte da doutrina aceita 'ue possel representar o perigo, pretend#5locomo tal, para conseguir um o0=ectio, mas no aceitar o dano, e at nem o representar (cf Lui ;arlos9ereira< Iila ias)

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    comuns s 'ue igoram nos crimes materiais de danoJ ao relacionamento entre a conduta doagente e a situao perigosa so aplicBeis pelo menos os critrios restritios da causalidadeade'uada (.) (.8)

    ?o caso anterior, a tima foi colocada em situao de no se poder defender, ficando

    incapa de, unicamente com as pr>prias foras, se proteger dos perigos 'ue ameaaam asua ida 7sses perigos resultaam do a'uecimento 'uela temperatura de 8/ graus, a 'ue amuler, confinada em espao so0remaneira e2guo, no podia escapar5se, ficandodependente de uma outra pessoa 'ue a a=udasse de fora ;onse'u#ncia desse a0andono 'ue a tima foi dei2ada em perigo de ida ! a0andono de imputar a $5 so0re 'uemimpendia um especial deer de assistirB5posto 'ue foi$'uem, com a sua conduta anterior(inger#ncia), a colocou em perigo " norma, como se disse, e2ige 'ue o perigo seconcretie ! perigo concreto caracteria5se por uma situao crtica aguda 'ue tende paraa produo do resultado danoso costume dier5se 'ue a segurana de um determinado

    0em =urdico tem de ser to fortemente afectada 'ue a circunstHncia de se dar ou no a lesodo 0em =urdico depende inteiramente do acaso ( .A) " noo de acasoficarB ento enolida

    com a impossi0ilidade de dominar o desenolimento do perigo ?a nossa ip>tese, porm,tendo5se realiado a leso da ida (Bmorreu), tam0m no B d%ida 'ue o perigo para aida deBse concretiou "contece no entanto 'ue o dolo de$tem 'ue incidir no s> so0rea situao de a0andono, mas igualmente so0re a produo de um perigo para a ida F e s>assim 'ue a sua actuao, para alm de ilcita, le poderB ser censurada ?o dei2a de serduidoso 'ue $ tiesse actuado com dolo de perigo $ conecia certamente ascircunstHncias 'ue enoliam a perigosidade da sua actuao, uma e 'ue conscientementemanipulou o term>stato, 'ue por se situar no e2terior do cu0culo ficaa fora do alcance datima Ia0ia, por isso mesmo, 'ue esta ficaria e2posta, de forma intensa, aos efeitos doaparelo de calefaco Cas$5 como se iu, nem se'uer se consciencialiou de 'ue da

    poderia adir um perigo para a ida deB2ima da produo dum correspondente dano da ida ?a aus#ncia desteelemento su0=ectio, o crime de e2posio ou a0andono (artigo 138) no se erificaKam0m por isso no lcito aludir a 'ual'uer agraao da pena pelo eento mortalimputBel situao de risco criada por$

    3 !fensa integridade fsica grae (artigo 144, alnea d)) S

    ;om o contacto, impossel de eitar, do corpo de B com o aparelo de calefaco,produiram5se leses 'ue, como resultado, podem ser o0=ectiamente imputadas condutade $ (artigo 143, n 1) ?o aerB porm elementos decisios no sentido de 'ue, aacompanar uma sria leso da capacidade de moimentao de uma parte do corpo

    .;f Lui ;arlos 9ereira, O !olo de erigo, p A

    .8() ;f, porm, :aria ;osta, O perigo, p +11J por mais malea0ilidade ou elasticidade 'ue se empreste causalidade ade'uada, dificilmente esta permite 'ue se consiga esta0elecer um =uo de causao entre aaco e, por e2, um resultado de perigo ! perigo dee ou tem de ser o0=ectiamente imputado ao agenteKodaia, o perigo no um estBdio 'ue pertena ao mundo do ser causal ! perigo intencional eestruturalmente um categoria normatia, sem 'ue com isso perca a 'ualidade de se poder apreender demaneira o0=ectiBel ?esta perspectia, por conseguinte, o perigo no tanto causado pelo agente, antes o

    perigo $o0ra& intencionada do agente, no se concretia, como acontece no dano*iolao, em umaalterao do real erdadeiro, configura antes uma situao com um pe'ueno, 'uantas ees pe'uenssimoarco de tempo

    .A;f ;ramer, in I*I, .+Q ed, p ./A.

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    (aspectofuncional>5 Bficou impossibilitada de utili/ar o seu corpo5 no sentido do artigo144, b), 6ltima parte por efeito da temperatura a 8/ graus,estando a ti