A abordagem S = R

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O Comportamentalismo e a instruo programada: A teoria de B. F. Skinner

2 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

Sugestes de atividades: O grupo de alunos deve ser dividido em duplas (ou trios). Cada grupo deve pesquisar um dos temas seguintes: 1. Se possvel, um dos grupos deve procurar um circo e fazer uma pesquisa com os treinadores dos animais sobre os mtodos de treinamento utilizados. Quais so as premissas utilizadas neste treinamento? 2. Outro grupo deve procurar uma agncia de publicidade e perguntar aos responsveis quais as tcnicas utilizadas durante a elaborao de uma campanha publicitria? O que norteia a escolha do tipo de situaes apresentadas ao longo dos comerciais? 3. Os alunos de um terceiro grupo devem procurar um partido poltico e perguntar ao responsvel pelas campanhas polticas o que norteia o tipo de produo ao longo da elaborao das campanhas na televiso. Os resultados devero ser apresentados na forma de Seminrio por um dos alunos de cada grupo. Ao final dos seminrios cada aluno dever elaborar uma dissertao respondendo questo: O que todas essas atividades tm em comum?

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3 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

Teorias de AprendizagemPor que algum deveria se dar ao trabalho de estudar uma (ou mais) Teoria (s) de Aprendizagem? Sempre bom lembrar que este um livro sobre o Ensino, enquanto as teorias que nos propomos a analisar neste e nos prximos captulos dizem respeito ao outro polo do binmio Ensino - Aprendizagem. Na nossa opinio, da mesma forma que um Engenheiro necessita de um modelo do mundo fsico de modo a poder projetar uma mquina o Professor necessita de um modelo de como se processa a Aprendizagem, de modo a ter condies de planejar o seu Ensino e compreender, racionalmente, porque uma determinada forma de abordar determinado assunto se mostra mais eficaz do que outras. Ao longo da histria uma srie de propostas tericas de como a Aprendizagem se d foram colocadas e at hoje esta uma questo em aberto. No entanto, como vimos no captulo anterior, duas grandes linhas de pensamento tm disputado a preferncia dos que se dedicam a estudar esse assunto: o Inatismo e o Empirismo. Relembrando o que j foi dito, na primeira dessas escolas supe-se que o sujeito nasce com todas as habilidades necessrias para a Aprendizagem enquanto que na segunda a mente uma tbula rasa onde a informao penetra pela via dos sentidos. Na analogia feita no captulo anterior, no Inatismo o livro dado, j com as linhas traadas, enquanto que no Empirismo a prpria forma do livro deve ser construda a medida que este vai sendo escrito. No sculo XX estas duas vertentes filosficas desembarcam no campo educacional, pela ponte da Psicologia. So vrios os representantes dessas duas escolas. Para o Ensino quatro so os nomes principais1: Skinner, Ausubel, Piaget e Vygotsky. Comearemos a discutir as teorias de aprendizagem, por razes histricas e no por qualquer preferncia, pelo Comportamentalismo, cuja sntese maior se encontra na obra do Psiclogo americano B. F. Skinner.

A caracterizao como principal dessas teorias tem um carter idiossincrtico evidente. As escolhemos com base na sua utilizao como referencial terico de vrios trabalhos que lidam com pesquisa em ensino de Cincias. Cabe aqui uma explicao do porqu da no citao de Paulo Freire. Apesar de reconhecermos a sua importncia aqui estamos mais interessados em subsidiar o professor com um referencial terico que lhe permita entender os ganhos cognitivos (ou a falta deles). A nosso ver o trabalho de Paulo Freire aborda um referencial mais geral, ligado aos aspectos ideolgicos da Educao, que diz mais respeito s condies nas quais o sujeito aprendiz se motiva para aprender. Outro ponto a considerar que o trabalho de Paulo Freire diz mais nas tarefas de alfabetizao de adultos do que ao ensino de Cincias propriamente dito, embora tentativas estejam sendo feitas para levar at estes domnios a teoria freiriana, principalmente no mbito da Educao Ambiental.1

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4 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

Sugestes de atividades pr Ensino: sugerimos que apenas uma das atividades abaixo seja desenvolvida. Em condies desfavorveis de tempo, sugerimos a atividade 3. 1. Divida os alunos em grupos de seis. Cada grupo dever discutir durante 6 minutos o tema: como ocorre a aprendizagem na criana? Aps os seis minutos o grande grupo dever discutir as concluses a que chegaram os pequenos grupos por mais seis minutos. 2. Projete um filme abordando o tema da Aprendizagem nos mais diferentes meios. Como sugestes, poderamos citar filmes como: Ao mestre com carinho, Nascido para matar e Sociedade dos poetas mortos. Discuta com os alunos as diferentes abordagens apresentadas. 3. Durante um minuto os alunos devero apresentar idias de como a Aprendizagem ocorre. Estas devero ser anotadas no quadro por um dos alunos, previamente escolhido. Aps um minuto cada uma das idias apresentadas dever ser discutida pelo grupo e sua pertinncia ou no deve ser decidida. Se a idia for considerada pertinente ela permanece no quadro caso contrrio dever ser abandonada. O grupo deve fazer um relatrio das idias para que as mesmas possam ser confrontadas com as idias que sero apresentadas a seguir.

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O Comportamentalismo e a instruo programada: a teoria de SkinnerO trabalho do Psiclogo americano Burrhus Frederic Skinner um dos mais influentes na rea da Psicologia, e em particular da Psicologia da Aprendizagem, ao longo do sculo XX. Figura 1 - B. F. Skinner. Polmico, podemos at no concordar com as idias de Skinner, mas, em hiptese alguma, poderemos ignor-las. A aplicao das suas idias levou ao desenvolvimento de um conjunto de ferramentas de ensino que, ainda nos dias de hoje, presente em muitos dos modernos meios usados na Educao como, por exemplo, a grande maioria dos programas de computador ditos educacionais que esto atualmente em evidncia e ao aparecimento de um novo campo de trabalho na rea educacional chamado de Tecnologia Educacional. Alm do campo educacional, as idias de Skinner encontraram aplicaes nas reas de Psicologia Clnica, Publicidade, Marketing Poltico e Engenharia Social, entre outras. Na rea da Aprendizagem, os princpios defendidos por Skinner tm suas aplicaes mais conhecidas na Instruo Programada e nas Mquinas de Ensinar, assuntos aos quais nos referiremos mais adiante. Apesar da quase hegemonia da proposta construtivista em nosso meio, a partir da segunda metade da dcada de 80, as idias de Skinner continuam a ser utilizadas, apesar de muitas vezes serem rotuladas de construtivistas. O trabalho de Skinner o complemento, e o coroamento, de uma escola psicolgica chamada Comportamentalismo2. O paradigma bsico do Comportamentalismo a nfase na Anlise Experimental do Comportamento dos organismos, sem preocupao com as estruturas internas responsveis por esse comportamento. Por Anlise Experimental, os comportamentalistas entendem o controle estrito das condies sob as quais determinado comportamento que est sendo estudado aparece. O Comportamentalismo traz para a Psicologia a metodologia das cincias chamadas duras, a Fsica sobretudo. Apesar de adotar prticas experimentais derivadas da Fsica e outras Cincias, Skinner nega a necessidade de uma teoria de carter hipottico - dedutivo (caracterstico das teorias modernas da Fsica, como a Relatividade e a Mecnica Quntica) de modo a entender o comportamento. Neste sentido, a teoria desenvolvida por Skinner uma teoria emprico - indutiva. Em algumas teorias do conhecimento, as observaes introspectivas podem ser consideradas o dado fundamental, mas na anlise do comportamento so uma forma de teorizar que no solicitada ou necessariamente til. (Skinner 1978, pg. 259). O filsofo da cincia talvez ainda deseje reconstruir o comportamento para adequ-lo a um modelo hipottico - dedutivo, mas os esforos nesse sentido j no impressionam tanto - especialmente porque uma formulao alternativa do comportamento do Homem Pensante vista como uma das metas mais distantes da anlise experimental. (Skinner 1978, pg. 234). Sob o ponto de vista metodolgico, Skinner substitui o uso da observao de muitos sujeitos, com o conseqente uso da anlise estatstica como forma de sistematizao, pelo uso de muitas observaes de

2 Algumas vezes o termo Behaviorismo encontrado na literatura. A nosso ver a palavra Comportamentalismo nos parece mais adequada pois Behaviorismo uma adaptao do termo em ingls Behaviorism.

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6 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

poucos sujeitos, em condies experimentais estritas, controladas tanto quanto possvel, em condies de laboratrio, pelo pesquisador.

Os antecedentesComo dissemos antes o trabalho de Skinner o coroamento de uma tradio dentro da Psicologia Experimental. Talvez o mais clebre dos seus antecessores seja o psiclogo russo Ivan Petrovich Pavlov. Figura 2 - I. V. Pavlov ( Enciclopdia Hachette Multimdia 99) O principal resultado do trabalho de Pavlov foi a descoberta do reflexo condicionado ou respondente. De modo a entendermos o que o reflexo condicionado temos que definir alguns termos. Definimos como estmulo a uma ao do meio ambiente sobre o organismo. Quando o meio age sobre o organismo este emite algum tipo de resposta. Dizemos que o estmulo elicia uma resposta por parte do organismo. Ao conjunto formado pelo estmulo e pela resposta chamamos de reflexo. Um estmulo dito neutro em relao a uma determinada resposta quando este no elicia a resposta sob estudo. O tempo que decorre entre o incio do estmulo e o incio da resposta chamado de tempo de latncia do estmulo. A intensidade mnima do estmulo capaz de provocar uma resposta chamada de limiar do estmulo. Os reflexos podem ser de dois tipos. O primeiro tipo, reflexo no condicionado, caracterizado por ser formado por uma resposta que no aprendida pelo organismo, uma resposta reflexa. Por exemplo, ao dirigirmos um foco de luz em direo aos olhos de uma pessoa h uma contrao das pupilas. Outro exemplo: ao colocar uma bala na boca a criana comea imediatamente a salivar. Este tipo de resposta no foi aprendida pelos organismos e, portanto so reflexas ou no condicionadas. O segundo tipo de reflexo descoberto por Pavlov o chamado reflexo condicionado. O reflexo condicionado ensinado ao organismo atravs do processo chamado condicionamento. Condicionar um organismo associar um estmulo que inicialmente no provoca a resposta desejada, um estmulo neutro, a um estmulo que provoca a resposta desejada de tal modo que, aps algum tempo, a presena desse estmulo inicialmente neutro provoque a resposta que se deseja. E como isso conseguido? Durante algum tempo o estmulo neutro apresentado ao mesmo tempo em que o estmulo no condicionado at que haja uma identificao desses dois estmulos. Aps algum tempo a presena do estmulo condicionado sozinho ser suficiente para provocar a resposta desejada. Os trabalhos clssicos de Pavlov mostraram que isso pode ser feito. Por exemplo, imagine um co que salive na presena de comida. Se durante algum tempo, ao mesmo tempo em que dermos comida ao cachorro, acionarmos uma campainha, depois de algum tempo a campainha sozinha, sem a presena da comida, ser suficiente para provocar a resposta (salivao por parte do co). Em oposio ao processo de condicionamento temos o processo de extino. Depois de algum tempo, aps o condicionamento, se apresentarmos o estmulo condicionado, mas sem a apresentao do estmulo no condicionado associado ocorre o desaparecimento gradual da resposta, at que o estmulo condicionado volte a ser neutro. Um aspecto importante do condicionamento que ele somente eficaz quando o organismo se encontra em um processo de privao. Assim, no nosso exemplo do co, o animal deve ser privado de alimentao por um certo perodo.

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Uma caracterstica dessa abordagem a nfase no binmio estmulo - resposta por isso chamada de teoria S-R (do ingls Stimulus - Response). Um problema da teoria do Estmulo - Resposta a no incluso da ao do meio sobre o organismo aps a emisso da resposta. A incluso da influncia do meio na teoria S-R j havia sido apontada, embora no levada em conta durante muitos anos, atravs da Lei do Efeito de Thorndike: A ocorrncia aproximadamente simultnea de uma resposta e de determinados eventos ambientais (em geral gerados por ela) modifica o organismo respondente, aumentando a probabilidade de que respostas do mesmo tipo tornaro a ocorrer. Em outras palavras, o que essa lei estabelece que a resposta do organismo modifica o meio e isto modifica o modo como o organismo interagir com o meio da prxima vez que o estmulo for apresentado. Outro problema apontado por Skinner na teoria S-R a introduo de aspectos de natureza teleolgica, ou seja, a incluso na anlise de fatores de ordem determinstica do tipo: o organismo age para conseguir alguma coisa. Como conseqncia disso, variveis internas passam a ser incorporadas na teoria, introduo esta que uma negao do modelo. Dentro da teoria do reflexo condicionado ensinar um organismo condicion-lo a apresentar determinada resposta, quando na presena de um estmulo inicialmente neutro.

Indo alm da teoria S - R: a Teoria do Condicionamento OperanteA principal contribuio de Skinner anlise experimental do comportamento consistiu em deslocar o foco da ateno da relao entre o estmulo e a resposta (teoria S-R) para a relao entre a ao do organismo sobre o meio e a resposta do meio ao do organismo. O parmetro fundamental da anlise experimental passa a ser a freqncia de respostas do organismo, ou mais especificamente a sua modificao. A freqncia de resposta do organismo definida como o nmero de vezes que determinada resposta aparece ante a uma dada situao dividido pelo intervalo de tempo. Segundo Skinner, a ao do meio (como resposta a uma ao do organismo) a responsvel pela seleo, em muito sentidos semelhante evoluo biolgica, que determinar, no futuro, qual das respostas possveis ser apresentada pelo organismo, dentre a gama de respostas que podem ser emitidas, quando frente a mesma situao. Esquematicamente, a Figura 3 mostra como poderamos representar a ao reversa do meio sobre o sujeito, selecionando, dentre as respostas possveis aquela apresentada pelo sujeito. A esse tipo de condicionamento Skinner chama de Condicionamento Operante, pois depende de uma ao do organismo sobre o meio. A pergunta bsica com a qual o analista experimental se confronta : com qual probabilidade determinada resposta ser emitida pelo organismo? Segundo Skinner: Figura 3 Esquema de seleo de uma resposta pela ao reversa do meio. Rp1, ... Rpn representam as respostas possveis, enquanto Rapresentada representa a resposta apresentada pelo indivduo. Esta no uma tarefa fcil, mas pelo menos explcita. Distingue a anlise experimental do comportamento das demais abordagens em muitos aspectos. (Skinner 1978, pg., 231).

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Na anlise experimental defendida por Skinner, cuja tarefa bsica a de descobrir todas as variveis das quais a probabilidade de resposta funo e o que se procura so os fatores que provocam alteraes na freqncia de respostas, temos as seguintes caractersticas: 1. Os estmulos so colocados no papel de variveis independentes que devem ser especficas em termos da situao envolvida. 2. O experimentador usa variveis observveis e mensurveis que no tm relao alguma com os estados internos do sujeito. 3. As contingncias de reforo so uma caracterstica importante das variveis independentes. Vemos aqui o uso de alguns termos chaves da teoria skineriana. O termo operante estabelece uma distino entre reflexos e respostas, aes do organismos que agem diretamente sobre o ambiente, e define a classe de respostas para as quais o reforo importante. Dentro da teoria de Skinner o termo reforo tem um papel fundamental. Por reforo entendida toda aquela ao do meio que modifica a freqncia com que uma dada resposta emitida pelo organismo. O reforo pode ser positivo, quando aumenta a freqncia com que determinada resposta emitida, ou negativo, quando a freqncia com que determinada resposta emitida diminui. importante salientar que os termos positivo ou negativo no devem ser tomados com qualquer conotao moral. O que define um reforo como positivo ou negativo simplesmente o aumento ou diminuio na freqncia de respostas emitidas pelo organismo. Por Contingncia de Reforo definimos as interrelaes entre trs fatores: A ocasio na qual a resposta emitida. A prpria resposta. As conseqncias reforadoras.

A respeito das Contingncias de Reforo Skinner comenta: As interrelaes so muito mais complexas do que as que ocorrem entre um estmulo e uma resposta, e so muito mais produtivas tanto nas anlises tericas, como nas experimentais. (Skinner 1978, pg. 180). Diferentemente do caso anterior de condicionamento, ao qual Skinner chama de Condicionamento Respondente, dentro da teoria comportamentalista surge um novo tipo de condicionamento, o Condicionamento Operante, obtido pela manipulao das contingncias de reforo de modo a eliminar todas as respostas no desejadas pelo experimentador. Chamamos de modelagem programao pela qual, atravs de etapas sucessivas, um comportamento moldado pela manipulao deliberada das contingncias de reforo. Para que o condicionamento ocorra, o analista experimental faz uso do reforo diferencial. Este consiste em reforar aquelas respostas que favorecem o comportamento final desejado. Os esquemas de reforo podem pertencer a duas classes: de intervalo de tempo ou de razo. Ambas as classes possuem duas subclasses: fixa ou varivel. Um esquema de reforo de intervalo de tempo definido como sendo um esquema onde o reforo fornecido a intervalos de tempo que podem ser constante (esquemas de tempo de intervalo fixo) ou variveis (esquemas de tempo de intervalo varivel). Por outro lado, ao invs de fixarmos o intervalo de tempo, poderamos fixar o nmero de respostas que devem ser emitidas pelo indivduo para que este receba um reforo. Novamente, se o

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nmero de respostas que devem ser emitidas fixa temos um esquema de razo fixa. Se o nmero de respostas a serem emitidas antes que o reforo seja fornecido no constante temos um esquema de razo varivel.

Esquemas de reforoFixo (Intervalo tempo fixo) de(Nmero de Fixo respostas fixo.)

Tempo

Razo

(Intervalo varivel)

Varivel de tempo

(Nmero de respostas varivel)

Varivel

Figura 4 - Um mapa conceitual para os esquemas de reforo na teoria skineriana.

Da mesma forma que para o condicionamento reflexo, se depois de algum tempo o reforo no for mais oferecido ao organismo aps a resposta ser emitida o condicionamento deixa de existir e progressivamente a freqncia de respostas volta a valores prximos daqueles observados antes do condicionamento. Esse processo recebe o nome de processo de extino.

Crticas teoria de SkinnerO trabalho de Skinner sofreu (e sofre) diversos tipos de crticas. A mais contundente diz respeito ao fato de que os experimentos conduzidos por Skinner e pelos seus seguidores foram executados com animais inferiores como pombos, ratos, etc. e que estes resultados no poderiam ser diretamente extrapolados para a espcie humana. A essa crtica, Skinner responde que as outras cincias tambm usam hipteses simplificadoras de modo a terem dados tratveis e passveis de anlise. Outra crtica comum ao trabalho de Skinner a incapacidade do Comportamentalismo de explicar certos comportamentos humanos. A essa crtica Skinner responde afirmando que todas as cincias tm em sua fase inicial uma srie de fenmenos para os quais no conseguem achar explicao e que somente uma questo de tempo para que os fatos atualmente fora do escopo explicativo da teoria passem a ser explicados pela mesma.

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O Comportamentalismo e a Engenharia SocialUma das mais instigantes aplicaes da Teoria Comportamentalista a Engenharia Social. Skinner argumenta que o ser humano condicionado aleatoriamente pelo meio desde o momento em que nasce e que a sociedade como um todo seria muito mais feliz (no sentido skineriano de ser) se esse condicionamento fosse resultado de um projeto social onde cada indivduo fosse condicionado a executar as tarefas que a sociedade quer que ele execute e fique contente com isso. A esse respeito Skinner escreveu uma utopia chamada Walden Two. Outra utopia que apresenta uma sociedade onde os princpios do condicionamento operante so levados a extremos o livro Admirvel Mundo Novo de Aldous Huxley3. Sugesto de atividade para a classe: discutir os princpios que regem a sociedade no livro Admirvel Mundo Novo. Outra aplicao de carter social foi o desenvolvimento dos programas de Instruo Programada que fazem uso intensivo da teoria skineriana na Educao. Outro desenvolvimento pedaggico devido diretamente Teoria de Skinner so as Mquinas de Ensinar. Passaremos agora a estudar estes dois temas usando as ferramentas que eles propem. Bom estudo.

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Huxley 1977. Paulo Ricardo da Silva Rosa - Departamento de Fsica - UFMS e-mail: [email protected]

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PRINCPIOS DA INSTRUO PROGRAMADA4

INSTRUES: Existem diferenas entre um Curso Programado ou Programa em Instruo Programada e um livro - texto comum. A primeira diferena que o material se apresenta em pequenas quantidades ou partes. Cada parte de informao constitui um quadro. Os quadros esto numerados em ordem sucessiva; um de cada vez fornece determinada informao e solicita uma resposta, que pode constituir na seleo da alternativa correta entre duas alternativas ou, ainda, na escrita de uma ou mais palavras que completam o sentido de frases com lacunas. Antes de comear este programa voc deve munir-se de um lpis ou caneta e de um pedao de cartolina. Deve, alm disto, procurar que haja tranqilidade no ambiente onde voc pretende estudar. Coloque a cartolina sobre o retngulo que est logo abaixo da linha onde termina o quadro de informao. Depois de sublinhar a resposta que voc considera correta ou de escrever sua resposta no espao em branco, deslize suavemente a cartolina para verificar se a resposta est correta. No caso de haver erro, releia a informao e d uma nova resposta, agora no pequeno retngulo em branco direita. Em seguida, leia a nova informao dada no quadro abaixo, escreva as palavras que faltam ou sublinhe a palavra que voc selecionou; depois verifique a correo de sua resposta, deslizando a cartolina. Prossiga deste modo at o final do programa. Em cada quadro, ao responder s proposies que lhe so feitas, voc se certifica imediatamente se sua resposta est correta ou no. Isto exatamente o mesmo que um instrutor formular perguntas e dizer, de imediato, se sua resposta est correta ou no. Trata-se de uma tcnica de ensino que lhe permite avaliar-se a si mesmo, a todo momento. Se voc ler cada um dos quadros cuidadosamente, provavelmente cometer muito poucos erros. Trabalhe com calma, porque no h limite de tempo. Siga, por favor, as recomendaes abaixo: 1. O tempo que voc despender para responder s proposies de cada um dos quadros no ser sempre o mesmo. Algumas vezes, voc terminar vrios quadros em muito pouco tempo. Para outros quadros, necessitar de mais tempo. No se apresse em nenhum dos casos. 2. Os erros na leitura podem ocasionar uma resposta incorreta. Portanto, leia com cuidado e pense antes de escrever sua resposta. 3. No salte quadros. 4. Na Instruo Programada, no se pode nem se deve ler rapidamente. Cada parte da informao indispensvel para os quadros que se seguem. 5. Se cometer algum erro, leia de novo o quadro. No apague a primeira resposta; simplesmente faa um crculo ao redor da mesma e escreva a resposta correta abaixo direita, sem sair das linhas que demarcam cada um dos quadros. Agora pode comear com o quadro n0 1. Por favor, passe pgina seguinte.

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Evans, J.L. Teaching Machines Incorporated. Trad.: Luiza Garcia de Mello Paulo Ricardo da Silva Rosa - Departamento de Fsica - UFMS e-mail: [email protected]

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1. A aprendizagem deve ser agradvel. Entretanto, nas primeiras etapas do estudo de uma determinada matria, comum que os alunos cometam muitos erros. Muitas pessoas (gostam / no gostam) de cometer erros. No gostam 2. Quando o estudante comete muitos erros pensa, muitas vezes, que no gosta da matria. Seria mais certo se ele pensasse que no gosta de cometer ___________. erros 3. Por muito tempo, educadores, psiclogos e pessoas em geral achavam que era impossvel aprender sem cometer um grande nmero de __________. erros 4. Recentes estudos no campo da Psicologia da Aprendizagem revelaram que, se a aprendizagem de determinada matria for cuidadosamente preparada ou PROGRAMADA de um modo especial, o estudante poder dominar determinados contedos especficos, fazendo um nmero muito pequeno de erros. O assunto que voc est lendo agora foi preparado ou ___________ desse modo. Programado 5. A idia bsica da Instruo Programada que a aprendizagem pode ser mais agradvel, eficaz e permanente, quando o estudante realiza um Curso Programado ou Programa constitudo de um grande nmero de etapas pequenas e fceis. Se as etapas forem pequenas, ele (ter / no ter) muitas possibilidades de cometer erros. No ter 6. Um Curso Programado ou Programa constitudo, portanto, de muitas pequenas etapas ou quadros, que apresentam a informao ao estudante. Assim, um estudante poder dominar um contedo que ignora, atravs de um _____________. Se o contedo for cuidadosamente preparado, o aluno poder cometer (mais / menos) erros durante a realizao do programa. programa menos

7. Os princpios da Instruo Programada so diferentes dos que norteiam o ensino tradicional. Voc j conhece um desses princpios: o estudante aprende melhor se realiza a aprendizagem atravs de pequenas ______________. etapas 8. Os princpios de Instruo Programada so aplicaes de PRINCPIOS DA APRENDIZAGEM evidenciados em laboratrios de Psicologia. Voc j aprendeu o primeiro destes princpios, que pode ser denominado: Princpios das Pequenas ____________. etapas

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9. Os princpios em que se baseiam a Instruo Programada foram evidenciados em laboratrios de (Bioqumica / Psicologia). Psicologia 10. O primeiro princpio da Instruo Programada denominado: Princpio das __________ __________. Pequenas etapas 11. Outro princpio que nos advm da investigao psicolgica sobre aprendizagem: o aluno aprende melhor se participa ativamente da aprendizagem. O estudante que resolve problemas algbricos, provavelmente, render (mais / menos) do que o aluno que somente ouve as explicaes do professor e v exemplos. mais 12. Dizer que as pessoas aprendem realizando o mesmo que afirmar que aprendizagem se faz melhor pela RESPOSTA ATIVA. Voc agora j concluiu que o segundo princpio da Instruo Programada o Princpio da Resposta ___________. ativa 13. Princpios da Instruo Programada: 1. Princpio das Pequenas Etapas. 2. Princpio da Resposta __________. ativa

14. Um terceiro princpio oriundo da Psicologia da Aprendizagem: o aluno aprende melhor quando verifica sua resposta imediatamente. Este princpio pode ser denominado: PRINCPIO DA VERIFICAO IMEDIATA. Neste programa que voc est realizando, suas respostas tm sido imediatamente verificadas. Assim, este programa (usa / no usa) o princpio da VERIFICAO ___________.

Usa

imediata

15. Terceiro princpio: o aluno aprende melhor quando verifica sua resposta imediatamente. Um estudante que tenha de esperar duas semanas pelo resultado de seus testes, (aprender / no aprender) to bem quanto o estudante cujo teste foi corrigido imediatamente. No aprender 16. Quando um aluno pode verificar imediatamente sua resposta, o princpio da _____________ ______________ est sendo aplicado. Verificao imediata

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14 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

17. Trs princpios da Instruo Programada: 1. Princpio das PEQUENAS __________. 2. Princpio da RESPOSTA __________. 3. Princpio da VERIFICAO __________.

1. Etapas

2. Ativa

3. Imediata

18. Quando dividimos um assunto em diversas partes, por exemplo, clculo matemtico, de modo a permitir que o estudante assimile contedo da matria aos poucos, indo de um quadro a outro, estamos aplicando o princpio das ________________ ________________. Pequenas Etapas 19. Durante o estudo de uma matria, quando se exige que o aluno, ele prprio, escreva as respostas, o princpio da __________ ____________ est sendo usado. Resposta Ativa 20. Quando a matria apresentada de tal modo que o estudante possa verificar, de imediato, se sua resposta est correta ou no, o princpio da ______________ _____________ est sendo empregado. Verificao Imediata 21. Evidentemente algumas pessoas aprendem mais rapidamente do que outras. Se o ritmo de uma classe muito rpido ou muito lento para um aluno provavelmente ele (aprender / no aprender) to bem quanto se estudasse em seu ritmo prprio. No aprender 22. Na Instruo Programada, cada aluno pode trabalhar to rapidamente ou to lentamente quanto desejar: este o PRINCPIO DO RITMO PRPRIO. Uma vez que voc pode empregar o tempo que desejar, em cada etapa deste programa, o princpio do ritmo prprio (est / no est) sendo usado, no presente momento. est 23. O princpio da Instruo Programada, segundo o qual cada aluno progride no ritmo que lhe adequado, o princpio do __________ ___________. Ritmo Prprio 24. Quando o estudante orientado para trabalhar em seu ritmo prprio, como numa sala particular, o princpio do ritmo prprio est sendo aplicado. (certo / errado). certo

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15 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

25. Voc j conhece quatro dos cinco mais importantes Princpios da Instruo Programada. Agora vamos rev-los: ____________ ______________. (organizao seqencial dos quadros) 2. Princpio ____________ ______________. (modalidade de respostas do aluno) 3. Princpio ____________ ______________. (sistema de confirmao da resposta correta) 4. Princpio ____________ ______________. (atendimento s diferenas individuais) das Pequenas Etapas. da Resposta Ativa. da Verificao Imediata. do Ritmo Prprio. 1. Princpio

1. 2. 3. 4.

26. Na Instruo Programada, deve-se levar em conta o controle daquilo que se aprende. O estudante faz um registro completo de suas respostas. Se ele anotar a resposta em cada etapa, (ter / no ter) possibilidade de localizar com exatido onde cometeu erros. ter 27. Suponhamos que um estudante tenha completado um programa compreendendo 100 quadros, dando uma resposta para cada quadro. O estudante cometeu quatro erros. Pelo registro de suas respostas, (podemos / no podemos) verificar exatamente em que etapas ou quadros ele cometeu erros. podemos 28. Suponhamos que um programador deseje melhorar a qualidade de um programa, atravs da reviso do mesmo. Num experimento, um programa aplicado a dez alunos. Se os dez alunos erram na resposta do quadro 37, este (ser / no ser) um quadro indicado para sofrer reviso. ser 29. O estudante pode ser levado a cometer erros, quando o quadro est muito extenso, pouco claro, ou no foi bem revisto nas diferentes revises efetuadas. Examinando um programa completado por um aluno, voc (pode / no pode) verificar exatamente quais os quadros que deram margem a erros. pode 30. Uma vez que registros precisos da atuao de cada estudante so feitos, revises podem ser realizadas, tendo por base as respostas reais do prprio estudante. Se a apresentao de algum quadro no estiver clara, isto (se refletir / no se refletir) nas respostas do estudante durante a realizao do programa. Se refletir

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16 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

31. A reviso de um programa, atravs do controle da atuao dos alunos, denominada TESTAGEM DO PROGRAMA. Se o programa que voc est realizando foi desenvolvido nessas bases, o princpio da ______________ do ______________ est sendo utilizado. Testagem programa

32. Quando se efetua a reviso de um programa com base nas respostas registradas pelos alunos, est sendo aplicado o quinto princpio da Instruo Programada: PRINCPIO DA _____________ DO _____________. Testagem Programa

33. Voc j aprendeu cinco mais importantes Princpios da Instruo Programada: 1. Princpio ____________ ______________. (progresso fcil de quadro par quadro) 2. Princpio ____________ ______________. (estudante trabalha ativamente) 3. Princpio ____________ ______________. (rpido conhecimento da resposta correta) 4. Princpio ____________ ______________. (estudante trabalha em seu ritmo) 5. Princpio ____________ ______________. (programas so revistos com base nas respostas dos alunos)

1. 2. 3. 4. 5.

das Pequenas Etapas. da Resposta Ativa. da Verificao Imediata. do Ritmo Prprio. da Testagem do Programa

34. Um estudante deixa de estudar a lio de lgebra, porque os quadros de seu livro de textos programados so muito extensos e ele no consegue compreender o contedo apresentado. Que princpio da Instruo Programada no foi respeitado nesse programa? Princpio das Pequenas Etapas 35. Estudantes respondem a vrias perguntas de um teste. O professor leva o trabalho dos alunos para casa e aps exaustiva tarefa de correo, traz de volta o teste corrigido, uma semana depois. Os estudantes j no tm interesse em verificar se suas respostas estavam certas ou no. Que princpio de Instruo Programada no foi aplicado nesse caso? Princpio da Verificao Imediata

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17 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

36. Um estudante realiza um programa respondendo a perguntas que cada um dos quadros lhe apresenta. Ele prprio vai escrevendo a resposta em cada quadro. Que princpio da Instruo Programada est sendo seguido? Princpio da Resposta Ativa 37. Um programador, aps a primeira testagem do programa, verifica que os alunos realizaram cerca de 50 % de respostas incorretas. Rev e aperfeioa os quadros que mais deram margem a erros. Experimenta novamente o programa com outro grupo de alunos. Nessa nova verso, os alunos apresentam somente 4 % de respostas incorretas. Que princpio da Instruo Programada foi usado pelo programador? Princpio da Testagem do Programa 38. Um aluno se aborrece porque resolveu rapidamente todos os exerccios propostos pelo professor e tem que esperar os colegas mais lentos terminar a tarefa. Enquanto espera perturba a aula. Que princpio da Instruo Programada no est presente nesse caso? Princpio do Ritmo Prprio 39. Um estudante se convence, por experincias anteriores, que no consegue aprender lgebra. Ele experimenta estudar esta matria atravs da Instruo Programada. Para sua surpresa, v cada um dos 75 quadros poucos extensos que compem o programa, serem compreendidos por ele, Que princpio da Instruo Programada foi seguido? Princpio das Pequenas Etapas 40. Um bom professor est preocupado porque seus alunos no conseguem compreender o contedo da matria em estudo. Dizem que no entendem os textos do livro adotado em classe. Infelizmente o professor no possui um registro preciso dos aspectos da matria que os alunos no esto compreendendo. Portanto, o professor no pode realizar uma reviso precisa e especfica do contedo e aperfeioar a apresentao da matria para aquele grupo de alunos. Que princpio da Instruo Programada no est sendo aplicado? Princpio da Testagem do Programa 41. Um aluno est estudando Qumica, Ele acha que entendeu s exposies do professor em aula; mas nunca tem oportunidade de resolver, ele prprio, problemas sobre a matria apresentada. Ao realizar uma prova em que deveria resolver problemas de Qumica, ele obtm um conceito insatisfatrio. Que princpio da Instruo Programada no foi aplicado? Princpio da Resposta Ativa

42.Um aluno est estudando Fsica atravs de um Programa de Instruo Programada. Ele nem sempre est absolutamente certo de suas respostas, mas pode verific-las dentro de um segundo, depois de tlas escrito. Que princpio da Instruo Programada est sendo utilizado? Princpio da Verificao Imediata

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18 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

43. Um estudante est aprendendo Psicologia atravs de um curso programado. Ele leva duas vezes mais tempo para realizar o programa do que o restante da sua classe. Entretanto, na prova final, ele obtm resultados muito satisfatrios. Que princpio est evidenciado nesse caso? Princpio do Ritmo Prprio 44. muito fcil recordar os cinco Princpios da Instruo Programada. Para tal, basta lembrar o que acontece quando voc realiza um curso programado ou programa. A primeira coisa a fazer LER o pequeno texto do quadro. Cada quadro foi cuidadosamente construdo, a fim de que voc compreenda, atravs de etapas sucessivas, a informao apresentada. O princpio utilizado o das _____________ _______________. Pequenas Etapas 45. LER ESCREVER Depois de LER o pequeno texto do quadro voc dever ESCREVER a resposta. O ato de escrever constitui uma resposta ativa. Quando voc escreve sua resposta est sendo empregado o princpio __ ___________ ___________. da resposta ativa 46. LER ESCREVER VERIFICAR 1. LEIA os textos dos quadros. 2. ESCREVA sua resposta. Em seguida, voc verificar se sua resposta est correta ou no. Ao verificar imediatamente a correo de sua resposta, voc est empregando o princpio __ __________ ____________. da verificao imediata 47. LER ESCREVER VERIFICAR PROSSEGUIR Depois de ler, escrever e verificar a sua resposta, voc dever prosseguir para o prximo quadro, lenta ou rapidamente, conforme achar melhor. Prosseguindo rumo ao quadro subseqente, de acordo com o seu ritmo, voc est usando o princpio __ ________ ___________. do ritmo prprio 48. LER ESCREVER VERIFICAR PROSSEGUIR REGISTRAR Recordando estas cinco palavras-chave, voc pode facilmente identificar os cinco princpios que regem a Instruo Programada: 1. Princpio __ ________ ________. 2. Princpio __ ________ ________. 3. Princpio __ ________ ________. 4. Princpio __ ________ ________. 5.Princpio __ ________ __ ________. 1. 2. 3. 4. 5. das pequenas etapas. da resposta ativa. da verificao imediata do ritmo prprio. da testagem do programa.

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19 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

49. Voc j conhece os princpios fundamentais da Instruo Programada. O Programa que voc est realizando agora foi elaborado com base nesses princpios. Esses princpios evidenciados em laboratrios de Psicologia esto sendo aplicados no ensino de Matemtica, Fsica, Qumica, Cincias Naturais, Lnguas, Literatura, Cincias Sociais, Psicologia, Tcnicas Comerciais, etc. SIGA, POR FAVOR, PARA O PRXIMO QUADRO. 50. Muitos sentem que a aplicao desses princpios causar uma fundamental mudana em nossas tcnicas de ensino. Para o programador, um aspecto muito importante da Instruo Programada , como j vimos, o controle da atividade do aluno, atravs do registro de suas respostas. Ao rever os programas, o programador ter possibilidade de aperfeio-los, de modo a ensinar melhor e mais eficientemente os contedos especficos das diferentes matrias. SIGA, POR FAVOR, PARA O PRXIMO QUADRO. 51. Um aspecto muito importante da Instruo Programada , portanto, o registro feito pelo prprio estudante que realizou um curso programado ou programa. Esses registros constituem um instrumento utilssimo para o aperfeioamento da aprendizagem fornecido pela prpria aprendizagem. O aperfeioamento de novos e cada vez mais precisos instrumentos de observao e controle tem permitido o progresso cientfico, atravs dos tempos. SIGA, POR FAVOR, PARA O PRXIMO QUADRO. 52. Prova disso o progresso da Astronomia que se seguiu inveno do telescpio e o progresso da Biologia e da Medicina que se seguiu inveno do microscpio. Consideremos que um registro minucioso de todas as etapas de um programa de aprendizagem ser um instrumento fundamental para um conhecimento mais preciso do complexo fenmeno da aprendizagem humana.

FINAL DO PROGRAMA

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20 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

PROGRAMAS E MQUINAS DE ENSINAR5Exemplo de Instruo Programada Ramificada

Quadro 1

INSTRUES6,7: Este pequeno livro ou apostila est programado para funcionar maneira de uma mquina de ensinar. Na Frana, chamado de Livre Broulli, isto , livro cuja seqncia normal da informao no obedece, no acompanha a paginao normal. Se voc j conhece esse tipo de programao desnecessrio que leia a explicao abaixo. Passe para a pgina 8 e comece a trabalhar. Se voc nunca teve em suas mos uma programao ramificada, vamos dizer-lhe algumas coisas a respeito dela: como o objetivo DESTA programao a explicao do que vem a ser uma programao, no lhe daremos, por enquanto, todas as razes e caractersticas de sua composio. Somente uma orientao inicial, com algumas justificativas. Tenha pacincia de aguardar as informaes mais esclarecedoras que viro no decorrer da prpria programao. Um programa ramificado prope primeiramente, uma informao (de menos de uma pgina, geralmente), o leitor - ou estudante - deve ento dar uma resposta, que indicar se ele compreendeu ou no a informao apresentada. Conforme a resposta indicada, ser ele encaminhado a uma outra pgina da apostila: nesta, a resposta (se foi errada) ser corrigida ou, se foi acertada, dar lugar a uma nova informao, seguida de uma nova pergunta. A apostila est paginada normalmente, mas seu contedo no acompanha essa seqncia normal, de modo a no ser possvel adivinhar em que pgina est a resposta correta. Esse um meio de prender a ateno. E agora j tempo de comear o programa. Passe ao quadro 8. (Lembre-se de que voc no pode ler os quadros na ordem normal).

5 Coste, Pierre. De lenseignement Programm. . Sorbonne-, Paris, 1965.Trad., Setor de Metodologia Geral de Ensino, USP So Carlos. 6 Pensando em economia de espao falaremos em quadros ao invs de pginas como no texto original. Ao trabalhar este texto com seus alunos o professor poder montar pequenos livros a partir de cpias de cada quadro em uma folha separada e, ento, montar o livro. 7 Neste texto, os quadros sero numeradas em cima direita e em negrito.

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Quadro 2

Nota: se voc veio a este quadro aps o quadro 1, voc se enganou. Os quadros desta apostila no podem ser lidas na ordem normal. Retorne ao quadro 1 e volte a ler as instrues que esto l. (VOC VEM DO QUADRO 4) Se for possvel exigir respostas dos estudantes, durante uma projeo, seja atravs de um filme concebido para tal fim, seja pela introduo de intervalos em certos momentos, tais respostas so exigidas, indiferentemente, de todos os estudantes. O mais lento do grupo solicitado a responder no mesmo ritmo que o mais rpido. Alm disso, uma das caractersticas de mquina de ensinar - a avaliao a cada passo se no estiver ausente de todo, aparecer de forma bastante precria. Releia a questo colocada no quadro 4. Voc escolher outra resposta.

Quadro 3 (VOC VEM DO QUADRO 12)

Muito bem. Aproximamo-nos da noo de mquina de ensinar, com a concepo de um filme nos molde descritos na pgina 12. Mas... uma classe no um indivduo. A mquina de ensinar foi concebida para permitir ao estudante um trabalho individual, que no avana progressivamente seno em funo do prprio estudante, Para que um filme fosse uma mquina de ensinar seria preciso: 1.Que apresentasse uma informao e pedisse, em seguida, respostas aos estudantes, regularmente. 2.Que parasse e aguardasse a resposta do estudante. 3.Que informasse ao estudante, atravs do novo funcionamento do projetor ou vdeo cassete, da correo ou incorreo de sua resposta. A. Lumsdaine concebeu uma mquina na qual filmes contidos em cartuchos so colocados no projetor e passados em uma pequena tela. Num dos casos, um filme contendo informaes prticas foi utilizado para mostrar a um tcnico como consertar uma mquina, que ele no conhecia. Aps cada etapa do processo, o projetor detinha-se e o tcnico imitava o que acabara de ver. Terminada a manobra, o tcnico tornava a ligar o projetor e passava fase seguinte. Estamos agora diante de uma mquina de ensinar? Sim No siga para o quadro 5. siga para o quadro 10.

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22 Instrumentao para o Ensino Cincias - Captulo 2

Quadro 4

(VOC VEM DO QUADRO 8) Bem. O filme, em seu uso corrente, no uma mquina de ensinar: 1.Embora o filme apresente informaes, ele no pede aos estudantes nem respostas verbais, nem a escolha de uma entre vrias respostas, nem respostas motoras, em intervalos regulares. 2.No exigindo respostas, ele no pode julg-las. 3.No permite que cada indivduo adapte o ritmo do trabalho de acordo com suas aptides e dificuldades. Imagine, no entanto, um filme educativo que exija dos alunos que eles respondam, a intervalos regulares, questes propostas sobre as informaes apresentadas pelo filme, impressas e distribudas a todos. Ser ele uma mquina de ensinar? Sim NoQuadro 5

siga para a pgina 2. siga para a pgina 12.

(VOC VEM DO QUADRO 3) Admitamos que uma pessoa qual falte ateno ou competncia tente consertar a mquina servindo-se desse processo descrito, Um erro da parte do tcnico poderia tornar-se desastroso. No h nenhum meio de assegurar que uma falha seja reparada, pois nada prev que sejam reconhecidas as respostas erradas. Se um erro for cometido, somente o acaso poder corrigi-lo. VOLTE AO QUADRO 3, RELEIA A QUESTO E TOME A OUTRA RESPOSTA.Quadro 6 (VOC VEM DO QUADRO 8)

O filme educativo, na sua utilizao normal, apresenta fatos, informaes, mas no satisfaz a nenhuma das outras condies previstas para uma mquina de ensinar. Nenhuma resposta pedida. Nenhum reforo dado. O estudante no controla o ritmo das operaes. O filme educativo tradicional , ento, semelhante a uma conferncia, a uma exposio bem preparada (em linguagem audiovisual), mas no uma mquina de ensinar. Volte ao quadro 8 e releia as caractersticas que toda mquina de ensinar deve apresentar. Ento voc escolher outra resposta.

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Quadro 7

(VOC VEM DO QUADRO 10) Chegamos, enfim, a estabelecer as condies nas quais um filme e um projetor podem constituir uma mquina de ensinar. Note que a estrutura, a programao do filme e o modo pelo qual ele usado que definem a mquina de ensinar: no foi pelo projetor que se conseguiu obter a mquina de ensinar desejada. Concluamos, pois: nesta apostila, chamamos de programa ou programao que se deseja ensinar. Chamamos de mquinas os aparelhos de apresentao dos programas. Chamamos ainda de cartuchos de programas os mecanismos simples de apresentao e os livros ou apostilas programadas, como o caso desta. Agora, um modesto convite prudncia: no domnio da auto-instruo programada, o recmchegado fica encantado em face de lmpadas que se iluminam repentinamente, alavancas, conhecimentos visuais e auditivos complicados e apaixonantes, de tal modo que tentado a experimentar tais processos, s vezes, sem levar em conta o essencial, o programa, visto que os programas podem ter diferentes apresentaes, das quais apenas algumas exigem mquinas. para eles, inicialmente, que deve voltar-se a nossa ateno. FIM DO PROGRAMA

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Quadro 8 (VOC VEM DO QUADRO 1)

DEFINIO DO TERMO MQUINA DE ENSINAR Em 1924 Sidney L. Pressey, professor de Psicologia da Universidade de Ohio, inventou uma pequena mquina para avaliar automaticamente um exame em forma de questes de escolha mltipla, no mesmo instante em que o examinando apoiava o dedo sobre o boto resposta escolhido. Apesar de concebida, inicialmente, como mquina de examinar, logo se verificou que, com ligeiras modificaes, ela serviria tambm como mquina de ensinar. Bastaria que no fosse permitido ao estudante que passasse de uma questo para a seguinte a no ser quando apertasse o boto resposta exato, correto, A partir desse modesto incio, a mquina de ensinar desenvolveu-se a tal ponto que o educador contemporneo pode examinar variados e numerosos modelos, desde os mais simples, em cartolina, de preo acessvel, at os computadores, complexos e caros. Entretanto, no se desespere. Todas as mquinas de ensinar, simples ou sofisticadas, tm trs caractersticas em comum: 1.Apresentam informaes e exigem respostas freqentes dos estudantes. 2.Do ao estudante um esclarecimento imediato sobre o valor de sua resposta. 3.Permitem aos estudantes que trabalhem sozinhos, adaptando o ritmo da mquina de ensinar aos seus respectivos ritmos individuais. Agora, baseado nesses trs critrios, responda: voc considera o filme educativo, tal como normalmente utilizado, como uma mquina de ensinar? Sim No siga para a quadro 6. siga para a quadro 4.

Quadro 9 (VOC VEM DO QUADRO 12)

Uma classe no um indivduo. No h nenhuma certeza de que no final do debate, cada aluno tenha realmente tomado parte nele. Nem h qualquer certeza de que o nmero dos que acompanharam o raciocnio tenha ultrapassado a meia dzia. Isto no significa que o debate no seja um bom procedimento pedaggico, uma boa tcnica. Mas, simplesmente, significa que ele no uma mquina de ensinar. Examine novamente ao quadro 12 e escolha outra resposta.

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Quadro 10 (VOC VEM DO QUADRO 3)

Sua resposta est exata. A primeira condio foi preenchida: apresentao de uma informao e pedido de uma resposta. H mesmo uma parte da terceira condio: o estudante (o tcnico, no caso) trabalha sozinho, individualmente, e decide sobre o seu prprio ritmo. Mas... ele no conduzido a confrontar sua resposta com a resposta exata. O resultado global da operao (conserto realizado) depender da maior ou menor clareza do filme e da capacidade do tcnico para estabelecer uma relao entre o que vai ser realizando e o que viu na tela. Entretanto, esse processo poderia constituir uma verdadeira mquina de ensinar se fosse modificada a estrutura do filme. Suponhamos que o filme colocado na mquina de Lumsdaine preveja as seguintes etapas: 1.Breve discusso sobre o problema inicial a ser proposto. 2.Demonstrao. Pergunta sobre a natureza do problema apresentado. 3.A projeo interrompida. 4.O estudante responde a questo proposta, apertando a seguir o boto para tornar a movimentar o projetor. O apresentador d a resposta exata e explica. 5.O filme passa etapa seguinte. Trata-se agora de uma mquina de ensinar? Sim siga para a quadro 7 No siga para a quadro 11.

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Quadro 11 (VOC VEM DO QUADRO 10) Desta vez, temos realmente uma mquina de ensinar: todas as condies so preenchidas: 1. O filme apresenta uma informao e pede uma resposta. 2. O projetor pra, esperando que o estudante d a resposta e o movimente depois. 3. O filme fornece a resposta exata, que o estudante confrontar com a sua. O estudante trabalha conforme seu prprio ritmo, pois ele quem torna a ligar o projetor, aps cada uma das respostas. Volte ao quadro 10, reflita e escolha outra resposta.Quadro 12

(VOC VEM DO QUADRO 4) exato. Um filme que pea ao estudante que responda, num impresso, durante a projeo, no uma mquina de ensinar. A primeira condio preenchida, pois uma informao dada e respostas freqentes so solicitadas aos estudantes. Poderia at ser previsto um reforo para o estudante, informando-o ou corrigindo-o quanto exatido de sua resposta. Mas, a terceira condio (que o estudante possa trabalhar individualmente e ajustar seu ritmo de acordo com seus recursos e necessidades pessoais) no respeitada. Um filme projetado para uma classe produzir resultados desiguais, falhos e insatisfatrios, considerando a aprendizagem de cada indivduo. O mais lento (quer se trate de atitude mental, insuficincia de base ou falta de interesse pelo assunto) poder ter necessidade de tempo para lembrar-se de pontos precedentes e de um pouco de reflexo para poder avanar. O estudante rpido poder at adivinhar toda a questo antes que se termine de enunci-la e encontrar no mesmo instante a resposta. O tempo previsto para a redao das respostas ter que ser, necessariamente, um compromisso entre os tempos extremos (do mais lento e do mais rpido). E eis-nos, de novo, num esquema de soluo aproximativa, visando o aluno mdio (que uma abstrao). Se um filme fosse concebido de tal modo que, durante os oito primeiros minutos, fosse colocado na tela um problema exigindo raciocnio; em seguida, se desligasse o projetor, para a realizao de um debate, previsto e indicado pelo filme, com a promessa de que, reiniciada a projeo, aps o debate, a soluo do problema seria imediatamente apresentada. Sim No Seria o filme assim uma mquina de ensinar? siga para ao quadro 9. siga para ao quadro 3.

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