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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
TEREZINHA DE JESUS PERES GONDIM
A AÇÃO DO COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM IES PRIVADA EM UM AMBIENTE DE
GESTÃO ESTRATÉGICA
FORTALEZA2010
2
TEREZINHA DE JESUS PERES GONDIM
A AÇÃO DO COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM IES PRIVADA EM UM AMBIENTE DE
GESTÃO ESTRATÉGICA
Dissertação submetida ao Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior – POLEDUC da Universidade Federal do Ceará para a obtenção do titulo de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues
Fortaleza2010
3
Gondim, Terezinha de Jesus PeresA ação do coordenador de curso de graduação tecnológica
em IES privada em um ambiente de gestão estratégica / Terezinha de Jesus Peres Gondim. – 2010.
144 f. ; il.Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará.
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior, Fortaleza (CE), 2010.
Orientação: Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues.1-COORDENADOR ACADÊMICO. 2-BALANCED
SCORECARD–BSC. 3-IES. I- Rodrigues, Maxweel Veras (Orient.). II-Universidade Federal do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior. III-Título.
4
TEREZINHA DE JESUS PERES GONDIM
A AÇÃO DO COORDENADOR DE CURSO DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA EM IES PRIVADA EM UM AMBIENTE DE
GESTÃO ESTRATÉGICA
Dissertação submetida ao Mestrado em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior – POLEDUC da Universidade Federal do Ceará para a obtenção do título de Mestre.
Aprovada em: ____/____/2010.
Banca Examinadora:
_________________________________________Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________Profa. Dra. Maria de Fátima de SouzaUniversidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________Prof. Dr. Samuel Façanha Câmara
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
5
À memória imortal do meu amado pai José Santiago Gondim, que foi exemplo de professor, pai, esposo e avô. Hoje, o que tenho de melhor aprendi com ele. Eu te amo e jamais te esquecerei. Saudades e gratidão eterna.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que há muito tempo atrás sondou o meu coração e o meu pensamento, viu o quanto eu desejava estar nesse mestrado. O que poderei fazer, dizer e sentir para expressar todo o meu amor e gratidão por ter me proporcionado a realização de mais um sonho em minha vida.
Agradeço a minha mãe Maria Eugênia Peres Gondim, a minha irmã Liduina Gadelha, a meu irmão Aquilino Gondim, a meus sobrinhos Weber, Victor e Beatriz, ao meu cunhado Weber Gadelha e minha cunhada Flavia Gondim pelo incentivo e por estarem ao meu lado a cada conquista.
A meu orientador, Maxweel Veras Rodrigues, por ter aceitado o tema da dissertação, pelas valiosas orientações e por ter também acreditado que era possível a concretização dessa pesquisa.
Agradeço aos membros da banca por terem aceitado o convite e pelas salutares intervenções.
A todos os amigos e professores do POLEDUC que contribuíram para o meu crescimento acadêmico, profissional e pessoal, em especial ao amigo Antonio Aroldo Lins Soares.
A todas as coordenadoras da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro que contribuíram para a realização dessa pesquisa.
Aos meus amigos do Instituto Dom José de Educação e Cultura – IDJ, em especial a Herisangela de Santiago Matos e ao professor Pedro Henrique Chaves Antero por terem me incentivado e acreditado que eu seria capaz de conquistar esse objetivo.
Agradeço à Universidade Federal do Ceará por ter oportunizado esse mestrado àqueles que buscam aperfeiçoamento.
7
“E conhecer o amor de Cristo, que supera todo conhecimento. Assim estareis totalmente repleto da plenitude de Deus. Àquele que, agindo eficazmente em nós, pode realizar muitíssimo mais do que pedimos ou pensamos, receba da Igreja e de Cristo Jesus a glória em todas as gerações, pelos séculos dos séculos. Amém”.
(São Paulo, Efésios 4, 19-21)
8
RESUMO
A presente pesquisa visou analisar as ações do coordenador acadêmico de curso de graduação
em uma IES privada, sob as dimensões política, acadêmica, institucional e gerencial. Para
analisar suas ações foi necessário compreender os modelos organizacionais em paralelo ao
surgimento das IES no Brasil. A partir do entendimento de sua práxis, foi desenvolvido um
método de gerenciamento estratégico que se fundamenta nos estudos de Kaplan e Norton
(1997). Diante da abordagem dos autores, optou–se pelo Balanced Scorecard – BSC, visto
que é um instrumento que corresponde a um sistema de avaliação de desempenho
organizacional, pois busca o equilíbrio de quatro perspectivas, no caso da pesquisa em
questão, a perspectiva do cliente, dos processos internos, o aprendizado e o crescimento e por
fim, os processos acadêmicos. De acordo com o exposto, foi definido o método proposto do
estudo, dividido em 9 (nove) etapas: definir a unidade organizacional; elaborar a missão,
visão, valores e estratégias do setor; identificar as dimensões; análise do cenário- SWOT que
busca identificar os pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades da instituição;
definir as perspectivas; estabelecer objetivos, metas e indicadores, mapa estratégico; relação
de causa-e efeito e definir ações mediante o 5W1H (o que, por que, como, quem, onde e
quando). A aplicação do método possibilitou a coleta de dados, a definição de indicadores que
influenciam nas ações do coordenador acadêmico de curso de graduação, e o desenvolvimento
de uma proposta de BSC setorial para o setor da coordenação de curso na IES. Essa proposta
visa possibilitar que as ações do coordenador de curso de graduação possam ser desenvolvidas
para que tenham resultados positivos na instituição que está atuando, mediante a análise, o
controle e a execução de uma gestão estratégica eficiente, eficaz e efetiva.
Palavras-Chave: Coordenador acadêmico. Balanced Scorecard – BSC. IES
9
ABSTRATC
This research aims to analyze the actions of the academic coordinator of the undergraduate
course in a private institution, under the political, academic, institutional and managerial. To
analyze their actions were necessary to understand the organizational models in parallel to the
emergence of the IES in Brazil. From the understanding of their practice, we developed a
method of strategic management that is based on studies of Kaplan and Norton (1997). Given
the approach of the authors, it was decided by the Balanced Scorecard - BSC, since it is an
instrument that is a system for assessing organizational performance, for it seeks the balance
of four perspectives, in the case of this research, the customer's perspective, internal
processes, learning and growth and finally, the academic processes. According to the above,
was defined in the proposed method in this thesis, this would consist of nine (9) steps:
defining the organizational unit; develop the mission, vision, values and sector strategies;
identification of dimensions; analysis Scenario-SWOT that try identify the strong points,
weak points, threat´s and opportunities of the instituion; defining perspectives; targets and
indicators; strategy map; relationship between cause and effect and to analysis actions
meantime the 5W1H (What, Why, How, Who, Where and When). The application of the
method got the data´s collect, the definition of indicators that influence in the actions of the
coordinator of gradation course, and the development of a proposal of BSC in setors for the
coordenation department of the IES´course. This proposition direct to possibility which the
actions of gradation course´coordinator can be increase to have positive results in the
instituion that´s working, through the analysis, the control and the execution of a strategic
´management efficient, efficacious and efetive.
Keywords: Academic coordinator. Balanced Scorecard – BSC. IES
.
10
LISTA DE FIGURAS
1 − Esquema do planejamento estratégico ...................................................................... 60
2 − Esquema gestão baseada no BSC ............................................................................. 62
3 − Mapa estratégico ....................................................................................................... 65
4 − Esquema “Se, então” ................................................................................................. 67
5 − 5W1H ........................................................................................................................ 68
6 − Esquema do procedimento metodológico ................................................................. 79
7 − Relação de equilíbrio a partir do BSC ...................................................................... 80
8 − Perspectiva do BSC para uma IES privada ............................................................... 82
9 − Etapas do método proposto ....................................................................................... 83
10 − Influencia do ambiente interno e externo .................................................................. 101
11 − Relação de causa-e-efeito .......................................................................................... 117
11
LISTA DE GRÁFICOS
1 − Visão das coordenadoras sobre sua ação na dimensão 1: política ........................... 92
2 − Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 1: política .......... 93
3 − Visão das coordenadoras sobre sua ação na dimensão 2: acadêmica ...................... 94
4 − Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 2: acadêmica ..... 95
5 − Visão das coordenadoras sobre sua ação na dimensão3: institucional .................... 97
6 − Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão3: institucional ... 98
7 − Visão das coordenadoras sobre sua ação na dimensão 4: gerencial ........................ 99
8 − Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 4: gerencial ....... 100
9 − Ações do coordenador que fidelizam o cliente ......................................................... 105
10 − Ações do coordenador na perspectiva dos processos internos que influenciam o cliente ....................................................................................................................... 106
11 − Percepção dos discentes em relação a perspectiva processos acadêmicos .............. 109
12
LISTA DE QUADROS
1 − Aplicação do 5W1H ................................................................................................... 69
2 − SWOT do setor de coordenação acadêmica ............................................................... 102
3 − Mapa estratégico: perspectiva do cliente .................................................................... 111
4 − Mapa estratégico: perspectiva financeira .................................................................... 112
5 − Mapa estratégico: perspectiva dos processos internos ................................................ 113
6 − Mapa estratégico: perspectiva aprendizado e crescimento ......................................... 114
7 − Mapa estratégico: perspectiva dos processos acadêmicos .......................................... 115
8 − 5W1H .......................................................................................................................... 120
13
LISTA DE SIGLAS
5W1H − What (O quê), Who (quem), How (Como), Why (porquê), Where
(Onde) e When (quando)BSC − Balanced ScorecardCAPES − Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorCNE − Conselho Nacional de EducaçãoCONAES − Comissão Nacional de Avaliação da Educação SuperiorEAD − Educação à distânciaENADE − Exame de Desempenho dos EstudantesIES − Instituições do Ensino SuperiorINEP − Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio TeixeiraLDB − Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalMEC − Ministério da Educação e CulturaOSPB − Organização Social e Política BrasileiraPDI − Plano de desenvolvimento institucionalPPC − Projeto pedagógico de cursoPPI − Plano de pedagógico da instituiçãoSECAD − Secretaria acadêmicaSEED − Secretaria de Educação a DistânciaSESU − Secretaria de Educação SuperiorSETEC − Secretaria de Educação Profissional e TecnológicaSINAES − Sistema Nacional de Avaliação da Educação SuperiorSWOT − Strengths, Weaknesses, Opportunities, ThreatsUFC − Universidade Federal do CearáUNE − União Nacional dos Estudantes
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
1.1 Justificativa .............................................................................................................. 16
1.2 Objetivos ................................................................................................................... 18
1.2.1 Geral ......................................................................................................................... 18
1.2.2 Específico .................................................................................................................. 18
1.3 Metodologia .............................................................................................................. 18
1.4 Estrutura .................................................................................................................... 20
2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL E A INFLUÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: BREVE RESGATE HISTÓRICO ...................................................... 22
2.1 A educação superior e as influências dos modelos organizacionais na gestão da IES ............................................................................................................................. 22
2.1.1 O patrimonialismo e o ensino superior no Brasil ...................................................... 24
2.1.2 A universidade brasileira e o burocratismo weberiano ............................................. 27
2.1.3 O gerencialismo em tempos democráticos influencia o Ensino Superior ................. 33
2.2 Considerações sobre a influência dos modelos organizacionais nas IES .................. 36
3 AS AÇÕES DO COORDENADOR ACADÊMICO DE CURSO DE GRADUAÇÃO ......................................................................................................... 39
3.1 O Coordenador acadêmico de curso de graduação e as políticas públicas brasileiras ................................................................................................................... 39
3.2 O perfil do coordenador acadêmico de curso ............................................................ 43
3.3 A relevância do planejamento na ação do coordenador acadêmico de curso ............ 54
4 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E O BALANCED SCORECARD: CONCEITO, INSTRUMENTO E APLICAÇÃO PARA O COORDENADOR ACADÊMICO DE CURSO DE GRADUAÇÃO ..................................................... 55
4.1 O planejamento estratégico: fundamentos e estrutura ............................................... 55
4.2 O Balanced Scorecard - BSC e a gestão do coordenador de curso de graduação: adaptação das perspectivas do Kaplan ...................................................................... 61
4.3 Algumas experiências de adaptação do Balanced Scorecard (BSC) ........................ 69
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 76
15
5.1 Fase 1: Revisão de literatura ..................................................................................... 76
5.2 Fase 2: Definição da abordagem do Estudo de Caso e da População Pesquisada .................................................................................................................................... 76
5.3 Fase 3: Instrumentos para a coleta e análise de dados .............................................. 77
5.4 Método proposto para a gestão estratégica............................................................... 80
5.4.1 Etapas do método proposto para a gestão estratégica............................................... 84
5.4.1.1 Etapa 1 - Definir a unidade organizacional ............................................................... 84
5.4.1.2 Etapa 2 - Elaborar a missão, visão e estratégias do setor ......................................... 84
5.4.1.3 Etapa 3 – Identificação das dimensões ..................................................................... 84
5.4.1.4 Etapa 4 - Análise do cenário – SWOT ..................................................................... 85
5.4.1.5 Etapa 5 - Definir as perspectivas da proposta para a gestão estratégica................... 85
5.4.1.6 Etapa 6 - Estabelecer os objetivos, metas e indicadores .......................................... 87
5.4.1.7 Etapa 7 - Mapa estratégico ....................................................................................... 87
5.4.1.8 Etapa 8 - Relação de causa-e-efeito ......................................................................... 87
5.4.1.9 Etapa 9 - Definir ações – 5W1H .............................................................................. 88
6 APLICAÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO ............................................................ 89
6.1 Apresentação da organização ................................................................................... 89
6.1.1 Coordenação de curso da IES .................................................................................. 90
6.2 Identificação das dimensões ..................................................................................... 91
6.3 Análise do cenário – SWOT ..................................................................................... 101
6.4 Definição das perspectivas da proposta para a gestão estratégica............................ 104
6.5 Mapa estratégico ..................................................................................................... 109
6.6 Relação de causa-e-efeito ....................................................................................... 116
6.7 Definição das ações – 5W1H .................................................................................. 119
7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 124
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 128
APÊNDICE ............................................................................................................. 138
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
A Educação Superior vem passando por várias transformações nas últimas
décadas, principalmente no que diz respeito à crescente demanda para esse nível de ensino,
além da expansão e diversificação de instituições e cursos. Com isso, as políticas e a gestão da
educação superior devem buscar acompanhar e atender a essas mudanças.
Em vista dessas modificações, as Instituições de Ensino Superior (IES) deverão
adequar-se mediante a ação dos gestores que necessitarão de aprofundamento teórico e prático
sobre os aspectos voltados às políticas públicas, à gestão estratégica e ao intercâmbio
institucional necessário para o desenvolvimento da Educação Superior e fidelização de
parcerias relevantes para estabelecer e concretizar a qualidade da IES.
Dentre os gestores que atuam na IES, o coordenador acadêmico de curso assume
papel relevante na dinâmica da Educação Superior. Este assume várias ações no interior do
Ensino Superior algumas delas: acompanhamento do curso, não só como gestor, mas
inclusive como professor, fazendo com que se compreenda a dinâmica da ação pedagógica e
assume também funções burocráticas essenciais para o desenvolvimento do curso que
gerencia. Deve fazer acompanhamento da legislação da Educação Superior, do projeto do
curso e da IES para com isso, direcionar sua ação na concretização das metas assumidas no
planejamento estratégico.
Na IES, o planejamento é essencial, visto que define o contorno da ação da
instituição. Portanto, o coordenador acadêmico do curso precisa não só agir de acordo com
sua formação e perspectiva da profissão, mas também deverá contribuir para a elaboração,
execução e avaliação do planejamento na instituição.
O planejamento de uma instituição desvela as intenções e as diretrizes políticas,
culturais, financeiras, sociais e pedagógicas necessárias para a excelência da IES. E a falta
deste numa sociedade competitiva e canalizada para a globalização sinaliza a estagnação e a
falência em médio prazo (EYNG, 2007), isso conduz a refletir que a vitalidade da IES está
intrinsecamente relacionada ao planejamento, sua elaboração, execução, controle e avaliação,
por todos os envolvidos na sua concretização.
Na instituição esse planejamento deve estar raigado de estratégias, bem definidas,
para que esta possa alcançar a sua missão, sua visão, seus objetivos e metas, e o Balanced
17
Scorecard-BSC poderá ser uma ferramenta para organizar esses elementos em um conjunto de
medidas de desempenho que servirá de base para uma gestão estratégica por parte do
coordenador de curso de graduação.
Ante tal perspectiva, é relevante investigar a relação entre o desempenho do
coordenador acadêmico de curso, bem como sua função e ação, e o BSC, desde o processo de
elaboração, execução até a avaliação, diante do atual contexto educacional brasileiro.
A escolha desse tema surgiu da necessidade de compreender a dinâmica da
atuação de alguns coordenadores acadêmicos de curso, os pontos fortes e fracos de sua gestão,
o processo de gerencia, bem como os desafios da execução do seu planejamento e o
alinhamento com a missão e a visão da IES que está inserido.
Atualmente, com a expansão das IES em todo território nacional, intriga o
processo que o coordenador acadêmico de curso pode e deve desenvolver para atingir as
metas e os objetivos traçados pela instituição seguindo as determinações das políticas públicas
brasileiras.
Também existem poucas pesquisas vinculadas a esse profissional, por isso é
relevante que a comunidade acadêmica pesquise sobre sua atuação, os desafios que encontra
para desempenhar o seu papel e os objetivos e as metas para o futuro a curto, médio e longo
prazo.
Considerando que para ele desenvolver um trabalho com eficiência, eficácia e
efetividade é necessário que planeje suas ações, diante do modelo organizacional
gerencialismo, das pesquisas de Kaplan e Norton (1997) e sobre as pesquisas sobre o
planejamento estratégico, percebeu-se que esse tipo de planejamento, bem como o
instrumento Balanced Scorecard, tem sido aplicado na gestão de empresas públicas e
privadas com resultados significativos.
No desenvolvimento desta pesquisa, foi analisado o instrumento Balanced
Scorecard, como uma proposta para que o coordenador de curso de graduação possa aplicá-lo
no seu cotidiano, e através disso conseguir resultados positivos com eficiência, eficácia e
efetividade.
A temática é relevante para as pesquisas científicas, visto que busca aprofundar
estudos sobre a prática do coordenador acadêmico de curso e o planejamento estratégico, que
é de profunda relevância acadêmica, social e ainda em vias de consolidação. É, também, um
assunto extremamente atual, mediante as novas abordagens legais, administrativas e sociais
com relação às políticas educacionais vinculadas à Educação Superior.
18
Vale ressaltar que essa pesquisa servirá de referencial teórico para futuras
pesquisas sobre gestão de ensino superior.
Desta forma, o presente estudo busca responder a seguinte indagação: Como
definir um método de gestão estratégica utilizando indicadores de ações para o coordenador
de curso de graduação visando resultados eficientes, eficazes e com efetividades em uma IES
privada, diante da atual política educacional brasileira?
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
Propor um método de gestão estratégica com base em indicadores representativos
das ações do coordenador acadêmico de curso de graduação, que possibilitem o
desenvolvimento do Balanced Scorecard para que tenha uma gestão eficaz e eficiente diante
da política educacional brasileira.
1.2.2 Específico
• Descrever as políticas educacionais e as leis que direcionam a prática do coordenador
acadêmico de curso de graduação na Educação Superior ascendendo sobre o
planejamento;
• Identificar as ações dos coordenadores acadêmicos de curso de graduação em que estão
atuando na Educação Superior relacionados com a gestão estratégica da IES;
• Propor um Balanced Scorecard setorial como uma ferramenta de gestão, a partir da
definição de indicadores das ações do coordenador acadêmico de curso para a
concretização de uma gestão eficiente e eficaz na IES.
1.3 Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida seguindo o método de estudo de caso. De acordo com
Yin (2005), o método de estudo de caso trata-se de uma estratégia para desenvolver a
pesquisa. Segundo o teórico, existem três condições que a caracterizam:
19
As três condições consistem (a) no tipo de questão de pesquisa proposta, (b) na extensão de controle que o pesquisador tem sobre eventos comportamentais atuais e (c) no grau de enfoque em acontecimentos contemporâneos em oposição a acontecimentos históricos. (YIN, 2005, p.23).
No caso da pesquisa em questão, ela atende a essas três condições, inclusive pelo
problema que ela esta inserida.
A pesquisa será de natureza qualitativa segundo Minayo et al (1999, p.21-22): “ A
pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares [...] aprofunda-se no mundo dos
significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em
equações, médias e estatísticas.”
Os sujeitos da investigação foram os coordenadores de curso de graduação
tecnológica da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro em cinco cursos diferentes: Curso
Tecnológico em Gestão em Turismo, Curso Tecnológico em Processos Gerenciais
(Empreendedorismo), Curso Tecnológico em Gestão de Recursos Humanos, Curso
Tecnológico em Marketing e Curso Tecnológico em Gestão Financeira. Também participaram
da pesquisa 83 alunos dos cursos acima citados.
Na fase da coleta de dados, foi utilizada a entrevista e um questionário (ver
apêndice) para os coordenadores e um questionário para os discentes.
Durante a pesquisa, foi analisada a prática do coordenador acadêmico e sua ação
diante do planejamento aplicado na IES, esta foi comparada à proposta dos métodos
aplicados para atuar de acordo com a missão, as metas, traçadas no planejamento do BSC,
bem como a observação do cotidiano do gestor, seus avanços e desafios, proposta de
intervenção nas ações da IES, acompanhamento do processo de atualização, as decisões
tomadas pelo MEC, base legal que fundamenta sua atividade, definição e acompanhamento
pedagógico.
A entrevista foi desenvolvida mediante um encontro de pessoas, a fim de que uma
delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, através de uma conversação de
âmbito profissional (MARCONI e LAKATOS, 2003). Ela foi do tipo estruturada, pois o
entrevistador desenvolveu um planejamento e um roteiro de perguntas abertas, mas terá
liberdade de acordo com as situações de explorar mais amplamente uma questão.
O foco da entrevista foi à busca das informações por parte do entrevistado com
relação aos seguintes aspectos: visão política, econômica e social da gestão na Educação
Superior, a compreensão da relevância do planejamento estratégico na sua ação, o significado
do que seja educação superior de qualidade, sua percepção quanto aos aspectos relativos às
20
políticas públicas e à gestão estratégica, às vantagens e possíveis desvantagens no trabalho da
gestão do coordenador acadêmico, entre outros aspectos que serão abordados diante do
desenvolvimento da pesquisa.
Após a aplicação das entrevistas, foram desenvolvidos e aplicados dois
questionários, um para o coordenador de curso e outro para os alunos, tendo como objetivo
ajudar a definir indicadores, que possibilita assim elaborar a relação de causa-e-efeito nas
ações do coordenador acadêmico de curso de graduação.
O questionário é “um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série
ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do
entrevistador”. ((MARCONI e LAKATOS, 2003, p.201).
Para desenvolver a análise e a interpretação dos dados, foi a analise dos textos
escritos, construídos no processo de pesquisa, mediante das transcrições de entrevistas e
registros de observações, possibilitou o processo de categorização e tabulação de respostas
abertas. Foi realizada uma comparação dos dados coletados do período da observação com as
informações coletadas durante a entrevista, para poder ter uma visão sistêmica da realidade
analisada.
Pretende-se divulgar a dissertação em publicações de artigos, em periódicos e
artigos em eventos científicos na área da educação superior. Vale ressaltar que a investigação
será apresentada às IES envolvidas na investigação, bem como aos entrevistados que
contribuirão para a coleta dos dados. Espera-se que a investigação contribua para futuros
estudos que envolvam o tema.
1.5 Estrutura
A pesquisa apresentada possui uma estrutura definida por capítulo que são
distribuídos da seguinte forma:
O capítulo um trata da introdução da pesquisa, contendo a justificativa, o
problema, os objetivos gerais e específicos e a metodologia, além da estrutura do trabalho de
dissertação.
Iniciando o referencial teórico, especificamente no capítulo dois, buscou-se
descrever os modelos organizacionais, contextualizando-os segundo as políticas públicas da
educação superior desde o Brasil Colônia até os dias atuais.
21
Seguindo uma diretriz, o capítulo três faz um levantamento teórico das bases
legais, das ações do coordenador acadêmico de curso nas IES, bem como os desafios de sua
práxis educativa e função profissional.
Para facilitar a compreensão da relevância e dos desafios da gestão do
coordenador acadêmico de curso de graduação, foi destinado o capítulo quatro para a análise
dos estudos relacionados com o planejamento, bem como o instrumento Balanced Scorecard,
para a utilização por este profissional no gerenciamento da IES.
O capítulo cinco foi destinado à metodologia da pesquisa bem como às etapas do
trabalho desenvolvido. Também está exposto o método proposto da pesquisa, que define as
nove etapas da pesquisa que foi desenvolvida.
A aplicação do método está expressa no capítulo seis, que contêm as análises dos
dados, abordando os resultados do estudo de caso mediante a aplicação de entrevistas e dos
questionários.
O capítulo sétimo foi destinado para as considerações finais e a aplicabilidade do
que foi aprendido mediante a pesquisa.
No final dessa dissertação de mestrado, encontram-se a bibliografia e os
apêndices.
22
2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL E A INFLUÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: BREVE RESGATE HISTÓRICO
2.1 A educação superior e as influências dos modelos organizacionais na gestão da IES
A educação brasileira, especificamente a superior, vem passando por inúmeras
mudanças que influem diretamente na gestão das IES. Esse nível de ensino vem passando por
várias transformações nas últimas décadas, principalmente no que diz respeito à crescente
demanda, além da expansão e diversificação de instituições e cursos.
Essa crescente demanda de IES pública e privada justifica-se pela tentativa de
atender à atual conjuntura educacional e política brasileira que após a sanção da LDB nº
9394/96 teve maior destaque, visto que a lei dedica um capítulo especial ao Ensino Superior,
com 15 artigos sobre o assunto: do 43 ao 57. Esses artigos definem as finalidades, formas de
organização, estrutura, autorização e reconhecimento, duração, diplomação, transferência,
matrícula, critérios de seleção, quadros profissionais, atribuições, autonomia e gestão.
Após a sanção da LDB nº9394/96, surgiu a necessidade de expandir o Ensino
Superior não só nas capitais, mas, principalmente, no interior dos estados, assumindo assim
uma política de interiorização. O Ensino Superior vai até o aluno, principalmente aquele para
quem as condições de deslocamento eram as mais difíceis. Esse fato demonstra uma
característica relevante, visto que, na história da educação brasileira, até então, essa política
não havia sido concretizada. Portanto, a ida da IES às cidades e municípios isolados é
considerada um dos focos de transformação cultural que influenciou consideravelmente o
desenvolvimento dessas regiões.
Outro aspecto da expansão das IES é que, no Brasil, o Ensino Médio passa por um
crescimento considerável, com isso, percebe-se um maior número de jovens e adultos
buscando capacitar-se e firmar-se no mercado de trabalho, buscando garantir seu futuro,
mediante o ingresso no Ensino Superior.
O Ensino Superior vem crescendo e tentando atender a essa demanda de alunos
que saem do Ensino Médio e também à demanda da atual conjuntura do mercado de trabalho,
que busca profissionais qualificados e proativos. Com a LDB nº 9394/96, as perspectivas e o
acesso ao Ensino Superior também se modificaram, surge uma grande abertura à expansão
das universidades públicas e principalmente das faculdades privadas. Afirma Colombo et al.:
[...] O ensino superior está no meio de um processo de crescimento sem igual na história do país: em 1997, apenas 1,8 milhão de brasileiros estudavam no ensino superior. Atualmente, já são 3,2 milhões de alunos, e até o final da década
23
estimativas tanto do governo como do setor privado falam em seis a sete milhões de alunos cursando o ensino superior em todo o país. (COLOMBO et al., 2004, p.137).
De acordo com a teórica, pode-se perceber que o crescimento é bastante
considerável não só no que diz respeito à demanda de discentes que saem do ensino médio,
mas também da estrutura e cursos ofertados pelas IES.
Existe uma preocupação considerável dos órgãos que regulamentam o Ensino
Superior, bem como dos gestores, com relação à qualidade do serviço que se está oferecendo,
no que diz respeito à estrutura física das instituições, aspectos voltados à perspectiva
acadêmica e pedagógica, administrativa, orçamentária e avaliativa da IES, além dos recursos
humanos e materiais (COLOMBO et al., 2004).
Com isso, as políticas e a gestão da educação superior devem buscar acompanha e
atender a essas transformações na organização, visto que a expansão gera vantagens e podem
gerar desvantagens principalmente à qualidade de ensino das IES, perspectivas de formação e
de gestão educacional, além da necessidade de compreender a cultura organizacional e sua
atual perspectiva de transformação.
Contudo, é necessário analisar não só a qualidade do ensino e dos serviços
oferecidos para a demanda de alunos, mas também avaliar o corpo técnico de profissionais
envolvidos: professores e funcionários, como também as políticas públicas em que está
inserida a IES (EYNG, 2007).
Com esse contexto, para que a IES ofereça um serviço de excelência, é
fundamental que se busque uma gestão que articule os segmentos: financeiro, ensino,
extensão, pesquisa, administração, contexto social, político e cultural.
Entretanto, para que desempenhe seu papel com competência e habilidade, “de
direito e de fato”, é preciso que o gestor tenha o mínimo de conhecimento sobre os modelos
gerenciais que influenciaram e influenciam a gerência nos dias atuais (EYNG, 2007).
Também deve compreender a cultura brasileira e como esta está articulada com a cultura
organizacional.
Assim, o gestor poderá ter uma visão fundamentada em pressupostos científicos,
para que compreenda sua gerência e possa desenvolvê-la com eficiência, além de
compreender as políticas públicas, o processo de globalização e o mercado no qual as IES
estão inseridas.
Portanto, é relevante fazer um elo entre a história do desenvolvimento das IES e
da gestão com os três modelos organizacionais: o patrimonialismo, o modelo burocrático
weberiano e o gerencialismo, para que se possa ter uma visão mais concreta do contexto atual.
24
2.1.1 O patrimonialismo e o ensino superior no Brasil
Para compreender as políticas públicas brasileiras relacionadas com a Educação
Superior, é necessário analisar, dentre os vários fatores que compõem a história da criação das
universidades, a cultura e a mudança organizacional que esta vem passando.
Antes da família real instalar-se no Brasil, a burguesia enviava seus filhos para
estudarem na Europa, o que era extremamente caro, por isso, somente a elite tinha acesso às
universidades. Não havia universidades no Brasil, apenas escolas sob a direção dos jesuítas.
Nesse contexto histórico, o modelo organizacional era essencialmente
patrimonialista. Este se caracteriza por um Estado que não possui distinções entre os limites
do público e os limites do privado. Vale ressaltar que modelo era praticado em todos os
absolutismos.
A gestão dos jesuítas era bastante patrimonialista (MARTINS, 2006), visto que os
mesmos decidiam o que os educandos teriam que estudar, como, quando, onde e quem iria
ensinar. Eles se utilizavam da fé para manter o poder e o controle através da educação
brasileira, além de utilizar castigos para disciplinar os alunos que não estavam nos padrões
estabelecidos pela igreja católica, um exemplo deste fato era o uso da palmatória1.
Em 1808, com a vinda da família real, alguns fatos sociais começaram a mudar.
Primeiro, a família real traz um modelo organizacional essencialmente patrimonialista que
reforça os ideais centralizadores e que tende a disputar espaço com a igreja que tinha muita
influência sobre a sociedade civil. Segundo, ela não tinha os mesmos interesses da igreja
católica embora precisasse da sua influência perante a sociedade civil (FREITAG, 1990).
Naquela época, a política educacional no Brasil era feita quase que
exclusivamente pela igreja católica que até então era poderosa e dominava a sociedade civil,
com isso conseguia penetrar na sociedade política. É relevante compreender que essa disputa
de poder entre a família real e a igreja sofre mudanças ao longo do período de 1500 a 1930.
A escola, nesse período, tinha duas funções: a de reprodução das relações de
dominação e de reprodução da ideologia dominante, fato que irá refletir no ensino superior,
que assume a mesma postura. Portanto, os jesuítas tinham que atender a esses interesses da
colônia, assim afirma Freitag:
[...] As escolas de jesuítas, especialmente os colégios e seminários em funcionamento em toda a colônia, preenchiam perfeitamente essas funções, ajudando e assegurando dessa maneira a própria reprodução da sociedade
1 Não no Ensino Superior, visto que nesse período não havia sido implantado no Brasil.
25
escravocrata. Os jesuítas além de prepararem os futuros bacharéis em belas-artes, direito e medicina, tanto na Colônia como na Metrópole, fornecendo assim os quadros dirigentes da administração colonial local, formavam ainda os futuros teólogos, reproduzindo os seus próprios quadros hierárquicos, bem como os educadores, recrutados quase que exclusivamente do seu meio. (FREITAG, 1990, p.47).
Mediante essas ações nesse período, a Igreja Católica, através da educação,
detinha não só a hegemonia da sociedade civil como penetrava na sociedade política. E com
isso permanecia o patrimonialismo (MARTINS, 2006) e a influência nas decisões políticas e
econômicas. Ela utilizava a escola para pacificar a população indígena e tornava dócil o
convívio com os escravos, além de controlar as classes subalternas nas relações de produção
implantadas.
Mesmo com a expulsão dos jesuítas no século XVIII, a Igreja não perdeu sua
força na sociedade civil, ainda nas fases do Império e da I República (FREITAG, 1990).
Somente no período que inicia em 1930 é que a Igreja Católica lentamente começa a perder
poder.
Ainda com a influência da Igreja Católica, D. João VI, em 1808, trouxe inovações
provenientes da Europa, pois surgiu a necessidade da formação de quadros técnicos e
administrativos: criou academias, fundou escolas técnicas, instalou laboratórios, entre outros
procedimentos (CAREGNATO, 2004).
Com a independência política, era necessário fortalecer a sociedade política,
justificando a criação de várias escolas militares de nível superior, ao longo do território
nacional, além das escolas não-confessionais que, em conjunto com a Igreja Católica, tinham
a função de reproduzir a ideologia dominante.
A família real cria também as primeiras escolas superiores com cursos isolados,
voltados para a formação de bacharéis nas áreas de medicina, direito e áreas politécnicas. Essa
formação tinha com objetivo manter a lógica patrimonial do poder, segundo Caregnato (2004,
p.2):
O século XIX foi marcado por um tipo de profissional oriundo do meio acadêmico e conhecido como ‘doutor’, o bacharel em direito. As primeiras escolas superiores no Brasil foram as de Olinda e de São Paulo, em 1827, e trabalharam com o ensino jurídico. A formação jurídica, que num período inicial servia para dispor de magistrados e juristas, passou a priorizar o fornecimento de quadros para o Estado, dirigentes, políticos e administradores, obedecendo à lógica de distribuição patrimonial do poder.
Portanto, a segmentação e a formação de bacharéis fez surgir um estamento
próprio, a nível de estado, interligado aos chefes políticos locais, conseqüentemente mantendo
26
o patrimonialismo. Essa afirmação é corroborada com Martins (2006, p. 175): “O Estado e a
administração pública brasileira nasceram patrimonialistas.”
Surgem iniciativas para a criação da universidade, elas aconteceram após o ato
adicional de 1934. As Reformas do Império, e a Reforma da I República, além da Reforma de
Francisco Campos, que foram iniciativas para se concretizar a criação da universidade, porém,
ainda com interesses de manter os traços patrimonialistas (FREITAG, 1990).
No final do século XIX, quando o império entra em crise e inicia-se a república, a
medicina e outras áreas, como a engenharia e a educação começam a ganhar espaço. A
primeira desenvolveu-se como ciência, e de atuação profissional voltada para a sociedade
nacional, as outras duas citadas tinham como objetivo auxiliar a reorganização social
mediante a atuação do Estado.
Vale ressaltar que essa reorganização social e estatal teve traços de ideais
positivistas. Segundo Oliven (1990, apud CAREGNATO, 2004, p.2): “a influência do
patrimonialismo, no grupo de oficiais que proclamou a república no final do século passado,
foi um fator importante que contribui para o atraso da criação da universidade no Brasil.”
Com isso, as escolas técnicas foram, para aquela época, um exemplo da valorização de um
profissional do progresso, que expressava o ideário positivista e a ideologia da modernidade.
A escola politécnica, durante toda a primeira república em São Paulo, foi
considerada uma instituição de ensino superior, mas não universidade. Essa instituição depois
constituiu parte da Universidade de São Paulo- USP, expressou a relevância do ensino técnico
especializado e também investiu em pesquisas e construção de conhecimento
(CAREGNATO, 2004)
O Estado, essencialmente patrimonialista, tinha intenção de estimular a promoção
da formação em nível superior de bacharéis, para que eles ingressassem no serviço público
(MARTINS, 2006). Uma das características do patrimonialismo é a centralização do poder e a
não distinção entre público e privado, em que o poder privado ganha precedência frente ao
poder público. Portanto, os bacharéis tinham que corroborar com os ideais patrimonialistas e
com os ideais positivistas, que tinham como característica a centralização do poder e a
manutenção do status quo.
Esse modelo organizacional patrimonialista contribuiu para tornar as políticas
públicas educacionais brasileiras estáticas e lentas, visto que não se tinha interesse de tornar o
ensino um direto de todos.
As primeiras instituições superiores eram isoladas e a primeira universidade
pública brasileira surgiu com a fusão das Escolas Politécnicas, de Medicina e de Direito, já
27
existentes em meados de 1920 no Rio de Janeiro (CAREGNATO, 2004). Esse fator social
marca uma nova perspectiva cultural, política e organizacional no ensino superior, sobretudo
porque ela é fundada em um período de transição entre o patrimonialismo e a burocracia
(MARTINS, 2006).
2.1.2 A universidade brasileira e o burocratismo weberiano
O desenvolvimento do ensino superior no Brasil foi marcado por várias mudanças
e disputas entre os católicos, o liberalismo idealista e a centralização do poder político.
Na década de 20, surge a primeira universidade brasileira no Rio de Janeiro, esse
fato histórico marcou uma nova perspectiva social, cultural e política no Brasil. Ela surge com
as seguintes características: conserva o caráter elitista do ensino, mantêm-se distante dos
interesses da maioria da população e não investe no desenvolvimento da pesquisa e da ciência
(FREITAG, 1990). Nasce em um clima autoritário, em que os militares preparam-se para
tomar o poder e também surge diante de uma conjuntura política e econômica extremamente
delicada, pois entre a década de 20 e a ditadura do Estado Novo, de 1937 a 45, é evidente o
interesse do Estado sobre a educação, sobretudo quanto ao ensino superior.
Nesse período, os ideais patrimonialistas tomam nova forma, visto que as
universidades públicas passam a ter uma intenção relevante no controle e na manutenção do
status quo (MARTINS, 2006). Porém, para que as universidades pudessem se expandir era
necessário um modelo organizacional que além de contribuir para a expansão também
pudesse proporcionar elementos para o controle do poder público, conseqüentemente a
consolidação de seus interesses.
Ainda na década de 20, ocorreram fenômenos relevantes para a concretização da
universidade, segundo Caregnato (2004, p.4):
[...] (1) a expansão do ensino superior fragmentado com importante liberdade em termos de organização institucional (início das instituições privadas dá-se a partir de 1891); (2) surgimento de universidades concebidas como soma de escolas e faculdades; (3) surgimento da crítica a esse tipo de concepção de universidade e (4) defesa de instituições universitárias que tivessem autonomia administrativa e intelectual e que investissem em pesquisa.
Esses fenômenos vieram contribuir para a implantação do burocratismo, visto que
a expansão só poderia acontecer mediante uma organização institucional que o
patrimonialismo não poderia proporcionar.
28
A criação da universidade deveria passar por transformações, pois o modelo
universitário não poderia acontecer sem regras, criação de funções, a delimitação do poder, o
registro das ações entre outras características que encontravam sentido com a burocracia,
enfim a autonomia naquela época dava-se pelo afastamento e diminuição do poder e idéias
patrimonialistas.
A burocracia foi uma temática pesquisada por Marx Weber (WEBER, 1999), que
a definiu como um conjunto de órgãos e procedimentos de uma administração pública ou
privada que é regida por forte hierarquia.
Portanto, dentro da conjuntura da década de 20 em diante, era o melhor e o único
modelo a se adotar, visto que havia a necessidade de expansão e controle das universidades
públicas e privadas. A burocracia distingue-se do patrimonialismo por vários fatores, dentre
eles: a definição de hierarquia, a divisão do trabalho, a competência técnica para o cargo,
criação e execução de normas, autoridade vinculada ao cargo, formalidade no trabalho,
distinção entre administração e propriedade, registro, além do disciplinamento (WEBER,
1976). Além desse modelo organizacional ser aplicável nas universidades públicas e privadas,
um fenômeno causa estranhamento com a Igreja Católica, “[...] O fato é bem ilustrado pela
função administrativa do clero na igreja moderna que desapropriou quase todos os benefícios
da igreja antiga que estavam, então, em larga escala sujeitos à apropriação privada.”
(CAMPOS, 1976, p.21).
Em 1930, surge uma revolução que significou um rearranjo do poder político no
Estado, Vargas assume o poder e implanta, em 1937, o Estado Novo com traços ditatoriais
(FREITAG, 1990). Ao contrário do período anterior em que a Igreja Católica dominava a
sociedade civil e invadia sociedade política, nesse período, a sociedade política invade a
sociedade civil e consegue diminuir o poder e a ação da igreja.
Em 1930, é criado o primeiro ministério que foi intitulado Ministério de Educação
e Saúde que estabelece inúmeras mudanças na educação, principalmente no Ensino Superior.
Essas mudanças vêm de encontro à burocracia implantada na época.
A Constituição de 1934 traz a necessidade de elaborar um Plano Nacional de
Educação, com o intuito de estabelecer normas nacionais de educação, característica bem
típica da burocracia. Como um dos fatores encontrados nesse plano pode-se citar a
regulamentação das formas de financiamento da rede oficial, que estabelece: níveis
administrativos para cada nível de ensino, a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário e
o ensino religioso, que antes era obrigatório, passa a ser facultativo (FREITAG, 1990). A
29
Igreja passa a ter menos influência sobre a educação. E surge um incentivo da expansão de
escolas não–confessionais desde o ensino primário.
Com a Constituição de 1937, novas mudanças surgem, dentre elas, a introdução
do ensino profissionalizante, que privilegia a classe subalterna, a inclusão obrigatória em
todos os níveis de ensino, da disciplina de educação moral e cívica e política como foi à
disciplina de Organização Social e Política Brasileira (OSPB) (FREITAG, 1990). Isso
demonstra um regime centralizador, autoritário e controlador do Estado e as universidades
estavam inseridas nesse contexto, em que tinham como missão auxiliar a manutenção desse
sistema.
Embora o Estado se organizasse em um modelo burocrático de gestão, ainda
existia “enraizado” na administração do Estado, o patrimonialismo, visto que a disputa pelo
poder estava cada vez mais aguçada diante dos conflitos sociais criados pelo regime militar.
As universidades, nesse período, assumiam mais um caráter de faculdade
profissionalizante do que realmente uma comunidade universitária (CAREGNATO, 2004).
Já, em meados da década de 1945 a 1964, o Brasil sofre mudanças que irão
influenciar consideravelmente o ensino superior, de acordo com Caregnato (2004, p.6):
[...] o ensino superior esteve entre a práxis da esquerda e a ação do autoritarismo liberal. O período da democracia populista, iniciado em 1946, registrou importantes conflitos entre classes e segmentos engajados na defesa de posições sociais e, outros, fazendo frente a limites impostos pela ordem economicossocial e político-cultural vigente. Duas vertentes de pensamento político enfrentaram-se: uma de liberais - formados um grupo heterogêneo desde democratas por desenvolvimentistas, populistas, estudantes e nacionalistas. Ao final, os enfrentamentos ideológicos foram intensos e, na disputa mais nítida, aparece a concepção de universidade vinculada à cultura popular – com Álvaro Vieira Pinto- e o ainda difuso liberalismo autoritário. Este último com combinação típica forjada no âmbito da prática política dos liberais brasileiros.
Diante dessa conjuntura, a universidade está no aguardo da criação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Em meados da década de 50, surgem os
debates de dois grupos, um representado por Anísio Teixeira e Fernando Azevedo que
defendiam a escola pública e outro grupo representado por Carlos Larceda e inúmeros
católicos que defendiam a liberdade de ensino (FREITAG, 1990). Esses debates
influenciaram a universidade, que era palco de várias discussões, um exemplo desse fato é
que a UNE (União Nacional dos Estudantes) criada em 1938, foi um centro de debates que
propunha a reforma do ensino superior no início dos anos 80 (CAREGNATO, 2004).
A constituição de 46 havia incluído em um dos seus parágrafos a necessidade de
elaboração de uma LDB e uma Campanha da Escola Pública.
30
Antes da sanção da LDB nº4024/61, surgiram debates acerca dos interesses do
estado com relação ao sistema de ensino, dentre eles, o Estado queria: reduzir ao máximo o
controle da sociedade política sobre a escola, a educação deveria ser ministrada em
instituições particulares e somente completada pelo Estado (sociedade política), omissão
quanto à gratuidade do ensino no Brasil, também se esquivou da obrigação de fiscalizar a rede
particular e entregava a responsabilidade para os pais. Esses aspectos geraram um conflito
entre intelectuais, pedagogos e liberais em todo o Brasil que exigiam maior atuação por parte
do Estado (FREITAG, 1990).
Mesmo com os conflitos, a LDB nº4024 foi promulgada em 1961 com as
seguintes características: o ensino deveria ser ministrado tanto no setor público como no
privado e a gratuidade do ensino fica omissa. Em concordância ao modelo burocrático, a
LDB- nº 4024/61 veio ordenar e impor regras para o sistema de ensino em que professores
alunos e profissionais de ensino era moldado sob as prescrições e currículos definidos,
segundo Pinho (1998, p.60):
a implantação de uma burocracia moderna representava por outro lado o deslocamento de uma burocracia patrimonialista que dominava o Brasil compatível com suas estruturas políticas. Colocava-se um “desafio de criar uma administração pública moderna, burocrática, sintonizada com os novos tempos que se previa para o País, capaz, portanto, de desempenhar papéis relevantes na regulamentação econômica, no fomento ao crescimento industrial, no atendimento das crescentes demandas sociais e dos novos encargos impostos ao Estado pelo sistema produtivo nacional.
Nesse período, as universidades passam por algumas mudanças influenciadas pela
criação de institutos (CAREGNATO, 2004) como, por exemplo: o Instituto de Pesquisas e
Estudos Sociais (IPES), o Instituto Superior de Estudo Brasileiros -1955 e o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica e a Universidade de Brasília, criado pelos idealizadores Anísio
Teixeira e Darcy Ribeiro.
No período entre 1964 a 1975, as políticas públicas brasileiras passam por uma
nova transformação organizacional, principalmente no que diz respeito ao ensino superior,
uma dessas mudanças diz respeito às instituições de ensino superior que, após a reforma de
1968, que define que as IES deverão ser organizadas em instituições privadas expadindo-se o
número de vagas. De acordo com Caregnato (2004, p.9): “Em termos de vagas e de número
de instituições, a expansão do setor privado nesse período foi capaz de garantir uma
massificação do ensino superior no Brasil, constituindo-se na estratégia de resposta à
reinvidicação estudantil por vagas na universidade.”
31
Vale ressaltar que esse período foi marcado pelo autoritarismo da ditadura militar.
Novamente, na história do Brasil, o público e o privado se confundem em uma perspectiva
patrimonialista em paralelo ao uso do burocratismo para manter a hegemonia da classe
dominante, com isso, a política educacional era a expressão da reordenação das formas de
controle social e político (FREITAG, 1990).
A primeira diretriz formulada no governo de Castelo Branco tinha como objetivo
estabelecer a ordem e a tranqüilidade entre estudantes, operários e militares. Nesse governo, é
promulgada a Constituição de 1967 que, sendo aprovada em tempos de ditadura militar, traz
consigo algumas mudanças significativas para a gestão do ensino superior (FREITAG, 1990).
Dentre as transformações que as políticas públicas educacionais2 sofreram, pode-se citar:
novas áreas de atuação para o ensino particular como: o ensino propedêutico para as
universidades, o ensino supletivo e o ensino superior de graduação e pós-graduação e a
gratuidade de ensino até a 8ª série, uma meta do governo a ser atingida nos anos 80, entretanto
sabia-se que não seriam alcançadas.
Com as mudanças no contexto político, social e econômico, e pelos vários
conflitos de resistência que o regime militar estava passando, o governo necessitava realizar
uma mudança radical e autoritária, utilizando-se do poderio burocrático mediante decretos
para manter o controle da sociedade civil, criando uma lei que reformasse o ensino superior
em todo o território nacional. A Lei da Reforma do Ensino Superior – nº 5540/68 vem
trazendo as seguintes mudanças, conforme Freitag (1990, p.83):
[...] Assim são sugeridos cursos de curta duração (2 anos), a licenciatura (4 anos) e pós-graduação entre 2 a 4 anos adicionais, implantação dos cursos básicos, sistema de créditos (o que implicava a dissolução dos cursos feitos em classe seriada e a matrícula por série). Propõe-se a departamentalização e, com isso, a extinção da cátedra, sugere-se a forma jurídico-administrativa da fundação, restringe-se a participação estudantil nos processos de decisão interna. Idéias originais, como as “Casas Nacionais de Língua e Cultura” e emissora universitária, foram basicamente abandonadas. O mesmo ocorreu com a idéia de fazer da UnB um centro de treinamento de estudos superiores que tivesse repercussão em todo território nacional.
Essas mudanças foram efetivadas mediante necessidade do controle da sociedade
civil pelos militares. O Ministro da Educação, à época, Suplicy de Lacerda, dizia que os
estudantes devem estudar os professores ensinar e não fazer política (FREITAG, 1990). Essa
característica do governo demonstra claramente de um lado a alta concentração de poder,
2 O Decreto- lei Nº869 de 1969, torna clara a função da escola como um dos aparelhos ideológicos do estado como definiu Althusser.
32
característica do patrimonialismo e do autoritarismo, e do outro a concretização desse poder
através do burocratismo presente na departamentalização, na criação do sistema de créditos,
na extinção da cátedra e na criação das disciplinas, e o jubilamento mediante o Decreto- lei
nº477 (FREITAG, 1990).
A Lei da Reforma do Ensino Superior- nº5590/68 se baseia no modelo americano
de ensino, pois adota o sistema de créditos, a matrícula por matéria, a estrutura do ensino
básico e profissional com dois níveis de pós-graduação, mestrado e doutorado, adota
avaliações por notas, obrigatoriedade de freqüência de professores e alunos, introduz-se o
vestibular unificado e classificatório, cria-se a figura do monitor, surge o sistema de bolsas
estudantis para alunos e uma forma hierárquica de pagamento das taxas de estudo (FREITAG,
1990), essas inovações foram trazidas por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro para a
Universidade de Brasília.
Essas ações com o tempo fizeram surgir uma “crise universitária”. Nesse período,
a reforma causava uma contradição profunda entre eficácia e desperdício do dinheiro público
e autoritarismo exacerbado e a tentativa de democratização. Com isso, gerou um
descontentamento estudantil, que, por sua vez gerava uma ameaça para o governo militar,
pois estava perdendo o controle.
Em 1971, o governo sanciona a Lei da Reforma de 1º e 2º graus, sob o nº 5692,
com o intuito de diminuir a “crise universitária”, desviando o aluno antes de prestar o
vestibular. A lei traz transformações relevantes na história das políticas públicas brasileiras,
dentre elas: a profissionalização de nível médio, retendo o aluno antes de chegar à
universidade encaminhando-o para o mercado de trabalho, cria-se o mecanismo de expulsão
do aluno da universidade dentre eles, jubilamento, diminuição de vagas e unificação do
padrão do vestibular por regiões (FREITAG, 1990).
O Decreto-Lei nº477, segundo Freitag (1990, p.88), tinha como característica: “o
poder de desligar e suspender estudantes envolvidos em atividades que fossem consideradas
subversivas, isto é, perigosas para a segurança nacional”. Durante o prazo de 3 anos de
suspensão, o aluno ficaria impedido de matricular-se em qualquer universidade. Os docentes e
servidores encontrados em atividades suspeitas eram suspensos de suas funções durante 5
anos, caso mantivessem as mesmas atitudes suspeitas era prevista a demissão.
Nesse período, o autoritarismo patrimonialista era exarcebado e visível, e os
governos se utilizavam da burocracia para conter qualquer ação contrária aos seus interesses.
Vale ressaltar que a burocracia autoritária e patrimonialista era para se fazer cumprir os
interesses do Estado. Ainda de acordo com Freitag:
33
[...] As medidas tomadas tanto no interesse econômico quanto no político trocam quantidade por qualidade. A racionalização do ensino superior vai em detrimento da qualidade do ensino e, portanto, da capacidade dos futuros profissionais. Por isso, se tornam necessárias medidas irracionais (jubilamento, 477), para assegurar um nível mínimo de qualidade. (FREITAG, 1990, p.89).
Portanto, a Lei da Reforma Universitária demonstra uma contradição, embora o
contexto autoritário fosse o momento de expansão da graduação e da pesquisa nas
universidades públicas, principalmente porque de acordo com Caregnato (2004, p.10) “entre
1968 e 1972, surgiram 948 pedidos de novos cursos de graduação”. As IES privadas
continuavam se expandindo, e surgem as primeiras discussões sobre a mudança
organizacional mediante as perspectivas gerenciais, ainda que as iniciativas fossem “tímidas”.
Durante o período de 1930 a 1985, o Brasil passou por inúmeras transformações
que contribuíram para que hoje seja um país democrático, é bem verdade, também, que as
raízes patrimonialistas e as perspectivas burocráticas, construíram a história brasileira e
influenciaram o desenvolvimento das universidades públicas e privadas. No período pós
Constituição de 1988, o Brasil sofre uma nova mudança, que novamente irá influenciar a IES
pública e privada, iniciando um novo modelo de gestão que conflitará com os antigos
modelos (patrimonialismo e o burocrativismo): o gerencialismo.
2.1.3 O gerencialismo em tempos democráticos influencia o Ensino Superior
Em 1985, o Brasil passa por mais uma transformação extremamente relevante
para a história do país, sobretudo porque sai de um longo período ditatorial e autoritário e
inicia um período democrático que se estende até os dias atuais.
Após as “Diretas Já”, em 1985, o Brasil passou três anos aguardando a sanção da
Nova Constituição que foi promulgada em 1988, pelo presidente José Sarney. Segundo
Carneiro (2002, p.21), ela “significou a reconquista de cidadania sem medo. Nela, a Educação
ganhou lugar de altíssima relevância.” Havia o desejo e uma luta dos cidadãos e
representantes da população de que a educação fosse um direito de todos e que deveria ser
universal, gratuita, democrática e de qualidade.
Portanto, com o fim do regime militar, o modelo econômico, também em processo
de transformação, e o promulgação da Constituição de 1988, suscitam a necessidade de se
discutir os rumos da educação no país.
Em 1996, após oito anos da promulgação da Constituição de 1988, é aprovada a
segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – nº 9394/96. Ela foi
34
sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e com ela surge uma nova expansão
do Ensino Superior e uma larga discussão sobre a qualidade de ensino.
Em paralelo às mudanças políticas no país, também em termos mundiais, havia
uma forte tendência às transformações do modelo organizacional adotado pelo burocratismo e
do patrimonialismo. As políticas organizacionais mundiais caminhavam para um modelo
gerencial, visto que, em meados dos anos 80, algumas crises agravaram a situação do modelo
burocrático de gestão, como por exemplo: a “crise econômica mundial”, a crise fiscal que
enfraquecia os alicerces do burocratismo, a dificuldade do governo de resolver seus
problemas internos e a globalização com as inovações tecnológicas afetavam o Estado
(ABRUCIO, 2001), além de ser um modelo estático e inflexível.
A Constituição Nacional de 1988 foi promulgada diante desse contexto de crises
mundiais que afetaram o Brasil, visto que o Governo do Presidente José Sarney tinha que,
além de gerenciar os problemas refletidos pelas crises mundiais, tenha que resolver os
problemas internos, principalmente no que diz respeito à divida interna e externa.
Consequentemente, a LDB – nº 9394/96, trazia consigo inovações que tiveram
que se adequar à nova realidade do contexto brasileiro, dentre as várias inovações com relação
ao Ensino Superior, pode-se citar a educação superior em quatro modalidades: os cursos
seqüenciais, os cursos de graduação (bacharelado, licenciatura e cursos superiores de
tecnologia), cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado - stricto sensu e especialização -
lato sensu) e cursos de extensão abertos a comunidade, a lei também define que os cursos
deverão ser ministrados em universidades, centros universitários e nas faculdades, como
também denominados Institutos Superiores, escolas superiores e faculdades integradas
(CARNEIRO, 2002).
As IES podem ser públicas e privadas: as públicas mantidas pela esfera federal,
estadual e municipal e as privadas são criadas e mantidas por pessoas jurídicas de direito
privado, sendo que nem todas as instituições privadas têm fins lucrativos.
Após a LDB- nº9394/96 e com as inovações trazidas, as IES públicas e privadas
expandem-se em todo território nacional e com essa transformação, o modelo organizacional
burocrático patrimonialista não atende às necessidades da gestão da atual conjuntura do
Ensino Superior no Brasil, visto que o modelo burocrático e patrimonialista, principalmente
nos tempos democráticos, demonstra ser ineficiente: não evita a corrupção, o clientelismo,
apresenta dificuldade de promover com qualidade bens públicos e semi-públicos, além de
manter quadros de funcionários desqualificados em suas funções (BRESSER PEREIRA,
2001).
35
Atualmente as IES continuam submetidas ao controle do Estado, por meio da
política, em que se assume como gerenciador. Segundo Caregnato (2004, p.12):
[...] Entre 1996 e 2003, era nítida a posição política estatal no sentido de manter a distinção entre instituições que investem em pesquisa e outras que trabalham essencialmente com o ensino. Contudo, não há garantias sobre o investimento público no campo das pesquisas, o que, de fato, tende a acirrar a dependência dos interesses de mercado ou de padrões alheios ao conhecimento e à formação acadêmica.
Contudo, as IES, públicas e privadas, transformaram-se, seguindo as
determinações do Ministério da Educação, e adotaram uma postura mais arrojada, ampliando
seu acesso, assumindo uma política de interiorização, propondo novos cursos que atendam ao
mercado, principalmente os cursos tecnológicos e os cursos sequenciais desenvolvendo
métodos de ensino inovadores utilizando as novas tecnologias. Para a concretização desses
aspectos, é necessária a implantação de um novo modelo organizacional que é o
gerencialismo.
A administração pública gerencial assume algumas características que são
essenciais para a sua concretização, dentre essas características pode-se citar: busca obter
resultados, diminui a confiança dos políticos e burocratas pelos “anéis burocráticos”, procura
a descentralização, incentiva a criatividade e utiliza os contratos para o controle dos gastos
públicos (BRESSER PEREIRA, 2001).
Vale ressaltar que o gerencialismo choca-se ainda, nos dias atuais, com algumas
posturas e decisões “enraizadas” no burocratismo patrimonialista. É um dos maiores desafios
das IES hoje: concretizar uma gestão sem traços burocráticos ou patrimonialistas.
A política do governo Lula, em seu segundo mandato apresenta sinais de que o
Ensino Superior no Brasil está em processo de mudanças, ainda que após 200 anos de
transformação, a educação superior apresenta dilemas que permaneceram até hoje, dentre
eles: a superação do dilema quantidade vs qualidade, racionalidade administrativa vs
racionalidade política, educação superior para todos vs educação superior para a elite e as
novas perspectivas quanto ao serviço educacional que é oferecido (COLOMBO et al., 2004).
A demanda de alunos saídos do ensino médio e que buscam o ensino superior na
última década aumentou consideravelmente, principalmente no interior do país (COLOMBO
et al., 2004), com isso surge a necessidade de estruturar arquitetônica, financeira,
administrativa e academicamente os cursos ofertados pelas IES.
Por esse motivo, é necessária a busca de um modelo organizacional que atenda a
esses interesses, além do contexto econômico, político e social do Brasil.
36
Essa discussão quanto ao modelo gerencial e o ensino superior não se esgotam
nessa dissertação, visto que ainda existe muito que fazer para a sua concretização e,
sobretudo, porque a história brasileira está repleta de ideais patrimonialistas e burocráticos e
que fazem parte da cultura, portanto é lenta a sua a transição (BRESSER PEREIRA, 2001).
Atualmente, o momento histórico remete análise e investigação, buscando a
compreensão dos limites e possibilidades quanto à dimensão pública da universidade, que
dentre suas várias funções uma delas é, sobretudo, a contribuição para a formação da
sociedade.
2.2 Considerações sobre a influência dos modelos organizacionais nas IES
A temática da história do ensino superior no Brasil em paralelo com os modelos
organizacionais é um recorte de um grande fenômeno, visto que é apenas uma tentativa de
conduzir a outra percepção histórica.
A história da educação superior no Brasil, como foi exposta, passa por vários
momentos políticos, econômicos, sociais e culturais que geram essa riqueza de problemáticas
a serem pensadas e analisadas sob vários aspectos.
Dentre esses aspectos, buscou-se discutir sobre o desenvolvimento das IES de
acordo com os modelos organizacionais existentes, visto que a evolução das IES perpassa por
esses modelos que são: o patrimonialismo, o burocratismo e o gerencialismo.
É relevante a busca constante da compreensão desses três modelos inseridos na
atual conjuntura política, econômica e educacional do país, para que se possam compreender
as decisões e a “malha” ideológica que as IES brasileiras estão inseridas.
Antes do surgimento da primeira IES até meados de 1934 (FREITAG, 1990),
havia uma forte influência do patrimonialismo, nas estruturas educacionais brasileiras, visto
que durante muito tempo não existia a necessidade de proporcionar o ensino de qualidade
para a população, pois as elites deslocavam-se para outros países para obterem a formação
adequada. Também havia uma grande confusão entre o que era público e o privado. A cultura
escravocrata influenciava de forma significativa para a demora na quebra do paradigma do
patrimonialista.
Somente após a década de 20, é que surge a primeira universidade no Brasil na
cidade do Rio de Janeiro, esta tinha uma grande influência burocrática que se chocava com o
modelo patrimonialista enraizado na sociedade (CAREGNATO, 2004).
37
O Brasil passou por várias crises políticas a partir da década de 1930, visto que os
militares extremamente patrimonialistas, tomavam o poder, mas se utilizavam do aparato
burocrático para o status quo. E isso influenciou consideravelmente as IES e sua expansão,
que era lenta, visto que os dois modelos, por serem diferentes tornavam difícil a gestão.
Algumas reformas foram realizadas no intuito de conduzir as IES para atender aos
interesses patrimonialistas e burocráticos dos militares. Dentre essas reformas, pode-se citar a
Lei da Reforma do Ensino Superior nº 5590/68 que estabelece várias mudanças burocráticas
nesse nível de ensino, com a intenção de manter o status quo, controlar atitudes consideradas
subversíveis e o ensino, bem como os conteúdos nas diversas IES do território nacional
(FREITAG, 1990).
Somente após a queda do regime militar, a promulgação da Constituição de 1988
e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB- nº 9394/96, é que as IES
começaram a desenvolver uma política de expansão, pesquisa, extensão e de interiorização do
ensino superior.
Contudo, essa expansão foi realizada e ainda continua sendo aplicada, mas com
certa resistência. Visto que, ainda que o poder público admita essa necessidade, as raízes
patrimonialistas e burocráticas, enrijecem a educação superior, sobretudo porque tornar o
processo mais lento (CAREGNATO, 2004).
Portanto, para que essa expansão aconteça com eficiência, eficácia e efetividade,
surge a necessidade da implantação de um novo modelo organizacional: o gerencialismo.
Este presume uma gestão mais proativa, que busca resultados, assume uma
postura descentralizada, rompe com os “anéis burocráticos”, incentiva a criatividade,
estabelece vínculos de liderança e não de chefia, além de utilizar contratos para o controle dos
gastos públicos, dentre outras ações.
Porém, para esse modelo ser realmente concretizado em todas as IES, é necessário
o rompimento com as raízes patrimonialistas e burocráticas que estão na cultura brasileira.
Segundo Silveira (2008, p.19): “[...] o patrimonialismo impera, naqueles âmbitos
institucionais em que o indivíduo age “privatizando a coisa pública”, não distinguindo a
separação necessária entre a esfera individual e a pertencente a toda uma coletividade [...]”.
Nesse sentido, enquanto o patrimonialismo imperar, o burocratismo cristalizar as ações, ficará
distante a concretização de uma gestão gerencial nas IES.
Diante dos contextos abordados serão aprofundadas as perspectivas vinculadas ao
gerencialismo em uma IES. Contudo, dentro da sistemática desse modelo organizacional de
38
gestão, delimita-se a ação do coordenador de curso, visto que este assume em uma instituição
de ensino superior, o papel de um gestor, que deverá ter ações administrativas.
A temática do gerencialismo põe em voga vários temas que compõem as
características desse modelo, como por exemplo: o contexto financeiro, a estruturação da IES,
a hierarquização dos recursos humanos, a política vinculada nesse modelo de gestão, o
planejamento, execução e controle dos resultados esperados.
Analisando os aspectos acima citados, pode-se perceber que o coordenador de
curso está inserido em todos esses aspectos, visto que influencia e é influenciado por eles.
Cabe ao coordenador de curso conhecer as nuances da gestão no contexto
gerencial, visto que existe como já foi citada, a gestão sob a perspectiva patrimonial e
burocrática.
Por esses motivos, busca-se a compreensão da origem, função, ação e perspectiva
administrativa do coordenador de curso inserido em um modelo organizacional vinculado ao
gerencialismo.
39
3 AS AÇÕES DO COORDENADOR ACADÊMICO DE CURSO DE GRADUAÇÃO
3.1 O Coordenador acadêmico de curso de graduação e as políticas públicas brasileiras
A figura do coordenador acadêmico de curso de graduação surgiu em meados da
década de 60, sob um contexto histórico repleto de conflitos sociais, econômicos e políticos,
sobretudo por ser marcada pela ditadura militar e pela insatisfação social. Esta causou uma
pressão sobre o governo que gerou uma crise que se expandiu e atingiu a educação brasileira,
principalmente o Ensino Superior com aspectos apresentados no capítulo anterior.
O ano de 1967 foi marcado pela promulgação da Constituição sancionada pelo
presidente Castelo Branco em tempos ditatoriais. Um ano mais tarde, em 1968, foi aprovada,
em 28 de novembro, a Lei da Reforma do Ensino Superior sob nº 5540, essa lei em seus
artigos propunha a criação dos departamentos nas universidades, com isso surge a figura dos
chefes de departamento e coordenadores de cursos. Vale ressaltar que estes tinham que
administrar o curso adequando-o às novas exigências da legislação da época, bem como à
política e à economia de um regime ditatorial. De acordo com DIAS (2009a, p.1):
A coordenação de cursos no ensino superior surgiu com a reforma universitária na década de 60, mais precisamente em 1968, em substituição aos Conselhos Administrativos e Congregações. Algumas denominações diferentes foram utilizadas, mas o termo Coordenação prevaleceu. Por muito tempo, as Coordenações funcionaram com “funções” ou “atribuições” especificadas nos Regimentos e Normas internas das IES, sempre privilegiando o aspecto didático-pedagógico.
Nesse período, a gestão do coordenador centralizava-se na função apenas
didático-pedagógico, ou seja, sua função era vinculada à mediação das ações entre alunos e
professores, sua atuação deveria exclusivamente atender às demandas dos discentes e dos
docentes e com isso o curso era bem sucedido.
Somente em 1981, o MEC reconhece que o coordenador deveria atuar como um
gerente de um projeto de aprendizagem. A partir dessa perspectiva surgem às primeiras
iniciativas de definir sua função, segundo Cantídio (1981 apud DIAS, 2009a), as diretrizes
para uma boa coordenação de curso são:
• Divisão/supervisão do ensino;• Estudo e formulação de currículos;• Aprovação dos programas;• Acompanhamento da execução dos planos de ensino;• Avaliação da produtividade do processo de ensino-aprendizagem;• Poder de atuar em áreas físicas utilizadas em atividades didáticas;
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• Articulação com o CEPE (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) através de representantes docentes. (CANTÍDIO, 1981 apud DIAS, 2009a, p.2).
Contudo, novamente o Brasil passou por mais uma mudança significativa na
década de 80. As Diretas-Já, que marcou a queda do regime militar e gerou um movimento no
Congresso Nacional que resultou na promulgação da Nova Constituição em 1988. Todas
essas mudanças influenciaram na missão e na visão das universidades brasileiras que tiveram
que reformular todo o seu projeto educacional.
O coordenador de curso manteria as funções estabelecidas anteriormente em
1981, mas era acrescentada a função de gerente, contudo essa função estava sendo marcada
por inúmeros desafios que limitavam a adequação da sua ação. Em 1995, a Universidade
Federal do Ceará- UFC, promoveu o IV Encontro de Coordenadores de Cursos de Graduação,
que resultou em debates e questões norteadores sobre os limites ou as dificuldades da atuação
desse profissional na universidade, dentre os vários aspectos discutidos podem-se citar
segundo Dias (2009a, p.2):
• Redução do apoio aos coordenadores por parte dos Centros e Departamentos no que diz respeito à infra-estrutura, pessoal e participação nas decisões;
• Pouco reconhecimento da importância da Coordenação por parte das instâncias acadêmicas;
• Apoio dos Coordenadores nos órgãos Colegiados Superiores;• Existência de conflitos de natureza política e administrativa entre os
Coordenadores e os Departamentos em questões como: currículo, lotação de professores, aprovação de programas, oferta de disciplinas e supervisão de atividades docentes em sala;
• Desarticulação entre os Coordenadores de Curso e o órgão responsável pelo ingresso de alunos;
• Falta de uma infra-estrutura adequada para os coordenadores.
Todos esses pontos citados no IV Encontro de Coordenadores de Cursos de
Graduação promovido pela UFC foram discutidos como um entrave na atuação do
coordenador de curso, e esses aspectos, embora não tenham sido resolvidos no decorrer do
evento, marcaram um momento relevante na formação e na atuação do coordenador de curso
diante das políticas públicas, sobretudo porque um ano após o encontro, foi sancionada a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº 9394 – LDB.
Com a LDB- nº 9394/96, o coordenador de curso passa a assumir uma nova
característica, visto que o Curso toma uma forma de unidade acadêmico-administrativa dentro
da IES e o coordenador passa a ser visto como um gestor nessa unidade.
Os antigos departamentos passam por uma mudança no que diz respeito à
organização de Curso, sobretudo porque a gestão é baseada em colegiados que são formados
41
por professores especialistas. A LDB- nº 9394/96 no Art. 56 determina que a gestão deva ser
democrática, nas universidades estatais, será exercida pelos “docentes, que ocuparão setenta
por cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão.” Essa gestão democrática deve
ser definida pelo estatuto da universidade.
A LDB - nº 9394/96 não aborda diretamente sobre a figura do coordenador de
curso, mas deixa subentendido a sua função, visto que deverá ser um professor-gestor e o seu
perfil e função deve ser contemplada no estatuto da IES em que está inserido. No Art. 52
determina que:
As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: I-produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional;II- um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado;III- um terço do corpo docente de regime integral. (BRASIL, 2009).
Diante da análise do Art. 52, pode-se concluir que o coordenador de curso deverá
antes de ser coordenador, ser um professor, sobretudo porque deverá prestar concurso público
para essa função e somente depois assumir o cargo de coordenador de curso.
Deverá ter a titulação de mestre ou doutor, exigência visível nos atuais concursos
públicos para esse cargo, além das exigências sobre as quantidades de publicações antes e
depois do ingresso efetivo na universidade. Para garantir a produção científica dos professores
e professores-gestores, o inciso III, desse mesmo artigo, determina regime integral, para que
possam promover ciência na Universidade, mediante a publicação de artigos acompanhados
por seus orientados, ou colegas professores da mesma universidade ou de outras IES.
Essa determinação da LDB- nº9394/96 estende-se para os Centros Universitários
sob o Decreto nº 5786/ 2006 no parágrafo único do Art. 1º. De acordo com Frauches e
Fagundes (2007, p.167):
O Decreto nº2306/97, em seu art. 19, fixou o prazo de um ano, contado da publicação da Lei nº 9394/96, para as universidades apresentassem à SESu/ MEC plano para cumprimento do disposto no referido art. 52. O inciso II do art. 52 exige para as universidades um terço docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado e doutorado. O inciso III, um terço do corpo docente em regime de tempo integral (40h semanais). O prazo estabelecido neste parágrafo expirou em dezembro de 2004.
Diante do Art. 1º, fica evidente a exigência da LDB- nº 9394/ 96 sobre a titulação,
tempo dedicado à IES e seu envolvimento com pesquisa do professor-gestor. Em 9 de maio de
42
2006, é aprovado o Decreto nº5773, que dispõe sobre o exercício das funções da regulação,
supervisão, e avaliação das IES, nesse documento de lei, subtende-se a relevância da figura do
coordenador de curso no processo de reconhecimento, credenciamento e renovação de curso.
Caberá ao coordenador de curso ter conhecimento dos seguintes atos de
competência abordados no Decreto nº5773/ 2006: atos de competência do Ministro da
Educação; Atos de competência da Secretaria de Educação Superior (SESu); Atos de
competência da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC); Atos de
competência da Secretaria de Educação à Distância- SEED; Atos de competência do
Conselho Nacional de Educação- CNE; Atos de competência do Instituto de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP); Atos de competência da Comissão Nacional
de Avaliação da Educação Superior (CONAES); Atos autorizativos: caracterização,
alterações, prazos; Credenciamento de IES: tipos, credenciamento, prazos, fases, documentos
necessários; Plano de desenvolvimento institucional (PDI), Plano de pedagógico da
instituição (PPI), Projeto pedagógico de curso (PPC), o currículo, tramitação,
recredenciamento, credenciamento de curso ou de campus fora da sede, credenciamento de
educação à distância (EAD); Avaliação institucional e de cursos, entre outros (FRAUCHES;
FAGUNDES, 2007).
Sobre o Sistema de Avaliação da Educação Superior (SINAES), lei aprovada em
14 de abril de 2004, o CONAES aprovou as diretrizes gerais e o INEP elaborou um
instrumento único de avaliação das condições de ensino dos cursos de graduação. O
instrumento contempla três grandes categorias, a primeira avalia a organização didático-
pedagógica; a segunda, o corpo docente, corpo discente e corpo técnico-administrativo e por
fim, a terceira, que avalia as instalações físicas. Todas essas categorias são de
responsabilidade do gerenciamento do coordenador de cursos. Ele é quem irá, durante sua
gestão, buscar a qualidade desse tripé, caso tenha uma má avaliação, terá um grau de
responsabilidade do conceito estabelecido pelo INEP.
Os indicadores de avaliação dessas categorias para que fique evidente a
importância desse profissional na IES, são segundo Frauches e Fagundes:
A categoria 1 é composta pelos seguintes Grupos de indicadores:• Administração acadêmica: coordenação e colegiado de curso;• Projeto Pedagógico do Curso: concepção, currículo e avaliação;• Atividades acadêmicas articulas à formação: prática profissional e/ou estágio, TCC e atividades complementares;• ENADE
A categoria 2 é integrada pelos seguintes Grupos de indicadores:• Perfil docente;
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• Atuação nas atividades acadêmicas;• Corpo discente: atenção aos discentes e egressos;• Corpo técnico-administrativo: atuação no âmbito do curso.
A categoria 3 tem os seguintes Grupos de indicadores;• Biblioteca;• Instalações especiais e laboratórios específicos: cenários e ambientes-laboratórios para a formação geral e básica. (FRAUCHES; FAGUNDES, 2007, p.257).
Portanto, diante do que foi exposto o coordenador de curso, além do
conhecimento acadêmico-pedagógico, precisa conhecer a legislação do setor, precisa
conhecer e adequar a sua realidade às técnicas de gestão, sobretudo porque passa a ser
responsabilizado diretamente pelo mau desempenho nas avaliações oficiais, o que pode gerar
o descredenciamento do curso em que está gerenciando.
Atualmente, uma grande preocupação dos coordenadores de cursos é a de
promover a validade do curso que gerencia, e essa rotina é equivalente a dois terços de sua
ocupação. O que pode comprometer as outras funções que desempenha, e que serão expostas
no tópico 3.2 desse capítulo.
O MEC alterou o sistema de avaliação das IES e consequentemente o curso e o
próprio coordenador, que agora deverá definir e administrar o Projeto Pedagógico do Curso-
PPC sob o alinhamento do Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e o Projeto de
Desenvolvimento Institucional (PDI). Segundo Canettieri (2006) o coordenador de curso
possui quatro competências exigidas pelo SINAES: conhecimento de legislação,
compromisso institucional, gestão da viabilidade econômica-financeira e desenvolvimento
comportamental.
Diante de tais especificações sobre o profissional coordenador de curso, desde a
sua criação, atribuições e exigências legais, é de suma importância definir o perfil e a função
desse profissional dentre as várias competências citadas acima, bem como as dimensões por
ele assumidas.
3.2 O perfil do coordenador acadêmico de curso
O perfil do coordenador acadêmico de curso durante muito tempo teve a única
função da gestão acadêmica, sobretudo porque sua atuação era apenas no contexto didático-
pedagógico.
Após a promulgação da LDB- nº9394/96, as universidades, faculdades e centros
universitários expandiram-se em todo o território nacional, a política de interiorização do
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ensino concretizou-se em vários estados da federação, e com isso gerou no contexto
universitário um cenário cada vez mais competitivo, exigindo do coordenador de curso um
novo perfil, que vise não somente o aspecto didático-pedagógico, mas, sobretudo que tenha
uma visão administrativa, política e institucional da IES em que está inserido. Deverá ser
flexível, diversificado e à frente das demandas sociais, segundo Santos (2008, p.1):
As mudanças no contexto da sociedade vêm provocando mudanças significativas na Educação Superior no Brasil e, consequentemente, redefinindo o seu papel. Essas mudanças vêm sendo introduzidas nas instituições de ensino superior através dos conteúdos ensinados e do processo de ensino-aprendizagem, visando adequar a realidade que se configura à nova realidade da sociedade do conhecimento. Essas mudanças provocam ainda a necessidade de se buscar profissionais de educação com novos perfis de formação que dêem conta de atender a essa nova demanda social. A sociedade busca por profissionais que apresentem cada vez mais um perfil mais diversificado e flexível. E, para esse novo perfil, é preciso ter um novo profissional à frente da formação. É preciso ter docentes mais preparados para enfrentarem esse contexto de mudanças. Capazes de se prepararem para uma demanda em que o perfil pretendido requer que nele sejam apresentados indícios de que busca continua por uma melhor formação, onde possam incorporar novas habilidades e competências que o instrumentalize na tarefa de ensinar.
Em concordância com a autora, é necessário um novo perfil de coordenador
acadêmico, capaz de analisar o contexto social, sua influencia na IES e, a partir desse cenário,
buscar estratégias flexíveis, criativas e estimulantes para enfrentar e superar os desafios
propostos pela sociedade e pelas políticas públicas que estão em vigor.
Diante dessa perspectiva, tem crescido a cobrança sobre os coordenadores de
curso, visto que, além de mediador entre professores e alunos, entre professores e diretoria,
atualmente precisa ter conhecimento administrativo, visando canalizar recursos financeiros e
materiais para o curso, promover e envolver o curso em eventos de investigação científica,
atualizar-se constantemente nos aspectos legais e das políticas públicas propostas pelo MEC.
Também deverá manter-se atualizado no que diz respeito a sua formação
profissional, precisa compreender que cada curso é uma unidade estratégica e que necessita
gerar resultados, e com isso desenvolver “um papel de liderança para fazer com que, nessa
unidade – que vai reunir alunos e docentes –, se possa aglomerar todos para alcançar os
resultados de qualidade que se espera”, afirma Sergio Lazzarini (2006 apud MARQUES
(2006, p.1).
Cabe à IES estruturar-se para essa nova demanda de profissionais para a docência,
visto que poderão assumir o papel de gestores de curso, que deverão buscar estratégias
criativas e executáveis para conquistarem a “sustentabilidade dos cursos de graduação;
atratividade para os seus cursos superiores; diferencial competitivo; estratégias de retenção de
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alunos; estratégias de retenção de talentos de docência, através de estratégias de formação e
remuneração compatíveis” (SANTOS, 2008).
Como se pode perceber, a função do coordenador de curso é ampla e complexa,
sobretudo por que deve favorecer a construção de uma equipe coesa, engajada, focada em
objetivos e metas consensualmente definidas e vinculadas aos planos e projetos da instituição.
O papel do coordenador é peça-chave no gerenciamento do curso, exige
autonomia para articular e mobilizar a equipe, tendo em vista o fazer pedagógico. Vale
ressalta que o objetivo central da ação do coordenador é a melhoria do processo ensino-
aprendizagem e o gerenciamento será o elemento indispensável para atingir esse objetivo.
Todo cenário construído pelo coordenador de curso será definido para concretizá-lo.
Contudo, é necessário ainda que se estabeleçam outros objetivos, outras
estratégias e metas que darão sustentabilidade e diretriz para o alcance do objetivo definido.
Segundo Suhr (2006, p.1):
[...] a contínua aproximação deste objetivo tratará de contribuir inclusive, para o marketing do curso e da instituição. Dito de outra forma: alunos satisfeitos com a qualidade do processo ensino-aprendizagem, que se sintam sujeitos de sua própria aprendizagem e que percebam a real preocupação da instituição em lhes oferecer o melhor curso possível nas condições dadas, são a melhor referencia do curso na comunidade.
Um dos maiores desafios do coordenador de curso é conseguir conciliar sua
função pedagógica com a função de gestor, vinculado ao contexto burocrático, aspecto já
discutido no capítulo 2, subitem 2.1.2. Esse desafio tem estreita relação com o objetivo central
da ação do coordenador que é a melhoria do processo ensino-aprendizagem, visto que sua
ação, não sendo eficiente e eficaz poderá comprometer consideravelmente o curso que
gerencia.
Vale ressaltar que a função pedagógica e a função de gestor requerem tempo,
disciplinamento e planejamento estratégico de suas ações, com falta desses elementos o
profissional correrá o risco de perder o foco de sua própria ação, que é favorecer um curso de
qualidade e com isso o sucesso acadêmico dos discentes.
Por fim, é preciso que o coordenador de curso em uma IES, seja pública ou
privada, compreenda e se aproprie do conhecimento que exige sua função. De acordo com
Franco (2002), o coordenador assume quadro funções bem definidas, cada função possui
responsabilidades, atribuições e os encargos.
Contudo, o mesmo autor define requisitos essenciais para assumir tais funções,
primeiro, que seja indicado por ter a titulação de mestre e/ou doutor, visto que é uma
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exigência do MEC, e, sobretudo porque poderá gerenciar docentes com similar titulação.
Segundo, em uma instituição privada, seja contratado em regime mensalista com no mínimo
quarenta e quatro horas semanais de dedicação, isso garantirá uma dedicação maior ao curso.
O terceiro requisito, que o coordenador ministre aulas para os alunos do curso que dirige para
que tenha aproximação da realidade existente, a atuação do coordenador como professor
deverá acontecer em pelo menos duas turmas. O quarto, que tenha eficaz competência
gerencial para fazer com que o curso seja eficiente e efetivamente bem administrado
(FRANCO, 2002).
Tendo esses requisitos, o coordenador de curso poderá assumir suas funções nas
seguintes dimensões: política, gerencial, acadêmica e institucional.
Na dimensão política, são definidas cinco funções essenciais na atuação do
coordenador de curso, a primeira deve assumir o papel de um líder competente na área de
conhecimento do curso segundo Franco (2002, p.15):
É certo que essa liderança a que aludimos resultará do conceito atribuído pelos pares do Coordenador, considerados os pares internos e os pares externos. O grau de reconhecimento poderá ser local, regional, nacional ou até mesmo internacional. Ele será reconhecido como líder na medida em que se transforma em referência na área profissional do Curso que dirige. Claro que deve ser reconhecido pelos artigos que publique, pelas conferências para as quais seja convidado a proferir, pela sua ação junto ao conselho profissional de sua categoria, enfim, pela sua ação política externa, se pensa na área central de conhecimento do Curso.
A segunda função política é que deverá estimular professores e alunos do curso.
Na terceira ele deve ser um representante do curso, a “[...] representatividade é conseqüente
da liderança que o Coordenador exerça em sua área de atuação profissional [...]” (FRANCO,
2002, p.17).
A quarta função, o coordenador deverá promover o marketing do curso, ou seja,
conhecendo o curso que coordena, poderá divulgá-lo, promovê-lo e, com isso atrair e manter
o discente, estando atento as oportunidades, poderá descobrir talentos.
A quinta e última função política, é que o coordenador é responsável pela
vinculação do Curso com anseios e desejos do mercado. Essa função é de extrema relevância
para que o curso possa atender às necessidades dos discentes em relação ao mercado de
trabalho, segundo Franco:
Em vista disto, haverá de manter articulação com empresas e organizações de toda natureza que possam contribuir para o desenvolvimento do Curso, para o desenvolvimento da prática profissional, através dos estágios, para o desenvolvimento do próprio currículo do Curso. Neste sentido, além de ser uma
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pessoa para dentro da Universidade, terá de ser uma pessoa para fora da Universidade, proporcionando visibilidade plena do Curso diante do mercado. Como não há de se preparar o alunado simplesmente para o emprego, mas também para o empreendedorismo, é fundamental que o Coordenador de Curso tenha presente esta linha de trabalho, proporcionando aos alunos idéias de nichos de mercado onde os mesmos poderiam atuar profissionalmente na condição de empreendedores. Vale dizer também que, ao cogitar da vinculação do Curso com os anseios e desejos do mercado, deve o Coordenador do Curso sintonizar-se, através dos professores, com as atividades de iniciação científica ou de pesquisa e as atividades de extensão e especialmente com as peculiaridades da Amazônia, sob pena de sermos uma universidade em qualquer lugar. (FRANCO, 2002, p.20).
Analisando a dimensão política fica evidente o grau de responsabilidade que o
Coordenador de Curso assume no seu pleno exercício, por isso é relevante que busque atender
o máximo possível das funções que requer essa dimensão para que se concretize o ensino de
excelência na IES seja pública ou privada.
Na dimensão acadêmica, o coordenador assume cerca de oito funções segundo
Franco (2002) são elas: responsável pela elaboração e execução do PPC, pelo
desenvolvimento das atividades escolares, pela qualidade e pela regularidade das avaliações
desenvolvidas em seu Curso, deve cuidar do desenvolvimento das atividades complementares
no curso que coordena, deve estimular a iniciação científica e a pesquisa entre professores e
alunos, assume a responsabilidade pela orientação e pelo acompanhamento dos monitores,
também compete o processo de engajamento de professores e alunos em programas e projetos
de extensão universitária e por fim o sucesso ou não dos estágios supervisionados e não-
supervisionados, são de sua inteira responsabilidade.
Para assumir o papel de elaborar e executar o PPC da IES, é necessário que o
coordenador tenha domínio e clareza das diretrizes didático-pedagógicas, essenciais para
desenvolver o planejamento. De acordo com Suhr (2006, p.2) cabe ao coordenador de curso:
Traçar as diretrizes de natureza didático-pedagógica, necessárias ao planejamento e ao integrado desenvolvimento das atividades curriculares do curso. Grande parte das instituições de ensino superior tem diretrizes pedagógicas definidas. Cabe conhecê-las, compreendê-las e adaptá-las às especificidades do curso. Assim, há alguns direcionamentos específicos a cada curso, que precisam ser definidos em colegiado. Cabe ao coordenador o papel de explicitar e favorecer a adequação do corpo docente a essas diretrizes. Isto significa inclusive, cobrar dos professores posturas e ações coerentes com essas mesmas diretrizes.
Mediante o planejamento, o coordenador de curso poderá direcionar e
acompanhar as atividades escolares, bem como a avaliação do desempenho dos discentes.
Afirma Franco (2002) que
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[...] a junção entre teoria e prática é de responsabilidade do professor e, para que isto seja estimulado por ocasião da discussão do desenvolvimento do conteúdo programático pelo Coordenador e é fundamental que aquele procure convencer o professor da necessidade de trazer para o campo prático o conhecimento ministrado [...]. (FRANCO, 2002, p.35).
Diante dessa presença do coordenador na prática do docente, gerando debates a
cerca do conteúdo programático e das atividades práticas em sala ou em campo, será possível
e pertinente a orientação quanto às avaliações que visam verificar o desempenho ensino-
aprendizagem dos seus educandos. O coordenador de curso compreendendo a proposta
pedagógica do professor, será mais eficiente e eficaz na sua gestão acadêmica. Afirma Suhr
(2006, p.2) que cabe ao coordenador de curso:
Aprovar, os planos de ensino das disciplinas do curso, cabendo-lhe o direito de rejeitá-los ou de lhes sugerir alterações em função de inadequação aos objetivos do curso. Novamente fica clara a necessidade de haver um direcionamento claro, alicerçado no perfil do egresso e, conseqüentemente, nos objetivos do curso. No sentido de favorecer a construção de uma equipe coesa, mais do que aprovar ou rejeitar o plano de curso, é importante discuti-lo com os docentes. Este é um momento de formação continuada de cada professor, no qual o coordenador pode ajudá-lo a melhor compreender os objetivos do curso e os conteúdos e estratégias mais adequadas para atingi-los. Também nesse sentido é importante acompanhar a execução dos planos de ensino e programas pelos docentes. Não se trata de instituir mecanismos burocráticos de cobrança, mas sim de, periodicamente, estar conversando com os docentes e com os alunos verificando a operacionalização do que foi proposto. E, caso necessário, apontar a necessidade de mudanças ou retomada na rota inicial proposta. Para isso, a existência de reuniões periódicas com os docentes e com os estudantes pode ser de grande valia.
Outra função de mesmo grau de relevância e extremamente necessária para a
execução de uma gestão competente é conduzir professores e alunos para desenvolverem
pesquisa. Vale ressaltar que é uma das exigências do MEC no Art. 52 da LDB nº 9394/96 a
formação de quadros profissionais de nível superior, de pesquisa e extensão, caberá ao
coordenador buscar desenvolver projetos junto com os docentes para conseguir parcerias com
instituições que possam financiar as pesquisas, dar bolsas para estudantes e patrocínios para
envolver tanto professores quanto os alunos em eventos nacionais e internacionais de
iniciação científica.
Assim, caberá ao coordenador também envolver a comunidade universitária em
ações que visem promover programas e projetos de extensão abertos à comunidade não
universitária. Segundo Franco (2002, p.42): “É a extensão que vira a face da universidade
para a sociedade, seja por meio de cursos, seja por meio de programas especiais, seja através
da prestação de serviços. O Coordenador de Curso não pode passar ao largo desta função”.
Portanto, deverá se envolver e contagiar os docentes e discentes no processo de extensão
49
universitária tão importante para a divulgação das ações da IES, além de prestar serviços
necessários à sociedade.
Por fim, o coordenador de curso na dimensão acadêmica deverá promover e
acompanhar o programa de monitoria, desde a elaboração do projeto, edital de seleção,
atuação do monitor, acompanhamento do docente em relação ao aluno, análise dos relatórios
do monitor até a sua saída do programa. E deverá com o mesmo empenho acompanhar os
estágios supervisionados e não-supervisionados, estabelecendo o apoio institucional e
pedagógico que os estágios necessitam.
Na dimensão institucional, o coordenador de curso deve assumir, segundo Franco
(2002), as seguintes funções: ser responsável pelo sucesso dos alunos de seu Curso no exame
nacional – ENADE; verificar e analisar a situação acadêmica do discente no antigo curso;
verificar a empregabilidade dos alunos; buscar fontes alternativas de recursos para o seu
Curso e para a Universidade; ser responsável pelo reconhecimento de seu Curso e pela
renovação periódica desse reconhecimento junto ao MEC; como também empenhar-se pelo
sucesso de seus alunos nos Exames de Ordem, Testes Profissionais e assemelhados.
Além de todos esses elementos, é responsável pelo vínculo da regionalidade do
curso, assim advoga Franco (2002, p.50):
É impossível definir a regionalidade de um Curso sem o conhecimento da própria região. Tal definição não se faz somente pelo fato da inclusão de uma disciplina do tipo cultura amazônica, cultura nordestina, cultura sulista. Ela se faz pela consciência que se inocula nos alunos quanto ao seu compromisso profissional para com a região em que atuarão, buscando soluções para os problemas existentes. Nenhum Projeto Pedagógico de Curso poderá estar dissociado da realidade.
Portanto, cabe ao coordenador do curso, diante da autonomia da IES, desenvolver
um PPC, que atenda às necessidades do discente na região que ocupa, inclusive analisando e
percebendo o crescimento do mercado de trabalho e sua demanda.
O coordenador de curso tem um papel preponderante para a efetividade
institucional da IES, visto que, precisa estar atento às exigências legais de todos os exames
que o aluno poderá vir a realizar, principalmente os exames de ordem, testes profissionais e o
Exame Nacional de Curso.
Vale ressaltar que deverá conhecer os princípios, as exigências e as ações
previstas pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES),
consequentemente do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), do
Exame Nacional do Desempenho do Estudante (ENADE) e, por fim, os critérios de avaliação
do Instituto Nacional de Estudo e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP) que visa
50
avaliar quatro categorias: a organização didático-pedagógica, o corpo docente, discente e
técnico-administrativo e as instalações (FRAUCHES; FAGUNDES, 2007).
O coordenador deverá analisar junto com os demais gestores da IES as dez
dimensões dos SINAES, para decidirem e desenvolverem um planejamento estratégico que
vise atender a cada dimensão que são: Missão e plano de desenvolvimento institucional:
Perspectiva científica e pedagógica formadora: política, normas e estímulos para o ensino, a
pesquisa e a extensão; Responsabilidade social da IES; Comunicação com a sociedade;
Política de pessoal, carreira, aperfeiçoamento, condição de trabalho; Organização e gestão da
instituição; Infra-estrutura física e recursos de apoio; Planejamento e avaliação; Política de
atendimento aos estudantes; Sustentabilidade financeira (TRINDADE, 2007).
Mediante a análise dos elementos de avaliação, o coordenador terá condições de
conhecer e avaliar a situação acadêmica do aluno, bem como identificar as necessidades
institucionais do curso e com isso buscar meios para suprí-las, mediante a elaboração e a
execução de um planejamento estratégico que vise atingir os objetivos definidos pelos
gestores da IES.
Outro aspecto relevante, e essencial para o sucesso da dimensão institucional,
sobretudo porque está inter-relacionada com as outras dimensões citadas, é o envolvimento do
coordenador de curso com a rede de cooperação interuniversitárias. Segundo Stallivieri (2004,
p.43):
O trabalho das redes de cooperação interuniversitárias tem sua repercussão percebida em diferentes campos: desde a criação de centros de excelência até o fortalecimento da mobilidade entre professores, pesquisadores, alunos e gestores acadêmicos; o desencadeamento de projetos de pesquisa; o mútuo reconhecimento de pontos fortes e de carências de comunidades dos diferentes países; o aproveitamento de massa crítica oriunda de diferentes fontes, juntamente com a recolocação de profissionais no mercado de trabalho; a permuta de informações e a viabilidade de publicações científicas para difusão do conhecimento em nível mundial, além da projeção institucional, visando à conquista de novos benefícios.
Em corroboração com a autora, o trabalho das redes de cooperação inter-
universitária perpassa pelas ações do coordenador de curso, visto que precisa estar atento e
estimular os docentes e os discentes em pesquisa a se envolverem nos programas que visem o
intercambio institucional, com isso, conseguirá elevar o conceito do curso e da IES.
De acordo com Sebastián (2006) é fundamental que o coordenador de curso tenha
conhecimento sobre as temáticas voltadas ao planejamento estratégico, visto que as metas
institucionais e os objetivos devem estar condizentes com a política de cooperação
internacional:
51
Esse plano estratégico para a cooperação internacional deve ser tratado como uma forma de contribuir para o desenvolvimento da instituição, oferecendo elementos para a melhoria dos programas de qualificação, análise curricular, formação docente, ofertas de cursos de pós-graduação, mobilidade acadêmica entre outros.Se a internacionalização é considerada uma meta institucional, deve-se ter clareza dos objetivos que a instituição pretende atingir, explicitando-os num plano estratégico de ações. (SEBASTIÁN, 2006, p 3.).
Portanto, o gestor, para concretizar a cooperação internacional, deverá ser atuante,
possuir formação para agir com eficiência, eficácia e efetividade, buscando alcançar as metas
definidas na instituição de ensino superior em que está inserido.
O coordenador de curso voltado às ações de cooperação internacional deverá,
sobretudo, ser um articulador das relações acadêmico-científicas internacionais, captando,
implementando e acompanhando projetos e parcerias inter-universitárias.
Deve agir junto com os demais órgãos relacionados a instituições exteriores
conveniadas com a CAPES e com a instituição em que está inserido.
Deve incumbir-se da construção de parcerias de qualidade com instituições
estrangeiras, da captação, implementação, avaliação e acompanhamento de acordos vigentes,
convênios e programas inter-universitárias internacionais, do gerenciamento de programas de
intercâmbio acadêmico, externos à universidade que está inserido, além de promover o apoio
logístico e operacional necessário à viabilização do projeto (CORRÊA, 2004).
Enfim, o coordenador de curso envolvido na rede de cooperação internacional é
um elemento indispensável na política institucional na IES, sem este seria inviável e quase
que impossível a concretização dos financiamentos, da logística e das metas definidas nos
programas de intercâmbio.
Por fim, na dimensão gerencial o coordenador de curso é responsável, segundo
Franco (2002), pela supervisão das instalações físicas, laboratórios e equipamentos do Curso;
pela indicação da aquisição de livros, materiais especiais e assinatura de periódicos
necessários ao desenvolvimento do Curso; também é responsável pelo estímulo e controle da
freqüência docente e discente; indicação da contratação e demissão de docentes, com relação
a IES privada é de sua competência acompanhamento da adimplência contratual dos alunos
do curso que coordena.
O universo, instalações, recursos materiais e humanos, além de biblioteca e
laboratórios são aspectos avaliados pelo MEC, e, portanto, exigidos pelo SINAES. Cabe ao
coordenador de curso buscar meios para que esses elementos estejam de acordo com as
exigências legais, para que o conceito do curso não seja prejudicado.
52
É evidente que o coordenador não poderá ter o controle de tudo dentro de cada
universo citado, mas deverá estar atento para que estejam em pleno funcionamento. Segundo
Franco (2002, p.22):
Os alunos (e os professores também) sentem prazer por contar com condições adequadas para o estudo presencial. Assim, instalações escolares, compreendendo salas de aula, laboratórios, auditórios e equipamentos em bom estado de funcionamento são considerados essenciais à boa aceitação do Curso. Portanto, supervisionar sistematicamente as instalações, laboratórios e equipamentos disponíveis para o funcionamento do Curso é tarefa gerencial essencial da qual não pode descurar o Coordenador de Curso. Não é que tenha de trocar lâmpadas ou consertar aparelhos e equipamentos. Nada disto. No entanto, ele precisará testar ou mandar testar tudo antecipadamente e providenciar a solução de eventuais pendências constatadas. Às vezes, um simples ranger de porta é suficiente para dificultar a concentração de alunos e professores numa sala de aula. É certo que se contássemos com espaços exclusivos, disponíveis para cada Curso, seria muito melhor do que nas condições atuais. Todavia, é possível, pela supervisão sistemática, promover a melhor ocupação dos espaços e equipamentos.
Com relação à biblioteca, caberá ao coordenador de curso realizar reuniões com
os professores para que os mesmo possam semestralmente atualizar a bibliografia das
disciplinas, para que se possa indicar a compra dos livros.
Diante das exigências do MEC, com relação ao desempenho didático-pedagógico,
caberá ao coordenador de curso acompanhar a freqüência dos alunos e dos professores, visto
que o ENADE visa avaliar o desempenho do aluno e a boa freqüência, por ambas as partes,
contribuirá consideravelmente para um resultado satisfatório (FRAUCHES; FAGUNDES,
2007).
Outro aspecto citado por Franco (2002), que é delicado, é a contratação e
demissão dos docentes. O MEC exige que os docentes tenham mestrado e doutorado, mas o
artigo de lei, não aborda a formação didática, que é um aspecto essencial no processo ensino-
aprendizagem, portanto caberá o coordenador acompanhar o desempenho do processo em sala
de aula, mediante a avaliação sistemática dos discentes e dos docentes pelos discentes,
sobretudo por que é o aluno que tem o contato direto com o professor e que sua má atuação
irá influenciar diretamente o seu crescimento acadêmico.
Por fim, é responsável pela tomada de decisão com relação aos interesses do
curso, portanto cabe aos gestores da IES deliberar autonomia para que possa agir com
eficiência e eficácia atendendo às necessidades do curso. E em caso de IES privada, pelo
acompanhamento da adimplência contratual dos alunos. De acordo com Franco (2002):
[...] Afinal, são os alunos que nos mantém a todos contratados e recebendo regularmente nossos salários. Quando referimos da necessidade de conhecer o alunado no sentido macro e no sentido micro, estamos cogitando da aplicação deste
53
princípio funcional. Isto evitará dificuldades na matrícula e na eventual confirmação semestral de estudos. Evitará a freqüência de pessoas não matriculadas em sala de aula. Os casos cruentos merecem ser do conhecimento da Administração Financeira da Universidade, mediante relatórios preparados pelo Coordenador de Curso. Conhecer os critérios de negociação é fundamental e saber explicitá-los é mais importante ainda pois sempre há forma de negociar e o Coordenador de Curso pode encaminhar a negociação com maior conhecimento de causa. (FRANCO, 2002, p.31).
De acordo com o exposto sobre as dimensões das funções do coordenador de
curso, é perceptível a sua grande responsabilidade, e quanto a sua atuação na IES pode
contribuir ou não para a excelência da mesma.
Os desafios para a concretização de tudo que foi exposto é bastante considerável,
sobretudo porque o coordenador de curso não tem recebido a devida atenção pelas IES.
Segundo Silva e Pereira (2003 apud JACOBUCCI, 2008, p.84):
[...] o Ministério da Educação tem preconizado, através das comissões de avaliação dos cursos de graduação, a importância do papel do coordenador de curso, tanto nos aspectos acadêmicos quanto nos pedagógicos. Entretanto, observa-se que o aspecto gerencial do curso restringe-se a uma direção da atividade docente de maneira simplista.
Jacobucci (2008) ainda afirma que o MEC reforça os setores administrativos das
IES e que o coordenador de curso possui apenas três funções: a) executar atribuições
formalmente definidas na instituição sobre o cargo; b) atender às demandas do corpo discente
e docente; e c) conduzir bem o curso.
Essas três funções definidas pelo MEC são realmente atribuições da coordenação,
inclusive apresentadas ainda nesse capítulo, contudo ao “generalizá-las, não ficam
explicitadas as inúmeras tarefas realizadas pelo coordenador para conseguir desenvolver essas
três funções.” (JACOBUCCI, 2008, p.85).
É importante analisar o papel do coordenador de curso como um gestor, ou
melhor, como um administrador, visto que deverá desenvolver planos de atuações, analisar e
gerar resultados e controlar e executar ações que visem o crescimento do curso.
Por esses motivos é necessário que os gestores da IES reconheçam o papel
desenvolvido pelo coordenador de curso e que promovam encontros de formação profissional
administrativa para esses gestores.
É relevante compreender os motivos que definem o coordenador de curso como
um administrador, pois caso não tenha uma visão gerencial da IES, poderá cometer erros que
talvez comprometam a excelência da universidade, faculdade ou centro universitário em que
está inserido.
54
3.3 A relevância do planejamento na ação do coordenador acadêmico de curso
O coordenador acadêmico de curso de graduação, desde as políticas públicas que
o influenciam até o perfil profissional e as devidas funções, delimitadas em quatro dimensões:
política, acadêmica, institucional e gerencial, é necessário compreender a relevância do
planejamento estratégico para a contribuição na execução de sua ação.
O planejamento estratégico visa definir ações que busquem o alcance de objetivos
e metas, além de analisar o ambiente interno e externo, as relações de causa e efeito e com
isso desenvolver e aplicar instrumentos de gestão, no caso da pesquisa o Balanced Scorecard
(BSC).
Todo o planejamento desenvolvido pelo coordenador acadêmico de curso deverá
estar alinhado com a missão e a visão da IES, inclusive a execução do planejamento
estratégico, e a avaliação de desempenho mediante ao BSC, pois sua aplicação deverá atender
aos interesses do coordenador e também da instituição, visto que os resultados os
influenciarão.
Nenhuma instituição pública ou privada fica à margem das perspectivas do
mercado. Vale ressaltar que evidentemente a IES é uma empresa com características
diferentes de outras, pois o serviço prestado é por excelência o ensino. Contudo, sendo
pública ou privada, a instituição possuem objetivos e metas a curto, médio e longo prazo e
para alcançá-los precisa definir as perspectivas financeiras, os processos internos envolvidos,
além de prever as perspectivas de crescimento e aprendizagem das pessoas envolvidas na IES.
Todos esses aspectos citados são elementos do BSC e que podem contribuir para
que a atuação do coordenador acadêmico de curso de graduação seja eficiente, eficaz e que
tenha efetividade. Visto que o coordenador precisa administrar os recursos financeiros que a
ele são destinados, precisa compreender e estar atento às necessidades dos alunos, dos
funcionários que o cercam, bem como a comunidade interna e externa que compõe o curso
que coordena, também necessita estar sensível aos processos internos envolvidos na cultura
organizacional em que está inserido, enfim, deverá promover o incentivo do aprendizado e do
crescimento das pessoas que estarão envolvidas no processo.
Portanto, o capítulo 4 abordará o conceito de planejamento estratégico seus
elementos estruturantes, bem como o Balanced Scorecard, seus fundamentos, perspectivas, a
elaboração e a execução do mesmo. O capítulo fará um paralelo com a gestão da IES e da
atuação do coordenador acadêmico de curso.
55
4 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E O BALANCED SCORECARD: CONCEITO, INSTRUMENTO E APLICAÇÃO PARA O COORDENADOR ACADÊMICO DE CURSO DE GRADUAÇÃO
4.1 O planejamento estratégico: fundamentos e estrutura
Para se compreender a relevância do BSC é necessário compreender o
planejamento estratégico, visto que esses dois conceitos estão vinculados.
O planejamento estratégico é um procedimento anterior ao BSC, e é através deste
que o BSC terá um maior embasamento para a sua aplicação.
Portanto, o coordenador compreendendo os conceitos e a aplicação tanto do
planejamento estratégico como do BSC, ele poderá desempenhar uma gestão com tomadas de
decisão claras e precisas.
O termo estratégia vem do grego strátegos, designava uma posição,
especificamente de um general de comando de exército, contudo com o passar dos anos, o
termo passou a ter significação com a aplicação das competências do general do exército,
definia a arte da guerra (COLOMBO et al., 2004). Depois, em 450 a.c, a estratégia passou a
vincular-se com as habilidades gerenciais de administração, liderança, oratória e poder.
Nos dias atuais, o termo estratégia passa a estar vinculado com o comportamento
adaptativo da organização, com o futuro, por isso precisa ser planejada, direcionada e
vinculada com a missão e a visão da instituição.
Responde a uma demanda ambiental em que a instituição está inserida, e precisa
ser elaborada e compreendida por todos os envolvidos no processo de planejamento, além de
exigir uma aplicação bem-sucedida, segundo Kaplan e Norton (2004 apud HERREIRO
FILHO, 2005, p.18):
1 - O conceito de estratégiaConceituamos estratégia como a escolha dos segmentos de mercado e clientes que as unidades de negócio pretendem servir, identificando os processos internos críticos nos quais a unidade deve atingir a excelência para concretizar suas propostas de valor aos clientes dos segmentos-alvo, e selecionando as capacidades individuais para atingir os objetivos internos, dos clientes e financeiros.
Portanto, a estratégia precisa ser planejada cuidadosamente para que a instituição
tenha resultados positivos após sua aplicação e que os objetivos e as metas traçadas sejam
atingidas satisfatoriamente. A estratégia é uma questão relevante para empresas e instituições,
56
pois possibilita a sua sobrevivência ou a sua ruína (HERREIRO FILHO, 2005). Ratificando é
necessário definir a estratégia de uma instituição mediante a um planejamento.
O planejamento estratégico é um processo sistemático que visa organizar e
direcionar a instituição para a tomada de decisões que busquem atingir objetivos claros e
precisos definidos pelas pessoas envolvidas na empresa. Herreiro Filho (2005, p.24) afirma
que:
O processo estratégico exige que os executivos tenham sensibilidade e discernimento para tratar tanto com aspectos qualitativos e sutis da gestão estratégica (como a criação de novos conhecimentos) quanto com os fatores mais quantitativos e explícitos (como as informações financeiras). Este aspecto da gestão estratégica nos lembra a advertência feita por Einstein sobre o espírito científico, quando afirmou: “Nem tudo que pode ser contado importa, e nem tudo que importa pode ser contado.” Dessa forma, um dos maiores desafios da equipe do projeto de Balanced Scorecard, como veremos, será a criação de um conjunto de objetivos estratégicos, qualitativos e quantitativos, integrados entre si.
O planejamento estratégico deverá minimizar as deficiências e maximizar os
resultados, deverá buscar a ação com eficiência, eficácia e efetividade. Compreende-se por
eficiência o ato de fazer as coisas da maneira correta, resolvendo problemas, reduzindo os
custos e utilizando os recursos de maneira adequada. A eficácia é fazer as coisas de forma
criativa, obtendo resultados, diminuindo o tempo e aumentando o lucro. A efetividade busca
manter o negócio sustentável ao ambiente, apresentando os resultados a longo do tempo e
coordenando a manutenção dos resultados.
O coordenador acadêmico de curso de graduação, para desenvolver um
planejamento estratégico da IES que está inserido, para a posteriori um BSC, precisa
compreender o processo que norteia o planejamento estratégico, este passa pelos seguintes
momentos:
• Definição da missão: a missão explica a razão da existência da organização, segundo
Niven (2007, p.90) “[...] define o propósito central da organização, o motivo da sua
existência. A missão examina a razão de ser da organização além de simplesmente gerar
riqueza para o acionista, e reflete a motivação dos funcionários para engajarem-se ao
trabalho executado na empresa.”
• Visão de negócio: a visão “é um modelo mental de um estado ou situação altamente
desejável, de uma realidade futura possível para a organização” (COSTA, 2007, p.36).
57
É necessário que o coordenador de curso de graduação compreenda e esteja ciente
da missão e da visão definida pela IES em que presta serviço, visto que buscará meios para a
sua concretização com eficiência, eficácia e efetividade.
• Diagnóstico estratégico:
− Diagnóstico interno: Busca compreender e analisar o ambiente interno da instituição,
“são as forças e as fraquezas dos processos acadêmicos e administrativos, da
tecnologia, da estrutura, do marketing, das finanças e das pessoas que compõem a
organização escolar.” (COLOMBO et al., 2004, p.23). Os fatores positivos da
instituição, tangíveis ou não, podem impactar positivamente seu desempenho, e os
fatores negativos, também tangíveis ou não, interferem na performance, são os pontos
fracos que proporcionam desvantagem no mercado essencialmente competitivo
(COSTA, 2007).
− Diagnóstico externo: busca analisar o ambiente externo, antecipando as ameaças e as
oportunidades para a concretização da missão, da visão e dos objetivos definidos.
Analisa o ambiente competitivo e os diversos setores. A análise da estratégia
competitiva está baseada no modelo proposto por Potter (2004): o poder da batalha
entre compradores e fornecedores, a ameaça de produtos ou serviços substitutos e os
novos concorrentes entrantes e a rivalidade entre os concorrentes existentes.
Diante do diagnóstico interno e externo da instituição, é possível realizar um
alinhamento estratégico que segundo Kaplan e Norton (2004, p.205) “[...] é o princípio
dominante na criação de valor pelos ativos intangíveis”. Os ativos intangíveis são tudo aquilo
que sozinho não cria valor. Eles não têm valor se isolados do contexto da instituição e da
estratégia. Os ativos tangíveis são aqueles que por si só criam valores, ou seja, tem valor de
mercado. Um exemplo, segundo os autores, é que empregados treinados são ativos
intangíveis, contudo sua produção transforma o valor potencial dos ativos intangíveis em
valor tangível, visto que será mensurado por um valor, um serviço que gerará um custo seja
para empresa ou para o cliente.
Depois de alinhar o ambiente interno e o ambiente externo, é possível definir o
cenário em que a instituição está inserida. O cenário possibilita que a organização identifique
os desafios de negócio que ela deverá enfrentar. De acordo com Herreiro Filho (2005, p.48)
“os cenários não são adivinhações: eles representam uma ferramenta para ordenar a percepção
sobre ambientes alternativos futuros. Cenários são histórias sobre como o mundo poderá se
transformar no futuro e que impacto isso terá na vida das pessoas, grupos e organizações”.
58
A criação de cenário da IES pelo coordenador de curso de graduação é relevante
porque possibilitará que busque a melhoria da qualidade do curso, a atualização junto ao
mercado, alinhado com as necessidades dos alunos, bem como das políticas públicas atuais e
os custos para a realização do planejamento estratégico definido.
• Definição dos fatores-chaves de sucesso: procuram evidenciar as problemáticas realmente
críticas para a organização, identificadas mediante a análise do modelo SWOT (pontos
fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidade), cuja solução dependerá da missão e da ação
dos gestores.
Cabe ao coordenador de curso de graduação saber os fatores-chave de sucesso, se
não da instituição, pelo menos do curso que coordena, analisando mediante o modelo SWOT,
e com isso definindo ações para a melhoria da sua gestão.
• Definição de objetivos e metas: podem ser quantitativos ou qualitativos, que se pretende
atingir ou manter, definidos para um momento ou um dado futuro. De acordo com Costa
(2007, p.210): “[...] devem ser observáveis e verificáveis: é necessário haver mecanismos
que permitam medir e verificar, ao longo do tempo, se os objetivos e metas previamente
combinados estão sendo cumpridos, superados ou não atingidos”.
Como foi visto no capítulo anterior, o coordenador de curso de graduação precisa
definir os objetivos e as metas que deseja atingir no decorrer da sua gestão, também deverá
envolver a comunidade acadêmica para o alcance destes. Vale ressaltar que é uma
competência da gerência do coordenador.
• Análise dos públicos de interesse: A instituição deve identificar os grupos e os seus
interesses e além dos poderes de influência com respeito à missão da instituição. Segundo
Costa (2007, p.90):
Assim, um stakeholder, ou parte interessada, pode ser definido como qualquer instituição, pessoa, grupo de pessoas, formal ou informalmente organizado, que tenha algum tipo de interesse que possa afetar ou ser afetado pelo funcionamento, operação, comercialização, desempenho, resultados, presentes ou futuros da organização em questão.
Esse aspecto é relevante e inclusive tratado nos capítulos anteriores, o
coordenador de curso de graduação deverá identificar os stakeholders de sua gestão, visto que
também sofrerá influência das políticas públicas, da opinião pública sobre o curso que
59
coordena, sobre sua gestão e sobre a instituição, receberá influência dos dirigentes, dos
funcionários e dos discentes, enfim também terá influência dos agentes financeiros.
• Formalização do plano: um plano estratégico é um plano de ação. É necessária a execução
desse plano, por meio de projetos específicos, é preciso à definição dos modelos
metodológicos para tomada de decisão da organização. É importante a identificação dos
modelos de concorrência e a sistematização dos mesmos (COLOMBO et al., 2004).
É necessário que o coordenador de curso de graduação defina o plano de ação.
Não basta apenas planejar, é preciso aplicar aquilo que foi definido no plano, e também
controlar e avaliar a execução deste.
• Implementação estratégica: é a aplicação das estratégias definidas no plano. Também
define a governança corporativa, ou seja, identifica as pessoas que estão envolvidas no
processo de gestão e de implementação, bem como delimita o processo de liderança
estratégica (COSTA, 2007).
A liderança estratégica define como deverá ser aplicado o plano, as pessoas
envolvidas e suas funções. Identifica a gestão de pessoas e a motivação para a concretização
do planejamento estratégico.
É importante que o coordenador de curso de graduação possa delegar funções para
as pessoas que estão em seu entorno e que estejam envolvidos no processo de planejamento,
de execução e de avaliação.
• Avaliação e reavaliação estratégica: trata-se de rever o que foi planejado e implementado
para poder decidir novos rumos a serem tomados.
O coordenador de curso de graduação deverá definir uma programação para a
realização da avaliação das estratégias estabelecidas, e com isso, corrigir possíveis entraves
no processo de aplicação do planejamento.
Vale ressaltar que o processo estratégico representa o resultado de um longo
aprendizado organizacional. Portanto, pode-se definir um esquema para a compreensão dos
elementos que compõem o planejamento estratégico.
Planejamento estratégico
60
Figura 1 - Esquema do planejamento estratégicoFonte: Baseado em HERREIRO FILHO (2005).
Diante de um planejamento estratégico bem definido, é relevante estabelecer uma
gestão estratégica que possa aplicá-lo. Sem uma gestão com maior eficiência, eficácia e
efetividade, não será possível implementar um planejamento estratégico que gere resultados
positivos.
No capítulo 3 dessa dissertação, foi apresentada a função do coordenador de curso
de graduação na dimensão gerencial, também fundamentada no capítulo 2 quanto tratou-se do
modelo organizacional que é o gerencialismo. Na perspectiva do planejamento estratégico,
Definição de missão
Diagnóstico interno Visão de negócio
Alinhamento
Diagnóstico externoDiagnóstico estratégico
Definição dos fatores-chave de sucesso Construção de
cenários
Definição de objetivos e metas
StakeholdersAnálise dos públicos de
interesse
Modelos dinâmicos de concorrência
Formalização do plano
Governança corporativa
Implementação estratégicaLiderança estratégica
Avaliação e reavaliação estratégica
Auditoria de desempenho de resultados
61
essa dimensão toma outra conotação que não se limita apenas à indicação e à aquisição de
livros, materiais especiais e assinatura de periódicos, pela supervisão das instalações físicas,
laboratórios e equipamentos, pelo estímulo e controle da freqüência docente e discente, à
indicação da contratação e demissão de docentes e, com relação à IES privada, o
acompanhamento da adimplência contratual dos alunos (FRANCO, 2002).
Nessa perspectiva, o coordenador acadêmico de curso de graduação assume
dentro da dimensão gerencial uma ação estratégica, que exigirá deste uma postura condizente
a uma gestão estratégica, segundo Herreiro Filho (2005, p.3):
A gestão estratégica é um processo contínuo porque a estratégia realizada de uma organização nem sempre coincide com a estratégia pretendida, devido às constantes mudanças verificadas na sociedade e no ambiente dos negócios. [...] Assim, a gestão estratégica precisa realizar um contínuo monitoramento dos resultados da organização, para executar as constantes adaptações da empresa, requeridas pelo seu meio ambiente. Dessa forma, a estratégia é emergente, precisando ser flexível e criativa para superar as incertezas, os riscos e aproveitar as novas oportunidades nos mercados.
Diante desse pressuposto, o coordenador de curso de graduação poderá em sua
gestão estratégica utilizar instrumentos para aplicar o planejamento estratégico estabelecido,
no caso específico da pesquisa o Balanced Scorecard.
Esse tópico buscou fundamentar o planejamento estratégico, pois mediante ele é
possível desenvolver o BSC e conseguir equilibrar as dimensões que fazem parte da ação do
coordenador acadêmico de curso de graduação e as perspectivas cliente, financeiro, processos
internos e processos acadêmicos.
4.2 O Balanced Scorecard - BSC e a gestão do coordenador de curso de graduação:
adaptação das perspectivas do Kaplan
O coordenador de curso de graduação poderá em sua gestão estratégica utilizar o
Balanced Scorecard como uma ferramenta que o auxiliará na tomada de decisão, no controle
das variáveis estratégicas, e no aperfeiçoamento de sua ação. Contudo, é relevante
compreender e analisar essa ferramenta, sobretudo porque ela não é para ser aplicada de
qualquer jeito, precisa do engajamento de todas as pessoas que direta ou indiretamente estarão
envolvidas.
O Balanced Scorecard (BSC) não é um instrumento que está inserido no
planejamento estratégico tradicional que separa o pensamento da ação. Também não é um
62
instrumento fácil de aplicação, visto que necessita de estratégias bem definida e
principalmente de uma excelente implementação.
O BSC não é uma ferramenta de gestão, também não é segundo Herreiro:
• Um sistema de controle gerencial;• Um conjunto de indicadores financeiros;• Um painel de informações gerenciais; ou ainda;• Uma lista de KPIs – Indicadores-Chaves de Performance. (HERREIRO FILHO,
2005, p.21).
Para desenvolver o BSC na instituição, algumas condições devem ser aceitas e
aplicadas. Primeiro, precisa da participação de toda a organização na criação das estratégias;
segundo, as discussões sobre as estratégias devem abranger todos os setores da organização,
inclusive os parceiros de negócio; e terceiro, as pessoas somente estarão envolvidas no
processo se identificarem oportunidades de crescimento e recompensa.
A gestão estratégica baseada no BSC durante a sua implementação precisa
desenvolver estratégias competitivas que superem os stakeholders utilizando os seguintes
elementos, segundo Herreiro Filho (2005):
Figura 2 - Esquema gestão baseada no BSCFonte: Baseado em HERREIRO FILHO (2005)
O BSC é uma ferramenta que foi desenvolvida por Robert Kaplan, professor da
Universidade de Harvard e David Norton, um consultor da região de Boston. Eles
Formulação e a implementação de
estratégia Estratégia no
centro do negócio
Transformar a estratégia em indicadores financeiros Gestão
estratégica baseado no
BSC Integrar a estratégia no
cotidiano
Compreensão da estratégia por
todos os
Linguagem da estratégia para a
organização fácil de ser compreendida
63
desenvolveram uma pesquisa em 12 empresas aplicando o BSC e durante quatro anos tiveram
resultados imediatos. Segundo Niven (2007, p.16):
Podemos descrever o Balanced Scorecard como um grupo de medidas cuidadosamente selecionadas que se originam da estratégia de uma empresa. As medidas selecionadas para o Scorecard são informações que os líderes usarão para comunicar aos funcionários e interessados os resultados e motivadores de desempenho através dos quais a organização atingirá sua missão e seus objetivos estratégicos. No entanto, uma mera definição não é capaz de exprimir tudo que envolve o Balanced Scorecard. Pelo trabalho que realizei em várias empresas pesquisando as melhores práticas de utilização do Scorecard, considero que esta ferramenta cumpre três finalidades: é um sistema de medição, um sistema de gerenciamento estratégico e uma ferramenta de comunicação.
Portanto, o BSC corresponde a um sistema de avaliação de desempenho
organizacional, que visa equilibrar a instituição, mediante ao balanceamento entre quatro
diferentes perspectivas. Visto que, somente a perspectiva financeira não determinará o
sucesso e a estabilidade da empresa, de acordo com Kaplan e Norton (1997, p.2):
[...] O Balanced Scorecard traduz a missão e a estratégia das empresas num conjunto abrangente de medidas de desempenho que serve de base para um sistema de medição e gestão estratégica. O Balanced Scorecard continua enfatizando a busca de objetivos financeiros, mas também inclui os vetores de desempenho desses objetivos. O scorecard mede o desempenho organizacional sob quatro perspectivas equilibradas: financeira, do cliente, dos processos internos da empresa, e do aprendizado e crescimento. O BSC permite que as empresas acompanhem o desempenho financeiro, monitorando, ao mesmo tempo, o progresso na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro.
O BSC é considerado um sistema balanceado porque visa o equilíbrio entre as
principais variáveis estratégicas, é o elo de sustentação da empresa, de acordo com Kaplan e
Norton.
Para cada perspectiva se deve definir os objetivos e as metas, além das medidas e das
iniciativas para o alcance. Seguem as perspectivas:
• Perspectiva financeira: De acordo com Kaplan e Norton (1997, p.26):
O BSC conserva a perspectiva financeira, visto que as medidas financeiras são valiosas para sintetizar as conseqüências econômicas imediatas de ações consumidas. As medidas financeiras desempenho indicam se a estratégia de uma empresa, sua implementação e execução estão contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros.
64
• Perspectiva do cliente: os indicadores devem mostrar como a organização está
prestando os serviços sendo fiel à missão da organização. Nessa perspectiva, deverá
ter excelência operacional, liderança no produto e intimidade com o cliente (NIVEN,
2005).
• Perspectiva dos processos internos: “identifica se os principais processos de
negócios definidos na cadeia de valor da empresa estão contribuindo para a geração de
valor percebido pelos clientes e atingimento dos objetivos financeiros da empresa.”
(HERREIRO FILHO, 2005, p.30).
• Perspectiva de aprendizagem e crescimento: “[...] identifica a infra-estrutura que a
empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo. [...] identifica
os fatores mais críticos para o sucesso atual e futuro (KAPLAN; NORTON, 1997,
p.29). Os indicadores devem mostrar como a organização pode aprender e se
desenvolver para garantir o crescimento com eficiência, eficácia e efetividade.
Portanto, o BSC visa, mediante essas quatro perspectivas, traduzir a missão, a
visão e os objetivos da organização em estratégias articuladas e interligadas em um sistema
bem definido, utilizando indicadores que expressem os resultados de sucesso atual e futuro.
Diante do que foi exposto, o coordenador acadêmico de curso poderá utilizar o
BSC, em contexto setorial, ou seja, na coordenação em que gerencia definido objetivos,
metas, indicadores para todas as perspectivas definidas. Podendo desenvolver um mapa
estratégico para essa aplicação e controlando os resultados.
Kaplan e Norton, em 1996, criaram um mapa estratégico envolvendo as quatro
perspectivas, que, definidas, orientam e sistematizam as idéias da organização em objetivos,
indicadores, metas e iniciativas. Segue o mapa estratégico dos autores:
65
Figura 3 - Mapa estratégico Fonte: Robert S. Kaplan e David P. Norton (1996).
O coordenador de curso de graduação, em pleno desempenho de sua função gerencial
através do BSC, poderá desenvolver em conjunto com seus colaboradores, sejam professores,
funcionários, alunos, pró-reitores, reitor entre outros, objetivos para cada perspectiva
estabelecida pela ferramenta, e a partir desta, os indicadores, as metas e as iniciativas para
cada objetivo.
O mapa estratégico desempenha diferentes funções no processo de planejamento do
BSC, é necessário compreender sua principal finalidade que segundo Herreiro Filho (2005,
p.202):
[...] é descrever, de forma dinâmica, como a organização irá criar valor ao longo do tempo. Nesse sentido, o mapa estratégico estabelece uma interação entre as atividades de formulação e de implementação, mostrando o caminho através do qual a estratégia será executada pela alta administração e pela equipe de colaboradores da empresa.
O mapa estratégico, de acordo com Kaplan e Norton baseia-se em alguns
princípios: primeiro, a estratégia traçada pelo coordenador de curso de graduação deverá
equilibrar as forças contraditórias, assim, segundo os autores, “[...] o ponto de partida da
descrição da estratégia é equilibrar e articular os objetivos financeiros de curto prazo de
FINANÇASComo somos vistos pelos nossos acionistas?
OBJETIVOS INDICADORES METAS INICIATIVAS
CLIENTESComo somos vistos pelos nossos clientes
OBJETIVOS INDICADORES METAS INICIATIVAS
PROCESSOS INTERNOSEm que devemos ser os melhores?
OBJETIVOS INDICADORES METAS INICIATIVAS
APRENDIZADO E CRESCIMENTOComo atingir a visão mantendo o potencial de crescer e inovar?OBJETIVOS INDICADORES METAS INICIATIVAS
66
redução de custos e de melhoria da produtividade com o objetivo de longo prazo de aumento
lucrativo da receita” (KAPLAN; NORTON, 2004, p.12).
Segundo, a estratégia baseia-se em proposição de valor diferenciado para os
clientes (KAPLAN; NORTON, 2004), pois a satisfação do cliente é uma fonte de valor
sustentável, assim, para o trabalho do coordenador de curso de graduação, a satisfação dos
alunos é de extrema importância para a concretização da gestão estratégica eficiente, eficaz e
efetiva.
Cria valor mediante aos processos internos, é o terceiro princípio, visto que no
mapa estratégico e no BSC, descrevem-se os resultados que a organização busca atingir, nesse
caso, o coordenador de curso de graduação. E o quarto princípio, é que a estratégia compõe-se
de temas complementares e simultâneos, que fornecem benefícios em diferentes momentos,
por fim, o quinto e último princípio o alinhamento estratégico determina o valor dos ativos
intangíveis. Afirmam Kaplan e Norton (2005, p.13):
[...] A quarta perspectiva do mapa estratégico do Balanced Scorecard, aprendizado e crescimento, trata dos ativos intangíveis da organização e de seu papel na estratégia. Os ativos intangíveis podem ser classificados em três categorias:• Capital humano: Habilidades, talento e conhecimento dos empregados.• Capital da informação: Banco de dados, sistemas de informação, redes e infra-
estrutura tecnológica.• Capital organizacional: Cultura, liderança, alinhamento dos empregados, trabalho
em equipe e gestão do conhecimento.
Portanto, o mapa estratégico fornece um modelo que expõe como a estratégia liga
os ativos intangíveis a processos que criam valores (KAPLAN; NORTON, 2005). A
perspectiva financeira descreve os resultados tangíveis da estratégia em termos de valores
financeiros tradicionais. A perspectiva do cliente expõe a proposição de valor para os
clientes-alvo, no caso da coordenação de curso, os alunos. A perspectiva dos processos
internos define os aspectos e processos críticos que se visualizam exercer maior impacto sobre
a estratégia. Por fim, a perspectiva de aprendizado e crescimento, estabelece os ativos
intangíveis mais relevantes para a estratégia. Todas essas ações deverão ser alinhadas para
que o gestor possa de fato equilibrar as variáveis de estratégia.
A estratégia a princípio se apresenta como um conjunto de hipóteses, depois
necessita de escolhas para promover a integração entre os diversos objetivos, por fim, busca
estabelecer relações de causa e efeito entre os diferentes objetivos das quatro perspectivas.
Então, as perspectivas e seus objetivos se influenciam mutuamente. De acordo com Herreiro
Filho (2005, p. 207):
67
As relações de causa e efeito funcionam como uma espécie de filtro para avaliar se o Balanced Scorecard está realmente refletindo a estratégia da organização. As relações de causa e efeito significam o uso de determinados objetivos para se atingirem objetivos de ordem superior, que, por sua vez, permitirão o atingimento dos objetivos da organização. É através dessa relações de causa e efeito entre os objetivos que a história da estratégia é contada aos principais personagens da empresa: acionistas, clientes, líderes de processos e demais membros da equipe de colaboradores.
As relações de causa e efeito levam os gestores a tomarem decisões importantes
para a organização. O processo de causa e efeito é a relação de uma serie de questões do tipo
“se, então”, exemplo:
Figura 4 - Esquema “Se, então”Fonte: Elaboração própria (2010).
Outro aspecto a ser profundamente refletido pelo coordenador acadêmico de curso
de graduação, é a analise do SWOT (pontos fortes, pontos fracos, ameaça e oportunidade).
Vale ressaltar que os pontos fortes e os pontos fracos definem a análise do ambiente interno,
no entanto, as ameaças e as oportunidades definem a análise do ambiente externo. De acordo
com Costa (2007, p.113): “[...] os pontos fortes são aquelas características positivas de
destaque, na instituição, que a favorecem no cumprimento do seu propósito; os pontos fracos
são características negativas, na instituição, que a prejudicam no cumprimento do seu
propósito”. As ameaças são aspectos que estão presentes fora do ambiente da organização,
mas que poderão influenciar negativamente para o seu desenvolvimento. As oportunidades
são tendências no mercado que podem ajudar a instituição a crescer e se qualificar.
68
A análise do SWOT possibilitará que o coordenador de curso de graduação possa
estabelecer um diálogo e um aprendizado entre a equipe do projeto Balanced Scorecard se ela
for suplementada pela análise do impacto das forças macroambientais (HERREIRO FILHO,
2005).
A concretização da elaboração do Balanced Scorecard, do mapa estratégico, das
relações de causa e efeito, o coordenador acadêmico de curso que é um gestor da instituição,
deverá colocar em prática, contudo, para que isso ocorra de uma forma eficiente e eficaz é
necessário que elabore um plano de ação que trace todas as ações envolvidas no processo de
implementação e execução do BSC.
Figura 5 - 5W1H Fonte: Antonio (2009).
O plano de ação do 5W1H é o planejamento de todas as ações necessárias para
atingir um resultado desejado, permite que as tarefas definidas sejam executadas de forma
clara e objetiva, concretizando sua implementação de maneira organizada. Para a organização
do 5W1H deve-se elaborar uma tabela sobre determinada ação e responder às seguintes
questões: What (O quê), Who (quem), How (Como), Why (porquê), Where (Onde) e When
(quando). Depois deve-se especificar cada ação. O plano de ação pronto, deverá ser exposto
pela gestão em um local visível para que a equipe possa acompanhar a execução. Segundo
Antonio (2009, p.1):
Para atingir um objetivo, uma meta, precisamos fazer alguma coisa, precisamos agir – realizar uma ou geralmente várias ações. Até “não fazer nada” pode ser uma ação necessária para atingir um objetivo. E, exceto nos casos de urgência máxima, precisamos definir uma data para concluir – um prazo. Como para ir a qualquer lugar desconhecido precisamos saber qual o caminho ou ter um mapa, para chegar a um objetivo também precisamos de uma orientação, ou de um plano – o Plano de Ação.
69
Quanto maior a quantidade de pessoas envolvidas no processo de execução, maior
a necessidade de elaborar e executar um plano de ação, sobretudo porque permitirá segurança
na aplicabilidade e concretização das metas definidas. Exemplo:
META: AVALIAR O RESULTADO DAS AÇÕES DO COORDENADOR ACADEMICO 5W1H
O QUE? POR QUE? COMO? ONDE? QUEM? QUANDO?
Desenvolver acompanhamento mediante ao diálogo e o registro de ocorrência.
Estabelecer um diálogo intencional para conhecer o cliente e o registro tem a utilidade de documentar aspectos relevantes.
Agendando entrevistas de acompanhamento em horários adequados.
Coordenação acadêmica
Coordenadoras Acadêmicas
A cada 3 meses.
Quadro 1 - Aplicação do 5W1HFonte: Baseado em Antonio (2009).
O plano de ação do 5W1H ajudará o Balanced Scorecard a ser implementado com
eficiência, eficácia e efetividade, visto que interrelaciona as ações com as perspectivas de
finanças, do cliente, aprendizado e crescimento e processos internos, além de também ligar-se
ao mapa estratégico e às relações de causa e efeito.
O coordenador acadêmico de curso de graduação para desenvolver o BSC setorial,
que é a proposta desta pesquisa, deverá analisar algumas experiências aplicadas por outros
pesquisadores, em instituições ou setores, pois adaptaram o Balanced Scorecard de Kaplan e
Norton em realidades específicas.
O tópico seguinte desse capítulo visa abordar essas experiências para fundamentar
a adequação que o coordenador acadêmico de curso deverá realizar para desenvolver e
executar o BSC.
4.3 Algumas experiências de adaptação do Balanced Scorecard (BSC)
Para desenvolver a pesquisa foi necessário realizar uma pesquisa sobre algumas
experiências de adaptação do Balanced Scorecard (BSC) em realidades em contexto
empresarial, ou apenas, nos aspectos setoriais de instituições.
Em 2008, o pesquisador Edson Luis Flores desenvolveu uma pesquisa no
programa de mestrado na Universidade de Caxias do Sul, sob o titulo de “O alinhamento do
pensamento estratégico: O Balanced Scorecard como condutor do processo na Caixa
Econômica Federal”.
70
Nessa pesquisa, Flores concluiu que mediante o BSC a Caixa Econômica Federal
conseguiu alinhar, com maior êxito o pensamento estratégico.
Essa pesquisa estava focada também na atuação dos gestores da Caixa Econômica
e através do BSC, conseguiu-se desenvolver uma escala de aferição do alinhamento do
pensamento estratégico da instituição nos vários níveis gerenciais da organização. Segundo
Flores (2008, p.130):
[...] a aplicação da pesquisa nesse trabalho junto com as demais Superintendências Regionais da Caixa Econômica Federal, pode contribuir para aferir o grau de alinhamento do pensamento estratégico nos vários níveis gerenciais e disponibilizar os gestores estratégicos informações importantes para avaliar melhor o modelo de gestão da organização. Acredita-se que o aprimoramento do modelo proposto neste estudo, pode servir de base para o desenvolvimento de escalas adequadas para avaliar o grau de alinhamento do pensamento estratégico também em outras organizações.
A pesquisa de Flores contribui cientificamente para a compreensão da relevância
e da aplicação do BSC em uma instituição bancária pública, além de expor a importância do
alinhamento no processo de gestão estratégica.
Mediante a implantação do BSC, a Caixa Econômica Federal teve um crescimento
significativo com relação aos resultados líquidos em comparação com outros concorrentes do
segmento bancário brasileiro de varejo, assim afirma Flores (2008, p.130):
[...] O resultado líquido da Caixa Econômica Federal, em valor, evolui 384,31% na comparação dos resultados obtidos no período 2 (anos de 2003 a 2006) em relação ao resultado no período 1 (anos de 1999 a 2002 – quatro anos anterior a implantação do BSC na empresa). A média de evolução, no mesmo período, dos maiores concorrentes do segmento, foi de 165,03%. Esse fato fornece forte indicação de que a adoção dos princípios do BSC, junto ao sistema de avaliação do desempenho das unidades de negócios da Caixa Econômica Federal, reflete-se também na melhoria da performance empresarial em relação à concorrência.
Segundo Flores (2008) é possível a implantação do BSC em outras organizações,
sejam públicas ou privadas.
Algumas experiências foram realizadas em instituição de ensino, especificamente
em IES. Essas implantações tiveram êxito e passaram a ser elemento de fundamento para
outras pesquisas. Assim como a tese desenvolvida no Doutorado de Maria Naiula Monteiro
Pessoa no programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção na Universidade Federal
de Santa Catarina sob o título “Gestão das Universidades Federais Brasileiras – um modelo
fundamentado no Balanced Scorecard”.
Nessa pesquisa, o objetivo foi:
71
[...] propor um modelo de gestão para as universidades federais brasileiras, fundamentado no Balanced Scorecard, voltado ao monitoramento, de forma integrada, das diversas iniciativas organizacionais, no sentido de auxiliar na racionalização do uso dos recursos humanos e materiais disponíveis. (PESSOA, 2000, p.10).
Flores (2008) foi abordou com profundidade os fundamentos que caracterizam a
universidade no Brasil, o conceito e os fatores que estão intrinsecamente relacionados com a
avaliação do desempenho das instituições federais de ensino superior, o gerenciamento de
processos, o custeio baseado em atividade e os elementos estruturante do BSC.
Flores (op.cit.) focou o setor de contabilidade das universidades federais e
constatou-se a possibilidade de aplicação do BSC, contudo com alguns desafios a serem
superados nesse contexto, dentre os desafios pode-se citar: a restrita autonomia dos gestores, a
inexistência, a remuneração variável dos ocupantes dos cargos de gerência e dos funcionários
da “linha de frente” atrelada às estratégias de longo prazo e em relação à dotação
orçamentária das universidades federais é outro efeito prejudicial à aplicação do modelo
(PESSOA, 2000).
Mesmo diante dos desafios encontrados pela pesquisadora no contexto das IES
Federais para a implantação do BSC, cita a aplicação piloto da Universidade Federal do Ceará
como uma realidade positiva, assim afirma:
Apesar das dificuldades enumeradas, a aplicação piloto na UFC possibilitou também que se constatasse a viabilidade de um modelo dessa natureza para as universidades federais. Esse resultado é uma conseqüência do firme propósito que se assumiu, quando do desenho do modelo, de promover a modernização universitária, através de uma racionalização dos recursos e uma maior satisfação dos clientes, sem contudo desrespeitar suas peculiaridades, em ternos sócio-culturais, sua autonomia e seu caráter público.Dentre as vantagens detectadas, poder-se-ia ressaltar o fato de que as universidades, com o uso do modelo, procurarão trabalhar no sentido de prevenir o surgimento de problemas, no lugar de tentar, constantemente, remediar falhas, ou seja, passarão a adotar uma postura muito mais preventiva. Nesse processo de trabalho, a visão sistêmica aí inserida, por sua vez, além de proporcionar o entendimento das relações de causa e efeito, funciona no sentido de impedir que a melhoria em certos aspectos seja obtida às custas da deterioração de outros. Ao mesmo tempo, o modelo oferece um novo foco e responsabilidade a essas organizações que, em termos financeiros, são avaliadas exclusivamente pelo fato de seus gastos ficarem dentro do orçamento. Reconhece-se que muitos desses caminhos, julgados possíveis de serem seguidos no âmbito da universidade federal brasileira, são considerados polêmicos, principalmente por se admitir a existência de um rigor indiscutível no meio universitário que bloqueia o processo decisório. (PESSOA, 2000, p.278).
A autora também ressalta que é possível mediante aplicação do BSC, adotar
iniciativas empreendedoras, minimizando ou até mesmo eliminando cursos de baixo
72
rendimento acadêmico sem, contudo, infringir as normas e regulamentos da universidade
(PESSOA, 2000).
Outra experiência de pesquisa de mestrado foi realizada por Paulo José
Sponchiado (2006), sob o título “Construção e validação de mapa estratégico com ênfase na
dimensão aprendizagem e crescimento: estudo de caso em uma unidade de uma instituição de
ensino superior com características comunitárias”, defendida na Universidade do Vale do Rio
dos Sinos no Programa de pós-graduação em Administração.
Essa pesquisa tinha como objetivo “[...] a construção e a validação de um mapa
estratégico, com ênfase na dimensão aprendizagem e crescimento aplicável em uma unidade
de uma Instituição de Ensino Superior privada, de característica comunitária, tendo como base
o Balanced Scorecard”. (SPONCHIADO, 2006, p.26).
Na pesquisa desenvolvida, Sponchiado abordou os conceitos e fundamentos da
gestão estratégica, o modelo de avaliação de desempenho e indicadores de desempenho, os
conceitos de mensuração, características dos indicadores, os ativos intangíveis, o BSC e sua
construção e a lógica Fuzzy.
Para desenvolver a pesquisa foi necessário que o autor aplicasse o SWOT que
possibilitou que analisasse o ambiente interno e externo da instituição. A partir dessa analise o
autor constatou que:
[...] a aplicação do método proposto de construção e validação do Balanced Scorecard, apresentou viabilidade de adaptação para o tipo de instituição em estudo, como também os desdobramentos nas diversas perspectivas. Para tanto se realizaram ajustes necessários com base nas peculiaridades deste ambiente. O conjunto de indicadores elaborados e ordenados nas diversas perspectivas, ligados aos objetivos da instituição permitirá um controle mais amplo e efetivo, possibilitando desta forma que os integrantes da instituição possam conhecer as estratégias e resultados esperados, como também as suas relações de causa e efeito. (SPONCHIADO, 2006, p.221).
Outro aspecto positiva nessa pesquisa foi a estruturação de indicadores de forma
balanceada, facilitando o controle, a visualização e a avaliação do desempenho da instituição
pesquisada (SPONCHIADO, 2006).
O autor baseou o BSC nos conceitos de causa-e-efeito, também utilizou os
princípios de lógica fuzzy para o planejamento estratégico para validar o BSC, considerou os
graus de pertinência entre diferentes variáveis de estratégias.
Enfim, a pesquisa de Sponchiado é mais uma pesquisa que evidencia a relevância
e a possibilidade de aplicação do BSC em uma instituição de Ensino Superior, nesse caso em
perspectiva setorial, pois tratou de uma característica comunitária de uma instituição privada.
73
A pesquisa desenvolvida por Eliene Gomes Vieira Nascimento intitulada “Método
de Gestão para Biblioteca Universitária Baseado no Balanced Scorecard” para o Mestrado
Em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior na Universidade Federal do Ceará, tem
por objetivo “Desenvolver um método de gerenciamento estratégico para bibliotecas
universitárias apoiado no Balanced Scorecard, a partir da utilização dessa ferramenta na
Biblioteca de Ciências da Saúde da UFC”. (NASCIMENTO, 2009, p.19).
Na pesquisa de Nascimento, além de ter desenvolvida uma vasta analise sobre as
bibliotecas universitárias e o Balanced Scorecard, desenvolver a missão, a visão e traçou
estratégias para esse setor.
Também definiu os objetivos e medidas de desempenho para cada perspectiva
para a Biblioteca de Ciência da Saúde da UFC na construção do BSC. Segundo Nascimento:
[...] a importância do uso desta ferramenta na Biblioteca de Ciência da Saúde por possibilitar um debate de pontos vitais executados na rotina desta biblioteca que antes não eram claramente entendidos como fundamentais ao processo de gestão estratégica desta organização. (NASCIMENTO, 2009, p.106).
A autora definiu e elaborou vários elementos que fazem parte do BSC setorial, no
caso da pesquisa para as bibliotecas universitárias da Universidade Federal do Ceará, dentre
esses elementos pode-se citar: a unidade organizacional selecionada; a visão e a missão; a
análise swot; as estratégias globais; as perspectivas; os objetivos estratégicos; indicadores e
metas para cada objetivo; ações estratégicas e o mapa estratégico.
No desenvolvimento do BSC setorial para a biblioteca de Ciência da Saúde da
UFC, a pesquisadora deparou-se com alguns desafios dentre eles: “a Biblioteca de Ciências da
Sáude não possuía planejamento estratégico oficialmente; a falta de uma cultura de
planejamento estratégico na universidade e muito menos no sistema de bibliotecas, trouxe
dificuldade na implementação piloto do método.” (NASCIMENTO, 2009, p.107).
Além dessas dificuldades Nascimento teve que desenvolver estratégias para suprir
a falta de conhecimentos por partes dos sujeitos da pesquisa sobre o significado e a relevância
da gestão estratégica, bem como do planejamento estratégico, assim advoga:
O fato de ter selecionado uma unidade dentro do sistema de bibliotecas exigiu do pesquisador o entendimento de como funcionava a gestão do sistema para visualizar o gerenciamento de uma biblioteca setorial. Outros fatores que dificultaram o desenvolvimento do método foi à falta de conhecimento do conceito de gestão estratégica por parte dos envolvidos, a falta de um planejamento estratégico claro e consolidado. Esses fatores exigiram esclarecimentos de alguns conceitos e a formulação de algumas etapas do planejamento estratégico desta instituição. (NASCIMENTO, 2009, p.107).
74
Embora as dificuldades encontradas, a autora conseguiu desenvolver um modelo
de BSC para o setor de Biblioteca especificamente da Ciência da Saúde, visto que foi a sua
amostra na pesquisa.
Outra pesquisa de igual relevância foi desenvolvida por Maurício Cassol no
Mestrado em Administração e Negócio pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul intitulada “Uma proposta de Balanced Scorecard e mapa estratégico para a gestão
estratégica de uma instituição de ensino superior privada”, tinha por objetivo “elaborar uma
proposta de Balanced Scorecard ajustado à gestão estratégica de uma Instituição de Ensino
Superior (IES) privada.” (CASSOL, 2006, p.23).
Cassol fez uma vasta analise bibliográfica sobre a estratégia empresarial, visto que
sua pesquisa trata de uma IES privada, expôs os conceitos e relevância do planejamento
estratégico e da gestão estratégica, bem como os fundamentos do BSC, mediante a gestão de
indicadores, definindo as perspectivas, as relações de causa-e-efeito, o processo de construção
do BSC e o mapa estratégico.
Na conclusão de sua pesquisa, constatou que:
O mapa estratégico, construído nesta pesquisa, é a representação gráfica que fornece visibilidade à estratégia da IES, mostrando, em um único diagrama, a integração entre os objetivos nas quatro perspectivas do BSC, descrevendo, portanto, a estratégia da instituição. Assim, se o mapa estratégico proposto nesta pesquisa for efetivamente implantado, proporcionará a visualização e a difusão da estratégia em todos os níveis da instituição. Isso faz com que todos os membros da IES compreendam a missão e os objetivos, percebendo, assim, claramente, a sua importância para o desenvolvimento da estratégia, gerando ações consistentes no sentido de cumprir esses objetivos e dar continuidade à missão da IES. Dessa forma, o mapa estratégico da IES, além de fornecer a representação visual para a integração dos objetivos da instituição nas quatro perspectivas do BSC proposto, serve como uma espécie de guia de ações que levam os membros da instituição a um único objetivo, ou seja, à execução da estratégia, e, consequentemente, o cumprimento da missão. (CASSOL, 2006, p. 166).
Evidentemente, assim como as outras pesquisas apresentadas nesse tópico,
surgiram alguns desafios a serem superados, visto que trata de uma adequação do BSC, dentre
elas identificadas por Cassol: Os objetivos foram retidos do Plano estratégico da instituição de
2001-2010, portanto os objetivos não foram elaborados sob perspectivas estratégicas de
desempenho, não foram previstas relações de causa-e-efeito entre os objetivos, causa de
restrições na disposição dos objetivos nas quatro perspectivas (CASSOL, 2006).
Mesmo diante dessas dificuldades com relação aos objetivos, Cassol (2006,
p.167) afirma que:
75
[...] apesar desta pesquisa ter desenvolvido um BSC e mapa estratégico com base em objetivos já existentes, observa-se, no mapa estratégico proposto para a IES, que, na medida do possível, os objetivos dispuseram-se de forma balanceada entre as perspectivas de aprendizado e crescimento, processos internos e clientes. Somente a perspectiva financeira apresentou uma disparidade de objetivos com as demais, seguido a tendência apontada pela literatura de que a maioria das organizações que não utiliza o BSC concentra-se mais em objetivos financeiros.
A pesquisa de Cassol (2006) demonstra que é possível e necessário a implantação
do BSC, bem como desenvolver um mapa estratégico para IES privada, aspecto semelhante a
pesquisa que esta sendo desenvolvido, contudo em contexto setorial, especificamente na
coordenação de curso de graduação.
Essa pequena amostra de pesquisas desenvolvidas teve como objetivo expor
algumas experiências de adequação do BSC em realidades diversas seja esta pública ou
privada. Algumas pesquisas apresentadas estão em consonância com a pesquisa que esta
sendo desenvolvida, visto que trata de uma instituição de ensino superior privada, e que
busca-se elaborar um modelo de BSC setorial para a coordenação acadêmica de curso da
Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro.
Portanto, diante do que foi exposto no capítulo 4, que aborda os elementos
estruturantes do planejamento estratégico, bem como o instrumento Balanced Scorecard, o
mapa estratégico e o plano de ação 5W1H, estes elementos funcionam como uma perspectiva
de gestão para coordenador acadêmico de curso de graduação.
O capítulo também expor algumas experiências concretas de elaboração e
aplicação do BSC, fator que fundamenta a possibilidade de elaboração e aplicação em
perspectivas setoriais.
Agora é possível, através do estudo de caso, verificar como esse tipo de
planejamento pode ou não contribuir na ação desse gestor, mediante a um método de
investigação que possibilite, através dos dados coletados, analisá-los e com os resultados
propor um BSC para a gestão do coordenador da IES privada.
O capítulo cinco é destinado à descrição da metodologia e o método que
possibilita a coleta de dados do estudo de caso da IES privada que será focado no coordenador
de curso de graduação tecnológica visto que é a realidade da Faculdade de Tecnologia Darcy
Ribeiro.
76
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente capítulo apresenta a estrutura da metodologia para determinar uma
gestão estratégica através de indicadores que possibilitaram desenvolver uma proposta de
BSC, como uma ferramenta de avaliação de desempenho que poderá contribuir na gestão do
coordenador acadêmico de curso de graduação.
Para desenvolver a pesquisa foi necessário definir estratégias e ações que serão
expressas em fases estruturadas e sistematizadas.
5.1 Fase 1: Revisão de literatura
A primeira estratégia para desenvolver a pesquisa foi realizar um levantamento
bibliográfico sobre as variáveis da temática, que são: modelos organizacionais, coordenador
acadêmico, planejamento estratégico e BSC.
Considerando essas variáveis, foi necessário investigar os livros e os artigos
publicados que pudessem proporcionar o embasamento teórico de que a pesquisa precisava.
5.2 Fase 2: Definição da abordagem do Estudo de Caso e da População Pesquisada
Para desenvolver a pesquisa, foi definida a abordagem de estudo de caso. Esta
oportunizou o recorte do objeto de estudo. Segundo Dias (2009b, p.1): “O método de estudo
de caso é um método específico de pesquisa de campo”. Visa investigar detalhadamente uma
ou mais organizações, com o objetivo de promover uma análise do contexto e dos processos
envolvidos no fenômeno em estudo. Segundo Yin (2005, p.32):
Um estudo de caso é uma investigação empírica que:• Investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,
especialmente quando• Os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.
No caso da pesquisa em questão, ela atende a pesquisa porque investiga um
fenômeno contemporâneo e este está dentro do contexto da vida real que no caso é a gestão do
coordenador acadêmico de curso, e os limites não estão claramente definidos pelo fato de que
não está clara a forma que esse gestor administra a realidade que atua.
77
A pesquisa foi desenvolvida na Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro pelo fato
de ser uma instituição que abriu o espaço para o desenvolvimento da pesquisa, e, também o
diretor executivo, que gerenciou a instituição até o ano de 2009, interessou-se pela pesquisa,
visto que tinha intenções de analisar os resultados e aplicar a proposta. Contudo, ainda nesse
ano citado, ocorreu uma mudança de gestão, o diretor executivo, bem como a direção
acadêmica, além de três coordenadores saíram da faculdade, no entanto participaram da
pesquisa, já que esta analisa a realidade do ano de 2009, sobretudo porque a nova gestão,
atualmente, encontra-se em período de adaptação à realidade, e também demonstraram
interesse em analisar os resultados dessa pesquisa.
Foi delimitada a população de coordenadores de curso da Faculdade de
Tecnologia Darcy Ribeiro, e os sujeitos da pesquisa são 5 (cinco) coordenadores de curso de
graduação tecnológica e uma amostra de 83 alunos que cursavam o último semestre de seu
curso na faculdade, por exemplo, os discentes do Curso Tecnológico em Marketing que
participaram da pesquisa cursavam o 3º semestre, não existia nenhuma outra turma que
estivesse cursando um semestre depois deles, portanto eles estavam aptos a participarem,
sobretudo porque tinham elementos para avaliar as ações do coordenador de curso.
A justificativa pela escolha da população de coordenadores da faculdade é que
esta somente possuía até o ano de 2009 essa quantidade de gestores, e todos tinham
experiência profissional na faculdade mais de 2 anos, fato que contribuiu com a pesquisa,
sobretudo porque suas ações tem influenciado no mínimo 3 anos o desempenho dos cursos, já
que esse é o tempo mínimo exigido do INEP/MEC.
A necessidade de analisar a visão dos discentes sobre as ações dos coordenadores
de curso é para verificar o quão suas ações atendem às necessidades dos clientes (alunos), e
para definir os pontos fortes e fracos sobre suas ações, através da visão deles, e com isso
elaborar estratégias de intervenção mediante a elaboração de indicadores e do mapa
estratégico.
Essa meta temporal é suficiente para o coordenador elaborar um plano de ação,
implementar e avaliar, novamente reelaborar e assim sucessivamente.
5.3 Fase 3: Instrumentos para a coleta e análise de dados
A coleta dos dados é uma das fases mais relevantes da pesquisa, visto que tem por
objetivo reunir as informações da pesquisa de campo, na presente dissertação, o estudo de
caso. Segundo Yin (2005):
78
Não existem mecanismos como esses para avaliar as habilidades necessárias a um estudo de caso. No entanto, uma lista básica de habilidades comumente exigidas incluiria o seguinte:• Um bom pesquisador de estudo de caso deve ser capaz de fazer boas perguntas –
e interpretar as respostas.• O pesquisador deve ser um bom ouvinte e não ser enganado por suas próprias
ideologias e preconceitos.• O pesquisador deve ser adaptável e flexível, de forma que as situações
recentemente encontradas possam ser vistas como oportunidades, não ameaças.• O pesquisador deve ter uma noção clara das questões que estão sendo estudadas,
mesmo que seja uma orientação teórica ou política, ou que seja de um modo exploratório. Essa noção tem como foco os eventos e as informações relevantes que devem ser buscadas a proporções administráveis.
• O pesquisador deve ser imparcial em relação a noções preconcebidas, incluindo aquelas que se originam de uma teoria. Assim, a pessoa dever ser sensível e estar atenta a provas contraditórias. (YIN, 2005, p.83).
No caso da pesquisa em questão, serão seguidas fielmente essas habilidades para
que os resultados sejam fidedignos e realmente respondam à pergunta de partida.
Para coletar os dados foram utilizadas duas técnicas: a entrevista e o questionário.
A entrevista foi do tipo estruturada. Segundo Marconi e Lakatos (2003, p.195) é
caracterizada por ser “[...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza
profissional [...]”. O tipo estruturada possibilita a liberdade do entrevistador de desenvolver
situações que foram contempladas no roteiro. Em geral, as perguntas são abertas podendo ser
respondidas através do diálogo. De acordo com Yin (2005), uma das mais importantes fontes
de informações para um estudo de caso são as entrevistas. Pode-se ficar surpreso com essa
observação, por causa da associação usual que se faz entre as entrevistas e o método do
levantamento de dados. As entrevistas, não obstante, também são fontes essenciais de
informação para o estudo de caso.
[...] Observe que isso significa que, ao longo do processo de entrevista, você tem duas tarefas:a) Seguir sua própria linha de investigação, como reflexo do protocolo de seu
estudo de caso, eb) Fazer as questões reais (de uma conversação) de uma forma não tendenciosa
que também atende às necessidades de sua linha de investigação. (YIN, 2005, p.116).
Foi focalizada na entrevista, a visão de gestão do coordenador de curso, a relação
política, educacional, institucional e gerencial de suas ações diante do curso, o tipo de
79
planejamento desenvolvido na IES, a percepção de qualidade na educação superior, o perfil da
função do coordenador entre outros aspectos relevantes.
O questionário teve como objetivo estruturar as informações coletadas e através
deste poder utilizar as informações como base para estabelecer indicadores que possibilitem a
elaboração do mapa estratégico e suas relações de causa-e-efeito, bem como proporcionar
informações estatísticas para a pesquisa.
Para desenvolver a análise e a interpretação dos dados, realizoou-se categorizou-
se as variáveis de texto (palavra ou frases) que se repetem, inferindo uma expressão que as
representem.
Na pesquisa, foram analisados, nas interpretações dos dados, os registros
realizados na observação e as transcrições das entrevistas que possibilitarão a categorização
dos conteúdos correlatos e a tabulação das respostas abertas.
Espera-se, mediante os procedimentos metodológicos, responder à pergunta de
partida da pesquisa e atingir os objetivos propostos, sendo coerente e coeso diante das
informações coletadas.
FASE 1 FASE 2 FASE 3
Figura 6 - Esquema do procedimento metodológicoFonte: Baseado em MARCONI e LAKATOS (1992)
REVISÃO DE LITERARTURA
ESTUDO DE CASO
INSTRUMENTO PARA COLETA E ANALISE DOS DADOS
ÁREA 1
ÁREA 2
ÁREA 3
ENTREVISTA NÃO
-ESTRUTURADAQUESTIONÁRIO
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
80
5.4 Método proposto para uma gestão estratégica
Diante dos modelos organizacionais abordados nessa pesquisa, especificamente o
gerencialismo que é o foco desta, e que foi amplamente discutido no capítulo 2, considerando
a atuação do coordenador acadêmico de curso de graduação como gestor essencial para a
execução de uma educação de qualidade em uma IES e o planejamento estratégico como
processo que visa organizar a instituição para a tomada de decisão, percebe-se a necessidade
de definir uma ferramenta que possa comportar as três abordagens em uma gestão estratégica.
Analisando essa perspectiva, o BSC vem corroborar com esse aspecto, pois é uma ferramenta
que concretizará as três abordagens de maneira sistêmica, coesa e articulada em objetivos,
metas e ações interrelacionadas e gerando relações de causa e efeitos que refletirão na
organização da atuação do gestor.
O BSC é um sistema balanceado em via de “mão dupla”, a partir da elaboração,
aplicação e avaliação deste será possível equilibrar o gerencialismo, a atuação do coordenador
acadêmico de curso de graduação e o planejamento estratégico.
Figura 7 - Relação de equilíbrio a partir do BSCFonte: Baseado em NIVEN (2007)
O BSC permite o equilíbrio dessas variáveis a partir de quatro perspectivas:
“financeira, cliente, processos internos e aprendizado e crescimento” Kaplan e Nortan (1997).
No caso da presente pesquisa, foram definidas as seguintes perspectivas: financeira, cliente,
processos internos, aprendizado e crescimento e além dos processos acadêmicos.
81
Os processos internos do BSC que foi elaborado na Faculdade de Tecnologia
Darcy Ribeiro, são definidos por todos “os processos críticos que poderão afetar os resultados
estabelecidos nas perspectivas do cliente” (SILVA, 2009, p. 112) e os processos acadêmicos.
Entre os processos críticos pode-se citar a inovação, identificando e antecipando as
necessidades atuais e futuras dos alunos e as decisões que deverão ser tomadas para o
atendimento dessas.
A perspectiva do cliente está definida pela sociedade, especificamente no caso da
presente pesquisa o aluno. Nessa perspectiva, o gestor deverá conhecer o cliente, buscar
sistematicamente, atender as suas necessidades, e com isso fidelizá-lo.
A perspectiva financeira está definida pela relação dos elementos tangíveis
especificamente o número de alunos matriculados em cada curso pela IES, número de alunos
adimplentes e inadimplentes e números de alunos trancados e transferido. Esses três
fenômenos que ocorrem na instituição impactam no desempenho financeiro do curso,
consequentemente na sua rentabilidade.
A perspectiva de aprendizado e crescimento “[...] indica a infra-estrutura que a
empresa deve construir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo. O aprendizado e o
crescimento organizacional provêm de três fontes principais: pessoas, sistemas e
procedimentos organizacionais.” (SILVA, 2009, p.118).
Portanto, nessa perspectiva, foram identificadas essas três fontes e aprimorar as
capacidades organizacionais, através da potencialidade dos funcionários que estão
trabalhando em conjunto com o coordenador de curso de graduação, do sistema de
informações adequadas que esteja alinhado com as três perspectivas: clientes, processos
internos e processos acadêmicos, por fim, a motivação dos funcionários que será propulsor de
resultados positivos.
Na perspectiva dos processos acadêmicos, foram abordados todos os
procedimentos relacionados aos alunos, desde a sua chegada à IES, mediante o vestibular, até
sua saída, que será efetivado na cerimônia de colação de grau ou em casos de transferência
externa.
Os aspectos institucionais também estarão em voga nessa perspectiva, bem como
os documentos que fundamentam a faculdade como PDI, PPC, Regimento interno entre
outros.
Essa perspectiva contempla os aspectos relacionados com os procedimentos do
setor de atendimento ao aluno, o setor de controle acadêmico, o setor de arquivo, o setor de
coordenação acadêmica e por fim, a direção acadêmica.
82
Todos esses setores definem em conjunto os melhores procedimentos acadêmicos
para atender com excelência o cliente (aluno), sendo assim deverá estar em equilíbrio com as
demais perspectivas citadas anteriormente.
Figura 8 - Perspectiva do BSC para uma IES privadaFonte: Baseado em Kaplan e Norton (2004)
Considerando que a elaboração do BSC em uma instituição passa por algumas
etapas bem definidas, segundo Kaplan e Norton (1997), no caso de uma IES privada, essas
etapas serão adequadas à realidade proposta.
Essas etapas foram definidas segundo o modelo baseado por Kaplan e Norton
(1997), que visa mediante o BSC encontrar o equilíbrio entre as perspectivas definidas
anteriormente.
Ratifica-se que é necessário definir essas etapas para que a instituição não se perca
no processo de elaboração, implantação, execução e avaliação do BSC. Assim, todos os
envolvidos saberão como está o processo e o que fazer para que seja concretizado, no caso da
pesquisa, o coordenador acadêmico de curso de graduação será a peça chave dessa
elaboração, execução e aplicação.
O método proposto visa, mediante 9 (nove) etapas bem definidas e articuladas de
forma sistêmica, responder à problemática da pesquisa, sugerindo um modelo de
83
planejamento estratégico que utiliza o BSC para a sua execução. Cada uma será apresentada e
exposta para a compreensão do método.
Figura 9 - Etapas do método propostoFonte: Baseado em Kaplan e Norton (2004)
DEFINIÇÃO DA UNIDADE ORGANIZACIONAL
ANÁLISE DO CENÁRIO- SWOT
ANÁLISE DA MISSÃO E VISÃO E ESTRATÉGIA DO SETOR
DEFINIÇÃO DAS PERSPECTIVAS
ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS, METAS E INDICADORES
MAPA ESTRATÉGICO
RELAÇÃO DE CAUSA-E-EFEITO
DEFINIÇÃO DAS AÇÕES – 5W1H
IDENTIFICAÇÃO DAS DIMENSÕES
84
5.4.1 Etapas do método proposto para a gestão estratégica
5.4.1.1 Etapa 1 - Definir a unidade organizacional
Nessa primeira etapa, foi definida a unidade organizacional desejada no setor de
coordenação de graduação, visto que mediante essa ação se estabeleceu todo o processo de
elaboração do BSC.
Essas definições visam abordar a forma da organização, sua estrutura,
característica e identidade.
Foi necessário estabelecer critérios para a definição da unidade organizacional, e
estes foram desenvolvidos durante o estudo de caso em conjunto com os sujeitos da pesquisa,
mediante a observação e as entrevistas aplicadas.
5.4.1.2 Etapa 2 - Elaborar a missão, visão e estratégias do setor
Nessa etapa, a princípio, foram analisados em conjunto com os coordenadores de
curso de graduação da IES, a missão, a visão e os valores já existentes. Após essa análise, será
apresentada a relevância desses elementos na organização de uma instituição e propor a
elaboração desses elementos em caráter setorial.
A missão, segundo Niven (2007, p. 91), “[...] examina a razão de ser da
organização além de simplesmente gerar riqueza para o acionista, e reflete a motivação dos
funcionários para engajarem-se ao trabalho executado na empresa.”
A visão define o que a instituição almeja ser no futuro. Já os valores são
princípios eternos que orientam uma organização. As estratégias são planos de gerenciamento
de alto nível criados para orientar a faculdade no futuro (NIVEN, 2007).
A missão, visão e estratégias foram desenvolvidas para uma perspectiva setorial e
em colaboração com os coordenadores de curso de graduação da Faculdade de Tecnologia
Darcy Ribeiro.
5.4.1.3 Etapa 3 – Identificação das dimensões
Esta etapa é relevante, pois conduz o coordenador de cursos de graduação
compreender as quatro dimensões que poderá desenvolver nas IES, que são: dimensão
política, dimensão acadêmica, dimensão institucional e dimensão gerencial (FRANCO, 2002).
85
As dimensões contribuem para a construção do BSC, visto que possibilita a compreensão da
função do coordenador acadêmico em uma IES.
A primeira está vinculada a questões de cunho representativo e de liderança,
assim como foi exposto no capítulo três.
A segunda dimensão está voltada às ações do coordenador de curso em aspectos
acadêmicos e pedagógicos.
A terceira expõe o trabalho do coordenador de curso em aspectos correlatos ao
desempenho pedagógico e profissional dos alunos, além do desempenho da instituição de
ensino que trabalha.
A última dimensão está vinculada aos aspectos de gerência do coordenador de
curso de graduação, nessa existe a preocupação com relação aos aspectos de cunho
arquitetônico da IES, das instalações, do funcionamento organizacional dos recursos humanos
e materiais.
5.4.1.4 Etapa 4 - Análise do cenário- SWOT
A análise do cenário da instituição foi desenvolvida, como todas as etapas do
método, com a colaboração do coordenador acadêmico de curso de graduação, através da
participação destes mediante as respostas da entrevista e da aplicação do questionário.
Essa etapa é extremamente relevante, visto que visa identificar os pontos fortes, os
pontos fracos, as ameaças e as oportunidades do setor mediante a aplicação do SWOT.
O SWOT é uma ferramenta que busca analisar o cenário em que está inserida a
instituição ou o setor, mediante a análise do ambiente interno e externo.
A análise do ambiente externo visa segundo Herreiro Filho (2005) analisar o
impacto das forças macro-ambientais (ameaças e oportunidades) e o ambiente interno, o
impacto das forças micro-ambientais (forças e fraquezas).
5.4.1.5 Etapa 5 - Definir as perspectivas da proposta para a gestão estratégica
Como já foi mencionada, a pesquisa foi desenvolvida estabelecendo perspectivas
sob a visão de Kaplan e Norton (1997). Essas perspectivas fornecem um modelo amplo e
suficiente que se encaixam aos objetivos, indicadores e metas que facilitam a gestão dos
negócios da instituição (SILVA, 2009).
86
Nessa etapa, foi sugerido que, além das quatro perspectivas, fosse acrescentada a
perspectiva dos processos acadêmicos. Os processos acadêmicos são amplos, contudo
específicos, dentre esses processos pode-se citar:
• Controle acadêmico: acompanhamento sistemático da vida do aluno na instituição;
inscrição do aluno no vestibular para o curso que coordena; acompanhamento do
resultado do vestibular; acompanhamento da matrícula do aluno no curso; bem como
seu cadastro no sistema de controle acadêmico da IES; análise e acompanhamento da
lotação dos professores por turma; curso e disciplina; acompanhamento do lançamento
das notas das disciplinas; verificação do preenchimento do diário de classe por parte
do professor; acompanhamento das turmas concludentes; acompanhamento das
defesas das dissertações monográficas quando o projeto do curso e a matriz curricular
exigem; análise de aproveitamento de disciplinas; transferências internas e externas;
trancamento de disciplina ou de matrícula; análise de solicitações diversas por parte
dos alunos e professores;
• Arquivo: o coordenador acadêmico deve conhecer esse setor, porque o auxiliará a
atender com eficiência o seu aluno, pois contém toda a documentação do discente,
desde o momento do seu ingresso na instituição até a solicitação de colação de grau,
transferência, trancamento, cancelamento de curso, entre outros.
• O atendimento ao aluno: é importante o coordenador saber como funciona esse setor e
no que interfere no seu desempenho, porque é nesse que o aluno recebe o primeiro
atendimento antes de chegar ao coordenador, portanto são setores que precisam estar
constantemente alinhados.
• Secretaria acadêmica: é outro setor de extrema relevância para a atuação do
coordenador de curso, visto que toda a solicitação impressa ou manuscrita pelo aluno,
a princípio é encaminhada para a secretaria, filtrada e posteriormente encaminhada
para o coordenador para que este possa prestar o despacho à solicitação.
• Orientação dos professores: é uma atuação do coordenador acadêmico de curso que é
relevante, visto que o projeto do curso será efetivado conforme a orientação prestada
pelo coordenador aos professores, que colocará em prática a missão, sua filosofia, bem
como as perspectivas científicas e profissionais vinculadas ao curso.
Foram desenvolvidos junto com os coordenadores de curso de graduação da
Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro, os objetivos e as estratégias para cada perspectiva.
87
5.4.1.6 Etapa 6 - Estabelecer os objetivos, metas e indicadores
Após estabelecer as perspectivas, os objetivos e as estratégias foram
desenvolvidos as metas e os indicadores.
Nessa etapa, foi necessário alinhar as metas e os indicadores com as iniciativas
estratégicas, e com isso, a concretização dos procedimentos. Corroborando com Silva (2009,
p.103): “[...] O processo gerencial de planejamento e metas permitirá a quantificação dos
resultados pretendidos em longo prazo.”
Para fazer esse alinhamento foram necessárias duas reuniões com os
coordenadores, a primeira com o intuito de unificar as informações acerca das metas e dos
indicadores do setor e a segunda para estabelecer as metas e os indicadores.
5.4.1.7 Etapa 7 - Mapa estratégico
A sexta etapa visou elaborar o mapa estratégico com o intuito de expor as medidas
das quatro perspectivas definidas no modelo proposto: cliente, financeira, aprendizado e
crescimento, processos internos e processos acadêmicos.
O mapa estratégico baseia-se, segundo Kaplan e Norton (2004), em alguns
princípios: a estratégia equilibra forças contraditórias, define valores diferenciados para os
clientes, cria valor por meio dos processos internos, compõem temas complementares e
simultâneos e realiza alinhamento estratégico que estabelece valores intangíveis. Portanto, de
acordo com os autores: “[...] O mapa estratégico acrescenta uma segunda camada de detalhes
que ilustra a dinâmica temporal da estratégia; também adiciona um nível de detalhe que
melhora a clareza e o foco [...].” (KAPLAN; NORTON, 2004, p.10).
5.4.1.8 Etapa 8 - Relação de causa-e-efeito
Essa etapa foi realizada após a criação do mapa estratégico e da relação de causa-
e-efeito.
Essa relação demonstra os aspectos influenciadores das estratégias. Advoga Niven
(2007, p.200): “As vinculações de causa e efeito definem a trilha específica que você
percorrerá para conquistar sua estratégia. Sem contar com esta série de conexões, você terá
nada além de uma coleção especial de medidas financeiras e não-financeiras [...].”
88
Por esse motivo é tão relevante para o processo de elaboração, implantação e
execução do BSC, a pesquisa setorial.
5.4.1.9 Etapa 9 - Definir ações – 5W1H
É relevante que se estabeleça como o BSC será aplicado. Esse planejamento foi
realizado mediante a definição do 5W1H, que o coordenador do curso de graduação deverá
estruturar.
Nessa etapa, o coordenador precisará compreender a necessidade de desenvolver
um trabalho em equipe, visto que um componente dessa ferramenta. Contudo, é importante
que direcione com clareza e precisão as funções daqueles funcionários que estarão em seu
gerenciamento.
89
6 APLICAÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO
A proposta tem por objetivo desenvolver um método de gestão estratégica para o
setor de coordenação acadêmica de curso de graduação da Faculdade de Tecnologia Darcy
Ribeiro, mediante os preceitos do Balanced Scorecard.
O objetivo deste capítulo é definir uma gestão estratégica através de indicadores
que possibilitem a elaboração de uma proposta de BSC setorial, para que as coordenadoras
possam aplicar na instituição que atuam, e com ele ter elementos que possam avaliar o
desempenho de suas ações e com isso buscar melhorias, sobretudo para manter uma gestão
eficiente, eficaz e efetiva.
Ressalta-se que a Faculdade possui cinco profissionais do sexo feminino na gestão
acadêmica de curso de graduação.
A escolha da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro, dentre as demais IES
privadas, foi pelo fato de ser uma instituição nova, em crescente expansão e, também por seus
gestores estarem abertos a sugestões que possam melhorar ainda mais o seu desempenho em
um mercado competitivo. A escolha do foco da pesquisa que são os coordenadores de curso
de graduação foi devida aos seguintes critérios:
1- A experiência vivida pelo pesquisador, visto que também exerce essa função há
quase sete anos;
2- Constatação das poucas pesquisas que explorassem esse foco, fato que instigou o
desejo de pesquisar sobre o assunto;
3- O diferencial da pesquisa que é a relação entre coordenação acadêmica de curso
com o BSC;
4- Facilidade do pesquisador em obter as informações no estudo de caso, mediante o
acesso à Faculdade, e à abertura e interesse do núcleo gestor em participar da
pesquisa.
O método proposto na pesquisa busca definir uma nova visão para a IES,
permitindo ao gestor analisar a realidade e suas ações a partir dos elementos coletados com os
instrumentos da pesquisa.
6.1 Apresentação da organização
A Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro é uma instituição privada situada no
centro da cidade de Fortaleza, tem como missão “Realizar pessoal e profissionalmente alunos
90
e egressos, fortalecendo as organizações parceiras e contribuindo para a construção de uma
sociedade mais justa humana e feliz”, e como visão de “Tornar-se um centro de excelência
como escola de negócio do Estado do Ceará.”
Diante dessa missão e visão, a Faculdade definiu seu Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI), com vistas a oferecer cursos tecnológicos atendendo a LDB - Nº 9394/96.
A Faculdade até o ano de 2009 estava sendo dirigida por: um diretor geral, um
diretor financeiro, uma diretora acadêmica e cinco coordenadoras de curso de graduação. Os
cursos oferecidos de graduação pela IES são: Curso Tecnológico em Gestão em Turismo,
Curso Tecnológico em Processos Gerenciais (Empreendedorismo), Curso Tecnológico em
Gestão de Recursos Humanos, Curso Tecnológico em Marketing e Curso Tecnológico em
Gestão Financeira. Vale ratificar que a Faculdade oferece cursos de pós-graduação lato sensu,
porém, como não é o foco da pesquisa, não serão expostas as especificações destes.
6.1.1 Coordenação de curso da IES
O setor de coordenação de curso de graduação até o ano de 2009 da Faculdade de
Tecnologia Darcy Ribeiro, era formado por cinco coordenadoras, cada uma atendendo a um
curso de graduação tecnológica.
Segundo as entrevistas aplicadas em outubro de 2009, as atividades desenvolvidas
na coordenação da Faculdade visam os trabalhos práticos, e aproximam a realidade do curso
com a prática diária exigida no mercado de trabalho.
O setor de coordenação trabalha em conjunto com a direção acadêmica e a
secretaria acadêmica, de acordo com as entrevistadas.
Os aspectos relevantes no trabalho desenvolvido na coordenação de curso nessa
instituição segundo as coordenadoras são: comprometimento com o ensino de qualidade; a
oferta de cursos, seminários, palestras; o cumprimento de tarefas cada vez mais complexas;
busca constante em motivar os alunos a se apropriarem de conhecimento; planejamento; apoio
ao aluno no desenvolvimento do plano de negócio; integração do corpo docente e a
coordenação; atendimento ao aluno; acompanhamento do conteúdo ministrado pelo professor;
e acompanhamento de mercado, verificando sempre novas tendências.
A coordenação de curso de graduação busca atender à missão e à visão da IES,
portanto o setor não possui missão e visão setorial, acreditam que não é necessário elaborar,
sobretudo porque afirmam procurar acompanhar de perto o desenvolvimento dos alunos,
manter contato com os egressos, busca motivar os discentes e docentes em relação ao curso,
91
avaliam sempre os professores, visto que visam a qualidade de ensino, além de criar, elaborar,
e organizar palestras como por exemplo o Projeto Saber para Todos.
No capítulo 4, foi discutida a relevância da missão em uma instituição, que é a
razão de existência da organização. Com base no que foi exposto pela coordenadora o setor
busca atender à missão da IES, esta já citada no item acima. Quanto à visão, que é o desejo a
ser realizado no futuro da instituição, não ficou muito claro se atendem ou não à visão da
faculdade.
É relevante ratificar que, em entrevistas aplicadas, as coordenadoras afirmaram que
desenvolvem planejamentos pedagógicos, contudo não apresentaram consenso em relação à
freqüência da sua elaboração e na avaliação de sua execução.
Diante da caracterização do setor de coordenação pelas coordenadoras e pelo fato
de fazer parte do método proposto a identificação das dimensões, a mesma será explicada no
próximo item.
6.2 Identificação das dimensões
No capítulo 3 desse estudo, foi amplamente discutida a função do coordenador
acadêmico de curso de graduação, bem como a definição das dimensões segundo Franco
(2002). Ressalta-se que a definição das dimensões ajudou a desenvolver o BSC visto que
possibilita a compreensão da função do coordenador.
Para dissertar sobre tal item, será necessário analisar os dados coletados nas
entrevistas e nos questionários aplicados às coordenadoras e aos alunos da Faculdade.
As ações do coordenador de curso de graduação estão divididas em quatro
dimensões: política, acadêmica, institucional e gerencial. Na pesquisa, foram colocados
alguns itens sobre cada uma das dimensões para que as coordenadoras e os alunos pudessem
responder, contudo algumas perguntas feitas para as gestoras, não foram feitas para os
discentes, porque os alunos não teriam elementos para responder, visto que trata do processo
operacional da ação da coordenação.
A dimensão política está direcionada às ações que exigem do coordenador que aja
como um representante e líder do curso, divulgando-o e atualizando-o atendendo às
exigências do MEC e do mercado de trabalho. Algumas coordenadoras nas entrevistas
aplicadas confundiram o papel de líder com o trabalho desenvolvido de cunho acadêmico,
apenas uma afirmou que faz intervenções na sala de aula a respeito do comportamento
92
discente, mediando conflitos, buscando manter sempre um clima harmonioso e unido entre
todos.
Os questionários apresentam um cenário que demonstra essa confusão ou pouca
ação conforme visto na dimensão 1.
Os gráficos a seguir expõem as respostas das gestoras e dos alunos, sobre a
dimensão política.
Gráfico 1 - Visão das coordenadoras sobre sua ação na dimensão 1: políticaFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
É visível que 100% das gestoras concordam que exercem o papel de líder do curso
que coordena, contudo os demais itens apresentaram um pouco de divergência visto que a
grande maioria das respostas está em torno de 50%. Os itens não ocorre e pouco freqüente
não foram marcados, por isso não aparecem no gráfico. É evidente, diante da análise do
gráfico, que todas as coordenadoras acreditam estar cumprindo com a sua atribuição com
relação à dimensão 1 a contento, no entanto não é o que se percebe quando analisasse a
mesma resposta pelos alunos.
Verificando as respostas dos 83 alunos com relação à dimensão 1, que está
relacionada com o papel político do coordenador de curso, pode-se perceber que os resultados
dessa dimensão não são tão animadores, visto que comparando com as respostas das
coordenadoras pode-se encontrar itens com 100% de ação. Quando se analisa as respostas dos
alunos, demonstra-se que as coordenadoras estão colocando em prática tal dimensão, no
93
entanto os resultados não estão satisfazendo parte aos discentes, e também não estão
realmente avaliando tais resultados como foi apresentado na entrevista e já citado acima.
Gráfico 2 - Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 1: políticaFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
As categorias foram definidas conforme a freqüência identificadas pelo discente
em relação à ação do coordenador na dimensão citada.
Na dimensão 2, que é destinada aos aspectos acadêmicos, foi questionado se as
gestoras haviam participado da elaboração do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) e todas
afirmaram que não participaram, mas que conheciam o projeto. Em entrevista, duas
coordenadoras avaliam o desempenho do curso, através da verificação do diário de classe do
professor, pois podem analisar a freqüência da turma e o conteúdo programático ministrado,
também conversam com os alunos em sala ou individualmente, além de estar em contato com
os representantes de sala. As demais coordenadoras afirmaram que avaliam mediante um
relatório, mas não ficou claro quem elabora os relatórios, e como coletam informações para
compor tal instrumento de avaliação.
Os questionários aplicados apresentam apenas um item com 100% de freqüência,
significando que todas as coordenadoras buscam a qualidade do curso, no entanto as demais
categorias apresentaram discrepâncias em suas respostas, visto que dois itens Estimula a
iniciação científica e Estimula projeto de extensão apresentaram indecisão na informação e
94
também desconhecimento por parte de uma coordenadora, assim como se pode perceber logo
abaixo.
Gráfico 3 - Visão das coordenadoras de acordo com a dimensão 2: acadêmicaFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
Dois itens não foram expostos no gráfico porque todas as coordenadoras
afirmaram essa ação não ocorriam na IES, que são: Assume a responsabilidade pela
orientação e pelo acompanhamento dos monitores e realiza acompanhamentos nos
estágios supervisionados.
Com relação ao questionário respondido pelos 83 alunos, é possível analisar o
seguinte cenário a partir do gráfico 4:
95
Gráfico 4 - Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 2: acadêmicaFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
Segundo a observação do gráfico acima, somando as porcentagem das categorias
muito freqüente e sempre cerca de 50,8% dos alunos afirmam que é freqüente a busca pela
qualidade do curso pelas coordenadoras, no entanto 30% advogam que não ocorre ou é pouco
freqüente e 19,5% desconhecem que tal ação.
Com relação à avaliação do curso, fato que as coordenadoras afirmaram através
das entrevistas e dos questionários, o que se observa é que os itens muito freqüente e sempre
foram os mais indicados, contudo o pouco freqüente demonstra que os alunos não percebem
essa ação por parte das coordenadoras, e os itens não ocorre e desconheço tal ação, que
somando os dois chega-se a um total de 31,2% dos participantes, é observável pelo gráfico
que os alunos não tiveram contato com as avaliações ou não sabem dos resultados das
avaliações e ou nunca participaram de um processo avaliativo que não fosse o didático-
pedagógico.
O item Estimula a iniciação científica universitária causa estranhamento, pelo
fato das coordenadoras afirmarem não trabalhar com a iniciação científica na IES, e mesmo
com a discrepância da informação, os alunos afirmam que é freqüente ou que é pouco
freqüente, uma ação que não existe na faculdade. Isso demonstra pouca informação sobre o
assunto que proporcionasse aos discentes elementos avaliativos fidedignos.
No que diz respeito a última categoria que trata sobre O programa de extensão
universitária, o gráfico expõe que a maioria dos alunos encontra-se ‘desconhecendo tal
96
ação’, isso quer dizer que na verdade não sabem se a faculdade tem ou não tal ação, enquanto
que a maioria das coordenadoras também demonstraram também desconhecer tal ação na IES,
poucas responderam que é freqüente tal programa na instituição.
Vale ratificar que os itens Assume a responsabilidade pela orientação e pelo
acompanhamento dos monitores e Realiza acompanhamento nos estágios
supervisionados, foram categorias que as coordenadoras afirmaram não trabalhar na IES,
contudo os alunos demonstraram ter dúvida se tais ações são realizadas ou não.
Nesse cenário, é perceptível que os alunos não detêm informações concretas com
relação às ações realizadas na IES no que diz respeito à dimensão acadêmica.
A dimensão 3 intitulada institucional, trata do desempenho pedagógico e
profissional dos alunos, além do desempenho da instituição de ensino que trabalha foi
também explorado nas entrevistas e nos questionários.
Nas entrevistas, foi questionado como as coordenadoras fazem o
acompanhamento do ENADE, e elas informaram que entregam um caderno com informações
e também realizaram em junho de 2009 uma prova simulada.
Também foi questionado nas entrevistas às gestoras, como elas fazem o
acompanhamento do processo de reconhecimento dos cursos, e informaram que em maio de
2008, a Faculdade passou pelo reconhecimento, e agiram em conjunto com a direção
acadêmica, preparando os documentos exigidos pelo MEC, além de ficarem atentas aos
prazos estabelecidos, apresentando os projetos, ficando disponíveis às visitas dos avaliadores,
por fim, orientando os alunos e professores que iriam conversar com os avaliadores.
Nos questionários aplicados às coordenadoras, foram analisadas 9 (nove)
categorias de grande importância nessa dimensão institucional. Segue abaixo o gráfico que
representa tal dimensão.
97
Gráfico 5 - Visão das coordenadoras de acordo com a dimensão 3: institucionalFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
No gráfico acima, pode-se analisar que na maioria das categorias, as
coordenadoras afirmam estarem agindo com freqüência, apenas com exceção da categoria
Busca fontes alternativas de recursos, onde a grande maioria apresenta-se desconhecer tal
ação.
O questionário apresenta duas categorias que não foram exploradas pelo gráfico
que foram: a primeira Verifica e acompanha a empregabilidade dos alunos, uma das
coordenadoras afirma que não existe tal ação na IES, as demais afirmaram que acompanham.
Uma coordenadora afirmou na entrevista que verifica quando é solicitada e tem acesso à
informação, por isso acompanha somente às vezes.
A segunda categoria não explorada no gráfico questiona se a gestora Relaciona o
planejamento da IES com os princípios das dimensões do SINAES, e o resultado foi que
uma afirma que essa ação não existe na IES, três apresentaram indecisão em responder sobre
tal assunto, e apenas uma afirma que é sempre freqüente essa relação.
No questionário dos alunos, foram exploradas apenas três categorias da dimensão
institucional, sobretudo porque alguns assuntos abordados pela dimensão os discentes não
teriam informações para responder com clareza e precisão.
98
Gráfico 6 - Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 3: institucionalFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
Esse gráfico deixa claro que, na avaliação dos alunos as coordenadoras agem com
pouca freqüência ou simplesmente não ocorre a verificação da situação acadêmica do aluno, a
busca de alternativas de recursos e o acompanhamento da empregabilidade dos alunos.
As categorias muito freqüente e sempre receberam poucas indicações pelos
alunos em relação às outras.
Com relação ao que foi informado pelas coordenadoras, as discrepâncias nas
informações estão na Verificação da situação acadêmica do aluno e a Busca de alternativa
de recursos, visto que as gestoras afirmaram que agem com freqüência nessas duas
categorias, o que se pode perceber é que às ações não estão atendendo as expectativas dos
alunos que afirmam desconhecer tal ação ou que suas ações são pouco freqüentes.
A última dimensão trata dos aspectos de gerência do coordenador de curso de
graduação, segundo Franco (2002) o gestor de curso deve preocupar-se com os aspectos de
cunho arquitetônico da IES, das instalações, do funcionamento organizacional dos recursos
humanos e materiais.
De acordo com as entrevistas, as coordenadoras afirmam que embora sua
autonomia seja limitada, verificam sempre as instalações da instituição, também avaliam os
livros da biblioteca, que por sinal precisam ser atualizados, analisam o funcionamento
organizacional, além de fazerem reuniões sistemáticas com os professores em que são tratadas
as normas da Faculdade, orientações sobre o conteúdo programático e o nível de interesse e
99
aproveitamento do discente, a assiduidade dos alunos e o compromisso com os horários e
geralmente ouvem sugestões por parte dos docentes.
Gráfico 7 - Visão das coordenadoras sobre sua ação na dimensão 4: gerencialFonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
Analisando-se o gráfico acima nessa dimensão gerencial duas categorias em que
as coordenadoras agem com freqüência têm elevado percentual que são: Verificação das
instalações com 75% e o Controle da freqüência que foi de 100%. No entanto as outras
categorias apresentaram um maior número de desconhecimento da ação, com relação à
freqüência de suas ações. Apenas uma coordenadora afirmou que não realiza a Buscar
atualização da biblioteca.
O questionário aplicado para os alunos buscou verificar as mesmas categorias do
questionário das coordenadoras, segue abaixo o gráfico:
100
Gráfico 8 - Avaliação dos alunos sobre a ação do coordenador na dimensão 4: gerencial Fonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
É possível verificar que uma parte dos alunos concorda com as coordenadoras no
que diz respeito ao controle de freqüência, no entanto as demais categorias tiveram o maior
número em porcentagem nos itens Desconheço tal ação, Não ocorre e Pouco freqüente.
Isso demonstra que, novamente, assim como em outros gráficos analisados em outras
dimensões, as ações das coordenadoras ficam ocultas para o maior número de discentes, ou
seja, eles não conseguem ver os resultados, ou quando vêem não são suficientes para
satisfazer suas exigências como cliente.
É necessário que os resultados das ações das coordenadoras de curso de
graduação, sejam de alguma forma divulgados para os discentes, para que possam
acompanhar e analisar o crescimento da IES, mediante o trabalho desenvolvido. Caso não
divulguem, os alunos nunca irão saber com clareza e precisão sobre as ações estratégicas
realizadas pelas gestoras na coordenação, e isso afetará na relação de satisfação, fidelização e
no processo de desempenho dos professores e alunos.
O tópico seguinte irá analisar o cenário em que está inserida a coordenação
acadêmica de curso de graduação da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro.
101
6.3 Análise do cenário – SWOT
A análise do cenário foi realizada pelas observações realizadas pela pesquisadora
na Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro, pelas conversas informais com os seus gestores
da faculdade, pelas entrevistas e questionários aplicados às coordenadoras e pelos
questionários direcionados aos alunos.
A pesquisa iniciou quando a faculdade estava passando por algumas
modificações, visto que estava passando por desafios que comprometiam o seu
desenvolvimento, desanos estes que consistiam em busca de parcerias, novos cursos, além de
está em busca de aperfeiçoamento interno para atender aos alunos com excelência.
Diante dos dados coletados, foi possível desenvolver um SWOT para a área da
coordenação acadêmica, sobretudo porque é o foco da pesquisa, e também porque para
desenvolver o SWOT para a Faculdade seria necessário conhecer mais profundamente os
outros setores, como o setor financeiro, o setor do controle acadêmico, o setor de recursos
humanos, o setor de atendimento, enfim toda a estrutura.
Para compreender o SWOT a seguir é necessário que se compreenda que o setor
de coordenação acadêmica recebe influência interna e externa e também os influencia.
Portanto o que se pretende é fazer compreender o setor mediante a exposição de suas
fraquezas, e também de sua fortaleza, das ameaças que sofrem, e das oportunidades.
Figura 10 - Influência do ambiente interno e externoFonte: Baseado em POTTER (2004)
COORDENAÇÃO ACADÊMICA
PONTOS FORTES
PONTOS FRACOS
AMEAÇAS
OPORTUNIDADES
AMBIENTE EXTERNO
AMBIENTE INTERNO
102
QUADRO 2 - SWOT do setor de coordenação acadêmicaFonte: Baseado nas entrevistas (2010)
SWOT DO SETOR DE COORDENAÇÃO ACADÊMICA
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNOPONTOS FORTES
STRENGTHSPONTOS FRACOS
WEAKNESSAMEAÇASTHREATS
OPORTUNIDADESOPPORTUNITIES
Atividades práticas profissionais.
Falta de incentivo para divulgação dos cursos.
Constante divulgação de faculdades concorrentes.
Realizações de parcerias com instituições.
Responsabilidade por parte dos coordenadores.
Egressos sem embasamento teórico.
Investimento que as faculdades concorrentes fazem em seus cursos.
Programa de capacitação para os funcionários da faculdade e para os alunos;
Comprometimento por parte dos coordenadores.
Investimento nos cursos.
Oferta de cursos novos nas faculdades concorrentes.
Palestras com profissionais de mercado.
Trabalho em equipe. A estrutura da faculdade.
O número de oferta de vagas nas faculdades concorrentes.
Abertura de novos cursos de extensão e pós-graduação
Capacitação com os colaboradores.
O espaço impede que se abram outros cursos por falta de salas.
Falta de conhecimento sobre os cursos tecnológicos por parte dos clientes potenciais.
A procura de cursos tecnológicos tem crescido a cada semestre.
Nível acadêmico e didático dos professores.
Falta de recursos e equipamentos.
Utilizar a imprensa para divulgar a estrutura dos cursos tecnológicos.
Todos os cursos reconhecidos pelo MEC.
Baixo valor da hora/aula dos professores.
Ambiente de trabalho harmonioso.
Pouca segurança para os alunos na entrada e na saída da faculdade.
Organização da coordenação.
O limite de vagas que a faculdade pode oferecer – 100 vagas, por curso/ano.
Proximidade com os alunos.
Inadimplência dos alunos.
Conhecimento da clientela.
Falta de atualização da biblioteca.
Localização da faculdade.Responsabilidade social.Incentivo à pesquisa e constante busca de conhecimento.
103
Diante do quadro 2 que trata do SWOT do setor de coordenação acadêmico, é
possível analisar o cenário da faculdade, mediante a verificação do ambiente interno e
externo.
O gestor, após a análise do SWOT, é capaz de estabelecer estratégias, com seus
devidos objetivos, metas e iniciativas para manter os pontos fortes, minimizar os pontos
fracos, tornar as ameaças em oportunidades, e concretizar as oportunidades identificadas.
Em entrevista, as coordenadoras tiveram que responder à seguinte indagação: o
que fariam para manter os pontos fortes minimizando os pontos fracos? Elas responderam que
deveriam continuar trabalhando com compromisso e incentivar os gestores a melhorarem a
estrutura da IES, através de um investimento alto atingindo todos os segmentos necessários,
inclusive aumentando a hora/aula do professor.
Também foi questionado às gestoras o que fariam para minimizar as ameaças
aproveitando as oportunidades, e elas responderam que deveriam qualificar os profissionais
da instituição, divulgar os cursos tecnológicos e buscar inovações para a fidelização dos
alunos atraindo novos discentes.
Como foi apresentado no capítulo 4 e concretizado nesse capítulo, o SWOT é uma
ferramenta indispensável para os gestores que buscam analisar o cenário que sua instituição
ou o setor está inserido, assim como afirma Herreiro Filho (2005), analisando o impacto das
forças micro-ambientais e macro-ambientais possibilita uma tomada de decisão clara e
precisa.
Tais forças influenciam a instituição ou pelo setor da instituição, assim como foi
representado na Figura 11- Influência do ambiente interno e externo, ainda desse tópico.
Nessa figura, fica claro que o setor de coordenação acadêmica sofre influencia dos dois
ambientes, interno e externo, por isso a necessidade do equilíbrio dessas forças, sobretudo
porque a dinâmica existente é uma “via de mão dupla”. Uma coordenação equilibrada tomará
decisões equilibradas, mesmo que algum fator tente desequilibrar, estando os coordenadores
dominando o cenário que está inserido, saberão tomar decisões que minimizem os conflitos
internos ou externos.
É relevante salientar que nessa análise do cenário, foi preciso questionar as
coordenadoras sobre quais os fatores-chaves de sucesso da Faculdade e responderam:
responsabilidade, comprometimento, compromisso, capacitação com os colaboradores,
trabalho em equipe, nível de professores, coordenação, cursos reconhecidos, didática,
ambiente de trabalho, proximidade das coordenadoras vs alunos, parceria entre coordenadoras
vs docentes, o valor baixo das mensalidades, localização da IES, por fim ética. Como se pode
104
perceber são fatores que no SWOT foram considerados pontos fortes, contudo acredita-se que
seria interessante apresentar nesse tópico.
O próximo tópico desse capítulo que trata da aplicação do método será exposto e
discutida a definição das perspectivas que darão suporte para a elaboração do mapa
estratégico, nesse tópico também serão definidos os objetivos, as metas e iniciativas para cada
perspectiva.
6.4 Definição das perspectivas da proposta para a gestão estratégica
Para estabelecer as perspectivas foi necessário analisar as entrevistas e os
questionários aplicados. De acordo com Kaplan e Norton (2004), para desenvolver um BSC, é
necessário que se definam as perspectivas que serão o ponto de equilíbrio da instituição, no
caso da pesquisa do setor de coordenação acadêmica de curso de graduação, após essa
definição, identifica-se os indicadores para cada um e a partir desse momento é possível
construir o mapa estratégico.
Foram estabelecidas, no capítulo do método proposto, cinco perspectivas, que são:
cliente, financeiro, processos internos, aprendizado e crescimento e procedimentos
acadêmicos. Para definir essas perspectivas, bem como os seus indicadores é necessário
compreender o que significa ativos intangíveis e tangíveis, segundo os preceitos de Kaplan e
Norton. “Os ativos intangíveis são a fonte definitiva de criação de valor sustentável. Os
objetivos de aprendizado e crescimento descrevem como pessoas, tecnologia e clima
organizacional se conjugam para sustentar a estratégia” (KAPLAN; NORTON, 2004, p.7). Já
os ativos tangíveis são expressos pelos resultados dos ativos intangíveis, tornam indicadores
de crescimento que impactam diretamente nas perspectivas clientes, e nos resultados
financeiros, enfim, são dados que o gestor pode mensurar com indicadores (KAPLAN;
NORTON, 2004).
Na perspectiva a seguir, serão apresentados alguns ativos intangíveis que
influenciam o trabalho do coordenador acadêmico de curso de graduação e que podem
também influenciar nos ativos tangíveis.
A primeira a ser analisada é a perspectiva do cliente, nas entrevistas foi
questionado que percepção as coordenadoras tem dos alunos que estudam na Faculdade, e
elas responderam que o perfil dos discentes é que são pessoas que já estão no mercado de
trabalho e buscam qualificação, por isso são exigentes, possuem poder aquisitivo financeiro
baixo e são determinados.
105
Foi questionado ainda nessa perspectiva o que o setor de coordenação acadêmica
de curso realiza para atender o cliente (aluno) com eficiência, eficácia e efetividade, e
responderam que acreditam está atendendo bem o discente quando oferecem um ensino de
qualidade, escolhem os melhores docentes, desenvolvem atividades práticas, palestras e
seminários.
Também quando são procuradas pelos alunos, atendem com agilidade e
pontualidade, ao receber requerimentos preenchidos pelos alunos, buscam dar respostas no
máximo em 48 horas, tiram suas dúvidas de forma segura e clara, e sempre os tratam com
respeito.
O gráfico a seguir demonstra as ações das coordenadoras na visão dos alunos
sobre os resultados de suas ações no tocante a fidelização do cliente.
Gráfico 9 - Ações do coordenador que fidelizam o cliente Fonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
Como se pode perceber, para o cliente os resultados das ações das coordenadoras
não são suficientes para atender às necessidades dos alunos, visto que somando a categoria
freqüente e muito freqüente, que dá um total de 30%, não se superam as categorias
desconheço tal ação, não ocorre e pouco freqüente que totalizam 70% das respostas. Vale
ratificar que demonstra a necessidade de uma ação mais intensiva por parte das coordenadoras
para atender ao cliente (aluno) com eficiência, eficácia e efetividade ou, pelo menos, levar ao
conhecimento dos alunos as ações das coordenadoras, como forma de conscientização dos
seus direitos.
106
Com relação à perspectiva dos processos internos, nas entrevistas as
coordenadoras tiveram dificuldades em responder às perguntas, no entanto uma gestora ao ser
questionada sobre o que realiza para contribuir com o crescimento dos processos internos da
Faculdade, informou que busca agir de forma ética, sempre em prol da equipe da IES,
ajudando a todos, sugerindo e criticando quando é necessário e buscado novos conhecimentos
a fim de melhorar os cursos.
Nos questionários, o que se percebe com as respostas das coordenadoras é que
concordam que frequentemente buscam inovações para o curso, verificam as necessidades
atuais e futuras dos alunos e buscam vincular o curso ao mercado de trabalho. No entanto, ao
serem questionadas quanto à autonomia para decidir quais ações devem ser tomadas para
atender às necessidades dos alunos, elas afirmaram que essa autonomia não é tão freqüente.
Como a perspectiva dos processos internos influencia diretamente na vida do
aluno, foram questionados dois aspectos de relevância para sua vida acadêmica que serão
expostos no gráfico a seguir:
Gráfico 10 - Ações do coordenador na perspectiva dos processos internos que influenciam o cliente Fonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
107
Diante do gráfico, o item “Desconheço tal ação” é muito superior à frequência nas
ações das coordenadoras na percepção dos alunos. O que se observa novamente é que falta
divulgação dos resultados das ações ou uma ação mais intensiva por parte das gestoras para
que os discentes possam perceber os resultados.
Na perspectiva financeira, nenhuma coordenadora pode explicitar com precisão e
clareza sobre tal perspectiva, no entanto em entrevista, e exposto no quadro 2 que trata do
SWOT, pode-se perceber que os problemas financeiros da IES, na visão das gestoras, está
relacionado com a inadimplência dos alunos, a falta de investimento da Faculdade com
relação a estrutura e dos recursos (equipamentos), hora/aula dos professores baixa, pouco
investimento na biblioteca e segurança para os alunos.
Essa perspectiva não foi contemplada nos questionários dos alunos, porque eles
não teriam informações precisas e nem parâmetros para responder.
Na perspectiva aprendizado e crescimento, as coordenadoras em entrevista
afirmaram que as ações que realizam para estimular o seu aprendizado e o crescimento dos
funcionários da IES, ocorrem mediante os constantes cursos que participam e das reuniões
freqüentes com os professores e funcionários. Informaram que a direção da instituição libera
os funcionários para fazerem curso, no entanto, a própria Faculdade até o momento não
promove cursos para os colaboradores.
Foi questionado se havia alguma dificuldade para a concretização dessa
perspectiva, e foi unânime a resposta de que falta interesse de alguns funcionários em se
disponibilizarem para participar de cursos, o que é um empecilho para essa perspectiva.
Ressalta-se que a perspectiva aprendizado e crescimento não são focados apenas
no crescimento dos funcionários, mas também da própria instituição, portanto quando todos
que fazem parte da IES aprendem e crescem, a instituição também se desenvolve, mediante
aos resultados da transição dos elementos intangíveis para os tangíveis.
Essa perspectiva não foi questionada para os alunos, porque eles não teriam
informações e nem parâmetros claros e precisos para responder.
Na última perspectiva dos processos acadêmicos, foram questionados em
entrevistas as coordenadoras de curso de graduação vários aspectos dos processos
acadêmicos, que estes foram tratados no capítulo 5.
Dentre os questionamentos, pode-se perceber que a visão que elas possuem sobre
os processos acadêmicos é que não podem ficar desalinhados com o trabalho que é
desenvolvido na coordenação de curso.
108
O setor de controle acadêmico da Faculdade recebe o nome de Secretaria
Acadêmica (SECAD), onde é organizada toda a vida do aluno, desde a documentação a
simples atestado. Todo o fluxo é iniciado no SECAD e depois encaminhado à coordenação.
O setor de arquivo dá suporte à coordenação porque contem a vida acadêmica dos
alunos, embora seja um setor que poucos freqüentam, pois não faz parte da rotina da
coordenação. Quando necessário fazem consultas para atualizar os dados dos professores e
dos alunos.
O setor de atendimento ao aluno é primordial para as coordenadoras. O trabalho
que é desenvolvido é muito relevante, sobretudo porque é o local que o aluno freqüenta para
solicitar histórico, trancamento, aproveitamento de disciplina, prestar exames de segunda
chamada, entre outros procedimentos acadêmicos, nos casos em que não consigam resolver o
que o discente solicita, o setor encaminha o aluno à coordenação acadêmica, para que sejam
tomadas as decisões mais adequadas.
A secretaria da Faculdade, segundo as coordenadoras, faz o trabalho de triagem,
mediante os requerimentos que os alunos preenchem. Geralmente, os assuntos são sobre
pedido de 2ª chamada de prova, justificativa de faltas, trancamento de disciplinas, entre
outros.
Por fim, sobre as orientações desempenhadas pela coordenação acadêmica, nas
entrevistas afirmaram que suas orientações influenciam na abordagem dos conteúdos pelos
docentes. Nessa abordagem, buscam orientar em relação à seqüência dos conteúdos, os
objetivos de cada disciplina e a melhor didática de ministrar os conteúdos, e com isso,
conseguem contribuir para o aprendizado do aluno.
No questionário em que os alunos responderam em relação à perspectiva dos
processos acadêmicos, foi possível realizar três perguntas, em que os resultados estão
expressos no gráfico abaixo.
109
Gráfico 11 - Percepção dos discentes em relação a perspectiva processos acadêmicos Fonte: Baseado nos questionários aplicados (2010)
Diante do gráfico, o que se pode perceber é que com relação ao
‘Acompanhamento da vida acadêmica do aluno’ muitos deles demonstram-se desconhecer tal
ação tais ações por parte das coordenadoras. No caso do ‘Acompanhamento das ações do
docente’, novamente o item mais indicado foi o desconhecimento de tal ação, e por fim a
categoria ‘Percebe a integração dos setores’, muitos alunos afirmaram que percebem essa
integração, embora os alunos que desconhecem tal ação, que demonstram possuírem pouca ou
nenhuma informação para avaliar a atuação das coordenadoras nesse aspecto.
O tópico seguinte desse capítulo irá abordar o mapa estratégico para cada
perspectiva apresentada.
6.5 Mapa estratégico
O mapa estratégico irá apresentar os objetivos estratégicos, as metas e os
indicadores para cada perspectiva. Para desenvolver esse mapa foi necessário apresentar o
SWOT das perspectivas, expostas anteriormente.
O BSC para a coordenação acadêmica está estruturado sob um conjunto de
procedimentos operacionais que possibilitam traduzir as questões estratégicas da IES. De
acordo com Silva (2009), os mapas estratégicos auxiliam as instituições a verem suas
110
estratégias de maneira sistêmica e concreta, possibilitando a construção das bases do sistema
gerencial.
O mapa estratégico, segundo Kaplan e Norton (2004), baseia-se em alguns
princípios: a estratégia equilibra forças contraditórias, a estratégia baseia-se em proposição de
valor diferenciada para os clientes, cria-se valor por meio dos processos internos, a estratégia
compõe-se de temas complementares e simultâneos e por fim o alinhamento estratégico
determina o valor dos ativos intangíveis.
Ressalta-se que para definir o mapa estratégico foi necessário utilizar das
informações coletadas nas entrevistas e nos questionários, principalmente nos blocos
classificados pelas perspectivas cliente, processos internos, financeiro, procedimentos
acadêmicos e aprendizado e crescimento.
No caso da pesquisa em questão, será apresentado o mapa estratégico das cinco
perspectivas traçadas para o setor de coordenação da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro.
111
Quadro 3 – Mapa estratégico: perspectiva cliente Fonte: Baseado nas entrevistas e nos questionários aplicados (2010)
MAPA ESTRATEGICOPERSPECTIVA DO CLIENTE
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
INDICADORES METAS INICIATIVASAções estratégicas
Conhecer os alunos através do acompanhamento sistemático.
Número de alunos veteranos e novatos.
Atingir 100% dos alunos
Desenvolver acompanhamentos mediante o diálogo e o registro de ocorrências.
Promover formação complementar para os egressos com dificuldades de acompanhar o curso.
% de alunos com dificuldades.
Atingir no mínimo 80% dos discentes.
Abrir cursos de português e matemática para fundamentos básicos.
Ofertar novos cursos de graduação tecnológica, de pós-graduação e de extensão para atender a demanda.
Número de pré-inscrições para determinado curso.
Atender no mínimo 70% da demanda.
Desenvolver pesquisa de mercado e do MEC.
Desenvolver programas que vinculem a faculdade em ações de responsabilidade social.
Tempo médio de elaboração, execução e avaliação dos programas.
Inicialmente envolver no mínimo 50% dos clientes internos e atingir até 70% dos clientes externos.
Realizar reuniões de planejamento para definir quais focos sociais atingir.
Melhorar a qualidade no atendimento ao aluno por parte da coordenação acadêmica e demais setores.
% de alunos satisfeitos com o atendimento.
Atingir 100% dos discentes.
Participar de cursos de qualificação de atendimento.
112
Quadro 4 – Mapa estratégico: perspectiva financeiraFonte: Baseado nas entrevistas e nos questionários aplicados (2010)
MAPA ESTRATEGICOPERSPECTIVA FINANCEIRA
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
INDICADORES METAS INICIATIVASAções estratégicas
Manter o valor baixo na mensalidade sem prejudicar a qualidade da Faculdade.
Índice do poder aquisitivo financeiro dos alunos.
Atingir 100% dos alunos.
Fazer pesquisas de preço das mensalidades de outras IES.
Melhorar a hora/aula dos professores.
Valor da hora/aula dos professores em comparação ao mercado.
Aumentar em 50% o valor da hora/aula em até um ano.
Fazer pesquisa de mercado sobre o valor da h/a do docente.
Aumentar o número de vagas no vestibular.
% de crescimento financeiro com o aumento das vagas.
Aumentar o número de vagas em 80%.
Solicitar junto ao MEC o aumento do nº de vagas.
Desenvolver ações para minimizar a inadimplência.
% do número de inadimplentes e o impacto financeiro.
Diminuir a inadimplência em 90%.
Realizar negociações junto aos alunos inadimplentes.
Investir na estrutura física da Faculdade.
% do orçamento destinado a investimento.
Aplicar 10% do orçamento anual em investimento.
Verificar as necessidades e desenvolver um plano de ação.
Investir nos recursos didáticos e áudio-visuais.
Número de equipamentos necessários e seus custos.
Comprar 100% dos equipamentos necessários.
Verificar as necessidades e fazer a pesquisa de custos dos equipamentos.
Investir na biblioteca através da compra de livros atualizados e periódicos e mídias.
% de orçamentário destinado a compra de livros, periódicos e mídias.
Comprar livros e mídias, e fazer assinatura de períodos em 80%.
Solicitar uma relação atualizada dos livros de cada disciplina dos cursos.
Divulgar a Faculdade nos diversos meios de comunicação.
% do orçamento destinado à divulgação.
Aumentar a divulgação em 100%.
Fazer pesquisa de preço e horário junto aos meios de comunicação.
113
Quadro 5 – Mapa estratégico: perspectiva processos internos
MAPA ESTRATEGICOPERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
INDICADORES METAS INICIATIVASAções
estratégicasPromover processos internos da coordenação acadêmica que atendam às necessidades dos clientes.
% de processos modificados.
Atingir 100% dos processos internos.
Verificar as necessidades dos alunos e adequar os processos acadêmicos.
Desenvolver instrumentos que mensure à satisfação dos alunos.
Índice de reclamações.
Atingir o índice de 0% das reclamações.
Elaborar instrumentos de avaliação institucional atendendo o SINAES e aplicar na Faculdade.
Estabelecer parcerias que melhorem a qualidade da faculdade.
Número de parcerias concretizadas.
Aumentar em 50% o número de parcerias.
Definir o foco das parcerias e os objetivos para cada uma.
114
Fonte: Baseado nas entrevistas e nos questionários aplicados (2010)
115
Quadro 6 – Mapa estratégico: perspectiva aprendizado e crescimentoFonte: Baseado nas entrevistas e nos questionários aplicados (2010)
MAPA ESTRATEGICOPERSPECTIVA APRENDIZADO E CRESCIMENTO
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
INDICADORES METAS INICIATIVASAções estratégicas
Desenvolver cursos de qualificação profissional para os coordenadores e demais funcionários dos diversos setores.
Número de cursos oferecidos, números de cursos concretizados e números de funcionários participantes.
Aumentar em 80% o número de funcionários qualificados.
Elaborar projetos de cursos de qualificação profissional.
Incentivar o crescimento do nível acadêmico dos docentes.
Números de docentes qualificados.
Atingir 100% dos docentes.
Motivar os professores a fazerem cursos de especialização, mestrado e doutorado.
Oferecer cursos de extensão abertos a comunidade.
% de inscrições para determinados cursos.
Aumentar em 50% o número de cursos de extensão.
Elaborar projetos de cursos de extensão e divulgar na comunidade.
Promover eventos de cunho acadêmico como palestras, seminários, encontros e roda de debates, para a comunidade interna e externa.
Número de eventos. Em um ano oferecer um evento a cada semestre.
Definir quais eventos poderão ser realizados na Faculdade e desenvolver projetos de execução.
Desenvolver grupo de estudo das mais diversas áreas para alunos e funcionários.
% de alunos e funcionários interessados em participar dos grupos de estudo.
Aumentar o número de interessados em participar de grupo de estudo em 40%.
Motivar os funcionários, alunos e professores a participarem de grupo de estudo sobre temática sobre o Ensino Superior.
116
Quadro 7 – Mapa estratégico: perspectiva processos acadêmicosFonte: Baseado nas entrevistas e nos questionários aplicados (2010)
MAPA ESTRATEGICOPERSPECTIVA DOS PROCESSOS ACADÊMICOS
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
INDICADORES METAS INICIATIVASAções estratégicas
Desenvolver projetos pedagógicos que promova a qualidade do ensino para o curso e para a Faculdade.
Número de projetos desenvolvidos durante o semestre.
Aumentar em até 50% os projetos pedagógicos durante um ano.
Elaborar, executar e avaliar os projetos pedagógicos.
Analisar a matriz curricular dos cursos de graduação.
Tempo médio de elaboração, execução e avaliação dos matrizes curriculares.
Aperfeiçoar a cada três anos a matriz curricular dos cursos de graduação seguindo as exigências do MEC.
Analisar as exigências atuais do MEC para cada curso e atualizar a matriz curricular de cada um.
Promover a atualização contínua dos procedimentos acadêmicos.
Número procedimentos acadêmicos que precisam ser atualizados e divulgados.
Atingir 100% dos procedimentos acadêmicos.
Verificar quais processos acadêmicos estão desatualizados.
Desenvolver a contínua atualização da tecnologia da informação necessária para os processos acadêmicos.
Número de aplicativo na tecnologia da informação disponível para o setor.
Melhorar em 90% os aplicativos.
Contratação de técnicos em TI que sejam especialistas em programas voltados a IES.
Incentivar a formação dos funcionários no setor de arquivo, secretaria acadêmica, controle acadêmico e atendimento aos alunos.
Horas de formação em cada setor.
Aumentar em 80% a formação.
Atualizar os processos acadêmicos mediante a formação do conhecimento técnico de cada setor.
Promover reuniões sistemáticas de alinhamento das informações na coordenação acadêmica e nos demais setores.
% de reuniões realizadas a cada semestre.
Atingir 100% o alinhamento das informações.
Desenvolver um cronograma de reuniões de alinhamento das informações.
117
Todos os objetivos estratégicos, indicadores, metas e iniciativas foram traçados a
partir das experiências vividas pelas coordenadoras de curso, expostas em entrevista e
questionários aplicados.
O mapa estratégico definido e as perspectivas apresentadas influenciam
diretamente no trabalho desenvolvido no setor de coordenação acadêmica, por isso o
equilíbrio dessas perspectivas contribuirá para o desempenho das ações das coordenadoras de
curso de graduação
No próximo tópico, serão abordados as relações de causa-e-efeito do mapa
estratégico.
6.6 Relação de causa-e-efeito
A relação de causa-e-efeito no mapa estratégico demonstra os aspectos que
influenciam a estratégia de cada perspectiva.
Por esse motivo é indispensável que se trace essa relação, pois o mapa estratégico
como já foi citado anteriormente busca o equilíbrio das forças contraditórias que expressam o
cenário da instituição. Segundo Kaplan e Norton (1997 p.30):
Estratégia é um conjunto de hipóteses sobre causas e feitos. O sistema de medição deve tornar explícitas as relações (hipóteses) entre os objetivos (e as medidas) nas várias perspectivas, para que elas possam ser gerenciadas e validadas. A cadeia de causa e efeito deve permear todas as quatro perspectivas de um Balanced Scorecard.
Esse mapa estratégico definido para o setor de coordenação acadêmica da
Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro, foi desenvolvido seguindo os fundamentos do BSC,
mediante a definição dos objetivos estratégicos, dos indicadores, das metas e por fim, das
iniciativas (ações estratégicas). No entanto, o que irá fazer dessas perspectivas estarem
diretamente relacionadas, influenciadoras recíprocas, é a definição dos vetores articulados
sistematicamentes na relação de causa-e-efeito.
De acordo com Silva (2009, p.98), um BSC bem planejado, deve explicitar a
história da estratégia, “identificando e tornando explicita a sequência de hipóteses sobre as
relações de causa e efeito entre as medidas de resultados e vetores de desempenho”.
A relação de causa-e-efeito a seguir busca expor essa sequência de hipóteses sobre
o mapa estratégico definido no item anterior.
118
Figura 11 - Relação de causa-e-efeitoFonte: Baseado nas entrevistas e nos questionários aplicados (2010)
Conhecer os alunos
Promover formação complementar
Aumentar nº de vagasManter a
mensalidade baixa
Aumentar a h/a do docente
Promover melhoria nos processos internos
Desenvolver instrumento que mensure a satisfação do discente
Desenvolver parcerias
Desenvolver curso de qualificação para
funcionários
Incentivar o crescimento acadêmico
dos docentes
Perspectiv
a do cliente
Ofertar novos cursos
Melhorar a qualidade no atendimento
Desenvolver programas de responsabilidade social
RELAÇÃO DE CAUSA- E-EFEITO
Perspectiv
a Financeira
Perspectiva dos
processos
internos
Diminuir a inadimplênci
a
Investir na estrutura física
Investir nos recursos
Investir na biblioteca
Investir na divulgação
Perspectiva de
aprendizado e
crescimento
Oferecer cursos de extensão abertos a
comunidade
Promover eventos abertos a comunidade
interna e externa
Desenvolver grupos de estudo na faculdade
Perspectiva dos
processos
acadêmicos
Promover atualização dos processos
Desenvolver melhora na TI dos processos
acadêmicos
Incentivar a formação de funcionários dos diversos setores
Promover reuniões de alinhamentos dos
processos acadêmicos
Desenvolver projetos
pedagógicos
Analisar a matriz curricular
119
Nesse estudo, foram apresentadas as perspectivas e as estratégias para cada uma,
compondo o mapa estratégico segundo os pressupostos de Kaplan e Norton (1997).
A relação de causa-e-efeito demonstra como já foi citado, a influencia que cada
estratégia definida causa em cada perspectiva.
No caso da pesquisa em questão, pode-se analisar que os objetivos estratégicos estão
interrelacionados, tanto dentro da perspectiva que está inserido, como também em relação as
outras perspectivas que compõem a proposto do BSC para o setor de coordenação acadêmica
de curso de graduação.
Na perspectiva do cliente, o objetivo estratégico “Conhecer os alunos” gera uma
relação de causa e efeito com vários outros objetivos, como “Ofertar novos cursos”,
“Melhorar a qualidade no atendimento”, “Promover formação complementar” e por fim
“Promover melhoria nos processos acadêmicos”. Todos esses objetivos somente poderão ser
executados com eficiência e eficácia se a instituição, bem como o setor de coordenação
acadêmica de curso de graduação, conheça seu cliente. Os outros objetivos estratégicos dessa
perspectiva causam efeito nas outras perspectivas.
Os objetivos da perspectiva financeira, geram causa-e-efeito em muitos objetivos
estratégicos, não só na própria perspectiva como também nas outras. Os objetivos estratégicos
“Diminuir a inadimplência” e “Aumentar o número de vagas”, influencia consideravelmente
em vários objetivos, visto que os dois estão relacionados com a receita da IES, esta sendo bem
controla, será possível aplicar os rendimentos nos outros objetivos, como “Aumentar a
hora/aula do professor”, “Investir na biblioteca”, “Investir nos recursos”, “Investir na
estrutura física” e “Investir na divulgação”.
A relação de causa-e-efeito na perspectiva dos processos internos demonstra que o
objetivo estratégico “Promover melhoria nos processos internos” influencia
consideravelmente em objetivos que compõem outras perspectivas como o “Desenvolver
curso de qualificação para os funcionários”, “Incentivar o crescimento acadêmico dos
docentes”, “Oferecer cursos de extensão abertos a comunidade” e por fim “Desenvolver
instrumento que mensure a satisfação do cliente”.
Na perspectiva de aprendizado e crescimento, os objetivos estratégicos geram entre
si uma relação de causa-e-efeito, no entanto o objetivo “Desenvolver grupos de estudo na
faculdade” gera influência nos objetivos de outras perspectivas que são “Desenvolver
parcerias” e “Incentivar a formação de funcionários dos diversos setores”.
Por fim, a perspectiva dos processos acadêmicos pode-se perceber que o objetivo
estratégico “Promover atualização dos processos acadêmicos” sofre a maior influencia dos
120
outros objetivos em relação a causa-e-efeito. Todos os objetivos nessas perspectivas
relacionam-se com esse objetivo, no entanto o objetivo “promover melhoria nos processos
internos” que é de outra perspectiva, causa influencia nesse.
O importante na figura 12, é que possibilita que o coordenador de curso de
graduação, analise possíveis cenários mediante a compreensão das relações de causa-e-efeito
que cada os objetivos geram a partir de sua implantação.
Para um gestor que procura desenvolver uma gestão estratégica o fato de pode
utilizar essa ferramenta para controlar as conseqüências da execução dos objetivos
estratégicos definidos, possibilita que realize uma avaliação sistemática e que promoverá a
correção e/ ou avanço em seu planejamento estratégico, assim gerando resultados concretos e
positivos.
Contudo somente a definição dos objetivos estratégicos não determinará o sucesso na
gestão estratégica, por isso é necessário o estabelecimento de ações para que se possa
concretizar tais objetivos, no caso da pesquisa, propõem-se o 5W1H, para que se execute os
objetivos traçados.
6.7 Definição das ações – 5W1H
Diante da elaboração do mapa estratégico e da relação de causa-e-efeito, e da
definição das ações estratégicas intitulada de iniciativas tornou-se necessário a elaboração do
5W1H.
O 5W1H estabelece como o BSC será executado, que ações (o que), a justificativa
para cada ação (por que), a descrição da ação (como), os executores (quem), tempo destinado
para a execução (quando) e por fim, que local (onde).
O interessante na definição do 5W1H é que leva os executores a trabalharem em
equipe, no caso da pesquisa as coordenadoras de curso.
Buscou-se, no planejamento do 5W1H (quadro 8), direcioná-lo com clareza e
precisão, contudo não se tem intenções de cristalizar as ações através dessa ferramenta, mas
proporcionar uma diretriz que conduza o coordenador acadêmico para que as ações
estratégicas definidas no mapa estratégico sejam concretizadas.
No entanto, é necessário ratificar que o “quando” do 5W1H das ações expostas a
seguir será realizado durante todo o ano de 2010, visto que a faculdade mudou a gestão por
isso é necessário que as ações sejam implantadas durante todo o ano.
121
122
123
Como é perceptível, o Quadro 8 expressa as ações para que seja executado os
objetivos estratégicos traçados no mapa estratégico, e também foram apresentados mediante a
figura 12 que trata da relação de causa-e-efeito.
Todos os objetivos traçados que consta no quadro 8, estão classificados por cor que
representa uma perspectiva do mapa estratégico.
Cada ação estratégica está relacionada com sua justificativa (Por que?), com a
descrição da ação (Como?), a definição dos executores (Quem?) e por fim, o local que irá ser
aplicado (Onde?), no entanto “o quando” irá ser executado, ficou em aberto, sobretudo porque
a pesquisa propõe um modelo de BSC, mas serão as próprias coordenadoras da instituição que
definirá quando será executado cada objetivo estratégico.
O 5W1H deixa o BSC mais estruturado, visto que responde a sua execução,
principalmente porque não existiria sentido a elaboração uma proposta de BSC, se não se
definisse como ele será executado.
Na proposta em questão dessa pesquisa, buscou-se relacionar o mapa estratégico,
com a relação de causa-e-efeito, ao 5W1H, e com isso mostrar que é possível desenvolver um
BSC para o setor de coordenação acadêmica de curso de graduação.
Não desmerecendo os outros setores da Faculdade, mas por ser o foco da pesquisa,
quase todas as ações são executadas pelas coordenadoras acadêmicas, visto que os objetivos
foram definidos por elas.
No entanto, se a IES tiver interesse em desenvolver um BSC para a instituição como
um todo, com certeza os executores iriam mudar, ratifica-se que nessa pesquisa o foco é o
setor de coordenação acadêmica de curso de graduação, portanto o principal local de
aplicação do BSC.
Outro aspecto a ser analisado, é que se todos os envolvidos nesse setor compreender
e se apropriar do 5W1H definido, é possível controlar e avaliar o andamento do processo de
implantação, inclusive verificar possíveis entraves no processo.
É possível realmente mediante ao 5W1H desenvolver um trabalho em equipe, em
que esta possa se auto-gerenciar, visto que o sucesso de um será o de todos. Ele também
possibilita que todos os envolvidos no processo, acompanhem e cobrem resultados da equipe,
e esse fato em empresas privadas é de fundamental importância no gerenciamento de pessoas.
Por fim, o quadro 8, demonstra a interrelação existentes em todo o processo de
planejamento, execução e controle do BSC, principalmente porque caso haja mudança em um
124
objetivo estratégico ou na exclusão ou acréscimo, todo o mapa irá mudar, as metas, as
iniciativas, os indicadores, a relação de causa-e-efeito, e por fim, o 5W1H.
Foram definidos 25 objetivos estratégicos que proporcionará uma mudança no que
diz respeito ao processo de gestão, visto que as ações, não serão mais aplicadas conforme os
problemas forem surgindo, não que isso não possa acontecer, mas toda a empresa que busca
crescer e se manter no mercado, precisa agir com previsão, planejamento, metas e visão para
onde quer chegar, e isso o BSC pode dar uma resposta para uma gestão estratégica eficiente.
Ressalta-se o salto qualitativo na ação do coordenador acadêmico que utilizará do
5W1H para desenvolver seu trabalho, pois estará seguro de suas ações e dos resultados que
buscará atingir.
125
7 CONCLUSÃO
Para desenvolver o trabalho foi necessário definir o foco, e no caso dessa
pesquisa, foi escolhido o foco da gestão estratégica, especificamente o instrumento de
avaliação de desempenho o BSC. Após essa definição foi estabelecido o problema que iria
direcionar a pesquisa que foi: Como definir um método de gestão estratégica utilizando
indicadores de ações para o coordenador de curso de graduação visando resultados eficientes,
eficazes e com efetividades em uma IES privada, diante da atual política educacional
brasileira?
Durante toda a pesquisa, buscou-se responder a essa problemática, no entanto
foram definidos os objetivos para que se pudesse respondê-la. O objetivo geral da pesquisa
está intimamente relacionado com a pergunta que impulsiona o trabalho científico, que foi
definir os indicadores mediante as ações do coordenador acadêmico de curso de graduação,
que possibilite o desenvolvimento do Balanced Scorecard para que tenha uma gestão eficaz e
eficiente diante das políticas públicas brasileiras.
É possível perceber que no objetivo geral delimita-se o campo de investigação,
visto que se buscou definir indicadores, mas que possibilitassem o desenvolvimento de uma
proposta de gestão estratégica baseada no BSC para a gestão do coordenador acadêmico de
curso de graduação.
Para atingir o objetivo geral da pesquisa foi necessário escolher o local da
investigação que no caso desta a Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro, especificamente no
setor de coordenação acadêmica de curso de graduação. Nesse setor foi possível estabelecer
os indicadores de desempenho da ação das gestoras, mediante a observação, a análise de
entrevistas e questionários.
Foram estabelecidos três objetivos específicos para estreitar mais ainda o foco da
pesquisa.
O primeiro objetivo teve o intuito de descrever as políticas públicas que
influenciaram no Ensino Superior, consequentemente direcionavam a prática do coordenador
acadêmico de curso de graduação. Para atender a esse objetivo foi necessário desenvolver
uma pesquisa bibliográfica a cerca da questão e foi elaborado um capítulo da dissertação que
expôs o elo existente entre a história do desenvolvimento das IES com os modelos
organizacionais, visto que o BSC está vinculado a um modelo organizacional chamado
126
gerencialismo, portanto foi preciso fazer um breve resgate histórico para poder explanar sobre
as políticas públicas no Ensino Superior.
O segundo objetivo dessa pesquisa teve a intenção de identificar as ações dos
coordenadores acadêmicos de curso de graduação relacionados com a gestão estratégica da
IES.
Para atender esse objetivo buscou-se pesquisar sobre a relação existente entre a
ação desse coordenador acadêmico e as políticas públicas, depois foi dissertado sobre o perfil
desse profissional na IES identificando quatro dimensões: institucional, acadêmica, política e
gerencial. Para concluir foi discutida a relevância do planejamento na ação do coordenador de
curso de graduação, com isso o segundo objetivo foi alcançado.
O terceiro objetivo dessa pesquisa tinha o intuito de propor um Balanced
Scorecard setorial através da definição de indicadores. O BSC serve como uma ferramenta
que poderá contribuir para a concretização de uma gestão estratégica na IES, por parte do
coordenador acadêmico de curso.
Para atender a esse objetivo, primeiro foi preciso pesquisar referências
bibliográficas que pudessem fundamentar esse objetivo. No presente estudo foi exposto a
relevância do planejamento estratégico para a concretização de uma gestão estratégica, depois
foram dissertados sobre o foco principal da pesquisa os fundamentos do Balanced Scorecard.
Por fim, foi preciso pesquisar alguns trabalhos desenvolvidos por outros teóricos
que como nessa dissertação, fizeram adaptações dos preceitos de Kaplan e Norton sobre o
BSC em outras realidades ou setores de uma empresa, no caso da pesquisa o setor de
coordenação acadêmica de curso de graduação.
O segundo passo para atingir o terceiro objetivo foi traçar uma metodologia
cientifica e um método de investigação para coletar os dados que seriam utilizados para
definir os indicadores.
A princípio foi definido que a pesquisa seria um estudo de caso na Faculdade de
Tecnologia Darcy Ribeiro, e que os instrumentos para a coleta de dados foi a entrevista e a
aplicação de questionários nos coordenadores e alunos, para analisar os dados utilizou-se a
técnica da análise de conteúdo.
Quanto ao método proposto foi definido em nove etapas bem estruturadas e
articuladas entre si. Nessa etapa, é possível visualizar a proposta do BSC para o setor de
coordenação acadêmica de curso.
127
No método, foi definida a unidade organizacional da IES, através da especificação
da estrutura, das características que a compõe e com isso em conjunto com os sujeitos da
pesquisa estabelecer uma identidade do seu setor.
Essa identidade foi delimitada mediante a análise da missão e visão da faculdade,
visto que o setor de coordenação acadêmica de curso não possui e os sujeitos da pesquisa
acreditam que é interessante aplicar o da IES.
As estratégias de ação do setor foram estabelecidas após a análise do cenário em
que a instituição está inserida. Através da aplicação do SWOT, os coordenadores puderam ter
elementos para definir as perspectivas do BSC, os objetivos, as metas, os indicadores e as
iniciativas.
A partir dessas ações, já na etapa seis do método, foi possível elaborar um mapa
estratégico e desenvolver neste as relações de causa-e-efeito. Nessa etapa, as ações do
coordenador foram expostas e interrelacionadas entre setas que indicaram essas relações de
causa-e-efeito.
O 5W1H finalizou a proposta através da definição de que, quem, como, porque,
onde e quando, as ações deverão ser realizadas.
Como se pode perceber aos dados da entrevista como do questionário,
proporcionaram meios de definir indicadores para elaboração do mapa estratégico necessário
no BSC, que contribuísse para a prática do coordenador acadêmico de curso de graduação em
uma instituição privada, esse fato ocorreu porque se buscou seguir as etapas descritas no
estudo de caso.
Os aspectos negativos ou que dificultaram a pesquisa foi o fato de se ter
selecionado a coordenação acadêmica de curso de graduação dentro do sistema das faculdades
privadas, esse aspecto exigiu do pesquisador que compreendesse como funcionava a gestão
nesse sistema para visualizar o gerenciamento de uma coordenação acadêmica. Outro fator
que dificultou o desenvolvimento do método foi o pouco conhecimento sobre o conceito de
gestão estratégica por parte dos entrevistados, a falta de alinhamento e de divulgação dos
resultados do trabalho desenvolvido na coordenação acadêmica, dificultou que os discentes
respondessem o questionário de maneira clara e precisa.
Vale ressaltar que o fato do núcleo gestor da faculdade ter modificado no final de
2009, também causou certo desconforto na pesquisa, visto que todo o sistema gerencial da
faculdade estava passado por reajuste e continua passando, sobretudo no que diz respeito ao
setor acadêmico, pois mudou a direção e com isso muda toda a perspectiva gerencial para o
setor de coordenação acadêmica. No entanto com tantas mudanças, a nova direção mostrou-se
128
interessada em ter contato com os resultados da pesquisa, mesmo sabendo que a série história
vai de 2008 a 2009, com a intenção de analisar a realidade exposta na pesquisa.
Outro aspecto desafiador é a mudança de cultura, que pode ser o maior desafio
para a implantação do BSC, sobretudo no que diz respeito aos diversos setores da faculdade,
pois se trata de uma ferramenta de controle de desempenho das ações estratégica não só da
coordenação, mas também de outros segmentos da IES. Como a gestão atual está em plena
adaptação e reajuste seria um bom momento de implantar novas formas de gestão, e com isso
implantar o BSC setorial na coordenação como um projeto piloto, e depois em toda a
instituição.
O que se refere aos aspectos positivos se pode afirmar que as coordenadoras
acadêmicas, apresentam disposição a mudança e desejo em contribuir para o crescimento
organizacional da faculdade. Outro aspecto positivo é o fato da instituição está em expansão,
com isso fomentando mudanças, principalmente porque precisa tornar-se competitiva em
relação a outras IES, mais um motivo que justifica a implantação de uma gestão estratégica e
a utilização do BSC como ferramenta de controle das estratégias estabelecidas. Outro aspecto
relevante que justificariam a implantação do BSC é que a instituição tem poucos funcionários
e é possível fazer um trabalho de mudança de cultura organizacional para que se tenha uma
gestão estratégica eficiente, eficaz e efetiva.
Buscou-se, nessa pesquisa, expor que o BSC pode ser uma ferramenta gerencial
na atuação do coordenador acadêmico de curso de graduação, visto que o mesmo é um gestor
por excelência e que para agir com eficiência, eficácia e efetividade é fundamental a
elaboração e a execução de um planejamento estratégico.
Conclui-se, portanto, que a realização dessa pesquisa foi fundamental para
despertar o interesse no estudo desse gestor de Ensino Superior, também expor um diferencial
na administração das IES, considerando como a iniciativa a implementação de uma gestão
estratégias baseada no BSC setorial. Com isso, espera-se de alguma forma ter contribuído
para quem tem interesse em investigar sobre essa área, ratifica-se que a pesquisadora
aprendeu muito no decorrer dessa dissertação, no entanto acredita-se que é apenas um começo
de novos conhecimentos que irão surgir.
129
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133
APÊNDICE
1- Roteiro de entrevista
1ª Etapa – Definir a unidade organizacional
1. Na sua visão como a Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro está organizada
academicamente?
2. O setor de coordenação acadêmica como está estruturada e organizada?
3. Quais são as características do trabalho desenvolvido na coordenação acadêmica de curso
de graduação na Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro?
4. Que curso de graduação você coordena? Quanto tempo desenvolve esse trabalho?
5. Como você define o coordenador de curso de graduação?
6. Diante das diversas ações desenvolvidas na coordenação de curso de graduação, que ações
são executadas que o identifica? Cite pelo menos cinco características centrais.
7. Identifique cinco aspectos relevantes no seu trabalho que influencia diretamente no
desempenho do curso que coordena.
8. Que tipo de planejamento você desenvolve ou participa na IES?
9. Você desenvolve planejamentos para sistematizar as suas ações na coordenação de curso
de graduação.
10. Como você avalia as suas ações?
2ª Etapa – Elaborar a missão, visão, valores e estratégias do setor
11.Você conhece a missão, a visão, os valores e as estratégias de crescimento da Faculdade de
Tecnologia Darcy Ribeiro?
12.O que tem realizado para concretizar a missão, a visão, os valores e as estratégias de
crescimento da IES? Cite pelo menos cinco aspectos.
13.O setor de coordenação acadêmica de curso de graduação possui uma missão, visão,
valores e estratégias setoriais? Caso tenha, quais são?
14. Caso o setor de coordenação acadêmica de curso de graduação tenha missão, visão,
valores e estratégias, o que tem feito para a sua concretização? Cite pelo menos cinco
aspectos.
3ª Etapa – Identificar as dimensões
DIMENSÃO POLÍTICA
134
15.Você assume o papel de líder do curso que coordena?
16.Como você desempenha o papel de líder do curso? Cite pelo menos cinco aspectos.
17.Você divulga o curso que coordenada?
18. Como você realiza o marketing do curso?
19. Como você analisa o curso que coordena e os anseios e desejos do mercado de trabalho?
DIMENSÃO ACADÊMICA
20.Você participou da elaboração PPC? Como foi essa participação?
21. Como acompanha o desenvolvimento das atividades realizadas no curso, deste a
aplicação dos conteúdos a avaliação do desempenho do aluno.
22.Realiza atividade de avaliação do curso que coordena?
23. Você estimula a iniciação científica por parte dos alunos e professores?
24. Como realiza o acompanhamento dos estágios supervisionados?
25. Como realiza o acompanhamento e a interrelação entre as ações que os docentes realizam
e a missão, visão, os valores e as estratégias da IES?
26. A IES desenvolver projetos e ações voltadas ao programa de monitoria?
27. Caso a IES tenha projetos de programa de monitoria, como é realizado o
acompanhamento pelo coordenador de curso de graduação?
DIMENSÃO INSTITUCIONAL
28. Você acompanha o discente nos exames vinculados ao ENADE?
29. Caso realize o acompanhamento, como é realizado?
30.Verifica a empregabilidade do aluno?
31. Busca fontes alternativas de recursos para o curso?
32. Caso tenha conseguido as fontes alternativas de recurso, como conseguiu e quais são?
33. Como você acompanha o processo de reconhecimento, ou de reavaliação do curso?
Defina pelo menos cinco aspectos.
34. Você desenvolver ações para estreitar os vínculos quanto à regionalidade dos alunos com
o curso?
35. Busca constantemente atualizar-se quanto às exigências do MEC em relação ao
CONAES, ao SINAES, o ENADE e os critérios de avaliação do INEP?
DIMENSÃO GERENCIAL
36. Você supervisiona as instalações físicas, laboratoriais e de equipamento do curso?
37. Busca atualização da biblioteca, no que diz respeito à aquisição de livros, materiais
especiais, e assinatura de periódicos?
135
38.Realiza o acompanhamento da frequência dos alunos e professores?
39. Participa do processo de seleção de professores?
40. Realiza o acompanhamento da adimplência ou inadimplência dos discentes?
41. Realiza reuniões sistemáticas com os professores? .
42. Caso tenha reuniões com os professores, qual o assunto que mais se repete na pauta?
43. Você tem autonomia para tomar decisões sobre aspectos vinculados ao curso que
coordena?
4ª Etapa – Análise do Cenário – SWOT
44.Quais são os fatores-chaves de sucesso da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro? Cite
pelo menos cinco aspectos.
45. Quais são os pontos fortes do trabalho desenvolvido na coordenação acadêmica do curso
que gerencia?
46. Quais são os pontos fracos do trabalho desenvolvido na coordenação acadêmica do curso
que gerencia?
47. Que ações você realizar para manter os pontos fortes e superar os pontos fracos?
48. Quais são as ameaças existentes no trabalho que desenvolve?
49. Quais são as oportunidades existentes no trabalho que desenvolve?
50. Que ações você realizar concretizar as oportunidades?
51. Que ações você realizar para transformar as ameaças em oportunidades?
5ª Etapa – Definir as perspectivas
PERSPECTIVA DO CLIENTE
52. Como você analisa os seus clientes (alunos)?
53. O que a coordenação de curso de graduação realiza para atender os clientes com
eficiência, eficácia e efetividade?
54. Existe a preocupação com a fidelização dos clientes?
55. Com que frequência, você atende os clientes?
56. Caso realiza atendimentos, quantifique de 0 a 10 a forma de atendimento realizado por
dia?
( ) POR TELEFONE
( ) PESSOALMENTE
( ) NA SALA DE AULA
( ) POR EMAIL
( )OUTROS. ________________ (especificar)
136
57. Como você avalia os resultados do atendimento realizado?
58. O que atrapalha e facilita o atendimento? Cite pelo menos cinco aspectos sobre cada um.
PERSPECTIVA DOS PROCESSOS INTERNOS
59.Na sua visão quais são os principais processos de negócios que a Faculdade de Tecnologia
Darcy Ribeiro tem ou precisa ter por excelência?
60. O que você como coordenador acadêmico de curso de graduação realiza para contribuir
para o crescimento dos processos internos da IES?
61. Quais são os indicadores dos processos internos do setor de coordenação acadêmica de
curso de graduação?
62. Os indicadores de excelência estão alinhados com a operação para gerar valores?
63. Os indicadores dos processos internos do setor de coordenação estão alinhados com os
objetivos e as metas da IES?
PERSPECTIVA DO APRENDIZADO E CRESCIMENTO
64. Você se preocupa com o seu aprendizado e o crescimento e dos funcionários da
instituição?
65. Quais ações são desenvolvidas no setor de coordenação acadêmica de curso de graduação
que visa o melhoramento contínuo e a preparação para o futuro?
66. Na sua visão, o que impede o aprendizado e o crescimento dos profissionais da IES?
67. Na sua visão, o que estimula o aprendizado e o crescimento dos profissionais da IES?
68. O que você tem feito para desenvolver o próprio aprendizado e crescimento?
69. Na sua visão qual é a relação existente entre a perspectiva aprendizado e crescimento, e, a
perspectiva do cliente e dos processos internos?
PERSPECTIVA DOS PROCESSOS ACADÊMICOS
70. Para você é relevante que as ações do coordenador acadêmico de curso de graduação
estejam alinhadas aos processos acadêmicos?
71. Quais são os processos acadêmicos que você realiza com frequência?
72. O que você sente mais dificuldade de realizar com relação aos processos acadêmicos? Por
que?
73. As ações realizadas na coordenação estão alinhadas com o controle acadêmico da IES?
74. Em que para você é relevante trabalhar alinhado com o setor de controle acadêmico?
75. Você costuma consultar o arquivo?
76. Em que para você é relevante trabalhar alinhado com o setor de arquivo?
77. Você costuma acompanhar o setor de atendimento ao aluno?
137
78. Em que para você é relevante trabalhar alinhado com o setor de atendimento ao aluno?
79. Você costuma consultar a secretaria acadêmica?
80. Em que para você é relevante trabalhar alinhado com o setor de secretaria acadêmica?
81. Você realiza orientações pedagógicas aos professores?
82. Para você em que essas orientações influenciarão o desempenho da coordenação
acadêmica?
6ª Etapa – Estabelecer objetivos, metas e indicadores
83. Quais são os objetivos para o setor de coordenação acadêmica de curso de graduação
tecnológica?
84. Quais são as metas para cada objetivo definido?
85. Quais são os indicadores para cada meta?
86. Como você vê o curso que coordena a curto, médio e longo prazo?
138
2- Roteiro do questionário aplicado ao coordenador de curso
QUESTIONÁRIO
Este questionário deve ser respondido pelo coordenador de curso de graduação da Faculdade de Tecnologia Darcy Ribeiro.
Solicitamos que antes de responder o questionário, seja feita uma leitura cuidadosa de todo o questionário, assim as respostas serão respondidas com clareza e precisão, visto que irá retratar a situação em que a coordenação de curso encontra-se dentro de cada questão.____________________________________________________________________________
Formulação das QuestõesFormulação das QuestõesAs questões são elaboradas de quatro formas: As questões são elaboradas de quatro formas: Questões de múltiplas escolhasQuestões de múltiplas escolhas, onde deve(m) ser marcada(s) uma ou mais respostas, onde deve(m) ser marcada(s) uma ou mais respostas
(conforme o caso).(conforme o caso).
Afirmações,Afirmações, cujas respostas estão distribuídas em escalas de 5 (cinco) graus de intensidade.cujas respostas estão distribuídas em escalas de 5 (cinco) graus de intensidade. Cada escala deve ser marcada conforme a situação da IES ou do coordenador, se enquadraCada escala deve ser marcada conforme a situação da IES ou do coordenador, se enquadra dentro da afirmação:dentro da afirmação:
(5) Concordo Totalmente(5) Concordo Totalmente. Significa que o coordenador . Significa que o coordenador aplica totalmenteaplica totalmente o fundamento o fundamento descrito na afirmação.descrito na afirmação.
(4) Concordo Parcialmente(4) Concordo Parcialmente. Significa que o coordenador aplica na maioria de suas ações.. Significa que o coordenador aplica na maioria de suas ações.(3) Indeciso(3) Indeciso. Significa que . Significa que existem dúvidas existem dúvidas se o fundamento é aplicado em sua se o fundamento é aplicado em sua maioria oumaioria ou
minoriaminoria..(2) Discordo Parcialmente(2) Discordo Parcialmente. Significa que o coordenador . Significa que o coordenador não aplica o fundamento descritonão aplica o fundamento descrito
em sua maioriaem sua maioria..(1) Discordo Totalmente(1) Discordo Totalmente. Significa que o coordenador . Significa que o coordenador não aplicanão aplica o fundamento descrito. o fundamento descrito.
Existem questões que deverão ser assinaladas de acordo com o nível de relevância, divididas emExistem questões que deverão ser assinaladas de acordo com o nível de relevância, divididas em uma escala de 5(cinco) graus de intensidade. Cada escala deve ser marcada conforma a situação dauma escala de 5(cinco) graus de intensidade. Cada escala deve ser marcada conforma a situação da IES ou do coordenador se enquadra dentro da afirmação.IES ou do coordenador se enquadra dentro da afirmação.
(5) Muito relevante:(5) Muito relevante: significa que é extremamente importante. significa que é extremamente importante.(4) relevante:(4) relevante: significa que é apenas importante. significa que é apenas importante.(3) Indeciso(3) Indeciso: significa que existem dúvidas sobre a importância do fundamento exposto no: significa que existem dúvidas sobre a importância do fundamento exposto no
item.item.(2) Pouco relevante:(2) Pouco relevante: significa que é possível ficar sem o fundamento exposto no item. significa que é possível ficar sem o fundamento exposto no item.(1) irrelevante:(1) irrelevante: significa que não é importante para a instituição. significa que não é importante para a instituição.
Existem questões que deverão ser assinaladas de acordo com a freqüência que é realizadaExistem questões que deverão ser assinaladas de acordo com a freqüência que é realizada alguma ação, divididas em uma escala de 5(cinco) graus de intensidade. Cada escala deve seralguma ação, divididas em uma escala de 5(cinco) graus de intensidade. Cada escala deve ser marcada conforme a situação da IES ou como o coordenador se enquadra dentro da afirmação.marcada conforme a situação da IES ou como o coordenador se enquadra dentro da afirmação.
(5) Muito frequente:(5) Muito frequente: significa que é realizada todos os dias. significa que é realizada todos os dias.(4) Frequente:(4) Frequente: significa que é realizada três vezes na semana. significa que é realizada três vezes na semana.(3) Indeciso(3) Indeciso: significa que existem dúvidas sobre a freqüência do fundamento exposto no: significa que existem dúvidas sobre a freqüência do fundamento exposto no
item.item.(2) Pouco frequente:(2) Pouco frequente: significa que é realizada apenas uma ou duas vezes por semana. significa que é realizada apenas uma ou duas vezes por semana.(1) Não ocorre:(1) Não ocorre: significa que não é realizada. significa que não é realizada.
139
DADOS SOBRE O RESPONDENTEDADOS SOBRE O RESPONDENTE
Curso que coordena:_______________________________________Curso que coordena:_______________________________________Temo de coordenação:_____ anosTemo de coordenação:_____ anosFormação acadêmica: ______________________________________Formação acadêmica: ______________________________________Titulação:___________________Titulação:___________________
DEFINIÇÃO DA UNIDADE ORGANIZACIONALDEFINIÇÃO DA UNIDADE ORGANIZACIONAL
1- O coordenador de curso deve desenvolver o seu oficio com o objetivo apenas de caráter1- O coordenador de curso deve desenvolver o seu oficio com o objetivo apenas de caráter acadêmico (vinculados ao ensino).acadêmico (vinculados ao ensino).
(1) ( ) Discordo totalmente(1) ( ) Discordo totalmente(2) ( ) Discordo parcialmente(2) ( ) Discordo parcialmente(3) ( ) Indeciso (3) ( ) Indeciso (4) ( ) Concordo parcialmente (4) ( ) Concordo parcialmente (5) ( ) Concordo totalmente(5) ( ) Concordo totalmente
2- O coordenador acadêmico hoje é visto como um gestor (administrador), com todas as2- O coordenador acadêmico hoje é visto como um gestor (administrador), com todas as peculiaridades da função:peculiaridades da função:
(1) ( ) Discordo totalmente(1) ( ) Discordo totalmente(2) ( ) Discordo parcialmente(2) ( ) Discordo parcialmente(3) ( ) Indeciso (3) ( ) Indeciso (4) ( ) Concordo parcialmente (4) ( ) Concordo parcialmente (5) ( ) Concordo totalmente(5) ( ) Concordo totalmente
3- Marque com um “X” a frequência de decisões tomadas por você e efetivamente executadas:3- Marque com um “X” a frequência de decisões tomadas por você e efetivamente executadas:
(1) ( ) Não ocorre(1) ( ) Não ocorre(2) ( ) Pouco frequente(2) ( ) Pouco frequente(3) ( ) Indeciso (3) ( ) Indeciso (4) ( ) Frequente (4) ( ) Frequente (5) ( ) Muito frequente(5) ( ) Muito frequente
SOBRE PLANEJAMENTO SOBRE PLANEJAMENTO
4- Marque com um “X” o grau de freqüência de 4- Marque com um “X” o grau de freqüência de reuniões para elaboraçãoreuniões para elaboração de planejamentosde planejamentos nana coordenação de curso de graduaçãocoordenação de curso de graduação em uma escala de 0 a 5: em uma escala de 0 a 5:
00 11 22 33 44 55
5- Marque com um “X” o grau de freqüência de 5- Marque com um “X” o grau de freqüência de aplicação do planejamentoaplicação do planejamento desenvolvidos na desenvolvidos na nana coordenação de curso de graduaçãocoordenação de curso de graduação, em uma escala de 0 a 5:, em uma escala de 0 a 5:
00 11 22 33 44 55
6- 6- Assinale com um “X” o Assinale com um “X” o nível de acompanhamento dos resultados da aplicaçãonível de acompanhamento dos resultados da aplicação dodo planejamentoplanejamento desenvolvidos desenvolvidos na coordenação de curso de graduaçãona coordenação de curso de graduação, em uma escala de 0 a 5:, em uma escala de 0 a 5:
00 11 22 33 44 55
7- Indique com um “X” em uma escala de 0 a 5, sobre o nível que representa 7- Indique com um “X” em uma escala de 0 a 5, sobre o nível que representa os resultadosos resultados alcançados pelo planejamentoalcançados pelo planejamento desenvolvido na coordenação de curso de graduação: desenvolvido na coordenação de curso de graduação:
140
00 11 22 33 44 55
8-O coordenador acadêmico pode desenvolver sua práxis sem planejamento, resolvendo os desafios8-O coordenador acadêmico pode desenvolver sua práxis sem planejamento, resolvendo os desafios do seu oficio à medida que surgem:do seu oficio à medida que surgem:
(1) ( ) Discordo totalmente(1) ( ) Discordo totalmente(2) ( ) Discordo parcialmente(2) ( ) Discordo parcialmente(3) ( ) Indeciso (3) ( ) Indeciso (4) ( ) Concordo parcialmente (4) ( ) Concordo parcialmente (5) ( ) Concordo totalmente(5) ( ) Concordo totalmente
9 – Assinale o tipo de planejamento no qual você participa ou participou na IES:9 – Assinale o tipo de planejamento no qual você participa ou participou na IES:
Planejamento pedagógico Planejamento pedagógico Planejamento estratégico Planejamento estratégico Planejamento setorial Planejamento setorial Planejamento participativo Planejamento participativo Desconheço tais planejamentos Desconheço tais planejamentos
10 - Na instituição que trabalha em sua opinião, você prefere:10 - Na instituição que trabalha em sua opinião, você prefere:
Desenvolver planejamentos em conjunto com os demais coordenadores; Desenvolver planejamentos em conjunto com os demais coordenadores; Desenvolver planejamento sozinho, visto que os cursos são diferentes; Desenvolver planejamento sozinho, visto que os cursos são diferentes; Desenvolver planejamentos seguindo as diretrizes dos administradores maiores; Desenvolver planejamentos seguindo as diretrizes dos administradores maiores; Desenvolver planejamentos seguindo as diretrizes do curso; Desenvolver planejamentos seguindo as diretrizes do curso; Desenvolver planejamentos seguindo a visão do mercado; Desenvolver planejamentos seguindo a visão do mercado; Desenvolver planejamentos seguindo os próprios princípios; Desenvolver planejamentos seguindo os próprios princípios;
SOBRE MISSÃO, VISÃO E PRINCÍPIOSSOBRE MISSÃO, VISÃO E PRINCÍPIOS
11- As ações do coordenador de curso devem estar essencialmente ligadas à missão, a visão e os11- As ações do coordenador de curso devem estar essencialmente ligadas à missão, a visão e os princípios da IES.princípios da IES.
(1) ( ) Discordo totalmente(1) ( ) Discordo totalmente(2) ( ) Discordo parcialmente(2) ( ) Discordo parcialmente(3) ( ) Indeciso (3) ( ) Indeciso (4) ( ) Concordo parcialmente (4) ( ) Concordo parcialmente (5) ( ) Concordo totalmente(5) ( ) Concordo totalmente
12- Na sua opinião, você considera importante que o setor de coordenação de curso tenha sua própria missão, visão e princípios.
(1) ( ) Irrelevante (2) ( ) Pouco relevante (3) ( ) Indeciso (4) ( ) Relevante (5) ( ) Muito relevante
SOBRE AS AÇÕES DO COORDENADOR DE CURSO
13- Na sua opinião, dentre as funções do coordenador acadêmico de curso de graduação, em que desempenha na IES que esta inserido, assinale as opções em uma escala de 5 a 1, referente ao grau de freqüência que desempenha, a intensidade da ação ou o nível de importância que considera. O item desconheço tal ação na IES está designado para atividades que não são desempenhadas na IES:
141
Dimensão Desconheço tal ação na IES
Grau de frequência, intensidade ou importância
POLÍTICAPOLÍTICAPapel de liderança no curso que coordena.Papel de liderança no curso que coordena. 55 44 33 22 11
Motiva alunos e professores.Motiva alunos e professores. 55 44 33 22 11
Realiza o Marketing do curso.Realiza o Marketing do curso. 55 44 33 22 11
Vincula o curso ao mercado de trabalhoVincula o curso ao mercado de trabalho 55 44 33 22 11
ACADÊMICAACADÊMICAExecuta as ações do PPC do curso.Executa as ações do PPC do curso. 55 44 33 22 11
Desenvolve atividades que mantém a qualidade do curso. 55 44 33 22 11
Desenvolve atividades que avaliam o curso. 55 44 33 22 11
Estimula a iniciação científica e a pesquisa de professoresEstimula a iniciação científica e a pesquisa de professores e alunos.e alunos.
55 44 33 22 11
Assume a responsabilidade pela orientação e pelo acompanhamento dos monitores.
55 44 33 22 11
Estimula Estimula professores e alunos em programas e projetos de extensão universitária.
55 44 33 22 11
Realiza acompanhamentos nos estágios supervisionados.Realiza acompanhamentos nos estágios supervisionados. 55 44 33 22 11
INSTITUCIONALINSTITUCIONALAnalisa e acompanha as exigências do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES
55 44 33 22 11
Verifica e analisa a situação acadêmica do discente no curso
55 44 33 22 11
Verifica e acompanha a empregabilidade dos alunos 55 44 33 22 11
Busca fontes alternativas de recursos para o seu Curso e para a IES.
55 44 33 22 11
Acompanha o processo de reconhecimento de seu Curso e pela renovação periódica desse reconhecimento junto ao MEC
55 44 33 22 11
Consulta do site ou demais veículos de informação sobre as exigências legais do MEC.
55 44 33 22 11
Relaciona o planejamento da IES com os princípios dasRelaciona o planejamento da IES com os princípios das dimensões do SINAES.dimensões do SINAES.
55 44 33 22 11
GERENCIALGERENCIALSupervisiona as instalações físicas, laboratórios e os equipamentos do Curso.
55 44 33 22 11
Indica livros, materiais especiais e assinatura de periódicos necessários ao desenvolvimento do Curso.
55 44 33 22 11
Estimula e controla a freqüência dos docentes e discentes.
55 44 33 22 11
Busca e efetiva parcerias que favorecem o curso. 55 44 33 22 11
14- 14- Na sua opinião, dentre as funções do coordenador acadêmico de curso de graduação, em queNa sua opinião, dentre as funções do coordenador acadêmico de curso de graduação, em que desempenha na IES que esta inserido, assinale as opções em uma escala de 5 a 1, referente ao graudesempenha na IES que esta inserido, assinale as opções em uma escala de 5 a 1, referente ao grau de freqüência que desempenha, a intensidade da ação ou o nível de importância que considera. Ode freqüência que desempenha, a intensidade da ação ou o nível de importância que considera. O
142
item item desconheço tal ação na IESdesconheço tal ação na IES está designado para atividades que não são desempenhadas na está designado para atividades que não são desempenhadas na IES:IES:
Dimensão Desconheço tal ação na IES
Grau de frequência, intensidade ou importância
PROCESSOS INTERNOSBusca de inovação do curso.Busca de inovação do curso. 55 44 33 22 11
Verificação das necessidades atuais e futuras do curso eVerificação das necessidades atuais e futuras do curso e dos alunos dos alunos
55 44 33 22 11
Autonomia para decidir quais ações devem ser tomadasAutonomia para decidir quais ações devem ser tomadas para atender as necessidades do curso.para atender as necessidades do curso.
55 44 33 22 11
Vincula o curso ao mercado de trabalhoVincula o curso ao mercado de trabalho 55 44 33 22 11
PERSPECTIVA DO CLIENTEAnalisa a fidelização do aluno.Analisa a fidelização do aluno. 55 44 33 22 11
Desenvolve ações para a fidelização do aluno. 55 44 33 22 11
PERSPECTIVA FINANCEIRAPERSPECTIVA FINANCEIRAAcompanha a inadimplência dos alunosAcompanha a inadimplência dos alunos 55 44 33 22 11
Nível de impacto dos alunos matriculados sobre aNível de impacto dos alunos matriculados sobre a rentabilidade do curso.rentabilidade do curso.
55 44 33 22 11
Nível de impacto do trancamento dos alunos e aNível de impacto do trancamento dos alunos e a rentabilidade.rentabilidade.
55 44 33 22 11
Nível de impacto dos alunos transferidos e aNível de impacto dos alunos transferidos e a rentabilidade.rentabilidade.
55 44 33 22 11
Acompanhamento da contratação e demissão dosAcompanhamento da contratação e demissão dos professoresprofessores
55 44 33 22 11
PERSPECTIVA DE APRENDIZADO E CRESCIMENTOAções desenvolvidas pela IES para promover formaçãoAções desenvolvidas pela IES para promover formação em serviço para os funcionários.em serviço para os funcionários.
55 44 33 22 11
Ações desenvolvidas pela IES para promover formação aAções desenvolvidas pela IES para promover formação a cerca da política da instituiçãocerca da política da instituição
55 44 33 22 11
Ações desenvolvidas com relação à integração dosAções desenvolvidas com relação à integração dos funcionários.funcionários.
55 44 33 22 11
Preocupação com o alinhamento das informações a cercaPreocupação com o alinhamento das informações a cerca dos alunos, procedimentos acadêmico, curso e normasdos alunos, procedimentos acadêmico, curso e normas da IES. da IES.
55 44 33 22 11
Ações que busquem a motivação dos funcionários.Ações que busquem a motivação dos funcionários. 55 44 33 22 11
PERSPECTIVA DOS PROCESSOS ACADÊMICOSAcompanhamento do processo do vestibular.Acompanhamento do processo do vestibular. 55 44 33 22 11
Acompanhamento da vida acadêmica do aluno.Acompanhamento da vida acadêmica do aluno. 55 44 33 22 11
Acompanhamento das ações dos professores.Acompanhamento das ações dos professores. 55 44 33 22 11
Acompanhamento do aluno até a colação de grau.Acompanhamento do aluno até a colação de grau. 55 44 33 22 11
Integração entre os setores coordenação, controleIntegração entre os setores coordenação, controle acadêmico, arquivo, secretaria e atendimento ao aluno.acadêmico, arquivo, secretaria e atendimento ao aluno.
55 44 33 22 11
Analise e acompanhamento da aplicação do PDI e PPC.Analise e acompanhamento da aplicação do PDI e PPC. 55 44 33 22 11
15- Responda as seguintes questões:15- Responda as seguintes questões:
143
a)a) Número de alunos matriculados no curso:__________Número de alunos matriculados no curso:__________
b) Número de alunos inadimplentes:__________Número de alunos inadimplentes:__________
c)c) Número de alunos trancados:__________Número de alunos trancados:__________
d)d) Número de alunos transferidos:________Número de alunos transferidos:________
16-Marque as opções a seguir que na sua opinião representa o nível de satisfação dos alunos com relação ao curso que coordena de acordo com os seguintes indicadores:
NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS ALUNOSASPECTOSASPECTOS Não tenho informaçõesNão tenho informações
para responder para responder Escala de satisfaçãoEscala de satisfação
Estrutura física da IESEstrutura física da IES 55 44 33 22 11
BibliotecaBiblioteca 55 44 33 22 11
Sala de aulaSala de aula 55 44 33 22 11
Recursos pedagógicosRecursos pedagógicos 55 44 33 22 11
Ação da coordenaçãoAção da coordenação 55 44 33 22 11
Matriz curricularMatriz curricular 55 44 33 22 11
Expectativa em relação ao mercado deExpectativa em relação ao mercado de trabalhotrabalho
55 44 33 22 11
Professores do cursoProfessores do curso 55 44 33 22 11
144
3 - Roteiro do questionário aplicado aos alunos
ALUNO DA ALUNO DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DARCY RIBEIRO DADOS SOBRE O RESPONDENTE DADOS SOBRE O RESPONDENTE
CURSO: ____________________________________ SEXO: ( ) M ( ) FIDADE:__________ Nº DE SEMESTRES EM QUE É ALUNO DO CURSO: ____________
SOBRE AS AÇÕES DO COORDENADOR DE CURSOSOBRE AS AÇÕES DO COORDENADOR DE CURSO
Na sua opinião, dentre Na sua opinião, dentre as ações do coordenador acadêmico de curso de graduaçãoas ações do coordenador acadêmico de curso de graduação, que são, que são desempenhadas na IES, assinale as opções em uma escala de 5 a 1, referente ao grau de freqüência quedesempenhadas na IES, assinale as opções em uma escala de 5 a 1, referente ao grau de freqüência que são desempenhadas, ou a intensidade da ação por esse profissional. O item são desempenhadas, ou a intensidade da ação por esse profissional. O item desconheço tal ação nadesconheço tal ação na IESIES (faculdade) está designado para atividades que não são desempenhadas ou que você não tem (faculdade) está designado para atividades que não são desempenhadas ou que você não tem informações para responder:informações para responder:
Dimensão Desconheço tal ação na IES
Grau de frequência, intensidade
Papel de liderança no curso que coordena.Papel de liderança no curso que coordena. 55 44 33 22 11
Motiva alunos e professores.Motiva alunos e professores. 55 44 33 22 11
Realiza o Marketing do curso.Realiza o Marketing do curso. 55 44 33 22 11
Vincula o curso ao mercado de trabalhoVincula o curso ao mercado de trabalho 55 44 33 22 11
Desenvolve atividades que mantém a qualidade do curso. 55 44 33 22 11
Desenvolve atividades que avaliam o curso. 55 44 33 22 11
Estimula a iniciação científica e a pesquisa de professores eEstimula a iniciação científica e a pesquisa de professores e alunos.alunos.
55 44 33 22 11
Assume a responsabilidade pela orientação e pelo acompanhamento dos monitores.
55 44 33 22 11
Estimula Estimula professores e alunos em programas e projetos de extensão universitária.
55 44 33 22 11
Realiza acompanhamentos nos estágios supervisionados.Realiza acompanhamentos nos estágios supervisionados. 55 44 33 22 11
Verifica e analisa a situação acadêmica do discente no curso 55 44 33 22 11
Verifica e acompanha a empregabilidade dos alunos 55 44 33 22 11
Busca fontes alternativas de recursos para o seu Curso e para a faculdade.
55 44 33 22 11
Supervisiona as instalações físicas, laboratórios e os equipamentos do Curso.
55 44 33 22 11
Indica livros, materiais especiais e assinatura de periódicos necessários ao desenvolvimento do Curso.
55 44 33 22 11
Estimula e controla a freqüência dos docentes e discentes. 55 44 33 22 11
145
Busca e efetiva parcerias que favorecem o curso. 55 44 33 22 11
Busca de inovação do curso.Busca de inovação do curso. 55 44 33 22 11
Verificação das necessidades atuais e futuras do curso e dosVerificação das necessidades atuais e futuras do curso e dos alunos alunos
55 44 33 22 11
Desenvolve ações para a fidelização do aluno. 55 44 33 22 11
Acompanhamento da vida acadêmica do aluno.Acompanhamento da vida acadêmica do aluno. 55 44 33 22 11
Acompanhamento das ações dos professores.Acompanhamento das ações dos professores. 55 44 33 22 11
Integração entre os setores coordenação, controle acadêmico,Integração entre os setores coordenação, controle acadêmico, arquivo, secretaria e atendimento ao aluno.arquivo, secretaria e atendimento ao aluno.
55 44 33 22 11