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A AMAMENTAÇÃO NA
MULHER COM TRABALHO
REMUNERADO
MARINA F. REA
PROFESSORA COLABORADORA do PROGRAMA DE MESTRADO DO
INSTITUTO DE SAUDE - SES SÃO PAULO e do PROGRAMA DE
NUTRIÇÃO EM SAUDE PUBLICA DA FSPUSP
Membro da rede IBFAN
Representante da IBFAN no Comitê Nacional de Aleitamento Materno
do Ministério da Saúde.
•Discriminação de gênero no trabalho: agrava-se em função de
gerar filhos, amamentar e criá-los, prerrogativa quase exclusiva
da mulher.
•Discriminação salarial: O rendimento médio real por hora das
mulheres ocupadas corresponde a R$ 5,76, valor que equivale a
76,4% do atribuído aos homens (R$ 7,53) (São Paulo, SEADE 2009).
•Mulheres representam hoje o primeiro ou único salário em muitas
casas: estima-se que 30% de famílias no mundo tem nas mulheres
a principal fonte de renda.
•No Brasil, com amplas variações regionais, a mulher tem
trabalho remunerado e é chefe de família em pelo menos 25% dos lares (2006).
•Mesmo recebendo menos, deixar o emprego para dar a luz e
amamentar não se coloca, em geral, como alternativa possível.
Reflexões necessárias:
•No Brasil, em 1996 43% das mulheres declaravam
trabalhar. Em 2006, esse percentual passou a 75%.
•Entre as que declararam trabalhar, 23% tinham
filhos menores de 5 anos (DHS/BEMFAM, 1996),
proporção que passou a 54% em 2006 (PNDS/DHS).
•Nos países industrializados 65-90% dos
trabalhadores em tempo parcial são mulheres,
sendo esse percentual maior ainda nos países
pobres. Em geral todas essas mulheres estão fora
da proteção legal à maternidade.
•Organização Internacional do Trabalho (OIT): as
mulheres permanecem concentradas em
trabalhos temporários, domésticos, auto-emprego,
e micro-empresas muitas das quais informais.
Venancio, Rea & Saldiva, 2010
Cohen et al. (1995) documentou que
as mulheres que dão mamadeira
(formula infantil) gastam duas vezes
mais ausências de um dia no emprego
do que as mães trabalhadoras que
amamentam.
Vantagens para o empregador, empresário, chefe,
diretor
•Diminui o absenteísmo da mulher-mãe trabalhadora
•Baixa os custos da empresa/entidade com serviços de
saúde
•Aumenta a permanência no emprego
•Aumenta a produtividade da trabalhadora remunerada
•Torna a trabalhadora mais fiel e leal ao emprego
•Os filhos da trabalhadora remunerada que amamenta tem:
•Menos febre e doenças comuns da infância
•Menos visitas aos profissionais de saúde Quanto a custos:
Nos EEUU observou-se
US200 menos gastos com
bebês amamentados do
que com os que utilizam
mamadeira (Weimer,
2001).
•Qual o retorno no investimento de uma entidade
lucrativa?
•Calculou-se que de cada US$1 (UM DOLAR)
investido em criar e sustentar uma ação de apoio a
lactação na empresa (incluindo: local para
ordenha com bomba com garantia de
privacidade, disponibilidade de uma geladeira e
facilidades de higiene, além de tempo apropriado
para a mãe)...
•o retorno é de US$2 a US$3 (DOIS A TRES DOLARES).
Tuttle CR, Slavit WI. Establishing the business case for breastfeeding.
Breastfeed Med. 2009;4(suppl 1):S59–S62.
Ação de apoio à lactação na empresa:
custo-benefício
Comparação quanto a frequência e tempo gasto na
ordenha durante a jornada de trabalhadoras com
bebês de 3 e de 6 meses de idade
– 3 meses 6 meses
– (n = 61) (n = 60)
• Freq. media de ordenha/dia
• x ± SD 2.2 ± 0.8 1.9 ± 0.6*
• Tempo gasto na ordenha
** no. (%) ≤ 1 h 50 (82 %) 57 (95%)*
• 1 h 11 (18 %) 3 (5%)
• *P < .05.
• **Qui-quadrado
Slusser et al. Breast Milk Expression in the Workplace J Hum Lact
20(2), 2004
ESPAÇO TEMPO PROXIMIDADE
SUCÇÃO DO NENE OU RETIRADA DO
LEITE DO PEITO ORDENHADO
CONDIÇÕES PARA TER EMPREGO E AMAMENTAR
APOIO DE PESSOAL CAPACITADO
• Estudo em 4 entidades publicas, duas das quais oferecem ações pro
amamentação, inclusive sala de apoio para ordenha LM
• 80% das mulheres disseram que queriam amamentar na volta ao trabalho
• 90% desconheciam o que era oferecido pela empresa e achavam que o
patrão tinha que dar mais apoio;
• 37% tinham Sala de Apoio mas apenas 16% sabiam de sua existência e 1/3
delas mostrou interesse em usar; de fato, somente 7% usaram.
• Perguntadas sobre qual a melhor e qual a pior experiência vivida nesse
processo:
• - a melhor: ter uma licença maternidade longa
• - a pior: falta de interesse, de informação e de apoio do patrão/chefias
sobre amamentação
AMAMENTAÇÃO E TRABALHO NO
SERVIÇO PUBLICO NA INGLATERRA
Joanna Kosmala-Anderson, Louise M. Wallace. Breastfeeding works: the role of employers in supporting
women who wish to breastfeed and work in four organizations in England. Journal of Public Health ,28, 3:183–191, 2006.
É POSSIVEL TRABALHAR FORA ( FORMALMENTE) E
AMAMENTAR... ?
Revisão de estudos mostra que é importante:
•Conhecer a legislação trabalhista a que tem
direito;
• Conhecer (no pré-natal) as facilidades oferecidas pelo empregador para amamentar
na volta ao trabalho;
• Ter consciência da importância da
amamentação e dos riscos da alimentação
artificial
• Contar com apoio de gente capacitada para
apoiar – seja entre os familiares, os pares
(colegas) mas especialmente do pediatra
• Aprender, logo que possível, a habilidade de tirar leite do peito manualmente (estudos
mostram que dá mais autonomia do que retirar
por bomba)
É POSSIVEL TRABALHAR FORA
( INFORMALMENTE) E AMAMENTAR... ?
• Conhecer (no pré-natal) as facilidades oferecidas
pelo empregador para amamentar na volta ao
trabalho;
• Ter consciência da importância da amamentação
e dos riscos da alimentação artificial
• Contar com apoio de gente capacitada para
apoiar – seja entre os familiares, os pares (colegas)
mas especialmente do pediatra
• Aprender, logo que possível, a habilidade de tirar
leite do peito manualmente (estudos mostram que
dá mais autonomia do que retirar por bomba)
E para você: qual a melhor e
qual a pior experiência vivida
nesse processo de conciliar
TRABALHO e
AMAMENTAÇÃO?
Creche no local de trabalho – (LEI)
segundo os empresários é alternativa
cara; segundo as mulheres fica
distante da casa e o transporte é ruim;
as mulheres não confiam
versus
Sala de apoio à amamentação (ou
sala de coleta e estocagem de leite
materno)– (BENEFICIO)
alternativa provada possível em áreas
urbanas nos EEUU, na N. Zelândia e
Austrália.
Conclusão: as mulheres devem ter os beneficios trabalhistas
garantidos em Lei para uma vida plena, que inclua a
capacidade produtiva – com salarios iguais aos homens – e
a capacidade reprodutiva – parir e amamentar a geração
do futuro.