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A Aprendizagem: O Adquirido e o Aprendido de Olivier Reboul

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Page 1: A Aprendizagem: O Adquirido e o Aprendido de Olivier Reboul

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Texto 1

A APRENDIZAGEM

o adquirido e 0 aprendido

Oiv~er Reboul laquo0 que eaprenderraquo

o termo laquoaprendizagemraquo nao designa em frances (nem em portugues) a actividade de aprender em geral Conservou durante muito tempo um significado restrito Derivado ) da palavra laquoaprendizraquo 86 designava laquo0 facto de aprender uma profi8sao manual ou teeniearaquo (Dicionario Robert) em oposicao ao estudo quer dizer aaquisicao de conhecishymentos desinteressados constituindo uma cuItura liberal Encontra-se num outro senshytido igualmente limitativo ja nao quanto ao objeeto mas quanto ao grau de aquisicao a aprendizagem sao laquoas primeiras licoes os primeiros ensaiosraquo (Dicionario Robert)

Nos flOSSOS dias surgiu um emprego mais tecnico dotermo 0 dos psic6logos que traduz o ingles learning mas tambem 0 ingles training 0 que levant a serias ambiguidades

G de Landsheere (1979) define de forma seguinte a aprendizagem

Processo de efeito mms ou menos duradoiro pelo quaicomportamentos novos sao adquiridos ou comportamentos jii existentes sao modificados em interacyao com 0 meio ou 0 aJDbiente

A esta definicao falta em minha opiniao um elemento essencial 0 que per mite justa- JJshy

mente iBstmguir 0 aprendido do adquiridQ) Se laquoadquirido bullbull significa tudo 0 que nao e inato 0 que e aprendido eadquirido mas 0 inverso nao e verdadeiro A habituacao por exemplo pode modifiear um eomportamento de forma dunive1 embotaros sentidos tornar insuportavel a privacao (do tabaeo etc) sem que se possa falar em aprendizagem Da mesma maneira a aquisicao dUfiivel de um eomportamento novo como () de gaguejar em eonsequencia de um choque psiquico ou de ter tonturas depois de uma queda naa tem nada a ver com a aprendizagem

Para definir esta naa se pode dispensar a finalidade A aprendizagem nao e a aquisi~o de urn compor am po er de provocar comportameritosuteis ao individuo ou a outros Digo laquoa outrasraquo porque 0 que se aprende no exercito ou numa fabrica oao e necessariamente utH ao pr6prio aprendiz Digo laquopoderraquo porque 0 eomporshytamento adquirido so se revela uti na medida em que 0 individuo 0 pode reproduzir a vontade numa determinada situa~ao Epor isso que uma mania um habito rotineiro ou compulsivo nao podem ser considerados como laquoaprendidosraquo nao se laquoaprenderaquo a tornar-se urn manga de alpaca ou um alc06lico pelo contrario dir-se-a que urn actor aprende a mimar certas rotinas ou certas paixoes

)3

Defino pois a aprendizagem como aquisi~aode urn saber-fazer quer dizer de umal conduta util ao individuo ou a outras pessoas e que pode reproduzir avontade se a situasao 0 permitiJ Esta definisao vale tanto para 0 saber-fazer do cao que laquoaprendeuraquo a trazer a casa como para 0 do esgrimista ou do jogador de xadrez

~ r o paradoxa da apreildizagem

Outra ambiguidade provem de que a palavra laquoaprendizagemraquo abarca todas as actividashy des que consist~m em aprender Acho pelo contnirio que devemos limitar-nos aos ensinamentos da lingua e reduzir a aprendizagem aos casos em que 0 verba laquoaprenderraquo se constr6i com uma proposi~o infinitiva introduzida por a lapprends que vous savez danserraquo(ltAcabo de saber que sabe dan~rraquo)1 Nao euma aprendizagem mas 6 uma aprendizagem aprender a dansar ou a lubrificar os esquis etc No dominio do saber que o contnido do exito equivaJe a ignorancia ou ao erro no do saber-fazer significa a incapacidade ou a falta de jeito

Agora podemos admitirque existem niveis no proprio interior das aprendizage~s algumas resultam de simples automatismos e outras de aptidoes mais ou menos adaptashyveis outras ainda de verdadeiras competencias como a do jogador de xadrez 0 que permite dizer pois que urn saberfazer ede nivel superior a outro 0 facto que emais inteligente 0 que significa esta afirmacrao1

A inteligencia de urn saber-fazer resulta do facto deeste saber-fazer nlio ser somente a reprodu~ao de condutas adquiridas mas a aptidao de as adaptar a cas os novos de as modificar em fun~o de situa~oes ins6litas

Assim diz-se de alguem que sabe dan~ar laquobernraquo conduzir laquobernraquo jogar bernraquo ao I xadrez raciocinar laquobernraquo laquoBernraquo em todos estes exemplos nao significa conformidade com urn modele mas sim possihilidade de adaptar e inovar

Como se adquire urn saber-fazer laquoFazendoraquo a aprendizagem distingue-se da informashy~lio por ImpIicar a actividade do sujeito e par nao ser possivel senao atraves dela Mas que actividade Aquela mesmo que se deve aprender ~(As coisas que temos de aprender para as fazermos efazendo-as que as aprendemosraquo diz Aristoteles (ftthique aNicomashyque 1103 a) E e nisso que reside 0 paradoxotemos de fazer 0 que nao sabemos fazer para aprender a faze-lor E trabalhando na forja que se vern a ser ferreiro mas como forjar se MO se e ferreiro

Este paradoxo ea pr6pria essencia da aprendizagem [ J

ILembrcmns que em portugub a verba aprender nl0 admite uma constru~o desic genero porque nlo tem 0 primeiro scntida que 0 autor assinala no princlpio dcste livra Dir-se-a Bel quI robe don~ar ou acabo dt sober queulano morrellraquo ou live conkecimento de que bullbull Na verdade quando se usa a verOO frances apprenare ncssc sentido ha uma cJipsc subjacentc na cxprcsllo Aprcndi (por pessoa intcrposta ou outra fonte de informa~o) que voce cstava docte e entilo a ambiguidade dcsaparcce apprtmtre significa entilo 0 mesmo que saber em portugues informaram-me ensmaram-mc que (N doT)

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)~

Texto 2

o PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

r

Marcel Postic laquoA Relayao Pedag6gicaraquo

Houve a tendencia durante muito tempo para considerar or 0 acto de aprendizagem ora 0 acto de ensino em vez de estudar a unidade de aCl(ao que eles supoem e de analisar 0

processo de interacl(ao que se estabelece entre ambos MesJIlo recentemente teorizadoshyres da aprendizagem como B F Skinner concebem 0 ensino como a organiza~ao da aprendizagem isto e como uma acryao simetrica

middot Epassivel definir 0 ensino como 0 arranjo das contigencias de reforyo que provocam as modificayoes de comportainento I

As definiyoes analiticas do acto de ensino como a de Hough e Duncan l centram-se tambem sobre a estrategia geral a por em pratica para provoear mudancas de compor- tamento e facilitar a aprendizagem

Que comportamentos se querem obter Em funl(ao de que objectivos gerais da educayao saofixados esses comportamentos Com base em que criterios se escolhem esses objectishyvos Qual 0 sistema de valores que preside a essa escolha Estas definiyoes ficam aum nive1 pragmatico e nao poem todas estas questoes fundamentais

I A procura da significal(iio dos aetos de ensinar e aprender obriga a voltar as finalidades pedag6gicas todo 0 comportamento operat6rioque se quer adquirir ou fazer adquirir inscreve-se num comportamentosocial geral correspondente a uma certa concepciio do homem na sociedade 0 Iugar dos homens na estrutrura social e econ6mica a organizashycao das relal(oes sociais comandam a selec9ao e a hierarquizayao dos objectivos Mesmo que se enunciem objectivos gerais que pareceriampoder congregar 0 maior numero de educadores tais como aaquisicao da heran~a cultural a forma~ao intelectual atrayeS da execuyao de metodos de trabalho de pensamentomiddot e de aCyao (desenvolvimento do espirito de observa~ao de analise de sintese formacao do juizo critico etc) a formal(ao

social atraves da aprendizagem das regras sociais nao se consegue que eles apare~am sempre nos objectivos especificos hierarquizados Por vezesjA nem se reconheceriam as pr6prias finalidades nas modalidades praticas de organizal(ao pedag6gica ainda que elas tenham side proclamadas em declara~oes de intenyao ou entao por razoes de eficacia ha uma maior preocupa~ao com os objectivos operacionais do que com as finalidades

A preocupayao de racionalizar a pedagogia e de ajustar melhor 0 acto de ensinar ao acto de aprender Ievou os docentes a interessaremse pela defini~ao dos objectivos B S Bloom e R Mager propuseram taxonomias que ajudaram a estabelecer racionalmente programas de aprendizagem e a examinar simultaneamentemiddotas etapas de aprendizagem e as etapas do ensino Poder-se-a ins tal ar uma verdadeira dialectica entre as duas etapas e

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as fases do pensamento e lhe abrira os modos mais elevados do pensamento formal Estando 0 nosso mundo moderno dominado pela tecnica permitir-lheei assim que fique

perrnitir uma regularao constante Infelizmente os teorizadores da aprendizagern tern tendencia para orientar 0 estudo do acto de ensinar apoiando-se nas condir6es de conceprao e de utilizarao de maquinas de ensinar e desprezam as influencias interpesshysoais que se exercem na situarao pedag6gica e que tern como suporte a materia a aprender e como resultante a aprendizagern

As teorias da aprendizagern arriscam-se co~ if~ito a dar a conhecer 0docente comb 0 rnanipulador dos estimulos e dos refoqos e 0 atuno como 0 individuo que repge as solicitaroes como aque1ecujo comportamento esta completamente sob a dependencia de estimulos extern os Isto eesquecer que os alunos sao acto res no processo ensinoshy-aprendizagem que eles actuaID atraves das suas atitudes e dos seus actos que eles manifestam comportamentos operantes e ate decisao afectando a sua propria aprendi- ) zagem e a daqueles com quem estao em comunicarao Isto e esquecer tambem que 0

processo ensino-aprendizagem se efectua num meio caracterizado sociologicamente que ultrapassa 0 limite da turrna e da escola

sep ara-se pois arbitrariame~te 0 acto de aprendizagem e 0 acto de ensinar 0 seu ponto tVll

de articularao encontra-se na finalidade comum a urn e a outro a socializarao do indivfduo 0 mecanismo de ajustamento das duas etapas estabelecese gracas acomunishycarao que por urn movimento de vaivemassegura a regularllo do processo

Acto educativo e rela~ao educativa

o acto educativo distingue-se do processo de influencia - que se exerce em divers os lugares SOCialS pelo Jogo de acroes concertadas ou nao com 0 fim de fazer penetrar uma ideia uma opiniao urn sentimento ou de desencadear uma acriio -pelo facto de anunciar a sua intentao forrnadora em relayao a urn dos parceiros da interacaO E atribuida e mesmo prescnta uma influencia a uma pessoa que se supoe agir sobre 0

futuro de uma outra A etimologia da palavra influencia mostra que 0 sentido moral do terrno provem do sentido astrologico isto e da actao atribuida aos astros sobre 0

destin~ E0 devir de urn homem e de uma humanidade que esta no centro do processo ( educativo por intermediodos membros da comunidade social

bull P- acto educativ~l propoe-se uma construrao de comportamentos num indivi~uo segundo urn vector orientado Supoe urn conjunto coerente de acroes empreendldas com vista a urn fim e um sistema ordenado de meios ea execuyao de principios expHcitos ou implicitos provenientes de urna teoria gera 0 mesmo edizer que ele e por essencia directivo ja que as opyoes sao tomadas para 0 educando e nao por eleJ ~~

Assim por exemple ensino-Ihe matematica desde a 2 classe da instruyao primaria porque quero fazer com que ele chegue atraves de operayoes Iogicas a urn comportashymento operatorio estruturado e penso que esta aprendizagem continua 0 fani percorrer

)C

armado para enfrentar os problemas logicos suscitados pela automatizayao peia proshygramaciio etc Procuro que ele atinja urn certo tlpo de comportamento operatorio e defino este grayas as achegas da psicologia genetka e apoio-me em comportamentos que existem nele actualmente para construir urn curriculum de aprendizagem Eassim que pode raciocinar quem programa 0 ensino da matematica

Habitualmente a iniciativa do processo ensi~o-apr~rictizagem pr~vem do educador se X bern que na formayao de adultos provenha por vezes do individuo ou de urn grupo de individuos que tem possibilidade de escolher 0 seu formador em funyao dos objectivos que escolheram Esta iniciativa comunica urn impulso para que 0 aluno aprenda com a condicao de encontrar naquele a quem se dirige uma necessidade que se exprime em termos objectivos uma expectativa de natureza subjectiva bull e uma motivacao que permita o desencadear do comportamento e que 0 oriente~ 0 processo educativo nao se desencashydeia senao quando urn movimento anima cada urn dos parceiros emdirecyao ao outra Sofre urn bloqueio quando em determinadas situaroes criticas a intervenrao inidal do~

i~

f educador e urn acto de forra quer porque a situayao nao edesejada pela crianra ou pelo

m adolescente quer porque estes ultimos resistem atraves de uma atitude activa ou paisiva ~ tl Qualquer opyiio educativa e urn acto de fe em val ores e por isso suscita 0 desejo de ~ transformar outrem Mas os val ores podem ser temporarios fnigeis discutiveis ora nas ~ 1 suas consequencias ext rem as 0 acto educativo imp5~ uma ~ei coage ainda que se queira ~ ~ distinguir do adestramento e ser libertayiioEsta contradicao arrasta por vezes no ~ educador 0 desejo de se libertar atrave da manifestarao publica da sua opiniao ou

~~~ atrave~ ded um~ ~dmbdivaldencia d~ ~aeis que se dmanifestda Pdor uma alt~rnafncia ~dei exceSSlVa lrectlvl a e e e permlssivismo em vez a vonta e e assumlr a sua unyao~ propondo pontos de referenda precis os para uma estruturayao do comporamento e rl oferecendo uma gama de esquemas de actuarao entre os quais 0 individuo faz uma ~ escolha 11

~1 ~I Para ter influencia sobre 0 educando 0 acto educativo tern necessidade de encontrar uma 11

adesao uma aceita~ao temporaria da relayao mas para se prolongar no tempo e atingir 1-shya sua finalidade fundamental deve provo car nele 0 entusiasmo da pesquisa autonoma e fazer nascer urn movimento critico Num jogo de [oryas educador e educando educan- II(

dos entre si apraximam-se situam-se afastam-se Isto nao significa que 0 conflito seja permanente ainda que surjam crises mesmo que estas sejam por vezes dominadas ou ocultadas Mas 0 progresso em quem esta em [orma~ao provem da reacyao e de um distanciamento em relayao ao modelo proposto quer este seja urn modelo cultural quer urn modelo de comportamento 0 acto educativo responde as suas exigencias internas quando leva 0 individuo educado a definir a lei que impoe a si proprio e a organizar a sua actuarao quando 0 ajuda numa perspectiva temporal a alcanyar 0 dominio do seu proprio desenvolvimento

~i

f~ Enas relayoes sociais introuzidas pelo acto educativo que 0 individuo - crianya ~ w adolescente ou adulto se descobre evolui e se estrutura 0 processo de transformayao r continua - devendo a palavra transformafiio ser tomada no seu sentido etimologico t~

~~ ~i

i 1

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isto e passagem de urn estado para outro mais elaborado - edesencadeado e mantido pelas permutas que sao organizadas pelos sistemas de controlo e de regulalfao que constituem as instituiioes educativas e que sao animados com uma maior au menor margem de liberdade peloeducador segundo as suas caracteristicas pessoais As estruturas sociais da educaiao e 0 pTOcesso adoptado pelo educador quando assume 0 seu papel nestas estruturas determinam a dinamica das te~laquooes ora facilitando-as ora pelo contrario travando-as ou canalizando-asde f9~maestreita~

A rela~ao educativa e urn conjunto de relflsoes sociais que se estabelecem entre 0

educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos numa dada estrutura institucional rela~oes essas que possuem caracteristicas cognitivas e afectivas identificashyveis que tem urn desenvolvimento e vivem uma hist6ria

No ensino a rela~ao pedag6gica estabelece-se por intermedio do trabalho escolar definido por programas que contem objectivos expIicitos efectuado no respeito pelas modaJidades fixadas pelas instru~es ou circulares oficiais num melO arquitectural especifico segundo 0 ritual da utiliza~ao do tempo Nas civilizayoes ocidentais 0 lugar

f~privilegiado da aCyiio pedag6gica e a escola e a formaiiio profissional tende tambern ela~ ~ i

a realizar-se em lugares institucionalizados 0 papel pessoal do agente educativo apaga- ~

-se em proveito da institui~iio desembarayando-se cada urn da sua responsabilidade ~i il

social individual atribuindo-a a uma organiza~ao ~ n

Apesar da unidade de lugar a rela~o pedag6gica nao e unica uniforme Atraves dasl Ii

condiyoes em que se realiza 0 acto de ensinar diferem as relayoes sociais entre 0

professor e os seus alunos Pode-se tratar de condiyoes institucionais que variam segundo as nayoes e segundo as categorias de ensino de condi~oes sociol6gicas pr6prias do tipo de estabelecimento escolar ou do tipo de populaCao escolar que 0 frequenta A observashy~ao tambem evalida para a educayao dita laquoespecializadaraquo as relayoes educativas tomam ai aspectos mais diversificados porque os objectivosja nao estao centrados na sua maior parte em conhecimentos ou em process os intelectuais e se estendem largamente para 0

dominio s6cio-afectivo As estruturas da instituiyao educativa as ligayoes hienirquicas e funcionais introduzidas no estabelecimento infhiem na natureza dis relayoes entre educadores e educandos

Os metodos pedag6gicos quando nao sao uma constela~ao de tecnicas e poem em aCyao lY

II uma escolha filos6fica introduzem diferenyas fundamentais As diferentes concepyoes da natureza humana levam 0 educador seguindo os caracteres do postulado a actuar pela coaccao intelectual e moral ou a confiar na ordem e na harmonia que vao surgir da espontaneidade ou ainda a organizar situa~oes sociais que permitam as crianyas e aos adolescentes darem provas de iniciativa na sua aprendizagem e no funcionamento do

11 grupo

Em vez de falar da relaeao educativa conviria descrever as relayoes educativas e I( poder-se-a abordar 0 seu estudo pela analise comparativa no tempo e no espayo de t diversas estruturas instituCionais e de diversas pedagogias

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Page 2: A Aprendizagem: O Adquirido e o Aprendido de Olivier Reboul

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Defino pois a aprendizagem como aquisi~aode urn saber-fazer quer dizer de umal conduta util ao individuo ou a outras pessoas e que pode reproduzir avontade se a situasao 0 permitiJ Esta definisao vale tanto para 0 saber-fazer do cao que laquoaprendeuraquo a trazer a casa como para 0 do esgrimista ou do jogador de xadrez

~ r o paradoxa da apreildizagem

Outra ambiguidade provem de que a palavra laquoaprendizagemraquo abarca todas as actividashy des que consist~m em aprender Acho pelo contnirio que devemos limitar-nos aos ensinamentos da lingua e reduzir a aprendizagem aos casos em que 0 verba laquoaprenderraquo se constr6i com uma proposi~o infinitiva introduzida por a lapprends que vous savez danserraquo(ltAcabo de saber que sabe dan~rraquo)1 Nao euma aprendizagem mas 6 uma aprendizagem aprender a dansar ou a lubrificar os esquis etc No dominio do saber que o contnido do exito equivaJe a ignorancia ou ao erro no do saber-fazer significa a incapacidade ou a falta de jeito

Agora podemos admitirque existem niveis no proprio interior das aprendizage~s algumas resultam de simples automatismos e outras de aptidoes mais ou menos adaptashyveis outras ainda de verdadeiras competencias como a do jogador de xadrez 0 que permite dizer pois que urn saberfazer ede nivel superior a outro 0 facto que emais inteligente 0 que significa esta afirmacrao1

A inteligencia de urn saber-fazer resulta do facto deeste saber-fazer nlio ser somente a reprodu~ao de condutas adquiridas mas a aptidao de as adaptar a cas os novos de as modificar em fun~o de situa~oes ins6litas

Assim diz-se de alguem que sabe dan~ar laquobernraquo conduzir laquobernraquo jogar bernraquo ao I xadrez raciocinar laquobernraquo laquoBernraquo em todos estes exemplos nao significa conformidade com urn modele mas sim possihilidade de adaptar e inovar

Como se adquire urn saber-fazer laquoFazendoraquo a aprendizagem distingue-se da informashy~lio por ImpIicar a actividade do sujeito e par nao ser possivel senao atraves dela Mas que actividade Aquela mesmo que se deve aprender ~(As coisas que temos de aprender para as fazermos efazendo-as que as aprendemosraquo diz Aristoteles (ftthique aNicomashyque 1103 a) E e nisso que reside 0 paradoxotemos de fazer 0 que nao sabemos fazer para aprender a faze-lor E trabalhando na forja que se vern a ser ferreiro mas como forjar se MO se e ferreiro

Este paradoxo ea pr6pria essencia da aprendizagem [ J

ILembrcmns que em portugub a verba aprender nl0 admite uma constru~o desic genero porque nlo tem 0 primeiro scntida que 0 autor assinala no princlpio dcste livra Dir-se-a Bel quI robe don~ar ou acabo dt sober queulano morrellraquo ou live conkecimento de que bullbull Na verdade quando se usa a verOO frances apprenare ncssc sentido ha uma cJipsc subjacentc na cxprcsllo Aprcndi (por pessoa intcrposta ou outra fonte de informa~o) que voce cstava docte e entilo a ambiguidade dcsaparcce apprtmtre significa entilo 0 mesmo que saber em portugues informaram-me ensmaram-mc que (N doT)

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o PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

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Marcel Postic laquoA Relayao Pedag6gicaraquo

Houve a tendencia durante muito tempo para considerar or 0 acto de aprendizagem ora 0 acto de ensino em vez de estudar a unidade de aCl(ao que eles supoem e de analisar 0

processo de interacl(ao que se estabelece entre ambos MesJIlo recentemente teorizadoshyres da aprendizagem como B F Skinner concebem 0 ensino como a organiza~ao da aprendizagem isto e como uma acryao simetrica

middot Epassivel definir 0 ensino como 0 arranjo das contigencias de reforyo que provocam as modificayoes de comportainento I

As definiyoes analiticas do acto de ensino como a de Hough e Duncan l centram-se tambem sobre a estrategia geral a por em pratica para provoear mudancas de compor- tamento e facilitar a aprendizagem

Que comportamentos se querem obter Em funl(ao de que objectivos gerais da educayao saofixados esses comportamentos Com base em que criterios se escolhem esses objectishyvos Qual 0 sistema de valores que preside a essa escolha Estas definiyoes ficam aum nive1 pragmatico e nao poem todas estas questoes fundamentais

I A procura da significal(iio dos aetos de ensinar e aprender obriga a voltar as finalidades pedag6gicas todo 0 comportamento operat6rioque se quer adquirir ou fazer adquirir inscreve-se num comportamentosocial geral correspondente a uma certa concepciio do homem na sociedade 0 Iugar dos homens na estrutrura social e econ6mica a organizashycao das relal(oes sociais comandam a selec9ao e a hierarquizayao dos objectivos Mesmo que se enunciem objectivos gerais que pareceriampoder congregar 0 maior numero de educadores tais como aaquisicao da heran~a cultural a forma~ao intelectual atrayeS da execuyao de metodos de trabalho de pensamentomiddot e de aCyao (desenvolvimento do espirito de observa~ao de analise de sintese formacao do juizo critico etc) a formal(ao

social atraves da aprendizagem das regras sociais nao se consegue que eles apare~am sempre nos objectivos especificos hierarquizados Por vezesjA nem se reconheceriam as pr6prias finalidades nas modalidades praticas de organizal(ao pedag6gica ainda que elas tenham side proclamadas em declara~oes de intenyao ou entao por razoes de eficacia ha uma maior preocupa~ao com os objectivos operacionais do que com as finalidades

A preocupayao de racionalizar a pedagogia e de ajustar melhor 0 acto de ensinar ao acto de aprender Ievou os docentes a interessaremse pela defini~ao dos objectivos B S Bloom e R Mager propuseram taxonomias que ajudaram a estabelecer racionalmente programas de aprendizagem e a examinar simultaneamentemiddotas etapas de aprendizagem e as etapas do ensino Poder-se-a ins tal ar uma verdadeira dialectica entre as duas etapas e

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as fases do pensamento e lhe abrira os modos mais elevados do pensamento formal Estando 0 nosso mundo moderno dominado pela tecnica permitir-lheei assim que fique

perrnitir uma regularao constante Infelizmente os teorizadores da aprendizagern tern tendencia para orientar 0 estudo do acto de ensinar apoiando-se nas condir6es de conceprao e de utilizarao de maquinas de ensinar e desprezam as influencias interpesshysoais que se exercem na situarao pedag6gica e que tern como suporte a materia a aprender e como resultante a aprendizagern

As teorias da aprendizagern arriscam-se co~ if~ito a dar a conhecer 0docente comb 0 rnanipulador dos estimulos e dos refoqos e 0 atuno como 0 individuo que repge as solicitaroes como aque1ecujo comportamento esta completamente sob a dependencia de estimulos extern os Isto eesquecer que os alunos sao acto res no processo ensinoshy-aprendizagem que eles actuaID atraves das suas atitudes e dos seus actos que eles manifestam comportamentos operantes e ate decisao afectando a sua propria aprendi- ) zagem e a daqueles com quem estao em comunicarao Isto e esquecer tambem que 0

processo ensino-aprendizagem se efectua num meio caracterizado sociologicamente que ultrapassa 0 limite da turrna e da escola

sep ara-se pois arbitrariame~te 0 acto de aprendizagem e 0 acto de ensinar 0 seu ponto tVll

de articularao encontra-se na finalidade comum a urn e a outro a socializarao do indivfduo 0 mecanismo de ajustamento das duas etapas estabelecese gracas acomunishycarao que por urn movimento de vaivemassegura a regularllo do processo

Acto educativo e rela~ao educativa

o acto educativo distingue-se do processo de influencia - que se exerce em divers os lugares SOCialS pelo Jogo de acroes concertadas ou nao com 0 fim de fazer penetrar uma ideia uma opiniao urn sentimento ou de desencadear uma acriio -pelo facto de anunciar a sua intentao forrnadora em relayao a urn dos parceiros da interacaO E atribuida e mesmo prescnta uma influencia a uma pessoa que se supoe agir sobre 0

futuro de uma outra A etimologia da palavra influencia mostra que 0 sentido moral do terrno provem do sentido astrologico isto e da actao atribuida aos astros sobre 0

destin~ E0 devir de urn homem e de uma humanidade que esta no centro do processo ( educativo por intermediodos membros da comunidade social

bull P- acto educativ~l propoe-se uma construrao de comportamentos num indivi~uo segundo urn vector orientado Supoe urn conjunto coerente de acroes empreendldas com vista a urn fim e um sistema ordenado de meios ea execuyao de principios expHcitos ou implicitos provenientes de urna teoria gera 0 mesmo edizer que ele e por essencia directivo ja que as opyoes sao tomadas para 0 educando e nao por eleJ ~~

Assim por exemple ensino-Ihe matematica desde a 2 classe da instruyao primaria porque quero fazer com que ele chegue atraves de operayoes Iogicas a urn comportashymento operatorio estruturado e penso que esta aprendizagem continua 0 fani percorrer

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armado para enfrentar os problemas logicos suscitados pela automatizayao peia proshygramaciio etc Procuro que ele atinja urn certo tlpo de comportamento operatorio e defino este grayas as achegas da psicologia genetka e apoio-me em comportamentos que existem nele actualmente para construir urn curriculum de aprendizagem Eassim que pode raciocinar quem programa 0 ensino da matematica

Habitualmente a iniciativa do processo ensi~o-apr~rictizagem pr~vem do educador se X bern que na formayao de adultos provenha por vezes do individuo ou de urn grupo de individuos que tem possibilidade de escolher 0 seu formador em funyao dos objectivos que escolheram Esta iniciativa comunica urn impulso para que 0 aluno aprenda com a condicao de encontrar naquele a quem se dirige uma necessidade que se exprime em termos objectivos uma expectativa de natureza subjectiva bull e uma motivacao que permita o desencadear do comportamento e que 0 oriente~ 0 processo educativo nao se desencashydeia senao quando urn movimento anima cada urn dos parceiros emdirecyao ao outra Sofre urn bloqueio quando em determinadas situaroes criticas a intervenrao inidal do~

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f educador e urn acto de forra quer porque a situayao nao edesejada pela crianra ou pelo

m adolescente quer porque estes ultimos resistem atraves de uma atitude activa ou paisiva ~ tl Qualquer opyiio educativa e urn acto de fe em val ores e por isso suscita 0 desejo de ~ transformar outrem Mas os val ores podem ser temporarios fnigeis discutiveis ora nas ~ 1 suas consequencias ext rem as 0 acto educativo imp5~ uma ~ei coage ainda que se queira ~ ~ distinguir do adestramento e ser libertayiioEsta contradicao arrasta por vezes no ~ educador 0 desejo de se libertar atrave da manifestarao publica da sua opiniao ou

~~~ atrave~ ded um~ ~dmbdivaldencia d~ ~aeis que se dmanifestda Pdor uma alt~rnafncia ~dei exceSSlVa lrectlvl a e e e permlssivismo em vez a vonta e e assumlr a sua unyao~ propondo pontos de referenda precis os para uma estruturayao do comporamento e rl oferecendo uma gama de esquemas de actuarao entre os quais 0 individuo faz uma ~ escolha 11

~1 ~I Para ter influencia sobre 0 educando 0 acto educativo tern necessidade de encontrar uma 11

adesao uma aceita~ao temporaria da relayao mas para se prolongar no tempo e atingir 1-shya sua finalidade fundamental deve provo car nele 0 entusiasmo da pesquisa autonoma e fazer nascer urn movimento critico Num jogo de [oryas educador e educando educan- II(

dos entre si apraximam-se situam-se afastam-se Isto nao significa que 0 conflito seja permanente ainda que surjam crises mesmo que estas sejam por vezes dominadas ou ocultadas Mas 0 progresso em quem esta em [orma~ao provem da reacyao e de um distanciamento em relayao ao modelo proposto quer este seja urn modelo cultural quer urn modelo de comportamento 0 acto educativo responde as suas exigencias internas quando leva 0 individuo educado a definir a lei que impoe a si proprio e a organizar a sua actuarao quando 0 ajuda numa perspectiva temporal a alcanyar 0 dominio do seu proprio desenvolvimento

~i

f~ Enas relayoes sociais introuzidas pelo acto educativo que 0 individuo - crianya ~ w adolescente ou adulto se descobre evolui e se estrutura 0 processo de transformayao r continua - devendo a palavra transformafiio ser tomada no seu sentido etimologico t~

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isto e passagem de urn estado para outro mais elaborado - edesencadeado e mantido pelas permutas que sao organizadas pelos sistemas de controlo e de regulalfao que constituem as instituiioes educativas e que sao animados com uma maior au menor margem de liberdade peloeducador segundo as suas caracteristicas pessoais As estruturas sociais da educaiao e 0 pTOcesso adoptado pelo educador quando assume 0 seu papel nestas estruturas determinam a dinamica das te~laquooes ora facilitando-as ora pelo contrario travando-as ou canalizando-asde f9~maestreita~

A rela~ao educativa e urn conjunto de relflsoes sociais que se estabelecem entre 0

educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos numa dada estrutura institucional rela~oes essas que possuem caracteristicas cognitivas e afectivas identificashyveis que tem urn desenvolvimento e vivem uma hist6ria

No ensino a rela~ao pedag6gica estabelece-se por intermedio do trabalho escolar definido por programas que contem objectivos expIicitos efectuado no respeito pelas modaJidades fixadas pelas instru~es ou circulares oficiais num melO arquitectural especifico segundo 0 ritual da utiliza~ao do tempo Nas civilizayoes ocidentais 0 lugar

f~privilegiado da aCyiio pedag6gica e a escola e a formaiiio profissional tende tambern ela~ ~ i

a realizar-se em lugares institucionalizados 0 papel pessoal do agente educativo apaga- ~

-se em proveito da institui~iio desembarayando-se cada urn da sua responsabilidade ~i il

social individual atribuindo-a a uma organiza~ao ~ n

Apesar da unidade de lugar a rela~o pedag6gica nao e unica uniforme Atraves dasl Ii

condiyoes em que se realiza 0 acto de ensinar diferem as relayoes sociais entre 0

professor e os seus alunos Pode-se tratar de condiyoes institucionais que variam segundo as nayoes e segundo as categorias de ensino de condi~oes sociol6gicas pr6prias do tipo de estabelecimento escolar ou do tipo de populaCao escolar que 0 frequenta A observashy~ao tambem evalida para a educayao dita laquoespecializadaraquo as relayoes educativas tomam ai aspectos mais diversificados porque os objectivosja nao estao centrados na sua maior parte em conhecimentos ou em process os intelectuais e se estendem largamente para 0

dominio s6cio-afectivo As estruturas da instituiyao educativa as ligayoes hienirquicas e funcionais introduzidas no estabelecimento infhiem na natureza dis relayoes entre educadores e educandos

Os metodos pedag6gicos quando nao sao uma constela~ao de tecnicas e poem em aCyao lY

II uma escolha filos6fica introduzem diferenyas fundamentais As diferentes concepyoes da natureza humana levam 0 educador seguindo os caracteres do postulado a actuar pela coaccao intelectual e moral ou a confiar na ordem e na harmonia que vao surgir da espontaneidade ou ainda a organizar situa~oes sociais que permitam as crianyas e aos adolescentes darem provas de iniciativa na sua aprendizagem e no funcionamento do

11 grupo

Em vez de falar da relaeao educativa conviria descrever as relayoes educativas e I( poder-se-a abordar 0 seu estudo pela analise comparativa no tempo e no espayo de t diversas estruturas instituCionais e de diversas pedagogias

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Page 3: A Aprendizagem: O Adquirido e o Aprendido de Olivier Reboul

)~

Texto 2

o PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

r

Marcel Postic laquoA Relayao Pedag6gicaraquo

Houve a tendencia durante muito tempo para considerar or 0 acto de aprendizagem ora 0 acto de ensino em vez de estudar a unidade de aCl(ao que eles supoem e de analisar 0

processo de interacl(ao que se estabelece entre ambos MesJIlo recentemente teorizadoshyres da aprendizagem como B F Skinner concebem 0 ensino como a organiza~ao da aprendizagem isto e como uma acryao simetrica

middot Epassivel definir 0 ensino como 0 arranjo das contigencias de reforyo que provocam as modificayoes de comportainento I

As definiyoes analiticas do acto de ensino como a de Hough e Duncan l centram-se tambem sobre a estrategia geral a por em pratica para provoear mudancas de compor- tamento e facilitar a aprendizagem

Que comportamentos se querem obter Em funl(ao de que objectivos gerais da educayao saofixados esses comportamentos Com base em que criterios se escolhem esses objectishyvos Qual 0 sistema de valores que preside a essa escolha Estas definiyoes ficam aum nive1 pragmatico e nao poem todas estas questoes fundamentais

I A procura da significal(iio dos aetos de ensinar e aprender obriga a voltar as finalidades pedag6gicas todo 0 comportamento operat6rioque se quer adquirir ou fazer adquirir inscreve-se num comportamentosocial geral correspondente a uma certa concepciio do homem na sociedade 0 Iugar dos homens na estrutrura social e econ6mica a organizashycao das relal(oes sociais comandam a selec9ao e a hierarquizayao dos objectivos Mesmo que se enunciem objectivos gerais que pareceriampoder congregar 0 maior numero de educadores tais como aaquisicao da heran~a cultural a forma~ao intelectual atrayeS da execuyao de metodos de trabalho de pensamentomiddot e de aCyao (desenvolvimento do espirito de observa~ao de analise de sintese formacao do juizo critico etc) a formal(ao

social atraves da aprendizagem das regras sociais nao se consegue que eles apare~am sempre nos objectivos especificos hierarquizados Por vezesjA nem se reconheceriam as pr6prias finalidades nas modalidades praticas de organizal(ao pedag6gica ainda que elas tenham side proclamadas em declara~oes de intenyao ou entao por razoes de eficacia ha uma maior preocupa~ao com os objectivos operacionais do que com as finalidades

A preocupayao de racionalizar a pedagogia e de ajustar melhor 0 acto de ensinar ao acto de aprender Ievou os docentes a interessaremse pela defini~ao dos objectivos B S Bloom e R Mager propuseram taxonomias que ajudaram a estabelecer racionalmente programas de aprendizagem e a examinar simultaneamentemiddotas etapas de aprendizagem e as etapas do ensino Poder-se-a ins tal ar uma verdadeira dialectica entre as duas etapas e

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as fases do pensamento e lhe abrira os modos mais elevados do pensamento formal Estando 0 nosso mundo moderno dominado pela tecnica permitir-lheei assim que fique

perrnitir uma regularao constante Infelizmente os teorizadores da aprendizagern tern tendencia para orientar 0 estudo do acto de ensinar apoiando-se nas condir6es de conceprao e de utilizarao de maquinas de ensinar e desprezam as influencias interpesshysoais que se exercem na situarao pedag6gica e que tern como suporte a materia a aprender e como resultante a aprendizagern

As teorias da aprendizagern arriscam-se co~ if~ito a dar a conhecer 0docente comb 0 rnanipulador dos estimulos e dos refoqos e 0 atuno como 0 individuo que repge as solicitaroes como aque1ecujo comportamento esta completamente sob a dependencia de estimulos extern os Isto eesquecer que os alunos sao acto res no processo ensinoshy-aprendizagem que eles actuaID atraves das suas atitudes e dos seus actos que eles manifestam comportamentos operantes e ate decisao afectando a sua propria aprendi- ) zagem e a daqueles com quem estao em comunicarao Isto e esquecer tambem que 0

processo ensino-aprendizagem se efectua num meio caracterizado sociologicamente que ultrapassa 0 limite da turrna e da escola

sep ara-se pois arbitrariame~te 0 acto de aprendizagem e 0 acto de ensinar 0 seu ponto tVll

de articularao encontra-se na finalidade comum a urn e a outro a socializarao do indivfduo 0 mecanismo de ajustamento das duas etapas estabelecese gracas acomunishycarao que por urn movimento de vaivemassegura a regularllo do processo

Acto educativo e rela~ao educativa

o acto educativo distingue-se do processo de influencia - que se exerce em divers os lugares SOCialS pelo Jogo de acroes concertadas ou nao com 0 fim de fazer penetrar uma ideia uma opiniao urn sentimento ou de desencadear uma acriio -pelo facto de anunciar a sua intentao forrnadora em relayao a urn dos parceiros da interacaO E atribuida e mesmo prescnta uma influencia a uma pessoa que se supoe agir sobre 0

futuro de uma outra A etimologia da palavra influencia mostra que 0 sentido moral do terrno provem do sentido astrologico isto e da actao atribuida aos astros sobre 0

destin~ E0 devir de urn homem e de uma humanidade que esta no centro do processo ( educativo por intermediodos membros da comunidade social

bull P- acto educativ~l propoe-se uma construrao de comportamentos num indivi~uo segundo urn vector orientado Supoe urn conjunto coerente de acroes empreendldas com vista a urn fim e um sistema ordenado de meios ea execuyao de principios expHcitos ou implicitos provenientes de urna teoria gera 0 mesmo edizer que ele e por essencia directivo ja que as opyoes sao tomadas para 0 educando e nao por eleJ ~~

Assim por exemple ensino-Ihe matematica desde a 2 classe da instruyao primaria porque quero fazer com que ele chegue atraves de operayoes Iogicas a urn comportashymento operatorio estruturado e penso que esta aprendizagem continua 0 fani percorrer

)C

armado para enfrentar os problemas logicos suscitados pela automatizayao peia proshygramaciio etc Procuro que ele atinja urn certo tlpo de comportamento operatorio e defino este grayas as achegas da psicologia genetka e apoio-me em comportamentos que existem nele actualmente para construir urn curriculum de aprendizagem Eassim que pode raciocinar quem programa 0 ensino da matematica

Habitualmente a iniciativa do processo ensi~o-apr~rictizagem pr~vem do educador se X bern que na formayao de adultos provenha por vezes do individuo ou de urn grupo de individuos que tem possibilidade de escolher 0 seu formador em funyao dos objectivos que escolheram Esta iniciativa comunica urn impulso para que 0 aluno aprenda com a condicao de encontrar naquele a quem se dirige uma necessidade que se exprime em termos objectivos uma expectativa de natureza subjectiva bull e uma motivacao que permita o desencadear do comportamento e que 0 oriente~ 0 processo educativo nao se desencashydeia senao quando urn movimento anima cada urn dos parceiros emdirecyao ao outra Sofre urn bloqueio quando em determinadas situaroes criticas a intervenrao inidal do~

i~

f educador e urn acto de forra quer porque a situayao nao edesejada pela crianra ou pelo

m adolescente quer porque estes ultimos resistem atraves de uma atitude activa ou paisiva ~ tl Qualquer opyiio educativa e urn acto de fe em val ores e por isso suscita 0 desejo de ~ transformar outrem Mas os val ores podem ser temporarios fnigeis discutiveis ora nas ~ 1 suas consequencias ext rem as 0 acto educativo imp5~ uma ~ei coage ainda que se queira ~ ~ distinguir do adestramento e ser libertayiioEsta contradicao arrasta por vezes no ~ educador 0 desejo de se libertar atrave da manifestarao publica da sua opiniao ou

~~~ atrave~ ded um~ ~dmbdivaldencia d~ ~aeis que se dmanifestda Pdor uma alt~rnafncia ~dei exceSSlVa lrectlvl a e e e permlssivismo em vez a vonta e e assumlr a sua unyao~ propondo pontos de referenda precis os para uma estruturayao do comporamento e rl oferecendo uma gama de esquemas de actuarao entre os quais 0 individuo faz uma ~ escolha 11

~1 ~I Para ter influencia sobre 0 educando 0 acto educativo tern necessidade de encontrar uma 11

adesao uma aceita~ao temporaria da relayao mas para se prolongar no tempo e atingir 1-shya sua finalidade fundamental deve provo car nele 0 entusiasmo da pesquisa autonoma e fazer nascer urn movimento critico Num jogo de [oryas educador e educando educan- II(

dos entre si apraximam-se situam-se afastam-se Isto nao significa que 0 conflito seja permanente ainda que surjam crises mesmo que estas sejam por vezes dominadas ou ocultadas Mas 0 progresso em quem esta em [orma~ao provem da reacyao e de um distanciamento em relayao ao modelo proposto quer este seja urn modelo cultural quer urn modelo de comportamento 0 acto educativo responde as suas exigencias internas quando leva 0 individuo educado a definir a lei que impoe a si proprio e a organizar a sua actuarao quando 0 ajuda numa perspectiva temporal a alcanyar 0 dominio do seu proprio desenvolvimento

~i

f~ Enas relayoes sociais introuzidas pelo acto educativo que 0 individuo - crianya ~ w adolescente ou adulto se descobre evolui e se estrutura 0 processo de transformayao r continua - devendo a palavra transformafiio ser tomada no seu sentido etimologico t~

~~ ~i

i 1

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isto e passagem de urn estado para outro mais elaborado - edesencadeado e mantido pelas permutas que sao organizadas pelos sistemas de controlo e de regulalfao que constituem as instituiioes educativas e que sao animados com uma maior au menor margem de liberdade peloeducador segundo as suas caracteristicas pessoais As estruturas sociais da educaiao e 0 pTOcesso adoptado pelo educador quando assume 0 seu papel nestas estruturas determinam a dinamica das te~laquooes ora facilitando-as ora pelo contrario travando-as ou canalizando-asde f9~maestreita~

A rela~ao educativa e urn conjunto de relflsoes sociais que se estabelecem entre 0

educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos numa dada estrutura institucional rela~oes essas que possuem caracteristicas cognitivas e afectivas identificashyveis que tem urn desenvolvimento e vivem uma hist6ria

No ensino a rela~ao pedag6gica estabelece-se por intermedio do trabalho escolar definido por programas que contem objectivos expIicitos efectuado no respeito pelas modaJidades fixadas pelas instru~es ou circulares oficiais num melO arquitectural especifico segundo 0 ritual da utiliza~ao do tempo Nas civilizayoes ocidentais 0 lugar

f~privilegiado da aCyiio pedag6gica e a escola e a formaiiio profissional tende tambern ela~ ~ i

a realizar-se em lugares institucionalizados 0 papel pessoal do agente educativo apaga- ~

-se em proveito da institui~iio desembarayando-se cada urn da sua responsabilidade ~i il

social individual atribuindo-a a uma organiza~ao ~ n

Apesar da unidade de lugar a rela~o pedag6gica nao e unica uniforme Atraves dasl Ii

condiyoes em que se realiza 0 acto de ensinar diferem as relayoes sociais entre 0

professor e os seus alunos Pode-se tratar de condiyoes institucionais que variam segundo as nayoes e segundo as categorias de ensino de condi~oes sociol6gicas pr6prias do tipo de estabelecimento escolar ou do tipo de populaCao escolar que 0 frequenta A observashy~ao tambem evalida para a educayao dita laquoespecializadaraquo as relayoes educativas tomam ai aspectos mais diversificados porque os objectivosja nao estao centrados na sua maior parte em conhecimentos ou em process os intelectuais e se estendem largamente para 0

dominio s6cio-afectivo As estruturas da instituiyao educativa as ligayoes hienirquicas e funcionais introduzidas no estabelecimento infhiem na natureza dis relayoes entre educadores e educandos

Os metodos pedag6gicos quando nao sao uma constela~ao de tecnicas e poem em aCyao lY

II uma escolha filos6fica introduzem diferenyas fundamentais As diferentes concepyoes da natureza humana levam 0 educador seguindo os caracteres do postulado a actuar pela coaccao intelectual e moral ou a confiar na ordem e na harmonia que vao surgir da espontaneidade ou ainda a organizar situa~oes sociais que permitam as crianyas e aos adolescentes darem provas de iniciativa na sua aprendizagem e no funcionamento do

11 grupo

Em vez de falar da relaeao educativa conviria descrever as relayoes educativas e I( poder-se-a abordar 0 seu estudo pela analise comparativa no tempo e no espayo de t diversas estruturas instituCionais e de diversas pedagogias

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as fases do pensamento e lhe abrira os modos mais elevados do pensamento formal Estando 0 nosso mundo moderno dominado pela tecnica permitir-lheei assim que fique

perrnitir uma regularao constante Infelizmente os teorizadores da aprendizagern tern tendencia para orientar 0 estudo do acto de ensinar apoiando-se nas condir6es de conceprao e de utilizarao de maquinas de ensinar e desprezam as influencias interpesshysoais que se exercem na situarao pedag6gica e que tern como suporte a materia a aprender e como resultante a aprendizagern

As teorias da aprendizagern arriscam-se co~ if~ito a dar a conhecer 0docente comb 0 rnanipulador dos estimulos e dos refoqos e 0 atuno como 0 individuo que repge as solicitaroes como aque1ecujo comportamento esta completamente sob a dependencia de estimulos extern os Isto eesquecer que os alunos sao acto res no processo ensinoshy-aprendizagem que eles actuaID atraves das suas atitudes e dos seus actos que eles manifestam comportamentos operantes e ate decisao afectando a sua propria aprendi- ) zagem e a daqueles com quem estao em comunicarao Isto e esquecer tambem que 0

processo ensino-aprendizagem se efectua num meio caracterizado sociologicamente que ultrapassa 0 limite da turrna e da escola

sep ara-se pois arbitrariame~te 0 acto de aprendizagem e 0 acto de ensinar 0 seu ponto tVll

de articularao encontra-se na finalidade comum a urn e a outro a socializarao do indivfduo 0 mecanismo de ajustamento das duas etapas estabelecese gracas acomunishycarao que por urn movimento de vaivemassegura a regularllo do processo

Acto educativo e rela~ao educativa

o acto educativo distingue-se do processo de influencia - que se exerce em divers os lugares SOCialS pelo Jogo de acroes concertadas ou nao com 0 fim de fazer penetrar uma ideia uma opiniao urn sentimento ou de desencadear uma acriio -pelo facto de anunciar a sua intentao forrnadora em relayao a urn dos parceiros da interacaO E atribuida e mesmo prescnta uma influencia a uma pessoa que se supoe agir sobre 0

futuro de uma outra A etimologia da palavra influencia mostra que 0 sentido moral do terrno provem do sentido astrologico isto e da actao atribuida aos astros sobre 0

destin~ E0 devir de urn homem e de uma humanidade que esta no centro do processo ( educativo por intermediodos membros da comunidade social

bull P- acto educativ~l propoe-se uma construrao de comportamentos num indivi~uo segundo urn vector orientado Supoe urn conjunto coerente de acroes empreendldas com vista a urn fim e um sistema ordenado de meios ea execuyao de principios expHcitos ou implicitos provenientes de urna teoria gera 0 mesmo edizer que ele e por essencia directivo ja que as opyoes sao tomadas para 0 educando e nao por eleJ ~~

Assim por exemple ensino-Ihe matematica desde a 2 classe da instruyao primaria porque quero fazer com que ele chegue atraves de operayoes Iogicas a urn comportashymento operatorio estruturado e penso que esta aprendizagem continua 0 fani percorrer

)C

armado para enfrentar os problemas logicos suscitados pela automatizayao peia proshygramaciio etc Procuro que ele atinja urn certo tlpo de comportamento operatorio e defino este grayas as achegas da psicologia genetka e apoio-me em comportamentos que existem nele actualmente para construir urn curriculum de aprendizagem Eassim que pode raciocinar quem programa 0 ensino da matematica

Habitualmente a iniciativa do processo ensi~o-apr~rictizagem pr~vem do educador se X bern que na formayao de adultos provenha por vezes do individuo ou de urn grupo de individuos que tem possibilidade de escolher 0 seu formador em funyao dos objectivos que escolheram Esta iniciativa comunica urn impulso para que 0 aluno aprenda com a condicao de encontrar naquele a quem se dirige uma necessidade que se exprime em termos objectivos uma expectativa de natureza subjectiva bull e uma motivacao que permita o desencadear do comportamento e que 0 oriente~ 0 processo educativo nao se desencashydeia senao quando urn movimento anima cada urn dos parceiros emdirecyao ao outra Sofre urn bloqueio quando em determinadas situaroes criticas a intervenrao inidal do~

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f educador e urn acto de forra quer porque a situayao nao edesejada pela crianra ou pelo

m adolescente quer porque estes ultimos resistem atraves de uma atitude activa ou paisiva ~ tl Qualquer opyiio educativa e urn acto de fe em val ores e por isso suscita 0 desejo de ~ transformar outrem Mas os val ores podem ser temporarios fnigeis discutiveis ora nas ~ 1 suas consequencias ext rem as 0 acto educativo imp5~ uma ~ei coage ainda que se queira ~ ~ distinguir do adestramento e ser libertayiioEsta contradicao arrasta por vezes no ~ educador 0 desejo de se libertar atrave da manifestarao publica da sua opiniao ou

~~~ atrave~ ded um~ ~dmbdivaldencia d~ ~aeis que se dmanifestda Pdor uma alt~rnafncia ~dei exceSSlVa lrectlvl a e e e permlssivismo em vez a vonta e e assumlr a sua unyao~ propondo pontos de referenda precis os para uma estruturayao do comporamento e rl oferecendo uma gama de esquemas de actuarao entre os quais 0 individuo faz uma ~ escolha 11

~1 ~I Para ter influencia sobre 0 educando 0 acto educativo tern necessidade de encontrar uma 11

adesao uma aceita~ao temporaria da relayao mas para se prolongar no tempo e atingir 1-shya sua finalidade fundamental deve provo car nele 0 entusiasmo da pesquisa autonoma e fazer nascer urn movimento critico Num jogo de [oryas educador e educando educan- II(

dos entre si apraximam-se situam-se afastam-se Isto nao significa que 0 conflito seja permanente ainda que surjam crises mesmo que estas sejam por vezes dominadas ou ocultadas Mas 0 progresso em quem esta em [orma~ao provem da reacyao e de um distanciamento em relayao ao modelo proposto quer este seja urn modelo cultural quer urn modelo de comportamento 0 acto educativo responde as suas exigencias internas quando leva 0 individuo educado a definir a lei que impoe a si proprio e a organizar a sua actuarao quando 0 ajuda numa perspectiva temporal a alcanyar 0 dominio do seu proprio desenvolvimento

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f~ Enas relayoes sociais introuzidas pelo acto educativo que 0 individuo - crianya ~ w adolescente ou adulto se descobre evolui e se estrutura 0 processo de transformayao r continua - devendo a palavra transformafiio ser tomada no seu sentido etimologico t~

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isto e passagem de urn estado para outro mais elaborado - edesencadeado e mantido pelas permutas que sao organizadas pelos sistemas de controlo e de regulalfao que constituem as instituiioes educativas e que sao animados com uma maior au menor margem de liberdade peloeducador segundo as suas caracteristicas pessoais As estruturas sociais da educaiao e 0 pTOcesso adoptado pelo educador quando assume 0 seu papel nestas estruturas determinam a dinamica das te~laquooes ora facilitando-as ora pelo contrario travando-as ou canalizando-asde f9~maestreita~

A rela~ao educativa e urn conjunto de relflsoes sociais que se estabelecem entre 0

educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos numa dada estrutura institucional rela~oes essas que possuem caracteristicas cognitivas e afectivas identificashyveis que tem urn desenvolvimento e vivem uma hist6ria

No ensino a rela~ao pedag6gica estabelece-se por intermedio do trabalho escolar definido por programas que contem objectivos expIicitos efectuado no respeito pelas modaJidades fixadas pelas instru~es ou circulares oficiais num melO arquitectural especifico segundo 0 ritual da utiliza~ao do tempo Nas civilizayoes ocidentais 0 lugar

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professor e os seus alunos Pode-se tratar de condiyoes institucionais que variam segundo as nayoes e segundo as categorias de ensino de condi~oes sociol6gicas pr6prias do tipo de estabelecimento escolar ou do tipo de populaCao escolar que 0 frequenta A observashy~ao tambem evalida para a educayao dita laquoespecializadaraquo as relayoes educativas tomam ai aspectos mais diversificados porque os objectivosja nao estao centrados na sua maior parte em conhecimentos ou em process os intelectuais e se estendem largamente para 0

dominio s6cio-afectivo As estruturas da instituiyao educativa as ligayoes hienirquicas e funcionais introduzidas no estabelecimento infhiem na natureza dis relayoes entre educadores e educandos

Os metodos pedag6gicos quando nao sao uma constela~ao de tecnicas e poem em aCyao lY

II uma escolha filos6fica introduzem diferenyas fundamentais As diferentes concepyoes da natureza humana levam 0 educador seguindo os caracteres do postulado a actuar pela coaccao intelectual e moral ou a confiar na ordem e na harmonia que vao surgir da espontaneidade ou ainda a organizar situa~oes sociais que permitam as crianyas e aos adolescentes darem provas de iniciativa na sua aprendizagem e no funcionamento do

11 grupo

Em vez de falar da relaeao educativa conviria descrever as relayoes educativas e I( poder-se-a abordar 0 seu estudo pela analise comparativa no tempo e no espayo de t diversas estruturas instituCionais e de diversas pedagogias

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Page 5: A Aprendizagem: O Adquirido e o Aprendido de Olivier Reboul

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armado para enfrentar os problemas logicos suscitados pela automatizayao peia proshygramaciio etc Procuro que ele atinja urn certo tlpo de comportamento operatorio e defino este grayas as achegas da psicologia genetka e apoio-me em comportamentos que existem nele actualmente para construir urn curriculum de aprendizagem Eassim que pode raciocinar quem programa 0 ensino da matematica

Habitualmente a iniciativa do processo ensi~o-apr~rictizagem pr~vem do educador se X bern que na formayao de adultos provenha por vezes do individuo ou de urn grupo de individuos que tem possibilidade de escolher 0 seu formador em funyao dos objectivos que escolheram Esta iniciativa comunica urn impulso para que 0 aluno aprenda com a condicao de encontrar naquele a quem se dirige uma necessidade que se exprime em termos objectivos uma expectativa de natureza subjectiva bull e uma motivacao que permita o desencadear do comportamento e que 0 oriente~ 0 processo educativo nao se desencashydeia senao quando urn movimento anima cada urn dos parceiros emdirecyao ao outra Sofre urn bloqueio quando em determinadas situaroes criticas a intervenrao inidal do~

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m adolescente quer porque estes ultimos resistem atraves de uma atitude activa ou paisiva ~ tl Qualquer opyiio educativa e urn acto de fe em val ores e por isso suscita 0 desejo de ~ transformar outrem Mas os val ores podem ser temporarios fnigeis discutiveis ora nas ~ 1 suas consequencias ext rem as 0 acto educativo imp5~ uma ~ei coage ainda que se queira ~ ~ distinguir do adestramento e ser libertayiioEsta contradicao arrasta por vezes no ~ educador 0 desejo de se libertar atrave da manifestarao publica da sua opiniao ou

~~~ atrave~ ded um~ ~dmbdivaldencia d~ ~aeis que se dmanifestda Pdor uma alt~rnafncia ~dei exceSSlVa lrectlvl a e e e permlssivismo em vez a vonta e e assumlr a sua unyao~ propondo pontos de referenda precis os para uma estruturayao do comporamento e rl oferecendo uma gama de esquemas de actuarao entre os quais 0 individuo faz uma ~ escolha 11

~1 ~I Para ter influencia sobre 0 educando 0 acto educativo tern necessidade de encontrar uma 11

adesao uma aceita~ao temporaria da relayao mas para se prolongar no tempo e atingir 1-shya sua finalidade fundamental deve provo car nele 0 entusiasmo da pesquisa autonoma e fazer nascer urn movimento critico Num jogo de [oryas educador e educando educan- II(

dos entre si apraximam-se situam-se afastam-se Isto nao significa que 0 conflito seja permanente ainda que surjam crises mesmo que estas sejam por vezes dominadas ou ocultadas Mas 0 progresso em quem esta em [orma~ao provem da reacyao e de um distanciamento em relayao ao modelo proposto quer este seja urn modelo cultural quer urn modelo de comportamento 0 acto educativo responde as suas exigencias internas quando leva 0 individuo educado a definir a lei que impoe a si proprio e a organizar a sua actuarao quando 0 ajuda numa perspectiva temporal a alcanyar 0 dominio do seu proprio desenvolvimento

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f~ Enas relayoes sociais introuzidas pelo acto educativo que 0 individuo - crianya ~ w adolescente ou adulto se descobre evolui e se estrutura 0 processo de transformayao r continua - devendo a palavra transformafiio ser tomada no seu sentido etimologico t~

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isto e passagem de urn estado para outro mais elaborado - edesencadeado e mantido pelas permutas que sao organizadas pelos sistemas de controlo e de regulalfao que constituem as instituiioes educativas e que sao animados com uma maior au menor margem de liberdade peloeducador segundo as suas caracteristicas pessoais As estruturas sociais da educaiao e 0 pTOcesso adoptado pelo educador quando assume 0 seu papel nestas estruturas determinam a dinamica das te~laquooes ora facilitando-as ora pelo contrario travando-as ou canalizando-asde f9~maestreita~

A rela~ao educativa e urn conjunto de relflsoes sociais que se estabelecem entre 0

educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos numa dada estrutura institucional rela~oes essas que possuem caracteristicas cognitivas e afectivas identificashyveis que tem urn desenvolvimento e vivem uma hist6ria

No ensino a rela~ao pedag6gica estabelece-se por intermedio do trabalho escolar definido por programas que contem objectivos expIicitos efectuado no respeito pelas modaJidades fixadas pelas instru~es ou circulares oficiais num melO arquitectural especifico segundo 0 ritual da utiliza~ao do tempo Nas civilizayoes ocidentais 0 lugar

f~privilegiado da aCyiio pedag6gica e a escola e a formaiiio profissional tende tambern ela~ ~ i

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Apesar da unidade de lugar a rela~o pedag6gica nao e unica uniforme Atraves dasl Ii

condiyoes em que se realiza 0 acto de ensinar diferem as relayoes sociais entre 0

professor e os seus alunos Pode-se tratar de condiyoes institucionais que variam segundo as nayoes e segundo as categorias de ensino de condi~oes sociol6gicas pr6prias do tipo de estabelecimento escolar ou do tipo de populaCao escolar que 0 frequenta A observashy~ao tambem evalida para a educayao dita laquoespecializadaraquo as relayoes educativas tomam ai aspectos mais diversificados porque os objectivosja nao estao centrados na sua maior parte em conhecimentos ou em process os intelectuais e se estendem largamente para 0

dominio s6cio-afectivo As estruturas da instituiyao educativa as ligayoes hienirquicas e funcionais introduzidas no estabelecimento infhiem na natureza dis relayoes entre educadores e educandos

Os metodos pedag6gicos quando nao sao uma constela~ao de tecnicas e poem em aCyao lY

II uma escolha filos6fica introduzem diferenyas fundamentais As diferentes concepyoes da natureza humana levam 0 educador seguindo os caracteres do postulado a actuar pela coaccao intelectual e moral ou a confiar na ordem e na harmonia que vao surgir da espontaneidade ou ainda a organizar situa~oes sociais que permitam as crianyas e aos adolescentes darem provas de iniciativa na sua aprendizagem e no funcionamento do

11 grupo

Em vez de falar da relaeao educativa conviria descrever as relayoes educativas e I( poder-se-a abordar 0 seu estudo pela analise comparativa no tempo e no espayo de t diversas estruturas instituCionais e de diversas pedagogias

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Page 6: A Aprendizagem: O Adquirido e o Aprendido de Olivier Reboul

isto e passagem de urn estado para outro mais elaborado - edesencadeado e mantido pelas permutas que sao organizadas pelos sistemas de controlo e de regulalfao que constituem as instituiioes educativas e que sao animados com uma maior au menor margem de liberdade peloeducador segundo as suas caracteristicas pessoais As estruturas sociais da educaiao e 0 pTOcesso adoptado pelo educador quando assume 0 seu papel nestas estruturas determinam a dinamica das te~laquooes ora facilitando-as ora pelo contrario travando-as ou canalizando-asde f9~maestreita~

A rela~ao educativa e urn conjunto de relflsoes sociais que se estabelecem entre 0

educador e aqueles que educa para atingir objectivos educativos numa dada estrutura institucional rela~oes essas que possuem caracteristicas cognitivas e afectivas identificashyveis que tem urn desenvolvimento e vivem uma hist6ria

No ensino a rela~ao pedag6gica estabelece-se por intermedio do trabalho escolar definido por programas que contem objectivos expIicitos efectuado no respeito pelas modaJidades fixadas pelas instru~es ou circulares oficiais num melO arquitectural especifico segundo 0 ritual da utiliza~ao do tempo Nas civilizayoes ocidentais 0 lugar

f~privilegiado da aCyiio pedag6gica e a escola e a formaiiio profissional tende tambern ela~ ~ i

a realizar-se em lugares institucionalizados 0 papel pessoal do agente educativo apaga- ~

-se em proveito da institui~iio desembarayando-se cada urn da sua responsabilidade ~i il

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Apesar da unidade de lugar a rela~o pedag6gica nao e unica uniforme Atraves dasl Ii

condiyoes em que se realiza 0 acto de ensinar diferem as relayoes sociais entre 0

professor e os seus alunos Pode-se tratar de condiyoes institucionais que variam segundo as nayoes e segundo as categorias de ensino de condi~oes sociol6gicas pr6prias do tipo de estabelecimento escolar ou do tipo de populaCao escolar que 0 frequenta A observashy~ao tambem evalida para a educayao dita laquoespecializadaraquo as relayoes educativas tomam ai aspectos mais diversificados porque os objectivosja nao estao centrados na sua maior parte em conhecimentos ou em process os intelectuais e se estendem largamente para 0

dominio s6cio-afectivo As estruturas da instituiyao educativa as ligayoes hienirquicas e funcionais introduzidas no estabelecimento infhiem na natureza dis relayoes entre educadores e educandos

Os metodos pedag6gicos quando nao sao uma constela~ao de tecnicas e poem em aCyao lY

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