11
A área mais rural da cidade 12/05/2014 Nenhum Comentário O distrito de Ratones, tema do sétimo capítulo da série Florianópolis do Futuro, que apresenta o novo Plano Diretor da Capital, é um dos mais carentes e também o mais rural de Florianópolis. A paisagem do campo, graças à agropecuária, ao cultivo de hortaliças e a pequenas agroindústrias, é preservada. Os 3,7 mil habitantes são, em maioria, nativos que vivem da pesca e da agricultura de subsistência. Mais de 80% do território apresenta algum tipo de restrição, seja pelos morros, pelas áreas alagáveis, pelo manguezal do Rio Ratones ou pelos 30% de mata densa. Ratones não está na mira da especulação imobiliária. Com a aprovação do novo plano, as duas principais preocupações dos moradores são a aprovação do plano ambiental com prazo até janeiro para ser concluído e a revisão no tamanho mínimo dos lotes, para evitar o parcelamento do solo.

A area mais rural da cidade

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A area mais rural da cidade

A área mais rural da cidade 12/05/2014 Nenhum Comentário

O distrito de Ratones, tema do sétimo capítulo da série Florianópolis do Futuro, que apresenta

o novo Plano Diretor da Capital, é um dos mais carentes e também o mais rural de Florianópolis. A paisagem do campo, graças à agropecuária, ao cultivo de hortaliças e a

pequenas agroindústrias, é preservada. Os 3,7 mil habitantes são, em maioria, nativos que vivem da pesca e da agricultura de subsistência. Mais de 80% do território apresenta algum tipo de restrição, seja pelos morros, pelas áreas alagáveis, pelo manguezal do Rio Ratones ou

pelos 30% de mata densa. Ratones não está na mira da especulação imobiliária. Com a aprovação do novo plano, as duas principais preocupações dos moradores são a aprovação do plano ambiental – com prazo até janeiro para ser concluído – e a revisão no tamanho mínimo dos lotes, para evitar o parcelamento do solo.

Page 2: A area mais rural da cidade

(DC, 10/05/2014)

Norte da Ilha cresce e problemas aparecem 21/06/2006 Nenhum Comentário

A segurança pública é de longe o principal clamor no Norte da Ilha. Assaltos, arrombamentos e

assassinatos provocam dor-de-cabeça diária na população estimada de 140 mil habitantes que ocupa a região permanentemente, na temporada o número aumenta significativamente. A

estada de moradores “anuais” nos balneários da Ilha, no entanto, é cada vez mais notada por lideranças comunitárias, empresariais, políticas e os próprios gerenciadores no poder público.

Uma secretaria regional do Norte da Ilha é defendida, pois há quem desenhe um destino diferente às praias que não seja o relacionado ao turismo e as imagine como grandes bairros

residenciais num futuro próximo. As necessidades, no entanto, já são evidentes. Mais água, energia elétrica, pavimentação, linhas de ônibus, áreas de lazer e serviços são anseios naturais.

Se por um lado a população espera a melhoria de vida pelos administradores municipais, uma

parcela dela também se articula para não ver os lucros da temporada irem embora. Situação dos donos de propriedades que faturam nos aluguéis diários ou mensais de casas e apartamentos durante a alta temporada e mantêm os imóveis vazios nos demais meses.

Corretores acreditam que a tendência dos aluguéis anuais de moradores permanentes ganhe

força devido a suposta queda durante os negócios no verão. Dono de uma imobiliária há dez anos em Canasvieiras, Paulo Amaral não acredita nessa possibilidade e sim no incremento do turismo. “Já tivemos experiências com aluguéis anuais e não deram certo. Noventa por cento

são aventureiros, sem as documentações exigidas, e fica um negócio arriscado. Com os projetos em vista, como o alargamento da praia, esperamos que o turismo cresça”, aposta Amaral, que reconhece o crescimento da procura de pessoas que pretendem morar no

balneário. Em Canasvieiras, o alargamento da faixa de areia da praia é uma das promessas da Prefeitura. Atualmente está em andamento o projeto de revitalização das calçadas.

Entidade critica alteração de zoneamento e loteamentos

A União Florianopolitana de Entidades Comunitárias (Ufeco), entidade que apresenta 130

associações filiadas, critica o crescimento desordenado do Norte da Ilha, os grandes empreendimentos e as mais de 300 alterações de zoneamento aprovadas em projetos de lei pela Câmara de Vereadores nos últimos anos.

O presidente da Ufeco, Modesto Azevedo, vê como fundamental a aprovação do plano diretor

da Capital. O receio dele, contudo, é que não haja participação popular em sua discussão até o envio pelo Executivo à Câmara – a previsão é que seja levado aos vereadores em outubro. “Não podemos colocar uma porteira na ponte. A Câmara é responsável em definir regras”, cobrou Azevedo, que vem discutindo a causa em audiências públicas.

Demanda por energia elétrica é maior que oferta disponível

A procura pelo Norte da Ilha aumentou o número de consumidores de energia, o que pode representar problemas para os moradores. As Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) tem consciência disso e planeja investimentos para a região a fim de atender a demanda. “A

distribuição de energia na subestação situada na entrada dos Ingleses será ampliada dos atuais 26 MW para 40 MWA”, garantiu o chefe da divisão de linhas da Celesc, engenheiro José da Silva Neto. O acréscimo é cogitado para o próximo verão e existe a possibilidade de

Page 3: A area mais rural da cidade

prevalecer ao longo do ano que vem. A troca na rede está em estudo – seis quilômetros de extensão seriam substituídos.

Em Ingleses, pedido é por melhoria no saneamento básico

A presidente da Associação Comunitária Angra dos Reis, nos Ingleses, Flávia Solange Accord, mora há dez anos no balneário. Nos últimos 24 meses, preside a entidade na qual passou a lutar por melhorias na qualidade de vida dos moradores. Ela é enfática ao falar sobre os

problemas de infra-estrutura na região. E também na hora de apontar o por que da situação ter chegado ao ponto de preocupar tanto. “Passou da hora (a ação de investimento). O Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano) e a Prefeitura não acompanharam o crescimento. Houve

pouca fiscalização”, avaliou Flávia, que recentemente participou de uma reunião sobre o assunto com os representantes do poder público.

O saneamento básico, na avaliação da titular da associação, figura em primeiro na lista de prioridades. A poluição na praia e os supostos comerciantes que insistem em lançar o esgoto

no mar foram abordados ontem numa reunião entre os moradores e o Ministério Público. “O mais importante é não perder a praia. Por isso esperamos que a fiscalização aconteça”, observou a líder comunitária.

A população de Ingleses é de 50 mil habitantes fora do verão. Na temporada passa de 100 mil.

As vindas de famílias para morar no balneário são freqüentes. Gaúchos, paulistas, paranaenses e migrantes do Oeste catarinense lideram a lista.

Além do investimento em prol do meio ambiente, há necessidade de ações humanitárias. A comunidade dos Ingleses reivindica a construção de ginásios públicos, quadras de esporte e uma pista de skate para atender aos jovens. Outro anseio é por uma ciclovia.

Norte da ilha

CANASVIEIRAS · Apesar da origem remota, sua oficialização como freguesia ocorreu a partir da Lei Provincial nº 008 de 15/4/1835. Sua área é 29,30 km2, sendo que dele fazem parte a sede de

Canasvieiras e as praias de Canasvieiras, Daniela, Jurerê Internacional, Forte e as localidades de Vargem Pequena, Ponta Grossa e Lamim;

CACHOEIRA DO BOM JESUS · Criada pela Lei Municipal nº 394 de 19/2/1916. Sua área é 30,37 km2. Fazem parte desse

distrito as seguintes localidades: Cachoeira do Bom Jesus, Vargem do Bom Jesus, Vargem Grande, Ponta das Canas e Lagoinha;

INGLESES DO RIO VERMELHO · Originou-se a partir de um Decreto de 11/8/1831. Sua área é 20,47 Km2. Fazem parte dele as praias de Ingleses, Brava e Santinho, e as localidades de Capivari e Aranhas;

SÃO JOÃO DO RIO VERMELHO · Criado a partir da Resolução Régia de 11/8/1831. Sua área é 31,68 km2. Fazem parte dele as localidades de Moçambique, Parque Florestal e a própria sede do Distrital de que é São João do Rio Vermelho;

RATONES · Surgiu pela Lei nº 620 de 21/6/1934, desmembrando-se do Distrito de Santo Antônio de Lisboa. Sua área é 33,12 Km2, a sua sede é a própria localidade de Ratones;

SANTO ANTÔNIO DE LISBOA

· Originou-se a partir da Provisão Régia de 26/10/1751. Sua área é 22,45 Km2. Fazem parte as localidades de Cacupé, Sambaqui, Barra do Sambaqui e Santo Antônio de Lisboa. (Diogo Vargas, A Notícia, 21/06/2006)

Page 4: A area mais rural da cidade

Duas faces em um distrito 07/05/2014 Nenhum Comentário

O distrito de Cachoeira do Bom Jesus, onde vivem cerca de 20 mil moradores, é um dos mais

heterogêneos de Florianópolis. Ao sul, a proximidade com Ratones e Rio Vermelho alimenta o aspecto rural. Ao norte, tem duas das praias mais procuradas por turistas: Ponta das Canas e

Praia Brava. As diferenças entre os bairros são o tema da quarto dia da série Florianópolis do Futuro. A Praia Brava contratou projeto próprio, que foi incorporado ao Plano Diretor. Devido aos problemas de saneamento e mobilidade urbana, multiplicados no verão, os bairros

recebem estímulo moderado de crescimento, direcionado principalmente para o interior. Assim como no distrito de Canasvieiras, a área prevê a expansão do Sapiens Parque no centro, com a necessidade de novas vias de circulação interna e a criação de espaços destinados à moradia.

Page 5: A area mais rural da cidade

(DC, 07/05/2014)

Urbanização acaba com os rios 08/06/2006 2 Comentários

Os cursos d’água da Ilha de Santa Catarina continuam sendo tratados como os primos -pobres

dos ecossistemas, tendo suas margens ocupadas e sem a vegetação protetora, recebendo toneladas de sedimentos, esgoto e lixo todos os dias. A avaliação é da gerente de

licenciamento e fiscalização da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), Elisa Rehn, associando a degradação dos rios, córregos e ribeirões ao avanço da urbanização.

“Sempre que há um rio preservado, com as águas limpas e a vegetação ciliar das margens intacta, não existe ocupação humana por perto”, salientou Elisa. Quando, ao contrário, o curso

está poluído com esgoto e outros líquidos, as águas amareladas e com volume diminuído, sempre haverá por perto um núcleo de edificações, por menor que seja. “Fica até ruim para a gente explicar a necessidade de preservação das margens dos rios, pois há uma tradição cultural que não vê problemas em morar perto de um rio”, desabafou a gerente da Floram.

O Código Florestal de 1965, confirmando o anterior da década de 1930, já previa uma margem de proteção de cinco metros ao longo dos cursos d’água. Mais tarde, a faixa subiu para 15 metros e, a partir de 1989, para 30 metros, aumentando conforme a largura. “O rio pode ter

pouca água ou mesmo ser temporário, surgindo durante as chuvas, mas continuará a ser um curso d’água e por isso protegido”, destacou a representante da Fundação.

As mudanças nos tamanhos da faixa de proteção, onde a vegetação não pode ser tocada, nem ser erguidas construções, “têm nos causado problemas”, reforçou o superintendente da

Floram, Francisco Rzatki. “O fato de antes existir uma faixa de proteção de 15 met ros e depois haver passado para 30 metros faz com que apareçam irregularidades nos alinhamentos das edificações próximas dos rios”, disse.

“Quando a gente vai autuar algum morador que chegou recentemente e está a menos de 30

metros, ele alega estar havendo discriminação, apontando a casa de um vizinho distante 15 metros da margem. A gente tenta explicar, mas eles não entendem”, complementou. Segundo Elisa Rehn, “as condições dos rios têm relação direta com a balneabilidade das praias, pois os pontos mais críticos sempre estão próximos de saídas de cursos d’água”.

Principais cursos d’água da Ilha de Santa Catarina

Bacias · Ratones · Saco Grande

· Lagoa da Conceição · Itacorubi · Rio Tavares · Lagoa do Peri

Rios · Naufragados · das Pacas

· do Peri · da Tapera · Cachoeira Grande

· Tavares · Itacorubi, · do Sertão

Page 6: A area mais rural da cidade

· Büchele

· Araújo · Pau do Barco · do Mel

· Veríssimo · Ratones · Papaquara

· Palha · do Braz · Sanga dos Bois

· Capivari · Capivaras

Ribeirões · Vargem Pequena

· Vadik · do Porto · Sertão da Fazenda

Córregos

· do Passarinho · do Ramos · Arroio dos Macacos

· Ana d’Avila Fonte: Instituto do Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf)

Problemas mais graves são encontrados nos rios pequenos

Os dois rios de maior porte na área insular de Florianópolis estão sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que administra

a Estação Ecológica de Carijós (bacia do rio Ratones) e a Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé (rio Tavares). Eles também sofrem com o lançamento de poluentes e sedimentos que aceleram o processo de assoreamento (Ratones), além de ocupações das margens (curso médio do Tavares).

Como a vigilância é maior sobre eles, os de menor porte sofrem ainda mais. É o caso do rio das Ostras, em Jurerê, onde a cor e mau cheiro denunciam que nele é despejado esgotos, situação semelhante a do rio Doca ou Morto, em Cachoeira do Bom Jesus. O rio do Braz, em

Canasvieiras, compromete a balneabilidade da praia quando se rompe durante períodos de chuva, indicando a péssima qualidade das suas águas.

Outro exemplo é o rio Apa ou Riacho, com nascentes no morro da igreja da Lagoa da Conceição e foz na altura do condomínio Saulo Ramos, onde a Casan deu início à implantação

de uma rede de coleta de esgoto. O rio Capivari nasce na dunas do Rio Vermelho e avança pelo Sítio do Capivarí, onde desaparece, ressurgindo mais à frente com o nome de Ingleses. “Ele some no ponto em que a Casan capta água de poços e isso é normal”, salientou a a gerente de licenciamento e fiscalização, Elisa Rehn.

No Sul da Ilha de Santa Catarina os problemas se concentram no rio Sangradouro, com nascentes na Lagoa do Peri e foz entre as praias do Matadeiro e Armação do Pântano do Sul, separadas recentemente por um molhe de pedras. O rio Quincas Antônio nasce no Pântano do

Sul e desemboca no Sangradouro (afluente) – ambos transformados em depósitos de lixo e esgoto.

“Todos esses cursos têm uma característica comum. Suas margens estão quase todas sem cobertura vegetal, ocupadas por construções e recebendo diversos tipos de poluentes”,

destacou Elisa Rehn. “Eles possuem seus afluentes, pequenos e sem nomes, mas que são contribuintes de cursos maiores, integrantes de uma rede hidrográfica que precisa ser preservada”, complementou a gerente.

Page 7: A area mais rural da cidade

Menos peixe a cada ano

Os problemas ambientais dos cursos d’água apontados pela Floram são sentidos de perto por

Alcebíades da Silveira, 54 anos, residente nas imediações da ponte sobre o rio Tavares, no Sul da Ilha. “Quando tem maré alta aparecem grandes manchas de óleo e todo tipo de lixo”, disse, enquanto aguardava a chegada dos técnicos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) que monitoram a região do aterro da Via Expressa Sul.

“Eu faço a coleta de amostras da água para eles analisarem em oito pontos do aterro”, explicou. Segundo Silveira, só existem dois pontos onde a água é de boa qualidade: nas imediações da Ilha das Vinhas, no bairro José Mendes, e no chamado Buraco da Draga, junto ao manguezal do rio Tavares. “Nos demais a qualidade é a pior possível”, revelou.

Independente das medições e análises feitas, o fato é que os problemas se refletem na mesa. Até cerca de 15 anos atrás, o rio Tavares estava repleto de tainhas e tainhotas, entre outros peixes, “mas de um tempo para cá elas estão raras”, constatou Silveira. Além da poluição, o

assoreamento da foz do rio impede a circulação dos pescados, das águas e das embarcações. Com a maré alta, o canal de navegação chega a ter 1,5 metro, diminuindo para “não mais de 20 centímetros com a maré baixa”, explicou.

Silveira ainda se lembra de quando a foz do rio possuía de quatro a cinco metros de

profundidade. Até mesmo o siri está desaparecido, assim como os caranguejos do manguezal do rio Tavares. Menos mal que os berbigões estão voltando no Buraco da Draga, onde havia um banco de areia usado no aterro da Via Expressa Sul. (Celso Martins, A Notícia, 08/06/2006)

Crescimento imobiliário ignora leis 22/10/2007 1 Comentário

O despejo do esgoto doméstico nas águas da Lagoa da Conceição, além de grave problema

ambiental, é também resultado de outras sérias questões existentes na região. A principal é a ocupação desordenada – clandestina e irregular – que se intensificou nos últimos anos.

Segundo o presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa da Conceição, Alécio dos Passos Santos, a degradação da região começou nos anos 1970, após as inaugurações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Aeroporto Hercílio Luz e de melhores acessos rodoviários.

- Conheci a Lagoa com vida total, no final dos anos 1960. Em 1950, havia 3,5 mil habitantes, no final da década de 1960, 10 mil, e hoje são 35 mil. A Lagoa virou moda, a taxa de crescimento é de 10% ao ano. Um metro quadrado custa de R$ 700 a R$ 1 mil – comenta ele.

Um levantamento da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) indica que, entre janeiro

e setembro deste ano, foram emitidos 63 autos de infração na Bacia da Lagoa da Conceição, a maioria por construções clandestinas em áreas de preservação permanente (APPs).

- Na Ilha (de Santa Catarina) toda, há uma pressão muito grande sobre essas áreas. Tanto por parte dos que têm poder quanto dos que não têm. O número de fiscais ainda não é suficiente

para atender a essa demanda toda – afirma o gerente de fiscalização do órgão, Gilson de Oliveira.

Dos autos de infração, 29 foram na Costa da Lagoa, acessível apenas de barco, onde os fiscais têm mais dificuldade para apreender materiais de construção, devido à resistência da população e dos barqueiros.

Page 8: A area mais rural da cidade

- Os barcos são os mesmos alugados pelo pessoal que leva o material para construir. Há pessoas de bom poder aquisitivo construindo ilegalmente ali – acusa Oliveira.

Além das construções em APPs, outro problema são as obras irregulares – o que inclui projetos aprovados pela prefeitura e depois alterados e casas ampliadas sem autorização.

Acordo para despoluição é parcialmente cumprido

Para tentar resolver essas questões, em 2002 o município de Florianópolis, a Fatma e a Casan assinaram acordo que previa medidas para a despoluição e preservação da Lagoa.

O acordo foi resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal.

Segundo a procuradora da República Analúcia Hartmann, ele está sendo cumprido aos poucos. Um dos maiores problemas é a falta de fiscalização.

- A maior dificuldade que temos são com as ligações clandestinas. Há uma fragilidade da Vigilância Sanitária, dificuldade de conseguir os cadastros da prefeitura. Eles têm justificado o

fato de não fazer vigilância nos restaurantes e bares dizendo que têm que cumprir liminares no Estreito, em Ponta das Canas, e que não têm pessoal – critica ela.

Para a procuradora, falta muito para que a situação seja resolvida.

- Estamos atacando, fazendo as reuniões no Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (sobre o novo plano diretor), tentando discutir as questões. Nessa região é muito difícil, estão tentando usar o plano para regularizar o que não é regular.

Ampliação da rede de esgoto seria necessária

O assessor da Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria municipal da Saúde, Naro Pereira Ramos, por sua vez, argumenta que o órgão atua, principalmente, mediante denúncia e que tem como questões prioritárias as que envolvam a saúde pública.

Ele defende a atuação conjunta dos órgãos ambientais e diz que a resolução do problema depende da ampliação da rede de coleta de esgoto.

- Fazemos ações no Canto da Lagoa, saímos, e o problema retorna. Existe a necessidade de ampliação e adaptação da rede. E de conscientização das pessoas, para que se liguem à rede ou desenvolvam sistemas individuais de tratamento.

Para o presidente da Associação dos Moradores da Lagoa (Amola), Aurélio Oliveira, a poluição envolve ainda outras questões.

- A inauguração (da ampliação da estação de tratamento da Casan) vai amenizar (o problema de esgoto), mas poluição não é só saneamento. Tem também detergente, fezes de animais, tinta de embarcações. Além do investimento da Casan, a Vigilância Sanitária e a população têm que ter respeito e fazer a cobrança.

A bacia hidrográfica

A bacia hidrográfica da Lagoa da Conceição inclui toda a região do entorno que contribui com água para a Lagoa. Vai do Canto da Lagoa ao Rio Vermelho e tem 17 quilômetros de comprimento, largura máxima de dois quilômetros e 90 quilômetros quadrados. A população

local gira em torno de 35 mil habitantes. Fonte: Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa da Conceição

(DC, 21/10/2007)

Page 9: A area mais rural da cidade

“A expansão urbana foi violenta” 22/10/2007 Nenhum Comentário

Entrevista: Ariane Laurenti, doutora em química analítica ambiental

A situação da Lagoa da Conceição tem atraído a atenção de diversos especialistas. Entre eles está Ariane Laurenti, professora doutora em Química Analítica Ambiental do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Ariane, que mora na região, ministra atualmente a disciplina de Poluição Marinha no curso de

Engenharia Sanitária e Ambiental. Em entrevista ao Diário Catarinense, ela apontou os principais problemas ambientais existentes na região: a rede de esgoto insuficiente, a ocupação desordenada e o trânsito de embarcações.

Também defendeu a necessidade de medidas urgentes para a recuperação da Lagoa.

- A gente sabe de ambientes semelhantes, em algumas partes do mundo, que foram absolutamente destruídos – afirmou.

Confira os principais trechos da entrevista:

Diário Catarinense – Quais são, neste momento, os principais problemas ambientais da Lagoa da Conceição?

Ariane Laurenti – São três aspectos fundamentais. O primeiro diz respeito à questão dos efluentes domésticos e civis de modo geral, como os de restaurantes e postos de gasolina.

Eles geram efluentes orgânicos, tanto cloacais (de resíduo humano) quanto aquele que é resultado da atividade econômica, como gordura e detergentes. Essa questão está parcialmente enfrentada pelo meu ponto de vista, na medida em que está se buscando

construir uma rede de coleta e tratamento. Mas o sistema de esgoto ainda não abarca todo o conjunto da bacia hidrográfica da Lagoa. A solução está longe do fim. E não se pode só discutir em termos de Lagoa da Conceição, temos que pensar no conjunto e preservar também o entorno dos rios que deságuam na Lagoa.

DC – Quais seriam os outros dois aspetos?

Ariane – O segundo aspecto é a ocupação urbana da região. Isso envolve casas, condomínios, prédios, estradas, sistema de transporte marinho, pontes e obras de lazer. A questão da pavimentação é muito séria, pois o asfalto impermeabiliza o solo e a água da chuva vai

diretamente para a Lagoa. Outro problema é a ocupação em torno da Lagoa e o desmatamento, que desprotege as suas margens e as dunas. Com isso, quando chove, a terra e a areia vão parar dentro da Lagoa. Então, essa vegetação deve ser mantida. E a ocupação

desordenada tem a ver, também, com o sistema de esgoto, cujo dimensionamento não é compatível com a continuidade da construção de prédios. O terceiro aspecto é a questão das embarcações. Aí tem dois problemas: os combustíveis, que impermeabilizam a parte superficial

da coluna dágua, o que prejudica a troca de oxigênio, e o material utilizado para a preservação das embarcações, como a pintura e os vernizes. Eles podem ser acumulados nos organismos vivos, como mexilhões, ostras e peixes. Muitas vezes, para esses organismos não faz mal, pelo

menos não para os mais resistentes. Mas muitos organismos mais sensíveis já desapareceram da Lagoa.

DC – Quais são as conseqüências desses problemas?

Ariane – A Lagoa já está em processo de eutrofização (excesso de nutrientes que leva à proliferação excessiva de algas). Nós temos, de uns anos para cá, freqüentes explosões de

Page 10: A area mais rural da cidade

crescimento algal naquela região. Como a temperatura da água e a luminosidade,

principalmente no início da primavera, aumentam, há um crescimento exagerado, que continua até um período grande do Verão. Com isso, há um consumo muito exagerado de oxigênio para a decomposição dessa matéria orgânica. E a falta de oxigênio pode levar à mortandade de

organismos dependentes dele, sejam micro ou macroorganismos. No lugar deles, surgem organismos que não precisam de oxigênio. A decomposição, quando passa a ser na ausência de oxigênio, produz substâncias de caráter de putrefação.

DC – Uma abertura maior embaixo da ponte de acesso à Avenida das Rendeiras para ajudar na circulação de água poderia resolver ou minimizar o problema da poluição no local?

Ariane – Nós temos um problema sério, principalmente ao sul da Lagoa (da ponte em direção ao Canto da Lagoa) e ao norte (Costa). São dois pontos de baixa energia hidrodinâmica. Eles têm um tempo de retenção da água muito longo, há uma característica natural de

estrangulamento. A circulação da água é praticamente toda feita pelos ventos. Eu questiono, embora não possa afirmar, a possibilidade de ampliação da dimensão da ponte para fazer a troca da água. Aquilo, na minha opinião, é uma desculpa para duplicar a avenida, não vai

resolver o problema. Porque o problema ali é que a circulação da água é tão baixa que é feita tranqüilamente pelos ventos.

DC – O que então poderia ser feito para que os problemas sejam resolvidos?

Ariane – Primeiro, parar de jogar esgoto na Lagoa. Precisa ver se existe eficiência do tratamento de esgoto, se o que está sendo redespejado depois da decomposição da matéria

orgânica é capaz de ser absorvido pelo corpo da Lagoa. O que falta nos nossos sistemas públicos são programas permanentes de monitoramento da qualidade dos nossos ambientes aquáticos. Além disso, uma fiscalização pelos órgãos competentes, com poder de polícia, para

embargar obras que são construídas inadequadamente. E impedir os alvarás de licença. A sociedade civil também tem que mostrar o seu poder, cobrando do poder público a preservação do local e a sua utilização de forma adequada. Outro aspecto é o compromisso de

um estudo mais cuidadoso sobre os ambientes naturais que temos. Os estudos da Lagoa são muito recentes e muito dispersos. Talvez um passo positivo para unificar os esforços seja a criação do curso de Oceanografia aqui da UFSC. E temos que entender que a Ilha de Santa

Catarina não é isolada. Os poderes municipais de todos os municípios (São José, Biguaçu e Palhoça, que são os entornos das baías Norte e Sul da Ilha) têm que estar envolvidos, fazer um trabalho de preservação conjunto, porque a poluição não tem fronteiras. Além disso, a

remoção imediata das algas, quando há um boom, também é importante, para não dar tempo de elas se decomporem e alimentarem o surgimento de novas algas. Isso já resolve muito. E o uso de biocombustíveis nas embarcações, ou fazer com que determinadas zonas sejam mais utilizadas pelos barcos que não têm motor, também ajudaria.

DC – Como a Lagoa pode ficar se a situação continuar a se agravar?

Ariane – Como não existem estudos, o que eu falar é uma futurologia. A gente sabe de ambientes semelhantes, em algumas partes do mundo, que foram absolutamente destruídos. A parte sul e a norte da Lagoa têm uma produção algal exagerada, que pode levar à completa

morte do ambiente, só vai haver produtos de putrefação nesses locais. Esse seria o final mais trágico.

DC – E se forem tomadas medidas adequadas, ainda há tempo para reverter a situação de poluição?

Ariane – Elas ajudariam muito a resolver o problema, e seguramente teríamos um

envelhecimento natural daquele ambiente, o que demoraria mais alguns séculos para acontecer. Se não (forem tomadas providências rapidamente), esse séculos vão acontecer em 20 anos, porque já vêm acontecendo há muito tempo. Dos últimos tempos para cá, nem se

fala, a expansão urbana foi muito violenta. Balneabilidade Como estão os principais pontos para banho na bacia da Lagoa da Conceição

Page 11: A area mais rural da cidade

Próprios

- Ponto 37 – Em frente à Servidão Pedro Manuel Fernandes - Ponto 39 – Em frente à rua de acesso à Praia da Joaquina - Ponto 43 – Em frente ao acesso para o Rio Tavares

- Ponto 61 – Na altura do nº 1.480 da Avenida das Rendeiras - Ponto 66 – Na altura do nº 2.267 da Avenida Osni Ortiga Impróprios

- Ponto 38 – Nos trapiches dos serviços de transportes - Ponto 41 – Canto da Lagoa – ao lado do posto de saúde - Ponto 62 – Centrinho – Em frente à Rua Manuel Isidoro da Silveira

* De acordo com última avaliação, realizada em 17 de setembro Fonte: Fatma

Fique alerta

- Em alguns casos, as placas que identificam os locais não indicados para banho são depredadas e o “im”, de “impróprio”, é retirado. Com isso, fica parecendo que o local é próprio

para banho. - Para garantir se o local é realmente indicado, é preciso também olhar para a cor da palavra. Nas placas que identificam os locais permitidos, a palavra “próprio” é pintada em verde, e nos não indicados o “impróprio”, em vermelho.

- Entre as doenças que uma pessoa pode adquirir ao se banhar em local impróprio estão a hepatite A e as doenças de pele, principalmente, além de leptospirose e verminoses. Fonte: Fatma e Vigilância Epidemiológica de Florianópolis

(DC, 21/10/2007)

http://floripamanha.org/tag/plano-diretor/