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A ARQUEOLOGIA PREVENTIVA: UMA NORMATIZAÇÃO NECESSÁRIA EXPERIÊNCIAS NO BRASIL Solange B. Caldarelli www.scientiaconsultoria.com.br Abril / 2018

A ARQUEOLOGIA PREVENTIVA: UMA NORMATIZAÇÃO … · demais países da Bacia Platina. Não seria essa postura uma quimera criada por uma inter- Não seria essa postura uma quimera

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A ARQUEOLOGIA PREVENTIVA: UMA NORMATIZAÇÃO NECESSÁRIA

EXPERIÊNCIAS NO BRASIL

Solange B. Caldarelli

www.scientiaconsultoria.com.br

Abril / 2018

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Há quem critique uma arqueologia que se originou da preocupação com o destino de bens arqueológicos em risco com a implantação de grandes empreendimentos no Brasil e nos demais países da Bacia Platina. Não seria essa postura uma quimera criada por uma inter-pretação equivocada, que não quer compreender que os bens arqueológicos, finitos e frá-geis, correm sérios riscos de desaparecer antes de sequer se tomar conhecimento de sua existência, quanto mais de lhes dar a oportunidade de serem registrados, estudados e contribuir para trazer à luz parte desconhecida do passado humano? O que terão esses testemunhos do passado a nos ensinar? O que saberíamos sobre a Mesopotâmia, tão importante para a história da Humanidade, não fossem a arqueologia e a história trabalhando e reconstituindo juntas esse passado (KRIWAKZEK, 2018)? Não é a recuperação, o estudo e a compreensão dos vestígios do passado o objetivo principal da arqueologia? Está ela conformada em estudar apenas o que sobrevive das intervenções destrutivas não controladas dos ambientes que foram ocupados por nossos antepassados? Ou seja, uma parcela não definida pelo arqueólogo o satisfaz para uma reconstituição com lapsos factuais e interpretativos que ele talvez jamais conseguirá recuperar sem a contribuição da arqueologia preventiva? Não está mais do que na hora de problematizar se aspectos importantes para a recons-tituição do passado remoto da América Latina podem ser irremediavelmente perdidos pelo não engajamento de arqueólogos competentes nessa luta para a recuperação e estudo de ao menos parte dos testemunhos desse passado remoto, não registrado por documentos escritos? Os quais também tem vieses que cabem ao arqueólogo identificar e interpretar?

PROBLEMÁTICA A SER ABORDADA NA PRESENTE EXPOSIÇÃO

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“Preventive Archaeology” - a branch of archaeology, also known as public archaeology, that is concerned with the identification, mapping, recording, assessment, evaluation, and documentation of archaeological sites and objects at all scales in order to assist in their conservation, protection, preservation, presentation, and exploitation through effective mitigation strategies, excavation, and nondestructive study. Major aspects of this work involve: the administration of legislation that bears on archaeological remains; informing the decision‐making process as it applies to the potential impacts of development on archaeological remains; issuing permits and licences; monitoring and managing contract archaeology; the definition and application of research policies; and the development of public education programmes. In the USA and Australia, where it also covers the management of the contemporary material culture of the indigenous populations, this branch of archaeology is often referred to as cultural resource management (CRM). The term archaeological heritage management (AHM) is also used in the international context. “The term “preventive archaeology” has been used over the past decade or so to upgrade the earlier notions of “salvage,” “rescue,” or “emergency” archaeology and also as an alternative to such designations as “contract,” “commercial,” or “developer-led” archaeologies. On the analogy of preventive medicine, preventive archaeology is essentially a planned undertaking, mobilizing a series of legal, operational, and scientific measures ahead of projected infrastructure and building works to ensure that archaeological remains may be recognized, documented and studied in areas under threat . Fontes: The Oxford Companion To Archaeology, 2012; The Concise Oxford Dictionary of Archaeology, 2009.

DENOMINAÇÕES DISTINTAS PARA PREOCUPAÇÕES E PRÁTICAS

SEMELHANTES

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UISPP NEWSLETTER - Nº 2 – September/2017

Preventive Archaeology

The commission composed of archaeologists from various countries aims at discussing and sharing information about all aspects of preventive archaeology. We understand it as consisting of two main parts:

a) set of actions recalling modern understanding of the protection of the archaeological heri-tage, which foresee how to avoid destruction of archaeological remains and monuments, and

b) undertaking of rescue excavations of archaeological sites in development-led archaeology. So defined preventive archaeology includes among others: (a) legal basis and rules for implementing preventive archaeology, (b) organizational forms of preventive archaeology contractors (including private, local and state institutions), (c) successive stages and ways of organizing the non-destructive surveys and rescue excavations, (d) methods of non-destructive prospection, excavation and field documentation, (e) scientific results of non-destructive surveys and rescue excavations, (f) interdisciplinary dimension of preventive archaeology, (g) storing of relics obtained during the rescue excavations, (h) popularization of research results in internet and traditional media, (i) the role of preventive archaeology in spreading knowledge about the archaeological and cultural heritage in society, (j) lobbying at various levels of government institutions to improve the working conditions of preventive archaeology.

1) É assim que vejo nossa participação neste simpósio, no contexto de tão oportuno Congresso: como mais um grupo de profissionais unidos pela preocupação com a destruição de nosso passado comum; em nosso caso específico, na América Cisplatina.

OBJETIVOS COMUNS DOS QUE SE PREOCUPAM COM A DESTRUIÇÃO DE BENS ARQUEOLÓGICOS E MONUMENTOS EM

DECORRÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS QUE OS AMEAÇAM, EM TODO O MUNDO1

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Gostaríamos, neste simpósio, de discutir e trocar, com os arqueólogos preocupados com o passado dos países da Bacia do Prata, experiências e sugestões, com os objetivos de: . adoção comum dos procedimentos positivos desenvolvidos por pesquisa- dores dos países participantes do encontro e . definição e reforço de instrumentos normativos conjuntos, com a missão de lutar para que seus respectivos países os adotem. A premissa é a de que, se todos lutarmos para a adoção de marcos comuns, estaremos todos contribuindo para a proteção do tão ameaçado patrimônio arqueológico de uma região sobre a qual ainda existe tanto a conhecer. Para contribuir com os objetivos expostos, apresentaremos casos e refle-xões oriundas de nossas próprias experiências no Brasil, apontando as que apresentaram falhas (com as quais também aprendemos) e realçando algu-mas das que trouxeram efetiva contribuição à recuperação de informações relevantes para o conhecimento de nosso passado remoto.

OBJETIVOS E PREMISSA

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Há quem critique uma arqueologia que se originou da preocupação com o destino de bens arqueológicos em risco com a implantação de grandes empreendimentos no Brasil, nos demais países da Bacia Platina e por todos os continentes de nosso planeta.

Postula-se, aqui, que:

a) essa postura não passa de uma quimera criada por uma interpretação equivocada, que não quer compreender que os bens arqueológicos, finitos e frágeis, correm sé-rios riscos de desaparecer antes sequer de se tomar conhecimento de sua existên-cia, quanto mais de lhes dar a oportunidade de serem registrados e estudados;

b) a recuperação, o estudo e a compreensão dos vestígios do passado é o objetivo prin-cipal da arqueologia.

c) a arqueologia não pode se conformar em estudar apenas o que sobrevive das inter-venções destrutivas não controladas dos ambientes que foram ocupados por nossos antepassados, sob pena de perder informações e elos importantes de um processo histórico no qual documentos escritos ou não existem ou podem estar carregados de visões não necessariamente correspondentes aos fatos e processos que deixaram testemunhos materiais;

d) está mais do que na hora de problematizar o risco de que aspectos importantes para a reconstituição do passado remoto da América Latina sejam irremediavelmente perdidos pelo não engajamento de arqueólogos competentes nessa luta para a recu-peração e estudo de ao menos parte dos testemunhos desse passado remoto, não documentado por documentos escritos

PROBLEMÁTICA - I

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Será que as tão ponderadas críticas do seminal trabalho de Darcy Ribeiro(1) às falhas da contribuição dos antropólogos para o processo de desenvolvimento das sociedades nacionais modernas não poderiam ser extrapoladas para o campo da pesquisa arqueológica?

Não deveríamos nos preocupar em lutar para que a arqueologia preventiva possa efetivamente(2) contribuir para problematizar, recuperar, interpretar e problematizar os processos e razões que levaram nossos países e a Bacia Cisplatina à configuração econômica, social e cultural que hoje os caracterizam?

Como há quase uma década já escrevia KRISTIANSEN (3) , “a contract archaeology, which puts research quality/ priorities over pricing, and interpretation over documentation, has the potential to ensure a fruitful academic environment”.

NOTAS:

1) RIBEIRO, D. , 1975.

2) Conceito de efetividade adotado: ações executadas produzirem, de fato, os efeitos que se espera delas.

3) KRISTIANSEN, K., 2009.

PROBLEMÁTICA - II

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Arqueólogos israelenses descobriram, durante pesquisas preventivas associadas a uma auto-estrada , na cidade de Jaljulia, em Tel-Aviv, que a região, no passado, tinha abundância de água e de alimento para populações humanas, conforme evidenciaram centenas de artefatos de pedra, enterrados a cerca de 5m abaixo da superfície atual do solo, produzidos e utilizados por caçadores pré-históricos que viveram na região há cerca de 500.000 anos.

Informação fornecida pelo chefe de arqueologia da Universidade de Tel-Aviv, Ran Barkai.

Durante escavações arqueológicas para resgate de um mosteiro bizantino situado na área prevista para construção de uma nova cidade a Oeste de Jerusalém (Beit Shemesh), arqueólogos encontraram restos de paredes e de elementos arquitetônicos diversos, que revelaram a existência, no local, de uma antiga igreja, com base de pilar de mármore decorada, em excepcional estado de preservação e uma das maiores já registradas na região, abandonada no século VII, durante a primeira conquista islâmica.

Escavações arqueológicas preventivas em Constantinopla trouxeram importantes contribuições ao conhe-cimento pretérito do antigo Império Bizantino, conforme consta do relatório “Constantinople: Archae-ology of a Byzantine Megapolis. Final Report on the Istanbul Rescue Archaeology Project - 1998–2004”.

Escavações arqueológicas preventivas nos locais onde estavam programadas duas usinas hidrelétricas, no Taiti, revelaram vestígios da vida pretérita dos ilhéus, nas partes mais profundas de vales encaixados e saturados de umidade, que descortinaram uma sociedade em plena força, num local posteriormente despovoado pela penetração e mutação política do local por uma nova população, com uma nova religião.

Escavações arqueológicas preventivas em Aranbaltza,

na comunidade de Barrika (País Basco, na Espanha),

revelaram vários níveis de ocupação Neandertal,

com artefatos em madeira.

ALGUNS EXEMPLOS INTERNACIONAIS E UMA PERGUNTA (1)

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Arqueologia Preventiva na Guiana Francesa

PERGUNTA:

REPITO: Ao invés de combater, não

deveríamos nós, arqueólogos, dedicados

ou não à arqueologia preventiva, nos

preocupar em lutar por uma arqueologia

preventiva honesta, que possa efeti-

vamente contribuir para problematizar,

recuperar e interpretar os processos e

razões que levaram a Bacia Cisplatina à

configuração econômica, social e cultural

que hoje a caracteriza?

ALGUNS EXEMPLOS INTERNACIONAIS E UMA PERGUNTA (2)

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL – Região Norte (1) – UHE BELO MONTE

As pesquisas de arqueologia preventiva na Bacia do Rio Xingu: primeiros registros de assentamentos de caçadores-coletores

a) Levantamento arqueológico para os estudos de viabilidade ambiental da então denominada UHE Kararaô, entre 1986 e 1988 – executado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, sob minha coordenação, juntamente com Walter Alves Neves e Fernanda de Araújo Costa.

b) A localização geográfica da bacia do rio Xingu, entre o rio Tapajós e o rio Tocantins, norteou as problemáticas colocadas pelas pesquisas arqueológicas neste período, todas associadas a ocupações ceramistas pré-coloniais. Em caráter inédito, foram encontrados vestígios de uma ocupação muito mais antiga da área, por caçadores-coletores.

c) Todas essas pesquisas foram retomadas com os Estudos de Impacto Ambiental da UHE Belo Monte e aprofundadas com a execução dos programas de arqueologia constantes do PBA, inicialmente sob minha coordenação e de Maria do Carmo M. M. Santos, posteriormente substituída por Renato Kipnis.

Sítio Município Datação

Paquiçamba 2

Sen. José Porfírio / PA

10.410±40

Paquiçamba 3

Sen. José Porfírio / PA

9.100±40 10.850±40

Número estimado de peças coletadas na UHE Belo Monte, em processamento em

laboratório (curadoria e análise): 3.000.000

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EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL – Região Norte (1)

ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS

DA SCIENTIA NO BRASIL – Região Norte (2) – UHE BELO MONTE

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Atividades de Laboratório Número estimado de peças coletadas na UHE Belo Monte: 3.000.000

Sítio Pimental 8 – percentual de

matérias-primas empregadas

Sítio Pimental 8 – Percentual das classes tecnológicas presentes no

horizonte A

Sítio Pimental 10 – Reconstituição gráfica do

tipo de encabamento (justaposto) da lâmina de

machado ao lado, recuperada em campo.

ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS

DA SCIENTIA NO BRASIL – Região Norte (3) – UHE BELO MONTE

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL – Região Oeste (1)

Sítio Dardanelos 1, MT DATAÇÃO A.P.: 7.700 a 1.650

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL – Região Oeste (2)

REFLEXÕES SOBRE OS RESULTADOS DAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS NO SÍTIO

DARDANELOS 1

• Os vestígios arqueológicos evidenciados no Sítio Dardanelos 1 indicaram a presença de uma grande aldeia pré-histórica, formada por populações sedentárias , praticantes de agricultura e produtoras de inúmeros vasilhames cerâmicos e artefatos líticos. O largo período de ocupação do sítio levou à formação de extensa e profunda camada de terra preta. Seu abandono ocorreu provavelmente há cerca de 2.000 anos AP.

• O AHE Dardanelos localiza-se em uma área estra-tégica, entre duas grandes áreas culturais, o Brasil Central e a Amazônia. Portanto, a pesquisa arqueológica associada ao empreendimento trouxe dados inéditos, que detectaram o alto potencial regional para gerar dados importantes para testar e refinar questões e modelos discutidos pela arqueologia brasileira.

• A respeito, ver CALDARELLI, 2015

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL

– Região SUDESTE (1)

Empreendimentos: Rodovia Carvalho Pinto / LT Tijuco Preto – Cachoeira Paulista II

Problemática: A bibliografia arqueológica existente até a execução dos projetos preventivos associados aos empreendimentos acima fornecia indícios va-gos de ocupação do vale do Paraíba por populações indígenas culturalmente diversificadas. A biblio-grafia etnohistórica, por sua vez, relatava que, no início do século XVI, o Vale do Rio Paraíba do Sul, em território paulista, era ocupado certamente por índios Tupi (em toda sua extensão) e Puri (em Guarulhos).

Expectativa: contribuir com o aclaramento de uma situação nitidamente confusa, qual seja: quais tra-dições arqueológicas indígenas efetivamente se fi-zeram presentes no vale do Paraíba; a que etnias se relacionavam ; que relações mantiveram entre si e, posteriormente, com o colonizador português.

Resultados: Descoberta de uma grande aldeia Ara-tu (tradição jamais identificada no Sudeste Pau-lista) em Caçapava e de um sítio Kaingang (tradi-ção que se supunha não ter ultrapassado a mar-gem esquerda do Rio Tietê), em Guararema.

Alto e médio Vale do Paraíba paulista

• A respeito, ver CALDARELLI, 2005

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL

– Região SUDESTE (2)

Alto e médio Vale do Paraíba paulista – Sítio Caçapava 1 - Aratu

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL

– Região SUDESTE (3)

Alto e médio Vale do Paraíba paulista – Sítio Topo do Guararema

Indagação da pesquisa: por que a implantação de um sítio habitação em alto topográfico, de difícil acesso?

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ALGUNS EXEMPLOS DE RESULTADOS DAS PESQUISAS PREVENTIVAS DA SCIENTIA NO BRASIL

– Região SUDESTE (4)

Sítio Topo do Guararema

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Alguns projetos de Arqueologia Preventiva executados pela Scientia, em território

brasileiro, no contexto da Bacia Cisplatina

Projetos da Scientia no Sul do Brasil (âmbito da Bacia Platina) podem ser

visualizados no Poster elaborado para este simpósio.

Os que tiverem interesse em tomar conhecimento de outros projetos da Scientia coordenados por mim em território brasileiro, seja na Bacia Platina, seja em outros pontos do

território nacional, podem acessá-los em:

https://scientiaconsultoria.academia.edu/

SolangeCaldarelli

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CONVENÇÃO DE SÃO SALVADOR (Convenção sobre Defesa do Patrimônio Arqueológico, Histórico e Artístico dos Países Americanos – 1976)

• Artigo 1 – OBJETIVOS: a) Impedir a exportação ou importação ilegal de bens culturais; b) Promover a cooperação entre os Estados americanos para o mútuo conhecimento e apreciação de seus bens culturais

• Artigo 15 – Os Estados Participantes se obrigam a cooperar para o mútuo conhecimento e apreciação de seus valores culturais pelos seguintes meios: a) xxxx b) promovendo o intercâmbio de informações sobre bens culturais e descobrimentos arqueológicos.

• Artigo 21 – O instrumento original, cujos textos em espanhol, francês, inglês e português dão idênticos, será depositado na Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos.

CARTA PARA A PROTEÇÃO E A GESTÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO (ICOMOS/ICAHM, 1990):

“A preservação de sítios e monumentos se dará necessariamente de forma seletiva, uma vez que os recursos financeiros são inevitavelmente limitados. A seleção de sítios e monumentos deverá fundamentar-se em critérios científicos de significância e representatividade (...)”.

• No Brasil, o IPHAN, em consonância com o acima reproduzido (reconhecendo que a relevância dos sítios arqueológicos não é idêntica), inseriu, na ficha de Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), o campo “relevância”, no qual o pesquisador deve informar se a relevância do sítio cadastrado é “alta”, “média” ou “baixa”.

• A idéia por trás da avaliação da relevância de um bem arqueológico é exatamente a da impossibilidade de salvar todos os bens arqueológicos de uma nação e, portanto, da necessidade de se estabelecer critérios para seu estudo e preservação.

• A conotação ética do processo de decisão sobre a relevância de um sítio é exposta de modo claro por DUNNEL, R. (1984), ao dizer que, na definição da significância arqueológica, duas justificativas se apre-sentam: a) o valor humanístico do bem, uma vez que se trata da nossa herança cultural e carrega valores simbólicos; b)o valor científico do bem, já que se trata de uma fonte de informação empírica sobre a natu-reza da humanidade, fundamental para a compreensão das mudanças sociais.

CARTAS E COMPROMISSOS INTERNACIONAIS, DE INTERESSE PARA A ARQUEOLOGIA PREVENTIVA E PARA A

ARQUEOLOGIA COMO UM TODO, ENQUANTO DISCIPLINA PRECOCUPADA COM O PASSADO HUMANO

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A Carta de Lausanne (Art. 7º) considera que apresentar o patrimônio arqueo-lógico ao grande público é um meio de fazê-lo ascender ao conhecimento das origens e do desenvolvimento das sociedades modernas e, ao mesmo tempo, considera que esta apresentação é o meio mais importante para fazê-lo com-preender a necessidade de proteger esse patrimônio;

Assim, sugere-se propiciar a aproximação dos pesquisadores com as comu-nidades próximas ao empreendimento, de modo a mostrar e desmistificar o que os arqueólogos fazem tanto em campo (através de visitas guiadas durante os trabalhos de campo), quanto, se possível, em laboratório (recebendo peque-nos grupos para ver como se realizam as atividades de curadoria e de análise de materiais arqueológicos em laboratório) e, finalmente, em exposições, mon-tadas com a participação de interessados, em local(is) definido(s) com os órgãos nacionais, regionais e, quando existentes, locais, de proteção ao patri-mônio arqueológico e cultural, para apresentar os procedimentos adotados em função dos objetivos propostos para os estudos e os resultados obtidos nas pesquisas arqueológicas;

Pelas mesmas razões, sugere-se que sejam incluídos nas atividades acima também representantes do empreendedor, de modo a que todas as partes en-volvidas com o empreendimento se relacionem entre si, pela mediação do(s) arqueólogo(s) responsável(is) pela execução do projeto de arqueologia pre-ventiva.

CONSIDERAÇÕES E SUGESTÕES

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Dificuldades enfrentadas pelos responsáveis pela execução de projetos de arqueologia

preventiva

Institucionais (especialmente com os órgãos licenciadores e, em menor escala, com as instituições de apoio)

Procedimentais (especialmente adaptações durante execução dos programas e projetos)

Políticas (especialmente com partes interessadas)

de Engenharia (especialmente mudanças que acabam se revelando necessárias na fase de implantação – o que foge ao escopo da “prevenção”)

Econômico-Financeiras (especialmente com empreendedor + concorrên-cia desleal)

Técnico-Científicas (especialmente observância do rigor técnico e científico em meio às inevitáveis dificuldades que se apresentam – como as acima

elencadas + concorrência desleal)

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RESGATES PESSOAIS: UMA ANALOGIA COM A ARQUEOLOGIA

O EXCEPCIONAL O COMUM

Ambos tratados com o mesmo cuidado, pois o passado, como o presente, é formado por diferenças que precisam ser cuidadas e interpretadas com o mesmo zelo, para

assegurar a confiabilidade das análises (ou o bem estar do animal... Para que resgatar, se não for para cuidar?)

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AÇÕES PREVENTIVAS EM PROL DA HUMANIDADE – O MELHOR EXEMPLO

Médicos Sem Fronteiras (MSF) Organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde

a pessoas afetadas por graves crises humanitárias

Princípios

1. Independência - Médicos Sem Fronteiras é independente: não está atrelada a poderes políticos, militares, econômicos ou religiosos e tem liberdade de ação, decidindo onde, como e quando atuar com base em sua própria avaliação do contexto e das necessidades.

2. Imparcialidade - Médicos Sem Fronteiras oferece ajuda humanitária e cuidados de saúde àqueles que mais precisam, sem discriminação de raça, religião, naciona-

lidade ou convicção política. 3. Neutralidade - Em situações de conflito, MSF não toma partido. A neutralidade é

crucial para as equipes conseguirem chegar a qualquer pessoa afetada, indepen-dentemente do lado do conflito em que esteja.

4. Transparência - MSF avalia constantemente os projetos que implementa e presta contas à sociedade e aos doadores sobre a gestão dos recursos captados e resul-tados de suas ações.

5. Ética médica - As ações de MSF são, acima de tudo, médicas. O trabalho da orga-

nização é norteado pelas regras da ética médica universal.

Fonte: https://www.msf.org.br/

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PROPOSTA

1. Que os países da Bacia Cisplatina estabeleçam uma Carta de Princípios e normas comuns aos seus membros, em prol de uma arqueologia preventiva independente, voltada ao resgate dos vestígios ainda desconhecidos, mal conhecidos ou pouco conhecidos do passado da região, antes que esses se percam irremediavelmente, com os empreendimentos de grande potencial destrutivo planejados para a região.

2. Que os empreendimentos potencialmente lesivos ao passado desconhecido, mal conhecido ou pouco conhecido da região, de qualquer categoria (incluindo-se, entre eles, os associados ao agronegócio, que ao menos no Brasil são isentos de responsabilidades sobre os remanescentes culturais de uma extremamente ampla área de alteração do solo, condenando para sempre os vestígios ainda remanescentes do passado regional) sejam sempre obrigados a custear os árduos trabalhos de recuperação desse passado (em campo, laboratório e gabinete, aí incluindo a divulgação ampla dos resultados).

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SUGESTÃO

Que os pesquisadores dedicados à arqueologia preventiva na Bacia Cisplatina formem uma comissão para estudar normas consentâneas entre eles e compatíveis com as normas de proteção ao patrimônio arqueológico e cultural vigentes em seus países de origem, para debater, elaborar e submeter essas normas comuns à região aos seus pares e às instâncias normativas de seus respectivos países.

A intenção é que os estudos arqueológicos preventivos em empreendimentos que ultrapassem as fronteiras dos países da Bacia Cisplatina sejam tratados de modo uniforme pelos empreendedores e órgãos licenciadores desses países, no que tange o patrimônio cultural latu senso (arqueológico, histórico e cultural) em questão.

Para cumprimento da sugestão apresentada, sugere-se amplo uso das possibilidades fornecidas pela internet, tanto para as discussões entre os membros da comissão, quanto para divulgação das sugestões e apresentação destas aos seus pares e às instâncias normativas de seus respectivos países.

PELA ATENÇÃO, OBRIGADA!

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Bibliografia (1)

ARAÚJO COSTA, F.; CALDARELLI, S. B. Relatório do Programa de Estudos Arqueológicos na Área do Reservatório de Kararaô (PA). Belém, MPEG, 2 vol., 1988.

BÁEZ, F. A História da Destruição Cultural da América Latina. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2010.

BANDEIRA. L. A. MONIZ A Expansão do Brasil e a Formação dos Estados na Bacia do Prata – Argentina, Uruguai e Paraguai. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2012.

BOZÓKI-EMYEY, K. (Ed.) European Preventive Archaeology. Vilnius, 2004.

CALDARELLI, S. B. (Org.) Arqueologia do Vale do Paraíba Paulista – SP-070 – Rodovia Carvalho Pinto. São Paulo, DERSA Desenvolvimento Rodoviário S.A., 2003.

CALDARELLI, S.B. Problemáticas arqueológicas inéditas advindas de projetos de contrato: o caso do alto e médio vale do Paraíba paulista. Revista do CEPA, UNISC, Santa Cruz do Sul, 29 (41): 2005, 7-33.

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CALDARELLI, S.B. Tratamento do Patrimônio Arqueológico na Avaliação de Impacto Ambiental: uma reflexão a partir das práticas no Brasil. In: Anais do 1º Congresso Brasileiro de Avaliação de Impacto. São Paulo, 2012.

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