28
13 A atividade econômica para compreender o mercado de capitais Introdução Por meio do conhecimento da economia é que se forma uma visão mais ampla e crítica de todo o funcionamento do mercado de capitais, permitindo que se responda às diversas questões que envolvem poupança, investimento, desenvolvimento, avalia- ção e riscos. O objetivo deste capítulo é conhecermos um pouco da economia sob dois aspec- tos: o primeiro deles está relacionado aos problemas básicos da economia e à formação de preços no mercado tendo como base inicial a formação da demanda e a formação da oferta (individual e total); o segundo aspecto está relacionado à renda nacional e ao equilíbrio, tendo como foco central o consumo, a poupança e o governo. Os problemas econômicos básicos, a demanda e a oferta A essência dos problemas econômicos está em equacionar o binômio: “necessida- des ilimitadas versus recursos escassos”. A partir dessa verdade, as sociedades enfrentam o problema de racionar os recur- sos, o que constitui na procura de melhor administrá-los. A melhor administração dos recursos implica na plena utilização e por suposto sua melhor combinação como, por exemplo, a questão do plástico como gerador de energia e não como material para reciclagem. Por outro lado, a utilização plena dos recursos quer dizer que não se pode justificar o desemprego ou subemprego de qualquer parcela da população mobilizável para fins produtivos ou ainda a existência de ociosidade na utili- zação dos equipamentos de produção e outros recursos patrimoniais.

A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

  • Upload
    doxuyen

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

13

A atividade econômica para compreender o mercado de capitais

IntroduçãoPor meio do conhecimento da economia é que se forma uma visão mais ampla e

crítica de todo o funcionamento do mercado de capitais, permitindo que se responda às diversas questões que envolvem poupança, investimento, desenvolvimento, avalia-ção e riscos.

O objetivo deste capítulo é conhecermos um pouco da economia sob dois aspec-tos: o primeiro deles está relacionado aos problemas básicos da economia e à formação de preços no mercado tendo como base inicial a formação da demanda e a formação da oferta (individual e total); o segundo aspecto está relacionado à renda nacional e ao equilíbrio, tendo como foco central o consumo, a poupança e o governo.

Os problemas econômicos básicos, a demanda e a oferta

A essência dos problemas econômicos está em equacionar o binômio: “necessida-des ilimitadas versus recursos escassos”.

A partir dessa verdade, as sociedades enfrentam o problema de racionar os recur-sos, o que constitui na procura de melhor administrá-los.

A melhor administração dos recursos implica na plena utilização e por suposto sua melhor combinação como, por exemplo, a questão do plástico como gerador de energia e não como material para reciclagem. Por outro lado, a utilização plena dos recursos quer dizer que não se pode justificar o desemprego ou subemprego de qualquer parcela da população mobilizável para fins produtivos ou ainda a existência de ociosidade na utili-zação dos equipamentos de produção e outros recursos patrimoniais.

Page 2: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

14

A busca da melhor combinação quer dizer que as sociedades enfrentam o pro-blema de melhor combinar os fatores humanos e patrimoniais, bem como canalizar os fatores disponíveis para os setores que possam produzir exatamente aqueles bens e serviços que melhor atendam aos desejos da coletividade.

Dessa forma, é com a eliminação da ociosidade e a incorporação dos contingen-tes desempregados nos fluxos de produção e a promoção da ótima combinação dos recursos disponíveis que as economias se tornam capazes de atender com maior efici-ência as necessidades e desejos da coletividade.

O que significa, então, limite máximo da eficiência produtiva e as melhores alter-nativas para a canalização dos recursos limitados? Essa eficiência máxima implica a mobilização de todas as possibilidades de produção da economia enquanto as melho-res alternativas dependem de opções sociais e políticas do governo.

Sejam quais forem as opções, sempre haverá um limite máximo: o aumento da produção de uma dada classe de bens implica a redução da produção de uma outra classe, a não ser que tenha ocorrido um aumento nos recursos acumulados. Por exemplo: suponha uma economia que disponha de certo volume de capital, certa quantidade de terra, trabalho, capacidade tecnológica e empresarial. No entanto, mesmo com um volume de produção diversificado, jamais poderá alcançar quanti-dades infinitas.

Aceitando que, mesmo com o melhor treinamento da mão-de-obra, com a melhor tecnologia, as melhores terras férteis e com a capacidade de produção máxima, seu re-sultado será sempre limitado em função da escassez desses recursos.

Supondo que uma determinada economia produza no limite máximo de sua capacidade dois produtos. Diante da constatação anterior, o emprego máximo de sua capacidade em um dos produtos revela a redução do outro – a possibilidade de produção.

Na realidade, as cidades enfrentam a escassez dos recursos produtivos quando devem optar pela pavimentação de ruas, construção de novos edifícios públicos, ex-tensão das redes de água e iluminação, entre outros. O programa com certeza deve deixar de lado algum investimento importante devido à escassez de recursos, como vimos anteriormente.

O caso notável da antiga URSS que optou pela tecnologia de ponta pelo custo do conforto das moradias, o pequeno desenvolvimento dos bens de consumo direto como os duráveis e não-duráveis. Vejamos mais claramente este exemplo com o grá-fico a seguir:M

erca

do d

e Ca

pita

is

Page 3: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

15

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Gráfico 1 – O caso notável da URSS: alimento versus armamento

0 10 20 30 40 50 60

70

80A

B

C

D10

20

30

40

50

60

Canhões

Manteiga O a

utor

.

O gráfico acima mostra exatamente esse problema das opções. Ao decidir, por exemplo, produzir mais canhões (saindo do ponto B para o ponto C do gráfico), a eco-nomia de um país, neste caso a extinta URSS, diminui sua produção de manteiga (que representa os alimentos). A recíproca também é verdadeira. Ao aumentar a produção de manteiga (saindo do ponto C para o ponto B do gráfico), ela diminui a produção de canhões (armas), aumentando assim a produção de alimentos.

Em função do binômio recursos escassos versus necessidades ilimitadas, chega-mos a constatação do primeiro e fundamental problema que as ciências econômicas tem que enfrentar.

Dessa forma, a partir da plena utilização dos recursos produtivos e das opções, podemos, com o auxílio de um gráfico, entender melhor essa problemática. Tal gráfico chama-se Curva de Possibilidades de Produção.

Como seu nome já declara, esse gráfico nos revela as possibilidades máximas de produção de um país num determinado período de tempo – funcionando, para simpli-ficar, sempre com dois produtos.

Aproveitando o mesmo gráfico anterior, mas agora pensando em dois produtos quaisquer (X e Y), vejamos os pontos notáveis deste gráfico denominado curva de pos-sibilidade de produção.

Page 4: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

16

Gráfico 2 – Curva de possibilidades de produção

o

P

Q

R

Produto X

Produto Y o au

tor.

Os pontos notáveis da curva de possibilidades Ponto O: pleno desemprego – no ponto O, a economia estaria operando em pleno desemprego, o que significa a não-utilização dos recursos disponíveis – produção igual a zero. No entanto essa situação somente se apresenta ao nível teórico ou em casos extremos, como: guerras, grandes catástrofes etc.

Ponto P: capacidade ociosa – no ponto P, a economia estaria operando numa situação prática muito comum que é com certa capacidade ociosa. Nesse ponto estaria a economia com máquinas paradas, subutilização, parcela da população desempregada etc.

Ponto Q: pleno emprego – no ponto Q, a economia estaria numa situação ideal, mas dificilmente alcançável. Embora represente um dos objetivos da po-lítica econômica do governo, essa situação é mais teórica.

Ponto R: nível impossível de produção – o ponto R evidencia um ponto fora da curva de possibilidade, dessa forma um ponto impossível de ser atingido. No entanto, esse ponto poderá ser alcançado em períodos futu-ros, desde que ocorram deslocamentos positivos da curva de possibilidades preestabelecida.

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 5: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

17

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Deslocamentos das curvas de possibilidades de produçãoAs curvas de possibilidade de produção movimentam-se ao longo do tempo, so-

bretudo em épocas em que surgem novas técnicas, novos recursos, novas possibilida-des de produção que não se conhecia. Um exemplo clássico é a Revolução Industrial.

É possível ocorrer dois tipos de deslocamento das curvas: os deslocamentos po-sitivos e os negativos.

Enquanto o deslocamento positivo ocorre em função da expansão ou melhoria dos recursos disponíveis (o que resulta de situações normais), o deslocamento nega-tivo ocorre em função da diminuição ou desqualificação dos recursos disponíveis que resulta de situações anormais.

Vejamos abaixo os dois tipos de deslocamentos: o positivo e o negativo

Deslocamento positivo – a revolução da microeletrônica na metade dos anos 1970 que possibilitou o aumento do emprego dos recursos e uma maior inser-ção da mão-de-obra técnica em todo o sistema produtivo.

Gráfico 3 – Deslocamento positivo da curva de possibilidades de produção

0 Produto X

Produto Y

O a

utor

.

Deslocamento negativo – a guerra iniciada também nos anos 1970 em Mo-çambique (na África) onde a destruição foi quase que total, fazendo com que os recursos disponíveis chegassem quase a zero.

Page 6: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

18

Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção

0Produto X

Produto Y

O a

utor

.

Teoria elementar de funcionamento do mercado

Teoria elementar da demanda – a demanda do indivíduo por uma mercadoria – bem ou serviço

A quantidade de uma mercadoria que um indivíduo pretende comprar durante um determinado período de tempo é função ou depende do preço da mercadoria em questão; da sua renda monetária; do preço das outras mercadorias e do gosto e prefe-rência. Assim podemos escrever a demanda da seguinte forma:

Qdx = f (Px; R; Py; G)

Onde:

Px = preço do bem em questão.

R = renda do consumidor (seu salário).

Py = preço dos outros bens (substitutos ou complementares).

G = gosto ou preferência do consumidor, assim como seus hábitos de consumo.

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 7: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

19

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Pela variação do preço da mercadoria, sob a consideração de que mantemos constante a renda desse indivíduo, os seus hábitos e o preço de outras mercadorias (supondo a condição ceteris paribus)1, chegamos à função de demanda do indivíduo pela mercadoria.

Equação2: Qdx = a – b Px

Suponha que a função demanda para um indivíduo referente à mercadoria x é Qdx = 8 – Px, ceteris paribus. Substituindo os vários preços da mercadoria x na função demanda, nós obtemos os valores da demanda individual mostrados na tabela abaixo.

Tabela 1

Preço (Px) 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Quantidade (Qdx) 0 1 2 3 4 5 6 7 8

A função de demanda do indivíduo (dx) pela mercadoria x mostra as quantidades alternativas dessa mercadoria x que ele está propondo comprar para as várias alterna-tivas de preço dessa mercadoria, quando se mantêm todos os demais fatores constan-tes. Vejamos graficamente como isso pode ficar:

Gráfico 5 – Demanda de um indivíduo para uma mercadoria

O a

utor

.

0 Qdx

Px

7

8

1

2

3

4

5

6

7 81 2 3 4 5 6

Dx

1 Ceteris Paribus: Trata-se de uma expressão que considera cada efeito, cada variável (PX, PY, Y e G/P), separadamente, fazendo a hipótese de que tudo o mais permaneça constante. Exemplo: se estamos variando o PX, então ceteris paribus para todas as demais, ou seja, PY, Y e G/P não variam, não alteram.2 A equação da demanda possui o formato de uma reta, trata-se portanto da equação da reta. Nesse sentido temos : “a” representando o intercepto da equação e “b” representando o coeficiente angular ou a declividade da reta. Como se trata de demanda, este (–b) mostra sua declividade negativa.

Page 8: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

20

A curva de demanda nos mostra que, num determinado tempo, se o preço de x é $7, o indivíduo se propõe a comprar uma unidade de x num período especificado (esse período pode ser uma semana, um mês, um ano ou qualquer outro período de tempo relevante). Se o preço de x é de $6, o indivíduo se propõe à compra de 2 unidades de x no período de tempo especificado, e assim por diante. Desse modo, os pontos da curva da demanda representam alternativas que se apresentam ao indivíduo em determina-dos pontos do período de tempo que se considera.

A lei da demanda decrescenteNo quadro e no gráfico anterior da demanda, observamos que quanto mais baixo

o preço de x maior a quantidade de x procurada pelo indivíduo. Esse relacionamento inverso entre preço e quantidade procurada se reflete na inclinação negativa da curva de demanda, como verificamos no gráfico anterior – a isso nos referimos usualmente como lei de demanda decrescente.

A demanda do mercado por uma mercadoriaA demanda do mercado ou a demanda agregada por uma mercadoria nos mostra as

quantidades alternativas nas quais essa mercadoria é procurada num período de tempo, em vários preços alternativos, por todos os indivíduos que compõem o mercado.

A demanda do mercado por uma mercadoria depende, assim, de todos os fatores que determinam a demanda individual e, ainda, do número de compradores dessa mercadoria existentes no mercado.

Geometricamente, a curva da demanda do mercado por uma mercadoria é obtida pelo somatório horizontal de todas as curvas de demanda individuais por essa mercadoria.

Ex: se existem dois indivíduos idênticos no mercado, um deles com a demanda pelo bem x dado por Qdx = 8 – Px, a demanda do mercado Qdx é obtida como se segue:

Tabela 2Px $ Qd1 Qd2 Qdx

8 0 0 0

4 4 4 8

0 8 8 16

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 9: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

21

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

0

4

8

4 8 Qd1 0

4

8

4 8 Qd2 Px 0

4

8

4 8 Qdx

d2d1

+

Px Px

=

12 16

Dx=d1+d2

Demandas individuais Demanda do mercado

O a

utor

.

Figura 1 – Soma das demandas .

Podemos observar que a demanda do mercado é a soma das demandas individuais.

Teoria elementar da oferta

A oferta de uma mercadoria por produtor individual

A quantidade de uma mercadoria que um único produtor se propõe a vender num determinado período de tempo é função ou depende do preço da mercadoria e do custo de produção dos produtores em geral. Para se obter a função de oferta de um produtor e a curva de oferta de uma mercadoria, alguns fatores que influenciam o custo de produção devem ser mantidos constantes (a condição ceteris paribus). Essas condições são as seguintes: a tecnologia, o suprimento dos insumos neces-sários para a produção da mercadoria e, para mercadorias agrícolas, as condições climáticas.

Qsx = f (Px; custo de produção; tecnologia; condições climáticas).

Obs.: O custo de produção é dado por mão-de-obra, matéria-prima, materiais secundários, energia elétrica consumida na produção.

Mantendo-se assim, todos esses fatores e variando apenas o preço da mercado-ria, chegaremos à função oferta e à curva de oferta de um produtor individual para a mercadoria.

Supondo que um produtor individual tenha como função de oferta para a mer-cadoria x:

Qsx = –40 + 20 Px, ceteris paribus.

Page 10: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

22

Onde :

Qsx = Quantidade de oferta do produto x

Px = Preço do produto x

Pela substituição dos preços correntes de x na função de oferta, chegamos ao quadro de oferta do produtor mostrado na tabela a seguir:

Tabela 3Px Qsx

6 80

5 60

4 40

3 20

2 0

Transpondo para o gráfico cada par ordenado de valores, chegamos à curva de oferta do produtor. Como no caso da demanda, os pontos da curva de oferta representam alter-nativas que se apresentam para o produtor em um determinado período de tempo.

Gráfico 6 – Curva de oferta do produtor

O a

utor

.

0 Qsx

Px

1

2

3

4

5

6

8020 40 60

Sx

A forma da curva de oferta

Na tabela e no gráfico da oferta, vemos que quanto mais baixo o preço de x, menos a quantidade de x será ofertada pelo produtor. O inverso, naturalmente, também é verdadeiro. Essa relação direta entre preço e quantidade ofertada reflete uma curva M

erca

do d

e Ca

pita

is

Page 11: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

23

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

de oferta crescente. No entanto, embora a curva de oferta seja geralmente crescente, a sua inclinação poderá ser muitas vezes zero, infinita ou mesmo negativa, não sendo prudente fazermos uma generalização.

A oferta de mercado para uma mercadoriaA oferta de mercado ou oferta agregada de uma mercadoria nos dá as quanti-

dades alternativas da mercadoria ofertada num período de tempo, aos vários preços alternativos, por todos os produtores dessa mercadoria que operam no mercado. A oferta de mercado da mercadoria depende de todos os fatores que determinam a oferta dos produtores individuais e do número de produtores dessa mercadoria que operam no mercado. Vejamos um exemplo:

Se existem 100 produtores idênticos no mercado, cada um dos quais com uma função de oferta da mercadoria x dada por Qsx = – 40 + 20Px ceteris paribus, a oferta de mercado Qsx é obtida da seguinte forma:

Qsx = – 40 + 20Px cet. par. sx = do produtor individual

Qsx = 100 (Qsx) cet. par. sx = de mercado

Qsx = (– 40 . 100) + (20Px . 100) ou Qsx = (– 40 + 20Px) . 100

Qsx = – 4 000 + 2 000Px

Construindo a tabela:

Para Px = 6Qsx = – 4 000 + 2 000 . 6Qsx = 8 000

Para Px = 5Qsx = – 4 000 + 2 000 . 5Qsx = 6 000

Para Px = 4Qsx = – 4 000 + 2 000 . 4Qsx = 4 000

Para Px = 3Qsx = – 4 000 + 2 000 . 3Qsx = 2 000

Para Px = 2Qsx = – 4 000 + 2 000 . 2Qsx = 0

TabelaPx Qsx

6 8 000

5 6 000

4 4 000

3 2 000

2 0

Page 12: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

24

Gráfico 7 – Curva de oferta de mercado para uma mercadoria

O a

utor

.

0 Qsx

Px$

1

2

3

4

5

6

8 0002 000 4 000 6 000

Sx

O equilíbrio do mercadoO equilíbrio se refere às condições do mercado, as quais, uma vez atingidas,

tendem a persistir. Em economia isso ocorre quando a quantidade demandada de um bem no mercado, na unidade de tempo, iguala a quantidade ofertada do bem ao mercado nessa mesma unidade de tempo. Geometricamente, o equilíbrio ocorre na intercessão das curvas de demanda e oferta do mercado. O preço e a quantidade para os quais existe esse equilíbrio são conhecidos, respectivamente como preço e quanti-dade de equilíbrio.

Se utilizarmos os exemplos anteriores, ou seja, da demanda do mercado e da oferta do mercado, podemos determinar o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio para a mercadoria x como se segue:

Px Demanda (Qdx) Oferta (Qsx)6 2 000 8 000

5 3 000 6 000

4 4 000 4 000 Equilíbrio

3 5 000 2 000

2 6 000 0

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 13: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

25

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Gráfico 8 – Equilíbrio do mercado – oferta X demanda

O a

utor

.

0 Qx

Px

1

2

3

4

5

6

8 0002 000 4 000 6 000

Sx

Dx

e

No ponto “e”, de equilíbrio, não existe nem excesso nem escassez da mercadoria e o mercado é normal. Ceteris paribus, o preço e a quantidade de equilíbrio tendem a persistir ao longo do tempo. Acima desse ponto temos excesso de oferta. Por outro lado, abaixo desse ponto temos excesso de demanda.

A outra forma de conhecermos o equilíbrio é a forma matemática

Qdx = Qsx.

Renda nacional e equilíbrioEm função das necessidades ilimitadas e dos recursos serem escassos, a econo-

mia dos países registram, em determinados momentos, elevados níveis de produção, investimento e consumo. Por outro lado, em alguns momentos, observa-se um baixo volume de produção, desemprego elevado, baixo consumo e desestímulo ao investi-mento: é a situação de crise econômica. Esse hiato que se estabelece entre a produção obtida com o uso de fatores em desemprego, e aquela que potencialmente se poderia obter com o pleno emprego dos fatores de produção disponíveis, representa um custo social que deveria ser evitado.

Dessa forma, o objeto da macroeconomia é estudar os elementos que determi-nam o nível de produção, de emprego e o de preços, numa situação de curto prazo.

Page 14: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

26

Renda e dispêndioPara compreendermos o conceito de renda nacional de equilíbrio, é preciso saber

a distinção entre renda e dispêndio.

Enquanto a renda mede o fluxo de pagamentos dos fatores de produção, o dispêndio mede o fluxo dos gastos em bens e serviços de consumo e investimentos da economia.

No entanto, os dispêndios tornam-se pagamentos que remuneram os fatores que produzem os bens e serviços, demonstrando dessa forma que renda e dispêndio re-presentam medidas diferentes, mas de um mesmo fluxo. Com isso a renda nacional de equilíbrio é aquela em que a remuneração dos fatores de produção coincide com os gastos em bens e serviços de consumo e investimentos.

É possível ampliar um pouco mais os conceitos acima, esclarecendo, ainda, que o dispêndio corresponde à demanda agregada, ao passo que a produção corresponde à oferta agregada.

A oferta agregada e demanda agregadaAtravés do aumento da produção física, aumento dos preços, ou a combinação de

ambos, as empresas respondem aos acréscimos de demanda do sistema econômico. Assim, enquanto a oferta agregada representa a oferta total de bens e serviços, a de-manda agregada representa a procura total por tais bens e serviços.

Passaremos ao estudo do equilíbrio do fluxo econômico, partindo-se inicialmente sem governo e sem a comunicação com o resto do mundo para, num momento se-guinte, incluirmos o governo e as relações externas.

O equilíbrio sem o governo e sem relações externasA oferta total baseia-se na expectativa dos empresários quanto às possibilidades

de vendas. As firmas responderão a qualquer estímulo da procura e, quando a oferta se igualar à procura, o ponto de equilíbrio terá sido determinado. Isso pode ser expresso da seguinte forma:

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 15: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

27

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Y = C + I

Onde:

Y = produção ou oferta

C = consumo

I = investimento

Y é a produção dos empresários ou a oferta.

C + I é o total da procura (lembrando da hipótese inicial onde não há governo, nem comércio internacional), visto que os bens e serviços são procurados ou para serem con-sumidos pelos indivíduos ou procurados pelas próprias firmas para serem investidos.

A quantia a ser investida ou a procura de investimentos também é uma decisão feita pelos empresários autonomamente. A decisão de consumir ou poupar, no entan-to, será feita pelos consumidores individuais.

Quanto ao consumo, este é determinado pela renda do indivíduo, que quanto maior, maior será seu gasto. No entanto, qual parcela será gasta em consumo e qual parcela será poupada? Embora dependa exclusivamente da vontade do indivíduo, essa parcela destinada ao consumo chamamos de propensão marginal a consumir, ao passo que a parcela destinada à poupança chamamos de propensão marginal a poupar.

Tanto a parcela destinada ao consumo como a parcela destinada à poupança podem ser expressas, numa única função, denominada função consumo.

A função consumo representa a soma do consumo dos indivíduos de uma comu-nidade, dado certos níveis de renda possíveis.

Gráfico 9 – A função consumo

O a

utor

.

(Y)

C

100

200

300

400

500

600

500200 300 400

C=CO+b(Y)

100 600

Page 16: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

28

C = nível de consumo

Y = nível de renda

C0 = consumo mínimo de coletividade

b = propensão marginal a consumir

Representando na abscissa (Y) os níveis de renda, e na ordenada (C) os níveis de consumo é possível determinar a função consumo.

A função consumo é uma função linear que demonstra que mesmo para uma renda igual a zero, haverá um consumo mínimo da coletividade (C0) para a sua sobre-vivência. Outra maneira de verificar esse consumo mínimo é conceber a hipótese de que este se origina de poupanças anteriores – ou seja, sempre haverá esse mínimo de consumo – que representa uma constante na função consumo.

Ainda há a propensão marginal a consumir (b), que demonstra a relação entre um acréscimo no consumo desejado em decorrência de um acréscimo na renda da coleti-vidade: representando o coeficiente angular da reta (função consumo):

b = CY

Assim, a função consumo será a soma daquela constante com a propensão mar-ginal a consumir da renda:

C = C0 + b(Y)

Análise do exemplo:

A constante C para o caso acima apresentado pode ser verificada diretamente no gráfico onde para um nível de renda igual a zero C será igual a 100 unidades monetá-rias. Vejamos:

Nível de renda ConsumoY C

0 100

100 150

200 200 a partir desse ponto, sempre haverá uma poupança positiva

300 250

400 300Mer

cado

de

Capi

tais

Page 17: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

29

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Nível de renda Consumo500 350

600 400

Quanto à propensão marginal a consumir, expressa por b, esta pode ser definida a partir dos diversos níveis de renda e consumo diante dos seus respectivos acréscimos, se não vejamos:

b = C Y

logo temos que b = C2 – C1Y2 – Y1

b = 150 – 100100 – 0

b = 50

100 = 0,5

Disso podemos expressar nossa função consumo para o exemplo apresentado:

C = 100 + 0,5 (Y)

Observemos com atenção o ponto onde o consumo se iguala à renda. Este denota que toda a renda, para esse nível, será despendida em consumo. No entanto, a partir daí, haverá uma poupança, que pode ser demonstrada no gráfico a seguir.

Através de uma reta de inclinação de 45º diante da origem, que transforma dis-tâncias horizontais (renda) iguais a distâncias verticais (consumo e poupança), pode-mos vislumbrar a parte que cabe à poupança. Vejamos:

Gráfico 10 – Poupança

(Y)

C

100

200

300

400

500

600

500200 300 400

C=CO+b(Y)

100 600

Y=C

poupança=150

consumo=350

0

O a

utor

.

Page 18: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

30

Ao longo da reta Y = C, sempre teremos um consumo igual à renda. Comparando-se essa reta com a função consumo, podemos determinar a poupança e o consumo. Por exemplo, com uma renda de 500, o consumo será de 350 ( C = 100 + 0,5 (500) = 350). A poupança é dada pela diferença entre a função consumo e a reta de 45º ( nesse caso a poupança será igual à renda menos o consumo, isto é, 500 – 350 = 150).

A hipótese é de que a propensão marginal a consumir (b) sempre será menor que 1 (um), de modo que haverá sempre uma propensão marginal a poupar maior que zero.

O equilíbrio

Voltando ao equilíbrio, este será determinado quando a oferta for igual à procura ou quando a poupança for igual aos investimentos:

Y = C + I (1)

C = C0 +b(Y) (2)

Substituindo 2 em 1 temos:

Y = C0 +b(Y) + I

Y - b(Y) = C0 + I

Y (1 – b) = C0 + I

Y=(C0 + I)(1 – b)

logo

Y=(C0 + I)(1 – b)

Onde:

C0 = consumo mínimo de coletividade

b = propensão marginal a consumir

I = investimento

Exemplo: digamos que o nível de investimento planejado é igual a 30 (determi-nado exogenamente, ou seja, determinado autonomamente pelos empresários) e a função consumo é a mesma do exemplo anterior [C = 100 + 0,5 (Y)]), a renda de equi-líbrio será:M

erca

do d

e Ca

pita

is

Page 19: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

31

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Y=(C0 + I)(1 – b)

Onde:

C0 = 100

I = 30

b = 0,5

Substituindo:

Y= (100 + 30)

(1 – 0,5)

Y = 260

Graficamente podemos obter o nível de renda de equilíbrio quando a oferta total for igual à procura total. Para obtermos a procura total, somamos os investimentos à função consumo.

Gráfico 11 – Nível de renda de equilíbrio

O a

utor

.

(Y)

C+I

100

200

300

400

500

600

500200 300 400

C=100+0,5(Y)

100 600

Y=C+1

C + I

0 260

260

130

C, I, P

130

Assim, teremos a reta C + I, que representa a procura total, onde no ponto em que ela corta a reta de 45º, teremos o ponto de equilíbrio, onde Y, na abscissa, é igual a C + I na ordenada e, consequentemente, a oferta total será igual à procura total.

Com uma renda de 260, o consumo será de:

C = 100 + 0,5 (260) = 230 e a poupança será de 260 – 230 = 30. O investimento planejado também é de 30; então P = I e a economia está em equilíbrio.

Page 20: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

32

Voltando à renda nacional de equilíbrio, estamos prontos para definir a função poupança. Pudemos vislumbrar anteriormente que a poupança é na verdade a parcela da renda nacional não gasta em bens e serviços de consumo. Dessa forma a função poupança pode ser obtida da seguinte forma:

Y = C + S; mas C = C0 + bY, então

Y = C0 + bY + S ; fazendo a poupança igual à renda menos o consumo:

S = – (C0 + bY) + Y

S = – C0 – bY + Y logo:

S = – C0 + Y(1 – b)

Onde :

S = poupança

C0 = consumo mínimo de coletividade

Y = nível de renda

b – 1 = Propensão marginal a poupar

É importante notar, antes de mais nada, que a diferença (1–b) é a propensão mar-ginal a poupar, onde a poupança é uma função crescente do nível de renda, porque a propensão marginal a poupar é positiva. Notemos, ainda, que a função poupança é a imagem espelhada da função consumo, ou seja: a baixos níveis de renda, a poupança é negativa, refletindo assim o fato de que o consumo excede a renda; inversamente, a níveis suficientemente altos de renda, a poupança torna-se positiva e assim reflete o fato de que nem toda a renda é gasta em consumo.

Vimos anteriormente que, na função consumo, a propensão a consumir era repre-sentada pelo próprio coeficiente b e este sempre será menor que 1 (um).

A PMS (propensão marginal a poupar), corresponde ao coeficiente da variação absoluta na poupança pela variação absoluta na renda da coletividade. Dessa forma, considerando a PMC (propensão marginal a consumir) e a PMS, sua soma sempre será igual a 1 (PMC + PMS = 1).

Vejamos graficamente essa nova função em nosso exemplo:

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 21: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

33

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

Gráfico 12 – A renda nacional com a função poupança

O a

utor

.

(Y)

C

100

200

300

400

500

600

500200 300 400

C=CO+b(Y)

100 600

Y=C

0

-100

S= –CO+(1–b)Y

poupança=150

consumo=350

A renda nacional com o governoEstudamos até o presente momento as variáveis fundamentais para a renda de equi-

líbrio, mas não incluímos participação do governo nesse processo. Dessa forma, o objetivo agora é introduzirmos a variável governo para a determinação da renda de equilíbrio.

O governo pode afetar a renda de equilíbrio de duas formas: em primeiro lugar, pode ocorrer através das compras governamentais de bens e serviços, que represen-tam um componente da demanda agregada; em segundo lugar, os impostos e transfe-rências que afetam a relação entre produto e renda.

Vejamos então como ficam as equações apresentadas com a entrada do governo:

Considerando o lado esquerdo da identidade contábil abaixo como sendo a des-pesa da relação e o lado direito a alocação da renda:

Page 22: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

34

C + I Y C + S

C + I + G Y C + S + (IR – T)Onde:

O sinal significa identidade e não simplesmente igualdade3

C = consumo

I = investimento

Y= equilíbrio

S = poupança

IR = impostos

T = transferências

Para que não haja confusão com o I de investimentos, vamos fazer com que os impostos sejam representados por IR e as transferências por T.

Note que as compras do governo G representam as despesas, enquanto os im-postos IR, menos as transferências T, representam a alocação da renda.

Daqui para frente o consumo não mais depende da renda simplesmente, mas sim da renda disponível Yd, que é a renda líquida disponível para a despesa das famílias depois de pago os impostos e recebidos os pagamentos de transferências do gover-no. Dessa forma, a função consumo do indivíduo será a renda recebida (por exemplo seu salário) mais as transferências que o governo faz menos os impostos pagos (nesse caso o imposto de renda). Consiste pois na renda menos os impostos, mais transferên-cias, Y + T – IR. A função consumo fica:

C = C0 + bY logo C = C0 + bYd . Como a renda disponível é Y + T – IR temos:

C = C0 + b(Y + T – IR)

Onde:

C = consumo

C0 = consumo mínimo de coletividade

b = propensão marginal a consumir

Y = nível de renda

T = transferências

IR = impostos

3 Em matemática o sinal igual significa que um valor é o mesmo que o outro. Por outro lado o sinal identidade significa que um termo da equação é a imagem idêntica a outros dois termos. Diferente da igualdade. Nas equações que exprimem a demanda agregada, a renda nacional e o produto nacional normalmente nos referimos a identidade ou seja, pode-se dizer que, ao mesmo tempo, Y é idêntico a C+I+G e a C+S + (IR –T).

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 23: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

35

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

No entanto, como os impostos representam uma parcela da renda, podemos dizer que os impostos IR são na verdade (iY), com isso podemos substituir na equação anterior. Vejamos:

C = C0 + b(Y + T – IR) logo C = C0 + b(Y + T – iY)

Simplificando a expressão temos:

C = C0 + bT + bY – biY

C = (C0 + bT) + b(1 – i)Y

Podemos observar, a partir dessa equação, que a presença do governo sob a forma de transferências T eleva a despesa de consumo autônoma pela propensão marginal a consumir, da renda disponível b, vezes o montante das transferências. A presença do imposto de renda, ao contrário, reduz a despesa de consumo a cada nível de renda. A redução surge porque o consumo de uma família está mais relacionado à renda dispo-nível do que à renda propriamente dita e o imposto de renda reduz a renda disponível relativa àquele nível de renda.

Enquanto a propensão marginal a consumir da renda disponível permanece sendo b, a propensão a consumir da renda agora é

b(1 – i)

Onde:

1 – i = parcela da renda que resta depois de pagos os impostos

Renda de equilíbrioApós todas essas considerações estamos prontos para determinar o equilíbrio:

sendo a Y = C + I + G temos:

Y = (C0 + bT) + b(1 – i)Y + I + G

Page 24: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

36

logo

Y = (C0 + bT + I + G) + b(1 – i)Y

Onde:

Y = nível de renda

C0 = consumo mínimo de coletividade

bT = gastos induzidos pelas transferências líquidas

I = investimentos

G = compras do governo

b (1 – i)= propensão a consumir da renda disponível

Y = nível de renda

Ao observarmos a equação acima, percebemos que o governo faz muita diferen-ça. Eleva os gastos autônomos do montante das compras do governo, G, e dos gastos induzidos pelas transferências líquidas, bT. Ao mesmo tempo, o imposto de renda di-minui o multiplicador.

Podemos substituir o primeiro termo da equação por A, que representa os gastos autônomos, então teremos:

A = C + I + G + bT

Y = A + b(1 – i)Y resolvendo a equação em Y teremos:

A = – b(1 – i)Y + Y

A = – bY + biY + Y logo temos que A = Y( 1– b(1 – i) )

Y= A

[1 – b(1 – i)]

Considerações finaisTrês pontos merecem ser destacados: o primeiro refere-se aos problemas bási-

cos da economia. Dado que os recursos são efetivamente escassos e as necessidades são ilimitadas, esse é de fato o maior desafio dos países. O segundo ponto refere-se à formação dos preços no mercado, que ocorre quando a oferta e a demanda se inter-ceptam estabelecendo um nível de preços que pode perdurar por algum tempo ou M

erca

do d

e Ca

pita

is

Page 25: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

37

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

podem mudar face o comportamento do consumidor ou dos ofertantes. O terceiro ponto refere-se à formação da demanda agregada e seu equilíbrio. Percebemos que para uma economia obter uma expansão na sua demanda agregada, não depende unicamente do governo, mas de todos os agentes envolvidos no sistema econômico; são eles: as famílias (indivíduos) que vão gastar suas rendas para adquirir bens e servi-ços e pouparem; as empresas que vão investir para ofertarem produtos e serviços e fi-nalmente o governo, que desempenha o papel de demandante de produtos e serviços e, portando, realiza gastos e ofertante de produtos e serviços gerando renda.

Texto Complementar

Keynes e a economia de Pleno Emprego(KEYNES, 1988)

Keynes foi quem usou primeiro esse tipo de análise de curto prazo em 1936, che-gando a uma importante conclusão quanto ao funcionamento de uma economia.

Lembrando da competição perfeita onde havendo desemprego, os preços dos fatores caíriam, o que faria com que os empresários contratassem o excedente, le-vando a economia automaticamente ao nível de pleno emprego.

Keynes sugeriu que a economia poderia, perfeitamente, estabilizar-se num ponto aquém do nível de pleno emprego, visto que os preços, principalmente da mão-de-obra, são inflexíveis para baixo. Em outras palavras, mesmo havendo de-semprego, os operários não se ofereceriam para trabalhar por menos do que o sa-lário estabelecido.

Keynes chamou a atenção de todos para o fato de que, para a economia chegar ao nível de pleno emprego, é necessário que a procura agregada aumente.

Atividades

O maior desafio das Ciências Econômicas é resolver o problema do binômio 1. escassez de produtos e necessidades ilimitadas. Nesse sentido, a curva de possibilidades de produção é um bom exemplo do quanto esse binômio é di-fícil de se resolver. Imaginado um país que produza apenas trigo e educação,

Page 26: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

38

é possível afirmar que a produção de trigo será satisfeita na mesma medida em que a construção de novas escolas?

Considerando que o preço de equilíbrio de um produto, por exemplo o kg de 2. arroz, ocorre quando a curva de oferta de um produtor intercepta a curva de demanda de um indivíduo, como ocorre o preço de equilíbrio se pensarmos em todo o mercado de arroz?

Mer

cado

de

Capi

tais

Page 27: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento

39

A atividade econôm

ica para compreender o m

ercado de capitais

A função consumo é uma função linear que demonstra que mesmo para uma 3. renda igual a zero, haverá um consumo mínimo da coletividade. Nesse caso, se uma comunidade onde não há renda alguma podemos pensar que essa função consumo também terá um consumo mínimo?

Page 28: A atividade econômica para compreender o … Gráfico 4 – Deslocamento negativo da curva de possibilidades de produção 0 Produto X Produto Y O autor. Teoria elementar de funcionamento