113
1 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Terapia Ocupacional Cléocione Araújo de Moraes Karina Pereira Lucília Madureira Castro Pontes A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM EMPRESAS NA ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MANUAL DE ORIENTAÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR QUE REALIZA LEVANTAMENTO E CARREGAMENTO DE CARGAS LINS SP 2007

A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM EMPRESAS NA … · Karina Pereira Lucília Madureira Castro Pontes ... mas a lembrança do amor dedicado a mim me consola, e então o vejo, não

  • Upload
    lytram

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Terapia Ocupacional

Cléocione Araújo de Moraes

Karina Pereira

Lucília Madureira Castro Pontes

A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM

EMPRESAS NA ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE

UM MANUAL DE ORIENTAÇÃO À SAÚDE DO

TRABALHADOR QUE REALIZA LEVANTAMENTO

E CARREGAMENTO DE CARGAS

LINS SP

2007

2

Cléocione Araújo de Moraes

Karina Pereira

Lucília Madureira Castro Pontes

A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM EMPRESAS NA

ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MANUAL DE ORIENTAÇÃO

À SAÚDE DO TRABALHADOR QUE REALIZA LEVANTAMENTO E

CARREGAMENTO DE CARGAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Terapia Ocupacional, sob a orientação da Profª Esp. Paula Sandes Leite e orientação técnica da Profª Esp. Jovira Maria Sarraceni.

LINS SP

2007

3

Cléocione Araújo de Moraes

Karina Pereira

Lucília Madureira Castro Pontes

A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM EMPRESAS NA

ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM MANUAL DE ORIENTAÇÃO

À SAÚDE DO TRABALHADOR QUE REALIZA LEVANTAMENTO E

CARREGAMENTO DE CARGAS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Terapia Ocupacional.

Aprovada em: _____/_____/_____

Banca Examinadora:

Profª Orientadora: Paula Sandes Leite

Titulação: Especialista em terapia da mão e membro superior (UNIFESP)

Assinatura:_________________________________

1º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

Assinatura:_________________________________

2º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

Assinatura: _________________________________

4

DEDICATÓRIA

A MINHA MÃE A QUEM EU AMO TANTO, MARIA

Dedico este trabalho a senhora, que me educou e me ensinou para que eu caminhasse e realizasse mais esta etapa tão importante em minha vida.

Ensinou-me a viver com dignidade e ser humilde o suficiente para buscar e conquistar meus sonhos. Agradeço muitas vezes por ter lutado muito, para

que eu pudesse me realizar profissionalmente pelo carinho, amor, dedicação, compreensão e incentivo. Obrigada simplesmente por existir e pela

realização desta conquista!!!

Sua filha Cléo

AO MEU PAI ALDO LIMA (in memorian)

Gostaria de compartilhar esse momento tão importante em minha vida ao seu lado, mas como isso não é possível espero que eu tenha te orgulhado. Sei que meus olhos não o vêem mais, mas a lembrança do amor dedicado a mim me consola, e então o vejo, não com os olhos, mas com o coração. E sei que onde estiver estará olhando por mim. Me ilumine neste novo caminho e

não me deixe desistir. Sempre te amarei!!!

Sua filha Cléo

AOS MEUS IRMÃOS CLÉRISTON, CLEIDSON E CLERMILSON

Vocês com toda experiência me deram algumas dicas, me passando segurança, confiança e por terem acreditado em mim.

Dedico também a vocês este trabalho e espero que daqui pra frente continuemos unidos e sempre prontos para as eventualidades da vida.

Amo vocês!!!

Cléo

5

AOS MEUS PAIS MARAVILHOSOS VERA E JOÃO SÉRGIO

Dedico este trabalho a vocês... que sempre me apoiaram para que houvesse a conclusão de mais esta etapa em minha vida, acreditando no meu potencial,

mantendo-se sempre firmes para me apoiar no que eu precisasse, mesmo que para isso tivessem que renunciar seus próprios sonhos.

Obrigado pela luta de cada dia e também pelos esforços sem medida para que eu pudesse chegar até aqui.

Sou grata a Deus por tê-los como pais e exemplos a serem seguidos por toda vida.

AMO MUITO VOCÊS.....

Sua filha Lucília

AOS MEUS PAIS JOÃO E CLEONICE

Dedico este trabalho a vocês, por terem me proporcionado esta conquista de me tornar uma Terapeuta Ocupacional, sempre me incentivando e

dizendo para eu ter calma que tudo iria dar certo. Mesmo com todas as dificuldades nesses quatro anos eu venci e devo tudo isso a vocês que

deixaram seus sonhos e vontades de lado para se sacrificarem por mim. Agradeço a Deus todos os dias por ter vocês como pais e por me fazer

muito feliz, sempre me conduzindo nos melhores cominhos. Obrigado por vocês existirem.

AMO MUITO VOCÊS!!!

Sua filha Karina À NÓS

Durante estes quatro anos crescemos e amadurecemos pessoalmente e profissionalmente em tudo que passamos juntas. Tivemos momentos de

alegrias, tristezas, brigas e comemos muito durante as reuniões. Por vários momentos achamos que não iríamos dar conta de concluir este trabalho,

porém, chegamos ao fim e temos orgulho em dizer que somos... TERAPEUTAS OCUPACIONAIS

Nós somos demais !!! Cléo, Ká e Lú

6

AGRADECIMENTOS

À DEUS

Por mais esta vitória, como forma de agradecimento por tudo que tens feito por nós, reconhecemos que sem tua misericórdia, graça e fidelidade, não

estaríamos aqui. Obrigado por estar conosco em todos os momentos de nossas vidas, tanto os de alegria como os de tristeza e também por ter nos dado força para vencer

mais este obstáculo, nos fazendo fortes não permitindo que o cansaço muitas vezes nos desanimasse.

Obrigado pela presença de nossos pais, professores, amigos e por todos que fizeram parte da nossa história, nos ajudando a crescer.

Sempre seremos gratas pelo seu amor. Suas filhas...

Cléo, Ká e Lú

À NOSSA ORIENTADORA PAULA

Agradecemos por todo conhecimento que nos proporcionou e por ter nos ajudado a concluir este trabalho, sempre com paciência, dedicação, carinho

e compreensão. Você sempre esteve ao nosso lado, nos apoiando e nos ensinando a nunca

desistir dos nossos sonhos, por mais dificuldades e barreiras que pudéssemos encontrar.

Encontramos em você não somente uma professora, mas uma grande amiga. Você é uma pessoa muito querida e especial para nós, esperamos que essa

amizade dure para sempre.

TE ADORAMOS MUITÃO...

Cléo, Ká e Lú

À JOVIRA

Pela paciência e compreensão tão necessárias para que este trabalho pudesse ser concluído, sempre nos ajudando na elaboração deste trabalho.

OBRIGADO POR TUDO... Cléo, Ká e Lú

7

À EMPRESA CARINO INGREDIENTES

Que nos deu a grande oportunidade, para que esta pesquisa fosse realizada. Agradecemos principalmente a Simone, Francisco e aos trabalhadores

que nos receberam de braços abertos, mostrando-se atenciosos e receptivos a todo o momento, apoiando e elogiando o nosso trabalho,

tornando possível a realização desta pesquisa.

Cléo, Ká e Lú

AO VAGNER

Por ter nos ajudado na parte ilustrativa deste trabalho, sempre com paciência, dedicação e compreensão.

Obrigado por tudo...

Cléo, Ká e Lú

AO MEU NAMORADO BRENO

Por estar ao meu lado me dando amor, carinho, atenção, compreensão e me ensinando sempre a não desistir dos meus sonhos, por mais dificuldades e

barreiras que eu possa encontrar. Você esteve sempre presente, mesmo que para isso tivesse que renunciar os

seus compromissos e sonhos também. Agradeço a Deus por alguém tão especial como você fazer parte da minha vida.

Obrigado por tudo que você fez e também por ter compartilhado este momento tão importante em minha vida.

AMO VOCÊ!!! Lucília

AO MEU NAMORADO GUSTAVO

Amor obrigado por estar ao meu lado sempre, participando comigo deste momento tão importante da minha vida, me dando força, amor, carinho e até

bronca quando é preciso, me fazendo rir e sempre dizendo para eu ter calma.

Obrigado por você existir na minha vida e me fazer muito, muito feliz, pois sua presença e seu sorriso é tudo para mim.

TE AMO!!! Karina

8

RESUMO

O mundo do trabalho tem sofrido grandes transformações nos últimos anos com a introdução de novas tecnologias, aceleração do ritmo de trabalho, mudanças no modo de produção e surgimento de novas profissões, o que acabou influenciando no aparecimento de novas organizações do trabalho e na reorganização das empresas já existentes, necessitando de adequação para sobreviver a essas novas realidades. A Terapia ocupacional evoluiu e ampliou seu campo de atuação na área da saúde e trabalho, sendo o seu objetivo atingir o potencial funcional e ocupacional máximo de cada indivíduo, para que ele consiga autonomia e independência na vida cotidiana e inclusão social. O objeto de atenção da Terapia Ocupacional é conhecer o trabalhador no exercício de sua profissão

atividade humana/trabalho para compreender e analisar as atividades e a relação com o seu trabalho e vice-versa, pelos aspectos físicos, cognitivos, psíquico e social, a fim de se transformar o trabalho. A Ergonomia e a Terapia Ocupacional na área da Saúde e Trabalho estudam e analisam as questões e contradições individuais e coletivas do mundo do trabalho, incluindo o processo de adoecimento pelo trabalho, com objetivo de criar outras proposições, viabilizando a aplicação técnica de vários conhecimentos, oferecendo soluções coerentes com as exigências da saúde dos trabalhadores e da produção. O ato de elevar, empurrar ou puxar manualmente um objeto tem sido uma preocupação para aqueles que planejam o uso eficaz da força e também para os que procuram prevenir lesões e doenças do trabalho, onde o manuseio de cargas é responsável pela maioria dos traumas musculares entre os trabalhadores, ocorrendo com mais freqüência a lombalgia, sendo que cerca de 80% das pessoas apresentam dores lombares ao longo da vida, e a lombalgia é a maior causa de incapacidade de curta e longa duração entre os trabalhadores.O objetivo desta pesquisa foi à elaboração e aplicação de um manual de orientação à saúde do trabalhador que realiza levantamento e carregamento de cargas, através de palestra, a fim de oferecer aos trabalhadores um material ilustrativo com as orientações para uma melhor compreensão sobre a maneira adequada de realizar o levantamento e carregamento de cargas e a adoção de hábitos mais saudáveis para uma melhor qualidade de vida no trabalho, auxiliando-os na prática cotidiana, prevenindo assim, maiores agravos à sua saúde, uma vez que estes possam vir a ter problemas relacionados à coluna vertebral. Depois da realização da palestra foi aplicado um questionário de múltipla escolha para avaliar os conhecimentos obtidos pelos trabalhadores, onde obteve-se um resultado satisfatório.

Palavras-chave: Terapia Ocupacional. Saúde do trabalhado. Trabalho. Ergonomia.

9

ABSTRACT

The work s world has passed great transformations in the last years with the introduction of new tecnologies, acceleration of work s rhythm, changes in the production s manner and emergence of profissions, what finished influencing in the appearing of new work s organization and in the companies s reorganization already extants, needing for adequation to survival the theses new realities. The Occupational Therapy evolved and amplified its field of action in the work and health s area, being the its objective to get at occupational and functional potencial maximum of each individual, to that gets autonomy and independence in the everyday life and social inclusion. The attention s object of Occuational Therapy is to know the exercise of its profission

work/ human activity to understand and to analyze the activities and the relation with the its work and vice versa, by physics aspects, cognitives, psychis and social, so as to transform the work. The Ergonomy and the Occupational Therapy in the Work an health s area studies and analyzes the colletive and individuals questions and contractions of work s world, including the process of sickennigby work, with the objective to create others propositions, feasibiliting the technique application of diverses knowledge, offering coherents solutions with the demands of worker s health and the production. The act to elevate, to push or pull manually an object have been a preoccupation to those the plan the use efficacy of power and also to the that search to warn injuries and illness in the work, where the to handle of load is responsible by major of muscular among the workers, occurring with more frequency the traumas lumbalgy, being that about 80% of people present lumbar aches along of life, and the lumbalgy is the major cause of incapacity of short and long during among the workers. The objective of this research was to elaboration and application of a orientation s manual to work s health the achieves weightlifting and load, through of chat, so as to offer to workers an illustrative material with the orientations to a best comprehension about the adequate manner of to achieve the weightlifting and load and the adotion of habits more healthful to a best life s quality in the work, helping them in the everyday practice, prevening thus, major aggravates to its health, once these can to come the to have problems relationed to spine.

Key - words: Occupational Therapy. Worker s Health. Work. Ergonomy.

10

LISTA DE FIGURAS

Figura1: Como dormir ........................................................................................ 59

Figura 2: Como alimentar-se ............................................................................. 60

Figura 3a: Protetores auriculares ...................................................................... 60

Figura 3b: Luvas ................................................................................................ 61

Figura 3c: Máscara ............................................................................................ 61

Figura 3d: Óculos............................................................................................... 62

Figura 3e: Todos os EPI s.................................................................................. 62

Figura 4: Coluna vertebral ................................................................................. 64

Figura 5a: Quando sentado ............................................................................... 65

Figura 5b: Quando sentado ............................................................................... 65

Figura 5c: No carro ............................................................................................ 65

Figura 5d: No carro ............................................................................................ 65

Figura 5e: Posição para dormir.......................................................................... 65

Figura 5f: Posição para dormir........................................................................... 65

Figura 5g: Quando pegar uma criança .............................................................. 66

Figura 5h: Quando pegar uma criança .............................................................. 66

Figura 5i: Como carregar mochila ..................................................................... 66

Figura 5j: Como pegar objetos........................................................................... 67

Figura 5k: Como pegar objetos.......................................................................... 67

Figura 5l: Como lavar o rosto............................................................................. 67

Figura 6: Como relaxar a coluna........................................................................ 68

Figura 7a: Como abaixar-se para pegar objetos ............................................... 68

Figura 7b: Como levantar e segurar os objetos ................................................ 69

Figura 7c: Como levar e deslocar a carga......................................................... 69

Figura 7d: A carga deve estar 40 cm acima do piso ......................................... 70

Figura 7e: Remova todos os obstáculos que possam atrapalhar a passagem

........................................................................................................................... 70

Figura 7f: Evite desnível da carga ..................................................................... 71

Figura 7fg: Evite desnível da carga ................................................................... 71

Figura 7h: Evite desnível da carga .................................................................... 71

Figura 7i: Evite desnível da carga ..................................................................... 71

Figura 7j: Evite o transporte com apenas uma das mãos ................................. 72

11

Figura 7k: Evite o transporte com apenas uma das mãos ................................ 72

Figura 7l: Como levantar e transportar placas de madeira ............................... 72

Figura 8: Carrinho de transporte........................................................................ 73

Figura 9a: Alongamento..................................................................................... 74

Figura 9b: Alongamento..................................................................................... 74

Figura 9c: Alongamento..................................................................................... 75

Figura 10a: Tire seus dias de descanso para repousar .................................... 75

Figura 10b: Programe passeio com a família .................................................... 76

Figura 10c: Divirta-se com os amigos ............................................................... 76

Figura 10d: Pratique alguma atividade física que lhe dê prazer ....................... 77

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resultado do aproveitamento da palestra........................................ 78

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVP: Atividade de vida prática

CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas

DORT: Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

EPI s: Equipamentos de proteção individual

IEA: Associação Internacional de Ergonomia

LER: Lesão por Esforços Repetitivos

NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health

NRs: Normas Regulamentadoras da Segurança no Trabalho

OMS: Organização Mundial de Saúde

T.O.: Terapia Ocupacional

UNESCO: Organização Mundial de Saúde, Ciência e Cultura

USP: Universidade de São Paulo

12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 15

CAPÍTULO I TERAPIA OCUPACIONAL NA ÁREA DE SAÚDE E

TRABALHO E A ERGONOMIA ....................................................................... 17

1 TERAPIA COUPACIONAL .................................................................. 17

1.1 Definição ............................................................................................... 17

1.2 Histórico ................................................................................................ 18

1.3 Terapia ocupacional no campo da saúde e trabalho............................ 18

1.4 Terapia ocupacional no contexto empresarial ...................................... 21

1.4.1 Vantagens da atuação do terapeuta ocupacional para a empresa e para

os trabalhadores .............................................................................................. 23

1.5 Ergonomia ............................................................................................ 23

1.5.1 Conceituação ........................................................................................ 23

1.5.2 Histórico ................................................................................................ 24

1.5.3 Objetivos básicos da ergonomia........................................................... 25

1.6 Tipos de ergonomia ............................................................................. 26

1.6.1 Ergonomia de concepção ..................................................................... 26

1.6.2 Ergonomia de correção......................................................................... 26

1.6.3 Ergonomia de conscientização ............................................................. 26

1.6.4 Ergonomia de participação ................................................................... 27

1.7 Custo e benefício da ergonomia ........................................................... 27

1.8 Terapia ocupacional e ergonomia......................................................... 27

CAPÍTULO II

CONCEITOS BÁSICOS QUANTO A SAÚDE DO

TRABALHADOR ............................................................................................. 30

2 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 30

2.1 Sono ..................................................................................................... 30

2.1.1 Fases do sono ...................................................................................... 31

2.1.2 Dicas para uma boa noite de sono ....................................................... 31

13

2.2 Alimentação........................................................................................... 32

2.2.1 Dicas para uma boa alimentação ......................................................... 33

2.3 Metabolismo.......................................................................................... 33

2.3.1 Capacidade muscular ........................................................................... 33

2.3.2 Metabolismo basal ................................................................................ 34

2.3.3 Energia gasta no trabalho..................................................................... 34

2.3.4 Subnutrição e rendimento..................................................................... 35

2.4 Segurança no trabalho.......................................................................... 35

2.5 Equipamentos de proteção individual (EPI s) ....................................... 36

2.5.1 A importância dos EPI s........................................................................ 37

2.5.2 Tipos de EPI s ....................................................................................... 38

2.6 Coluna Vertebral ................................................................................... 39

2.6.1 Anatomia da coluna vertebral ............................................................... 39

2.6.2 Disco intervertebral ............................................................................... 40

2.6.3 Patologias mais comuns da coluna vertebral ....................................... 41

2.6.4 Controle da postura............................................................................... 44

2.7 Manuseio da cargas.............................................................................. 45

2.7.1 Levantamento de cargas ...................................................................... 47

2.7.2 Carga sobre a coluna vertebral durante o levantamento ..................... 48

2.7.3 Métodos do levantamento..................................................................... 49

2.7.4 Capacidade de levantamento de cargas homens/mulheres ................ 49

2.7.5 Transporte de cargas ............................................................................ 50

2.7.6 Recomendações para o transporte de cargas...................................... 50

2.7.7 A importância dos carrinhos de transporte ........................................... 51

2.8 Alongamento ......................................................................................... 52

2.8.1 Tipos de alongamento........................................................................... 53

2.8.2 Porque alongar-se................................................................................. 53

2.8.3 Como alongar-se................................................................................... 54

2.9 Lazer ..................................................................................................... 54

CAPÍTULO III A PESQUISA ........................................................................ 56

3 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 56

3.1 Descrição da empresa .......................................................................... 56

14

3.2 Proposta do manual de orientação à saúde do trabalhador que realiza

levantamento e carregamento de cargas ............................................. 57

3.3 Resultados ............................................................................................ 77

3.4 A palavra dos profissionais ................................................................... 80

3.4.1 A palavra do médico do trabalho .......................................................... 80

3.4.2 A palavra do Fisioterapeuta .................................................................. 81

3.4.3 A palavra dos Terapeutas Ocupacionais.............................................. 81

3.5 Discussão.............................................................................................. 84

3.6 Conclusão da pesquisa......................................................................... 86

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................... 87

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 88

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 89

APÊNDICES .................................................................................................... 93

ANEXO............................................................................................................. 110

15

INTRODUÇÃO

É importante para os trabalhadores que realizam levantamento e

carregamento de cargas, receberem orientações adequadas, buscando sempre

uma melhor qualidade de vida no trabalho e desempenho eficiente, evitando

assim, possíveis acometimentos a saúde.

O Terapeuta Ocupacional na área da saúde e trabalho é responsável

pela orientação, conscientização e transmissão de conhecimentos aos

trabalhadores. Foi elaborado um manual de orientação, ilustrado com fotos,

contendo uma linguagem clara e objetiva, para uma melhor compreensão das

orientações, este manual foi apresentado aos trabalhadores em forma de

palestra.

O tema abordado tem por objetivo fornecer conhecimentos básicos à

saúde do trabalhador que realiza levantamento e carregamento de cargas, para

uma melhor qualidade de vida nos aspectos físico, mental e social, buscando o

conforto, a segurança e o desempenho eficiente no relacionamento entre o

homem e seu trabalho.

Após a pesquisa exploratória, levantou-se o seguinte questionamento:

de que maneira o Terapeuta Ocupacional pode colaborar na promoção da

saúde dos trabalhadores que realizam levantamento e carregamento de

cargas?

Diante deste questionamento, foi levantada a seguinte hipótese que

norteia o trabalho: O terapeuta Ocupacional pode colaborar na promoção da

saúde dos trabalhadores que realizam levantamento e carregamento de cargas

através da elaboração e aplicação de um manual de orientação ilustrativo que

engloba informações quanto ao funcionamento básico do corpo humano,

segurança no trabalho, importância de hábitos saudáveis como adequada

alimentação, descanso, atividades de lazer, a necessidade do uso dos

equipamentos de proteção individual e por fim, dando ênfase à maneira e

postura correta do corpo durante o levantamento e carregamento de cargas.

Para demonstrar esse pressuposto, foi realizada uma pesquisa de

campo na empresa Carino Ingredientes, no dia 11 de setembro de 2007, cujos

métodos e técnicas estão explicitados no capítulo III.

O trabalho está assim estruturado:

16

Capítulo II

descreve os conceitos básicos quanto à saúde do

trabalhador.

Capítulo III descrição da pesquisa

Finaliza-se o trabalho com a proposta de intervenção e as considerações

finais.

17

CAPÍTULO I

TERAPIA OCUPACIONAL NA ÁREA DE SAÚDE E TRABALHO E A ERGONOMIA

1 TERAPIA OCUPACIONAL

1.1 Definição

Segundo Crepeal e Neistadt (2002), Terapia Ocupacional é a arte e a

ciência de ajudar pessoas a realizarem as atividades diárias que são

importantes para elas, apesar de debilidade, incapacidades ou deficiências [...].

Na publicação brasileira consta a definição da profissão, formulada pelo

curso de Terapia Ocupacional da USP Universidade de São Paulo:

É um campo de conhecimento e de intervenção em saúde, educação e na esfera social, reunindo tecnologias orientadas para a emancipação e autonomia das pessoas que, por razões ligadas a problemática específica, físicas, sensoriais, mentais, psicológicas e/ou sociais, apresentam temporariamente ou definitivamente, dificuldade na inserção e participação na vida social. As intervenções em T.O dimensionam-se pelo uso da atividade elemento centralizador e orientador, na construção complexa e contextualizada do processo terapêutico. World Federation of Occupacional Therapy (apud CAVALCANTI; GALVÃO, 2007, p. 3)

De acordo com a Associação Canadense de Terapeutas Ocupacionais:

a Terapia Ocupacional utiliza a ocupação para promover e manter a saúde,

prevenir e/ou tratar disfunções resultantes de enfermidades, lesões,

envelhecimento, desvantagem social ou deterioração que resultem de

incapacidades. Ocupação se refere a qualquer atividade ou tarefa, necessária

para o auto-cuidado, como comer e vestir-se, produtividade, como escola,

trabalho, atividades domésticas ou atividades de lazer como atividades de

recreação. A ocupação é considerada como essencial para a saúde. (COMITE

DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO WFOT, 2003)

É uma ciência da saúde que tem como objeto de estudos a cinética do homem e suas relações com atividades ocupacionais, em todas as suas formas de expressão, quer nos desvios patológicos, quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, tendo como meta restaurar

18

a capacidade fisico-mental do indivíduo. (CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2007, [s.l])

1.2 Histórico

A profissão de Terapia Ocupacional teve sua origem oficial nos Estados

Unidos, no final da I Guerra Mundial, onde os soldados voltaram de suas

atividades militares com várias seqüelas e necessitando de reabilitação. Devido

ao longo tempo de hospitalização e por sua incapacidade funcional,

necessitavam de intensa terapia física ou ocupacional.

A II Guerra Mundial teve como conseqüência uma necessidade ainda

maior por serviços médicos do que a I Guerra. Mais uma vez, a Guerra

ressaltou o valor da Terapia Ocupacional para o auxílio das pessoas doentes e

feridas.

A profissão surgiu no Brasil, em 1950, criada à partir de um acordo com

a Organização das Nações Unidas para a Educação, Organização Mundial de

Saúde, Ciência e Cultura (UNESCO) e Organização Internacional do Trabalho,

voltada a reabilitação, entre elas a profissional, campo no qual foi destinado a

reabilitação e a reinserção profissional ou acidentes de trabalho.

A Terapia Ocupacional evoluiu e ampliou seu campo de atuação, sendo

o seu objetivo atingir o potencial funcional e ocupacional máximo de cada

individuo, para que ele consiga autonomia e independência na vida cotidiana e

inclusão social.

A relação da Terapia Ocupacional com o trabalho permeia toda história

da profissão, pois esta nasceu para habilitar e/ou reabilitar e inserir no mundo

do trabalho pessoas que apresenta limitação ou deficiência em seu

desempenho, decorrentes de diferentes condições patológicas que interfere

direta ou indiretamente em suas atividades do dia-a-dia, tornando menos

independente.

1.3 Terapia ocupacional no campo da saúde e trabalho

A Constituição da Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde

19

como:

O estado de completo bem estar físico, mental e social e não

meramente a ausência de doenças . (EPSTEIN, 2001, [s.i])

Para o bem estar físico, mental e social ser alcançado o indivíduo

precisa ter capacidade para identificar e perceber suas vontades, satisfazer

suas necessidades, mudando ou lidando com o seu meio.

Segundo Rosen (apud LANCMAN, 2004, p.4):

[...] para promover a saúde e prevenir a doença e preciso combater a ignorância. A educação em saúde, ao ensinar saúde ao povo, se ocupa, em essência, do comportamento humano e de sua alteração para melhoria e a promoção da saúde individual e comunitária.

Algumas mudanças na vida, no trabalho e no lazer têm um grande

impacto na saúde do indivíduo, onde a promoção da saúde deve gerar

condições de vida e trabalho sadias, prazerosas, estimuladoras e agradáveis.

O conceito sobre o trabalho foi se transformando e acompanhando

várias mudanças, tornando-se diferente de cultura para cultura.

O trabalho compreende uma atividade que permite ao homem

diferenciar-se das outras espécies animais. Hoje é reconhecido como útil,

sendo uma fonte de renda e uma oportunidade de crescimento e

desenvolvimento psíquico, onde o sofrimento gerado no trabalho, quando

excessivo pode levar ao adoecimento do indivíduo.

O trabalho é um elemento primordial no que se refere à saúde e o

principal elo entre os indivíduos e a sociedade, assumindo um papel importante

na constituição da identidade dos mesmos. Ele é também uma ação, mas

dependendo de como é sua organização acaba impedindo o indivíduo de

pensar na racionalidade dessa ação, gerando ao mesmo tempo uma

dificuldade na capacidade de se pensar. Somente o homem tem a capacidade

de pensar em um plano de ação para depois realizá-lo.

O trabalho humano sempre foi muito valorizado pela terapia ocupacional,

sendo quase comparado a um remédio, onde inserir o homem no mundo do

trabalho e fazê-lo compreender sua relação entre as condições de vida e de

trabalho e saúde/doença são os principais objetivos de intervenção do

terapeuta, pois o homem saudável é aquele que trabalha, que é útil e produtivo.

20

Atualmente, a Terapia Ocupacional vem contribuindo no campo da

saúde e do trabalho devido a crescente consciência das relações entre os

fatores ocupacionais e o adoecimento, além da necessidade das empresas

investirem em programas preventivos, precavendo possíveis indenizações

trabalhistas por parte dos lesionados.

A promoção da saúde tem haver com o dia-a-dia saudável de modo que

o indivíduo possa aproveitar o melhor que a vida tem a oferecer. É exatamente

ai que a Terapia Ocupacional intervém para promover a saúde do indivíduo,

podendo-se usar as atividades de vida prática (AVP) com qualidade e sinônimo

de vida saudável.

Segundo Watanabe (apud LANCMAN, 2004, p.42):

O terapeuta ocupacional, então, na área da saúde e trabalho tem como objeto de atenção à relação estabelecida entre a atividade de trabalho e o trabalhador, expressa na relação consigo próprio (adoecimento), com seu trabalho (prazer e satisfação no ofício) e com a empresa (cultura e política vigente valorização e reconhecimento), otimizando as potencialidades pessoais [...].

A Terapia Ocupacional na promoção da saúde está envolvida com a

ocupação humana e a sua importância na saúde dos indivíduos de todas as

idades, avaliando os fatores de riscos ambientais e psicossociais que

diminuem a capacidade das pessoas em participar nas atividades e

ocupações do cotidiano.

Os Terapeutas Ocupacionais buscam nas práticas de saúde e trabalho,

prevenir doenças, tratar, reabilitar e fazer com que o indivíduo afastado por

adoecimento retorne ao seu trabalho, agindo na prevenção, no tratamento e

na recuperação das capacidades que foram reduzidas pelos problemas

ocasionados pelas exigências do trabalho, onde suas intervenções devem

levar os trabalhadores a refletirem sobre sua atividade laboral.

Segundo Reed in Soares (apud CAVALCANTI; GALVÃO, 2007, p.3): Se

há uma doença ocupacional, porque não uma Terapia Ocupacional? . A

ação, o fazer e o cotidiano são definidos como objeto da profissão de

Terapia Ocupacional, tendo como objetivo entender as metas ou resultados

21

que se buscam alcançar a partir da intervenção, melhorando o desempenho,

ampliando a autonomia do indivíduo, superando déficits ou traumas,

garantindo uma inserção na sociedade.

1.4 Terapia ocupacional no contexto empresarial

No contexto empresarial, os terapeutas ocupacionais participam da

investigação e confirmação diagnóstica e do estabelecimento da causa junto da

equipe interprofissional, com o médico do trabalho e engenheiro ou técnico de

segurança, realizando a análise da vida de trabalho e das atividades inerentes

à função do empregado.

Esses profissionais também colaboram na prevenção de agravos,

afastamentos, percepção de risco de acidentes ou adoecimentos e

conscientização dos efeitos do trabalho sobre o indivíduo, garantindo o

cumprimento de deveres da empresa relacionados aos aspectos

previdenciários relativos à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), à saúde e

à segurança no trabalho, ao cumprimento das Normas Regulamentadoras da

Segurança no Trabalho (NRs) e aos acordos firmados entre empresas e

trabalhadores.

O Terapeuta Ocupacional ocupa uma posição dentro da equipe multidisciplinar que lhe permite um estreito relacionamento com o usuário por seu contato quase diário com ele (no tempo muitas vezes prolongado do período de tratamento terapêutico ocupacional) e, mais marcadamente, por receber em sua formação básica uma visão holística do homem na sociedade e de como o trabalho e a ocupação têm um papel importante como formadores da identidade do homem [...]. (SANTOS apud LANCMAN, 2004, p.105)

O Terapeuta Ocupacional dentro da empresa deverá usar seus

conhecimentos e seu olhar ergonômico para promover a saúde, prevenir riscos,

acidentes e incapacidades.

O terapeuta deve possibilitar aos trabalhadores conhecerem,

perceberem e sentirem suas habilidades, necesidades e limitações, pois

espera-se à transformação dos indivíduos em cidadãos e autores da história,

na tentativa de transformação do seu próprio trabalho.

22

O objeto de atenção da Terapia Ocupacional é conhecer o trabalhador

no exercício de sua profissão

atividade humana/trabalho - para compreender

e analisar as atividades e a relação com o seu trabalho e vice-versa, pelos

aspectos físicos, cognitivos, psíquico e social, a fim de se transformar o

trabalho.

O objetivo é a promoção da saúde, o sentido e o prazer do trabalhador

ao realizar o seu trabalho, transformando a relação consigo mesmo e com seu

trabalho, tornando o trabalhador mais ativo no processo de compreensão dos

fatores que podem levar ao adoecimento pelo exercício da profissão e no

processo do desenvolvimento de sua saúde em todos os aspectos.

No que se refere ao atendimento dentro da instituição empresarial, o terapeuta ocupacional avalia a capacidade laborativa do trabalhador, seus desejos e interesses, paralelamente conhece os postos de trabalho e o trabalho real na companhia dele, podendo ele próprio ter gerado a solicitação ou não, mas sempre pela visão do trabalhador. Ele sabe quais as condições, a organização e as relações do trabalho, além dos fatores estáveis, conhecendo também os determinantes da carga de trabalho, pela pesquisa de campo, para implantar medidas preventivas

adequar o trabalho ao indivíduo e organizar essas relações

e para promover a reabilitação profissional. ( WATANABE; GONÇALVES apud LANCMAN, 2004, p. 46)

A contribuição da ergonomia para a Terapia Ocupacional que atua na

empresa inclui o levantamento de informações sobre o andamento da

organização e de seus traços primordiais, como as características da

população, da produção e a saúde. A análise do resultado desse levantamento

com as observações globais do trabalho ajuda na elaboração das primeiras

sugestões sobre os problemas a serem observados com o objetivo de

direcionar a escolha das situações a serem analisadas, como as mais críticas.

O Terapeuta Ocupacional poderá intervir respeitando as diferenças

individuais, amenizando e evitando sobrecarga física e mental, por meio das

atividades gerais e terapêuticas.

A Terapia Ocupacional também desenvolve outras ações como:

realização de ginástica laboral, adequada para cada atividade desenvolvida na

empresa; elaboração de jornais ou folhetos informativos e palestras visando

assuntos preventivos; adaptação do trabalhador com algum tipo de deficiência,

seja ela visual, auditiva, física ou mental, tendo como objetivo propiciar bem-

23

estar, eficiência e segurança; recolocação do trabalhador que sofreu acidente

no seu posto de trabalho e quando não for possível realizar a mesma função

colocá-lo em outro posto de trabalho que não lhe ofereça riscos à saúde; e

elaborar e desenvolver programas de qualidade de vida.

1.4.1 Vantagens da atuação do Terapeuta Ocupacional para a empresa e

trabalhadores

Dentro da empresa o Terapeuta Ocupacional irá colaborar na diminuição

de gastos médicos decorrentes de doenças ocupacionais, melhorar a qualidade

de vida de seus empregados diminuindo assim o número de acidentes,

reduzindo o índice de absenteísmo, visando o aumento da eficácia no trabalho,

diminuindo a rotatividade no quadro de empregados protegendo a empresa

contra processo dos mesmos, no aumento da produtividade com conseqüente

aumento nos lucros da empresa, melhorando a imagem e o ambiente de

trabalho. (NASCIMENTO; MORAES, 2000)

Já para os empregados a intervenção de Terapia Ocupacional visa à

redução da fadiga muscular, desconforto físico, diminuindo assim o gasto

energético, o estresse emocional e a irritabilidade do trabalhador, favorecendo

a sua sociabilização com o grupo de trabalho, melhorando sua qualidade de

vida e maior eficiência no trabalho.

1.5 Ergonomia

1.5.1 Conceituação

Segundo Abrantes (2004), a ergonomia é uma ciência que coloca à

disposição das empresas diversas técnicas para aumentar a capacidade

produtiva em função da interação do trabalho com o homem, eliminando

situações de risco que poderão ocorrer a curto, médio ou longo prazo.

Segundo Iida (2005, p.2), diversas associações nacionais de ergonomia

apresentam as suas próprias definições, sendo a mais antiga a Ergonomics

Society, da Inglaterra:

24

Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento.

No Brasil, a Associação Brasileira de Ergonomia adota a seguinte

definição: ergonomia é o estudo das interações das pessoas com a tecnologia,

a organização e o ambiente, tendo como objetivo projetos e intervenções que

visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, o conforto, a segurança,

o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. (IIDA, 2005)

A Associação Internacional de Ergonomia (IEA) adotou a definição oficial

apresentada a seguir: ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina

científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos

e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e

métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho

global do sistema. (IIDA, 2005)

1.5.2 Histórico

A ergonomia surgiu após a II Guerra Mundial, em conseqüência do

trabalho interdisciplinar durante a guerra, devido à necessidade de adaptar as

armas de combate para que o operador ficasse menos tenso, reduzindo assim

o nível de tensão e o risco de acidentes.

No Brasil a ergonomia destacou-se a partir dos anos de 1980, devido à

necessidade de prevenção das LER/DORT, que acometiam grande número de

trabalhadores.

O crescimento da ergonomia ampliou-se nos últimos anos, decorrentes

dos problemas que surgiram nos setores de produção, estando ligada ao

desenvolvimento tecnológico e às reações sociais.

Inicialmente os principais campos de aplicação da ergonomia se faziam

quase que exclusivamente na indústria, concentrando-se no binômio homem -

máquina. Atualmente a ergonomia é mais abrangente, estudando sistemas

complexos, onde homens, máquinas e materiais interagem de forma contínua

entre si, na realização de um trabalho.

25

A ergonomia expandiu-se, englobando quase todos os tipos de

atividades humanas. Hoje essa expansão ocorre principalmente no setor de

serviços (saúde, educação, transporte, laser e outros) e nos estudos de

trabalhos domésticos.

1.5.3 Objetivos básicos da ergonomia

A ergonomia estuda vários fatores que contribuem no desempenho do

sistema produtivo, procurando diminuir as suas conseqüências nocivas sobre o

trabalhador, como a fadiga, estresse, erros e acidentes, oferecendo segurança,

satisfação e saúde aos trabalhadores, durante o seu relacionamento com esse

sistema produtivo.

A ergonomia visa principalmente à saúde, segurança e satisfação do

trabalhador.

a) Saúde: é mantida quando as exigências do trabalho e do ambiente

não ultrapassam suas limitações energéticas e cognitivas, evitando

situações de estresse, riscos de acidentes e doenças ocupacionais.

b) Segurança: é alcançada com projetos do posto de trabalho, ambiente

e organização do trabalho, evitando dentro das capacidades e

limitações do trabalhador, reduzindo assim, os erros, estresse,

acidentes e fadiga.

c) Satisfação: é o resultado do atendimento das necessidades e

expectativas do trabalhador, pois os trabalhadores satisfeitos tendem

a adotar comportamentos mais seguros, sendo mais produtivos que

aqueles insatisfeitos.

d) Eficiência: é decorrente de um bom planejamento e organização do

trabalho, que propicie saúde, segurança e satisfação ao trabalhador,

devendo ter certos limites, pois o aumento exagerado da eficiência

pode ocasionar prejuízos à saúde e segurança.

Conforme Abrantes (2004), a ergonomia é uma ciência que trata da

adaptação e melhoria das condições de trabalho do homem no sentido amplo,

tem uma importância dentro das empresas, ajudando a evitar acidentes e

doenças ocupacionais, a projetar máquinas e equipamentos adequados ao

26

homem, reduzindo os desconfortos físicos e mentais dos trabalhadores em seu

ambiente de trabalho, indo ao encontro de alguns objetivos da empresa, como

o de reduzir os custos de produção, diminuir os absenteísmos e aumentar a

produtividade das áreas.

A norma regulamentadora da ergonomia NR-17 do Ministério do

Trabalho em seu item 17.1 visa: estabelecer parâmetros que permitam a

adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente. (APÊNDICE F)

1.6 Tipos de ergonomia

1.6.1 Ergonomia de concepção

Acontece quando a contribuição ergonômica ocorre na fase inicial do

projeto, introduzindo conhecimentos sobre o homem em todas as partes que

compõem o posto de trabalho, máquinas, ferramentas, dispositivos, sistemas

de produção e outros. Esta é a melhor situação, pois as alternativas poderão

ser amplamente examinadas.

1.6.2 Ergonomia de correção

É aplicada em situações reais, procurando melhorar as condições de

trabalho existentes, buscando resolver problemas que refletem na segurança,

fadiga excessiva, doenças do trabalhador ou quantidade e qualidade da

produção, porém, de forma parcial e muitas vezes de eficácia limitada.

1.6.3 Ergonomia de conscientização

Procura capacitar os próprios trabalhadores para a identificação e

correção dos problemas do dia-a-dia ou aqueles emergenciais, através de

27

treinamentos e reciclagens dos trabalhadores sobre os riscos e/ou a maneira

correta de realizar um determinado trabalho.

1.6.4 Ergonomia de participação

Procura envolver o próprio usuário do sistema, na solução de problemas

ergonômicos. Esse princípio baseia-se na crença de que eles possuem um

conhecimento prático, onde alguns detalhes podem passar despercebidos ao

analista e projetista.

1.7 Custo e benefício da ergonomia

A ergonomia só será aceita se for capaz de comprovar que é

economicamente viável, apresentando uma relação custo/benefício favorável.

A análise do custo/benefício indica o investimento necessário para

realizar um projeto ou uma recomendação ergonômica, representado pelos

custos de elaboração do projeto, aquisição de máquinas, materiais e

equipamentos, treinamento de pessoal e queda de produtividade durante o

período de implantação. Por outro lado, são computados os benefícios, o

quanto vai se ganhar com os resultados do projeto, onde o projeto só será

economicamente viável se os benefícios forem superiores aos respectivos

custos.

Em geral, os custos costumam ocorrer a curto prazo e já os benefícios,

pode demorar um certo tempo. Existe empresas que estabelece um prazo

máximo para esse retorno, cerca de 5 anos. Os projetos que têm maior retorno

ou em menor prazo, são considerados mais interessantes.

1.8 Terapia ocupacional e ergonomia

O mundo do trabalho tem sofrido grandes transformações nos últimos

anos com a entrada de novas tecnologias, aceleração do ritmo do trabalho,

28

mudanças no modo de produção e surgimento de novas profissões, o que

acaba influenciando no aparecimento de novas organizações do trabalho e na

reorganização das empresas já existentes, necessitando de adequação para

sobreviver a essas novas realidades criando, portanto, uma grande mobilidade

no mercado de trabalho, favorecendo relações de trabalhos precários, que

influencia nas condições de trabalho e saúde dos empregados.

O trabalho se modifica e muda a realidade do que neles estão

envolvidos, por isso, vários profissionais o estudam e propõem alternativas de

organização que possam melhorar a qualidade de vida, repensar o fator

humano e humanizar as relações de trabalho.

Alguns Terapeutas Ocupacionais procuram formação na área de

Ergonomia em cursos de especialização, mestrado e doutorado, pois possibilita

aos profissionais desenvolver trabalhos na área de consultorias a empresas,

proporcionando ampliações.

A Ergonomia e a Terapia Ocupacional na área da Saúde e Trabalho

estudam e analisam as questões e contradições individuais e coletivas do

mundo do trabalho, incluindo o processo de adoecimento pelo trabalho, com

objetivo criar outras proposições, viabilizando a aplicação técnica de vários

conhecimentos, oferecendo soluções coerentes com as exigências da saúde

dos trabalhadores e da produção. Ambas têm como compromisso analisar o

mundo do trabalho e a atividade laboral. (LANCMAN, 2004)

Assim como para a ergonomia os trabalhadores são responsáveis pelas

transformações das situações de trabalho, o mesmo ocorre na Terapia

Ocupacional, onde o objetivo primordial é tornar o paciente sujeito dos

processos de mudança e transformação.

A ergonomia esta voltada para a prevenção de acidentes, preocupando-

se em corrigir problemas já instalados, estudando o trabalhador em situação

real de trabalho, voltando-se para a promoção da saúde com visão na

produtividade, onde no contexto do trabalho, cada situação a ser estudada tem

uma singularidade própria, o que também ocorre na Terapia Ocupacional,

porque cada paciente, trabalhador ou empresa, é um caso singular,

independente da patologia apresentada.

Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a

29

avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações, das pessoas. (IEA apud FIGUEIREDO; MONT ALVÃO, 2005, p. 90)

O Terapeuta Ocupacional ao ampliar seu campo de ação para a

prevenção e intervenção em situações concretas de trabalho a partir da

atuação em reabilitação profissional e psicossocial, faz dele um profissional

impar neste campo, devido à sua experiência no uso e no estudo de atividades

e na compreensão global dos indivíduos.

Tanto no setor público como privado, os terapeutas ocupacionais

realizam ações em prol da saúde do homem em atividade, ou seja, em situação

de trabalho, atuando na promoção da saúde, prevenção de doenças do

trabalho, acidentes do trabalho, e na reabilitação dos trabalhadores já

adoecidos, atuando na readaptação e na reabilitação profissional.

O terapeuta ocupacional vincula à sua formação o estudo de análises de atividades dentro de uma visão biopsicossocial do indivíduo. A Terapia Ocupacional sempre buscou a inclusão dos indivíduos no trabalho como objetivo último da ação reabilitadora. Nesse sentido, todos os modelos de análises de atividades desenvolvidos procuravam adaptar e adequar indivíduos ao trabalho ou vice-versa, bem como adaptar máquinas e instrumentos para que aqueles portadores de deficiências, oriundas ou não do mundo do trabalho, pudessem trabalhar. (LANCMAN, 2004, p.79).

Conclui-se então, que o objeto de estudo da Terapia Ocupacional na

área da Saúde e Trabalho e da Ergonomia esta voltado ao trabalho real, ou

seja, a atividade, que possibilita além da avaliação, a expressão e a

transformação do sofrimento físico e mental, buscando produtividade dentro de

padrões que preservem a sua saúde e qualidade de vida.

30

CAPÍTULO II

CONCEITOS BÁSICOS QUANTO A SAÚDE DO TRABALHADOR

2 INTRODUÇÃO

Segundo Dias (apud FERREIRA JUNIOR, 2002 p.7): na atenção a

saúde dos trabalhadores são indissociáveis as ações preventivas de promoção

e proteção da saúde, assistência, ou recuperação e reabilitação[ ] .

Uma boa saúde é influenciada pelo estilo de vida, que por sua vez afeta

diretamente a qualidade de vida, onde os trabalhadores possuem outros

fatores que influenciam na sua satisfação além do trabalho, como as

realizações pessoais, reconhecimento no ambiente de trabalho, posição social,

crescimento profissional, entre outros.

A saúde e a qualidade de vida caminham juntas, onde a empresa que

investe em qualidade de vida no trabalho, através de programas de promoção

da saúde, acaba evitando desgastes físicos, mentais e sociais. Um ambiente

de trabalho quando não agradável poderá gerar estresse para o trabalhador

que poderá refletir de maneira negativa, prejudicando a sua saúde, vida

pessoal no seu trabalho, onde diminuir estes problemas passa a ser meta das

empresas, pois seus reflexos trarão benefícios para o empregado e o

empregador.

2.1 Sono

O sono apresenta-se como um estado comportamental reversível de

desligamento da percepção do ambiente e com alteração do nível de

consciência e da responsividade a estímulos internos e externos. Refere-se a

um processo ativo envolvendo diversos mecanismos fisiológicos e

comportamentais em vários sistemas e regiões do sistema nervoso central.

31

2.1.1 Fases do sono

Fase 1 sonolência (ocorre liberação de melatonina, induzindo ao sono)

Fase 2

sono leve (ocorre uma redução dos ritmos cardíacos e

respiratórios, relaxando os músculos e caindo a temperatura corporal)

Fase 3

sono profundo (ocorre o pico de liberação do hormônio do

crescimento-GH e da leptina, nesta fase o cortisol começa a ser liberado

até atingir seu pico, no início da manhã).

O corpo humano e a mente são feitos para ficar ativo durante o dia e

dormir durante a noite, porém, há trabalhadores que conseguem adaptar-se

ao trabalho contínuo durante a noite, podendo ocorrer também entre estes

algumas desordens da saúde como, doenças ocupacionais, fadiga, cansaço,

irritabilidade mental, depressão, perda da vitalidade, diminuição do interesse

no trabalho e no rendimento profissional, ansiedade, sonolência diurna,

perda de apetite, problemas digestivos, alterações de humor, perda de

memória de fatos recentes, comprometimento da criatividade, desatenção e

dificuldade de concentração.

Já que um ajuste completo ao trabalho noturno não ocorre rápido o suficiente, o sistema de controle do corpo dos trabalhadores é apenas parcialmente trocado para o trabalhar à noite e dormir e repousar de dia. O resultado é sono insuficiente tanto em quantidade quanto em qualidade, com recuperação inadequada, resultando em fadiga crônica com seus sintomas associados. (KROEMER; GRADJEAR, 2005, p.207).

2.1.2 Dicas para uma boa noite de sono

a) Mantenha sempre os mesmos horários para dormir e acordar;

b) Durma só o necessário;

c) O quarto de dormir não deve ser utilizado para trabalhar e comer;

d) Quem possui insônia deve evitar ler e assistir televisão antes de

dormir;

e) Os exercícios físicos devem ser feitos de 4 a 6 horas antes de ir para

a cama;

f) Não ingerir café, chá preto, chocolate ou outra bebida estimulante

32

após as 17:00;

g) Evite ingerir bebidas alcoólicas, pois perturba o sono devido ao ronco;

h) Faça refeições mais leves à noite;

i) Procure usar colchões confortáveis;

j) Tome um banho quente, para ajudar a relaxar antes de dormir;

2.2 Alimentação

Para que o organismo mantenha e desempenhe suas funções vitais, ele

retira dos alimentos nutrientes que são primordiais para que ele possa

funcionar, como: água, hidrato de carbono, gordura, proteínas, vitaminas, fibras

e minerais, onde uma alimentação saudável deve oferecer estes nutrientes em

quantidades adequadas e de maneira equilibrada.

O organismo irá utilizá-los para três princípios básicos:

a) Formar células e tecidos, reparando as destruições que se processam

ao longo da vida;

b) Dispor de energia para as atividades intelectuais e físicas, mantendo

assim a temperatura do corpo de forma constante;

c) Possuir reservas de energia (sob forma de gordura) e de alguns

nutrientes para intervalos entre as refeições.

Para uma boa alimentação não se deve basear somente nos tipos de

alimentos, mas também na quantidade suficiente para suprir o nosso

organismo de todos os nutrientes que ele necessita para funcionar

corretamente. Portanto, o que e quanto comer não são decisões fáceis para

muitas pessoas, fatores como preferências e hábitos familiares, processo de

doença e função gastrintestinal interferem no consumo de alimentos de uma

pessoa, sendo assim, cuidar da alimentação é um fator importante para a vida,

influenciando principalmente na capacidade de trabalhar, estudar, divertir-se e

cuidar-se.

De acordo com Kroemer (2005): uma pessoa precisa de comida para

prover energia, como também de água para manter um equilíbrio de água

corrente, onde a necessidade média é de 35g de água para cada quilo de peso

do corpo, num período de 24hs.

33

2.2.1 Dicas para uma boa alimentação

a) Adquira todos os tipos de alimentos pelo menos três em três refeições

diárias: café da manhã, almoço e jantar, não se devem deixar de

comer em nenhuma dessas principais refeições, pois nosso

organismo necessita de alimentos e por isso devemos comê-los em

grande variedade e numa quantidade razoável;

b) Comer sempre frutas e verduras da época;

c) Ingira carnes, sal e açúcar em quantidades moderadas;

d) Tome diariamente bastante água, pois ela é muito importante na

digestão, no funcionamento dos rins, dos intestinos e regula

temperatura do corpo, a perda de água é em torno de dois litros por

dia;

e) Prepare sempre a alimentação com bastante higiene, as mãos devem

ser lavadas com água e sabão;

f) Mantenha o seu peso, controlando a ingestão de alimentos e fazendo

exercício físico.

2.3 Metabolismo

É o estudo dos aspectos energéticos do organismo humano. A energia

do corpo humano é decorrente da alimentação, onde os alimentos sofrem

diversas transferências químicas, sendo uma parte utilizada para a construção

de tecidos e outra como combustível destinado a manter o organismo em

funcionamento.

O organismo humano pode ser comparado a uma máquina térmica,

onde parte dos alimentos ingeridos convertem-se no combustível chamado

glicogênio, que é oxidado numa reação exotérmica, que por sua vez gera

energia. Essa reação produz o calor, dióxido de carbono e água, sendo

excretado pelo organismo.

2.3.1 Capacidade muscular

A capacidade dos músculos em realizar exercícios pesados e

34

prolongados depende da quantidade de glicogênio contido inicialmente nos

músculos, pois sua reposição é mais lenta que o consumo. Em alguns

indivíduos que realizam 2 horas de trabalho pesado, o músculo pode ficar

completamente esgotado. Os alimentos ricos em carboidratos armazenam mais

glicogênio nos músculos do que proteínas e gorduras, aumentando assim a

capacidade de trabalho.

É importante salientar também que outro fator limitante da capacidade

de trabalho é o abastecimento de oxigênio nos músculos.

2.3.2 Metabolismo basal

É a energia suficiente para manter somente as funções vitais do

organismo, sem realizar nenhum trabalho externo. O organismo funciona como

uma máquina térmica que nunca é desligada, por isso, uma pessoa mesmo em

estado de repouso total consome certa quantidade de energia para o

funcionamento de órgãos como o coração, pulmões e rins que nunca deixam

de trabalhar.

Segudo Iida (2005, p. 80), o valor do metabolismo basal é de

aproximadamente 1 800 kcal/dia para homens e 1 600 kcal/dia para as

mulheres [...].

2.3.3 Energia gasta no trabalho

As pessoas mesmo em repouso que realiza pequenos movimentos

também precisam de energia. Se um homem adulto consumir menos de 2.000

kcal/dia na alimentação, será incapaz de realizar qualquer tipo de trabalho.

Portanto, somente a energia que ultrapassar a essa cota mínima poderá ser

utilizada no trabalho.

Os trabalhadores que carregam sacos gastam 4.500 kcal/dia, sendo

considerada esta a máxima exigida. Em alguns casos os gastos energéticos

podem chegar a 5.000 ou 6.000kcal/dia somente durante um ou dois dias, pois

o organismo não será capaz de repor toda essa energia e o corpo trabalhará

35

com déficit, ou seja, o trabalhador perderá peso. (IIDA, 2005)

Em relação às diferenças entre mulheres e homens, os últimos gastam

cerca de 20% a mais para realizar tarefas idênticas, portanto quando uma

mulher gasta 3.000 kcal/dia em um trabalho, o homem gastaria 3.600 kcal/dia

no mesmo trabalho. Com a prática os trabalhadores aprendem a realizar

movimentos que economizam energia, cometendo assim menos erros.

2.3.4 Subnutrição e rendimento

Se a quantidade de energia utilizada não for suprida pela alimentação, o

trabalhador apresentará uma diminuição de peso e uma queda no rendimento,

ficando mais propenso a doenças. Essa queda de rendimento acontece numa

proporção maior que a taxa de redução da alimentação, e ainda com maior

intensidade naqueles trabalhadores acostumados a atividades mais leves.

Uma pessoa que precise de 3.600kcal/dia para um rendimento de 100% terá esse rendimento reduzido para 60% se ingerir 2.800 kcal. Portanto, uma redução de 22% na alimentação, provoca uma queda de 40% no rendimento. Já uma outra pessoa que precisaria de 2.400 kcal/dia para rendimento de 100%, terá esse mesmo rendimento reduzido a 60% com 2.200 kcal/dia, ou seja, uma redução de apenas 8% na alimentação provocará a uma queda de 40% no rendimento do trabalho. (IIDA, 2005, p.81).

2.4 Segurança no trabalho

A segurança no trabalho é um conjunto de medidas que são realizadas

visando diminuir os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, protegendo a

integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador.

Muitos acidentes costumam ocorrer devido ao erro humano ou ao fator

humano. Portanto, quando se fala em erro humano geralmente se refere a uma

falta de atenção ou negligência do trabalhador.

Uma das formas de considerar o erro humano não é pelas suas

conseqüências prejudiciais, mas sim pelas variações do comportamento

humano. Até mesmo os trabalhadores experientes ou aqueles que realizam

tarefas simples e repetitivas apresentam algumas variações, para cada tipo de

36

tarefa existem determinadas variações que são aceitáveis, e quando elas

começam a ultrapassar alguns limites, podemos considerar que há alguma

anormalidade, aumentando desta forma os riscos de acidentes.

O erro humano advém das interações homem-trabalho ou homem-

ambiente, que não suprem a determinados padrões esperados, portanto, a

quantidade dos erros depende do funcionamento da interface homem-trabalho,

se o homem for capaz de perceber imediatamente as conseqüências

provocadas pelos desvios naturais do seu comportamento, ele poderá realizar

ações corretivas minimizando a freqüência dos erros.

Os procedimentos seguros são recomendados, pois visam minimizar os

acidentes nos postos de trabalho, sendo atualizados para adaptar-se aos

novos equipamentos e modificações das condições de trabalho. Existem

muitas formas de prevenir acidentes como:

a) Instruir os trabalhadores: mostrando aos mesmos os comportamentos

de riscos e os acidentes, bem como suas conseqüências sociais e

materiais.

b) Conceder incentivos: reforçando as práticas de atos seguros, visando

elevar a freqüência dos mesmos, concedendo um prêmio ou um dia

de folga para os trabalhadores que completarem certa quantidade de

dias de trabalhos sem sofrer nenhum acidente.

c) Aplicar punições: aumentando as conseqüências para aqueles que

praticarem atos inseguros. Os acidentes geralmente advém de

interações inadequadas entre o homem, a tarefa e o seu ambiente. O

acidente pode ser ocasionado por um comportamento de risco do

operador de um sistema, inadequações do posto de trabalho,

produtos mal desenvolvidos ou falhas mecânicas. Portanto essas

causas só ocorrem quando há uma conjugação de fatores negativos.

O ambiente físico exerce grande influência sobre os acidentes, por ser fonte permanente de estresse dos trabalhadores. Um ruído indesejável ou um ofuscamento visual podem modificar o comportamento do trabalhador, favorecendo a ocorrência de acidentes [...]. (IIDA, 2005, p.438).

2.5 Equipamento de proteção individual (EPI s)

37

Equipamento de proteção individual é um instrumento de uso pessoal,

cujo objetivo é prevenir a ação de certos acidentes que podem ocasionar

lesões aos trabalhadores e protegê-los contra possíveis danos á saúde

causados pelas condições de trabalho.

Existem vários tipos de equipamentos de proteção individual e cada tipo

é destinado para proteger contra determinados riscos.

O ambiente de trabalho oferece muitos riscos à segurança dos

trabalhadores, onde todo esforço deve ser exercido para eliminar esses perigos

por meio das modificações em máquinas e métodos de trabalho. Para perigos

que não podem ser eliminados, o equipamento de proteção individual deve ser

escolhido e utilizado de modo apropriado, sendo de fundamental importância

escolher um equipamento que ofereça a melhor proteção como também

conforto e mobilidade para os trabalhadores.

Seu uso regular é essencial uma vez que não é possível prever quando

um acidente poderá ocorrer, somente o uso regular pode reduzir a exposição a

riscos e proteger os trabalhadores em longo prazo.

Os perigos em um local de trabalho não ocorrem todos os dias, como

mortes, ferimentos e doenças, isso acaba ocasionando ao trabalhador uma

falsa segurança de que o equipamento de proteção individual não é

necessário, já quando o equipamento é aceito pelos trabalhadores seu uso

regular fica assegurado, reduzindo os riscos de acidentes, ferimentos, tensões

e problemas no local de trabalho.

2.5.1 A importância dos EPI s

A empresa ao investir em segurança do trabalho, cumpri a legislação

trabalhista executando os programas de segurança exigidos pela lei,

despertando nos trabalhadores o espírito prevencionista, mantendo-os alerta

quanto aos riscos de acidentes respeitando e zelando as normas de segurança

usando-os de forma adequada.

É fundamental identificar os tipos de risco em cada área de trabalho,

consultando fabricantes de equipamento de proteção individual para assegurar

o tipo correto, protegendo contra perigos específicos. É importante checar

38

regularmente o uso correto do equipamento dando prioridade ao conforto dos

trabalhadores e as facilidades de manutenção no processo de escolha.

O equipamento de proteção individual quando limpo e com manutenção

adequada, estimula os trabalhadores a usá-los regularmente, sentindo-se

responsáveis pelo uso do equipamento e de guardá-los em um local adequado

após o uso.

A sinalização nas áreas onde é obrigatório o uso de equipamentos ajuda

os trabalhadores a criarem o hábito de utilizá-los, tornando-se mais fácil tanto

para os supervisores como para os trabalhadores.

2.5.2 Tipos de EPI s

O equipamento de proteção individual deve ser ajustável, confortável e

de fácil manutenção, onde a utilização do tipo de protetor correto para cada

trabalhador deve ser estipulado de acordo com a sua função. Dentre eles

estão:

a) Luvas de couro: utilizadas em serviços gerais de fundição, cerâmicas,

usinagem mecânica, montagem de motores, usinagem a frio,

manipulação de materiais quentes, carga e descarga de materiais,

manuseio de transporte de chapas.

b) Luvas de borracha: utilizadas por eletricistas e em trabalhos com

produtos químicos em geral, exceto solventes, óleos e serviços

úmidos.

c) Luvas de PVC: utilizadas em trabalhos com líquidos ou produtos

químicos que aderem melhor no manuseio, lavagem de peças

corrosivas, manuseio de ácidos, óleos, graxas e gorduras.

d) Óculos de segurança: utilizados por soldadores, torneiros, e outros,

pois protege os olhos contra partículas, luz intensa, entre outros.

e) Capacete de segurança: é utilizado para evitar impactos, perfurações

e choques elétricos.

f) Respiradores com filtro mecânico: servem para fornecer proteção

contra partículas suspensas no ar como poeiras, neblinas, vapores

metálicos e fumos.

39

g) Respiradores com filtros químicos: protegem contra concentrações

leves de alguns gases ácidos e alcalinos, de vapores de mercúrio e

orgânicos.

h) Respiradores com filtros combinados: utilizados em trabalhos como

pintura e pistola de aplicação de inseticidas.

i) Protetor auricular: o ruído é um elemento de ataque individual que se

acumula, produzindo efeitos psicológicos ou fisiológicos por isso

quando a intensidade de ruído pode ser prejudicial deve-se fazer o

possível para eliminá-los ou reduzi-los por meio de um controle da

fonte ou do meio, quando todos os métodos de controle falharem, o

último dos recursos é dotar o indivíduo exposto de um equipamento

de proteção auricular.

- Ear-plugs: protetor auricular colocado diretamente no canal

auditivo externo e só produz efeitos se ficarem bem encaixados.

- Ear-muffs: protetor auricular colocado sobre as orelhas, são mais

higiênicos, permitem a retirada e colocação mais fáceis.

Muitos trabalhadores não fazem o uso desses equipamentos devido a

incômodos, sendo nesses casos necessário conscientizá-los sobre a

importância da necessidade do seu uso.

2.6 Coluna vertebral

2.6.1 Anatomia da coluna vertebral

A coluna vertebral é formada de estruturas ósseas (vértebras) e

cartilaginosas, revestida de ligamentos e grupos musculares, possuindo em

seu interior um importante centro nervoso chamado medula. É composta por 33

vértebras, distribuídas em quatro regiões:

a) Coluna cervical: ela é formada por sete vértebras, localizando-se na

região superior da coluna. É projetada para a mobilidade, sendo

responsável pelos movimentos de flexão e extensão da cabeça.

b) Coluna torácica: é formada por doze vértebras, sendo a área menos

móvel, proporcionando maior proteção da medula espinhal. Sendo

40

sua importante função prevenir a compressão do coração, pulmões e

grandes vasos. Além de aumentar a rigidez, o gradil costal apresenta

condições de absorver energia, triplicando a capacidade de suportar

carga da coluna torácica.

c) Coluna lombar: é composta por cinco vértebras com seus discos

intervertebrais interpostos, proporcionando um equilíbrio entre a

proteção e a amplitude de movimento. Quando a coluna normal em

postura ereta é observada de lado pode-se notar uma curva

posteriormente, sendo esta conhecida como lordose lombar. Já na

posição em pé o sacro é tombado para frente de forma que sua

superfície superior é inclinada para frente e para baixo.

d) Região sacral: é formada por cinco vértebras fundidas em um só osso

chamado sacro, há também o cóccix que é formado pela fusão de

três a quatro vértebras.

As vértebras atuam como um pilar de sustentação, sendo também

estruturas de movimentos, ficando vulneráveis a situações como trabalho

forçado em todas as posturas, a osteoporose na fase da menopausa e o

envelhecimento ósseo com o passar dos anos de vida.

São de extrema importância essas estruturas de sustentação em todas

as idades, principalmente no início da vida profissional, para que não ocorra

comprometimentos que impossibilitará a permanência na profissão.

A medula é a parte nervosa da coluna, formada por uma estrutura

central que faz a comunicação do cérebro como todo nosso corpo por meio dos

nervos periféricos saídos de cada segmento vertebral, estes nervos levam

estímulos sensoriais (ex: cócegas, sensação de calor e frio) e estímulos

motores (responsáveis pelo movimento do nosso corpo). Se tratando de uma

estrutura que não se recompõe, nem se regenera, a medula merece nossa

máxima atenção.

2.6.2 Disco intervertebral

Ele separa os corpos vertebrais da segunda vértebra cervical até o

sacro, onde sua espessura varia de acordo com a localização dele nas regiões

41

da coluna vertebral. Sua principal função é favorecer e limitar os movimentos,

amortecendo os impactos, sendo responsável por um quarto do comprimento

da espinha. Esse disco vai degenerando-se com a idade, ficando mais

vulnerável aos movimentos agressivos da coluna.

Os discos são compostos por duas estruturas principais:

a) Núcleo pulposo: é um gel que corresponde a 40 a 60% do disco,

composto por água, fibras colágenas e elásticas, fibroblastos e

condrócitos.

b) Anel fibroso: sua parede externa é formada por ninho fibro-elástico,

mantendo um ninho gelatinoso no seu interior, absorvendo choques,

permitindo deslocamento do peso para estrutura fibro-elástica do

anel. Este anel permite movimentos de flexão, extensão, inclinação

lateral, favorecendo estabilidade à coluna.

O disco intervertebral é um dos locais mais fracos do organismo, onde

após vinte anos de idade a artéria que é responsável pela nutrição do mesmo

se oblitera, passando esta ser por embebição a partir dos tecidos vizinhos. O

disco passa a assumir o papel de uma esponja, que quando sob pressão, tem

seu conteúdo esvaziado e sem pressão, aspira líquidos a partir dos tecidos

vizinhos, onde sua estrutura gelatinosa sofre também alterações, perdendo de

forma progressiva irrigações sanguíneas e a quantidade de água ali existentes,

denominado degeneração. Essa desidratação juntamente com a má postura,

flexão incorreta e constante do tronco provocam dores agudas ou crônicas.

De acordo com Verderi (2005): alguns testes realizados constataram que

na posição sentada recebe-se pressão no disco em torno de 100 a 180 kg na

região lombar, ao nível de L4 e L5. Isso ocorre, pois ao sentar-se o indivíduo

realiza flexão na região lombar, fazendo com que os discos recebam uma

compressão maior, ocorrendo uma diminuição da curvatura daquela região

com maior pressão no disco.

2.6.3 Patologias mais comuns da coluna vertebral

a) Cervicalgia: é caracterizada por dor e rigídez na região cervical e

decorrente de posturas viciosas no trabalho, no lazer, em casa e/ou

42

ao dormir, tensão emocional, movimentos intensos, repetitivos ou

bruscos.

b) Cervicobraquialgia: dor na região cervical com irradiação para

membros superiores devido à pinçamento da raiz nervosa ou por

alterações ósseas como os osteófitos.

c) Dorsalgia: dor na região dorsal, decorrente de posturas viciosas,

pegar peso de forma inadequada e outros. Essa dor pode ser

constante ou intermitente, permanecendo em um unico lugar ou

deslocar-se ou espalhar-se para outras partes do corpo. A dor nas

costas é uma das queixas mais frequentes.

d) Lombalgia: dor na região lombar. Quando essa dor se irradia para as

pernas chama-se lombociatalgia, pois o nervo ciático pode estar

afetado, na maioria dos casos sua origem devido ao ato de flexionar

o tronco incorretamente, sendo essa região responsável pelo maior

número de incidência de pinçamento de raiz e hérnia de disco. Essas

dores podem ocorrer de diversas formas, como: flexionando o tronco

de maneira constante e repetitiva, o disco intervertebral é

comprimido, dirigindo-se para as extremidades, podendo atingir

nervos e medula, tendo como conseqüência queixa de um choque

na região lombar, irradiando-se para as pernas, denominando-se

hérnia de disco.

A má postura causa várias agressões que se acumulam durante

os anos, sendo que a partir dos 30 anos muitas pessoas já

apresentam sintomas de agressões como desconforto, cansaço e

principalmente dores lombares irradiando para as pernas, onde é

muito comum os trabalhadores se queixarem dessas dores,

relatando estar com a sensação do pé espinhando ou que sua perna

esta pesada e com força diminuída. No entanto muitos deles não

associam e não compreendem que essas dores nas pernas têm

origem na coluna lombar.

e) Hérnia de disco: é uma degeneração do disco onde o núcleo de gel

migra através do anel fibroso, à medida que os esforços aumentam a

pressão no disco vai debilitando-se ainda mais e acaba por romper o

anel e migrar para o canal medular. Ao migrar pressiona a medula e

43

raízes nervosas causando dor intensa que irradia para o membro

inferior correspondente a raiz do nervo e além da dor outras

alterações podem surgir como: formigamento, alterações da

sensibilidade, alterações da força muscular e até alterações dos

reflexos, e essas alterações podem evoluir para hérnia de disco.

f) Escoliose: é caracterizada por uma curvatura lateral que se

assemelha a um S . Torna-se complexa, pois além de ocorrer

desvios laterais, ocorrem também rotações nos corpos vertebrais e

alterações das curvaturas que são consideradas normais. Sua

origem pode ser devido uma assimetria existente em bacia ou

membros inferiores, onde a dor aguda também pode ocasionar uma

posição antálgica. Surgem deformidades no tórax que podem ser

facilmente identificados e à medida que aumenta a curvatura,

aumenta também a deformidade. O indivíduo com escoliose não

sente dor, caso ela apareça deve-se investigar, pois pode ser

ocasionada por uma sobrecarga ou postura errada.

g) Osteófitos: ocorre frequentemente em pessoas de média idade em

diante, surgindo devido uma calcificação dos discos que foram

degenerados (osteófitos), o que acaba alterando o formato da

vértebra, tornando-a saliente e pontiaguda, semelhante a um bico de

papagaio podendo comprometer medula e raiz nervosa.

h) Dores musculares/ligamentares: são os tipos de dores que acometem

as costas, sendo estas freqüentes devido aos fatores: emocional,

sedentarismo e atos posturais incorretos tanto no trabalho como no

descanso.

Geralmente as pessoas andam, correm e praticam exercícios para as

pernas, braços, porém, se esquecem de que os músculos das costas também

precisam ser fortalecidos, alongados e bem irrigados para não causar

encurtamento e enfraquecimento. Essa região é sensível às tensões e

ansiedades do dia-a-dia, levando a uma rigídez muscular e desencadeando um

ciclo vicioso (dor - tensão muscular - alterações emocionais e dor novamente).

Esse quadro piora ainda mais na posição sentada, pois exige uma contração

constante dos músculos, dificultando assim a circulação sanguínea, podendo

ocorrer uma isquemia.

44

As pessoas vão em busca de tratamentos a base de analgésicos para

aliviar a dor, onde esse tratamento deve ser complementado com

conscientização postural, reeducação muscular, buscando obter uma vida mais

disciplinada para uma solução efetiva e duradoura. (SÁ, 2002)

No Brasil as doenças da coluna são responsáveis por grande número de pedidos de afastamento do trabalho. [...] essas patologias são responsáveis pelo segundo maior número de solicitações de afastamento do serviço e pelo segundo maior índice de pedidos de aposentadoria, estando estritamente vinculadas ao despreparo e ao tipo de trabalho que as pessoas desempenham. (Knoplich apud SÁ, 2002, p.17)

2.6.4 Controle da postura

Muitas pessoas passam longas horas na posição sentada, quer durante

o trabalho ou até nas horas de lazer, onde a maioria delas sofrem de dores na

região dorsal devido a essa postura assumida. Embora algumas pessoas

consigam sentar-se confortavelmente e relaxar em muitas posições sem

grande esforço na atividade dos músculos, nas pessoas tensas ocorre um

aumento na atividade muscular em diversas posturas durante a execução de

tarefas. Portanto, mudar de postura variando a posição sentada com

movimentação, diminui a incidência de dores na região dorsal, pois a nutrição

do disco depende do movimento e da variação da postura.

Pessoas que apresentam alguma patologia do disco intervertebral

possuem alívio da dor assumindo a posição deitada, pois nesta posição são

encontrados os níveis mais baixos de atividade dos músculos dorsais e de

pressão intradiscal. Um fator que interfere diretamente na postura deitada é a

superfície de apoio, ou seja, se essa superfície não for firme a coluna tende a

fletir-se um pouco mais durante o decúbito dorsal.

A permanência na posição em pé, estática, deduzindo-se que a coluna

esteja em alinhamento adequado, requer pouca atividade muscular, sendo

ligeira ou moderada. A posição em pé ideal não é mantida por longos períodos,

pois a partir de um determinado tempo as pessoas recorrem ao uso assimétrico

dos membros inferiores, utilizando a perna esquerda e a direita como apoio, ou

vice e versa.

45

As atividades como levantar cargas pesadas ou o ato de cavar submete

a coluna à sobrecarga compressiva fatigante.

O levantamento de peso repetitivo conduz a uma maior retração

comparada a uma carga estática equivalente a 50 kg repetidamente durante 20

minutos.

Na coluna aliviada de sobrecarga quer seja pela cessação de

levantamento ou pela adoção de certas posturas, a recuperação da estatura

ocorre de forma rápida, pois mesmo breves períodos de alívio da coluna são

permitidos durante a execução de um trabalho pesado, um restabelecimento

substancial pode surgir durante estes períodos de repouso, e a total retração

ou compressão do disco será diminuída.

2.7 Manuseio de cargas

O ato de elevar, empurrar ou puxar manualmente um objeto tem sido

uma preocupação para aqueles que planejam o uso eficaz da força e também

para os que procuram prevenir lesões e doenças no trabalho.

O manuseio de cargas é responsável pela maioria dos traumas

musculares entre os trabalhadores, ocorrendo com mais freqüência a

lombalgia. Para se ter uma idéia da sua importância clinico-epidemiólogica,

cerca de 80% das pessoas apresentam dores lombares ao longo da vida, e a

lombalgia é a maior causa de incapacidade de curta e longa duração entre os

trabalhadores. (FERREIRA JUNIOR, 2000).

De acordo com Bridger (apud IIDA, 2005): o manuseio de cargas é

responsável pela maioria dos traumas musculares que ocorre entre os

trabalhadores. Cerca de 60% dos problemas musculares são causados por

levantamento de cargas e 20%, empurrando ou puxando-as.

Nas empresas a queixa principal dos trabalhadores que manuseiam

cargas pesadas está relacionada com dores lombares, deformações de arco do

pé, dores musculares, escoliose, cifose, hérnia abdominal, varizes e

hipertensão arterial.

A sobrecarga mostrou ser a causa das lombalgias em mais de 60% dos indivíduos com queixas de dores lombares. Quando as lesões por sobrecarga envolvendo lombalgias afastam o trabalhador por

46

tempo significativo do trabalho, menos de um terço deles eventualmente retornou ao posto de trabalho que as desencadeou [...]. (NIOSH

INSTITUTO NORTE-AMERICANO DE SEGURANÇA

E SAÚDE OCUPACIONAL apud CHAFFIN; ANDERSON; MARTIN, 2001, P. 313)

Os fatores de esforços excessivos causadores de lombalgia são:

a) levantamento, carregamento e manuseio de cargas excessivamente

pesadas;

b) manuseio de cargas realizado em posição inadequada, por exemplo,

pegar a carga com as pernas estendidas e com o tronco fletido;

c) manutenção de postura incorreta em boa parte do tempo, inclusive a

sentada, com o conseqüente tensionamento da musculatura e dor,

levando a ocorrência de lesões a longo prazo dos discos da coluna;

d) efeito das vibrações diretas em todo o corpo sobre o trabalhador, por

exemplo, trabalhar com trator.

Para prevenir a lombalgia são utilizados três tipos de medidas, onde

essas são a seleção médica criteriosa, que costuma diminuir a incidência das

lombalgia em até 30%, ensino de técnicas de manuseio de carregamento de

cargas, capaz de diminuir a incidência em até 20% e medidas ergonômicas,

sendo de alta eficácia, capaz de diminuir a incidência em até 80%.

Segundo Abrantes (2004): é comum encontrar trabalhadores que andam

mais de 800 km/ano transportando cargas manualmente, onde estes terão uma

vida laborativa muito curta, podendo desencadear lesões na coluna e em

outras partes do corpo, que muitas vezes serão irreversíveis.

[...] o limite máximo que uma pessoa pode levantar é 23 kg, porém, as empresas devem diminuir o quanto puderem esse peso para que os risco de lesão da coluna sejam minimizados. (NIOSH

INSTITUTO NORTE-AMERICANO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL apud ABRANTES, 2004, p.47)

Sempre que necessário mecanize a atividade onde o esforço físico e o

peso da carga forem alto e se o tamanho da mesma for complicador como

sofás, gabinetes, caixas de geladeira, esses devem ser transportados por duas

ou mais pessoas, e quando possível evite o transporte manual de cargas

utilizando carrinhos. As pausas durante horário de trabalho são muito

importantes para a recuperação física e mental dos trabalhadores.

47

O trabalho de movimentação de cargas nas empresas deve ser

observado, pois trata-se de uma atividade de risco ergonômico que poderá

levar a índices de absenteísmo, queda de produtividade e gerar lesões

crônicas e agudas para os trabalhadores.

A movimentação manual de cargas esta presente em um processo

produtivo e quando se trata da movimentação de cargas pesadas os cuidados

devem ser reforçados para reduzir os riscos que esse tipo de trabalho expõe o

ser humano.

2.7.1 Levantamento de cargas

O levantamento manual de cargas ainda é necessário apesar da

automatização, sendo uma das maiores causas de dores nas costas, pois

muitos trabalhos envolvendo levantamentos de cargas não satisfazem os

requisitos ergonômicos. Os principais aspectos a serem observados para a

resolução desses problemas são: o processo produtivo, organização do

trabalho, posto de trabalho, tipo de carga, acessório de levantamento e método

de trabalho.

No levantamento de cargas e em qualquer outra atividade física é

primordial que o ritmo de trabalho seja imposto pelo trabalhador, pois cada um

tem um ritmo de trabalho em que se sente bem.

A capacidade de carga máxima varia de uma pessoa para outra, e

conforme esta sendo usada às musculaturas das pernas, braços ou dorso. É

também influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outras

características como formas, dimensões e facilidades de manuseio.

O tamanho da carga deve ser pequeno o suficiente para que possa ser mantida junto ao corpo. O volume não deve ter protuberâncias ou cantos cortantes nem deve ser muito quente ou frio, a ponto de dificultar o contato manual. A carga a ser levantada do chão deve ser posicionada entre os joelhos. (DUL; WEERDMEESTER, 2004, p.31)

O levantamento de cargas pesadas esta relacionado a um aumento na

pressão interna do tronco (intra-abdominal e intratorácica), sendo produzida por

uma contração reflexa do músculo transverso abdominal, pelos músculos do

48

assoalho pélvico e da laringe que fecham à glote. As elevações da pressão são

mais acentuadas quando cargas mais pesadas são erguidas e quando a

velocidade de ação é mais rápida, onde tem sido demonstrado maiores

elevações de pressão em trabalhadores queixando-se de lombalgia quando

comparados aos trabalhadores normais durante o levantamento de cargas.

Normalmente os aumentos de pressão são ativos apenas por um prazo

muito curto. Contudo, é durante a fase inicial do levantamento que as pressões

estão em seu nível mais elevado, sendo provável que o esforço da coluna

tenha atingido um nível máximo. Quando um peso é erguido mais próximo ao

corpo, a alavanca torna-se mais curta, estando então dentro da capacidade dos

músculos dorsais para levantá-lo.

2.7.2 Carga sobre a coluna vertebral durante o levantamento

Quando o tronco se move no plano sagital, os discos intervertebrais

atuam como uma série de movimentos, sendo o disco lombossacro referido

como o principal apoio da coluna. A força exercida sobre ele é decorrente da

carga a ser erguida (a qual inclui o peso do tronco acima do disco) pela

distância entre a carga e o disco lombossacro. O braço de alavanca que tem de

equilibrar e erguer o peso é mais curto e fornecido pelos músculos dorsais.

Assim quanto maior a distância entre a carga e o corpo, mais pesada aquela se

torna, e mais efetiva deverá ser a força requerida para erguê-la. Quando a

carga é aproximada do corpo, a alavanca exercida pelo peso será menor. Nos

estágios iniciais de um levantamento, se o peso encontra-se a uma distância

favorável do corpo, a força requerida para erguê-la pode ser considerável.

Antes de elevar um peso que se encontra no nível do solo, a coluna

lombar é abaixada em flexão, os músculos eretores da coluna contraem-se até

que o ponto crítico seja atingido. Com o aumento da flexão, estes músculos

sustentam a tensão junto com a fáscia toracolombar e os ligamentos

posteriores. Se a carga a ser levantada for muita pesada, a coluna lombar é

fletida ainda mais, momento em que à inércia precisa ser vencida e as forças

de reação do solo são maiores. A continuação do levantamento é promovida

pelos extensores dos quadris e dos joelhos, esperando-se que os músculos

49

dorsais mesmo sob contração máxima sejam incapazes de fornecer a força

necessária para elevar o tronco nesta fase.

Na fase seguinte durante o levantamento, quando os músculos dorsais

se contraem para realizar a extensão da coluna ocorre uma compressão na

mesma, levando a uma pressão intradiscal, pois quanto mais afastado do corpo

se encontrar o peso, maior é a proporção de atividade dos músculos eretores

da coluna para erguê-la, ocorrendo um aumento proporcional na pressão

intradiscal.

Se uma carga é conduzida no alto do dorso, o tronco automaticamente tende a inclinar-se para frente com intuito de evitar a perda de equilíbrio, causando aumento na atividade dos músculos inferiores dorsais. Se, entretanto, a carga é colocada na parte inferior da região dorsal, a atividade dos músculos dorsais é reduzida. (CARLSOO, 1964, apud OLIVER; MIDDLEDIICH, 1998, p.304).

2.7.3 Métodos de levantamento

Apesar de um único método de levantamento não se ajustar a todos os

indivíduos, algumas regras são de ampla aceitação como: manter a carga

próxima ao corpo realizando o levantamento com o corpo agachado, se

possível; girar ou flexionar a coluna lateralmente durante o levantamento de

carga deve ser evitado, pois estes dois movimentos associados podem

danificar as articulações apofisárias e os discos intervertebrais.

Para que as mãos possam descer ao nível do solo para pegar um peso,

é necessário fletir a região lombar, sendo que uma desvantagem em relação a

este tipo de levantamento está no fato de que essas forças compressivas

através das articulações dos joelhos são elevadas. Por isso, deve-se erguer os

objetos a partir de um tablado elevado (pallet), pois ajuda a diminuir a carga

sobre a coluna e os joelhos. Portanto, já que o método de agachamento

envolve um maior gasto de energia, é necessário que exercícios de resistência

para o quadríceps sejam incorporados aos programas de treinamento para o

levantamento de cargas.

2.7.4 Capacidade de levantamento de cargas de homens /mulheres

50

Segundo Hayne (apud OLIVER; MIDDLEDIICH, 1998, p.310): as

mulheres apresentam uma capacidade de força 30% menor em relação a

homens de altura, peso e treinamento equivalentes, influenciando sua

tolerância à sobrecarga .

As mulheres apresentam uma desvantagem mecânica durante o

levantamento de cargas pelo método de abaixamento, devido as articulações

do quadril serem localizadas mais anteriormente e afastadas do eixo de

gravidade. Isto faz com que as forças atuem na articulação lombossacra, onde

qualquer objeto manipulado por uma mulher parece ser 15% mais pesado do

que seria se fosse manipulado por um homem de idêntica estatura e força.

Segundo Oliver; Middlediich (1998): na presença de flacidez ligamentar,

o risco de tensão na articulação sacroiliaca durante levantamento por

abaixamento é elevado nas mulheres durante a gravidez ou no período

menstrual.

2.7.5 Transporte de cargas

A movimentação manual de cargas é realizada em quase todas as fases

de um processo produtivo, porém quando se trata da movimentação de cargas

pesadas, devemos redobrar os cuidados buscando diminuir ou eliminar os

riscos que esse tipo de função expõe o trabalhador.

2.7.6 Recomendações para o transporte de cargas

Na maioria das vezes após o levantamento é necessário fazer o

transporte manual de cargas, onde andar com uma carga é mecanicamente

estressante, envolvendo um alto custo energético. Enquanto se segura um

peso, os músculos das costas e dos braços sofrem tensão mecânica contínua,

por isso é primordial que alguns cuidados sejam tomados, como:

a) A carga deve ser mantida próxima ao corpo, reduzindo assim a

tensão nos músculos e o consumo de energia;

b) A carga deve conter alças ou pegas não devendo ser muito finas e

nem ter ângulos cortantes;

51

c) Evite carregar cargas com uma mão só, pois quando se usa apenas

uma das mãos para carregar a carga o corpo é submetido a uma

tensão assimétrica;

d) Deve-se utilizar o trabalho em equipe quando a carga for excessiva

ou volumosa para uma só pessoa, evitando-se que ocorra lesões nos

trabalhadores ou danos à carga;

e) Quando a dimensão vertical da carga for muito grande, impedindo a

visão dos carregadores, é necessário que um dos trabalhadores

oriente e coordene os esforços dos demais durante o percurso;

f) O trajeto a ser percorrido deve ser previamente definido, onde todos

os obstáculos devem ser removidos;

g) Os desníveis do piso devem ser transformados em rampas de

pequena inclinação de até 8%, revestida de material antiderrapante e

com corrimões nas laterais.

2.7.7 A importância dos carrinhos de transporte

Os carrinhos são equipamentos que podem substituir o transporte

manual de cargas, tendo como objetivo aliviar o esforço humano, porém

acabam exigindo outros tipos de movimentos corporais como levantar peso,

puxar e empurrar. Esses movimentos provocam tensões nos braços, ombros e

costas, e para que estas tensões possam ser aliviadas é necessário que o

manuseio do carrinho seja realizado na postura correta, onde para puxar, o

corpo deve pender para trás e, para empurrar, inclinar para frente, devendo

existir também espaço suficiente para as pernas para que essas posturas se

tornem possíveis. Deve conter pegas em forma de barras, para que as duas

mãos possam ser utilizadas para transmitir forças, já as pegas verticais devem

estar de 90 a 120 cm do solo para permitir uma boa postura tanto para puxar

com para empurrar.

Para transportar o carrinho em pisos irregulares, o mesmo deve ter

rodas grandes e largas para garantir uma boa manobra, e essas devem ser

colocadas no lado em que será exercido a força de puxar ou empurrar. Se for

necessário improvisar uma rampa, o carrinho deverá conter pegas horizontais

para poder ser erguido. A altura total do carrinho quando carregado não dever

52

ultrapassar 130 cm para que a maioria das pessoas possa enxergar sobre o

mesmo.

Para puxar ou empurrar um carrinho a força exercida não deve

ultrapassar 200N, onde este limite é colocado para evitar maiores tensões

mecânicas, principalmente nas costas. Já para movimentos com durações

superiores há um minuto, a força realizada deve cair para 100N.

2.8 Alongamento

Alongamentos são exercícios que proporcionam aumento da flexibilidade

muscular, promovendo o estiramento das fibras musculares fazendo com que

elas aumentam o seu comprimento, onde o principal efeito é o aumento da

flexibilidade, ou seja, maior amplitude de movimento possível de determinadas

articulações. É essencial para o aquecimento e relaxamento dos músculos,

podendo ser praticado sozinho ou incorporado a uma atividade física, onde

qualquer pessoa pode aprender a fazer, independente da idade e da

flexibilidade.

Durante os exercícios de alongamentos o sistema neuromuscular

movimenta-se sempre na direção em que a flexibilidade é maior nos sentido de

aliviar a tensão do músculo que seria alongado. O posicionamento simultâneo

de vários grupos musculares, com a mesma tensão pode ser muito forte para

algumas pessoas, embora todo corpo precise ser bem posicionado durante o

alongamento, não é necessário colocar a mesma tensão em todos os grupos

musculares, somente no grupo muscular objetivado é que impõe maior tensão

de alongamento.

O alongamento é uma atividade simples, tranqüila e suave, que

proporciona relaxamento e bem-estar. Quando praticado de forma correta pode

evitar vários problemas ligados ao trabalho, onde uma de suas vantagens é

que ele pode ser realizado em diversos lugares e a qualquer hora do dia. No

que se refere a saúde é o mais indicado, por isso vem sendo praticado nas

empresas, pois o excesso de tensão muscular aumenta a pressão sangüínea,

o que acaba desperdiçando energia mecânica , reduzindo a produtividade no

trabalho.

53

O termo alongamento possui diversas versões de acordo com a interpretação, aplicação e área de atuação profissional, para Harvey e col. (2002) significa intervenção que aplica tensão aos tecidos moles, induz ao aumento na extensibilidade destes tecidos, sendo amplamente administrado para aumentar a mobilidade articular e reverter contraturas. (FERNANDES et al., 2002, p.69).

2.8.1 Tipos de alongamento

As técnicas de alongamentos são divididas em dois grupos:

Alongamento dinâmico: o exercício é realizado por meio de força

gerando movimento dinâmico rápido, até o limite do arco de movimento da

articulação envolvida. Embora seja uma das formas mais utilizadas de

treinamento, se uma carga for aplicada repentina sobre o músculo pode

ocasionar alguma lesão, podendo levar a um reflexo de contração.

Alongamento estático: sem movimento, mantendo a posição de

alongamento, onde as articulações são colocadas no limite máximo do seu

arco de movimento. Então, é produzido a força do alongamento, que pode ser

induzido passivamente tanto pela gravidade nos segmentos anatômicos

envolvidos, quanto por manipulação manual por meio da aplicação de pesos,

influenciado pelo peso do segmento anatômico ou aumento do braço da

resistência.

2.8.2 Porque alongar-se

Os alongamentos podem ser realizados sempre que quiser, pois

proporcionam relaxamento ao corpo e a mente, quando feitos de maneira

correta os alongamentos trazem os seguintes benefícios:

a) Melhora da amplitude do movimento necessário às habilidades

atléticas ou atividades da vida profissional;

b) Ajudam a reduzir as tensões musculares geradas no trabalho;

c) Diminui o risco de alguns tipos de lesões;

d) Elimina ou diminui o incômodo dos nódulos musculares;

54

e) Proporciona relaxamento muscular e melhora na circulação

sanguínea;

f) Contribui para uma melhor coordenação, evitando a utilização de

esforços adicionais no trabalho;

g) Desenvolve maior conscientização corporal;

h) Diminui a ansiedade, fadiga e o estresse;

i) Deixam os movimentos mais soltos e leves.

É importante alongar adequadamente a musculatura antes do trabalho,

pois prepara os músculos para as exigências que virão, e após o mesmo

buscando relaxar a musculatura, pois para que o corpo funcione perfeitamente

ele precisa estar bem alinhado, onde o alongamento vai trabalhar nesse

sentido, equilibrando os músculos e alinhando as curvaturas da coluna.

2.8.3 Como alongar-se

Antes de tudo é importante saber a maneira correta de realizar os

alongamentos, onde os mesmos devem ser realizados até sentir uma certa

tensão nos músculos e então relaxar um pouco, permanecendo numa mesma

posição de 30 a 40 segundos, sendo os movimentos sempre lentos e suaves. A

forma adequada de alongar-se é:

a) Respirar lentamente, nunca prendendo a respiração;

b) Relaxar e prestar atenção nos movimentos;

c) Realizar os alongamentos dentro dos seus limites de conforto, não

chegando ao ponto de sentir dor;

d) Concentrar-se nos músculos e articulações que estão sendo

alongados;

e) Não se compare com outras pessoas, pois todos somos diferentes,

onde as comparações podem fazê-lo alongar-se de forma excessiva;

F) Não balançar o corpo durante o alongamento;

2.9 Lazer

O lazer é um conjunto de ocupações onde o indivíduo pode entregar-se

55

de livre vontade, seja para repousar, para divertir-se, recrear-se e entreter-se.

Tem como conceito tempo livre, estando associado a passeios no parque,

freqüentar um clube ou ir a um espetáculo, entre outros.

A atividade proporciona estrutura e rotina à vida diária e é

individualizada, pois ambas fornecem uma base segura, preenchendo as

necessidades e sustentando os papéis sociais quando há um equilíbrio entre

trabalho e divertimento. Esse equilíbrio possibilita que as pessoas usem o

tempo de forma eficaz e adaptem-se as mudanças na vida quando as mesmas

ocorrem. As capacidades do lazer podem ser desenvolvidas e inseridas nas

atividades diárias dos indivíduos.

Conseguir resultados bem sucedidos na busca das atividades de lazer

pode produzir e requerer coordenação entre os sistemas motor e profissional

do indivíduo no contexto das condições interpessoais ambientais e culturais.

56

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Para demonstrar a atuação da Terapia Ocupacional na promoção da

saúde dos trabalhadores que realizam levantamento e carregamento de

cargas, foi elaborado um manual para os trabalhadores que realizam esta

função, dando seqüência com a aplicação do manual em forma de palestra na

empresa Carino Ingredientes, que se localiza na cidade de Marília, no Estado

de São Paulo, no dia 11 de setembro de 2007. Com intuito de demonstrar a

importância deste tipo de trabalho, foram realizadas duas palestras totalizando

29 trabalhadores, onde na primeira palestra participaram 15 trabalhadores e na

segunda 14, com duração de cinqüenta minutos cada, após a apresentação da

palestra foi aplicado um questionário de múltipla escolha para avaliar os

conhecimentos obtidos pelos trabalhadores que realizam levantamento e

carregamento de cargas.

O método utilizado nesta pesquisa foi o Estudo de Caso, onde os

trabalhadores foram selecionados pelo técnico de segurança da empresa.

Para complemento do estudo foram entrevistados os seguintes

profissionais: um médico do trabalho, um fisioterapeuta, dois terapeutas

ocupacionais.

As técnicas utilizadas na pesquisa foram:

Roteiro do Estudo de Caso (APÊNDICE A);

Roteiro de entrevista para o Médico do Trabalho (APÊNDICE B);

Roteiro de entrevista para o Fisioterapeuta (APÊNDICE C);

Roteiro de entrevista o para o Terapeuta Ocupacional (APÊNDICE D);

Questionário de Avaliação para os trabalhadores (APÊNDICE E);

Norma Regulamentadora NR17 (APÊNDICE F).

Fotos da Palestra (APÊNDICE G)

3.1 Descrição da empresa

57

A empresa já existe a 14 anos na cidade de Marília-SP, contendo em

média cerca de 250 trabalhadores, onde os seus objetivos são oferecer

soluções em produtos e serviços para exigentes indústrias de alimentos da

América Latina, flexibilidade e agilidade no atendimento ao cliente,

desenvolvimento constante de novos produtos e garantia da qualidade nos

produtos e processos de produção, sendo administrada por profissionais

altamente qualificados. A Carino além de atender ao mercado brasileiro,

também atende aos sofisticados mercados da Alemanha, Argentina, Chile,

Peru, Venezuela e Marrocos.

Indústrias de chocolates, sorvetes, recheios, flans, biscoitos, cereais e

bebidas são alguns dos setores atualmente focados pela Carino, para os quais

fornece produtos e serviços padronizados, exclusivos e custom-made, ou seja,

sob medida.

Sua missão é desenvolver oportunidades de negócios, oferecendo

ingredientes e serviços com qualidade assegurada à preços competitivos,

promovendo assim, o bem-estar de seus colaboradores e da comunidade.

3.2 Proposta do manual de orientação à saúde do trabalhador que realiza

levantamento e carregamento de cargas

A proposta de aplicação do manual de orientação à saúde dos

trabalhadores que realizam levantamento e carregamento de cargas, na

Empresa Carino Ingredientes, foi desenvolvida pela necessidade de oferecer

aos trabalhadores um material ilustrativo com as orientações para uma melhor

compreensão sobre a maneira adequada de realizar o levantamento e

carregamento de cargas e a adoção de hábitos mais saudáveis para uma

melhor qualidade de vida no trabalho, auxiliando-os na prática cotidiana,

prevenindo assim, maiores agravos à saúde dos trabalhadores uma vez que,

estes possam vir a ter problemas relacionados à coluna vertebral.

Este manual foi elaborado por acadêmicas e professora do Curso de

Terapia Ocupacional, onde foi criado um boneco para ilustração do mesmo,

acompanhando o trabalhador em cada tópico do manual, fornecendo as

orientações necessárias, tendo como objetivo fornecer conhecimentos básicos

58

à saúde do trabalhador quanto ao manuseio de cargas para uma melhor

qualidade de vida e promoção da saúde.

É importante que os trabalhadores percebam que, embora seja difícil

adotar as posturas adequadas devido ao ritmo de trabalho acelerado por causa

da produtividade, estas posturas acabam se tornando uma prática diária

automática, após a conscientização dos mesmos.

As palestras informativas são importantes para que os trabalhadores

possam realizar o trabalho de maneira mais adequada possível, sendo

fundamental, portanto, respeitar o ritmo de trabalho de cada trabalhador, pois

somente assim, os mesmos estarão mais seguros, obtendo um desempenho

eficiente no trabalho.

Acreditamos que, com a conscientização e interesse dos trabalhadores,

os mesmos terão uma melhor qualidade de vida nos aspectos físico, mental e

social, realizando o trabalho de forma produtiva e agradável.

Neste manual serão abordados os seguintes itens:

Sono

Vamos começar falando do sono que é um período de repouso para o

corpo e a mente.

Quem não se sente disposto com uma boa noite de sono!

Dormir é essencial para uma boa forma física e mental, sendo

necessário em um adulto de 6 a 8 horas de sono diários. Quando isso não

acontece pode ocorrer cansaço, irritabilidade, sonolência e dores musculares.

Vamos a algumas dicas para uma boa noite de sono:

a) Tenha horário regular para dormir e acordar;

b) Vá para a cama só na hora de dormir;

c) Tenha um ambiente saudável;

d) Não faça uso de álcool próximo ao horário de dormir;

e) Não faça uso de medicamentos para dormir sem orientação médica;

f) Não exagere em café, chá e refrigerante;

g) Faça atividades físicas em horários adequados e nunca antes de

dormir;

h) O jantar deve ser moderado, em horário regular e adequado.

59

i) Não leve problemas para a cama;

j) Realize atividades relaxantes e repousantes após o jantar.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 1: Como dormir

Alimentação

Já ouviu aquele ditado: Saco vazio não pára em pé . Isso é verdade!

Quem realiza regularmente o levantamento e carregamento de cargas

gasta em média de 2.800 a 4.500 Kcal/dia.

Para recuperar a energia gasta, o trabalhador deve ter uma boa

alimentação para manter uma boa saúde e disposição para o trabalho, pois a

ela será o seu combustível para a realização das atividades diárias.

Portanto, sua alimentação deve conter grande quantidade de legumes,

verduras e frutas. Ser rica em fibras, vitaminas e minerais, sendo o consumo de

água pelo organismo uma necessidade idêntica aos demais nutrientes, pois a

cada dia, o organismo elimina através da urina, fezes, pele e até pela

respiração por volta de 2,5 L de água, o que deve ser reposto dentro de 24

horas para impedir a desidratação. Por isso beba no mínimo 2 L de água

diariamente.

Você sabia que um homem adulto gasta 1800 Cal/dia apenas para se

manter vivo em estado de repouso com seus sistemas funcionando!

60

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 2: Como alimentar-se

EPI s

Equipamento de Proteção Individual: São ferramentas de trabalho que

visam proteger a saúde do trabalhador. Saiba que é uma exigência da

legislação trabalhista brasileira, onde a empresa tem a obrigação de fornecer

os EPI s necessários para a realização do seu trabalho com o objetivo de privar

a sua saúde.

Caro amigo trabalhador, você é a principal pessoa que deve se

conscientizar quanto à importância do uso dos EPI s, pois o não uso implica

muitas vezes colocar em risco a sua saúde, podendo levar a ocorrência de

acidentes de trabalho. Portanto, limpe e mantenha seu EPI bem guardado, pois

equipamentos sujos ou gastos podem não garantir sua proteção. Caso seu EPI

esteja com defeito ou danificado, comunique imediatamente seu supervisor.

CUIDE-SE!

a) Protetor auricular: Se você não fizer uso no ambiente de trabalho,

com o tempo pode provocar surdez, fadiga e estresse. É importante

lavar as mãos antes de manusear o protetor.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 3a: Protetores auriculares

61

b) Luvas: Se você trabalha com facas ou lâmina é primordial o uso

efetivo das luvas para evitar lesões cortantes nas mãos. Sempre

utilize-se do auxílio da visão para acompanhar a sua mão na

realização do trabalho, pois ela contribui decisivamente para tornar

você um trabalhador hábil e valioso, por isso, trabalhe com atenção e

não descuide de sua segurança em nenhum momento.

As luvas devem ser do tamanho ideal para sua mão. Antes de colocá-la

verifique se não estão rasgadas ou furadas para não afetar sua segurança.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 3b: Luvas

c) Máscara: É necessária a utilização em alguns ambientes de trabalho,

sendo indispensável para a não inalação de produtos químicos e a

diminuição de odores desagradáveis e prejudiciais à saúde.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 3c: Máscara

62

d) Óculos: É necessário utilizá-lo em alguns ambientes de trabalho, pois,

protege os olhos contra partículas, luz intensa, radiação e respingos

de produtos químicos.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 3d: Óculos

e) Capacetes: É necessário para proteger contra impactos e

penetrações, caso sua cabeça seja atingida por algum objeto, ou

até mesmo por choques elétricos e queimaduras.

f) Calçados: preservam os pés contra impactos, machucados e

esmagamentos.

Fique Atento!

Use EPI s, pois eles protegem contra doenças ocupacionais.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 3e: Todos os EPI s

63

Segurança no Trabalho

A segurança no trabalho é um fator importante para você trabalhador,

pois através desta, o trabalho se torna mais produtivo, apresentando menor

índice de erros e acidentes.

O treinamento para cada posto de trabalho, é um fator importante dentro

da empresa, pois previne acidentes e doenças ocupacionais, melhorando

assim, a qualidade de vida no trabalho.

Portanto, participe com satisfação dos treinamentos. Vamos a algumas

dicas:

a) realize seu trabalho com atenção, satisfação e ritmo adequado;

b) tenha uma boa noite de sono;

c) seja organizado no seu setor de trabalho;

d) mantenha um bom relacionamento com os companheiros de trabalho;

e) mantenha o ambiente de trabalho limpo e com boa iluminação;

f) utilize ferramentas especiais para afastar as mãos dos pontos perigosos

de operação;

g) use os EPI s para proteger as partes do corpo que possuem maiores

riscos de acidentes;

h) não deixe objetos que possam obstruir as passagens e corredores;

i) limpe imediatamente os pisos molhados, sujos de óleo ou graxa;

j) ao descer e/ou subir escadas utilize o corrimão;

k) caso sinta dores ao realizar o trabalho comunique imediatamente o seu

supervisor e se dirija para enfermaria.

NÃO TRABALHE SENTINDO DORES

PROCURE O MÉDICO!!!

Coluna Vertebral

Você que realiza levantamento e carregamento de cargas, precisa saber

um pouco mais sobre a sua coluna, pois nunca estamos livres de problemas

relacionados a ela, sendo assim, é preciso tomar alguns cuidados para evitar

possíveis lesões.

A coluna vertebral é considerada uma perfeita obra de engenharia.

Sustenta o tronco para que os mais diversos movimentos sejam realizados. É

64

composta por 33 vértebras, sendo divididas em regiões: cervical, torácica,

lombar, sacral e coccígena. Entre cada uma das vértebras existe uma estrutura

chamada disco intervertebral que tem a função de suportar e amortecer as

cargas que recaem sobre a coluna.

Tanto na realização de esforços físicos, como na adoção de posturas

incorretas, a região lombar é a mais atingida, desencadeando a dor, que nessa

região é conhecida como lombalgia.

O posicionamento incorreto durante o trabalho, pode levar além da

lombalgia outros acometimentos mais sérios da coluna vertebral, como

exemplo a hérnia de disco, que é uma degeneração do disco intervertebral,

podendo até levar a incapacidade na realização do trabalho.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 4: Coluna vertebral

Agora passarei algumas dicas quanto as posturas adequadas durante as

atividades diárias:

a) Quando sentado

65

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5a: Quando sentado Figura 5b: Quando sentado

b) No carro

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5c: No carro Figura 5d: No carro

c) Posição para dormir

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5e: Posição para dormir Figura 5f: Posição para dormir

66

d) Quando pegar uma criança

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5g: Quando pegar Figura 5h: Quando pegar

uma criança uma criança

e) Como carregar mochila

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5i: Como carregar mochila

67

f) Como pegar objetos

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5j: Como pegar objetos Figura 5k: Como pegar objetos

g) Como lavar o rosto

certo errado

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 5l: Como lavar o rosto

Uma dica para você trabalhador relaxar a musculatura da coluna lombar,

reduzindo assim o cansaço, permaneça alguns minutos nessa postura:

68

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 6: Como relaxar a coluna

Manuseio de Cargas

Sendo o manuseio de cargas uma das funções realizadas no seu posto

de trabalho, você precisa estar atento a alguns cuidados que deverão ser

tomados, pois o manuseio inadequado de cargas poderá trazer conseqüências,

como: dores lombares, entorses, deslocamento de discos e hérnias.

Vamos a algumas dicas quanto aos procedimentos corretos durante o

levantamento e transporte de cargas:

a) posicionar-se junto à carga, com os pés separados para proporcionar

melhor equilíbrio e estabilidade;

b) segurar a carga usando a palma da mão e todos os dedos. A mão

inteira deve espalmar-se sobre o objeto;

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7a: Como abaixar-se para pegar objetos

69

c) os braços e cotovelos devem ser mantidos junto ao corpo, ajudando

assim manter a carga centralizada. Braços afastados diminuem a

força;

d) levantar-se usando somente a força das pernas para evitar

sobrecarga a sua coluna;

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7b: Como levantar e segurar os objetos

e) no deslocamento da carga, a coluna deve ser mantida reta, estando à

carga o mais próximo possível do corpo;

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7c: Como levar e deslocar a carga

f) a carga deve estar 40 cm acima do piso, se estiver abaixo, o

carregamento deve ser feito em duas etapas. Coloque-a inicialmente

sobre uma plataforma, depois a pegue em definitivo;

70

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7d: A carga deve estar 40 cm acima do piso

g) antes de levantar um peso, remova todos os obstáculos que possam

atrapalhar a passagem, não se esquecendo dos que não são

possíveis de remover do caminho;

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7e: Remova todos os obstáculos

que possam atrapalhar a passagem

h) O levantamento de cargas deve ser realizado de maneira lenta e

controlada;

i) Ao invés de girar só o tronco, gire o corpo todo movimentando os pés

com pequenos passos, diminuindo assim os riscos na coluna;

71

j) Evite desnível da carga;

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7f: Evite desnível da carga Figura 7fg: Evite desnível da carga

k) No caso de volume excessivo de cargas realizar em dois

trabalhadores;

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7h: Evite desnível Figura 7i: Evite desnível

da carga da carga

l) Evite o transporte de cargas com apenas uma das mãos;

72

Fonte: Elaborado pelas autoras Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7j: Evite o transporte Figura 7k: Evite o transporte

com apenas uma das mãos com apenas uma das mãos

m) Como levantar e transportar placas de madeira.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 7l: Como levantar e transportar placas de madeira

Se no seu setor de trabalho tiver carrinho, sempre que possível utilize-o

para transportar cargas, pois os mesmos devem dispor de empunhaduras

verticais, diminuindo assim o esforço físico e a tensão muscular, evitando

possíveis riscos a sua saúde.

73

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 8: Carrinho de transporte

Caro trabalhador caso sinta dores ao realizar o trabalho, procure um

médico imediatamente para evitar maiores complicações. Se for constatado

algum problema procure o tratamento de reabilitação o mais rápido possível.

Caso continue trabalhando, realize seu trabalho na postura adequada.

Alongamento

O alongamento é uma atividade muito simples que pode fazer você se

sentir melhor. Praticado corretamente reduz a tensão muscular, relaxa o corpo,

deixa os movimentos mais soltos e leves, previne lesões, prepara o corpo para

as atividades físicas e ativam a circulação.

Portanto, é importante que você trabalhador alongue-se diariamente,

antes e após o trabalho.

Vamos a algumas dicas de como alongar-se corretamente:

a) Respirar naturalmente;

b) Relaxar;

c) Prestar atenção ao corpo;

d) Concentrar-se nos músculos e articulações a serem alongados;

e) Sentir o alongamento;

f) Não balançar o corpo durante o alongamento;

g) Você não deve sentir dor ao realizar o alongamento, caso isso

aconteça, realize o movimento até onde conseguir e sem dor.

74

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 9a: Alongamento

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 9b: Alongamento

75

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 9c: Alongamento

Lazer

Saiba que o lazer é um conjunto de ocupações onde as pessoas podem

entregar-se espontaneamente, seja para repousar-se, divertir-se, recrear-se e

entreter-se.

Caro trabalhador tanto o lazer como o trabalho são fatores importantes

na vida de uma pessoa. Os dois se completam e são necessários para o bem

estar, pois é uma forma que as pessoas encontram para aproveitar seu tempo

sem precisar estar se preocupando com as questões diárias do trabalho, que

muitas vezes geram estresse e ocupação.

Você precisa de momentos de lazer, vou lhe sugerir algumas dicas:

a) Tire seus dias de descanso para repousar.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 10a: Tire seus dias de descanso para repousar

76

b) Programe passeio com a família.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 10b: Programe passeio com a família

c) Divirta-se com os amigos.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 10c: Divirta-se com os amigos

77

d) Pratique alguma atividade física que lhe dê prazer.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Figura 10d: Pratique alguma atividade

física que lhe dê prazer

Cuide bem de sua saúde, incorporando hábitos mais saudáveis, como

exercícios físicos regulares e bons momentos de lazer.

Aproveite sua vida ao máximo!

3.3 Resultados

Foi elaborado um questionário de múltipla escolha, contendo 12

perguntas, sendo 8 delas direcionadas à perguntas específicas quanto a

conhecimentos básicos contidos no manual e 4 enfocando informações

julgadas necessárias para a pesquisa, os mesmos foram distribuídos aos 29

trabalhadores, onde na primeira palestra participaram 15 e na segunda 14

trabalhadores, sendo respondido logo após a apresentação da palestra para

avaliação dos conhecimentos obtidos por meio desta.

Após a coleta dos dados obtidos, apresentam-se os seguintes

resultados:

78

Perguntas nº de pessoas

1 Quantas horas de sono seu corpo precisa para descansar e repor as energias

De 2 a 3 horas de sono 0

De 2 a 5 horas de sono 0

De 6 a 8 horas de sono 29

De 4 a 6 horas de sono 0

2 Marque um (X) na alternativa que julgar o tipo de alimentação saudável para manter uma boa saúde

Alimentação rica em proteínas e gorduras 0

Alimentação baseada apenas em carnes 0

Alimentação baseada em sanduíches e biscoitos

0

Alimentação rica em legumes, verduras, frutas e fibras 29

3 Quanto aos equipamentos de proteção individual, marque a alternativa correta: I) a empresa tem a obrigação de fornecer EPI s II) caso surja um defeito no seu EPI você deve ter o prazo de 1 mês para comunicar o seu supervisor III) os EPI s não protegem a saúde dos trabalhadores IV) as luvas devem ser do tamanho ideal das suas mãos

As alternativas I e II estão corretas 9

As alternativas III e I estão erradas 0

As alternativas I, II e IV estão corretas 20

4 O posicionamento incorreto durante o trabalho pode levar além da lombalgia, outros acometimentos mais sérios na coluna

Certo 28

Errado 1

5 Ao abaixar-se para pegar a carga, você deve

Dobrar as costas e manter as pernas esticadas

0

Dobrar os joelhos e manter as costas reta 29

6 Ao transportar a carga, você deve mantê-la

Distante do corpo com os braços afastados, mantendo a carga centralizada.

0

continua...

79

Próxima ao corpo, assim como os braços e

cotovelos também, mantendo a carga centralizada 29

7 Quando você pega uma carga para colocá-la em outro local próximo, realizando a rotação de tronco é necessário virar os pés juntos

Sim 28

Não 1

8 Quanto ao alongamento, marque a alternativa errada

É uma atividade simples, relaxa o corpo 8

É uma atividade simples que aumenta a tensão muscular

21

9 Você já havia recebido informações quanto a maneira correta de realizar o levantamento e carregamento de cargas

Sim 20

Não 9

9.1 Caso sim, você já adotou a postura correta

Sim 17

Não 7

Não respondeu 5

10 Após os conhecimentos obtidos nesta palestra quanto ao levantamento e carregamento de cargas, você irá adotar as posturas corretas

Sim 29

Não 0

11 Foi de fácil compreensão as informações transmitidas na palestra

Sim 29

Não 0

12 O que você achou das informações contidas na manual

Excelente 15

Ótimo 7

Bom 7

Regular 0

Ruim 0

Péssimo 0

Fonte: Elaborada pelas autoras

continuação

80

Tabela 1 Resultado do aproveitamento da palestra

Comentário: as perguntas de número 1 a 8 são as que dizem respeito à

conhecimentos básicos do manual, onde foi possível após a análise dos dados

observar que quinze dos trabalhadores avaliados obtiveram 100% de acerto,

onze deles obtiveram 87,5% de acertos, dois deles 75% e apenas um 62,5%

de acerto.

Nas perguntas de número 9 a 12, abrangeram informações julgadas

necessárias para a pesquisa, onde 100% dos trabalhadores julgaram que as

informações transmitidas na palestra foram de fácil compreensão, 96,5%

disseram que após os conhecimentos obtidos na palestra irão adotar posturas

adequadas, 31% dos trabalhadores não haviam recebido informações quanto à

maneira correta de se realizar o levantamento e carregamento de cargas e

48% deles, já haviam recebido informações quanto o manuseio de cargas,

dizendo já terem adotado a postura correta e, dos 29 trabalhadores, 51,8%

julgaram excelente as informações contidas no manual, 24,1 julgaram ótimo e

24,1 julgaram bom.

3.4 A palavra dos profissionais

3.4.1 A palavra do médico do trabalho

Foi entrevistado o médico do trabalho, sexo masculino, 49 anos,

residente na cidade de Lins, SP.

Eis o seu depoimento:

Vejo que o trabalho desenvolvido em empresas deve visar o bem

estar físico e psíquico do trabalhador e a segurança no trabalho,

preocupando-se sempre com a satisfação e o conforto dos

funcionários no seu posto de trabalho. Deve-se oferecer

condições de trabalho correto para diminuir o absenteísmo,

incentivando e orientando as formas de prevenir possíveis

agravos. Portanto, se o trabalhador não realizar suas tarefas de

forma adequada irá adoecer, necessitando de um atestado,

podendo ser afastado do emprego, e consequentemente trará

81

prejuízos à empresa, que ficará com um funcionário a menos, que

fará parte do quadro de absenteísmo. (MÉDICO DO TRABALHO,

48 anos)

3.6.2 A palavra do Fisioterapeuta

Foi entrevistado o fisioterapeuta, sexo masculino, 36 anos, residente na

cidade de Lins, SP.

Eis o seu depoimento:

Na minha opinião o trabalho a ser desenvolvido em empresas

para promoção da saúde dos trabalhadores irá depender do tipo

de trabalho e área que o trabalhador desenvolve. A saúde do

trabalhador é importante para o aumento da produtividade e

diminuição do absenteísmo e, sem dúvidas a prevenção sob

forma de palestras, vivências e práticas é o melhor trabalho a ser

desenvolvido. A empresa e os trabalhadores que realizam

frequentemente levantamento e carregamento de cargas de

forma inadequada terão como conseqüência um aumento da ida

à enfermaria e ao médico e baixa produtividade. A elaboração e

aplicação de um manual de orientação à saúde desses

trabalhadores é muito bom, desde que haja facilitadores para

execução e um estreitamento com a supervisão da CIPA.

(FISIOTERAPEUTA, 36 anos)

3.4.4 A palavra dos Terapeutas Ocupacionais

Foi entrevistada a Terapeuta Ocupacional, sexo feminino, 27 anos,

residente na cidade de Lins, SP.

Eis o seu depoimento:

Vejo que para desenvolver um trabalho que traga bons resultados

é necessário um trabalho em equipe, ou seja, a equipe de saúde

ocupacional completa e trabalhando em conjunto. Não devemos

deixar de falar em ergonomia que visa saúde, conforto e

segurança ao trabalhador, conseqüentemente a eficácia a que se

82

torna, bem visto aos olhos do empresário. A ergonomia contribui

para promoção da saúde dos trabalhadores por meio de diversas

facetas as quais podemos desenvolver estudos e aplicá-los no

cotidiano do trabalho. Uma dessas facetas é a Análise

Ergonômica do Trabalho (AET) a mais utilizada em nosso país, é

direcionada a ergonomia de correção uma vez que não é

realizado o trabalho necessário no desenvolvimento de um posto

de trabalho o que chamamos de ergonomia de concepção. A AET

guiará o que será necessário realizar para promover a saúde do

trabalhador, além disso, podem-se enfocar estudos nas diversas

áreas de saúde e trabalho, enfim, através destes meios podemos

realizar programas de palestras educativas envolvendo diversos

assuntos, orientações posturais, campanhas de prevenção,

implantação de ginástica laboral e programas de qualidade de

vida, entre outros. As conseqüências para a empresa e

trabalhadores que realizam freqüentemente levantamento e

carregamento de cargas de forma inadequada são os transtornos

causados à coluna vertebral e estas constituem uma das maiores

causas de afastamento prolongado do trabalhador e de

sofrimento humano. Para empresa pode levar ao aumento de

gastos uma vez que o quadro clínico do funcionário se agrave

levando aos afastamentos e/ou licença para tratamento

conservador e/ou cirúrgico; sendo que estes não estão gerando

lucros à empresa, não estão presentes na linha de produção.

Muitas vezes a empresa responde os processos judicialmente.

Quanto à elaboração e aplicação de um manual de orientação à

saúde desses trabalhadores, todo trabalho que vise a educação e

conscientização do trabalhador em prol de sua saúde é de

fundamental importância, principalmente considerando que 80%

das pessoas referem queixas de dor lombar em alguma fase da

vida. Segundo a Norma Regulamentadora NR-17 no seu item

17.2 subitem 17.2.2 todo trabalhador designado para o transporte

manual regular de cargas que não as leves, deve receber

treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de

83

trabalho, que deverá utilizar com vistas a salvaguardar sua saúde

e prevenir acidentes. Todas as empresas têm o dever de

desenvolver este tipo de trabalho. (TERAPEUTA

OCUPACIONAL, 27 ANOS)

Foi entrevistada a Terapeuta Ocupacional, sexo feminino, 46 anos,

residente na cidade de Lins, SP.

Eis o seu depoimento:

Atualmente as empresas mais conceituadas, já se

conscientizaram da necessidade de investirem em programas

preventivos, como forma de se precaverem de possíveis

indenizações trabalhistas por parte dos lesionados. A atuação da

consultoria em ergonomia nas empresas vem crescendo cada vez

mais, onde o terapeuta ocupacional é essencial nos programas

de prevenção de doenças ocupacionais, através de métodos de

avaliação, análise de atividades que permitem relacionar as

capacidades de trabalho do indivíduo e as exigências do posto de

trabalho. São necessárias orientações grupais, porém

respeitando as individualidades de cada um, amenizando ou

evitando a sobrecarga física e mental durante o trabalho, sendo

importantes algumas orientações como: manutenção e adaptação

de mobiliários, equipamentos e ferramentas; melhoria da

organização, condições e ambiente de trabalho (ritmo de trabalho,

divisão de tarefas, rodízios, autonomia, plano de pausas, etc);

compreensão e motivação dos funcionários no processo de

trabalho e com a saúde; orientação postural frente às atividades

estáticas e dinâmicas, nos exercícios de relaxamento,

automassagem, respiração, alongamentos e confecção de

órteses quando necessário; reuniões com os grupos de

funcionários para verificar as queixas por setor de trabalho; e

observação e análise das atividades dos trabalhadores e dos

postos de trabalho. As atividades profissionais que exigem a

movimentação manual de cargas nas empresas expõem esses

84

funcionários a vários riscos, por procedimentos inadequados

durante o transporte, como cargas muito pesadas ou mal

equilibradas, tempo insuficiente de descanso, ponto de apoio

instável, esforços da coluna por tempo prolongado com

movimentos de abaixamento e elevação de cargas com ritmo de

trabalho excessivo. A continuidade destas regras de más práticas

ao longo do tempo pode provocar sérias lesões nos trabalhadores

atingidos, ou ainda, determinados tipos de acidentes ou

incidentes. As dores nas costas devido as hérnias discais,

geralmente na região lombar, dores nos pés e membros

superiores são as queixas mais freqüentes desses trabalhadores,

em conseqüências dos levantamentos que estão para além da

capacidade física dos trabalhadores ou ainda aplicação de

métodos de trabalho impróprios. As conseqüências são

desastrosas para ambos, pois o trabalhador poderá ter seqüelas

para sempre, impossibilitando de continuar atuante no campo de

trabalho, e a empresa também perde através de perícias,

medicações, indenizações legais e principalmente a imagem da

empresa fica comprometida em relação a má qualidade do

ambiente e segurança no trabalho, diminuindo com isso a

produtividade da empresa como um todo e conseqüente

diminuição da sua rentabilidade. Considero importante a

elaboração e aplicação de um manual de orientação à saúde do

trabalhador, pois as empresas de referência tanto no exterior

como no Brasil, utilizam as orientações ergonômicas através de

manuais, que facilitam ao trabalhador lembrar das orientações

feitas pela terapeuta ocupacional. (TERAPEUTA OCUPACIONAL,

46 anos)

3.5 Discussão

Este trabalho procurou demonstrar à importância da atuação do

Terapeuta Ocupacional em empresas, promovendo a saúde do trabalhador

85

através da elaboração e aplicação de um manual de orientação a saúde do

trabalhador que realiza levantamento e carregamento de cargas.

De acordo com Lancman (2004): o mundo do trabalho tem sofrido

grandes transformações nos últimos anos com a entrada de novas tecnologias,

aceleração do ritmo do trabalho, mudanças no modo de produção e surgimento

de novas profissões, o que acaba influenciando no aparecimento de novas

organizações do trabalho e na reorganização das empresas já existentes,

necessitando de adequação para sobreviver a essas novas realidades criando,

portanto, uma grande mobilidade no mercado de trabalho, favorecendo

relações de trabalhos precários, que influencia nas condições de trabalho e

saúde dos empregados.

Atualmente, a Terapia Ocupacional vem contribuindo no campo da

saúde e do trabalho devido a crescente consciência das relações entre os

fatores ocupacionais e o adoecimento, além da necessidade das empresas

investirem em programas preventivos, precavendo possíveis indenizações

trabalhistas por parte dos lesionados. (WATANABE; NICOLAU apud DE

CARLO; BARTALOTTI, 2001)

A Ergonomia e a Terapia Ocupacional na área da Saúde e Trabalho

estudam e analisam as questões e contradições individuais e coletivas do

mundo do trabalho, incluindo o processo de adoecimento pelo trabalho, com

objetivo criar outras proposições, viabilizando a aplicação técnica de vários

conhecimentos, oferecendo soluções coerentes com as exigências da saúde

dos trabalhadores e da produção. Ambas têm como compromisso analisar o

mundo do trabalho e a atividade laboral. (LANCMAN, 2004)

O manuseio de cargas é responsável pela maioria dos traumas

musculares entre os trabalhadores, ocorrendo com mais freqüência a

lombalgia. Para se ter uma idéia da sua importância clínico-epidemiólogica,

cerca de 80% das pessoas apresentam dores lombares ao longo da vida, e a

lombalgia é a maior causa de incapacidade de curta e longa duração entre os

trabalhadores. (FERREIRA JUNIOR, 2002).

A norma regulamentadora da ergonomia NR-17 do Ministério do

Trabalho em seu item 17.2, sub-item 17.2.3 diz que: todo trabalhador

designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve

receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de

86

trabalhos que deverá utilizar com vistas a salvaguardar a saúde e prevenir

acidentes.

Conforme Couto (1995): para prevenir a lombalgia são utilizadas três

tipos de medidas, onde essas são a seleção médica criteriosa, que costuma

diminuir a incidência das lombalgia em até 30%; ensino de técnicas de

manuseio de carregamento de cargas, capaz de diminuir a incidência em até

20%, e medidas ergonômicas, sendo de alta eficácia, capaz de diminuir a

incidência em até 80%.

Se faz necessário dar atenção ao trabalho de manuseio de cargas,

fazendo com que diminuam os riscos à saúde e promovam a qualidade de vida

no trabalho, gerando benefícios tanto para o empregado como para o

empregador.

3.6 Conclusão da pesquisa

Na pesquisa realizada foi possível observar a importância da

aplicabilidade do manual de orientação à saúde dos trabalhadores que

realizam levantamento e carregamento de cargas, visando ampliar seus

conhecimentos principalmente com relação à postura no trabalho. Este tipo de

trabalho preventivo gera melhorias na qualidade de vida e na atividade laboral.

Após a análise dos dados obtidos pelo questionário foi possível

identificar que este tipo de trabalho trás resultados benéficos, propiciando a

aquisição de conhecimentos e a conscientização dos trabalhadores, fazendo

com que estes se atentem a sua saúde, melhorando assim, seu desempenho

no trabalho.

87

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Após a realização deste trabalho observou-se a obtenção de resultados

satisfatórios. Quando nos atentamos ao trabalho de levantamento e

carregamento de cargas, sendo este realizado de maneira inadequada, sabe-

se que pode acarretar problemas à saúde dos trabalhadores, se faz necessário

à realização de um trabalho preventivo.

O que foi realizado neste estudo foi apenas um início de um trabalho

visando à promoção da saúde destes trabalhadores. Devemos enfatizar a

necessidade de se complementar com outras ações a serem escolhidas após a

avaliação profissional julgada pelo próprio terapeuta. Dentre elas podemos

destacar a análise ergonômica do trabalho, buscando avaliar o posto de

trabalho, o ambiente e a organização do trabalho, de forma que possa analisar

e buscar recomendações necessárias para adaptar o homem ao trabalho de

forma que promova a segurança, saúde e desempenho eficiente; uma vez que

encontramos nos postos de trabalhos muitas inadequações que levam a

adoção de posturas incorretas, caso essa situação não seja melhorada, mesmo

o trabalhador recebendo as informações quanto à postura correta, o mesmo

não conseguirá adotar devido às características físicas do seu posto de

trabalho. As análises englobam as recomendações que merecem destaque ao

auxiliar também na prevenção de agravos à coluna vertebral do trabalhador

que realiza o manuseio de cargas, dentre elas podemos citar algumas ações

de grande relevância como a orientação postural in loco, a ginástica laboral e a

implantação de programas de qualidade de vida nas empresas que enfoquem

uma gratificação para aqueles trabalhadores que seguem corretamente as

orientações fornecidas pelo profissional da área.

Diante disso, propõe-se que os profissionais que realizam palestras,

utilizando materiais ilustrativos como manual, dê continuidade a este trabalho

preventivo, buscando também outras ações específicas, almejando um trabalho

mais efetivo, com isso sugere-se a realização da análise ergonômica do

trabalho, utilizando como uma de suas ferramentas a equação de NIOSH.

88

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como demonstrado no decorrer do trabalho, o acelerado

desenvolvimento de tecnologias, a alta produtividade, se faz necessário à

atenção à saúde dos trabalhadores, onde os empresários estão ampliando a

sua visão ao investir em programas de prevenção.

A pesquisa evidenciou que a Terapia Ocupacional vem oferecendo

importantes contribuições no campo da saúde e do trabalho. Quando nos

referimos aos trabalhadores que realizam levantamento e carregamento de

cargas, os mesmos se tornam mais propícios ao aparecimento de problemas à

coluna vertebral, sendo assim, o trabalho de promoção à saúde se faz

extremamente necessário, tanto para o trabalhador quanto para o empresário.

A Norma Regulamentadora da Ergonomia NR17 trás que todos os

trabalhadores que realizam o transporte manual regular de cargas, que não as

leves devem receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos

métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde

e prevenir acidentes.

O intuito deste trabalho foi o de dar início à promoção da saúde por meio

da aplicação do manual e, também legalizar a empresa no que diz respeito à

NR17, quanto ao treinamento dos trabalhadores que realizam o transporte

manual de cargas.

A pesquisa ressaltou que este tipo de trabalho trás resultados

satisfatórios, gerando benefícios tanto para a empresa quanto para o

trabalhador.

Considerando a relevância do tema abordado, a elaboração deste

manual foi de importância ímpar para ações que visem a promoção da saúde e

qualidade de vida no trabalho possibilitando transmitir a aquisição de

conhecimentos e uma melhor interação entre o sistema homem- trabalho.

89

REFERÊNCIAS

ABRANTES, A. F. Atualidades em Ergonomia

Logística, Movimentação de

Materiais, Engenharia Industrial, Escritórios. São Paulo: IMAM, 2004.

ANDERSON, B. Alongue-se. 23. ed. São Paulo: Summus, 2003.

ANDERSON, B. Alongue-se no Trabalho: exercícios de alongamento para escritório e computador. 3. ed. São Paulo: Summus, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. O que é ergonomia?. Recife, 28 jul.2005. Disponível em: <http:// www.abergo.org.br/oqueeergonomia.htm>. Acesso em: 01 jun.2007.

BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e do esporte. São Paulo: Manole, 1994.

BENTO, M. Trabalho ou lazer?; Disponível em: http://www.escolaviva.com.br/7serie/alazer_marinab.htm. Acesso em: 24 mai.2007.

BLAKISTON. Dicionário Médico. 2. ed. São Paulo: Andrei, 1982.

BRASIL. Decreto

Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1997. Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo, SP.

CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. Terapia Ocupacional: fundamentação & prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

CHAFFIN, D.B. Biomecânica ocupacional. Belo Horizonte: Ergo, 2001.

COMITE DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO WFOT. Definições de Terapia Ocupacional. Salesiano de Lins, 2003.

CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL. Terapia Ocupacional, Recife. Disponível em: <http://www.crefito1.org.br/asp/tera.asp>. Acesso em: 08 jun.2007.

90

COSTA, M. Tratando dores nas costas e problemas de coluna: sintomas, cuidados, tratamento, hábitos saudáveis. São Paulo: Alaúde, 2006.

COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995.

DECENZO, D.A.; ROBBINS, S.P. Administração de recursos humanos. 6. ed. Rio de Janeiro: Copyright, 2001.

DORON, R.; PAROT, F. Dicionário de psicologia. São Paulo: Ática, 2000.

DUL, J; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. 2. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2004.

DUTRA-DE-OLIVEIRA, J. E. Ciências Nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.

EPI

Equipamento de proteção individual

NR6. Guia DP & RH. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/guiadp/paginas/paral_epi.htm>.

EPSTEIN, I. Comunicação e Saúde Pública: Um projeto integrado. São Paulo, jan/fev/mar. 2001. Disponível em: http://www2.metodista.br/unesco/pcla/revista6/projetos%206-3.htm

Acesso em: 08 jun.2007.

FERREIRA Jr., M. Saúde no trabalho: temas básicos para o profissional que cuida da saúde dos trabalhadores, São Paulo: Roca, 2002.

FERNANDES, A. et al. Cinesiologia do alongamento. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Sprint Ltda, 2002.

FIGUEIREDO, F.; MONT ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

FIGUEREIDO, J, D. Pontos de verificação ergonômica: soluções práticas e de fácil aplicação para melhorara segurança, a saúde e as condições de trabalho. Fundacentro: São Paulo, 2001.

91

GARNIER, M.; et al. Dicionário Andrei de termos de medicina. 2. ed. Andrei: São Paulo, 2000.

GENNARI, P. B. A importância dos alongamentos. Disponível em <http//www.faac.unesp.Br/pesquisa/wos/mexa.se/alongamentos/imp.Alongamentos. htm>.

GOLLEGÃ, A. C. C.; LUZO, M. C. M.; CARLO, M.M. R. P. Terapia Ocupacional

princípios, recursos e perspectivas em reabilitação física. In: CARLO, M.M.R.P.; BARTALOTTI, C.C. (org). Terapia Ocupacional no Brasil: fundamentos e perspectives. São Paulo: Plexus, 2001. p. 137-154.

GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Manual Prático para avaliação em Educação Física. Barueri, SP: Manole, 2006.

IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.

Instituto de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. A importância do Sono. São Paulo: Fundação Dorina Nawell para Cegos, 2003.

Instituto do sono. Disponível em: http://www.sono.org.br/index.php.source=o sono.

KROEMER, K. E; GRANDJEAR, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: 2005.

LANCMAN, S. Saúde, trabalho e terapia ocupacional. São Paulo: Roca, 2004.

LAZER. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/lazer>.

NASCIMENTO, N. M.; MORAES, R.A.S. Fisioterapia nas empresas: saúde x trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2000.

NEISTADT, M. E.; CREPEAU, E. B. Willard & Spackman: Terapia Ocupacional. Tradução Paula Mendes Luz; José Eduardo Ferreira de Figueiredo. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

92

O que é segurança do trabalho. Disponível em: <http.//.www.areaseg.com/

seg/>.

OLIVER, J; MIDDLEDIICH, A. Anatomia funcional da coluna vertebral. Rio de Janeiro: Revinter, 1998.

PEDRETTI, L. W; EARLY, M. B. Terapia Ocupacional: capacidades práticas para as disfunções físicas. 5. ed. São Paulo: Roca, 2004.

PORTO, F. Nutrição para quem não conhece nutrição. São Paulo: Livraria Varela, 1998.

PICOLI, E.B.; GUASTELLI, C.R. Ginástica Laboral para cirurgiões dentistas. São Paulo: Phorte, 2002.

ROSSI, L, C. C; LEMOS, R. M. Z. A atividade física como fator de qualidade de vida e saúde do trabalhador. 2006. Monografia (Pós-graduação Lato Sensu em Fisioterapia do Trabalho)

Faculdade de Educação Física de Lins, Lins.

SÁ, N. G. Nutrição e dietética. 7. ed. São Paulo: Nobel, 1990.

SÁ, S. Ergonomia e coluna vertebral no seu dia-a-dia. Rio de janeiro: Taba Cultural, 2002.

SALVE, M. G. C.; THEODORO, P. F. R. Saúde do trabalhador: A relação entre ergonomia, atividade física e qualidade de vida. Salusvita. Bauru, v.2, n.1, p.137-145, 2004.

Segurança do trabalho. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org.ufsm.br/etism/

perguntasst.html>.

VERDERI, E. Programa de educação postural. 2.ed. São Paulo: Phorte, 2005.

93

APÊNDICES

94

APÊNDICE A - Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

1.1 Manual de orientação à saúde do trabalhador

2 TRABALHO REALIZADO

2.1 Materiais

2.2 Ferramentas empregadas

2.3 Técnicas utilizadas

2.4 Depoimentos sobre o caso: médico do trabalho, técnico de segurança,

fisioterapeuta, terapeutas ocupacionais, trabalhadores

3 DISCUSSÃO

Discussão e análise dos dados obtidos na palestra

4 RESULTADOS E SUGESTÕES

Serão colocados os resultados e sugestões obtidos através da palestra e

sugerida proposta de intervenção.

95

APÊNDICE B Roteiro de Entrevista para o Médico do Trabalho

I Dados de identificação

Cargo, Função, Profissão:

Sexo: Idade:

Escolaridade:

Experiências Profissionais:

Outras experiências:

Residência/Local:

II Perguntas específicas

1 Na sua opinião qual trabalho deve ser desenvolvido em empresas para

promoção da saúde dos trabalhadores? Justifique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2 Quais as conseqüências para a empresa e trabalhadores que realizam

freqüentemente levantamento e carregamento de cargas de forma

inadequada?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

3 O que você acha da elaboração e aplicação de um manual de orientação

à saúde do trabalhador que realiza levantamento e carregamento de cargas?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

96

APÊNDICE C - Roteiro de Entrevista para o Fisioterapeuta

I Dados de identificação

Cargo, Função, Profissão:

Sexo: Idade:

Escolaridade:

Experiências Profissionais:

Outras experiências:

Residência/Local:

II Perguntas

1

Na sua opinião qual trabalho deve ser desenvolvido em empresas para

promoção da saúde dos trabalhadores? Justifique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2 Quais as conseqüências para a empresa e trabalhadores que realizam

freqüentemente levantamento e carregamento de cargas de forma

inadequada?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

3 O que você acha da elaboração e aplicação de um manual de orientação à

saúde do trabalhador que realiza levantamento e carregamento de cargas?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

97

APÊNDICE D - Roteiro de entrevista o para o Terapeuta Ocupacional

I Dados de identificação

Cargo, Função, Profissão:

Sexo: Idade:

Escolaridade:

Experiências Profissionais:

Outras experiências:

Residência/Local:

II Perguntas

1

Na sua opinião qual trabalho deve ser desenvolvido em empresas para

promoção da saúde dos trabalhadores? Justifique.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

2 Quais as conseqüências para a empresa e trabalhadores que realizam

freqüentemente levantamento e carregamento de cargas de forma

inadequada?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

3 O que você acha da elaboração e aplicação de um manual de orientação à

saúde do trabalhador que realiza levantamento e carregamento de cargas?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

98

APÊNDICE E - Questionário de Avaliação para os Trabalhadores

1 Quantas horas de sono o seu corpo precisa para descansar e repor as energias?

a) ( ) 2 a 3 horas de sono b) ( ) 2 a 5 horas de sono c) ( ) 6 a 8 horas de sono d) ( ) 4 a 6 horas de sono

2 Marque um (X) na alternativa que julgar o tipo de alimentação saudável para manter uma boa saúde:

a) ( ) alimentação rica em proteínas e gorduras; b) ( ) alimentação baseada apenas em carnes; c) ( ) alimentação baseada em sanduíches e biscoitos; d) ( ) alimentação rica em legumes, verduras, frutas e fibras.

3 Quanto aos equipamentos de proteção individual, marque a alternativa correta:

I)a empresa tem a obrigação de fornecer EPI s II)caso surja um defeito no seu EPI você deve ter o prazo de 1 mês para

comunicar o seu supervisor III) os EPI s não protegem a saúde dos trabalhadores IV) as luvas devem ser do tamanho ideal das suas mãos

a) ( ) as alternativas I e II estão corretas b) ( ) as alternativas III e I estão erradas c) ( ) as alternativas I, II e IV estão corretas

4 O posicionamento incorreto durante o trabalho pode levar além da lombalgia, outros acometimentos mais sérios na coluna?

( ) Certo ( ) Errado

5 Ao abaixar-se para pegar a carga, você deve:

a) ( ) dobrar as costas e manter as pernas esticadas b) ( ) dobrar os joelhos e manter as costas reta

6 Ao transportar a carga, você deve mantê-la: a) ( ) distante do corpo com os braços afastados, mantendo a carga centralizada.

99

b) ( ) próxima ao corpo, assim como os braços e cotovelos também, mantendo a carga centralizada.

7 Quando você pega uma carga para colocá-la em outro local próximo, realizando a rotação de tronco é necessário virar os pés juntos?

( ) Sim ( ) Não

8 Você já havia recebido informações quanto a maneira correta de realizar o levantamento e carregamento de cargas?

( ) Sim ( ) Não

8.1 Caso SIM, você já adotou a postura correta:

( ) Sim ( ) Não

9 Após os conhecimentos obtidos nesta palestra quanto ao levantamento e carregamento de cargas, você irá adotar as posturas corretas?

( ) Sim ( ) Não

10 Quanto ao alongamento, marque a alternativa errada:

a) ( ) é uma atividade simples, relaxa o corpo b) ( ) é uma atividade simples que aumenta a tensão muscular

11 Foi de fácil compreensão as informações transmitidas na palestra?

( ) Sim ( ) Não

12 O que você achou das informações contidas na manual?

a) ( ) Excelente b) ( ) Ótimo c) ( ) Bom d) ( ) Regular e) ( ) Ruim f) ( ) Péssimo

100

APÊNDICE F - Norma Regulamentadora NR 17

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo conforto, segurança e desempenho eficiente. 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18 (dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos. 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. (117.001-5/I1) 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, de receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. (117.002-3/I2) 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. (117.003-1/I1) 17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de forca e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. (117.004-0/11) 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou sua segurança. (117.005-8/11) 17.3. Mobiliário dos postos de trabalho. 17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. (117.006-

101

6/I1) 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; (117.007-4/I2) b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; (117.008-2/I2) c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. (117.009-0/I2) 17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado. (117.010-4/I2) 17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; (117.011-2/I1) b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; (117.012-0/I1) c) borda frontal arredondada; (117.013-9/I1) d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar (117.014-7/I1) 17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. (117.015-5/I1) 17.3.5 Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devam ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. (117.016-3/I2) 17.4 Equipamentos dos postos de trabalho. 17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve: a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual; (117.017-1/I1) b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento. (117.018-0/I1) 17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte:

a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e

102

proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; (117.019-8/I2) b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; (117.020-1/I2) c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneiras que as distâncias olho-tela, olho-teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais; (117.021-0/I2) d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável. (117.022-8/I2) 17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as exigências previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho. 17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o estabelecimento na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; (117.023-6/I2) b) índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus centígrados); (117.024-4/I2) c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; (117.025-2/I2) d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. (117.026-0/I2) 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. 17.5.2.2 Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruídos determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador. 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar apropriada à natureza de atividade. 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. (117.027-9/I2) 17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3. deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade de olho humano de incidência. (117.028-7/I2)

17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco

103

centímetros) do piso. 17.6. Organização do trabalho. 17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, o mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas. 17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: a) para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as recuperações sobre a saúde dos trabalhadores; (117.029-5/I3) b) devem ser incluídas pausas para descanso; (117.030-9/I3) c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ao superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento. (117.031-7/I3) 17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte: a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie; (117.032-5) b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real para efeito dessa NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; (117.033-3/I3) c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual; (117.034-1/I3) d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 (dez) minutos para cada 50 (cinqüenta) minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho; (117.035-0/I3) e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea b e ser ampliada progressivamente. 117.036-8/I3)

ANEXO I DA NR-17 TRABALHO DOS OPERADORES DE CHECKOUT

1. Objetivo e campo de aplicação 1.1. Esta Norma objetiva estabelecer parâmetros e diretrizes mínimas para adequação das condições de trabalho dos operadores de checkout, visando à

104

prevenção dos problemas de saúde e segurança relacionados ao trabalho. 1.2. Esta Norma aplica-se aos empregadores que desenvolvam atividade comercial utilizando sistema de auto-serviço e checkout, como supermercados, hipermercados e comércio atacadista. 2. O posto de trabalho 2.1. Em relação ao mobiliário do checkout e às suas dimensões, incluindo distâncias e alturas, no posto de trabalho deve-se: a) atender às características antropométricas de 90% dos trabalhadores, respeitando os alcances dos membros e da visão, ou seja, compatibilizando as áreas de visão com a manipulação; b) assegurar a postura para o trabalho na posição sentada e em pé, e as posições confortáveis dos membros superiores e inferiores, nessas duas situações; c) respeitar os ângulos limites e trajetórias naturais dos movimentos, durante a execução das tarefas, evitando a flexão e a torção do tronco; d) garantir um espaço adequado para livre movimentação do operador e colocação da cadeira, a fim de permitir a alternância do trabalho na posição em pé com o trabalho na posição sentada; e) manter uma cadeira de trabalho com assento e encosto para apoio lombar, com estofamento de densidade adequada, ajustáveis à estatura do trabalhador e à natureza da tarefa; f) colocar apoio para os pés, independente da cadeira; g) adotar, em cada posto de trabalho, sistema com esteira eletro-mecânica para facilitar a movimentação de mercadorias nos checkouts com comprimento de 2,70 metros ou mais; h) disponibilizar sistema de comunicação com pessoal de apoio e supervisão; i) manter mobiliário sem quinas vivas ou rebarbas, devendo os elementos de fixação (pregos, rebites, parafusos) ser mantidos de forma a não causar acidentes. 2.2. Em relação ao equipamento e às ferramentas utilizadas pelos operadores de checkout para o cumprimento de seu trabalho, deve-se: a) escolhê-los de modo a favorecer os movimentos e ações próprias da função, sem exigência acentuada de força, pressão, preensão, flexão, extensão ou torção dos segmentos corporais; b) posicioná-los no posto de trabalho dentro dos limites de alcance manual e visual do operador, permitindo a movimentação dos membros superiores e inferiores e respeitando a natureza da tarefa; c) garantir proteção contra acidentes de natureza mecânica ou elétrica nos checkouts, com base no que está previsto nas normas regulamentadoras do MTE ou em outras normas nacionais, tecnicamente reconhecidas; d) mantê-los em condições adequadas de funcionamento. 2.3. Em relação ao ambiente físico de trabalho e ao conjunto do posto de trabalho, deve se: a) manter as condições de iluminamento, ruído, conforto térmico, bem como a proteção contra outros fatores de risco químico e físico, de acordo com o previsto na NR-17 e outras normas regulamentadoras; b) proteger os operadores de checkout contra correntes de ar, vento ou grandes variações climáticas, quando necessário; c) utilizar superfícies opacas, que evitem reflexos incômodos no campo visual do trabalhador.

105

2.4. Na concepção do posto de trabalho do operador de checkout deve-se prever a possibilidade de fazer adequações ou ajustes localizados, exceto nos equipamentos fixos, considerando o conforto dos operadores. 3. A manipulação de mercadorias 3.1. O empregador deve envidar esforços a fim de que a manipulação de mercadorias não acarrete o uso de força muscular excessiva por parte dos operadores de checkout, por meio da adoção de um ou mais dos seguintes itens, cuja escolha fica a critério da empresa: a) negociação do tamanho e volume das embalagens de mercadorias com fornecedores; b) uso de equipamentos e instrumentos de tecnologia adequada; c) formas alternativas de apresentação do código de barras da mercadoria ao leitor ótico, quando existente; d) disponibilidade de pessoal auxiliar, quando necessário; e) outras medidas que ajudem a reduzir a sobrecarga do operador na manipulação de mercadorias. 3.2. O empregador deve adotar mecanismos auxiliares sempre que, em função do grande volume ou excesso de peso das mercadorias, houver limitação para a execução manual das tarefas por parte dos operadores de checkout. 3.3. O empregador deve adotar medidas para evitar que a atividade de ensacamento de mercadorias se incorpore ao ciclo de trabalho ordinário e habitual dos operadores de checkout, tais como: a) manter, no mínimo, um ensacador a cada três checkouts em funcionamento; b) proporcionar condições que facilitem o ensacamento pelo cliente; c) outras medidas que se destinem ao mesmo fim. 3.3.1. A escolha dentre as medidas relacionadas no item 3.3 é prerrogativa do empregador. 3.4. A pesagem de mercadorias pelo operador de checkout só poderá ocorrer quando os seguintes requisitos forem atendidos simultaneamente: a) balança localizada frontalmente e próxima ao operador; b) balança nivelada com a superfície do checkout; c) continuidade entre as superfícies do checkout e da balança, admitindo-se até dois centímetros de descontinuidade em cada lado da balança; d) teclado para digitação localizado a uma distância máxima de 45 centímetros da borda interna do checkout; e) número máximo de oito dígitos para os códigos de mercadorias que sejam pesadas. 3.5. Para o atendimento no checkout, de pessoas idosas, gestantes, portadoras de deficiências ou que apresentem algum tipo de incapacidade momentânea, a empresa deve disponibilizar pessoal auxiliar, sempre que o operador de caixa solicitar. 4. A organização do trabalho 4.1. A disposição física e o número de checkouts em atividade (abertos) e de operadores devem ser compatíveis com o fluxo de clientes, de modo a adequar o ritmo de trabalho às características psicofisiológicas de cada operador, por meio da adoção de pelo menos um dos seguintes itens, cuja escolha fica a critério da empresa: a) pessoas para apoio ou substituição, quando necessário; b) filas únicas por grupos de checkouts; c) caixas especiais (idosos, gestantes, deficientes, clientes com pequenas

106

quantidades de mercadorias); d) pausas durante a jornada de trabalho; e) rodízio entre os operadores de checkouts com características diferentes; f) outras medidas que ajudem a manter o movimento adequado de atendimento sem a sobrecarga do operador de checkout. 4.2. São garantidas saídas do posto de trabalho, mediante comunicação, a qualquer momento da jornada, para que os operadores atendam às suas necessidades fisiológicas, ressalvado o intervalo para refeição previsto na Consolidação das Leis do Trabalho. 4.3. É vedado promover, para efeitos de remuneração ou premiação de qualquer espécie, sistema de avaliação do desempenho com base no número de mercadorias ou compras por operador. 4.4. É atribuição do operador de checkout a verificação das mercadorias apresentadas, sendo-lhe vedada qualquer tarefa de segurança patrimonial. 5. Os aspectos psicossociais do trabalho 5.1. Todo trabalhador envolvido com o trabalho em checkout deve portar um dispositivo de identificação visível, com nome e/ou sobrenome, escolhido(s) pelo próprio trabalhador. 5.2. É vedado obrigar o trabalhador ao uso, permanente ou temporário, de vestimentas ou propagandas ou maquilagem temática, que causem constrangimento ou firam sua dignidade pessoal. 6. Informação e formação dos trabalhadores 6.1. Todos os trabalhadores envolvidos com o trabalho de operador de checkout devem receber treinamento, cujo objetivo é aumentar o conhecimento da relação entre o seu trabalho e a promoção à saúde. 6.2. O treinamento deve conter noções sobre prevenção e os fatores de risco para a saúde, decorrentes da modalidade de trabalho de operador de checkout, levando em consideração os aspectos relacionados a: a) posto de trabalho; b) manipulação de mercadorias; c) organização do trabalho; d) aspectos psicossociais do trabalho; e) agravos à saúde mais encontrados entre operadores de checkout. 6.2.1. Cada trabalhador deve receber treinamento com duração mínima de duas horas, até o trigésimo dia da data da sua admissão, com reciclagem anual e com duração mínima de duas horas, ministrados durante sua jornada de trabalho. 6.3. Os trabalhadores devem ser informados com antecedência sobre mudanças que venham a ocorrer no processo de trabalho. 6.4. O treinamento deve incluir, obrigatoriamente, a disponibilização de material didático com os tópicos mencionados no item 6.2 e alíneas. 6.5. A forma do treinamento (contínuo ou intermitente, presencial ou à distância, por palestras, cursos ou audiovisual) fica a critério de cada empresa. 6.6. A elaboração do conteúdo técnico e avaliação dos resultados do treinamento devem contar com a participação de integrantes do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, quando houver, e do coordenador do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e dos responsáveis pela elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. 7. Disposições Transitórias

107

7.1. As obrigações previstas neste anexo serão exigidas após encerrados os seguintes prazos: 7.1.1. Para os subitens 1.1; 1.2; 3.2; 3.5; 4.2; 4.3 e 4.4, prazo de noventa dias. 7.1.2. Para os subitens 2.1 h ; 2.2 c e d ; 2.3 a e b ; 3.1 e alíneas; 4.1 e alíneas; 5.1; 5.1.1; 5.2; 5.3 e 6.3, prazo de cento e oitenta dias. 7.1.3. Para Subitens 2.1 f e g ; 3.3 a , b e c ; 3.3.1; 6.1; 6.2 e alíneas; 6.2.1; 6.4; 6.5 e 6.6, prazo de um ano. 7.1.4. Para os subitens 2.1 a , b , c , d , g e i ; 2.2 a e b ; 2.3 c ; 2.4 e 3.4 e alíneas, prazos conforme o seguinte cronograma: a) Janeiro de 2008 todas as lojas novas ou que forem submetidas a reformas; b) Até julho de 2009 15% das lojas; c) Até dezembro de 2009 35% das lojas; d) Até dezembro de 2010 65% das lojas; e) Até dezembro de 2011 todas as lojas.

108

APÊNDICE G

FOTOS DA PALESTRA

109

110

ANEXO

111

GLOSSÁRIO

ABSENTEÍSMO

Falta de assiduidade a um trabalho que exige a presença

em um dado lugar. Comportamento de quem se ausenta freqüentemente do

seu trabalho. De forma geral o absenteísmo designa a repetição da ausência e

é portanto, caracterizado pela freqüência das ausências e pela sua duração em

a um período de referência . ( DORON; PAROT, 2000, p. 20)

CONDRÓCITO

Celular cartilaginosa que tenha atingido sua maturidade .

(ANDREI, 2000, p. 292)

CORTISOL

Um dos 11-oxicorticosteróides, muito próximo da cortisona e

bem mais ativo que ela. Considerado como um verdadeiro hormônio

protidoglucídico secretado pela corticossupra-renal . (ANDREI, 2000, p. 308)

DIÓXIDO DE CARBONO

Ao contrário do monóxido, o dióxido de carbono

não é tóxico e constitui o gás das bebidas gasosas (águas minerais, limonadas,

cervejas). O dióxido de carbono se forma quando da oxidação dos compostos

orgânicos. Ou seja, ele desempenha um papel importante em numerosas

reações biológicas (respiração, síntese da clorofila, fermentação alcoólica,

etc.) . (ANDREI, 2000, p. 362)

EMBEBIÇÃO

Técnica de laboratório utilizada para a imunotransferência dos

ácidos nucléicos . (ANDREI, 2000, p. 407)

ESTRESSE

Qualquer situação pela qual o equilíbrio homoestático do corpo

é perturbado. O estresse pode ter a forma de dor, infecção, adversidade,

alguma forca deteriorante, ou ainda vários estados anormais que tem perturbar

o equilíbrio fisiológico normal do corpo. (homeostase). É comum o uso da

palavra original em inglês STRESS . (BARBANTI, 1994, p. 115)

FADIGA

Exaustão de forças; cansaço decorrente de esforços .

(BLAKISTON, 1982, p. 419)

112

FIBROBLASTOS

Células fusiformes provenientes das células conjuntivas

em via de proliferação . (ANDREI, 2000, p. 506)

GLICOGÊNIO

Glicocídio descoberto por CL. Bernard em 1856 no fígado,

onde forma uma reserva destinada a se transformar em glicose consoante as

necessidades do organismo. O glicogênio é encontrado também em outros

órgãos (placenta, músculos, etc.) . (ANDREI, 2000, p. 554)

HIDRATO DE CARBONO (GLICÍDIO)

Os glicídios constituem uma fonte e

uma reserva de energia; eles entram na composição dos ácidos nucléicos e

das paredes das células vegetais e bacterianas. Ligam-se facilmente aos

lipídios e às proteínas . (ANDREI, 2000, p. 554)

HORMÔNIO SOMATOTRÓPICO

Hormônio do crescimento (designado

frequentemente pelas iniciais GH), quando se trata do hormônio humano.

Hormônio protéico formado de 188 aminoácidos, secretado pelas células e

eosinofílicas do lado anterior da hipófise. Ele estimula o crescimento e regula o

equilíbrio emocional . (ANDREI, 2000, p. 1.139)

LEPTINA

Hormônio protéico de 146 aminoácidos, secretado pelos adipócitos

que age sobre o hipotálamo diminuindo o apetite, de onde seu poder

emagrecedor . (ANDREI, 2000, p. 743)

MELATONINA

Hormônio secretado pela glândula pineal ou epífise. Suas

propriedades no homem são ainda mal conhecidas. Ela teria uma ação

inibidora sobre os diversos fatores que desencadeiam a secreção dos

hormônios hipofisários. Sua secreção é variável, tanto mais forte quanto mais

fraco o clareamento. A ele atribui-se diversas propriedades quanto aos

distúrbios do sono os efeitos do fuso horário, o mesmo desenvolvimento de

tumores e o envelhecimento . (ANDREI, 2000, p. 805)

This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com.The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.