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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão – COGEAE A atuação de parcerias público-privadas para o desenvolvimento de políticas públicas educacionais para jovens no Brasil Camila Iwasaki Monografia de Conclusão do Curso de Especialização em Gestão de Projetos em Organizações do Terceiro Setor Orientadora: Profa Dra. Isa Guará. São Paulo, junho de 2009

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP

Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão – COGEAE

A atuação de parcerias público-privadas para o desenvolvimento de políticas

públicas educacionais para jovens no Brasil

Camila Iwasaki

Monografia de Conclusão do Curso

de Especialização em Gestão de

Projetos em Organizações do

Terceiro Setor

Orientadora: Profa Dra. Isa Guará.

São Paulo, junho de 2009

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Agradeço,

À minha orientadora, Profa Isa Guará, pela disposição em me acolher, acreditar neste trabalho e conceder intervenções críticas e positivas para a sua conclusão. À minha mãe, Valquiria, e ao meu irmão, Caio, pela força, carinho e palavras de incentivo para continuar a caminhada. Ao Fabio, meu amor, pela compreensão quanto à minha ausência em tantas sextas-feiras e sábados. Obrigada pelo companheirismo, pela atenção e pelo seu amor. Aos meus familiares, pelo apoio em todos os momentos, bons e ruins, durante todos estes anos que levei para chegar até aqui. Aos meus colegas de curso, que tornaram o ofício de aprender muito mais prazeroso.

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Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo compreender como se constituem as parcerias

público-privadas direcionadas à melhoria da qualidade da educação formal de jovens no

país. A partir dessa perspectiva, este estudo procurou aprofundar quais os tipos de

investimentos existentes, voltados para a melhoria da qualidade da educação de jovens,

realizados pelas empresas e as organizações da sociedade civil em parceria com os órgãos

públicos das três esferas – municipal, estadual e federal. Buscou também identificar quais

são as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas por meio dessa forma de associação, bem

como compreender quais são suas características, suas dinâmicas, e seu poder de

influência na formulação políticas públicas educacionais voltadas para a educação da

juventude. Para responder a estas questões, a primeira parte da pesquisa centrou-se na

análise das informações referentes ao cenário educacional brasileiro, compreendida pela

avaliação da legislação vigente no país, que garante o direito à educação para todos os

cidadãos, confrontando-a com os dados recentes sobre a realidade da educação dos

jovens. A segunda etapa foi centrada na revisão de literatura sobre o tema das parcerias

público-privadas, seguida de uma proposta de tipologia para a categorização dos

programas e projetos pesquisados. Por fim, realizou-se a análise documental de 15

projetos e programas desenvolvidos por meio das parcerias público-privadas em

educação formal de jovens, identificados pela pesquisa às bases de associados do GIFE e

da Abong. A análise da intensidade e do âmbito de integração dos órgãos públicos e

privados envolvidos no desenvolvimento destes 15 programas/projetos permitiu ressaltar

as dinâmicas e as características dos mesmos. Ainda que não conclusivo, este estudo

possibilitou a compreensão das tendências das parcerias estabelecidas, revelando em que

medida os programas/projetos encontrados estão respondendo às demandas e aos

problemas existentes para a garantia da educação de jovens no Brasil.

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Sumário

Introdução – p. 5

Capítulo 1 – O direito de aprender: falhas e brechas entre o texto constitucional e a

garantia de educação para jovens no Brasil – p. 10

1.1 O cenário global do direito à educação e a Constituição Federal – p.10

1.2 As brechas na garantia do direito à educação de jovens – p.17

1.3 Recomendações na literatura para a diminuição das brechas e a efetivação do

direito à educação de jovens – p.25

Capítulo 2 – A construção de um modelo de análise de parceira público-privada

em educação formal de jovens – p. 32

2.1 Linhas teóricas sobre as parcerias público-privadas em educação – p. 32

2.2 Um exercício de categorização: tipologias de projetos/programas – p.38

2.3 A pesquisa sobre as parcerias público-privadas em educação formal de

jovens – p.41

Capítulo 3 - Uma análise transversal das categorias e modelos: parcerias público-

privadas em educação formal de jovens – p. 47

3.1 Apresentação e contexto das parcerias público-privadas e programas/projetos

identificados pela pesquisa – p. 47

3.2 Categorização dos programas/projetos de acordo com a tipologia – p.56

3.3 Natureza das parcerias público-privadas em educação formal de jovens:

identificação de modelos associativos – p. 64

Considerações Finais – p. 67

Bibliografia – p. 73

Anexos – p.76

Anexo 1 - Resultados da Pesquisa – p. 76

Anexo 2 - Roteiros Analíticos dos Projetos/Programas pesquisados – p.78

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Introdução

As políticas sociais no Brasil têm sua trajetória marcada por transformações e

reformas decisivas na consolidação de uma nova lógica de combate às desigualdades.

Entretanto, basta uma análise dos dados e dos estudos existentes para constatar o estado

caótico das políticas públicas existentes no país e sua inoperância para a garantia efetiva

dos direitos sociais dos cidadãos. O Relatório sobre a pobreza da ONU, publicado em

2000, avalia o quanto, ao longo das últimas décadas, o aparato institucional das políticas

sociais no país caracteriza-se como uma somatória de instituições desarticuladas,

“responsáveis por políticas setoriais extremamente segmentadas, que sobrepõe clientelas

e competências, e pulverizam e desperdiçam os recursos, provenientes de uma diversidade

desordenada de fontes. Isto redunda num sistema de proteção social altamente

centralizado na esfera federal, ineficiente e iníquo, regido por um conjunto confuso e

ambíguo de regulamentos e regras”(UNDP, 2000:113).

Apesar de, no Brasil, as políticas públicas operarem em um sistema

descentralizado, em que grande parte da oferta de serviços públicos encontra-se

municipalizados, o que se observa é que a democratização, ampliação e universalização

dos direitos sociais, previstas na Constituição Federal (CF) de 1988, estão longe de serem

exercitadas na prática. Neste sentido, não basta que os direitos sociais sejam positivados e

enunciados, é necessário que sejam desenvolvidas novas políticas públicas eficientes,

capazes de reduzir as desigualdades de oportunidade entre os cidadãos.

Neste cenário, um dos maiores desafios existentes é a concretização da educação

com um direito. Apesar de garantido pela Constituição de 1988, atualmente, o direito à

educação, compreendido pelo acesso, a permanência e o sucesso de crianças e jovens na

escola, é uma promessa não realizada, principalmente para os jovens brasileiros, de 15 a

17 anos: cerca de 52% não está no Ensino Médio, pois não alcançou a condição de

escolaridade necessária, ou simplesmente desistiu de frequentar a escola.

Dessa forma, a urgência em melhorar a qualidade da educação, o acesso dos

jovens a escola por meio de políticas públicas educacionais mais eficazes deveria ser

uma prioridade da sociedade. Assumindo a definição de políticas públicas como

“programas de ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do

Estado e as atividades privadas para a realização de objetivos socialmente relevantes e

politicamente determinados” (Bucci, 2002), não há dúvida de que a formulação de um

conjunto e medidas que congregue meios e instrumentos capazes de melhorar a

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qualidade da educação é condição fundamental para a efetivação do direito à educação

da juventude brasileira, além de se fazer cumprir os pressupostos enunciados na

Constituição Federal de 1988.

Mas quem define as políticas públicas em educação formal e que orientações

predominam nessas decisões? Quem avalia se essas políticas são coerentes e pertinentes

em relação a uma situação problemática diagnosticada, em especial, quando se trata de um

país pobre, com problemas educacionais seculares? Estas são perguntas pertinentes, uma

vez que o processo de construção de políticas eficazes para o desenvolvimento humano da

juventude vem tomando posição central entre as intervenções sociais desenvolvidas no

país.

Ao longo das últimas décadas a juventude, e principalmente a sua relação com a

educação, passou a ser um dos principais focos de atenção e investimento não só para os

governos, como também para a sociedade civil, as organizações sociais, as universidades e

institutos de pesquisas nacionais e internacionais. No Brasil, a concentração de estudos,

pesquisas, políticas e programas sociais destinados aos jovens ganharam força nos últimos

anos, principalmente com a estruturação de organismos governamentais específicos, como

a Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude – Conjuve, em

2005, como também em decorrência do aumento e ampliação do investimento do setor

privado das ações voltadas a esse público (GIFE, 2007).

Com o processo de redemocratização, ocorrido a partir da constituinte, a

movimentação da sociedade sobre a questão educacional centrou-se nas urgências

relacionadas à infância e adolescência, em torno da implantação do Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA). Só em meados dos anos 1990 é que ocorre, como aponta Sposito

(2007), “a passagem das políticas de juventude como estado de coisas para a formação de

uma agenda pública que considera os jovens como problema político, ou seja, como

objeto específico de intervenção do Estado”.

Desde então, a constatação nas escolas, bairros e cidades dos altos índices de

violência, óbitos e agressões concede foco para a gravidade da situação de vulnerabilidade

de grande parte dos jovens no país. A realidade preocupante a que esta faixa etária está

submetida fomenta a estruturação, no âmbito da sociedade civil, de diversas organizações

não-governamentais ou mesmo organizações sociais vinculadas a organismos privados, e

no cenário da administração pública, de agendas destinadas a juventude.

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A afirmação de Sposito no campo juvenil é reforçada por Figueiró, que reitera a

proliferação de diferentes formas de interface entre o Estado e a sociedade civil através de

parcerias baseadas na partilha de poder e de responsabilidade na execução das políticas

públicas de maneira mais efetiva anos 90:

“O novo associativismo civil que se desenvolve no âmbito de uma esfera

pública não-estatal, é aquele representado por ‘organizações da sociedade civil’

que optaram por entrar no cenário político através da estratégia de cooperação

com o Estado, mercado e demais setores da sociedade, para a realização de

trabalhos que possam dar sustentação às políticas públicas sociais (ou a falta

delas) para alívio da pobreza” (Figueiró, 2000:24).

Dessa maneira, como parte integrante do cenário exposto acima, a compreensão

das características das parcerias e de associações entre o poder público e a sociedade

organizada, no âmbito da educação de jovens no país, tem relevância fundamental.

Portanto, esta pesquisa tem como objetivo compreender, entre este campo de diferentes

modalidades de associação, como se constituem as parcerias público-privadas

direcionadas à melhoria da qualidade da educação escolar de jovens no país, sejam elas

baseadas em investimento social privado ou em articulações das organizações sem fins

lucrativos.

A partir dessa perspectiva as questões que se colocam são: quais os tipos

existentes de investimentos das empresas e das organizações da sociedade civil, em

parcerias com os órgãos públicos municipais, estaduais e federais, voltados para a

melhoria da qualidade da educação de jovens no país? Quais são as iniciativas que vêm

sendo desenvolvidas por meio das parcerias público-privadas? Quais são suas

características, suas dinâmicas, e seu poder de influência na formulação políticas

públicas educacionais voltadas para a educação da juventude?

Partindo destas questões, a primeira parte da pesquisa centrou-se na análise das

informações referentes ao cenário educacional brasileiro. Buscou-se avaliar a legislação

vigente no país, que garante o direito à educação para todos os cidadãos, até os dados

mais recentes publicados pelo MEC (Ministério da Educação), IPEA (Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

entre outros órgãos de análise estatística, cujas fontes são fidedignas e confiáveis. Tal

análise tem a intenção de desenhar um diagnóstico claro das condições da educação

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formal no Brasil, e se constitui como linha de base da pesquisa para a identificação das

lacunas necessárias que demandam a formulação de políticas públicas educacionais. Ou

seja, a partir desta primeira análise, é possível afirmar quais são as grandes fragilidades

existentes no país para a garantia do direito à educação, permitindo posterior

comparação com os resultados e impactos das iniciativas que vem sendo desenvolvidas

pelas parcerias público-privadas nesta área.

A segunda parte esteve centrada na revisão bibliográfica de autores que estudaram

a questão das parcerias público-privadas, a fim de mapear o referencial teórico e as

linhas de estudos e pesquisas existentes sobre esta temática. Foi proposta também uma

categorização para os programas/projetos desenvolvidos por meio das parcerias público-

privadas, que permitiu estabelecer quais seriam os âmbitos de integração e níveis de

intensidade de tais parcerias, de modo a orientar a compreensão do objeto proposto.

Posteriormente, partiu-se para a pesquisa de programas-projetos desenvolvidos

por meio de parcerias público-privadas em educação formal de jovens, realizada com

base nas ações dos associados do GIFE e da Abong. Foi empreendido o levantamento, a

leitura e a sistematização dos relatórios, publicações e/ou qualquer outro documento

referente às parcerias público-privadas na área de educação. Esta pesquisa revelou a

existência de 15 programas/projetos em educação formal de jovens desenvolvidos por

parcerias público-privadas, que foram devidamente analisados.

Assim, a terceira e última parte da investigação buscou solidificar o entendimento

sobre esses programas/projetos pesquisados, ressaltando as dinâmicas e as

características dos mesmos. Ainda que não conclusivo, este estudo permitiu

compreender as tendências e as características das parcerias estabelecidas, e indicar se

tais programas/projetos encontrados estão respondendo às demandas e aos problemas

existentes para a garantia da educação de jovens no Brasil.

Portanto, basicamente a presente pesquisa possui como opção metodológica a

análise comparativa entre diferentes modelos de parceria público-privadas na área de

educação formal, bem como uma análise crítica de suas configurações e estratégias.

Dessa forma, o primeiro capítulo é destinado à análise fundamental sobre as

brechas entre o texto constitucional e a real garantia do direito à educação de jovens no

Brasil. O segundo capítulo trata da revisão de literatura e do mapeamento de diferentes

modelos de parcerias público-privadas que atuam na área de educação formal de jovens,

visando compreender como se estruturam as diversas modalidades de associação entre o

poder público e as organizações parceiras. Por fim, no último capítulo, busca-se fazer

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uma análise transversal dos programas/projetos em educação formal de jovens

desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas, com enfoque crítico sobre as

potencialidades deste tipo de associação.

O presente estudo não possui a pretensão de esgotar as possibilidades de análise

sobre o tema, nem tampouco dar conta de resolver as questões envolvidas na educação

de jovens no país. Apenas tem o objetivo de, partindo destas inquietudes e indagações,

mostrar como se configuram, no cenário atual, estas relações de parceira entre o setor

público e o setor privado, tecendo uma análise crítica sobre os desdobramentos e as

implicações que estas atuações conjuntas acarretam para a oferta de políticas públicas

de sistemas educacionais diversos.

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Capitulo 1 - O direito de aprender: falhas e brechas entre o texto constitucional e a

garantia de educação para jovens no Brasil.

1.1 O cenário global do direito à educação e a Constituição Federal

O direito dos cidadãos à educação, em sua ampla definição, está presente nos

textos legais de praticamente todos os países do mundo. Os documentos de caráter

internacional, assinados por países integrantes da ONU, reconhecem e garantem esse

direito, fundamentado inicialmente na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de

1948, em seu artigo 26, que afirma:

“1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos

nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória.

A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução

superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do

pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do

respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução

promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e

grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em

prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do

gênero de instrução que será ministrada a seus filhos”.

Entre os marcos legais internacionais, subseqüentes, de reconhecimento dos

direitos da criança e do adolescente, em que a educação aparece como um direito a ser

garantido, estão a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a Convenção Relativa

à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino, de 1960, o art. 13 do Pacto

Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, e a Convenção

Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 1989.

Mais recentemente, a partir da década de 1990, impactados com a crescente

desigualdade econômica e social no mundo, a Organização das Nações Unidas cunhou o

conceito de desenvolvimento humano como forma de aprofundar a reflexão sobre o

conceito de educação. Frente às características e aos fenômenos sociais gerados ao

longo dos anos, era preciso cunhar um novo termo para dar conta do tipo de

desenvolvimento desejável para todo e qualquer ser humano.

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A concentração e produção de riquezas materiais, processo fortemente

alavancado com as Revoluções Industriais e o advento do sistema capitalista, produziu

uma enorme desigualdade em todo o mundo, resultando situações extremas, em que

15% dos mais ricos encontram-se consumindo 56% dos recursos mundiais e 40% dos

mais pobres possuem apenas 11% dos recursos; ou quando apenas 435 pessoas no

mundo possuem uma riqueza acumulada superior à de 45% da população mundial

(Dowbor, 2008). Tais conseqüências sociais da desigualdade econômica vêm gerando,

na América Latina, por exemplo, mão-de-obra não qualificada, aumento do desemprego

juvenil, da violência, do trabalho infantil, da mortalidade infantil, doenças e outros

males sociais. Entretanto, na sociedade do conhecimento em que vivemos hoje, a

educação tem um papel fundamental para a promoção do desenvolvimento humano e,

consequentemente, a diminuição das desigualdades sociais.

Na tentativa de cunhar uma referência para o desenvolvimento humano planetário,

as Nações Unidas, por meio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura), publicou em 1994 o pronunciamento Os Quatro Pilares

da Educação, que se constituem em referência para todo o trabalho educativo, no mundo

inteiro. A proposta deste pronunciamento é que toda ação que gere conhecimento, para dar

respostas ao seu conjunto de objetivos, deve organizar-se em torno de quatro

aprendizagens fundamentais que, ao longo da vida serão de algum modo a cada indivíduo,

os pilares do conhecimento:

• Aprender a conhecer – adquirir os instrumentos da compreensão;

• Aprender a fazer – possibilidade da ação sobre o meio envolvente;

• Aprender a viver juntos – garantir a participação e cooperação com os outros

nas atividades humanas; e

• Aprender a ser – a integração dos três pilares, diz respeito ao desenvolvimento

total da pessoa. (Delors, 1996).

Os quatro pilares da educação aqui apresentados de maneira resumida, não se

apóiam exclusivamente numa única fase da vida ou em um único modelo ou espaço de

educação. São valores interdependentes que se interpenetram ao longo de todo o ciclo vital

humano. Assim, sob essa perspectiva, investiu-se em um conceito de desenvolvimento

muito mais amplo. Trata-se de um desenvolvimento voltado para o homem e ao

atendimento de suas necessidades para uma vida decente, em que ele é não só fator e meio

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do desenvolvimento, mas, sobretudo, o seu fim.

Com todo este movimento, ganhou força pelo mundo, portanto, uma perspectiva

ampla de educação associada ao desenvolvimento humano, resumida por Delors:

“O desenvolvimento tem por objeto a realização completa do homem, em

volta a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus

compromissos: indivíduo, membro de uma família e de uma coletividade,

cidadão e produtos, inventor de técnicas e criador de sonhos”(Delors, 1996:10).

Este novo conceito de desenvolvimento foi destacado também pela Declaração do

Milênio, formalizada pela Reunião de Cúpula ocorrida em Nova York, em 2000. Com esta

declaração (que estabelece os 8 Objetivos do Milênio e é apoiada por 191 nações), foram

firmados os fundamentos do relacionamento internacional no século XXI, por meio da

oficialização de metas definidas para tornar o mundo mais justo e solidário até 2015.

Dentre estas metas, destaca-se o 2º Objetivo do Milênio, que é a promoção de “Educação

Básica de Qualidade para todos”.

No Brasil diversas organizações da sociedade civil, governos, empresários, entre

outros vêm desenvolvendo projetos e ações plenamente orientadas e em acordo com o

objetivo do milênio de universalização da educação. Entretanto, para além de declarações

e pactos internacionais assinados pelo governo brasileiro, cabe analisar o quanto o pleno

exercício do direito à educação, inscrito em leis de caráter nacional, vem sendo garantido

como um direito fundamental dos cidadãos.

Basta uma pequena análise dos dados e dos estudos existentes no cenário

acadêmico para constatar que um dos maiores desafios para a educação no Brasil,

atualmente, é o direito de aprender, ainda não efetivado pelo sistema público de ensino. O

direito de aprender pode ser compreendido não só pelo direito à escolarização, mas

também pela efetivação de oportunidades iguais para todos os cidadãos de receber, ao

longo de suas vida, uma educação de qualidade que possibilite a formação de pessoas

capazes de assumir uma postura crítica e criativa perante o mundo. Apesar de constar na

Constituição Federal (CF) da República Federativa do Brasil de 1988 de maneira

detalhada1, o direito à educação, compreendido pelo acesso, a permanência e o sucesso de

crianças e jovens em escolas de qualidade, é uma promessa não realizada.

1 No direito brasileiro, destacam-se os seguintes direitos sociais, contemplados no artigo 6º da Constituição Federal: direito à educação; direito à saúde; direito ao trabalho; direito à moradia; direito ao lazer; direito à

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No texto constitucional o artigo 205 afirma: “A educação, direito de todos e dever

do Estado e da família”. Já o 206 especifica: “O ensino será ministrado com base nos

seguintes princípios: [...] IV gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais”.

Observa-se, portanto, a gratuidade, assegurada em todos os níveis na rede pública. Ainda

na Carta Magna, o dever do Estado para com a educação será efetivado mediante a

garantia de:

I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não

tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de

idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,

segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequada às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas

suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência

à saúde.

Segundo Portela de Oliveira (1999), nas Constituições anteriores o Ensino Médio

era tratado como exceção e o ensino superior, nunca contemplado. Entre outras novidades

implantadas pela Constituição de 88, este autor destaca:

“A primeira novidade aparece no inciso I, ao precisar que o dever do

Estado para com o ensino estende-se mesmo aos que ‘a ele não tiveram acesso

na idade própria’. Este texto aperfeiçoa os de 1967/69, que especificavam a

gratuidade e a obrigatoriedade dos 7 aos 14 anos, criando a possibilidade de se

restringir o atendimento aos indivíduos fora desta faixa etária. Avança, também,

ao especificar o atendimento dos que não mais se encontram na idade

segurança; direito à previdência social; direito à proteção à maternidade e à infância; direito dos desamparados à assistência.

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considerada ‘ideal’ para o ensino fundamental. No inciso II aponta-se a

perspectiva de ‘progressiva extensão da gratuidade e obrigatoriedade do Ensino

Médio’. Este dispositivo reequacionou o debate sobre esse nível de ensino para

além da polaridade ensino propedêutico x profissional. A idéia era ampliar o

período de gratuidade/obrigatoriedade, tornando-o parte do Direito à

Educação.”(Portela de Oliveira, 1999:62).

Entretanto, se no texto constitucional o Ensino Médio aparece como obrigatório,

em setembro de 1996, a Emenda Constitucional n° 14, alterou a redação do inciso II

para “progressiva universalização do Ensino Médio gratuito”. Para Portela de Oliveira,

esta alteração tornou menos efetivo o compromisso do Estado na incorporação deste

nível de ensino como educação obrigatória2. É possível afirmar que o próprio texto

constitucional abre brechas para a formalização não compulsória de políticas públicas

direcionadas para o Ensino Médio. Ao estabelecer a progressiva oferta de vagas,

oportuniza-se a interpretação indevida da lei ou mesmo justifica-se a não abertura de

novas vagas de educação média na rede pública. Na perspectiva contrária do que ocorre

no Brasil, existe uma tendência mundial em estabelecer a obrigatoriedade do Ensino

Médio, tendo em vistas as exigências mercadológicas e os requisitos formais de

escolarização para o aumento da empregabilidade dos jovens.

Tanto o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), quanto a LDB3 (Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional), avançam no sentido da Constituição Federal

e indicam a obrigatoriedade da oferta pública de educação para todas as crianças e

adolescentes. A educação é, portanto, um direto público subjetivo, o que significa que o

sujeito pode exigir do Estado o seu cumprimento. E, como colocado no 1º artigo da

LBD, promulgada em 1996, a educação possui um sentido amplo na sua concepção:

“TÍTULO I

Da Educação

2 A responsabilidade pela oferta do serviço público de educação para os alunos do Ensino Médio é da esfera Estadual. Já o Ensino Fundamental é ofertado tanto pelo Município quanto pelo Estado. 3 A construção do currículo da Educação Básica, de acordo com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n. 9.394/96, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, deve considerar uma base nacional comum que objetiva a preparação para o prosseguimento nos estudos, por meio de competências e habilidades básicas. Ou seja, o perfil do egresso do Ensino Fundamental deve condizer com as reais possibilidades de continuidade dos estudos no Ensino Médio.

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Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e

pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais. (LDB, 1996:1).”

Além de ampliar o conceito de educação para além da educação escolar,

reconhecendo o caráter sócio-educativo de outros espaços públicos, governamentais e

não governamentais, e sua importância para o desenvolvimento integral de crianças e de

adolescentes, a LDB prescreveu o aumento progressivo da jornada escolar para o

regime de tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (Art. 34 e 87) e valorizou as

experiências extra-escolares.

Um dos marcos recentes da legislação referente à educação ocorreu em 2001,

quando o Congresso Nacional aprovou o PNE (Plano Nacional de Educação) que

estabeleceu as metas as serem alcançadas pelo Brasil até 2011. Os principais objetivos

do PNE são: a) a elevação global do nível de escolaridade da população; b) a melhoria

da qualidade do ensino em todos os níveis; c) a redução das desigualdades sociais e

regionais no tocante ao acesso e a à permanência com sucesso na educação pública; d) a

democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo

aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto

pedagógico da escola e a participação das comunidades e local em conselhos escolares

ou equivalentes.

Da mesma forma que a LDB, o PNE garante a ampliação da jornada, e no caso

específico do Ensino Médio, o aumento gradual de vagas, que, no prazo de cinco anos,

correspondessem a 50% e, em dez anos, a 100% da demanda, respeitando a

universalização e regularização do fluxo de alunos no Ensino Fundamental. O PNE

estabelece também como meta a melhoria do aproveitamento dos alunos do Ensino

Médio de modo a atingir os níveis satisfatórios definidos e avaliados pelo SAEB

(Sistema de Avaliação da Educação Básica), pelo Enem (Exame Nacional do Ensino

Médio), e pelos demais sistemas de avaliação estaduais. Ainda para este nível de

Ensino, há metas referentes à diminuição da evasão escolar, a reforma e revisão

curricular e a melhoria das condições de infra-estrutura das escolas; oportunidades de

formação de professores; financiamento; gestão e educação a distancia.

Em 2005 foi realizada a IV Conferencia Nacional de Educação, com o objetivo e

avaliar a implantação do PNE, momento em que foi apresentado um estudo

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evidenciando que várias metas não seriam cumpridas em 2011, sem que medidas

urgentes fossem adotadas.

Mais recentemente, em 2007, o governo federal lançou o PDE (Plano de

Desenvolvimento da Educação), tentando reforçar uma visão sistêmica e promover

ações integradas para a educação básica. Trata-se de um pacote de ações, a serem

implantadas pelo governo federal, em conjunto com estados e municípios. As ações vão

desde a criação de uma avaliação para crianças dos seis aos oito anos de idade, passando

pela questão da alfabetização de jovens e adultos, chegando a criação de um piso

salarial nacional dos professores — mais de 50% desses profissionais ganham menos de

R$ 800 por 40 horas de trabalho.

O PDE também prevê a ampliação do acesso dos educadores à universidade; a

instalação de laboratórios de informática em escolas rurais; a realização da Olimpíada

de Língua Portuguesa, nos moldes da Olimpíada de Matemática; a garantia de acesso à

energia elétrica para todas as escolas públicas; as melhorias no transporte escolar para

os alunos residentes em áreas rurais e a qualificação da saúde do estudante.

Na educação profissional, a principal iniciativa do plano é a criação dos

institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica, destinados a

funcionar como centros de excelência na formação de profissionais para as mais

diversas áreas da economia e de professores para a escola pública. Os institutos seriam

instalados em cidades de referência regional, de maneira a contribuir para o

desenvolvimento das comunidades próximas e a combater o problema da falta de

professores em disciplinas como física, química e biologia.

O PDE inclui metas de qualidade para a educação básica, como o IDEB (Índice

de Desenvolvimento da Educação Básica)4, que visam contribuir para que as escolas e

secretarias de educação se organizem no atendimento aos alunos. Também cria uma

base sobre a qual as famílias podem se apoiar para exigir uma educação de maior

qualidade. O plano prevê ainda acompanhamento e assessoria aos municípios com

baixos indicadores de ensino.

Sua implantação ainda é muito recente para que se possa fazer uma avaliação

mais apurada. De todas as promessas realizadas pelo PDE, muitas indicam bons

4 O IDEB é um indicador que mede a qualidade da educação no país. Para facilitar seu entendimento, foi estabelecida uma escala que varia de 0 a 10. A partir desse instrumento, o MEC traçou metas de desempenho bianuais para cada escola e cada rede de ensino até 2022. O IDEB combina informações sobre o desempenho dos alunos (avaliados por meio de avaliações estandardizadas externas) e fluxo escolar. A média nacional do IDEB em 2005 foi de 3,8. Em 2007, essa nota subiu para 4,2. Em 2022, meta é chegar a 6,0 na média.

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caminhos para o poder público conseguir melhorar as condições educacionais do país.

Resta esperar, para conferir a concretização do plano e os resultados das ações.

De qualquer maneira, ao analisar os números atuais quanto à situação da

educação dos jovens no país, sobretudo entre aqueles que estão no Ensino Médio,

reitera-se que muitas das metas do PNE e do próprio PDE estão longe de serem

efetivadas. No subcapítulo a seguir estão apresentadas as brechas existentes entre a

realidade da oferta de ensino e a garantia do direito a educação de jovens, que

comprovam essa afirmação.

1.2 As brechas na garantia do direito à educação de jovens

É notória a precariedade do sistema público educacional do país, em todos os

Estados da Federação, apesar das evidências do acelerado progresso educacional

brasileiro ocorrido ao longo das últimas duas décadas. Como aponta Brant de Carvalho:

“A educação brasileira não cumpriu o ideário a ela predestinado no

século XX. Somente na entrada do século XXI é que, finalmente, universalizou-

se o acesso ao Ensino Fundamental e, no entanto, essa meta não tem sido

suficiente para que nossas crianças e adolescentes obtenham os saltos de

aprendizagem esperados” (Brant de Carvalho, 2006: 7)

Não é possível verificar melhorias em todos os indicadores educacionais, os

recursos financeiros e técnicos disponibilizados pelos governos não são suficientes, a

legislação dá margens para o descompromisso dos órgãos públicos e das escolas, a

comunidade escolar está fragilizada e a escola não desempenha mais a sua função

social. Os professores são mal remunerados, os diretores não possuem habilidades

gerenciais, as políticas de reconhecimento, incentivo, motivação e responsabilização são

nulas ou ineficazes. São múltiplos os fatores que resultam em um só problema: os

alunos não completam o ciclo escolar básico, e daqueles que completam, poucos

aprendem.

Com efeito, ao analisar o cenário geral da educação pública, percebe-se que

enquanto o acesso ao ensino fundamental está praticamente universalizado para a

população de 7 a 14 anos, em que 97% das crianças nesta faixa etária estão matriculadas

no país (IBGE, PNAD, 2007), por outro os jovens na faixa dos 15 aos 24 anos ainda

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estão fora da escola. Elevam-se as taxas de evasão e abandono dos estudos pelos jovens

em todos os Estados do país: as pesquisas demonstram que em 12 das 27 Unidades da

Federação, os jovens nesta faixa etária não chegam a uma média de oito anos de estudo,

que correspondente ao ensino fundamental completo (Waiselfisz, 2007).

Com o enfoque para os dados referentes ao Ensino Médio, percebe-se que a

realidade é ainda mais assustadora: hoje existem cerca de 50,2 milhões de jovens (26,4%

da população), segundo a Pnad 2007, população situada na faixa etária entre 15 a 29 anos

de idade. Dos atuais 10,6 milhões de pessoas entre 15 a 17 anos, apenas 48% estão no

Ensino Médio, quadro que se agrava, pois dos 3,6 milhões de jovens que se matriculam

anualmente na primeira série deste nível, apenas 1,8 milhões concluem os estudos (MEC,

Censo Escolar 2007). Ou seja, metade de nossos jovens que tiveram o “privilégio” de

chegar a este grau de escolaridade “morre na praia”.

É importante ressaltar que não é possível compreender as situações educacionais

dos jovens no Ensino Médio sem se considerar o sistema da educação básica como um

todo, isto é, sem olhar para o que está ocorrendo no Ensino Fundamental, que está

praticamente universalizado, mas não o seu término. Com isso, o acesso ao Ensino Médio

está também longe de ser universalizado. Os estudos mostram que enquanto a cobertura do

Ensino Fundamental no país nos últimos 10 anos manteve-se estável (e na ordem dos mais

de 97%), a cobertura do Ensino Médio não ultrapassou 82,5%, pico de atendimento no

mesmo período, mesmo que tenha crescido em quase 13 pontos percentuais de 1996 a

2003. Há jovens que não estão na escola, outros que ainda não alcançaram o nível de

escolaridade adequado para a sua idade e continuam no Ensino Fundamental e outros que

estão no Ensino Médio, mas acabam desistindo e não concluem os estudos.

A PNAD de 2007 mostrou que 30,4% dos jovens são pobres – possuem renda

domiciliar per capita de até ½ salário mínimo – e que os jovens representam 61,4% do

total de desempregados do Brasil (alcançando o triplo do verificado em outras faixas

etárias). Além disso, enquanto por um lado sobram postos de trabalho, por outro falta

qualificação da mão de obra jovem. Há vagas disponíveis em vários setores, mas só em

2007 faltaram profissionais qualificados e com experiência para 123,3 mil vagas com

carteira assinada, segundo ao pesquisa sobre a Demanda e Perfil dos Trabalhadores

Formais no Brasil em 2007, publicada pelo IPEA.

Não investir na educação e na formação do jovem em idade de Ensino Médio é

ignorar o forte elo existente entre conhecimento, capital humano e crescimento

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econômico. O mercado tem se tornado cada vez mais competitivo e exigente: 11 anos

de estudos, ou seja, a conclusão do Ensino Médio, é o tempo mínimo necessário para

que uma pessoa adquira qualificações básicas exigidas para postos de trabalho com

salários dignos. A conclusão do Ensino Médio, além de permitir ao aluno a entrada ao

Ensino Superior, representa a milhares de jovens a possibilidade de acesso a melhores

ofertas de emprego e renda.

“A taxa de retorno social da educação envolve os custos de

oportunidade do adolescente estudar em vez de trabalhar, os prêmios

trabalhistas e os custos diretos privados ou públicos da educação. A literatura

calcula taxas de retorno de 15% por ano de estudo que se encontra num nível

mais alto que o custo de financiamento do governo brasileiro que, portanto,

deveria expandi-la. Agora a taxa interna de retorno da educação relevante para

a decisão de pais e filhos é ainda mais alta, pois exclui os custos públicos da

educação e inclui outros benefícios privados derivados da educação para além

da renda gerada do mercado de trabalho. Por exemplo, nossas pesquisas

indicam que 95% das melhoras da saúde percebida observadas a partir de

incrementos na educação e na renda associada se dão pelo efeito direto da

educação, mantendo-se a renda constante. Ou seja, há um enorme ganho

privado a ser auferido para além do mundo do trabalho a partir da decisão de

se educar mais. Neste sentido, a alta evasão escolar constitui um paradoxo. Se a

educação gera um retorno privado tão alto, por que os brasileiros investem tão

pouco nela?” (Neri, 2009:5)

O estudo recente publicado por Neri, aponta que se por um lado os ganhos em

termos de salário são maiores com o aumento da escolaridade, por outro, na prática uma

grande parcela dos jovens não termina os estudos: a taxa média de abandono no Ensino

Médio é de 13,3%, o dobro da taxa média de abandono para anos finais do Ensino

Fundamental. Do ponto de vista do desenvolvimento social de um país e da melhoria do

nível de vida de sua população, a conclusão da educação média é, sem dúvida, um dos

pontos nevrálgicos. Isto pode ser verificado com as análises salariais por anos nível de

escolaridade:

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“A trajetória de salários por nível educacional vai desde os R$ 392 de

salário (2,42 reais de salário-hora) dos analfabetos até os R$ 3.469 de salário

(20,7 reais de salário-hora) daqueles que já freqüentaram a pós-graduação.

Similarmente, a taxa de ocupação entre os extremos do espectro educacional

sobe de 59,9 % para aqueles que nunca passaram de um ano de estudo, até

86,4% daqueles que já sentaram nos bancos da pós-graduação. Mesmo quando

comparamos pessoas com as mesmas características sócio-demográficas —

como sexo, idade, raça e geografia — menos a educação, os salários dos

universitários é 544% superior ao dos analfabetos e a chance de ocupação,

422% maior” (idem: 43).

Neste sentido, entender que o conhecimento é o elemento central da vantagem

competitiva de um país é o primeiro passo para que os esforços da sociedade estejam

voltados para o desenvolvimento do capital humano de sua juventude. Diversos estudos,

como o Relatório de desenvolvimento mundial 2007: o desenvolvimento e a próxima

geração, publicado pelo Banco Mundial, o Relatório Educação, Inovação e

Competitividade, de 2008 do BIRD, apontam a necessidade urgente de se investir no

aumento de oportunidades de emprego e educação para a juventude como forma de

recuperar o tempo perdido. Observando casos como os da Índia, China ou Coréia do Sul

verifica-se que, a despeito de terem partido de PIBs per capita semelhantes ao do

Brasil, em meados da década de 80, tiveram trajetórias de crescimento bastante

diferentes, e atualmente são potencias exportadoras de mão-de-obra qualificada.

Quando observados indicadores qualitativos, reforça-se a existência de uma

verdadeira crise no Ensino Médio: os brasileiros apresentam um dos piores índices de

desempenhos do mundo. Comparações internacionais, viabilizadas pela aplicação mundial

da prova PISA, que verifica as habilidades e competências em Português, Matemática e

Ciências de alunos de 15 anos, demonstram o quanto o aprendizado e a escolarização são

precários no Brasil:

“O Programme for International Student Assessment – Pisa constitui, na

atualidade, a mais abrangente e rigorosa avaliação comparativa internacional

referente a competências para a vida da juventude do mundo. Dos 41 países

participantes da avaliação de 2003, o Brasil, junto com a Indonésia e a Tunísia,

ocuparam as últimas posições nas habilidades testadas. A média situa os

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brasileiros no nível mais baixo da escala de proficiência, o nível 1, onde os

alunos são capazes apenas de realizar as tarefas mais simples”. (Waiselfisz,

2007:12).

Ao comparar a média nacional nos testes estandatirzados de português e

matemática (como a Prova SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica e Prova

Brasil), observa-se que o nível médio dos alunos está muito aquém do recomendado. No

SAEB, os níveis de proficiência são extremamente baixos e reiteram que as 3a séries do

Ensino Médio de todo país apresentam uma contínua erosão do domínio da Língua

Portuguesa e da Matemática.

Com os dados apresentados, constata-se claramente que o direito dos jovens ao

aprendizado e ao desenvolvimento humano vem sendo negligenciado pelas políticas e

sistemas públicos educacionais.

Contudo, para entender as relações da juventude e dos jovens com a educação,

no contexto atual do país, seria útil e necessário considerar a opinião dos próprios

sujeitos juvenis sobre as condições escolares.

Pesquisadores e estudiosos das áreas de humanas, assim como centros e núcleos

de pesquisas passaram a se interessar sobre a temática da juventude, encarando os

jovens como sujeitos sociais que mereciam atenção. Um dos primeiros estudos sobre o

assunto foi o de Helena Abramo, no livro Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo

urbano, em que a autora inaugura um enfoque que busca compreender quem são os

jovens, o que fazem, como se agrupam, qual seu comportamento. A autora teve um

importante papel na mudança de perspectiva de entendimento em relação as

características próprias da juventude e dos estudos realizados sobre ela:

“Toda vez que se relaciona a questão da juventude à da cidadania, seja

pelos atores políticos seja pelas instituições que formulam ações para jovens,

são os problemas (as privações, os desvios) que são enfocados; todo debate,

seminário ou publicação relacionando esses dois termos traz os temas da

prostituição, das drogas, das doenças sexualmente transmissíveis, da violência.

As questões elencadas são sempre aquelas que constituem os jovens como

problemas e nunca questões enunciadas por eles, mesmo porque não há espaço

comum de enunciação entre grupos juvenis e atores políticos. Há uma

dificuldade de ir além da sua consideração como problema social e de

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incorporá-los como capazes de formular questões significativas, de propor

ações relevantes, de contribuir para a solução dos problemas sociais”.

(Abramo,1997: 26)

Avançando no entendimento dos jovens como sujeitos sociais, Sposito

demonstra que os desafios na formulação de políticas públicas para a juventude são

ainda mais cruciais:

“Não só precisa contribuir efetivamente para a construção de um modo diverso

de compreensão dos jovens na sociedade brasileira, a ser expresso tanto sob a

forma de políticas públicas democráticas que reconhecem o não-cumprimento

de direitos historicamente negados – educação, saúde e trabalho –, como capaz

de se abrir para outras modalidades de ação que contemplem novos direitos da

juventude (...)Sem negligenciar as inúmeras dificuldades de ampliação das

dotações orçamentárias para as políticas públicas sociais, admite-se que o

desafio maior é, contudo, inscrever as políticas de juventude em uma pauta

ampliada de direitos públicos de caráter universalista. Essas orientações devem

pressupor os jovens como sujeitos dotados de autonomia e como interlocutores

ativos na formulação, execução e avaliação das políticas a eles destinadas.”

(Sposito, 2004: 37).

Como apontam Nakano & Almeida (2007), é necessário levar em consideração

as avaliações que eles realizam sobre a escola que o poder público a eles tem destinado.

Segundo a pesquisa realizada pelo IBASE e Instituto Polis entre 2004 e 2005, com

jovens entre 15 e 24 anos, em todo o Brasil, para os jovens pesquisados a educação

escolar é uma das questões que mais os inquietam e os mobilizam, ao lado de problemas

como a violência, o trabalho e a desigualdade social (IBASE, 2006).

“Eles chamaram a atenção para a deterioração e a obsolescência dos

prédios, equipamentos e mobiliários escolares; enfatizaram os problemas que

enfrentam na relação com os professores, pois estes demonstram distanciamento

ou desconsideração aos sentidos que os jovens atribuem à escola. Eles também

teceram críticas para a inadequação dos currículos, as metodologias aplicadas

no processo de ensino-aprendizagem, os materiais didáticos e as atividades

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extraclasse. Eles foram além e circunscreveram, ainda, os modos pelos quais o

universo escolar produz desigualdades e discorreram sobre a inadequação da

educação atual em relação às exigências do mundo do trabalho.” (Nakano &

Almeida, 2007: 1086)

Ainda nesta mesma linha, a análise de Neri (2009) sobre os dados contidos no

Suplemento Especial de Educação da PNAD5 de 2006, realizada pelo IBGE, aponta que

dos 17,8% dos jovens entre 15 e 17 anos que estavam fora da escola, 10,9%

responderam que o motivo era por dificuldade de acesso a escola; 27,1% declararam

não freqüentar a escola por necessidade de trabalho e geração de renda e 40, 3%

declaram que abandonaram os estudos por falta intrínseca de interesse. Os 21,7%

restantes alegaram outros motivos, como expulsão, por exemplo.

Assim, cabe ressaltar que, para além da ampliação da oferta e da universalização

do acesso a escola, os jovens não estão satisfeitos com o sistema público de ensino, que

encontramos hoje no Brasil.

Mas quando se aborda a questão da insatisfação dos jovens em relação às

condições educacionais, é preciso considerar que não existe uma juventude – em termos

identitários – única. Há sim, juventudes, em seu caráter diverso. Qualquer estudo sobre

juventude e educação deve levar em conta as características desse público, uma vez que

os pesquisadores reforçam a necessidade de relativizar o recorte etário e as

características histórico-sociológicas, muitas vezes determinantes do entendimento do

que é “ser jovem” e das representações sobre educação realizadas por este público

multifacetado.

Para além das ressalvas quanto à noção histórico-social do conceito de juventude

e educação, oficialmente o Brasil tem hoje cerca de 50,2 milhões de jovens (26,4% da

população), segundo a Pnad 2007. Considera- se como jovem a parcela da população

situada na faixa etária entre 15 a 29 anos de idade, divididos em três grupos: jovem

adolescente com faixa etária entre 15 a 17 anos, que representam 10,6 milhões de

pessoas; jovem-jovem com faixa-etária entre 18 a 24 anos, que representam uma

população de 23,8 milhões; e o jovem-adulto, com faixa etária entre 25 a 29 anos, que

compreendem 16,1 milhões.

5 A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílios) é realizada anualmente pelo IBGE. Em 2004 e 2006 foram publicados os Suplementos Especiais de Educação, que permitem compreender as motivações daqueles que estão fora da escola até os 17 anos de idade. A pesquisa é declaratória.

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Esta categorização foi adotada na proposta do Estatuto da Juventude, em

discussão na Câmara dos Deputados, e também incorporado pela Secretaria e Conselho

Nacional de Juventude. No âmbito das políticas públicas, a adoção do recorte etário de

15 a 29 anos é bastante recente. Antes, geralmente era tomada por “jovem” a população

na faixa etária entre 15 e 24 anos. A ampliação desta faixa para os 29 anos não é uma

singularidade brasileira, configurando-se, na verdade, numa tendência geral dos países

que buscam instituir políticas públicas de juventude. Na literatura, há duas justificativas

que prevalecem para ter ocorrido essa mudança: maior expectativa de vida para a

população em geral e maior dificuldade desta geração em ganhar autonomia em função

das mudanças no mundo do trabalho. Ou seja, o tempo de transição para a vida adulta

vem sendo alongado, com o passar dos anos.

Para fins de orientação teórica, esta pesquisa parte do pressuposto e se apóia na

literatura que compreende os jovens como sujeitos sociais, que por si só tomam

decisões e realizam escolhas, de acordo com a sua experiência pessoal de vida, e define

suas estratégias para com os obstáculos e barreiras que a vida lhe propicia:

“Se a ‘moderna condição juvenil na sociedade ocidental’ é tributária de

ações voluntárias e diversas, porém combinadas, da família e da escola –

‘agências primordiais de reprodução social’ –, hoje uma compreensão mais

adequada do momento juvenil do ciclo de vida e dos sujeitos nele inscritos deve

levar em conta as relações que adolescentes e jovens estabelecem com o

universo da produção, sobretudo com o mercado formal de trabalho e o

trabalho assalariado” (Sposito, 2005:15).

Dessa maneira, é preciso examinar as singularidades da juventude e levar em

conta a tensão existente nessa etapa da vida. Além da relação com o mercado de

trabalho, os inúmeros aspectos considerados constitutivos da condição juvenil devem

ser explorados: relação independência/dependência da família de origem, situação

matrimonial, condição de maternidade/paternidade, atividades nas quais suas vidas

estão centradas (escola-trabalho-lazer). Assim, tais tensões acabam implicando em

decisões que podem lhe custar a permanência na escola e o interesse pela educação e o

conhecimento.

Um estudo realizado por Abramo (2005), sobre os resultados da pesquisa Perfil

da Juventude Brasileira demonstrou que o trabalho é uma realidade entre os jovens,

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mas normalmente com condições precárias, em postos informais ou no subemprego. Por

conta deste cenário, muitas vezes somados a paternidade/maternidade precoce, os

jovens acabam abandonando os estudos, e sem qualificação, diminuem as chances de

um futuro melhor. Trata-se de um circulo perverso, vicioso, que concretamente atinge

os mais vulneráveis. A autora aponta como a demanda mais central é, certamente, por

inclusão, e por isso que o trabalho tem tanto peso como preocupação dos jovens, ao lado

da violência:

“A sua demanda principal é de inserção, numa sociedade que vive

profundamente os problemas da exclusão, numa estrutura que ‘não cabem

todos’(...) Talvez seja isso que explique porque a juventude volta a se tornar um

problema político.” (ABRAMO, 2005: 70).

Na tentativa de reverter esse quadro, o investimento em ações para a juventude,

com foco primordial para a educação, parece configurar entre as preocupações das

organizações sociais de natureza privada com fins públicos e dos sistemas públicos de

educação. Da mesma forma, os estudos acadêmicos sobre juventude e educação se

multiplicaram nos últimos anos, acompanhando a movimentação na esfera política tanto

por parte do governo como de outros setores da sociedade, em formular políticas

públicas específicas para os jovens. A construção das causas juvenis como um foco de

interesse e implementação de políticas públicas passou, mais precisamente a partir da

década de 1990, a ser uma bandeira de muitos centros e núcleos de pesquisas ligados ou

não a universidades, das ações do poder público e da sociedade civil.

Esse movimento de entendimento e construção da juventude como foco de

interesse e intervenção de políticas públicas é o pano de fundo para a apresentação, no

subcapítulo a seguir, das recomendações da literatura para a diminuição das brechas,

com vistas a real garantia do direito a educação e desenvolvimento dos jovens no país.

1.3 Recomendações na literatura para a diminuição das brechas e a efetivação do

direito à educação de jovens

Historicamente, a investigação sobre a relevância da qualidade da educação formal

ganhou destaque com a divulgação do estudo realizado por Coleman e sua equipe em

1966, que contraria a idéia de que a escola teria papel fundamental na aprendizagem,

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elegendo a situação socioeconômica das famílias e o meio em que os alunos convivem

como fatores determinantes do desempenho escolar.

Desde então, diversos trabalhos surgiram na tentativa de explicar melhor a relação

entre a qualidade da escola e a aprendizagem dos alunos. Esses estudos, de maneira geral,

utilizam muitas variáveis para explicar o desempenho dos alunos: insumos escolares,

características dos professores, gestores das escolas, dos alunos, da comunidade escolar,

entre outros. Como consta no documento Indicadores de Qualidade na Educação 2004

(MEC, Ação Educativa, PNUD e UNICEF), uma boa escola é aquela em que os alunos

aprendem coisas essenciais para sua vida, como ler e escrever, resolver problemas

matemáticos, conviver com colegas, respeitas as regras, trabalhar em grupos. Entretanto,

não há um consenso sobre quais os fatores de êxito em uma escola que facilitam a

aprendizagem e influenciam no desempenho escolar, principalmente sobre os alunos do

Ensino Médio.

A dificuldade em demonstrar quais as causas e os efeitos da escola, da família e da

comunidade, no desempenho dos alunos talvez esteja no fato de que os dados disponíveis

são insuficientes, inconsistentes e ineficazes. Atualmente, a principal referência sobre o

assunto é o Relatório McKinsey&Company, publicado em junho de 2008, que realiza um

balanço sobre como os 20 sistemas escolares de melhor desempenho do mundo chegaram

ao topo. Este relatório aponta quatro lições importantes:

1) a excelência dos professores é levada em consideração na seleção dos mesmos;

2) há investimento na instrução dos professores para obtenção de resultados;

3) o alto desempenho significa que todas as crianças devam ser bem-sucedidas,

assim há investimento especial nos alunos com lacunas de aprendizagem;

4) toda escola precisa de um grande dirigente.

Conhecer as possíveis condicionalidades para a garantia do direito de aprender dos

jovens é condição essencial para a formulação de políticas públicas eficazes, que

possibilitem a transformação do sistema educacional do país. Entretanto, a partir da

diversidade de estudos e pesquisas sobre como melhorar o desempenho dos alunos e tornar

as escolas mais atrativas, percebe-se que não há um padrão ou receita única para a escola

de qualidade (Brooke, 2008).

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Isso exige a interação de diferentes procedimentos adequados a cada escola e

existem múltiplas variáveis que também são importantes: a condição socioeconômica das

famílias e o perfil dos alunos; os processos, as políticas, a legislação e o padrão

governamental a que esta escola está submetida; as condições de infra-estrutura e insumos

das escolas; qualificação e instrução dos professores; a gestão escolar; o contexto sócio-

cultural em que a escola está inserida.

Frente a estas constatações, entende-se que a promoção de uma guinada de enfoque

da administração pública, que privilegie a melhoria da qualidade da educação, exigirá no

mínimo o fortalecimento da gestão escolar pública. Esta é a condição a priori para a

implantação de qualquer modelo de atuação que tenha como o objetivo a melhoria do

desempenho e a permanência dos alunos. Qualquer modelo de escola pública eficaz só

poderá ser implantado a contento se as escolas tiverem condições autonomia de

gerenciamento de recursos (sejam financeiros, humanos, técnicos, etc.).

Para que se diminuam as brechas e as falhas entre o texto constitucional e a real

garantia do direito a educação para os jovens no Brasil, os estudos apontam também a

necessidade do fortalecimento dos sistemas de avaliação e prestação de contas: as políticas

públicas implantadas deveriam favorecer o accountability das ações desenvolvidas pela

educação pública. Da mesma forma, os estudiosos defendem que a implantação de

sistemas de avaliação de desempenho deveriam ser aprimorados e transformados em

políticas públicas de modo a permitir que pais, alunos e a população em geral conheçam os

resultados de maneira transparente e universal, e possam:

“Comparar as avaliações educacionais e o desempenho de ‘seu’ filho, da

professora de ‘seu’ filho, da ‘sua’ escola e, em seguida, das escolas do bairro, da

cidade e do país – e, quiçá, do mundo (...) Como tal, pais, professores e

dirigentes escolares devem considerá-las como um saudável sistema de

avaliação externa, objetivo e adequado às ‘diferentes realidades nacionais’, e

adotar os seus conteúdos como referencial indispensável nas propostas

pedagógicas.”(Arelaro, 2007:910)

Talvez esse seja o primeiro passo para a efetivação real da participação popular,

um dos preceitos democrático da Constituição Federal. A perspectiva da

democratização do ensino, tanto para a definição dos conteúdos quanto para a definição

das próprias políticas públicas, exige que a sociedade participe da construção das

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políticas – assim como deveria ocorrer no processo de estruturação de qualquer outro

direito fundamental. Nos últimos anos, a ampliação da participação popular tornou-se

recomendável e imprescindível, pois sem ela as políticas planejadas nos gabinetes pelos

os especialistas não acontecem na prática:

“A definição das políticas educacionais dos diferentes sistemas de ensino –

federal, estaduais e municipais – também tem como pressuposto uma ação mais

solidária entre as esferas públicas, uma vez que o sistema federativo implica

colaboração e distribuição, a mais eqüitativa possível, de responsabilidades e

tarefas entre elas. Esta é a razão por que a elaboração de planos de educação,

atualmente, e pelo menos no discurso e na legislação, deixou de ser atividade

exclusiva de “especialistas” que, historicamente, manipulavam dados

estatísticos e informações em seus gabinetes, para se tornar iniciativa

democrática, em que os diferentes segmentos sociais são convidados a se

pronunciar e a se envolver na definição de suas diretrizes e prioridades”

(Arelaro, 2007:901)

Assim, os canais de participação e controle social se constituem por meio de

Conselhos, Conselhos Gestores de Serviços, Fóruns e Conferências, nas três esferas de

governo. Eles precisam ser potencializados, solidificados, estruturados, a fim de que as

políticas públicas implantadas estejam em ampla sinergia com as necessidades da

população e dos jovens. Hoje, mediante a fragilidade da participação popular nas arenas

de debate e tomada de decisão, seja no âmbito Municipal, Estadual ou Federal, o que se

vê é um verdadeiro embate entre duas vertentes: de um lado os interesses privados e

individuais; do outro, a dimensão coletiva e pública. Este, sem dúvida, é um entrave

para o efetivo exercício do direito à educação. O que se espera, portanto, é um equilíbrio

entre as vertentes de direitos individuais e coletivos, que só poderá se efetivar se a

multiplicidade de atores e grupos sociais participarem dos processos decisórios.

Um dos principais problemas vivenciados pelas políticas públicas educacionais é

a fragilidade dos mecanismos de participação e espaços institucionais de controle social.

A tecnificação extrema da agenda pública, a burocratização dos processos de

participação e controle social e a priorização de “particularismos generalizados”, ao

invés de “interesses generalizados” (Cohn, 2003) dificultam a diminuição das brechas

entre o enunciado pela CF 88 e a realidade.

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29

A consolidação das idéias anteriores possibilita, em linhas gerais, condensar as

recomendações para diminuir as brechas e as falhas entre o texto constitucional e a real

garantia do direito a educação de jovens. São elas:

1. Melhoria da gestão pública – investir em ações de emponderamento para que as

gerências em todos os níveis que operam a educação no país estejam mais

preparadas para administrar recursos financeiros, humanos, etc;

2. Fortalecimento dos sistemas de avaliação e prestação de contas – é necessário que

as políticas públicas implantadas responsabilizem os gestores educacionais pelos

resultados. Deve-se favorecer o accountability das ações desenvolvidas pela

educação pública e o controle social;

3. Melhorias das condições educacionais: a formação dos professores e a sua boa

remuneração, bem como proporcionar melhores condições de infra-estrutura;

4. Estruturar iniciativas que contribuam para a melhoria do desempenho dos alunos, a

sua permanência na escola, a diminuição da defasagem idade –série e a conclusão

dos estudos com qualidade, enfocando especialmente em alunos com lacunas de

aprendizagem.

Tais campos podem ser considerados favoráveis para a articulação entre a

sociedade civil e o poder público. A formação de redes de cooperação para o combate

dos problemas educacionais e à proposição de soluções sem dúvida são caminhos

frutíferos para as parceiras público-privadas em educação. Porém, como se verá no

capítulo a seguir, o leque de opiniões dos teóricos e estudiosos sobre o tema é

amplamente variado.

A aposta desta pesquisa centra-se na idéia de que é preciso encarar desafio de

construir redes de cooperação para os processos decisórios e desenhar alternativas que

congreguem a união de recursos. O investimento social privado, as boas idéias das

organizações sociais e a atuação pública em escala do Estado, se somadas, podem

contribuir para a formulação de propostas que favoreçam a permanência e a conclusão,

com qualidade, do ciclo básico da educação pública.

Além das organizações não governamentais, os movimentos sociais de base

discutem temas como gerenciamento social, implementação de projetos sociais

comunitários, ética empresarial e responsabilidade social. Tais temas também foram

integrados ao vocabulário corporativo das grandes empresas, que passaram a criar,

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implantar ou dar mais atenção aos seus institutos, associações ou fundações –

valorizando-os como uma parte importante, quando não imprescindível de seu

investimento.

Os motivos que têm impulsionado segmentos do empresariado brasileiro a adotar

a postura de responsabilidade social empresarial são focos de muitos estudos no mundo

acadêmico. Este tema passou a fazer parte do intenso debate travado no universo de sites,

congressos, jornais, entre outros veículos que discutem o futuro do Terceiro Setor no

Brasil. Com efeito, são diversas as análises que buscam apontar as lacunas existentes

entre o discurso socialmente responsável e a prática lucrativa dos grandes conglomerados

nacionais e internacionais, ou mesmo entender e justificar por qual razão o discurso

politicamente correto foi adotado pela cultura empresarial brasileira, antes avessa à

filantropia ou qualquer forma de responsabilização.

Entretanto, o presente trabalho não pretende discutir os motivos pelos quais as

grandes empresas ou corporações vêm apostando nas práticas de investimento social,

nem mesmo enfocar as configurações das organizações sociais privadas com finalidade

pública neste cenário. O que importa nesta pesquisa é compreender até que ponto as

parcerias público-privadas direcionadas à melhoria da qualidade da educação do país,

sejam elas baseadas em investimento social privado ou em articulações das organizações

sem fins lucrativos, vem causando efeitos positivos para a transformação das

oportunidades de estudo dos jovens brasileiros.

Como visto anteriormente, o campo de atuação das parcerias público-privadas tem

um vasto universo que pode ser explorado, já que são muitas as áreas que necessitam de

melhorias no âmbito das políticas públicas de educação formal dos jovens. Mas quantas

são as organizações sociais que atuam na promoção de políticas públicas educacionais para

jovens?

A pesquisa realizada pelo IBGE, IPEA, ABONG (Associação Brasileira de

Organizações Não Governamentais) e GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)

em 2004, denominado As fundações privadas e as associações sem fins lucrativos levantou

dados sobre 275.895 entidades, demonstrando que entre 1990 a 2002 houve um

crescimento de 16% de organizações voltadas para a promoção e defesa de direitos. Já em

2006, o IBGE realizou uma radiografia das entidades privadas de assistência social

brasileiras sob encomenda e com recursos do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social

e Combate à Fome). A Pesquisa das Entidades de Assistência Social Privadas sem Fins

Lucrativos (Peas 2006) foi desenvolvida a partir dos dados contidos no Cempre (Cadastro

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Central de Empresas) do IBGE, onde foram identificadas as entidades relacionadas no

grupo Assistência Social. Desse universo, foram entrevistadas 16.089 entidades: 51%

desenvolviam ações para a faixa etária entre 15 a 24 anos.

Este dado foi reforçado pela pesquisa do IPEA, também realizada em 2006 sobre as

iniciativas privadas com espírito público. Com dados entre 1990 a 2003, esta pesquisa

apontou que para o conjunto do país cresce de 23% para 39% o número de empresas que

dirigem as ações para essa faixa etária.

Mais recentemente, o GIFE publicou o Censo 2007/2008, com um caderno especial

sobre juventude. Entre os associados GIFE, cerca de 80 organizações que trabalham com o

Investimento Social Privado responderam ao Censo de 2007/2008, e entre eles 67%

desenvolvem ações para a faixa etária dos 18 aos 24 anos, seguido por 59% dos associados

com projetos direcionados para a faixa etária entre 15 e 17 anos.

Tomando um grupo etário mais amplo, 81% dos associados destinam suas ações

para a faixa etária entre 15 e 29 anos de idade. Este Censo GIFE revelou ainda que 79%

dos projetos desenvolvidos exclusivamente para os jovens são na área de educação. Esta

parece ser uma constatação recorrente, pois:

“a priorização da área da Educação por parte dos associados GIFE é

notória desde o primeiro Censo (2005/2006) e corresponde a um consenso

nacional de que as limitações do sistema educacional são o principal entrave que

o país necessita enfrentar para superar seus problemas de pobreza, desajuste e

desigualdade social”(GIFE, 2008:14).

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Capitulo 2 - A construção de um modelo de análise de parceira público-privada em

educação formal de jovens

2.1 Linhas teóricas sobre as parcerias público-privadas em educação formal

Para falar de políticas públicas educacionais voltadas à juventude implementadas

por meio de parcerias público-privadas se faz necessário estruturar o entendimento das

linhas que teorizam sobre as parcerias público-privadas, e especificamente tratá-las no

âmbito da educação.

Dentro desta perspectiva, cabe inicialmente situar o objeto de estudo frente ao

contexto geral em que se insere: com a abertura democrática, a partir da década de 90,

multiplicaram-se as parcerias existentes entre o Estado e a sociedade civil, em todas as

esferas de governo – federal, estadual e municipal –, e nos diferentes setores de atuação

pública, sobretudo, saúde, educação, cultura e assistência social. De maneira geral, a

análise deste movimento crescente vem se constituindo enquanto tema de interesse no

meio acadêmico.

Algumas pesquisas desenvolvidas têm como foco as relações de parceria sob a

perspectiva do processo de redemocratização e reforma do Estado brasileiro,

proporcionando uma visão global das relações estabelecidas entre o Estado e a

sociedade civil (Bresser Pereira, 1999; Barreto, 1999; Gutierres, 2006). Há também

análises sobre temáticas específicas que categorizam os diferentes tipos de parcerias

possíveis e existentes, que privilegiam o enfoque de uma ou de outra parte envolvida,

ou tratam das implicações da relação de parceria para um ou outro setor (Teixeira, 2003;

Levy, 2004; Junqueira, 2006).

Dessa forma, a existência de parceiras entre o poder público e as organizações

da sociedade civil não é característica exclusiva da área de educação. Retomando o

argumento de Figueiró (2000), tem-se com o processo de redemocratização um novo

associativismo civil que se desenvolve no âmbito de uma esfera pública privada e não

estatal, e atua no cenário político por meio da cooperação com o Estado.

Como já dito anteriormente, esta forma de interface entre o Estado e a sociedade

civil através de parcerias baseadas na partilha de poder e de responsabilidade na

execução das políticas públicas se desenvolveu de maneira mais efetiva anos 90

(Gutierres, 2006:34). Entretanto, a investigação sobre o esforço de teorização do tema

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revela que não existe uma definição única ou uma normatização consensuada sobre as

relações estabelecidas por uma parceria público-privada.

Este é um conceito amplo para uma gama diversificada de tipos de associação e

relação entre órgãos públicos e privados. Em seu conceito mais difundido (Linklaters,

2006), as parcerias público-privadas são definidas como acordos instituídos entre uma

esfera pública e uma esfera privada, tendo normalmente como meta a prestação ao

público, pelo parceiro privado, de bens ou serviços; e a colocação à disposição, pela

entidade privada à entidade pública, de meios que lhe permitam desempenhar a sua

função de modo mais eficiente. Esta definição é compartilhada por muitos teóricos

como Lins (2006) e Ter-Minassian (2004), que ressaltam o aspecto econômico da

transação, da eficiência e também apresentam um ponto em comum, isto é, o recuo do

Estado frente às demandas sociais. O Estado não trabalha em conjunto com a iniciativa

privada, ele cede espaço, ele deixa o palco livre. E, sendo assim, pode até perder o

controle das ações de seus concessionários, de seus parceiros.

No âmbito específico da educação, esta postura configura uma das linhas

teóricas, que pode ser considerada a mais “purista”, isto é, defensora da idéia de que a

responsabilidade pela educação pública formal é do poder público. Os defensores desta

perspectiva acreditam que as parcerias público-privadas abrem brechas para a que o

Estado divida ou minimize sua responsabilidade frente à garantia do direito a educação.

Frente à descrença do sistema educacional, Arelaro (2007), por exemplo, demonstra

como a política de parceria público-privada pode representar um risco para a efetivação

da democracia e participação popular. Com a prática de transferir as creches para

organizações sociais ou mesmo de adotar materiais didáticos de sistemas privados,

corre-se o sério risco de desculpabilizar o Estado pelas conseqüências possíveis que

sejam geradas. Assim, a culpa pelo insucesso do aluno não é mais da escola ou do

sistema e sim dele e de sua família. Para Arelaro:

“As conseqüências da implementação dessa política são previsíveis: cada vez

mais, o Estado buscará “parceiros” para dividir sua responsabilidade

educacional, tanto com relação ao atendimento da demanda e da oferta, em

especial, por meio do estabelecimento de contratos com creches comunitárias,

ou convênios para o atendimento em educação especial, ou mesmo para o

funcionamento de classes de educação de jovens e adultos em associações

filantrópicas ou comunitárias, quanto com relação à qualidade, com contratos e

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convênios com escolas e sistemas privados de ensino para ‘transferência’

sumária de métodos e técnicas de ensino e de compra de materiais ‘unificados’

e adequados para o ‘sucesso’ nas provas ou exames nacionais – reservando-se

ao Estado a função exclusiva de definir o ‘produto esperado’ (educação para a

cidadania?) e os mecanismos de aferição da qualidade do ‘produto efetivamente

produzido’ (aluno ‘civilizado’ e cidadão?)”(Arelaro, 2006:916)

Para a autora, com o investimento neste tipo de parceria a sociedade acaba por

abrir mão do projeto de participação popular e de emancipação dos alunos e dos

diferentes grupos sociais que estão presentes nas escolas.

Uma segunda linhagem teórica sobre as parcerias público-privadas admite a

colaboração do setor privado como complementaridade às ações do poder público, mas

resguarda quaisquer possibilidades de interferência direta na concepção e na oferta de

serviços.

A análise de Rua (1998) sobre as ações públicas destinadas à juventude,

contextualizando o tema em meados dos anos de 1990, tem como pano de fundo um

conceito bastante sugestivo de políticas públicas, entendidas como um conjunto de

ações articuladas com recursos próprios (financeiros e humanos), que envolve uma

dimensão temporal (duração) e alguma capacidade de impacto. Porém,

“(...) ela não se reduz à implantação de serviços, pois engloba projetos

de natureza ético-política e compreende níveis diversos de relações entre o

Estado e a sociedade civil na sua constituição. Situa-se também no campo de

conflitos entre atores que disputam orientações na esfera pública e os recursos

destinados à sua implantação.”(Sposito, 2003:17).

Esta perspectiva de entendimento abre a possibilidade para que se aposte em

ações com forte protagonismo do Estado e também da sociedade civil. Tais forças

interagem na arena pública, de forma amigável ou não. Para essa linha teórica, o Estado

tem papel central na garantia e regulamentação do direito à educação, inclusive em

relação à universalidade do atendimento escolar para as crianças e jovens, mas este

papel não impede que as ações públicas sejam fortalecidas e complementadas por outros

atores sociais. Dowbor (2008) reforça que a geração de modelos alternativos de

reprodução social exige olhar de maneira critica para a realidade e abandonar velhos

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paradigmas (que buscavam explicar a divisão dos setores da sociedade) e apostar em

formas cooperativas, que articulem o Estado, as empresas e a sociedade civil em torno

dos mesmos propósitos e objetivos. Na carona dessa perspectiva, outros autores

defendem os ganhos que ações de complementaridade podem gerar por meio de

parcerias público-privadas em educação:

“Na arena pública, estão presentes, interagindo de forma conflituosa ou

cooperativa, o Estado, a sociedade civil, movimentos sociais, minorias, terceiro

setor, iniciativa privada, mercado, comunidades e cidadãos. O Estado tem aqui

papel central na regulação e garantia na prestação de serviços de direito dos

cidadãos. Não se compreende mais o Estado como agente único da ação pública,

mas espera-se que cumpra sua missão de intelligentia do fazer público, e, em

conseqüência, exerça papel indutor e articulador de esforços governamentais e

societários em torno de prioridades da política pública.”(Brant de Carvalho,

2006:9)

Cabe deixar claro nesta linha não se espera que a atuação das organizações sociais

ou dos institutos e fundações (qualquer que seja a sua área de atuação) substituam o papel

do Estado. Estas organizações e instituições podem atuar de maneira a fomentar modelos

exemplares para a formulação de políticas públicas, que passem a integrar a agenda da

Federação, dos Estados e dos Municípios. Para elas, que não possuem a exigência do

atendimento universal, é possível propor, desenvolver e testar novas tecnologias e

metodologias didáticas; experimentar possíveis soluções para as demandas e problemas

sociais; ou mesmo criar formas alternativas de atuação.

Uma terceira e última linha teórica, que estaria no pólo contrário do primeiro

grupo teórico mencionado, seria aquela que aposta numa espécie de privatização do

atendimento público por meio das parcerias público-privadas. Um grande defensor dessa

linha é Castro (2007):

“O mais importante caminho para melhorar a convivência da iniciativa privada

com as autoridades educacionais é um aperfeiçoamento das políticas públicas

para lidar com o setor privado. O grande desafio do Estado moderno é deixar

de ser operador e aprender a exercer a postura de Estado Normativo. O êxito de

quase todas as formas de privatização tem a ver com a capacidade do Estado

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para aprender a ser um controlador inteligente, ao mesmo tempo que abandona

as suas funções de provedor de serviços. Pode ser muito atraente, mas não

resiste ao teste do mundo real a idéia de um capitalismo livre, operando sem

regras e sem restrições” (Castro, 2007:21)

A idéia básica é terceirizar a prestação de serviços de educação. Dois modelos

mais emblemáticos desse tipo de ação vêm sendo desenvolvidos em outros países, como

Estados Unidos e Chile. O primeiro modelo seriam as escolas-charter. Nessa modalidade,

escolas privadas, organizações não-governamentais e, em vários casos, professores e pais

de alunos, podem se candidatar, mediante um processo de concorrência, a receber

recursos públicos para fornecer gratuitamente serviços educacionais. Outro mecanismo

de parceria público-privada cuja experiência começa a ser difundida são os “vouchers” ou

vales educacionais, oferecidos como bolsas de estudo para que alunos da rede pública

possam se transferir para escolas privadas de sua escolha (Veloso & Ferreira, 2006).

Estas propostas são justificadas pelas péssimas condições da educação pública no país,

como reforça o autor:

“Os papeis da escola para desenvolver cidadania, responsabilidade

social, tolerância e para lidar com o pluralismo cultural é percebido como algo

que somente pode ser confiado ao Estado. Mas é preciso notar que não há

qualquer evidência empírica de que as escolas públicas formem melhores

cidadãos.” (Castro, 2007::2)

O debate entre as correntes mais privatistas ou estatistas vem de longa data, mas

no campo da educação este é um embate recente. Para além da análise dos extremismos,

é mais interessante avaliar quais as condições práticas, existentes e em execução, que

fazem com que o ensino funcione bem, no campo das parcerias público-privadas. Quais

são as boas propostas desenvolvidas? Como se estruturam os graus de relação e de

contato entre os órgãos públicos e privados envolvido? Quais são as estratégias adotadas

para a formalização das parcerias?

Na tentativa de confrontar as linhagens teóricas com a realidade prática e

aprofundar o conhecimento sobre quais os modelos de parcerias público-privadas que

operam hoje no âmbito da educação formal de jovens, coube a realização de um

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levantamento documental e bibliográfico que explorasse os diferentes programas ou

projetos que vem sendo desenvolvidos por meio de parcerias dessa natureza.

No entanto, antes de apresentar a estruturação dos modelos, foi realizada uma

revisão da literatura de iniciativas similares, que tivessem como foco de pesquisa as

parcerias público-privadas em educação. Poucos estudos foram encontrados sobre o

desenvolvimento de iniciativas deste tipo.

Vale ressaltar o trabalho de Monfredini (1997) sobre a “Relação empresa-escola:

o projeto qualidade de ensino patrocinado pela Câmera Americana de Comércio Brasil-

Estados Unidos”. A autora conclui que há uma relação tensa entre a “marca de mercado”

e a re-significação do trabalho realizado pela própria escola. Da mesma forma, Souza

(2000) analisa os anos de 1996 e 1997 no estudo “Parceria empresa escola no Estado de

São Paulo: mapeamento e caracterização”. Com base no depoimento de gestores e

representantes das empresas parceiras, a autora apresenta um panorama das iniciativas

desenvolvidas no âmbito do Estado de São Paulo e chega a conclusão que apesar do

esforço governamental na divulgação e no estabelecimento de parcerias, não se gerou

uma ampliação das ações na mesma proporção.

Uma outra pesquisa, de Gonçalves (2004), analisa o Programa Moto Perpétuo da

Fiat realizado junto às escolas públicas. O autor conclui que as expectativas da eficiência

da gestão e da transferência de recursos não se realizaram e que prevaleceram interesses

de caráter comercial em detrimento das motivações de melhoria da educação.

Como se vê, os estudos descritos analisam casos envolvendo o poder público e a

iniciativa privada, no âmbito de uma parceria. Nem todos chegam a boas conclusões. De

maneira diferente dos estudos supra-citados, a presente pesquisa buscará abordar um

leque maior projetos/programas realizadas por meio de parcerias público-privadas.

Privilegiou-se a análise documental das referências encontradas sobre tais

projetos/programas, em detrimento de uma análise mais aprofundada, por conta do curto

tempo de realização deste estudo.

Com base nas informações levantadas sobre cada programa ou projeto foi

realizado um quadro comparativo analítico (descrito no subcapítulo 2.3). Cada

projeto/programa foi classificado de acordo com a categorização (desenvolvida no

subcapítulo 2.2) a fim de organizar a gama de iniciativas pesquisadas. Esta categorização

tornou-se uma ferramenta de análise e classificação, e permitiu criar uma tipologia boa

para pensar (parafraseando Leví-Strauss) as parcerias público-privadas na atualidade.

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2.2 Um exercício de categorização: tipologias de projetos/programas

A análise das parcerias público-privadas em educação formal de jovens demanda,

necessariamente, a avaliação dos tipos de relação existentes entre os órgãos públicos e

privados no desenvolvimento de programas e projetos voltados para a melhoria da

educação escolar de jovens. Como apresentado no subcapítulo anterior, as linhagens

teóricas parecem oscilar entre dois extremos que estabelecem uma espécie de linha

contínua de entendimento sobre o nível de associação destes parceiros:

Em um extremo estariam os teóricos da linha considerada mais “purista”, e que

defende o Estado como o grande responsável pela oferta educacional. Seguindo pelo

diagrama, estariam posicionados os teóricos que acreditam na possibilidade de

desenvolvimento de ações de complementaridade, e de parcerias com responsabilidades e

participação equilibradas entre órgãos públicos e privados. No outro extremo, os teóricos

privatistas se posicionam, defendendo apenas o papel normatizador do Estado, sem a

prestação de serviços, por sua vez, privatizados.

As parcerias público-privadas, portanto, poderiam estar posicionadas ao longo

desta linha contínua, em suas múltiplas formas. Porém, descolando a análise de uma

posição puramente teórica, cabe identificar possíveis relações, que complexificam e

dinamizam as possibilidades associativas entre órgãos públicos e privados.

Inspirada no estudo de Noam (2006) sobre o desenvolvimento de projetos na

relação escola e pós-escola, a presente pesquisa propõe a criação de uma tipologia de

projetos e programas, que levam em conta os diferentes níveis de integração das

iniciativas desenvolvidas.

Noam estabelece primeiramente 3 âmbitos de integração de programas/projetos

desenvolvidos entre escola e pós-escola: interpessoal, circular e sistêmico. Considera que

estas formas podem ocorrer simultaneamente, não sendo, portanto, excludentes. A

Órgãos Públicos

Órgãos PrivadosParcerias público-privadasÓrgãos Públicos

Órgãos PrivadosParcerias público-privadasParcerias público-privadas

Diagrama 1 – Linhas Teóricas sobre as Parcerias Público-Privadas

Grau de divisão de papéis,

responsabilidades e participação

Eixo Y

Eixo X Posicionamento das linhas teóricas

Estatista Complementariedade Privatista

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integração Interpessoal é a que mais ocorre, segundo o autor. Isto é, a aproximação se dá

por meio de contatos pessoais entre os profissionais envolvidos da escola e do pós-escola,

sejam eles esporádicos ou freqüentes, realizados pessoalmente, ou por telefone, email,

etc. Já a integração Curricular tem como pressuposto a associação do currículo escolar e

o do programa. Assim, depende-se menos do posicionamento pessoal, e mais da

articulação de objetivos dos currículos da escola e do pós-escola. Para Noam, a terceira e

última forma de integração, a Sistêmica, envolve o compartilhamento da governança, dos

recursos financeiros, da tomada de decisão, etc.

Posteriormente, o autor elabora uma tipologia para classificar os programas de

acordo com seus níveis de intensidade. Ela parte dos programas Autocontidos, passando

pelos Associados, seguido pelos Coordenados, Integrados e, finalmente, chegando nos

Unificados.

Os Autocontidos fazem pouco ou nenhum esforço em colaborar com a escola; os

Associados, por sua vez, possuem um espaço para a sua associação com a escola, sem

entretanto forçar uma conexão; já os programas Coordenados mantém uma comunicação

consistente e os objetivos são compartilhados; os Integrados são os que se engajam numa

relação sistêmica com a escola; e, por fim, os Unificados, são aqueles que são parte de

um período escolar, se confundem com a escola e quase não se distinguem dela.

Assim, estudando os programas pós-escola e sua articulação com a escola, Noam

estabelece um bom modelo de tipologia, que ajuda a compreender: 1) possíveis âmbitos

de integração; 2) nível e intensidade da integração entre a escola e os programas.

Guardadas as devidas proporções, a tipologia de Noam pode ser transportada com

ajustes para a compreensão dos modelos de parcerias público-privadas de educação

formal de jovens. A relação entre os órgãos públicos e privados pode ser verificada na

presente pesquisa na prática, no âmbito de desenvolvimento de um projeto ou programa e

classificada de acordo com o tipo de relação estabelecida.

Os programas e projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de

educação formal de jovens podem atuar no âmbito interpessoal, circular e sistêmico; e

podem possuir níveis de intensidade diferentes. Ao ajustar as idéias de Noam numa

matriz analítica podemos compreender sua tipologia da seguinte maneira:

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A matriz analítica construída acima com base nas categorias de Noam permite

analisar os programas e projetos de desenvolvidos pelas parcerias público-privadas

levando em consideração o âmbito da integração e sua intensidade. É possível

identificar qual é o pilar da integração entre órgãos públicos e privados no

desenvolvimento de um programa/projeto: trata-se de uma integração sistêmica,

curricular ou interpessoal? E qual a intensidade desse envolvimento: é um projeto que

não estabelece uma relação clara de complementaridade e colaboração com a escola,

tratando-se de uma iniciativa autocontida? Ou há uma associação, porém sem forçar

essa conexão? Os objetivos do projeto/programa e a comunicação entre os envolvidos

flui, podendo ser considerada uma parceria coordenada? Ou há uma integração

sistêmica, o que caracteriza uma parceria integrada? Ou, por fim, há uma integração

máxima, que possibilita considerar a parceria como Unificada?

Cabe destacar que cada ponto de intersecção da matriz analítica é uma categoria

de classificação. Ou seja, os programas e projetos podem ser classificados em até 15

combinações, que permitem associar os dois tipos de informação. Será possível avaliar

se um dado projeto/programa, desenvolvido através da parceria público-privada

acontece no âmbito interpessoal, porém possui a intensidade de uma parceria

coordenada. Ou mesmo averiguar se o programa encontra-se no âmbito sistêmico, com

um bom nível de integração. Porém, como hipótese se supõe que serão mais raras as

Sistêmica

Curricular

Interpessoal

Âm

bito

da

Inte

graç

ão

– Intensidade da Integração +

Aut

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Diagrama 2 – Matriz Analítica para a categorização dos programas/projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de educação formal de jovens

Elaborado com base na tipologia de Noam (2006)

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possibilidades de programas/projetos que acontecem nos extremos da matriz, sendo: a)

os de caráter interpessoal, mas unificados; b) os sistêmicos, com intensidade

autocontida.

Vale ressaltar que não há intenção de, com a tipologia apresentada, estabelecer

quais seriam os âmbitos de integração e níveis de intensidade das parcerias público-

privadas melhores ou piores. É certo que para uma pesquisa poder tecer afirmações com

este nível de precisão, seria necessário desenvolvê-la por mais tempo e com mais

profundidade.

Mas se não é possível identificar um modelo ideal com apoio na tipologia

estruturada, ainda será viável, no terceiro capítulo, organizar os programas/projetos

identificados no decorrer da pesquisa, e categorizá-los, apresentando possíveis

regularidades entre os diferentes tipos de ações pesquisadas.

2.3 A pesquisa sobre as parcerias público-privadas em educação formal de jovens

Por se tratar de uma pesquisa sobre programas/projetos desenvolvidos por meio

de parcerias público-privadas em educação formal de jovens o presente estudo se apoiou

na análise documental realizada a partir do levantamento, leitura e sistematização dos

relatórios, publicações e/ou qualquer outro documento referente às parcerias público-

privadas na área de educação. Foram analisados documentos publicados – impressos ou

virtuais - por organizações sociais sem fins lucrativos, institutos e fundações vinculadas

às empresas e pelo setor público.

Para orientar a pesquisa, entre a multiplicidade iniciativas desenvolvidas no

âmbito do terceiro setor, foram estabelecidos os seguintes critérios:

1. Ser um programa/projeto executado no âmbito da educação formal, que vise,

necessariamente, a colaboração com a escola e seus múltiplos atores para o

desenvolvimento humano dos jovens;

2. Ser um programa/projeto executado por uma parceria público-privada;

3. Ser uma ação direcionada ao Ensino Médio ou ao Ensino Fundamental

Regular;

4. Apresentar documento ou fonte de consulta com informações básicas, que

pudessem ser coletadas e analisadas, de acordo com o Roteiro Analítico

desenvolvido.

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42

No primeiro capítulo foram apresentadas as condições reais e as deficiências da

educação formal de jovens no país, assim como as recomendações da literatura para a

garantia do direito à educação. Com base nestas diretrizes, durante o processo de

pesquisa atentou-se para a coleta de programas/projeto que visassem, no âmbito do

Ensino Médio:

1. Fortalecer os sistemas de avaliação e prestação de contas;

2. Melhorar a gestão pública das escolas;

3. Melhorar o desempenho dos alunos;

4. Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar;

5. Formar e capacitar os professores da rede pública.

E no âmbito do Ensino Fundamental:

1. Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar.

2. Formar e capacitar os professores da rede pública;

3. Melhorar a gestão pública das escolas.

Levar em conta projetos também de Ensino Fundamental é de grande importância,

já que – como demonstrado no primeiro capítulo – é preciso desenvolver políticas

públicas voltadas para o Ensino Fundamental que estimulem aos jovens concluir seus

estudos e ingressar no Ensino Médio: combater a defasagem idade série, a repetência e a

evasão escolar (uma vez que muitos jovens não alcançaram o Ensino Médio por falta de

condições escolares); melhorar a qualidade dos professores (esperando que essa ação

contribua para um aumento no nível de desempenho dos alunos); e contribuir para a

gestão das escolas (um dos grandes problemas da garantia do direito à educação de

jovens). Só atacando estes aspectos é que poderá se garantir o direito à educação de

jovens no Brasil.

Portanto, foram considerados como objeto de análise projetos/programas

desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas em educação formal de jovens

que buscassem resolver ou contribuir com, pelo menos, um dos aspectos acima listados.

Cabe esclarecer que não foram considerados projetos/programas na área de

Educação Complementar, bem como não foram contemplados projetos/programas de

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43

Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista a disparidade do propósito dos mesmos

em relação ao recorte e aos objetivos da presente pesquisa.

Todos os projetos/programas pesquisados foram analisados conforme o Roteiro

Analítico a seguir:

Roteiro Analítico Básico de Programas e Projetos:

Fonte/Ano: Referência de onde as informações foram retiradas, com especificação do ano de publicação. Nom do Projeto/Programa: Os projetos referem-se a unidades de ação de tamanho menor, que apresentam começo, meio e fim. Possuem espaço e tempo delimitados e podem estar incluídos ou não em programas. Os programas são unidades de ação mais complexas e com maior escala, congregam um grupo articulado projetos, desenvolvidos em forma descentralizada de espaço e tempo. Cada projeto ou programa investigado foi considerado nesta pesquisa uma unidade de ação – independente se o programa for composto de vários projetos. Resumo da Proposta: Apresentação das linhas gerais da proposta do programa/projeto. Objetivos: Especificação dos objetivos – o que se pretende alcançar – com a realização do programa/projeto. Idade do público-alvo: Faixa-etária foco que o programa/projeto pretende atender. Características específicas: Identificação de possíveis critérios de seleção do público-alvo, como situação de renda, situação de vulnerabilidade social, condições demográficas e/ou regionais; etc. Número de atendidos por edição: número de jovens atendidos por cada edição do programa/projeto. Número total de jovens atendidos: número total de jovens atendidos em todas as edições do programa/projeto. Nível de Escolaridade: identificação do nível de escolaridade que programa/projeto está destinado. Subsídios: identificação de condições favoráveis que o programa/projeto possa oferecer ao jovem. Abrangência: Onde o programa/projeto atua. Ano de início: ano da primeira edição ou ano de início do programa/projeto Duração: Período de duração do programa/projeto. Organizações envolvidas: quais são as organizações envolvidas no desenvolvimento do programa/projeto. - público: qual organização e sua vinculação formal - privado: qual organização e sua vinculação formal Estratégias para o estabelecimento da parceria: descrição de quais foram as estratégias adotadas para a formalização da parceria. Desenvolvimento: detalhamento de algumas características importantes do programa/projeto. - financiamento do programa/projeto: quem financia as ações do programa/projeto? - execução: quem executa as ações do programa/projeto. - coordenação: quem coordena as ações do programa/projeto. Avaliação e monitoramento: quais as estratégias de avaliação utilizadas pelo programa/projeto. Resultados: quais os resultados apresentados pelo programa/projeto em cada edição e/ou em todas as edições.

Natureza do tipo de parceria: identificação da essência e do objetivo maior de modelos associativos Categoria: categorização do programa/projeto de acordo a matriz analítica de programas/projetos desenvolvida. Justificativa para a categorização: justifica a escolha da categorização, em termos de âmbito e intensidade de integração, dos programas/projetos.

As informações estabelecidas no Roteiro Analítico visavam conceder subsídios

para que fosse possível:

1. Coletar informações básicas sobre o programa/projeto (nome, qual a proposta, o

objetivo, o público-alvo, o número de atendidos, duração, ano de início,

abrangência, nível de escolaridade a que se destina);

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2. Identificar os órgãos envolvidos;

3. Identificar o tipo de relação estabelecida na parceria entre órgãos envolvidos;

4. Verificar o grau de compartilhamento de responsabilidades entre o público e o

privado, no que diz respeito ao financiamento do projeto/programa, sua execução

e coordenação;

5. Verificar as formas de monitoramento e avaliação das ações;

6. Coletar informações sobre os resultados da iniciativa;

7. Identificar a natureza da parceria, ou seja, qual é o objetivo máximo da

associação entre as organizações envolvidas;

8. Com a junção de todas as informações anteriores, classificar o projeto de acordo

com a tipologia estabelecida no subcapítulo anterior, em termos de integração e

intensidade.

A pesquisa foi realizada, primeiramente, com a consulta aos sites de organizações

sociais e institutos/fundações vinculados às empresas privadas que trabalham na área de

educação. Para identificar os sites a serem utilizados na pesquisa, optou-se pela consulta

às listas de associados da ABONG e do GIFE. Desta pesquisa inicial foi composta uma

pré-lista de referência para a investigação mais aprofundada, compreendida na

exploração dos sites dessas organizações de natureza jurídica privada, com fins

públicos.

A primeira etapa da pesquisa constatou que, entre as 273 organizações não

governamentais associadas à Abong, 93 tem a educação como um eixo de atuação.

Entretanto, apenas 10 trabalham com educação formal, e estas organizações

compuseram a pré-lista de referência para a pesquisa em profundidade.

Quadro Resumo - Abong N. Associados Atuam na área de

Educação Atuam na área de Educação

Formal 273 93 10

Já entre os 112 associados GIFE em 2008, foram selecionados os 77 que possuem

a educação como uma área de atuação e voltam suas ações para adolescentes e jovens.

Destes, 24 trabalham na área de educação formal.

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Quadro Resumo - GIFE N. Associados Atuam na área de

Educação Atuam na área de Educação

Formal 112 77 24

Foram explorados também outros dois sites: o Rits (www.rits.org.br) e Universia

(www.universia.br), para compor a etapa complementar da pesquisa, na qual foram

identificadas mais 3 organizações que desenvolvem ações na área de educação formal.

Quadro Resumo – ABONG + GIFE + PESQUISA COMPLEMENTAR ABONG GIFE Pesquisa

Complementar (RITS +

Universia)

Total

10 24 3 37

Destas 37 organizações/institutos/fundações que compuseram a pré-lista de

referência para a pesquisa em profundidade, apenas 15 possuíam projetos/programas em

educação formal de jovens, implementados através de parcerias público-privadas. Estas,

portanto, foram as organizações investigadas na segunda etapa da pesquisa.

Quadro Comparativo Geral ABONG GIFE Pesquisa

Complementar Total

Associados 273 112 - 385 Atuam na área de Educação 93 77 - 170

Atuam na área de Educação Formal 10 24 3 37 Atuam na área de Educação Formal

de jovens por meio de parcerias público-privadas

1

11

3

15

A segunda etapa da pesquisa documental foi realizada em profundidade, com base

nas informações disponíveis sobre os projetos/programas na internet, e nos relatórios de

atividades, publicações ou outro material informativo impresso disponibilizado pelas

organizações sociais e institutos/fundações vinculados às empresas privadas. Estes

materiais impressos foram obtidos, em poucos casos, através de ligações telefônicas às

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organizações da pré-lista de referência. Em sua grande maioria, os materiais impressos

utilizados compunham o acervo pessoal da pesquisadora.

Nos casos em que o material impresso existia, as informações sobre os programas

e projetos puderam ser aprofundadas, visto que nem sempre é possível coletar dados

relevantes e compor o conhecimento sobre uma iniciativa tendo apenas o conteúdo das

páginas do site da organização como fonte de pesquisa.

Portanto, ao final do processo de pesquisa foram encontrados 15

programas/projetos desenvolvidos através de parcerias público-privadas em educação

formal de jovens, que permitiram compor a análise crítica sobre os avanços e desafios

que estas atuações conjuntas acarretam para a oferta de políticas públicas de sistemas

educacionais diversos.

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Capítulo 3 - Uma análise transversal das categorias e modelos: parcerias público-

privadas em educação formal de jovens

3.1 Apresentação e contexto das parcerias público-privadas e programas/projetos

identificados pela pesquisa

Conforme visto no capítulo anterior, a educação é a bandeira de diversas

organizações, institutos, fundações e associações6. Porém, a primeira constatação que salta

aos olhos de quem analisa o corpo de projetos/programas desenvolvidos por meio de

parcerias público-privadas em educação formal de jovens, encontrado por esta pesquisa, é

o escasso número de iniciativas existentes dentro do universo de organizações que atuam

na área de educação.

No caso das organizações associadas a ABONG, apenas uma, a Ação Educativa,

entre 93 organizações que atuam na área de educação, desenvolveu um projeto

relacionado à educação formal de jovens, em parceria com algum órgão público. A

escassez de propostas fica mais evidente quando se revela o número total de associados

da ABONG: 273 organizações. Os gráficos a seguir reforçam essa constatação, uma vez

que, estatisticamente, o número de organizações associadas à ABONG com iniciativas

dessa característica representa 0%.

Porcentagem de Associados Abong que atuam na área d e Educaçãon = 273

34%

66%

Sim Não

6 Para mais, ver Censo Juventude GIFE 2007 / 2008.

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Porcentagem de Associados Abong com projetos/progra mas em educação formal de jovens desenvolvidos por meio de parcerias

público-privadas n = 273

0%

100%

Sim Não

O mesmo cenário de escassez de iniciativas dessa natureza se repete quando se

analisam as propostas dos associados ao GIFE: apenas 9 institutos ou fundações, de um

universo de 77 que atuam na área de educação, desenvolvem programas/projetos de

educação formal de jovens por meio de parcerias público-privadas.

Porcentagem de Associados GIFE que atuam na área de Educação

n = 112

69%

31%

Sim Não

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Porcentagem de Associados GIFE com projetos/program as em educação formal de jovens desenvolvidos por meio de parcerias

público-privadas n = 112

10%

90%

Sim Não

No caso do GIFE, isso representa 10% de seus associados. Neste universo de

organizações, institutos e fundações – foco de análise – restrito e reduzido, foi possível

identificar 15 programas/projetos que atenderam ao recorte da pesquisa.

Esta primeira análise macro do problema evidencia que a conjugação de esforços

entre o poder público e as organizações sociais, institutos, fundações e a iniciativa

privada para a melhoria da qualidade da educação formal de jovens ainda é muito

incipiente no país. Por mais que existam boas iniciativas em andamento, dentro do

universo encontrado pela pesquisa, ainda há uma restrição de programas e projetos com

este fim.

Tal constatação dificulta, de certa forma, a compreensão sobre o poder de

influência de tais modelos na formulação políticas públicas educacionais voltadas para a

educação da juventude, uma das questões iniciais da pesquisa. Como será analisado

mais adiante, veremos que estes programas e projetos ainda não conseguiram efetivar

um fluxo de influência positiva para os sistemas educacionais governamentais, com

exceção de algumas poucas iniciativas pesquisadas.

Entre os 15 programas/projetos analisados, 7 eram direcionados apenas ao Ensino

Médio, 3 apenas ao Ensino Fundamental, 3 conjugavam esforços para as duas

modalidades de Ensino, Fundamental e Médio, 1 para Ensino Infantil, Fundamental e

Médio e, por fim, o último, voltava suas ações paras as etapas de Ensino Fundamental,

Médio e Superior.

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Modalidade de Ensino N. de projetos/programas

Ensino Médio 7 Ensino Fundamental 3 Ensino Fundamental e Médio 3 Ensino Infantil, Fundamental e Médio 1 Ensino Fundamental, Médio e Superior 1

Como é possível verificar, de acordo com o recorte da pesquisa e a metodologia

de análise, explicitados no capítulo anterior, quase todas as iniciativas envolvem a etapa

do Ensino Médio. De acordo com os critérios para a coleta, encontramos

projetos/programas que visavam: melhorar a gestão pública das escolas; melhorar o

desempenho dos alunos; diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar;

formar e capacitar os professores da rede pública; fortalecer os sistemas de avaliação e

prestação de contas.

Cabe ressaltar que alguns programas e projetos desenvolvidos para o Ensino

Fundamental, por meio de parcerias público-privadas foram encontrados, porém não

possuíam entre os seus objetivos, pelo menos, um dos critérios de recorte da pesquisa:

diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar; formar e capacitar os

professores da rede pública; e melhorar a gestão pública das escolas. Apesar de não ser

um dos objetivos desta pesquisa, pode-se verificar que, no âmbito geral, há um número

muito maior de programas/projetos em educação formal voltado para o Ensino

Fundamental, e não para o Ensino Médio. Em sua maioria, são projetos que produzem

materiais didáticos, oferecem recursos diversos para as escolas, ou enfocam as séries

iniciais do ciclo, visando melhorar a alfabetização dos alunos. Muitos destes não foram

analisados por essa pesquisa, uma vez que não atuam por meio de parcerias público-

privadas.

De acordo com o quadro de critérios traçado no capitulo anterior para delimitar o

recorte da pesquisa e orientar o processo de coleta de programas/projetos, tem-se o

número de iniciativas encontradas para cada um dos critérios:

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Número de projetos segundo os critérios estabelecidos de recorte para a pesquisa* Fortalecer os sistemas de avaliação e prestação de contas

1 Melhorar a gestão pública das escolas

6 Melhorar o desempenho dos alunos

6 Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar

5 Formar e capacitar os professores da rede pública

2 * Cabe destacar que alguns projetos possuíam objetivos que atendiam a mais de um

critério.

Fortalecer os sistemas de avaliação e prestação de contas

O único campo de ação pré-estipulado para o qual não foram encontrados

diretamente programas/projetos foi o de fortalecimento dos sistemas de avaliação e

prestação de contas. Apenas uma das iniciativas identificadas pretendia avaliar o Ensino

Médio como um todo, porém tratou-se de um projeto pontual, não sistemático, que,

portanto, pode ser avaliada como uma ação indireta de acordo com o critério

estabelecido.

1. JADE – Jovens Agentes pelo Direito à Educação, realizada pela Ação

Educativa, em 5 escolas de São Paulo, cuja parceria para o seu desenvolvimento foi

efetivada com a Secretaria Estadual de Educação. O objetivo da pesquisa era elaborar

diretrizes para as políticas públicas de educação em escolas de Ensino Médio, a partir de

processos de diálogos com estudantes e seu familiares, professores, diretores,

funcionários, integrantes da comunidade, agentes governamentais e da sociedade civil.

Ainda parte integrante do projeto, a mobilização da comunidade escolar se deu com a

formação em agentes educativos de 20 jovens ligados as escolas parceiras do projeto.

Melhorar a gestão pública das escolas

Entre os programas/projetos pesquisados, foram identificadas 6 iniciativas de

melhoria da gestão das escolas públicas. São elas:

1. Projeto Academia Educar, que busca desenvolver, em 23 escolas estaduais de

Campinas, projetos pelos jovens para melhorar as condições da instituição de ensino a

qual pertencem. Tem como conceitos básicos a estratégia do voluntariado, o

desenvolvimento de habilidades, competências, projetos e formação de redes. O jovem é

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um voluntário que executa projetos de melhoria da sua escola. Desenvolvido pela

Fundação Educar Dpaschoal, em parceria com a Diretoria de Ensino de Campinas –

regiões Leste e Oeste e as escolas envolvidas.

2. Programa Escola Ideal, que pretende desenvolver e apoiar à gestão

democrática e participativa de escolas públicas. Atende 375 escolas, divididas entre sete

municípios na Paraíba e um no Mato Grosso. A partir de um diagnóstico são eleitas as

prioridades para melhorar a qualidade de educação naquelas escolas. Identificam-se

iniciativas, com base em boas práticas, que possam atender as necessidades escolares e

melhorar a educação naquela região. Parte-se, então, para o desenvolvimento de

projetos junto com a comunidade escolar. Desenvolvido pelo Instituto Camargo Correa

em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação dos dois Estados.

3. Programa Excelência em Gestão Educacional, que pretende promover, em

10 escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio do Estado de São Paulo, o

acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula e envolvimento dos pais nos

esforços de melhoria da aprendizagem. No eixo de apoio ao professor, as propostas

alavancam a gestão pedagógica por meio da formação dos professores coordenadores e

introdução da técnica de coaching, fortalecendo as estratégias de formação,

acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula. No eixo família-escola, são

desenvolvidas ações que propiciam e facilitam a entrada e o envolvimento das famílias

no cotidiano escolar e no processo de melhoria da aprendizagem. Para isso, cada escola

conta com um profissional responsável pela coordenação dessas ações. Desenvolvido

pela Fundação Itaú Social, em parceria com o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria

Estadual de Educação em São Paulo.

4. NAVE – Núcleo Avançado em Educação, que propõem a pesquisa e o

desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as

tecnologias da informação e da comunicação no Ensino Médio: existem 1 escola no Rio

de Janeiro e 1 escola em Pernambuco. Desenvolvido pelo Instituto Oi Futuro, em

parceria com as Secretarias Estaduais de Educação dos dois estados.

5. Programa Parceiros na Aprendizagem, que visa disponibilizar tecnologias e

apoio pedagógico para o desenvolvimento do potencial pleno de gestores, educadores,

estudantes e comunidade escolar. O programa disponibiliza desde licenças mais

acessíveis para o uso de softwares Microsoft em instituições de ensino, até o

desenvolvimento de projetos inovadores que necessitam de apoio pedagógico e

tecnológico especializado para sua implementação. Estabelece, portanto, parcerias com

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órgãos públicos e privados para o desenvolvimento de tecnologias, ou disponibilizarão

de recursos, no âmbito do programa. É desenvolvido em todo o território nacional pela

Microsoft Brasil, em parceria com a Fundação Bradesco, o Instituto Ayrton Senna –

associação de direito privado sem fins lucrativos e as Secretarias Estaduais de Educação

que procuram a empresa.

6. Projeto Jovem de Futuro, que oferece as escolas públicas de Ensino Médio,

apoio técnico e financeiro para a concepção, implantação e avaliação de um plano de

melhoria de qualidade, com duração de três anos, que vise aumentar significativamente

o rendimento dos alunos, nos testes padronizados de Português e Matemática, e

diminuir os índices de evasão. Atende 87 escolas, sendo 42 em São Paulo, 20 em Belo

Horizonte e 25 em Porto Alegre. É desenvolvido pelo Instituto Unibanco em parceria

com as Secretarias Estaduais dos Estados que possuem o projeto e as escolas

envolvidas.

Percebe-se com a breve descrição das iniciativas, o leque variado de propostas que

atuam de diferentes maneiras no âmbito da melhoria da gestão escolar.

Melhorar o desempenho dos alunos

Entre os programas/projetos pesquisados, foram identificadas 6 iniciativas de

melhoria do desempenho dos alunos. São elas:

1. Programa Acelera Brasil, que introduz na rede educacional uma cultura de

gestão eficaz, focada em resultados, e que combate os principais problemas do sistema

de ensino: os baixos níveis de aprendizagem, a repetência e a distorção idade/série. O

programa acontece em seis estados brasileiros - Goiás, Pernambuco, Tocantins, Paraíba,

Sergipe e Mato Grosso. Desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna, em parceria com os

Governos e as Secretarias Estaduais e Municipais dos Estados em que atua.

2. Projeto Jovem de Futuro, cujas ações de melhoria de gestão devem ter como

objetivo final a melhoria de rendimento dos alunos.

3. Projeto Entre Jovens, intervenção educativa junto a alunos da primeira série

do Ensino Médio regular das escolas públicas, onde se desenvolvem aulas de tutoria nas

disciplinas de língua portuguesa e matemática, com conteúdos essenciais do Ensino

Fundamental, visando à melhoria do desempenho e à diminuição da evasão destes

alunos. Atende 35 escolas no Rio de Janeiro, 18 em Juiz de Fora e 22 em Vitória É

desenvolvido pelo Instituto Unibanco em parceria com as Secretarias Estaduais dos

Estados que possuem o projeto e as escolas envolvidas.

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4. Movimento Todos pela Educação, que desenvolve um trabalho de

mobilização de diversos setores da sociedade, visando o alcance de 5 metas

educacionais, de melhoria do desempenho, do acesso e da permanência dos alunos na

escola, até 2022, para todo o território nacional. É desenvolvido por uma associação

denominada Movimento Todos pela Educação, em parceria com todas as Secretarias

Estaduais do país.

5. Projeto Círculos de Leitura, que busca desenvolver, por meio de Círculos de

Leitura com alunos de Ensino Fundamental e Médio, a linguagem oral e a habilidade de

reflexão e argumentação a partir das obras e conhecimentos adquiridos. Este projeto

acontece em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Pernambuco. É desenvolvido

pelo Instituto Fernand Braudel, em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação e

as escolas públicas.

6. Projeto Alicerce, direcionado para alunos com alto potencial de aprendizagem,

que estejam cursando o 7º ano (antiga 6ª série) do ensino fundamental em escolas

públicas. Propicia que jovens de baixa renda possam pleitear uma bolsa de estudo para o

Ensino Médio em escolas particulares de elevado padrão e para o Ensino Superior. O

projeto acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro e possui a Secretarias Estaduais de

Educação destes Estados como parceiras, quando possível.

A melhoria do desempenho dos alunos é foco de muitos projetos/programas em

educação formal. As maneiras e estratégias utilizadas para a promoção dessas iniciativas

são as mais diversas possíveis: podem ser ofertadas bolsas de estudos ao alunos, ou

mesmo atuar junto a melhoria de uma disciplina específica, como Língua Portuguesa ou

Matemática. Além disso, há estratégias que desenvolvem tecnologias ou material

didático, ou mesmo ações mais abrangentes, do ponto de vista da unidade escolar como

um todo. Há também uma delas, o Movimento Todos pela Educação, que atua no

âmbito da mobilização pela causa.

Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar

Entre os programas/projetos pesquisados, foram identificadas 5 iniciativas voltadas para

diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar. São elas:

1. Programa de Valorização do Jovem, que concentra seu foco em jovens com

alta probabilidade de abandonar a escola, estimulando em cada um desses alunos o

senso de responsabilidade e a auto-estima. Nas escolas associadas ao Programa, alunos

da 6º ao 9º ano, com grave risco de evasão, são escolhidos para atuar como monitores

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de estudo de alunos da 1º ao 5º ano, igualmente com dificuldade de aprendizado. Cada

monitor acompanha um grupo de 3 alunos em sala de aula durante uma hora por dia,

com supervisão de professores. Este programa acontece em 48 escolas públicas de 9

estados, e possui o Ministério da Educação, as Secretarias Municipais e Estaduais de

Educação das cidades e estados participantes como parceiros.

2. Programa Acelera Brasil, também é voltado para diminuir os índices de

repetência e a distorção idade/série.

3. Projeto Jovem de Futuro, cujas ações de melhoria de gestão devem também

ter como objetivo final a diminuição da evasão escolar.

4. Projeto Entre Jovens, que também busca reter o jovem na escola, diminuído a

da evasão.

5. Movimento Todos pela Educação, cujas metas também estão voltadas para a

permanência e conclusão dos estudos pelos alunos, para todo o território nacional.

Formar e capacitar os professores da rede pública

Poucas iniciativas pesquisadas visam formar e capacitar os professores da rede

pública. São Elas:

1. Educarede, um portal educativo, gratuito e aberto, dirigido principalmente a

alunos e professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública. O

portal oferece conteúdos exclusivos sobre temas atuais, desenvolvidos para dar suporte

a educadores e estudantes da rede pública de ensino, e conta ainda com canais de

cultura, tecnologia e apoio a pesquisas. Mais importante, porém, é o uso dessa

ferramenta pelos educadores, de forma a estimular os conteúdos gerados a partir da

experiência dos próprios usuários. A abrangência do projeto é para todo o território

nacional. Possui a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Unidime, Consed

como parceiros. É financiado pela Fundação Telefônica e coordenado pelo Cenpec.

2. Projeto Lep, que consiste em levar às escolas da rede pública a linguagem

LOGO. O projeto acontece nas escolas públicas municipais e estaduais de Santa

Bárbara do Oeste e é desenvolvido pela Fundação Romi, em parceria com as Secretarias

Municipais e a Secretaria Estadual de Educação.

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3.2 Categorização dos programas/projetos de acordo com a tipologia

Um outro campo analítico centrou-se, quando possível, nas estratégias de

estabelecimento das parcerias, visando verificar se as diferentes formas de associação

implicam em diferentes resultados. Com base nas estratégias identificadas, foi possível,

mesmo com a reduzida quantidade de programas/projetos analisados, identificar e

compreender diferentes modalidades de associação e parcerias, bem como seus níveis

de integração, de acordo com a tipologia de projetos/programas apresentados no

capítulo anterior. Buscou-se realizar uma análise transversal, que parte do agrupamento

das iniciativas de acordo com as categorias estabelecidas pela tipologia.

Como apresentado no capítulo anterior, a matriz analítica elaborada com base

nas categorias de Noam(2006) permite analisar os programas e projetos de

desenvolvidos pelas parcerias público-privadas levando em consideração o âmbito da

integração e sua intensidade.

A partir da análise e compreensão de como as relações são estabelecidas nas

dinâmicas associativas entre órgãos públicos e privados, é possível identificar qual é o

ponto de intersecção entre o âmbito e a intensidade, no desenvolvimento de um

Sistêmica

Curricular

Interpessoal

Âm

bito

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Inte

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ão

– Intensidade da Integração +

Aut

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Diagrama 2 – Matriz Analítica para a categorização dos programas/projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de educação formal de jovens

Elaborado com base na tipologia de Noam (2006)

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57

programa/projeto. Como visto anteriormente, Noam estabelece 3 (três) âmbitos de

integração: Interpessoal, Circular e Sistêmico; e 5 (cinco) níveis de intensidade:

Autocontidos, Associados, Coordenados, Integrados e Unificados.

Cabe destacar que cada ponto de intersecção da matriz analítica é uma categoria

de classificação, tornando possível classificar os programas e projetos em até 15

combinações, e associar os dois tipos de informação. São elas:

1. Interpessoal e Autocontido

2. Interpessoal e Associado

3. Interpessoal e Coordenado

4. Interpessoal e Integrado

5. Interpessoal e Unificado

6. Curricular e Autocontido

7. Curricular e Associado

8. Curricular e Coordenado

9. Curricular e Integrado

10. Curricular e Unificado

11. Sistêmica e Autocontido

12. Sistêmica e Associado

13. Sistêmica e Coordenado

14. Sistêmica e Integrado

15. Sistêmica e Unificado

Entre todas as combinações possíveis, foram identificados programas apenas 6

categorias: Interpessoal e Autocontido; Interpessoal e Associado; Curricular e Autocontido;

Curricular e Associado; Curricular e Coordenado; Sistêmica e Integrado. A seguir, os 15

programas/projetos foram categorizados de acordo com essa tipologia.

Interpessoal e Autocontido

Projetos identificados: Projeto Alicerce, Programa Parceiros na Aprendizagem e Projeto

JADE – Jovens Agentes pelo Direito à Educação.

Neste caso, as relações com o poder público são estabelecidas somente quando

possível, e o âmbito da integração interpessoal, ou seja, a comunicação acontece por meio

de contatos pessoais entre os profissionais envolvidos dos órgãos públicos e privados,

sem sistematização ou estabelecimento claro de papéis e responsabilidades.

No caso do Projeto Alicerce, por exemplo, os alunos de escolas públicas

aprovados no processo seletivo frequentam durante dois anos um curso preparatório para

o Ensino Médio no contra-turno da escola regular de ensino. O aluno considerado apto ao

final do curso preparatório e que for aprovado no exame de seleção realizado pela escola

parceira receberá uma bolsa de estudo para os três anos do Ensino Médio, em uma escola

particular de ponta. A bolsa de estudo para o Ensino Superior é oferecida ao bolsista que

ao final do terceiro ano do Ensino Médio for aprovado nos vestibulares das instituições

de excelência do país, para cursos avaliados com quatro ou cinco estrelas. Neste projeto a

parceria com as Secretarias de Educação Estaduais ou Municipais visa apenas facilitar a

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identificação dos alunos com altas habilidades. Se não for possível existir essa integração,

o processo de seleção pode acontecer de maneira independente.

No Projeto Jade, o objetivo era elaborar diretrizes para as políticas públicas de

educação em escolas de Ensino Médios, a partir de processos de diálogos entre estudantes

e seus familiares, professores de escolas públicas, diretores, funcionários, integrantes da

comunidade, agentes governamentais e da sociedade civil. Tais diretrizes foram

apresentadas ao final do projeto, concluído em 2008, e foram desenvolvidas mediante a

análise dos resultados da pesquisa por um grupo técnico composto por 38 pessoas –

múltiplos atores, entre eles 2 representantes da Secretaria de Educação. Portanto, a

parceria estabelecida foi pontual com a Secretaria Estadual de Educação, por meio do

Cenp - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, com representantes que

fizeram parte do grupo técnico que analisou o resultado da pesquisa junto aos múltiplos

atores e definiu as diretrizes gerais para essa etapa de ensino.

Já no caso do Programa Parceiros na Aprendizagem, normalmente a Secretaria de

Educação entra em contato com a Microsoft, visando adquirir licenças dos softwares da

empresa. A partir do contato com a Secretaria e da formalização da parceria, a Microsoft

pode atuar no nível das escolas.

Percebe-se que os três projetos podem acontecer sem um envolvimento

sistemático e profundo da administração pública. A intensidade, portanto, é autocontida,

pois não há um esforço em colaborar nem em termos de currículo, e nem de maneira

sistêmica, com o poder público.

Interpessoal e Associado

Projetos identificados: Projeto Academia Educar na Escola

O projeto não ocorre no âmbito curricular, nem atua de maneira sistêmica com a

escola. Ele acontece por meio das relações estabelecidas com os alunos voluntários, por

essa razão ocorre no âmbito interpessoal. A parceria foi estabelecida com a Diretoria de

Ensino de Campinas e posteriormente as escolas foram contatadas.

Dentro das escolas são formados núcleos de cidadania juvenil, com apoio de

professores, diretores e coordenadores, composto de jovens alunos. O objetivo é que cada

núcleo transforme a realidade de sua escola e sua comunidade através do voluntariado e

do protagonismo.

Quem executa o projeto é a Fundação Educar, com o apoio dos gestores. Durante

o desenvolvimento do projeto, a parceria tem uma intensidade de associação, pois de

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certa maneira as ações do projeto possuem espaço na escola, mas não há

necessariamente, uma conexão mais profunda com a proposta finalística da mesma.

Curricular e Autocontido

Projetos identificados: EducaRede

Os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis aos do órgão

público. Trata-se, evidentemente, de um projeto de âmbito curricular. Porém, não há

divisão de responsabilidades entre os envolvidos, nem uma relação institucional

consolidada entre os órgãos públicos e privados parceiros.

O Portal EducaRede é gratuito e aberto, dirigido a alunos e professores do Ensino

Fundamental e do Ensino Médio da rede pública. Oferece conteúdos exclusivos sobre

temas atuais e conta ainda com canais de cultura, tecnologia e apoio a pesquisas.

Apesar de não terem sido encontradas informações que permitissem o

aprofundamento quanto as estratégias de estabelecimento da parceria, é evidente que o

projeto pode ocorrer de maneira independente a realidade da administração pública, sem

que haja envolvimento direto dessa instância, de forma associada ou dinâmica no

desenvolvimento do projeto.

Curricular e Associado

Projetos identificados: Projeto Círculos de Leitura, Movimento Todos pela Educação,

Programa de Valorização do Jovem.

No caso destes 3 programas/projetos, o âmbito de integração é o Curricular, uma

vez que ao que motiva a parceria público-privada é a existência de objetivos comuns: a

finalidade da iniciativa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas.

Entretanto, não se pode atestar para estes projetos/programas um nível de intensidade

maior do que o Associado: as ações acontecem sem forçar, necessariamente, uma

parceria mais sistêmica entre os envolvidos. Porém, o estabelecimento de associações

com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.

Entre as iniciativas categorizadas aqui merece destaque o Movimento Todos

pela Educação, composto por representantes da sociedade civil, da iniciativa privada,

organizações sociais, educadores e gestores públicos, que se uniram por uma aliança

que tem como objetivo garantir Educação Básica de qualidade para todos os brasileiros

até 2022, bicentenário da Independência do País. A proposta do Todos pela Educação

tem perfeita consonância com as diretrizes da administração pública e não pode

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acontecer de maneira independente. Porém como se trata de um movimento de

mobilização, não necessariamente força uma parceria mais sistemática e pragmática,

que seja transformada em ação propositiva, com todos os órgãos públicos envolvidos,

apesar dessa ser uma diretriz desejável.

Da mesma forma, para a realização dos Círculos de Leitura, basta uma simples

Associação entre o Instituto Fernand Braudel e as instâncias públicas envolvidas, sem a

exigência de uma atuação direta e formalizada dessas instâncias. O mesmo acontece

com o Programa Valorização Jovem, do Instituto Coca Cola, cuja execução fica a cargo

do CIMA (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente), que responde pela

coordenação nacional do Programa desde 2001. Para que o projeto aconteça, torna-se

necessário somente o apoio dos órgãos públicos envolvidos.

Curricular e Coordenado

Projetos identificados: Projeto Lep, Projeto Entre Jovens, Programa Acelera Brasil,

NAVE – Núcleo Avançado em Educação, Excelência em Gestão Educacional,

Programa Escola Ideal.

Esta é a categoria com maior numero de projetos/programas identificados. Os

objetivos do projeto são os mesmos objetivos do currículo escolar – é isto o que integra

a parceria dos órgãos públicos com as organizações privadas envolvidas, por isso o

âmbito de integração é Curricular. Apesar de não existir nessas iniciativas a divisão

integral de responsabilidades entre os envolvidos, os objetivos são comuns e seu alcance

depende, necessariamente, da mínima coordenação das ações nas duas instâncias – a

pública e a privada. Ou seja, é preciso que exista uma comunicação oficial e sistemática

entre as organizações envolvidas – e o poder público tem que de alguma maneira

participar da realização do projeto.

No caso do Programa Escola Ideal, por exemplo, todos os municípios onde o

programa é implantado passam por um processo similar de estruturação. O primeiro

passo é organizar o Comitê de Desenvolvimento Comunitário, que atua como ponto de

encontro entre representantes do poder público, da iniciativa privada e do Terceiro

Setor. O comitê é responsável pela identificação dos ativos e desafios da localidade e

define áreas prioritárias de atuação.

A linha mestra para a definição dessas áreas prioritárias é o desenvolvimento e o

apoio à gestão democrática e participativa de escolas envolvidas. A ferramenta de

avaliação e planejamento mapeia seis dimensões da escola: Profissionais da educação –

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61

analisa a suficiência, estabilidade e assiduidade dos profissionais que atuam na escola;

Condições de ensino – registra as instalações da escola e os materiais didático-

pedagógicos; Políticas e práticas pedagógicas – estudam o projeto pedagógico da escola

e de professores; Desempenho escolar – medem política da escola para questões como

rendimento, freqüência e fluxo escolar; Ambiente educativo – mapeia se a escola

promove a cultura para a paz; Gestão escolar – identifica a postura da instituição frente

a atores governamentais, não-governamentais e comunitários.

A partir desse diagnóstico identificam-se quais são as prioridades para melhorar

a qualidade de educação naquelas escolas. São elencados projetos, com base em boas

práticas, que possam melhorar a educação naquelas escolas, para serem desenvolvidos

juntos com a comunidade escolar.

Da mesma maneira acontece com o Projeto Entre Jovens, tecnologia social

formulada para desenvolver nos jovens competências e habilidades, não adquiridas no

Ensino Fundamental, e que sejam pré-requisitos para o Ensino Médio, através de

universitários licenciandos, capacitados e assessorados para a implantação e avaliação

de um programa de tutoria na escola. Neste caso, a formalização da parceria e se inicia

com a apresentação da proposta executiva ao Governo do Estado selecionado. Uma vez

aprovado pelo governo, se estabelece contatos com a Secretaria Estadual de Educação

para apresentar o projeto e realizar a reunião para oferecer informações sobre ele. Nessa

reunião, participam representantes dos departamentos da Secretaria da Educação e é

formalizado o Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo do Estado e a

Secretaria de Educação.

A execução é mista: o Instituto Unibanco oferece os tutores e os estagiários de

pedagogia, mas exige que a escola nomeie um coordenador do projeto na escola, que

seja funcionário da unidade escolar, para acompanhar e executar parte das ações do

projeto, relacionadas à mobilização de alunos e ao fornecimento de dados e informações

sobre o desempenho e a freqüência dos mesmos. As aulas acontecem no contra-turno ou

aos sábados. O projeto nem sempre é adotado pela escola como uma parte dela, porém

para ter o projeto a escola precisa querer e assinar um termo de adesão. A coordenação

do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com um

representante da Secretaria Estadual de Educação, tratando-se claramente de uma

parceria com nível de intensidade coordenado.

Já o Programa Acelera Brasil está em seis estados brasileiros - Goiás,

Pernambuco, Tocantins, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso. A parceria é estabelecida

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62

diretamente com a Secretaria de Educação Municipal ou Estadual, ou com o governo do

Estado e a execução fica a cargo das escolas, que recebem apoio para a implantação do

Programa. Todo o material foi idealizado pelo Instituto Ayrton Senna: ou seja, os

sistemas escolares recebem o material, e não participam de sua concepção. Trata-se

também uma execução mista, que caracteriza um nível de intensidade Coordenado. O

material do Acelera é utilizado como maneira complementar ao currículo básico do

Estado, mão estando completamente unificado e incorporado de forma sistêmica as

redes de ensino educacionais em que se encontra.

No caso do Programa de Excelência em Gestão Educacional as propostas de

atuação foram desenvolvidas de maneira conjunta entre as organizações envolvidas. Ou

seja, em todas as etapas, desde a concepção até a implantação, há participação dos

órgãos envolvidos, em maior ou menor grau, em torno dos objetivos comuns da

proposta da educação pública e do programa. Porém sua coordenação, durante o

desenvolvimento, fica a cargo do órgão privado, o Instituto Fernad Braudel, sempre em

consonância com representantes do poder público, caracterizando um nível Coordenado

de integração.

O NAVE – Núcleo Avançado em Educação é um projeto da OI Futuro, que visa

a transformação de um espaço escolar público, com subsídio privado, para o

desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as

tecnologias da informação e da comunicação no Ensino Médio. A OI Futuro

praticamente adota uma escola pública, por meio da parceria com a Secretaria de

Educação do Estado, investindo recursos para transformá-la no NAVE. Obviamente,

apesar da participação ativa dos órgãos públicos envolvidos no desenvolvimento dessa

iniciativa, a Oi Futuro coordena e executa as ações existentes neste espaço,

caracterizando uma integração também Coordenada.

Sistêmica e Integrado

Projetos identificados: Projeto Jovem de Futuro

A integração âmbito do Projeto Jovem de Futuro é Sistêmica, pois há clara

divisão de responsabilidades e papéis no projeto entre os órgãos públicos e privados

envolvidos. A formalização da parceria se inicia com a apresentação da proposta

executiva ao Governo do Estado e para a Secretaria Estadual de Educação. Uma vez

aprovado, é formalizado um Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo

do Estado e a Secretaria de Educação.

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63

A execução também é mista, pois o Instituto Unibanco oferece suporte técnico e

financeiro para o desenvolvimento do projeto, mas quem executa as ações do projeto é a

própria escola, representada por um grupo gestor. A escola deve fazer um plano de

melhoria da qualidade de acordo com as suas necessidades, e implementa-lo durante os

três anos do projeto, respeitando as limitações estabelecidas pelo Instituto Unibanco. A

coordenação do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com

um representante da Secretaria Estadual de Educação. O nível de intensidade é

Integrado já que o projeto é desenvolvido por meio de uma relação sistêmica com a

escola e está integrado à realidade da escola, mas continua sendo um projeto.

Análise Geral das Categorias

Pela categorização realizada fica evidente que as parcerias público-privadas no

âmbito da educação formal de jovens ainda caminham para uma integração efetiva e

sistêmica dos órgãos envolvidos em sua realização. Como foi possível perceber, a

maioria dos projetos encontrados na pesquisa está no âmbito de integração Curricular e

atuam com nível de intensidade Coordenado. Isto significa dizer que o que integra a

parceria dos órgãos públicos com as organizações privadas envolvidas são os objetivos

comuns no desenvolvimento da iniciativa, porém não existe divisão integral de

responsabilidades e papéis.

Sistêmica

Curricular

Interpessoal

Âm

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– Intensidade da Integração +

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Diagrama 3 – Matriz Analítica para a categorização dos programas/projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de educação formal de jovens – com número de projetos por

categoria Elaborado com base na tipologia de Noam (2006)

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É certo que a análise dos motivos e das causas para esta situação recorrente entre

os programas/projetos pesquisados demandaria uma investigação mais profunda e

detalhada, que enfocasse mais atentamente para as estratégias e as nuances das

propostas estabelecidas no âmbito dessas parcerias. A presente pesquisa, infelizmente

não permite esse aprofundamento.

Entretanto, esse quadro classificatório geral permite compreender que os

investimentos das empresas e das organizações da sociedade civil, em parcerias com os

órgãos públicos municipais, estaduais e federais, tem se caracterizado, de maneira mais

generalizada, por: a) traçar objetivos similares e curriculares, em consonância com a

administração pública; b) estabelecer, minimamente, pontos sistemáticos e oficiais de

comunicação; c) não dividir de maneira integral e clara de responsabilidades e papéis.

3.3 Natureza das parcerias público-privadas em educação formal de jovens:

identificação de modelos associativos

Outra perspectiva de análise utilizada foi a identificação da natureza da parceria,

que buscou captar a essência e o objetivo maior do conjunto de iniciativas encontradas,

reforçando algumas regularidades entre os 15 projetos/programas pesquisados.

A identificação desses modelos associativos foi realizada tanto com base nos

objetivos dos programas e projetos pesquisados, quanto na análise do discurso geral da

organização sobre os propósitos de sua ação.

As recorrências encontradas permitiram identificar 5 tipos de modelos

associativos, descritos com base na natureza das parcerias público-privadas analisadas.

São eles:

1. Mobilização pela Causa;

2. Desenvolvimento de tecnologias educacionais.

3. Desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na

rede pública, após testadas e validadas.

4. Disponibilidade de recursos e/ou conhecimento para as melhorias das

condições escolares;

5. Oportunidades especiais para alunos especiais.

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No caso de Mobilização pela Causa o projeto representativo é o Movimento

Todos Pela Educação, pois não se trata de um projeto de uma organização específica;

ele conclama todos os setores da sociedade. Trata-se especificamente de uma rede de

cooperação entre a sociedade civil, empresas e o poder público, devidamente

reconhecido e apoiado pelo Ministério de Educação, cujo objetivo é garantir que todas

as crianças e jovens tenham acesso a uma educação de qualidade. Para orientar a ação

de todos os órgãos, foram definidas 5 Metas específicas, simples, mensuradas por

indicadores de desempenho oficiais, que devem ser alcançadas até 7 de setembro de

2022:

Meta 1. Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola.

Meta 2. Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos.

Meta 3. Todo aluno com aprendizado adequado a sua série.

Meta 4. Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos.

Meta 5. Investimento em Educação ampliado e bem gerido.

Este movimento sem dúvida impulsionou a somatória de esforços de diversas

organizações da sociedade civil ou institutos e fundações vinculadas a organismos

privados para o desenvolvimento de projetos em parcerias com os órgãos públicos

governamentais, para a formulação de políticas públicas educacionais, capazes de

contribuírem para o alcance destas metas.

Há também os projetos/programas desenvolvido por meio de parcerias público-

privadas na área de educação formal que visam o Desenvolvimento de tecnologias

educacionais. Neste modelo associativo, podemos destacar o Projeto Academia Educar,

o Programa de Valorização do Jovem, o Projeto LEP e o Projeto Círculos de Leitura.

Estas quatro iniciativas são voltadas para o desenvolvimento de tecnologias educacionais

que são colocadas à disposição de escolas públicas – nos diferentes níveis de ensino. Não

foram identificadas, nestes casos, pretensões amplas de extensão das tecnologias de

ensino para os sistemas educacionais governamentais.

Já no caso dos projetos Jovem de Futuro, Entre Jovens, e dos Programas Acelera,

Escola Ideal, Nave e Excelência em Gestão Educacional, verificou-se a intenção clara de

expansão das iniciativas para os sistemas públicos de ensino. Ou seja, tais

programa/projetos buscam o Desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam

ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas.

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66

Os institutos, fundações e associações nestes casos perceberam que podem atuar

na educação formal no campo da testagem de tecnologias educacionais que possam ser

disseminadas na rede pública de ensino. De maneira geral, estas iniciativas – sem a

responsabilidade do atendimento universal – se caracterizam pela testagem e validação de

maneiras alternativas de atuação, que possam ser replicadas e implantadas pelos sistemas

públicos. Na medida em que os resultados se mostrarem eficazes e eficientes, e processos

de implantação (inclusive no que tange aos recursos financeiros, materiais e humanos)

demonstrem ser passíveis de serem replicados em escala, tais iniciativas podem ser

adotadas pelas redes públicas, que comumente tem poucos recursos físicos, financeiros e

humanos para arriscar a exploração de novos modelos e práticas de atuação.

O desenvolvimento de projetos/programas deste tipo é um campo ainda

inexplorado. Se são poucos os institutos e fundações vinculados à empresas privadas que

desenvolvem estas iniciativas, muito menor é o número de organizações sociais que

possuem essa perspectiva. No entanto, é preciso testar possíveis formas de associação que

caminhem em direção à ações de complementaridade, superando estigmas de separação

ou substituição do poder público, bem como de relações de dependência financeira para

com ele, nas quais muitas vezes as organizações sociais se encontram.

Um outro modelo verificado foi aquele em que são estabelecidas relações para

viabilizar a Disponibilidade de recursos e/ou conhecimento para as melhorias das

condições escolares. É o caso das iniciativas JADE, EducaRede e o Programa Parceiros

para a Aprendizagem. Tais programas/projetos aproveitam dos recursos financeiros ou

mesmo da expertise técnica e conceitual dos organismos privados envolvidos, para

melhorar as condições de infra-estrutura, de formação de professores e educadores, ou

mesmo das características globais do sistema de ensino.

Por fim, o último modelo associativo identificado seria aquele caracterizado pela

oferta de Oportunidades especiais para alunos especiais. Neste caso insere-se o Projeto

Alicerce, que concede bolsas para alunos das redes públicas de ensino, considerados

como especiais. Tal modelo reitera as premissas dos teóricos que defendem as parcerias

público-privadas numa linha mais privatistas, como visto no segundo capítulo.

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67

Considerações Finais

O presente estudo partiu de algumas indagações fundamentais para a

compreensão das parcerias público-privadas em educação formal de jovens. Buscou-se

identificar os tipos existentes de projetos/programas voltados para a melhoria da

qualidade da educação de jovens no país realizados por parcerias entre órgãos públicos

e privados, quais são essas iniciativas e como se dão suas características, dinâmicas, e

seu poder de influência para a formulação de políticas públicas educacionais voltadas à

juventude.

A análise dessas questões foi compreendida por diferentes perspectivas.

Primeiramente, os programas e projetos pesquisados foram analisados de acordo com

os seus objetivos; na seqüência avaliou-se a intensidade e o âmbito de integração entre

os órgãos públicos e privados envolvidos no seu desenvolvimento, visando categorizá-

los de acordo com a tipologia estabelecida. Por fim, analisaram-se as diferentes

naturezas dessas parcerias, o que permitiu estabelecer 5 modelos associativos diversos.

Com base nessa exploração transversal dos programas e projetos, foi possível

traçar um entendimento não conclusivo, mas que indica caminhos e sugestões para

serem aprofundadas em estudos futuros sobre as parcerias público-privadas em

educação escolar de jovens e seus efeitos para a transformação das oportunidades de

estudo no país. O primeiro aspecto que merece destaque, a partir da análise macro do

problema, é a demonstração de que a formação de redes de cooperação entre o poder

público e as organizações sociais, institutos, fundações e a iniciativa privada para a

melhoria da qualidade da educação formal de jovens ainda é muito inexpressiva, frente

a gama de problemas e ajustes necessários para a real garantia do direito a educação da

juventude.

Entre um universo de 388 organizações pesquisadas, relacionadas ao terceiro

setor, apenas 15 atuavam no âmbito das parcerias público-privadas para a educação

formal de jovens. É um número reduzido de organizações que atua (cada uma a sua

maneira) com intenção de contribuir, de alguma forma, para a concretização real do

direito de aprender.

Como visto no capítulo 1, apesar de o direito de aprender constar na Constituição

Federal de 1988 de maneira explícita, existem muitas brechas e lacunas existentes no

sistema educacional que atravancam a garantia e efetivação do direito à educação,

principalmente no âmbito da juventude. Os dados levantados permitiram compreender

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68

que há uma verdadeira crise no Ensino Médio: os jovens brasileiros apresentam os

piores índices de desempenhos do mundo e as taxas de evasão e abandonam continuam

elevadas: dos 3,6 milhões de jovens que se matriculam no primeiro ano do Ensino

Médio, apenas 1,8 milhões concluem os estudos (MEC, Censo Escolar 2007). Além

disso, e na perspectiva contrária do que ocorre em outros países, o Ensino Médio não é

legalmente obrigatório, situação essa que se agrava quando se considera que o término

do Ensino Fundamental não está também universalizado.

Para além dos múltiplos esforços governamentais ocorridos nas últimas décadas,

traduzidos com a promulgação da nova LDB em 1996, e pelos pactos estabelecidos no

PNE e no próprio PDE, ao analisar os números atuais da situação dos jovens, sobretudo

entre aqueles que estão no Ensino Médio, reitera-se que muitas das metas para a melhoria

da educação estão longe de serem efetivadas.

Contudo, foi de muita importância a identificação de recomendações da

literatura para a garantia do direito de aprender dos jovens, realizada também no

primeiro capítulo. Esta foi uma etapa essencial para o reconhecimento de

programas/projetos que atuassem no âmbito da educação formal de jovens e que

tivessem como objetivo combater algum (ou alguns) dos problemas identificados. A

formulação de políticas públicas eficazes, que possibilitem a transformação do sistema

educacional do país, passa necessariamente pela capacidade de realizar um bom

diagnostico sobre as necessidades e demandas existentes, para então propor soluções

mais eficazes.

A melhoria da gestão pública, por exemplo, foi um ponto reiteradamente

recomendado pelos autores. Como foi possível verificar, entre os programas e projetos

pesquisados, muitos estão voltados para este fim. Investir em ações de emponderamento

para que as gerências em todos os níveis que operam a educação no país estejam mais

preparadas para administrar recursos financeiros, humanos, etc. vem sendo foco das

parcerias público-privadas em educação formal de jovens.

Da mesma forma, muitos autores pesquisados evidenciaram a necessidade de

estruturação de iniciativas que contribuam para a melhoria do desempenho dos alunos, a

sua permanência na escola e a conclusão dos estudos com qualidade, enfocando

especialmente em alunos com lacunas de aprendizagem. Entre os projetos pesquisados,

foi possível verificar que muitos se preocupam em atuar neste sentido: foram

identificadas 6 iniciativas de melhoria do desempenho dos alunos e 5 destinadas a

diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar.

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69

Outras iniciativas pesquisadas também se atentaram para a melhora das

condições educacionais, uma das proposições dos autores para a diminuição das brechas

e lacunas existentes. Entre os programas/projetos pesquisados, existem os que investem

na formação e capacitação de professores, bem como na oferta de material didático ou

melhores condições de infra-estrutura para as escolas.

Um dos pontos reiterados pelos autores foi a necessidade de investimento no

fortalecimento dos sistemas de avaliação e prestação de contas, no sentido de favorecer

o “accountability” das ações desenvolvidas pela educação pública e o controle social.

Contudo, apenas uma iniciativa pesquisada estava voltada para este fim. Percebe-se que

temas como responsabilização ou mesmo participação popular nos rumos da

educação, ainda não estão entre os objetivos dos projetos e programas desenvolvidos

por meio das parcerias público-privadas. Da mesma forma, ainda é fraca ou

inexpressiva a participação e a opinião dos próprios sujeitos juvenis, ou mesmo de seus

pais ou familiares, nas decisões sobre as condições escolares.

A perspectiva da democratização do ensino, tanto para a definição dos conteúdos

quanto para a definição das próprias políticas públicas, exige que a sociedade participe da

construção das políticas. Entretanto, o fortalecimento da gestão participativa ainda não

configura entre as preocupações da agenda pública de educação. Talvez a aposta em

parcerias público-privadas, com objetivos comuns e interesses focados na melhoria do bem

público, possa ser um bom caminho para a consolidação da participação popular e do

controle social na promoção da qualidade da educação dos jovens.

Por mais que existam boas iniciativas em andamento, dentro do universo

encontrado pela pesquisa, ainda há uma restrição de programas e projetos com este fim.

Tal constatação dificulta, de certa forma, a compreensão sobre o poder de influência de

tais modelos na formulação de políticas públicas educacionais voltadas para a educação

da juventude, uma das questões iniciais da pesquisa. Dessa forma, não foi possível

verificar o quanto estes programas e projetos conseguiram efetivar um fluxo de

influência positiva para os sistemas educacionais governamentais. A escassez de

iniciativas dificulta também uma análise aprofundada, que possa revelar se existem

políticas públicas de sistemas educacionais que tiveram origem a partir das parcerias

analisadas, assim como seus resultados e impactos.

Esta pesquisa também não permitiu abordar se nas parcerias público-privadas

encontradas há ou não um recuo do Estado – ou a substituição do mesmo - frente às

demandas sociais. As parcerias aqui observadas evidenciaram que – em maior ou menor

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grau – as responsabilidades podem ser compartilhadas entre os órgãos públicos e

privados envolvidos no desenvolvimento de um projeto ou programa originado a partir

de uma demanda social.

Apesar de não ser um dos objetivos desta pesquisa, pode-se verificar que, no

âmbito geral, há um número muito maior de programas/projetos em educação formal

voltado para o Ensino Fundamental, e não para o Ensino Médio. Em sua maioria, são

projetos que produzem materiais didáticos, oferecem recursos diversos para as escolas,

ou enfocam as séries iniciais do ciclo, visando melhorar a alfabetização dos alunos.

Muitos destes não foram analisados por essa pesquisa, uma vez que não atuam por meio

de parcerias público-privadas.

Um outro ganho da pesquisa foi a possibilidade de construir um cenários a partir

dos programas/projetos analisados e compreender que os investimentos das empresas e

das organizações da sociedade civil, em parcerias com os órgãos públicos municipais,

estaduais e federais, tem se caracterizado, de maneira mais generalizada, por: a) traçar

objetivos similares e curriculares, em consonância com a administração pública; b)

estabelecer, minimamente, pontos sistemáticos e oficiais de comunicação; c) não dividir

de maneira integral e clara de responsabilidades e papéis.

Tal constatação tem fundamento a partir do exercício de categorização realizado

pela presente pesquisa. Entre todas as combinações possíveis, propostas pela tipologia

de programas/projetos, foram identificadas iniciativas em apenas 6 categorias:

Interpessoal e Autocontido; Interpessoal e Associado; Curricular e Autocontido;

Curricular e Associado; Curricular e Coordenado; Sistêmica e Integrado. A

categorização tornou evidente que as parcerias público-privadas no âmbito da educação

formal de jovens ainda caminham para uma integração efetiva e sistêmica dos órgãos

envolvidos em sua realização.

Como foi possível perceber, a maioria dos projetos encontrados na pesquisa está

no âmbito de integração Curricular e atuam com nível de intensidade Coordenado. Isto

significa dizer que o que integra a parceria dos órgãos públicos com as organizações

privadas envolvidas são os objetivos comuns no desenvolvimento da iniciativa, porém

não existe divisão integral de responsabilidades e papéis. Os objetivos destes projetos

são os mesmos objetivos do currículo escolar – é isto o que integra a parceria dos

órgãos públicos com as organizações privadas envolvidas, por isso o âmbito de

integração é Curricular. Apesar de não existir nessas iniciativas a divisão integral de

responsabilidades entre os envolvidos, os objetivos são comuns e seu alcance depende,

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necessariamente, da mínima coordenação das ações nas duas instâncias – a pública e a

privada. Ou seja, é preciso que exista uma comunicação oficial e sistemática entre as

organizações envolvidas – e o poder público tem que de alguma maneira participar da

realização do projeto.

Outra constatação da pesquisa foi a identificação de 5 modelos associativos

diversos. O mais expressivo diz respeito às parcerias público-privadas em educação

formal de jovens voltadas para o desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam

ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Ou seja, foi possível verificar

que alguns institutos, fundações e associações nestes casos perceberam que podem atuar

na educação formal no campo da testagem de tecnologias educacionais que possam ser

disseminadas na rede pública de ensino. De maneira geral, estas iniciativas – sem a

responsabilidade do atendimento universal – se caracterizam pela testagem e validação de

maneiras alternativas de atuação, que possam ser replicadas e implantadas pelos sistemas

públicos. Na medida em que os resultados se mostrarem eficazes e eficientes, e processos

de implantação (inclusive no que tange aos recursos financeiros, materiais e humanos)

demonstrem ser passíveis de serem replicados em escala, tais iniciativas podem ser

adotadas pelas redes públicas, que comumente tem poucos recursos físicos, financeiros e

humanos para arriscar a exploração de novos modelos e práticas de atuação.

O desenvolvimento de projetos/programas deste tipo é um campo ainda

inexplorado. Se são poucos os institutos e fundações vinculados à empresas privadas

que desenvolvem estas iniciativas, muito menor é o número de organizações sociais que

possuem essa perspectiva. No entanto, é preciso testar possíveis formas de associação

que caminhem em direção à ações de complementaridade, superando estigmas de

separação ou substituição do poder público, bem como relações de dependência

financeira para com ele, as quais muitas vezes as organizações sociais se encontram.

Os resultados aqui apresentados são bons indicativos para um possível

aprofundamento futuro. As parcerias-público privadas ainda são poucas e restritas, mas seu

potencial ainda não foi totalmente explorado, frente às demandas e aos problemas existentes.

Os programas e projetos encontrados estão respondendo as brechas e as lacunas de garantia

do direito à educação, mais ainda são escassos frente ao tamanho do problema.

As redes de cooperação demonstram ser um caminho válido e importante, que podem

agregar saberes, expertises, poderes e recursos. As organizações sociais possuem o

conhecimento fino e o know-how de como trabalhar com o jovem, no dia-a-dia e no corpo-a-

corpo, porém atuam normalmente no seu entorno. Da mesma forma, a iniciativa privada não

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tem sabido realizar o investimento social privado, pois desenvolvem projetos para alguns ou

ou para os melhores, e não aproveitam a possibilidade de recursos que possuem para realizar

e testar formas alternativas para a atuação de sistemas educacionais. Aos sistemas públicos

cabem o atendimento universal, em escala e gratuito, e a imensidão burocrática que impede

ganhos de agilidade e exigem a otimização de recursos. São pontos bons e ruins de cada uma

dessas esferas, cuja complementaridade é evidente. Congregando recursos, esforços,

possibilidades e expertises talvez será possível minimizar as lacunas e as brechas na

educação formal e, quem sabe, alcançar o sonho de ver cada jovem do país com seu direito

garantido.

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Anexo 1 – Resultados da Pesquisa Resultado da Etapa 1 - Pré-lista para a pesquisa em profundidade Abong

1. Ação Educativa - Assessoria, Pesquisa e Informação 2. Avante - Qualidade, Educação e Vida 3. Associação Nacional de Instrução - Centro Alternativo de Cultura Pe. Freddy -

ANI-CAC 4. Centro de Atividades Comunitárias de São João de Meriti - CAC-RJ 5. Centro Oscar Romero de Defesa dos Direitos Humanos - COR-DH 6. Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário Queiróz Filho – IBEAC 7. Instituto de Juventude Contemporânea - IJC 8. Formação Continuada de Educadores – INSTITUTO AVISA LÁ 9. Instituto Paulo Freire - IPF 10. Nova Pesquisa e Assessoria em Educação – NOVA

GIFE

11. Bridgestone Firestone do Brasil 12. Comgas 13. Fundação Abrinq pelos direitos das crianças e dos adolescentes 14. Fundação Cargill 15. Fundação Bradesco 16. Fundação Demócrito Rocha 17. Fundação Educar Dpascoal 18. Fundação Estudar 19. Fundação Iochpe 20. Fundação Itaú Social 21. Fundação Lemann 22. Fundação Romi 23. Fundação Telefônica 24. Fundação Victor Civita 25. Instituto Arcor Brasil 26. Instituto Ayrton Senna 27. Instituto Camargo Correa 28. Instituto Coca Cola Brasil para Educação 29. Instituto Razão Social 30. Instituto Rogério Steinberg 31. Instituto Sangari 32. Instituto Unibanco 33. Instituto Ismart 34. Microsoft Educação 35. Oi Futuro

Pesquisa Complementar

36. Cenpec 37. Todos pela Educação 38. Instituto Fernand Braudel

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Organizações/Institutos/Fundações pesquisadas que atuam por meio de parcerias público-privadas em educação formal de jovens

1. Ação Educativa - Assessoria, Pesquisa e Informação 2. Fundação Educar Dpascoal 3. Fundação Itaú Social 4. Fundação Romi 5. Fundação Telefônica 6. Instituto Ayrton Senna 7. Instituto Camargo Correa 8. Instituto Coca Cola Brasil para Educação 9. Instituto Unibanco 10. Instituto Ismart 11. Oi Futuro 12. Cenpec 13. Microsoft Educação 14. Movimento Todos pela Educação 15. Instituto Fernand Braudel

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Anexo 2 – Roteiros Analíticos dos Projetos/Programas pesquisados

Fonte/Ano: Relatório de Atividades do Instituto Unibanco de 2008 Nome do Projeto/Programa: Projeto Jovem de Futuro Resumo da Proposta: oferecer, a escolas públicas de Ensino Médio Regular, apoio técnico e financeiro para a concepção, implantação e avaliação de um plano de melhoria de qualidade, com duração de três anos, que vise aumentar significativamente o rendimento dos alunos, nos testes padronizados de Português e Matemática, e diminuir os índices de evasão.

Objetivos: 1. Melhorar o desempenho obtido pelos alunos do Ensino Médio, para que alcancem dos níveis oficiais recomendáveis. 2. Contribuir para a permanência e conclusão dos estudos pelos alunos do Ensino Médio Idade do público-alvo: 15 a 24 anos

Características específicas: jovens estudantes do Ensino Médio Regular de escolas públicas

Número de atendidos por edição: 88 mil

Número total de jovens atendidos: 88 mil

Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios: Com o apoio financeiro recebido, as escolas podem aplicar em bolsas de participação de alunos em monitoria nos laboratórios, biblioteca, etc.; apoiar as atividades promovidas por alunos, como, por exemplo, elaboração do jornal da escola, projetos voltados ao meio ambiente, atividades do Grêmio Estudantil, etc.; Apoiar necessidades especiais dos alunos que estejam interferindo em sua freqüência e rendimento (roupa, sapato, condução, alimentação).

Abrangência: 87 escolas, sendo 42 em São Paulo, 20 em Belo Horizonte e 25 em Porto Alegre.

Ano de início: 2007

Duração: 3 anos Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais de Educação; Escolas Públicas de Ensino Médio Regular pertencentes a rede estadual. - privado: Instituto Unibanco, caracterizado por uma organização privada de fins públicos vinculada a uma instituição bancária (Unibanco). Atua no âmbito do Investimento Social Privado.

Estratégias para o estabelecimento da parceria: A formalização da parceria e se inicia com a apresentação da proposta executiva ao Governo do Estado selecionado. Uma vez aprovado pelo governo, se estabelece contatos com a Secretaria Estadual de Educação para apresentar o projeto e realizar a reunião para oferecer informações sobre ele. Nessa reunião, participam representantes dos departamentos da Secretaria da Educação e é formalizado o Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo do Estado e a Secretaria de Educação. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Unibanco - execução: A execução é mista: o Instituto Unibanco oferece suporte técnico e financeiro para o desenvolvimento do projeto. Quem executa as ações do projeto é a própria escola, representada por um grupo gestor. A escola deve fazer um plano de melhoria da qualidade de acordo com as suas necessidades, e implementa-lo durante os três anos, respeitando as limitações estabelecidas pelo Instituto Unibanco. - coordenação: A coordenação do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com um representante da Secretaria Estadual de Educação Avaliação e monitoramento: o Jovem de Futuro possui quatro etapas de avaliação: diagnóstico, processo, resultado e impacto. Utiliza para as avaliações de resultado e Impacto a estratégia de grupos de comparação. Resultados: Os resultados apresentados pelo projeto em 2008 foram satisfatórios. O Impacto relacionado para a iniciativa em BH e POÁ afirma que as escolas conseguiram avançar 5 anos em 1 no âmbito da melhora do desempenho dos alunos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: sistêmica. - Nível de Intensidade: Integrado Justificativa para a categorização: a integração é sistêmica, pois há clara divisão de responsabilidades e papéis no projeto. O nível de intensidade é integrado já que o projeto e a atividade escolar não são uma coisa só – o projeto está integrado à realidade da escola, porém continua sendo um projeto.

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Fonte/Ano: Relatório de Atividades do Instituto Unibanco de 2008 Nome do Projeto/Programa: Projeto Entre Jovens Resumo da Proposta: Trata-se de uma intervenção educativa junto a alunos da primeira série do Ensino Médio Regular das escolas públicas, onde se desenvolvem aulas de tutoria nas disciplinas de língua portuguesa e matemática, com conteúdos essenciais do Ensino Fundamental, visando à melhoria do desempenho e à diminuição da evasão destes alunos. Foi implantada uma tecnologia social formulada para desenvolver nos jovens competências e habilidades, não adquiridas no Ensino Fundamental, e que sejam pré-requisitos para o Ensino Médio, através de universitários licenciandos, capacitados e assessorados para a implantação e avaliação de um programa de tutoria na escola.

Objetivos: 1. Contribuir para a permanência e o término dos estudos dos jovens do Ensino Médio de escolas públicas; 2. Melhorar o desempenho em português e matemática dos jovens do Ensino Médio de escolas públicas.

Idade do público-alvo: 15 a 24 anos

Características específicas: Jovens estudantes da primeira série de Ensino Médio Regular de escolas públicas Número de atendidos por edição: 9.927 Número total de jovens atendidos: 12.932 Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios: Nada consta.

Abrangência: 35 escolas no Rio de Janeiro, 18 em Juiz de Fora e 22 em Vitória

Ano de início: 2007

Duração: 1 ano Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais de Educação; Escolas Públicas de Ensino Médio Regular pertencentes à rede estadual. - privado: Instituto Unibanco, caracterizado por uma organização privada de fins públicos vinculada a uma instituição bancária (Unibanco). Atua no âmbito do Investimento Social Privado. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A formalização da parceria e se inicia com a apresentação da proposta executiva ao Governo do Estado selecionado. Uma vez aprovado pelo governo, se estabelece contatos com a Secretaria Estadual de Educação para apresentar o projeto e realizar a reunião para oferecer informações sobre ele. Nessa reunião, participam representantes dos departamentos da Secretaria da Educação e é formalizado o Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo do Estado e a Secretaria de Educação.

Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Unibanco - execução: A execução é mista: o Instituto Unibanco oferece os tutores e os estagiários de pedagogia, mas exige que a escola nomeie um coordenador do projeto na escola, que seja funcionário da unidade escolar, para acompanhar e executar parte das ações do projeto, relacionadas à mobilização de alunos e ao fornecimento de dados e informações sobre o desempenho e a freqüência dos mesmos. As aulas acontecem no contra-turno ou aos sábados. O projeto nem sempre é adotado pela escola como uma parte dela, porém para ter o projeto a escola precisa querer e assinar um termo de adesão. - coordenação: A coordenação do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com um representante da Secretaria Estadual de Educação

Avaliação e monitoramento: o Entre Jovens possui quatro etapas de avaliação: diagnóstico, processo, resultado e impacto. Utiliza para as avaliações de resultado e Impacto a estratégia de de grupos de comparação. Resultados: Os resultados apresentados pelo projeto em 2008 foram satisfatórios. O impacto relacionado para os alunos participantes do projeto no Rio de Janeiro, Vitória e Juiz de Fora foi 25% maior do que no grupo de controle; Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular. - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto são os mesmos objetivos do currículo escolar – é isto que integra o Instituto Unibanco ao órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação de um coordenador do projeto na escola.

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Fonte/Ano: Site: www.acaoeducativa.org.br - Capturado em 01.05.2009 Acesso ao Relatório Final do Projeto “Que Ensino Médio Queremos?” (junho, 2008) Nome do Projeto/Programa: Projeto JADE – Jovens Agentes pelo Direito à Educação Resumo da Proposta: Realizou-se uma pesquisa de opinião amostral junto aos estudantes de escolas parceiras ao projeto, visando traçar um perfil dos objetivos destes jovens e suas expectativas sobre o Ensino Médio. Além da pesquisa foram realizados grupos de diálogos com diversos atores – professores, diretores, familiares dos estudantes, integrantes da comunidade, etc. - visando identificar proposições e influenciar as políticas públicas para este nível de ensino. O processo de mobilização dos atores e da comunidade escolar se deu com a formação de 20 jovens ligados às escolas parceiras como agentes educativos. Objetivos: 1. Elaborar diretrizes para as políticas públicas de educação em escolas de Ensino Médios, a partir de processos de diálogos entre estudantes e seus familiares, professores de escolas públicas, diretores, funcionários, integrantes da comunidade, agentes governamentais e da sociedade civil.

Idade do público-alvo: início com 15 anos – não especificou a idade limite

Características específicas: Jovens estudantes de escolas públicas de Ensino Médio Número de atendidos por edição: 900 Número total de jovens atendidos: 900 Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios:

Abrangência: 5 escolas de São Paulo da zona leste de São Paulo

Ano de início: 2007

Duração: 1 ano Organizações envolvidas: - público: 5 Escolas estaduais de Ensino Médio de São Paulo e Secretaria Estadual de Educação de São Paulo por meio do CENP (Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas)

- privado: Ação Educativa. Associação de direito privado com fins públicos. Estratégias para o estabelecimento da parceria: a parceria foi estabelecida com a Secretaria Estadual de Educação e teve o apoio do Cenp, com representantes que fizeram parte do grupo técnico que analisou o resultado e definiu as diretrizes. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Ação Educativa, Norwegian Church Aid, Kinder Not Hilfe - execução: A primeira etapa da pesquisa foi realizada com o apoio do IBOPE. A formação do Jovens Agentes e os grupos de diálogo foram realizados pela Ação Educativa. Por fim, o grupo técnico que definiu as diretrizes era composto por 38 pessoas – múltiplos atores, entre eles 2 representantes da Secretaria de Educação. - coordenação: a coordenação do projeto era de responsabilidade da Ação Educativa Avaliação e monitoramento: Não consta, por se tratar de um projeto compreendido em uma pesquisa em 80% de sua execução Resultados: O resultado final da pesquisa propõe, basicamente, alterações curriculares para o Ensino Médio; maior articulação deste nível de Ensino com as Universidades; fortalecimento da gestão pedagógica nas escolas; e a criação de um modelo de expansão diversificado, que mobilize o aluno em torno dos benefícios dos estudos, e não por sua obrigatoriedade. Natureza do tipo de programa/projeto: Pesquisa e proposição de alternativas para a influência de políticas públicas para a juventude Categoria: - Âmbito de integração: Interpessoal - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: O projeto acontece independente da vida e do dia-a-dia da escola. E não há um compartilhamento curricular, nem mesmo de responsabilidades, papéis etc. O projeto acontece com base nos contatos comunicacionais estabelecidos entre os executores e a comunidade escolar.

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Fonte/Ano: Site www. educardpaschoal.org.br\web\academia Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto Academia Educar na Escola

Resumo da Proposta: Desenvolvimento de projetos pelos jovens para melhorar as condições da instituição de ensino a qual pertencem. Tem como conceitos básicos a estratégia do voluntariado, o desenvolvimento de habilidades, competências, projetos e formação de redes. O jovem é um voluntário que executa projetos de melhoria da sua escola. Objetivos: Formar dentro das escolas núcleos de cidadania juvenil, com apoio de professores, diretores e coordenadores, composto de jovens capazes de transformar a realidade de suas escolas, a si mesmos e suas comunidades através do voluntariado e protagonismo.

Idade do público-alvo: não especificado

Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios: nada consta.

Abrangência: 23 escolas estaduais de Campinas

Ano de início: 2002

Duração: 1 ano Organizações envolvidas:

- público: 23 escolas estaduais de Campinas / SP e Diretoria de Ensino de Campinas – regiões Leste e Oeste

- privado: Fundação Educar Dpaschoal – fundação vinculada à empresa DPaschoal. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria foi estabelecida com a Diretoria de Ensino de Campinas e posteriormente as escolas foram contatadas.

Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Educar Dpaschoal - execução: Fundação Educar Dpaschoal, com apoio dos gestores da escola - coordenação: Fundação Educar Dpaschoal

Avaliação e monitoramento: não especificado

Resultados: não constam informações sobre resultados. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias educacionais. Categoria: - Âmbito de integração: Interpessoal - Nível de Intensidade: Associado Justificativa para a categorização: O projeto não ocorre no âmbito curricular, nem atua de maneira sistêmica com a escola. Ele acontece por meio das relações estabelecidas com os alunos voluntários, por essa razão ocorre no âmbito interpessoal. Porém a parceria tem uma intensidade de associação, que possui espaço na escola, mas não há necessariamente, uma conexão mais profunda com a proposta finalística da mesma.

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Fonte/Ano: Site www. microsoft.com.br/brasil/educação/parceiro/parcerias.mspx Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa Parceiros na Aprendizagem – Microsoft Educação Resumo da Proposta: é uma iniciativa mundial da Microsoft que visa disponibilizar tecnologias e apoio pedagógico para o desenvolvimento do potencial pleno de gestores, educadores, estudantes e comunidade escolar. O programa disponibiliza desde licenças mais acessíveis para o uso de softwares Microsoft em instituições de ensino, até o desenvolvimento de projetos inovadores que necessitam de apoio pedagógico e tecnológico especializado para sua implementação. Estabelece, portanto, parcerias com órgãos públicos e privados para o desenvolvimento de tecnologias, ou disponibilizarão de recursos, no âmbito do programa. O programa pode acontecer em 3 frentes, sendo que em todas pressupõem-se a parceria público-privada: - Recursos para educação: capacita professores e estudantes para o uso de tecnologias (TICs) - Contrato Escola: disponibilização de licenças para o uso de softwares Microsoft - Fresh Start: revitalização de licenças Windowns para computadores de escolas adquiridos por meio de doações. Objetivos: 1. Disponibilizar tecnologias e apoio pedagógico para o desenvolvimento do potencial pleno de gestores, educadores, estudantes e comunidade escolar.

Idade do público-alvo: não especificado Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental e Médio

Subsídios: não especificado

Abrangência: Nacional

Ano de início: 2000

Duração: não especificado. Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais de Educação e Escolas Públicas - privado: Microsoft Educação – braço social da empresa Microsoft; Fundação Bradesco – braço social do Banco Bradesco; Instituto Ayrton Senna – associação de direito privado sem fins lucrativos. Estratégias para o estabelecimento da parceria: Normalmente, a Secretaria de Educação entra em contato com a Microsoft, visando adquirir licenças dos softwares da empresa. A partir do contato com a Secretaria e da formalização da parceria, a Microsoft pode atuar no nível das escolas. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Microsoft - execução: Microsoft - coordenação: Microsoft Avaliação e monitoramento: não especificado

Resultados: não especificado Natureza do tipo de programa/projeto: Disponibilidade de recursos para as melhorias das condições escolares. Categoria: - Âmbito de integração: interpessoal - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: o programa se apóia na relação interpessoal – não está intimamente conectado ao currículo e aos objetivos da escola, nem possui uma integração sistêmica. Ele também se caracteriza por ações pontuais, que podem ocorrer sem o envolvimento profundo da escola. Por essa razão, trata-se de uma parceria de intensidade autocontida.

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Fonte/Ano: Site www.fundacaoitausocial.org Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Excelência em Gestão Educacional Resumo da Proposta: o projeto foi idealizado a parti da reforma do sistema de educação pública da cidade de Nova York, iniciada em 2000, que vem demonstrando avanço nos indicadores de aprendizagem e queda dos índices de violência escolar. Ao inspirar-se em uma experiência de sucesso, foram analisadas medidas que poderiam ser trazidas e adaptadas para o contexto da rede educacional paulista. Foram selecionados dois eixos de ação: acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula e envolvimento dos pais nos esforços de melhoria da aprendizagem. No eixo de apoio ao professor, as propostas alavancam a gestão pedagógica por meio da formação dos professores coordenadores e introdução da técnica de coaching, fortalecendo as estratégias de formação, acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula. As áreas de Língua Portuguesa e Matemática recebem assessoria específica de conteúdo e didática. No eixo família-escola, são desenvolvidas ações que propiciam e facilitam a entrada e o envolvimento das famílias no cotidiano escolar e no processo de melhoria da aprendizagem. Para isso, cada escola conta com um profissional responsável pela coordenação dessas ações. As 10 escolas estaduais envolvidas, pelo período de três anos, com início em janeiro de 2009, estão localizadas na região leste da cidade de São Paulo. Objetivos: 1. Melhorar os indicadores de aprendizagem e diminuir os índices de violência escolar

Idade do público-alvo: não especificado

Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios: não especificado

Abrangência: 10 escolas estaduais de São Paulo

Ano de início: 2009

Duração: 3 anos Organizações envolvidas:

- público: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e escolas públicas estaduais - privado: Fundação Itaú Social – braço social do conglomerado do Banco Itaú; Instituto Fernand Braudel – associação de direito privado sem fins lucrativos

Estratégias para o estabelecimento da parceria: O Itaú Social e o Instituto Fernand Braudel procuraram a Secretaria de Estado da Educação para apresentar o projeto. A Secretaria apoio a iniciativa e a parceria foi formalizada.

Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Itaú Social - execução: Fundação Itaú Social e Instituto Fernand Braudel - coordenação: Fundação Itaú Social e Instituto Fernand Braudel

Avaliação e monitoramento: O projeto possui monitoramento contínuo de implantação e, ao seu término, será realizada a Avaliação Econômica que verificará o impacto das ações realizadas.

Resultados: ainda não foram obtidos resultados pois o projeto teve início em janeiro de 2009. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação de um responsável em cada escola, cedido pela Secretaria de Educação.

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Fonte/Ano: Site www.fundacaoromi.org.br Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto LEP Resumo da Proposta: Consiste em levar às escolas da rede pública a LINGUAGEM LOGO de PROGRAMAÇÃO. Essa linguagem de informática tem objetivos essencialmente educacionais. Nela a criança encontra apenas a tela do computador, vazia, e um cursor em forma de tartaruga que ela deve mover para realizar seus trabalhos, sob seus comandos. É a construção, não somente da tela, como também dos processos de aprendizagem: pensar, calcular, tomar decisões, experimentar, ousar, usar o erro como caminho do acerto, tudo isso fazendo parte da aprendizagem. Exige do professor uma nova postura baseada no Construtivismo e na aprendizagem pela descoberta. Objetivos: Geral: Contribuir para a melhoria da qualidade de ensino aos alunos com vulnerabilidade educacional como forma de ascensão social, diminuição da pobreza e melhor inserção no mercado de trabalho. Específicos: 1. Introduzir uma metodologia de utilização da informática, a Linguagem Logo de Programação, como mais uma ferramenta para melhoria do processo ensino/aprendizagem e inclusão digital. 2. Capacitar professores da rede pública para a utilização da tecnologia, em sala de aula, como elemento motivador e poderosa aliada no processo ensino/aprendizagem. 3. Estimular o protagonismo e o voluntariado juvenil através da colocação de ex-alunos do Núcleo de Educação Integrada como auxiliares dos professores nos laboratórios de Informática. Idade do público-alvo: Crianças de 1ª e 2ª séries do Ciclo II das escolas municipais e alunos de 1ª e 2ª séries dos ciclos I – II e III das escolas estaduais.

Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: 7.829 Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental e Médio

Subsídios: não especificado

Abrangência: Escolas públicas municipais e estaduais de Santa Bárbara do Oeste.

Ano de início: 2002

Duração: não especificado Organizações envolvidas:

- público: Escolas públicas, Secretarias Municipais e Secretaria Estadual de Educação

- privado: Fundação Romi – braço social das indústrias Roni S/A.

Estratégias para o estabelecimento da parceria: a Fundação Romi estabelece contato com a Secretaria pública e referência e oferece a tecnologia. A Fundação arca com os custos, mais como contrapartida as escolas que receberem o projeto tem que disponibilizar profissionais para aprenderem a metodologia de trabalho. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Romi - execução: A Fundação Romi executa o projeto e a Secretaria municipal ou Estadual indica um supervisor para acompanhar o desenvolvimento. - coordenação: Fundação Romi

Avaliação e monitoramento: Professores Coordenadores das escolas, professores responsáveis pelos laboratórios, professores das classes envolvidas e alunos responderam um questionário de avaliação do Projeto. Resultados: As respostas apontaram os aspectos positivos e negativos do projeto. Através dos questionários que a aceitação do projeto é muito grande, notadamente, entre os alunos. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias social. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação funcionários nas escolas que possam aprender e disseminar a metodologia.

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Fonte/Ano: Relatório de Atividades 2008 Nome do Projeto/Programa: Movimento Todos pela Educação Resumo da Proposta: O Todos Pela Educação é uma rede de cooperação em que cada cidadão ou instituição é co-responsável, em sua área de atuação, para que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma Educação de qualidade. Para orientar a ação de todos os órgãos, foram definidas 5 Metas específicas, simples, mensuradas por indicadores de desempenho oficiais, que devem ser alcançadas até 7 de setembro de 2022:

Meta 1. Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola. Meta 2. Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos. Meta 3. Todo aluno com aprendizado adequado a sua série. Meta 4. Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos. Meta 5. Investimento em Educação ampliado e bem gerido.

Além de executar a mobilização pela causa, o Todos pela Educação monitora as metas e publica informações periodicamente sobre o desenvolvimento das mesmas em todo o país.

Objetivos: Alcançar as 5 Metas específicas, simples, mensuradas por indicadores de desempenho oficiais, até 7 de setembro de 2022

Idade do público-alvo: 4 a 17 anos

Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Infantil, Fundamental e Médio

Subsídios: não especificado

Abrangência: nacional

Ano de início: 2006

Duração: não especificado. Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais de Educação, Governo Federal, órgãos de controle social, como o Consed e a Undime

- privado: Movimento Todos pela Educação - Associação de direito privado com fins públicos; Estratégias para o estabelecimento da parceria: Desenvolve campanhas, seminários e cursos sobre os temas associados a causa; mobilizou todas as secretarias estaduais a assinarem um Termo de Adesão ao Movimento, reiterando o compromisso dos órgãos públicos para o alcance das metas. E mobiliza institutos e organizações sociais que trabalham com educação, para alcançar as metas e financiar a ação do movimento e o desenvolvimento de projetos. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: principais financiadores: Banco Real, Dpaschoal, Fundação Bradesco, Fundação Itaú Social, Gerdau, Instituto Camargo Correa, Odebrecht, Suzano. - execução: Movimento Todos pela Educação - coordenação: Movimento Todos pela Educação

Avaliação e monitoramento: Executa o monitoramento das metas estabelecidas, mensuradas por indicadores de desempenho oficiais. Resultados: O primeiro balanço de metas realizado no final de 2008 demonstrou que os indicadores melhoraram, mas não na velocidade necessária. Natureza do tipo de programa/projeto: mobilização pela causa. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Associada Justificativa para a categorização: A mobilização acontece com base no estabelecimento de objetivos comuns: a finalidade do programa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas. Entretanto, as ações do Movimento acontecem independentes dos órgãos públicos. Porém o estabelecimento de associações com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.

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Fonte/Ano: Site www.fundacaotelefonica.org .br; www.educarede.org.br; www.cenpec.org.br - capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: EducaRede Resumo da Proposta: A base de sustentação do programa é o Portal EducaRede, um portal educativo, gratuito e aberto, dirigido principalmente a alunos e professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública. O portal oferece conteúdos exclusivos sobre temas atuais, desenvolvidos para dar suporte a educadores e estudantes da rede pública de ensino, e conta ainda com canais de cultura, tecnologia e apoio a pesquisas. Mais importante, porém, é o uso dessa ferramenta pelos educadores, de forma a estimular os conteúdos gerados a partir da experiência dos próprios usuários – alunos e professores. Iniciativa internacional da Fundação Telefônica, o EducaRede começou na Espanha e hoje está presente em seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, México, Peru e Venezuela. Objetivos: Promover inovação nas ferramentas educacionais, por meio do estímulo à inclusão digital e ao uso das novas tecnologias como recurso pedagógico, sobretudo nas escolas públicas

Idade do público-alvo: não especificado

Características específicas: alunos e professores de Ensino Fundamental e Médio Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios: não especificado

Abrangência: nacional

Ano de início: 2002

Duração: não especificado Organizações envolvidas:

- público: Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Unidime, Consed. - privado: Fundação Telefônica – braço social do grupo Telefônica; Cenpec – associação de direito privado sem fins lucrativos; IDIE - Instituto para o Desenvolvimento e Inovação Educativa - organização ligada à Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI); a Fundação Vanzolini, da Escola Politécnica da USP, responsável pela coordenação tecnológica; e o Terra, que garante a infra-estrutura e a hospedagem. Estratégias para o estabelecimento da parceria: não há informações sobre isso no portal.

Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Telefônica - execução: O Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) atua como coordenador-executivo e gestor pedagógico do portal e a Fundação Vanzolini, responsável pela coordenação tecnológica. - coordenação: Cenpec Avaliação e monitoramento: o monitoramento do ambiente virtual é continuado. O foco das análises está no conceito de Letramento digital. Há uma matriz avaliativa que é monitorada e concede as bases da avaliação, e a verificação se os objetivos foram atingidos. Resultados: 150 mil usuários cadastrados e recebe mais de 100 mil visitantes únicos a cada mês, que acessam, em média, 1.150.000 de páginas mensalmente. Natureza do tipo de programa/projeto: Disponibilidade de recursos para as melhorias das condições escolares. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão de responsabilidades entre os envolvidos, nem uma relação institucional consolidada entre os órgãos públicos e privados desenvolvidos. O projeto acontece independente da ação escolar.

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Fonte/Ano: Site http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/br/default.asp Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa Acelera Brasil

Resumo da Proposta: o Programa Acelera Brasil introduz na rede educacional uma cultura de gestão eficaz, focada em resultados, e que combate os principais problemas do sistema de ensino: os baixos níveis de aprendizagem, a repetência e a distorção idade/série. Objetivos: Melhorar os índices de desempenho, diminuir a repetência e a distorção idade/série.

Idade do público-alvo: crianças e jovens

Características específicas: não informado Número de atendidos por edição: não informado Número total de jovens atendidos: 298.216 crianças e jovens em 319 municípios. Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental

Subsídios: não especificado Abrangência: 319 Municípios. O Programa é adotado como política pública em seis estados brasileiros - Goiás, Pernambuco, Tocantins, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso;

Ano de início: 1997

Duração: Não há prazo. Organizações envolvidas:

- público: Governos, Secretarias Estaduais e Municipais e escolas públicas.

- privado: Instituto Ayrton Senna – associação de direito privado com fins públicos. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria é estabelecida diretamente com a Secretaria de Educação Municipal ou Estadual, ou com o governo do Estado.

Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Ayrton Senna - execução: Escolas públicas participantes - coordenação: Instituto Ayrton Senna Avaliação e monitoramento: não há informações disponíveis

Resultados: O Acelera tem contribuído para diminuir a defasagem escolar. A média de aprovação nos estados em que o Programa é política pública fica em 93%. Em Goiás, onde o Acelera está implementado há 9 anos, a aprovação é de 100%. Segundo o Pnad 2005, a média nacional de aprovação é de 78,70%. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação funcionários nas escolas que possam aprender e disseminar a metodologia.

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Fonte/Ano: Site www.institutocamargocorrea.org.br/programaeducacao.aspx Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa Escola Ideal Resumo da Proposta: A linha mestra é o desenvolvimento e o apoio à gestão democrática e participativa de escolas públicas. Parte de um diagnóstico, respondido por todas as unidades de ensino participantes. A ferramenta de avaliação e planejamento mapeia seis dimensões da escola: - Profissionais da educação – analisa a suficiência, estabilidade e assiduidade dos profissionais que atuam na escola - Condições de ensino – registra as instalações da escola e os materiais didático-pedagógicos - Políticas e práticas pedagógicas – estudam o projeto pedagógico da escola e de professores - Desempenho escolar – medem política da escola para questões como rendimento, freqüência e fluxo escolar - Ambiente educativo – mapeia se a escola promove a cultura para a paz - Gestão escolar – identifica a postura da instituição frente a atores governamentais, não-governamentais e comunitários A partir desse diagnóstico identificam-se quais são as prioridades para melhorar a qualidade de educação naquelas escolas. Identificam-se projetos, com base em boas práticas, que possam melhorar a educação naquelas escolas e a partir daí, projetos são desenvolvidos juntos com a comunidade escolar. Objetivos: Contribuir para a melhoria da qualidade da educação na escola pública de Ensino Fundamental onde estão presentes unidades de negócios do Grupo Camargo Corrêa. O programa pretende garantir que todas as crianças e adolescentes gostem, freqüentem e de fato aprendam nas instituições de ensino.

Idade do público-alvo: não identificado.

Características específicas: não identificado. Número de atendidos por edição: não identificado. Número total de jovens atendidos: não identificado. Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental

Subsídios: não especificado

Abrangência: 375 escolas públicas brasileiras. Elas estão divididas entre sete municípios na Paraíba e um no Mato Grosso.

Ano de início: 2008

Duração: não identificado Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais e Escolas Públicas. - privado: Instituto Camargo Correa – associação de direito privado com fins públicos – braço social do Grupo Camargo Correa. Estratégias para o estabelecimento da parceria: Todos os municípios onde o programa é implantado passam por um processo similar de estruturação. O primeiro passo é organizar o Comitê de Desenvolvimento Comunitário, que atua como ponto de encontro entre representantes do poder público, da iniciativa privada e do Terceiro Setor. O comitê é responsável pela identificação dos ativos e desafios da localidade e define áreas prioritárias de atuação.

Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Camargo Correa - execução: Instituto Camargo Correa e comunidade escolar - coordenação: Instituto Camargo Correa Avaliação e monitoramento: não especificado

Resultados: nada consta Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada e depende da participação da comunidade escolar.

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Fonte/Ano: Site www.institutococacola.org.br Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa de Valorização do Jovem Resumo da Proposta: O Programa de Valorização do Jovem concentra seu foco em jovens com alta probabilidade de abandonar a escola, estimulando em cada um desses alunos o senso de responsabilidade e a auto-estima. Nas escolas associadas ao Programa, alunos da 6º ao 9º ano, com grave risco de evasão, são escolhidos para atuar como monitores de estudo de alunos da 1º ao 5º ano, igualmente com dificuldade de aprendizado. Cada monitor acompanha um grupo de 3 alunos em sala de aula durante uma hora por dia, com supervisão de professores. Estes monitores também participam de atividades extracurriculares que incluem visitas guiadas a empresas, palestras e programas culturais. Objetivos: Reduzir o alto índice de evasão escolar encontrado em escolas de todas as regiões do País

Idade do público-alvo: não especificado

Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: 20 mil alunos Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental

Subsídios: Cada hora de monitoria corresponde a R$ 3,00

Abrangência: 48 escolas públicas de 9 estados

Ano de início: 1999

Duração: não especificado Organizações envolvidas:

- público: Ministério da Educação, Secretarias Municipais e Estaduais de Educação das cidades e estados participantes - privado: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação – associação de direito privado com fins públicos – braço social do grupo Coca Cola Brasil e IDRA (Intercultural Development Research Association), organização social sem fins lucrativos, autora da metodologia. Estratégias para o estabelecimento da parceria: Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação - execução: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação, com apoio dos gestores das escolas. Cada escola seleciona 25 jovens, e cada um atende 3 alunos das séries iniciais, totalizando 100 alunos por unidade escolar. - coordenação: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação e CIMA (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente), que responde pela coordenação nacional do Programa desde 2001. Avaliação e monitoramento: não especificado Resultados: Entre os alunos participantes do programa, a taxa de evasão situa-se em 1,6%, contra a média de 7,5% registrada no Ensino Fundamental em escolas públicas do País, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP). Entre os resultados mais significativos, destacam-se: a aprovação para as séries seguintes, a ajuda substancial aos monitorados, a permanência na escola, o interesse em concluir Ensino Fundamental e cursar o Ensino Médio, além da crença no seu potencial criativo e a absorção do espírito da monitoria para as atividades gerais da escola. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias educacional. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Associada Justificativa para a categorização: A mobilização acontece com base no estabelecimento de objetivos comuns: a finalidade do programa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas. Entretanto, as ações acontecem independentes dos órgãos públicos. Porém o estabelecimento de associações com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.

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Fonte/Ano: http://www.ismart.org.br/programas/alicerce/projeto_alicerce_selecao.asp Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto Alicerce

Resumo da Proposta: O Projeto Alicerce é direcionado para alunos com alto potencial de aprendizagem, que estejam cursando o 7º ano (antiga 6ª série) do ensino fundamental em escolas públicas ou particulares, desde que provenientes de famílias com a renda máxima estipulada pelo ISMART, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O Projeto Alicerce é composto por três etapas que compreendem diferentes estágios da vida acadêmica do estudante. O critério fundamental para a permanência no projeto é o total comprometimento do bolsista, refletido por suas notas, freqüência escolar e conquista dos resultados esperados para cada etapa. Objetivos: Propiciar que jovens de baixa renda possam pleitear uma bolsa de estudo para o ensino médio em escolas particulares de elevado padrão.

Idade do público-alvo: não especificado.

Características específicas: não especificado. Número de atendidos por edição: não especificado. Número total de jovens atendidos: 346 Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental, Médio e Superior Subsídios: Os aprovados no processo seletivo frequentarão durante dois anos um curso preparatório para o ensino médio no contra-turno da escola regular de ensino. O aluno considerado apto ao final do curso preparatório e que for aprovado no exame de seleção realizado pela escola parceira receberá uma bolsa de estudo para os três anos do ensino médio. A bolsa de estudo para o Ensino Superior é oferecida ao bolsista que ao final do terceiro ano do Ensino Médio for aprovado nos vestibulares das instituições de excelência do país, para cursos avaliados com quatro ou cinco estrelas.

Abrangência: São Paulo e Rio de Janeiro

Ano de início: 2004

Duração: 5 anos ou mais, dependendo do aluno Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais e Municipais de Educação

- privado: ISMART - Instituto Social Maria Telles – Associação de direito privado com fins públicos Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria com as Secretarias de Educação Estaduais ou Municipais visam facilitar a identificação dos alunos com altas habilidades. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: ISMART - Instituto Social Marta Telles - execução: ISMART - Instituto Social Marta Telles - coordenação: ISMART - Instituto Social Marta Telles Avaliação e monitoramento: não especificado.

Resultados: não especificado. Natureza do tipo de programa/projeto: oportunidades especiais para alunos especiais. Categoria: - Âmbito de integração: Interpessoal - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: as relações com o órgão público são estabelecidas, somente quando possível. O projeto também acontece independente da ação articulada com o poder público.

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Fonte/Ano: Site http://www.circulosdeleitura.org.br/ Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto Círculos de Leitura Resumo da Proposta: Uma equipe multidisciplinar de educadores pagos e voluntários se divide para trabalhar de forma interativa com grupos de 10 a 15 jovens, em Círculos de Leitura. Os alunos participantes devem estar cursando a rede pública de ensino básico. A participação voluntária é chave para incentivar o poder de escolha do adolescente, e seu envolvimento com o grupo. A equipe de facilitadores conta com psicólogos, professores da rede pública, educadores sociais e artistas. Para adquirir capacidade cognitiva, alunos necessitam de instrução efetiva em cinco áreas: fonêmica, fonética, fluência, vocabulário e compreensão do texto. Em pequenos círculos, participantes se alternam lendo em voz alta e parando periodicamente para discutir sobre o significado dos trechos lidos. Desenvolve-se assim a linguagem oral e a habilidade de reflexão e argumentação a partir das obras e conhecimentos adquiridos. Atividades são realizadas periodicamente para que o aluno reflita e escreva sobre o que foi lido e discutido em grupo. Textos desenvolvidos durante as sessões do Círculo são utilizados para acompanhar o progresso de cada aluno e do grupo. Ao final de cada encontro, os participantes trazem poemas e textos encontrados ou escritos por eles.

1. Objetivos: 2. Promover o hábito da leitura, reflexão e debate entre os jovens nas escolas públicas. 3. Desenvolver as habilidades de leitura, análise e expressão do jovem, com foco na sua competência para entender, utilizar

e refletir sobre o que lê. 4. Ampliar o acesso do jovem da periferia a recursos culturais dentro e fora de seu bairro. 5. Sistematizar e difundir novas estratégias e recursos educacionais para o ensino da leitura. 6. Apoiar a formação de jovens e adultos que promovam a prática da leitura, reflexão e debate. 7. Apoiar a formação de jovens e adultos que promovam a construção, o acesso e o uso comunitário da biblioteca escolar.

Idade do público-alvo: 12 a 19 anos Características específicas: jovens cursantes do Ensino Básico Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: 7.500 alunos Nível de Escolaridade: Ensino Médio e Fundamental

Subsídios: não especificado

Abrangência: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Pernambuco

Ano de início: 2000

Duração: não especificado Organizações envolvidas:

- público: Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e Escolas Públicas

- privado: Instituto Fernand Braudel – associação de direito privado com fins públicos Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria é estabelecida com as Secretarias Estaduais de ed Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Unibanco e GE Foundation - execução: Instituto Fernand Braudel, com apoio dos gestores das escolas que sedem espaços para o desenvolvimento dos círculos. Toda a condução do trabalho é realizada pela equipe do Instituto Fernand Braudel e voluntários, que podem ser professores das escolas. - coordenação: Instituto Fernand Braudel Avaliação e monitoramento: é realizada avaliação com base na opinião dos alunos e professores participantes

Resultados: não especificado Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias educacional. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Associada Justificativa para a categorização: A mobilização acontece com base no estabelecimento de objetivos comuns: a finalidade do programa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas. Entretanto, as ações acontecem independentes dos órgãos públicos. Porém o estabelecimento de associações com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.

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Fonte/Ano: www.oifuturo.org.br Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: NAVE – Núcleo Avançado em Educação

Resumo da Proposta: O NAVE é um programa do Instituto Oi Futuro voltado para a pesquisa e desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as tecnologias da informação e da comunicação no Ensino Médio. Objetivos: Contribuir para a qualidade e inovação da educação no Brasil.

Idade do público-alvo: não especificado

Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio

Subsídios: não especificado

Abrangência: 1 Escola no Rio de Janeiro e 1 Escola em Pernambuco

Ano de início: 2004

Duração: não especificado Organizações envolvidas:

- público: Secretaria de Educação do Estado

- privado: Oi Futuro – associação de direito privado com fins públicos – braço social do Grupo Oi. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria é estabelecida com a Secretaria de Educação do Estado. A Oi Futuro adota uma escola pública e investe para transforma-la no NAVE. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Oi Futuro - execução: Oi Futuro, Secretaria Estadual de Educação e organizações sociais. - coordenação: Oi Futuro, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. Avaliação e monitoramento: não especificado

Resultados: não especificado Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular. - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos.