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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP
Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão – COGEAE
A atuação de parcerias público-privadas para o desenvolvimento de políticas
públicas educacionais para jovens no Brasil
Camila Iwasaki
Monografia de Conclusão do Curso
de Especialização em Gestão de
Projetos em Organizações do
Terceiro Setor
Orientadora: Profa Dra. Isa Guará.
São Paulo, junho de 2009
2
Agradeço,
À minha orientadora, Profa Isa Guará, pela disposição em me acolher, acreditar neste trabalho e conceder intervenções críticas e positivas para a sua conclusão. À minha mãe, Valquiria, e ao meu irmão, Caio, pela força, carinho e palavras de incentivo para continuar a caminhada. Ao Fabio, meu amor, pela compreensão quanto à minha ausência em tantas sextas-feiras e sábados. Obrigada pelo companheirismo, pela atenção e pelo seu amor. Aos meus familiares, pelo apoio em todos os momentos, bons e ruins, durante todos estes anos que levei para chegar até aqui. Aos meus colegas de curso, que tornaram o ofício de aprender muito mais prazeroso.
3
Resumo
Esta pesquisa tem como objetivo compreender como se constituem as parcerias
público-privadas direcionadas à melhoria da qualidade da educação formal de jovens no
país. A partir dessa perspectiva, este estudo procurou aprofundar quais os tipos de
investimentos existentes, voltados para a melhoria da qualidade da educação de jovens,
realizados pelas empresas e as organizações da sociedade civil em parceria com os órgãos
públicos das três esferas – municipal, estadual e federal. Buscou também identificar quais
são as iniciativas que vêm sendo desenvolvidas por meio dessa forma de associação, bem
como compreender quais são suas características, suas dinâmicas, e seu poder de
influência na formulação políticas públicas educacionais voltadas para a educação da
juventude. Para responder a estas questões, a primeira parte da pesquisa centrou-se na
análise das informações referentes ao cenário educacional brasileiro, compreendida pela
avaliação da legislação vigente no país, que garante o direito à educação para todos os
cidadãos, confrontando-a com os dados recentes sobre a realidade da educação dos
jovens. A segunda etapa foi centrada na revisão de literatura sobre o tema das parcerias
público-privadas, seguida de uma proposta de tipologia para a categorização dos
programas e projetos pesquisados. Por fim, realizou-se a análise documental de 15
projetos e programas desenvolvidos por meio das parcerias público-privadas em
educação formal de jovens, identificados pela pesquisa às bases de associados do GIFE e
da Abong. A análise da intensidade e do âmbito de integração dos órgãos públicos e
privados envolvidos no desenvolvimento destes 15 programas/projetos permitiu ressaltar
as dinâmicas e as características dos mesmos. Ainda que não conclusivo, este estudo
possibilitou a compreensão das tendências das parcerias estabelecidas, revelando em que
medida os programas/projetos encontrados estão respondendo às demandas e aos
problemas existentes para a garantia da educação de jovens no Brasil.
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Sumário
Introdução – p. 5
Capítulo 1 – O direito de aprender: falhas e brechas entre o texto constitucional e a
garantia de educação para jovens no Brasil – p. 10
1.1 O cenário global do direito à educação e a Constituição Federal – p.10
1.2 As brechas na garantia do direito à educação de jovens – p.17
1.3 Recomendações na literatura para a diminuição das brechas e a efetivação do
direito à educação de jovens – p.25
Capítulo 2 – A construção de um modelo de análise de parceira público-privada
em educação formal de jovens – p. 32
2.1 Linhas teóricas sobre as parcerias público-privadas em educação – p. 32
2.2 Um exercício de categorização: tipologias de projetos/programas – p.38
2.3 A pesquisa sobre as parcerias público-privadas em educação formal de
jovens – p.41
Capítulo 3 - Uma análise transversal das categorias e modelos: parcerias público-
privadas em educação formal de jovens – p. 47
3.1 Apresentação e contexto das parcerias público-privadas e programas/projetos
identificados pela pesquisa – p. 47
3.2 Categorização dos programas/projetos de acordo com a tipologia – p.56
3.3 Natureza das parcerias público-privadas em educação formal de jovens:
identificação de modelos associativos – p. 64
Considerações Finais – p. 67
Bibliografia – p. 73
Anexos – p.76
Anexo 1 - Resultados da Pesquisa – p. 76
Anexo 2 - Roteiros Analíticos dos Projetos/Programas pesquisados – p.78
5
Introdução
As políticas sociais no Brasil têm sua trajetória marcada por transformações e
reformas decisivas na consolidação de uma nova lógica de combate às desigualdades.
Entretanto, basta uma análise dos dados e dos estudos existentes para constatar o estado
caótico das políticas públicas existentes no país e sua inoperância para a garantia efetiva
dos direitos sociais dos cidadãos. O Relatório sobre a pobreza da ONU, publicado em
2000, avalia o quanto, ao longo das últimas décadas, o aparato institucional das políticas
sociais no país caracteriza-se como uma somatória de instituições desarticuladas,
“responsáveis por políticas setoriais extremamente segmentadas, que sobrepõe clientelas
e competências, e pulverizam e desperdiçam os recursos, provenientes de uma diversidade
desordenada de fontes. Isto redunda num sistema de proteção social altamente
centralizado na esfera federal, ineficiente e iníquo, regido por um conjunto confuso e
ambíguo de regulamentos e regras”(UNDP, 2000:113).
Apesar de, no Brasil, as políticas públicas operarem em um sistema
descentralizado, em que grande parte da oferta de serviços públicos encontra-se
municipalizados, o que se observa é que a democratização, ampliação e universalização
dos direitos sociais, previstas na Constituição Federal (CF) de 1988, estão longe de serem
exercitadas na prática. Neste sentido, não basta que os direitos sociais sejam positivados e
enunciados, é necessário que sejam desenvolvidas novas políticas públicas eficientes,
capazes de reduzir as desigualdades de oportunidade entre os cidadãos.
Neste cenário, um dos maiores desafios existentes é a concretização da educação
com um direito. Apesar de garantido pela Constituição de 1988, atualmente, o direito à
educação, compreendido pelo acesso, a permanência e o sucesso de crianças e jovens na
escola, é uma promessa não realizada, principalmente para os jovens brasileiros, de 15 a
17 anos: cerca de 52% não está no Ensino Médio, pois não alcançou a condição de
escolaridade necessária, ou simplesmente desistiu de frequentar a escola.
Dessa forma, a urgência em melhorar a qualidade da educação, o acesso dos
jovens a escola por meio de políticas públicas educacionais mais eficazes deveria ser
uma prioridade da sociedade. Assumindo a definição de políticas públicas como
“programas de ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do
Estado e as atividades privadas para a realização de objetivos socialmente relevantes e
politicamente determinados” (Bucci, 2002), não há dúvida de que a formulação de um
conjunto e medidas que congregue meios e instrumentos capazes de melhorar a
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qualidade da educação é condição fundamental para a efetivação do direito à educação
da juventude brasileira, além de se fazer cumprir os pressupostos enunciados na
Constituição Federal de 1988.
Mas quem define as políticas públicas em educação formal e que orientações
predominam nessas decisões? Quem avalia se essas políticas são coerentes e pertinentes
em relação a uma situação problemática diagnosticada, em especial, quando se trata de um
país pobre, com problemas educacionais seculares? Estas são perguntas pertinentes, uma
vez que o processo de construção de políticas eficazes para o desenvolvimento humano da
juventude vem tomando posição central entre as intervenções sociais desenvolvidas no
país.
Ao longo das últimas décadas a juventude, e principalmente a sua relação com a
educação, passou a ser um dos principais focos de atenção e investimento não só para os
governos, como também para a sociedade civil, as organizações sociais, as universidades e
institutos de pesquisas nacionais e internacionais. No Brasil, a concentração de estudos,
pesquisas, políticas e programas sociais destinados aos jovens ganharam força nos últimos
anos, principalmente com a estruturação de organismos governamentais específicos, como
a Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude – Conjuve, em
2005, como também em decorrência do aumento e ampliação do investimento do setor
privado das ações voltadas a esse público (GIFE, 2007).
Com o processo de redemocratização, ocorrido a partir da constituinte, a
movimentação da sociedade sobre a questão educacional centrou-se nas urgências
relacionadas à infância e adolescência, em torno da implantação do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA). Só em meados dos anos 1990 é que ocorre, como aponta Sposito
(2007), “a passagem das políticas de juventude como estado de coisas para a formação de
uma agenda pública que considera os jovens como problema político, ou seja, como
objeto específico de intervenção do Estado”.
Desde então, a constatação nas escolas, bairros e cidades dos altos índices de
violência, óbitos e agressões concede foco para a gravidade da situação de vulnerabilidade
de grande parte dos jovens no país. A realidade preocupante a que esta faixa etária está
submetida fomenta a estruturação, no âmbito da sociedade civil, de diversas organizações
não-governamentais ou mesmo organizações sociais vinculadas a organismos privados, e
no cenário da administração pública, de agendas destinadas a juventude.
7
A afirmação de Sposito no campo juvenil é reforçada por Figueiró, que reitera a
proliferação de diferentes formas de interface entre o Estado e a sociedade civil através de
parcerias baseadas na partilha de poder e de responsabilidade na execução das políticas
públicas de maneira mais efetiva anos 90:
“O novo associativismo civil que se desenvolve no âmbito de uma esfera
pública não-estatal, é aquele representado por ‘organizações da sociedade civil’
que optaram por entrar no cenário político através da estratégia de cooperação
com o Estado, mercado e demais setores da sociedade, para a realização de
trabalhos que possam dar sustentação às políticas públicas sociais (ou a falta
delas) para alívio da pobreza” (Figueiró, 2000:24).
Dessa maneira, como parte integrante do cenário exposto acima, a compreensão
das características das parcerias e de associações entre o poder público e a sociedade
organizada, no âmbito da educação de jovens no país, tem relevância fundamental.
Portanto, esta pesquisa tem como objetivo compreender, entre este campo de diferentes
modalidades de associação, como se constituem as parcerias público-privadas
direcionadas à melhoria da qualidade da educação escolar de jovens no país, sejam elas
baseadas em investimento social privado ou em articulações das organizações sem fins
lucrativos.
A partir dessa perspectiva as questões que se colocam são: quais os tipos
existentes de investimentos das empresas e das organizações da sociedade civil, em
parcerias com os órgãos públicos municipais, estaduais e federais, voltados para a
melhoria da qualidade da educação de jovens no país? Quais são as iniciativas que vêm
sendo desenvolvidas por meio das parcerias público-privadas? Quais são suas
características, suas dinâmicas, e seu poder de influência na formulação políticas
públicas educacionais voltadas para a educação da juventude?
Partindo destas questões, a primeira parte da pesquisa centrou-se na análise das
informações referentes ao cenário educacional brasileiro. Buscou-se avaliar a legislação
vigente no país, que garante o direito à educação para todos os cidadãos, até os dados
mais recentes publicados pelo MEC (Ministério da Educação), IPEA (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
entre outros órgãos de análise estatística, cujas fontes são fidedignas e confiáveis. Tal
análise tem a intenção de desenhar um diagnóstico claro das condições da educação
8
formal no Brasil, e se constitui como linha de base da pesquisa para a identificação das
lacunas necessárias que demandam a formulação de políticas públicas educacionais. Ou
seja, a partir desta primeira análise, é possível afirmar quais são as grandes fragilidades
existentes no país para a garantia do direito à educação, permitindo posterior
comparação com os resultados e impactos das iniciativas que vem sendo desenvolvidas
pelas parcerias público-privadas nesta área.
A segunda parte esteve centrada na revisão bibliográfica de autores que estudaram
a questão das parcerias público-privadas, a fim de mapear o referencial teórico e as
linhas de estudos e pesquisas existentes sobre esta temática. Foi proposta também uma
categorização para os programas/projetos desenvolvidos por meio das parcerias público-
privadas, que permitiu estabelecer quais seriam os âmbitos de integração e níveis de
intensidade de tais parcerias, de modo a orientar a compreensão do objeto proposto.
Posteriormente, partiu-se para a pesquisa de programas-projetos desenvolvidos
por meio de parcerias público-privadas em educação formal de jovens, realizada com
base nas ações dos associados do GIFE e da Abong. Foi empreendido o levantamento, a
leitura e a sistematização dos relatórios, publicações e/ou qualquer outro documento
referente às parcerias público-privadas na área de educação. Esta pesquisa revelou a
existência de 15 programas/projetos em educação formal de jovens desenvolvidos por
parcerias público-privadas, que foram devidamente analisados.
Assim, a terceira e última parte da investigação buscou solidificar o entendimento
sobre esses programas/projetos pesquisados, ressaltando as dinâmicas e as
características dos mesmos. Ainda que não conclusivo, este estudo permitiu
compreender as tendências e as características das parcerias estabelecidas, e indicar se
tais programas/projetos encontrados estão respondendo às demandas e aos problemas
existentes para a garantia da educação de jovens no Brasil.
Portanto, basicamente a presente pesquisa possui como opção metodológica a
análise comparativa entre diferentes modelos de parceria público-privadas na área de
educação formal, bem como uma análise crítica de suas configurações e estratégias.
Dessa forma, o primeiro capítulo é destinado à análise fundamental sobre as
brechas entre o texto constitucional e a real garantia do direito à educação de jovens no
Brasil. O segundo capítulo trata da revisão de literatura e do mapeamento de diferentes
modelos de parcerias público-privadas que atuam na área de educação formal de jovens,
visando compreender como se estruturam as diversas modalidades de associação entre o
poder público e as organizações parceiras. Por fim, no último capítulo, busca-se fazer
9
uma análise transversal dos programas/projetos em educação formal de jovens
desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas, com enfoque crítico sobre as
potencialidades deste tipo de associação.
O presente estudo não possui a pretensão de esgotar as possibilidades de análise
sobre o tema, nem tampouco dar conta de resolver as questões envolvidas na educação
de jovens no país. Apenas tem o objetivo de, partindo destas inquietudes e indagações,
mostrar como se configuram, no cenário atual, estas relações de parceira entre o setor
público e o setor privado, tecendo uma análise crítica sobre os desdobramentos e as
implicações que estas atuações conjuntas acarretam para a oferta de políticas públicas
de sistemas educacionais diversos.
10
Capitulo 1 - O direito de aprender: falhas e brechas entre o texto constitucional e a
garantia de educação para jovens no Brasil.
1.1 O cenário global do direito à educação e a Constituição Federal
O direito dos cidadãos à educação, em sua ampla definição, está presente nos
textos legais de praticamente todos os países do mundo. Os documentos de caráter
internacional, assinados por países integrantes da ONU, reconhecem e garantem esse
direito, fundamentado inicialmente na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, em seu artigo 26, que afirma:
“1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos
nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória.
A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução
superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do
pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do
respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução
promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e
grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do
gênero de instrução que será ministrada a seus filhos”.
Entre os marcos legais internacionais, subseqüentes, de reconhecimento dos
direitos da criança e do adolescente, em que a educação aparece como um direito a ser
garantido, estão a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a Convenção Relativa
à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino, de 1960, o art. 13 do Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, e a Convenção
Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 1989.
Mais recentemente, a partir da década de 1990, impactados com a crescente
desigualdade econômica e social no mundo, a Organização das Nações Unidas cunhou o
conceito de desenvolvimento humano como forma de aprofundar a reflexão sobre o
conceito de educação. Frente às características e aos fenômenos sociais gerados ao
longo dos anos, era preciso cunhar um novo termo para dar conta do tipo de
desenvolvimento desejável para todo e qualquer ser humano.
11
A concentração e produção de riquezas materiais, processo fortemente
alavancado com as Revoluções Industriais e o advento do sistema capitalista, produziu
uma enorme desigualdade em todo o mundo, resultando situações extremas, em que
15% dos mais ricos encontram-se consumindo 56% dos recursos mundiais e 40% dos
mais pobres possuem apenas 11% dos recursos; ou quando apenas 435 pessoas no
mundo possuem uma riqueza acumulada superior à de 45% da população mundial
(Dowbor, 2008). Tais conseqüências sociais da desigualdade econômica vêm gerando,
na América Latina, por exemplo, mão-de-obra não qualificada, aumento do desemprego
juvenil, da violência, do trabalho infantil, da mortalidade infantil, doenças e outros
males sociais. Entretanto, na sociedade do conhecimento em que vivemos hoje, a
educação tem um papel fundamental para a promoção do desenvolvimento humano e,
consequentemente, a diminuição das desigualdades sociais.
Na tentativa de cunhar uma referência para o desenvolvimento humano planetário,
as Nações Unidas, por meio da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura), publicou em 1994 o pronunciamento Os Quatro Pilares
da Educação, que se constituem em referência para todo o trabalho educativo, no mundo
inteiro. A proposta deste pronunciamento é que toda ação que gere conhecimento, para dar
respostas ao seu conjunto de objetivos, deve organizar-se em torno de quatro
aprendizagens fundamentais que, ao longo da vida serão de algum modo a cada indivíduo,
os pilares do conhecimento:
• Aprender a conhecer – adquirir os instrumentos da compreensão;
• Aprender a fazer – possibilidade da ação sobre o meio envolvente;
• Aprender a viver juntos – garantir a participação e cooperação com os outros
nas atividades humanas; e
• Aprender a ser – a integração dos três pilares, diz respeito ao desenvolvimento
total da pessoa. (Delors, 1996).
Os quatro pilares da educação aqui apresentados de maneira resumida, não se
apóiam exclusivamente numa única fase da vida ou em um único modelo ou espaço de
educação. São valores interdependentes que se interpenetram ao longo de todo o ciclo vital
humano. Assim, sob essa perspectiva, investiu-se em um conceito de desenvolvimento
muito mais amplo. Trata-se de um desenvolvimento voltado para o homem e ao
atendimento de suas necessidades para uma vida decente, em que ele é não só fator e meio
12
do desenvolvimento, mas, sobretudo, o seu fim.
Com todo este movimento, ganhou força pelo mundo, portanto, uma perspectiva
ampla de educação associada ao desenvolvimento humano, resumida por Delors:
“O desenvolvimento tem por objeto a realização completa do homem, em
volta a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus
compromissos: indivíduo, membro de uma família e de uma coletividade,
cidadão e produtos, inventor de técnicas e criador de sonhos”(Delors, 1996:10).
Este novo conceito de desenvolvimento foi destacado também pela Declaração do
Milênio, formalizada pela Reunião de Cúpula ocorrida em Nova York, em 2000. Com esta
declaração (que estabelece os 8 Objetivos do Milênio e é apoiada por 191 nações), foram
firmados os fundamentos do relacionamento internacional no século XXI, por meio da
oficialização de metas definidas para tornar o mundo mais justo e solidário até 2015.
Dentre estas metas, destaca-se o 2º Objetivo do Milênio, que é a promoção de “Educação
Básica de Qualidade para todos”.
No Brasil diversas organizações da sociedade civil, governos, empresários, entre
outros vêm desenvolvendo projetos e ações plenamente orientadas e em acordo com o
objetivo do milênio de universalização da educação. Entretanto, para além de declarações
e pactos internacionais assinados pelo governo brasileiro, cabe analisar o quanto o pleno
exercício do direito à educação, inscrito em leis de caráter nacional, vem sendo garantido
como um direito fundamental dos cidadãos.
Basta uma pequena análise dos dados e dos estudos existentes no cenário
acadêmico para constatar que um dos maiores desafios para a educação no Brasil,
atualmente, é o direito de aprender, ainda não efetivado pelo sistema público de ensino. O
direito de aprender pode ser compreendido não só pelo direito à escolarização, mas
também pela efetivação de oportunidades iguais para todos os cidadãos de receber, ao
longo de suas vida, uma educação de qualidade que possibilite a formação de pessoas
capazes de assumir uma postura crítica e criativa perante o mundo. Apesar de constar na
Constituição Federal (CF) da República Federativa do Brasil de 1988 de maneira
detalhada1, o direito à educação, compreendido pelo acesso, a permanência e o sucesso de
crianças e jovens em escolas de qualidade, é uma promessa não realizada.
1 No direito brasileiro, destacam-se os seguintes direitos sociais, contemplados no artigo 6º da Constituição Federal: direito à educação; direito à saúde; direito ao trabalho; direito à moradia; direito ao lazer; direito à
13
No texto constitucional o artigo 205 afirma: “A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família”. Já o 206 especifica: “O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios: [...] IV gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais”.
Observa-se, portanto, a gratuidade, assegurada em todos os níveis na rede pública. Ainda
na Carta Magna, o dever do Estado para com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de
idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequada às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas
suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência
à saúde.
Segundo Portela de Oliveira (1999), nas Constituições anteriores o Ensino Médio
era tratado como exceção e o ensino superior, nunca contemplado. Entre outras novidades
implantadas pela Constituição de 88, este autor destaca:
“A primeira novidade aparece no inciso I, ao precisar que o dever do
Estado para com o ensino estende-se mesmo aos que ‘a ele não tiveram acesso
na idade própria’. Este texto aperfeiçoa os de 1967/69, que especificavam a
gratuidade e a obrigatoriedade dos 7 aos 14 anos, criando a possibilidade de se
restringir o atendimento aos indivíduos fora desta faixa etária. Avança, também,
ao especificar o atendimento dos que não mais se encontram na idade
segurança; direito à previdência social; direito à proteção à maternidade e à infância; direito dos desamparados à assistência.
14
considerada ‘ideal’ para o ensino fundamental. No inciso II aponta-se a
perspectiva de ‘progressiva extensão da gratuidade e obrigatoriedade do Ensino
Médio’. Este dispositivo reequacionou o debate sobre esse nível de ensino para
além da polaridade ensino propedêutico x profissional. A idéia era ampliar o
período de gratuidade/obrigatoriedade, tornando-o parte do Direito à
Educação.”(Portela de Oliveira, 1999:62).
Entretanto, se no texto constitucional o Ensino Médio aparece como obrigatório,
em setembro de 1996, a Emenda Constitucional n° 14, alterou a redação do inciso II
para “progressiva universalização do Ensino Médio gratuito”. Para Portela de Oliveira,
esta alteração tornou menos efetivo o compromisso do Estado na incorporação deste
nível de ensino como educação obrigatória2. É possível afirmar que o próprio texto
constitucional abre brechas para a formalização não compulsória de políticas públicas
direcionadas para o Ensino Médio. Ao estabelecer a progressiva oferta de vagas,
oportuniza-se a interpretação indevida da lei ou mesmo justifica-se a não abertura de
novas vagas de educação média na rede pública. Na perspectiva contrária do que ocorre
no Brasil, existe uma tendência mundial em estabelecer a obrigatoriedade do Ensino
Médio, tendo em vistas as exigências mercadológicas e os requisitos formais de
escolarização para o aumento da empregabilidade dos jovens.
Tanto o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), quanto a LDB3 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), avançam no sentido da Constituição Federal
e indicam a obrigatoriedade da oferta pública de educação para todas as crianças e
adolescentes. A educação é, portanto, um direto público subjetivo, o que significa que o
sujeito pode exigir do Estado o seu cumprimento. E, como colocado no 1º artigo da
LBD, promulgada em 1996, a educação possui um sentido amplo na sua concepção:
“TÍTULO I
Da Educação
2 A responsabilidade pela oferta do serviço público de educação para os alunos do Ensino Médio é da esfera Estadual. Já o Ensino Fundamental é ofertado tanto pelo Município quanto pelo Estado. 3 A construção do currículo da Educação Básica, de acordo com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n. 9.394/96, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, deve considerar uma base nacional comum que objetiva a preparação para o prosseguimento nos estudos, por meio de competências e habilidades básicas. Ou seja, o perfil do egresso do Ensino Fundamental deve condizer com as reais possibilidades de continuidade dos estudos no Ensino Médio.
15
Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais. (LDB, 1996:1).”
Além de ampliar o conceito de educação para além da educação escolar,
reconhecendo o caráter sócio-educativo de outros espaços públicos, governamentais e
não governamentais, e sua importância para o desenvolvimento integral de crianças e de
adolescentes, a LDB prescreveu o aumento progressivo da jornada escolar para o
regime de tempo integral, a critério dos sistemas de ensino (Art. 34 e 87) e valorizou as
experiências extra-escolares.
Um dos marcos recentes da legislação referente à educação ocorreu em 2001,
quando o Congresso Nacional aprovou o PNE (Plano Nacional de Educação) que
estabeleceu as metas as serem alcançadas pelo Brasil até 2011. Os principais objetivos
do PNE são: a) a elevação global do nível de escolaridade da população; b) a melhoria
da qualidade do ensino em todos os níveis; c) a redução das desigualdades sociais e
regionais no tocante ao acesso e a à permanência com sucesso na educação pública; d) a
democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo
aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola e a participação das comunidades e local em conselhos escolares
ou equivalentes.
Da mesma forma que a LDB, o PNE garante a ampliação da jornada, e no caso
específico do Ensino Médio, o aumento gradual de vagas, que, no prazo de cinco anos,
correspondessem a 50% e, em dez anos, a 100% da demanda, respeitando a
universalização e regularização do fluxo de alunos no Ensino Fundamental. O PNE
estabelece também como meta a melhoria do aproveitamento dos alunos do Ensino
Médio de modo a atingir os níveis satisfatórios definidos e avaliados pelo SAEB
(Sistema de Avaliação da Educação Básica), pelo Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio), e pelos demais sistemas de avaliação estaduais. Ainda para este nível de
Ensino, há metas referentes à diminuição da evasão escolar, a reforma e revisão
curricular e a melhoria das condições de infra-estrutura das escolas; oportunidades de
formação de professores; financiamento; gestão e educação a distancia.
Em 2005 foi realizada a IV Conferencia Nacional de Educação, com o objetivo e
avaliar a implantação do PNE, momento em que foi apresentado um estudo
16
evidenciando que várias metas não seriam cumpridas em 2011, sem que medidas
urgentes fossem adotadas.
Mais recentemente, em 2007, o governo federal lançou o PDE (Plano de
Desenvolvimento da Educação), tentando reforçar uma visão sistêmica e promover
ações integradas para a educação básica. Trata-se de um pacote de ações, a serem
implantadas pelo governo federal, em conjunto com estados e municípios. As ações vão
desde a criação de uma avaliação para crianças dos seis aos oito anos de idade, passando
pela questão da alfabetização de jovens e adultos, chegando a criação de um piso
salarial nacional dos professores — mais de 50% desses profissionais ganham menos de
R$ 800 por 40 horas de trabalho.
O PDE também prevê a ampliação do acesso dos educadores à universidade; a
instalação de laboratórios de informática em escolas rurais; a realização da Olimpíada
de Língua Portuguesa, nos moldes da Olimpíada de Matemática; a garantia de acesso à
energia elétrica para todas as escolas públicas; as melhorias no transporte escolar para
os alunos residentes em áreas rurais e a qualificação da saúde do estudante.
Na educação profissional, a principal iniciativa do plano é a criação dos
institutos federais de educação profissional, científica e tecnológica, destinados a
funcionar como centros de excelência na formação de profissionais para as mais
diversas áreas da economia e de professores para a escola pública. Os institutos seriam
instalados em cidades de referência regional, de maneira a contribuir para o
desenvolvimento das comunidades próximas e a combater o problema da falta de
professores em disciplinas como física, química e biologia.
O PDE inclui metas de qualidade para a educação básica, como o IDEB (Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica)4, que visam contribuir para que as escolas e
secretarias de educação se organizem no atendimento aos alunos. Também cria uma
base sobre a qual as famílias podem se apoiar para exigir uma educação de maior
qualidade. O plano prevê ainda acompanhamento e assessoria aos municípios com
baixos indicadores de ensino.
Sua implantação ainda é muito recente para que se possa fazer uma avaliação
mais apurada. De todas as promessas realizadas pelo PDE, muitas indicam bons
4 O IDEB é um indicador que mede a qualidade da educação no país. Para facilitar seu entendimento, foi estabelecida uma escala que varia de 0 a 10. A partir desse instrumento, o MEC traçou metas de desempenho bianuais para cada escola e cada rede de ensino até 2022. O IDEB combina informações sobre o desempenho dos alunos (avaliados por meio de avaliações estandardizadas externas) e fluxo escolar. A média nacional do IDEB em 2005 foi de 3,8. Em 2007, essa nota subiu para 4,2. Em 2022, meta é chegar a 6,0 na média.
17
caminhos para o poder público conseguir melhorar as condições educacionais do país.
Resta esperar, para conferir a concretização do plano e os resultados das ações.
De qualquer maneira, ao analisar os números atuais quanto à situação da
educação dos jovens no país, sobretudo entre aqueles que estão no Ensino Médio,
reitera-se que muitas das metas do PNE e do próprio PDE estão longe de serem
efetivadas. No subcapítulo a seguir estão apresentadas as brechas existentes entre a
realidade da oferta de ensino e a garantia do direito a educação de jovens, que
comprovam essa afirmação.
1.2 As brechas na garantia do direito à educação de jovens
É notória a precariedade do sistema público educacional do país, em todos os
Estados da Federação, apesar das evidências do acelerado progresso educacional
brasileiro ocorrido ao longo das últimas duas décadas. Como aponta Brant de Carvalho:
“A educação brasileira não cumpriu o ideário a ela predestinado no
século XX. Somente na entrada do século XXI é que, finalmente, universalizou-
se o acesso ao Ensino Fundamental e, no entanto, essa meta não tem sido
suficiente para que nossas crianças e adolescentes obtenham os saltos de
aprendizagem esperados” (Brant de Carvalho, 2006: 7)
Não é possível verificar melhorias em todos os indicadores educacionais, os
recursos financeiros e técnicos disponibilizados pelos governos não são suficientes, a
legislação dá margens para o descompromisso dos órgãos públicos e das escolas, a
comunidade escolar está fragilizada e a escola não desempenha mais a sua função
social. Os professores são mal remunerados, os diretores não possuem habilidades
gerenciais, as políticas de reconhecimento, incentivo, motivação e responsabilização são
nulas ou ineficazes. São múltiplos os fatores que resultam em um só problema: os
alunos não completam o ciclo escolar básico, e daqueles que completam, poucos
aprendem.
Com efeito, ao analisar o cenário geral da educação pública, percebe-se que
enquanto o acesso ao ensino fundamental está praticamente universalizado para a
população de 7 a 14 anos, em que 97% das crianças nesta faixa etária estão matriculadas
no país (IBGE, PNAD, 2007), por outro os jovens na faixa dos 15 aos 24 anos ainda
18
estão fora da escola. Elevam-se as taxas de evasão e abandono dos estudos pelos jovens
em todos os Estados do país: as pesquisas demonstram que em 12 das 27 Unidades da
Federação, os jovens nesta faixa etária não chegam a uma média de oito anos de estudo,
que correspondente ao ensino fundamental completo (Waiselfisz, 2007).
Com o enfoque para os dados referentes ao Ensino Médio, percebe-se que a
realidade é ainda mais assustadora: hoje existem cerca de 50,2 milhões de jovens (26,4%
da população), segundo a Pnad 2007, população situada na faixa etária entre 15 a 29 anos
de idade. Dos atuais 10,6 milhões de pessoas entre 15 a 17 anos, apenas 48% estão no
Ensino Médio, quadro que se agrava, pois dos 3,6 milhões de jovens que se matriculam
anualmente na primeira série deste nível, apenas 1,8 milhões concluem os estudos (MEC,
Censo Escolar 2007). Ou seja, metade de nossos jovens que tiveram o “privilégio” de
chegar a este grau de escolaridade “morre na praia”.
É importante ressaltar que não é possível compreender as situações educacionais
dos jovens no Ensino Médio sem se considerar o sistema da educação básica como um
todo, isto é, sem olhar para o que está ocorrendo no Ensino Fundamental, que está
praticamente universalizado, mas não o seu término. Com isso, o acesso ao Ensino Médio
está também longe de ser universalizado. Os estudos mostram que enquanto a cobertura do
Ensino Fundamental no país nos últimos 10 anos manteve-se estável (e na ordem dos mais
de 97%), a cobertura do Ensino Médio não ultrapassou 82,5%, pico de atendimento no
mesmo período, mesmo que tenha crescido em quase 13 pontos percentuais de 1996 a
2003. Há jovens que não estão na escola, outros que ainda não alcançaram o nível de
escolaridade adequado para a sua idade e continuam no Ensino Fundamental e outros que
estão no Ensino Médio, mas acabam desistindo e não concluem os estudos.
A PNAD de 2007 mostrou que 30,4% dos jovens são pobres – possuem renda
domiciliar per capita de até ½ salário mínimo – e que os jovens representam 61,4% do
total de desempregados do Brasil (alcançando o triplo do verificado em outras faixas
etárias). Além disso, enquanto por um lado sobram postos de trabalho, por outro falta
qualificação da mão de obra jovem. Há vagas disponíveis em vários setores, mas só em
2007 faltaram profissionais qualificados e com experiência para 123,3 mil vagas com
carteira assinada, segundo ao pesquisa sobre a Demanda e Perfil dos Trabalhadores
Formais no Brasil em 2007, publicada pelo IPEA.
Não investir na educação e na formação do jovem em idade de Ensino Médio é
ignorar o forte elo existente entre conhecimento, capital humano e crescimento
19
econômico. O mercado tem se tornado cada vez mais competitivo e exigente: 11 anos
de estudos, ou seja, a conclusão do Ensino Médio, é o tempo mínimo necessário para
que uma pessoa adquira qualificações básicas exigidas para postos de trabalho com
salários dignos. A conclusão do Ensino Médio, além de permitir ao aluno a entrada ao
Ensino Superior, representa a milhares de jovens a possibilidade de acesso a melhores
ofertas de emprego e renda.
“A taxa de retorno social da educação envolve os custos de
oportunidade do adolescente estudar em vez de trabalhar, os prêmios
trabalhistas e os custos diretos privados ou públicos da educação. A literatura
calcula taxas de retorno de 15% por ano de estudo que se encontra num nível
mais alto que o custo de financiamento do governo brasileiro que, portanto,
deveria expandi-la. Agora a taxa interna de retorno da educação relevante para
a decisão de pais e filhos é ainda mais alta, pois exclui os custos públicos da
educação e inclui outros benefícios privados derivados da educação para além
da renda gerada do mercado de trabalho. Por exemplo, nossas pesquisas
indicam que 95% das melhoras da saúde percebida observadas a partir de
incrementos na educação e na renda associada se dão pelo efeito direto da
educação, mantendo-se a renda constante. Ou seja, há um enorme ganho
privado a ser auferido para além do mundo do trabalho a partir da decisão de
se educar mais. Neste sentido, a alta evasão escolar constitui um paradoxo. Se a
educação gera um retorno privado tão alto, por que os brasileiros investem tão
pouco nela?” (Neri, 2009:5)
O estudo recente publicado por Neri, aponta que se por um lado os ganhos em
termos de salário são maiores com o aumento da escolaridade, por outro, na prática uma
grande parcela dos jovens não termina os estudos: a taxa média de abandono no Ensino
Médio é de 13,3%, o dobro da taxa média de abandono para anos finais do Ensino
Fundamental. Do ponto de vista do desenvolvimento social de um país e da melhoria do
nível de vida de sua população, a conclusão da educação média é, sem dúvida, um dos
pontos nevrálgicos. Isto pode ser verificado com as análises salariais por anos nível de
escolaridade:
20
“A trajetória de salários por nível educacional vai desde os R$ 392 de
salário (2,42 reais de salário-hora) dos analfabetos até os R$ 3.469 de salário
(20,7 reais de salário-hora) daqueles que já freqüentaram a pós-graduação.
Similarmente, a taxa de ocupação entre os extremos do espectro educacional
sobe de 59,9 % para aqueles que nunca passaram de um ano de estudo, até
86,4% daqueles que já sentaram nos bancos da pós-graduação. Mesmo quando
comparamos pessoas com as mesmas características sócio-demográficas —
como sexo, idade, raça e geografia — menos a educação, os salários dos
universitários é 544% superior ao dos analfabetos e a chance de ocupação,
422% maior” (idem: 43).
Neste sentido, entender que o conhecimento é o elemento central da vantagem
competitiva de um país é o primeiro passo para que os esforços da sociedade estejam
voltados para o desenvolvimento do capital humano de sua juventude. Diversos estudos,
como o Relatório de desenvolvimento mundial 2007: o desenvolvimento e a próxima
geração, publicado pelo Banco Mundial, o Relatório Educação, Inovação e
Competitividade, de 2008 do BIRD, apontam a necessidade urgente de se investir no
aumento de oportunidades de emprego e educação para a juventude como forma de
recuperar o tempo perdido. Observando casos como os da Índia, China ou Coréia do Sul
verifica-se que, a despeito de terem partido de PIBs per capita semelhantes ao do
Brasil, em meados da década de 80, tiveram trajetórias de crescimento bastante
diferentes, e atualmente são potencias exportadoras de mão-de-obra qualificada.
Quando observados indicadores qualitativos, reforça-se a existência de uma
verdadeira crise no Ensino Médio: os brasileiros apresentam um dos piores índices de
desempenhos do mundo. Comparações internacionais, viabilizadas pela aplicação mundial
da prova PISA, que verifica as habilidades e competências em Português, Matemática e
Ciências de alunos de 15 anos, demonstram o quanto o aprendizado e a escolarização são
precários no Brasil:
“O Programme for International Student Assessment – Pisa constitui, na
atualidade, a mais abrangente e rigorosa avaliação comparativa internacional
referente a competências para a vida da juventude do mundo. Dos 41 países
participantes da avaliação de 2003, o Brasil, junto com a Indonésia e a Tunísia,
ocuparam as últimas posições nas habilidades testadas. A média situa os
21
brasileiros no nível mais baixo da escala de proficiência, o nível 1, onde os
alunos são capazes apenas de realizar as tarefas mais simples”. (Waiselfisz,
2007:12).
Ao comparar a média nacional nos testes estandatirzados de português e
matemática (como a Prova SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica e Prova
Brasil), observa-se que o nível médio dos alunos está muito aquém do recomendado. No
SAEB, os níveis de proficiência são extremamente baixos e reiteram que as 3a séries do
Ensino Médio de todo país apresentam uma contínua erosão do domínio da Língua
Portuguesa e da Matemática.
Com os dados apresentados, constata-se claramente que o direito dos jovens ao
aprendizado e ao desenvolvimento humano vem sendo negligenciado pelas políticas e
sistemas públicos educacionais.
Contudo, para entender as relações da juventude e dos jovens com a educação,
no contexto atual do país, seria útil e necessário considerar a opinião dos próprios
sujeitos juvenis sobre as condições escolares.
Pesquisadores e estudiosos das áreas de humanas, assim como centros e núcleos
de pesquisas passaram a se interessar sobre a temática da juventude, encarando os
jovens como sujeitos sociais que mereciam atenção. Um dos primeiros estudos sobre o
assunto foi o de Helena Abramo, no livro Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo
urbano, em que a autora inaugura um enfoque que busca compreender quem são os
jovens, o que fazem, como se agrupam, qual seu comportamento. A autora teve um
importante papel na mudança de perspectiva de entendimento em relação as
características próprias da juventude e dos estudos realizados sobre ela:
“Toda vez que se relaciona a questão da juventude à da cidadania, seja
pelos atores políticos seja pelas instituições que formulam ações para jovens,
são os problemas (as privações, os desvios) que são enfocados; todo debate,
seminário ou publicação relacionando esses dois termos traz os temas da
prostituição, das drogas, das doenças sexualmente transmissíveis, da violência.
As questões elencadas são sempre aquelas que constituem os jovens como
problemas e nunca questões enunciadas por eles, mesmo porque não há espaço
comum de enunciação entre grupos juvenis e atores políticos. Há uma
dificuldade de ir além da sua consideração como problema social e de
22
incorporá-los como capazes de formular questões significativas, de propor
ações relevantes, de contribuir para a solução dos problemas sociais”.
(Abramo,1997: 26)
Avançando no entendimento dos jovens como sujeitos sociais, Sposito
demonstra que os desafios na formulação de políticas públicas para a juventude são
ainda mais cruciais:
“Não só precisa contribuir efetivamente para a construção de um modo diverso
de compreensão dos jovens na sociedade brasileira, a ser expresso tanto sob a
forma de políticas públicas democráticas que reconhecem o não-cumprimento
de direitos historicamente negados – educação, saúde e trabalho –, como capaz
de se abrir para outras modalidades de ação que contemplem novos direitos da
juventude (...)Sem negligenciar as inúmeras dificuldades de ampliação das
dotações orçamentárias para as políticas públicas sociais, admite-se que o
desafio maior é, contudo, inscrever as políticas de juventude em uma pauta
ampliada de direitos públicos de caráter universalista. Essas orientações devem
pressupor os jovens como sujeitos dotados de autonomia e como interlocutores
ativos na formulação, execução e avaliação das políticas a eles destinadas.”
(Sposito, 2004: 37).
Como apontam Nakano & Almeida (2007), é necessário levar em consideração
as avaliações que eles realizam sobre a escola que o poder público a eles tem destinado.
Segundo a pesquisa realizada pelo IBASE e Instituto Polis entre 2004 e 2005, com
jovens entre 15 e 24 anos, em todo o Brasil, para os jovens pesquisados a educação
escolar é uma das questões que mais os inquietam e os mobilizam, ao lado de problemas
como a violência, o trabalho e a desigualdade social (IBASE, 2006).
“Eles chamaram a atenção para a deterioração e a obsolescência dos
prédios, equipamentos e mobiliários escolares; enfatizaram os problemas que
enfrentam na relação com os professores, pois estes demonstram distanciamento
ou desconsideração aos sentidos que os jovens atribuem à escola. Eles também
teceram críticas para a inadequação dos currículos, as metodologias aplicadas
no processo de ensino-aprendizagem, os materiais didáticos e as atividades
23
extraclasse. Eles foram além e circunscreveram, ainda, os modos pelos quais o
universo escolar produz desigualdades e discorreram sobre a inadequação da
educação atual em relação às exigências do mundo do trabalho.” (Nakano &
Almeida, 2007: 1086)
Ainda nesta mesma linha, a análise de Neri (2009) sobre os dados contidos no
Suplemento Especial de Educação da PNAD5 de 2006, realizada pelo IBGE, aponta que
dos 17,8% dos jovens entre 15 e 17 anos que estavam fora da escola, 10,9%
responderam que o motivo era por dificuldade de acesso a escola; 27,1% declararam
não freqüentar a escola por necessidade de trabalho e geração de renda e 40, 3%
declaram que abandonaram os estudos por falta intrínseca de interesse. Os 21,7%
restantes alegaram outros motivos, como expulsão, por exemplo.
Assim, cabe ressaltar que, para além da ampliação da oferta e da universalização
do acesso a escola, os jovens não estão satisfeitos com o sistema público de ensino, que
encontramos hoje no Brasil.
Mas quando se aborda a questão da insatisfação dos jovens em relação às
condições educacionais, é preciso considerar que não existe uma juventude – em termos
identitários – única. Há sim, juventudes, em seu caráter diverso. Qualquer estudo sobre
juventude e educação deve levar em conta as características desse público, uma vez que
os pesquisadores reforçam a necessidade de relativizar o recorte etário e as
características histórico-sociológicas, muitas vezes determinantes do entendimento do
que é “ser jovem” e das representações sobre educação realizadas por este público
multifacetado.
Para além das ressalvas quanto à noção histórico-social do conceito de juventude
e educação, oficialmente o Brasil tem hoje cerca de 50,2 milhões de jovens (26,4% da
população), segundo a Pnad 2007. Considera- se como jovem a parcela da população
situada na faixa etária entre 15 a 29 anos de idade, divididos em três grupos: jovem
adolescente com faixa etária entre 15 a 17 anos, que representam 10,6 milhões de
pessoas; jovem-jovem com faixa-etária entre 18 a 24 anos, que representam uma
população de 23,8 milhões; e o jovem-adulto, com faixa etária entre 25 a 29 anos, que
compreendem 16,1 milhões.
5 A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra e Domicílios) é realizada anualmente pelo IBGE. Em 2004 e 2006 foram publicados os Suplementos Especiais de Educação, que permitem compreender as motivações daqueles que estão fora da escola até os 17 anos de idade. A pesquisa é declaratória.
24
Esta categorização foi adotada na proposta do Estatuto da Juventude, em
discussão na Câmara dos Deputados, e também incorporado pela Secretaria e Conselho
Nacional de Juventude. No âmbito das políticas públicas, a adoção do recorte etário de
15 a 29 anos é bastante recente. Antes, geralmente era tomada por “jovem” a população
na faixa etária entre 15 e 24 anos. A ampliação desta faixa para os 29 anos não é uma
singularidade brasileira, configurando-se, na verdade, numa tendência geral dos países
que buscam instituir políticas públicas de juventude. Na literatura, há duas justificativas
que prevalecem para ter ocorrido essa mudança: maior expectativa de vida para a
população em geral e maior dificuldade desta geração em ganhar autonomia em função
das mudanças no mundo do trabalho. Ou seja, o tempo de transição para a vida adulta
vem sendo alongado, com o passar dos anos.
Para fins de orientação teórica, esta pesquisa parte do pressuposto e se apóia na
literatura que compreende os jovens como sujeitos sociais, que por si só tomam
decisões e realizam escolhas, de acordo com a sua experiência pessoal de vida, e define
suas estratégias para com os obstáculos e barreiras que a vida lhe propicia:
“Se a ‘moderna condição juvenil na sociedade ocidental’ é tributária de
ações voluntárias e diversas, porém combinadas, da família e da escola –
‘agências primordiais de reprodução social’ –, hoje uma compreensão mais
adequada do momento juvenil do ciclo de vida e dos sujeitos nele inscritos deve
levar em conta as relações que adolescentes e jovens estabelecem com o
universo da produção, sobretudo com o mercado formal de trabalho e o
trabalho assalariado” (Sposito, 2005:15).
Dessa maneira, é preciso examinar as singularidades da juventude e levar em
conta a tensão existente nessa etapa da vida. Além da relação com o mercado de
trabalho, os inúmeros aspectos considerados constitutivos da condição juvenil devem
ser explorados: relação independência/dependência da família de origem, situação
matrimonial, condição de maternidade/paternidade, atividades nas quais suas vidas
estão centradas (escola-trabalho-lazer). Assim, tais tensões acabam implicando em
decisões que podem lhe custar a permanência na escola e o interesse pela educação e o
conhecimento.
Um estudo realizado por Abramo (2005), sobre os resultados da pesquisa Perfil
da Juventude Brasileira demonstrou que o trabalho é uma realidade entre os jovens,
25
mas normalmente com condições precárias, em postos informais ou no subemprego. Por
conta deste cenário, muitas vezes somados a paternidade/maternidade precoce, os
jovens acabam abandonando os estudos, e sem qualificação, diminuem as chances de
um futuro melhor. Trata-se de um circulo perverso, vicioso, que concretamente atinge
os mais vulneráveis. A autora aponta como a demanda mais central é, certamente, por
inclusão, e por isso que o trabalho tem tanto peso como preocupação dos jovens, ao lado
da violência:
“A sua demanda principal é de inserção, numa sociedade que vive
profundamente os problemas da exclusão, numa estrutura que ‘não cabem
todos’(...) Talvez seja isso que explique porque a juventude volta a se tornar um
problema político.” (ABRAMO, 2005: 70).
Na tentativa de reverter esse quadro, o investimento em ações para a juventude,
com foco primordial para a educação, parece configurar entre as preocupações das
organizações sociais de natureza privada com fins públicos e dos sistemas públicos de
educação. Da mesma forma, os estudos acadêmicos sobre juventude e educação se
multiplicaram nos últimos anos, acompanhando a movimentação na esfera política tanto
por parte do governo como de outros setores da sociedade, em formular políticas
públicas específicas para os jovens. A construção das causas juvenis como um foco de
interesse e implementação de políticas públicas passou, mais precisamente a partir da
década de 1990, a ser uma bandeira de muitos centros e núcleos de pesquisas ligados ou
não a universidades, das ações do poder público e da sociedade civil.
Esse movimento de entendimento e construção da juventude como foco de
interesse e intervenção de políticas públicas é o pano de fundo para a apresentação, no
subcapítulo a seguir, das recomendações da literatura para a diminuição das brechas,
com vistas a real garantia do direito a educação e desenvolvimento dos jovens no país.
1.3 Recomendações na literatura para a diminuição das brechas e a efetivação do
direito à educação de jovens
Historicamente, a investigação sobre a relevância da qualidade da educação formal
ganhou destaque com a divulgação do estudo realizado por Coleman e sua equipe em
1966, que contraria a idéia de que a escola teria papel fundamental na aprendizagem,
26
elegendo a situação socioeconômica das famílias e o meio em que os alunos convivem
como fatores determinantes do desempenho escolar.
Desde então, diversos trabalhos surgiram na tentativa de explicar melhor a relação
entre a qualidade da escola e a aprendizagem dos alunos. Esses estudos, de maneira geral,
utilizam muitas variáveis para explicar o desempenho dos alunos: insumos escolares,
características dos professores, gestores das escolas, dos alunos, da comunidade escolar,
entre outros. Como consta no documento Indicadores de Qualidade na Educação 2004
(MEC, Ação Educativa, PNUD e UNICEF), uma boa escola é aquela em que os alunos
aprendem coisas essenciais para sua vida, como ler e escrever, resolver problemas
matemáticos, conviver com colegas, respeitas as regras, trabalhar em grupos. Entretanto,
não há um consenso sobre quais os fatores de êxito em uma escola que facilitam a
aprendizagem e influenciam no desempenho escolar, principalmente sobre os alunos do
Ensino Médio.
A dificuldade em demonstrar quais as causas e os efeitos da escola, da família e da
comunidade, no desempenho dos alunos talvez esteja no fato de que os dados disponíveis
são insuficientes, inconsistentes e ineficazes. Atualmente, a principal referência sobre o
assunto é o Relatório McKinsey&Company, publicado em junho de 2008, que realiza um
balanço sobre como os 20 sistemas escolares de melhor desempenho do mundo chegaram
ao topo. Este relatório aponta quatro lições importantes:
1) a excelência dos professores é levada em consideração na seleção dos mesmos;
2) há investimento na instrução dos professores para obtenção de resultados;
3) o alto desempenho significa que todas as crianças devam ser bem-sucedidas,
assim há investimento especial nos alunos com lacunas de aprendizagem;
4) toda escola precisa de um grande dirigente.
Conhecer as possíveis condicionalidades para a garantia do direito de aprender dos
jovens é condição essencial para a formulação de políticas públicas eficazes, que
possibilitem a transformação do sistema educacional do país. Entretanto, a partir da
diversidade de estudos e pesquisas sobre como melhorar o desempenho dos alunos e tornar
as escolas mais atrativas, percebe-se que não há um padrão ou receita única para a escola
de qualidade (Brooke, 2008).
27
Isso exige a interação de diferentes procedimentos adequados a cada escola e
existem múltiplas variáveis que também são importantes: a condição socioeconômica das
famílias e o perfil dos alunos; os processos, as políticas, a legislação e o padrão
governamental a que esta escola está submetida; as condições de infra-estrutura e insumos
das escolas; qualificação e instrução dos professores; a gestão escolar; o contexto sócio-
cultural em que a escola está inserida.
Frente a estas constatações, entende-se que a promoção de uma guinada de enfoque
da administração pública, que privilegie a melhoria da qualidade da educação, exigirá no
mínimo o fortalecimento da gestão escolar pública. Esta é a condição a priori para a
implantação de qualquer modelo de atuação que tenha como o objetivo a melhoria do
desempenho e a permanência dos alunos. Qualquer modelo de escola pública eficaz só
poderá ser implantado a contento se as escolas tiverem condições autonomia de
gerenciamento de recursos (sejam financeiros, humanos, técnicos, etc.).
Para que se diminuam as brechas e as falhas entre o texto constitucional e a real
garantia do direito a educação para os jovens no Brasil, os estudos apontam também a
necessidade do fortalecimento dos sistemas de avaliação e prestação de contas: as políticas
públicas implantadas deveriam favorecer o accountability das ações desenvolvidas pela
educação pública. Da mesma forma, os estudiosos defendem que a implantação de
sistemas de avaliação de desempenho deveriam ser aprimorados e transformados em
políticas públicas de modo a permitir que pais, alunos e a população em geral conheçam os
resultados de maneira transparente e universal, e possam:
“Comparar as avaliações educacionais e o desempenho de ‘seu’ filho, da
professora de ‘seu’ filho, da ‘sua’ escola e, em seguida, das escolas do bairro, da
cidade e do país – e, quiçá, do mundo (...) Como tal, pais, professores e
dirigentes escolares devem considerá-las como um saudável sistema de
avaliação externa, objetivo e adequado às ‘diferentes realidades nacionais’, e
adotar os seus conteúdos como referencial indispensável nas propostas
pedagógicas.”(Arelaro, 2007:910)
Talvez esse seja o primeiro passo para a efetivação real da participação popular,
um dos preceitos democrático da Constituição Federal. A perspectiva da
democratização do ensino, tanto para a definição dos conteúdos quanto para a definição
das próprias políticas públicas, exige que a sociedade participe da construção das
28
políticas – assim como deveria ocorrer no processo de estruturação de qualquer outro
direito fundamental. Nos últimos anos, a ampliação da participação popular tornou-se
recomendável e imprescindível, pois sem ela as políticas planejadas nos gabinetes pelos
os especialistas não acontecem na prática:
“A definição das políticas educacionais dos diferentes sistemas de ensino –
federal, estaduais e municipais – também tem como pressuposto uma ação mais
solidária entre as esferas públicas, uma vez que o sistema federativo implica
colaboração e distribuição, a mais eqüitativa possível, de responsabilidades e
tarefas entre elas. Esta é a razão por que a elaboração de planos de educação,
atualmente, e pelo menos no discurso e na legislação, deixou de ser atividade
exclusiva de “especialistas” que, historicamente, manipulavam dados
estatísticos e informações em seus gabinetes, para se tornar iniciativa
democrática, em que os diferentes segmentos sociais são convidados a se
pronunciar e a se envolver na definição de suas diretrizes e prioridades”
(Arelaro, 2007:901)
Assim, os canais de participação e controle social se constituem por meio de
Conselhos, Conselhos Gestores de Serviços, Fóruns e Conferências, nas três esferas de
governo. Eles precisam ser potencializados, solidificados, estruturados, a fim de que as
políticas públicas implantadas estejam em ampla sinergia com as necessidades da
população e dos jovens. Hoje, mediante a fragilidade da participação popular nas arenas
de debate e tomada de decisão, seja no âmbito Municipal, Estadual ou Federal, o que se
vê é um verdadeiro embate entre duas vertentes: de um lado os interesses privados e
individuais; do outro, a dimensão coletiva e pública. Este, sem dúvida, é um entrave
para o efetivo exercício do direito à educação. O que se espera, portanto, é um equilíbrio
entre as vertentes de direitos individuais e coletivos, que só poderá se efetivar se a
multiplicidade de atores e grupos sociais participarem dos processos decisórios.
Um dos principais problemas vivenciados pelas políticas públicas educacionais é
a fragilidade dos mecanismos de participação e espaços institucionais de controle social.
A tecnificação extrema da agenda pública, a burocratização dos processos de
participação e controle social e a priorização de “particularismos generalizados”, ao
invés de “interesses generalizados” (Cohn, 2003) dificultam a diminuição das brechas
entre o enunciado pela CF 88 e a realidade.
29
A consolidação das idéias anteriores possibilita, em linhas gerais, condensar as
recomendações para diminuir as brechas e as falhas entre o texto constitucional e a real
garantia do direito a educação de jovens. São elas:
1. Melhoria da gestão pública – investir em ações de emponderamento para que as
gerências em todos os níveis que operam a educação no país estejam mais
preparadas para administrar recursos financeiros, humanos, etc;
2. Fortalecimento dos sistemas de avaliação e prestação de contas – é necessário que
as políticas públicas implantadas responsabilizem os gestores educacionais pelos
resultados. Deve-se favorecer o accountability das ações desenvolvidas pela
educação pública e o controle social;
3. Melhorias das condições educacionais: a formação dos professores e a sua boa
remuneração, bem como proporcionar melhores condições de infra-estrutura;
4. Estruturar iniciativas que contribuam para a melhoria do desempenho dos alunos, a
sua permanência na escola, a diminuição da defasagem idade –série e a conclusão
dos estudos com qualidade, enfocando especialmente em alunos com lacunas de
aprendizagem.
Tais campos podem ser considerados favoráveis para a articulação entre a
sociedade civil e o poder público. A formação de redes de cooperação para o combate
dos problemas educacionais e à proposição de soluções sem dúvida são caminhos
frutíferos para as parceiras público-privadas em educação. Porém, como se verá no
capítulo a seguir, o leque de opiniões dos teóricos e estudiosos sobre o tema é
amplamente variado.
A aposta desta pesquisa centra-se na idéia de que é preciso encarar desafio de
construir redes de cooperação para os processos decisórios e desenhar alternativas que
congreguem a união de recursos. O investimento social privado, as boas idéias das
organizações sociais e a atuação pública em escala do Estado, se somadas, podem
contribuir para a formulação de propostas que favoreçam a permanência e a conclusão,
com qualidade, do ciclo básico da educação pública.
Além das organizações não governamentais, os movimentos sociais de base
discutem temas como gerenciamento social, implementação de projetos sociais
comunitários, ética empresarial e responsabilidade social. Tais temas também foram
integrados ao vocabulário corporativo das grandes empresas, que passaram a criar,
30
implantar ou dar mais atenção aos seus institutos, associações ou fundações –
valorizando-os como uma parte importante, quando não imprescindível de seu
investimento.
Os motivos que têm impulsionado segmentos do empresariado brasileiro a adotar
a postura de responsabilidade social empresarial são focos de muitos estudos no mundo
acadêmico. Este tema passou a fazer parte do intenso debate travado no universo de sites,
congressos, jornais, entre outros veículos que discutem o futuro do Terceiro Setor no
Brasil. Com efeito, são diversas as análises que buscam apontar as lacunas existentes
entre o discurso socialmente responsável e a prática lucrativa dos grandes conglomerados
nacionais e internacionais, ou mesmo entender e justificar por qual razão o discurso
politicamente correto foi adotado pela cultura empresarial brasileira, antes avessa à
filantropia ou qualquer forma de responsabilização.
Entretanto, o presente trabalho não pretende discutir os motivos pelos quais as
grandes empresas ou corporações vêm apostando nas práticas de investimento social,
nem mesmo enfocar as configurações das organizações sociais privadas com finalidade
pública neste cenário. O que importa nesta pesquisa é compreender até que ponto as
parcerias público-privadas direcionadas à melhoria da qualidade da educação do país,
sejam elas baseadas em investimento social privado ou em articulações das organizações
sem fins lucrativos, vem causando efeitos positivos para a transformação das
oportunidades de estudo dos jovens brasileiros.
Como visto anteriormente, o campo de atuação das parcerias público-privadas tem
um vasto universo que pode ser explorado, já que são muitas as áreas que necessitam de
melhorias no âmbito das políticas públicas de educação formal dos jovens. Mas quantas
são as organizações sociais que atuam na promoção de políticas públicas educacionais para
jovens?
A pesquisa realizada pelo IBGE, IPEA, ABONG (Associação Brasileira de
Organizações Não Governamentais) e GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)
em 2004, denominado As fundações privadas e as associações sem fins lucrativos levantou
dados sobre 275.895 entidades, demonstrando que entre 1990 a 2002 houve um
crescimento de 16% de organizações voltadas para a promoção e defesa de direitos. Já em
2006, o IBGE realizou uma radiografia das entidades privadas de assistência social
brasileiras sob encomenda e com recursos do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome). A Pesquisa das Entidades de Assistência Social Privadas sem Fins
Lucrativos (Peas 2006) foi desenvolvida a partir dos dados contidos no Cempre (Cadastro
31
Central de Empresas) do IBGE, onde foram identificadas as entidades relacionadas no
grupo Assistência Social. Desse universo, foram entrevistadas 16.089 entidades: 51%
desenvolviam ações para a faixa etária entre 15 a 24 anos.
Este dado foi reforçado pela pesquisa do IPEA, também realizada em 2006 sobre as
iniciativas privadas com espírito público. Com dados entre 1990 a 2003, esta pesquisa
apontou que para o conjunto do país cresce de 23% para 39% o número de empresas que
dirigem as ações para essa faixa etária.
Mais recentemente, o GIFE publicou o Censo 2007/2008, com um caderno especial
sobre juventude. Entre os associados GIFE, cerca de 80 organizações que trabalham com o
Investimento Social Privado responderam ao Censo de 2007/2008, e entre eles 67%
desenvolvem ações para a faixa etária dos 18 aos 24 anos, seguido por 59% dos associados
com projetos direcionados para a faixa etária entre 15 e 17 anos.
Tomando um grupo etário mais amplo, 81% dos associados destinam suas ações
para a faixa etária entre 15 e 29 anos de idade. Este Censo GIFE revelou ainda que 79%
dos projetos desenvolvidos exclusivamente para os jovens são na área de educação. Esta
parece ser uma constatação recorrente, pois:
“a priorização da área da Educação por parte dos associados GIFE é
notória desde o primeiro Censo (2005/2006) e corresponde a um consenso
nacional de que as limitações do sistema educacional são o principal entrave que
o país necessita enfrentar para superar seus problemas de pobreza, desajuste e
desigualdade social”(GIFE, 2008:14).
32
Capitulo 2 - A construção de um modelo de análise de parceira público-privada em
educação formal de jovens
2.1 Linhas teóricas sobre as parcerias público-privadas em educação formal
Para falar de políticas públicas educacionais voltadas à juventude implementadas
por meio de parcerias público-privadas se faz necessário estruturar o entendimento das
linhas que teorizam sobre as parcerias público-privadas, e especificamente tratá-las no
âmbito da educação.
Dentro desta perspectiva, cabe inicialmente situar o objeto de estudo frente ao
contexto geral em que se insere: com a abertura democrática, a partir da década de 90,
multiplicaram-se as parcerias existentes entre o Estado e a sociedade civil, em todas as
esferas de governo – federal, estadual e municipal –, e nos diferentes setores de atuação
pública, sobretudo, saúde, educação, cultura e assistência social. De maneira geral, a
análise deste movimento crescente vem se constituindo enquanto tema de interesse no
meio acadêmico.
Algumas pesquisas desenvolvidas têm como foco as relações de parceria sob a
perspectiva do processo de redemocratização e reforma do Estado brasileiro,
proporcionando uma visão global das relações estabelecidas entre o Estado e a
sociedade civil (Bresser Pereira, 1999; Barreto, 1999; Gutierres, 2006). Há também
análises sobre temáticas específicas que categorizam os diferentes tipos de parcerias
possíveis e existentes, que privilegiam o enfoque de uma ou de outra parte envolvida,
ou tratam das implicações da relação de parceria para um ou outro setor (Teixeira, 2003;
Levy, 2004; Junqueira, 2006).
Dessa forma, a existência de parceiras entre o poder público e as organizações
da sociedade civil não é característica exclusiva da área de educação. Retomando o
argumento de Figueiró (2000), tem-se com o processo de redemocratização um novo
associativismo civil que se desenvolve no âmbito de uma esfera pública privada e não
estatal, e atua no cenário político por meio da cooperação com o Estado.
Como já dito anteriormente, esta forma de interface entre o Estado e a sociedade
civil através de parcerias baseadas na partilha de poder e de responsabilidade na
execução das políticas públicas se desenvolveu de maneira mais efetiva anos 90
(Gutierres, 2006:34). Entretanto, a investigação sobre o esforço de teorização do tema
33
revela que não existe uma definição única ou uma normatização consensuada sobre as
relações estabelecidas por uma parceria público-privada.
Este é um conceito amplo para uma gama diversificada de tipos de associação e
relação entre órgãos públicos e privados. Em seu conceito mais difundido (Linklaters,
2006), as parcerias público-privadas são definidas como acordos instituídos entre uma
esfera pública e uma esfera privada, tendo normalmente como meta a prestação ao
público, pelo parceiro privado, de bens ou serviços; e a colocação à disposição, pela
entidade privada à entidade pública, de meios que lhe permitam desempenhar a sua
função de modo mais eficiente. Esta definição é compartilhada por muitos teóricos
como Lins (2006) e Ter-Minassian (2004), que ressaltam o aspecto econômico da
transação, da eficiência e também apresentam um ponto em comum, isto é, o recuo do
Estado frente às demandas sociais. O Estado não trabalha em conjunto com a iniciativa
privada, ele cede espaço, ele deixa o palco livre. E, sendo assim, pode até perder o
controle das ações de seus concessionários, de seus parceiros.
No âmbito específico da educação, esta postura configura uma das linhas
teóricas, que pode ser considerada a mais “purista”, isto é, defensora da idéia de que a
responsabilidade pela educação pública formal é do poder público. Os defensores desta
perspectiva acreditam que as parcerias público-privadas abrem brechas para a que o
Estado divida ou minimize sua responsabilidade frente à garantia do direito a educação.
Frente à descrença do sistema educacional, Arelaro (2007), por exemplo, demonstra
como a política de parceria público-privada pode representar um risco para a efetivação
da democracia e participação popular. Com a prática de transferir as creches para
organizações sociais ou mesmo de adotar materiais didáticos de sistemas privados,
corre-se o sério risco de desculpabilizar o Estado pelas conseqüências possíveis que
sejam geradas. Assim, a culpa pelo insucesso do aluno não é mais da escola ou do
sistema e sim dele e de sua família. Para Arelaro:
“As conseqüências da implementação dessa política são previsíveis: cada vez
mais, o Estado buscará “parceiros” para dividir sua responsabilidade
educacional, tanto com relação ao atendimento da demanda e da oferta, em
especial, por meio do estabelecimento de contratos com creches comunitárias,
ou convênios para o atendimento em educação especial, ou mesmo para o
funcionamento de classes de educação de jovens e adultos em associações
filantrópicas ou comunitárias, quanto com relação à qualidade, com contratos e
34
convênios com escolas e sistemas privados de ensino para ‘transferência’
sumária de métodos e técnicas de ensino e de compra de materiais ‘unificados’
e adequados para o ‘sucesso’ nas provas ou exames nacionais – reservando-se
ao Estado a função exclusiva de definir o ‘produto esperado’ (educação para a
cidadania?) e os mecanismos de aferição da qualidade do ‘produto efetivamente
produzido’ (aluno ‘civilizado’ e cidadão?)”(Arelaro, 2006:916)
Para a autora, com o investimento neste tipo de parceria a sociedade acaba por
abrir mão do projeto de participação popular e de emancipação dos alunos e dos
diferentes grupos sociais que estão presentes nas escolas.
Uma segunda linhagem teórica sobre as parcerias público-privadas admite a
colaboração do setor privado como complementaridade às ações do poder público, mas
resguarda quaisquer possibilidades de interferência direta na concepção e na oferta de
serviços.
A análise de Rua (1998) sobre as ações públicas destinadas à juventude,
contextualizando o tema em meados dos anos de 1990, tem como pano de fundo um
conceito bastante sugestivo de políticas públicas, entendidas como um conjunto de
ações articuladas com recursos próprios (financeiros e humanos), que envolve uma
dimensão temporal (duração) e alguma capacidade de impacto. Porém,
“(...) ela não se reduz à implantação de serviços, pois engloba projetos
de natureza ético-política e compreende níveis diversos de relações entre o
Estado e a sociedade civil na sua constituição. Situa-se também no campo de
conflitos entre atores que disputam orientações na esfera pública e os recursos
destinados à sua implantação.”(Sposito, 2003:17).
Esta perspectiva de entendimento abre a possibilidade para que se aposte em
ações com forte protagonismo do Estado e também da sociedade civil. Tais forças
interagem na arena pública, de forma amigável ou não. Para essa linha teórica, o Estado
tem papel central na garantia e regulamentação do direito à educação, inclusive em
relação à universalidade do atendimento escolar para as crianças e jovens, mas este
papel não impede que as ações públicas sejam fortalecidas e complementadas por outros
atores sociais. Dowbor (2008) reforça que a geração de modelos alternativos de
reprodução social exige olhar de maneira critica para a realidade e abandonar velhos
35
paradigmas (que buscavam explicar a divisão dos setores da sociedade) e apostar em
formas cooperativas, que articulem o Estado, as empresas e a sociedade civil em torno
dos mesmos propósitos e objetivos. Na carona dessa perspectiva, outros autores
defendem os ganhos que ações de complementaridade podem gerar por meio de
parcerias público-privadas em educação:
“Na arena pública, estão presentes, interagindo de forma conflituosa ou
cooperativa, o Estado, a sociedade civil, movimentos sociais, minorias, terceiro
setor, iniciativa privada, mercado, comunidades e cidadãos. O Estado tem aqui
papel central na regulação e garantia na prestação de serviços de direito dos
cidadãos. Não se compreende mais o Estado como agente único da ação pública,
mas espera-se que cumpra sua missão de intelligentia do fazer público, e, em
conseqüência, exerça papel indutor e articulador de esforços governamentais e
societários em torno de prioridades da política pública.”(Brant de Carvalho,
2006:9)
Cabe deixar claro nesta linha não se espera que a atuação das organizações sociais
ou dos institutos e fundações (qualquer que seja a sua área de atuação) substituam o papel
do Estado. Estas organizações e instituições podem atuar de maneira a fomentar modelos
exemplares para a formulação de políticas públicas, que passem a integrar a agenda da
Federação, dos Estados e dos Municípios. Para elas, que não possuem a exigência do
atendimento universal, é possível propor, desenvolver e testar novas tecnologias e
metodologias didáticas; experimentar possíveis soluções para as demandas e problemas
sociais; ou mesmo criar formas alternativas de atuação.
Uma terceira e última linha teórica, que estaria no pólo contrário do primeiro
grupo teórico mencionado, seria aquela que aposta numa espécie de privatização do
atendimento público por meio das parcerias público-privadas. Um grande defensor dessa
linha é Castro (2007):
“O mais importante caminho para melhorar a convivência da iniciativa privada
com as autoridades educacionais é um aperfeiçoamento das políticas públicas
para lidar com o setor privado. O grande desafio do Estado moderno é deixar
de ser operador e aprender a exercer a postura de Estado Normativo. O êxito de
quase todas as formas de privatização tem a ver com a capacidade do Estado
36
para aprender a ser um controlador inteligente, ao mesmo tempo que abandona
as suas funções de provedor de serviços. Pode ser muito atraente, mas não
resiste ao teste do mundo real a idéia de um capitalismo livre, operando sem
regras e sem restrições” (Castro, 2007:21)
A idéia básica é terceirizar a prestação de serviços de educação. Dois modelos
mais emblemáticos desse tipo de ação vêm sendo desenvolvidos em outros países, como
Estados Unidos e Chile. O primeiro modelo seriam as escolas-charter. Nessa modalidade,
escolas privadas, organizações não-governamentais e, em vários casos, professores e pais
de alunos, podem se candidatar, mediante um processo de concorrência, a receber
recursos públicos para fornecer gratuitamente serviços educacionais. Outro mecanismo
de parceria público-privada cuja experiência começa a ser difundida são os “vouchers” ou
vales educacionais, oferecidos como bolsas de estudo para que alunos da rede pública
possam se transferir para escolas privadas de sua escolha (Veloso & Ferreira, 2006).
Estas propostas são justificadas pelas péssimas condições da educação pública no país,
como reforça o autor:
“Os papeis da escola para desenvolver cidadania, responsabilidade
social, tolerância e para lidar com o pluralismo cultural é percebido como algo
que somente pode ser confiado ao Estado. Mas é preciso notar que não há
qualquer evidência empírica de que as escolas públicas formem melhores
cidadãos.” (Castro, 2007::2)
O debate entre as correntes mais privatistas ou estatistas vem de longa data, mas
no campo da educação este é um embate recente. Para além da análise dos extremismos,
é mais interessante avaliar quais as condições práticas, existentes e em execução, que
fazem com que o ensino funcione bem, no campo das parcerias público-privadas. Quais
são as boas propostas desenvolvidas? Como se estruturam os graus de relação e de
contato entre os órgãos públicos e privados envolvido? Quais são as estratégias adotadas
para a formalização das parcerias?
Na tentativa de confrontar as linhagens teóricas com a realidade prática e
aprofundar o conhecimento sobre quais os modelos de parcerias público-privadas que
operam hoje no âmbito da educação formal de jovens, coube a realização de um
37
levantamento documental e bibliográfico que explorasse os diferentes programas ou
projetos que vem sendo desenvolvidos por meio de parcerias dessa natureza.
No entanto, antes de apresentar a estruturação dos modelos, foi realizada uma
revisão da literatura de iniciativas similares, que tivessem como foco de pesquisa as
parcerias público-privadas em educação. Poucos estudos foram encontrados sobre o
desenvolvimento de iniciativas deste tipo.
Vale ressaltar o trabalho de Monfredini (1997) sobre a “Relação empresa-escola:
o projeto qualidade de ensino patrocinado pela Câmera Americana de Comércio Brasil-
Estados Unidos”. A autora conclui que há uma relação tensa entre a “marca de mercado”
e a re-significação do trabalho realizado pela própria escola. Da mesma forma, Souza
(2000) analisa os anos de 1996 e 1997 no estudo “Parceria empresa escola no Estado de
São Paulo: mapeamento e caracterização”. Com base no depoimento de gestores e
representantes das empresas parceiras, a autora apresenta um panorama das iniciativas
desenvolvidas no âmbito do Estado de São Paulo e chega a conclusão que apesar do
esforço governamental na divulgação e no estabelecimento de parcerias, não se gerou
uma ampliação das ações na mesma proporção.
Uma outra pesquisa, de Gonçalves (2004), analisa o Programa Moto Perpétuo da
Fiat realizado junto às escolas públicas. O autor conclui que as expectativas da eficiência
da gestão e da transferência de recursos não se realizaram e que prevaleceram interesses
de caráter comercial em detrimento das motivações de melhoria da educação.
Como se vê, os estudos descritos analisam casos envolvendo o poder público e a
iniciativa privada, no âmbito de uma parceria. Nem todos chegam a boas conclusões. De
maneira diferente dos estudos supra-citados, a presente pesquisa buscará abordar um
leque maior projetos/programas realizadas por meio de parcerias público-privadas.
Privilegiou-se a análise documental das referências encontradas sobre tais
projetos/programas, em detrimento de uma análise mais aprofundada, por conta do curto
tempo de realização deste estudo.
Com base nas informações levantadas sobre cada programa ou projeto foi
realizado um quadro comparativo analítico (descrito no subcapítulo 2.3). Cada
projeto/programa foi classificado de acordo com a categorização (desenvolvida no
subcapítulo 2.2) a fim de organizar a gama de iniciativas pesquisadas. Esta categorização
tornou-se uma ferramenta de análise e classificação, e permitiu criar uma tipologia boa
para pensar (parafraseando Leví-Strauss) as parcerias público-privadas na atualidade.
38
2.2 Um exercício de categorização: tipologias de projetos/programas
A análise das parcerias público-privadas em educação formal de jovens demanda,
necessariamente, a avaliação dos tipos de relação existentes entre os órgãos públicos e
privados no desenvolvimento de programas e projetos voltados para a melhoria da
educação escolar de jovens. Como apresentado no subcapítulo anterior, as linhagens
teóricas parecem oscilar entre dois extremos que estabelecem uma espécie de linha
contínua de entendimento sobre o nível de associação destes parceiros:
Em um extremo estariam os teóricos da linha considerada mais “purista”, e que
defende o Estado como o grande responsável pela oferta educacional. Seguindo pelo
diagrama, estariam posicionados os teóricos que acreditam na possibilidade de
desenvolvimento de ações de complementaridade, e de parcerias com responsabilidades e
participação equilibradas entre órgãos públicos e privados. No outro extremo, os teóricos
privatistas se posicionam, defendendo apenas o papel normatizador do Estado, sem a
prestação de serviços, por sua vez, privatizados.
As parcerias público-privadas, portanto, poderiam estar posicionadas ao longo
desta linha contínua, em suas múltiplas formas. Porém, descolando a análise de uma
posição puramente teórica, cabe identificar possíveis relações, que complexificam e
dinamizam as possibilidades associativas entre órgãos públicos e privados.
Inspirada no estudo de Noam (2006) sobre o desenvolvimento de projetos na
relação escola e pós-escola, a presente pesquisa propõe a criação de uma tipologia de
projetos e programas, que levam em conta os diferentes níveis de integração das
iniciativas desenvolvidas.
Noam estabelece primeiramente 3 âmbitos de integração de programas/projetos
desenvolvidos entre escola e pós-escola: interpessoal, circular e sistêmico. Considera que
estas formas podem ocorrer simultaneamente, não sendo, portanto, excludentes. A
Órgãos Públicos
Órgãos PrivadosParcerias público-privadasÓrgãos Públicos
Órgãos PrivadosParcerias público-privadasParcerias público-privadas
Diagrama 1 – Linhas Teóricas sobre as Parcerias Público-Privadas
Grau de divisão de papéis,
responsabilidades e participação
Eixo Y
Eixo X Posicionamento das linhas teóricas
Estatista Complementariedade Privatista
39
integração Interpessoal é a que mais ocorre, segundo o autor. Isto é, a aproximação se dá
por meio de contatos pessoais entre os profissionais envolvidos da escola e do pós-escola,
sejam eles esporádicos ou freqüentes, realizados pessoalmente, ou por telefone, email,
etc. Já a integração Curricular tem como pressuposto a associação do currículo escolar e
o do programa. Assim, depende-se menos do posicionamento pessoal, e mais da
articulação de objetivos dos currículos da escola e do pós-escola. Para Noam, a terceira e
última forma de integração, a Sistêmica, envolve o compartilhamento da governança, dos
recursos financeiros, da tomada de decisão, etc.
Posteriormente, o autor elabora uma tipologia para classificar os programas de
acordo com seus níveis de intensidade. Ela parte dos programas Autocontidos, passando
pelos Associados, seguido pelos Coordenados, Integrados e, finalmente, chegando nos
Unificados.
Os Autocontidos fazem pouco ou nenhum esforço em colaborar com a escola; os
Associados, por sua vez, possuem um espaço para a sua associação com a escola, sem
entretanto forçar uma conexão; já os programas Coordenados mantém uma comunicação
consistente e os objetivos são compartilhados; os Integrados são os que se engajam numa
relação sistêmica com a escola; e, por fim, os Unificados, são aqueles que são parte de
um período escolar, se confundem com a escola e quase não se distinguem dela.
Assim, estudando os programas pós-escola e sua articulação com a escola, Noam
estabelece um bom modelo de tipologia, que ajuda a compreender: 1) possíveis âmbitos
de integração; 2) nível e intensidade da integração entre a escola e os programas.
Guardadas as devidas proporções, a tipologia de Noam pode ser transportada com
ajustes para a compreensão dos modelos de parcerias público-privadas de educação
formal de jovens. A relação entre os órgãos públicos e privados pode ser verificada na
presente pesquisa na prática, no âmbito de desenvolvimento de um projeto ou programa e
classificada de acordo com o tipo de relação estabelecida.
Os programas e projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de
educação formal de jovens podem atuar no âmbito interpessoal, circular e sistêmico; e
podem possuir níveis de intensidade diferentes. Ao ajustar as idéias de Noam numa
matriz analítica podemos compreender sua tipologia da seguinte maneira:
40
A matriz analítica construída acima com base nas categorias de Noam permite
analisar os programas e projetos de desenvolvidos pelas parcerias público-privadas
levando em consideração o âmbito da integração e sua intensidade. É possível
identificar qual é o pilar da integração entre órgãos públicos e privados no
desenvolvimento de um programa/projeto: trata-se de uma integração sistêmica,
curricular ou interpessoal? E qual a intensidade desse envolvimento: é um projeto que
não estabelece uma relação clara de complementaridade e colaboração com a escola,
tratando-se de uma iniciativa autocontida? Ou há uma associação, porém sem forçar
essa conexão? Os objetivos do projeto/programa e a comunicação entre os envolvidos
flui, podendo ser considerada uma parceria coordenada? Ou há uma integração
sistêmica, o que caracteriza uma parceria integrada? Ou, por fim, há uma integração
máxima, que possibilita considerar a parceria como Unificada?
Cabe destacar que cada ponto de intersecção da matriz analítica é uma categoria
de classificação. Ou seja, os programas e projetos podem ser classificados em até 15
combinações, que permitem associar os dois tipos de informação. Será possível avaliar
se um dado projeto/programa, desenvolvido através da parceria público-privada
acontece no âmbito interpessoal, porém possui a intensidade de uma parceria
coordenada. Ou mesmo averiguar se o programa encontra-se no âmbito sistêmico, com
um bom nível de integração. Porém, como hipótese se supõe que serão mais raras as
Sistêmica
Curricular
Interpessoal
Âm
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– Intensidade da Integração +
Aut
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Diagrama 2 – Matriz Analítica para a categorização dos programas/projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de educação formal de jovens
Elaborado com base na tipologia de Noam (2006)
41
possibilidades de programas/projetos que acontecem nos extremos da matriz, sendo: a)
os de caráter interpessoal, mas unificados; b) os sistêmicos, com intensidade
autocontida.
Vale ressaltar que não há intenção de, com a tipologia apresentada, estabelecer
quais seriam os âmbitos de integração e níveis de intensidade das parcerias público-
privadas melhores ou piores. É certo que para uma pesquisa poder tecer afirmações com
este nível de precisão, seria necessário desenvolvê-la por mais tempo e com mais
profundidade.
Mas se não é possível identificar um modelo ideal com apoio na tipologia
estruturada, ainda será viável, no terceiro capítulo, organizar os programas/projetos
identificados no decorrer da pesquisa, e categorizá-los, apresentando possíveis
regularidades entre os diferentes tipos de ações pesquisadas.
2.3 A pesquisa sobre as parcerias público-privadas em educação formal de jovens
Por se tratar de uma pesquisa sobre programas/projetos desenvolvidos por meio
de parcerias público-privadas em educação formal de jovens o presente estudo se apoiou
na análise documental realizada a partir do levantamento, leitura e sistematização dos
relatórios, publicações e/ou qualquer outro documento referente às parcerias público-
privadas na área de educação. Foram analisados documentos publicados – impressos ou
virtuais - por organizações sociais sem fins lucrativos, institutos e fundações vinculadas
às empresas e pelo setor público.
Para orientar a pesquisa, entre a multiplicidade iniciativas desenvolvidas no
âmbito do terceiro setor, foram estabelecidos os seguintes critérios:
1. Ser um programa/projeto executado no âmbito da educação formal, que vise,
necessariamente, a colaboração com a escola e seus múltiplos atores para o
desenvolvimento humano dos jovens;
2. Ser um programa/projeto executado por uma parceria público-privada;
3. Ser uma ação direcionada ao Ensino Médio ou ao Ensino Fundamental
Regular;
4. Apresentar documento ou fonte de consulta com informações básicas, que
pudessem ser coletadas e analisadas, de acordo com o Roteiro Analítico
desenvolvido.
42
No primeiro capítulo foram apresentadas as condições reais e as deficiências da
educação formal de jovens no país, assim como as recomendações da literatura para a
garantia do direito à educação. Com base nestas diretrizes, durante o processo de
pesquisa atentou-se para a coleta de programas/projeto que visassem, no âmbito do
Ensino Médio:
1. Fortalecer os sistemas de avaliação e prestação de contas;
2. Melhorar a gestão pública das escolas;
3. Melhorar o desempenho dos alunos;
4. Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar;
5. Formar e capacitar os professores da rede pública.
E no âmbito do Ensino Fundamental:
1. Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar.
2. Formar e capacitar os professores da rede pública;
3. Melhorar a gestão pública das escolas.
Levar em conta projetos também de Ensino Fundamental é de grande importância,
já que – como demonstrado no primeiro capítulo – é preciso desenvolver políticas
públicas voltadas para o Ensino Fundamental que estimulem aos jovens concluir seus
estudos e ingressar no Ensino Médio: combater a defasagem idade série, a repetência e a
evasão escolar (uma vez que muitos jovens não alcançaram o Ensino Médio por falta de
condições escolares); melhorar a qualidade dos professores (esperando que essa ação
contribua para um aumento no nível de desempenho dos alunos); e contribuir para a
gestão das escolas (um dos grandes problemas da garantia do direito à educação de
jovens). Só atacando estes aspectos é que poderá se garantir o direito à educação de
jovens no Brasil.
Portanto, foram considerados como objeto de análise projetos/programas
desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas em educação formal de jovens
que buscassem resolver ou contribuir com, pelo menos, um dos aspectos acima listados.
Cabe esclarecer que não foram considerados projetos/programas na área de
Educação Complementar, bem como não foram contemplados projetos/programas de
43
Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista a disparidade do propósito dos mesmos
em relação ao recorte e aos objetivos da presente pesquisa.
Todos os projetos/programas pesquisados foram analisados conforme o Roteiro
Analítico a seguir:
Roteiro Analítico Básico de Programas e Projetos:
Fonte/Ano: Referência de onde as informações foram retiradas, com especificação do ano de publicação. Nom do Projeto/Programa: Os projetos referem-se a unidades de ação de tamanho menor, que apresentam começo, meio e fim. Possuem espaço e tempo delimitados e podem estar incluídos ou não em programas. Os programas são unidades de ação mais complexas e com maior escala, congregam um grupo articulado projetos, desenvolvidos em forma descentralizada de espaço e tempo. Cada projeto ou programa investigado foi considerado nesta pesquisa uma unidade de ação – independente se o programa for composto de vários projetos. Resumo da Proposta: Apresentação das linhas gerais da proposta do programa/projeto. Objetivos: Especificação dos objetivos – o que se pretende alcançar – com a realização do programa/projeto. Idade do público-alvo: Faixa-etária foco que o programa/projeto pretende atender. Características específicas: Identificação de possíveis critérios de seleção do público-alvo, como situação de renda, situação de vulnerabilidade social, condições demográficas e/ou regionais; etc. Número de atendidos por edição: número de jovens atendidos por cada edição do programa/projeto. Número total de jovens atendidos: número total de jovens atendidos em todas as edições do programa/projeto. Nível de Escolaridade: identificação do nível de escolaridade que programa/projeto está destinado. Subsídios: identificação de condições favoráveis que o programa/projeto possa oferecer ao jovem. Abrangência: Onde o programa/projeto atua. Ano de início: ano da primeira edição ou ano de início do programa/projeto Duração: Período de duração do programa/projeto. Organizações envolvidas: quais são as organizações envolvidas no desenvolvimento do programa/projeto. - público: qual organização e sua vinculação formal - privado: qual organização e sua vinculação formal Estratégias para o estabelecimento da parceria: descrição de quais foram as estratégias adotadas para a formalização da parceria. Desenvolvimento: detalhamento de algumas características importantes do programa/projeto. - financiamento do programa/projeto: quem financia as ações do programa/projeto? - execução: quem executa as ações do programa/projeto. - coordenação: quem coordena as ações do programa/projeto. Avaliação e monitoramento: quais as estratégias de avaliação utilizadas pelo programa/projeto. Resultados: quais os resultados apresentados pelo programa/projeto em cada edição e/ou em todas as edições.
Natureza do tipo de parceria: identificação da essência e do objetivo maior de modelos associativos Categoria: categorização do programa/projeto de acordo a matriz analítica de programas/projetos desenvolvida. Justificativa para a categorização: justifica a escolha da categorização, em termos de âmbito e intensidade de integração, dos programas/projetos.
As informações estabelecidas no Roteiro Analítico visavam conceder subsídios
para que fosse possível:
1. Coletar informações básicas sobre o programa/projeto (nome, qual a proposta, o
objetivo, o público-alvo, o número de atendidos, duração, ano de início,
abrangência, nível de escolaridade a que se destina);
44
2. Identificar os órgãos envolvidos;
3. Identificar o tipo de relação estabelecida na parceria entre órgãos envolvidos;
4. Verificar o grau de compartilhamento de responsabilidades entre o público e o
privado, no que diz respeito ao financiamento do projeto/programa, sua execução
e coordenação;
5. Verificar as formas de monitoramento e avaliação das ações;
6. Coletar informações sobre os resultados da iniciativa;
7. Identificar a natureza da parceria, ou seja, qual é o objetivo máximo da
associação entre as organizações envolvidas;
8. Com a junção de todas as informações anteriores, classificar o projeto de acordo
com a tipologia estabelecida no subcapítulo anterior, em termos de integração e
intensidade.
A pesquisa foi realizada, primeiramente, com a consulta aos sites de organizações
sociais e institutos/fundações vinculados às empresas privadas que trabalham na área de
educação. Para identificar os sites a serem utilizados na pesquisa, optou-se pela consulta
às listas de associados da ABONG e do GIFE. Desta pesquisa inicial foi composta uma
pré-lista de referência para a investigação mais aprofundada, compreendida na
exploração dos sites dessas organizações de natureza jurídica privada, com fins
públicos.
A primeira etapa da pesquisa constatou que, entre as 273 organizações não
governamentais associadas à Abong, 93 tem a educação como um eixo de atuação.
Entretanto, apenas 10 trabalham com educação formal, e estas organizações
compuseram a pré-lista de referência para a pesquisa em profundidade.
Quadro Resumo - Abong N. Associados Atuam na área de
Educação Atuam na área de Educação
Formal 273 93 10
Já entre os 112 associados GIFE em 2008, foram selecionados os 77 que possuem
a educação como uma área de atuação e voltam suas ações para adolescentes e jovens.
Destes, 24 trabalham na área de educação formal.
45
Quadro Resumo - GIFE N. Associados Atuam na área de
Educação Atuam na área de Educação
Formal 112 77 24
Foram explorados também outros dois sites: o Rits (www.rits.org.br) e Universia
(www.universia.br), para compor a etapa complementar da pesquisa, na qual foram
identificadas mais 3 organizações que desenvolvem ações na área de educação formal.
Quadro Resumo – ABONG + GIFE + PESQUISA COMPLEMENTAR ABONG GIFE Pesquisa
Complementar (RITS +
Universia)
Total
10 24 3 37
Destas 37 organizações/institutos/fundações que compuseram a pré-lista de
referência para a pesquisa em profundidade, apenas 15 possuíam projetos/programas em
educação formal de jovens, implementados através de parcerias público-privadas. Estas,
portanto, foram as organizações investigadas na segunda etapa da pesquisa.
Quadro Comparativo Geral ABONG GIFE Pesquisa
Complementar Total
Associados 273 112 - 385 Atuam na área de Educação 93 77 - 170
Atuam na área de Educação Formal 10 24 3 37 Atuam na área de Educação Formal
de jovens por meio de parcerias público-privadas
1
11
3
15
A segunda etapa da pesquisa documental foi realizada em profundidade, com base
nas informações disponíveis sobre os projetos/programas na internet, e nos relatórios de
atividades, publicações ou outro material informativo impresso disponibilizado pelas
organizações sociais e institutos/fundações vinculados às empresas privadas. Estes
materiais impressos foram obtidos, em poucos casos, através de ligações telefônicas às
46
organizações da pré-lista de referência. Em sua grande maioria, os materiais impressos
utilizados compunham o acervo pessoal da pesquisadora.
Nos casos em que o material impresso existia, as informações sobre os programas
e projetos puderam ser aprofundadas, visto que nem sempre é possível coletar dados
relevantes e compor o conhecimento sobre uma iniciativa tendo apenas o conteúdo das
páginas do site da organização como fonte de pesquisa.
Portanto, ao final do processo de pesquisa foram encontrados 15
programas/projetos desenvolvidos através de parcerias público-privadas em educação
formal de jovens, que permitiram compor a análise crítica sobre os avanços e desafios
que estas atuações conjuntas acarretam para a oferta de políticas públicas de sistemas
educacionais diversos.
47
Capítulo 3 - Uma análise transversal das categorias e modelos: parcerias público-
privadas em educação formal de jovens
3.1 Apresentação e contexto das parcerias público-privadas e programas/projetos
identificados pela pesquisa
Conforme visto no capítulo anterior, a educação é a bandeira de diversas
organizações, institutos, fundações e associações6. Porém, a primeira constatação que salta
aos olhos de quem analisa o corpo de projetos/programas desenvolvidos por meio de
parcerias público-privadas em educação formal de jovens, encontrado por esta pesquisa, é
o escasso número de iniciativas existentes dentro do universo de organizações que atuam
na área de educação.
No caso das organizações associadas a ABONG, apenas uma, a Ação Educativa,
entre 93 organizações que atuam na área de educação, desenvolveu um projeto
relacionado à educação formal de jovens, em parceria com algum órgão público. A
escassez de propostas fica mais evidente quando se revela o número total de associados
da ABONG: 273 organizações. Os gráficos a seguir reforçam essa constatação, uma vez
que, estatisticamente, o número de organizações associadas à ABONG com iniciativas
dessa característica representa 0%.
Porcentagem de Associados Abong que atuam na área d e Educaçãon = 273
34%
66%
Sim Não
6 Para mais, ver Censo Juventude GIFE 2007 / 2008.
48
Porcentagem de Associados Abong com projetos/progra mas em educação formal de jovens desenvolvidos por meio de parcerias
público-privadas n = 273
0%
100%
Sim Não
O mesmo cenário de escassez de iniciativas dessa natureza se repete quando se
analisam as propostas dos associados ao GIFE: apenas 9 institutos ou fundações, de um
universo de 77 que atuam na área de educação, desenvolvem programas/projetos de
educação formal de jovens por meio de parcerias público-privadas.
Porcentagem de Associados GIFE que atuam na área de Educação
n = 112
69%
31%
Sim Não
49
Porcentagem de Associados GIFE com projetos/program as em educação formal de jovens desenvolvidos por meio de parcerias
público-privadas n = 112
10%
90%
Sim Não
No caso do GIFE, isso representa 10% de seus associados. Neste universo de
organizações, institutos e fundações – foco de análise – restrito e reduzido, foi possível
identificar 15 programas/projetos que atenderam ao recorte da pesquisa.
Esta primeira análise macro do problema evidencia que a conjugação de esforços
entre o poder público e as organizações sociais, institutos, fundações e a iniciativa
privada para a melhoria da qualidade da educação formal de jovens ainda é muito
incipiente no país. Por mais que existam boas iniciativas em andamento, dentro do
universo encontrado pela pesquisa, ainda há uma restrição de programas e projetos com
este fim.
Tal constatação dificulta, de certa forma, a compreensão sobre o poder de
influência de tais modelos na formulação políticas públicas educacionais voltadas para a
educação da juventude, uma das questões iniciais da pesquisa. Como será analisado
mais adiante, veremos que estes programas e projetos ainda não conseguiram efetivar
um fluxo de influência positiva para os sistemas educacionais governamentais, com
exceção de algumas poucas iniciativas pesquisadas.
Entre os 15 programas/projetos analisados, 7 eram direcionados apenas ao Ensino
Médio, 3 apenas ao Ensino Fundamental, 3 conjugavam esforços para as duas
modalidades de Ensino, Fundamental e Médio, 1 para Ensino Infantil, Fundamental e
Médio e, por fim, o último, voltava suas ações paras as etapas de Ensino Fundamental,
Médio e Superior.
50
Modalidade de Ensino N. de projetos/programas
Ensino Médio 7 Ensino Fundamental 3 Ensino Fundamental e Médio 3 Ensino Infantil, Fundamental e Médio 1 Ensino Fundamental, Médio e Superior 1
Como é possível verificar, de acordo com o recorte da pesquisa e a metodologia
de análise, explicitados no capítulo anterior, quase todas as iniciativas envolvem a etapa
do Ensino Médio. De acordo com os critérios para a coleta, encontramos
projetos/programas que visavam: melhorar a gestão pública das escolas; melhorar o
desempenho dos alunos; diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar;
formar e capacitar os professores da rede pública; fortalecer os sistemas de avaliação e
prestação de contas.
Cabe ressaltar que alguns programas e projetos desenvolvidos para o Ensino
Fundamental, por meio de parcerias público-privadas foram encontrados, porém não
possuíam entre os seus objetivos, pelo menos, um dos critérios de recorte da pesquisa:
diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar; formar e capacitar os
professores da rede pública; e melhorar a gestão pública das escolas. Apesar de não ser
um dos objetivos desta pesquisa, pode-se verificar que, no âmbito geral, há um número
muito maior de programas/projetos em educação formal voltado para o Ensino
Fundamental, e não para o Ensino Médio. Em sua maioria, são projetos que produzem
materiais didáticos, oferecem recursos diversos para as escolas, ou enfocam as séries
iniciais do ciclo, visando melhorar a alfabetização dos alunos. Muitos destes não foram
analisados por essa pesquisa, uma vez que não atuam por meio de parcerias público-
privadas.
De acordo com o quadro de critérios traçado no capitulo anterior para delimitar o
recorte da pesquisa e orientar o processo de coleta de programas/projetos, tem-se o
número de iniciativas encontradas para cada um dos critérios:
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Número de projetos segundo os critérios estabelecidos de recorte para a pesquisa* Fortalecer os sistemas de avaliação e prestação de contas
1 Melhorar a gestão pública das escolas
6 Melhorar o desempenho dos alunos
6 Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar
5 Formar e capacitar os professores da rede pública
2 * Cabe destacar que alguns projetos possuíam objetivos que atendiam a mais de um
critério.
Fortalecer os sistemas de avaliação e prestação de contas
O único campo de ação pré-estipulado para o qual não foram encontrados
diretamente programas/projetos foi o de fortalecimento dos sistemas de avaliação e
prestação de contas. Apenas uma das iniciativas identificadas pretendia avaliar o Ensino
Médio como um todo, porém tratou-se de um projeto pontual, não sistemático, que,
portanto, pode ser avaliada como uma ação indireta de acordo com o critério
estabelecido.
1. JADE – Jovens Agentes pelo Direito à Educação, realizada pela Ação
Educativa, em 5 escolas de São Paulo, cuja parceria para o seu desenvolvimento foi
efetivada com a Secretaria Estadual de Educação. O objetivo da pesquisa era elaborar
diretrizes para as políticas públicas de educação em escolas de Ensino Médio, a partir de
processos de diálogos com estudantes e seu familiares, professores, diretores,
funcionários, integrantes da comunidade, agentes governamentais e da sociedade civil.
Ainda parte integrante do projeto, a mobilização da comunidade escolar se deu com a
formação em agentes educativos de 20 jovens ligados as escolas parceiras do projeto.
Melhorar a gestão pública das escolas
Entre os programas/projetos pesquisados, foram identificadas 6 iniciativas de
melhoria da gestão das escolas públicas. São elas:
1. Projeto Academia Educar, que busca desenvolver, em 23 escolas estaduais de
Campinas, projetos pelos jovens para melhorar as condições da instituição de ensino a
qual pertencem. Tem como conceitos básicos a estratégia do voluntariado, o
desenvolvimento de habilidades, competências, projetos e formação de redes. O jovem é
52
um voluntário que executa projetos de melhoria da sua escola. Desenvolvido pela
Fundação Educar Dpaschoal, em parceria com a Diretoria de Ensino de Campinas –
regiões Leste e Oeste e as escolas envolvidas.
2. Programa Escola Ideal, que pretende desenvolver e apoiar à gestão
democrática e participativa de escolas públicas. Atende 375 escolas, divididas entre sete
municípios na Paraíba e um no Mato Grosso. A partir de um diagnóstico são eleitas as
prioridades para melhorar a qualidade de educação naquelas escolas. Identificam-se
iniciativas, com base em boas práticas, que possam atender as necessidades escolares e
melhorar a educação naquela região. Parte-se, então, para o desenvolvimento de
projetos junto com a comunidade escolar. Desenvolvido pelo Instituto Camargo Correa
em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação dos dois Estados.
3. Programa Excelência em Gestão Educacional, que pretende promover, em
10 escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio do Estado de São Paulo, o
acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula e envolvimento dos pais nos
esforços de melhoria da aprendizagem. No eixo de apoio ao professor, as propostas
alavancam a gestão pedagógica por meio da formação dos professores coordenadores e
introdução da técnica de coaching, fortalecendo as estratégias de formação,
acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula. No eixo família-escola, são
desenvolvidas ações que propiciam e facilitam a entrada e o envolvimento das famílias
no cotidiano escolar e no processo de melhoria da aprendizagem. Para isso, cada escola
conta com um profissional responsável pela coordenação dessas ações. Desenvolvido
pela Fundação Itaú Social, em parceria com o Instituto Fernand Braudel e a Secretaria
Estadual de Educação em São Paulo.
4. NAVE – Núcleo Avançado em Educação, que propõem a pesquisa e o
desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as
tecnologias da informação e da comunicação no Ensino Médio: existem 1 escola no Rio
de Janeiro e 1 escola em Pernambuco. Desenvolvido pelo Instituto Oi Futuro, em
parceria com as Secretarias Estaduais de Educação dos dois estados.
5. Programa Parceiros na Aprendizagem, que visa disponibilizar tecnologias e
apoio pedagógico para o desenvolvimento do potencial pleno de gestores, educadores,
estudantes e comunidade escolar. O programa disponibiliza desde licenças mais
acessíveis para o uso de softwares Microsoft em instituições de ensino, até o
desenvolvimento de projetos inovadores que necessitam de apoio pedagógico e
tecnológico especializado para sua implementação. Estabelece, portanto, parcerias com
53
órgãos públicos e privados para o desenvolvimento de tecnologias, ou disponibilizarão
de recursos, no âmbito do programa. É desenvolvido em todo o território nacional pela
Microsoft Brasil, em parceria com a Fundação Bradesco, o Instituto Ayrton Senna –
associação de direito privado sem fins lucrativos e as Secretarias Estaduais de Educação
que procuram a empresa.
6. Projeto Jovem de Futuro, que oferece as escolas públicas de Ensino Médio,
apoio técnico e financeiro para a concepção, implantação e avaliação de um plano de
melhoria de qualidade, com duração de três anos, que vise aumentar significativamente
o rendimento dos alunos, nos testes padronizados de Português e Matemática, e
diminuir os índices de evasão. Atende 87 escolas, sendo 42 em São Paulo, 20 em Belo
Horizonte e 25 em Porto Alegre. É desenvolvido pelo Instituto Unibanco em parceria
com as Secretarias Estaduais dos Estados que possuem o projeto e as escolas
envolvidas.
Percebe-se com a breve descrição das iniciativas, o leque variado de propostas que
atuam de diferentes maneiras no âmbito da melhoria da gestão escolar.
Melhorar o desempenho dos alunos
Entre os programas/projetos pesquisados, foram identificadas 6 iniciativas de
melhoria do desempenho dos alunos. São elas:
1. Programa Acelera Brasil, que introduz na rede educacional uma cultura de
gestão eficaz, focada em resultados, e que combate os principais problemas do sistema
de ensino: os baixos níveis de aprendizagem, a repetência e a distorção idade/série. O
programa acontece em seis estados brasileiros - Goiás, Pernambuco, Tocantins, Paraíba,
Sergipe e Mato Grosso. Desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna, em parceria com os
Governos e as Secretarias Estaduais e Municipais dos Estados em que atua.
2. Projeto Jovem de Futuro, cujas ações de melhoria de gestão devem ter como
objetivo final a melhoria de rendimento dos alunos.
3. Projeto Entre Jovens, intervenção educativa junto a alunos da primeira série
do Ensino Médio regular das escolas públicas, onde se desenvolvem aulas de tutoria nas
disciplinas de língua portuguesa e matemática, com conteúdos essenciais do Ensino
Fundamental, visando à melhoria do desempenho e à diminuição da evasão destes
alunos. Atende 35 escolas no Rio de Janeiro, 18 em Juiz de Fora e 22 em Vitória É
desenvolvido pelo Instituto Unibanco em parceria com as Secretarias Estaduais dos
Estados que possuem o projeto e as escolas envolvidas.
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4. Movimento Todos pela Educação, que desenvolve um trabalho de
mobilização de diversos setores da sociedade, visando o alcance de 5 metas
educacionais, de melhoria do desempenho, do acesso e da permanência dos alunos na
escola, até 2022, para todo o território nacional. É desenvolvido por uma associação
denominada Movimento Todos pela Educação, em parceria com todas as Secretarias
Estaduais do país.
5. Projeto Círculos de Leitura, que busca desenvolver, por meio de Círculos de
Leitura com alunos de Ensino Fundamental e Médio, a linguagem oral e a habilidade de
reflexão e argumentação a partir das obras e conhecimentos adquiridos. Este projeto
acontece em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Pernambuco. É desenvolvido
pelo Instituto Fernand Braudel, em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação e
as escolas públicas.
6. Projeto Alicerce, direcionado para alunos com alto potencial de aprendizagem,
que estejam cursando o 7º ano (antiga 6ª série) do ensino fundamental em escolas
públicas. Propicia que jovens de baixa renda possam pleitear uma bolsa de estudo para o
Ensino Médio em escolas particulares de elevado padrão e para o Ensino Superior. O
projeto acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro e possui a Secretarias Estaduais de
Educação destes Estados como parceiras, quando possível.
A melhoria do desempenho dos alunos é foco de muitos projetos/programas em
educação formal. As maneiras e estratégias utilizadas para a promoção dessas iniciativas
são as mais diversas possíveis: podem ser ofertadas bolsas de estudos ao alunos, ou
mesmo atuar junto a melhoria de uma disciplina específica, como Língua Portuguesa ou
Matemática. Além disso, há estratégias que desenvolvem tecnologias ou material
didático, ou mesmo ações mais abrangentes, do ponto de vista da unidade escolar como
um todo. Há também uma delas, o Movimento Todos pela Educação, que atua no
âmbito da mobilização pela causa.
Diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar
Entre os programas/projetos pesquisados, foram identificadas 5 iniciativas voltadas para
diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar. São elas:
1. Programa de Valorização do Jovem, que concentra seu foco em jovens com
alta probabilidade de abandonar a escola, estimulando em cada um desses alunos o
senso de responsabilidade e a auto-estima. Nas escolas associadas ao Programa, alunos
da 6º ao 9º ano, com grave risco de evasão, são escolhidos para atuar como monitores
55
de estudo de alunos da 1º ao 5º ano, igualmente com dificuldade de aprendizado. Cada
monitor acompanha um grupo de 3 alunos em sala de aula durante uma hora por dia,
com supervisão de professores. Este programa acontece em 48 escolas públicas de 9
estados, e possui o Ministério da Educação, as Secretarias Municipais e Estaduais de
Educação das cidades e estados participantes como parceiros.
2. Programa Acelera Brasil, também é voltado para diminuir os índices de
repetência e a distorção idade/série.
3. Projeto Jovem de Futuro, cujas ações de melhoria de gestão devem também
ter como objetivo final a diminuição da evasão escolar.
4. Projeto Entre Jovens, que também busca reter o jovem na escola, diminuído a
da evasão.
5. Movimento Todos pela Educação, cujas metas também estão voltadas para a
permanência e conclusão dos estudos pelos alunos, para todo o território nacional.
Formar e capacitar os professores da rede pública
Poucas iniciativas pesquisadas visam formar e capacitar os professores da rede
pública. São Elas:
1. Educarede, um portal educativo, gratuito e aberto, dirigido principalmente a
alunos e professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública. O
portal oferece conteúdos exclusivos sobre temas atuais, desenvolvidos para dar suporte
a educadores e estudantes da rede pública de ensino, e conta ainda com canais de
cultura, tecnologia e apoio a pesquisas. Mais importante, porém, é o uso dessa
ferramenta pelos educadores, de forma a estimular os conteúdos gerados a partir da
experiência dos próprios usuários. A abrangência do projeto é para todo o território
nacional. Possui a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Unidime, Consed
como parceiros. É financiado pela Fundação Telefônica e coordenado pelo Cenpec.
2. Projeto Lep, que consiste em levar às escolas da rede pública a linguagem
LOGO. O projeto acontece nas escolas públicas municipais e estaduais de Santa
Bárbara do Oeste e é desenvolvido pela Fundação Romi, em parceria com as Secretarias
Municipais e a Secretaria Estadual de Educação.
56
3.2 Categorização dos programas/projetos de acordo com a tipologia
Um outro campo analítico centrou-se, quando possível, nas estratégias de
estabelecimento das parcerias, visando verificar se as diferentes formas de associação
implicam em diferentes resultados. Com base nas estratégias identificadas, foi possível,
mesmo com a reduzida quantidade de programas/projetos analisados, identificar e
compreender diferentes modalidades de associação e parcerias, bem como seus níveis
de integração, de acordo com a tipologia de projetos/programas apresentados no
capítulo anterior. Buscou-se realizar uma análise transversal, que parte do agrupamento
das iniciativas de acordo com as categorias estabelecidas pela tipologia.
Como apresentado no capítulo anterior, a matriz analítica elaborada com base
nas categorias de Noam(2006) permite analisar os programas e projetos de
desenvolvidos pelas parcerias público-privadas levando em consideração o âmbito da
integração e sua intensidade.
A partir da análise e compreensão de como as relações são estabelecidas nas
dinâmicas associativas entre órgãos públicos e privados, é possível identificar qual é o
ponto de intersecção entre o âmbito e a intensidade, no desenvolvimento de um
Sistêmica
Curricular
Interpessoal
Âm
bito
da
Inte
graç
ão
– Intensidade da Integração +
Aut
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tido
Ass
ocia
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grad
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Diagrama 2 – Matriz Analítica para a categorização dos programas/projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de educação formal de jovens
Elaborado com base na tipologia de Noam (2006)
57
programa/projeto. Como visto anteriormente, Noam estabelece 3 (três) âmbitos de
integração: Interpessoal, Circular e Sistêmico; e 5 (cinco) níveis de intensidade:
Autocontidos, Associados, Coordenados, Integrados e Unificados.
Cabe destacar que cada ponto de intersecção da matriz analítica é uma categoria
de classificação, tornando possível classificar os programas e projetos em até 15
combinações, e associar os dois tipos de informação. São elas:
1. Interpessoal e Autocontido
2. Interpessoal e Associado
3. Interpessoal e Coordenado
4. Interpessoal e Integrado
5. Interpessoal e Unificado
6. Curricular e Autocontido
7. Curricular e Associado
8. Curricular e Coordenado
9. Curricular e Integrado
10. Curricular e Unificado
11. Sistêmica e Autocontido
12. Sistêmica e Associado
13. Sistêmica e Coordenado
14. Sistêmica e Integrado
15. Sistêmica e Unificado
Entre todas as combinações possíveis, foram identificados programas apenas 6
categorias: Interpessoal e Autocontido; Interpessoal e Associado; Curricular e Autocontido;
Curricular e Associado; Curricular e Coordenado; Sistêmica e Integrado. A seguir, os 15
programas/projetos foram categorizados de acordo com essa tipologia.
Interpessoal e Autocontido
Projetos identificados: Projeto Alicerce, Programa Parceiros na Aprendizagem e Projeto
JADE – Jovens Agentes pelo Direito à Educação.
Neste caso, as relações com o poder público são estabelecidas somente quando
possível, e o âmbito da integração interpessoal, ou seja, a comunicação acontece por meio
de contatos pessoais entre os profissionais envolvidos dos órgãos públicos e privados,
sem sistematização ou estabelecimento claro de papéis e responsabilidades.
No caso do Projeto Alicerce, por exemplo, os alunos de escolas públicas
aprovados no processo seletivo frequentam durante dois anos um curso preparatório para
o Ensino Médio no contra-turno da escola regular de ensino. O aluno considerado apto ao
final do curso preparatório e que for aprovado no exame de seleção realizado pela escola
parceira receberá uma bolsa de estudo para os três anos do Ensino Médio, em uma escola
particular de ponta. A bolsa de estudo para o Ensino Superior é oferecida ao bolsista que
ao final do terceiro ano do Ensino Médio for aprovado nos vestibulares das instituições
de excelência do país, para cursos avaliados com quatro ou cinco estrelas. Neste projeto a
parceria com as Secretarias de Educação Estaduais ou Municipais visa apenas facilitar a
58
identificação dos alunos com altas habilidades. Se não for possível existir essa integração,
o processo de seleção pode acontecer de maneira independente.
No Projeto Jade, o objetivo era elaborar diretrizes para as políticas públicas de
educação em escolas de Ensino Médios, a partir de processos de diálogos entre estudantes
e seus familiares, professores de escolas públicas, diretores, funcionários, integrantes da
comunidade, agentes governamentais e da sociedade civil. Tais diretrizes foram
apresentadas ao final do projeto, concluído em 2008, e foram desenvolvidas mediante a
análise dos resultados da pesquisa por um grupo técnico composto por 38 pessoas –
múltiplos atores, entre eles 2 representantes da Secretaria de Educação. Portanto, a
parceria estabelecida foi pontual com a Secretaria Estadual de Educação, por meio do
Cenp - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, com representantes que
fizeram parte do grupo técnico que analisou o resultado da pesquisa junto aos múltiplos
atores e definiu as diretrizes gerais para essa etapa de ensino.
Já no caso do Programa Parceiros na Aprendizagem, normalmente a Secretaria de
Educação entra em contato com a Microsoft, visando adquirir licenças dos softwares da
empresa. A partir do contato com a Secretaria e da formalização da parceria, a Microsoft
pode atuar no nível das escolas.
Percebe-se que os três projetos podem acontecer sem um envolvimento
sistemático e profundo da administração pública. A intensidade, portanto, é autocontida,
pois não há um esforço em colaborar nem em termos de currículo, e nem de maneira
sistêmica, com o poder público.
Interpessoal e Associado
Projetos identificados: Projeto Academia Educar na Escola
O projeto não ocorre no âmbito curricular, nem atua de maneira sistêmica com a
escola. Ele acontece por meio das relações estabelecidas com os alunos voluntários, por
essa razão ocorre no âmbito interpessoal. A parceria foi estabelecida com a Diretoria de
Ensino de Campinas e posteriormente as escolas foram contatadas.
Dentro das escolas são formados núcleos de cidadania juvenil, com apoio de
professores, diretores e coordenadores, composto de jovens alunos. O objetivo é que cada
núcleo transforme a realidade de sua escola e sua comunidade através do voluntariado e
do protagonismo.
Quem executa o projeto é a Fundação Educar, com o apoio dos gestores. Durante
o desenvolvimento do projeto, a parceria tem uma intensidade de associação, pois de
59
certa maneira as ações do projeto possuem espaço na escola, mas não há
necessariamente, uma conexão mais profunda com a proposta finalística da mesma.
Curricular e Autocontido
Projetos identificados: EducaRede
Os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis aos do órgão
público. Trata-se, evidentemente, de um projeto de âmbito curricular. Porém, não há
divisão de responsabilidades entre os envolvidos, nem uma relação institucional
consolidada entre os órgãos públicos e privados parceiros.
O Portal EducaRede é gratuito e aberto, dirigido a alunos e professores do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio da rede pública. Oferece conteúdos exclusivos sobre
temas atuais e conta ainda com canais de cultura, tecnologia e apoio a pesquisas.
Apesar de não terem sido encontradas informações que permitissem o
aprofundamento quanto as estratégias de estabelecimento da parceria, é evidente que o
projeto pode ocorrer de maneira independente a realidade da administração pública, sem
que haja envolvimento direto dessa instância, de forma associada ou dinâmica no
desenvolvimento do projeto.
Curricular e Associado
Projetos identificados: Projeto Círculos de Leitura, Movimento Todos pela Educação,
Programa de Valorização do Jovem.
No caso destes 3 programas/projetos, o âmbito de integração é o Curricular, uma
vez que ao que motiva a parceria público-privada é a existência de objetivos comuns: a
finalidade da iniciativa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas.
Entretanto, não se pode atestar para estes projetos/programas um nível de intensidade
maior do que o Associado: as ações acontecem sem forçar, necessariamente, uma
parceria mais sistêmica entre os envolvidos. Porém, o estabelecimento de associações
com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.
Entre as iniciativas categorizadas aqui merece destaque o Movimento Todos
pela Educação, composto por representantes da sociedade civil, da iniciativa privada,
organizações sociais, educadores e gestores públicos, que se uniram por uma aliança
que tem como objetivo garantir Educação Básica de qualidade para todos os brasileiros
até 2022, bicentenário da Independência do País. A proposta do Todos pela Educação
tem perfeita consonância com as diretrizes da administração pública e não pode
60
acontecer de maneira independente. Porém como se trata de um movimento de
mobilização, não necessariamente força uma parceria mais sistemática e pragmática,
que seja transformada em ação propositiva, com todos os órgãos públicos envolvidos,
apesar dessa ser uma diretriz desejável.
Da mesma forma, para a realização dos Círculos de Leitura, basta uma simples
Associação entre o Instituto Fernand Braudel e as instâncias públicas envolvidas, sem a
exigência de uma atuação direta e formalizada dessas instâncias. O mesmo acontece
com o Programa Valorização Jovem, do Instituto Coca Cola, cuja execução fica a cargo
do CIMA (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente), que responde pela
coordenação nacional do Programa desde 2001. Para que o projeto aconteça, torna-se
necessário somente o apoio dos órgãos públicos envolvidos.
Curricular e Coordenado
Projetos identificados: Projeto Lep, Projeto Entre Jovens, Programa Acelera Brasil,
NAVE – Núcleo Avançado em Educação, Excelência em Gestão Educacional,
Programa Escola Ideal.
Esta é a categoria com maior numero de projetos/programas identificados. Os
objetivos do projeto são os mesmos objetivos do currículo escolar – é isto o que integra
a parceria dos órgãos públicos com as organizações privadas envolvidas, por isso o
âmbito de integração é Curricular. Apesar de não existir nessas iniciativas a divisão
integral de responsabilidades entre os envolvidos, os objetivos são comuns e seu alcance
depende, necessariamente, da mínima coordenação das ações nas duas instâncias – a
pública e a privada. Ou seja, é preciso que exista uma comunicação oficial e sistemática
entre as organizações envolvidas – e o poder público tem que de alguma maneira
participar da realização do projeto.
No caso do Programa Escola Ideal, por exemplo, todos os municípios onde o
programa é implantado passam por um processo similar de estruturação. O primeiro
passo é organizar o Comitê de Desenvolvimento Comunitário, que atua como ponto de
encontro entre representantes do poder público, da iniciativa privada e do Terceiro
Setor. O comitê é responsável pela identificação dos ativos e desafios da localidade e
define áreas prioritárias de atuação.
A linha mestra para a definição dessas áreas prioritárias é o desenvolvimento e o
apoio à gestão democrática e participativa de escolas envolvidas. A ferramenta de
avaliação e planejamento mapeia seis dimensões da escola: Profissionais da educação –
61
analisa a suficiência, estabilidade e assiduidade dos profissionais que atuam na escola;
Condições de ensino – registra as instalações da escola e os materiais didático-
pedagógicos; Políticas e práticas pedagógicas – estudam o projeto pedagógico da escola
e de professores; Desempenho escolar – medem política da escola para questões como
rendimento, freqüência e fluxo escolar; Ambiente educativo – mapeia se a escola
promove a cultura para a paz; Gestão escolar – identifica a postura da instituição frente
a atores governamentais, não-governamentais e comunitários.
A partir desse diagnóstico identificam-se quais são as prioridades para melhorar
a qualidade de educação naquelas escolas. São elencados projetos, com base em boas
práticas, que possam melhorar a educação naquelas escolas, para serem desenvolvidos
juntos com a comunidade escolar.
Da mesma maneira acontece com o Projeto Entre Jovens, tecnologia social
formulada para desenvolver nos jovens competências e habilidades, não adquiridas no
Ensino Fundamental, e que sejam pré-requisitos para o Ensino Médio, através de
universitários licenciandos, capacitados e assessorados para a implantação e avaliação
de um programa de tutoria na escola. Neste caso, a formalização da parceria e se inicia
com a apresentação da proposta executiva ao Governo do Estado selecionado. Uma vez
aprovado pelo governo, se estabelece contatos com a Secretaria Estadual de Educação
para apresentar o projeto e realizar a reunião para oferecer informações sobre ele. Nessa
reunião, participam representantes dos departamentos da Secretaria da Educação e é
formalizado o Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo do Estado e a
Secretaria de Educação.
A execução é mista: o Instituto Unibanco oferece os tutores e os estagiários de
pedagogia, mas exige que a escola nomeie um coordenador do projeto na escola, que
seja funcionário da unidade escolar, para acompanhar e executar parte das ações do
projeto, relacionadas à mobilização de alunos e ao fornecimento de dados e informações
sobre o desempenho e a freqüência dos mesmos. As aulas acontecem no contra-turno ou
aos sábados. O projeto nem sempre é adotado pela escola como uma parte dela, porém
para ter o projeto a escola precisa querer e assinar um termo de adesão. A coordenação
do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com um
representante da Secretaria Estadual de Educação, tratando-se claramente de uma
parceria com nível de intensidade coordenado.
Já o Programa Acelera Brasil está em seis estados brasileiros - Goiás,
Pernambuco, Tocantins, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso. A parceria é estabelecida
62
diretamente com a Secretaria de Educação Municipal ou Estadual, ou com o governo do
Estado e a execução fica a cargo das escolas, que recebem apoio para a implantação do
Programa. Todo o material foi idealizado pelo Instituto Ayrton Senna: ou seja, os
sistemas escolares recebem o material, e não participam de sua concepção. Trata-se
também uma execução mista, que caracteriza um nível de intensidade Coordenado. O
material do Acelera é utilizado como maneira complementar ao currículo básico do
Estado, mão estando completamente unificado e incorporado de forma sistêmica as
redes de ensino educacionais em que se encontra.
No caso do Programa de Excelência em Gestão Educacional as propostas de
atuação foram desenvolvidas de maneira conjunta entre as organizações envolvidas. Ou
seja, em todas as etapas, desde a concepção até a implantação, há participação dos
órgãos envolvidos, em maior ou menor grau, em torno dos objetivos comuns da
proposta da educação pública e do programa. Porém sua coordenação, durante o
desenvolvimento, fica a cargo do órgão privado, o Instituto Fernad Braudel, sempre em
consonância com representantes do poder público, caracterizando um nível Coordenado
de integração.
O NAVE – Núcleo Avançado em Educação é um projeto da OI Futuro, que visa
a transformação de um espaço escolar público, com subsídio privado, para o
desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as
tecnologias da informação e da comunicação no Ensino Médio. A OI Futuro
praticamente adota uma escola pública, por meio da parceria com a Secretaria de
Educação do Estado, investindo recursos para transformá-la no NAVE. Obviamente,
apesar da participação ativa dos órgãos públicos envolvidos no desenvolvimento dessa
iniciativa, a Oi Futuro coordena e executa as ações existentes neste espaço,
caracterizando uma integração também Coordenada.
Sistêmica e Integrado
Projetos identificados: Projeto Jovem de Futuro
A integração âmbito do Projeto Jovem de Futuro é Sistêmica, pois há clara
divisão de responsabilidades e papéis no projeto entre os órgãos públicos e privados
envolvidos. A formalização da parceria se inicia com a apresentação da proposta
executiva ao Governo do Estado e para a Secretaria Estadual de Educação. Uma vez
aprovado, é formalizado um Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo
do Estado e a Secretaria de Educação.
63
A execução também é mista, pois o Instituto Unibanco oferece suporte técnico e
financeiro para o desenvolvimento do projeto, mas quem executa as ações do projeto é a
própria escola, representada por um grupo gestor. A escola deve fazer um plano de
melhoria da qualidade de acordo com as suas necessidades, e implementa-lo durante os
três anos do projeto, respeitando as limitações estabelecidas pelo Instituto Unibanco. A
coordenação do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com
um representante da Secretaria Estadual de Educação. O nível de intensidade é
Integrado já que o projeto é desenvolvido por meio de uma relação sistêmica com a
escola e está integrado à realidade da escola, mas continua sendo um projeto.
Análise Geral das Categorias
Pela categorização realizada fica evidente que as parcerias público-privadas no
âmbito da educação formal de jovens ainda caminham para uma integração efetiva e
sistêmica dos órgãos envolvidos em sua realização. Como foi possível perceber, a
maioria dos projetos encontrados na pesquisa está no âmbito de integração Curricular e
atuam com nível de intensidade Coordenado. Isto significa dizer que o que integra a
parceria dos órgãos públicos com as organizações privadas envolvidas são os objetivos
comuns no desenvolvimento da iniciativa, porém não existe divisão integral de
responsabilidades e papéis.
Sistêmica
Curricular
Interpessoal
Âm
bito
da
Inte
graç
ão
– Intensidade da Integração +
Aut
ocon
tido
Ass
ocia
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1
1
1 3
Diagrama 3 – Matriz Analítica para a categorização dos programas/projetos desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas de educação formal de jovens – com número de projetos por
categoria Elaborado com base na tipologia de Noam (2006)
64
É certo que a análise dos motivos e das causas para esta situação recorrente entre
os programas/projetos pesquisados demandaria uma investigação mais profunda e
detalhada, que enfocasse mais atentamente para as estratégias e as nuances das
propostas estabelecidas no âmbito dessas parcerias. A presente pesquisa, infelizmente
não permite esse aprofundamento.
Entretanto, esse quadro classificatório geral permite compreender que os
investimentos das empresas e das organizações da sociedade civil, em parcerias com os
órgãos públicos municipais, estaduais e federais, tem se caracterizado, de maneira mais
generalizada, por: a) traçar objetivos similares e curriculares, em consonância com a
administração pública; b) estabelecer, minimamente, pontos sistemáticos e oficiais de
comunicação; c) não dividir de maneira integral e clara de responsabilidades e papéis.
3.3 Natureza das parcerias público-privadas em educação formal de jovens:
identificação de modelos associativos
Outra perspectiva de análise utilizada foi a identificação da natureza da parceria,
que buscou captar a essência e o objetivo maior do conjunto de iniciativas encontradas,
reforçando algumas regularidades entre os 15 projetos/programas pesquisados.
A identificação desses modelos associativos foi realizada tanto com base nos
objetivos dos programas e projetos pesquisados, quanto na análise do discurso geral da
organização sobre os propósitos de sua ação.
As recorrências encontradas permitiram identificar 5 tipos de modelos
associativos, descritos com base na natureza das parcerias público-privadas analisadas.
São eles:
1. Mobilização pela Causa;
2. Desenvolvimento de tecnologias educacionais.
3. Desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na
rede pública, após testadas e validadas.
4. Disponibilidade de recursos e/ou conhecimento para as melhorias das
condições escolares;
5. Oportunidades especiais para alunos especiais.
65
No caso de Mobilização pela Causa o projeto representativo é o Movimento
Todos Pela Educação, pois não se trata de um projeto de uma organização específica;
ele conclama todos os setores da sociedade. Trata-se especificamente de uma rede de
cooperação entre a sociedade civil, empresas e o poder público, devidamente
reconhecido e apoiado pelo Ministério de Educação, cujo objetivo é garantir que todas
as crianças e jovens tenham acesso a uma educação de qualidade. Para orientar a ação
de todos os órgãos, foram definidas 5 Metas específicas, simples, mensuradas por
indicadores de desempenho oficiais, que devem ser alcançadas até 7 de setembro de
2022:
Meta 1. Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola.
Meta 2. Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos.
Meta 3. Todo aluno com aprendizado adequado a sua série.
Meta 4. Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos.
Meta 5. Investimento em Educação ampliado e bem gerido.
Este movimento sem dúvida impulsionou a somatória de esforços de diversas
organizações da sociedade civil ou institutos e fundações vinculadas a organismos
privados para o desenvolvimento de projetos em parcerias com os órgãos públicos
governamentais, para a formulação de políticas públicas educacionais, capazes de
contribuírem para o alcance destas metas.
Há também os projetos/programas desenvolvido por meio de parcerias público-
privadas na área de educação formal que visam o Desenvolvimento de tecnologias
educacionais. Neste modelo associativo, podemos destacar o Projeto Academia Educar,
o Programa de Valorização do Jovem, o Projeto LEP e o Projeto Círculos de Leitura.
Estas quatro iniciativas são voltadas para o desenvolvimento de tecnologias educacionais
que são colocadas à disposição de escolas públicas – nos diferentes níveis de ensino. Não
foram identificadas, nestes casos, pretensões amplas de extensão das tecnologias de
ensino para os sistemas educacionais governamentais.
Já no caso dos projetos Jovem de Futuro, Entre Jovens, e dos Programas Acelera,
Escola Ideal, Nave e Excelência em Gestão Educacional, verificou-se a intenção clara de
expansão das iniciativas para os sistemas públicos de ensino. Ou seja, tais
programa/projetos buscam o Desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam
ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas.
66
Os institutos, fundações e associações nestes casos perceberam que podem atuar
na educação formal no campo da testagem de tecnologias educacionais que possam ser
disseminadas na rede pública de ensino. De maneira geral, estas iniciativas – sem a
responsabilidade do atendimento universal – se caracterizam pela testagem e validação de
maneiras alternativas de atuação, que possam ser replicadas e implantadas pelos sistemas
públicos. Na medida em que os resultados se mostrarem eficazes e eficientes, e processos
de implantação (inclusive no que tange aos recursos financeiros, materiais e humanos)
demonstrem ser passíveis de serem replicados em escala, tais iniciativas podem ser
adotadas pelas redes públicas, que comumente tem poucos recursos físicos, financeiros e
humanos para arriscar a exploração de novos modelos e práticas de atuação.
O desenvolvimento de projetos/programas deste tipo é um campo ainda
inexplorado. Se são poucos os institutos e fundações vinculados à empresas privadas que
desenvolvem estas iniciativas, muito menor é o número de organizações sociais que
possuem essa perspectiva. No entanto, é preciso testar possíveis formas de associação que
caminhem em direção à ações de complementaridade, superando estigmas de separação
ou substituição do poder público, bem como de relações de dependência financeira para
com ele, nas quais muitas vezes as organizações sociais se encontram.
Um outro modelo verificado foi aquele em que são estabelecidas relações para
viabilizar a Disponibilidade de recursos e/ou conhecimento para as melhorias das
condições escolares. É o caso das iniciativas JADE, EducaRede e o Programa Parceiros
para a Aprendizagem. Tais programas/projetos aproveitam dos recursos financeiros ou
mesmo da expertise técnica e conceitual dos organismos privados envolvidos, para
melhorar as condições de infra-estrutura, de formação de professores e educadores, ou
mesmo das características globais do sistema de ensino.
Por fim, o último modelo associativo identificado seria aquele caracterizado pela
oferta de Oportunidades especiais para alunos especiais. Neste caso insere-se o Projeto
Alicerce, que concede bolsas para alunos das redes públicas de ensino, considerados
como especiais. Tal modelo reitera as premissas dos teóricos que defendem as parcerias
público-privadas numa linha mais privatistas, como visto no segundo capítulo.
67
Considerações Finais
O presente estudo partiu de algumas indagações fundamentais para a
compreensão das parcerias público-privadas em educação formal de jovens. Buscou-se
identificar os tipos existentes de projetos/programas voltados para a melhoria da
qualidade da educação de jovens no país realizados por parcerias entre órgãos públicos
e privados, quais são essas iniciativas e como se dão suas características, dinâmicas, e
seu poder de influência para a formulação de políticas públicas educacionais voltadas à
juventude.
A análise dessas questões foi compreendida por diferentes perspectivas.
Primeiramente, os programas e projetos pesquisados foram analisados de acordo com
os seus objetivos; na seqüência avaliou-se a intensidade e o âmbito de integração entre
os órgãos públicos e privados envolvidos no seu desenvolvimento, visando categorizá-
los de acordo com a tipologia estabelecida. Por fim, analisaram-se as diferentes
naturezas dessas parcerias, o que permitiu estabelecer 5 modelos associativos diversos.
Com base nessa exploração transversal dos programas e projetos, foi possível
traçar um entendimento não conclusivo, mas que indica caminhos e sugestões para
serem aprofundadas em estudos futuros sobre as parcerias público-privadas em
educação escolar de jovens e seus efeitos para a transformação das oportunidades de
estudo no país. O primeiro aspecto que merece destaque, a partir da análise macro do
problema, é a demonstração de que a formação de redes de cooperação entre o poder
público e as organizações sociais, institutos, fundações e a iniciativa privada para a
melhoria da qualidade da educação formal de jovens ainda é muito inexpressiva, frente
a gama de problemas e ajustes necessários para a real garantia do direito a educação da
juventude.
Entre um universo de 388 organizações pesquisadas, relacionadas ao terceiro
setor, apenas 15 atuavam no âmbito das parcerias público-privadas para a educação
formal de jovens. É um número reduzido de organizações que atua (cada uma a sua
maneira) com intenção de contribuir, de alguma forma, para a concretização real do
direito de aprender.
Como visto no capítulo 1, apesar de o direito de aprender constar na Constituição
Federal de 1988 de maneira explícita, existem muitas brechas e lacunas existentes no
sistema educacional que atravancam a garantia e efetivação do direito à educação,
principalmente no âmbito da juventude. Os dados levantados permitiram compreender
68
que há uma verdadeira crise no Ensino Médio: os jovens brasileiros apresentam os
piores índices de desempenhos do mundo e as taxas de evasão e abandonam continuam
elevadas: dos 3,6 milhões de jovens que se matriculam no primeiro ano do Ensino
Médio, apenas 1,8 milhões concluem os estudos (MEC, Censo Escolar 2007). Além
disso, e na perspectiva contrária do que ocorre em outros países, o Ensino Médio não é
legalmente obrigatório, situação essa que se agrava quando se considera que o término
do Ensino Fundamental não está também universalizado.
Para além dos múltiplos esforços governamentais ocorridos nas últimas décadas,
traduzidos com a promulgação da nova LDB em 1996, e pelos pactos estabelecidos no
PNE e no próprio PDE, ao analisar os números atuais da situação dos jovens, sobretudo
entre aqueles que estão no Ensino Médio, reitera-se que muitas das metas para a melhoria
da educação estão longe de serem efetivadas.
Contudo, foi de muita importância a identificação de recomendações da
literatura para a garantia do direito de aprender dos jovens, realizada também no
primeiro capítulo. Esta foi uma etapa essencial para o reconhecimento de
programas/projetos que atuassem no âmbito da educação formal de jovens e que
tivessem como objetivo combater algum (ou alguns) dos problemas identificados. A
formulação de políticas públicas eficazes, que possibilitem a transformação do sistema
educacional do país, passa necessariamente pela capacidade de realizar um bom
diagnostico sobre as necessidades e demandas existentes, para então propor soluções
mais eficazes.
A melhoria da gestão pública, por exemplo, foi um ponto reiteradamente
recomendado pelos autores. Como foi possível verificar, entre os programas e projetos
pesquisados, muitos estão voltados para este fim. Investir em ações de emponderamento
para que as gerências em todos os níveis que operam a educação no país estejam mais
preparadas para administrar recursos financeiros, humanos, etc. vem sendo foco das
parcerias público-privadas em educação formal de jovens.
Da mesma forma, muitos autores pesquisados evidenciaram a necessidade de
estruturação de iniciativas que contribuam para a melhoria do desempenho dos alunos, a
sua permanência na escola e a conclusão dos estudos com qualidade, enfocando
especialmente em alunos com lacunas de aprendizagem. Entre os projetos pesquisados,
foi possível verificar que muitos se preocupam em atuar neste sentido: foram
identificadas 6 iniciativas de melhoria do desempenho dos alunos e 5 destinadas a
diminuir a defasagem idade série, repetência e evasão escolar.
69
Outras iniciativas pesquisadas também se atentaram para a melhora das
condições educacionais, uma das proposições dos autores para a diminuição das brechas
e lacunas existentes. Entre os programas/projetos pesquisados, existem os que investem
na formação e capacitação de professores, bem como na oferta de material didático ou
melhores condições de infra-estrutura para as escolas.
Um dos pontos reiterados pelos autores foi a necessidade de investimento no
fortalecimento dos sistemas de avaliação e prestação de contas, no sentido de favorecer
o “accountability” das ações desenvolvidas pela educação pública e o controle social.
Contudo, apenas uma iniciativa pesquisada estava voltada para este fim. Percebe-se que
temas como responsabilização ou mesmo participação popular nos rumos da
educação, ainda não estão entre os objetivos dos projetos e programas desenvolvidos
por meio das parcerias público-privadas. Da mesma forma, ainda é fraca ou
inexpressiva a participação e a opinião dos próprios sujeitos juvenis, ou mesmo de seus
pais ou familiares, nas decisões sobre as condições escolares.
A perspectiva da democratização do ensino, tanto para a definição dos conteúdos
quanto para a definição das próprias políticas públicas, exige que a sociedade participe da
construção das políticas. Entretanto, o fortalecimento da gestão participativa ainda não
configura entre as preocupações da agenda pública de educação. Talvez a aposta em
parcerias público-privadas, com objetivos comuns e interesses focados na melhoria do bem
público, possa ser um bom caminho para a consolidação da participação popular e do
controle social na promoção da qualidade da educação dos jovens.
Por mais que existam boas iniciativas em andamento, dentro do universo
encontrado pela pesquisa, ainda há uma restrição de programas e projetos com este fim.
Tal constatação dificulta, de certa forma, a compreensão sobre o poder de influência de
tais modelos na formulação de políticas públicas educacionais voltadas para a educação
da juventude, uma das questões iniciais da pesquisa. Dessa forma, não foi possível
verificar o quanto estes programas e projetos conseguiram efetivar um fluxo de
influência positiva para os sistemas educacionais governamentais. A escassez de
iniciativas dificulta também uma análise aprofundada, que possa revelar se existem
políticas públicas de sistemas educacionais que tiveram origem a partir das parcerias
analisadas, assim como seus resultados e impactos.
Esta pesquisa também não permitiu abordar se nas parcerias público-privadas
encontradas há ou não um recuo do Estado – ou a substituição do mesmo - frente às
demandas sociais. As parcerias aqui observadas evidenciaram que – em maior ou menor
70
grau – as responsabilidades podem ser compartilhadas entre os órgãos públicos e
privados envolvidos no desenvolvimento de um projeto ou programa originado a partir
de uma demanda social.
Apesar de não ser um dos objetivos desta pesquisa, pode-se verificar que, no
âmbito geral, há um número muito maior de programas/projetos em educação formal
voltado para o Ensino Fundamental, e não para o Ensino Médio. Em sua maioria, são
projetos que produzem materiais didáticos, oferecem recursos diversos para as escolas,
ou enfocam as séries iniciais do ciclo, visando melhorar a alfabetização dos alunos.
Muitos destes não foram analisados por essa pesquisa, uma vez que não atuam por meio
de parcerias público-privadas.
Um outro ganho da pesquisa foi a possibilidade de construir um cenários a partir
dos programas/projetos analisados e compreender que os investimentos das empresas e
das organizações da sociedade civil, em parcerias com os órgãos públicos municipais,
estaduais e federais, tem se caracterizado, de maneira mais generalizada, por: a) traçar
objetivos similares e curriculares, em consonância com a administração pública; b)
estabelecer, minimamente, pontos sistemáticos e oficiais de comunicação; c) não dividir
de maneira integral e clara de responsabilidades e papéis.
Tal constatação tem fundamento a partir do exercício de categorização realizado
pela presente pesquisa. Entre todas as combinações possíveis, propostas pela tipologia
de programas/projetos, foram identificadas iniciativas em apenas 6 categorias:
Interpessoal e Autocontido; Interpessoal e Associado; Curricular e Autocontido;
Curricular e Associado; Curricular e Coordenado; Sistêmica e Integrado. A
categorização tornou evidente que as parcerias público-privadas no âmbito da educação
formal de jovens ainda caminham para uma integração efetiva e sistêmica dos órgãos
envolvidos em sua realização.
Como foi possível perceber, a maioria dos projetos encontrados na pesquisa está
no âmbito de integração Curricular e atuam com nível de intensidade Coordenado. Isto
significa dizer que o que integra a parceria dos órgãos públicos com as organizações
privadas envolvidas são os objetivos comuns no desenvolvimento da iniciativa, porém
não existe divisão integral de responsabilidades e papéis. Os objetivos destes projetos
são os mesmos objetivos do currículo escolar – é isto o que integra a parceria dos
órgãos públicos com as organizações privadas envolvidas, por isso o âmbito de
integração é Curricular. Apesar de não existir nessas iniciativas a divisão integral de
responsabilidades entre os envolvidos, os objetivos são comuns e seu alcance depende,
71
necessariamente, da mínima coordenação das ações nas duas instâncias – a pública e a
privada. Ou seja, é preciso que exista uma comunicação oficial e sistemática entre as
organizações envolvidas – e o poder público tem que de alguma maneira participar da
realização do projeto.
Outra constatação da pesquisa foi a identificação de 5 modelos associativos
diversos. O mais expressivo diz respeito às parcerias público-privadas em educação
formal de jovens voltadas para o desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam
ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Ou seja, foi possível verificar
que alguns institutos, fundações e associações nestes casos perceberam que podem atuar
na educação formal no campo da testagem de tecnologias educacionais que possam ser
disseminadas na rede pública de ensino. De maneira geral, estas iniciativas – sem a
responsabilidade do atendimento universal – se caracterizam pela testagem e validação de
maneiras alternativas de atuação, que possam ser replicadas e implantadas pelos sistemas
públicos. Na medida em que os resultados se mostrarem eficazes e eficientes, e processos
de implantação (inclusive no que tange aos recursos financeiros, materiais e humanos)
demonstrem ser passíveis de serem replicados em escala, tais iniciativas podem ser
adotadas pelas redes públicas, que comumente tem poucos recursos físicos, financeiros e
humanos para arriscar a exploração de novos modelos e práticas de atuação.
O desenvolvimento de projetos/programas deste tipo é um campo ainda
inexplorado. Se são poucos os institutos e fundações vinculados à empresas privadas
que desenvolvem estas iniciativas, muito menor é o número de organizações sociais que
possuem essa perspectiva. No entanto, é preciso testar possíveis formas de associação
que caminhem em direção à ações de complementaridade, superando estigmas de
separação ou substituição do poder público, bem como relações de dependência
financeira para com ele, as quais muitas vezes as organizações sociais se encontram.
Os resultados aqui apresentados são bons indicativos para um possível
aprofundamento futuro. As parcerias-público privadas ainda são poucas e restritas, mas seu
potencial ainda não foi totalmente explorado, frente às demandas e aos problemas existentes.
Os programas e projetos encontrados estão respondendo as brechas e as lacunas de garantia
do direito à educação, mais ainda são escassos frente ao tamanho do problema.
As redes de cooperação demonstram ser um caminho válido e importante, que podem
agregar saberes, expertises, poderes e recursos. As organizações sociais possuem o
conhecimento fino e o know-how de como trabalhar com o jovem, no dia-a-dia e no corpo-a-
corpo, porém atuam normalmente no seu entorno. Da mesma forma, a iniciativa privada não
72
tem sabido realizar o investimento social privado, pois desenvolvem projetos para alguns ou
ou para os melhores, e não aproveitam a possibilidade de recursos que possuem para realizar
e testar formas alternativas para a atuação de sistemas educacionais. Aos sistemas públicos
cabem o atendimento universal, em escala e gratuito, e a imensidão burocrática que impede
ganhos de agilidade e exigem a otimização de recursos. São pontos bons e ruins de cada uma
dessas esferas, cuja complementaridade é evidente. Congregando recursos, esforços,
possibilidades e expertises talvez será possível minimizar as lacunas e as brechas na
educação formal e, quem sabe, alcançar o sonho de ver cada jovem do país com seu direito
garantido.
73
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UNDP. Poverty Report 2000: Overcoming Human Porverty. United Nations: New York, 2000, p.113.
WAISELFISZ, J.J. Indicadores de Qualidade na Educação. Relatório de Desenvolvimento Juvenil. Brasília, 2007.
WORLDBANK. Relatório de desenvolvimento mundial 2007: o desenvolvimento e a próxima geração. 2007.
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Anexo 1 – Resultados da Pesquisa Resultado da Etapa 1 - Pré-lista para a pesquisa em profundidade Abong
1. Ação Educativa - Assessoria, Pesquisa e Informação 2. Avante - Qualidade, Educação e Vida 3. Associação Nacional de Instrução - Centro Alternativo de Cultura Pe. Freddy -
ANI-CAC 4. Centro de Atividades Comunitárias de São João de Meriti - CAC-RJ 5. Centro Oscar Romero de Defesa dos Direitos Humanos - COR-DH 6. Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário Queiróz Filho – IBEAC 7. Instituto de Juventude Contemporânea - IJC 8. Formação Continuada de Educadores – INSTITUTO AVISA LÁ 9. Instituto Paulo Freire - IPF 10. Nova Pesquisa e Assessoria em Educação – NOVA
GIFE
11. Bridgestone Firestone do Brasil 12. Comgas 13. Fundação Abrinq pelos direitos das crianças e dos adolescentes 14. Fundação Cargill 15. Fundação Bradesco 16. Fundação Demócrito Rocha 17. Fundação Educar Dpascoal 18. Fundação Estudar 19. Fundação Iochpe 20. Fundação Itaú Social 21. Fundação Lemann 22. Fundação Romi 23. Fundação Telefônica 24. Fundação Victor Civita 25. Instituto Arcor Brasil 26. Instituto Ayrton Senna 27. Instituto Camargo Correa 28. Instituto Coca Cola Brasil para Educação 29. Instituto Razão Social 30. Instituto Rogério Steinberg 31. Instituto Sangari 32. Instituto Unibanco 33. Instituto Ismart 34. Microsoft Educação 35. Oi Futuro
Pesquisa Complementar
36. Cenpec 37. Todos pela Educação 38. Instituto Fernand Braudel
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Organizações/Institutos/Fundações pesquisadas que atuam por meio de parcerias público-privadas em educação formal de jovens
1. Ação Educativa - Assessoria, Pesquisa e Informação 2. Fundação Educar Dpascoal 3. Fundação Itaú Social 4. Fundação Romi 5. Fundação Telefônica 6. Instituto Ayrton Senna 7. Instituto Camargo Correa 8. Instituto Coca Cola Brasil para Educação 9. Instituto Unibanco 10. Instituto Ismart 11. Oi Futuro 12. Cenpec 13. Microsoft Educação 14. Movimento Todos pela Educação 15. Instituto Fernand Braudel
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Anexo 2 – Roteiros Analíticos dos Projetos/Programas pesquisados
Fonte/Ano: Relatório de Atividades do Instituto Unibanco de 2008 Nome do Projeto/Programa: Projeto Jovem de Futuro Resumo da Proposta: oferecer, a escolas públicas de Ensino Médio Regular, apoio técnico e financeiro para a concepção, implantação e avaliação de um plano de melhoria de qualidade, com duração de três anos, que vise aumentar significativamente o rendimento dos alunos, nos testes padronizados de Português e Matemática, e diminuir os índices de evasão.
Objetivos: 1. Melhorar o desempenho obtido pelos alunos do Ensino Médio, para que alcancem dos níveis oficiais recomendáveis. 2. Contribuir para a permanência e conclusão dos estudos pelos alunos do Ensino Médio Idade do público-alvo: 15 a 24 anos
Características específicas: jovens estudantes do Ensino Médio Regular de escolas públicas
Número de atendidos por edição: 88 mil
Número total de jovens atendidos: 88 mil
Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios: Com o apoio financeiro recebido, as escolas podem aplicar em bolsas de participação de alunos em monitoria nos laboratórios, biblioteca, etc.; apoiar as atividades promovidas por alunos, como, por exemplo, elaboração do jornal da escola, projetos voltados ao meio ambiente, atividades do Grêmio Estudantil, etc.; Apoiar necessidades especiais dos alunos que estejam interferindo em sua freqüência e rendimento (roupa, sapato, condução, alimentação).
Abrangência: 87 escolas, sendo 42 em São Paulo, 20 em Belo Horizonte e 25 em Porto Alegre.
Ano de início: 2007
Duração: 3 anos Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais de Educação; Escolas Públicas de Ensino Médio Regular pertencentes a rede estadual. - privado: Instituto Unibanco, caracterizado por uma organização privada de fins públicos vinculada a uma instituição bancária (Unibanco). Atua no âmbito do Investimento Social Privado.
Estratégias para o estabelecimento da parceria: A formalização da parceria e se inicia com a apresentação da proposta executiva ao Governo do Estado selecionado. Uma vez aprovado pelo governo, se estabelece contatos com a Secretaria Estadual de Educação para apresentar o projeto e realizar a reunião para oferecer informações sobre ele. Nessa reunião, participam representantes dos departamentos da Secretaria da Educação e é formalizado o Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo do Estado e a Secretaria de Educação. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Unibanco - execução: A execução é mista: o Instituto Unibanco oferece suporte técnico e financeiro para o desenvolvimento do projeto. Quem executa as ações do projeto é a própria escola, representada por um grupo gestor. A escola deve fazer um plano de melhoria da qualidade de acordo com as suas necessidades, e implementa-lo durante os três anos, respeitando as limitações estabelecidas pelo Instituto Unibanco. - coordenação: A coordenação do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com um representante da Secretaria Estadual de Educação Avaliação e monitoramento: o Jovem de Futuro possui quatro etapas de avaliação: diagnóstico, processo, resultado e impacto. Utiliza para as avaliações de resultado e Impacto a estratégia de grupos de comparação. Resultados: Os resultados apresentados pelo projeto em 2008 foram satisfatórios. O Impacto relacionado para a iniciativa em BH e POÁ afirma que as escolas conseguiram avançar 5 anos em 1 no âmbito da melhora do desempenho dos alunos nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: sistêmica. - Nível de Intensidade: Integrado Justificativa para a categorização: a integração é sistêmica, pois há clara divisão de responsabilidades e papéis no projeto. O nível de intensidade é integrado já que o projeto e a atividade escolar não são uma coisa só – o projeto está integrado à realidade da escola, porém continua sendo um projeto.
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Fonte/Ano: Relatório de Atividades do Instituto Unibanco de 2008 Nome do Projeto/Programa: Projeto Entre Jovens Resumo da Proposta: Trata-se de uma intervenção educativa junto a alunos da primeira série do Ensino Médio Regular das escolas públicas, onde se desenvolvem aulas de tutoria nas disciplinas de língua portuguesa e matemática, com conteúdos essenciais do Ensino Fundamental, visando à melhoria do desempenho e à diminuição da evasão destes alunos. Foi implantada uma tecnologia social formulada para desenvolver nos jovens competências e habilidades, não adquiridas no Ensino Fundamental, e que sejam pré-requisitos para o Ensino Médio, através de universitários licenciandos, capacitados e assessorados para a implantação e avaliação de um programa de tutoria na escola.
Objetivos: 1. Contribuir para a permanência e o término dos estudos dos jovens do Ensino Médio de escolas públicas; 2. Melhorar o desempenho em português e matemática dos jovens do Ensino Médio de escolas públicas.
Idade do público-alvo: 15 a 24 anos
Características específicas: Jovens estudantes da primeira série de Ensino Médio Regular de escolas públicas Número de atendidos por edição: 9.927 Número total de jovens atendidos: 12.932 Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios: Nada consta.
Abrangência: 35 escolas no Rio de Janeiro, 18 em Juiz de Fora e 22 em Vitória
Ano de início: 2007
Duração: 1 ano Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais de Educação; Escolas Públicas de Ensino Médio Regular pertencentes à rede estadual. - privado: Instituto Unibanco, caracterizado por uma organização privada de fins públicos vinculada a uma instituição bancária (Unibanco). Atua no âmbito do Investimento Social Privado. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A formalização da parceria e se inicia com a apresentação da proposta executiva ao Governo do Estado selecionado. Uma vez aprovado pelo governo, se estabelece contatos com a Secretaria Estadual de Educação para apresentar o projeto e realizar a reunião para oferecer informações sobre ele. Nessa reunião, participam representantes dos departamentos da Secretaria da Educação e é formalizado o Termo de Parceria entre o Instituto Unibanco, o Governo do Estado e a Secretaria de Educação.
Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Unibanco - execução: A execução é mista: o Instituto Unibanco oferece os tutores e os estagiários de pedagogia, mas exige que a escola nomeie um coordenador do projeto na escola, que seja funcionário da unidade escolar, para acompanhar e executar parte das ações do projeto, relacionadas à mobilização de alunos e ao fornecimento de dados e informações sobre o desempenho e a freqüência dos mesmos. As aulas acontecem no contra-turno ou aos sábados. O projeto nem sempre é adotado pela escola como uma parte dela, porém para ter o projeto a escola precisa querer e assinar um termo de adesão. - coordenação: A coordenação do Projeto é de responsabilidade do Instituto Unibanco em parceria com um representante da Secretaria Estadual de Educação
Avaliação e monitoramento: o Entre Jovens possui quatro etapas de avaliação: diagnóstico, processo, resultado e impacto. Utiliza para as avaliações de resultado e Impacto a estratégia de de grupos de comparação. Resultados: Os resultados apresentados pelo projeto em 2008 foram satisfatórios. O impacto relacionado para os alunos participantes do projeto no Rio de Janeiro, Vitória e Juiz de Fora foi 25% maior do que no grupo de controle; Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular. - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto são os mesmos objetivos do currículo escolar – é isto que integra o Instituto Unibanco ao órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação de um coordenador do projeto na escola.
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Fonte/Ano: Site: www.acaoeducativa.org.br - Capturado em 01.05.2009 Acesso ao Relatório Final do Projeto “Que Ensino Médio Queremos?” (junho, 2008) Nome do Projeto/Programa: Projeto JADE – Jovens Agentes pelo Direito à Educação Resumo da Proposta: Realizou-se uma pesquisa de opinião amostral junto aos estudantes de escolas parceiras ao projeto, visando traçar um perfil dos objetivos destes jovens e suas expectativas sobre o Ensino Médio. Além da pesquisa foram realizados grupos de diálogos com diversos atores – professores, diretores, familiares dos estudantes, integrantes da comunidade, etc. - visando identificar proposições e influenciar as políticas públicas para este nível de ensino. O processo de mobilização dos atores e da comunidade escolar se deu com a formação de 20 jovens ligados às escolas parceiras como agentes educativos. Objetivos: 1. Elaborar diretrizes para as políticas públicas de educação em escolas de Ensino Médios, a partir de processos de diálogos entre estudantes e seus familiares, professores de escolas públicas, diretores, funcionários, integrantes da comunidade, agentes governamentais e da sociedade civil.
Idade do público-alvo: início com 15 anos – não especificou a idade limite
Características específicas: Jovens estudantes de escolas públicas de Ensino Médio Número de atendidos por edição: 900 Número total de jovens atendidos: 900 Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios:
Abrangência: 5 escolas de São Paulo da zona leste de São Paulo
Ano de início: 2007
Duração: 1 ano Organizações envolvidas: - público: 5 Escolas estaduais de Ensino Médio de São Paulo e Secretaria Estadual de Educação de São Paulo por meio do CENP (Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas)
- privado: Ação Educativa. Associação de direito privado com fins públicos. Estratégias para o estabelecimento da parceria: a parceria foi estabelecida com a Secretaria Estadual de Educação e teve o apoio do Cenp, com representantes que fizeram parte do grupo técnico que analisou o resultado e definiu as diretrizes. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Ação Educativa, Norwegian Church Aid, Kinder Not Hilfe - execução: A primeira etapa da pesquisa foi realizada com o apoio do IBOPE. A formação do Jovens Agentes e os grupos de diálogo foram realizados pela Ação Educativa. Por fim, o grupo técnico que definiu as diretrizes era composto por 38 pessoas – múltiplos atores, entre eles 2 representantes da Secretaria de Educação. - coordenação: a coordenação do projeto era de responsabilidade da Ação Educativa Avaliação e monitoramento: Não consta, por se tratar de um projeto compreendido em uma pesquisa em 80% de sua execução Resultados: O resultado final da pesquisa propõe, basicamente, alterações curriculares para o Ensino Médio; maior articulação deste nível de Ensino com as Universidades; fortalecimento da gestão pedagógica nas escolas; e a criação de um modelo de expansão diversificado, que mobilize o aluno em torno dos benefícios dos estudos, e não por sua obrigatoriedade. Natureza do tipo de programa/projeto: Pesquisa e proposição de alternativas para a influência de políticas públicas para a juventude Categoria: - Âmbito de integração: Interpessoal - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: O projeto acontece independente da vida e do dia-a-dia da escola. E não há um compartilhamento curricular, nem mesmo de responsabilidades, papéis etc. O projeto acontece com base nos contatos comunicacionais estabelecidos entre os executores e a comunidade escolar.
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Fonte/Ano: Site www. educardpaschoal.org.br\web\academia Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto Academia Educar na Escola
Resumo da Proposta: Desenvolvimento de projetos pelos jovens para melhorar as condições da instituição de ensino a qual pertencem. Tem como conceitos básicos a estratégia do voluntariado, o desenvolvimento de habilidades, competências, projetos e formação de redes. O jovem é um voluntário que executa projetos de melhoria da sua escola. Objetivos: Formar dentro das escolas núcleos de cidadania juvenil, com apoio de professores, diretores e coordenadores, composto de jovens capazes de transformar a realidade de suas escolas, a si mesmos e suas comunidades através do voluntariado e protagonismo.
Idade do público-alvo: não especificado
Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios: nada consta.
Abrangência: 23 escolas estaduais de Campinas
Ano de início: 2002
Duração: 1 ano Organizações envolvidas:
- público: 23 escolas estaduais de Campinas / SP e Diretoria de Ensino de Campinas – regiões Leste e Oeste
- privado: Fundação Educar Dpaschoal – fundação vinculada à empresa DPaschoal. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria foi estabelecida com a Diretoria de Ensino de Campinas e posteriormente as escolas foram contatadas.
Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Educar Dpaschoal - execução: Fundação Educar Dpaschoal, com apoio dos gestores da escola - coordenação: Fundação Educar Dpaschoal
Avaliação e monitoramento: não especificado
Resultados: não constam informações sobre resultados. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias educacionais. Categoria: - Âmbito de integração: Interpessoal - Nível de Intensidade: Associado Justificativa para a categorização: O projeto não ocorre no âmbito curricular, nem atua de maneira sistêmica com a escola. Ele acontece por meio das relações estabelecidas com os alunos voluntários, por essa razão ocorre no âmbito interpessoal. Porém a parceria tem uma intensidade de associação, que possui espaço na escola, mas não há necessariamente, uma conexão mais profunda com a proposta finalística da mesma.
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Fonte/Ano: Site www. microsoft.com.br/brasil/educação/parceiro/parcerias.mspx Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa Parceiros na Aprendizagem – Microsoft Educação Resumo da Proposta: é uma iniciativa mundial da Microsoft que visa disponibilizar tecnologias e apoio pedagógico para o desenvolvimento do potencial pleno de gestores, educadores, estudantes e comunidade escolar. O programa disponibiliza desde licenças mais acessíveis para o uso de softwares Microsoft em instituições de ensino, até o desenvolvimento de projetos inovadores que necessitam de apoio pedagógico e tecnológico especializado para sua implementação. Estabelece, portanto, parcerias com órgãos públicos e privados para o desenvolvimento de tecnologias, ou disponibilizarão de recursos, no âmbito do programa. O programa pode acontecer em 3 frentes, sendo que em todas pressupõem-se a parceria público-privada: - Recursos para educação: capacita professores e estudantes para o uso de tecnologias (TICs) - Contrato Escola: disponibilização de licenças para o uso de softwares Microsoft - Fresh Start: revitalização de licenças Windowns para computadores de escolas adquiridos por meio de doações. Objetivos: 1. Disponibilizar tecnologias e apoio pedagógico para o desenvolvimento do potencial pleno de gestores, educadores, estudantes e comunidade escolar.
Idade do público-alvo: não especificado Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental e Médio
Subsídios: não especificado
Abrangência: Nacional
Ano de início: 2000
Duração: não especificado. Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais de Educação e Escolas Públicas - privado: Microsoft Educação – braço social da empresa Microsoft; Fundação Bradesco – braço social do Banco Bradesco; Instituto Ayrton Senna – associação de direito privado sem fins lucrativos. Estratégias para o estabelecimento da parceria: Normalmente, a Secretaria de Educação entra em contato com a Microsoft, visando adquirir licenças dos softwares da empresa. A partir do contato com a Secretaria e da formalização da parceria, a Microsoft pode atuar no nível das escolas. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Microsoft - execução: Microsoft - coordenação: Microsoft Avaliação e monitoramento: não especificado
Resultados: não especificado Natureza do tipo de programa/projeto: Disponibilidade de recursos para as melhorias das condições escolares. Categoria: - Âmbito de integração: interpessoal - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: o programa se apóia na relação interpessoal – não está intimamente conectado ao currículo e aos objetivos da escola, nem possui uma integração sistêmica. Ele também se caracteriza por ações pontuais, que podem ocorrer sem o envolvimento profundo da escola. Por essa razão, trata-se de uma parceria de intensidade autocontida.
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Fonte/Ano: Site www.fundacaoitausocial.org Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Excelência em Gestão Educacional Resumo da Proposta: o projeto foi idealizado a parti da reforma do sistema de educação pública da cidade de Nova York, iniciada em 2000, que vem demonstrando avanço nos indicadores de aprendizagem e queda dos índices de violência escolar. Ao inspirar-se em uma experiência de sucesso, foram analisadas medidas que poderiam ser trazidas e adaptadas para o contexto da rede educacional paulista. Foram selecionados dois eixos de ação: acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula e envolvimento dos pais nos esforços de melhoria da aprendizagem. No eixo de apoio ao professor, as propostas alavancam a gestão pedagógica por meio da formação dos professores coordenadores e introdução da técnica de coaching, fortalecendo as estratégias de formação, acompanhamento e apoio ao professor em sala de aula. As áreas de Língua Portuguesa e Matemática recebem assessoria específica de conteúdo e didática. No eixo família-escola, são desenvolvidas ações que propiciam e facilitam a entrada e o envolvimento das famílias no cotidiano escolar e no processo de melhoria da aprendizagem. Para isso, cada escola conta com um profissional responsável pela coordenação dessas ações. As 10 escolas estaduais envolvidas, pelo período de três anos, com início em janeiro de 2009, estão localizadas na região leste da cidade de São Paulo. Objetivos: 1. Melhorar os indicadores de aprendizagem e diminuir os índices de violência escolar
Idade do público-alvo: não especificado
Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios: não especificado
Abrangência: 10 escolas estaduais de São Paulo
Ano de início: 2009
Duração: 3 anos Organizações envolvidas:
- público: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e escolas públicas estaduais - privado: Fundação Itaú Social – braço social do conglomerado do Banco Itaú; Instituto Fernand Braudel – associação de direito privado sem fins lucrativos
Estratégias para o estabelecimento da parceria: O Itaú Social e o Instituto Fernand Braudel procuraram a Secretaria de Estado da Educação para apresentar o projeto. A Secretaria apoio a iniciativa e a parceria foi formalizada.
Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Itaú Social - execução: Fundação Itaú Social e Instituto Fernand Braudel - coordenação: Fundação Itaú Social e Instituto Fernand Braudel
Avaliação e monitoramento: O projeto possui monitoramento contínuo de implantação e, ao seu término, será realizada a Avaliação Econômica que verificará o impacto das ações realizadas.
Resultados: ainda não foram obtidos resultados pois o projeto teve início em janeiro de 2009. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação de um responsável em cada escola, cedido pela Secretaria de Educação.
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Fonte/Ano: Site www.fundacaoromi.org.br Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto LEP Resumo da Proposta: Consiste em levar às escolas da rede pública a LINGUAGEM LOGO de PROGRAMAÇÃO. Essa linguagem de informática tem objetivos essencialmente educacionais. Nela a criança encontra apenas a tela do computador, vazia, e um cursor em forma de tartaruga que ela deve mover para realizar seus trabalhos, sob seus comandos. É a construção, não somente da tela, como também dos processos de aprendizagem: pensar, calcular, tomar decisões, experimentar, ousar, usar o erro como caminho do acerto, tudo isso fazendo parte da aprendizagem. Exige do professor uma nova postura baseada no Construtivismo e na aprendizagem pela descoberta. Objetivos: Geral: Contribuir para a melhoria da qualidade de ensino aos alunos com vulnerabilidade educacional como forma de ascensão social, diminuição da pobreza e melhor inserção no mercado de trabalho. Específicos: 1. Introduzir uma metodologia de utilização da informática, a Linguagem Logo de Programação, como mais uma ferramenta para melhoria do processo ensino/aprendizagem e inclusão digital. 2. Capacitar professores da rede pública para a utilização da tecnologia, em sala de aula, como elemento motivador e poderosa aliada no processo ensino/aprendizagem. 3. Estimular o protagonismo e o voluntariado juvenil através da colocação de ex-alunos do Núcleo de Educação Integrada como auxiliares dos professores nos laboratórios de Informática. Idade do público-alvo: Crianças de 1ª e 2ª séries do Ciclo II das escolas municipais e alunos de 1ª e 2ª séries dos ciclos I – II e III das escolas estaduais.
Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: 7.829 Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental e Médio
Subsídios: não especificado
Abrangência: Escolas públicas municipais e estaduais de Santa Bárbara do Oeste.
Ano de início: 2002
Duração: não especificado Organizações envolvidas:
- público: Escolas públicas, Secretarias Municipais e Secretaria Estadual de Educação
- privado: Fundação Romi – braço social das indústrias Roni S/A.
Estratégias para o estabelecimento da parceria: a Fundação Romi estabelece contato com a Secretaria pública e referência e oferece a tecnologia. A Fundação arca com os custos, mais como contrapartida as escolas que receberem o projeto tem que disponibilizar profissionais para aprenderem a metodologia de trabalho. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Romi - execução: A Fundação Romi executa o projeto e a Secretaria municipal ou Estadual indica um supervisor para acompanhar o desenvolvimento. - coordenação: Fundação Romi
Avaliação e monitoramento: Professores Coordenadores das escolas, professores responsáveis pelos laboratórios, professores das classes envolvidas e alunos responderam um questionário de avaliação do Projeto. Resultados: As respostas apontaram os aspectos positivos e negativos do projeto. Através dos questionários que a aceitação do projeto é muito grande, notadamente, entre os alunos. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias social. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação funcionários nas escolas que possam aprender e disseminar a metodologia.
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Fonte/Ano: Relatório de Atividades 2008 Nome do Projeto/Programa: Movimento Todos pela Educação Resumo da Proposta: O Todos Pela Educação é uma rede de cooperação em que cada cidadão ou instituição é co-responsável, em sua área de atuação, para que todas as crianças e jovens tenham acesso a uma Educação de qualidade. Para orientar a ação de todos os órgãos, foram definidas 5 Metas específicas, simples, mensuradas por indicadores de desempenho oficiais, que devem ser alcançadas até 7 de setembro de 2022:
Meta 1. Toda criança e jovem de 4 a 17 anos na escola. Meta 2. Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos. Meta 3. Todo aluno com aprendizado adequado a sua série. Meta 4. Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos. Meta 5. Investimento em Educação ampliado e bem gerido.
Além de executar a mobilização pela causa, o Todos pela Educação monitora as metas e publica informações periodicamente sobre o desenvolvimento das mesmas em todo o país.
Objetivos: Alcançar as 5 Metas específicas, simples, mensuradas por indicadores de desempenho oficiais, até 7 de setembro de 2022
Idade do público-alvo: 4 a 17 anos
Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Infantil, Fundamental e Médio
Subsídios: não especificado
Abrangência: nacional
Ano de início: 2006
Duração: não especificado. Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais de Educação, Governo Federal, órgãos de controle social, como o Consed e a Undime
- privado: Movimento Todos pela Educação - Associação de direito privado com fins públicos; Estratégias para o estabelecimento da parceria: Desenvolve campanhas, seminários e cursos sobre os temas associados a causa; mobilizou todas as secretarias estaduais a assinarem um Termo de Adesão ao Movimento, reiterando o compromisso dos órgãos públicos para o alcance das metas. E mobiliza institutos e organizações sociais que trabalham com educação, para alcançar as metas e financiar a ação do movimento e o desenvolvimento de projetos. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: principais financiadores: Banco Real, Dpaschoal, Fundação Bradesco, Fundação Itaú Social, Gerdau, Instituto Camargo Correa, Odebrecht, Suzano. - execução: Movimento Todos pela Educação - coordenação: Movimento Todos pela Educação
Avaliação e monitoramento: Executa o monitoramento das metas estabelecidas, mensuradas por indicadores de desempenho oficiais. Resultados: O primeiro balanço de metas realizado no final de 2008 demonstrou que os indicadores melhoraram, mas não na velocidade necessária. Natureza do tipo de programa/projeto: mobilização pela causa. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Associada Justificativa para a categorização: A mobilização acontece com base no estabelecimento de objetivos comuns: a finalidade do programa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas. Entretanto, as ações do Movimento acontecem independentes dos órgãos públicos. Porém o estabelecimento de associações com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.
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Fonte/Ano: Site www.fundacaotelefonica.org .br; www.educarede.org.br; www.cenpec.org.br - capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: EducaRede Resumo da Proposta: A base de sustentação do programa é o Portal EducaRede, um portal educativo, gratuito e aberto, dirigido principalmente a alunos e professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública. O portal oferece conteúdos exclusivos sobre temas atuais, desenvolvidos para dar suporte a educadores e estudantes da rede pública de ensino, e conta ainda com canais de cultura, tecnologia e apoio a pesquisas. Mais importante, porém, é o uso dessa ferramenta pelos educadores, de forma a estimular os conteúdos gerados a partir da experiência dos próprios usuários – alunos e professores. Iniciativa internacional da Fundação Telefônica, o EducaRede começou na Espanha e hoje está presente em seis países da América Latina: Argentina, Brasil, Chile, México, Peru e Venezuela. Objetivos: Promover inovação nas ferramentas educacionais, por meio do estímulo à inclusão digital e ao uso das novas tecnologias como recurso pedagógico, sobretudo nas escolas públicas
Idade do público-alvo: não especificado
Características específicas: alunos e professores de Ensino Fundamental e Médio Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios: não especificado
Abrangência: nacional
Ano de início: 2002
Duração: não especificado Organizações envolvidas:
- público: Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Unidime, Consed. - privado: Fundação Telefônica – braço social do grupo Telefônica; Cenpec – associação de direito privado sem fins lucrativos; IDIE - Instituto para o Desenvolvimento e Inovação Educativa - organização ligada à Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI); a Fundação Vanzolini, da Escola Politécnica da USP, responsável pela coordenação tecnológica; e o Terra, que garante a infra-estrutura e a hospedagem. Estratégias para o estabelecimento da parceria: não há informações sobre isso no portal.
Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Fundação Telefônica - execução: O Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) atua como coordenador-executivo e gestor pedagógico do portal e a Fundação Vanzolini, responsável pela coordenação tecnológica. - coordenação: Cenpec Avaliação e monitoramento: o monitoramento do ambiente virtual é continuado. O foco das análises está no conceito de Letramento digital. Há uma matriz avaliativa que é monitorada e concede as bases da avaliação, e a verificação se os objetivos foram atingidos. Resultados: 150 mil usuários cadastrados e recebe mais de 100 mil visitantes únicos a cada mês, que acessam, em média, 1.150.000 de páginas mensalmente. Natureza do tipo de programa/projeto: Disponibilidade de recursos para as melhorias das condições escolares. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão de responsabilidades entre os envolvidos, nem uma relação institucional consolidada entre os órgãos públicos e privados desenvolvidos. O projeto acontece independente da ação escolar.
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Fonte/Ano: Site http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/br/default.asp Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa Acelera Brasil
Resumo da Proposta: o Programa Acelera Brasil introduz na rede educacional uma cultura de gestão eficaz, focada em resultados, e que combate os principais problemas do sistema de ensino: os baixos níveis de aprendizagem, a repetência e a distorção idade/série. Objetivos: Melhorar os índices de desempenho, diminuir a repetência e a distorção idade/série.
Idade do público-alvo: crianças e jovens
Características específicas: não informado Número de atendidos por edição: não informado Número total de jovens atendidos: 298.216 crianças e jovens em 319 municípios. Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental
Subsídios: não especificado Abrangência: 319 Municípios. O Programa é adotado como política pública em seis estados brasileiros - Goiás, Pernambuco, Tocantins, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso;
Ano de início: 1997
Duração: Não há prazo. Organizações envolvidas:
- público: Governos, Secretarias Estaduais e Municipais e escolas públicas.
- privado: Instituto Ayrton Senna – associação de direito privado com fins públicos. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria é estabelecida diretamente com a Secretaria de Educação Municipal ou Estadual, ou com o governo do Estado.
Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Ayrton Senna - execução: Escolas públicas participantes - coordenação: Instituto Ayrton Senna Avaliação e monitoramento: não há informações disponíveis
Resultados: O Acelera tem contribuído para diminuir a defasagem escolar. A média de aprovação nos estados em que o Programa é política pública fica em 93%. Em Goiás, onde o Acelera está implementado há 9 anos, a aprovação é de 100%. Segundo o Pnad 2005, a média nacional de aprovação é de 78,70%. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada com a nomeação funcionários nas escolas que possam aprender e disseminar a metodologia.
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Fonte/Ano: Site www.institutocamargocorrea.org.br/programaeducacao.aspx Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa Escola Ideal Resumo da Proposta: A linha mestra é o desenvolvimento e o apoio à gestão democrática e participativa de escolas públicas. Parte de um diagnóstico, respondido por todas as unidades de ensino participantes. A ferramenta de avaliação e planejamento mapeia seis dimensões da escola: - Profissionais da educação – analisa a suficiência, estabilidade e assiduidade dos profissionais que atuam na escola - Condições de ensino – registra as instalações da escola e os materiais didático-pedagógicos - Políticas e práticas pedagógicas – estudam o projeto pedagógico da escola e de professores - Desempenho escolar – medem política da escola para questões como rendimento, freqüência e fluxo escolar - Ambiente educativo – mapeia se a escola promove a cultura para a paz - Gestão escolar – identifica a postura da instituição frente a atores governamentais, não-governamentais e comunitários A partir desse diagnóstico identificam-se quais são as prioridades para melhorar a qualidade de educação naquelas escolas. Identificam-se projetos, com base em boas práticas, que possam melhorar a educação naquelas escolas e a partir daí, projetos são desenvolvidos juntos com a comunidade escolar. Objetivos: Contribuir para a melhoria da qualidade da educação na escola pública de Ensino Fundamental onde estão presentes unidades de negócios do Grupo Camargo Corrêa. O programa pretende garantir que todas as crianças e adolescentes gostem, freqüentem e de fato aprendam nas instituições de ensino.
Idade do público-alvo: não identificado.
Características específicas: não identificado. Número de atendidos por edição: não identificado. Número total de jovens atendidos: não identificado. Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental
Subsídios: não especificado
Abrangência: 375 escolas públicas brasileiras. Elas estão divididas entre sete municípios na Paraíba e um no Mato Grosso.
Ano de início: 2008
Duração: não identificado Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais e Escolas Públicas. - privado: Instituto Camargo Correa – associação de direito privado com fins públicos – braço social do Grupo Camargo Correa. Estratégias para o estabelecimento da parceria: Todos os municípios onde o programa é implantado passam por um processo similar de estruturação. O primeiro passo é organizar o Comitê de Desenvolvimento Comunitário, que atua como ponto de encontro entre representantes do poder público, da iniciativa privada e do Terceiro Setor. O comitê é responsável pela identificação dos ativos e desafios da localidade e define áreas prioritárias de atuação.
Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Camargo Correa - execução: Instituto Camargo Correa e comunidade escolar - coordenação: Instituto Camargo Correa Avaliação e monitoramento: não especificado
Resultados: nada consta Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos, mas os objetivos são comuns e a comunicação é oficializada e depende da participação da comunidade escolar.
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Fonte/Ano: Site www.institutococacola.org.br Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Programa de Valorização do Jovem Resumo da Proposta: O Programa de Valorização do Jovem concentra seu foco em jovens com alta probabilidade de abandonar a escola, estimulando em cada um desses alunos o senso de responsabilidade e a auto-estima. Nas escolas associadas ao Programa, alunos da 6º ao 9º ano, com grave risco de evasão, são escolhidos para atuar como monitores de estudo de alunos da 1º ao 5º ano, igualmente com dificuldade de aprendizado. Cada monitor acompanha um grupo de 3 alunos em sala de aula durante uma hora por dia, com supervisão de professores. Estes monitores também participam de atividades extracurriculares que incluem visitas guiadas a empresas, palestras e programas culturais. Objetivos: Reduzir o alto índice de evasão escolar encontrado em escolas de todas as regiões do País
Idade do público-alvo: não especificado
Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: 20 mil alunos Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental
Subsídios: Cada hora de monitoria corresponde a R$ 3,00
Abrangência: 48 escolas públicas de 9 estados
Ano de início: 1999
Duração: não especificado Organizações envolvidas:
- público: Ministério da Educação, Secretarias Municipais e Estaduais de Educação das cidades e estados participantes - privado: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação – associação de direito privado com fins públicos – braço social do grupo Coca Cola Brasil e IDRA (Intercultural Development Research Association), organização social sem fins lucrativos, autora da metodologia. Estratégias para o estabelecimento da parceria: Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação - execução: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação, com apoio dos gestores das escolas. Cada escola seleciona 25 jovens, e cada um atende 3 alunos das séries iniciais, totalizando 100 alunos por unidade escolar. - coordenação: Instituto Coca Cola Brasil para a Educação e CIMA (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente), que responde pela coordenação nacional do Programa desde 2001. Avaliação e monitoramento: não especificado Resultados: Entre os alunos participantes do programa, a taxa de evasão situa-se em 1,6%, contra a média de 7,5% registrada no Ensino Fundamental em escolas públicas do País, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP). Entre os resultados mais significativos, destacam-se: a aprovação para as séries seguintes, a ajuda substancial aos monitorados, a permanência na escola, o interesse em concluir Ensino Fundamental e cursar o Ensino Médio, além da crença no seu potencial criativo e a absorção do espírito da monitoria para as atividades gerais da escola. Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias educacional. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Associada Justificativa para a categorização: A mobilização acontece com base no estabelecimento de objetivos comuns: a finalidade do programa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas. Entretanto, as ações acontecem independentes dos órgãos públicos. Porém o estabelecimento de associações com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.
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Fonte/Ano: http://www.ismart.org.br/programas/alicerce/projeto_alicerce_selecao.asp Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto Alicerce
Resumo da Proposta: O Projeto Alicerce é direcionado para alunos com alto potencial de aprendizagem, que estejam cursando o 7º ano (antiga 6ª série) do ensino fundamental em escolas públicas ou particulares, desde que provenientes de famílias com a renda máxima estipulada pelo ISMART, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O Projeto Alicerce é composto por três etapas que compreendem diferentes estágios da vida acadêmica do estudante. O critério fundamental para a permanência no projeto é o total comprometimento do bolsista, refletido por suas notas, freqüência escolar e conquista dos resultados esperados para cada etapa. Objetivos: Propiciar que jovens de baixa renda possam pleitear uma bolsa de estudo para o ensino médio em escolas particulares de elevado padrão.
Idade do público-alvo: não especificado.
Características específicas: não especificado. Número de atendidos por edição: não especificado. Número total de jovens atendidos: 346 Nível de Escolaridade: Ensino Fundamental, Médio e Superior Subsídios: Os aprovados no processo seletivo frequentarão durante dois anos um curso preparatório para o ensino médio no contra-turno da escola regular de ensino. O aluno considerado apto ao final do curso preparatório e que for aprovado no exame de seleção realizado pela escola parceira receberá uma bolsa de estudo para os três anos do ensino médio. A bolsa de estudo para o Ensino Superior é oferecida ao bolsista que ao final do terceiro ano do Ensino Médio for aprovado nos vestibulares das instituições de excelência do país, para cursos avaliados com quatro ou cinco estrelas.
Abrangência: São Paulo e Rio de Janeiro
Ano de início: 2004
Duração: 5 anos ou mais, dependendo do aluno Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais e Municipais de Educação
- privado: ISMART - Instituto Social Maria Telles – Associação de direito privado com fins públicos Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria com as Secretarias de Educação Estaduais ou Municipais visam facilitar a identificação dos alunos com altas habilidades. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: ISMART - Instituto Social Marta Telles - execução: ISMART - Instituto Social Marta Telles - coordenação: ISMART - Instituto Social Marta Telles Avaliação e monitoramento: não especificado.
Resultados: não especificado. Natureza do tipo de programa/projeto: oportunidades especiais para alunos especiais. Categoria: - Âmbito de integração: Interpessoal - Nível de Intensidade: Autocontido Justificativa para a categorização: as relações com o órgão público são estabelecidas, somente quando possível. O projeto também acontece independente da ação articulada com o poder público.
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Fonte/Ano: Site http://www.circulosdeleitura.org.br/ Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: Projeto Círculos de Leitura Resumo da Proposta: Uma equipe multidisciplinar de educadores pagos e voluntários se divide para trabalhar de forma interativa com grupos de 10 a 15 jovens, em Círculos de Leitura. Os alunos participantes devem estar cursando a rede pública de ensino básico. A participação voluntária é chave para incentivar o poder de escolha do adolescente, e seu envolvimento com o grupo. A equipe de facilitadores conta com psicólogos, professores da rede pública, educadores sociais e artistas. Para adquirir capacidade cognitiva, alunos necessitam de instrução efetiva em cinco áreas: fonêmica, fonética, fluência, vocabulário e compreensão do texto. Em pequenos círculos, participantes se alternam lendo em voz alta e parando periodicamente para discutir sobre o significado dos trechos lidos. Desenvolve-se assim a linguagem oral e a habilidade de reflexão e argumentação a partir das obras e conhecimentos adquiridos. Atividades são realizadas periodicamente para que o aluno reflita e escreva sobre o que foi lido e discutido em grupo. Textos desenvolvidos durante as sessões do Círculo são utilizados para acompanhar o progresso de cada aluno e do grupo. Ao final de cada encontro, os participantes trazem poemas e textos encontrados ou escritos por eles.
1. Objetivos: 2. Promover o hábito da leitura, reflexão e debate entre os jovens nas escolas públicas. 3. Desenvolver as habilidades de leitura, análise e expressão do jovem, com foco na sua competência para entender, utilizar
e refletir sobre o que lê. 4. Ampliar o acesso do jovem da periferia a recursos culturais dentro e fora de seu bairro. 5. Sistematizar e difundir novas estratégias e recursos educacionais para o ensino da leitura. 6. Apoiar a formação de jovens e adultos que promovam a prática da leitura, reflexão e debate. 7. Apoiar a formação de jovens e adultos que promovam a construção, o acesso e o uso comunitário da biblioteca escolar.
Idade do público-alvo: 12 a 19 anos Características específicas: jovens cursantes do Ensino Básico Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: 7.500 alunos Nível de Escolaridade: Ensino Médio e Fundamental
Subsídios: não especificado
Abrangência: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Pernambuco
Ano de início: 2000
Duração: não especificado Organizações envolvidas:
- público: Secretarias Estaduais e Municipais de Educação e Escolas Públicas
- privado: Instituto Fernand Braudel – associação de direito privado com fins públicos Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria é estabelecida com as Secretarias Estaduais de ed Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Instituto Unibanco e GE Foundation - execução: Instituto Fernand Braudel, com apoio dos gestores das escolas que sedem espaços para o desenvolvimento dos círculos. Toda a condução do trabalho é realizada pela equipe do Instituto Fernand Braudel e voluntários, que podem ser professores das escolas. - coordenação: Instituto Fernand Braudel Avaliação e monitoramento: é realizada avaliação com base na opinião dos alunos e professores participantes
Resultados: não especificado Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias educacional. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular - Nível de Intensidade: Associada Justificativa para a categorização: A mobilização acontece com base no estabelecimento de objetivos comuns: a finalidade do programa está em perfeita consonância com as diretrizes públicas. Entretanto, as ações acontecem independentes dos órgãos públicos. Porém o estabelecimento de associações com o poder público é absolutamente necessário para que consiga atingir o objetivo.
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Fonte/Ano: www.oifuturo.org.br Capturado em 01.05.2009 Nome do Projeto/Programa: NAVE – Núcleo Avançado em Educação
Resumo da Proposta: O NAVE é um programa do Instituto Oi Futuro voltado para a pesquisa e desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as tecnologias da informação e da comunicação no Ensino Médio. Objetivos: Contribuir para a qualidade e inovação da educação no Brasil.
Idade do público-alvo: não especificado
Características específicas: não especificado Número de atendidos por edição: não especificado Número total de jovens atendidos: não especificado Nível de Escolaridade: Ensino Médio
Subsídios: não especificado
Abrangência: 1 Escola no Rio de Janeiro e 1 Escola em Pernambuco
Ano de início: 2004
Duração: não especificado Organizações envolvidas:
- público: Secretaria de Educação do Estado
- privado: Oi Futuro – associação de direito privado com fins públicos – braço social do Grupo Oi. Estratégias para o estabelecimento da parceria: A parceria é estabelecida com a Secretaria de Educação do Estado. A Oi Futuro adota uma escola pública e investe para transforma-la no NAVE. Desenvolvimento: - financiamento do programa/projeto: Oi Futuro - execução: Oi Futuro, Secretaria Estadual de Educação e organizações sociais. - coordenação: Oi Futuro, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. Avaliação e monitoramento: não especificado
Resultados: não especificado Natureza do tipo de programa/projeto: parceria público-privada de desenvolvimento de tecnologias exemplares que possam ser disseminadas na rede pública, após testadas e validadas. Categoria: - Âmbito de integração: Curricular. - Nível de Intensidade: Coordenado Justificativa para a categorização: os objetivos do projeto podem ser encarados como compatíveis ao do órgão escolar. Porém, não há divisão integral de responsabilidades entre os envolvidos.